5
1-O Iluminismo Razão e progresso Foi no Renascimento que o Homem, despertado pela sua curiosidade, foi conduzido à pretensão de querer conhecer o funcionamento de tudo o que estava à sua volta. Na sequência deste espírito crítico, iniciou-se no século XVII, uma revolução científica, em que os conhecimentos só eram considerados corretos depois de confirmados pela experiência e pela Razão, surgindo assim o método experimental. Esta nova mentalidade europeia levou, no século XVIII, ao Iluminismo, que através do ensino e da difusão do saber procurava instruir o Homem e "iluminá-lo" com a luz da Razão, do progresso, da cultura e do conhecimento (Racionalismo). Os ideais iluministas O Iluminismo defendeu inovadoras alterações sociais e políticas, criticando a ordem estabelecida e defendendo os ideais de progresso, liberdade, igualdade, tolerância, direito à felicidade das nações e à justiça social. A crítica iluminista Os filósofos e intelectuais iluministas, com as suas ideias, contribuíram para mudanças sociais e políticas profundas na Europa, que acabarão por enraizar-se em inúmeros países do mundo e estar na base do Liberalismo, que se viria a implantar, sobretudo na Europa, a partir dos finais do século XVIII. Os principais filósofos das Luzes foram: Rousseau – defendeu, na sua obra O Contrato Social, o princípio da soberania popular e a igualdade de todos os cidadãos perante a lei; Voltaire – afirmou que o rei devia governar em nome do povo, defendendo os princípios da justiça social, da liberdade, da tolerância religiosa e criticou os privilégios do clero e da nobreza; Montesquieu – defendeu, na sua obra O Espírito das Leis, a separação de poderes (legislativo, executivo, judicial), e a limitação do poder real. Estas novas ideias difundiram-se rapidamente pela Europa e América do Norte através:

Resumo sobre a a matéria (O iluminismo e as reformas pombalinas) de 8ºano

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Resumo sobre a a matéria (O iluminismo e as reformas pombalinas) de 8ºano

1-O Iluminismo

Razão e progresso

Foi no Renascimento que o Homem, despertado pela sua curiosidade, foi conduzido à pretensão de querer conhecer o funcionamento de tudo o que estava à sua volta. Na sequência deste espírito crítico, iniciou-se no século XVII, uma revolução científica, em que os conhecimentos só eram considerados corretos depois de confirmados pela experiência e pela Razão, surgindo assim o método experimental. Esta nova mentalidade europeia levou, no século XVIII, ao Iluminismo, que através do ensino e da difusão do saber procurava instruir o Homem e "iluminá-lo" com a luz da Razão, do progresso, da cultura e do conhecimento (Racionalismo).

Os ideais iluministas

O Iluminismo defendeu inovadoras alterações sociais e políticas, criticando a ordem estabelecida e defendendo os ideais de progresso, liberdade, igualdade, tolerância, direito à felicidade das nações e à justiça social.

A crítica iluminista

Os filósofos e intelectuais iluministas, com as suas ideias, contribuíram para mudanças sociais e políticas profundas na Europa, que acabarão por enraizar-se em inúmeros países do mundo e estar na base do Liberalismo, que se viria a implantar, sobretudo na Europa, a partir dos finais do século XVIII.

Os principais filósofos das Luzes foram:

Rousseau – defendeu, na sua obra O Contrato Social, o princípio da soberania popular e a igualdade de todos os cidadãos perante a lei;

Voltaire – afirmou que o rei devia governar em nome do povo, defendendo os princípios da justiça social, da liberdade, da tolerância religiosa e criticou os privilégios do clero e da nobreza;

Montesquieu – defendeu, na sua obra O Espírito das Leis, a separação de poderes (legislativo, executivo, judicial), e a limitação do poder real.

Estas novas ideias difundiram-se rapidamente pela Europa e América do Norte através:

das academias – instituições onde os cientistas e os intelectuais se reuniam, apresentavam e debatiam as suas ideias e descobertas, divulgando-as em jornais e livros especializados;

da Encyclopédie – obra onde se reuniram todos os conhecimentos, tendo sido dirigida pelo filósofo e escritor Denis Diderot e pelo matemático D'Alambert;

dos salões, clubes e cafés – pontos de encontro e de convívio de burgueses, nobres e até de monarcas, onde se trocavam ideias e conhecimentos entre as elites intelectuais;

da maçonaria – sociedade secreta, da qual faziam parte nobres, burgueses, filósofos e cientistas, que tinha como objetivo construir uma nova ordem política baseada nos ideais iluministas;

O despotismo iluminado ou esclarecido

Alguns iluministas, perante a dificuldade de aplicação de todas as suas ideias, aceitaram a existência de reis absolutistas que exercessem o seu poder sem o povo, mas também a favor do povo, ou seja, não eram eleitos pelo povo, mas deviam governar tendo em vista o bem-

Page 2: Resumo sobre a a matéria (O iluminismo e as reformas pombalinas) de 8ºano

estar de toda a população. Estes monarcas eram chamados «déspotas esclarecidos» ou «iluminados», pois, embora continuassem a ter o poder absoluto, governavam também a favor do terceiro estado e não apenas das ordens priveligiadas. Assim, alguns monarcas absolutistas adotaram medidas no sentido de melhorar as condições de vida do povo e de promover o desenvolvimento cultural do seu reino. Foram os casos de Frederico II, da Prússia, Catarina II, da Rússia e, em Portugal, de D.José I, através da ação do seu ministro, o marquês de Pombal.

