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App gratuito da revista BOA VONTADE www.boavontade.com BOA VONTADE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL A Legião da Boa Vontade apresenta recomendações de boas práticas sociais às delegações presentes na Reunião de Alto Nível do Conselho Econômico e Social (Ecosoc), das Nações Unidas, na sede da ONU em Nova York, EUA. A LBV é uma organização da sociedade civil brasileira com status consultivo geral no Ecosoc desde 1999. 66 anos Em seu artigo “Agenda Global Solidária”, PAIVA NETTO destaca: “A Educação, a sustentabilidade e a Cidadania Planetária como alavancas do desenvolvimento social sustentável”. (Leia a íntegra na p. 4.) Educação no centro da transformação planetária Conheça ações da LBV que fazem estudantes de comunidades vulneráveis atingirem alto desempenho acadêmico e mobilidade social

Revista Boa Vontade Desenvolvimento Sustentável, edição 2016

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BOA VONTADEDESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

A Legião da Boa Vontade apresenta recomendações de boas práticas sociais às delegações presentes na Reunião de Alto Nível do Conselho Econômico e Social (Ecosoc), das Nações Unidas, na sede da ONU em Nova York, EUA. A LBV é uma organização da sociedade civil brasileira com status consultivo geral no Ecosoc desde 1999.66 anos

Em seu artigo “Agenda Global Solidária”, PAIVA NETTO destaca: “A Educação, a sustentabilidade e a Cidadania Planetária como alavancas do desenvolvimento social sustentável”. (Leia a íntegra na p. 4.)

Educação no centro da transformação

planetáriaConheça ações da LBV que fazem

estudantes de comunidades vulneráveis atingirem alto desempenho acadêmico

e mobilidade social

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SUMÁRIO

BOA VONTADERevista apolítica e apartidária da Espiritualidade Ecumênica

BOA VONTADE Desenvolvimento Sustentável

é uma publicação da LBV, lançada pela Editora Elevação.

Registrada sob o no 18166 no livro “B” do 9o Cartório de Registro de Títulos e

Documentos de São Paulo.

DIRETOR E EDITOR-RESPONSÁVEL

Francisco de Assis Periotto — MTE/DRTE/RJ 19.916 JP

CHEFE DE REDAÇÃO Rodrigo de Oliveira — MTE/

DRTE/SP 42.853 JP

COORDENAÇÃO GERAL DE PAUTA

Gerdeilson Botelho

SUPERINTENDÊNCIA DE MARKETING E COMUNICAÇÃO

Gizelle Tonin de Almeida

EQUIPE ELEVAÇÃO Adriane Schirmer, Allison Bello, Ana Paula de Oliveira, Andrea

Leone, Angélica Periotto, Bettina Lopez, Camilla Custódio, Cida

Linares, Daniel Guimarães, Eduarda Pereira, Felipe Duarte, Gabriela Marinho, Gelson dos

Santos, Giovanna Pinheiro, Jéssica Botelho, Josué Bertolin, Laura Leone, Leila Marco, Letícia

Rio, Lísia Peres, Luci Teixeira, Marcos Antonio Franchi, Mariane

de Oliveira Luz, Matheus Teixeira, Natália Lombardi,

Neuza Alves, Raquel Bertolin, Rosana Bertolin, Roseli Garcia, Silvia Fernanda Bovino, Walter

Periotto e Wanderly Albieri Baptista.

PROJETO GRÁFICO E CAPA Helen Winkler

DIAGRAMAÇÃO Diego Ciusz e Helen Winkler

IMPRESSÃO Mundial Gráfica

FOTO DE CAPA Vivian R. Ferreira

ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA

Rua Doraci, 90 • CEP 01134-050 • Bom Retiro •

São Paulo/SP • Tel.: (11) 3225-4971 • Caixa Postal 13.833-9 •

CEP 01216-970 • Internet: www.boavontade.com / E-mail: info@

boavontade.com

A revista BOA VONTADE Desenvolvimento Sustentável

não se responsabiliza por conceitos e opiniões em seus

artigos assinados. A publicação obedece ao elevado propósito

de estimular o debate dos temas relevantes brasileiros e mundiais

e de refletir as tendências do pensamento contemporâneo.

EDIÇÃO COMEMORATIVA DE 5/7/2016, NOS IDIOMAS

ESPANHOL, FRANCÊS, INGLÊS E PORTUGUÊS.

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4 Mensagem de Paiva NettoAgenda Global Solidária

12 Recomendações da LBVEducação de qualidade contra as diferenças socioambientais

26 Opinião — Educação por Suelí PeriottoAprendendo juntos

32 Prática educacional Vencendo desigualdades

44 EsporteEsporte e cidadania

50 Fórum Internacional dos Soldadinhos de Deus, da LBVCeleiro de ideias

56 Ação Jovem LBV por Leilany RochaDespertando habilidades

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agenda Global

solidária

MENSAGEM DE PAIVA NETTO

Minha saudação aos chefes de Estado, às delegações e a todos os participantes da Reunião de Alto Nível do Conselho Econômico e Social (Ecosoc) da Organização das Nações Unidas (ONU) em

2016, que trata do importante tema “Implementar a agenda de desen-volvimento pós-2015: transicionando compromissos a resultados”. A partir desse enfoque pragmático, nossa contribuição aos debates só poderia ser quanto ao indispensável papel da Educação na conquista das arrojadas metas voltadas para o avanço e o bem-estar dos povos, pois, conforme tenho reiterado há algumas décadas, sem Educação e Instrução não existe progresso.

A Educação, a sustentabilidade e a Cidadania Planetária como alavancas do desenvolvimento social sustentável

JOSÉ DE PAIVA NETTO é escritor, jornalista, radialista, compositor e poeta. É diretor-presidente da Legião da Boa Vontade (LBV). Membro efetivo da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e da Associação Brasileira de Imprensa Internacional (ABI-Inter), é filiado à Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), à International Federation of Journalists (IFJ), ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Escritores do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Radialistas do Rio de Janeiro e à União Brasileira de Compositores (UBC). Integra também a Academia de Letras do Brasil Central.

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INCENTIVO À LEITURAA educadora Maria Dora dos Santos com alguns dos alunos do Conjunto Educacional Boa Vontade, na capital paulista, Brasil.

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Considerando as resoluções da 66a Confe-rência do Departamento de Informação Públi-ca (DPI, na sigla em inglês) das Nações Uni-das, que ocorreu de 30 de maio a 10 de junho de 2016, em Gyeongju, na Coreia do Sul, com eixo no tópico “Educação para a Cidadania Global: Alcançar os Objetivos de Desenvolvi-mento Sustentável Juntos”, recorro a alguns improvisos meus a respeito de princípios da Pedagogia do Afeto e da Pedagogia do Cida-dão Ecumênico (boxe na p. 7). Ambas com-põem a linha educacional que aplicamos, com sucesso, na rede de ensino da Legião da Boa Vontade (LBV) do Brasil e do exterior e nos programas socioeducacionais que ela realiza. Por meio dessa proposta pedagógica, à qual se alia um atendimento de excelência, propor-cionamos benefícios concretos a milhões de pessoas e famílias em situação de vulnerabili-dade social assistidas pela Instituição. A LBV acumulou vasta experiência no campo socio-educacional no decurso de 66 anos de luta “por um Brasil melhor e por uma Humani-

dade mais feliz”, como bradava seu fundador, o jornalista, radialista e poeta Alziro Zarur (1914-1979).

EDUCAÇÃO COM ESPIRITUALIDADE ECUMÊNICA

No Manifesto da Boa Vontade (1991), escrevi que, intuitivamente, com sabedoria, assevera o próprio povo, seguido por emi-nentes pensadores, entre os quais o filósofo grego Teócrito (320-250 a.C.):

— Enquanto há vida, há esperança.

O roteiro mais acertado permanece na área da Educação com Espiritualidade Ecu-mênica, um passo à frente no terceiro milê-nio. Contudo, a insensibilidade de muitos foi a motivação deste expressivo repto do notá-vel Martin Luther King Jr. (1929-1968):

— Ao longo do caminho da História, uma das maiores tragédias do homem tem sido

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Assunção, Paraguai

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o seu limitado interesse pelo próximo, seja este tribo, raça, classe ou nação.

Por isso, há que se orientarem os esforços mundiais, empregando-os na tarefa de resga-te da grande parcela desfavorecida do planeta; colocando, assim, os valores da sociedade na devida ordem; e fazendo a marcha do desen-volvimento econômico dirigir-se em prol da criatura humana, porquanto o ser vivente é a geratriz do progresso, a despeito da tecnologia. Do contrário, os governos poderão desviar-se de seu propósito de governar para seus povos.

O velho Gandhi (1869-1948) concluiu que

— uma civilização é julgada pelo trata-mento que dispensa às minorias.

E aí, na indiferença de muitos para com os demais, reside a sua fraqueza, se nada fi-zerem para mudar o rumo dos fatos, para o que é necessário igualmente que parem de

Em sua obra É Urgente Reeducar! (2010), Paiva Netto expõe sua vanguardeira proposta pedagógica, que apre-senta um modelo novo de aprendizado, tendo por base a Espiritualidade Ecumênica, aliando Coração e Intelecto. Tal linha educacional possui fundamentalmente dois seg-mentos: a Pedagogia do Afeto e a Pedagogia do Cidadão Ecumênico. É aplicada com sucesso na rede de ensino e nos programas socioeducacionais desenvolvidos pela Le-gião da Boa Vontade (LBV). “Fundamenta-se nos valores oriundos do Amor Fraterno, trazido à Terra por diversos luminares, destacadamente Jesus, o Cristo Ecumênico, o Divino Estadista”, como ressalta o criador da proposta, o educador Paiva Netto. Na Pedagogia do Afeto, o enfoque é sobre as crianças de até os 10 anos de idade, unindo sentimento ao desenvolvimento cognitivo delas, para que carinho e afeto façam parte de todo o conhecimento e dos ambientes de sua vida, inclusive o escolar. O diretor-presi-dente da LBV costuma afirmar: “A estabilidade do mundo começa no coração da criança”. Na continuidade do pro-cesso de aprendizagem, a Pedagogia do Cidadão Ecumê-nico é direcionada à educação de adolescentes e adultos, dispondo o indivíduo a viver a Cidadania Ecumênica, firma-da no exercício pleno da Solidariedade Planetária.

Os Editores

Pedagogia do Afeto e Pedagogia do Cidadão

Ecumênico

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MENSAGEM DE PAIVA NETTO

mordial iluminar os corações, passando-lhes o significado da Fraternidade, da Caridade, da Generosidade, da Honestidade, do Amor, da Justiça, da Verdade, e assim por diante. Zarur alertava que não basta

— formar um bom médico, um bom ad-vogado, um bom engenheiro, porque é ne-cessário preparar-se um médico bom, um advogado bom, um engenheiro bom (...).

Com isso, pode-se notar que, em diversos lugares onde a economia se tornou mais for-te, após certo tempo, por ausência de maior investimento nos princípios espirituais e éticos, a violência, que diminuíra, ressurge, advinda tantas vezes da indiferença aos que têm menos em suas fronteiras ou fora delas. Disso decorrem muitos conflitos internacio-nais. Por quê? Porque faltou não somente o ensino, todavia muito mais: a Reeducação, que é somar aos conteúdos formais a sabedo-ria universal da Alma.

culpar a Deus e os Seus preceitos pelos tro-peços que dão. Atualíssimo, portanto, este aforismo do escritor latino Publilius Syrus (85-43 a.C.):

— Tolo é aquele que afunda seus navios duas vezes e continua acusando o mar de culpado.

SUSTENTABILIDADE FIRMADA NA FRATERNIDADE ECUMÊNICA E NA REEDUCAÇÃO

Quanto à gestão dos recursos de que dispo-mos, o mundo inteiro fala em sustentabilida-de. No entanto, essa condição está firmada em quê? Em geral, num pensamento econômico que sobrevive pela avidez. E vai liquidando os seres humanos não apenas por força do desemprego, da fome — em várias regiões de nosso orbe —, mas também pela carência de instrução. E esta, muitas vezes, nega melhor perspectiva à juventude e até a indivíduos na idade adulta. Não obstante, existe, por todo lado, o empenho de pessoas decididas a cor-rigir tal situação, que impede o crescimento sustentável de inúmeros países. E não basta instruir e educar. Faz-se imprescindí-vel reeducar e ecumenicamente espi-ritualizar as nações, fazendo com que vejam além do intelecto.

A professora, jornalista, poetisa e filan-tropa brasileira Anália Franco (1853-1919), que fundou setenta escolas, asilos para crianças órfãs, além de importante ins-tituição de auxílio a mulheres, defendeu, em sua heroica trajetória, a necessidade pre-mente de valer-se da educação como ferra-menta sustentável de progresso e empode-ramento das gentes:

— A verdadeira caridade não é acolher o desprotegido, mas promover-lhe a capaci-dade de se libertar.

