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UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA Metodologias de Investigação em Educação Elaboração da proposta de projecto de investigação “A utilização das novas tecnologias na aprendizagem da leitura e da escrita” Mestrado em Ciências de Educação – Especialização em Informática Educacional Mestranda: Susana Fernandes Alentejano Março de 2011

Projecto de investigação simplificado susana a

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UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA

Metodologias de Investigação em Educação

Elaboração da proposta de projecto de investigação “A utilização das novas tecnologias na aprendizagem da leitura e da escrita”

Mestrado em Ciências de Educação – Especialização em Informática Educacional

Mestranda:

Susana Fernandes Alentejano

Março de 2011

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Proposta de projecto de investigação

0. Escolher um domínio e dentro deste domínio um assunto.

Domínio: A utilização das novas tecnologias na aprendizagem da leitura e da escrita.

Assunto: A eficácia da utilização das novas tecnologias na aprendizagem da leitura e

da escrita dos alunos do 1.º ano.

É pertinente e urgente compreender o papel e as mudanças que as novas tecnologias

proporcionadas pelo computador imprimem no meio educativo no âmbito da

aprendizagem da leitura e da escrita. Existem também poucas investigações

científicas neste domínio, motivo que torna esta investigação relevante e pertinente.

I. Definir a problemática ou problema(s) em estudo.

Considera-se como objectivo de partida para este trabalho, tentar perceber como as

novas tecnologias de informação e comunicação (TIC) podem influenciar a

aprendizagem da leitura e da escrita, nomeadamente aprofundar estudos para

apurar o potencial das novas tecnologias de informação e comunicação.

Tem sido visível nas últimas décadas um crescente avanço tecnológico e a Educação

está integrada nesse processo de informação e construção do conhecimento, não se

pode ignorar os recursos media. É importante que os docentes reflictam nas diversas

possibilidades de mudança. Segundo Lagarto (2007) caminhamos, cada vez mais,

para a designada “Sociedade de Informação” sendo esta “uma sociedade onde a

produção e o acesso à informação e ao tratamento e utilização se democratizou e

facilitou de um modo nunca antes imaginado”.

Deste modo, o projecto de estudo deverá procurar ser capaz de contemplar uma

leitura de como a aprendizagem da leitura e da escrita tem sido implementada nos

últimos anos. Abordar-se-ão os resultados da implementação de um método

diferente de leitura e de escrita do usado anteriormente, desta vez com recurso às

novas tecnologias, bem como deverá ser apreciado o grau de satisfação dos alunos

face às novas metodologias utilizadas.

Por último, será crucial definir indicadores de impacto que possam apontar para os

resultados, e aferir, ou não, da eficácia da implementação das novas tecnologias na

aprendizagem da leitura e da escrita dos alunos do 1.º ano.

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II. Redigir a(s) questão(ões) que guiarão a investigação.

Como podem as novas tecnologias influenciar o ensino/aprendizagem da leitura e da

escrita?

Porque podem as tecnologias de informação e comunicação contribuir para o

processo de aprendizagem da leitura e da escrita, bem como para uma mudança nas

estratégias de ensino-aprendizagem implementadas pelos professores?

Hipóteses: As novas tecnologias facilitam a aprendizagem da leitura e da escrita.

A utilização das tecnologias de informação motivam as crianças para a

aprendizagem da leitura e da escrita.

III. Metodologia(s) a privilegiar.

O problema em estudo insere-se no âmbito educativo, sendo este um campo

propício à adopção de metodologias qualitativas devido à natureza singular dos

fenómenos, à complexidade envolvida e às múltiplas interacções que proporciona

entre os diferentes participantes nos ambientes naturais em que se desenvolve.

Dado, também, que as questões colocadas apontam para um objecto de estudo que

abrange preferencialmente uma natureza descritiva e interpretativa, a metodologia

qualitativa é mais adequada, pois segundo Bogdan e Biklen (1994) consideram a

abordagem qualitativa como uma metodologia de investigação que enfatiza a

descrição, a indução, a teoria fundamentada e o estudo das percepções pessoais.

Ao optar pela pesquisa qualitativa e envolvendo a obtenção de dados descritivos,

será dada mais relevância ao processo do que ao produto, havendo preocupação em

retratar a perspectiva dos participantes. Além disso, Bogdan e Biklen (1994)

identificam características que uma investigação qualitativa poderá possuir:

(a) o ambiente natural é a fonte directa dos dados, constituindo o investigador o

instrumento principal;

(b) os dados recolhidos são na sua essência descritivos;

(c) os investigadores qualitativos interessam-se mais pelos processos do que pelos

resultados ou produtos;

(d) os investigadores qualitativos tendem a analisar os dados de forma indutiva;

(e) é dada especial importância ao ponto de vista dos participantes.

O método de investigação a adoptar será o estudo de caso pois tal como Macnealy

(1997) refere deve ser usado quando existe necessidade de explorar uma situação

que não está bem definida. Tendo em conta, também, que as questões que guiarão a

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investigação têm como perguntas centrais "como" e "porquê", Yin (1994) refere

também que o método referenciado anteriormente é o mais indicado pois permite

responder às questões explorando, descrevendo ou explicando o assunto.