2-As reformas pombalinas

Portugal na segunda metade do século XVIII: a ação do Marquês de Pombal

Durante o reinado de D. João V, chegaram a Portugal grandes quantidades de ouro provenientes do Brasil, que serviram para o monarca proteger as artes e as letras. Contudo, o ouro contribuiu, também, para paralisar a economia nacional, já que pagava tudo aquilo que não produzíamos.

Em 1750, com a subida ao trono de D. José I, Sebastião José de Carvalho e Melo, foi nomeado secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Guerra e obteve o título de Marquês de Pombal. Adepto do despotismo esclarecido ou iluminado, desenvolveu uma política económica inspirada no mercantilismo com o intuito de recuperar a economia portuguesa que dava sinais de crise desde os últimos anos do reinado D. João V. Assim, melhorou a eficácia da administração do Estado com a criação de companhias monopolistas, nomeadamente as Companhias do Grão-Pará e Maranhão, para o comércio brasileiro; e a Companhia das Vinhas do Alto Douro, para controlar a produção e o comércio do vinho do Porto. Mas, o ouro brasileiro que, desde os finais do reinado de D. João V, dava sinais de escassez, sofre uma nova quebra a partir de 1763, assim como os diamantes e o açúcar, forçando o Marquês de Pombal a empreender uma política de fomento industrial. Neste período, com a concessão de subsídios e de isenções de impostos, criaram-se ou remodelaram-se cerca de 200 fábricas (têxteis, vidro, papel, louças, chapéus…), contribuindo para o desenvolvimento da burguesia.

O reforço do poder do Estado

Neste período, o Marquês de Pombal procurou conceber uma sociedade de acordo com os ideais do despotismo esclarecido ou iluminado. Para isso, procurou retirar poder à nobreza tradicional e ao clero, nomeadamente aos jesuítas que dominavam a cultura e o ensino em Portugal e nas colónias. Em contrapartida, promoveu socialmente uma burguesia engrandecida com a atividade comercial.

Aproveitando o atentado contra D. José I, em 1758, o Marquês de Pombal acusou alguns elementos da nobreza e do clero de conspirar contra o rei. Vários elementos da família dos Távoras foram presos, julgados, condenados à morte e os seus bens confiscados. Os Jesuítas, também acusados, foram expulsos de Portugal. Desta forma, o poder do rei foi reforçado e os grupos privilegiados submetidos à sua autoridade.

Para reforçar o aparelho do Estado foram criados:

o Erário Régio, para controlar as finanças públicas; a Junta de Comércio, para controlar o fomento industrial e a atividade comercial; a Real Mesa Censória, para vigiar todo o tipo de publicações; a Intendência Geral da Polícia, que separava a função judicial da policial.

Page 3: Resumo sobre a a matéria (O iluminismo e as reformas pombalinas) de 8ºano

O desenvolvimento e a laicização do ensino

Portugal revelava-se, na primeira metade do século XVIII e à semelhança do século anterior, um país culturalmente atrasado devido à ação do Index e da Inquisição que muito limitaram a entrada de novas ideias.

Em meados do século XVIII, as novas ideias e valores iluministas chegam a Portugal através de diplomatas, professores e cientistas portugueses que trabalharam ou estudaram noutros países da Europa – estrangeirados. Estas novas ideias iluministas foram difundidas por um amplo conjunto de meios de partilha, discussão e divulgação de conhecimentos (livros, jornais, cafés, academias, salões e clubes). O ministro Marquês de Pombal, que também tinha sido estrangeirado e ambicionava modernizar Portugal, segundo os princípios do despotismo esclarecido, com base nas ideias dos estrangeirados, pôs em prática uma reforma no ensino português:

instituiu as escolas de ler, escrever e contar, lançando as bases do ensino primário oficial; criou escolas régias, para o ensino de Humanidades; criou o Real Colégio dos Nobres, para a instrução da nobreza; instituiu a Aula do Comércio, para a educação dos burgueses; reformou a Universidade de Coimbra, dotando-a de novos estatutos, que permitiram a

criação de novas faculdades, onde se desenvolveram novos métodos de ensino; fundou institutos de apoio ao ensino superior para promover o ensino prático, alicerçado

na observação e na experiência.

As reformas pombalinas no ensino abriram caminho a uma renovação pedagógica, não só pelos novos métodos de ensino que defendiam, como também pela laicização implementada, isto é, pela libertação do ensino como exclusivo da Igreja, e passando à responsabilidade do Estado.

O urbanismo pombalino

No dia 1 de novembro de 1755, a cidade de Lisboa foi abalada por um violento terramoto, seguido de um marmoto e um incêndio que destruíram inúmeras habitações da “baixa” lisboeta. De imediato, o Marquês de Pombal ocupou-se de medidas para recuperar a cidade, entregando ao engenheiro Manuel da Maia e aos arquitetos Eugénio dos Santos e Carlos Mardel o plano de reconstrução de Lisboa. A nova Lisboa reflete os ideais do urbanismo da época:

ruas traçadas geometricamente; avenidas largas para facilitar a circulação de seges e coches; construção de passeios para peões; instalação de uma rede de esgotos; prédios com a mesma altura e com fachadas iguais; construção mais resistente contra sismos; andares superiores para residências; pisos térreos para as lojas dos comerciantes.

A cidade passa a ser uma imagem do poder e a Praça do Comércio o símbolo do gracioso urbanismo pombalino.