Processo KMC Locadora

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1. Concedida a Medida Liminar (Clique para resumir) PROCESSO DE ORIGEM N. 2476-74.2015.8.17.1250 AO CIVIL PBLICA POR IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA AUTOR(ES): MINISTRIO PBLICO DO ESTADO DE PERNAMBUCO RU(S): EDSON DE SOUZA VIEIRA, AUREA PRISCILLA FERREIRA, JOS INALDO RAMOS GONALVES, JOSEMAR SABINO DE OLIVEIRA, KMC LOCADORA EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA (EIRELI), MALTA LOCADORA LTDA ME, RC & MC COMRCIO E LOCAES DE VECULOS LTDA/ME, CARLOS ALEXANDRE FERNANDES MALTA, RENATA FAFAELA CAVALCANTI DE COSTA E RAFAEL GUILHERME CAETANO SANTOS. DECISO INTERLOCUTRIA Trata-se de Ao Civil Pblica por Ato de IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA com pedido liminar de bloqueio de bens e valores proposta pelo MINISTRIO PBLICO DO ESTADO DE PERNAMBUCO em face de EDSON DE SOUZA VIEIRA e de Outros, pela prtica de supostos atos de improbidade administrativa. PETIO INICIAL acompanhada de documentos (fls. 02/262). Alegou que durante a gesto administrativa da Prefeitura de Santa Cruz do Capibaribe, exerccio financeiro de 2013, os demandados incorreram na prtica de diversos atos mprobos, culminando no atentado aos princpios da administrao pblica, prejuzo ao errio pblico e enriquecimento ilcito. Deste modo, diante dos alegados atos, veio a Juzo, inicialmente, requerer a concesso de medida limiar, inaldita altera parte, a fim de desconsiderar a personalidade jurdica das empresas demandadas (por abuso de personalidade), bem como proceder com a decretao de indisponibilidade e o bloqueio de bens dos demandados, at o valor do suposto prejuzo causado ao errio pblico, a saber, R$ 1.685.887,80 (um milho, seiscentos e oitenta e cinco mil, oitocentos e oitenta e sete reais e oitante centavos).. No mrito, pleiteou a procedncia dos pedidos da ao, ratificando as ordens liminares suplicadas, a fim de ressarcir os cofres pblicos da lapidao fraudulenta sofrida, bem como para que sejam aplicadas aos requeridos as cabveis sanes previstas no artigo 12 da Lei 8.429/1992. Vieram-me conclusos. Decido fundamentadamente. 1 - Do Ato de IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA: A Ao Civil Pblica por Ato de Improbidade Administrativa uma demanda judicial que encontra amparo na ordem constitucional (art. 14, 9, c.c. o art. 37, caput e 4, da CF) e regida pela Lei n 8.429/92, a qual visa proteger a retido dos atos administrativos, primados pela escorreita formao legal e desprovido de qualquer mcula ou vcio formal, material ou subjetivo na sua consecuo, de forma a preservar o interesse pblico primrio. O ato de improbidade retrata a noo de desonestidade, de m-f e de ilegalidade que resulta em: a) obteno de vantagem ilcita em detrimento do ente pblico; b) prejuzo ao errio; e/ou c) que atente contra os princpios norteadores da administrao pblica. A situao mais comum o sobrepreo ou superfaturamento de preos de obras, produtos ou servios, como forma de obter valores ilcitos em detrimento do ente moral pblico. Outra modalidade o pagamento de servios no prestados, bem como a aquisio de bens, produtos ou equipamentos inexistentes, ou, ainda, de qualidade inferior. 2 - DO PREMBULO FTICO: O requerente alegou que durante a gesto administrativa da Prefeitura de Santa Cruz do Capibaribe, exerccio financeiro de 2013, os dois primeiros demandados, na qualidade, poca e respectivamente, de prefeito municipal e de Ex- Chefe de Gabinete do Prefeito, em conjunto com os demais demandados (integrantes da Comisso de Licitao, contratados e/ou beneficiados), incorreram nas seguintes prticas de 2. irregularidades administrativas: a) decreto emergencial fraudulento, decorrente da negligncia e da displicncia no trato da res publicae ; b) procedimento de dispensa de licitao ardiloso/enganoso, a fim de legitimar a contratao direta e direcionada com empresa preestabelecida; c) 2 (duas) Contrataes Administrativas ilegais da "empresa fantasma" KMC Locadora - EIRELI, flagrantemente incapacitada do ponto de vista tcnico e econmico- financeiro, haja vista ter sido constatada a inexistncia fsica da empresa (ponto comercial), bem como a ausncia de frota de veculos para a prestao do objeto contratado; d) contrataes diretas e irregulares realizadas antes mesmo da concluso do imprescindvel procedimento administrativo de dispensa de licitao; e) subcontratao integral do objeto dos contratos administrativos realizado pela empresa fantasma KMC Locadora- EIRELI, ofendendo-se a lei e as regras contratuais (vedao contratual); f) pagamentos superfaturados dos servios contratados; e g) relaes de amizade estreitas e suspeitas entre, de um lado, o representante legal do contratante (prefeito) e a sua Ex-Chefe de Gabinete, bem como, do outro, as pessoas contratadas e beneficiadas com o ato administrativo (mprobo). Demais, instruiu a inicial com cpia dos seguintes documentos, dentre outros pertinentes: a) xerocpia da Recomendao Ministerial para criao de Comisso de Transio de mandatos eleitorais para garantir a continuidade da prestao do servio pblico (fls. 38/58); b) xerocpia do Decreto Municipal 002/2013, o qual declarou o Estado de Emergncia fraudulento, decorrente da negligncia e da displicncia no trato da res publicae (fls. 60/62); c) Parecer Contbil realizado pela equipe do Ministrio Pblico (fls. 64/65); d) xerocpia da missiva/ofcio 033/2012, de titularidade da Sra. urea Priscilla Ferreira, na qual indica a empresa fantasma KMC Locadora e pede autorizao para contrat-la diretamente, antes mesmo da finalizao de procedimento administrativo de dispensa de licitao; e) xerocpia do Processo Licitatrio n 004/2013, referente Contratao de Locao de Veculos para Transporte Escolar (fls. 69/168); f) xerocpia do Contrato Administrativo 09/2013 - referente Locao de Veculos para atender o Gabinete do Prefeito e outras Secretarias, firmado com a empresa pr-indicada KMC Locadora, representada pelo scio-administrador Carlos Alexandre Fernandes Malta (fls. 170/176); g) xerocpia do Contrato Administrativo 09-B/2013 - referente Locao de Veculos para o Transporte Escolar, firmado com a empresa pr-indicada KMC Locadora, representada pelo scio-administrador Carlos Alexandre Fernandes Malta (fls. 178/185); h) Ofcio-resposta n 238/2013, da Promotoria de Justia de So Jos do Egito, no qual certifica que em diligncias investigativas constatou a inexistncia fsica do ponto comercial da empresa KMC Locadora no municpio, bem como certificando o desconhecimento do funcionamento da referida pessoa jurdica na localidade (fl. 187); i) xerocpia de Certido de Propriedade expedida pelo DETRAN/PE, no qual informa a existncia de um nico veculo registrado em seus bancos de dados como sendo de titularidade da empresa KMC Locadora LTDA-ME, qual seja, um automvel Toyota/Corolla (fl. 178); j) xerocpia do instrumento de Alterao contratual da Sociedade KMC Locadora LTDA-ME, no qual os antigos scios-administradores (Carlos Alexandre Fernandes Malta e sua esposa Hilgeine de Almeida Malta) cedem e transferem todas as suas quotas parente e requerida Renata Fafaella Cavalcanti da Costa (fls. 192/194); k) xerocpia da AUDITORIA n 2786 - PETCE n 90221/2013, realizado pelo TCE/PE, no qual concluem pela irregularidade das Contrataes Administrativas 09/2013 e 09-B/2013, objeto desta demanda judicial; l) xerocpia do segundo 3. Parecer Contbil n 027/2014, realizado pelo analista contbil do Ministrio Pblico; m) xerocpia dos Termos de Declaraes prestadas pelos rus e terceiras pessoas junto 2 Promotoria de Justia de Santa Cruz do Capibaribe (fls. 239/262). Deste modo, diante dos alegados atos, veio a Juzo, inicialmente, requerer a concesso de medida limiar, inaldita altera parte, a fim de desconsiderar a personalidade jurdica das empresas demandadas (por abuso de personalidade), bem como proceder com a decretao de indisponibilidade e o bloqueio de bens dos demandados, at o valor do suposto prejuzo causado ao errio pblico, a saber, R$ 1.685.887,80 (um milho, seiscentos e oitenta e cinco mil, oitocentos e oitenta e sete reais e oitante centavos).. No mrito, pleiteou a procedncia dos pedidos da ao, ratificando as ordens liminares suplicadas, a fim de ressarcir os cofres pblicos da lapidao fraudulenta sofrida, bem como para que sejam aplicadas aos responsveis as demais sanes previstas no artigo 12 da Lei 8.429/1992. 2.1 - Da Ilicitude do Decreto Municipal 002/2013. Segundo alegado pelos doutos membros do Parquet, o Decreto Municipal 002/2013, o qual declarou o Estado de Emergncia e serviu para embasar a dispensa do procedimento licitatrio, ILCITO, por duas razes de fato e de direito. Primeiro, porque se encontrava em funcionamento na presente comarca, por recomendao Ministerial (Doc. 01), uma COMISSO DE TRANSIO, a fim de garantir que NO houvesse interrupo ou qualquer tipo de problemas em relao continuidade da prestao dos servios pblicos quando da assuno da gesto pblica pelo Prefeito eleito (no caso, o ru Edson de Souza Vieira). Segundo, porque entendimento pacfico entre os experts e soberano nos Tribunais ptrios que o Estado Emergencial previsto em lei como causa suficiente a dispensar o procedimento licitatrio (art. 24, IV, LL)1, NO pode advir da negligncia e/ou displicncia do Gestor Pblico (in casu, Poder Executivo Municipal) no trato da res publicae. Por certo, NO se aceita o motivo proveniente da desdia e da falta de planejamento da Administrao Pblica, que por vislumbrar o trmino do contrato com terceiro em decorrncia de termo ad quem em iminncia de se consumar, possa recontratar o terceiro em questo ou outro qualquer diretamente (sem procedimento licitatrio), invocando o princpio da continuidade do servio pblico e a situao de emergncia. Nesse diapaso, imperioso trazer baila o entendimento do Tribunal de Constas da Unio. In verbis: "Emergncia. Dispensa de licitao. Inadequado o fundamento de situao de emergncia para a contratao direta, quando, na verdade, a falta de planejamento das atividades por parte da Administrao que originou a dispensa do procedimento licitatrio (TCU, TC n. 826/94, rel. Ministro Adhemar Paladini Guisi, j. em 28.9.1995, BLC dez. 1995, p. 616 - negritei - ). Oportuno trazer baila a notcia extrada da rede mundial de computadores (www. jusbrasil.com.br), na qual o TRIBUNAL DE CONTAS DE TOCANTINS conclui pela ilegalidade da dispensa de licitao em caso semelhante, no qual o prefeito do municpio de Palmas havia contratado diretamente a locao de veculos para o transporte escolar sob o fundamento do Estado de Emergncia. A saber: "O ato de dispensa de licitao da Prefeitura de Palmas, efetivado pelo Despacho n 29/2005, de 28 de maro de 2005, foi considerado ilegal pelo Pleno do Tribunal de Contas. Do ato, autorizado pelo prefeito Raul Filho e pelo secretrio da Educao, Danilo de Melo Souza, resultou em cinco contratos de locao de veculos, cujo valor total de R$ 962.722,80. Os conselheiros entendem que o ato no preenche os requisitos legais quanto aos casos de emergncia ou calamidade pblica, expostos na Lei n 8.666/93. O Pleno tambm determinou a realizao de inspeo 4. especial para apurar eventual dano ao errio, bem como o encaminhamento de cpia da deciso ao procurador-geral de Justia, para eventual medida no mbito judicial. A seguir, a transcrio de parte da Resoluo n 404 /2006, que trata do caso." 2 ( - negritei - ) Se no bastassem estas irregularidades, percebe-se que h robustos indcios de fraude ao procedimento previsto na Lei de Licitaes (Art. 26 e seguintes), haja vista que o prprio Ofcio 033/2013, encaminhado pela SRA. AUREA PRISCILLA FERREIRA, Ex-Chefe de Gabinete do Prefeito, j solicitava autorizao para a contratao direta da KMC LOCADORA, com base nas cotaes de preos previamente obtidas, antes mesmo do incio do famigerado procedimento de dispensa de licitao (Doc. 05). Os indcios de fraude ao procedimento licitatrio so to contundentes que antes mesmo da expedio do Decreto Municipal declaratrio do estado emergencial (08/01/2013) e da emisso do ofcio em questo (09/01/2015), 3 (trs) empresas (a saber: KMC Locadora; Auto's Servios & Acessrios; RC&MC Locaes) j haviam apresentado suas propostas detalhadas (cotaes de preo) ao Poder Executivo local (em 05/01/2013), demonstrando interesse na prestao do servio pblico especfico (vide doc. 05 - fls. 69/168). Alm disto, houve desrespeitado ao perodo mximo de vigncia contratado, a saber, 90 (noventa) dias (vide DOCs 05a e 05b), haja vista ter perdurado de janeiro (pagamento retroativo) a junho de 2013. Tais condutas afrontam diretamente as regras jurdicas dispostas no art 11, caput e inc. I, c.c. o art. 10, caput e incs. I, V, VIII, XII, ambos da Lei 7.347/85, as quais caracterizam atos de improbidade administrativa. 