Reitero que essa liberdade não virá ape-nas por intermédio do fomento do estudo técnico, pois não é suficientemente capaz de extirpar atos de barbárie, que continuam em escalada vertiginosa no mundo. Daí ser pri-

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Em entrevista que concedi, em 10 de ou-tubro de 1981, ao saudoso jornalista italia-no radicado no Brasil Paulo Rappoccio Parisi (1921-2016), manifestei-me sobre a basi-lar necessidade de unir ao raciocínio intelectual a sabedoria que se origina nos corações. Sim, porque também existe a inteligência do senti-mento*1, da emoção e, sobretudo, a espiritual.

PREPARAÇÃO EFICAZ E CIDADANIA PLANETÁRIA

Já que mencionei aqui a necessidade im-

periosa de capacitar o coração e a mente*2 das novas gerações para o enfrentamento de uma realidade repleta de desafios, achei oportuno trazer-lhes este destaque de minha obra É Urgente Reeducar! (Editora Eleva-ção, 2010):

O Espírito tem lugar preponderante na nossa lide. Entretanto, na preparação de jovens e adultos para a subsistência neste mundo material de tecnologia jamais vista — e, paradoxalmente nos dias de hoje, tão instável para os que labutam pelo futuro pró-prio —, devemos levar na mais alta conside-ração que os educandos têm de ser com efi-ciência qualificados para a exigente demanda do acirrado mercado atual de trabalho. E mais: de tal maneira que não persigam um caminho em que a profissão para a qual se aprontaram não mais exista ao fim do curso. É essencial, pois, recebe-rem formação eficaz para que sejam arroja-dos, empreendedores, de modo que possam suplantar os acontecimentos supervenientes que, a qualquer instante, desafiam a socieda-de, assustando multidões.

Paulo Rappoccio Parisi

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Disse Jesus: “Novo Mandamento vos dou: Amai-vos como Eu vos amei. (...) Não há maior Amor do que doar a própria Vida

pelos seus amigos.” (Evangelho de Jesus, segundo João, 13:34 e 15:13).

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*1 Inteligência do sentimento — Em matéria datada de 6 de março de 1997, depois de visitar o Centro Comunitário de Assistência Social Alziro Zarur, conhecido também como Templo da Criança e da Natureza, na cidade de Glorinha, Rio Grande do Sul, Léo Gerchmann, jornalista da Folha de S.Paulo, declarou: “Antes de a inteligência emocional tornar-se uma tendência pedagógica mundial, a LBV já tinha este parâmetro na Educação. Inteligência emocional é a poten-cialidade das pessoas para lidar com as suas emoções, diferentemente do QI (Quociente de Inteligência). ‘Nosso lema é educar, priorizar a Cultura, a Espiritualidade, a inteligência do cérebro e a do coração’, definiu o administrador do Lar, Humberto Cassuriaga. Em salas de aula para reforço escolar, as crianças recebem um complemento às aulas regulares delas, de acordo com suas deficiências”.*2 Mente e Coração — Ao referir-se a esses termos, o autor explicou, em outras oportunidades, o uso que faz deles: “Falar em mente e coração dá-se pela necessidade de evidenciarmos um simbolismo essencial à clareza do que lhes apresento, de modo que estejam nitidamente expressas duas das condições mais importantes da Alma: pensar e sentir, ou, na ordem moral mais perfeita, sentir e pensar. Eu poderia expor que, sendo a mente o contato principal do Espírito com o corpo, nela estaria o centro do pensar e do sentir (amar)”.

Uma palavra de Paz

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De nada adiantarão, portanto — digamos para argumentar —, planejamentos audacio-sos se não houver quem tenha sido devida-mente instruído para desenvolvê-los.

Por essa razão, urge ensinar a todos o sig-nificado da Cidadania do Espírito, sem o que conviver em sociedade será capenga. E isso só será corrigível com a promoção de uma consciência mais elevada, educando os po-vos integralmente, a partir dos princípios do Amor, da Cooperação, do Entendimento, da Verdade e da Justiça.

Acerca do relevante papel concernente aos atores políticos e sociais, bem como aos que acreditam nos nobres ideais inerentes à democracia, o pensador político e historia-dor francês Alexis de Tocqueville (1805-1859), em sua obra A Democracia na Améri-ca, fez a seguinte ponderação:

— É necessário que todos aqueles que se interessam pelo futuro das sociedades de-mocráticas se unam e que todos, de comum acordo, façam contínuos esforços para pro-pagar no seio das sociedades o gosto pelo

infinito, o sentimento do grandioso e o amor aos prazeres imateriais.

A defesa pioneira da LBV por uma Cida-dania Planetária visa ao desenvolvimento do potencial pleno das criaturas em todas as suas dimensões, ou seja, espírito-biopsicossocial. Logo, juntar cidadania política com a Cida-dania do Espírito é propiciar o surgimento da Cidadania Planetária, Global, cujo alicerce é a Generosidade, a Solidariedade, tendo os valo-res espirituais como sustentáculo.

NOVOS TEMPOS SOLIDÁRIOS GLOBAIS

Nessa época, esperada por tantos mis-sionários e ativistas valorosos, a Humani-dade terá entendido que de nada adiantará ilustrar a mente se o coração for esquecido e que é delírio completo desejar o progresso da sociedade se os princípios da confiança e do respeito forem avis rara nas relações inter-pessoais. É necessário também engajar, com o Bem Universal, os corações.

Disse Jesus:

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MENSAGEM DE PAIVA NETTO

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[email protected] | www.paivanetto.com

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“A estabilidade do mundo começa no coração da criança.

Protegê-la é acreditar no futuro.”

— De que vale ao homem conquistar o mundo inteiro e perder a própria Alma? (Evangelho do Cristo, consoante Marcos, 8:36).

Fundamental e sábia reflexão do Rabi da Galileia, uma vez que não almejamos percorrer caminhos equivocados, que ine-vitavelmente resultarão em retrocesso, pois teremos, uma vez mais, menosprezado o co-nhecimento do Espírito — que não está jun-gido à religião ou à irreligião de quem quer que seja. Daí ser o lema da LBV, há tanto pro-clamado, promover Desenvolvimento Social e Sustentável, Educação e Cultura, Arte e Es-porte, com Espiritualidade Ecumênica, para que haja Consciência Socioambiental, Alimentação, Segurança, Saúde e Trabalho para todos, no despertar do Cidadão Plane-tário.

E aqui reforço a expressão Espiritualida-de Ecumênica, porquanto esta é o berço dos mais generosos valores que nascem da Alma, a morada das emoções e do raciocínio ilumi-nado pela intuição, a ambiência que abrange

tudo o que transcende ao campo comum da matéria e provém da sensibilidade humana sublimada, a exemplo da Verdade, da Justiça, da Misericórdia, da Ética, da Honestidade, da Generosidade, do Amor Fraterno.

Ora, que as mais elevadas aspirações, que carregamos em nosso íntimo esclare-cido, possam expandir os horizontes do pensamento e consigam com espírito de iniciativa e com criatividade enfrentar os graves desafios mundiais de nosso tempo, traduzindo-se em resultados efetivos que beneficiem toda a Humanidade, que, uni-da, insiste em sobreviver às mais borrasco-sas situações.

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RECOMENDAÇÕES DA LBV

Declaração apresentada pela LBV e traduzida pela ONU para os seis idiomas oficiais desta (árabe, chinês, espanhol, francês, inglês e russo) sob o símbolo E/2016/NGO/45. Baixe o leitor QR Code em seu smartphone ou tablet, fotografe o código e leia o documento na versão em inglês.

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Rio de Janeiro/RJ

contra as diferenças socioambientais

EDUCAÇÃO DE QUALIDADE

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A revista BOA VONTADE publica, nesta edição espe-cial, relatório da Legião da Boa Vontade, no qual a Insti-tuição apresenta suas proposições relativas ao tema da Reunião de Alto Nível do Conselho Econômico e Social (Ecosoc) da Organização das Nações Unidas em 2016 — “Implementar a agenda de desenvolvimento pós-2015: transicionando compromissos a resultados” —, realiza-da de 18 a 22 de julho, na sede da ONU em Nova York, nos Estados Unidos. No documento, a LBV defende a Educação de qualidade como fator determinante para que o trabalho das Nações Unidas e dos países que com-põem a entidade ajude a promover efetivamente o tão almejado e necessário desenvolvimento sustentável.

Como implementar a nova agenda global de desen-volvimento sustentável, transformando os compro-missos assumidos por todos os países em resulta-

dos concretos? Nós, da Legião da Boa Vontade (LBV), respondemos a essa pergunta, que norteia a Reunião de Alto Nível do Conselho Econômico e Social das Na-ções Unidas em 2016, a partir das propostas levantadas no 12o Fórum Intersetorial Rede Sociedade Solidária, que realizamos em São Paulo/SP, no Brasil, e de nossa própria experiência. Somos uma organização com 66 anos de história e integramos uma rede com 93 uni-dades de educação e assistência social, em sete países (Argentina, Bolívia, Brasil, Estados Unidos, Paraguai, Portugal e Uruguai). Em 2015, prestamos mais de 12,5 milhões de atendimentos e benefícios a populações em situação de pobreza.

Transmitido em cadeia nacional de rádio e TV, o fó-rum teve o apoio da Seção de ONGs do Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais da ONU (UN/Desa) e reu niu relevantes entidades brasileiras que assessoram o poder público, redes de organizações da sociedade civil, além de representantes do setor empresarial e da área acadêmica. As recomendações resultantes desse encon-tro estão articuladas em três eixos, detalhados ao longo deste documento: 1o) fortalecer os atores locais; 2o) fo-mentar o engajamento da sociedade civil; e, sobretudo, 3o) fortalecer a educação para a Cidadania Planetária.

Nossa ênfase no terceiro eixo deve-se ao fato de a educação, quando afastada dos valores dessa nova agenda, correr o risco de colaborar para perpetuar iniquidades socioambientais. Segundo o educador brasileiro José de Paiva Netto, em escritos publica-dos desde a década de 1960, a Caridade/Solidarieda-de, valor essencial a padrões de vida sustentáveis, é

RECOMENDAÇÕES DA LBV

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A missão da LBVPromover Desenvolvimento Social e Sustentável, Educação e Cultura, Arte e Esporte, com Espiritualidade Ecumênica, para que haja Consciência Socioambiental, Alimentação, Segurança, Saúde e Trabalho para todos, no despertar do Cidadão Planetário.

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(1) Durante a Reunião de Alto Nível do Ecosoc em 2013, em Genebra, na Suíça, o secretário- -geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, é saudado por Adriana Rocha, da LBV, enquanto recebe a edição especial da BOA VONTADE em inglês. Atencioso, folheou a publicação e reafirmou seu apreço pelo trabalho da Instituição. (2) A administradora do Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (PNUD), Helen Clark (D), recebe as recomendações da LBV. (3) Da mesma forma, é entregue à diretora-geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), sra. Irina Bokova (E), a revista BOA VONTADE Mulher em inglês. (4) Também tomam conhecimento da mensagem da LBV o sr. Mukhisa Kituyi, secretário-geral da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD, sigla em inglês), e (5) o diretor do Secretariado do Fórum das Nações Unidas sobre Florestas, Manoel Sobral Filho (E).

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“(...) ferramenta imprescindível, em minha opi-nião, para ajustar os mecanismos de uma sociedade, ainda hoje regida pelo individualismo, seja no âmbito particular ou coletivo. Aliás, esse individualismo tem contribuído para levar muita gente à indiferença, à secura de alma, isto é, à ausência da Solidariedade, da Fraternidade, da Generosidade nos relacionamentos humanos e sociais. (...) A Caridade, aliada à Justiça, é o combustível das transformações profundas. Sua ação é sutil, mas eficaz”.

FORTALECER OS ATORES LOCAISAo se analisarem os indicadores de um país, as médias

nacionais podem mascarar grandes desigualdades inter-nas. Assim, é preciso que eles sejam monitorados também de forma desagregada. Essa medida deve vir acompanha-da de mecanismos que descentralizem a implementação de políticas públicas, prevendo maior participação das co-munidades envolvidas nesse processo. Este requer, ainda, aprimorar diretrizes e procedimentos de trabalho e capa-citar gestores públicos e de organizações comunitárias a fim de assegurar uma melhor governança.

Experiência promissora tem sido a formação de re-des da sociedade civil comprometidas com programas de desenvolvimento sustentável na esfera das cidades. Essas redes estimulam autoridades locais a se com-prometer com um conjunto de metas, o que possibilita maior qualificação do debate público.

