Regime Diferenciado de Contratações Públicas

Regime Diferenciado de Contratações Públicas – RDC (Lei nº 14.462/2011)

Prof. Vinicius Marins

Aspectos gerais

Lei 12.462/11: processo legislativoDiscussões sobre a constitucionalidade da LeiADIn nº 4.645 (DEM, PSDB e PPS) e ADIn nº 4.655 (Procuradoria Geral da República)Paralelo entre o RDC e a Lei nº 8.666/93: necessidade de observância, pelo legislador, das normas gerais de licitações e contratos.Afastamento da Lei Geral (art. 1º, §2º): análise.

Âmbito objetivo de aplicação

Contratos necessários à realização da Copa das Confederações da Federação Internacional de Futebol Associação – FIFA 2013 e da Copa do Mundo FIFA 2014, definidos pelo Grupo Executivo – GECOPA 2014 (art. 1º).Críticas: abertura da cláusula.Críticas: elasticidade do poder de decisão atribuído ao Poder Executivo para o uso do regime diferenciado. Arbitrariedades na delimitação da competência (ADIn nº 4.655).

Objetivos do Regime

Função regulatória da licitação (STF, ADIn nº 1.923, voto Min. Luiz Fux).Objetivos:

I - ampliar a eficiência nas contratações públicas e a competitividade entre os licitantes;

II - promover a troca de experiências e tecnologias em busca da melhor relação entre custos e benefícios para o setor público;

III - incentivar a inovação tecnológica; eIV - assegurar tratamento isonômico entre os licitantes e a

seleção da proposta mais vantajosa para a administração pública.

Regras aplicáveis às licitações

Indicação de marca ou modelo (art. 7º), quando: a) for necessária a padronização do objeto; b) a marca ou modelo forem os únicos capazes de atender às necessidades da entidade contratante, sendo comercializados por mais de um fornecedor; c) a descrição da marca ou modelo se destinar simplesmente à melhor identificação do objeto, permitida a oferta de produto similar ou de melhor qualidade. Reflexos do entendimento jurisprudencial predominante do TCU.


Possibilidade de exigir dos licitantes: amostra do bem, certificação da qualidade do produto ou do processo de fabricação e carta de solidariedade do fabricante (art. 7º). Jurisprudência do TCU: Exigência de amostra limitada ao autor da melhor proposta (pois imporia ônus que, a depender do objeto, seria excessivo, a todos os licitantes, encarecendo o custo de participação na licitação e desestimulando a presença de potenciais licitantes) – Acórdão nº 808/2003 – Plenário


O RDC não estabelece condicionamentos, permitindo o uso de amostas inclusive nos procedimentos de pré-qualificação.A Lei do RDC faculta à Administração solicitar a certificação da qualidade do produto ou do processo de fabricação (ex. ISO, , inclusive sob o aspecto ambiental, por qualquer instituição oficial competente ou por entidade credenciada. Jurisprudência do TCU sobre exigência de certificados. Apenas na pontuação de propostas.


Carta de solidariedade emitida pelo fabricante: (art. 7º, IV: No caso de licitação para aquisição de bens, a administração pública poderá motivadamente, carta de solidariedade emitida pelo fabricante, que assegure a execução do contrato, no caso de licitante revendedor ou distribuidor).

Jurisprudência do TCU: Inadmissibilidade como condição de habilitação (Acórdão nº 423/2007 – Plenário). Abertura do RDC quanto ao uso da exigência. Cabe falar em contrariedade ao art. 3º, §1º, I, da Lei nº 8.666?

Novo regime para a contratação de obras e serviços de engenharia.Compreende “a elaboração e o desenvolvimento dos projetos básico e executivo, a execução de obras e serviços de engenharia, a montagem, a realização de testes, a pré-operação e todas as demais operações necessárias e suficientes para a entrega final do objeto” (art. 9º, § 1º).Obrigatoriedade de julgamento na modalidade técnica e preço.

Contratação integrada

Encontra fundamento no Decreto nº 2.745, de 24 de agosto de 1998, e que estabelece: 1.9. Sempre que economicamente recomendável, a PETROBRAS poderá utilizar-se da contratação integrada, compreendendo realização de projeto básico e/ou detalhamento, realização de obras e serviços, montagem, execução de testes, pré-operação e todas as demais operações necessárias e suficientes para a entrega final do objeto, com a solidez e segurança especificadas.