2.2 - Da Inexistncia fsica (Estabelecimento comercial). Da inexistncia de empregados para a prestao do servio pblico licitado pela Empresa KMC - Locadora. Da Incapacidade Tcnica e Econmico-Financeira da Empresa Contratada. Restou devidamente comprovada, por meio do teor do Ofcio-Resposta n 238/2013, da Promotoria de Justia de So Jos do Egito, a inexistncia fsica (ponto comercial) da empresa KMC Locadora no referido municpio, bem como o desconhecimento do funcionamento da referida pessoa jurdica na localidade (fl. 187). Ao contrrio da informao constante no Contrato Social da indigitada empresa, comprovou-se, por meio de diligncias investigativas presididas pelos membros do Ministrio Pblico Pernambucano, que o ente moral contratado para a prestao de servio de locao de veculos e transporte escolar NO possua estabelecimento comercial, muito menos qualquer pessoa empregada e trabalhando. Alm disto, restou devidamente provado, por meio da Certido de Propriedade expedida pelo DETRAN/PE (Doc. 07), que a pessoa jurdica em destaque, contratada para a locao de veculos e para o transporte escolar no municpio, somente era proprietria, durante toda a vigncia e a execuo do servio pblico em testilha, de um nico automvel, qual seja, um Toyota/Corolla (fl. 178). Tais constataes NO deixam dvidas de que a empresa KMC - Locadora era absolutamente incapaz do ponto de vista tcnico e econmico-financeiro para a consecuo do relevante servio pblico, tornando evidente a ilegalidade do ato. Tais condutas afrontam diretamente as regras jurdicas dispostas no art 11, caput e inc. I, c.c. o art. 10, caput e incs. I, V, VIII, XII, ambos da Lei 7.347/85, as quais caracterizam atos de improbidade administrativa. 2.3 - Da Ilicitude da Subcontratao Integral dos Objetos Contratados. O Contrato Administrativo 09/2013, referente Locao de Veculos para atender o Gabinete do Prefeito e outras Secretarias (fls. 170/176), bem como o Contrato Administrativo 09-B/2013, referente Locao de Veculos para o Transporte Escolar, ambos firmados com a empresa pr-indicada KMC 5. Locadora, representada, poca, pelo scio-adminstrador Carlos Alexandre Fernandes Malta (fls. 178/185), proibiam expressamente a subcontratao do objeto dos contratos. Entretanto, comprovou-se que a empresa KMC - LOCADORA descumpriu com a referida vedao, tendo repassado a totalidade da prestao dos servios de locao de veculos e de transporte escolar, conforme cpia dos instrumentos de subcontrao fornecidos pela prpria empresa e constantes do Inqurito Civil em anexo. Por fim, como mencionado, preferiu-se e contratou-se diretamente a empresa KMC - Locaes, em detrimento da Auto's Servios & Acessrios e da RC&MC Locaes. Como consequncia do ocorrido, constatou-se tambm que a Administrao Municipal foi negligente ao admitir a subcontrao integral do objeto. Registre-se, alis, que, segundo a inteligncia da regra esculpida no artigo 72 da Lei 8.666/933, proibida, nos casos como o dos autos, a subcontratao integral do objeto firmado. Tais condutas afrontam diretamente as regras jurdicas dispostas no art 11, caput e inc. I, c.c. o art. 10, caput e incs. I, VIII, XII, c.c. o art. 9, caput e incs. XI, XII, todos da Lei 7.347/85, as quais caracterizam atos de improbidade administrativa. 2.4 - Do Superfaturamento do Servio Contratado. Em vista da incapacidade tcnica e econmico-financeira do contratado (KMC Locadora), houve a necessidade de subcontratar pessoas fsicas para cumprirem com os servios pblicos. Por conta desta realidade, restou comprovado, por meio da anlise dos documentos, das contas prestadas pelo Poder Executivo local e das movimentaes financeiras fruto das quebras de sigilo bancrio, que a empresa KMC Locadora recebia uma determinada quantia em dinheiro, a ttulo de pagamento dos servios pblicos prestados, e repassava em torno de 50% (cinquenta por cento) aos subcontratados. Em sendo assim, chegou-se concluso de que houve o superfaturamento de ao menos e aproximadamente metade dos valores pagos pela Administrao Pblica, os quais NO se reverteram em benefcio coletividade (ou prpria pessoa jurdica da administrao pblica direta). Em oitiva realizada na Promotoria de Justia, o Diretor de Transportes do Municpio, Walter Arago de Souza Filho (doc. 14), indicou vrios veculos de pessoas residentes na municipalidade e que teriam sido subcontratados pela empresa investigada por meio da dispensa de licitao. Convidados a prestarem esclarecimentos na antedita e honrosa Promotoria, os proprietrios dos veculos sublocados, declararam de forma unssona, que contrataram com o poder pblico por intermdio de CARLOS MALTA. Nessa toada, constatou-se que os valores que recebiam (motoristas subcontratados), eram aproximadamente metade do valor pago pela Administrao Pblica empresa KMC - LOCADORA (em mdia de 51,87% em relao ao procedimento licitatrio), consoante se verifica no quadro abaixo: PLACA SUBCONTRATADO VECULO VALOR CONTRATADO VALOR PAGO SUPERFATURAMENTO KMB7609 Walter Diniz Arajo VW/Caamba R$ 8.300,00 R$ 5.500,00 50,91% Fls. 176 do Inq. Civ. MMN0141 Ciro Jos de Moraes Lins MB/Caamba R$ 8.300,00 R$ 5.500,00 50,91% Fls. 178 do Inq. Civ. BXB7986 Jos Nillson de Assis M.BENZ/PIPA 9000l R$ 7.000,00 R$ 4.500,00 55,56% Fls. 183 do Inq. Civ. AOC3783 Jos Ciseildo de Oliveira FORD/CARGO R$ 4.500,00 R$ 3.000,00 50,00% Fls. 184 do Inq. Civ. GMW9473 Irandir Incio da Silva Toyota / Bandeirante 4 R$ 3.800,00 R$ 2.500,00 52,00% Fls. 185 do Inq. Civ. SUPERFATURAMENTO MDIO 51,87% Tudo isto leva bvia e lgica concluso de que houve um prejuzo ao errio pblico, consistente na supervalorizao dos servios contratados. Destaca-se que no foram somente os tcnicos contbeis e os membros do Ministrio Pblico 6. pernambucano que concluram ter existido superfaturamento no pagamento dos famigerados Contratos Administrativos, mas, tambm, o TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE PERNAMBUCO (Doc. 11 - Auditoria do TCE/PE), o qual, analisando unicamente um dos contratos vergastados (Cont. Adm. 09-B/2013 - transporte escolar), posicionou-se nos seguintes termos: "(...) A alegao de que os servios foram prestados de forma satisfatria tambm no deve prosperar, diante das diversas irregularidades detectadas em relao aos veculos e aos condutores, que comprometem a segurana e o conforto dos usurios. Finalmente, diante do conjunto de irregularidades constatadas na dispensa de licitao e da diferena exorbitante entre os valores pagos pela Prefeitura e os valores repassados pela empresa aos subcontratados, sem que ela tenha atuado, sequer, na gesto da execuo dos servios, no h como prosperar a alegao de que a contratao sob anlise foi a mais vantajosa para o Municpio. Essa situao constitui uma afronta aos princpios da moralidade, da eficincia, da supremacia do interesse pblico e ao dever geral de licitar. Analisando casos semelhantes, o TCU tem considerado em diversas decises recentes (acrdos 3552/2014 - 2 Cmara; 2089/2014 - 2 Cmara; 1464/2014 - Plenrio; 2292/2013 - 2 Cmara; 4864/2013 - 1 Cmara; 0834/2013 - Plenrio) que a diferena entre o valor pago empresa contratada e os valores pagos por esta aos subcontratados passvel de restituio ao errio. Concordando com esse posicionamento, apresenta-se no quadro a seguir o resumo do confronto destes valores, cujo detalhamento encontra-se no anexo 1, no qual verifica-se um diferena, passvel de restituio ao errio, no montante de R$ 245.227,10(...)" ( - negritei e sublinhei - ) 2.4.a - Do Valor Total recebido pela empresa KMC - Locaes EIRELI Nos meses em que prosperou o contrato entre a KMC LOCADORA e a Fazenda Pblica do municpio de Santa Cruz do Capibaribe, foram efetuados os seguintes pagamentos oriundos das contas de movimentao de recursos do municpio: PM- SCC 07/02/13 R$ 125.600,00 08/03/13 R$ 165.000,00 21/03/13 R$ 8.146,47 22/03/13 R$ 11.000,00 27/03/13 R$ 153.950,00 16/04/13 R$ 153.950,00 16/04/13 R$ 179.500,00 18/04/13 R$ 10.500,00 20/05/13 R$ 327.650,00 22/05/13 R$ 16.300,00 21/06/13 R$ 39.489,41 27/06/13 R$ 123.696,47 30/07/13 R$ 93.546,48 SOMA R$ 1.408.328,83 Todavia, como o perodo monitorado se restringiu at a data de 31 de julho de 2013, verificou-se a existncia de depsitos posteriores (constatados, inclusive, no prprio Portal da Transparncia do Municpio - Execuo Oramentria Municipal), em favor da KMC LOCADORA EIRELI, atingindo, em seis meses de contrato, o montante de R$ 1.685.887,80 (um milho, seiscentos e oitenta e cinco mil, oitocentos e oitenta e sete reais e oitenta centavos), conforme resumo abaixo: DATA FASE FAVORECIDO VALOR 07/02/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 4.100,00 07/02/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 100.200,00 07/02/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 10.800,00 07/02/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 10.500,00 08/03/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 4.100,00 08/03/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 33.500,00 08/03/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 10.800,00 08/03/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 104.200,00 08/03/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 12.400,00 22/03/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 5.500,00 22/03/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 5.500,00 27/03/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 153.950,00 16/04/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 16.300,00 16/04/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 19.500,00 16/04/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 23.000,00 16/04/13 Pagamento KMC LOCADORA 7. LTDA R$ 104.200,00 16/04/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 4.100,00 16/04/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 12.400,00 16/04/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 153.950,00 18/04/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 10.500,00 20/05/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 153.950,00 20/05/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 33.500,00 20/05/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 4.100,00 20/05/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 12.400,00 20/05/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 123.700,00 22/05/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 16.300,00 21/06/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 12.396,47 21/06/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 4.096,47 21/06/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 22.996,47 21/06/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 16.296,47 21/06/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 123.156,47 27/06/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 123.696,47 30/07/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 8.693,27 30/07/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 12.266,66 30/07/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 6.613,33 30/07/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 65.973,22 07/08/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 146.252,50 TOTAL DE PAGAMEMENTOS EFETUADOS R$ 1.685.887,80 Tais condutas afrontam diretamente as regras jurdicas dispostas no art 11, caput e inc. I, c.c. o art. 10, caput e incs. I, VIII, XII, c.c. o art. 9, caput e incs. XI, XII, todos da Lei 7.347/85, as quais caracterizam atos de improbidade administrativa. 