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Quando 11 é igual a 13: Golpe no Vale do Ribeira

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Quando 11 é igual a 13: Golpe no Vale do Ribeira

Ética eleitoral

Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta, que não há ninguém que explique e ninguém que não entenda

(Cecília Meireles).

Apesar dos limites da democracia não serem bem definidos, alguns valores desta são evidentes: o poder da

argumentação e as evidências da realidade. Mesmo assim, ainda existem supostos democratas ou

verdadeiros demagogos, que teimam em renunciar às evidências para se enclausurarem nas manobras

autoritárias. Este autoritarismo se torna ainda mais grave, quando é realizado por “sindicalistas” que aplicam

golpe contra a sua própria classe, no nosso caso, professores “passando a perna” em professores, com total

falta de respeito e ética.

Dentro dos últimos quatro anos, deveríamos ter tido três eleições sindicais da APEOESP no Vale do Ribeira

(dez/2009, jun/2011 e mai/2014), caso tivessem sido respeitados os valores da democracia e a opinião da

base trabalhista. Mas, na prática, foram marcadas cinco eleições: a de 2009 foi cancelada com o absurdo

argumento de que “poucos sócios votaram”; e a de 2011 também seria cancelada, se não fosse uma liminar

judicial, que garantiu o resultado das urnas. Mas porque tantas eleições?

Desrespeito ao estatuto

O primeiro princípio organizativo da Apeoesp diz “independência e autonomia face às organizações e

partidos políticos, organizações religiosas, entidades patronais e ao Estado”, porém quando um grupo

independente se opõe à direção majoritária da APEOESP (com sua direção estadual ligada ao poder de um

partido – PT, e mais recentemente ao poder do governo federal), e ainda por cima consegue derrotar nas

urnas (4 vezes) e na justiça (1 vez) este poder instituído e viciado, recorre-se às vias autoritárias e às alianças

espúrias que desrespeitam o nosso estatuto, tudo para impedir a mudança na velha estrutura do sindicato.

Nos últimos quatro anos, esta via antidemocrática não teve espaço entre os professores do Vale do Ribeira.

Entretanto, mais uma vez, nossa autonomia de classe está ameaçada, visto que a Chapa1/Articulação

Sindical/CUT/PT realiza um novo golpe.

Quando não se consegue ganhar a eleição nas urnas... Golpe!

Na eleição deste ano, tivemos duas urnas impugnadas corretamente, já que não havia assinatura alguma de

qualquer mesário no verso das cédulas de votação, condição antecipadamente definida para que o voto fosse

considerado válido. Também foram depositadas cédulas a mais do que o número de assinaturas nas urnas.

Além disso, um fiscal da Chapa 1 (que não era nem professor, muito menos sócio) foi flagrado colocando voto

na urna, segundo ele próprio, sob orientação de representante da Chapa 1 na região. Houve consenso de

todos que as urnas deveriam ser impugnadas, sem quaisquer recursos. A Comissão Eleitoral Regional

analisou os critérios da eleição estadual e das demais regiões do estado e determinou corretamente que

estes votos (suspeitos), de ambas as urnas, não poderiam ser contabilizados como válidos no computo geral

e, assim, seriam descartados.

Ocorre que o número de conselheiros regionais eleitos é proporcional ao número de votantes, ou seja, a

validação de votos suspeitos contidos em urnas impugnadas poderia interferir no resultado. As urnas foram

impugnadas justamente por não termos a confiança nos procedimentos adotados durante o processo eleitoral

daquelas urnas. Os votos válidos elegeram 11 conselheiros, sendo seis da Chapa 2 e cinco da Chapa 1, o

que garantiu a escolha da nova coordenação da subsede no dia 16 de junho.

