58
1 CAPÍTULO 1 - Orçamento Público: conceito e antecedentes; orçamento tradicional e orçamento moderno. Evolução do orçamento. Princípios Orçamentários. 1. Orçamento Público: conceito e antecedentes Embora a famosa “Carta Magna” de 1215, imposta pelos barões ingleses ao Rei João Sem Terra, seja um marco na tentativa de restringir o poder tributário da coroa inglesa, é apenas em 1822 que se reconhece o orçamento inglês como uma peça muito assemelhada aos orçamentos atuais. O orçamento público surgiu como instrumento de controle político sobre os gastos do governo, a fim de reduzir ou de evitar o crescimento da carga tributária. Ao final do século XVIII e início do século XIX dominava o pensamento econômico liberal, o qual se opunha à intervenção do Estado na economia. De acordo com os pensadores econômicos liberais, o governo deveria se deter nas funções típicas de estado, tais como: justiça, segurança, forças militares, produção de leis. Impulsionado pelo avanço da Revolução Industrial, o liberalismo, no plano das finanças públicas, cuidou de manter os gastos públicos sob controle por meio de um orçamento que tinha como principal característica identificar os gastos do governo, ou seja, uma peça predominantemente contábil. Este orçamento ficou conhecido como orçamento tradicional. Com o avanço do capitalismo, o crescimento das empresas, que passaram a formar os grandes conglomerados econômicos, a formação dos sindicatos de trabalhadores, a urbanização da população, o capitalismo começa a apresentar suas disfunções, em meados do século XIX e início do século XX. Em contrapartida, a ideologia socialista começa a se popularizar na Europa. A 1ª Guerra Mundial (1914 – 1918) e a Revolução Russa (1917) marcam um momento de crise do capitalismo, que se acentua com a crise de 1929. Durante a década de 1930, o economista inglês John Maynard Keynes propagou sua teoria econômica que, em linhas gerais, defendia a intervenção do Estado na economia a fim de mitigar os efeitos adversos dos ciclos econômicos. Após a 2ª Guerra Mundial, o mundo ficou polarizado militarmente e ideologicamente durante a “Guerra Fria”, o que levou grande parte dos países do ocidente a adotarem a “Política do Bem Estar Social” (Welfare State), originada do pensamento keynesiano. O Welfare State defende a igualdade de oportunidades no acesso à saúde, educação e alimentação, além da regulação da economia por meio da intervenção estatal. A implementação de políticas sociais contribuiu de forma expressiva para o aumento dos gastos públicos nos anos seguintes à Segunda Guerra Mundial, levando à crise fiscal dos anos 80 e 90. Com a crise fiscal, surgiram os críticos do modelo keynesiano, entre os quais se pode destacar o economista Milton Friedman, defensor do pensamento econômico liberal. Conquanto a teoria keynesiana tenha perdido sua influência ao final do século XX e início do século XXI, ela recuperou parte de sua importância a partir da crise de 2008, quando os EUA e os principais países europeus adotaram políticas intervencionistas para mitigar os efeitos da crise econômica que se iniciou nos Estados Unidos. Atualmente, a economia norte-americana e as economias da União Européia enfrentam uma crise fiscal, sinalizando que medidas de austeridade fiscal estão a caminho nos próximos anos. 2. Funções do Estado Uma das justificativas para o constante aumento dos gastos públicos é a assunção, por parte do Estado, de novas funções: alocativa, distributiva e estabilizadora. Função alocativa A atividade estatal na alocação de recursos justifica-se naqueles casos em que não houver a necessária eficiência por parte do sistema de mercado. Como principais exemplos, podem-se citar os investimentos em infraestrutura e a provisão de bens públicos e bens meritórios. O bem privado típico possui três características básicas: (i) os benefícios estão limitados a um consumidor; (ii) há rivalidade no consumo desse bem; e (iii) o consumidor é excluído no caso de não pagamento. O bem público típico “segurança pública” não tem sua fruição limitada a um consumidor, seu consumo por um cidadão não reduz a quantidade do mesmo bem fruível por outra pessoa. O cidadão não é excluído no caso de não pagamento. Os benefícios do bem público típico não se limitam a um único consumidor e nem podem ser recusados por ele. Para a alocação de recursos públicos aos bens públicos, o processo político substitui o sistema de mercado. Em alguns casos o Estado emprega recursos públicos na provisão de bens com todas as características de bens privados. Tal situação se justifica em razão das “externalidades positivas”, ou seja, os benefícios que se difundem pela coletividade são de maior importância que o ganho individual pela fruição do bem. A educação é um dos melhores exemplos de bem meritório, pois os benefícios, para a sociedade, decorrentes de um maior nível de escolaridade da população justificam a aplicação de recursos públicos na sua provisão. Função Distributiva Consiste na atuação do Estado para reduzir as desigualdades sociais e interregionais.

Questões de administração financeira e orçamentária (afo) pass aki - apostila

  • Upload
    pcm1nd

  • View
    3.369

  • Download
    2

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Questões de administração financeira e orçamentária (afo)   pass aki - apostila

1

CAPÍTULO 1 - Orçamento Público: conceito e antecedentes;

orçamento tradicional e orçamento moderno. Evolução do

orçamento. Princípios Orçamentários.

1. Orçamento Público: conceito e antecedentes

Embora a famosa “Carta Magna” de 1215, imposta pelos barões

ingleses ao Rei João Sem Terra, seja um marco na tentativa de

restringir o poder tributário da coroa inglesa, é apenas em 1822 que

se reconhece o orçamento inglês como uma peça muito

assemelhada aos orçamentos atuais.

O orçamento público surgiu como instrumento de controle político

sobre os gastos do governo, a fim de reduzir ou de evitar o

crescimento da carga tributária.

Ao final do século XVIII e início do século XIX dominava o

pensamento econômico liberal, o qual se opunha à intervenção do

Estado na economia. De acordo com os pensadores econômicos

liberais, o governo deveria se deter nas funções típicas de estado,

tais como: justiça, segurança, forças militares, produção de leis.

Impulsionado pelo avanço da Revolução Industrial, o liberalismo, no

plano das finanças públicas, cuidou de manter os gastos públicos

sob controle por meio de um orçamento que tinha como principal

característica identificar os gastos do governo, ou seja, uma peça

predominantemente contábil. Este orçamento ficou conhecido como

orçamento tradicional.

Com o avanço do capitalismo, o crescimento das empresas, que

passaram a formar os grandes conglomerados econômicos, a

formação dos sindicatos de trabalhadores, a urbanização da

população, o capitalismo começa a apresentar suas disfunções, em

meados do século XIX e início do século XX. Em contrapartida, a

ideologia socialista começa a se popularizar na Europa.

A 1ª Guerra Mundial (1914 – 1918) e a Revolução Russa (1917)

marcam um momento de crise do capitalismo, que se acentua com a

crise de 1929.

Durante a década de 1930, o economista inglês John Maynard

Keynes propagou sua teoria econômica que, em linhas gerais,

defendia a intervenção do Estado na economia a fim de mitigar os

efeitos adversos dos ciclos econômicos.

Após a 2ª Guerra Mundial, o mundo ficou polarizado militarmente e

ideologicamente durante a “Guerra Fria”, o que levou grande parte

dos países do ocidente a adotarem a “Política do Bem Estar Social”

(Welfare State), originada do pensamento keynesiano.

O Welfare State defende a igualdade de oportunidades no acesso à

saúde, educação e alimentação, além da regulação da economia por

meio da intervenção estatal. A implementação de políticas sociais

contribuiu de forma expressiva para o aumento dos gastos públicos

nos anos seguintes à Segunda Guerra Mundial, levando à crise

fiscal dos anos 80 e 90.

Com a crise fiscal, surgiram os críticos do modelo keynesiano, entre

os quais se pode destacar o economista Milton Friedman, defensor

do pensamento econômico liberal.

Conquanto a teoria keynesiana tenha perdido sua influência ao final

do século XX e início do século XXI, ela recuperou parte de sua

importância a partir da crise de 2008, quando os EUA e os principais

países europeus adotaram políticas intervencionistas para mitigar os

efeitos da crise econômica que se iniciou nos Estados Unidos.

Atualmente, a economia norte-americana e as economias da União

Européia enfrentam uma crise fiscal, sinalizando que medidas de

austeridade fiscal estão a caminho nos próximos anos.

2. Funções do Estado

Uma das justificativas para o constante aumento dos gastos públicos

é a assunção, por parte do Estado, de novas funções: alocativa,

distributiva e estabilizadora.

Função alocativa

A atividade estatal na alocação de recursos justifica-se naqueles

casos em que não houver a necessária eficiência por parte do

sistema de mercado. Como principais exemplos, podem-se citar os

investimentos em infraestrutura e a provisão de bens públicos e

bens meritórios.

O bem privado típico possui três características básicas: (i) os

benefícios estão limitados a um consumidor; (ii) há rivalidade no

consumo desse bem; e (iii) o consumidor é excluído no caso de não

pagamento.

O bem público típico “segurança pública” não tem sua fruição

limitada a um consumidor, seu consumo por um cidadão não reduz a

quantidade do mesmo bem fruível por outra pessoa. O cidadão não

é excluído no caso de não pagamento. Os benefícios do bem público

típico não se limitam a um único consumidor e nem podem ser

recusados por ele. Para a alocação de recursos públicos aos bens

públicos, o processo político substitui o sistema de mercado.

Em alguns casos o Estado emprega recursos públicos na provisão

de bens com todas as características de bens privados. Tal situação

se justifica em razão das “externalidades positivas”, ou seja, os

benefícios que se difundem pela coletividade são de maior

importância que o ganho individual pela fruição do bem.

A educação é um dos melhores exemplos de bem meritório, pois os

benefícios, para a sociedade, decorrentes de um maior nível de

escolaridade da população justificam a aplicação de recursos

públicos na sua provisão.

Função Distributiva

Consiste na atuação do Estado para reduzir as desigualdades

sociais e interregionais.

Page 2: Questões de administração financeira e orçamentária (afo)   pass aki - apostila

2

O orçamento também é um instrumento de distribuição de renda, na

medida em que as pessoas ou regiões de maior renda contribuem

com mais recursos para o financiamento das políticas sociais.

Função Estabilizadora

A função estabilizadora se detém em manter sob controle as

principais variáveis econômicas: emprego, crescimento inflação.

O orçamento público é um importante instrumento da política

estabilizadora. Os gastos públicos influem na demanda agregada,

podendo impactar nos níveis de crescimento e de preços. O

orçamento público é importante ferramenta de política fiscal, na

medida em que pode aumentar ou reduzir os gastos públicos a fim

de contribuir mais ou menos para o crescimento da economia.

A função estabilizadora também é cumprida por meio da regulação

da oferta de moeda (política monetária) às necessidades da

economia.

3. Orçamento Tradicional e Orçamento Moderno

Conforme já abordado, o orçamento tradicional tinha como

preocupação central o controle dos gastos públicos, visando ao

controle do aumento dos tributos.

Neste tipo de orçamento, prevalece o incrementalismo no

atendimento das necessidades financeiras das unidades

organizacionais, o que mostra sua ênfase na classificação

institucional da despesa. Não há a preocupação com a fixação de

objetivos e metas. O orçamento tradicional é uma mera peça

contábil, que dá ênfase aos meios de que o Poder Público se utiliza

na sua atuação (“Lei de Meios”).

O orçamento tradicional, de caráter liberal, busca ser neutro, sob o

ponto de vista econômico.

Orçamento de Desempenho

O orçamento de desempenho representa uma evolução do

orçamento tradicional no sentido de se buscarem resultados a partir

da execução orçamentária.

Entretanto, ainda carece de um planejamento central, sendo ainda

incipiente a vinculação entre planejamento e orçamento.

Orçamento Base Zero ou por Estratégia

O orçamento Base Zero caracteriza-se pela necessidade da

recorrente validação dos gastos efetuados pelos órgãos

governamentais.

De acordo com esta técnica, gastos passados não justificam futuros

dispêndios, ou seja, não há “direitos adquiridos” no orçamento.

Este tipo de orçamento tem como desvantagem a dificuldade para

condução de programas plurianuais, ou seja, planos que necessitem

de mais de um exercício financeiro para apresentar os resultados

que justifiquem seu prosseguimento.

Orçamento-programa

O orçamento-programa apresenta como principal característica a

vinculação entre planejamento e orçamento. De acordo com a

técnica do orçamento-programa, os gastos do governo devem ser

orientados por um plano que tenha por objetivo resolver um

problema ou atender a uma necessidade da sociedade. Os

programas são implementados por meio de ações, as quais

constarão da lei orçamentária.

Esta espécie de orçamento preocupa-se com o objetivo do gasto, o

qual é traduzido em metas, que são mensuradas por meio de

indicadores que constam do plano governamental.

Em termos práticos, pode-se afirmar que o programa é o elemento

integrador entre o planejamento e o orçamento públicos, pois as

ações que constituirão as despesas orçamentárias são o esforço

concretizador dos programas que compõem o planejamento do

governo.

A lei nº 4.320/64, apesar de referir-se a programas de trabalho em

diversos de seus dispositivos, não criou as condições formais e

metodológicas necessárias para a implantação do orçamento-

programa no Brasil.

A primeira norma federal a estabelecer a obrigatoriedade na

elaboração sistemática de planos de governo foi o Decreto -

lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967. Dispondo sobre a

organização da administração federal e estabelecendo diretrizes

para a reforma administrativa, o referido decreto-lei define o

planejamento como “princípio fundamental”:

“Art. 6º As atividades da Administração Federal obedecerão aos seguintes princípios fundamentais:

I - Planejamento.

(...)”

As bases da institucionalização e da integração do planejamento com o orçamento e execução financeira estão assim disciplinadas:

“Art. 7º A ação governamental obedecerá a planejamento que vise a promover o desenvolvimento econômico-social do País e a segurança nacional, norteando-se segundo planos e programas elaborados, na forma do Título III, e compreenderá a elaboração e atualização dos seguintes instrumentos básicos:

a) plano geral de govêrno;

b) programas gerais, setoriais e regionais, de duração plurianual;

Page 3: Questões de administração financeira e orçamentária (afo)   pass aki - apostila

3

c) orçamento-programa anual;

d) programação financeira de desembôlso.” (grifo nosso)

O orçamento-programa é hoje o paradigma de orçamento moderno

o modelo empregado atualmente no Brasil.

Orçamento Participativo

O orçamento participativo caracteriza-se pela atuação direta da

população na elaboração do orçamento. Não se trata de modelo que

se opõe ao orçamento-programa, mas uma forma de a sociedade

contribuir com o Poder Executivo na elaboração da proposta

orçamentária.

No Brasil, destaca-se a experiência da Prefeitura de Porto Alegre na

implementação do orçamento participativo. A Lei de

Responsabilidade Fiscal determina que devem ser incentivadas a

participação popular e a realização de audiências públicas durante

os processos de elaboração das leis orçamentárias. Contudo, a

CF/88 deixa claro que a iniciativa em matéria orçamentária cabe

privativamente ao Poder Executivo.

4. Orçamento nas constituições brasileiras

Alguns autores consideram a Lei de 14 de dezembro de 1827 como

a primeira lei de orçamento no Brasil. A Constituição de 1824

atribuía ao Executivo a competência para elaboração da proposta

orçamentária, cuja aprovação caberia à Assembléia Geral (Câmara

dos Deputados e Senado).

Com a Constituição de 1891, a elaboração do orçamento passou a

ser função privativa do Congresso Nacional, o que, de fato, nunca

ocorreu, pois a proposta era concebida no gabinete do Ministro da

Fazenda.

Na Constituição de 1934 a competência para elaboração da

proposta orçamentária era do Poder Executivo, cabendo ao Poder

Legislativo a votação do orçamento.

A partir da instauração do regime autoritário, que gerou a

Constituição de 1937, o orçamento passou a ser elaborado e

decretado pelo Presidente da República.

A redemocratização do país, com a Constituição de 1946, trouxe de

volta o orçamento misto (elaborado pelo Poder Executivo e aprovado

pelo Poder Legislativo).

A Constituição outorgada de 1967 retirou prerrogativas do Poder

Legislativo quanto à iniciativa de leis ou emendas que criassem ou

aumentassem despesas, inclusive emendas ao projeto de lei do

orçamento. A Emenda Constitucional nº 1, de 1969, manteve os

dispositivos sobre o orçamento, constantes da Constituição de 1967.

A Constituição de 1988 devolveu ao Poder Legislativo a prerrogativa

de propor emendas de despesa ao projeto de lei de orçamento,

mantendo a iniciativa privativa do Poder Executivo em matéria

orçamentária.

5. Princípios Orçamentários

i. UNIVERSALIDADE

ii. UNIDADE OU TOTALIDADE

iii. ANUALIDADE

iv. LEGALIDADE

v. ORÇAMENTO BRUTO

vi. ESPECIFICAÇÃO

vii. EQUILÍBRIO

viii. EXCLUSIVIDADE

ix. NÃO AFETAÇÃO

x. PUBLICIDADE

xi. NÃO ESTORNO

5.1. UNIVERSALIDADE (LEI 4.320/64, ART. 3º E 4º)

O princípio orçamentário da universalidade, estabelecido pelos artigos 2º, 3º e 4º da Lei nº 4.320, de 1964, recepcionado e normatizado pelo § 5º do art. 165 da Constituição, determina que a LOA de cada ente federado deverá conter todas as receitas e despesas de todos os poderes, órgãos, entidades, fundos e fundações instituídas e mantidas pelo poder público. Vejamos o texto da Lei nº 4.320/64:

“Art. 3º A Lei de Orçamentos compreenderá tôdas as receitas, inclusive as de operações de crédito autorizadas em lei.

Parágrafo único. Não se consideram para os fins deste artigo as operações de crédito por antecipação da receita, as emissões de papel-moeda e outras entradas compensatórias, no ativo e passivo financeiros. (Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964)

Art. 4º A Lei de Orçamento compreenderá tôdas as despesas próprias dos órgãos do Govêrno e da administração centralizada, ou que, por intermédio dêles se devam realizar, observado o disposto no artigo 2°.” 5.2. UNIDADE OU TOTALIDADE (LEI 4.320/64, ART. 2º)

O princípio orçamentário da unidade ou totalidade, previsto pelo caput do art. 2º da Lei nº 4.320, de 1964, determina a existência de orçamento único para cada um dos entes federados – União, Estados, Distrito Federal e Municípios – com a finalidade de se evitar múltiplos orçamentos paralelos dentro da mesma pessoa política. Dessa forma, todas as receitas previstas e despesas fixadas, em cada exercício financeiro, devem integrar um único documento legal dentro de cada esfera federativa: a LOA (Lei Orçamentária Anual). Cabe aqui registrar que a definição supramencionada é aquela que consta do Manual Técnico de Orçamento (MTO). James Giacomoni ensina que o princípio da totalidade seria uma evolução do princípio da unidade, posto que, no Brasil, a LOA engloba três orçamentos: Fiscal, Seguridade Social e de

Page 4: Questões de administração financeira e orçamentária (afo)   pass aki - apostila

4

Investimentos das Estatais. Diante desta estruturação dada pela Constituição de 1988 à LOA, o citado autor, entre outros, defende que no Brasil se aplica o princípio da totalidade ao invés da unidade. O MTO adotou a posição de que os princípios da unidade e totalidade correspondem ao mesmo conceito. 5.3. ANUALIDADE (LEI 4.320/64, ART. 2º)

O princípio orçamentário da anualidade ou periodicidade, estipulado pelo caput do art. 2º da Lei nº 4.320, de 1964, delimita o exercício financeiro orçamentário: período de tempo ao qual a previsão das receitas e a fixação das despesas registradas na LOA irão se referir. Segundo o art. 34 da Lei nº 4.320, de 1964, o exercício financeiro coincidirá com o ano civil e, por isso, será de 1º de janeiro a 31 de dezembro de cada ano. A CF/88 traz a seguinte exceção a este princípio:

“art. 167 (...)

§ 2º - Os créditos especiais e extraordinários terão vigência no exercício financeiro em que forem autorizados, salvo se o ato de autorização for promulgado nos últimos quatro meses daquele exercício, caso em que, reabertos nos limites de seus saldos, serão incorporados ao orçamento do exercício financeiro subseqüente.”

Neste ponto do nosso curso apenas devemos saber que os créditos especiais e extraordinários, assim como os créditos suplementares, são espécies do gênero “créditos adicionais”.

5.4. LEGALIDADE (CF/88, ART. 165)

Este princípio determina que o orçamento de ser uma lei, proposta

pelo Poder Executivo ao Poder Legislativo. O artigo 165 da CF/88

fundamenta este princípio:

“Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:

I - o plano plurianual;

II - as diretrizes orçamentárias;

III - os orçamentos anuais.” (grifo nosso)

Este foi um dos primeiros princípios orçamentários a surgir, pois, com o advento da República, o administrador dos recursos públicos passa a prescindir da autorização dos representantes do povo (parlamento) para gastar o dinheiro público.

A discussão e aprovação das leis orçamentárias (PPA, LDO, LOA e leis de créditos adicionais) pelo Poder Legislativo, permitem-lhe conhecer previamente (e autorizar ou não) os dispêndios a serem realizados pela Administração Pública.

5.5. ORÇAMENTO BRUTO (LEI 4.320/64, ART. 6º)

Este princípio determina que as receitas e despesas devem constar

do orçamento por seus valores totais, sendo vedadas quaisquer

compensações ou apresentação de valores líquidos de receitas ou

despesas. Vejamos o texto do art. 6º da Lei nº 4.320/64:

“Art. 6º Tôdas as receitas e despesas constarão da Lei de Orçamento pelos seus totais, vedadas quaisquer deduções.

(...)”

Este princípio tem como principal objetivo preservar a transparência das contas públicas, que se perderia se fosse permitida a apresentação de valores líquidos nas leis orçamentárias.

5.6. ESPECIFICAÇÃO

O princípio da especificação veda a inclusão de dotações globais no

orçamento. Esta prática, embora defendida por alguns, em face de

gerar uma possível flexibilidade administrativa, prejudica o controle

dos gastos públicos.

Ele está enunciado no art. 5º da Lei nº 4.320/64:

“Art. 5º A Lei de Orçamento não consignará dotações globais destinadas a atender indiferentemente a despesas de pessoal, material, serviços de terceiros, transferências ou quaisquer outras, ressalvado o disposto no artigo 20 e seu parágrafo único.”

“Art. 20. Os investimentos serão discriminados na Lei de Orçamento segundo os projetos de obras e de outras aplicações.

Parágrafo único. Os programas especiais de trabalho que, por sua natureza, não possam cumprir-se subordinadamente às normas gerais de execução da despesa poderão ser custeadas por dotações globais, classificadas entre as Despesas de Capital.” (grifo nosso).

Como se pode ver o parágrafo único do art. 20 da Lei nº 4.320/64 representa exceção a este princípio. A título de exemplo, podemos citar alguns gastos das Forças Armadas, que, em razão da preservação da segurança nacional, são atendidos por dotações globais. Outro exemplo comum são os gastos com os programas de proteção a testemunhas, que, por razões óbvias, não devem ser detalhados.

Outra exceção ao princípio da especificação é a Reserva de Contingência, fonte de recursos para fazer face a passivos contingentes, por exemplo. A Lei de Responsabilidade Fiscal determina sua inclusão na LOA:

“Art. 5o O projeto de lei orçamentária anual, elaborado de forma compatível com o plano plurianual, com a lei de diretrizes orçamentárias e com as normas desta Lei Complementar:

(...)

Page 5: Questões de administração financeira e orçamentária (afo)   pass aki - apostila

5

III - conterá reserva de contingência, cuja forma de utilização e montante, definido com base na receita corrente líquida, serão estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, destinada ao:

a) (VETADO)

b) atendimento de passivos contingentes e outros riscos e eventos fiscais imprevistos.”

Pode-se verificar que a Reserva de Contingência, na verdade, é uma despesa fixada na LOA e que não será executada, pois sua função é servir como fonte de recursos para outras despesas orçamentárias. Portanto, trata-se de uma dotação global, visto que não há como se identificar previamente onde será aplicada.

5.7. EQUILÍBRIO

O princípio do equilíbrio determina que o total das receitas

orçamentárias previstas deve ser igual ao total das despesas

orçamentárias fixadas, na LOA.

Entretanto, no Brasil, este equilíbrio pode esconder déficits

orçamentários, pois o conceito de receita orçamentária adotado pela

Lei nº 4.320/64 engloba os recursos financeiros obtidos por meio de

operações de crédito (desde que não sejam por Antecipação da

Receita Orçamentária – ARO).

Neste contexto, o orçamento pode ser equilibrado por meio de

operações de crédito.

Entretanto, a realização de operações de crédito tem como

conseqüência natural o aumento da dívida pública, um dos principais

problemas relacionados à política fiscal de um ente político.

A CF/88, em seu artigo 167, III determina que a receita de

operações de crédito não poderá superar as despesas de capital

fixadas no orçamento:

“Art. 167. São vedados:

(...)

III - a realização de operações de créditos que excedam o montante das despesas de capital, ressalvadas as autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais com finalidade precisa, aprovados pelo Poder Legislativo por maioria absoluta;”

Tal comando constitucional ficou consagrado pela doutrina como o nome de “Regra de Ouro” e tem como objetivo evitar que a dívida pública cresça de forma mais rápida que o endividamento público. Esta conclusão é possível se considerarmos que, em regra, as despesas de capital contribuem para o aumento do patrimônio público (são despesas orçamentárias não-efetivas e, por isso, são acompanhadas do registro de uma variação ativa orçamentária, ou seja, de uma “mutação ativa”).

Importante ressaltar que a Regra de Ouro não proíbe a aplicação de receitas de operações de crédito em despesas correntes.

Outro aspecto relevante é atentar para as exceções, pois, como se verifica da leitura do dispositivo constitucional, caso o montante das operações de crédito seja superior às despesas de capital, tais despesas orçamentárias deverão ser autorizadas mediante créditos suplementares e especiais aprovados por maioria absoluta e com destinação específica. Esta é a única hipótese em que uma lei orçamentária deverá ser aprovada por maioria absoluta.

A LRF trouxe comando similar em seu artigo 12, § 2º, porém, foi objeto da ADIN 2.238-5, que o suspendeu liminarmente.

“art. 12 (...)

§ 2o O montante previsto para as receitas de operações de crédito não poderá ser superior ao das despesas de capital constantes do projeto de lei orçamentária. (Vide ADIN 2.238-5)”

Ainda na LRF, encontramos o artigo 44, o qual dispõe sobre a aplicação de recursos obtidos a partir da alienação de ativos (bens e direitos) públicos:

“Art. 44. É vedada a aplicação da receita de capital derivada da alienação de bens e direitos que integram o patrimônio público para o financiamento de despesa corrente, salvo se destinada por lei aos regimes de previdência social, geral e próprio dos servidores públicos.” (grifo nosso).

Alguns autores enunciam este artigo como a Regra de Ouro da LRF.

5.8. EXCLUSIVIDADE (CF/88, ART. 165, § 8º)

O princípio da exclusividade veda a inclusão, em leis orçamentárias,

de matérias estranhas a este tema. Entretanto, devemos ressaltar

suas duas exceções:

- autorização para abertura de créditos suplementares; e

- autorização para contratação de operação de crédito, inclusive

por antecipação de receita (ARO).

Vejamos o texto constitucional:

“art. 165 (...)

§ 8º - A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da despesa, não se incluindo na proibição a autorização para abertura de créditos suplementares e contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita, nos termos da lei.”

O princípio da exclusividade tem como objetivo evitar as “caudas

orçamentárias”, ou seja, a inserção, em leis orçamentárias, de

matérias estranhas ao orçamento. Tais “caudas” ficaram famosas

por gerarem, no dizer de Ruy Barbosa, verdadeiros “orçamentos

rabilongos”.

Page 6: Questões de administração financeira e orçamentária (afo)   pass aki - apostila

6

5.9. NÃO AFETAÇÃO OU DA NÃO VINCULAÇÃO (CF/88, ART.

167, IV)

O princípio da não afetação das receitas determina que é vedada a

vinculação da receita de impostos a fundo, órgão ou despesa.