FOMENTAR O ENGAJAMENTO DA SOCIEDADE CIVIL

Ainda que os governos tenham papel crucial no cum-primento da nova agenda, a iniciativa privada e a socie-dade civil organizada são determinantes para que isso ocorra. Por isso, é preciso fomentar a mobilização social em prol dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), a exemplo das ações bem-sucedidas no alcance dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM). A formação de redes ou plataformas dedicadas ao tema, a realização de campanhas publicitárias para simplificar e disseminar os ODS, a criação de observatórios dos indi-cadores locais, o uso intensivo das tecnologias da comu-nicação e das mídias sociais, o estímulo ao voluntariado e à constituição em parcerias alinhadas à Agenda 2030, são algumas das boas práticas que podem ser renovadas.

No que se refere a grupos historicamente marginali-zados, é importante adotar instrumentos que permitam aferir os efeitos do racismo e de outras formas de

ESCOLAS

RECOMENDAÇÕES DA LBV

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O Instituto de Educação José de Paiva Netto, em São Paulo/SP, Brasil, demonstra que Educação de qualidade, Solidariedade e Espiritualidade Ecumênica são indispensáveis à formação do cidadão pleno. Tais valores

refletem a Pedagogia do Afeto e a Pedagogia do Cidadão Ecumênico, preconizadas por Paiva Netto e aplicadas, com sucesso, na rede de ensino e nos programas socioeducativos da Instituição. Em um grande

totem, ao lado do frontispício, o dirigente da LBV fez colocar esta máxima de Aristóteles (384-322 a.C.), grafada em letras douradas: “Todos quantos têm meditado na arte de governar o gênero humano acabam por

se convencer de que a sorte dos impérios depende da educação da mocidade”.

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Rio de Janeiro/RJTaguatinga/DFLa Paz, Bolívia

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discriminação sobre o cumprimento das novas metas, propondo medidas para reverter essa desigualdade. Uma maior articulação entre a Agenda 2030 e a De-claração e o Programa de Ação de Durban, na África do Sul, pode colaborar para o alcance desse objetivo. A Declaração e o Programa de Ação de Durban, firma-dos em 2001, durante a Conferência Mundial contra o Racismo, preveem diversas estratégias de ação, entre as quais a denominada Década Internacional dos Afro-descendentes, iniciada em 2015.

FORTALECER A EDUCAÇÃO PARA A PROMOÇÃO DA CIDADANIA PLANETÁRIA

Apesar de o acesso ao ensino ter aumentado nas úl-timas décadas, é necessário elevar a qualidade da edu-cação oferecida, conforme prevê o quarto ODS. Isso exige não somente o fortalecimento das instituições, redes e comunidades educativas, mas também uma reflexão acerca dos próprios conteúdos priorizados na construção dos currículos escolares.

A 66a Conferência de Organizações Não Governa-mentais do Departamento de Informação Pública da ONU, realizada em Gyeongju, na Coreia do Sul, deu importante contribuição para o cumprimento dessa finalidade ao discutir o tema “Education for Global Citizenship: Achieving the Sustainable Development Goals Together” (Educação para a Cidadania Global: Alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentá-vel conjuntamente, em tradução livre). De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), “cidadãos globais são indivíduos que pensam e agem para um mundo mais justo, pacífico e sustentável”.

Nós, da Legião da Boa Vontade, atuamos diretamen-te na promoção da Cidadania Global, seja no âmbito da educação formal, por meio de nossa rede de educação básica, seja no da educação informal, por intermédio de nossos Centros Comunitários de Assistência Social e Lares para a Terceira Idade. No campo da defesa de direitos e da informação pública, produzimos conteú-dos multimídia sobre cidadania (veiculados em rádio, TV, sites e publicações) e campanhas de marketing em favor de causas sociais, realizamos congressos acerca de temas sociais e participamos de eventos do gênero, capacitamos e assessoramos organizações da sociedade civil que agem em prol da população, entre outras ações.

Abrangemos, assim, todas as faixas etárias e di-versas regiões geográficas, etnias, grupos religiosos,

RECOMENDAÇÕES DA LBV

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Teófilo Otoni/MG

Volta Redonda/RJ

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A Legião da Boa Vontade foi criada oficialmente em 1o de janeiro de 1950 (Dia Mundial da Confraternização Universal e da Paz), no Rio de Janeiro/RJ, Brasil,

pelo jornalista, radialista e poeta Alziro Zarur (1914-1979), sucedido na presidência da Instituição pelo também jornalista, radialista e escritor José de Paiva Netto. Os dados abaixo correspondem ao trabalho da LBV de sete países: Argentina,

Bolívia, Brasil, Estados Unidos, Paraguai, Portugal e Uruguai.

NÚMEROS DE 2011 a 2015

BOA VONTADE NO MUNDO

Além de escolas, Centros Comunitários de Assistência Social e Lares para Idosos, a LBV utiliza meios de comunicação social (rádio, TV, internet e publicações) para fomentar

educação, cultura e valores de cidadania. Mais de 12 mil especialistas de todo o Brasil participaram, em 2015, da programação da Super Rede Boa Vontade

de Comunicação.

93unidades

socioeducacionais em sete países

60

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MILHÕESde

de atendimentos e benefícios a pessoas e famílias em situação de vulnerabilidade social

* Há mais de duas décadas, a Legião da Boa Vontade tem seu balanço geral analisado e aprovado pela Walter Heuer, auditores externos independentes, em uma iniciativa de José de Paiva Netto, diretor-presidente da LBV, muito antes de a legislação que exige essa medida entrar em vigor.

Número de atendimentos e benefícios prestados pela Legião da Boa Vontade do Brasil de 2011 a 2015*

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pessoas com e sem deficiência e outros aspectos que re-presentam a pluralidade das populações-alvo. A partir de nossa experiência, formulamos as seguintes propos-tas, em contribuição ao debate sobre educação para a Cidadania Global:

PROGRAMAS TEMÁTICOS INTERDISCIPLINARES

Acreditamos que a educação não se dá de manei-ra fragmentada. Compreendemos que os saberes tra-balhados com os estudantes não devem contemplar apenas a reprodução dos conteúdos pedagógicos his-toricamente acumulados e organizados nos currículos. Assim, reconhecemos a importância de ensinar o lega-do das gerações anteriores (nas ciências, nas artes, nas línguas etc.); contudo, também entendemos que é pre-ciso criar condições para que os alunos reflitam sobre o legado que a geração deles deixará.

Dessa forma, consideramos que apreender os cál-culos, as teorias, os movimentos culturais, os idiomas e os ecossistemas é importante, mas não é a única fina-lidade do processo ensino–aprendizagem. Nas entreli-nhas de cada conteúdo estão os usos políticos e sociais dele. Para compreender esses usos, faz-se necessário restabelecer as pontes entre os saberes, ou seja, não basta estudar o átomo; é preciso entender a revolução científica causada pelos avanços desse conhecimento, bem como observar o uso deste para fins militares e de geração de energia e as implicações sociais e ambien-tais que persistem, até hoje, nos povos impactados por esses avanços. Biologia, Física, História, Sociologia e Artes não são universos particulares, isolados uns dos outros, mas, sim, diferentes perspectivas de investiga-ção, análise, aprofundamento e compreensão do mes-mo mundo, da mesma Humanidade.

Por isso, em nossas escolas, que aplicam a Pedago-gia do Afeto e a Pedagogia do Cidadão Ecumênico — as quais compõem a inovadora linha pedagógica criada pelo educador Paiva Netto —, não se considera apenas determinada aula ou um momento específico para tra-balhar e/ou debater valores, entre estes a solidarieda-de, a justiça, o respeito e a sustentabilidade. Todas as disciplinas compartilham a responsabilidade de per-mear os conteúdos ensinados com esses valores.

Os programas temáticos que desenvolvemos são organizados por faixa etária e por seriação acadêmica, respeitando-se as necessidades, os interesses e a rea-lidade das crianças, dos adolescentes, dos jovens, dos

RECOMENDAÇÕES DA LBV

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CENTROS COMUNITÁRIOS DE ASSISTÊNCIA SOCIAL

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RECOMENDAÇÕES DA LBV

adultos e dos idosos. Em cada uma das disciplinas mi-nistradas em nossa rede de ensino, os eixos temáticos de Espiritualidade Ecumênica são aplicados de manei-ra que dialogam com os conteúdos do currículo regular e com as demais disciplinas. Assim, contribuem para a ressignificação e a ampliação dos conteúdos intelec-tuais.

ESPIRITUALIDADE ECUMÊNICA — “UMA VISÃO ALÉM DO INTELECTO”

A Espiritualidade Ecumênica embasa nosso trabalho socioeducacional. Empregamos o termo “ecumênico” no sentido etimológico da palavra, que significa “de esco-po ou aplicabilidade mundial, universal”, ou seja, não restrito ao aspecto inter-religioso, que é de fundamental importância. Portanto, aplicar aos conteúdos curricula-res “uma visão além do intelecto”, como afirma o edu-cador Paiva Netto, não é ensinar os alunos por meio de cartilha doutrinária nem impor uma ideia sobre Deus. Trata-se de respeitar e valorizar os saberes espirituais e os conhecimentos milenares de nossos antepassados, que acompanham as diversas culturas e comunidades.

A importância do saber espiritual está no fomento à conscientização de que as consequências das ações hu-manas não são apenas imediatas. Refletir sobre o que construímos no presente e sobre os desdobramentos dis-so para o futuro — mesmo que após nossa morte — con-tribui para o aumento da responsabilidade de cada um de nós para com as novas gerações. O sentido de eterni-dade pode ajudar-nos a enxergar mais longe ao provocar reflexões do tipo “O que minhas atitudes na comunida-de na qual estou inserido estão eternizando em mim?” e “Que marcas e/ou que legado estou deixando no mundo ou, conforme ensinam as diversas tradições religiosas e espirituais, posso estar carregando comigo?”.

Em nossa compreensão, considerar a eternidade da vida em outras dimensões ou mesmo o efeito contínuo de nossas ações sobre a realidade material (no impacto ambiental que geramos ou nos bons frutos que lega-mos à nossa comunidade) traz contribuições efetivas para a adoção de uma postura sustentável, necessária ao exercício da Cidadania Planetária. A Espiritualidade Ecumênica, na definição do criador da Pedagogia do Afeto e da Pedagogia do Cidadão Ecumênico, em seu livro É Urgente Reeducar!, é

“(...) o berço dos mais generosos valores que nas-cem da Alma, a morada das emoções e do raciocínio iluminado pela intuição, a ambiência que abrange

Aracaju/SE

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Buenos Aires, Argentina

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Glorinha/RS

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Belo Horizonte/MG

CENTROS COMUNITÁRIOS DE ASSISTÊNCIA SOCIAL

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tudo o que transcende ao campo comum da matéria e provém da sensibilidade humana sublimada, a exem-plo da Verdade, da Justiça, da Misericórdia, da Ética, da Honestidade, da Generosidade, do Amor Fraterno. Em suma, a constante matemática que harmoniza a equação da existência humana, mental, moral e espi-ritual. (...) Ora, sem esse saber de que existimos em dois planos, portanto não unicamente no físico, fica difícil alcançarmos a Sociedade realmente Solidária, porque continuaremos a ignorar que o conhecimento da Espiritualidade Superior eleva o caráter das cria-turas e consequentemente o direciona à construção da Cidadania Planetária”.

CONCLUSÃOEducar com Espiritualidade Ecumênica para a Ci-

dadania Planetária é enriquecer a educação por meio da reflexão sobre a morte, o sentido da vida, a caridade, o autoconhecimento e outros valores universais, a par-tir de uma perspectiva interdisciplinar, em que as ciên-cias humanas, biológicas e exatas se somam ao saber do estudante, da família dele e da comunidade em que estes vivem. Consiste em, ainda, aplicar aos conteúdos do currículo regular, o diálogo sobre as implicações so-ciais, éticas, políticas e filosóficas.

Queremos compartilhar nossa linha pedagógica e a metodologia de aplicação desta com todos os que acre-ditam na educação como caminho para a Cidadania Global, a qual chamamos também de Cidadania Plane-tária, conforme escreveu Paiva Netto em recente men-sagem às delegações internacionais presentes a um dos diversos debates da ONU:

“Passos importantes foram empreendidos e con-quistados; porém, resta muito a fazer para que pos-samos vivenciar a cidadania concedida a nós pela vida em comunidade, comunidade solidária global, à qual costumo dar o nome de Cidadania Ecumênica. (...) E a nossa ferramenta para erigir o Cidadão Ecu-mênico é algo de que não podemos abrir mão: o es-pírito universalista, cujo instrumental é a Solidarie-dade, iluminando mentes e sentimentos. O Cidadão Ecumênico é aquele que não perde tempo conflitan-do intolerantemente com os demais — porque estes não têm o mesmo pensamento social, político, reli-gioso ou não pertencem à mesma cultura ou etnia —, mas que junta forças para diminuir a avassaladora carência que afeta comunidades, multidões ou uma única pessoa”.

