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Producao textual

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PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE LONDRINAESTADO DO PARANÁ

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO/DIRETORIA DE ENSINOGERÊNCIA DE APOIO TÉCNICO-PEDAGÓGICO

ASSESSORIA DE ALFABETIZAÇÃO E LÍNGUA PORTUGUESA

Produção textualAdaptação do texto de Sabrina Garcez

Revista do Professor, março/2002.

Atualmente, um grande número de obras aponta para novas práticas na área de Língua Portuguesanas séries iniciais. No entanto, o dia-a-dia das escolas ainda demonstra o uso constante de abordagensconservadoras e tradicionais no ensino da língua materna, principalmente no que se refere à produção textual.

Como diz Dalla Zen, ensinar a língua é promover situações que permitam a reflexão sobre alinguagem nos seus diferentes contextos de uso. Nesta perspectiva, cremos que produzir textos artificiais,somente para um professor corrigir, sem na verdade o ler, não contempla uma aprendizagem significativa,nem forma um cidadão escritor. Por isso buscamos aqui mostrar algumas práticas diferenciadas – frutos denossas preocupações e anseios em fazer algo produtivo – que podem ser utilizadas como ponto de partida parao ensino da Língua Portuguesa nas séries iniciais.

É importante destacar que compreendemos a produção textual (oral, escrita, individual e coletiva)como principal conteúdo a ser desenvolvido em uma aula de Língua Portuguesa. Então, é precisoproporcionar aos alunos situações nas quais elas possam desenvolver o gosto pelo falar e pelo escrever,especialmente, o sentir prazer em escrever. Pensamos que oferecer essas oportunidades aos alunos deva seruma atitude permanente e diária em nossa prática como educadores.

É preciso que nosso aluno descubra a escrita como uma das formas de comunicação, de expressão deidéias: tanto faz ele escrever uma redação sobre um tema apresentado como escrever um bom bilhete para ocolega que lhe importuna, a questão central é fazê-lo realizar essa tarefa da forma mais apropriada possível. Eisso só se concretiza com o desafio diário de o professor apresentar sempre situações diversificadas esignificativas que quebrem sua resistência à escrita e contribuam para enriquecer suas produções. Assimsendo, é preciso oferecer aos alunos algumas sugestões para que isso ocorra, razão pela qual foramselecionadas, a seguir, algumas práticas que podem e devem ser (re)contextualizadas pelo professor.

• História maluca 1Cria-se uma caixa com figuras (em torno de 50), todas contendo velcro em seu verso, sorteia-se um

aluno para dar início ao texto e este retira uma figura da caixa, aleatoriamente, mostrando-a aos colegas. Apartir da figura sorteada comerçar-se-á uma história, criando-se uma frase sobre o que ela apresenta. A figuraé fixada em um mural de feltro, exposto ao grupo. Em seguida, cada aluno vai retirando uma figura, fixando-ano mural e contribuindo com sua frase. Constitui-se, assim, o texto. Se possível, a história construída deveráser registrada por um aluno (em classe já alfabetizada), senão o próprio professor fará o registro escrito. Aofim, todos copiarão o texto produzido.Este poderá ser utilizado para trabalhar a interpretação das idéiascentrais, a escrita correta e a construção gramatical das frases.

• História maluca 2É uma variante da primeira sugestão, para ser utilizada com alunos que já sabem ler e escrever.

Organiza-se um saco, feito de TNT (é o chamado tecido não tecido, que tem sua superfície cheia de furinhos)com palavras e nomes de personagens conhecidos da cultura local. Procede-se com a mesma sistemática desorteio e produção de frases da variante 1, utilizando-se também o mural de feltro.

• Fichas para pensarConfeccionar diversas fichas com situações-problema para serem resolvidas. Em trios ou duplas,

promover a discussão em torno de uma das fichas. Os alunos anotam as soluções encontradas e julgam suaviabilidade. No grupo, desenvolvem um texto coletivo com as opiniões discutidas pelos alunos, justificando asescolhas que realizam.

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• Jogos de imaginaçãoEscrever propostas imaginadas e absurdas para os alunos sortearem e criarem, a partir delas,

narrativas com ajuda de roteiros previamente elaborados. O trabalho pode ser feito em pequenos grupos ouindividualmente. As propostas deverão conter o tema central, o cenário sugerido – ambiente onde se passa ahistória - , os personagens envolvidos e questões para serem desenvolvidas.

• Imagem faladaSelecionar tiras de quadrinhos sem textos em gibis, revistas e jornais para montar uma banca de

imagens. Cada aluno poderá escolher a tira de sua preferência ou sorteá-la ao acaso. Após a leitura visual daseqüência, pode se propor duas atividades: a escrita da fala dos personagens da tira, de acordo com a imagem(balões) ou a descrição da imagem por meio de um texto escrito.