Entretanto, este princípio comporta várias exceções, todas de

estatura constitucional, ou seja, para se vincular a receita de um

imposto é necessária a aprovação de uma emenda à constituição.

Vejamos as exceções ao princípio da não afetação:

repartição tributária de impostos (arts. 158 e 159 da

CF/88);

destinação de recursos para ações e serviços

públicos de saúde;

manutenção e desenvolvimento do ensino;

realização das atividades da administração tributária;

prestação de garantia às operações de crédito por

antecipação de receita (ARO);

prestação de garantia ou contragarantia à União e

para pagamento de débitos para com esta.

Tais exceções se encontram no inciso IV e no § 4º, ambos do art.

167 da CF/88. Vejamos:

“art. 167. São vedados:

(...)

IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinação de recursos para as ações e serviços públicos de saúde, para manutenção e desenvolvimento do ensino e para realização de atividades da administração tributária, como determinado, respectivamente, pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de receita, previstas no art. 165, § 8º, bem como o disposto no § 4º deste artigo; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

(...)

§ 4.º É permitida a vinculação de receitas próprias geradas pelos impostos a que se referem os arts. 155 e 156, e dos recursos de que tratam os arts. 157, 158 e 159, I, a e b, e II, para a prestação de garantia ou contragarantia à União e para pagamento de débitos para com esta. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)”

Dada a grande vinculação de receitas no Brasil, a EC nº 56 de 2007 prorrogou a Desvinculação de Receitas da União (DRU) até 31 de dezembro de 2011. Vejamos o que diz o artigo 76 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT):

“Art. 76. É desvinculado de órgão, fundo ou despesa, até 31 de dezembro de 2011, 20% (vinte por cento) da arrecadação da União de impostos, contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico, já instituídos ou que vierem a ser criados até a referida data, seus adicionais e respectivos acréscimos legais. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 56, de 2007)

§ 1º O disposto no caput deste artigo não reduzirá a base de cálculo das transferências a Estados, Distrito Federal e Municípios na forma dos arts. 153, § 5º; 157, I; 158, I e II; e 159, I, a e b; e II, da Constituição, bem como a base de cálculo das destinações a que se refere o art. 159, I, c, da Constituição. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

§ 2o Excetua-se da desvinculação de que trata o caput deste artigo a arrecadação da contribuição social do salário-educação a que se refere o art. 212, § 5o, da Constituição. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 27, de 2000)

§ 3º Para efeito do cálculo dos recursos para manutenção e desenvolvimento do ensino de que trata o art. 212 da Constituição, o percentual referido no caput deste artigo será de 12,5 % (doze inteiros e cinco décimos por cento) no exercício de 2009, 5% (cinco por cento) no exercício de 2010, e nulo no exercício de 2011. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009)”

Como se pode verificar a partir do art. 76 do ADCT, a vinculação fica

reduzida, em regra, em 20%, ou seja, o percentual de vinculação

incidirá sobre 80% da receita arrecadada, ressalvados os casos

previstos na CF/88.

5.10. PUBLICIDADE

O princípio orçamentário da publicidade é a base da atividade da Administração Pública no regime democrático, previsto pelo caput do art. 37 da Magna Carta de 1988. Aplica-se ao orçamento público, pelas disposições contidas nos arts. 48, 48-A e 49 da LRF, que determinam ao governo, por exemplo: divulgar o orçamento público de forma ampla à sociedade; publicar relatórios sobre a execução orçamentária e a gestão fiscal; disponibilizar, para qualquer pessoa, informações sobre a arrecadação da receita e a execução da despesa. O princípio da publicidade também deve ser visto sob o aspecto da divulgação dos atos do governo via imprensa oficial.

5.11. NÃO ESTORNO (CF/88, ART. 167, VI)

Este princípio veda a transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de uma categoria de programação para outra ou de um órgão para outro, sem prévia autorização legislativa.

Tem por objetivo evitar que os gastos aprovados pelo Poder Legislativo seja alterados pelo administrador, o que tornaria inócua a função fiscalizadora do parlamento.

Vejamos o texto constitucional:

“Art. 167. São vedados:

(...)

VI - a transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de uma categoria de programação para outra ou de um órgão para outro, sem prévia autorização legislativa;”

Page 7: Questões de administração financeira e orçamentária (afo)   pass aki - apostila

7

EXERCÍCIOS

1. (FGV - BADESC Analista Administrativo 2010) As alternativas a seguir apresentam características do orçamento-programa, à exceção de uma. Assinale-a. (A) O orçamento-programa aloca recursos para a consecução de objetivos e metas. (B) O orçamento-programa adota, como principal critério de classificação, o funcional-programático. (C) O orçamento-programa usa sistematicamente indicadores e padrões de medidas de desempenho. (D) A estrutura do orçamento-programa é voltada para os aspectos administrativos e de planejamento. (E) A elaboração do orçamento-programa considera as necessidades financeiras das unidades organizacionais. 2. (CESPE - MTE ADMINISTRADOR 2008) O incrementalismo orçamentário desvirtua ou compromete a desejável integração entre o planejamento e o orçamento. De acordo com essa sistemática, a “base” formada pelos programas já introduzidos no orçamento tende a perpetuar-se, com pequenos incrementos, compreendendo a maior parte dos recursos. Alguns autores denominam essa tendência de resistência à mudança, à revisão dos objetivos, diretrizes e metas, como inércia ou inercialidade. 3. (CESPE - STF ANALISTA ADMINISTRATIVO 2008) A adoção do orçamento moderno está associada à concepção do modelo de Estado que, desde antes do final do século XIX, deixa de caracterizar-se por mera postura de neutralidade, própria do laissez-faire, e passa a ser mais intervencionista, no sentido de corrigir as imperfeições do mercado e promover o desenvolvimento econômico.

4. (CESPE - TST ANALISTA ADMINISTRATIVO 2008) O orçamento público passa a ser utilizado sistematicamente como instrumento da política fiscal do governo a partir da década de 30 do século XX, por influência da doutrina keynesiana, tendo função relevante nas políticas de estabilização da economia, na redução ou expansão do nível de atividade. 5. (CESPE - TST ANALISTA ADMINISTRATIVO 2008) A utilização da política orçamentária para os propósitos de estabilização econômica implica promover ajustes no nível da demanda agregada, expandindo-a ou restringindo-a, e provocando a ocorrência de deficits ou superavits.

6. (CESPE - TST ANALISTA ADMINISTRATIVO 2008) O orçamento-programa se diferencia do orçamento incremental pelo fato de que este último pressupõe uma revisão contínua da estrutura básica dos programas, com aumento ou diminuição dos respectivos valores. 7. (CESPE - SAD/PE APO 2010) Acerca dos métodos, técnicas e instrumentos do orçamento público, assinale a opção correta. A) O orçamento por desempenho caracteriza-se pela forte vinculação ao sistema de planejamento. B) O orçamento clássico ou tradicional tem ênfase naquilo que a instituição realiza, não no que ela gasta. C) O orçamento participativo é, atualmente, a técnica orçamentária adotada pela União. D) O orçamento-programa tem como principais critérios classificatórios o funcional e o programático.

E) O processo orçamentário deve ser dissociado dos processos de planejamento e programação. 8. (CESPE - MPU TÉCNICO DE ORÇAMENTO 2010) O orçamento tradicional tinha como função principal a de possibilitar ao parlamento discutir com o órgão de execução as formas de planejamento relacionadas aos programas de governo, visando ao melhor aproveitamento dos recursos, com base nos aspectos relativos a custo/benefício. 9. (CESPE - MPU TÉCNICO DE ORÇAMENTO 2010) De acordo com o conceito de orçamento-programa, devem-se valorizar o gasto público e o que o governo adquire, em detrimento do que se pretende realizar.

10. (CESPE - ABIN AGENTE TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA ADMINISTRAÇÃO 2010) O orçamento de base zero tem a grande vantagem de permitir a elaboração de proposta orçamentária por meio de processo mais célere e menos oneroso para os órgãos públicos.

11. (CESPE - ABIN OFICAL TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA ADMINISTRATIVO 2010) De acordo com a concepção tradicional, o orçamento público é caracterizado como mero inventário dos meios com os quais o Estado conta para cumprir suas tarefas, sendo as funções de alocação, distribuição e estabilização relegadas a segundo plano. 12. (FGV - SF Analista Legislativo Administração 2008) Na forma da Lei 4320/64, é correto afirmar que: (A) a Lei de Orçamento compreenderá todas as receitas, inclusive as de operações de crédito por antecipação de receitas autorizadas em lei. (B) todas as receitas e despesas constarão na Lei Orçamentária Anual pelos seus totais, deduzidas as parcelas relativas às compensações de obrigações. (C) a Lei de Orçamento não consignará dotações globais destinadas a atender indiferentemente a despesas de pessoal, material, serviços de terceiros, transferências ou quaisquer outras, sem exceções. (D) a Lei de Orçamento compreenderá todas as despesas próprias dos órgãos do Governo e da Administração centralizada e descentralizada ou que, por intermédio deles se devam realizar. (E) a Lei de Orçamento conterá a discriminação da receita e despesa de forma a evidenciar a política econômico-financeira e o programa de trabalho do Governo, obedecidos os princípios de unidade, universalidade e anualidade. 13. (SF Consultor de Orçamento 2008) A lei 4320/64 consagra princípios orçamentários que cuidam de aspectos substanciais a serem observados na elaboração do orçamento. Em relação ao princípio da especificação assinale a afirmativa correta. (A) As receitas e despesas devem aparecer no orçamento de maneira discriminada de tal forma que se possa saber, pormenorizadamente, a origem dos recursos, bem como a sua aplicação. (B) O orçamento deve ser elaborado de maneira a conter todas as receitas e despesas públicas, sem quaisquer deduções ou compensações entre devedores e credores. (C) A lei orçamentária anual deverá conter apenas matéria pertinente ao orçamento público, excluindo-se quaisquer dispositivos

Page 8: Questões de administração financeira e orçamentária (afo)   pass aki - apostila

8

estranhos à previsão da receita e à fixação das despesas, ressalvados os casos previstos na legislação. (D) O orçamento compreende uma unidade que abrange as receitas e despesas de todos os Poderes e Órgãos da Administração Pública pelos seus totais, observada a discriminação quanto aos aspectos fiscais, sociais e previdenciários. (E) As receitas não poderão ter vinculação com quaisquer despesas, órgãos ou fundos, ressalvada a vinculação prevista para as despesas com educação, saúde e assistência social. 14. (FGV - TCM/RJ Auditor 2008) Assinale a afirmativa correta. (A) O princípio da proibição do estorno está consagrado na Constituição de 88. (B) A lei de orçamento consignará dotações globais destinadas a atender indiferentemente a despesas de pessoal, material, serviços de terceiros, transferências ou quaisquer outras. (C) São princípios orçamentários: exclusividade, transparência, legalidade, anualidade e anterioridade. (D) A liquidação de despesas consiste no pagamento ou na inscrição em restos a pagar. (E) A determinação de que os orçamentos sejam aprovados por lei formal se pauta no princípio da exclusividade. 15. (FGV - TCM/RJ Auditor 2008) A respeito dos Princípios de Direito Financeiro, assinale a afirmativa incorreta. (A) O princípio da unidade orçamentária, expressamente previsto na Constituição de 1988, significa que o orçamento, para ser mais eficaz, deverá ser elaborado em um documento legal único. (B) Com base no princípio da legalidade, a Constituição de 1988 disciplina o aspecto formal em que deve ser pautado o sistema orçamentário, reservando ao Poder Executivo a competência privativa para encaminhar o projeto de lei orçamentária anual. (C) A vedação quanto à transposição, ao remanejamento ou à transferência de recursos de uma categoria de programação para outra ou de um órgão para outro, sem prévia autorização legislativa, é considerado pela doutrina como princípio da proibição de estorno. (D) A Constituição de 1988 veda, com as devidas ressalvas, a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa. (E) A afirmativa de que a lei orçamentária anual não conterá

dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da despesa

exterioriza o princípio da exclusividade orçamentária.

16. (FGV – CAERN ADMINISTRADOR 2010) A Constituição da República prevê, no art. 165, § 8º, o seguinte:

Dessa forma, o texto legal estabelece que o orçamento conterá,

apenas, matéria financeira, de forma que matérias estranhas não

estejam nele insertas. Esse princípio foi citado por Rui Barbosa, ao

comentar a existência das chamadas “caudas orçamentárias”.

O princípio a que se refere o texto acima é o da:

A) Legalidade

B) Vinculação ao instrumento convocatório

C) Especificidade

D) Periodicidade

E) Exclusividade

17. (FGV – DETRAN-RN ASSESSOR TÉCNICO ÁREA ADMINISTRATIVA 2010) O Orçamento Público é o planejamento feito pela Administração Pública para atender, durante determinado período, os planos e programas de trabalho por ela desenvolvidos. Dentre os princípios orçamentários, assinale o que afirma que “a Lei Orçamentária Anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da despesa, não se incluindo na proibição a autorização para abertura de créditos suplementares e contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita”: A) Especificação. B) Universalidade. C) Exclusividade. D) Unidade. E) Não-afetação.

18. (FGV – DETRAN-RN ASSESSOR TÉCNICO ÁREA ADMINISTRATIVA 2010) O Orçamento Público surgiu para atuar como instrumento de controle das atividades financeiras do governo. São considerados princípios orçamentários, EXCETO: A) Unidade e universalidade. B) Anualidade e exclusividade. C) Especificação e publicidade. D) Equilíbrio financeiro, orçamento bruto e não-afetação. E) Eficiência e eficácia.

19. (CESPE – CNPQ ASSISTENTE I 2011) O princípio orçamentário da totalidade determina que haja um orçamento único para cada um dos entes federados, com a finalidade de se evitar a ocorrência de múltiplos orçamentos paralelos internamente à mesma pessoa política. 20. (CESPE – ANALISTA ADMINISTRATIVO PREVIC 2011) A legislação brasileira, ao admitir a existência do orçamento da seguridade social e do orçamento fiscal, viola o princípio da totalidade orçamentária.

21. (CESPE – ANALISTA ADMINISTRATIVO PREVIC 2011) Dos recursos arrecadados pela União com as contribuições sociais incidentes sobre o lucro, a receita ou o faturamento das empresas, destinados ao financiamento da seguridade social, é permitida a desvinculação de até 20% da arrecadação, o que diminui o montante das receitas que deveriam ser destinadas às políticas de previdência, saúde e assistência social.

22. (CESPE - DPU ANALISTA TÉCNICO ADMINISTRATIVO 2010) Acerca dos princípios orçamentários, assinale a opção correta. A) O princípio do orçamento bruto determina que o orçamento deva abranger todo o universo das receitas a serem arrecadadas e das despesas a serem executadas pelo Estado. B) O princípio da legalidade, um dos primeiros a serem incorporados e aceitos nas finanças públicas, dispõe que o orçamento será, necessariamente, objeto de uma lei, resultante de um processo legislativo completo, isto é, um projeto preparado e

Page 9: Questões de administração financeira e orçamentária (afo)   pass aki - apostila

9

submetido, pelo Poder Executivo, ao Poder Legislativo, para apreciação e posterior devolução ao Poder Executivo, para sanção e publicação. C) O princípio da anualidade ou da periodicidade estabelece que o orçamento obedeça a determinada periodicidade, geralmente um ano, já que esta é a medida normal das previsões humanas, para que a interferência e o controle do Poder Legislativo possam ser efetivados em prazos razoáveis, que permitam a correção de eventuais desvios ou irregularidades verificados na sua execução. No Brasil, a periodicidade varia de um ano a dois anos, dependendo do ente federativo.

D) O princípio da totalidade, explícito de forma literal na legislação brasileira, determina que todas as receitas e despesas devem integrar um único documento legal. Mesmo sendo os orçamentos executados em peças separadas, as informações acerca de cada uma dessas peças são devidamente consolidadas e compatibilizadas em diversos quadros demonstrativos.

E) O princípio da especificação determina que, como qualquer ato legal ou regulamentar, as decisões sobre orçamento só têm validade após a publicação em órgão da imprensa oficial. Além disso, exige que as informações acerca da discussão, elaboração e execução dos orçamentos tenham a mais ampla publicidade, de forma a garantir a transparência na preparação e execução do orçamento, em nome da racionalidade e da eficiência. 23. (CESPE - MPU ANALISTA DE CONTROLE INTERNO 2010) O princípio da discriminação ou especialização trata da inserção de dotações globais na lei orçamentária, providência que propicia maior agilidade na aplicação dos recursos financeiros. 24. (CESPE - MPU ANALISTA DE CONTROLE INTERNO 2010) A abertura de crédito suplementar e a contratação de operações de crédito são excepcionalidades em relação ao princípio da exclusividade, previstas na CF e em legislação específica. 25. (CESPE - MPU ANALISTA DE ORÇAMENTO 2010) O princípio da exclusividade foi proposto com a finalidade de impedir que a lei orçamentária, em razão da natural celeridade de sua tramitação no legislativo, fosse utilizada como mecanismo de aprovação de matérias diversas às questões financeiras. 26. (CESPE - MPU ANALISTA DE ORÇAMENTO 2010) De acordo com o princípio da não afetação, o montante das despesas não deve superar o montante das receitas previstas para o período. 27. (CESPE - MPU ANALISTA DE ORÇAMENTO 2010) A aplicação do princípio do orçamento bruto visa impedir a inclusão, no orçamento, de importâncias líquidas, isto é, a inclusão apenas do saldo positivo ou negativo resultante do confronto entre as receitas e as despesas de determinado serviço público.

28. (CESPE - MPU TÉCNICO DE ORÇAMENTO 2010) O princípio da exclusividade tem por objetivo principal evitar a ocorrência das chamadas caudas orçamentárias. 29. (CESPE - MPU TÉCNICO DE ORÇAMENTO 2010) A existência do PPA, da LDO e da LOA, aprovados em momentos distintos, constitui uma exceção ao princípio orçamentário da unidade.

30. (CESPE - MPU TÉCNICO DE ORÇAMENTO 2010) Conforme o princípio orçamentário da unidade, todas as receitas e despesas devem integrar o orçamento público.

Page 10: Questões de administração financeira e orçamentária (afo)   pass aki - apostila

10

CAPÍTULO 2: leis orçamentárias; ciclo orçamentário.

1. LEIS ORÇAMENTÁRIAS

Competência para legislar sobre matéria orçamentária

A CF/88 estabelece, em seu art. 24, que compete à União, aos Estados e ao DF, legislar concorrentemente sobre orçamento. Portanto, quando se trata de matéria orçamentária, à União compete estabelecer normas gerais, enquanto aos estados cabe suplementar tais normas. Caso a União não estabeleça as normas gerais, os estados poderão exercer a competência plena. Se sobrevier norma federal que discipline a matéria, a legislação estadual terá sua eficácia suspensa no que lhe for contrária.

“Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:

(...)

II - orçamento;

(...)

§ 1º - No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais.

§ 2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados.

§ 3º - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.

§ 4º - A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.”

A CF/88 determina que se edite uma lei complementar de finanças públicas, conforme se verifica a partir do art. 165, § 9º:

“§ 9º - Cabe à lei complementar:

I - dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e a organização do plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e da lei orçamentária anual;

II - estabelecer normas de gestão financeira e patrimonial da administração direta e indireta bem como condições para a instituição e funcionamento de fundos.”

Alguns dos itens a serem disciplinados por tal lei complementar são normatizados pela Lei nº 4.320/64, que, portanto, é materialmente complementar, e pela LRF. Entretanto, restam alguns pontos ainda sem disciplinamento infraconstitucional, como, por exemplo, a vigência e os prazos do PPA, da LDO e

da LOA. Provisoriamente, o art. 35 do ADCT vem disciplinado estes assuntos.

Interrelação das leis orçamentárias

A CF/88 instrumentalizou o planejamento governamental por meio de três leis orçamentárias:

- A Lei do Plano Plurianual (PPA);

- A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO); e

- A lei Orçamentária Anual (LOA).

Em apertada síntese, podemos entender que o PPA estabelece diretrizes, objetivos e metas a serem atingidas num período de 4 anos. A cada ano a LDO seleciona as metas e prioridades para o exercício seguinte, pois os recursos governamentais são limitados e as necessidades, em regra, são maiores que as disponibilidades financeiras do governo. Eleitas as prioridades e metas para o exercício subseqüente, elabora-se a LOA, cujas despesas serão orientadas pelas metas e prioridades que a LDO selecionou entre as várias que constam do PPA.

Esquematicamente, pode-se verificar esta necessária compatibilidade entre as leis orçamentárias da seguinte forma:

PPA: DOM

LDO: MP

LOA

Page 11: Questões de administração financeira e orçamentária (afo)   pass aki - apostila

11

PLANO PLURIANUAL (PPA)

O plano plurianual representa o planejamento de médio prazo

do governo e compreende um período de 4 anos, que se inicia

no segundo ano de mandato do chefe do Poder Executivo e

termina ao final do primeiro ano do mandato seguinte. Portanto,

podemos dizer que o PPA tem a mesma duração que o

mandato do chefe do Poder Executivo, mas não coincide com

este.

Na esfera federal o projeto de lei do PPA deve ser enviado ao

Congresso Nacional até 31 de agosto do primeiro ano do

mandato do chefe do Poder Executivo, devendo ser devolvido

para sanção até o término da sessão legislativa (22 de

dezembro). É o que determina o artigo 35 do ADCT:

“Art. 35. (...)

§ 2º - Até a entrada em vigor da lei complementar a que se refere o art. 165, § 9º, I e II, serão obedecidas as seguintes normas:

I - o projeto do plano plurianual, para vigência até o final do primeiro exercício financeiro do mandato presidencial subseqüente, será encaminhado até quatro meses antes do encerramento do primeiro exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento da sessão legislativa;”

Retornando à CF/88, vemos os seguintes comandos relacionados ao PPA:

“Art. 165 (...)

§ 1º - A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da administração pública federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada.”

Vamos estruturar este comando constitucional:

O PPA estabelece, de forma regionalizada, o DOM

- AS DIRETRIZES;

- OBJETIVOS; E

- METAS

Da administração pública para as DESPESAS DE CAPITAL E OUTRAS DELAS DECORRENTES.

A regionalização do PPA tem como principal objetivo a redução das desigualdades interregionais (função distributiva do estado). Importante ressaltar o destaque para as despesas de capital, pois representam gastos normalmente relacionados à infraestrutura do país, importantes para a dinamização da nossa economia.

Em outro comando, a CF/88 determina que os planos e programas nacionais regionais e setoriais sejam compatíveis com o PPA.

“Art. 165. (...)

§ 4º - Os planos e programas nacionais, regionais e setoriais previstos nesta Constituição serão elaborados em consonância com o plano plurianual e apreciados pelo Congresso Nacional.”

Sendo o PPA o eixo que norteia o planejamento governamental, seria incoerente não exigir que outros planos e programas não se compatibilizassem com ele. Entretanto restaria perguntar que interpretação dar a este comando constitucional caso um programa setorial tenha duração superior ao PPA. E mais, se tal programa não constar da CF/88? Segundo Giacomoni esses e outros temas carecem de interpretação mais detalhada, que se espera com a edição da lei complementar prevista no art. 165, § 9º, da CF/88.

Não há outro regramento legal para o PPA além da CF/88. A LRF tentou discipliná-lo em seu art. 3º, que foi vetado. Sua elaboração é orientada por meio de manual elaborado pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MP).

O manual que orienta a elaboração do PPA para o período de 2012 a 2015 pode ser obtido no link: http://www.planejamento.gov.br/secretarias/upload/Arquivos/spi/publicacoes/Orientacoes_para_Elaboracao_do_PPA_2012-2015.pdf.

Explorando um pouco as Orientações para Elaboração do PPA 2012-2015, podemos verificar algumas inovações. Por exemplo, o conceito de “Programa Finalístico” foi substituído pelo conceito de “Programa Temático”. Os “Programas de Apoio a Pollíticas Públicas e Áreas Especiais” foram substituídos pelos “Programas de Gestão, Manutenção e Serviços ao Estado”.

O Programa Temático retrata no Plano Plurianual a agenda de governo organizada pelos Temas das Políticas Públicas e orienta a ação governamental. Sua abrangência deve ser a necessária para representar os desafios e organizar a gestão, o monitoramento, a avaliação, as transversalidades, as multissetorialidades e a territorialidade. O Programa Temático se desdobra em Objetivos e Iniciativas.

O Programa Temático apresenta os seguintes atributos:

- Código

Page 12: Questões de administração financeira e orçamentária (afo)   pass aki - apostila

12

- Título

- Contextualização

- Indicadores

- Valor Global

- Valor de referência para a individualização de projetos como iniciativas;

- Objetivos, detalhando as seguintes informações: código, enunciado, órgão responsável, caracterização, meta para 2015 e regionalização;

- Iniciativas. O Objetivo expressa o que deve ser feito, refletindo as situações a serem alteradas pela implementação de um conjunto de Iniciativas, com desdobramento no território. Exemplos de objetivos de Programas Temáticos: Programa Temático: Energia Elétrica Objetivo 0001 – Aproveitar o potencial de geração de energia elétrica a partir da fonte hídrica, de forma a ofertar grande quantidade de energia elétrica a baixos preços. Programa Temático: Agricultura Irrigada Objetivo 0003 – Promover Política de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação para Agricultura Irrigada e difundir a tecnologia, por intermédio de uma rede formada pelas instituições de pesquisa, assistência técnica e extensão rural, para otimização do uso do solo e da água e aumento da produtividade. Programa Temático: Aperfeiçoamento do Sistema Único de Saúde (SUS) Objetivo 0001 – Expandir e qualificar a Rede de Urgências e Emergências, induzindo a cobertura de vazios assistenciais, com apoio à implantação e manutenção das Unidades de Pronto Atendimento (UPA), das Salas de Estabilização (SE) e do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU 192).

A Iniciativa declara as entregas à sociedade de bens e serviços, resultantes da coordenação de ações orçamentárias e outras: ações institucionais e normativas, bem como da pactuação entre entes federados, entre Estado e sociedade e da integração de políticas públicas. A Iniciativa é um atributo do Programa Temático que norteia a atuação governamental e estabelece um elo entre o Plano e o Orçamento. As ações orçamentárias são criadas a partir das Iniciativas. Para cada Iniciativa podem corresponder uma ou mais ações orçamentárias.

Da mesma forma, pode haver mais de uma Iniciativa por objetivo. A Iniciativa não se restringe a ações orçamentárias. É possível que o financiamento se dê por outras fontes. Além das formas de financiamento, as Iniciativas consideram também como as políticas organizam os agentes e instrumentos que a materializam (dimensão associada à gestão, relação federativa, relação público-privada, critérios de adesão, condicionantes, priorizações, mecanismos de seleção e identificação). Exemplo de iniciativas:

Os Programas de Gestão, Manutenção e Serviços ao Estado são instrumentos do Plano que classificam um conjunto de ações destinadas ao apoio, à gestão e à manutenção da atuação governamental, bem como as ações não tratadas nos Programas Temáticos por meio de suas Iniciativas. Com o intuito de subsidiar a alocação orçamentária, o PPA estimará o valor dos Programas de Gestão, Manutenção e Serviços ao Estado para o período 2012–2015. Contudo, a exemplo dos Programas Temáticos, as ações relacionadas serão detalhadas somente na Lei Orçamentária (LOA). Cada órgão terá um programa dessa natureza. Exemplos: Programa de Gestão e Manutenção da Saúde, da Educação, das Comunicações, entre outros. Assim como o Programa Temático, o Programa de Gestão, Manutenção e Serviços ao Estado somente será incluído, excluído e modificado por lei de alteração do PPA. Ressalta-se que esses programas não possuem Objetivos e Iniciativas. Para efeito de cadastro no Plano, eles possuirão os seguintes atributos: (i) código; (ii) título; e (iii) valor global.

LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS (LDO)

A LDO é, atualmente, a mais importante das leis orçamentárias, pois além de cumprir sua função básica de eleger as metas e prioridades da administração para o exercício seguinte, vem cumprindo papel fundamental ao estabelecer normas relativas às finanças públicas e, principalmente, por servir de ferramenta para implementação da política fiscal do governo.