João Pessoa/PB

Maricá/RJ

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RECOMENDAÇÕES DA LBV

Nova Jersey, EUA

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Irauçuba/CEBuíque/PE

São Paulo/SPArcoverde/PE Uauá/BA

Belo Horizonte/MGPetrópolis/RJ

CAMPANHAS DE SOCORROS ÀS POPULAÇÕES

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OPINIÃO – EDUCAÇÃO

Aprendendo juntosEvento internacional da LBV reúne especialistas para debater como o ensino de qualidade, com Espiritualidade Ecumênica, pode transformar o ser humano

Suelí Periotto

Instituído pelo diretor-presidente da Legião da Boa Vontade, José de Paiva Netto, desde 1994, o Congresso Internacional de Educação

da LBV é um evento anual, no Brasil, e bienal, em Portugal. Um de seus objetivos principais é o de contribuir para a formação continuada de profissionais da educação e, consequentemen-te, para a aplicação de uma prática pedagógica de excelência, aliada ao diferencial da Espiri-tualidade Ecumênica. Esta é definida pelo di-rigente da Instituição como “o berço dos mais generosos valores que nascem da Alma, a mo-rada das emoções e do raciocínio iluminado pela intuição, a ambiência que abrange tudo o que transcende ao campo comum da matéria e provém da sensibilidade humana sublimada, a exemplo da Verdade, da Justiça, da Miseri-córdia, da Ética, da Honestidade, da Genero-sidade, do Amor Fraterno. (...)”.

Com essa visão, Paiva Netto criou uma van-guardeira linha educacional, formada pela Pe-dagogia do Afeto e pela Pedagogia do Cidadão

SUELÍ PERIOTTO é supervisora da Pedagogia do Afeto e da Pedagogia do Cidadão Ecumênico e diretora do Instituto de Educação José de Paiva Netto, em São Paulo/SP. É doutoranda e mestre em Educação pela PUC-SP, conferencista e apresentadora do programa Educação em Debate, da Super Rede Boa Vontade de Rádio (www.boavontade.com).

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Ecumênico (veja quadro abaixo), que, por entender o aluno como um indivíduo integral, isto é, conside-rado em seus aspectos espiritual, físico, psíquico e social, o incenti-va à vivência de valores espirituais, éticos e ecumênicos e à não adoção de quaisquer comportamentos ou atitudes preconceituosas. Isso aju-

da a despertar o educando para o respeito às diferenças, fator essen-cial para a construção da Cultura de Paz. Ou seja, além de proporcionar o necessário estímulo ao pensar e ao desenvolvimento cognitivo, a referida proposta pedagógica, que norteia as atividades da rede de en-sino, dos programas socioeducacio-nais e do congresso de educação da LBV, leva em conta o cuidado em direcionar os estudantes à prática de ações solidárias que consolidem o exercício do Amor Fraterno.

As temáticas abordadas nas edi-ções do congresso internacional que ocorreram em terras brasilei-ras, mais especificamente em São Paulo/SP, atenderam a sugestões de congressistas sobre questões atuais vividas em sala de aula. Da mesma forma, deu-se no auditório da Fun-dação Manuel Antônio da Mota, na

Quem: Dra. Ivani Fazenda, professora titular da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).Quando palestrou: No 13o Congresso Internacional de Educação da LBV, em 2014.

“O desejo maior meu é o abraço compartilhado com o Paiva Netto, um queridíssimo amigo com quem tenho dialogado, muitas vezes à noite, na leitura de seus textos. (...) Não teríamos jamais este auditório [do congresso] lotado se não houvesse o sonho dele. Contudo, entre o sonho e a realidade, há o esforço, o processo científico, não de uma ciência só do intelecto, mas a que permite o sentimento, como vemos na Pedagogia da LBV.”

A Pedagogia do Afeto (destinada a crianças de até os 10 anos de idade) e a Pedagogia do Cidadão Ecumênico (a partir dos 11 anos) compõem a linha educacional da Legião da Boa Vontade, criada pelo educador Paiva Netto, consoante a proposta da Instituição de oferecer Educação com Espiritualidade Ecumênica. Aplicadas com sucesso na rede de ensino e nos programas socioeducacionais da LBV tanto do Brasil quanto do exterior, têm nessa proposição a base e o diferencial das ações da Entidade. Ambiente livre de violência e índice zero de evasão escolar estão entre os resultados dessa inovadora linha pedagógica.

OPINIÃO – EDUCAÇÃOFo

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Metodologia própria da LBVA LBV possui uma metodologia própria

para a rede de ensino e seus programas socioeducacionais: o MAPREI (Método de Aprendizagem por Pesquisa Racional, Emo-cional e Intuitiva). Este se apresenta como ferramenta facilitadora da aplicabilidade da proposta pedagógica, que evidencia a Es-piritualidade Ecumênica na prática. Assim, o MAPREI é utilizado no planejamento das atividades da matriz curricular das escolas da Instituição, bem como nas ações lúdicas e esportivas em outras unidades de atendi-mento, em conformidade com as diferentes faixas etárias amparadas nesses locais. O objetivo do MAPREI é desenvolver no alu-no habilidades investigativas, racionais e intuitivas por meio do incentivo à pesquisa e do aprofundamento de temas, recursos esses primordiais para a construção do co-nhecimento. O aluno é visto como protago-nista do processo de aprendizagem, sob a ação mediadora dos educadores.

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Estímulo cognitivo individualizadoDurante as edições do Congresso Internacional de Educação da

LBV, têm sido apresentados relatórios da coleta de dados de institui-ções educacionais que encaminharam seus graduandos às escolas da Legião da Boa Vontade, dados esses que possibilitam uma men-suração mais detalhada do avanço alcançado pelos alunos orienta-dos de acordo com a linha educacional da Entidade. Nesses estudos acadêmicos, foram verificadas situações de progresso de estudantes na superação de defasagem pedagógica e em casos de distúrbio de aprendizagem. A conclusão desses trabalhos afirma que esses bons resultados estão ligados a estratégias de estímulo cognitivo individua-lizadas (mediante o diagnóstico recebido de profissionais que acom-panham os discentes), as quais têm como foco a contínua apreensão dos conteúdos e o diferencial de que estes são permeados pelos conceitos fraternos e solidários, que fundamentam a proposta peda-gógica da LBV (leia mais sobre o assunto na p. 32).

Quem: Professora Emília Cipriano, secretária-adjunta de Educação de São Paulo/SP.Quando palestrou: No 14o Congresso Internacional de Educação da LBV, em 2015.

“É a construção de uma rede humana a serviço da vida, da transformação de uma realidade que não é esta — do consumo, da visão superficial —, mas é aquela que dá sentido para a existência. Encontros dessa natureza nos fortalecem.”

de problemas mundiais, entre eles a exclusão social, os vários tipos de conflito, o abandono, a solidão, a fome e a degradação do ecossistema em todo o orbe.

“CÉREBRO E CORAÇÃO”Na Legião da Boa Vontade, pro-

curamos sempre derrubar a ideia preconcebida de que há a impos-sibilidade de expansão acadêmica dos que vêm de famílias com pou-cos recursos socioeconômicos. Por isso, trabalhamos o aluno utilizan-do a perspectiva proposta pelo di-retor-presidente da LBV de “aliar Cérebro e Coração”, pois, conforme ele destaca em seu livro É Urgente Reeducar!, “(...) é essencial enxer-gar além do intelecto. A mente sem o sentimento é forma castradora de pensar”.

Tendo isso em conta, é impor-tante mencionar que as oficinas pedagógicas do congresso de edu-cação da LBV abrem espaço para dis cussões sobre práticas que pos-

cidade do Porto, em Portugal, em novembro de 2015, o 15o Congresso Internacional de Educação da LBV, que reuniu acadêmicos e profissio-nais de áreas afins ao ensino. Na ocasião, houve o compartilhar de experiências e a realização de ati-vidades de fomento da consciência socioambiental, promovidas estas pela Instituição com o propósito de fazer os participantes refletir acerca

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sibilitem mudanças para melhor no seio das famílias. Graças a essas ações, os estudantes têm conseguido ultrapassar os limites, aparen-temente intransponíveis, esta-belecidos muitas vezes pela socie-dade aos que vivem em situação de vulnerabilidade social, estereótipo esse que a Instituição busca ajudar a desconstruir.

O encontro também contribui para maior comprometimento de professores, gestores escolares, assistentes sociais, psicólogos e outros profissionais da educação e de áreas afins com a quebra de barreiras sociais, econômicas e in-telectuais. Sob os preceitos da Edu-cação com Espiritualidade Ecumê-nica — bandeira que propõe unir aos conteúdos cognitivos os valores espirituais, éticos e ecumênicos —, sugere-se a execução na sala de aula de ações que promovam a conscien-tização sobre a imprescindibilidade dos cuidados ambientais, entre es-tas as de economia de água e de pre-servação da Natureza. Iniciativas como essas colaboram para inspirar aos educandos, desde a mais tenra idade, a tomada de decisões a favor do planeta, sem atitudes egoísticas

de desgaste ou de extinção dos bens naturais de nosso orbe.

Realizada de 29 de junho a 1o de julho deste ano, na capital paulis-ta, a 16a edição do Congresso In-ternacional de Educação da LBV enfocou o tema “Socialização do saber na aprendizagem coletiva: uma visão além do intelecto”. O evento reforçou a importância do incentivo às trocas de conhecimen-to, a partir da educação infantil, na vivência de valores solidários, que devem permear os hábitos e os conteúdos pedagógicos, enri-quecendo, assim, o estudo coletivo dos alunos, os quais necessitam ser provocados à discussão de assun-tos que abranjam desde questões individuais a temáticas globais. Em tempos nos quais a sustenta-bilidade e outros tópicos precisam ser continuamente debatidos, por meio das mais diversas aborda-gens, o estímulo às práticas que despertem os educandos para o exercício da Cidadania Planetária torna-se indispensável a fim de que haja a formação de crianças, adolescentes e jovens efetivamente comprometidos com a solução das questões socioambientais.

Quem: Celso Antunes, educador e psicopedagogo.Quando palestrou: No 7o Congresso Internacional de Educação da LBV, em 2009.

“Quando o pedido é da LBV, dou prioridade incontestável, porque jamais deixarei de aceitar um convite dela, não apenas pela amizade que a LBV me desperta, mas também pela grandeza da obra de Paiva Netto, pelo significado que esse trabalho representa e pelo projeto que a Instituição desenvolve. Na verdade, não estava assumindo um compromisso, mas cumprindo uma obrigação. Muito obrigado! Foi uma honra, uma felicidade estar com vocês.”

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PRÁTICA EDUCACIONAL

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O trabalho acadêmico de Karen Reis Ribeiro, ex-estudante do Conjunto Educacional Boa Vontade, em São Paulo/SP, reper-cutiu de forma muito positiva não só entre educadores, mas

também entre integrantes da equipe desta revista. Os debates e as reflexões ocasionados pelo estudo geraram a seguinte pergunta, à qual esta reportagem tenta responder: “A escola pode neutralizar a interferência socioambiental e promover um melhor aprendizado dos alunos?”.

Os bons resultados alcançados por meio da ação da LBV na área educacional — trabalho esse que tem como base a Pedagogia do Afeto e a Pedagogia do Cidadão Ecumênico (leia mais sobre o tema na p. 26), criadas pelo diretor-presidente da Entidade, o jornalista, radia-lista, escritor e educador José de Paiva Netto — sinalizam que sim. Eles são ainda mais expressivos se for considerado o público: pessoas e famílias em situação de vulnerabilidade social. Ao publicar esta ma-téria, a revista pretende dividir a experiência e as boas práticas da Instituição e inspirar outros atores sociais para que o ideal fraterno de incluir socialmente crianças, adolescentes, jovens e adultos que não acompanham a educação formal se transforme em realidade.

desigualdadesAção da LBV faz com que escola tenha índices de países desenvolvidos e vira objeto de estudo em congresso na Europa

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educação de qualidadeComo a LBV atua para melhorar o desenvolvimento social e emocional da criança

PRÁTICA EDUCACIONAL

do ensino fundamental, surpreendeu os examinadores do trabalho, pois a unidade educacional apresen-tou índices de distúrbios de comunicação semelhantes aos encontrados na população de países ricos e desenvolvidos, o que mostra “quanto uma boa es-cola faz diferença na vida dos alu-nos”. Ela credita a melhoria de tais níveis à linha pedagógica da Legião da Boa Vontade, proposta essa que fundamenta o ensino em valores es-pirituais, éticos e ecumênicos e tem como objetivo promover a formação integral do ser humano, consideran-do, ao mesmo tempo, os potenciais intelectual, emocional e psicológico deste.

