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PROJETO RECRIAR
O PROJETO RECRIAR consiste basicamente em “Construir uma casa popular sustentável com
custo em torno de 10% do valor mais baixo do Programa Minha Casa Minha Vida
(aproximadamente R$ 5.500,00) e ensinar a fazer isso.”
Hoje a palavra sustentabilidade não se refere apenas a um estilo de vida, mas a única saída
para a sobrevivência da nossa civilização. O conceito de desenvolvimento sustentável implica
em buscar soluções viáveis, que minimizem os impactos ambientais e maximizem os
resultados sociais.
O PROJETO RECRIAR é uma tentativa de inserir a construção sustentável em quatro
justificativas importantes, dentre as muitas possíveis, que são: a justificativa social, justificativa
ambiental, justificativa econômica e a justificativa tecnológica.
No Brasil, de acordo com o Ministério das Cidades (Fonte: <www.cidades.gov.br>), o déficit
habitacional para a população de baixa renda é estimado hoje em 7,223 milhões de moradias
ou seja, a população com renda média familiar mensal até três salários mínimos.
A indústria da construção civil poderia suprir esse déficit, mas qual seria o custo ambiental
dessa obra?
“As atividades relacionadas à construção civil são as maiores responsáveis pela degradação
ambiental, que ocorrem por meio do consumo excessivo de recursos naturais, pela demanda
por matéria prima industrializada e pela geração de resíduos. O setor é atualmente um dos
maiores causadores de impactos ambientais, consome 75% dos recursos naturais extraídos,
gera 80 milhões de toneladas de resíduos por ano e, devido à queima de combustíveis fósseis,
sua cadeia produtiva contribui de forma significativa para a emissão de gases de efeito estufa
(GEE), como o CO2. Também responde por 40% do consumo mundial de energia e por 16% da
água utilizada no mundo.”
Nossa meta abre um leque imenso de problemas e possíveis soluções, entre eles:
- Déficit habitacional – a comunidade aprende a construir a própria casa e os materiais que
serão utilizados na construção; isso diminui drasticamente o custo final da obra e gera
possibilidade de negócio para a comunidade, uma vez que eles poderão produzir os elementos
(blocos, telhas, etc.) em escala industrial e comercializar.
- Degradação Ambiental – produzir elementos a partir de reciclagem e reutilização de resíduos
descartados pela construção civil, como gesso, entulhos, madeira, etc.; ou resíduos gerados
pela indústria em geral e lixo doméstico. Assim, os resíduos sólidos são gerados em cada etapa
do processo em que as matérias-primas são convertidas em bens de consumo. A partir desta
análise, concluem que a melhor maneira de reduzir a quantidade de resíduos sólidos é limitar
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o consumo de matérias-primas e incrementar as taxas de recuperação e reuso ou de
reutilização dos resíduos produzidos.
- Falta de mão-de-obra qualificada na construção civil – capacitar o jovem para construção
sustentável, produção de equipamentos de tecnologia limpa de baixo custo, materiais de
construção ecológicos ou sustentáveis e técnicas alternativas de construção.
“De acordo com o estudo The world at work: Jobs, pay, and skills for 3.5 billion people (“O
mundo do trabalho: empregos, salários e habilidades para 3,5 bilhões de pessoas”), divulgado
pelo Instituto Global McKinsey. Ao analisar 70 países que, juntos, representam 96% do PIB e
87% da população mundiais, o estudo revelou que a falta de profissionais altamente
qualificados, com Ensino Superior e especializações, provocará uma guerra mundial por
talentos – serão 40 milhões de profissionais a menos do que o necessário. Países da África
subsaariana e sul asiático não vão encontrar os 45 milhões de trabalhadores de qualificação
média (o equivalente ao Ensino Médio completo) de que seu processo de industrialização
precisa para continuar crescendo. Por outro lado, cerca de 95 milhões de indivíduos com baixa
qualificação profissional (Ensino Fundamental) ficarão desempregados por não estarem a
altura dos cargos disponíveis.”
- Falta de oportunidade para pesquisadores colocarem em prática novas tecnologias e
materiais de construção, diretamente nas comunidades mais carentes – trazer para as
comunidades o enorme conhecimento e pesquisas desenvolvidas nas Universidades e Centros
Tecnológicos;
- Falta de perspectivas para jovens em situação de rua, internos em casa de recuperação, ou
abrigos; que não tem profissão e não conseguem entrar no mercado de trabalho – ensinar a
produzir componentes e tecnologia, oferecer a matéria prima e capacitar o jovem para
construir a própria casa;
“- A cada ano, se tornam aptos ao mercado de trabalho, cerca de 2,1 milhões de pessoas. A
expectativa de novos postos de trabalho formal no Brasil é de 1,7 milhão, para uma demanda
de 2,1 milhão de pessoas que todo ano se tornam aptas a pleitear uma vaga de trabalho
remunerado, ou seja, a cada ano teremos 600 mil pessoas aptas fora do mercado de trabalho.