2.5 - Das relaes estreitas e suspeitas entre as Partes envolvidas na Contratao Administrativa: Se j no bastassem todas as provas acostadas aos autos deste processo e aos do Inqurito Civil citado, existem, ainda, indcios suficientes de que algumas das pessoas envolvidas ou que ao menos tenham se beneficiado com a consecuo dos atos administrativos em testilha possuam estreita relao de amizade. Segundo documentos contidos no incluso INQURITO CIVIL (antiga folhas 577), as pessoas de RENATA RAFAELA CAVALCANTI DE COSTA, HILGEINE DE ALMEIDA MALTA (scia da Malta Locadora e esposa de CARLOS ALEXANDRE FERNANDES MALTA), CARLOS FERNANDES JNIOR, ANA CRISTINA MALTA e ROBERTA RAFAELLA CAVALCANTE DA COSTA (todos com algum grau de parentesco), mantinham vnculo laboral (cargo comissionado desde fevereiro de 2011) na Assembleia Legislativa de Pernambuco, lotados no Gabinete do Deputado Diogo Moraes. O referido Deputado Estadual Diogo Moraes, segundo consta, apoiou a candidatura do prefeito e requerido nesta ao, Sr. EDSON VIEIRA. Tal situao, a princpio, ofende aos princpios da moralidade, da tica, da impessoalidade, da eficincia, da publicidade (Art. 37, caput, CF) e da isonomia/igualdade (Art. 5, caput, CF), os quais devem abalizar todo ato administrativo e servir de norte aos gestores da res publicae. Registre-se que se comprovaram, ainda, injustificadas transferncias bancrias de vultosos valores entre os envolvidos na execuo dos fatos apurados nesta demanda. 2.6 - Da Quebra dos Sigilos Bancrios. Das transferncias suspeitas e injustificadas de vultosas quantias de dinheiro entre os envolvidos com os atos administrativos (mprobos): Com base nos fortes indcios de fraude, o Ministrio Pblico props a Ao Cautelar de QUEBRA DE SIGILO FISCAL E BANCRIO (processo n 3323-47.2013.8.17.1250, em trmite perante esta 2 Vara Cvel), com o escopo de obter dados bancrios dos rus CARLOS ALEXANDRE FERNANDES MALTA, KMC LOCADORA EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA (EIRELI), RENATA RAFAELA CAVALCANTI DE COSTA e MALTA LOCADORA LTDA ME. Por meio das informaes levantadas, constatou-se que a Conta Corrente n 13235-9, da Ag. 2483 - Banco Ita, de titularidade da KMC LOCADORA, destinava-se exclusivamente a operacionalizar o 8. estratagema montado pelos rus, possuindo fluxo de caixa incompatvel com o desenvolvimento de atividades lcitas. Veja-se: 2.6.a - Dos saques efetuados: Analisando o extrato da Conta Corrente da empresa KMC Locadora, verificou-se a existncia, no perodo de vigncia dos contratos administrativo em tela, de saques de valores os quais totalizaram a cifra de R$ 455.000,00 (Quatrocentos e cinquenta e cinco mil reais), realizados diretamente na agncia. In verbis: DATA VALOR OP 06/02/13 R$ 16.000,00 SAQUE 08/02/13 R$ 83.900,00 SAQUE 14/02/13 R$ 20.000,00 SAQUE 15/02/13 R$ 15.000,00 SAQUE 04/03/13 R$ 18.000,00 SAQUE 06/03/13 R$ 63.000,00 SAQUE 19/03/13 R$ 30.000,00 SAQUE 19/03/13 R$ 30.000,00 SAQUE 04/04/13 R$ 23.800,00 SAQUE 12/04/13 R$ 10.000,00 SAQUE 17/05/13 R$ 44.000,00 SAQUE 17/05/13 R$ 30.000,00 SAQUE 31/05/13 R$ 1.500,00 SAQUE 05/07/13 R$ 10.000,00 SAQUE 31/07/13 R$ 60.000,00 SAQUE TOTAL R$ 455.200,00 2.6.b - Das transferncias de alto valor: Alm dos saques diretamente realizados, tambm se observou, nos extratos bancrios da conta corrente da KMC (Banco Ita), transferncias no identificadas de grande vulto, sem prejuzo de outras identificadas, realiadas diretamente para a empresa Malta Locadora EIRELI - ME, cujo representante o ru CARLOS MALTA (valor de R$ 308.568,00, conforme parecer tcnico - Doc 13). Verificou-se, ainda, a existncia de outros TEDs (transferncia eletrnica disponvel), cujas somas totalizaram o montante de R$ 552.952,36 (quinhentos e cinquenta e dois mil, novecentos e cinquenta e dois reais e trinta e seis centavos), cujas contas creditadas no foram identificadas. A saber: DATA VALOR OP 08/02/13 R$ 49.423,36 TED 08/02/13 R$ 20.000,00 TED 08/02/13 R$ 70.000,00 TED 15/02/13 R$ 99.999,00 TED 01/03/13 R$ 78.530,00 TED 01/03/13 R$ 12.000,00 TED 04/03/13 R$ 18.000,00 TED 25/06/13 R$ 40.000,00 TED 27/06/13 R$ 55.000,00 TED 05/07/13 R$ 20.000,00 TED 05/07/13 R$ 60.000,00 TED 05/07/13 R$ 30.000,00 TED TOTAL R$ 552.952,36 2.6.c - Das transaes financeiras com o ru RAFAEL GUILHERME CAETANO SANTOS e a empresa RC & MC COMRCIO E LOCAES DE VECULOS LTDA. O Sr. RAFAEL GUILHERME CAETANO SANTOS, scio- administrador da empresa RC & MC COMRCIO E LOCAES DE VECULOS LTDA/ME (CNPJ 00.550.456/0001/25), licitante preterido no certame objeto deste processo, informou na Promotoria de Justia, em 19 de junho de 2013, que no conhecia a empresa KMC Locadora, nem as pessoas de Carlos Alexandre F. Malta e Renata Rafaela C. Costa. (fls. 227 e 227v, do IC 2013/1319385 e Doc. 14 destes autos). No entanto, comprovou-se que houve uma transferncia bancria da Conta Santander 3686-01-084959-3, de titularidade de CARLOS ALEXANDRE FERNANDES MALTA, para a Conta da Pessoa Fsica de RAFAEL GUILHERME CAETANO, realizada no dia 08/02/2013, ou seja, antes de ter comparecido Promotoria de Justia. DATA VALOR OP CRDITO IDENTIF. 08/02/13 R$ 1.150,00 TRANSFERNCIA 3686.51520-9 RAFAEL GUILHERME CAETANO Ressalte-se que a transferncia foi realizada no mesmo dia em que a KMC Locadora comeou, de fato, a transferir vultosos valores utilizando-se da Conta Corrente do Banco Ita. Alm disto, constatou-se, por meio da anlise dos extratos bancrios da KMC LOCADORA (documentos do referido Processo Cautelar n 3323-47.2013.8.17.1250), a realizao das seguintes transferncias (suspeitas): DATA VALOR OP CRDITO IDENTIF. 14/02/13 R$ 1.000,00 RANSF 7030.29756-3 JUROS 14/02/13 R$ 7.226,00 RANSF 7030.29756-3 RAFA BOY 13/03/13 R$ 20.000,00 RANSF 0364.90183-5 RM LOC 13/03/13 R$ 9.000,00 RANSF 7833.00373-9 RAFA 14/03/13 R$ 10.000,00 RANSF 0364.90183-5 C/C 20/03/13 R$ 10.000,00 RANSF 0364.90183-5 9. C/C 20/03/13 R$ 387,00 RANSF 7030.29756-3 JUROS TI 26/03/13 R$ 5.965,00 RANSF 7030.29756-3 TITIO 18/04/13 R$ 10.000,00 TRANSF 7030.29756-3 TITIO 26/04/13 R$ 5.785,00 RANSF 7030.29756-3 RAFA BOY 26/04/13 R$ 7.145,38 TED 13/05/13 R$ 3.800,00 RANSF 7833.00373-9 ESPINHAR 05/06/13 R$ 1.000,00 RANSF 0364.90183-5 ROBERTO 18/06/13 R$ 5.765,00 RANSF 7030.29756-3 C/C 04/07/13 R$ 1.200,00 RANSF 7833.00373-9 C/C 19/07/13 R$ 3.800,00 RANSF 7833.00373-9 C/C SOMA R$ 102.073,38 Curioso ressaltar que a Conta Corrente identificada como "RM LOC" pelo depositante, refere-se Agncia 0364 do Banco ita S/A, localizada no municpio de PATOS/PB. Nessa toada, imperioso mencionar que RAFAEL GUILHERME CAETANO SANTOS, por meio da RC & MC COMRCIO E LOCAES DE VECULOS LTDA/ME, bem como a pessoa de CARLOS ALEXANDRE FERNANDES MALTA, por meio da KMC LOCADORA, forneciam seus servios, alternadamente, a um mesmo Deputado Federal, Hugo Motta (PMDB/PB), com base eleitoral no Municpio de Patos/PB, vislumbrando-se um possvel, longo e ilcito estratagema firmado para fraudar licitaes (referentes locaes de veculos). Neste palmilhar, no importava o vencedor, pois, ao que parece, os lucros ilegais eram repartidos entre os envolvidos. Veja-se: Tipo de gasto Parlamentar Doc Data Valor Favorecido Locao De Veculos Automotores Ou Fretamento De Embarcaes Hugo Motta 14 28/02/11 R$ 5.000,00 KMC LOCADORA LTDA Locao De Veculos Automotores Ou Fretamento De Embarcaes Hugo Motta 19 21/03/11 R$ 5.000,00 KMC LOCADORA LTDA Locao De Veculos Automotores Ou Fretamento De Embarcaes Hugo Motta 27 28/04/11 R$ 5.000,00 KMC LOCADORA LTDA Locao De Veculos Automotores Ou Fretamento De Embarcaes Hugo Motta 28 28/04/11 R$ 5.000,00 KMC LOCADORA LTDA Locao De Veculos Automotores Ou Fretamento De Embarcaes Hugo Motta 33 23/05/11 R$ 5.000,00 KMC LOCADORA LTDA Locao De Veculos Automotores Ou Fretamento De Embarcaes Hugo Motta 32 23/05/11 R$ 5.000,00 KMC LOCADORA LTDA Locao De Veculos Automotores Ou Fretamento De Embarcaes Hugo Motta 45 27/06/11 R$ 5.000,00 KMC LOCADORA LTDA Locao De Veculos Automotores Ou Fretamento De Embarcaes Hugo Motta 44 27/06/11 R$ 5.000,00 KMC LOCADORA LTDA Locao De Veculos Automotores Ou Fretamento De Embarcaes Hugo Motta 55 03/08/11 R$ 5.000,00 KMC LOCADORA LTDA Locao De Veculos Automotores Ou Fretamento De Embarcaes Hugo Motta 56 03/08/11 R$ 5.000,00 KMC LOCADORA LTDA Locao De Veculos Automotores Ou Fretamento De Embarcaes Hugo Motta 59 29/08/11 R$ 5.000,00 KMC LOCADORA LTDA Locao De Veculos Automotores Ou Fretamento De Embarcaes Hugo Motta 60 29/08/11 R$ 5.000,00 KMC LOCADORA LTDA Locao De Veculos Automotores Ou Fretamento De Embarcaes Hugo Motta 66 30/09/11 R$ 5.000,00 KMC LOCADORA LTDA Locao De Veculos Automotores Ou Fretamento De Embarcaes Hugo Motta 67 30/09/11 R$ 5.000,00 KMC LOCADORA LTDA Locao De Veculos Automotores Ou Fretamento De Embarcaes Hugo Motta 70 24/10/11 R$ 5.000,00 KMC LOCADORA LTDA Locao De Veculos Automotores Ou Fretamento De Embarcaes Hugo Motta 71 24/10/11 R$ 5.000,00 KMC LOCADORA LTDA Locao De Veculos Automotores Ou Fretamento De Embarcaes Hugo Motta 81 01/12/11 R$ 5.000,00 KMC LOCADORA LTDA Locao De Veculos Automotores Ou Fretamento De Embarcaes Hugo Motta 2 01/02/12 R$ 10.000,00 RC & MC COM. E LOC. DE VECULOS LTDA Locao De Veculos Automotores Ou Fretamento De Embarcaes Hugo Motta 4 01/03/12 R$ 10.000,00 RC & MC COM. E LOC. DE VECULOS LTDA 10. Locao De Veculos Automotores Ou Fretamento De Embarcaes Hugo Motta 5 02/04/12 R$ 10.000,00 RC & MC COM. E LOC. DE VECULOS LTDA Locao De Veculos Automotores Ou Fretamento De Embarcaes Hugo Motta 8 03/05/12 R$ 10.000,00 RC & MC COM. E LOC. DE VECULOS LTDA Locao De Veculos Automotores Ou Fretamento De Embarcaes Hugo Motta 11 29/05/12 R$ 10.000,00 RC & MC COM. E LOC. DE VECULOS LTDA Locao De Veculos Automotores Ou Fretamento De Embarcaes Hugo Motta 14 26/06/12 R$ 10.000,00 RC & MC COM. E LOC. DE VECULOS LTDA Locao De Veculos Automotores Ou Fretamento De Embarcaes Hugo Motta 109 02/08/12 R$ 10.000,00 KMC LOCADORA LTDA Locao De Veculos Automotores Ou Fretamento De Embarcaes Hugo Motta 113 17/09/12 R$ 10.000,00 KMC LOCADORA LTDA Locao De Veculos Automotores Ou Fretamento De Embarcaes Hugo Motta 116 15/10/12 R$ 10.000,00 KMC LOCADORA LTDA Locao De Veculos Automotores Ou Fretamento De Embarcaes Hugo Motta 118 01/11/12 R$ 10.000,00 KMC LOCADORA LTDA Locao De Veculos Automotores Ou Fretamento De Embarcaes Hugo Motta 121 03/12/12 R$ 10.000,00 KMC LOCADORA LTDA Locao De Veculos Automotores Ou Fretamento De Embarcaes Hugo Motta 123 24/12/12 R$ 568,11 KMC LOCADORA LTDA Locao De Veculos Automotores Ou Fretamento De Embarcaes Hugo Motta 123 24/12/12 R$ 458,22 KMC LOCADORA LTDA Locao De Veculos Automotores Ou Fretamento De Embarcaes Hugo Motta 123 24/12/12 R$ 144,55 KMC LOCADORA LTDA Locao De Veculos Automotores Ou Fretamento De Embarcaes Hugo Motta 123 24/12/12 R$ 32,29 KMC LOCADORA LTDA Locao De Veculos Automotores Ou Fretamento De Embarcaes Hugo Motta 123 24/12/12 R$ 8.796,83 KMC LOCADORA LTDA Locao De Veculos Automotores Ou Fretamento De Embarcaes Hugo Motta 127 29/01/13 R$ 10.000,00 KMC LOCADORA LTDA Locao De Veculos Automotores Ou Fretamento De Embarcaes Hugo Motta 130 26/02/13 R$ 10.000,00 KMC LOCADORA LTDA Locao De Veculos Automotores Ou Fretamento De Embarcaes Hugo Motta 133 25/03/13 R$ 10.000,00 KMC LOCADORA LTDA Tais condutas afrontam diretamente as regras jurdicas dispostas no art 11, caput e inc. I, c.c. o art. 10, caput e incs. I, VIII, XII, c.c. o art. 9, caput e incs. XI, XII, todos da Lei 7.347/85, as quais caracterizam atos de improbidade administrativa. 