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Cadeira de PATRIMÓNIO CULTURAL E PAISAGÍSTICO PORTUGUÊS Coleção de Manuais da Universidade Sénior Contemporânea Professor Doutor Artur Filipe dos Santos 1

Professor Doutor Artur Filipe dos Santos - Património Cultural e Paisagístico Português - Igreja de S. Domingos - BasÍlica de Santa Luzia, Viana do Castelo

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Professor Doutor Artur Filipe dos Santos - Património Cultural e Paisagístico Português - Igreja de S. Domingos - BasÍlica de Santa Luzia, Viana do Castelo

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Cadeira de

PATRIMÓNIO CULTURAL E PAISAGÍSTICO PORTUGUÊS

Coleção de Manuais da Universidade Sénior Contemporânea

Professor Doutor

Artur Filipe dos Santos

1

Património Cultural e Paisagístico Português

• Concelho de Viana do Castelo Professor Doutor Artur Filipe dos Santos

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O Santuário de Santa Luzia Erica, também referido como Santuário do Monte de Santa Luzia, Basílica de Santa Luzia, Templo de Santa Luzia e Templo do Sagrado Coração de Jesus, localiza-se no alto do monte de Santa Luzia, na freguesia de Santa Maria Maior, na cidade, concelho e distrito de Viana do Castelo.

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• Um dos "ex libris"" da cidade, do seu sítio descortina-se uma vista ímpar da região, que concilia o mar, o rio Lima com o seu vale, e todo o complexo montanhoso envolvente, panorama considerado um dos melhores do mundo segundo a National Geographic.

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Lúcia de Siracusa

Santa Lúcia de Siracusa (± 283 - † 304), mais conhecida simplesmente por Santa Luzia (santa de luz), segundo a tradição da Igreja Católica, foi uma jovem siciliana, nascida numa família rica de Siracusa, venerada pelos católicos como virgem e mártir cristã, que, segundo conta-se, morreu por volta de 304 durante as perseguições de Diocleciano.

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Na antiguidade cristã, juntamente com Santa Cecília, Santa Águeda e Santa Inês, a veneração a Santa Lúcia foi das mais populares e, como as primeiras, tinha ofício próprio. Chegou a ter vinte templos em Roma dedicados ao seu culto.

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O episódio da cegueira, ao qual a iconografia a representa, deve estar ligado ao seu nome Luzia (Lúcia) derivado de lux (= luz), elemento indissolúvel unido não só ao sentido da vista, mas também à faculdade espiritual de captar a realidade sobrenatural. Por este motivo Dante Alighieri, na Divina Comédia, atribui-lhe a função de graça iluminadora

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É assim a padroeira dos oftalmologistas e daqueles que têm problemas de visão.

Sua própria festa é celebrada simbolicamente em 13 de dezembro, possivelmente doze dias antes do Natal para indicar ao cristão a necessidade de preparação espiritual e sua iluminação correspondente para essa importante data que se avizinha

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No alto do Monte de Santa Luzia, ergue-se o Templo-Monumento de Santa Luzia dedicado ao Sagrado Coração de Jesus. Visível a quilómetros de distância, o Templo-Monumento coroa a cidade de Viana do Castelo ou, como os vianenses carinhosamente a apelidam, a Princesa do Lima.

Deste local bendito abarca-se um panorama arrebatador, que reúne no olhar do visitante o rio Lima, com o seu bucólico e verdejante vale, e um mar infindo por onde as caravelas vianenses saíram à descoberta de novos mundos. Dali se contempla o negrume das serras, o salpicado das casas e o bucolismo dos campos. O sublime da Natureza alia-se ao engenho humano, fazendo desta estância um dos destinos mais fascinantes do nosso país.

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História

A Basílica no alto do monte de Santa Luzia foi principiada em 1904, por iniciativa do padre António Martins Carneiro, com projeto do arquiteto Miguel Ventura Terra.