• Ópera-textoEm pequenos grupos, propor a leitura de uma poesia com estrutura rítmica, para facilitar a atividade.

Pode-se solicitar que a leiam em voz alta ou que a cantem, se possível. Após, o grupo receberá uma folha,onde as palavras do texto estejam desordenadas, escritas em pequenos retângulos. Os alunos deverão, então,recortá-los e com estas palavras montar um outro texto, usando uma folha para colagem.

• Jogo da reconstruçãoNesse jogo, o professor escolhe um livro de literatura com cerca de 6 a 8 ilustrações e as reproduz em

xerox colorido, ou com o auxílio de um scanner; em número igual ao dos grupos de trabalho. As ilustraçõespoderão ser plastificadas, assumindo a forma de fichas, o que permite melhor conservação durante seumanuseio.

Aos alunos, organizados em pequenos grupos, será apresentado, então, o conjunto de fichas queilustram o livro selecionado, sem ser apresentado o título do mesmo. Solicita-se, nesse momento, aorganização das figuras em uma seqüência lógica, segundo os critérios que o grupo definir.

Pode-se arranjar essa seqüência em um varal.Após essa primeira etapa, cada grupo escreve a história que organizou, utilizando uma lâmina de

retroprojetor e caneta própria para tal, com a finalidade de demonstrar o relato que escreveu. Todos os gruposapresentarão suas histórias, bem como a seqüência das ilustrações que as originou. Será muito divertido paraos alunos observarem as diferenças de interpretação que surgirão nos relatos orais.

As Lâminas podem servir para outro momento das aulas, onde os textos serão retomados paratrabalhar ortografia, a gramática e a pontuação utilizada.

Por fim o professor poderá promover a hora da leitura da obra escolhida para a confecção de fichas,das ilustrações e cada grupo escreverá as diferenças e coincidências entre as histórias.

• Formação e transformação de frasesDivida a classe em grupos. Distribua cartelas de palavras para cada grupo. Os alunos organizam

frases com as palavras das cartelas e as copiam no caderno.Quando todos terminarem de escrever, um grupo faz ditado das frases para o outro, que vai agora,

copiá-las mudando a entonação (afirmação transforma-se em interrogação e vice-versa).

• Pontuando históriasSolicite que os alunos tragam recortes de cenas de jornais e revistas. Coloque dentro de uma caixa.Divida a classe em grupos.Cada grupo escolhe e retira cenas e monta uma história, colocando-a em uma folha de papel. Os

grupos trocam as folhas e escrevem a história em outra folha, sem usar os sinais de pontuação. Devolvementão, o texto escrito para o outro grupo, que deve pontuar a história com canetas coloridas.

Quando todos terminarem, cada grupo lê a sua história. Depois, discute-se coletivamente a pontuaçãoadequada.

• O que você faria se...

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Divida a classe em grupos de cinco alunos. Um aluno do grupo faz a pergunta “O que você fariase...” criando uma situação como por exemplo, “derrubasse refrigerante na roupa?”

Os outros respondem à pergunta em um papel. Os grupos trocam os papéis das respostas. A seguir, operguntador faz a mesma pergunta inicial e os colegas lêem em voz alta, a resposta que receberam do outrogrupo.

• Eu penso que... Esta é uma proposta interessante para sensibilizar o adulto para a escrita. É uma proposta que exige

observação, identificação e leva ao riso, à interpretação e à opinião.Divida a classe em grupos pequenos e distribua para cada grupo um cartum/charge ou tira de humor

de jornais e revistas. Cada grupo observa atentamente o cartum e procura responder as seguintes questões mediante

conversa :Que personagem faz parte do desenho?Existe algo escrito acompanhando o desenho? Se houver, o quer está escrito e o que quer dizer?Que assunto pode estar tratando o cartum?Que significado tem para você o desenho que vê?Após esses questionamentos, propor, um inventário de palavras relacionadas ao cartum, propor a

construção de frases e , finalmente, a produção de texto que retrate a opinião sobre o assunto tratado nocartum.

O que é cartum?

É uma narrativa humorística, expressa através da caricatura e normalmente destinada à publicação emjornais ou revistas. O cartum é uma anedota gráfica. Seu objetivo é provocar o riso do espectador; e sendo umamanifestação da caricatura, ele chega ao riso através da crítica mordaz, satírica, irônica e principalmentehumorística do comportamento do ser humano, das suas fraquezas, dos seus hábitos e costumes. Muitas vezes, porém,o riso contido num cartum pode ser alcançado apenas com um jogo criativo de idéias, por um achado humorístico(que em francês se chama trouvaille) ou por uma forma inteligente de trocadilho visual.