2.7 - Do resumo das Irregularidades perpetradas (Atos mprobos): Com apoio nos documentos acostados aos autos, sobretudo o Parecer Contbil do MINISTRIO PBLICO e o resultado da Auditoria realizada pelo TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE PERNAMBUCO (doc. 11), constata-se a prtica, em tese e a princpio, das seguintes irregularidades, as quais se expem de forma sinttica: Irregularidades Constatadas Responsveis legais (requeridos) Irregularidades na dispensa de licitao a) Edson de Souza Vieira; b) urea Priscilla Ferreira; c) Jos Inaldo Ramos Gonalves; d) Josemar Sabino de Oliveira; e) KMC Locadora EIRELI; f) Malta Locadora Ltda ME; g) RC & MC Comrcio e Locaes de Veculos Ltda/ME; h) Carlos Alexandre Fernandes Malta; i) Renata Rafaela Cavancanti de Costa; j) Rafael Guilherme Caetano Santos. Subcontrao integral do objeto licitado a) Edson de Souza Vieira; b) KMC - Locadora; c) Carlos Alexandre Fernandes Malta; d) Renata Rafaela Cavalcanti de Costa. Utilizao de veculos inadequados para o transporte escolar a) Edson de Souza Vieira; b) KMC - Locadora; c) Carlos Alexandre Fernandes Malta; d) Renata Rafaela Cavalcanti de Costa Utilizao de condutores inabilitados para a realizao do transporte escolar a) Edson de Souza Vieira; b) KMC - Locadora; c) Carlos Alexandre Fernandes Malta; d) Renata Rafaela Cavalcanti de Costa. Deficincias no 11. acompanhamento e na fiscalizao do contrato a) Edson de Souza Vieira; b) KMC - Locadora; c) Carlos Alexandre Fernandes Malta; d) Renata Rafaela Cavalcanti de Costa. Despesa indevida por servios no executados a) Edson de Souza Vieira; b) urea Priscilla Ferreira; c) KMC - Locadora; d) Carlos Alexandre Fernandes Malta; e) Renata Rafaela Cavalcanti de Costa. Despesa indevida por prestao de servios em condies divergentes da contratada a) Edson de Souza Vieira; b) urea Priscilla Ferreira; c) KMC - Locadora; d) Carlos Alexandre Fernandes Malta; e) Renata Rafaela Cavalcanti de Costa. A responsabilidade poltico-civil-administrativa do primeiro ru, SR. EDSON DE SOUZA VIEIRA, consubstancia-se no fato de ter decretado ilicitamente o Estado de Emergncia municipal, fruto da negligncia e da displicncia no trato da res publicae, bem como em razo de sua qualidade de ordenador de despesas/emissor de empenhos e ordens de pagamento (das despesas) comprovadamente irregulares (superfaturadas), alm do fato de ter sido o responsvel direto pelas contrataes da empresa fantasma KMC Locadora - EIRELI, culminando no atentado contra os princpios da administrao pblica, prejuzo ao errio pblico e o enriquecimento ilcito de terceiros. A responsabilidade poltico-civil-administrativa da segunda requerida, SRA. AUREA PRISCILLA FERREIRA, consubstancia-se no fato de ser, na ocasio, a pessoa que elaborou e encaminhou o ofcio/missiva endereada ao Prefeito (Sr. Edson de Souza Vieira), na qual indicou e requereu autorizao para a contrao direta da empresa fantasma preestabelecida, flagrantemente incapacitada do ponto de vista tcnico e econmico-financeiro, haja vista ter sido constatada a inexistncia fsica (ponto comercial) da referida empresa, bem como a ausncia de frota de veculos para a prestao do objeto contratado, antes mesmo da finalizao do imprescindvel procedimento de dispensa de licitao, culminando no atentado contra os princpios da administrao pblica, prejuzo ao errio pblico e o enriquecimento ilcito de terceiros. A responsabilidade poltico-civil- administrativa do terceiro e do quarto demandados, SR. JOS INALDO RAMOS GONALVES E SR. JOSEMAR SABINO DE OLIVEIRA, consubstancia-se no fato de serem, poca e respectivamente, Ex-Presidente e Secretrio da Comisso Permanente de Licitao do Municpio de Santa Cruz do Capibaribe, os quais dispensaram fraudulentamente o procedimento licitatrio e endossaram a contrao ilegal da empresa fantasma preestabelecida, flagrantemente incapacitada do ponto de vista tcnico e econmico-financeiro, haja vista ter sido constatada a inexistncia fsica (ponto comercial) da referida empresa, bem como a ausncia de frota de veculos para a prestao do objeto contratado, culminando no atentado contra os princpios da administrao pblica, prejuzo ao errio pblico e enriquecimento ilcito de terceiros. A responsabilidade poltico-civil-administrativa do quinto requerido, KMC LOCADORA EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA (EIRELI), consubstancia-se no fato de ser a "empresa fantasta" contratada diretamente e sob a enganosa alegao de Estado Emergencial (com dispensa de licitao pblica), a qual era incapacitada do ponto de vista tcnico e econmico-financeiro, haja vista ter sido constatada a inexistncia fsica (ponto comercial) da referida empresa, bem como a ausncia de frota de veculos para a prestao do objeto contratado, alm de ter subcontratado de forma integral e, portanto, ilicitamente o objeto do ato e de ter recebido pagamentos superfaturados, ensejando o enriquecimento ilcito prprio s custas do errio pblico. A responsabilidade poltico-civil-administrativa do sexto ru, MALTA LOCADORA LTDA- ME (representado por Carlos Alexandre Fernandes Malta e sua esposa Hilgeine de Almeida 12. Malta), consubstancia-se no fato de seu scio-administrador ser o antigo responsvel legal da empresa fantasma contratada (KMC), alm de ter sido beneficiada com o famigerado ato administrativo, haja vista ter recebido vultosas quantias de dinheiro transferidas da conta da empresa KMC, sem que houvesse qualquer contraprestao para tanto. A responsabilidade poltico-civil-administrativa do stimo demandado, RC & MC COMRCIO E LOCAES DE VECULOS LTDA-ME (representado por Rafael Guilherme Caetano Santos e Mnica Paixo Caetano ), consubstancia-se no fato de ter participado do procedimento administrativo de dispensa de Licitao, tido como ardiloso e fraudulento, bem como ter se beneficiado com o famigerado ato, na medida em que recebeu vultosas quantias de dinheiro transferidas da conta da empresa KMC sem que houvesse qualquer contraprestao lcita para tanto. A responsabilidade poltico-civil-administrativa do oitavo requerido, CARLOS ALEXANDRE FERNANADES MALTA, consubstancia-se no fato de ser, poca da contrao administrativa, scio-gerente da "empresa fantasta" KMC Locadora EIRELI contratada diretamente e sob a enganosa alegao de Estado Emergencial (com dispensa de licitao pblica), a qual era incapacitada do ponto de vista tcnico e econmico-financeiro, haja vista ter sido constatada a inexistncia fsica (ponto comercial) da referida empresa, bem como a ausncia de frota de veculos para a prestao do objeto contratado, alm de ter subcontratado de forma integral e, portanto, ilicitamente o objeto do ato, ensejando o enriquecimento ilcito prprio custa do errio pblico. A responsabilidade poltico-civil-administrativa do nono ru, RENATA RAFAELA CAVALCANTI DE COSTA, consubstancia-se no fato de ser, durante parte do perodo de prestao do servio pblico em testilha, a scia-gerente da "empresa fantasta" contratada diretamente (KMC Locadora) e sob a enganosa alegao de Estado Emergencial (com dispensa de licitao pblica), a qual era incapacitada do ponto de vista tcnico e econmico-financeiro, haja vista ter sido constatada a inexistncia fsica (ponto comercial) da referida empresa, bem como a ausncia de frota de veculos para a prestao do objeto contratado, alm de ter subcontratado de forma integral e, portanto, ilicitamente o objeto do ato, ensejando o enriquecimento ilcito prprio custa do errio pblico. A responsabilidade poltico-civil-administrativa do dcimo demandado, RAFAEL GUILHERME CAETANO SANTOS, consubstancia-se no fato de ser o scio- administrador da empresa RC & MC Comrcio e Locaes de Veculos Ltda-ME, a qual participou do procedimento administrativo de dispensa de Licitao, tido como ardiloso e fraudulento, alm de terem (pessoa fsica e jurdica) sido beneficiados com o famigerado ato administrativo, na medida em que recebiam vultosas quantias de dinheiro transferidas da conta da empresa KMC, ensejando o enriquecimento ilcito prprio custa do errio pblico. Destarte, tem-se por certo que todos os requeridos alinharam-se subjetivamente, de livre e espontnea vontade, para fraudarem o indispensvel procedimento licitatrio, criando um claro estratagema ilcito, digno de quadrilha, a fim de se beneficiarem, de alguma forma, com os atos administrativos (mprobos) perpetrados. 3 - DAS MEDIDAS DE URGNCIA: A parte autora requereu a concesso de medida liminar, inaldita altera parte, a fim de desconsiderar a personalidade jurdica das empresas demandadas (abuso de personalidade), bem como proceder com a indisponibilidade e com o bloqueio de bens dos demandados, at o valor do suposto prejuzo causado ao errio pblico, a saber, R$ 1.685.887,80 (um milho, seiscentos e oitenta e cinco mil, oitocentos e oitenta e sete reais e oitante centavos).. 