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A última etapa da sua construção, sob a direção do arquiteto Miguel Nogueira Júnior a partir de 1925, é considerada como inspirada na Basílica de Sacré Cœur, em Paris. Os trabalhos de cantaria em granito são de responsabilidade do mestre canteiro, Emídio Pereira Lima.

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Aberto ao culto em 1926, os trabalhos exteriores estenderam-se até 1943 e os trabalhos interiores até 1959, num total de mais de meio século de obras que foram realizadas.

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• Desde 1923 o santuário é servido pelo Elevador de Santa Luzia.

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Elevador de Santa Luzia

• Constitui-se em um funicular, que liga a Estação Ferroviária de Viana do Castelo ao santuário de Santa Luzia, no alto do monte do mesmo nome.

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• Construído por iniciativa do empresário e engenheiro portuense Bernardo Pinto Abrunhosa, foi inaugurado a 2 de julho de 1923 (90 anos).

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• Em 2001 foi desativado e entrou em processo de degradação até que, em junho de 2005 lhe foram iniciados trabalhos de restauro, a cargo das empresas Efacec/Liftech.

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• Uma parte dos componentes foi concebida em Espanha, nomeadamente as carruagens, na empresa Ingeniería y Servicios de Montaña (ISM), de Saragoça. Foi reaberto ao público em 5 de abril de 2007.

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• A sua exploração é feita pela Câmara Municipal de Viana do Castelo, sob a responsabilidade técnica da empresa Liftech.

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• Características • Distância: 650 metros (o maior do país) Desnível: 160 metros (o maior do

país) • Inclinação média: 25% • Velocidade nominal: 2 m/s • Tipo de Via: única, com cruzamento • Fonte de energia: Eléctrica • Energia de socorro: Motor diesel para o movimento e baterias para os

sistemas eléctricos • Sistemas de travagem no grupo motriz: 3 - normal (eléctrico), de serviço e

de emergência(hidráulicos) • Sistemas de travagem nos veículos: 2 freios de via (ao carril) hidraúlicos • Funcionamento: As carruagens trabalham, em contrapeso, ou seja, a que

desce ajuda a puxar a que sobe, cruzando-se ambas exactamente a meio do percurso. O motor eléctrico ajuda a vencer a diferença de carga nas cabinas e o desnível do percurso.

• Número de passageiros por cabina: 20 com possibilidade de transporte de bicicletas

• Tempo de Viagem: 7 minutos

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• O santuário compreende ainda o "Núcleo Museológico do Templo-Monumento de Santa Luzia", constituído por uma sala na parte inferior da basílica. O acervo é constituído por talha, imagens, azulejos, e outros.

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• Em março de 2014 foi anunciado que o santuário vai ser requalificado, com a construção de um novo anfiteatro, parque de merendas e um edifício polivalente de três andares. A Confraria vai investir cerca de um milhão de euros na requalificação do santuário até 2015.

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• O Templo-Monumento glorifica o nome de Santa Luzia, advogada da vista a quem o Capitão de Cavalaria Luís de Andrade e Sousa recorre, na extinta capela de Santa Luzia, acometido de uma grave oftalmia. Já convalescido, institui a Confraria de Santa Luzia, como forma de gratificar a graça recebida.

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Contudo, é o Sagrado Coração de Jesus o padroeiro do monumento, cuja devoção dos vianenses já vinha desde 1743. Mas foi durante a pandemia da Pneumónica, corria o ano de 1918, que a cidade, chorosa pelos seus entes queridos que haviam perecido, e aterrorizada com a violência de tal flagelo, se consagrou ao Sagrado Coração de Jesus, prometendo subir anualmente em peregrinação ao Monte de Santa Luzia se a pneumónica não ceifasse mais nenhuma vida.

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• Cessada a mortandade, os vianenses fizeram jus ao prometido e rumaram monte acima onde, desde 1904, se construía o templo. Tal promessa ainda hoje se cumpre, no domingo mais próximo da festa litúrgica do Sagrado Coração de Jesus.