O conteúdo da LDO divide-se entre a CF/88 e a LRF. Importante destacar, como veremos a seguir, que a LRF

Page 13: Questões de administração financeira e orçamentária (afo)   pass aki - apostila

13

ampliou bastante o escopo desta lei orçamentária, assunto bastante exigido em provas de concursos públicos.

LDO na CF/88

A Constituição estabelece em seu art. 165, § 2º:

“art. 165 (...)

§ 2º - A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas e prioridades da administração pública federal, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subseqüente, orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá sobre as alterações na legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento.”

Portanto, devemos destacar que a LDO compreenderá as

- METAS

- PRIORIDADES

A LDO ainda terá as seguintes atribuições:

- ORIENTAR A ELABORAÇÃO DA LOA;

- DISPOR SOBRE AS ALTERÇÕES NA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA; e

- ESTABELECER A POLÍTICA DE APLICAÇÃO DAS AGÊNCIAS FINANCEIRAS OFICIAIS DE FOMENTO (CEF, BANCO DO BRASIL E BNDES, por exemplo)

É importante chamar a atenção para um aspecto: de acordo com a CF/88, a LDO não estabelece diretrizes.

O texto constitucional ainda traz o seguinte comando relativo à LDO:

“art. 169. (...)

§ 1º A concessão de qualquer vantagem ou aumento de remuneração, a criação de cargos, empregos e funções ou alteração de estrutura de carreiras, bem como a admissão ou contratação de pessoal, a qualquer título, pelos órgãos e entidades da administração direta ou indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo poder público, só poderão ser feitas: (Renumerado do parágrafo único, pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

I - se houver prévia dotação orçamentária suficiente para atender às projeções de despesa de pessoal e aos acréscimos dela decorrentes; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

II - se houver autorização específica na lei de diretrizes orçamentárias, ressalvadas as empresas públicas e as sociedades de economia mista. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)” (grifo nosso).

Desta forma, os aumentos de despesa com pessoal devem ser previamente autorizados na LDO, lembrando que tal exigência não se aplica às empresas públicas e sociedades de economia mista.

Neste ponto, cabe ressaltar que tal exceção não alcança as estatais dependentes, na forma do art. 2º da LRF.

Ainda no texto constitucional, vemos dois importantes comandos, o do artigo 35 do ADCT, que se combina com o do artigo 57, § 2º da CF/88:

“Art. 35.(...)

§ 2º - Até a entrada em vigor da lei complementar a que se refere o art. 165, § 9º, I e II, serão obedecidas as seguintes normas:

(...)

II - o projeto de lei de diretrizes orçamentárias será encaminhado até oito meses e meio antes do encerramento do exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento do primeiro período da sessão legislativa;”

“Art. 57. O Congresso Nacional reunir-se-á, anualmente, na Capital Federal, de 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 50, de 2006)

(...)

§ 2º - A sessão legislativa não será interrompida sem a aprovação do projeto de lei de diretrizes orçamentárias.” (grifos nossos).

Portanto, verifica-se que o projeto de LDO (PLDO) deve ser encaminhado ao Poder Legislativo até 15 de abril, devendo ser devolvido ao Poder Executivo, para sanção, até 17 de julho (prazos referentes à União). Importante destacar que, de acordo com o artigo 57, § 2º da CF/88, a sessão legislativa não será interrompida sem a aprovação do (PLDO).

LDO NA LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL

O estudo da LDO na LRF concentra-se no art. 4º, o qual incluiu novos conteúdos nesta lei orçamentária, elevando sua importância, principalmente, enquanto instrumento de política fiscal.

DA ADMNISTRAÇÃO

PÚBLICA PARA O EXERCÍCIO

SUBSEQUENTE

Page 14: Questões de administração financeira e orçamentária (afo)   pass aki - apostila

14

Vejamos o conteúdo do art. 4º da LRF:

“Art. 4º A lei de diretrizes orçamentárias atenderá o disposto no § 2º do art. 165 da Constituição e: I - disporá também sobre: a) equilíbrio entre receitas e despesas; b) critérios e forma de limitação de empenho, a ser efetivada nas hipóteses previstas na alínea b do inciso II deste artigo, no art. 9º e no inciso II do § 1º do art. 31; c) (VETADO) d) (VETADO) e) normas relativas ao controle de custos e à avaliação dos resultados dos programas financiados com recursos dos orçamentos; f) demais condições e exigências para transferências de recursos a entidades públicas e privadas; II - (VETADO) III - (VETADO) § 1º Integrará o projeto de lei de diretrizes orçamentárias Anexo de Metas Fiscais, em que serão estabelecidas metas anuais, em valores correntes e constantes, relativas a receitas, despesas, resultados nominal e primário e montante da dívida pública, para o exercício a que se referirem e para os dois seguintes. § 2º O Anexo conterá, ainda: I - avaliação do cumprimento das metas relativas ao ano anterior; II - demonstrativo das metas anuais, instruído com memória e metodologia de cálculo que justifiquem os resultados pretendidos, comparando-as com as fixadas nos três exercícios anteriores, e evidenciando a consistência delas com as premissas e os objetivos da política econômica nacional; III - evolução do patrimônio líquido, também nos últimos três exercícios, destacando a origem e a aplicação dos recursos obtidos com a alienação de ativos; IV - avaliação da situação financeira e atuarial: a) dos regimes geral de previdência social e próprio dos servidores públicos e do Fundo de Amparo ao Trabalhador; b) dos demais fundos públicos e programas estatais de natureza atuarial; V - demonstrativo da estimativa e compensação da renúncia de receita e da margem de expansão das despesas obrigatórias de caráter continuado. § 3º A lei de diretrizes orçamentárias conterá Anexo de Riscos Fiscais, onde serão avaliados os passivos contingentes e

outros riscos capazes de afetar as contas públicas, informando as providências a serem tomadas, caso se concretizem. § 4º A mensagem que encaminhar o projeto da União apresentará, em anexo específico, os objetivos das políticas monetária, creditícia e cambial, bem como os parâmetros e as projeções para seus principais agregados e variáveis, e ainda as metas de inflação, para o exercício subseqüente.” Estruturando melhor o art. 4º da LRF, temos: A LDO disporá sobre

Todos os entes federativos deverão incluir em suas respectivas LDOs os anexos de metas fiscais (AMF) e de riscos fiscais (ARF). A União deverá incluir na sua LDO, além do AMF e do ARF, um anexo específico, que vem sendo numerado em suas LDOs como Anexo VI.

O anexo mais importante é o de Metas Fiscais, o qual possui conteúdo mais extenso na LRF.

ANEXO DE METAS FISCAIS (AMF)

O AMF estabelece metas e possui 5 demonstrativos, conforme se vê na figura a seguir.

- equilíbrio entre receitas e

despesas;

- critérios e forma de limitação de

empenho;

- normas para controle de custos e

avaliação de resultados dos

programas executados com

recursos dos orçamentos;

- demais condições e exigências

para transferência de recursos a

entidades públicas e privadas.

Page 15: Questões de administração financeira e orçamentária (afo)   pass aki - apostila

15

Ainda devemos observar o comando relativo à LDO e que consta do artigo 5º da LRF:

“Art. 5º O projeto de lei orçamentária anual, elaborado de forma compatível com o plano plurianual, com a lei de diretrizes orçamentárias e com as normas desta Lei Complementar: (...) III - conterá reserva de contingência, cuja forma de utilização e montante, definido com base na receita corrente líquida, serão estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, destinada ao: a) (VETADO)

b) atendimento de passivos contingentes e outros riscos e eventos fiscais imprevistos.” (grifo nosso).

A LDO para 2011, Lei nº 12.309 de 2010, dispôs sobre o assunto da seguinte forma:

“Art. 13. A Reserva de Contingência, observado o inciso III do art. 5º da Lei Complementar nº 101, de 2000, será constituída, exclusivamente, de recursos do Orçamento Fiscal, equivalendo, no Projeto de Lei Orçamentária de 2011 a, no mínimo, 2% (dois por cento) da receita corrente líquida e na Lei a 1% (um por cento), sendo pelo menos metade da Reserva, no Projeto de Lei, considerada como despesa primária para efeito de apuração do resultado fiscal.”

ANEXO DE RISCOS FISCAIS (ARF)

A LDO conterá ainda o Anexo de Riscos Fiscais, que conterá:

- Passivos contingentes;

- Outros riscos capazes de afetar as contas públicas;

- As medidas a serem implementadas se tais riscos se concretizarem.

ANEXO ESPECÍFICO (UNIÃO)

A LDO da União ainda possuirá o Anexo Específico em que serão informados:

- Os objetivos das políticas

- Metas de inflação

LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL (LOA)

A Lei Orçamentária Anual (LOA) tem como principal finalidade prever as receitas e fixar as despesas. Trata-se de lei especial, pois tem trâmite diferente, em alguns aspectos, das leis ordinárias, além de possuir vigência predeterminada de um ano. Sua especialidade também se justifica pelo fato de não apresentar a generalidade e abstração características das leis em geral, caracterizando-se como uma lei de efeitos concretos.

A LOA tem caráter autorizativo, ou seja, as despesas não são obrigatórias, trata-se de uma autorização para que a administração possa gastar recursos públicos.

O projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) do governo federal deve ser enviado pelo Poder Executivo ao Poder Legislativo até 31 de agosto, devendo ser devolvido para sanção até 22 de dezembro, conforme determina o artigo 35 do ADCT:

“art. 35 (...)

§ 2º - Até a entrada em vigor da lei complementar a que se refere o art. 165, § 9º, I e II, serão obedecidas as seguintes normas:

(...)

III - o projeto de lei orçamentária da União será encaminhado até quatro meses antes do encerramento do exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento da sessão legislativa.”

Monetária

Creditícia

Cambial

METAS ANUAIS

EM VALORES

CORRENTES E

CONSTANTES

AMF

DEMONSTRATIVOS

RECEITAS

DESPESAS

RESULTADOS

NOMINAL E

PRIMÁRIO

METAS DO ANO

ANANTERIOR

METODOLOGIA

DE CÁLCULOS

DAS METAS

DÍVIDA PÚBLICA

PARA O EXERCÍCIO QUE SE

REFERIR E PARA OS DOIS

SEGUINTES

RGPS, RPPS E FAT

RENÚNCIA DE

RECEITAS E

MARGEM DE

EXPANSÃO DAS

DOCC

EVOLUÇÃO DO

PL

Page 16: Questões de administração financeira e orçamentária (afo)   pass aki - apostila

16

O PLOA deve conter um quadro demonstrativo do efeito, sobre receitas e despesas, de benefícios fiscais, conforme prevê o artigo 165, § 6º:

“art. 165. (...)

§ 6º - O projeto de lei orçamentária será acompanhado de demonstrativo regionalizado do efeito, sobre as receitas e despesas, decorrente de isenções, anistias, remissões, subsídios e benefícios de natureza financeira, tributária e creditícia”.

De acordo com o artigo 165, § 5º, a LOA possui três orçamentos:

- Orçamento Fiscal (OF);

- Orçamento da Seguridade Social (OSS); e

- Orçamento de Investimentos (OI)

Vejamos o texto da CF/88:

“art. 165 (...)

§ 5º - A lei orçamentária anual compreenderá:

I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público;

II - o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto;

III - o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público.”

Importante ressaltar que o orçamento de investimentos engloba as empresas estatais não dependentes, pois os investimentos das estatais dependentes constarão do orçamento fiscal.

As despesas de custeio das estatais não dependentes não constam da LOA. Elas são aprovadas, na esfera federal, por meio de decreto do Presidente da República e constituem o Programa de Dispêndios Globais (PDG).

A CF/88 ainda determina que o OF e o OI devem ser elaborados no sentido de reduzir as desigualdades interregionais, segundo critério populacional, conforme está previsto no artigo 165, § 7º:

“art. 165. (...)

§ 7º - Os orçamentos previstos no § 5º, I e II, deste artigo, compatibilizados com o plano plurianual, terão entre suas funções a de reduzir desigualdades inter-regionais, segundo critério populacional.”

O artigo 35 do ADCT disciplina a implementação do comando supramencionado:

“Art. 35. O disposto no art. 165, § 7º, será cumprido de forma progressiva, no prazo de até dez anos, distribuindo-se os recursos entre as regiões macroeconômicas em razão proporcional à população, a partir da situação verificada no biênio 1986-87.”

Portanto, é importante frisar que o Orçamento da Seguridade Social não terá função de reduzir as desigualdades inter-regionais.

2. CICLO ORÇAMENTÁRIO

O Ciclo Orçamentário compreende um conjunto de etapas entre a elaboração da proposta orçamentária, passando pela sua discussão e aprovação pelo Poder Legislativo, execução e, por fim, o controle e avaliação.

Portanto, a duração do ciclo orçamentário é superior a um exercício financeiro.

2.0. ELABORAÇÃO DA PROPOSTA ORÇAMENTÁRIA

A elaboração da proposta orçamentária se inicia com a determinação da meta de resultado primário, que representa a economia do governo para o pagamento da dívida pública.

Em seguida, se estima a receita do exercício, fazendo-se as deduções relativas às transferências constitucionais e legais. A etapa seguinte corresponde à estimativa das despesas obrigatórias, tais como pessoal e encargos e outras despesas de custeio.

Deduzidas as despesas de cunho obrigatório e a meta de resultado primário, tem-se o montante de receitas estimadas

ELABORAÇÃO DA

PROPOSTA

ORÇAMENTÁRIA

DISCUSSÃO, VOTAÇÃO

E APROVAÇÃO DO

PLOA

CONTROLE DE

AVALIAÇÃO DA

EXECUÇÃO

ORÇAMENTÁRIA

EXECUÇÃO

ORÇAMENTÁRIA

Page 17: Questões de administração financeira e orçamentária (afo)   pass aki - apostila

17

que está disponível para aplicação em despesas discricionárias.

O montante a ser aplicado em despesas discricionárias é dividido pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MP), entre os órgãos setorias, os quais alocarão tais recursos aos programas sob sua gestão, de acordo com as orientações estratégicas do Governo e dos ministérios.

O Sistema de Planejamento e de Orçamento Federal tem como órgão central o Ministério do Planejamento, de acordo com a Lei nº 10.180/2001:

“Art. 4º Integram o Sistema de Planejamento e de Orçamento Federal:

I - o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, como órgão central;

(...)”

No âmbito setorial, os órgãos setoriais de planejamento e orçamento possuem, entre outras atribuições, a incumbência de repassar o limite recebido da Secretaria de Orçamento Federal do Ministério do Planejamento (SOF/MP) às unidades orçamentárias, às quais serão consignadas as dotações. A Lei nº 4.320/64 define unidade orçamentária:

“Art. 14. Constitui unidade orçamentária o agrupamento de serviços subordinados ao mesmo órgão ou repartição a que serão consignadas dotações próprias. (Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964)

Parágrafo único. Em casos excepcionais, serão consignadas dotações a unidades administrativas subordinadas ao mesmo órgão.”

O órgão setorial valida as propostas de suas unidades orçamentárias. Tais propostas são disponibilizadas, via Sistema Integrado de Dados Orçamentários (SIDOR/SIOP), à SOF/MP e compõem a proposta orçamentária, que será encaminhada, por meio de Mensagem Presidencial, ao Congresso Nacional.

2.1. DISCUSSÃO, VOTAÇÃO E APROVAÇÃO DO PLOA

O Projeto de Lei Orçamentária (PLOA) é recebido pelo

Congresso Nacional e encaminhado à Comissão Mista de

Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização (CMO), a qual será

responsável por conduzir o processo de emendas ao PLOA.

“Art. 166. Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes orçamentárias, ao orçamento anual e aos créditos adicionais serão apreciados pelas duas Casas do Congresso Nacional, na forma do regimento comum. § 1º - Caberá a uma Comissão mista permanente de Senadores e Deputados:

I - examinar e emitir parecer sobre os projetos referidos neste artigo e sobre as contas apresentadas anualmente pelo Presidente da República; II - examinar e emitir parecer sobre os planos e programas

nacionais, regionais e setoriais previstos nesta Constituição e

exercer o acompanhamento e a fiscalização orçamentária, sem

prejuízo da atuação das demais comissões do Congresso

Nacional e de suas Casas, criadas de acordo com o art. 58.”

Inicialmente, é elaborado o Relatório da Receita, que avalia e

propõe emendas à estimativa da receita. Em seguida, a CMO

elabora o Relatório Preliminar, o qual, entre outras informações,

estabelece regras complementares às da

Resolução CN nº 01/2006 para a propositura de emendas.

O PLOA é dividido em áreas temáticas, cujos relatórios ficam a

cargo dos respectivos Relatores Setoriais.

Emendas ao PLOA

O Poder Legislativo poderá propor emendas ao PLOA, na

forma do art. 166 da CF/88:

“art. 166 (...) § 2º - As emendas serão apresentadas na Comissão mista, que sobre elas emitirá parecer, e apreciadas, na forma regimental, pelo Plenário das duas Casas do Congresso Nacional. § 3º - As emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou aos projetos que o modifiquem somente podem ser aprovadas caso: I - sejam compatíveis com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias; II - indiquem os recursos necessários, admitidos apenas os provenientes de anulação de despesa, excluídas as que incidam sobre: a) dotações para pessoal e seus encargos; b) serviço da dívida; c) transferências tributárias constitucionais para Estados, Municípios e Distrito Federal; ou III - sejam relacionadas: a) com a correção de erros ou omissões; ou b) com os dispositivos do texto do projeto de lei. § 4º - As emendas ao projeto de lei de diretrizes orçamentárias

não poderão ser aprovadas quando incompatíveis com o plano

plurianual.”

Page 18: Questões de administração financeira e orçamentária (afo)   pass aki - apostila

18

A Resolução CN nº 01/2006 detalha o processo de emenda ao

PLOA. O normativo estabelece que as emendas serão

individuais, de comissões ou de bancada, quanto à origem.

A Resolução CN nº 01/2006 ainda classifica as emendas de

despesa como de remanejamento, de apropriação e de

cancelamento. As definições destes tipos de emendas e a

indicação de suas fontes de recursos constam dos artigos 37 a

40.

Nos termos da CF/88, é permitido ao Poder Executivo propor

modificação ao PLOA, desde que a parte a ser alterada não

tenha sua votação iniciada na CMO.

“art. 166 (...)

§ 5º - O Presidente da República poderá enviar mensagem ao

Congresso Nacional para propor modificação nos projetos a

que se refere este artigo enquanto não iniciada a votação, na

Comissão mista, da parte cuja alteração é proposta.”

A Resolução CN nº 01/2006 detalha o comando constitucional:

“Art. 28. A proposta de modificação do projeto de lei orçamentária anual enviada pelo Presidente da República ao Congresso Nacional, nos termos do art. 166, § 5º, da Constituição, somente será apreciada se recebida até o início da votação do Relatório Preliminar na CMO.” (grifo nosso).

VOTAÇÃO DO PLOA

A votação do PLOA se dá em sessão conjunta, mas a apuração

dos votos ocorre de forma separada na Câmara dos Deputados

e no Senado Federal. Para aprovação do PLOA é necessária a

obtenção de maioria simples nas duas casas do Congresso

Nacional.

Casos Especiais: Não envio do PLOA, Rejeição e Atraso na aprovação/sanção

O não envio do PLOA ao Poder Legislativo configura crime

de responsabilidade do chefe do Poder Executivo. Nesta

hipótese, o artigo 32 da Lei nº 4.320/64 determina que a LOA

vigente será tomada como proposta pelo Poder Legislativo. Tal

solução contraria o conceito atual de integração entre

planejamento e orçamento.

“Art. 32. Se não receber a proposta orçamentária no prazo fixado nas Constituições ou nas Leis Orgânicas dos Municípios, o Poder Legislativo considerará como proposta a Lei de Orçamento vigente.”

A Lei nº 1.079/1950 define o não envio da proposta

orçamentária como crime de responsabilidade:

“Art. 10. São crimes de responsabilidade contra a lei orçamentária:

1- Não apresentar ao Congresso Nacional a proposta do orçamento da República dentro dos primeiros dois meses de cada sessão legislativa;”

Cabe ressaltar que o prazo supramencionado não mais se aplica, sendo válido aquele indicado no art. 35 do ADCT.

A rejeição do PLOA causaria grandes obstáculos à execução dos programas de governo, o que torna esta hipótese improvável. Do ponto de vista prático, a discussão do PLOA e a propositura de emendas por parte do Poder Legislativo contribuem para diminuir o risco de o PLOA não ser aprovado. Entretanto, a CF/88 trouxe um comando aplicável a esta situação:

“art. 166 (...)

§ 8º - Os recursos que, em decorrência de veto, emenda ou rejeição do projeto de lei orçamentária anual, ficarem sem despesas correspondentes poderão ser utilizados, conforme o caso, mediante créditos especiais ou suplementares, com prévia e específica autorização legislativa.” (grifos nossos)

O atraso na aprovação/sanção do PLOA tem sido tratado nas LODs conforme descreve o art. 68 da LDO 2011 (Lei nº 12.309/2010):

“Art. 68. Se o Projeto de Lei Orçamentária de 2011 não for sancionado pelo Presidente da República até 31 de dezembro de 2010, a programação dele constante poderá ser executada para o atendimento de: I - despesas com obrigações constitucionais ou legais da União, relacionadas na Seção I do Anexo IV desta Lei; II - bolsas de estudo no âmbito do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, da Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Capes e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA, bolsas de residência médica e do Programa de Educação Tutorial – PET, bem como Bolsa Atleta e bolsistas do Programa Segundo Tempo; III - pagamento de estagiários e de contratações temporárias por excepcional interesse público na forma da Lei no 8.745, de 1993; IV - ações de prevenção a desastres classificadas na subfunção Defesa Civil; V - formação de estoques públicos vinculados ao programa de garantia dos preços mínimos; VI - realização de eleições pela Justiça Eleitoral; VII - outras despesas correntes de caráter inadiável; e VIII - importação de bens destinados à pesquisa científica e tecnológica, no valor da cota fixada no exercício financeiro anterior pelo Ministério da Fazenda.

Page 19: Questões de administração financeira e orçamentária (afo)   pass aki - apostila

19

§ 1º As despesas descritas no inciso VII deste artigo serão

limitadas a 1/12 (um doze avos) do valor previsto em cada ação no Projeto de Lei Orçamentária de 2011, multiplicado pelo número de meses decorridos até a sanção da respectiva Lei. § 2º Aplica-se, no que couber, o disposto no art. 55 desta Lei aos recursos liberados na forma deste artigo. § 3º Na execução das despesas liberadas na forma deste artigo, o ordenador de despesa poderá considerar os valores constantes do Projeto de Lei Orçamentária de 2011 para fins do cumprimento do disposto no art. 16 da Lei Complementar nº 101, de 2000.

2.2. EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA

Após a aprovação e sanção do PLOA, é elaborada a Programação orçamentária e financeira, conforme determina o art. 8º da LRF:

“Art. 8o Até trinta dias após a publicação dos orçamentos, nos termos em que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias e observado o disposto na alínea c do inciso I do art. 4o, o Poder Executivo estabelecerá a programação financeira e o cronograma de execução mensal de desembolso.”

É durante a execução que são arrecadadas as receitas e executadas as despesas, as descentralizações orçamentárias e financeiras, além de outros eventos característicos desta etapa do ciclo orçamentário.

2.3. CONTROLE E AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA

O gestor público administra recursos que pertencem à coletividade, razão pela qual se submete ao controle e assume o dever de prestar contas. Como o detalhamento do controle da Administração Pública não se insere no escopo deste curso, nos restringiremos apenas ao teor do art. 70 da CF/88:

“Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder. (...) ”

EXERCÍCIOS

1. (SF Consultor de Orçamento 2008) Analise as afirmativas a seguir: I. A lei que instituir as Diretrizes Orçamentárias estabelecerá de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da administração pública federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as despesas relativas aos programas de natureza continuada.

II. A Lei Orçamentária Anual compreende o orçamento fiscal, o orçamento da seguridade social e o orçamento de investimentos das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direto a voto. III. A Lei de Diretrizes Orçamentárias disporá sobre o equilíbrio entre receitas e despesas, critérios e forma de limitação de empenho, normas relativas ao controle de custos e à avaliação dos resultados dos programas financiados com recursos dos orçamentos. IV. Integrará o projeto de lei orçamentária anual o anexo de Metas Fiscais, em que serão estabelecidas metas anuais, em valores correntes e constantes, relativas a receitas, despesas, resultados nominal e primário e o montante da dívida pública, para o exercício a que se referirem e para os dois seguintes. V. A vigência do plano plurianual estende-se por 4 (quatro) anos com início no segundo ano de mandato do Chefe do Poder Executivo até o término do primeiro ano do mandato seguinte. Assinale: (A) se somente as afirmativas I, II e IV estiverem corretas. (B) se somente as afirmativas II, III e V estiverem corretas. (C) se somente as afirmativas I, II e III estiverem corretas. (D) se somente as afirmativas I, III e IV estiverem corretas. (E) se somente as afirmativas III, IV e V estiverem corretas. 2. (TCM/RJ Auditor 2008) A respeito do orçamento público, assinale a afirmativa correta. (A) Leis de iniciativa do Poder Executivo ou do Poder Legislativo estabelecerão o plano plurianual, as diretrizes orçamentárias e os orçamentos anuais. (B) As emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou aos projetos que o modifiquem somente podem ser aprovadas caso indiquem os recursos necessários, admitidos apenas os provenientes de anulação de despesa, incluindo as que incidam sobre as dotações para pessoal e seus encargos, serviço da dívida e transferências tributárias constitucionais para Estados, Municípios e Distrito Federal. (C) Cabe à lei ordinária dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e a organização do plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e da lei orçamentária anual. (D) O projeto de lei orçamentária será acompanhado de demonstrativo regionalizado do efeito, sobre as receitas e despesas, decorrente de isenções, anistias, remissões, subsídios e benefícios de natureza financeira, tributária e creditícia. (E) As emendas ao projeto de lei de diretrizes orçamentárias poderão ser aprovadas ainda que incompatíveis com o plano plurianual, pois este poderá ser alterado futuramente, já que é elaborado para um período de quatro anos. 3. (SAD/PE APOG 2008) É matéria tratada na lei do Plano Plurianual: (A) as metas fiscais para o exercício em curso e para os dois exercícios seguintes em valores correntes e constantes.

Page 20: Questões de administração financeira e orçamentária (afo)   pass aki - apostila

20

(B) a previsão das receitas e das despesas para o exercício em conformidade com a Lei de Diretrizes Orçamentárias. (C) as diretrizes, os objetivos e as metas da administração pública para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada. (D) as alterações na legislação tributária e os seus reflexos na instituição, previsão e efetiva arrecadação no exercício. (E) a avaliação da situação financeira e atuarial do regime geral de previdência social e do regime próprio dos servidores públicos e do Fundo de Amparo ao Trabalhador. 4. (DETRAN/RN Assessor Técnico – Administrativa 2008) A Lei de Diretrizes Orçamentárias compreenderá as metas e prioridades da Administração Pública, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subsequente, disporá sobre as alterações na legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento e ainda orientará a elaboração do seguinte instrumento de planejamento: A) Plano Plurianual. B) Lei Orçamentária Anual. C) Plano Diretor. D) Lei Orgânica. E) Manual de Controle Interno. 5. (DETRAN/RN Assessor Técnico – Administrativa 2008) Segundo o § 5º do art. 165 da Constituição Federal, a Lei Orçamentária Anual compreenderá: A) O orçamento fiscal, o orçamento de investimento e o orçamento-programa. B) O orçamento fiscal, o orçamento de investimento. C) O orçamento fiscal, o orçamento de investimento e o orçamento da seguridade social. D) Somente as despesas correntes e de capital. E) O orçamento fiscal, o plano plurianual e as diretrizes orçamentárias. 6. (DETRAN/RN Assessor Técnico – Administrativa 2008) Integrarão a Lei de Diretrizes Orçamentárias os anexos de metas fiscais e de riscos fiscais. Deverão constar no Anexo de Metas Fiscais, EXCETO: A) Avaliação do cumprimento das metas relativas ao ano anterior. B) Demonstrativo das metas anuais, instruído com memória e metodologia de cálculo que justifiquem os resultados pretendidos, comparando-as com as fixadas nos três exercícios anteriores. C) Evolução do patrimônio líquido, também nos últimos três exercícios, destacando a origem e a aplicação dos recursos obtidos com a alienação de ativos. D) Apresentação e avaliação dos passivos contingentes e outros riscos capazes de afetar as contas públicas. E) Avaliação da situação financeira e atuarial dos regimes de previdência, fundos públicos e programas estimativa e compensação de renúncia de receita e da margem de expansão das despesas obrigatórias de caráter continuado.