3.1 - Da Desconsiderao da Personalidade Jurdica: A 13. Teoria da Desconsiderao da Personalidade Jurdica, tambm denominada de Disregard of Legal Entity, consiste na possibilidade de se ignorar a personalidade jurdica autnoma da entidade moral sempre que esta venha a ser utilizada para fins fraudulentos ou diversos daqueles para os quais foi constituda, permitindo que o credor de obrigao assumida pela pessoa jurdica alcance o patrimnio particular de seus scios ou administradores para a satisfao de seu crdito. Como sabido, os doutrinadores e os aplicadores do Direito dividem a teoria em duas espcies, sendo que, cada uma, guarda requisitos prprios para a sua aplicao. Tm-se, portanto, a teoria menor e a maior da desconsiderao da personalidade jurdica. A Teoria Maior consagra a regra em nosso ordenamento jurdico, encontrando previso expressa no artigo 50 do Cdigo Civil, em que exige o implemento de uma das duas hipteses, quais sejam, :o desvio de personalidade ou a confuso patrimonial, para que haja a sua aplicao, com todos os seus consectrios legais. A Teoria Menor, por sua vez, prevista de forma excepcional em determinadas legislaes especiais, satisfaz-se, em regra, apenas com a prova da inadimplncia ou de obstculos ao integral ressarcimento do prejuzo do credor. A respeito da diferena entre a teoria clssica, prevista no Cdigo Civil (art. 50), e a teoria especfica, tratada nas Legislaes Especiais (v.g., Lei 8.078/90 e 9.605/98), merece destaque o voto do ex-Ministro Ari Pargendler, do SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIA, in verbis: "A teoria da desconsiderao da pessoa jurdica, quanto aos pressupostos de sua incidncia, subdivide-se em duas categorias: teoria maior e teoria menor da desconsiderao. A teoria maior no pode ser aplicada coma mera demonstrao de estar a pessoa jurdica insolvente para o cumprimento de suas obrigaes. Exige-se, aqui, para alm da prova de insolvncia, ou a demonstrao de desvio de finalidade, ou a demonstrao de confuso patrimonial. A prova do desvio de finalidade faz incidir a teoria (maior) subjetiva da desconsiderao. O desvio de finalidade caracterizado pelo ato intencional dos scios em fraudar terceiros com o uso abusivo da personalidade jurdica. A demonstrao da confuso patrimonial, por sua vez, faz incidir a teoria (maior) objetiva da desconsiderao. A confuso patrimonial caracteriza-se pela inexistncia, no campo dos fatos, de separao patrimonial do patrimnio da pessoa jurdica e do de seus scios, ou, ainda, dos haveres de diversas pessoas jurdicas. A teoria maior da desconsiderao, seja a subjetiva, seja a objetiva, constitui a regra geral no sistema jurdico brasileiro, positivada no art. 50 do CC/02. A teoria menor da desconsiderao, por sua vez, parte de premissas distintas da teoria maior: para a incidncia da desconsiderao com base na teoria menor, basta a prova da insolvncia da pessoa jurdica para o pagamento de suas obrigaes, independentemente da existncia de desvio de finalidade ou de confuso patrimonial. Para esta teoria, o risco empresarial normal s atividades econmicas no pode ser suportado pelo terceiro que contratou com a pessoa jurdica, mas pelos scios e ou administradores desta, ainda que estes demonstrem conduta administrativa proba, isto , mesmo que no exista qualquer prova capaz de identificar a conduta culposa ou dolosa por parte dos scios e/ou administradores da pessoa jurdica. No ordenamento jurdico brasileiro, a teoria menor da desconsiderao foi adotada excepcionalmente, por exemplo, no Direito Ambiental (Lei n 9.605/98, art. 4) e no Direito do Consumidor (CDC, art. 28, 5). O referido dispositivo do CDC, quanto sua aplicao, como bem ressalvado pelo i. Min. Relator, sugere uma 'circunstncia objetiva'. Da exegese do 5 deflui, expressamente, a possibilidade de desconsiderao da personalidade jurdica pela mera 14. prova da insolvncia da pessoa jurdica, fato este suficiente a causar "obstculo ao ressarcimento de prejuzos causados aos consumidores." (STJ, Resp 279273; Rel. Min. Ari Pargendler, DJ 29.03.2004). - negritei - No caso em apreo, percebeu-se, a princpio, que as duas contrataes administrativas firmadas com a empresa KMC - Locadora EIRELI esto eivadas de nulidades e de ilegalidades. Constatou-se, exausto, que a referida Pessoa Jurdica foi utilizada para fins ilcitos (civis), desviando-se de sua personalidade. Sobre o conceito e tipificao do requisito 'desvio de finalidade/abuso de personalidade', faz-se conveniente trazer baila o preclaro magistrio dos experts NELSON NERY Jr. e ROSA MARIA DE A. NERY5. In verbis: "3. Desvio de finalidade. A identificao do desvio de finalidade nas atividades da pessoa jurdica deve partir da constatao da efetiva desenvoltura com que a pessoa jurdica produz a circulao de servios ou de mercadorias por atividade lcita, cumprindo ou no o seu papel social, nos termos dos traos de sua personalidade jurdica. Se a pessoa jurdica se pe a praticar atos ilcitos ou incompatveis com sua atividade autorizada, bem como se com sua atividade favorece o enriquecimento de seus scios e sua derrocada administrativa e econmica, d-se ocasio de o sistema de direito desconsiderar sua personalidade e alcanar o patrimnio das pessoas que se ocultam por detrs de sua existncia jurdica." ( - negritei e sublinhei - ) In casu, tem-se por certo que todos os requeridos alinharam-se subjetivamente, de livre e espontnea vontade, para fraudarem o indispensvel procedimento licitatrio, criando um claro estratagema ilcito, digno de quadrilha, a fim de se beneficiarem, de alguma forma, com os atos administrativos (mprobos) perpetrados. Constatado, portanto, a utilizao da personalidade jurdica para a prtica de atos ilcitos, torna-se perfeitamente cabvel a aplicao da heroica medida jurdica em destaque. Ante o exposto, DEFIRO o pedido de desconsiderao da personalidade jurdica formulado pelo exequente e, como consequncia, permito e determino a incluso do nome das pessoas fsicas dos scios-administradores no plo passivo desta ao, devendo todos responder pessoalmente com os seus respectivos patrimnios pelo ressarcimento dos danos causados. 3.2 - Da Indisponibilidade liminar dos Bens dos demandados: A indisponibilidade dos bens das pessoas envolvidas com atos de improbidade administrativa medida cautelar que almeja, de forma pragmtica, preservar valores visando ao futuro ressarcimento de danos causados ao errio, evitando, assim, prejuzos aos cofres pblicos. Ressalta-se que no se trata de sequestro de bens ou da transferncia dominial de seus titulares, visto que permanecem com a posse e o usufruto do patrimnio constrito, mas, sim, de bloqueio temporrio para evitar as suas comercializaes ou transferncias a terceiros. Nesse pamilhar, imperioso trazer baila a redao do artigo 7 da Lei 8.249/92: "Art. 7. Quando o ato de improbidade causar leso ao patrimnio pblico ou ensejar enriquecimento ilcito, caber a autoridade administrativa responsvel pelo inqurito representar ao Ministrio Pblico, para a indisponibilidade dos bens do indiciado. Pargrafo nico. A indisponibilidade a que se refere o caput deste artigo recair sobre bens que assegurem o integral ressarcimento do dano, ou sobre o acrscimo patrimonial resultante do enriquecimento ilcito." ( - negritei - ) No caso sub judice possvel aferir, de plano, a existncia dos requisitos supracitados. O FUMUS BONI IURIS origina-se da plausibilidade jurdica do(s) pedido(s) e da comprovao, a princpio, de que os demandados, agindo em conluio e unidade de desgnios, praticaram atos de improbidade administrativa, consistente na consecuo de verdadeiro estratagema para 15. fraudarem o indispensvel procedimento licitatrio de locao de veculos para a prestao de servio pblico. As provas coligidas aos autos so fartas, no deixando dvida da existncia, a princpio, da materialidade da fraude e de indcios de sua autoria. Afervel, portanto, o fundamento relevante (fumus boni iuris) que justifica a concesso de medida liminar. Afinal, h plausibilidade no argumento de que o ato impugnado foi ilegal, bem como, existe verossimilhana na alegao do requerente, que acostou elementos probatrios suficientes a embasar o pleito. Presente tambm o requisito do PERICULUM IN MORA, ao passo que a postergao da deciso de bloqueio de bens dos infratores poder inviabilizar o ressarcimento dos cofres pblicos, tornando a deciso incua. Imperioso destacar, alis, que a inteleco jurisprudencial das Cortes Superiores trilha neste sentido. Veja-se: Indisponibilidade de bens. Inexistncia de indcios de responsabilizao do agente, pela prtica dos atos de improbidade. Inexistncia de fumus boni iuris. 1. "A jurisprudncia do Superior Tribunal de Justia tem-se alinhado no sentido da desnecessidade de prova de periculum in mora concreto, ou seja, de que o ru estaria dilapidando seu patrimnio, ou na iminncia de faz-lo, exigindo-se apenas a demonstrao de fumus boni iuris, consistente em fundados indcios da prtica de improbidade. Precedentes: Resp. 1.203.133/MT, Rel. Min. Castro Meira, Resp 967.841/PA, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Dje 08.10.2010., Resp. 1.135.548/PR, Rel. Ministra Eliana Calmon , Dje 22.06.2010; Resp. 1.115.451/MA, Rel. Min. Herman Benjamin, Dje 20.04.2010."(Resp. 1.190.846/PI, Rel. Min. Castro Meira, Segunda Turma, julgado em 16.12.2010, Dje 10.02.2011). 2. Na hiptese, o Tribunal a quo no apena entendeu pela inexistncia do periculum in mora, como tambm pela inexistncia da fumaa do bom direito. Razo que, por si s, subsiste para justificar o desbloqueio dos bens. Agravo regimental improvido. (STJ - AgRg. no Resp. 1256287/MT - Rel. Min. Humberto Martins - 2 Turma - j. em 15.09.2011 - Dje 21.09.2011) Indisponibilidade de bens. Art. 7, pargrafo nico, da Lei 8.429/92. Requisitos para concesso. Liminar inaudita altera pars. Possibilidade. 1. O provimento cautelar para indisponibilidade de bens, de que trata o art. 7, pargrafo nico da Lei 8.429/92, exige fortes indcios de responsabilidade do agente do ato mprobo, em especial nas condutas que causem dano material ao Errio. 2. O requisito cautelar do periculum in mora est implcito no prprio comendo legal, que prev a medida de bloqueio de bens, uma vez que visa a 'assegurar o integral ressarcimento do dano'. 3. A demonstrao, em tese, do dano ao Errio e/ou do enriquecimento ilcito do agente, caracteriza o fumus boni iuris. 4. admissvel a concesso de liminar inaudita altera pars para a decretao de indisponibilidade e sequestro de bens, visando assegurar o resultado til da tutela jurisdicional, qual seja, o ressarcimento ao Errio. Precedentes do STJ. 5. Recurso especial no provido. (STJ - Resp. 1135548/PR - Rel. Min. Eliana Calmon - 2 Turma - j. 15.06.2010) Deste modo, verifico que a presente ao preenche, concomitantemente, os dois pressupostos autorizadores da concesso de medida liminar, quais sejam: (a) a relevncia dos argumentos da impetrao - fumus boni iuris -; e (b) risco de ineficcia da medida, caso concedida intempestivamente - periculum in mora -.. luz de uma cognio sumria, ento, entendo que curial proceder com a indisponibilidade dos bens dos demandados-beneficiados para assegurar o integral ressarcimento do dano e/ou a perda de eventual acrscimo patrimonial resultante do enriquecimento ilcito. Portanto, DEFIRO o pleito nos exatos termos suplicados. 4 - DA RESPONSABILIDADE SOLIDRIA: O ordenamento civil 16. dispe ser obrigao do sujeito que pratica ato ilcito reparar os danos causados (nos termos dos artigos 186, 265 e 927 do Cdigo Civil). Ademais, quando a ofensa tiver mais de um autor, todos respondero solidariamente pela reparao (nos termos do artigo 942, in fine, do Cdigo Civil6). No caso em exame, partindo-se do pressuposto de que os requeridos, em tese, alinharam-se subjetivamente, de livre e espontnea vontade, para fraudarem o indispensvel procedimento licitatrio, criando um claro estratagema ilcito, digno de quadrilha, a fim de se beneficiarem, de alguma forma, com os atos ilcitos (mprobos) perpetrados, ocasionando dano ao errio pblico, tem-se presente a responsabilizao passiva solidria. 5 - DAS DETERMINAES JUDICIAIS: Diante do exposto e por tudo que dos autos consta, com arrimo no pargrafo nico do artigo 7 da Lei 8.429/92, c.c. os arts. 273 e 461, 3, ambos do Cdigo de Processo Civil, concedo a liminar, antecipando os efeitos da tutela, e determino o seguinte: 5.a) indisponibilidade dos bens dos demandados, pessoas jurdicas e fsicas, at o montante do patrimnio pblico supostamente desviado/lesionado (R$ 1.685.887,80 - um milho, seiscentos e oitenta e cinco mil, oitocentos e oitenta e sete reais e oitenta centavos). Registre-se que, como forma de dar efetividade ao quanto deferido e decidido no supracitado 'item 5.a', procedo, desde logo, com as buscas patrimoniais por meio dos sistemas Bacenjud e Renajud. Com efeito, procedo com a devida anotao do gravame, via renajud, sobre eventuais veculos registrados em nome do(s) demandado(a)(s), a fim de que se abstenha em proceder com a transferncia dos bens eventualmente constritos at ulterior baixa por este juzo. Segue resultado. Segue, ainda, resultado acerca da requisio de bloqueio sobre eventual ativo financeiro existente em conta bancria do(s) demandado(a)(s), no limite do valor em cobro (bacenjud). Registre-se que em caso de bloqueio de valor nfimo em relao ao quantum em cobro, fica, desde j, determinado o seu desbloqueio. Registre-se, ainda, que em caso de bloqueio de valor superior ao devido, fica, desde j, determinado o desbloqueio da quantia excedente. 