Segundo Guba & Lincoln (1994) o objectivo do estudo de caso adequa-se a esta

investigação pois pretende-se relatar os factos como sucederam, descrever situações

ou factos, proporcionar conhecimento acerca do fenómeno estudado e comprovar

ou contrastar efeitos e relações presentes no caso.

IV. Campo onde irá desenvolver a investigação.

De acordo com Fernandes (1991) na investigação qualitativa não há, em geral,

qualquer preocupação com a dimensão das amostras nem com a generalização de

resultados. Almeida e Freire (2008, p.123) referem, também, que quando não se tem

como objectivo abarcar as características de uma população ou generalização de

resultados recorre-se muitas vezes ao estudo de grupos e não de amostras.

Bravo (1998) refere que num estudo de caso a escolha da amostra adquire um

sentido muito particular, apesar da selecção da amostra ser extremamente

importante, no entanto, Stake (1995) adverte que a investigação, num estudo de

caso, não é baseada em amostragem.

Desta forma, a investigação focar-se-á numa escola localizada no concelho de Loures

em que a população do estudo compreende uma turma com cerca de 25 alunos do

1.º ano - 1º Ciclo do Ensino Básico.

V. Técnicas de recolha de dados a privilegiar.

Os instrumentos de recolha de dados que irei privilegiar neste estudo centrar-se-ão

em entrevistas, diário de bordo, observação participante, bem como registos áudio,

vídeo e fotográficos, estudos de campo, conversas informais e ainda as produções

dos alunos. Pretende-se recolher informação a partir de múltiplas fontes, que

permitam realizar a triangulação de dados (Bogdan e Biklen, 1994).

As entrevistas serão utilizadas com o propósito de proporcionar o contacto directo

com os sujeitos, na tentativa de “explorar determinadas ideias, testar respostas,

investigar motivos e sentimentos” (Bell, 2004: 137). Preferencialmente irão ser

aplicadas entrevistas do tipo semi-estruturadas ou, como designa Bell (p.141,

ibidem), “entrevista guiada ou focalizada” em que um conjunto de tópicos principais

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a serem indagados foi estabelecido num guião previamente estabelecido (Bodgan e

Biklen, 1994), sujeito a sofrer alterações, de forma que, seguindo um percurso

escolhido, se dará liberdade aos entrevistados para exprimir as suas opiniões sobre o

assunto em estudo (Bell, 2004: 141).

Os dados resultantes da observação participante, serão compilados num diário de

bordo que segundo Bogdan e Biklen (1994) constitui um dos principais instrumentos

do estudo de caso na medida em que tem como objectivo ser um instrumento em

que o investigador vai registando as notas retiradas das suas observações no campo.

Os mesmos autores referem que essas notas são “o relato escrito daquilo que o

investigador ouve, vê, experiência e pensa no decurso da recolha e reflectindo sobre

os dados de um estudo qualitativo”(p.150, ibidem). O diário de bordo representa,

não só, uma fonte importante de dados, mas também pode apoiar o investigador a

acompanhar o desenvolvimento do estudo e será também um suplemento

importante a outros métodos de recolha de dados que irão ser utilizados (Bogdan e

Biklen, 1994).

VI. Técnicas de análise de dados.

Conforme o descrito no Ponto III - Metodologias a privilegiar e tendo em conta as

técnicas de recolha de dados referidas no ponto anterior, irei centrar-me na técnica

da análise de conteúdo. Denscombe (1998) caracteriza genericamente este

instrumento como um recurso que ajuda o investigador a analisar o conteúdo de

documentos, podendo ser aplicado em qualquer conteúdo de comunicação,

reproduzida através de escrita, som ou imagem.

Com base nos autores Bardin (2004) e Carmo & Ferreira (1998) a Análise de

Conteúdo deve ser realizada através de uma série de etapas:

(i). Definição de categorias para separar os dados observáveis;

(ii). Definição de unidades de análise;

(iii). Distribuição das unidades de análise pelas categorias anteriormente

estabelecidas;

(iv). Interpretação dos resultados obtidos nas perspectivas qualitativas.

A análise de conteúdo apresenta-se como uma técnica muito útil para analisar os

dados das entrevistas e observações realizadas. Segundo Fraenkel & Wallen (2008), a

principal vantagem da análise de conteúdo é a inexistência de intromissão. Como o

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investigador interage com materiais (documentos, som, imagem), pode “observar”

sem ser observado pois não há influência da presença do investigador. A informação

que pode ser difícil, ou mesmo impossível de se obter através de observação, pode

ser analisada sem que o seu autor tenha consciência de que esteja a ser analisado.

VII. Fases da investigação e sua distribuição ao longo do tempo.

A investigação que pretendo desenvolver realizar-se-á no ano lectivo 2011/2012,

estando previstas as seguintes fases, de acordo com Quivy & Campenhoudt (1988):

Fase 1 - Pesquisa / Planeamento / Enquadramento Leitura de textos, selecção e resumo de textos apontados na bibliografia e de textos

de enquadramento/historial a incorporar no trabalho.