Para a dra. Noemi Takiuchi, professora adjunta do curso de Fo-noaudiologia da Faculdade de Ciên-cias Médicas da Santa Casa de São Paulo e orientadora do TCC de Karen, a pesquisa tem um caráter inédito. “Ao fazermos a revisão da li-teratura [acadêmica sobre o tema], vimos que, quando a criança vem de um ambiente social menos favo-recido, isso tem um impacto enorme no desenvolvimento da linguagem e da leitura. Foi o oposto do que acha-mos na LBV. Encontramos crianças com baixos recursos, mas bons de-sempenhos. (...) Foi importante ver quanto uma escola consegue rea-lizar um trabalho diferenciado, de alta qualidade, e com crianças que vêm de ambientes nem sempre tão favoráveis. Esse ineditismo do re-sultado chamou muito a atenção da banca, dos professores que partici-param da apresentação”, revela.

Segundo a Associação America-na para Fala, Linguagem e Audição (ASHA, na sigla em inglês), distúr-bio de comunicação é a dificuldade de receber, expressar, processar e compreender conceitos, seja na for-ma verbal, seja na não verbal, seja na escrita. Os indivíduos podem demonstrar um único distúrbio ou uma combinação deles.

Apesar de serem poucos os estu-dos na área no Brasil, especialistas são categóricos em afirmar que existe um quadro de alta prevalência des-sas disfunções na primeira infância e que, na ausência do suporte neces-sário, estas podem ocasionar proble-

Karen frequentou o Conjunto Educacional Boa Vontade do berçário ao ensino médio. O

carinho, o respeito e a troca de co-nhecimentos e vivências entre edu-cadores e educandos que ela teve no local levaram-na a cursar Peda-gogia, sua primeira graduação, e, no fim de 2015, terminou a faculdade de Fonoaudiologia. Foi o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) des-sa segunda graduação, intitulado “Identificação de distúrbios da co-municação em estudantes do ensino fundamental”, alvo de especial aná-lise da equipe da BOA VONTADE.

A jovem conta que o resultado da pesquisa realizada no referido colé-gio, com discentes do segundo ano

“Verificamos vários aspectos contemplados na proposta pedagógica da LBV que atuam como fatores protetivos. Então, algumas crianças que poderiam vir a desenvolver algum tipo de dificuldade [têm a possibilidade de não desenvolvê-lo], pelo fato de estar expostas ao método de ensino e de leitura diferenciado da Instituição.”

DRA. NOEMI TAKIUCHIProfessora adjunta do curso de

Fonoaudiologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de

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mas no futuro. “Uma criança com distúrbios da comunicação pode ficar mais retraída ou, às vezes, ter até um quadro depressivo, porque é inteligente, percebe o impacto que a fala dela provoca nos outros. Ela frequentemente é vítima de bullying; então, é vitimizada pelas dificulda-des de comunicação, e, a longo pra-zo, isso pode acarretar menos opor-tunidades acadêmicas e no mercado de trabalho”, ressalta a dra. Noemi.

FATORES PROTETIVOSEmpolgada com o retorno posi-

tivo da pesquisa empreendida por Karen, a professora destaca a im-portância de fazer uma análise mais abrangente na escola da Legião da Boa Vontade. “As crianças en-tram bebês e permanecem até o fim do ensino médio. Isso é muito raro. É raro a gente ter

Diferencial das escolas da LBVAlém de terem uma sólida infraestrutura, as unidades educacio-

nais da Legião da Boa Vontade aplicam uma metodologia diferen-ciada (firmada nos valores da Espiritualidade Ecumênica), que inclui diversas atividades extracurriculares com o intuito de promover o desenvolvimento de habilidades cognitivas* e de comunicação.

* Habilidades cognitivas — São um conjunto de habilidades aprendidas em diferentes graus, conforme um indivíduo cresce e se desenvolve mentalmente. Ao contrário de habili-dades que são baseadas em conhecimento acadêmico, as habilidades cognitivas são habili-dades usadas para aprender, compreender e integrar as informações de forma significativa. Informação aprendida cognitivamente é entendida e assimilada, não apenas memorizada (Fonte: site da Universidade Estácio de Sá).

Biblioteca, sala de leitura

Laboratório de

informática

Artes marciais

Xadrez MúsicaDança Esportes em equipe

Vivian R. Ferreira

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essa continuidade, essa esta-bilidade, e estudos longitudi-nais são muito difíceis de ser feitos, por conta da mobilida-de das crianças. (...) Na Insti-tuição, temos o cenário ideal para estudar tanto os fatores de risco como os protetivos. Verificamos vários aspectos con-templados na proposta pedagógi-ca da LBV que atuam como fatores protetivos. Então, algumas crian-ças que poderiam vir a desenvol-ver algum tipo de dificuldade [têm a possibilidade de não desenvol-vê-lo], pelo fato de estar expostas ao método de ensino e de leitura

PRÁTICA EDUCACIONAL

Pesquisa sobre escola da LBV estará em

congresso na IrlandaA pesquisa de Karen Reis

Ribeiro, realizada no Conjunto Educacional Boa Vontade, para o TCC do curso de Fonoaudio-logia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, intitulado “Identificação de distúrbios da comunicação em estudantes do ensino fun-damental”, é um dos trabalhos que representarão o Brasil no 30o Congresso Mundial da As-sociação Internacional de Lo-gopedia e Fonoaudiologia (IALP, na sigla em inglês), que ocorrerá de 21 a 25 de agosto de 2016, em Dublin, na Irlanda. O traba-lho acadêmico passou por uma seleção rigorosa, concorrendo com pesquisas de vários países, antes de ser escolhido para esta edição do evento.

diferenciado da Instituição, além de [contar com] a família traba-lhando com as crianças, de parti-cipar muito das atividades, de ter até acesso a atividades diferencia-das, como, por exemplo, música, informática, educação física, boa alimentação, [porque] tudo isso funciona como fator protetivo.”

ESTUDANTES DE ALTO DESEMPENHO

A orientadora ainda destaca que é muito interessante ver também os efeitos da Pedagogia do Afeto e da Pedagogia do Cidadão Ecumênico na universidade. “A Santa Casa está re-cebendo ex-alunos da LBV nos cur-sos de Fonoaudiologia, Enferma-gem e Medicina. Eles têm um perfil diferenciado; são estudantes de alto desempenho. Nessa parceria com a Santa Casa, há a possibilidade de formar líderes, não só profissionais, mas profissionais que vão lutar pelas questões importantes — no nosso caso, em relação à fonoau-diologia, à saúde da comunicação humana.”

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Karen Reis Ribeiro durante atividade com alunos no PAR Boa Vontade. Leia

mais sobre este programa na p. 56.

“A gente está recebendo ex-alunos da LBV nos cursos de Fonoaudiologia, Enfermagem e Medicina. Eles têm um perfil diferenciado; são estudantes de alto desempenho.”

DRA. NOEMI TAKIUCHI

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foco na famíliaEla também já escreve o próprio nome”, conta.

“Agora, estou tranquila, saben-do que minha filha está bem cuida-da e alimentada. Com esse auxílio, melhoramos nossa vida. Tenho uma geladeira em casa, um grande passo e muito necessário para o lar, mas antes não tinha dinheiro para isso. Trabalhando sozinha, concen-tro-me mais, e a renda cresceu. Na LBV, tudo é gratuito, e, com esse apoio, vou comprando coisas para minha família. Agradeço à Institui-ção pela ajuda”, conclui.

A história de Teresa Franco, mãe de Rosa Isabel, de 4 anos, atendida no Jardim Infantil e

Pré-Escolar José de Paiva Netto, estabelecimento de ensino da Le-gião da Boa Vontade em Assunção, no Paraguai, é uma das inúmeras narrativas que, além de comove-rem, mostram o valor de cuidar do núcleo familiar para a melhora da qualidade de vida e do desenvol-vimento pedagógico do aluno. Há muito tempo, essa mulher, de 45 anos, enfrenta grandes desafios para sobreviver. Sem emprego fixo, per-corre os bairros da capital paraguaia

vendendo produtos. A situação ficou pior quando engravidou e, princi-palmente, após o nascimento de sua filha. Só e não tendo com quem deixar a criança, precisou levá-la consigo para a atividade na rua logo nos primeiros dias de existência da menina. “Isso me preocupava bas-tante, porque ela era tão pequena e não tinha horário para comer; fi-cava sob o sol forte, sem água... Foi muito difícil”, relembra.

Essa árdua rotina, que durou mais de dois anos, foi interrompida quando Teresa conseguiu vaga para Rosa Isabel, em período integral, na escola da Entidade. Segundo a mãe, o ingresso no local abriu novos hori-zontes à criança. “Minha filha apren-deu muitos valores na LBV; está mais comunicativa e independente.

Alunos do Jardim Infantil e Pré-Escolar José de Paiva Netto participam de atividade lúdica com duas genitoras. No destaque, a aluna Rosa Isabel e sua mãe, Teresa Franco.

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“Minha filha aprendeu muitos valores na LBV; está mais comunicativa e independente. Ela também já escreve o próprio nome.”

TERESA FRANCO

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Esta matéria começa com um fato curioso: o entrevistado e eu cho-ramos durante o relato da his-

tória de vida dele e de sua família. Não foram lágrimas amargas, e sim de bom orgulho, ao conversarmos sobre a trajetória de alguém que, aparentemente, tinha motivos para devolver à sociedade a violência que

recebera na infância, mas que, em vez disso, deu a volta por cima e se tornou, mais do que bom professor, uma pessoa que tem por nortes da existência o Amor ao próximo e o Bem.

Esse personagem é William Souza Lobo, de 33 anos, graduado em Educação Física, com extensão

universitária em treinamento es-pecífico e funcional, que atua como instrutor de caratê no Conjunto Educacional Boa Vontade, em São Paulo/SP. No emocionante bate--papo, ele se referiu, com profundo amor, à profissão, a seus alunos e à vivência familiar.

“Eu era morador de rua. Uma

De morador de rua

a professorA trajetória vitoriosa de quem encontrou na escola da LBV uma segunda família

PRÁTICA EDUCACIONAL

Brasil

Vivian R. Ferreira

Leila Marco

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vez, passei em frente à LBV e fa-lei à minha mãe: ‘Nossa, que lu-gar grande! Como seria bom fi-car aqui!’.” Foi assim que William iniciou sua narrativa, provocando o olhar surpreso da equipe desta revista. Na sequência, vieram no-vas revelações não menos tocantes, por meio das quais contou de que modo ele, a mãe, dona Noe mia Souza Lobo, e os três irmãos mais jovens sobrepujaram as dificuldades das ruas e se tornaram cidadãos ple-nos e profissionais bem-sucedidos, com formação universitária. “Todos nós fomos acolhidos pela LBV. Eu tive tudo na escola, desde o banho, a alimentação, a roupa... A Legião da Boa Vontade foi mãe, segunda mãe, pai, tio; foi tudo! Até o fato de ser professor hoje foi por conta da Instituição. É incrível! Deu [tudo] certo!”, rememorou.

Nessa transição, a família passou dois anos morando debaixo do Via-duto do Chá, na capital paulista, e, depois, mais alguns anos residindo de favor em casas de amigos e de pa-rentes antes de conseguir o próprio lar. “[Esse período] foi complicado, muito difícil. Apanhávamos todo dia na rua, de meninos maiores e de homens adultos. Quando tinha 9 anos, tomei um tapa no rosto por-que peguei uma bolacha em uma doceria. Apanhamos eu e meu ir-mão para me defender”, lamentou.

AMOR E PACIÊNCIAComo os integrantes dessa famí-

lia conseguiram vencer tantos obs-táculos foi pergunta parcialmente respondida. Para William, o êxito de sua caminhada está no processo pedagógico da LBV. “É muito gran-de o empenho dos educadores, e estuda-se bastante. A criança que vem de outra escola para cá sente

a diferença na forma de trabalhar cada passo. A maneira de tratar o estudante é mais abrangente, [pois] abraça a criança e sua família”, res-saltou. Para exemplificar, aludiu ao próprio caso. “Como vivia na rua, houve época em que eu não tinha roupa. A que usava na sexta-feira era a mesma do sábado e do domin-go. Eu só me trocava aqui na LBV na segunda-feira. (...) Ao chegar à

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“Todos nós fomos acolhidos pela LBV. Eu tive tudo na escola, desde o banho, a alimentação, a roupa... A Legião da Boa Vontade foi mãe, segunda mãe, pai, tio; foi tudo! Até o fato de ser professor hoje foi por conta da Instituição. É incrível! Deu [tudo] certo!”

WILLIAM SOUZA LOBO

Vista parcial do Conjunto Educacional Boa Vontade, na capital paulista, escola que William Lobo frequentou durante a educação básica. Na foto abaixo, ele aparece ao fundo durante apresentação em feira cultural.

escola, levavam-me até o banhei-ro para tomar banho. Eu colocava o uniforme, tomava café e ia estu-dar.”

Ele também destacou a pa-ciência dos educadores em ou-vir o aluno para descobrir as di-ficuldades deste e ajudá-lo. “Eu nunca vou me esquecer dos pro-fessores, em especial da Adria-na, do Marcelo e da Sandra.