7. (CAERN Administrador 2010) A Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO, criada pela atual Carta Magna, inovou em matéria orçamentária, ao estabelecer um ponte, um link entre o PPA e a LOA. Nesse diapasão, compete à LDO, com base no previsto no PPA, dentre outros aspectos, elencar as metas e prioridades que deverão ser observadas na confecção do orçamento. Considerando o enunciado da Carta Magna e em outros normativos aplicáveis, é possível afirmar que ela NÃO conterá A) Metas para as despesas de capital. B) Alterações da legislação tributária. C) Política de aplicação das agências de fomento. D) A totalidade dos programas de trabalho a serem

executados no próximo exercício, até o nível subelemento de despesa.

E) Política de pessoal.

8. (SAD/PE APOG 2008) Conforme estabelece a Lei de Responsabilidade Fiscal, a lei orçamentária NÃO consignará dotação para investimento com duração superior a um exercício financeiro que: (A) não esteja previsto no plano plurianual ou em lei que autorize sua inclusão. (B) compreenda recursos provenientes de financiamentos de organismos internacionais. (C) seja destinado ao atendimento de programas de recuperação fiscal dos Estados e Municípios. (D) seja aplicado em despesas relacionadas a programas sociais nos bolsões de pobreza estabelecidos em lei. (E) seja relacionado a novos projetos governamentais, sem que os que estejam em andamento tenham sido suficientemente atendidos. 9. (SAD/PE APOG 2008) O trecho a seguir está contido em uma Norma Legal do Estado de Pernambuco, em atendimento a dispositivo de Lei Federal: “A _____ para o exercício de 2009 conterá a Reserva de Contingência no montante correspondente a 0,5% (zero vírgula cinco por cento) da Receita Corrente Líquida, (...) destinada a atender a passivos contingentes e outros riscos e eventos fiscais imprevistos.” Assinale a alternativa que complete a lacuna e apresente as respectivas normas Estadual e Federal. (A) Lei de Diretrizes Orçamentárias / Lei Orçamentária Anual / Lei de Responsabilidade Fiscal. (B) Lei do Plano Plurianual / Lei de Diretrizes Orçamentárias / Lei 4320/64. (C) Lei Orçamentária Anual / Lei do Plano Plurianual / Lei de Responsabilidade Fiscal. (D) Lei Orçamentária Anual / Lei de Diretrizes Orçamentárias / Lei 4320/64. (E) Lei Orçamentária Anual/Lei de Diretrizes Orçamentárias/Lei de Responsabilidade Fiscal.

Page 21: Questões de administração financeira e orçamentária (afo)   pass aki - apostila

21

10. (TCM/RJ Auditor 2008) Assinale a afirmativa incorreta. (A) As emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou aos projetos que o modifiquem podem, entre outras hipóteses, ser aprovadas caso sejam relacionadas com a correção de erros ou omissões ou com os dispositivos do texto do projeto de lei. (B) Os recursos que, em decorrência de veto, emenda ou rejeição do projeto de lei orçamentária anual, ficarem sem despesas correspondentes não poderão ser utilizados mediante créditos especiais, mas somente como créditos suplementares, com prévia e específica autorização legislativa. (C) Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes orçamentárias, ao orçamento anual e aos créditos adicionais serão apreciados pelas duas Casas do Congresso Nacional, na forma do regimento comum. (D) Caberá a uma Comissão mista permanente de Senadores e Deputados examinar e emitir parecer sobre os projetos referidos neste artigo e sobre as contas apresentadas anualmente pelo Presidente da República. (E) O Presidente da República poderá enviar mensagem ao Congresso Nacional para propor modificação nos projetos a que se refere este artigo enquanto não iniciada a votação, na Comissão mista, da parte cuja alteração é proposta. 11. (ESAF - APO 2010) Na integração do Sistema de Planejamento e Orçamento Federal, indique qual(ais) instrumento(s) legal(is) explicita(m) as metas e prioridades para cada ano. a) O Plano Plurianual (PPA) e a Lei Orçamentária Anual. b) A Lei de Responsabilidade Fiscal. c) A Lei de Diretrizes Orçamentárias. d) A Lei de Responsabilidade Fiscal e a Lei Orçamentária

Anual. e) A Lei Orçamentária Anual. 12. (ESAF - APO 2010) Considerando que o Plano Plurianual – PPA, a Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO e a Lei Orçamentária Anual – LOA são os principais instrumentos de planejamento do setor público definidos pela Constituição Federal, é correto afirmar: a) a integração do PPA com a LOA se dá por intermédio do programa, enquanto a LDO define as metas e prioridades da Administração Federal. b) os principais elementos de estruturação do PPA são a função e a subfunção de governo. c) as propostas de alteração dos projetos de lei relativos ao PPA, a LDO e a LOA podem ser encaminhadas pelo Presidente da República e apreciadas pelo Congresso a qualquer tempo. d) os recursos que ficarem sem despesa correspondente em razão de veto ou rejeição do projeto de lei orçamentária deverão ser transferidos ao exercício seguinte. e) em razão da soberania do Congresso Nacional, a sua competência para alterar o projeto de lei orçamentária não sofre limitações. 13. (ESAF - APO 2010) Assinale a opção falsa a respeito da Lei Orçamentária Anual de que trata o art. 165 da Constituição Federal.

a) No âmbito do Congresso Nacional, é analisada por comissão mista, cuja atribuição é o exame de matérias de natureza orçamentária. b) O envio da proposta de lei ao Congresso Nacional é de competência do Presidente da República, para o orçamento do Poder Executivo, e dos chefes dos demais Poderes, para os seus respectivos orçamentos. c) Em obediência ao princípio orçamentário da exclusividade, não poderá conter matéria estranha ao orçamento. d) O orçamento de investimento das empresas que a União detenha a maioria do capital votante integra a Lei Orçamentária Anual. e) O projeto de lei orçamentária será acompanhado de demonstrativo regionalizado do efeito, sobre as receitas e despesas, decorrente de isenções, anistias, remissões, subsídios e benefícios de natureza financeira, tributária e creditícia. 14. (ESAF - APO 2010) Assinale a opção falsa a respeito do ciclo orçamentário no Brasil. a) É um processo integrado de planejamento das ações e compreende a elaboração do Plano Plurianual, da Lei de Diretrizes Orçamentárias e da Lei Orçamentária Anual, bem como a execução e avaliação desses instrumentos. b) É o processo de elaboração da Lei Orçamentária Anual, que se inicia no envio da proposta de orçamento ao Congresso Nacional e se encerra na sanção da lei. c) Na elaboração dos instrumentos que compõem o ciclo orçamentário, o Congresso Nacional tem competência para realizar modificações nas propostas a ele encaminhadas. d) É um processo contínuo, dinâmico e flexível para a elaboração, aprovação, execução, controle e avaliação dos programas do setor público. e) A Comissão Mista de Orçamento tem papel importante nas etapas de elaboração e fiscalização. 15. (ESAF - APO 2008) A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) atribuiu novas e importantes funções ao orçamento e à Lei de Diretrizes Orçamentárias. Nos termos da LRF, a Lei de Diretrizes Orçamentárias recebeu novas e importantes funções entre as quais não se inclui: a) mostrar as despesas relativas à dívida pública, mobiliária ou contratual e respectivas receitas, sendo o financiamento da dívida demonstrado de forma separada nas leis de créditos adicionais. b) estabelecer critérios e formas de limitação de empenho, na ocorrência de arrecadação da receita inferior ao esperado, de modo a comprometer as metas de resultado primário e nominal previstas para o exercício. c) quantificar o resultado primário obtido com vistas à redução do montante da dívida e despesas com juros. d) dispor sobre o controle de custos e avaliação dos resultados dos programas financiados pelo orçamento. e) disciplinar as transferências de recursos a entidades públicas e privadas.

GABARITO

Page 22: Questões de administração financeira e orçamentária (afo)   pass aki - apostila

22

CAPÍTULO 3: créditos adicionais; receita: conceitos e

classificações.

1. CRÉDITOS ADICIONAIS

Após aprovada a lei orçamentária e durante a sua execução,

podem surgir situações que imponham à Administração Pública

reforçar as dotações aprovadas na LOA ou mesmo autorizar

novas despesas que inicialmente não estavam previstas no

orçamento.

Tais circunstâncias são solucionadas mediante Créditos

Adicionais, que, na definição da Lei nº 4.320/64, são:

“Art. 40. São créditos adicionais, as autorizações de despesa

não computadas ou insuficientemente dotadas na Lei de

Orçamento.”

Ou seja, são despesas que não constavam da LOA ou que,

mesmo previstas, necessitam de reforço.

1.1. Tipos de créditos adicionais

Os créditos adicionais se dividem em três tipos:

(i) Suplementares;

(ii) Especiais; e

(iii) Extraordinários

Vejamos as definições trazidas pela Lei nº 4.320/64:

“Art. 41. Os créditos adicionais classificam-se em:

I - suplementares, os destinados a refôrço de dotação orçamentária;

II - especiais, os destinados a despesas para as quais não haja dotação orçamentária específica;

III - extraordinários, os destinados a despesas urgentes e imprevistas, em caso de guerra, comoção intestina ou calamidade pública.” (grifos nossos)

A CF/88 também define o crédito extraordinário, em seu artigo 167, §3º:

“art. 167 (...)

§ 3º - A abertura de crédito extraordinário somente será admitida para atender a despesas imprevisíveis e urgentes, como as

decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade pública, observado o disposto no art. 62.”

Cabe ressaltar, em relação ao crédito extraordinário, que sua utilização se aplica a despesas imprevisíveis e urgentes. Portanto, os casos de guerra, calamidade pública e comoção interna são meros exemplos desse tipo de situação.

IMPORTANTE!

I. Apenas o crédito suplementar pode ser aprovado na LOA, na forma do art. 165, 8º da CF/88:

“art. 165 (...)

§ 8º - A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da despesa, não se incluindo na proibição a autorização para abertura de créditos suplementares e contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita, nos termos da lei.” (grifo nosso).

II. Os créditos especiais e extraordinários podem excepcionar o princípio da anualidade, desde que os atos que os aprovarem sejam promulgados nos quatro últimos meses do exercício e, no final deste, tenham saldo. Nesta hipótese, poderão ser reabertos e incorporados ao orçamento do ano seguinte.

“art. 167 (...)

§ 2º - Os créditos especiais e extraordinários terão vigência no exercício financeiro em que forem autorizados, salvo se o ato de autorização for promulgado nos últimos quatro meses daquele exercício, caso em que, reabertos nos limites de seus saldos, serão incorporados ao orçamento do exercício financeiro subseqüente.”

1.2. Autorização e abertura dos créditos adicionais

Créditos Suplementares e Especiais

Conforme determina o art. 42 da Lei nº 4.320/64, os créditos

suplementares e especiais devem ser autorizados por lei e

abertos por decreto.

“Art. 42. Os créditos suplementares e especiais serão autorizados por lei e abertos por decreto executivo.”

Entretanto, as LDOs vêm dispensando o decreto de abertura, a exemplo da Lei nº 12.309/2010 (LDO 2011):

“art. 56 (...)

§ 8o Os créditos adicionais aprovados pelo Congresso Nacional serão considerados automaticamente abertos com a sanção e publicação da respectiva lei.”

Page 23: Questões de administração financeira e orçamentária (afo)   pass aki - apostila

23

Para a autorização de crédito suplementar ou especial não é

necessária a elaboração de uma lei autorizativa para cada

crédito. A LDO 2011 permite que uma mesma lei autorize vários

créditos, desde que sejam do mesmo tipo:

“art. 56 (...)

§ 6o Cada projeto de lei e a respectiva lei deverão restringir-se a um único tipo de crédito adicional, conforme definido no art. 41, incisos I e II, da Lei nº 4.320, de 1964.”

Cabe lembrar, ainda que a iniciativa de projetos de lei em matéria orçamentária, inclusive sobre créditos adicionais, cabe ao Poder Executivo. A LDO 2011 reforça esta determinação constitucional:

“Art. 56. Os projetos de lei relativos a créditos suplementares e especiais serão encaminhados pelo Poder Executivo ao Congresso Nacional, também em meio magnético, sempre que possível de forma consolidada de acordo com as áreas temáticas definidas no art. 26 da Resolução no 1, de 2006-CN, ajustadas a reformas administrativas supervenientes.”

Conforme previsto na LDO de 2011, os créditos suplementares autorizados na LOA serão abertos por ato próprio dos chefes dos órgãos indicados no § 1º do art. 57:

“Art. 57. As propostas de abertura de créditos suplementares autorizados na Lei Orçamentária de 2011, ressalvado o disposto no § 1o deste artigo, serão submetidas ao Presidente da República, quando for o caso, acompanhadas de exposição de motivos que inclua a justificativa e a indicação dos efeitos dos cancelamentos de dotações sobre a execução das atividades, projetos, operações especiais, e respectivos subtítulos e metas, observado o disposto no § 9o do art. 56 desta Lei.

§ 1o Os créditos a que se refere o caput deste artigo, com indicação de recursos compensatórios dos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário e do MPU, nos termos do art. 43, § 1o, inciso III, da Lei no 4.320, de 1964, serão abertos, no âmbito desses Poderes e Órgão, observadas as normas estabelecidas pela Secretaria de Orçamento Federal do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão e o disposto no § 9o deste artigo, por atos:

I - dos Presidentes da Câmara dos Deputados, do Senado Federal e do TCU;

II - dos Presidentes do Supremo Tribunal Federal, do Conselho Nacional de Justiça, do Conselho da Justiça Federal, do Conselho Superior da Justiça do Trabalho, dos Tribunais Superiores e do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios; e

III - do Procurador-Geral da República e do Presidente do Conselho Nacional do Ministério Público.”

Créditos extraordinários

Ao contrário dos créditos suplementares e especiais, os créditos extraordinários não necessitam de autorização legislativa e serão abertos mediante decreto executivo, de acordo com o previsto no artigo 44 da Lei nº 4.320/64:

“Art. 44. Os créditos extraordinários serão abertos por decreto do Poder Executivo, que dêles dará imediato conhecimento ao Poder Legislativo.”

Entretanto, no caso da União, os créditos extraordinários serão abertos por meio de medida provisória, conforme previsão do art. 62 da CF/88:

“art. 62 (...)

§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:

(...)

I - relativa a:

(...)

d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e suplementares, ressalvado o previsto no art. 167, § 3º;” (grifo nosso).

Os estados e municípios que tiverem previsão, em suas respectivas constituições e leis orgânicas, de edição de medida provisória, utilizarão este instrumento para abertura de seus créditos extraordinários.

A abertura de créditos extraordinários e especiais mediante decreto ou medida provisória tem por finalidade dar celeridade à sua execução, na medida em que esse tipo de crédito se aplica a situações imprevisíveis e urgentes, ou seja, circunstâncias que demandam a pronta atuação do poder público, o que não seria possível, caso a abertura de tais créditos fosse precedida da tramitação de uma lei.

IMPORTANTE!

As leis que autorizam créditos adicionais (leis que modificam o orçamento) seguem o mesmo trâmite legislativo da LOA, inclusive quanto às emendas:

“art. 166 (...) § 3º - As emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou aos projetos que o modifiquem somente podem ser aprovadas caso: I - sejam compatíveis com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias;

Page 24: Questões de administração financeira e orçamentária (afo)   pass aki - apostila

24

II - indiquem os recursos necessários, admitidos apenas os provenientes de anulação de despesa, excluídas as que incidam sobre: a) dotações para pessoal e seus encargos; b) serviço da dívida; c) transferências tributárias constitucionais para Estados, Municípios e Distrito Federal; ou III - sejam relacionadas: a) com a correção de erros ou omissões; ou b) com os dispositivos do texto do projeto de lei.” (grifo nosso) 1.3. Fontes de recursos

Para a abertura de créditos suplementares e especiais devem

ser indicadas as fontes de recursos, o que é desnecessário para

os créditos extraordinários, posto que são abertos em

circunstâncias excepcionais, as quais, como já dissemos,

demandam pronta atuação do poder público.

O artigo 43 da Lei. 4.320/64 determina a indicação das fontes de

recursos para abertura de créditos suplementares e especiais:

“Art. 43. A abertura dos créditos suplementares e especiais

depende da existência de recursos disponíveis para ocorrer a

despesa e será precedida de exposição justificativa.”

Os recursos indicados como fontes não são necessariamente

financeiros, podendo ser orçamentários, como no caso do

cancelamento de outras dotações. As fontes de recursos para

abertura de créditos suplementares e especiais são:

1. cancelamento total ou parcial de outras despesas;

2. operações de crédito vinculadas;

3. cancelamento total ou parcial da reserva de

contingência;

4. recursos que, em decorrência de veto, emenda ou

rejeição da LOA, ficarem sem as despesas

correspondentes (CF/88);

5. excesso de arrecadação do exercício;

6. superávit financeiro apurado em balanço patrimonial do

exercício anterior.

O artigo 43 da Lei nº 4.320/64 aponta as fontes de recursos 1, 2, 3, 5 e 6. A fonte de recursos nº 5, da tabela acima, é indicada pela CF/88.

Vejamos o art.43 da Lei nº 4.320/64:

“ art. 43 (...)

§ 1º Consideram-se recursos para o fim deste artigo, desde que não comprometidos:

I - o superávit financeiro apurado em balanço patrimonial do exercício anterior;

II - os provenientes de excesso de arrecadação;

III - os resultantes de anulação parcial ou total de dotações orçamentárias ou de créditos adicionais, autorizados em Lei;

IV - o produto de operações de credito autorizadas, em forma que juridicamente possibilite ao poder executivo realizá-las.

§ 2º Entende-se por superávit financeiro a diferença positiva entre o ativo financeiro e o passivo financeiro, conjugando-se, ainda, os saldos dos créditos adicionais transferidos e as operações de credito a eles vinculadas.

§ 3º Entende-se por excesso de arrecadação, para os fins deste artigo, o saldo positivo das diferenças acumuladas mês a mês entre a arrecadação prevista e a realizada, considerando-se, ainda, a tendência do exercício.

§ 4° Para o fim de apurar os recursos utilizáveis, provenientes de excesso de arrecadação, deduzir-se-á a importância dos créditos extraordinários abertos no exercício.”

A reserva de contingência é uma das fontes de recursos para abertura de créditos adicionais, pois se enquadra no cancelamento total ou parcial de despesas. A reserva de contingência, embora seja denominada “reserva”, trata-se de uma despesa fixada no orçamento, cuja finalidade é ser cancelada para servir de fonte de recursos para outras despesas.

Vamos entender em maior detalhe o excesso de arrecadação e o superávit financeiro apurado em balanço patrimonial do exercício anterior.

Excesso de arrecadação

De acordo com o texto do art. 43 da Lei 4.320/64, o excesso de

arrecadação é a diferença positiva, apurada mês a mês, entre a

receita realizada e a receita prevista. Importante ressaltar que a

lei determina que a tendência do exercício deva ser levada em

consideração na apuração do excesso de arrecadação

disponível para abertura de créditos adicionais.

Page 25: Questões de administração financeira e orçamentária (afo)   pass aki - apostila

25

Exemplo

Suponha que a arrecadação para o exercício de 2011 tenha sido

prevista para $ 1.200. Esta previsão é desdobrada de forma que

se tenham previsões parciais mensais. Suponha, ainda, que a

previsão de arrecadação tenha sido de $ 400 até o mês de maio

de 2011 e que a receita realizada no mesmo período tenha sido

de $ 500.

A realização da receita até maio pode permitir uma nova

estimativa para a arrecadação do exercício de, por exemplo,

$ 1.400 (estamos considerando, aqui, a tendência do exercício,

conforme determina a Lei nº 4.320/64). Confrontando-se a nova

estimativa de receitas para 2011 com a anterior, verifica-se um

excesso de arrecadação de $ 200, ou seja, $ 1.400 menos

$ 1.200.

Importante destacar que o excesso de arrecadação é estimado

considerando-se a tendência do exercício e não apenas a

diferença entre a receita prevista e aquela efetivamente

realizada até determinada época do exercício financeiro.

Para completar a apuração do excesso de arrecadação

disponível para abertura de créditos suplementares ou especiais

é necessário, ainda, deduzir o montante referente aos créditos

extraordinários abertos no exercício.

Superávit financeiro apurado em balanço patrimonial do

exercício anterior

O superávit financeiro apurado em balanço patrimonial

compreende a diferença entre o ativo e o passivo financeiro. A

essa diferença deve ser acrescentada a sobre de operações de

crédito vinculadas a créditos adicionais reabertos.

Exemplo

Suponha que, ao final de 2010, o ativo financeiro tenha

totalizado $ 1.200 e o passivo financeiro, $ 900. Esta informação

nos permite concluir que o superávit financeiro seria de $ 300

(1.200 – 900).

Para melhorar nosso exemplo, vamos supor que, em outubro de

2010, foi autorizado um crédito especial no valor de $ 400, que

teve uma operação de crédito, no mesmo valor, como fonte de

recursos. Suponhamos, ainda que, ao final do exercício de 2010,

esse crédito possuía saldo de $ 150.

Em 2011, o referido crédito especial teria sido reaberto no valor

de $ 80, o que liberou $ 70 da operação de crédito a ele

vinculada ($ 150 de saldo menos $ 80 reabertos). Esta “sobra”

da operação de crédito vinculada ao crédito reaberto se

incorpora ao superávit financeiro, fazendo com que o total dos

recursos disponíveis para abertura de créditos adicionais em

2011 seja de $ 370 (1.200 – 900 + 150 – 80).

2. RECEITA

As realizações do governo dependem, em grande medida, dos

recursos financeiros disponíveis para aplicação nas ações

orçamentárias.

A classificação da receita permite ao poder público identificar as

fontes geradoras de recursos financeiros, bem como segregar as

receitas vinculadas a alguma finalidade específica (vinculações

entre receitas e fundo, órgão ou despesa).

2.1. Conceito

De acordo com Hugh Dalton, os recursos públicos podem ser

definidos lato sensu (sentido amplo) ou strictu sensu (sentido

estrito). Em sentido amplo, são todos os recebimentos ou

entradas em dinheiro. Em sentido estrito, são os recursos

recebidos sem reservas ou redução do ativo e que não serão

devolvidos.

Aliomar Baleeiro define receita pública em sentido estrito como:

“a entrada que, integrando-se no patrimônio público sem

quaisquer reservas, condições ou correspondência no passivo,

vem acrescer o seu vulto, como elemento novo e positivo”.

A Lei nº 4.320/64, em seu artigo 57 cunhou a seguinte definição

para a receita orçamentária:

“Art. 57. Ressalvado o disposto no parágrafo único do artigo 3º

desta lei serão classificadas como receita orçamentária, sob as

rubricas próprias, tôdas as receitas arrecadadas, inclusive as

provenientes de operações de crédito, ainda que não

previstas no orçamento.” (grifo nosso)

Conforme se verifica a partir da definição legal, as operações de

crédito constituem receitas orçamentárias (desde que não sejam

do tipo ARO), apesar de serem acompanhadas de

correspondência no passivo. Portanto, percebe-se que, de

acordo com a doutrina apresentada, a legislação adotou o

conceito de receita pública em sentido amplo para conceituar a

receita orçamentária.

Page 26: Questões de administração financeira e orçamentária (afo)   pass aki - apostila

26

Entretanto, não é esta a interpretação do MTO, conforme se vê

na definição por ele apresentada:

“As receitas orçamentárias são disponibilidades de recursos

financeiros que ingressam durante o exercício orçamentário e

constituem elemento novo para o patrimônio público.” (MTO,

p. 16).

Observe que a definição do MTO traz a expressão “elemento

novo”, cunhada por Aliomar Baleeiro e que supõe um conceito

de receita pública em sentido estrito, na definição daquele

doutrinador.

Entretanto, os conceitos de receita pública em sentido amplo e

estrito adotados pelo MTO parecem divergir daqueles

consagrados pela doutrina, pois o manual conceitua como

receita pública lato sensu quaisquer recursos financeiros que

ingressem nos cofres públicos. Em contrapartida, as receitas

orçamentárias corresponderiam à definição de receita pública

em sentido estrito, pois corresponderiam apenas àqueles

recursos financeiros arrecadados pelo poder público e que

estariam disponíveis para o pagamento da despesa pública.

A figura a seguir esquematiza a conceituação adotada pelo

MTO.

Em arremate, o MTO define:

“Em sentido estrito, são públicas apenas as receitas

orçamentárias” (MTO, p. 16).

Conquanto o MTO pareça divergir de doutrina, para efeito de

prova, deve-se segui-lo, ou seja, receitas orçamentárias são

receitas públicas em sentido estrito.

Voltemos à definição de receita orçamentária adotada pela Lei nº

4.320/64:

“Art. 57. Ressalvado o disposto no parágrafo único do artigo 3º

desta lei serão classificadas como receita orçamentária, sob as

rubricas próprias, tôdas as receitas arrecadadas, inclusive as

provenientes de operações de crédito, ainda que não

previstas no orçamento.” (grifo nosso)

O parágrafo único do art. 3º apresenta as receitas

extraorçamentárias:

“Art. 3º A Lei de Orçamentos compreenderá tôdas as receitas, inclusive as de operações de crédito autorizadas em lei.

Parágrafo único. Não se consideram para os fins deste artigo as

operações de credito por antecipação da receita, as

emissões de papel-moeda e outras entradas

compensatórias, no ativo e passivo financeiros.” (grifo

nosso).

A partir da definição legal da receita orçamentária, pode-se

destacar os seguintes aspectos:

- a receita orçamentária não se restringe apenas ao montante

previsto na LOA, pois recursos não previstos no orçamento, tais

como doações em dinheiro, serão contabilizados como receita

orçamentária, ainda que sua previsão não tenha constado do

orçamento.

- o parágrafo único do artigo 3º da Lei nº 4.320/64 apresenta as

receitas extraorçamentárias:

(i) Ingressos financeiros decorrentes de ARO;

(ii) Ingressos financeiros em razão de recebimento de

depósitos, cauções, fianças; e

(iii) Emissão De papel-moeda.

Os ingressos financeiros originados de ARO não podem ser

contabilizados como receita orçamentária, pois, embora sejam

recursos disponíveis para o pagamento da despesa pública,

representam antecipação de recursos previstos na LOA.

Portanto, o registro de tais ingressos como receita orçamentária

acarretaria um erro de dupla contagem de receitas

orçamentárias.

Os depósitos, cauções e fianças (exemplos de entradas

compensatórias) representam ingressos financeiros que não

estão disponíveis para o pagamento da despesa pública, pois

constituem recursos que estão temporariamente sob a posse do

governo. A título de exemplo desse tipo de receita

extraorçamentária, pode-se citar a situação em que o poder

público, ao celebrar um contrato administrativo com um

particular, recebe uma caução em dinheiro como forma de

garantia para a execução do contrato. Tal recurso não pertence

ao estado e, provavelmente, deverá ser restituído ao contratado

ao final da avença. É por isso, que o registro contábil deste

evento (e das demais entradas compensatórias) se faz por meio

da contabilização de um ativo financeiro simultanemente ao

reconhecimento de um passivo financeiro.

Page 27: Questões de administração financeira e orçamentária (afo)   pass aki - apostila

27

O financiamento de despesas públicas por meio de emissão de

papel-moeda se mostrou, no passado, uma das causas de

desvalorização do meio circulante (dinheiro), sendo uma das

principais razões da vedação do seu reconhecimento como

receita orçamentária.

IMPORTANTE!

O Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público

(MCASP) – Parte V – Demonstrações Contábeis Aplicadas

ao Setor Público indica que a inscrição em restos a pagar

representa uma receita extraorçamentária. Vejamos o texto do

supramencionado manual (MCASP – Parte V, p. 18):

“RECEBIMENTOS EXTRAORÇAMENTÁRIOS Nesse grupo são evidenciados os ingressos não previstos no orçamento, que serão restituídos em época própria, por decisão administrativa ou sentença judicial. Consistem, por exemplo, em: (i) ingresso de recursos que se constituem obrigações relativas a consignações em folha, fianças, cauções, etc.; e (ii) inscrição de restos a pagar, com a função de compensar o valor da despesa orçamentária imputada como realizada, porém não paga no exercício da emissão do empenho, em atendimento ao parágrafo único do artigo 103 da Lei nº 4.320/1964.” (grifo nosso)

Classificações da receita pública

- quanto ao ingresso

- quanto à coercitividade

- quanto à afetação patrimonial

- quanto à regularidade

Quanto ao ingresso, as receitas públicas podem ser

classificadas como orçamentárias ou extraorçamentárias.

Orçamentárias são os ingressos de recursos financeiros

disponíveis para o pagamento da despesa pública. As receitas

extraorçamentárias representam recursos temporários, que não

se incorporam ao patrimônio público, tais como cauções em

dinheiro.

Quanto à coercitividade, as receitas se classificam originárias

e derivadas. As receitas originárias são aquelas arrecadadas

por meio da exploração de atividades econômicas pela

Administração Pública. Resultariam, principalmente, de rendas

do patrimônio mobiliário e imobiliário do Estado (receita de

aluguel), de preços públicos, de prestação de serviços

comerciais e de venda de produtos industriais ou agropecuários.

Receitas derivadas são aquelas obtidas pelo poder público por

meio da soberania estatal. Decorreriam de imposição

constitucional ou legal e, por isso, auferidas de forma impositiva,

como, por exemplo, as receitas tributárias e as de contribuições

especiais.

Quanto à afetação patrimonial, as receitas se dividem em

efetivas e não efetivas (por mutação patrimonial). As receitas

efetivas são aquelas que provocam aumento da situação líquida,

ou seja, são receitas no sentido da Ciência Contábil. Por outro

lado, as receitas não efetivas não alteram a situação líquida do

ente público. Como exemplo de receita efetiva, temos os

impostos, ao passo que os recursos obtidos por meio da

alienação de bens são receitas não efetivas, pois o ingresso de

recursos financeiros é compensado pela redução do ativo

provocada pela saída (baixa) do bem alienado, o que representa

uma variação passiva orçamentária, também conhecida como

mutação passiva. Portanto, pode-se dizer que as receitas não

efetivas são acompanhadas de mutações passivas.

Quanto à regularidade, as receitas podem ser ordinárias, ou

seja, são arrecadadas regularmente (impostos, por exemplo), ou

extraordinárias, auferidas eventualmente (receita de alienação

de bens, por exemplo).

EXERCÍCIOS

1. (SF Consultor de Orçamento 2008) Não constitui fonte de recursos para a abertura de créditos adicionais: (A) o superávit da execução orçamentária apurado no balanço financeiro do exercício anterior. (B) o saldo positivo das diferenças acumuladas mês a mês, entre a arrecadação prevista e a realizada, considerando-se ainda a tendência do exercício. (C) o produto das operações de crédito autorizadas, em forma que juridicamente possibilite ao Poder Executivo realizá-las. (D) os resultantes de anulação parcial ou total de dotações orçamentárias ou de créditos adicionais, autorizados em Lei. (E) a diferença positiva entre o ativo financeiro e o passivo financeiro, conjugando-se, ainda, os saldos dos créditos adicionais transferidos e as operações de credito a eles vinculadas. 2. (SAD/PE APO 2008) A respeito dos créditos adicionais, analise as afirmativas a seguir. I. Os créditos suplementares terão vigência no exercício em que forem abertos, salvo se o ato de autorização for promulgado nos últimos quatro meses daquele exercício, caso em que, reabertos nos limites de seus saldos, serão incorporados ao orçamento do exercício financeiro subsequente. II. Os recursos que, em decorrência de veto, emenda ou rejeição do projeto de lei orçamentária anual, ficarem sem despesas correspondentes poderão ser utilizados, conforme o caso, mediante créditos especiais ou suplementares, com prévia e específica autorização legislativa.

Page 28: Questões de administração financeira e orçamentária (afo)   pass aki - apostila

28

III. A abertura de crédito especial sem prévia autorização legislativa e sem indicação dos recursos correspondentes somente será permitida para atender às despesas imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade pública. IV. A abertura de créditos suplementares e especiais depende da existência de recursos disponíveis para atender à despesa entre os quais se inclui o superávit financeiro apurado em balanço patrimonial do exercício anterior. Assinale: (A) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas. (B) se somente as afirmativas I e IV estiverem corretas. (C) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas. (D) se somente as afirmativas II e IV estiverem corretas. (E) se somente as afirmativas III e IV estiverem corretas.

3. (TCM/RJ Auditor 2008) Tendo em vista o que traz a CRFB/88 sobre os créditos adicionais, assinale a alternativa correta. (A) Não é vedada a realização de despesas ou a assunção de obrigações diretas que excedam os créditos orçamentários ou adicionais, visto que a finalidade desses créditos é exatamente alterar o orçamento. (B) É vedada a abertura de crédito especial sem prévia autorização legislativa, mas, uma vez autorizada, não há necessidade de a lei indicar os recursos correspondentes. (C) A abertura de créditos especiais e extraordinários somente será admitida para atender a despesas imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade pública. (D) Os créditos especiais e extraordinários terão vigência no exercício financeiro em que forem autorizados, salvo se o ato de autorização for promulgado nos últimos quatro meses daquele exercício, caso em que, reabertos nos limites de seus saldos, serão incorporados ao orçamento do exercício financeiro subseqüente. (E) Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes orçamentárias, ao orçamento anual e aos créditos adicionais serão apreciados pelo Senado na forma do regimento comum.

4. (TCM/RJ Auditor 2008) Assinale a assertiva correta. (A) Os créditos adicionais, independentemente da sua modalidade, podem ser inseridos por medida provisória. (B) A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios não poderá exceder os limites estabelecidos em lei complementar. (C) Nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exercício financeiro poderá ser iniciado sem prévia lei que autorize a inclusão, salvo se autorizado por medida provisória editada pelo chefe do Poder Executivo. (D) É permitida a edição de medida provisória sobre matéria relativa ao plano plurianual, diretrizes orçamentárias e créditos adicionais e suplementares. (E) Embora seja vedada a realização de despesas que excedam os créditos orçamentários ou adicionais, o mesmo não acontece com a assunção de obrigações diretas que venham a exceder os respectivos créditos.

5. (CAERN Administrador 2010) Os créditos adicionais são autorizações concedidas ao chefe de Poder para que ele realize as despesas além (ou de forma diferente) do que estava previsto no orçamento. Na prática, corresponde a uma autorização do Poder Legislativo ao Poder Executivo. É necessário que essa autorização seja concedida por meio de lei, uma vez que o orçamento no Brasil é uma lei (LOA) e, para modificá-la, é preciso outra lei. Nesse diapasão, caso o Poder Executivo arrecade um valor

maior do que o previsto (superávit na arrecadação), solicitará

que o orçamento seja alterado, aumentando-se o poder de

gasto. Assim, encaminhará ao Parlamento um projeto de lei

pleiteando um valor a maior em determinado programa de

trabalho. Uma vez que a iniciativa no processo orçamentário

compete ao Poder Executivo, somente ele poderá fazer esse

encaminhamento. Ou seja, caso outro chefe de Poder (Judiciário

ou Ministério Público) queira aumentar seu poder de gasto,

deverá negociar sua solicitação com o Executivo.

De acordo com a Lei nº 4.320/1964, os créditos adicionais

compreendem três espécies, que alteram os valores originais

constantes da LOA (créditos ordinários). A espécie que se

destina a atender programas de trabalhos novos, que não

estavam inicialmente previstos no orçamento, como, por

exemplo, a criação de um novo órgão, pode ser definida como

(A) Específico

(B) Extraordinário

(C) Suplementar

(D) Especial

(E) Complementar

6. (AGU ADMINISTRADOR 2010) O crédito especial é o único que pode ter sua abertura autorizada no âmbito da própria lei orçamentária. 7. (DPU ANALISTA TÉCNICO ADMINISTRATIVO 2010) Há situações que demandam alteração do orçamento, uma vez iniciada sua execução, em função de situações emergenciais, contingências econômico-administrativas ou falhas de planejamento. A forma de alterar a lei orçamentária vigente é mediante a abertura de créditos adicionais. A lei nª 4.320/1964 já dispunha sobre o assunto, mas sofreu alterações face o texto constitucional vigente. Com relação a esse assunto, assinale a opção correta. A) A abertura de crédito extraordinário somente será admitida

para atender a despesas decorrentes de guerra, comoção

interna ou calamidade pública, por meio da edição da medida

provisória.

B) Os créditos especiais e extraordinários terão vigência no

exercício financeiro em que forem abertos, salvo se o ato de

abertura for publicado nos quatro últimos meses daquele

exercício, caso em que, reabertos nos limites de seus saldos,

Page 29: Questões de administração financeira e orçamentária (afo)   pass aki - apostila

29

por decreto legislativo, será incorporados ao orçamento do

exercício financeiro subseqüente.

C) As emendas parlamentares aos projetos de lei de créditos

adicionais precisam ser compatíveis com o que dispõe a Lei de

Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei do Plano Plurianual

(LPPA).

D) Consideram-se recursos disponíveis, para fins de abertura

de créditos suplementares e especiais, os provenientes do

excesso de arrecadação, que se constituem no saldo positivo

das diferenças, acumuladas mês a mês, entre a arrecadação

prevista e a realizada, considerando-se, ainda, a tendência do

exercício e descontado o percentual do excesso

obrigatoriamente destinado pela LDO à amortização da dívida

pública na forma da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

E) Os créditos especiais, por serem autorizados mediante

medida provisória, não são deliberados na comissão mista a que

se refere o art. 166 da Constituição Federal de 1988.

8. (ACE/TCU 2004) Não é possível a abertura de crédito extraordinário por meio de medida provisória. Considere a seguinte situação hipotética. 9. (ACE/TCU 2004) Para atender despesas urgentes, que decorreram de situação de calamidade pública, um prefeito municipal editou decreto abrindo crédito extraordinário, sem, no entanto, indicar os recursos compensatórios. Nessa situação, a solução adotada tem amparo legal, havendo a obrigatoriedade, entretanto, de que o valor do crédito extraordinário seja compensado quando da utilização de recursos provenientes de excesso de arrecadação para a abertura de créditos adicionais. 10. (ACE/TCU 2004) Para atender a despesas imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes de guerra, de comoção interna ou de calamidade pública, o Poder Executivo federal, amparado nas disposições da Lei n.º 4.320/1964, pode editar decreto abrindo crédito extraordinário. Os créditos adicionais são autorizações de despesa não computada ou insuficientemente dotada na Lei de Orçamento, classificando-se, entre eles, os créditos especiais. Esses créditos 11. (ACE/TCU 2007) têm por finalidade atender a despesas imprevisíveis e urgentes e exigem tramitação diversa da aplicada aos demais créditos adicionais. 12. (IBRAM/DF ANALISTA ADMINISTRATIVO 2009) Independentemente da data de abertura do crédito adicional suplementar, os saldos não empenhados até o final do exercício financeiro serão extintos. 13. (IBRAM/DF ANALISTA ADMINISTRATIVO 2009) De acordo com a classificação da despesa orçamentária segundo a sua

natureza, os elementos de despesa com as mesmas características quanto ao objeto do gasto serão agregados no nível grupo de despesa. 14. (TCE/AC ANALISTA ADMINISTRATIVO 2008) O governador eleito de determinado estado, com o objetivo de desconcentrar as atividades do Poder Executivo, decidiu implementar, no primeiro ano do seu mandato, secretarias regionais, criando estruturas que transferiram da capital para o interior parte do poder de decisão do Poder Executivo. Para funcionar, as secretarias regionais precisariam de uma estrutura mínima composta por secretário, secretário-adjunto, assessores, consultores e gerentes. A criação de secretarias regionais não estava prevista na época de elaboração do orçamento feito pelo seu antecessor e aprovado pela assembléia legislativa, para vigorar no primeiro ano do mandato do novo governador; portanto, não existia dotação orçamentária. Considerando a situação hipotética descrita, assinale a opção correta. A) Para cobrir as despesas das estruturas das secretarias regionais, o governador pode ordenar o seu pagamento pelas secretarias já existentes na estrutura do governo. B) O governador pode usar o superavit financeiro apresentado no balanço patrimonial do exercício anterior por meio da abertura de crédito suplementar, desde que autorizado na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), para atender às despesas das novas secretarias. C) As despesas das secretarias regionais podem ser cobertas com a criação de créditos especiais, autorizados pelo Poder Legislativo por meio de lei, desde que existam recursos disponíveis. D) A lei orçamentária vigente pode ser alterada por meio de crédito suplementar destinado a suprir as despesas nas secretarias criadas pelo governador. E) De acordo com a Lei n.º 4.320/1964, o governador poderá abrir crédito extraordinário para atender às despesas das secretarias regionais, desde que promulgado nos oito primeiros meses do exercício. 15. (TCE/DF ACE 2002) Considere a seguinte situação hipotética. Com vistas a atender despesas insuficientemente dotadas na lei orçamentária, o presidente do tribunal de justiça de determinado estado encaminhou à Assembléia Legislativa projeto de lei em que solicitava autorização para a abertura de créditos suplementares ao orçamento do tribunal. Em atenção às normas que disciplinam a matéria, estão indicadas no projeto dotações para cancelamento. Nessas condições, o encaminhamento feito pelo presidente do tribunal tem amparo legal. 16. (TCE/DF ACE 2002) Considere a seguinte situação hipotética.

Page 30: Questões de administração financeira e orçamentária (afo)   pass aki - apostila

30

Por meio de decreto, um prefeito municipal estabeleceu que créditos especiais autorizados nos últimos quatro meses do exercício poderão ser reabertos no exercício seguinte, nos limites de seus saldos apurados em 31 de dezembro, na hipótese de existir superávit financeiro suficiente apurado em balanço patrimonial. Nessa situação, a medida tem amparo legal. 17. (TCE/DF ACE 2002) Considere a seguinte situação hipotética. Um prefeito municipal encaminhou projeto de lei à Câmara de Vereadores no qual solicitava autorização para a abertura de crédito especial destinado à aquisição de computadores para as escolas municipais. Para ocorrer a despesa, foi indicada a arrecadação de nova taxa, cuja criação está sendo solicitada à Câmara Municipal por meio de outro projeto de lei. Apreciado preliminarmente, o projeto de lei deve, com base na legalidade, ser aprovado. 18. (SAD/PE APOG 2010) Com relação a créditos adicionais, assinale a opção correta. A) O ato que abre o crédito adicional não precisa indicar a classificação da despesa. B) O superávit orçamentário do exercício anterior é uma das fontes para abertura de créditos adicionais. C) É vedada a abertura de crédito adicional extraordinário sem indicação dos recursos correspondentes. D) Os créditos adicionais podem ter vigência plurianual. E) A lei orçamentária anual pode trazer autorização para a abertura de créditos suplementares.

Julgue os itens subsequentes, que versam acerca da LOA, dos créditos adicionais e da conta única. 19. (MPU ANALISTA DE CONTROLE INTERNO 2010) A vigência de todo crédito adicional está restrita ao exercício em que esse crédito foi aberto. A prorrogação da vigência é permitida somente para os créditos especiais e extraordinários, quando autorizados em um dos quatro últimos meses do exercício. 20. (MPU ANALISTA DE CONTROLE INTERNO 2010) Os créditos adicionais são somente aqueles destinados a autorizações de despesas incluídas na LOA que não foram suficientemente dotadas. 21. (MPU ANALISTA DE CONTROLE INTERNO 2010) Os créditos suplementares e especiais devem ter autorização prévia obrigatoriamente incluída na própria LOA. 22. (MPU ANALISTA DE CONTROLE INTERNO 2010) Quanto à finalidade, os créditos suplementares são reforços para a categoria de programação contemplada na LOA, enquanto os

créditos especiais e os extraordinários atendem a despesas imprevisíveis e urgentes. 23. (MPU TÉCNICO DE ORÇAMENTO 2010) Os créditos adicionais provocam, necessariamente, um aumento do valor global do orçamento aprovado. 24. (ABIN Agente Técnico de Inteligência Adiministração 2010) Suponha que um crédito especial tenha sido autorizado em novembro de determinado ano, mas não tenha sido inteiramente utilizado até o final do exercício. Nesse caso, ele poderá ser reaberto no exercício financeiro subsequente, e as despesas realizadas à conta desse crédito devem ser contabilizadas como resultado de exercícios anteriores. O orçamento é fruto de um processo que enfatiza fortemente o planejamento. Durante sua execução, contudo, podem surgir fatos novos que obriguem o gestor público a redefinir o planejamento inicial. Considerando os mecanismos retificadores da LOA, julgue os itens que se seguem. 25. (ABIN Oficial Técnico de Inteligência Administração 2010) A abertura de créditos especiais e suplementares depende de autorização legislativa prévia e específica para cada crédito adicional aberto. 26. (ABIN Oficial Técnico de Inteligência Administração 2010) Os créditos adicionais extraordinários, destinados a atender despesas urgentes e imprevisíveis, como as decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade pública, devem ser abertos por meio de medida provisória. 27. (ABIN Oficial Técnico de Inteligência Administração 2010) Os créditos adicionais suplementares e especiais são abertos por decreto do Poder Executivo e dependem da existência de recursos disponíveis para custear o aumento de despesa, sendo fontes de recursos para abertura dos créditos suplementares o excesso de arrecadação e a anulação parcial ou total de outras dotações orçamentárias. Analise a tabela a seguir e responda à questão 28.

Page 31: Questões de administração financeira e orçamentária (afo)   pass aki - apostila

31

28. (SF Analista Legislativo Administração 2008) As receitas de natureza extra-orçamentária são: (A) 13.000.

(B) 11.000.

(C) 17.000. (D) 14.000. (E) 16.000.

Analise a receita a seguir discriminada e responda às questões 29 e 30.

29. (SF Consultor de Orçamento 2008) As receitas de natureza extra-orçamentárias somam: (A) 13.000. (B) 16.000. (C) 15.000. (D) 18.000. (E) 14.000. 30. (SF Consultor de Orçamento 2008) O valor das receitas orçamentárias é: (A) 50.000. (B) 48.000. (C) 51.000. (D) 46.000. (E) 49.000.

Pelo enfoque orçamentário, receita são todos os ingressos disponíveis para cobertura das despesas públicas, em qualquer esfera governamental. Relativamente à classificação orçamentária da receita pública e seu impacto no patrimônio da entidade governamental, julgue o item subseqüente.

31. (ACE/TCU 2007) Conforme os efeitos produzidos, ou não, no patrimônio líquido, a receita orçamentária pode ser classificada como efetiva ou não-efetiva. 32. (IBRAM/DF ANALISTA ADMINISTRATIVO 2009) As receitas correntes originárias são obtidas pelo Estado em função de sua autoridade coercitiva, mediante a arrecadação de tributos e multas. 33. (MPU ANALISTA ADMINISTRATIVO 2010) A receita pública não efetiva provém dos serviços prestados indiretamente pelo governo. 34. (MPU ANALISTA ADMINISTRATIVO 2010) O imposto de renda é um exemplo de receita pública efetiva. 35. (MPU TÉCNICO DE ORÇAMENTO 2010) Por não ser possível prever no orçamento todos os casos em que o órgão público fará a alienação de algum bem do seu patrimônio, a receita proveniente das alienações pode ser classificada como orçamentária ou extraorçamentária. 36. (MPU TÉCNICO DE ORÇAMENTO 2010) Impostos, taxas e contribuições são considerados receitas originárias. 37. (MPU TÉCNICO DE ORÇAMENTO 2010) As receitas auferidas nas situações em que o Estado atua em condição de igualdade com os particulares, sem o uso do poder de império, são consideradas receitas originárias, como é o caso da receita de serviços.

38. (CNPq Assistente I 2011) Fazem parte da receita orçamentária os depósitos em caução, as fianças, as operações de crédito por antecipação de receita orçamentária e a emissão de moeda e outras entradas compensatórias no ativo e no passivo financeiro.

GABARITO

Page 32: Questões de administração financeira e orçamentária (afo)   pass aki - apostila

32

CAPÍTULO 4: classificação da receita orçamentária; estágios

da receita orçamentária.

1. CLASSIFICAÇÕES DA RECEITA ORÇAMENTÁRIA

A receita orçamentária apresenta as seguintes classificações:

- econômica ou quanto à natureza;

- por fontes de recursos

- por grupos

- para apuração do resultado primário

1.1. Classificação econômica ou quanto à natureza da

receita

O parágrafo 1º do art. 8º da Lei nº 4.320/1964 define que os itens da discriminação da receita, mencionados no art. 11 dessa lei, serão identificados por números de código decimal. Convencionou-se denominar este código de natureza de receita.

Importante destacar que essa classificação é utilizada por todos os entes da Federação e visa identificar a origem do recurso segundo o fato gerador: acontecimento real que ocasionou o ingresso da receita no cofre público.

Assim, a natureza de receita é a menor célula de informação no contexto orçamentário para as receitas públicas; por isso, contém todas as informações necessárias para as devidas alocações orçamentárias. A fim de possibilitar identificação detalhada dos recursos que ingressam nos cofres públicos, esta classificação é formada por um código numérico de 8 dígitos que a subdividide em seis níveis – Categoria Econômica, Origem, Espécie, Rubrica, Alínea e Subalínea:

Quando, por exemplo, o imposto de renda da pessoa física é recolhido, aloca-se a receita pública correspondente na Natureza de Receita código “1112.04.10”, segundo esquema a seguir:

Como se depreende do nível de detalhamento apresentado, a classificação por natureza é a de nível mais analítico da receita; por isso, auxilia na elaboração de análises econômico-financeiras sobre a atuação estatal.

1.1.1. Categoria econômica da receita

O §1º e o §2º do art. 11 da Lei no 4.320, de 1964, classificam as Receitas Orçamentárias em “Receitas Correntes” e “Receitas de Capital”. A codificação correspondente é:

Receitas Correntes Receitas Orçamentárias Correntes são arrecadadas dentro do exercício financeiro, aumentam as disponibilidades financeiras do Estado, em geral com efeito positivo sobre o Patrimônio Líquido, e constituem instrumento para financiar os objetivos definidos nos programas e ações orçamentários, com vistas a satisfazer finalidades públicas.

De acordo com o §1º do art. 11 da Lei nº 4.320, de 1964,

classificam-se como Correntes as receitas provenientes de Tributos; de Contribuições; da exploração do patrimônio estatal (Patrimonial); da exploração de atividades econômicas (Agropecuária, Industrial e de Serviços); de recursos financeiros recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, quando destinadas a atender despesas classificáveis em Despesas Correntes (Transferências Correntes); por fim, demais receitas que não se enquadram nos itens anteriores (Outras Receitas Correntes). Receitas de Capital Receitas Orçamentárias de Capital também aumentam as disponibilidades financeiras do Estado e são instrumentos de financiamento dos programas e ações orçamentários, a fim de se atingirem as finalidades públicas. Porém, de forma diversa das Receitas Correntes, as Receitas de Capital em geral não provocam efeito sobre o Patrimônio Líquido.

Page 33: Questões de administração financeira e orçamentária (afo)   pass aki - apostila

33

De acordo com o §2º do art. 11 da Lei nº 4.320, de 1964, com redação dada pelo Decreto-Lei nº 1.939, de 20 de maio de 1982, Receitas de Capital são as provenientes tanto da realização de recursos financeiros oriundos da constituição de dívidas e da conversão, em espécie, de bens e direitos, quanto de recursos recebidos de outras pessoas de direito público ou privado e destinados a atender despesas classificáveis em Despesas de Capital.

A Lei nº 4.320/64 também prevê que o superávit do orçamento corrente também será receita de capital, porém não constituirá item da receita, pois, se assim fosse, ocorreria um erro de dupla contagem de uma mesma receita.

Visando a controlar as receitas auferidas nas operações intraorçamentárias, a Secretaria do Tesouro Nacional, em conjunto com a Secretaria de Orçamento Federal, instituíram as receitas intraorçamentárias correntes (código 7) e as receitas intraorçamentárias de capital (código 8).

Operações intraorçamentárias são aquelas realizadas entre órgãos e demais entidades da Administração Pública integrantes do orçamento fiscal e do orçamento da seguridade social do mesmo ente federativo; por isso, não representam novas entradas de recursos nos cofres públicos do ente, mas apenas movimentação de receitas entre seus órgãos. As receitas intraorçamentárias são a contrapartida das despesas classificadas na Modalidade de Aplicação “91 – Aplicação Direta Decorrente de Operação entre Órgãos, Fundos e Entidades Integrantes do Orçamento Fiscal e do Orçamento da Seguridade Social” que, devidamente identificadas, possibilitam anulação do efeito da dupla contagem na consolidação das contas governamentais. Dessa forma, a fim de se evitar a dupla contagem dos valores financeiros objeto de operações Intra-orçamentárias na consolidação das contas públicas, a Portaria Interministerial STN/SOF nº 338, de 26 de abril de 2006, incluiu as “Receitas Correntes Intra-Orçamentárias” e “Receitas de Capital Intra-Orçamentárias”. Essas classificações, segundo disposto pela Portaria que as criou, não constituem novas categorias econômicas de receita, mas apenas especificações das Categorias Econômicas “Receita Corrente” e “Receita de Capital”.

1.1.2. Origem da receita

A Origem é o detalhamento das Categorias Econômicas “Receitas Correntes” e “Receitas de Capital”, com vistas a identificar a natureza da procedência das receitas no momento em que ingressam no Orçamento Público. Os códigos da Origem para as receitas correntes e de capital, de acordo com a Lei no 4.320, de 1964, são:

A figura a seguir resume as categorias e as origens da receita orçamentária.

1.1.3. Espécie da receita

É o nível de classificação vinculado à Origem que permite qualificar com maior detalhe o fato gerador das receitas. Por exemplo, dentro da Origem Receita Tributária, identifica-se as espécies “Impostos”, “Taxas” e “Contribuições de Melhoria”.

1.1.4. Rubrica

Agrega determinadas espécies de receitas cujas características próprias sejam semelhantes entre si; dessa forma, detalha a espécie, por meio da especificação dos recursos financeiros que lhe são correlatos. Por exemplo, a rubrica “Impostos sobre o Patrimônio e a Renda” corresponde ao detalhamento da Espécie “Impostos”.

1.1.5. Alínea

A alínea é o detalhamento da Rubrica e exterioriza o “nome” da receita que receberá o registro pela entrada de recursos

Page 34: Questões de administração financeira e orçamentária (afo)   pass aki - apostila

34

financeiros. Por exemplo, a alínea “Impostos sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza” corresponde ao detalhamento da Rubrica “Impostos sobre o Patrimônio e a Renda”.

1.1.6. Subalínea

A subalínea constitui o nível mais analítico da receita, utilizado quando há necessidade de se detalhar a Alínea com maior especificidade. Por exemplo, a subalínea “Pessoas Físicas” é detalhamento da Alínea “Impostos sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza”.