5.b) - Sem prejuzo, expea-se ofcio ao(s) Cartrio(s) de Registro de Imvel(is) de Santa Cruz do Capibaribe, Caruaru, Jaboato dos Guararapes e Recife, para que proceda com a averbao da indisponibilidade dos bens de raiz do(s) demandado(a)(s), a recair sobre patrimnio suficiente a assegurar o integral ressarcimento do errio pblico (R$ 1.685.887,80), ressalvando-se os bens de famlia, devendo remeter a este juzo uma cpia da certido da respectiva matrcula (contendo a averbao da constrio judicial). 5.c) -Oficie-se Delegacia da Receita Federal para que encaminhe cpia das Declaraes de Bens dos requeridos, referentes aos ltimos 3 (trs) anos, no prazo de 15 (quinze) dias. Registre-se que os referidos documentos, em vista do sigilo das informaes, devero permanecer guardados em pasta prpria, os quais somente podero ser acessados pelas respectivas partes e procuradores. 5.d) - Remetam-se estes autos ao Cartrio Distribuidor para as devidas anotaes e atualizaes dos dados do processo junto ao sistema Judwin, em especial a correo do plo passivo da demanda (terceiro requerido), devendo incluir o nome e dados da pessoa jurdica demandada e excluir, ao menos por ora, os da pessoa fsica do scio-administrador. 5.e) - Notifiquem-se pessoalmente os demandados, observando-se os ditames legais e ressaltando-se que as pessoas jurdicas devero ser cientificadas na pessoa de seus scios-administradores, sem prejuzo da notificao das pessoas fsicas, mesmo quando coincidirem-se, para que, no prazo de 15 (quinze) dias, ofeream, querendo, manifestao por escrito. 5.f) - Notifique-se a Fazenda Pblica do 17. Municpio de Santa Cruz do Capibaribe, na pessoa de seu representante legal (prefeito), segundo os ditames legais, para, querendo e no prazo de 15 (quinze) dias, integre a presente lide, nos termos da regra jurdica disposta no artigo 17, 3, da Lei n. 8.429/92. 5.g) - Considerando que os zelosos Promotores de Justia j extraram cpias dos documentos mais importantes contidos no incluso INQURITO CIVIL (com 06 volumes), os quais acompanharam a petio inicial de fls., como forma de facilitar o manuseio dos presentes autos e facilitar os trabalhos forenses, determino que a zelosa secretaria proceda com o desentranhamento dos referidos autos (Inqurito Civil), mantendo-os em apartado e lhe conferindo numerao prpria. Registre-se que o referido procedimento investigativo ministerial continua a fazer parte da presente demanda judicial, servindo de prova e instruindo o feito. Registre-se, ainda, que a sua consulta livre, haja vista o carter pblico da presente ao, podendo ser compulsado por qualquer interessado, com exceo dos documentos relativos quebra do sigilo bancrio, os quais somente podero ser acessados pelas respectivas partes e procuradores. 5.h) - Quanto aos documentos atinentes quebra de sigilo bancrio, em respeito s regras jurdicas dispostas na Lei Complementar n 105, de 10 de janeiro de 2001, determino que a zelosa secretaria proceda com o seu desentranhamento, mantendo o registro nos autos da diligncia, bem como os arquive em pasta prpria, os quais somente podero ser compulsados/acessados pelas respectivas partes e procuradores. 5.i) - Transcorrido o prazo legal SEM manifestao da parte notificada, certifique-se nos autos. 5.j) - Aps, voltem-me os autos conclusos para apreciao. secretaria, para cumprimento. Santa Cruz do Capibaribe, 05 de agosto de 2015. HILDEMAR MACEDO DE MORAIS JUIZ DE DIREITO EM EXERCCIO CUMULATIVO 1 "Art. 24. dispensvel a licitao: (...) IV - nos casos de emergncia ou de calamidade pblica, quando caracterizada urgncia de atendimento de situao que possa ocasionar prejuzo ou comprometer a segurana de pessoas, obras, servios, equipamentos e outros bens, pblicos ou particulares, e somente para os bens necessrios ao atendimento da situao emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras e servios que possam ser concludas no prazo mximo de 180 (cento e oitenta) dias consecutivos e ininterruptos, contados da ocorrncia da emergncia ou calamidade, vedada a prorrogao dos respectivos contratos;" ( - negritei - ) 2 http://tce- to.jusbrasil.com.br/noticias/978987/ilegalidade-em-ato-de-dispensa-para-locacao-de-veiculos - consultado em 17/07/2015. 3 "Art. 72. O contratado, na execuo do contrato, sem prejuzo das responsabilidades contratuais e legais, poder subcontratar partes da obra, servio ou fornecimento, at o limite admitido, em cada caso, pela Administrao." 4 Destaca-se que o veculo GMW9473 Tem ano de Fabricao 1984, e o contrato da KMC LOCADORA com o municpio estabelece veculos com no mximo dez anos de uso. 5 In Cdigo civil comentado. 8. ed. rev., ampl. e atual. at 12.07.2011. - So Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2011, pg. 267. 6 "Art. 942. Os bens do responsvel pela ofensa ou violao do direito de outrem ficam sujeitos reparao do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos respondero solidariamente pela reparao." ( - negritei - ) --------------- ------------------------------------------------------------ --------------- ------------------------------------------------------------ PODER JUDICIRIO JUZO DE DIREITO DA COMARCA DE SANTA CRUZ DO CAPIBARIBE-PEArt. 72. O contratado, na execuo do contrato, sem prejuzo das responsabilidades contratuais e legais, poder subcontratar partes da obra, 18. servio ou fornecimento, at o limite admitido, em cada caso, pela Administrao." 4 Destaca-se que o veculo GMW9473 Tem ano de Fabricao 1984, e o contrato da KMC LOCADORA com o municpio estabelece veculos com no mximo dez anos de uso. 5 In Cdigo civil comentado. 8. ed. rev., ampl. e atual. at 12.07.2011. - So Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2011, pg. 267. 6 "Art. 942. Os bens do responsvel pela ofensa ou violao do direito de outrem ficam sujeitos reparao do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos respondero solidariamente pela reparao." ( - negritei - ) --------------- ------------------------------------------------------------ --------------- ------------------------------------------------------------ PODER JUDICIRIO JUZO DE DIREITO DA COMARCA DE SANTA CRUZ DO CAPIBARIBE-PE Despacho inicial exarado (Clique para resumir) PROCESSO DE ORIGEM N. 2476-74.2015.8.17.1250 AO CIVIL PBLICA POR IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA AUTOR(ES): MINISTRIO PBLICO DO ESTADO DE PERNAMBUCO RU(S): EDSON DE SOUZA VIEIRA, AUREA PRISCILLA FERREIRA, JOS INALDO RAMOS GONALVES, JOSEMAR SABINO DE OLIVEIRA, KMC LOCADORA EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA (EIRELI), MALTA LOCADORA LTDA ME, RC & MC COMRCIO E LOCAES DE VECULOS LTDA/ME, CARLOS ALEXANDRE FERNANDES MALTA, RENATA FAFAELA CAVALCANTI DE COSTA E RAFAEL GUILHERME CAETANO SANTOS. DECISO INTERLOCUTRIA Trata-se de Ao Civil Pblica por Ato de IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA com pedido liminar de bloqueio de bens e valores proposta pelo MINISTRIO PBLICO DO ESTADO DE PERNAMBUCO em face de EDSON DE SOUZA VIEIRA e de Outros, pela prtica de supostos atos de improbidade administrativa. PETIO INICIAL acompanhada de documentos (fls. 02/262). Alegou que durante a gesto administrativa da Prefeitura de Santa Cruz do Capibaribe, exerccio financeiro de 2013, os demandados incorreram na prtica de diversos atos mprobos, culminando no atentado aos princpios da administrao pblica, prejuzo ao errio pblico e enriquecimento ilcito. Deste modo, diante dos alegados atos, veio a Juzo, inicialmente, requerer a concesso de medida limiar, inaldita altera parte, a fim de desconsiderar a personalidade jurdica das empresas demandadas (por abuso de personalidade), bem como proceder com a decretao de indisponibilidade e o bloqueio de bens dos demandados, at o valor do suposto prejuzo causado ao errio pblico, a saber, R$ 1.685.887,80 (um milho, seiscentos e oitenta e cinco mil, oitocentos e oitenta e sete reais e oitante centavos).. No mrito, pleiteou a procedncia dos pedidos da ao, ratificando as ordens liminares suplicadas, a fim de ressarcir os cofres pblicos da lapidao fraudulenta sofrida, bem como para que sejam aplicadas aos requeridos as cabveis sanes previstas no artigo 12 da Lei 8.429/1992. Vieram-me conclusos. Decido fundamentadamente. 1 - Do Ato de IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA: A Ao Civil Pblica por Ato de Improbidade Administrativa uma demanda judicial que encontra amparo na ordem constitucional (art. 14, 9, c.c. o art. 37, caput e 4, da CF) e regida pela Lei n 8.429/92, a qual visa proteger a retido dos atos administrativos, primados pela escorreita formao legal e desprovido de qualquer mcula ou vcio formal, material ou subjetivo na sua consecuo, de 19. forma a preservar o interesse pblico primrio. O ato de improbidade retrata a noo de desonestidade, de m-f e de ilegalidade que resulta em: a) obteno de vantagem ilcita em detrimento do ente pblico; b) prejuzo ao errio; e/ou c) que atente contra os princpios norteadores da administrao pblica. A situao mais comum o sobrepreo ou superfaturamento de preos de obras, produtos ou servios, como forma de obter valores ilcitos em detrimento do ente moral pblico. Outra modalidade o pagamento de servios no prestados, bem como a aquisio de bens, produtos ou equipamentos inexistentes, ou, ainda, de qualidade inferior. 2 - DO PREMBULO FTICO: O requerente alegou que durante a gesto administrativa da Prefeitura de Santa Cruz do Capibaribe, exerccio financeiro de 2013, os dois primeiros demandados, na qualidade, poca e respectivamente, de prefeito municipal e de Ex- Chefe de Gabinete do Prefeito, em conjunto com os demais demandados (integrantes da Comisso de Licitao, contratados e/ou beneficiados), incorreram nas seguintes prticas de irregularidades administrativas: a) decreto emergencial fraudulento, decorrente da negligncia e da displicncia no trato da res publicae ; b) procedimento de dispensa de licitao ardiloso/enganoso, a fim de legitimar a contratao direta e direcionada com empresa preestabelecida; c) 2 (duas) Contrataes Administrativas ilegais da "empresa fantasma" KMC Locadora - EIRELI, flagrantemente incapacitada do ponto de vista tcnico e econmico- financeiro, haja vista ter sido constatada a inexistncia fsica da empresa (ponto comercial), bem como a ausncia de frota de veculos para a prestao do objeto contratado; d) contrataes diretas e irregulares realizadas antes mesmo da concluso do imprescindvel procedimento administrativo de dispensa de licitao; e) subcontratao integral do objeto dos contratos administrativos realizado pela empresa fantasma KMC Locadora- EIRELI, ofendendo-se a lei e as regras contratuais (vedao contratual); f) pagamentos superfaturados dos servios contratados; e g) relaes de amizade estreitas e suspeitas entre, de um lado, o representante legal do contratante (prefeito) e a sua Ex-Chefe de Gabinete, bem como, do outro, as pessoas contratadas e beneficiadas com o ato administrativo (mprobo). Demais, instruiu a inicial com cpia dos seguintes documentos, dentre outros pertinentes: a) xerocpia da Recomendao Ministerial