Anteprojeto de engenharia: em que consiste? (art. 9º, § 2º).Viola a Constituição a abertura de processos licitatórios sem projeto básico? Argumentação fartamente utilizada nas ADIs nº 4.645 e 4.655: violação ao art. 37, XXI da Constituição e aos princípios da moralidade, eficiência e razoabilidade.Há comprometimento da capacidade de avaliação da melhor proposta pelo Poder Público?

Remuneração variável

A lei faculta à Administração (art. 10) o estabelecimento de remuneração vinculada ao desempenho da contratada, com base em metas, padrões de qualidade, critérios de sustentabilidade ambiental e prazo de entrega definidos no instrumento convocatório e no contrato.Questões: a) contratos administrativos com valor indeterminado?; b) “banalização” da inexecução contratual.

A lei prevê a possibilidade de contratação de mais de uma empresa para a prestação do mesmo serviço, nos casos em que o objeto seja passível de execução de forma concorrente e simultânea, havendo conveniência (art.11).Objetiva-se a continuidade de serviços essenciais.Não se confunde com o parcelamento, previsto nos arts. 23, §§ 1º e 2º, e 50, da Lei Geral de Licitações, ou com o credenciamento.Questão: forma de escolha dos contratados, especialmente no que tange à parcela do objeto cabível a cada um.


Pontos centrais do procedimento licitatório

Arts. 12 a 28 da Lei 12.462.“Inversão de fases” como regra (arts. 12 a 14).Pregão como procedimento geral?Prazos diferenciados de publicidade do ato convocatório (art. 15), definidos em função dos critérios de julgamento.Sigilo para contratações de pequeno valor? (art. 15, §2º). Discussões sobre a constitucionalidade (v. ADIn nº 4.645).

Critérios de julgamento: matéria dos arts. 18 a 23 da Lei.Inovações: a) criação dos critérios de maior desconto, de conteúdo artístico e de maior retorno econômico; b) ampliação das hipóteses de cabimento dos critérios de técnica e preço e de melhor técnica, sofrendo este último modificações substanciais em relação à figura prevista na Lei Geral.Constitucionalidade no uso ampliado da técnica e preço.


Julgamento pelo maior retorno econômico.Cabimento nas licitações para a celebração de contrato de eficiência, cujo objeto constitui a prestação de serviços, que pode incluir a realização de obras e o fornecimento de bens, com o objetivo de proporcionar economia ao contratante, na forma de redução de despesas correntes, sendo o contratado remunerado com base em percentual de economia gerada (art. 23, § 1º).Questionamento na ADIn nº 4.655: ofensa ao princípio da impessoalidade.


Arts. 12 a 28 da Lei 12.462.“Inversão de fases” como regra (arts. 12 a 14).Pregão como procedimento geral?Prazos diferenciados de publicidade do ato convocatório (art. 15), definidos em função dos critérios de julgamento.Sigilo para contratações de pequeno valor? (art. 15, §2º). Discussões sobre a constitucionalidade (v. ADIn nº 4.645).


Desempate de propostas

Os critérios de desempate das propostas constituem matéria do art. 25 da Lei do RDC: a) uma disputa final entre os licitantes empatados, que poderiam apresentar nova proposta fechada; b) a avaliação de desempenho contratual prévio dos licitantes. Dúvidas em relação ao segundo critério. “É imperioso que os elementos a serem considerados na avaliação da proposta não sejam previamente conhecidos; caso contrário, por força de sua utilização automática, não ponderada, alguns licitantes, já entrariam no certame em melhor situação do que os demais, o que não se coaduna com a rigorosa igualdade que deve existir entre os proponentes” (DALLARI, Adilson. Aspectos jurídicos da licitação. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 143).

Procedimento auxiliares

Pré-qualificação;Cadastramento;sistema de registro de preços;Catálogo eletrônico de padronização

Há diferenças sensíveis entre a pré-qualificação do RDC e o procedimento previsto no art. 114 da Lei nº 8.666.Discussões sobre a constitucionalidade da denominada pré-qualificação permanente.

Art. 6o Observado o disposto no § 3o, o orçamento previamente estimado para a contratação será tornado público apenas e imediatamente após o encerramento da licitação, sem prejuízo da divulgação do detalhamento dos quantitativos e das demais informações necessárias para a elaboração das propostas.(...)§ 3o Se não constar do instrumento convocatório, a informação referida no caput deste artigo possuirá caráter sigiloso e será disponibilizada estrita e permanentemente aos órgãos de controle externo e interno.

Orçamento sigiloso

Orçamento sigiloso

Objetivos colimados pela norma.Conveniência e eficácia do orçamento sigiloso.Perseguição à formação de cartéis em licitações.Violação ao princípio da publicidade?Aplicação do art. 48 da Lei nº 8.666.

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