BOA VONTADE Desenvolvimento Sustentável | 39

Page 40: Revista Boa Vontade Desenvolvimento Sustentável, edição 2016

O professor Marcelo colocava-me nas primeiras cadeiras da sala e dizia: ‘Qualquer dúvida [que você tiver,] é só olhar para mim’, por-que eu não conseguia ter um bom rendimento. Quando não entendia algo, já olhava, e ele falava: ‘Você quer pegar essa parte de novo?’. Aí, sentava comigo e explicava tudo novamente.”

Outro aspecto que diferencia o en-sino nas unidades da LBV, segundo o instrutor de caratê, é o conceito de educação integral. “Esse sistema leva o estudante a evoluir o tempo todo. Eu tinha dificuldades, mas o que não conseguia fazer, entender de manhã, completava à tarde, a ponto de estu-dar e compreender [os conteúdos], de ficar mais fácil. Na verdade, se parar para pensar, não estava mais tran-quilo; eu é que consegui melhorar pe-dagogicamente”, comentou.

Ao se escutar William falar, per-cebe-se que tudo o que recebeu da es-cola o fortaleceu e fez dele uma pes-soa mais solidária. “Às vezes, estou em casa e penso neles [os alunos]. Eu tenho minha filha, mas eles es-tão em meu pensamento; são como meus filhos. (...) Na LBV, a criança está segura e protegida de violên-cias, do frio e da fome. Para mim, essa proteção, esse acolhimento, em resumo, isso tudo é Amor. Proteger a criança é fundamental, e a Insti-tuição faz muito isso. Eu acredito que fui protegido pela escola, cui-dado e amparado”, declarou.

O educador finalizou o testemu-nho agradecendo ao diretor-pre-sidente da Entidade. “Deus e Paiva Netto nos ampararam. Nunca es-tamos sozinhos; temos Deus, a força reinante do Universo. Acre-dito que o Criador foi manifesta-

do nele. (...) Tem gente que ouve Deus neste mundo, e eu acho que o Paiva Netto ouve Deus. A LBV é fru-to disso”, concluiu.

Quem: William Souza Lobo

Idade: 33 anos

De onde: São Paulo/SP

O que faz: Trabalha há doze anos como instrutor de caratê.

Para ele: Não basta ir bem no esporte. É preciso ter boas notas também.

Orgulho: Seus alunos nunca tiveram uma aula igual à outra.

Sonho: Ver caratecas ensinados por ele conquistar a faixa preta.

“Na LBV, a criança está segura e protegida de violências, do frio e da fome. Para mim, essa proteção, esse acolhimento, em resumo, isso tudo é Amor. Proteger a criança é fundamental, e a Instituição faz muito isso.”

PRÁTICA EDUCACIONAL

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Confira detalhes da entrevista na reportagem da Boa Vontade TV

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Por meio do programa Estudan-tes de Boa Vontade pela Paz (em inglês, Good Will Students

for Peace), a LBV dos Estados Uni-dos oferece a escolas públicas nor-te-americanas importante apoio na redução de comportamentos de risco. Com a iniciativa, a Entidade visa, além de fomentar o desempe-nho acadêmico das crianças e dos adolescentes participantes, ajudar a consolidar de maneira positiva o ca-ráter deles, contribuindo, dessa for-ma, para que sejam pessoas de Bem e para que colaborem na edificação de um mundo melhor e na promo-ção da Cultura de Paz.

Assim, em consonância com a linha educacional da Legião da Boa Vontade — composta da Pedagogia do Afeto e da Pedagogia do Cidadão

Educar para a PazPedagogia da LBV ajuda a reduzir comportamentos de risco em escolas norte-americanas

Ecumênico — e com as diretrizes do programa, educadores da Ins-tituição atuam em parceria com os professores dos colégios associados a ela, realizando atividades solidá-rias criativas dentro e fora da sala de aula, as quais são integradas ao currículo escolar. O objetivo destas é sempre impulsionar o desenvolvi-mento integral dos alunos, isso por-que a LBV leva em conta não ape-nas a parte cognitiva, mas também as dimensões além do intelecto do indivíduo, isto é, a espiritual, a fí-sica, a psíquica e a social, conforme defende o educador Paiva Netto, criador da proposta pedagógica da Entidade. Para que esse intuito seja alcançado, busca-se estimu-lar o protagonismo dos educandos em ações diversas tanto na escola

quanto na comunidade, entre as quais as de preservação do meio ambiente e de combate à fome e ao bullying. Mais de dois mil estu-dantes do Estado de Nova Jersey já participaram do referido programa, que tem duração de três meses em cada uma das respectivas edições. APRENDIZADO PARA A VIDA

O sucesso da aplicação da pro-posta educacional da Legião da Boa Vontade pode ser comprovado ob-servando-se casos reais de trans-formação pessoal, entre estes o de Mohammed, de 9 anos, que inte-grou a citada iniciativa da LBV em 2014. O episódio narrado a seguir mostra o que a educação de qualida-de e voltada para os bons valores é capaz de fazer pelo ser humano.

Sâmara Caruso e Danilo Parmegiani

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Recentemente, voluntários da Instituição que empreendiam o pro-grama Ronda da Caridade*, em um dos abrigos temporários para famí-lias em situação de extrema vulne-rabilidade social em Newark, Nova Jersey, foram surpreendidos e im-pactados por um acontecimento in-comum. Da fila dos que esperavam para receber a nutritiva refeição le-vada pela LBV e passar por exames de saúde saiu Mohammed. O meni-no, que estava vivendo com a mãe e o irmão naquele local e aguardava, junto dos demais, o atendimento, se aproximou da equipe da Entidade e disse: “Olá! Eu sou um Estudante de Boa Vontade pela Paz e também quero ajudar. Vou ao meu quar-to buscar o meu bóton”. Ele, en-tão, subiu entusiasmado as escadas para pegar o distintivo da LBV (um coração azul), que todos os alunos

ganham ao concluir a participação no programa. Quando retornou, os-tentava no peito o emblema e, com um doce sorriso, anunciou: “Agora estou pronto! Em que posso colabo-rar?”. Logo, assumiu um posto na distribuição do chocolate quente. Terminou o dia feliz por ter contri-buído para beneficiar aqueles que se encontravam em condição social semelhante à dele e à de sua família.

Essa história constitui podero-sa lição a todos nós, ainda mais se considerarmos que o exemplo foi dado por uma criança, que, por ter o coração e o Espírito providos de valores elevados, reconheceu a im-portância do próprio papel de li-derança solidária, que igualmente possuímos e devemos exercer para a construção de um orbe melhor, justo e fraterno.

* Ronda da Caridade — Trata-se de um tra-balho emergencial de amparo a pessoas em situação de rua e de abrigos. O serviço itine-rante leva refeição, apoio social e conforto es-piritual. A ação procura também conscientizar o cidadão de seu próprio potencial e habilida-des, para que possa desenvolvê-los e, assim, assegurar o sustento pessoal.

Programa é avaliado em pesquisaA LBV dos Estados Unidos realizou pesquisa a fim de aferir os resul-

tados do programa Estudantes de Boa Vontade pela Paz nas escolas parceiras. A percepção dos educandos sobre a iniciativa é a seguinte:

94,6%

56%

97% 95,2%disseram que gostaram de incorporar os bons valores às aulas e que houve melhora do comportamento coletivo

afirmaram que tiveram aumento médio das habilidades e das atitudes positivas, incluídas nestas a superação de conflitos, a colaboração em grupo, o progresso no desempenho acadêmico e o respeito às diferenças

relataram que o programa ajudou na compreensão dos conteúdos acadêmicos

responderam que a iniciativa tornou as aulas mais animadas e interessantes

PRÁTICA EDUCACIONAL

LIDERANÇA SOLIDÁRIA Depois de exibir com orgulho o bóton com o distintivo da LBV, recebido após sua participação no programa Estudantes de Boa Vontade pela Paz, o menino Mohammed, ladeado pela equipe de voluntários da Instituição, distribui chocolate quente em abrigo para famílias em situação de vulnerabilidade social em Newark, Nova Jersey, EUA.

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O site Intercolegial publicou, em 21 de maio de 2016, a história de superação do aluno de inclusão

do Centro Educacional José de Paiva Netto, durante o 34o Intercolegial, uma competição estudantil espor-tiva promovida pelo jornal O Globo e pela Abadai Produções. A seguir, na íntegra, a reportagem intitulada “Xadrez dá show de integração com participação de Gabriel Santana”:

“Engana-se quem pensa que ter a mobilidade reduzida é motivo para não participar do Intercole-gial. O Xadrez desta 34a edição da maior competição entre colégios do país deu mais um show de integra-ção com a participação de Gabriel Santana. O aluno do 9o ano do Cen-tro Educacional José de Paiva Netto, de Del Castilho, Zona Norte do Rio

Aluno da LBV com hidrocefalia mielomeningocele é destaque em campeonato Intercolegial

Xadrez e superação

[de Janeiro/RJ], nasceu com hidro-cefalia mielomeningocele e precisa de uma cadeira de rodas para se locomover, mas não é nada que o impeça de ser um dos grandes des-taques do esporte em sua escola.

“Ao nascer, o jovem foi desenga-nado pelos médicos, mas, felizmen-te, eles estavam errados, e Gabriel, hoje, comemora a interação com os colegas.

“‘É um sentimento de alegria. Há um esporte que eu posso participar e interagir juntamente com os meus colegas e com a escola, que me recebeu de braços abertos, sempre me integrando junto com todo mundo e nenhuma diferença. Isso é muito gratificante pra mim’, afir-mou.

“A paixão pelo Xadrez começou

por acaso, na escola. Gabriel nunca havia jogado, mas aceitou o convite de um professor e, agora, não quer saber de outra coisa.

“‘O Bruno, que é meu profes-sor de Matemática e Xadrez, me chamou para jogar. Eu não conhe-cia antes, mas me interessei. Como você pode ver, gostei muito e estou aqui até os dias de hoje’, comentou.

“Apesar do bom início de com-petição, Gabriel acabou sendo eli-minado na sexta e última fase da categoria Sub-18 não federada masculina. O resultado, no entanto, pouco importa para quem já nasceu vencendo”.

Na Cidade Maravilhosa, a Legião da Boa Vontade desenvolve o seu trabalho em duas frentes de ação: o Centro Educacional da Instituição e o Centro Comunitário de Assistên-cia Social. A escola é composta de 22 salas de aula, berçário, solário, ambulatório médico, quadra polies-portiva e auditórios. Em seu Centro Comunitário de Assistência Social, a LBV atende centenas de famílias. As ações ocorrem por meio dos pro-gramas Jovem: Futuro no Presen-te!, Cidadão-Bebê, Capacitação e Inclusão Produtiva, Vivência Soli-dária e Vida Plena.

Gabriel Santana, de 14 anos, atua como goleiro na equipe de futsal da escola da LBV, no Rio de Janeiro/RJ.

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ESPORTE

e cidadaniaMariane de Oliveira Luz

Esporte

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Com a prática esportiva, a LBV promove inclusão social de crianças e jovens em comunidades vulneráveis.

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A cada quatro anos, povos de diferentes culturas, línguas e etnias congregam-se em virtude dos dois maiores eventos es-portivos do planeta: os Jogos Olímpicos e os Paralímpicos,

que, em 2016, ocorrerão no Rio de Janeiro/RJ, no Brasil, respecti-vamente, de 5 a 21 de agosto e de 7 a 18 de setembro, reunindo mais de 206 nações e cerca de 10.500 atletas profissionais. A proximidade desses acontecimentos traz à reflexão a importância da atividade fí-sica e faz perceber a soma de benefícios que a prática esportiva pode proporcionar às pessoas, se feita de modo regular e com o devido acompanhamento profissional.

Em recente pesquisa divulgada pela Organização Mundial da Saú-de (OMS), detectou-se a necessidade de olhar o assunto com maior atenção. De acordo com o estudo, 5,3 milhões de indivíduos em todo o mundo morrem por ano de doenças associadas à inatividade física. No Brasil, o número chega a 300 mil óbitos no mesmo período. O pro-blema é sério e merece o empenho dos órgãos públicos competentes e da sociedade.

ALIADO DA APRENDIZAGEMQue o esporte ajuda a manter o bem-estar e a autoestima do pra-

ticante e contribui para uma vida saudável já se sabe. Agora, o que ele também pode fazer quando bem utilizado no contexto escolar e comunitário? Educadores de Esporte concordam que a prática des-portiva pode potencializar o aprendizado de crianças e adolescen-tes. Isso porque, além de trabalhar o corpo e melhorar a disciplina, a concentração, a agilidade e a coordenação motora deles, os inspira a vivenciar a consideração pelos semelhantes, a solidariedade e a ati-vidade em equipe, imprescindíveis para a promoção da Cultura de Paz. “Aprender [um esporte] implica planejar, experimentar, deci-dir, relacionar-se com as outras pessoas (...). Ao interagirmos com elas por meio de um jogo simples, aprendemos diversos valores que levamos para nossa vida, entre eles o respeito às regras e ao próxi-mo, um dos mais exigidos no meio esportivo em geral”, afirma o edu-cador físico do Centro Comunitário de Assistência Social da Legião da Boa Vontade em Santos/SP, no Brasil, João Fragoso.