A maioria das novas vagas que surgem, são dos setores da indústria e construção civil. Porem
existe muita dificuldade na obtenção de mão de obra especializada no setor de construção.
“2.187 menores de idade que vão completar a maioridade dentro de abrigos no Brasil ainda em
2012. Consequentemente, deixam de estar sob a tutela do Estado e enfrentam sozinhos a
transição para a vida adulta. Com a maioridade, os jovens abrigados são considerados aptos a
viver por conta própria, mesmo quando não possuem capacitação profissional. Como não há
um programa direcionado exclusivamente a esse público no Brasil, a possibilidade deles
encontrarem emprego e construírem uma vida digna é bem pequena.”
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- Número imenso de pessoas ociosas em comunidades carentes – ensinar a produzir
elementos tecnologia de baixo custo, para consumo da própria comunidade e comércio.
“Em 2012, a população de desempregados gira em torno de 6,7%, ou seja, atingirá a
quantidade expressiva de 11,8 milhões de seres humanos desempregados e aproximadamente
6,7 milhões de pessoas desocupadas.”
O PROJETO RECRIAR não se limita a uma região especifica, pois cada região tem suas
especificidades, potencial, carências, limitações, etc.
Nossa proposta é oferecer possibilidades de construir utilizando materiais disponíveis
localmente, capacitar as pessoas da comunidade através de cursos e oficinas presenciais em
nossa sede, ou através de plataforma de ensina à distância.
Para tanto precisamos seguir algumas etapas:
1. Formar uma rede de pesquisadores capazes de criar novos conhecimentos que contribuam
para expandir as capacidades da tecnologia e construção sustentável de baixo custo, para
atender mais e melhor os desafios sociais e econômicos de comunidades desfavorecidas,
rurais e urbanas. Esse grupo de pesquisadores desenvolverá componentes utilizando materiais
ecológicos e reciclados; painéis solares de baixo custo para tecnologia limpa; sistemas
construtivos tradicionais e alternativos revisados e atualizados. Todo material proveniente
desses estudos será disponibilizado no nosso site e redes sociais.
2. Criar 6 grupos de pesquisa – 1. Parede, 2.Cobertura, 3.Estrutura, 4.Esgoto, 5.Revestimento,
6. Energia Limpa. Cada grupo terá um coordenador e voluntários para desenvolver a pesquisa,
produzir os componentes, inserir o produto na casa e ensinar nos grupos de capacitação.
Cada grupo se responsabilizará pela pesquisa, desenvolvimento do material e ensinar os
alunos e público em geral a produzir esse componente, ou tecnologia para construção de casas
ou produção para comércio.
Cada grupo será responsável pelo seu produto, desde a pesquisa, ensino, produção, até o
monitoramento do desempenho do mesmo, na casa.
3. Para viabilizar a pesquisa, a capacitação e a produção, necessitamos de uma área, o próximo
passo é construir a nossa sede que contará com um Centro Tecnológico aberto a estudantes,
pesquisadores e público em geral, para pesquisar, desenvolver e produzir componentes e
tecnologias de baixo custo para construção de casas populares sustentáveis e uma ECOVILA
que servirá como vitrine com diversas possibilidades para essas casas.
O Centro Tecnológico contará com 1 Laboratório e 1 Centro de Ensino e Convivência. A ecovila
com os protótipos das casas, (incialmente 10 casas) com diferentes materiais e sistemas
construtivos, que serão utilizadas para monitoramento e aperfeiçoamento dos componentes e
tecnologias. Tudo será aberto ao público em geral.
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O grupo de pesquisadores oferecerá consultoria, para moradores comunidades carentes em
cidades sem nenhum acesso a tecnologia e sistemas construtivos de baixo custo, através de
plataforma de ensino à distância.
O curso de capacitação será oferecido aos moradores de comunidades carentes, grupos que
trabalham com moradores em situação de rua, clinica de dependentes químicos, grupos de
mulheres vitimas de violência e jovens de abrigos. Esses grupos de pessoas serão selecionados
pelos lideres das comunidades, ou abrigos.