O cartunista pode recorrer às legendas ou dispensá-las. Os cartuns sem legendas ou sem textos foramchamados, durante muito tempo, pela imprensa brasileira, de "piada muda". O termo cartum origina-se do inglêscartoon - cartão, pequeno projeto em escala, desenhado em cartão para ser reproduzido depois em mural outapeçaria. A expressão, com o sentido que tem hoje, nasceu em 1841 nas páginas da revista inglesa Punch, a maisantiga revista de humor do mundo.

Exemplos:

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• Composição: produzir, inventar escrevendo, pintando, esculpindo, etc... (compor discursosem situações significativas).

Expor uma obra de arte para a turma ou distribuir uma reprodução para cada grupo áulico.Orientar a observação, para a percepção do seguinte:

o Cores; formas; elementos da natureza; elementos humanos; movimentos; elementos que osfazem se identificarem com a obra; tema percebido.

o Palavras que estão relacionadas à obra (enumerar).o Composição de frases, obedecendo a seguinte estrutura:o Sujeito + verbo + complementoo Composição de texto

Relato (o que vê)NarrativaComentário (opinião)Relato de experiência de vida relacionada à obraReleitura da obra através de trabalho orientado na disciplina de Arte.

• Carta familiarTexto bastante significativo para os adultos, a carta pode ser apresentada a partir da sua silhueta e de

exemplo de escrita para que ao aluno identifique as suas partes e a função da carta no contexto comunicativo.Para auxiliar, o professor pode propor a exibição do filme Central do Brasil, trabalhar as atividades para

tal e complementar com a escrita de cartas.Propor aos alunos um dia do mês para a escritura de carta para um parente, amigo ou mesmo um colega

de classe que está faltando à aula.Nesse momento, as cartas devem ser enviadas de verdade, pelo correio ou por outros, para que se

perceba qual função real da escrita para os adultos. Caso haja alguém na turma que tenha recebido cartas de outros, dar oportunidade para que, nesse

momento, possa responder com o auxílio do professor.

• Receita culináriaPromover a merenda pedagógica em sala de aula, conforme planejamento.Aproveitar o momento para promover comentários sobre o alimento servido e qual é o processo de

elaboração do mesmo.Especificar ingredientes e modo de fazer.

Pode se fazer o contrário, ou seja, junto com a turma, fazer um bolo, biscoito, pão, etc. , observar oprocesso e posteriormente registrar, compondo a receita.

• Leitura e criação de poemas

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Podemos encarar o trabalho com a poesia como uma aproximação ou sensibilização e nãocomo aprendizagem, mesmo porque é um tipo de texto que a emoção poética, segundo algunsautores, não pode ser ensinada e sim sentida.

No entanto é imprescindível, nas salas de adultos, a atividade pedagógica envolvendo apoesia, pois é nessa modalidade de ensino que a poesia repercute positivamente.

Com os alunos maiores, é bem interessante a proposta de leitura criticada que consiste naescolha de um poema, no treino de interpretação, quando um aluno lê para o outro observar as falhase acertos do colega, justificando seu comentário.

Após isso, promover o jogral que nada mais é que a interpretação coletiva do poema,quando todos recitam em uníssono, ou subgrupos falam estrofes ou versos diferentes. Nesse caso, asvozes devem ser separadas por timbre: agudas, graves e intermediárias (as partes narrativas devemser interpretadas pelas vozes intermediárias).

Com o trabalho anterior, os alunos já terão condições de trabalharem com a recriação,proposta especialmente dirigida a alunos mais avançados no processo de leitura e escrita.

Consiste em explorar a característica específica do poema (forma, disposição no papel,ritmo, rimas, sonoridade, vocabulário, sentido figurado...)

Lido e sentido o poema, os alunos tentam compor eles próprios seus poemas, utilizando orecurso mais importante, ou o esquema da composição lida.

Promover sarau ou varal de poemas da turma.

Sugestão de poesia;

Leveza

Leve é o pássaro:E a sua sombra voante,Mais leve

E a cascata aéreaDe sua garganta,Mais leve.

E o que lembra, ouvindo-seDeslizar seu canto,Mais leve.

E a fuga invisívelDo amargo passante,Mais leve.(MEIRELES,Cecília. Antologia Poética, 2ª ed, Rio, Editora do Autor, 1963.)

***Critérios para a criação, registro e correção do texto:Capacidade de pensar sobre o que vê e registrar com coerência; Grafar palavras de uso comum de formaque o leitor compreenda o que está escrito.

Bibliografia: CUNHA,Maria Antoniete Antunes. Poesia na Escola. São Paulo: Distribuidora Cultural Brasileira Ltda,1976.BOZZA,Sandra ; BATISTA,Ângela. Produção Textual: Aluno na sociedade. Cascavel: Assoeste, 2000.

Assessoria de Alfabetização e Língua PortuguesaOlinda Rosa Ribas/Rosana Daliner Acosta Marchese

Julho/2004