Na LBV, o desporto é um grande aliado no processo de ensino–aprendizagem. Para que se tenha noção da abrangência do que ela empreende na área da atividade física, cabe destacar que boa parte das 42 modalidades que serão disputadas nesta edição das Olim-píadas é praticada pelos atendidos da Instituição. Essa iniciativa é pautada pela campanha pioneira da Entidade Esporte é Vida, não violência!.

Em consonância com esse lema, a associação do esporte aos conteú dos aplicados em salas de aula e de atividades — ambos com o diferencial da Espiritualidade Ecumênica — tem produzido resulta-dos cada vez melhores dentro e fora das quadras, dos campos e dos ginásios, como traremos nesta reportagem.

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Formando campeõesO badminton é ainda pouco conhecido no Brasil se

comparado a outras modalidades esportivas, mas em duas unidades da LBV é o queridinho da garotada. Para muitos, pode parecer um simples jogo de raquete com peteca, semelhante ao tênis, mas, além de divertir, ajuda a desenvolver a concentração e a coordenação motora de quem o pratica. Os atendidos nos Centros Comunitá-rios de Assistência Social da Instituição em Aracaju/SE e no Rio de Janeiro/RJ que o digam!

Na capital sergipana, a dedicação das crianças a esse esporte nas oficinas de atividades esportivas ge-rou resultados impressionantes ao longo de um ano e cinco meses que a modalidade vem sendo praticada no local. A participação da delegação da Entidade no Cam-peonato Norte e Nordeste de Badminton é um exem-plo, isso porque as atletas mirins Maria Eduarda, de 11 anos, e Taislaine Rodrigues Lima, de 14 anos, integram a Seleção Sergipana e chegaram aos lugares mais altos do pódio, conquistando medalhas de ouro e de prata, respectivamente.

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Quem: Taislaine Rodrigues LimaIdade: 14 anosDe onde: Aracaju/SEPrograma da LBV de que participa: Jovem: Futuro no Presente!Esporte: BadmintonCuriosidade: Faz parte da Seleção Sergipana de Badminton e já conquistou duas medalhas de ouro, uma de prata e três de bronze.

“O badminton modificou minha vida e é muito importante para mim. Eu me sinto alegre quando estou jogando. Antes, eu sofria bullying; as pessoas me chamavam de gorda por causa do meu perfil mais forte, mas, depois que comecei a praticar o badminton, começaram a me ver como uma campeã. (...) Meu comportamento em casa e na escola mudou também, porque, no badminton, aprendemos a ter educação, a respeitar os pais, a ser quietos na escola, pois há o momento de brincar e de aprender.”

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ARNOLD SCHWARZENEGGER APOIA AÇÃO DA LBVO ator Arnold Schwarzenegger esteve no Rio de Janeiro/RJ, em abril

deste ano, para participar da quarta edição do evento Arnold Classic Brasil. Na oportunidade, o astro de Hollywood e ex-governador do Esta-do da Califórnia, nos Estados Unidos, demonstrou simpatia pelo projeto Geração UPP, por meio do qual são atendidos cerca de nove mil crian-ças e adolescentes de comunidades onde atuam as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) e que conta com o apoio da Legião da Boa Vontade. Ele interagiu com os jovens atletas durante a celebração da vitória do bicampeão de caratê Jhonatan de Sousa Jobim, de 15 anos, cuja família é atendida pela LBV, mediante o trabalho socioeducacional que a Instituição realiza.

INCENTIVO AO ESPORTEEstudo realizado em 2015, pelo Ministério do Esporte do Brasil,

estima que apenas 55% da população faz atividades físicas e/ou es-portivas. Como a LBV se preocupa com a saúde e o bem-estar do ser humano, os Jogos Internos da Instituição são uma das muitas inicia-tivas da Entidade com o propósito de incentivar os atendidos por ela à prática de esportes. Em Belém/PA, o evento ocorreu recentemente na Escola de Educação Infantil Jesus e seguiu todo o protocolo de uma competição esportiva oficial. Em São Paulo/SP, o acontecimen-to deu-se no início do ano letivo de 2016, no Conjunto Educacional Boa Vontade, com direito até à reprodução de uma tocha olímpica, carregada por diversos estudantes e entregue a João Lemos, de 15 anos, aluno de inclusão, que, sob os aplausos da garotada, acendeu a chama simbólica dos Jogos no estabelecimento de ensino.

Os cinco mais populares na LBVA seguir, as modalidades esportivas mais praticadas nas unidades socioeducacionais da Legião da Boa Vontade.

Outras modalidades praticadas na LBV:

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HapkidoJiu-jítsuJudôCaratêKung fuMuay thai

Atletismo

Tênis de mesa

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ESPORTE

Conhecimento compartilhadoConcentração, estratégia e raciocínio lógico são habili-

dades importantes para o exercício de quase todos os es-portes, mas, no caso do xadrez, são pré-requisitos a fim de que se alcance o êxito nessa modalidade. Embora ainda não integre o rol dos desportos olímpicos — mesmo que este seja o desejo de milhares de pessoas que o praticam em todo o mundo —, o xadrez é também bastante utilizado nos ambientes escolares como recurso para ajudar a esti-mular uma série de competências nos educandos e tornar a assimilação dos conteúdos mais natural e prazerosa.

Na LBV do Uruguai, a modalidade é uma ferramenta de grande relevância no processo de aprendizagem, sendo ensinada às meninas e aos meninos com idade a partir dos 5 anos que frequentam o Jardim Infantil Jesus, situado em Montevidéu. Os instrutores desses estudantes são os alu-nos mais velhos atendidos pela Instituição por meio do pro-grama Criança: Futuro no Presente!, que repassam àqueles todo o conhecimento obtido sobre o esporte.

Quem: Martín CoitiñoIdade: 10 anosDe onde: Montevidéu, UruguaiPrograma da LBV de que participa: Criança: Futuro no Presente!Esporte: Xadrez

“Eu gosto muito de vir à LBV. Aqui estudamos, cantamos, jogamos, fazemos teatro e aprendemos valores. (...) É bom aprender xadrez aqui e ensinar às crianças de 5 anos. Elas gostam de jogar e se concentram bem durante as partidas, que nos ajudam a pensar e a ser mais inteligentes. O xadrez nos une como parceiros, porque cria uma competição saudável entre nós e partilha um momento de concentração.”

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Aprendizado para a vidaReconhecida desde o século 20 como esporte, a capoeira já

conquistou o interesse de mais de oito milhões de pessoas e é praticada em mais de 160 países. Ciente do valor dela no futuro das novas gerações, a LBV da Argentina empreende, há mais de dez anos, em parceria com a Associação Argentina de Capo-eira, um projeto que possibilita às crianças e aos adolescentes atendidos por ela aprender essa modalidade. Durante as duas horas em que esta é realizada, aos sábados, a garotada conhe-ce, além das técnicas desse esporte, os valores indispensáveis para o bom viver em sociedade.

Em 2015, o projeto teve um momento especial: 14 meninas e meninos atendidos pela Entidade foram batizados na capoeira, arte marcial de ataque e defesa de origem 100% brasileira. O coordenador do Espaço Educativo Calle Colores, da LBV na-quele país, José Pardo, explica que a modalidade não somente trabalha todo o corpo e gera bastante energia, como também ajuda a promover a troca de valores e desenvolve a disciplina nos praticantes. Segundo o representante da Instituição, o exer-cício desse esporte ainda auxilia as crianças que participam do programa, que estão em situação de vulnerabilidade social, a superar diversas limitações e desafios. “Elas têm melhorado o comportamento e estão mais estimuladas na escola, o que reflete na autoestima delas. Além disso, têm melhorado a ca-pacidade de expressão e demonstrado alta capacidade de re-solver seus conflitos”, ressalta.

Conheça a história da ex-aluna da LBV no Rio de Janeiro/RJ, que levará a tocha da edição 2016 dos Jogos Olímpicos durante o revezamento no trajeto desta na capital fluminense.

Quem: Meninas e meninos atendidos pela LBVIdade: De 6 a 13 anosDe onde: Buenos Aires, ArgentinaEsporte: Capoeira

“Vi algumas crianças fazendo capoeira e me animei. Gosto dos movimentos. Fiquei emocionado praticando capoeira e passei a me sentir melhor desde então.”

ADRIANO VERA DÍAZ7 anos

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FÓRUM INTERNACIONAL DOS SOLDADINHOS DE DEUS, DA LBV

Há treze anos, a LBV promove pioneiro fórum internacional com foco no protagonismo infantil pela Paz

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Giovanna Pinheiro

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Há como promover a participação real das crian-ças na sociedade? Para o diretor-presidente da Legião da Boa Vontade, José de Paiva Netto,

isso é possível, sim. Ele afirma que se devem dar oportunidades para que as novas gerações expres-sem ideias, aprendam a se defender de tudo o que lhes faz mal e desenvolvam o protagonismo. Com esse objetivo, o dirigente da Entidade instituiu, em 2003, o Fórum Internacional dos Soldadinhos de Deus, da LBV, um pioneiro encontro que fomenta o diálogo e a reflexão a fim de que a garotada pense e sugira ações para construir um Brasil melhor e uma Humanidade mais feliz.

O tema da 14a edição do Fórum das Famílias, conforme Paiva Netto costuma também chamar o evento, foi escolhido, por votação, pelas próprias meninas e meninos: “As crianças e a construção da Paz, pelo fim da violência!”. Este está sendo tra-balhado desde março deste ano e continuará a ser debatido até o mesmo mês de 2017, nas escolas e nos Centros Comunitários de Assistência Social da Instituição do Brasil e dos seis países em que ela está presente (Argentina, Bolívia, Estados Unidos, Paraguai, Portugal e Uruguai).

INCENTIVO AO PROTAGONISMOSegundo as coordenadoras pedagógicas

Cata rina Nery e Dayane Novaes, de São Pau-lo/SP, em cada uma dessas unidades socioeduca-cionais da LBV, os instrutores apresentam o tópi-co às crianças mediante estratégias diferenciadas, para públicos de faixas etárias e realidades distin-tas. “As atividades são desenvolvidas por meio de oficinas, que são planejadas pelos educadores de acordo com o perfil do grupo. (...) Os orientadores têm a preocupação em proporcionar formas para que a criança entenda que o fórum é um espaço para que ela possa expor suas ideias, opiniões, dúvidas, sugestões e quais recomendações fariam aos adultos sobre o assunto discutido”, explicou Catarina.

Da mesma forma, Dayane complementou: “O objetivo é que as crianças compreendam, a partir do que aprenderam com as discussões, reflexões e estudo acerca do tema central do 14o Fórum, que a Paz é importante para que vivamos em segurança e que devemos ser promotores dela no presente e no futuro”.

São Paulo/SP

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FÓRUM INTERNACIONAL DOS SOLDADINHOS DE DEUS, DA LBV

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Quem: Renata Ferreira (ao lado do irmão, Daniel Castelo, de 6 anos)Idade: 10 anosDe onde: Porto, Portugal

“Desde os 5 anos, minha participação no fórum tem me trazido uma felicidade inexplicável. A harmonia que se sente é indescritível. Comecei a ser mais paciente na escola e a respeitar as diferenças. Penso que isso me faz uma cidadã melhor. Espero levar esses ensinamentos de Paz para outras crianças.”

BRADO DE PAZEm Aracaju/SE, crianças e adolescentes

amparados pela Legião da Boa Vontade re-centemente deram uma clara demonstração dos elevados valores, entre os quais o respeito e a união, nascidos da convivência fraterna. O fato ocorreu quando eles, em conjunto com atendidos em outras unidades da LBV, par-ticiparam da gravação do videoclipe da mú-sica-tema desta edição do fórum, intitulada Brado de Paz.

Entusiasmada com a participação nas ações da LBV e com tudo que aprendeu com

Portugal

Joinville/SC Santos/SP

Aracaju/SE

Assista ao videoclipe com a música Brado de Paz, gravado por crianças e adolescentes amparados pela Legião da Boa Vontade em Aracaju/SE. Baixe o leitor QR Code em seu smartphone ou tablet, fotografe o código e veja.

FÓRUM INTERNACIONAL DOS SOLDADINHOS DE DEUS, DA LBV

Julia

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Josia

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Portugal

Joinville/SC

Porto, Portugal

Aracaju/SE

Assista ao videoclipe com a música Brado de Paz, gravado por crianças e adolescentes amparados pela Legião da Boa Vontade em Aracaju/SE. Baixe o leitor QR Code em seu smartphone ou tablet, fotografe o código e veja.