Todos os cursos destinados à comunidades serão gratuitos, bem como o acompanhamento das
obras nas comunidades dos alunos.
Os cursos serão oferecidos também através de plataforma de ensino à distância. Todo material
didático será publicado na íntegra em nosso site e disponibilizado para o público em geral.
Objetivos Especificos:
Pesquisa - Desenvolvimento de Componentes e Tecnologia - Capacitação - Produção de
Materiais e Tecnologia - Construção da casa
Pesquisa - Estudar e explorar as potencialidades da construção tradicional como referência
para a inovação tecnológica em sustentabilidade na arquitetura. Estudar a possibilidade de
adaptar ao contexto tecnológico atual, técnicas tradicionais, que possibilite minimizar os
impactos ambientais e maximizar os resultados sociais.
Desenvolvimento de Componentes e Tecnologia - Desenvolver novos materiais,
componentes, técnicas construtivas e tecnologias alternativas para construção de baixo custo.
Capacitação- Formação profissional para a produção de componentes, painéis e técnicas
construtivas que possibilitem a autoconstrução das casas, inserção dos aprendizes no mercado
de trabalho e produção de componentes para comércio. A qualificação não é apenas uma
alternativa para a construção da própria casa, mas o ingresso no mercado de trabalho e a
possibilidade maior da construção da sua identidade cidadã.
Produção de Materiais e Tecnologia - Os resultados das pesquisas serão confeccionados pelos
participantes dos cursos e pelos grupos interessados em geral. A produção de blocos, telhas,
revestimento, portas e janelas, etc., poderão ser utilizados na confecção das próprias casas, ou
para comercialização pela comunidade.
Construção da casa – A construção da casa está presidida por um conceito de sistema
construtivo que integre os universos produtivos de dentro e de fora do canteiro: os saberes, os
materiais, o equipamento, o processo de trabalho, as relações de trabalho, a logística, o
ecossistema, etc.
Como serão essas casas:
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É uma casa de 50m2 projetada priorizando iluminação e ventilação natural, eficiência
energética, com materiais de construção e tecnologias sustentáveis de baixo custo, que
possibilitem:
• coleta e reutilização de água da chuva para descarga do vaso sanitário e irrigação do jardim;
• materiais de construção naturais, recicláveis e de fontes renováveis, que produzam menor
impacto ambiental, disponíveis localmente;
• tratamento local de esgoto doméstico;
• desenvolvimento de projeto que possibilite a autoconstrução ou a construção através de
sistemas de mutirão;
• painéis solares de baixo custo para sistema de aquecimento de água e iluminação por células
fotovoltaicas;
• horta doméstica e jardim;
Resultados esperados:
O projeto da sede será desenvolvido por um grupo de arquitetos e engenheiros, voluntários e
membros da RECRIAR.
Nosso trabalho é sustentado em dois pilares – pesquisa e capacitação, portanto esses dois
elementos sustentam todo o resto.
Esperamos formar uma rede de profissionais ligados à construção e sustentabilidade, para que
possamos criar materiais novos, tecnologias de baixo custo e alta eficiência. Esse
conhecimento poderá ser compartilhado com um grupo cada vez maior de pessoas, de
diferentes regiões, culturas, necessidades.
Ensinar, dar assessoria técnica, organizar produção de materiais e tecnologia, para que
pessoas que vivem em condições sub-humanas possam morar com dignidade e ensinar isso a
seus filhos.
Esperamos que as pessoas aprendam uma profissão e formem grupos de trabalho, construam
pequenas indústrias de materiais para consumo próprio, ou para comercio. Aprender uma
profissão, trabalhar, morar com dignidade respeitando o planeta, a natureza e a si mesmo é
um bom recomeço.
Morar em uma casa sustentável não basta, é necessário que as pessoas da comunidade criem
uma nova relação com o planeta. É necessário que a cultura da sustentabilidade seja
disseminada entre todos. Palestras, cursos, assistência na própria comunidade, nas escolas do
bairro, são atitudes que entendemos como sementes para conscientização. A partir desse
conhecimento que construiremos juntos é que a cultura da sustentabilidade pode proliferar.
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Reuso de água, coleta seletiva de lixo, horta coletiva, replantio nas áreas de mata ciliar quando
prejudicadas e o respeito pelo meio ambiente são nossas principais metas.
“Nunca duvide que um pequeno grupo de pessoas conscientes e engajadas possa mudar o
mundo. De fato, sempre foi assim que o mundo mudou.”
Margaret Mead
Arq. Míriam Morata Novaes p/ RECRIAR.COM.VOCE