para criao de Comisso de Transio de mandatos eleitorais para garantir a continuidade da prestao do servio pblico (fls. 38/58); b) xerocpia do Decreto Municipal 002/2013, o qual declarou o Estado de Emergncia fraudulento, decorrente da negligncia e da displicncia no trato da res publicae (fls. 60/62); c) Parecer Contbil realizado pela equipe do Ministrio Pblico (fls. 64/65); d) xerocpia da missiva/ofcio 033/2012, de titularidade da Sra. urea Priscilla Ferreira, na qual indica a empresa fantasma KMC Locadora e pede autorizao para contrat-la diretamente, antes mesmo da finalizao de procedimento administrativo de dispensa de licitao; e) xerocpia do Processo Licitatrio n 004/2013, referente Contratao de Locao de Veculos para Transporte Escolar (fls. 69/168); f) xerocpia do Contrato Administrativo 09/2013 - referente Locao de Veculos para atender o Gabinete do Prefeito e outras Secretarias, firmado com a empresa pr-indicada KMC Locadora, representada pelo scio-administrador Carlos Alexandre Fernandes Malta (fls. 170/176); g) xerocpia do Contrato Administrativo 09-B/2013 - referente Locao de Veculos para o Transporte Escolar, firmado com a empresa pr-indicada KMC Locadora, representada pelo scio-administrador Carlos Alexandre Fernandes Malta (fls. 178/185); h) Ofcio-resposta n 238/2013, da Promotoria de 20. Justia de So Jos do Egito, no qual certifica que em diligncias investigativas constatou a inexistncia fsica do ponto comercial da empresa KMC Locadora no municpio, bem como certificando o desconhecimento do funcionamento da referida pessoa jurdica na localidade (fl. 187); i) xerocpia de Certido de Propriedade expedida pelo DETRAN/PE, no qual informa a existncia de um nico veculo registrado em seus bancos de dados como sendo de titularidade da empresa KMC Locadora LTDA-ME, qual seja, um automvel Toyota/Corolla (fl. 178); j) xerocpia do instrumento de Alterao contratual da Sociedade KMC Locadora LTDA-ME, no qual os antigos scios-administradores (Carlos Alexandre Fernandes Malta e sua esposa Hilgeine de Almeida Malta) cedem e transferem todas as suas quotas parente e requerida Renata Fafaella Cavalcanti da Costa (fls. 192/194); k) xerocpia da AUDITORIA n 2786 - PETCE n 90221/2013, realizado pelo TCE/PE, no qual concluem pela irregularidade das Contrataes Administrativas 09/2013 e 09-B/2013, objeto desta demanda judicial; l) xerocpia do segundo Parecer Contbil n 027/2014, realizado pelo analista contbil do Ministrio Pblico; m) xerocpia dos Termos de Declaraes prestadas pelos rus e terceiras pessoas junto 2 Promotoria de Justia de Santa Cruz do Capibaribe (fls. 239/262). Deste modo, diante dos alegados atos, veio a Juzo, inicialmente, requerer a concesso de medida limiar, inaldita altera parte, a fim de desconsiderar a personalidade jurdica das empresas demandadas (por abuso de personalidade), bem como proceder com a decretao de indisponibilidade e o bloqueio de bens dos demandados, at o valor do suposto prejuzo causado ao errio pblico, a saber, R$ 1.685.887,80 (um milho, seiscentos e oitenta e cinco mil, oitocentos e oitenta e sete reais e oitante centavos).. No mrito, pleiteou a procedncia dos pedidos da ao, ratificando as ordens liminares suplicadas, a fim de ressarcir os cofres pblicos da lapidao fraudulenta sofrida, bem como para que sejam aplicadas aos responsveis as demais sanes previstas no artigo 12 da Lei 8.429/1992. 2.1 - Da Ilicitude do Decreto Municipal 002/2013. Segundo alegado pelos doutos membros do Parquet, o Decreto Municipal 002/2013, o qual declarou o Estado de Emergncia e serviu para embasar a dispensa do procedimento licitatrio, ILCITO, por duas razes de fato e de direito. Primeiro, porque se encontrava em funcionamento na presente comarca, por recomendao Ministerial (Doc. 01), uma COMISSO DE TRANSIO, a fim de garantir que NO houvesse interrupo ou qualquer tipo de problemas em relao continuidade da prestao dos servios pblicos quando da assuno da gesto pblica pelo Prefeito eleito (no caso, o ru Edson de Souza Vieira). Segundo, porque entendimento pacfico entre os experts e soberano nos Tribunais ptrios que o Estado Emergencial previsto em lei como causa suficiente a dispensar o procedimento licitatrio (art. 24, IV, LL)1, NO pode advir da negligncia e/ou displicncia do Gestor Pblico (in casu, Poder Executivo Municipal) no trato da res publicae. Por certo, NO se aceita o motivo proveniente da desdia e da falta de planejamento da Administrao Pblica, que por vislumbrar o trmino do contrato com terceiro em decorrncia de termo ad quem em iminncia de se consumar, possa recontratar o terceiro em questo ou outro qualquer diretamente (sem procedimento licitatrio), invocando o princpio da continuidade do servio pblico e a situao de emergncia. Nesse diapaso, imperioso trazer baila o entendimento do Tribunal de Constas da Unio. In verbis: "Emergncia. Dispensa de licitao. Inadequado o fundamento de situao de emergncia para a contratao direta, quando, na verdade, a falta de planejamento das atividades por parte da Administrao que 21. originou a dispensa do procedimento licitatrio (TCU, TC n. 826/94, rel. Ministro Adhemar Paladini Guisi, j. em 28.9.1995, BLC dez. 1995, p. 616 - negritei - ). Oportuno trazer baila a notcia extrada da rede mundial de computadores (www. jusbrasil.com.br), na qual o TRIBUNAL DE CONTAS DE TOCANTINS conclui pela ilegalidade da dispensa de licitao em caso semelhante, no qual o prefeito do municpio de Palmas havia contratado diretamente a locao de veculos para o transporte escolar sob o fundamento do Estado de Emergncia. A saber: "O ato de dispensa de licitao da Prefeitura de Palmas, efetivado pelo Despacho n 29/2005, de 28 de maro de 2005, foi considerado ilegal pelo Pleno do Tribunal de Contas. Do ato, autorizado pelo prefeito Raul Filho e pelo secretrio da Educao, Danilo de Melo Souza, resultou em cinco contratos de locao de veculos, cujo valor total de R$ 962.722,80. Os conselheiros entendem que o ato no preenche os requisitos legais quanto aos casos de emergncia ou calamidade pblica, expostos na Lei n 8.666/93. O Pleno tambm determinou a realizao de inspeo especial para apurar eventual dano ao errio, bem como o encaminhamento de cpia da deciso ao procurador-geral de Justia, para eventual medida no mbito judicial. A seguir, a transcrio de parte da Resoluo n 404 /2006, que trata do caso." 2 ( - negritei - ) Se no bastassem estas irregularidades, percebe-se que h robustos indcios de fraude ao procedimento previsto na Lei de Licitaes (Art. 26 e seguintes), haja vista que o prprio Ofcio 033/2013, encaminhado pela SRA. AUREA PRISCILLA FERREIRA, Ex-Chefe de Gabinete do Prefeito, j solicitava autorizao para a contratao direta da KMC LOCADORA, com base nas cotaes de preos previamente obtidas, antes mesmo do incio do famigerado procedimento de dispensa de licitao (Doc. 05). Os indcios de fraude ao procedimento licitatrio so to contundentes que antes mesmo da expedio do Decreto Municipal declaratrio do estado emergencial (08/01/2013) e da emisso do ofcio em questo (09/01/2015), 3 (trs) empresas (a saber: KMC Locadora; Auto's Servios & Acessrios; RC&MC Locaes) j haviam apresentado suas propostas detalhadas (cotaes de preo) ao Poder Executivo local (em 05/01/2013), demonstrando interesse na prestao do servio pblico especfico (vide doc. 05 - fls. 69/168). Alm disto, houve desrespeitado ao perodo mximo de vigncia contratado, a saber, 90 (noventa) dias (vide DOCs 05a e 05b), haja vista ter perdurado de janeiro (pagamento retroativo) a junho de 2013. Tais condutas afrontam diretamente as regras jurdicas dispostas no art 11, caput e inc. I, c.c. o art. 10, caput e incs. I, V, VIII, XII, ambos da Lei 7.347/85, as quais caracterizam atos de improbidade administrativa. 2.2 - Da Inexistncia fsica (Estabelecimento comercial). Da inexistncia de empregados para a prestao do servio pblico licitado pela Empresa KMC - Locadora. Da Incapacidade Tcnica e Econmico-Financeira da Empresa Contratada. Restou devidamente comprovada, por meio do teor do Ofcio-Resposta n 238/2013, da Promotoria de Justia de So Jos do Egito, a inexistncia fsica (ponto comercial) da empresa KMC Locadora no referido municpio, bem como o desconhecimento do funcionamento da referida pessoa jurdica na localidade (fl. 187). Ao contrrio da informao constante no Contrato Social da indigitada empresa, comprovou-se, por meio de diligncias investigativas presididas pelos membros do Ministrio Pblico Pernambucano, que o ente moral contratado para a prestao de servio de locao de veculos e transporte escolar NO possua estabelecimento comercial, muito menos qualquer pessoa empregada e trabalhando. Alm disto, restou devidamente provado, por meio da Certido de Propriedade expedida pelo 22. DETRAN/PE (Doc. 07), que a pessoa jurdica em destaque, contratada para a locao de veculos e para o transporte escolar no municpio, somente era proprietria, durante toda a vigncia e a execuo do servio pblico em testilha, de um nico automvel, qual seja, um Toyota/Corolla (fl. 178). Tais constataes NO deixam dvidas de que a empresa KMC - Locadora era absolutamente incapaz do ponto de vista tcnico e econmico-financeiro para a consecuo do relevante servio pblico, tornando evidente a ilegalidade do ato. Tais condutas afrontam diretamente as regras jurdicas dispostas no art 11, caput e inc. I, c.c. o art. 10, caput e incs. I, V, VIII, XII, ambos da Lei 7.347/85, as quais caracterizam atos de improbidade administrativa. 2.3 - Da Ilicitude da Subcontratao Integral dos Objetos Contratados. O Contrato Administrativo 09/2013, referente Locao de Veculos para atender o Gabinete do Prefeito e outras Secretarias (fls. 170/176), bem como o Contrato Administrativo 09-B/2013, referente Locao de Veculos para o Transporte Escolar, ambos firmados com a empresa pr-indicada KMC Locadora, representada, poca, pelo scio-adminstrador Carlos Alexandre Fernandes Malta (fls. 178/185), proibiam expressamente a subcontratao do objeto dos contratos. Entretanto, comprovou-se que a empresa KMC - LOCADORA descumpriu com a referida vedao, tendo repassado a totalidade da prestao dos servios de locao de veculos e de transporte escolar, conforme cpia dos instrumentos de subcontrao fornecidos pela prpria empresa e constantes do Inqurito Civil em anexo. Por fim, como mencionado, preferiu-se e contratou-se diretamente a empresa KMC - Locaes, em detrimento da Auto's Servios & Acessrios e da RC&MC Locaes. Como consequncia do ocorrido, constatou-se tambm que a Administrao Municipal foi negligente ao admitir a subcontrao integral do objeto. Registre-se, alis, que, segundo a inteligncia da regra esculpida no artigo 72 da Lei 8.666/933, proibida, nos casos como o dos autos, a subcontratao integral do objeto firmado. Tais condutas afrontam diretamente as regras jurdicas dispostas no art 11, caput e inc. I, c.c. o art. 10, caput e incs. I, VIII, XII, c.c. o art. 9, caput e incs. XI, XII, todos da Lei 7.347/85, as quais caracterizam atos de improbidade administrativa. 