1.1.7. Origens e Espécies de Receita Orçamentária

a) Receitas Tributárias Tributo é uma das origens da receita corrente na classificação orçamentária por categoria econômica. Quanto à procedência, trata-se de receita derivada cuja finalidade é obter recursos financeiros para o Estado custear as atividades que lhe são correlatas. Sujeitam-se aos princípios da reserva legal e da anterioridade da Lei, salvo exceções. O art. 3º do CTN define tributo da seguinte forma: "Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada". O art. 4o do CTN preceitua que a natureza especifica do tributo, ao contrário de outros tipos de receita, é determinada pelo fato gerador, sendo irrelevante para caracterizá-lo: I – a sua denominação; e II – a destinação legal do produto de sua arrecadação. O art. 5º do CTN e os incisos I, II e III do art. 145 da CF tratam das espécies tributárias impostos, taxas e contribuições de melhoria. Impostos Os impostos, segundo o art. 16 do CTN, são espécies tributárias cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica relativa ao contribuinte, o qual não recebe contraprestação direta ou imediata pelo pagamento. O art. 167 da CF proíbe, salvo em algumas exceções, a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa. Os impostos estão enumerados na Constituição, ressalvando-se unicamente a possibilidade de utilização, pela União, da competência residual prevista no art. 154, inciso I, e da competência extraordinária, no caso dos imposto extraordinários de guerra prevista no inciso II do mesmo artigo. Taxas

As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios, no âmbito das respectivas atribuições, são, também, espécie de tributo na classificação orçamentária da receita, tendo, como fato gerador, o exercício regular do poder de polícia administrativa, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto a sua disposição - art. 77 do CTN: “Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição.” Nesse contexto, taxas são tributos vinculados porque o aspecto material do fato gerador é prestação estatal específica "diretamente referida ao contribuinte, em forma de contraprestação de serviços” – porém, via de regra, são tributos de arrecadação não vinculada, pois as receitas auferidas por meio das taxas não se encontram afetas a determinada despesa, salvo, se a lei que instituiu o referido tributo assim determinou. A taxa está sujeita ao princípio constitucional da reserva legal e, sob a ótica orçamentária, classifica-se em: Taxas de Fiscalização e Taxas de Serviço. Taxas de Fiscalização ou de Poder de Polícia As taxas de fiscalização ou de poder de polícia são definidas em lei e têm como fato gerador o exercício do poder de polícia, poder disciplinador, por meio do qual o Estado intervém em determinadas atividades, com a finalidade de garantir a ordem e a segurança. Taxas de Serviço Público As taxas de serviço público são as que têm como fato gerador a utilização de determinados serviços públicos, sob ponto de vista material e formal. Nesse contexto, o serviço é público quando estabelecido em lei e prestado pela Administração Pública, sob regime de direito público, de forma direta ou indireta. A relação jurídica, nesse tipo de serviço, é de verticalidade, ou seja, o Estado atua com supremacia sobre o particular. É receita derivada e os serviços têm que ser específicos e divisíveis. Conforme o art. 77 do CTN: “Os serviços públicos têm que ser específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte, ou colocados à sua disposição”. Para que a taxa seja cobrada, não há necessidade de o particular fazer uso do serviço, basta que o Poder Público coloque tal serviço à disposição do contribuinte.

Page 35: Questões de administração financeira e orçamentária (afo)   pass aki - apostila

35

Contribuição de Melhoria A contribuição de melhoria é espécie de tributo na classificação da receita orçamentária e tem como fato gerador valorização imobiliária que decorra de obras públicas, contanto que haja nexo causal entre a melhoria ocorrida e a realização da obra pública. De acordo com o art. 81 do CTN: “A contribuição de melhoria cobrada pela União, Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado.” b) Receitas de Contribuições Segundo a classificação orçamentária, receita de contribuições referem-se à origem da categoria econômica “receitas correntes”. O art. 149 da Magna Carta estabelece que compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de atuação nas respectivas áreas, e o § 1º do artigo em comento fixa que Estados, Distrito Federal e Municípios poderão instituir contribuição, cobrada de seus servidores, para o custeio, em benefício destes, de regimes de previdência de caráter contributivo e solidário. As contribuições classificam-se nas seguintes espécies: Contribuições Sociais Classificada como espécie de contribuição, por força da Lei nº 4.320, de 1964, a contribuição social é tributo vinculado a uma atividade estatal que visa atender aos direitos sociais previstos na CF. Pode-se afirmar que as contribuições sociais atendem a duas finalidades básicas: seguridade social (saúde, previdência e assistência social) e outros direitos sociais como, por exemplo, o salário educação. A competência para instituição das contribuições sociais é da União, exceto das contribuições dos servidores estatutários dos Estados, Distrito Federal e Municípios, que são instituídas pelos respectivos entes. As contribuições sociais estão sujeitas ao princípio da anterioridade nonagesimal, o que significa dizer apenas poderão ser cobradas noventa dias após a publicação da lei que as instituiu ou majorou. Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico

A contribuição de intervenção no domínio econômico – CIDE é tributo classificado no orçamento público como uma espécie de contribuição que atinge um determinado setor da economia, com finalidade qualificada em sede constitucional – intervenção no domínio econômico – instituída mediante um motivo específico. Essa intervenção se dá pela fiscalização e atividades de fomento, como, por exemplo, desenvolvimento de pesquisas para crescimento do setor e oferecimento de linhas de crédito para expansão da produção. Exemplo de contribuição de intervenção no domínio econômico é o Adicional sobre Tarifas de Passagens Aéreas Domésticas, voltado à suplementação tarifária de linhas aéreas regionais de passageiros, de baixo e médio potencial de tráfego. Contribuição de Interesse das Categorias Profissionais ou Econômicas A contribuição de interesse das categorias profissionais ou econômicas se caracteriza por atender a determinadas categorias profissionais ou econômicas, vinculando sua arrecadação às entidades que as instituíram. Não transita pelo orçamento da União. Essas contribuições são destinadas ao custeio das organizações de interesse de grupos profissionais, como, por exemplo: Ordem dos Advogados do Brasil - OAB, Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura - CREA, Conselho Regional de Medicina - CRM e assim por diante. Visam também ao custeio dos serviços sociais autônomos prestados no interesse das categorias, como Serviço Social da Indústria - SESI, Serviço Social do Comércio - SESC e Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - SENAI. É preciso esclarecer que existe uma diferença entre as contribuições sindicais aludidas acima e as contribuições confederativas. Conforme esclarece o art. 8º da CF: “Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: (...) IV - a assembléia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei”. Assim, há a previsão constitucional de uma contribuição confederativa, fixada pela assembléia geral da categoria, e uma outra contribuição, prevista em lei, que é a contribuição sindical. A primeira não é tributo, pois será instituída pela assembléia geral e não por lei. A segunda é instituída por lei, portanto compulsória, e encontra sua regra matriz no art. 149 da CF, possuindo assim natureza de tributo. Contribuição para o Custeio de Serviço de Iluminação Pública

Page 36: Questões de administração financeira e orçamentária (afo)   pass aki - apostila

36

Instituída pela Emenda Constitucional nº 39, de 19 de dezembro de 2002, que acrescentou o art. 149-A à CF, possui a finalidade de custear o serviço de iluminação pública. A competência para instituição é dos Municípios e do Distrito Federal. "Art. 149-A. Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e III. Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, na fatura de consumo de energia elétrica". Municípios e Distrito Federal, a partir dessa autorização constitucional, iniciaram a regulamentação por Lei Complementar, visando dar eficácia plena ao citado art. 149-A. Sob a ótica da classificação orçamentária, a “Contribuição para o Custeio de Serviço de Iluminação Pública” é espécie da origem “contribuições”, que integra a categoria econômica “receitas correntes”. c) Receitas Patrimoniais São receitas provenientes da fruição dos bens patrimoniais do ente público (bens mobiliários ou imobiliários), ou, ainda, de participações societárias. São classificadas no orçamento como receita corrente e de natureza específica de origem como receita patrimonial. Quanto à procedência, são de receitas originárias. Podemos citar como espécie de receita patrimonial as compensações financeiras, concessões e permissões, entre outras. Compensações Financeiras A receita de compensação financeira tem origem na exploração do patrimônio do Estado, que é constituído por recursos minerais, hídricos, florestais e outros, definidos no ordenamento jurídico. Tais compensações são devidas à União, aos Estados e aos Municípios, de acordo com o disposto na legislação vigente, como forma de participação no resultado dessa exploração. Essas compensações têm como finalidade recompor financeiramente os prejuízos ou danos causados (externalidades negativas) pela atividade econômica na exploração desses bens, assim como proporcionar meio de remunerar o Estado pelos ganhos obtidos por essa atividade. De acordo com o art. 20, § 1º da CF: “É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, bem como a órgãos da administração direta da União, participação no resultado da exploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos

para fins de geração de energia elétrica e de outros recursos minerais no respectivo território, plataforma continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva, ou compensação financeira por essa exploração”. d) Receitas Agropecuárias As receitas agropecuárias (receitas correntes) são também, uma origem de receita específica na classificação orçamentária. Quanto à procedência, trata-se de receita originária, com o Estado atuando como empresário, em pé de igualdade como o particular. Decorrem da exploração econômica, por parte do ente público, de atividades agropecuárias, tais como a venda de produtos: agrícolas (grãos, tecnologias, insumos etc.); pecuários (semens, técnicas em inseminação; matrizes etc.); para reflorestamentos e etc. e) Receitas Industriais As receitas industriais (receitas correntes) constituem outra origem específica na classificação orçamentária da receita. São receitas originárias, provenientes das atividades industriais exercidas pelo ente público. Encontram-se subdivididas nessa classificação receitas provenientes de atividades econômicas: da indústria extrativa mineral; da indústria de transformação; da indústria de construção; entre outras receitas industriais de utilidade pública. f) Receitas de Serviços As receitas de serviços (receitas correntes), cuja classificação orçamentária constitui origem específica, abrangem as receitas decorrentes das atividades econômicas na prestação de serviços por parte do ente público, tais como: comércio, transporte, comunicação, serviços hospitalares, armazenagem, serviços recreativos, culturais etc. Tais serviços são remunerados mediante preço público, também chamado de tarifa. Exemplos de naturezas orçamentárias de receita dessa origem são os seguintes: serviços comerciais; serviços de transporte; serviços portuários etc. g) Transferências Correntes Na ótica orçamentária, as transferências correntes são recursos financeiros recebidos de outras pessoas de direito público ou privado destinados a atender despesas de manutenção ou funcionamento relacionadas a uma finalidade pública específica, mas que não correspondam a uma contraprestação direta em bens e serviços a quem efetuou a transferência. Os recursos da transferência são vinculados à finalidade pública, e não à pessoa. Podem ocorrer a nível intragovernamental (dentro do âmbito de um mesmo governo) ou intergovernamental (governos diferentes, da União para Estados, do Estado para os Municípios, por exemplo), assim como recebidos de instituições privadas. Nas transferências

Page 37: Questões de administração financeira e orçamentária (afo)   pass aki - apostila

37

correntes, podemos citar como exemplos as seguintes espécies: Transferências de Convênios As transferências de convênios são recursos oriundos de convênios, com finalidade específica, firmadas entre entidades públicas de qualquer espécie, ou entre elas e organizações particulares, para realização de objetivos de interesse comum dos partícipes e destinados a custear despesas correntes. Transferências de Pessoas Compreendem as contribuições e doações que pessoas físicas realizem para a Administração Pública. h) Outras Receitas Correntes Em outras receitas correntes inserem-se multas e juros de mora, indenizações e restituições, receitas da dívida ativa e as outras receitas não classificadas nas “receitas correntes”. Podemos citar como exemplos as seguintes espécies, entre outras: Receitas de Multas As receitas de multas têm de caráter não tributário, constituindo-se em ato de penalidade de natureza pecuniária aplicado pela Administração Púbica aos administrados. Dependem, sempre, de prévia cominação em lei ou contrato, cabendo sua imposição ao respectivo órgão competente (poder de polícia). Conforme prescreve o § 4º do art. 11 da Lei no 4.320, de 1964, as multas classificam-se como “outras receitas correntes”. Podem decorrer do descumprimento de preceitos específicos previstos na legislação pátria, ou de mora pelo não pagamento das obrigações principais ou acessórias nos prazos previstos. Receitas da Dívida Ativa As receitas da dívida ativa referem-se aos créditos da Fazenda Pública, de natureza tributária ou não tributária, exigíveis em virtude do transcurso do prazo para pagamento. O crédito é cobrado por meio da emissão de certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, inscrita na forma da lei, com validade de título executivo. Isso confere à certidão da dívida ativo caráter líquido e certo, embora se admita prova em contrário. Dívida ativa tributária é o crédito da Fazenda Pública proveniente da obrigação legal relativa a tributos e respectivos adicionais, atualizações monetárias, encargos e multas tributárias. Dívida ativa não tributária são os demais créditos da Fazenda Pública. As receitas decorrentes de dívida ativa tributária ou

não tributária devem ser classificadas como “outras receitas correntes”. i) Receitas de Operações de Crédito As receitas de operações de crédito dizem respeito à origem de recursos da categoria econômica “receitas de capital”. Caracterizam-se como recursos financeiros oriundos da colocação de títulos públicos ou da contratação de empréstimos obtidas junto a entidades públicas ou privadas, internas ou externas. São espécies desse tipo de receita: - operações de crédito internas; - operações de crédito externas; - operações oficiais de crédito – retorno. j) Alienação de Bens A alienação de bens é a origem de recursos da categoria econômica “receitas de capital”. São ingressos financeiros com origem específica na classificação orçamentária da receita proveniente da alienação de bens móveis ou imóveis de propriedade do ente público. Nos termos do art. 44 da LRF, é vedada a aplicação da receita de capital decorrente da alienação de bens e direitos que integrem o patrimônio público, para financiar despesas correntes, salvo as destinadas por lei aos regimes previdenciários geral e próprio dos servidores públicos. l) Amortização de Empréstimos A amortização de empréstimos é ingresso financeiro proveniente da amortização de financiamentos ou empréstimos concedidos pelo ente público em títulos e contratos. Na classificação orçamentária da receita os ingressos desse tipo de amortização são receitas de capital, origem específica “amortização de empréstimos concedidos” e representam o retorno de recursos anteriormente emprestados pelo poder público. Embora a amortização de empréstimos seja origem da categoria econômica “receitas de capital”, os juros recebidos, associados a esses empréstimos, são classificados em “receitas correntes / de serviços / serviços financeiros”. m) Transferências de Capital: Na ótica orçamentária, as transferências de capital representam os recursos financeiros recebidos de outras pessoas de direito público ou privado e destinados para atender despesas em investimentos ou inversões financeiras, a fim de satisfazer finalidade pública específica; sem corresponder, entretanto, à contraprestação direta ao ente transferidor. Os recursos da transferência ficam vinculados à finalidade pública e não à pessoa. Podem ocorrer a nível intragovernamental (dentro do âmbito de um mesmo governo)

Page 38: Questões de administração financeira e orçamentária (afo)   pass aki - apostila

38

ou intergovernamental (governos diferentes, da União para Estados, do Estado para os Municípios, por exemplo), assim como recebidos de instituições privadas (do exterior e de pessoas). n) Outras Receitas de Capital Outras receitas de capital são aquelas receitas que não atendem às especificações anteriores, ou seja, na impossibilidade de serem classificadas nas origens anteriores.

1.2. Classificação por fontes de recursos

A classificação orçamentária da receita por fontes de recursos

busca identificar as origens dos ingressos financeiros que

financiam os gastos públicos. Determinadas naturezas de

receita, devidamente catalogadas segundo o item 1.3.2.1, são

agrupadas em fontes de recursos obedecendo a uma regra

previamente estabelecida. Por meio do orçamento público,

essas fontes são alocadas em determinadas despesas de

forma a evidenciar os meios para atingir os objetivos públicos.

Frente ao exposto, é a classificação que permite demonstrar a

correspondência entre as fontes de financiamento e os gastos

públicos, pois exterioriza quais são as receitas que financiam

determinadas despesas.

A classificação de fonte de recursos consiste de um código de

três dígitos:

A finalidade do grupo fonte é indicar se os recursos são do

Tesouro ou de outras fontes, além de informar se pertencem a

este exercício ou a exercícios anteriores.

A especificação da fonte detalha a fonte, permitindo inferir se é

primária ou não primária.

A classificação por fontes de recursos também se aplica às

despesas, uma vez que sua finalidade principal é controlar as

vinculações de recursos.

1.3. Classificação por grupos

A classificação da receita por grupos identifica quais agentes públicos possuem competência legal para arrecadar, fiscalizar e administrar as receitas públicas; dessa forma, é instrumento

orçamentário-gerencial identificador de determinados segmentos arrecadadores do setor público. Cada grupo de receita é formado pela associação entre tipos específicos de unidades orçamentárias e de naturezas de receita que atendam a certas particularidades sob a ótica orçamentária. Os grupos são de: “Receitas Próprias”, “Receitas Administradas”, “Receitas de Operações de Crédito”, “Receitas Vinculadas” e “Demais Receitas”. Receitas Próprias As receitas próprias, segundo o art. 4o da Portaria SOF no 10, de 22 de agosto de 2002, são aquelas cuja arrecadação tem origem no esforço próprio de órgãos e demais entidades nas atividades de fornecimento de bens ou serviços facultativos e na exploração econômica do próprio patrimônio e remunerada por preço público ou tarifas, bem como o produto da aplicação financeira desses recursos. Geralmente, têm como fundamento a bilateralidade, cuja natureza é contratual e, por isso, criam obrigações recíprocas para as partes contratantes. Via de regra, são amparadas pelo Código Civil e legislação correlata. São recursos que, por um lado, não possuem destino específico e, portanto, não são vinculadas por lei à determinada despesa; por outro, pertencem à unidade orçamentária arrecadadora. Arrecadadas por meio de GRU, são centralizadas numa conta de referência do Tesouro Nacional mantida junto ao Banco do Brasil, que tem prazo de dois dias (d+2) para repassar os recursos para a Conta Única do Tesouro no Banco Central. Receitas Administradas As receitas administrativas aquelas auferidas pela SRFB, que detém a competência para fiscalizar, arrecadar e administrar esses recursos, com amparo legal no Código Tributário Nacional e leis afins. Recolhidas por meio de DARF ou GPS, pelos bancos arrecadadores credenciados pela SRFB. A partir da data em que o contribuinte efetua o pagamento do tributo, ou seja, da data de arrecadação (d), o banco tem um dia útil (d+1) para repassar os recursos para a Conta Única do Tesouro no Banco Central. Receitas de Operações de Crédito Receitas financeiras provenientes da colocação de títulos públicos no mercado ou da contratação de empréstimos e financiamentos junto a entidades estatais ou privadas. Receitas Vinculadas As receitas vinculadas são aquelas que a lei determina a finalidade específica de aplicação, exceto as classificadas como “Receitas Administradas”.

Page 39: Questões de administração financeira e orçamentária (afo)   pass aki - apostila

39

Geralmente, são receitas cuja fiscalização, administração e arrecadação ficam a cargo das próprias entidades arrecadadoras, às quais resta a obrigação de efetuar o recolhimento para a Conta Única do Tesouro Nacional. Exemplos: Recursos de concessões, autorizações e permissões para uso de bens da União ou para exercício de atividades de competência da União. Demais Receitas As demais receitas são aquelas previstas em lei ou de natureza contratual, que não se enquadram em nenhum dos grupos anteriores. 1.4. Classificação da receita para apuração do resultado

primário

A classificação orçamentária da receita por identificador de resultado primário tem por objetivo identificar quais são as receitas que compõem o resultado primário do Governo. Receita primária é o somatório das receitas fiscais líquidas (aquelas que não geram obrigatoriedade de contraprestação financeira, como ônus, encargos e devolução). O cálculo da receita primária é efetuado somando-se as receitas correntes com as de capital e, depois, excluindo da conta receitas de: operações de crédito e seus retornos (juros e amortizações), de aplicações financeiras, de empréstimos concedidos e do superávit financeiro. Receitas financeiras são as provenientes de operações de crédito internas e externas, de aquisição de títulos de capital, de aplicações financeiras, de juros, de amortizações e do superávit financeiro. A receita é classificada, ainda, como primária (P) quando seu valor é incluído na apuração do Resultado Primário no conceito acima da linha, e não-primária ou financeira (F) quando não é incluído nesse cálculo. Esse conceito surgiu quando o Brasil adotou metodologia de apuração do resultado primário oriunda de acordos com o FMI. 2. Estágios da Receita Orçamentária De acordo com o MTO, os estágios da receita orçamentária são: previsão, lançamento, arrecadação e recolhimento, conforme ilustrado a seguir.

O Manual de Procedimentos Contábeis Orçamentários, elaborado pela STN/MF, também traz quatro estágios para a receita orçamentária:

De qualquer forma explicaremos o estágio do lançamento, ainda que o MTO o considere apenas um procedimento administrativo e não um dos estágios da receita orçamentária. Previsão A previsão ou estimativa da receita tem como ponto de partida a série histórica de arrecadação. De forma simplificada, pode-se dizer que o valor histórico é impactado pelos efeitos das projeções de crescimento da economia (efeito quantidade), do aumento dos preços (efeito preço ou inflação) e das alterações na legislação (efeito legislação). Lançamento Segundo o Código Tributário Nacional, art. 142, lançamento é o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo o caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Tendo ocorrido o fato gerador, há condições de se proceder ao registro contábil do direito da fazenda pública em contrapartida a uma variação patrimonial aumentativa. Algumas receitas não percorrem o estágio do lançamento, conforme se depreende do art. 52 da Lei nº 4.320/1964: “São objeto de lançamento os impostos diretos e quaisquer outras rendas com vencimento determinado em lei, regulamento ou contrato.” Arrecadação Realizada pelos contribuintes ou devedores, corresponde à entrega dos recursos devidos ao Tesouro para os agentes arrecadadores ou instituições financeiras autorizadas pelo ente.

Page 40: Questões de administração financeira e orçamentária (afo)   pass aki - apostila

40

Recolhimento É a transferência dos valores arrecadados à conta específica do Tesouro, responsável pela administração e controle da arrecadação e programação financeira, observando-se o Princípio da Unidade de Caixa, representado pelo controle centralizado dos recursos arrecadados em cada ente. EXERCÍCIOS Analise a tabela a seguir e responda às questões 1 e 2

1. (ANALISTA LEGISLATIVO ADMINISTRAÇÃO 2009) As receitas correntes e de capital somam respectivamente: (A) 23.000 e 14.000. (B) 21.000 e 16.000. (C) 20.000 e 17.000. (D) 17.000 e 20.000. (E) 28.000 e 9.000. Analise a receita a seguir discriminada e responda à questão 2.

2. (ANALISTA LEGISLATIVO ADMINISTRAÇÃO 2009) As receitas correntes somam:

(A) 36.000. (B) 38.000. (C) 41.000. (D) 35.000. (E) 39.000. 3. (BADESC TFC ANALISTA ADMINISTRATIVO) Considere o seguinte demonstrativo financeiro hipotético: Receita tributária .................................................. 201.070,00; Operação de crédito ........................................... 810.832,10; Alienação de bens ................................................... 2.405,50; Receita patrimonial ................................................ 43.917,20; Receita industrial ........................................................ 513,00; Receita de serviços ............................................... 25.941,50. Com base nesses dados, assinale a alternativa que apresenta o valor correto do total das receitas de capital. (A) 70.371,70. (B) 72.777,20. (C) 271.441,70. (D) 813.237,60. (E) 857.154,80. 4. (TCM/RJ AUDITOR 2008) Em relação à receita pública, assinale a afirmativa incorreta. (A) Atualmente, segundo a doutrina moderna, ingresso e receita são expressões sinônimas. (B) A receita se classificará nas seguintes categorias econômicas: Receitas Correntes e Receitas de Capital. (C) As operações de crédito são consideradas receitas de capital.

Page 41: Questões de administração financeira e orçamentária (afo)   pass aki - apostila

41

(D) A receita tributária é considerada como receita corrente. (E) O superávit do orçamento constitui receita corrente. 5. (TCM/RJ AUDITOR 2008) Com base na Lei de Responsabilidade Fiscal e na Lei 4320/64, assinale a afirmativa correta. (A) O Anexo de Metas Fiscais, quando elaborado, não conterá a avaliação do cumprimento das metas relativas ao ano anterior. (B) Não integrará o projeto de lei de diretrizes orçamentárias Anexo de Metas Fiscais, em que serão estabelecidas metas anuais, em valores correntes e constantes, relativas a receitas, despesas, resultados nominal e primário e montante da dívida pública, para o exercício a que se referirem e para os dois seguintes. (C) As despesas relativas à dívida pública, mobiliária ou contratual e as receitas que as atenderão não constarão da lei orçamentária anual. (D) Consideram-se receita corrente as receitas tributárias, de contribuições, patrimoniais, industriais, agropecuárias, de serviços, transferências correntes e outras receitas também correntes, ressalvadas as deduções que a própria lei prevê. (E) A atualização monetária do principal da dívida mobiliária refinanciada poderá superar a variação do índice de preços prevista na lei de diretrizes orçamentárias ou em legislação específica. 6. (TCM/RJ AUDITOR 2008) Em relação à receita pública, assinale a alternativa correta. (A) Segundo a Constituição de 88, cabe à lei complementar dispor sobre emissão e resgate de títulos da dívida pública. (B) Para a doutrina moderna, ingresso e receita são sinônimos, pois em ambos o dinheiro recolhido entra nos cofres públicos e em ambas as situações incorporam-se ao patrimônio do Estado. (C) O princípio da anualidade orçamentária é aquele que determina a cobrança do tributo no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que a lei que instituiu ou majorou o tributo foi publicada. (D) Segundo a melhor doutrina, a receita originária pode ser considerada a que tem origem no patrimônio do particular, pelo exercício do poder de império do Estado, enquanto a receita derivada é a que tem origem no próprio patrimônio público, em que o Estado atua como empresário por meio de um acordo de vontades, e não com seu poder de império, por isso não há compulsoriedade na sua instituição. (E) O texto constitucional brasileiro em vigor prevê que as

dívidas públicas interna e externa, incluindo as autarquias, são

reguladas por lei ordinária, bem como a concessão de garantias

pelas entidades públicas.

7. (AUDITOR FISCAL RJ 2011) Acerca do orçamento público, assinale a alternativa correta. (A) O exercício financeiro terá a duração de um ano e coincidirá com o ano civil, salvo nos casos em que houver créditos adicionais. Nessa situação, o exercício financeiro será estendido e poderá ultrapassar o prazo de um ano.

(B) O ciclo orçamentário é de um ano, abrangendo as etapas de elaboração do orçamento, execução e controle. (C) As transferências (feitas) de capital são classificadas como despesas de capital. (D) A execução orçamentária independe da execução financeira. (E) As receitas de aplicações financeiras (patrimoniais) são classificadas como de capital, já que derivam da aplicação do capital público. 8. (SAD/PE APO 2008) A respeito da Receita, analise as afirmativas a seguir: I. Constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gestão fiscal a instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos os tributos da competência constitucional do ente da Federação. II. A reestimativa de receita por parte do Poder Executivo só será admitida se comprovado erro ou omissão de ordem técnica ou legal. III. O montante previsto para as receitas de operações de crédito não poderá ser superior ao das despesas correntes constantes do projeto de lei orçamentária. IV. As previsões de receita observarão as normas técnicas e legais, considerarão os efeitos das alterações na legislação, da variação do índice de preços e do crescimento econômico. Assinale: (A) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas. (B) se somente as afirmativas I e IV estiverem corretas. (C) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas. (D) se somente as afirmativas II e IV estiverem corretas. (E) se somente as afirmativas III e IV estiverem corretas. 9. (AUDITOR FISCAL RJ 2011) Considere o seguinte demonstrativo financeiro hipotético:

Com base nesses dados, assinale o valor correto do total das receitas correntes. (A) R$ 75,00. (B) R$ 154,00. (C) R$ 369,00. (D) R$ 430,00. (E) R$ 458,00. 10. (AUDITOR FISCAL RJ 2009) Assinale a alternativa que não corresponda a uma receita corrente. (A) Receita de operação de crédito. (B) Receita tributária.

Page 42: Questões de administração financeira e orçamentária (afo)   pass aki - apostila

42

(C) Receita patrimonial. (D) Receita industrial. (E) Receita de contribuições. 11. (AUDITOR FISCAL RJ 2007) Com base nas informações a seguir, identifique o valor das Receitas Correntes no final de um exercício financeiro.

(A) 18.000 (B) 25.000 (C) 20.000 (D) 27.000 (E) 23.000 12. (AUDITOR FISCAL RJ 2007) A alternativa que apresenta apenas receitas extraorçamentárias é: (A) multas e juros. (B) depósitos de terceiros recebidos e débitos em tesouraria. (C) dívida ativa e dívida passiva. (D) restos a pagar inscritos e inscrição de dívida ativa. (E) inscrição da dívida ativa e alienação de bens.