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Em 19 de março de 2016, o diretor-presidente da Legião da Vontade, o jornalista, radialista e educador José de Paiva Netto, conduziu a sessão solene de abertura da 14ª edição do Fórum Internacional dos Soldadinhos de Deus, da LBV, transmitida ao vivo para o Brasil e o mundo pela Super Rede Boa Vontade de Comunicação (rádio, TV e internet). Na oca-sião, o criador do evento enalteceu a escolha do tema pe-las meninas e meninos e discorreu sobre a necessidade de combater a violência e de haver ações eficazes para minimi-zar o impacto das mudanças climáticas no planeta.

Durante o discurso, ele também destacou trecho do artigo “Covardia contra crianças”, de autoria dele, no qual assevera: “Não há(conf.: “haverá”, cfe. correlação correta com “houver”) qualquer garantia de futuro melhor para as nações se não houver o respeito aos direitos fundamentais das crianças e dos jovens. E não se cresce, material e espiri-tualmente(espiritual e materialmente(,)) saudável,(cortar, cfe. sentido correto) sem afeto, sem Amor, (conf.: “sem”) Amor Fraterno”.

O dirigente falou ainda da importância de os indivíduos, desde a mais tenra idade, serem bem preparados e desper-tados para a reflexão e a conscientização sobre as questões que desafiam a sociedade mundial, de modo que possam contribuir para a efetiva transformação desta para melhor. Como tudo isso está em consonância com a proposta da LBV, a garotada tem a oportunidade de participar, ao longo da realização do fórum, de rodas de conversa, debates e vá-rios momentos culturais.

Direitos das crianças

elas, a garotada nota as diferenças no pró-prio comportamento. “Estou me sentindo bastante feliz, e foi uma grande honra gra-var esse vídeo. Quando eu era menor, era danada, não obedecia aos meus familiares. Na LBV, ensinaram-me o verdadeiro sen-timento de Amor, a ter compaixão... E isso é [muito bom]”, ressaltou Suelen Nayara, de 13 anos.

Edgar Azevedo, de 14 anos, outro benefi-ciado pelo trabalho da LBV na capital sergipa-na, entendeu bem a mensagem do encontro. “A Paz é algo necessário, que as pessoas de-

Quem: Sthefani Cristina PilatteIdade: 13 anos

De onde: Campo Grande/MS

“Eu gostaria que, daqui a cinco anos, o mundo fosse

muito diferente do de hoje. Que não existissem

drogas, guerras, corrupção, ódio, injustiça

e todas as coisas que impedem o ser humano de

evoluir no Amor.”

Brasil

Alexandre Rueda

Em 19 de março de 2016, o diretor-presidente da Le-gião da Vontade, o jornalista, radialista e educador José de Paiva Netto, conduziu a sessão solene de abertura da 14ª edição do Fórum Internacional dos Soldadinhos de Deus, da LBV, transmitida ao vivo para o Brasil e o mundo pela Super Rede Boa Vontade de Comunicação (rádio, TV e internet). Na ocasião, o criador do evento enalteceu a escolha do tema pelas meninas e meninos e discorreu sobre a necessidade de combater a violência e de haver ações eficazes para minimizar o impacto das mudanças climáticas no planeta.

Durante o discurso, ele também destacou trecho do artigo “Covardia contra crianças”, de autoria dele, no qual assevera: “Não haverá qualquer garantia de futuro melhor para as nações se não houver o respeito aos di-reitos fundamentais das crianças e dos jovens. E não se cresce, espiritual e materialmente saudável, sem afeto, sem Amor Fraterno”.

O dirigente falou ainda da importância de os indivíduos, desde a mais tenra idade, serem bem pre-parados e despertados para a reflexão e a conscienti-zação sobre as questões que desafiam a sociedade mundial, de modo que possam contribuir para a efetiva transformação desta para melhor. Como tudo isso está em consonância com a proposta da LBV, a garotada tem a oportunidade de participar, ao longo da realização do fórum, de rodas de conversa, debates e vários momen-tos culturais.

Direitos das crianças

Alexandre Rueda

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vem conquistar. E a música [tema do fórum] é extremamente conta-giante. Ao cantá-la, ficamos numa alegria tão grande que não conse-guimos brigar; só há Paz”, decla-rou.

BOM IMPACTO NAS FAMÍLIASEm Ciudad del Este, no Paraguai,

a 14a edição do evento contou com inúmeras atividades. Julian Bello, de 10 anos, relata a experiência de participar do fórum: “A música-tema [do fórum] ensina-nos muitas coi-sas com a letra, e este ano a canção fala sobre desarmar os corações, para que sejamos bons amigos. (...) Eu gostei da música, porque fala de fazer o Bem — e isso é muito bom —, ajudar, ter amigos, escutar os de-mais e amparar os animais, as pes-soas que não têm o que comer ou o que vestir...”, fez questão de salien-tar.

Em La Paz, na Bolívia, a influên-cia do fórum estendeu-se aos fa-miliares das meninas e meninos atendidos, como revelou a assisten-te social da LBV da cidade, Jenny Mancilla. “No Jardim Infantil Jesus, o projeto Bom Trato funcio-na com o objetivo de promover a boa relação das crianças na escola e em casa, entre todos os membros da família, para uma convivência pacífica, harmoniosa e que permi-ta a participação ativa de todos. (...) Uma das primeiras ações [em-preendidas por meio dessa iniciati-va] foi a realização de uma reunião com os pais para eles se socializa-rem e para apresentá-los ao pro-jeto. Mães e pais são parte funda-mental no processo de criação de seus filhos; [por isso,] devem pro-mover e praticar boa convivência, boa comunicação e boas relações humanas”, concluiu.

Uruguai

Quem: José Luís Garcia

Idade: 11 anosDe onde:

Montevidéu, Uruguai

“Devemos fazer nossa parte: começar em

casa, na escola e ajudar nossa família, amigos, conhecidos e

vizinhos. Com Boa Vontade e Amor,

podemos colaborar para que o mundo

esteja em paz.”

New York, EUA

Assunção, Paraguai

La Paz, Bolívia

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AÇÃO JOVEM LBV

O melhor conteúdo de paz e elevação onde

você estiver

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PLAY

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AÇÃO JOVEM LBV

LEILANY ROCHA, ex-aluna do Conjunto Educacional Boa Vontade, é graduada em Pedagogia, pós-graduada em Psicopedagogia e faz mestrado em Distúrbios do Desenvolvimento.

Despertando habilidadesDesde pequena, aprendi que é possível mudar o mundo com atitudes de Boa

Vontade. Aos 8 anos, eu tinha muita dificuldade em assimilar matemática, mas o destino pôs em meu caminho uma pessoa que me inspirou a esco-

lher a carreira docente. A professora Graça não media esforços para me auxiliar a vencer essa questão. Usava estratégias diferenciadas, incentivava-me a trocar ideias com colegas que tinham maior facilidade na disciplina, era criativa e bem--disposta, além de verificar se eu havia entendido os conteúdos. Era assim comigo e com todos os outros alunos. Ela percebeu em mim qualidades que nem eu sabia

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Fer

reira

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que possuía e me ajudou a desenvolver vá-rias habilidades e a utilizá-las para um bom desempenho em sala de aula.

Dos 15 aos 18 anos, fiz o curso Normal (à época chamado Magistério) no Conjunto Educacional Boa Vontade, ministrado por professores que me ensinaram não somente conteúdos voltados para a aprendizagem da teoria, mas a ter “uma visão além do intelec-to”, como preconiza o educador Paiva Netto. Desde então, essa visão se tornou o eixo nor-teador de minha busca não só acadêmica e profissional, mas também pessoal, que é a de ser alguém que percebe as reais necessidades de cada estudante e procura valorizá-lo e for-má-lo de maneira plena, considerando todas as suas dimensões e potencialidades.

Pelo estímulo que recebi, na infância e na adolescência, da Legião da Boa Vontade, senti que não poderia ser outra minha opção de carreira senão a docência. Graduei-me em Pedagogia e, ao ingressar na pós-gra-duação em Psicopedagogia, descobri minha vocação: atuar diretamente nas dificuldades de aprendizagem de crianças, sobretudo as que estão na fase de alfabetização.

Enquanto cursava Pedagogia, fui sele-cionada para ocupar uma vaga de monito-ria no Conjunto Educacional Boa Vontade. Nessa experiência de trabalho, que teve a realização de diversos projetos direcio-nados para a promoção da ludicidade, até mesmo em parceria com a brinquedote-ca — espaço destinado especificamente

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Programa de Alfabetização

e Raciocínio (PAR)

Boa Vontade no IEJPN, em

São Paulo/SP: em 2015, 90%

dos alunos inscritos foram

promovidos para as séries

seguintes.

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do PAR, eles tiveram a competên-cia acadêmica melhorada, a ponto de alguns, antes do fim do ano leti-vo, não precisarem mais dele, pois essa competência já era a mesma de outros estudantes de sua idade. Com satisfação, posso afirmar que, em 2015, 90% dos alunos inscritos no programa obtiveram promoção para a série seguinte.

Os valores da Espiritualidade Ecumênica, que permeiam todas as atividades do PAR, tornam os estudantes mais conscientes de sua identidade, possibilitando-lhes conhecer as próprias qualidades e limitações. Além disso, fornecem a eles o sólido alicerce do qual ne-cessitam para que não só tenham autonomia e façam boas escolhas para si e para os que estão ao seu redor, mas também para que, seja qual for a carreira profissional que decidirem seguir, adotem as ações e as posturas adequadas em todos os momentos do dia a dia.

Como afirmei no início deste texto, acredito que as boas práticas podem transformar este planeta, sobretudo quando pautadas por valores espirituais, éticos e ecumê-nicos, vividos, diariamente, por todos os que atuam com a linha pedagógica da Legião da Boa Von-tade, que empodera crianças, ado-lescentes, jovens, adultos e idosos, levando-os a ajudar a construir uma sociedade realmente justa e solidária. Mais do que nunca, es-tou convencida de que o trabalho desenvolvido pelo Conjunto Edu-cacional Boa Vontade vem com-provar o que apregoa esta assertiva do diretor-presidente da Institui-ção, a qual também é lema desse estabelecimento de ensino: “Aqui se estuda. Formam-se Cérebro e Coração”.

AÇÃO JOVEM LBV

“Boas práticas podem transformar

este planeta, sobretudo quando

pautadas por valores espirituais, éticos

e ecumênicos, vividos, diariamente,

por todos os que atuam com a linha

pedagógica da Legião da Boa Vontade, que

empodera crianças, adolescentes,

jovens, adultos e idosos,

levando-os a ajudar a construir uma

sociedade realmente justa e solidária.”

para o brincar espontâneo e para o avanço geral da aprendizagem de modo divertido e prazeroso —, recebi convite para reestruturar o projeto de alfabetização que já era empreendido pela escola. Assim, surgiu, em 2013, o Programa de Alfabetização e Raciocínio (PAR) Boa Vontade.

Aplicado em turno diferente do escolar, o programa presta auxílio a alunos recém-ingressos no colé-gio que apresentem defasagem de aprendizado e a educandos que, mesmo com todo o apoio ofereci-do, estejam com a produtividade aquém de sua faixa etária. O ob-jetivo da iniciativa é fortalecer o desempenho desses estudantes, por meio de atividades lúdicas, de jogos, de intervenções pedagógi-cas e do acompanhamento deles, além de fornecer subsídios ao cor-po docente para que possa traba-lhar mais eficazmente no desen-volvimento cognitivo da leitura, da escrita e do raciocínio lógico e matemático dessas crianças e ado-lescentes.

O PAR Boa Vontade é realizado de forma que alie as diversas com-petências do indivíduo, entre as quais a da consciência fonológica; a de perceber a relação grafema–fonema; a de fazer a interpretação, e a produção de textos, reconhe-cendo e/ou criando nestes coe-rência e coesão; a de resolução de situações-problema; e a de enten-der conceitos relacionados às ope-rações matemáticas e às funções executivas. Tais funções são as ha-bilidades cognitivas que permitem ao ser humano controlar e regular os pensamentos, as emoções e as atitudes diante dos conflitos e das distrações, ações essas primordiais não apenas para a vivência dele na

escola, mas para o exercício da vida social, afetiva e intelectual desde a infância até a idade adulta.

Desde que foi instituído, o PAR tem auxiliado dezenas de crianças e adolescentes a vencer os proble-mas de aprendizagem. A iniciativa tem igualmente contribuído para acabar com o sentimento de infe-rioridade, o qual pairava no pensa-mento e, por vezes, no discurso e no comportamento desses educandos, que, em razão de não conseguir acompanhar os conteúdos teóricos e os exercícios em sala de aula, se sentiam excluídos em relação aos demais colegas. Ao participarem

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