2.4 - Do Superfaturamento do Servio Contratado. Em vista da incapacidade tcnica e econmico-financeira do contratado (KMC Locadora), houve a necessidade de subcontratar pessoas fsicas para cumprirem com os servios pblicos. Por conta desta realidade, restou comprovado, por meio da anlise dos documentos, das contas prestadas pelo Poder Executivo local e das movimentaes financeiras fruto das quebras de sigilo bancrio, que a empresa KMC Locadora recebia uma determinada quantia em dinheiro, a ttulo de pagamento dos servios pblicos prestados, e repassava em torno de 50% (cinquenta por cento) aos subcontratados. Em sendo assim, chegou-se concluso de que houve o superfaturamento de ao menos e aproximadamente metade dos valores pagos pela Administrao Pblica, os quais NO se reverteram em benefcio coletividade (ou prpria pessoa jurdica da administrao pblica direta). Em oitiva realizada na Promotoria de Justia, o Diretor de Transportes do Municpio, Walter Arago de Souza Filho (doc. 14), indicou vrios veculos de pessoas residentes na municipalidade e que teriam sido subcontratados pela empresa investigada por meio da dispensa de licitao. Convidados a prestarem esclarecimentos na antedita e honrosa Promotoria, os proprietrios dos veculos sublocados, declararam de forma unssona, que contrataram com o poder pblico por intermdio de CARLOS MALTA. Nessa toada, constatou-se que os valores que recebiam (motoristas 23. subcontratados), eram aproximadamente metade do valor pago pela Administrao Pblica empresa KMC - LOCADORA (em mdia de 51,87% em relao ao procedimento licitatrio), consoante se verifica no quadro abaixo: PLACA SUBCONTRATADO VECULO VALOR CONTRATADO VALOR PAGO SUPERFATURAMENTO KMB7609 Walter Diniz Arajo VW/Caamba R$ 8.300,00 R$ 5.500,00 50,91% Fls. 176 do Inq. Civ. MMN0141 Ciro Jos de Moraes Lins MB/Caamba R$ 8.300,00 R$ 5.500,00 50,91% Fls. 178 do Inq. Civ. BXB7986 Jos Nillson de Assis M.BENZ/PIPA 9000l R$ 7.000,00 R$ 4.500,00 55,56% Fls. 183 do Inq. Civ. AOC3783 Jos Ciseildo de Oliveira FORD/CARGO R$ 4.500,00 R$ 3.000,00 50,00% Fls. 184 do Inq. Civ. GMW9473 Irandir Incio da Silva Toyota / Bandeirante 4 R$ 3.800,00 R$ 2.500,00 52,00% Fls. 185 do Inq. Civ. SUPERFATURAMENTO MDIO 51,87% Tudo isto leva bvia e lgica concluso de que houve um prejuzo ao errio pblico, consistente na supervalorizao dos servios contratados. Destaca-se que no foram somente os tcnicos contbeis e os membros do Ministrio Pblico pernambucano que concluram ter existido superfaturamento no pagamento dos famigerados Contratos Administrativos, mas, tambm, o TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE PERNAMBUCO (Doc. 11 - Auditoria do TCE/PE), o qual, analisando unicamente um dos contratos vergastados (Cont. Adm. 09-B/2013 - transporte escolar), posicionou-se nos seguintes termos: "(...) A alegao de que os servios foram prestados de forma satisfatria tambm no deve prosperar, diante das diversas irregularidades detectadas em relao aos veculos e aos condutores, que comprometem a segurana e o conforto dos usurios. Finalmente, diante do conjunto de irregularidades constatadas na dispensa de licitao e da diferena exorbitante entre os valores pagos pela Prefeitura e os valores repassados pela empresa aos subcontratados, sem que ela tenha atuado, sequer, na gesto da execuo dos servios, no h como prosperar a alegao de que a contratao sob anlise foi a mais vantajosa para o Municpio. Essa situao constitui uma afronta aos princpios da moralidade, da eficincia, da supremacia do interesse pblico e ao dever geral de licitar. Analisando casos semelhantes, o TCU tem considerado em diversas decises recentes (acrdos 3552/2014 - 2 Cmara; 2089/2014 - 2 Cmara; 1464/2014 - Plenrio; 2292/2013 - 2 Cmara; 4864/2013 - 1 Cmara; 0834/2013 - Plenrio) que a diferena entre o valor pago empresa contratada e os valores pagos por esta aos subcontratados passvel de restituio ao errio. Concordando com esse posicionamento, apresenta-se no quadro a seguir o resumo do confronto destes valores, cujo detalhamento encontra-se no anexo 1, no qual verifica-se um diferena, passvel de restituio ao errio, no montante de R$ 245.227,10(...)" ( - negritei e sublinhei - ) 2.4.a - Do Valor Total recebido pela empresa KMC - Locaes EIRELI Nos meses em que prosperou o contrato entre a KMC LOCADORA e a Fazenda Pblica do municpio de Santa Cruz do Capibaribe, foram efetuados os seguintes pagamentos oriundos das contas de movimentao de recursos do municpio: PM- SCC 07/02/13 R$ 125.600,00 08/03/13 R$ 165.000,00 21/03/13 R$ 8.146,47 22/03/13 R$ 11.000,00 27/03/13 R$ 153.950,00 16/04/13 R$ 153.950,00 16/04/13 R$ 179.500,00 18/04/13 R$ 10.500,00 20/05/13 R$ 327.650,00 22/05/13 R$ 16.300,00 21/06/13 R$ 39.489,41 27/06/13 R$ 123.696,47 30/07/13 R$ 93.546,48 SOMA R$ 1.408.328,83 Todavia, como o perodo monitorado se restringiu at a data de 31 de julho de 2013, verificou-se a existncia de depsitos posteriores (constatados, inclusive, no prprio Portal da Transparncia do Municpio - Execuo Oramentria Municipal), em favor da KMC LOCADORA EIRELI, atingindo, em seis 24. meses de contrato, o montante de R$ 1.685.887,80 (um milho, seiscentos e oitenta e cinco mil, oitocentos e oitenta e sete reais e oitenta centavos), conforme resumo abaixo: DATA FASE FAVORECIDO VALOR 07/02/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 4.100,00 07/02/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 100.200,00 07/02/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 10.800,00 07/02/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 10.500,00 08/03/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 4.100,00 08/03/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 33.500,00 08/03/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 10.800,00 08/03/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 104.200,00 08/03/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 12.400,00 22/03/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 5.500,00 22/03/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 5.500,00 27/03/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 153.950,00 16/04/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 16.300,00 16/04/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 19.500,00 16/04/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 23.000,00 16/04/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 104.200,00 16/04/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 4.100,00 16/04/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 12.400,00 16/04/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 153.950,00 18/04/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 10.500,00 20/05/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 153.950,00 20/05/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 33.500,00 20/05/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 4.100,00 20/05/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 12.400,00 20/05/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 123.700,00 22/05/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 16.300,00 21/06/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 12.396,47 21/06/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 4.096,47 21/06/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 22.996,47 21/06/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 16.296,47 21/06/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 123.156,47 27/06/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 123.696,47 30/07/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 8.693,27 30/07/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 12.266,66 30/07/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 6.613,33 30/07/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 65.973,22 07/08/13 Pagamento KMC LOCADORA LTDA R$ 146.252,50 TOTAL DE PAGAMEMENTOS EFETUADOS R$ 1.685.887,80 Tais condutas afrontam diretamente as regras jurdicas dispostas no art 11, caput e inc. I, c.c. o art. 10, caput e incs. I, VIII, XII, c.c. o art. 9, caput e incs. XI, XII, todos da Lei 7.347/85, as quais caracterizam atos de improbidade administrativa. 2.5 - Das relaes estreitas e suspeitas entre as Partes envolvidas na Contratao Administrativa: Se j no bastassem todas as provas acostadas aos autos deste processo e aos do Inqurito Civil citado, existem, ainda, indcios suficientes de que algumas das pessoas envolvidas ou que ao menos tenham se beneficiado com a consecuo dos atos administrativos em testilha possuam estreita relao de amizade. Segundo documentos contidos no incluso INQURITO CIVIL (antiga folhas 577), as pessoas de RENATA RAFAELA CAVALCANTI DE COSTA, HILGEINE DE ALMEIDA MALTA (scia da Malta Locadora e esposa de CARLOS ALEXANDRE FERNANDES MALTA), CARLOS FERNANDES JNIOR, ANA CRISTINA MALTA e ROBERTA RAFAELLA CAVALCANTE DA COSTA (todos com algum grau de parentesco), mantinham vnculo laboral (cargo comissionado desde fevereiro de 2011) na Assembleia Legislativa de Pernambuco, lotados no Gabinete do Deputado Diogo Moraes. O referido Deputado Estadual Diogo Moraes, segundo consta, apoiou a candidatura do prefeito e requerido nesta ao, Sr. EDSON VIEIRA. Tal situao, a princpio, ofende aos princpios da moralidade, da tica, da impessoalidade, da eficincia, da publicidade (Art. 37, caput, CF) e da 25. isonomia/igualdade (Art. 5, caput, CF), os quais devem abalizar todo ato administrativo e servir de norte aos gestores da res publicae. Registre-se que se comprovaram, ainda, injustificadas transferncias bancrias de vultosos valores entre os envolvidos na execuo dos fatos apurados nesta demanda. 2.6 - Da Quebra dos Sigilos Bancrios. Das transferncias suspeitas e injustificadas de vultosas quantias de dinheiro entre os envolvidos com os atos administrativos (mprobos): Com base nos fortes indcios de fraude, o Ministrio Pblico props a Ao Cautelar de QUEBRA DE SIGILO FISCAL E BANCRIO (processo n 3323-47.2013.8.17.1250, em trmite perante esta 2 Vara Cvel), com o escopo de obter dados bancrios dos rus CARLOS ALEXANDRE FERNANDES MALTA, KMC LOCADORA EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA (EIRELI), RENATA RAFAELA CAVALCANTI DE COSTA e MALTA LOCADORA LTDA ME. Por meio das informaes levantadas, constatou-se que a Conta Corrente n 13235-9, da Ag. 2483 - Banco Ita, de titularidade da KMC LOCADORA, destinava-se exclusivamente a operacionalizar o estratagema montado pelos rus, possuindo fluxo de caixa incompatvel com o desenvolvimento de atividades lcitas. Veja-se: 2.6.a - Dos saques efetuados: Analisando o extrato da Conta Corrente da empresa KMC Locadora, verificou-se a existncia, no perodo de vigncia dos contratos administrativo em tela, de saques de valores os quais totalizaram a cifra de R$ 455.000,00 (Quatrocentos e cinquenta e cinco mil reais), realizados diretamente na agncia. In verbis: DATA VALOR OP 06/02/13 R$ 16.000,00 SAQUE 08/02/13 R$ 83.900,00 SAQUE 14/02/13 R$ 20.000,00 SAQUE 15/02/13 R$ 15.000,00 SAQUE 04/03/13 R$ 18.000,00 SAQUE 06/03/13 R$ 63.000,00 SAQUE 19/03/13 R$ 30.000,00 SAQUE 19/03/13 R$ 30.000,00 SAQUE 04/04/13 R$ 23.800,00 SAQUE 12/04/13 R$ 10.000,00 SAQUE 17/05/13 R$ 44.000,00 SAQUE 17/05/13 R$ 30.000,00 SAQUE 31/05/13 R$ 1.500,00 SAQUE 05/07/13 R$ 10.000,00 SAQUE 31/07/13 R$ 60.000,00 SAQUE TOTAL R$ 455.200,00 2.6.b - Das transferncias de alto valor: Alm dos saques diretamente realizados, tambm se observou, nos extratos bancrios da conta corrente da KMC (Banco Ita), transferncias no identificadas de grande vulto, sem prejuzo de outras identificadas, realiadas diretamente para a empresa Malta Locadora EIRELI - ME, cujo representante o ru CARLOS MALTA (valor de R$ 308.568,00, conforme parecer tcnico - Doc 13). Verificou-se, ainda, a existncia de outros TEDs (transferncia eletrnica disponvel), cujas somas totalizaram o montante de R$ 552.952,36 (quinhentos e cinquenta e dois mil, novecentos e cinquenta e dois reais e trinta e seis centavos), cujas contas