13. (ESAF - ATRFB 2009) A respeito da classificação

orçamentária da receita, é correto afirmar: a) alienação de bens de qualquer natureza integrantes do ativo

redunda em receita de capital.

b) receitas de contribuições integram as receitas de capital

quando oriundas de intervenção no domínio econômico.

c) as receitas agropecuárias se originam da tributação de

produtos agrícolas.

d) as receitas intraorçamentárias decorrem de pagamentos

efetuados por entidades integrantes do Orçamento Fiscal e da

Seguridade Social.

e) receitas correntes para serem aplicadas em despesa de

capital dependem da inexistência de receitas de capital no

exercício.

14. (ESAF - ANA ANALISTA ADM 2009) Classificam-se como Receitas Correntes Derivadas as receitas: a) de contribuições e de serviços.

b) patrimonial, agropecuária e industrial.

c) patrimonial, agropecuária, industrial e de serviços.

d) tributária e de contribuições.

e) tributária e de serviços.

15. (ESAF - APO 2009) Assinale a opção que indica uma afirmação verdadeira a respeito da conceituação e classificação da receita orçamentária. a) As receitas orçamentárias são ingressos de recursos que

transitam pelo patrimônio do poder público, podendo ser

classificadas como efetivas e não-efetivas.

b) As receitas orçamentárias decorrem de recursos

transferidos pela sociedade ao Estado e são classificadas

como permanentes e temporárias.

c) Todos os ingressos de recursos, financeiros e não-

financeiros, são classificados como receita orçamentária,

porque transitam pelo patrimônio público.

d) As receitas orçamentárias restringem-se aos ingressos que

não geram contrapartida no passivo do ente público.

e) Recursos financeiros de qualquer origem são registrados como receitas orçamentárias para que possam ser utilizados pelos entes públicos. 16. (ESAF - CGU 2008 – AFC) Sobre os conceitos e classificações relacionados com Receita Pública, assinale a opção correta.

a) Toda receita orçamentária efetiva é uma receita primária,

mas nem toda receita primária é uma receita orçamentária

efetiva.

b) São exemplos de receitas correntes as receitas tributárias e

as oriundas de alienação de bens.

c) São exemplos de receitas de capital aquelas derivadas de

alienações de bens imóveis e de recebimento de taxas por

prestação de serviços.

d) As receitas intra-orçamentárias constituem contrapartida

das despesas realizadas entre Órgãos, Fundos e Entidades

Integrantes dos Orçamentos Fiscal, da Seguridade Social e de

investimento das empresas.

e) O ingresso de recursos oriundo de impostos se caracteriza

como uma receita derivada, compulsória, efetiva e primária.

17. (CESPE - TCE/AC ANALISTA ADMINISTRATIVO 2008) A Lei n.º 4.320/1964 representa o marco fundamental da receita

Page 43: Questões de administração financeira e orçamentária (afo)   pass aki - apostila

43

orçamentária. Acerca das receitas orçamentárias e extraorçamentárias, assinale a opção correta. A) São receitas correntes as receitas tributária, patrimonial, industrial e diversa, excluindo-se as provenientes de recursos financeiros recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, quando destinadas a atender despesas classificáveis em despesas de capital ou em despesas correntes. B) Os restos a pagar do exercício serão computados na receita extra-orçamentária para compensar sua inclusão na despesa orçamentária. C) As receitas extra-orçamentárias são valores provenientes de toda e qualquer arrecadação que não figure no orçamento, mas que constitui renda do Estado. D) São receitas de capital as provenientes da realização de recursos financeiros oriundos de constituição de dívidas; da conversão em espécie, de bens e direitos; além dos recursos recebidos de outras pessoas de direito público ou privado destinados a atender despesas classificáveis em despesas correntes. E) O superavit do orçamento corrente que corresponde à diferença entre receitas e despesas correntes é considerado receita corrente. 18. (CESPE - SAD/PE APOG 2010) No que concerne à receita pública, assinale a opção correta. A) A natureza da receita busca identificar a origem da receita segundo seu fato gerador. B) O princípio da unidade de caixa deve ser obedecido no estágio da arrecadação. C) No estágio do lançamento devem ser aplicados os efeitos preço, quantidade e legislação. D) O estágio da liquidação é caracterizado pela entrega realizada pelos contribuintes ou devedores dos recursos ao tesouro. E) Os ingressos provenientes de operações de crédito são

classificados como receitas correntes.

19. (CESPE - STF ADMINISTRADOR 2008) Receitas imobiliárias e de valores mobiliários constituem receita patrimonial, que se classifica como receita corrente, para qualquer esfera da administração. 20. (CESPE - MPU ANALISTA DE CONTROLE INTERNO 2010) Conforme a categoria econômica da receita ou da despesa pública, os recursos recebidos de outras pessoas de direito público ou privado destinados a custear despesas de capital podem ser considerados receitas de capital.

21. (CESPE - MPU ANALISTA DE CONTROLE INTERNO 2010) A dívida ativa constitui-se dos passivos da fazenda pública, para com terceiros, não pagos no vencimento, que são inscritos em registro próprio, após apurada sua exigibilidade. 22. (CESPE - MPU ANALISTA DE ORÇAMENTO 2010) A classificação por fontes de recursos é um procedimento que consiste em agrupar os recursos extraorçamentários, não sendo aplicado aos recursos orçamentários. 23. (CESPE - MPU ANALISTA DE ORÇAMENTO 2010) São consideradas receitas correntes, entre outras, as tributárias, as industriais, as agropecuárias e patrimoniais que envolverem a conversão, em espécie, de bens e direitos. Julgue os itens subsequentes, referentes à classificação de receita pública. 24. (CESPE - MPU ANALISTA ADMINISTRATIVO 2010) Os recursos obtidos por empresa pública que explora serviços comerciais são considerados receitas de capital. 25. (CESPE - MPU ANALISTA ADMINISTRATIVO 2010) Os impostos, as taxas e as contribuições de melhoria são receitas correntes. 26. (CESPE - MPU ANALISTA ADMINISTRATIVO 2010) Uma das modalidades de receita pública é o imposto, que constitui contraprestação específica do Estado ao cidadão. 27. (CESPE - MPU TÉCNICO DE ORÇAMENTO 2010) Em relação à natureza, as receitas públicas se dividem em receitas correntes e de capital. 28. (CESPE - MPU TÉCNICO DE ORÇAMENTO 2010) Se um contribuinte não pagar a parcela de determinado imposto até o vencimento, os juros de mora devidos no momento do pagamento devem ser contabilizados em outras receitas correntes. Em relação à receita pública, julgue os itens seguintes. 29. (CESPE - MPU TÉCNICO DE ORÇAMENTO 2010) Os recursos recebidos de outras pessoas jurídicas de direito público ou privado, quando destinados a atender despesas correntes, nem sempre são classificados como receitas correntes. 30. (CESPE - MPU TÉCNICO DE ORÇAMENTO 2010) Os recursos financeiros provenientes da venda de títulos públicos do Tesouro Nacional constituem receitas correntes ou de capital, conforme o prazo de resgate. 31. (CESPE - MPU TÉCNICO DE ORÇAMENTO 2010) Quando um estado recebe da União sua parte do imposto sobre produtos industrializados em seu território, em face de determinação constitucional, essa receita é classificada somente como receita corrente.

Page 44: Questões de administração financeira e orçamentária (afo)   pass aki - apostila

44

32. (CESPE - MPU TÉCNICO DE ORÇAMENTO 2010) Por não ser possível prever no orçamento todos os casos em que o órgão público fará a alienação de algum bem do seu patrimônio, a receita proveniente das alienações pode ser classificada como orçamentária ou extraorçamentária. 33. (CESPE - MPU TÉCNICO DE ORÇAMENTO 2010) A receita patrimonial de uma instituição decorre da exploração econômica dos seus bens, fazendo parte dessa receita os juros, dividendos e aluguéis. 34. (CESPE - MPU TÉCNICO DE ORÇAMENTO 2010) A receita patrimonial é considerada receita corrente. Em relação às classificações da receita pública, julgue os itens subsequentes. 35. (CESPE - MPU TÉCNICO DE ORÇAMENTO 2010) Quanto às categorias econômicas, as receitas podem ser correntes e de capital. 36. (CESPE - MPU TÉCNICO DE ORÇAMENTO 2010) As receitas tributárias, de contribuições, agropecuárias, patrimoniais e o superavit do orçamento corrente são considerados receitas correntes. 37. (CESPE - MPU TÉCNICO DE ORÇAMENTO 2010) A classificação por fontes inclui-se entre os critérios de classificação das receitas públicas. 38. (CESPE - MPU TÉCNICO DE ORÇAMENTO 2010) Por meio da classificação institucional da receita, é possível identificar, no orçamento da União, as unidades orçamentárias responsáveis pela arrecadação. 39. (CESPE - MPU TÉCNICO DE ORÇAMENTO 2010) A classificação de receitas intraorçamentárias correntes e de capital foi incorporada à lei que trata das normas gerais de orçamento, dada a necessidade de registro de receitas provenientes de órgãos pertencentes ao mesmo orçamento, evitando-se as duplas contagens na consolidação das contas públicas. 40. (CESPE - MPU TÉCNICO DE ORÇAMENTO 2010) As receitas destinadas aos órgãos representativos de categorias profissionais ou a órgãos de defesa de interesse dos empregadores ou empregados integram a classificação orçamentária como receitas de contribuição.

GABARITO

Page 45: Questões de administração financeira e orçamentária (afo)   pass aki - apostila

45

CAPÍTULO 5: despesa orçamentária; classificação da despesa

orçamentária; execução da despesa orçamentária.

1. DESPESA ORÇAMENTÁRIA

Despesa orçamentária é aquela fixada no orçamento e nas leis

de créditos adicionais. Dispêndio extraorçamentário é a aquele

que não consta na lei orçamentária anual, compreendendo as

diversas saídas de numerários, decorrentes de depósitos,

pagamentos de restos a pagar, resgate de operações de crédito

por antecipação de receita e saídas de recursos transitórios.

Assim como a receita, a despesa pode ser classificada, quanto

à afetação patrimonial, em efetiva e não efetiva.

A despesa efetiva reduz a situação patrimonial líquida, como,

por exemplo, a despesa com pessoal. A despesa não efetiva

não altera a situação patrimonial líquida, sendo acompanhada

da variação patrimonial orçamentária (mutação ativa).

2. CLASSIFICAÇÃO DA DESPESA ORÇAMENTÁRIA

Na estrutura atual do orçamento público, as programações orçamentárias estão organizadas em programas de trabalho e em programação física e financeira. O programa de trabalho, que define qualitativamente a programação orçamentária, deve responder, de maneira clara e objetiva, às perguntas clássicas que caracterizam o ato de orçar, sendo, do ponto de vista operacional, composto dos seguintes blocos de informação: Classificação por Esfera, Classificação Institucional, Classificação Funcional e Estrutura Programática. A programação física define quanto se pretende desenvolver do produto (km de rodovia construída, por exemplo). A programação financeira define o que adquirir, com quais recursos, conforme apresentado na tabela:

A estrutura completa da classificação orçamentária é apresentada a seguir:

1.1. Classificação por esfera orçamentária

A esfera orçamentária tem por finalidade identificar se o orçamento é Fiscal, da Seguridade Social ou de Investimento das Empresas Estatais. Na base do Sistema de Orçamento, o campo destinado à esfera orçamentária é composto de dois dígitos e será associado à ação orçamentária, com os seguintes códigos:

1.2. Classificação institucional

A classificação institucional, na União, reflete a estrutura organizacional e administrativa e está estruturada em dois níveis hierárquicos: órgão orçamentário e unidade orçamentária. As dotações orçamentárias, especificadas por categoria de programação em seu menor nível são consignadas às unidades orçamentárias, que são as estruturas administrativas responsáveis pelas dotações orçamentárias e pela realização das ações. Órgão orçamentário é o agrupamento de unidades orçamentárias. O código da classificação institucional compõe-se de cinco dígitos, sendo os dois primeiros reservados à identificação do órgão e os demais à unidade orçamentária.

Um órgão ou uma unidade orçamentária não correspondem necessariamente a uma estrutura administrativa, como ocorre, por exemplo, com alguns fundos especiais e com os órgãos

Page 46: Questões de administração financeira e orçamentária (afo)   pass aki - apostila

46

“Transferências a Estados, Distrito Federal e Municípios”, “Encargos Financeiros da União”, “Operações Oficiais de Crédito”, “Refinanciamento da Dívida Pública Mobiliária Federal” e “Reserva de Contingência”. 1.3. Classificação funcional da despesa

A classificação funcional, por funções e subfunções, busca responder basicamente à indagação “em que” área de ação governamental a despesa será realizada. Cada atividade, projeto e operação especial identificará a função e a subfunção às quais se vinculam. A atual classificação funcional foi instituída pela Portaria nº 42, de 14 de abril de 1999, do então Ministério do Orçamento e Gestão, e é composta de um rol de funções e subfunções prefixadas, que servem como agregador dos gastos públicos por área de ação governamental nas três esferas de Governo. Trata-se de uma classificação independente dos programas e de aplicação comum e obrigatória, no âmbito dos Municípios, dos Estados, do Distrito Federal e da União, o que permite a consolidação nacional dos gastos do setor público. a) Função A classificação funcional é representada por cinco dígitos. Os dois primeiros referem-se à função, que pode ser traduzida como o maior nível de agregação das diversas áreas de atuação do setor público. A função está relacionada com a missão institucional do órgão, por exemplo, cultura, educação, saúde, defesa, que guarda relação com os respectivos Ministérios. A função “Encargos Especiais” engloba as despesas em relação às quais não se pode associar um bem ou serviço a ser gerado no processo produtivo corrente, tais como: dívidas, ressarcimentos, indenizações e outras afins, representando, portanto, uma agregação neutra. Nesse caso, as ações estarão associadas aos programas do tipo "Operações Especiais" que correspondem aos códigos abaixo relacionados e que constarão apenas do orçamento, não integrando o PPA:

A dotação global denominada “Reserva de Contingência”, permitida para a União no art. 91 do Decreto-Lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967, ou em atos das demais esferas de Governo, a ser utilizada como fonte de recursos para abertura de créditos adicionais e para o atendimento ao disposto no art. 5º, inciso III, da Lei Complementar nº 101, de 2000, sob coordenação do órgão responsável pela sua destinação, será identificada nos orçamentos de todas as esferas de Governo pelo código “99.999.9999.xxxx.xxxx”, no que se refere às classificações por função e subfunção e estrutura programática, onde o “x” representa a codificação da ação e o respectivo detalhamento. b) Subfunção A subfunção, indicada pelos três últimos dígitos da classificação funcional, representa um nível de agregação imediatamente inferior à função e deve evidenciar cada área da atuação governamental, por intermédio da agregação de determinado subconjunto de despesas e identificação da natureza básica das ações que se aglutinam em torno das funções. As subfunções podem ser combinadas com funções diferentes daquelas às quais estão relacionadas na Portaria MOG nº 42/1999. Deve-se adotar como função aquela que é típica ou principal do órgão. Assim, a programação de um órgão, via de regra, é classificada em uma única função, ao passo que a subfunção é escolhida de acordo com a especificidade de cada ação governamental. A exceção à combinação encontra-se na função 28 – Encargos Especiais e suas subfunções típicas que só podem ser utilizadas conjugadas. Exemplos:

1.4. Estrutura programática

Toda ação do Governo está estruturada em programas orientados para a realização dos objetivos estratégicos definidos no Plano Plurianual (PPA) para o período de quatro anos. Conforme estabelecido no art. 3º da Portaria MOG nº 42/1999, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios estabelecerão, em atos próprios, suas estruturas de programas, códigos e identificação, respeitados os conceitos e determinações nela contidos. Ou seja, todos os entes devem ter seus trabalhos organizados por programas e ações, mas cada um estabelecerá seus próprios programas e ações de acordo com a referida Portaria.

Programa é o instrumento de organização da atuação governamental que articula um conjunto de ações que concorrem para a concretização de um objetivo comum

Page 47: Questões de administração financeira e orçamentária (afo)   pass aki - apostila

47

preestabelecido, mensurado por indicadores instituídos no plano, visando à solução de um problema ou ao atendimento de determinada necessidade ou demanda da sociedade. O programa é o módulo comum integrador entre o plano e o orçamento. O plano termina no programa e o orçamento começa no programa, o que confere a esses instrumentos uma integração desde a origem. O programa age como módulo integrador, e as ações, como instrumentos de realização dos programas. A organização das ações do governo sob a forma de

programas visa proporcionar maior racionalidade e eficiência na

administração pública e ampliar a visibilidade dos resultados e

benefícios gerados para a sociedade, bem como elevar a

transparência na aplicação dos recursos públicos.

As ações são operações das quais resultam produtos (bens ou serviços), que contribuem para atender ao objetivo de um programa. Incluem-se também no conceito de ação as transferências obrigatórias ou voluntárias a outros Entes da Federação e a pessoas físicas e jurídicas, na forma de subsídios, subvenções, auxílios, contribuições e financiamentos, dentre outros. As ações, conforme suas características podem ser classificadas como atividades, projetos ou operações especiais. a) Atividade (2xxx, 4xxx, 6xxx e 8xxx) É um instrumento de programação utilizado para alcançar o objetivo de um programa, envolvendo um conjunto de operações que se realizam de modo contínuo e permanente, das quais resulta um produto ou serviço necessário à manutenção da ação de Governo. Exemplo: “Fiscalização e Monitoramento das Operadoras de Planos e Seguros Privados de Assistência à Saúde”. b) Projeto (1xxx, 3xxx, 5xxx e 7xxx) É um instrumento de programação utilizado para alcançar o objetivo de um programa, envolvendo um conjunto de operações, limitadas no tempo, das quais resulta um produto que concorre para a expansão ou o aperfeiçoamento da ação de Governo. Exemplo: “Implantação da rede nacional de bancos de leite humano”. c) Operação Especial (0xxx) Despesas que não contribuem para a manutenção, expansão ou aperfeiçoamento das ações de governo, das quais não resulta um produto, e não gera contraprestação direta sob a forma de bens ou serviços. Subtítulo/Localizador de gasto A Portaria MOG nº 42/1999 não estabelece critérios para a indicação da localização física das ações, todavia,

considerando a dimensão do orçamento da União, a Lei de Diretrizes Orçamentárias tem determinado a identificação da localização do gasto, o que se faz por intermédio do Subtítulo. O subtítulo permite maior controle governamental e social sobre

a implantação das políticas públicas adotadas, além de

evidenciar a focalização, os custos e os impactos da ação

governamental.

No caso da União, as atividades, projetos e operações especiais são detalhadas em subtítulos, utilizados especialmente para especificar a localização física da ação, não podendo haver, por conseguinte, alteração da finalidade da ação, do produto e das metas estabelecidas. A localização do gasto poderá ser de abrangência nacional, no exterior, por Região (NO, NE, CO, SD, SL), por Estado ou Município ou, excepcionalmente, por um critério específico, quando necessário. A LDO da União veda que na especificação do subtítulo haja referência a mais de uma localidade, área geográfica ou beneficiário, se determinados. Na União, o subtítulo representa o menor nível de categoria de

programação e será detalhado por esfera orçamentária (fiscal,

seguridade e investimento), grupo de natureza de despesa,

modalidade de aplicação, identificador de resultado primário,

identificador de uso e fonte de recursos, sendo o produto e a

unidade de medida os mesmos da ação orçamentária.

Estrutura de ação e subtítulo:

Componentes da programação física Meta física é a quantidade de produto a ser ofertado por ação, de forma regionalizada, se for o caso, num determinado período e instituída para cada ano. As metas físicas são indicadas em nível de subtítulo e agregadas segundo os respectivos projetos, atividades ou operações especiais. Vale ressaltar que o critério para regionalização de metas é o

da localização dos beneficiados pela ação. Exemplo: No caso

da vacinação de crianças, a meta será regionalizada pela

quantidade de crianças a serem vacinadas ou de vacinas

empregadas em cada Estado, ainda que a campanha seja de

âmbito nacional e a despesa paga de forma centralizada. Isso

também ocorre com a distribuição de livros didáticos.

Exemplo de programação qualitativa e de meta física

Page 48: Questões de administração financeira e orçamentária (afo)   pass aki - apostila

48

1.5.

1.6. Identificador de doação e operação de crédito (IDOC)

O IDOC identifica as doações de entidades internacionais ou

operações de crédito contratuais alocadas nas ações

orçamentárias, com ou sem contrapartida de recursos da União.

Os gastos referentes à contrapartida de empréstimos serão

programados com o Identificador de Uso – IDUSO – igual a 1,

2, 3 ou 4 e o IDOC com o número da respectiva operação de

crédito, enquanto que, para as contrapartidas de doações serão

utilizados o IDUSO 5 e respectivo IDOC. O número do IDOC

também pode ser usado nas ações de pagamento de

amortização, juros e encargos para identificar a operação de

crédito a que se referem os pagamentos. Quando os recursos

não se destinarem a contrapartida nem se referirem a doações

internacionais ou operações de crédito, o IDOC será 9999.

Neste sentido, para as doações de pessoas, de entidades

privadas nacionais e as destinas ao combate à fome, deverá

ser utilizado o IDOC 9999.

1.7. Identificador de uso (IDUSO)

Esse código vem completar a informação concernente à

aplicação dos recursos e destina-se a indicar se os recursos

compõem contrapartida nacional de empréstimos ou de

doações ou destinam-se a outras aplicações, constando da

LOA e de seus créditos adicionais.

1.8. Fonte de recursos

A classificação por fonte de recursos aplica-se tanto às receitas

quanto às despesas. É composta de 3 dígitos, sendo que o

primeiro representa o grupo fonte e os dois seguintes, a

especificação da fonte, a qual detalha a fonte e permite verificar

se ela é primária ou não.

O quadro a seguir mostra os grupos fonte.

Os chamados “Recursos do Tesouro” são aqueles geridos de forma centralizada pelo Poder Executivo, que detém a responsabilidade e controle sobre as disponibilidades financeiras. Essa gestão centralizada se dá, normalmente, por meio do Órgão Central de Programação Financeira, que administra o fluxo de caixa, fazendo liberações aos órgãos e entidades, de acordo com a programação financeira e com base nas disponibilidades e nos objetivos estratégicos do governo. Por sua vez, os “Recursos de Outras Fontes” são aqueles arrecadados e controlados de forma descentralizada e cuja disponibilidade está sob responsabilidade desses órgãos e entidades, mesmo nos casos em que dependam de autorização do Órgão Central de Programação Financeira para dispor desses valores. De forma geral esses recursos têm origem no esforço próprio das entidades, seja pelo fornecimento de bens, prestação de serviços ou exploração econômica do patrimônio próprio. Nessa classificação, também são segregados os recursos arrecadados no exercício corrente daqueles de exercícios anteriores, informação importante visto que os recursos vinculados deverão ser aplicados no objeto para o qual foram reservados, ainda que em exercício subsequente ao ingresso, conforme disposto no parágrafo único do art. 8º da Lei de Responsabilidade Fiscal. Ressalta-se que os códigos 3 e 6 deverão ser utilizados para registro do superávit financeiro do exercício anterior que servirá de base para abertura de créditos adicionais, respeitando as especificações das destinações de recursos. Recursos Condicionados são aqueles incluídos na previsão

da receita orçamentária, mas que dependem da aprovação de

alterações na legislação para integralização dos recursos.

Quando confirmadas tais proposições, os recursos são

remanejados para as destinações adequadas e definitivas.

A seguir, algumas especificações:

META FÍSICA

Page 49: Questões de administração financeira e orçamentária (afo)   pass aki - apostila

49

1.9. Classificação econômica (natureza da despesa)

Natureza de Despesa Os arts. 12 e 13 da Lei no 4.320, de 1964, tratam da classificação da despesa por categoria econômica e elementos. Assim como no caso da receita, o art. 8o estabelece que os itens da discriminação da despesa mencionados no art. 13 serão identificados por números de código decimal, na forma do Anexo IV dessa Lei, atualmente consubstanciados no Anexo II da Portaria Interministerial nº 163, de 2001. O conjunto de informações que formam o código é conhecido como classificação por natureza de despesa e informa a categoria econômica da despesa, o grupo a que ela pertence, a modalidade de aplicação e o elemento. Na base do sistema de orçamento o campo que se refere à natureza de despesa contém um código composto por seis algarismos:

Categoria Econômica da Despesa A despesa, assim como a receita, é classificada em duas categorias econômicas, com os seguintes códigos:

3 – Despesas Orçamentárias Correntes: classificam-se nessa categoria todas as despesas que não contribuem, diretamente, para a formação ou aquisição de um bem de capital. 4 - Despesas Orçamentárias de Capital: classificam-se nessa categoria aquelas despesas que contribuem, diretamente, para a formação ou aquisição de um bem de capital. Grupo de Natureza da Despesa O grupo de natureza da despesa é um agregador de elementos de despesa com as mesmas características quanto ao objeto de gasto, conforme discriminado a seguir:

1 - Pessoal e Encargos Sociais Despesas orçamentárias com pessoal ativo, inativo e ensionistas, relativas a mandatos eletivos, cargos, funções ou empregos, civis, militares e de membros de Poder, com quaisquer espécies remuneratórias, tais como vencimentos e vantagens, fixas e variáveis, subsídios, proventos da aposentadoria, reformas e pensões, inclusive adicionais, gratificações, horas extras e vantagens pessoais de qualquer natureza, bem como encargos sociais e contribuições recolhidas pelo ente às entidades de previdência, conforme estabelece o caput do art. 18 da LRF. 2 - Juros e Encargos da Dívida Despesas orçamentárias com o pagamento de juros, comissões e outros encargos de operações de crédito internas e externas contratadas, bem como da dívida pública mobiliária. 3 - Outras Despesas Correntes Despesas orçamentárias com aquisição de material de consumo, pagamento de diárias, contribuições, subvenções, auxílio-alimentação, auxílio-transporte, além de outras despesas da categoria econômica "Despesas Correntes" não classificáveis nos demais grupos de natureza de despesa. 4 – Investimentos Despesas orçamentárias com softwares e com o planejamento e a execução de obras, inclusive com a aquisição de imóveis considerados necessários à realização destas últimas, e com a aquisição de instalações, equipamentos e material permanente. 5 - Inversões Financeiras Despesas orçamentárias com a aquisição de imóveis ou bens de capital, em utilização; aquisição de títulos representativos do capital de empresas ou entidades de qualquer espécie, constituídas, quando a operação não importe aumento do capital; e com a constituição ou aumento do capital de empresas, além de outras despesas classificáveis nesse grupo. 6 - Amortização da Dívida Despesas orçamentárias com o pagamento e/ou refinanciamento do principal e da atualização monetária ou

Page 50: Questões de administração financeira e orçamentária (afo)   pass aki - apostila

50

cambial da dívida pública interna e externa, contratual ou mobiliária. 9 – Reserva de Contingência Despesas orçamentárias destinadas ao atendimento de passivos contingentes e outros riscos, bem como eventos fiscais imprevistos, inclusive a abertura de créditos adicionais. Modalidade de Aplicação A modalidade de aplicação indica se os recursos serão aplicados mediante transferência financeira, inclusive a decorrente de descentralização orçamentária para outras esferas de Governo, seus órgãos ou entidades, ou diretamente para entidades privadas sem fins lucrativos e outras instituições; ou, então, diretamente pela unidade detentora do crédito orçamentário, ou por outro órgão ou entidade no âmbito do mesmo nível de Governo. A modalidade de aplicação objetiva, principalmente, eliminar a dupla contagem dos recursos transferidos ou descentralizados, conforme discriminado a seguir:

Elemento de Despesa O elemento de despesa tem por finalidade identificar os objetos de gasto, tais como vencimentos e vantagens fixas, juros, diárias, material de consumo, serviços de terceiros prestados sob qualquer forma, subvenções sociais, obras e instalações, equipamentos e material permanente, auxílios, amortização e outros que a Administração Pública utiliza para a consecução de seus fins. Os códigos dos elementos de despesa estão definidos no Anexo II da Portaria Interministerial nº 163, de 2001.

1.10. Indicador de resultado primário (RP)

O identificador de resultado primário, de caráter indicativo, tem

como finalidade auxiliar a apuração do resultado primário

previsto na LDO, devendo constar no PLOA e na respectiva Lei

em todos os grupos de natureza da despesa, identificando, de

acordo com a metodologia de cálculo das necessidades de

financiamento, cujo demonstrativo constará em anexo à LOA.