Planeamento detalhado do estudo a realizar.

Fase 2 – Entrevistas exploratórias a interlocutores privilegiados

Realização de entrevistas a docentes, investigadores e peritos no domínio da

investigação (pessoas que conhecem o tema e que têm experiência de investigação),

visando a melhoria da investigação e das leituras, bem como a identificação de

conceitos e possíveis indicadores de análise.

Fase 3 - Análise e problematização dos dados recolhidos

Fazer o balanço das entrevistas e elucidar as problemáticas possíveis, definição da

problemática do estudo com vista a uma possível reformulação das perguntas de

partida.

Fase 4 - Construção do modelo de análise Construção das hipóteses e do modelo, precisando as relações entre os conceitos, as

suas dimensões e indicadores.

Nesta etapa procurar-se-á construir os instrumentos de observação capazes de

fornecer as informações adequadas para testar as hipóteses de partida, como por

exemplo guiões de entrevista, questionários, grelhas de observação, etc.

Fase 5 - Observação e recolha de dados

Antes de se efectuar a recolha de dados, os instrumentos de observação serão

testados de modo a assegurar a sua fiabilidade, grau de adequação e de precisão.

Depois deste passo inicial proceder-se-á à recolha das informações.

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Fase 6 - Análise e tratamento de dados Nesta etapa procurar-se-á descrever, preparar os dados para a análise de conteúdo e medir as relações entre as variáveis. Efectuar-se-ão comparações dos resultados esperados com os resultados observados, procurando-se um significado para as possíveis divergências.

Fase 7 – Redacção da dissertação Redacção da dissertação incluindo possíveis reformulações e conclusões.

Fase 8 – Conclusões e recomendações Elaboração das conclusões, apresentação dos resultados e das possíveis recomendações, pondo em evidência os novos conhecimentos e as consequências práticas.

Proposta de Cronograma

2011 2012

Fases Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago

1 - Pesquisa/ planeamento/

Enquadramento

2 – Entrevistas exploratórias a interlocutores privilegiados

3 -Análise e problematização dos

dados recolhidos

4 -Construção do modelo de análise

5 - Observação e recolha de dados

6 -Análise e tratamento de dados

7 - Redacção da dissertação

8 - Conclusões e recomendações

A entrega do Projecto de Investigação será feita até 31 de Janeiro de 2012.

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VIII. Referências bibliográficas

Almeida, L., Freire, T. (2008). Metodologia da Investigação em Psicologia e Educação. 5.ª Edição, Psiquilíbrios Edições, Braga.

Bardin (2004). Análise de Conteúdo. 3ª Ed. Lisboa: Edições 70.

Bell, J. (2004). Como realizar um projecto de investigação. 3.ª Edição. Lisboa: Gravida.

Bogdan, R., & Biklen, S. (1994). Investigação Qualitativa em Educação. Uma Introdução à Teoria e aos Métodos. Colecção Ciências da Educação. Porto: Porto Editora.

Bravo, Mª Pilar Colás; Eisman, Leonor Buendia (1998). Investigación Educativa, 3ª Ed. Sevilha: Ediciones Alfar.

Carmo, H., Ferreira, M. (1998). Metodologia da Investigação: Guia para auto-aprendizagem. Lisboa: Universidade Aberta.

Denscombe, M. (1998). The Good Research Guide for small-scale social research projects. Philadelphia: Open University press. Consultado em 26-03-2011 de: www.valsci-edu.weebly.com/uploads/2/7/9/1/.../the_good_research_guide.pdf

Fernandes, Domingos (1991). Notas sobre os paradigmas de investigação em educação. Noesis (18) 64-66. Consultado em 26-03-2011 de: www.educ.fc.ul.pt/docentes/ichagas/mi2/Fernandes.pdf

Fraenkel, J., Wallen, N. (2008). How to Design and Evaluate Research in Education. 7th Ed. New York: McGraw-Hill International Edition.

Guba, Egon, Lincoln, Yvonna (1994). Competing paradigms in qualitative research In Denzin, Norman; Lincoln, Yvonna (Ed) (1994) Handbook of Qualitative Research, Thousand Oaks, CA: Sage Publications, pp. 105-117.

Lagarto, J., Andrade, A. (2010). A Escola XXI : Aprender com TIC. Universidade Católica Editora, Lisboa.

Macnealy, M. S. (1997). Toward better case study research. IEEE Transactions on professional Communication, v. 40, n. 3, p. 182-195. Consultado em 26-03-2011 de: www.faculty.english.ttu.edu/rickly/5363/Better%20Case%20Studies.pdf

Quivy, R., Campenhoudt, L. (1988). Manual de Investigação em Ciências Sociais. Lisboa: Gradiva.

Stake, Robert E (1995). The Art of Case Study Research. Thousand Oaks, CA: Sage Publications.

Yin, Robert (1994). Case Study Research: Design and Methods (2ª Ed) Thousand Oaks, CA: Sage Publications.