Como era de se esperar, a representante regional da Chapa 1 recorreu à Comissão Eleitoral Estadual,

solicitando que, pasmem, fossem considerados os votos das urnas impugnadas e, além disso, fossem

transformados em votos três anotações de mesários sobre equívocos ocorridos durante o pleito, que sequer

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apresentavam a devida assinatura! Para nosso espanto, a Comissão Eleitoral Estadual, sem isenção alguma

(já que tem maioria da Chapa 1 e também, é ligada ao PT), acatou o recurso absurdo e mandou Comissão

Eleitoral Regional alterar o novo Conselho Regional, de 11 para 12 conselheiros, o que tornaria o pleito

empatado em número de conselheiros: 6 a 6. O critério desempate, portanto, seria o número total de votos

em cada Chapa, o que manteria a vitória da Chapa 2 (Bloco de Oposição), pois esta apresentou maior

número no computo dos votos.

Como se já não bastasse a decisão infame da Articulação Sindical/CUT/PT em considerar urnas impugnadas,

a Chapa 1, para fortalecer o golpe, deu por conveniência um cargo na Diretoria Executiva da APEOESP para

a representante da Chapa 1. Com essa manipulação “11 ficou igual a 13”. Apesar do novo Conselho

continuar empatado em seis a seis, essa nova manobra daria poder de voto também à “conveniente diretora”,

fazendo com que a chapa 1 obtivesse a maioria para a escolha do Conselho Regional.

Então, o Conselho Regional de Representantes (CRR), que deveria ter 11 membros (seis da Chapa 2 e cinco

da Chapa 1), num passe de mágica, passaria a ter 13 (seis da chapa 2 e sete da chapa 1), num misto de

manobras obscuras (considerar urnas impugnadas) e estatutárias (doar mais um cargo). Ambas as manobras

repugnantes e antidemocráticas, que desconsideram a opinião dos sócios, que escolheram a Chapa 2 para

conduzir a nossa subsede no período de 2014 a 2017. Nosso único recurso está à mercê do judiciário.

Esperamos, por parte do juiz, a compreensão das peculiaridades sindicais e o respeito pelo voto depositado

nas urnas.

Resumo da história: a Chapa 2 (Bloco de Oposição) teve maioria nas urnas (Conceição/André/Paulinho/Maria

Bojczuk/Hélder/Irineu), tem 5 dos 7 Conselheiros Estaduais, tem os dois conselheiros mais votados, porém

está sendo impedida, pela, nem um pouco independente, direção estadual da APEOESP, de assumir o novo

mandato, que numa manobra vergonhosa para ter que tomar a subsede, transformou 11 em 13.

Ironicamente, a metáfora remete aos números do PP (Partido do Maluf) e do PT (aliados de ocasião), que a

cada dia abandona a sua história de luta pelo trabalhador em prol da manutenção do poder a qualquer custo

e do discurso demagógico.

Será que alguém duvida que, agora, os recursos da APEOESP Vale do Ribeira também irão para a

Campanha Eleitoral de Deputada Estadual, Governador e Presidente, à revelia de nossa base? E que nossa

Subsede passará a ser base eleitoral de tais campanhas? Vale lembrar que em 2010, quando assumimos

pela primeira vez a subsede, encontramos material de campanha e até material pessoal de candidatos do PT,

que não eram professores, guardados há bastante tempo por lá. O sindicato deve respeitar as diferentes

posições políticas e escolhas eleitorais, deve apoiar ideias de uma transformação social, mas jamais pode ser

correia de transmissão de um partido, ainda mais quando este abandona a luta da classe trabalhadora para

dar golpe em trabalhador (por exemplo, na Reforma da Previdência de 2003).

Resistência e compromisso

Saiba, professor, que se ao acaso não estivermos mais na coordenação da subsede, será por este

vergonhoso golpe, de pessoas que jamais conseguiram nos derrotar nas urnas. Não temos problema algum

em deixar a coordenação da subsede, se fosse por vontade dos sócios da região. Mas, indigna-nos (e

sabemos que indigna todos aqueles que lutam por liberdade e democracia) saber que a Subsede do Vale do

Ribeira será gerida por práticas governistas a fim de interesses políticos partidários.

Somos Conselheiros legitimamente eleitos e nossa resistência e luta pelo do direito das educadoras e

educadores e pela educação transformadora, bem como nossa atuação junto aos movimentos sociais e

culturais serão mantidas independente de quaisquer golpes.

Conte conosco sempre!

APEOESP – Vale do Ribeira Educadoras e Educadores – Quinze de Outubro / Vale do Ribeira