Conforme estabelecido no § 5º do art. 7º da LDO 2011,

nenhuma ação poderá conter, simultaneamente, dotações

destinadas a despesas financeiras e primárias, ressalvada a

reserva de contingência.

2. Execução da despesa orçamentária Os estágios da execução da despesa orçamentária, na forma prevista na Lei nº 4.320/1964 são: empenho, liquidação e pagamento. Empenho Empenho, segundo o art. 58 da Lei nº 4.320/1964, é o ato emanado de autoridade competente que cria para o Estado obrigação de pagamento pendente ou não de implemento de condição. Consiste na reserva de dotação orçamentária para um fim específico. O empenho será formalizado mediante a emissão de um documento denominado “Nota de Empenho”, do qual deve constar o nome do credor, a especificação do credor e a importância da despesa, bem como os demais dados necessários ao controle da execução orçamentária. Embora o art. 61 da Lei nº 4.320/1964 estabeleça a obrigatoriedade do nome do credor no documento Nota de Empenho, em alguns casos, como na Folha de Pagamento, torna-se impraticável a emissão de um empenho para cada credor, tendo em vista o número excessivo de credores (servidores). Caso não seja necessária a impressão do documento “Nota de Empenho”, o empenho ficará arquivado em banco de dados, em tela com formatação própria e modelo oficial, a ser elaborado por cada Ente da federação em atendimento às suas peculiaridades.

Page 51: Questões de administração financeira e orçamentária (afo)   pass aki - apostila

51

Quando o valor empenhado for insuficiente para atender à despesa a ser realizada, o empenho poderá ser reforçado. Caso o valor do empenho exceda o montante da despesa realizada, o empenho deverá ser anulado parcialmente. Será anulado totalmente quando o objeto do contrato não tiver sido cumprido, ou ainda, no caso de ter sido emitido incorretamente. Os empenhos podem ser classificados em: Ordinário: é o tipo de empenho utilizado para as despesas de valor fixo e previamente determinado, cujo pagamento deva ocorrer de uma só vez; Estimativo: é o tipo de empenho utilizado para as despesas cujo montante não se pode determinar previamente, tais como serviços de fornecimento de água e energia elétrica, aquisição de combustíveis e lubrificantes e outros; e Global: é o tipo de empenho utilizado para despesas contratuais ou outras de valor determinado, sujeitas a parcelamento, como, por exemplo, os compromissos decorrentes de aluguéis. É recomendável constar no instrumento contratual o número da nota de empenho, visto que representa a garantia ao credor de que existe crédito orçamentário disponível e suficiente para atender a despesa objeto do contrato. Nos casos em que o instrumento de contrato é facultativo, a Lei nº 8.666/1993 admite a possibilidade de substituí-lo pela nota de empenho de despesa, hipótese em que o empenho representa o próprio contrato. Liquidação Conforme dispõe o art. 63 da Lei nº 4.320/1964, a liquidação consiste na verificação do direito adquirido pelo credor tendo por base os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito e tem por objetivo apurar: “Art. 63. A liquidação da despesa consiste na verificação do direito adquirido pelo credor tendo por base os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito. §1° Essa verificação tem por fim apurar: I – a origem e o objeto do que se deve pagar; II – a importância exata a pagar; III – a quem se deve pagar a importância, para extinguir a obrigação. As despesas com fornecimento ou com serviços prestados terão por base: §2º A liquidação da despesa por fornecimentos feitos ou serviços prestados terá por base: I – o contrato, ajuste ou acôrdo respectivo; II – a nota de empenho; III – os comprovantes da entrega de material ou da prestação efetiva do serviço.”

Pagamento

O pagamento consiste na entrega de numerário ao credor por meio de cheque nominativo, ordens de pagamentos ou crédito em conta, e só pode ser efetuado após a regular liquidação da despesa. A Lei nº 4.320/1964, no art. 64, define ordem de pagamento como sendo o despacho exarado por autoridade competente, determinando que a despesa liquidada seja paga. A ordem de pagamento só pode ser exarada em documentos

processados pelos serviços de contabilidade.

RESTOS A PAGAR No fim do exercício, as despesas orçamentárias empenhadas e não pagas serão inscritas em Restos a Pagar e constituirão a dívida flutuante. Podem-se distinguir dois tipos de Restos a Pagar: os Processados e os Não Processados. Os Restos a Pagar Processados são aqueles em que a despesa orçamentária percorreu os estágios de empenho e liquidação, restando pendente apenas o estágio do pagamento. Os Restos a Pagar Processados não podem ser cancelados, tendo em vista que o fornecedor de bens/serviços cumpriu com a obrigação de fazer e a Administração não poderá deixar de cumprir com a obrigação de pagar. Serão inscritas em restos a pagar as despesas liquidadas e não pagas no exercício financeiro, ou seja, aquelas em que o serviço, obra ou material contratado tenha sido prestado ou entregue e aceito pelo contratante. Também serão inscritas as despesas não liquidadas quando o serviço ou material contratado tenha sido prestado ou entregue e que se encontre, em 31 de dezembro de cada exercício financeiro, em fase de verificação do direito adquirido pelo credor ou quando o prazo para cumprimento da obrigação assumida pelo credor estiver vigente. A inscrição de despesa em restos a pagar não processados é procedida após a anulação dos empenhos que não podem ser inscritos em virtude de restrição em norma do ente, ou seja, verificam-se quais despesas devem ser inscritas em restos a pagar e anulam-se as demais para, após, inscrevem-se os restos a pagar não processados do exercício. No momento do pagamento de restos a pagar referente à despesa empenhada pelo valor estimado, verifica-se se existe diferença entre o valor da despesa inscrita e o valor real a ser pago; se existir diferença, procede-se da seguinte forma:

- Se o valor real a ser pago for superior ao valor inscrito, a diferença deverá ser empenhada a conta de despesas de exercícios anteriores;

- Se o valor real for inferior ao valor inscrito, o saldo existente deverá ser cancelado.

Page 52: Questões de administração financeira e orçamentária (afo)   pass aki - apostila

52

A inscrição de restos a pagar deve observar as disponibilidades financeiras e condições de modo a prevenir riscos e corrigir desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, conforme estabelecido na LRF. Assim, observa-se que, embora a Lei de Responsabilidade Fiscal não aborde o mérito do que pode ou não ser inscrito em restos a pagar, veda contrair obrigação no último ano do mandato do governante sem que exista a respectiva cobertura financeira, eliminando desta forma as heranças fiscais, conforme disposto no seu art. 42: “Art. 42. É vedado ao titular de Poder ou órgão referido no art. 20, nos últimos dois quadrimestres do seu mandato, contrair obrigação de despesa que não possa ser cumprida integralmente dentro dele, ou que tenha parcelas a serem pagas no exercício seguinte sem que haja suficiente disponibilidade de caixa para este efeito. Parágrafo único. Na determinação da disponibilidade de caixa serão considerados os encargos e despesas compromissadas a pagar até o final do exercício.” (grifo nosso) Portanto, é necessário que a inscrição de despesas orçamentárias em restos a pagar observe a legislação pertinente. INSCRIÇÃO EM RESTOS A PAGAR NÃO PROCESSADOS A norma estabelece que, no encerramento do exercício, a parcela da despesa orçamentária que se encontrar empenhada, mas ainda não foi paga, será considerada restos a pagar. O raciocínio implícito na lei é de que a receita orçamentária a ser utilizada para pagamento da despesa empenhada em determinado exercício já foi arrecadada ou ainda será arrecadada no mesmo ano e estará disponível no caixa do governo ainda neste exercício. Logo, como a receita orçamentária que ampara o empenho pertence ao exercício e serviu de base, dentro do princípio orçamentário do equilíbrio, para a fixação da despesa orçamentária autorizada pelo Poder Legislativo, a despesa que for empenhada com base nesse crédito orçamentário também deverá pertencer ao exercício. Supõe-se que determinada receita tenha sido arrecadada e permaneça no caixa, portanto, integrando o ativo financeiro do ente público no fim do exercício. Existindo, concomitantemente, uma despesa empenhada, deverá ser registrada também um passivo financeiro; caso contrário o ente público estará apresentando em seu balanço patrimonial, sob a ótica da Lei nº 4320/64, ao fim do exercício, um superávit financeiro (ativo financeiro – passivo financeiro) indevido, que poderia ser objeto de abertura de crédito adicional no ano seguinte na forma prevista na lei. Assim, a receita que permaneceu no caixa na abertura do exercício seguinte já está comprometida com o empenho que foi inscrito em restos a pagar e, portanto, não poderia ser utilizada para abertura de novo crédito. Dessa forma, o registro do passivo financeiro é inevitável, mesmo não se tratando de uma obrigação presente, pois falta o

cumprimento do implemento de condição, mas por força do art. 35 da Lei nº 4.320/1964 e da correta apuração do superávit financeiro, tem de ser registrado. DESPESAS DE EXERCÍCIOS ANTERIORES São despesas fixadas, no orçamento vigente, decorrentes de compromissos assumidos em exercícios anteriores àquele em que deva ocorrer o pagamento. Não se confundem com restos a pagar, tendo em vista que sequer foram empenhadas ou, se foram, tiveram seus empenhos anulados ou cancelados. O art. 37 da Lei nº 4.320/1964 dispõe que as despesas de exercícios encerrados, para as quais o orçamento respectivo consignava crédito próprio, com saldo suficiente para atendê-las, que não se tenham processado na época própria, bem como os Restos a Pagar com prescrição interrompida e os compromissos reconhecidos após o encerramento do exercício correspondente, poderão ser pagos à conta de dotação específica consignada no orçamento, discriminada por elementos, obedecida, sempre que possível, a ordem cronológica. O reconhecimento da obrigação de pagamento das despesas com exercícios anteriores cabe à autoridade competente para empenhar a despesa. As despesas que não se tenham processado na época própria são aquelas cujo empenho tenha sido considerado insubsistente e anulado no encerramento do exercício correspondente, mas que, dentro do prazo estabelecido, o credor tenha cumprido sua obrigação. Os Restos a Pagar com prescrição interrompida são aqueles cancelados, mas ainda vigente o direito do credor. Os compromissos reconhecidos após o encerramento do

exercício são aqueles cuja obrigação de pagamento foi criada

em virtude de lei, mas somente reconhecido o direito do

reclamante após o encerramento do exercício correspondente.

EXERCÍCIOS

Com base nas informações sobre as despesas a seguir

relacionadas responda às questões 1 e 2.

Page 53: Questões de administração financeira e orçamentária (afo)   pass aki - apostila

53

1. (FGV – Senado Federal Consultor de Orçamento 2008) As

despesas correntes e de capital somam, respectivamente:

(A) 40.000 e 30.000.

(B) 38.000 e 32.000.

(C) 37.000 e 33.000.

(D) 43.000 e 32.000.

(E) 42.000 e 32.000.

2. (FGV – Senado Federal Consultor de Orçamento 2008) O

valor das despesas de natureza extra-orçamentária é:

(A) 10.000. (B) 16.000. (C) 9.000. (D) 12.000. (E) 15.000.

3. (FGV – SEFAZ/RJ Auditor Fiscal 2007) As seguintes

informações referentes à “Prefeitura de Tão Distante” foram

extraídas no final do exercício financeiro de 2007:

O valor das despesas extra-orçamentárias é: (A) 8.000. (B) 12.000. (C) 4.000. (D) 5.000. (E) 7.000.

4. (FGV – SAD/PE APO 2008) De acordo com a Portaria n.º

163/01, assinale a alternativa que indique a Categoria

Econômica, o Grupo e o Elemento das Despesas realizadas

com tarifas de energia elétrica.

(A) Corrente / Outras Despesas Correntes / Outros Serviços de Terceiros – Pessoa Jurídica. (B) Corrente / Outras Despesas Correntes / Investimentos. (C) Capital / Inversões Financeiras / Outras Despesas Correntes. (D) Capital / Investimentos / Outras Despesas de Capital. (E) Corrente / Outras Despesas / Serviços de Terceiros – Investimentos.

5. (FGV – Senado Federal Analista Administrativo

Administração 2008) Assinale a opção que contenha a

seqüência exata dos elementos das despesas indicados nos

códigos a seguir relacionados, contidos na Portaria 163/01:

3.3.90.32 3.3.90.33 3.3.90.35 3.3.90.37 3.3.90.38

(A) Material de distribuição gratuita; Passagens e despesas de locomoção; Serviços de consultoria; Locação de mão-de-obra; Arrendamento mercantil (B) Passagens e despesas de locomoção; Material de distribuição gratuita; Serviços de consultoria; Arrendamento mercantil; Locação de mão-de-obra

Page 54: Questões de administração financeira e orçamentária (afo)   pass aki - apostila

54

(C) Material de distribuição gratuita; Arrendamento mercantil; Locação de mão-de-obra; Passagens e despesas de locomoção; Serviços de consultoria (D) Arrendamento mercantil; Serviços de consultoria; Locação de mão-de-obra; Passagens e despesas de locomoção; Material de distribuição gratuita (E) Locação de mão-de-obra; Arrendamento mercantil; Serviços de consultoria; Material de distribuição gratuita; Passagens e despesas de locomoção

6. (FGV – DETRAN/RN Assessor Técnico Administrativo

2010) Com relação às categorias econômicas das despesas

públicas, analise:

I. Os juros são despesas de capital. II. Os investimentos são despesas de capital. III. Os gastos com pessoal são despesas correntes. Está(ão) correta(s) apenas a(s) afirmativa(s): A) I B) II C) III D) II, III E) I, II, III

7. (FGV – DETRAN/RN Assessor Técnico Administrativo

2010) Por Despesa Pública entende-se todo o consumo de

recursos orçamentários e extraorçamentários. Sobre as

Despesas Públicas dos entes federados NÃO se pode afirmar

que:

A) São estágios da despesa orçamentária o empenho, a liquidação e o pagamento. B) O pagamento de juros e encargos da dívida se caracterizam como despesa corrente. C) Investimentos são classificados como despesas correntes. D) Amortização da dívida é uma despesa de capital. E) Inversões financeiras são definidas como despesas de

capital.

A respeito da contabilidade pública e da administração orçamentária e financeira, julgue os itens a seguir. 8. (FPH/SE ANALISTA DE ORÇAMENTO 2008) O poder

público, ao conceder um empréstimo, efetua uma despesa de

capital, da mesma forma que quando amortiza sua dívida. Ao

pagar juros, entretanto, efetua uma despesa corrente.

9. (FPH/SE ANALISTA DE ORÇAMENTO 2008) A Secretaria

do Tesouro Nacional distingue despesas orçamentárias

efetivas, geralmente coincidentes com as despesas correntes,

com as não-efetivas. É o caso, por exemplo, de uma aquisição

de materiais para estoque, em que a despesa orçamentária

com a aquisição do material se contrapõe à variação ativa

correspondente à incorporação do material.

10. (TCE/AC ANALISTA 2008) Considerando a classificação

orçamentária mostrada na figura acima, que representa uma

estrutura completa de programação orçamentária, assinale a

opção correta.

A) Os dois primeiros dígitos da figura indicam em que área da despesa a ação governamental será realizada. B) A classificação funcional, composta de funções e subfunções, é destinada a agregar os gastos públicos por área de ação governamental, independentemente dos programas, e passou a ser adotada pela União, pelos estados, pelo DF e pelos municípios. C) O termo “função”, listado na figura, indica o maior nível de agregação das diversas áreas de despesa sob a responsabilidade do setor público, enquanto o termo “subfunção” identifica a natureza básica das ações que se aglutinam em torno das funções, possibilitando a conexão entre ação e subfunção. D) De acordo com a classificação institucional, representada na figura acima pelo segundo e terceiro agrupamento de dígitos, não existe hierarquia entre órgão e unidade orçamentária, excetuando-se os casos especiais. E) O identificador de resultado primário tem por finalidade

auxiliar a apuração do resultado primário previsto no PPA,

identificando, de acordo com a metodologia estabelecida na lei

orçamentária, as necessidades de financiamentos dos entes da

Federação.

11. (MPU ANALISTA DE CONTROLE INTERNO 2010) Os juros

da dívida pública e a concessão de empréstimos são

classificados como despesas de capital.

Page 55: Questões de administração financeira e orçamentária (afo)   pass aki - apostila

55

12. (MPU ANALISTA DE CONTROLE INTERNO 2010) As

despesas com obras públicas e as subvenções sociais são

classificadas como despesas correntes.

13. (MPU ANALISTA DE ORÇAMENTO 2010) De acordo com

a Lei n.o 4.320/1964, consideram-se despesas de capital os

juros da dívida pública, a amortização da dívida pública e a

aquisição de imóveis.

14. (MPU ANALISTA DE ORÇAMENTO 2010) As despesas

orçamentárias podem ser classificadas em despesas efetivas e

despesas não efetivas; as despesas orçamentárias não

efetivas, assim como os dispêndios extraorçamentários, são

oriundas de fatos permutativos.

15. (MPU ANALISTA ADMINISTRATIVO 2010) Na classificação

orçamentária, o programa constitui o maior nível de agregação

das diversas áreas do setor público.

16. (MPU ANALISTA ADMINISTRATIVO 2010) Na classificação

institucional, os dois primeiros dígitos representam o órgão, e

os três últimos, a unidade orçamentária.

17. (MPU ANALISTA ADMINISTRATIVO 2010) As despesas

que não resultam em produto específico e não geram

contraprestação direta em bens ou serviços são denominadas

operações especiais.

18. (MPU ANALISTA ADMINISTRATIVO 2010) O pagamento

de juros e encargos da dívida são despesas públicas

classificadas como despesas correntes.

19. (MPU ANALISTA ADMINISTRATIVO 2010) As despesas

com aquisições de imóveis não são classificadas na categoria

econômica despesas de capital.

A respeito das classificações da despesa pública, julgue os itens a seguir. 20. (MPU TÉCNICO DE ORÇAMENTO 2010) A destinação de

recursos do orçamento para a constituição ou aumento do

capital de empresas que visem a objetivos comerciais,

incluindo-se operações bancárias ou de seguros, é operação

considerada despesa de capital, na modalidade investimento.

21. (MPU TÉCNICO DE ORÇAMENTO 2010) As despesas com

o pagamento dos juros da dívida pública são despesas

correntes, e a amortização do principal da dívida constitui

despesa de capital.

22. (MPU TÉCNICO DE ORÇAMENTO 2010) Saúde,

educação, ensino fundamental, ensino médio e ensino superior

constituem funções, conforme a classificação funcional da

despesa.

23. (MPU TÉCNICO DE ORÇAMENTO 2010) Na classificação

por programas, uma atividade representa um instrumento de

programação para alcançar os objetivos de um programa e

compreende um conjunto de operações necessárias à

manutenção da ação do governo, realizando-se de modo

contínuo e permanente.

24. (MPU TÉCNICO DE ORÇAMENTO 2010) Na classificação

por programas, as despesas públicas executadas por meio de

projetos, atividades e operações especiais geram produtos

disponibilizados à sociedade na forma de bens ou serviços.

25. (MPU TÉCNICO DE ORÇAMENTO 2010) Todos os

equipamentos e materiais permanentes adquiridos são

considerados despesas de capital.

O orçamento público é organizado por meio de um sistema de classificação estruturado para oferecer, de maneira detalhada, informações relevantes a respeito do uso dos recursos públicos. A estrutura completa de programação orçamentária, constante dos manuais técnicos de orçamento 2010 e 2011, da Secretaria de Orçamento Federal, é composta de trinta e sete dígitos, que indicam, pela ordem, a esfera orçamentária, composta por dois dígitos; a classificação institucional; a classificação funcional; o programa, a ação; o subtítulo, composto por 4 dígitos; os identificadores de operação de crédito e de uso, ambos totalizando cinco dígitos; a fonte de recursos; a categoria econômica, o grupo e a modalidade de aplicação da despesa; e o identificador de resultado primário. Com base nessas informações, julgue os itens a seguir, tendo como referência a seguinte estrutura completa de programação orçamentária: 10.13.101.04.123.0750.2272.0001.9999.0.100.3390.1. 26. (ABIN Oficial Técnico de Inteligência Administração 2010)

Pela estrutura de programação apresentada, é correto inferir

que serão aplicados recursos do Tesouro Nacional na

modalidade direta.

27. (ABIN Oficial Técnico de Inteligência Administração 2010) A

dotação orçamentária pode referir-se à aquisição de material de

consumo ou ao pagamento de diárias.

28. (ABIN Oficial Técnico de Inteligência Administração 2010) A

despesa pode ser tanto objeto de limitação de empenho quanto

de movimentação financeira.

Page 56: Questões de administração financeira e orçamentária (afo)   pass aki - apostila

56

29. (ABIN Oficial Técnico de Inteligência Administração 2010) A

dotação orçamentária refere-se a órgão do Poder Executivo na

esfera fiscal.

30. (ABIN Oficial Técnico de Inteligência Administração 2010) O

instrumento de programação, que envolve uma ou mais

operações que se realizam de modo contínuo e permanente,

resulta em um produto ou um serviço necessário à manutenção

da atuação governamental.

31. (STM ANALISTA JUDICIÁRIO ADMINISTRATIVO 2011) Na

classificação institucional da despesa, cada unidade

orçamentária é subdividida em diversos órgãos.

32. (FGV – Senado Federal Consultor de Orçamento 2008) A

despesa deve passar pelo processo de verificação do direito

adquirido do credor, antes de ser paga. Esse procedimento tem

como objetivo verificar a importância exata a pagar e a quem se

deve pagar, para extinguir a obrigação. É certo que antes deve

ser criada a obrigação de pagamento que constitui ato

praticado por autoridade competente para tal fim. Os dois

estágios da despesa citados são, respectivamente:

(A) licitação e liquidação. (B) liquidação e fixação. (C) liquidação e pagamento. (D) liquidação e empenho. (E) licitação e empenho.

33. (FGV – BADESC Analista Administrativo 2008) O ato

emanado de autoridade competente que gera a obrigação de

pagamento e a verificação do direito adquirido pelo credor com

base em títulos e créditos que comprovem o respectivo crédito,

referem-se, respectivamente, às seguintes fases:

(A) liquidação e empenho. (B) pagamento e empenho. (C) empenho e liquidação. (D) pagamento e liquidação. (E) empenho e pagamento.

34. (FGV – Senado Federal Analista Administrativo

Administração 2008) Sobre restos a pagar, assinale a afirmativa

correta.

(A) Compreendem despesas empenhadas e não pagas até 31 de dezembro do ano seguinte, distinguindo-se as despesas processadas das não processadas. (B) O registro dos restos a pagar far-se-á por exercício, por credor e por destinação de acordo com a modalidade de aplicação. (C) Após o cancelamento da inscrição das despesas como restos a pagar, o pagamento que vier a ser reclamando poderá

ser atendido à conta de dotação destinada a despesas de exercícios anteriores. (D) Os restos a pagar de despesas processadas e não processadas compreendem respectivamente as despesas não liquidadas e as despesas liquidadas. (E) O registro dos Restos a Pagar far-se-á por exercício e por devedor e será automático, no encerramento do exercício financeiro de emissão da Nota de Empenho. 35. (FGV – SEFAZ/RJ Auditor Fiscal 2011) A despesa, no serviço público, é contabilizada segundo o “regime de competência”. Isso significa ser passível de lançamento contábil quando ocorre seu fato gerador, ou seja, o empenho (seu primeiro estágio). Apesar de a realização da despesa ser um ato complexo, em termos de Direito Administrativo, basta a realização do empenho para haver o registro. Isso significa que não é necessário haver desembolso para caracterizar a despesa. Regra geral, é possível serem contabilizados milhões de reais em despesas sem ter havido pagamento algum. Ou seja: despesa não é sinônimo de pagamento. Quanto às despesas, é INCORRETO afirmar que (A) o empenho “é o ato emanado de autoridade competente que cria para o Estado obrigação de pagamento pendente ou não de implemento de condição”. (B) o empenho é, na verdade, um compromisso, por parte da Administração Pública, no sentido de pagar por algo em que tenha interesse e, por parte do fornecedor, de prestar o serviço ou entregar determinada mercadoria. Com o empenho, a despesa já existe, embora ainda não tenha sido paga. Em termos orçamentários, sua realização diminui os créditos disponíveis (valor autorizado para gasto). (C) o empenho possui duas etapas: a autorização, que consiste na verificação no orçamento da existência de crédito orçamentário suficiente para a realização daquela despesa, e a formalização, caracterizada a partir da elaboração da nota de empenho (NE), que possui os dados referentes à compra ou à contratação (dados do contratante, data da entrega, valor, objeto, classificação da despesa etc.). (D) o empenho (registro da despesa) pode ser de três tipos: ordinário, quando o valor a ser empenhado é conhecido e o pagamento deverá ser feito de uma só vez; estimativo, quando não é possível conhecer-se, com precisão, o montante de todas as despesas a serem realizadas durante o exercício; global, quando o valor não é conhecido e o pagamento se dará de maneira parcelada. (E) principalmente na situação do empenho estimativo (mas não somente), caso o valor compromissado seja insuficiente para atender aos gastos efetivamente ocorridos, pode ser feito um reforço de empenho. Isso é particularmente comum quando envolve concessionários (energia elétrica, água, telefone etc.), uma vez que, conforme mencionado, não se sabe com certeza o quantum a ser realizado até o final do exercício. Caso ocorra o contrário (valor empenhado maior do que despesas ocorridas), pode ser feito um cancelamento (estorno) parcial do empenho, de forma que o saldo não utilizado seja remanejado para outras despesas por meio dos chamados créditos adicionais.

Page 57: Questões de administração financeira e orçamentária (afo)   pass aki - apostila

57

Observe as informações a seguir referentes ao primeiro ano de mandato de um governo municipal que apresenta superávit financeiro e responda às questões XX e XX.

36. (FGV – TCM/RJ Auditor 2008) O valor da Despesa de

Capital em atendimento ao que prescreve a Lei 4.320/64 é:

(A) 11.500. (B) 10.500. (C) 9.500. (D) 13.500. (E) 15.000. 37. (FGV – TCM/RJ Auditor 2008) O valor oriundo das

despesas correntes a ser inscrito em Restos a Pagar Não

Processados será:

(A) 1.000. (B) 4.000. (C) 2.000. (D) 3.000. (E) 1.500. 38. (FGV TCM/RJ Auditor 2008) Em relação à despesa pública,

assinale a afirmativa incorreta.

(A) Liquidação da despesa consiste na verificação do direito adquirido pelo credor tendo por base os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito. (B) Empenho de despesa é ato emanado de autoridade competente que cria para o Estado obrigação de pagamento pendente ou não de implemento de condição. (C) Despesas de capital são voltadas para a manutenção de serviços já criados ou para a realização de obras de conservação de bens imóveis. (D) O pagamento da despesa só será efetuado quando ordenado após regular liquidação. (E) É vedada a realização de despesa sem prévio empenho. 39. (FGV – DETRAN/RN Assessor Técnico Administrativo

2010) Segundo a Lei nº. 4320/64, o empenho da despesa é o

ato emanado de autoridade competente que cria para o Estado

obrigação de pagamento pendente ou não de implemento de

condição. São modalidades de empenho:

A) Empenho ordinário, empenho por estimativa e empenho global. B) Empenho por estimativa e empenho prévio. C) Empenho global, empenho por estimativa e empenho extraordinário. D) Empenho ordinário, empenho por estimativa e empenho suplementar. E) Empenho suplementar, especial e extraordinário. 40. (FGV – SAD/PE Analista de Controle Interno – Finanças

Públicas 2008) Considere os fatos registrados no mês de

janeiro:

No balancete de verificação elaborado ao final do mês, a conta usada para registrar os créditos orçamentários e suplementares apresentará saldo de: (A) 47.000. (B) 40.000. (C) 45.000. (D) 52.000. (E) 75.000. 41. (FGV – SAD/PE Analista de Controle Interno – Finanças

Públicas 2008) Considere os seguintes fatos contábeis:

Page 58: Questões de administração financeira e orçamentária (afo)   pass aki - apostila

58

Depois de efetuada a escrituração dos fatos e elaborado o balanço orçamentário, segundo o padrão da lei 4320/64, o resultado da execução orçamentária será um superávit de: (A) 20.000. (B) 15.000. (C) 24.000. (D) 18.000. (E) 22.000.

GABARITO