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• Imbuídas neste espírito, já se realizavam peregrinações, embora sem calendário, desde o século anterior. Foi precisamente durante uma dessas piedosas romagens, por ocasião das Festas d’Agonia de 1894, que o Padre Dias Silvares lançou a ideia de erigir no alto do monte uma estátua ao Sagrado Coração de Jesus, que abençoasse a cidade de Viana do Castelo, o Minho e toda a Nação.

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• Tal proposta foi logo entusiasticamente acolhida, e na mesma altura indicado e admitido o nome do escultor minhoto Aleixo Queiroz Ribeiro para executar a dita obra.

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• Daí ao Templo-Monumento foi só um passo. Depois de executada a monumental e artística coluna que haveria de servir de suporte à estátua, verificou-se que a mesma não conseguiria suportar a sua posição fortemente inclinada para frente. Então, a estátua foi colocada num pedestal em frente à dita capelinha de Santa Luzia, que só seria demolida em 1926. 28

• Aproveitando a majestosa coluna, Miguel Ventura Terra, um dos maiores arquitectos do seu tempo, idealizou uma coluna igual para as implantar diante do templo a construir e servir de suporte a dois anjos. Entre essas duas colunas, Ventura Terra riscou o projecto de um magnífico templo, cuja beleza e magnificência é apenas igualável pela paisagem onde este se insere.

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• As obras de construção iniciaram-se em 1904, tendo-se desenvolvido animadamente até à proclamação da República, data a partir da qual esmoreceram como consequência do conturbado contexto político e social, e ainda mais abrandaram durante a I Guerra Mundial.

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• Entretanto, o arquitecto Miguel Nogueira, que tinha sido aprendiz de Ventura Terra, assume a direcção das obras no ano de 1925, ficando encarregue de concluir o projecto do seu Mestre, devido ao falecimento deste. No ano seguinte deu-se por concluída a capela-mor do templo, tendo sido aberta ao culto pelo Arcebispo e Senhor de Braga e Primaz das Espanhas.

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• As obras do exterior do templo concluíram-se no final do ano de 1943, e as do interior em 1959. O resultado é uma imponente mole granítica cinzelada e executada pelos mestres canteiros da região dirigidos por Emídio Pereira Lima.

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• Características

• Arquitectonicamente, o edifício apresenta uma planta centrada em cruz grega, de raiz bizantina. À mesma matriz vai buscar a enorme cúpula que coroa o edifício, bem como as pequenas cúpulas que encabeçam as quatro torres, estas já inspiradas no estilo românico, assim como a decoração que serpenteia pela fachada do edifício.

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• De gosto gótico são as enormes rosáceas, as maiores da Península Ibérica, emoldurando os belos vitrais que inundam com luz e cor o interior da igreja. Aqui dentro, dois anjos, da autoria de Leopoldo de Almeida, oferecem os escudos de Portugal e de Viana do Castelo ao Sagrado Coração de Jesus, uma réplica da estátua bronze da entrada, esculpida em mármore de Vila Viçosa por Martinho de Brito.

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• A atenção popular e a devoção dos vianenses é dirigida à imagem do Sagrado Coração de Jesus que veio do convento dos Crúzios (cuja pedra foi aplicada na construção da estação dos Caminhos de Ferro do Minho), e para imagem de Santa Luzia que, juntamente com a da Senhora da Abadia, vieram da capela que antecedeu o templo.

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• CASA MELO ALVIM

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• O altar-mor em granito e mármore, e os altares laterais, dedicados a Santa Luzia e à Senhora da Abadia, foram esculpidos pela mão de Emídio Lima, assim como os púlpitos de linhas ondulantes, cujo desenho é de Miguel Nogueira. As três rosáceas foram executadas pela oficina lisboeta Ricardo Leone.

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• Os frescos que rodeiam a ábside da capela-mor e a cúpula da mesma, representam respectivamente, parte das estações da Via-Sacra e a Ascensão de Jesus, da autoria de Manuel Pereira da Silva, natural de Avintes, Vila Nova de Gaia. E, finalmente, o sacrário de prata foi cinzelado pelo mestre ourives portuense Filinto Elísio de Almeida.

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