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PAIVA NETTO escreve Solidariedade e direitos humanos no mundo. ONU MULHERES Vice-diretora-executiva, sra. Lakshmi Puri, destaca avanços e desafios para alcançar a igualdade de gênero e o empoderamento feminino. REVISTA DIGITAL Baixe o app gratuito da BOA VONTADE para iOS e Android MEIO AMBIENTE A escassez de água ameaça os cidadãos. Você pode ajudar a reverter isso Brasil vencedor Personalidades, voluntários e colaboradores unem forças à Legião da Boa Vontade para vencer os desafios sociais do país e garantir um futuro melhor com Cidadania Plena. Só em 2013, foram mais de 11 milhões de atendimentos e benefícios em amparo à população de baixa renda. Confira! ANO 58 • N o 236• R$ 7,90 Educação e Solidariedade por um 64 anos

Revista Boa Vontade, edição 236

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Paiva Netto escreve ”solidariedade e direitos humanos no mundo“.

oNU MUlheres Vice-diretora-executiva, sra. Lakshmi Puri, destaca avanços e desafios para alcançar a igualdade de gênero e o empoderamento feminino.

revista DiGital Baixe o app gratuito da BOA VONTADE para iOs e Android

Meio aMbieNte A escassez de água ameaça os cidadãos. Você pode ajudar a reverter isso

Brasil vencedorPersonalidades, voluntários e colaboradores unem forças à Legião da Boa Vontade para vencer

os desafios sociais do país e garantir um futuro melhor com Cidadania Plena. só em 2013, foram mais de 11 milhões de atendimentos e benefícios em amparo à população de baixa renda. Confira!

ANO 58 • No 236• R$ 7,90

Educação e Solidariedade por um

64 anos

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Carlos Alberto Parreira, coordenador técnico da atual Seleção e treinador canarinho na conquista do Tetra. Jogadores: Alexandre Pato, Altair, André Santos, Arouca, Cafu, Cássio, Chicão, Cicinho, Daniel Alves, Dante, David Luiz, Dedé, Denílson, Dida, Dunga, Emerson Sheik, Éverton Ribeiro, Fabrício, Felipe, Fernando Prass, Fred, Gil, Gilberto Silva, Henrique, Hulk, Jadson, Jair Marinho, Jô, Juan, Juninho, Juninho Pernambucano, Luís Fabiano, Leandro Damião, Léo Gago, Léo Moura, Lucas Piazón, Marcos, Marcos Aurélio, Marcos Rocha, Neto, Neymar, Osvaldo, Paulo Henrique Ganso, Pelé, Pepe, Réver, Ricardo Goulart, Roberto Carlos, Robinho, Rodrigo Caio, Rogério Ceni, Ronaldo Fenômeno, Ronaldinho Gaúcho, Victor, Walter, Wellington, Wesley, Zico e Zito.

Astros do futebol, de todAs As gerAções, integrAm A seleção de cAmpeões dA solidAriedAde e AssinAm A cAmisA exclusivA dA lbv:

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52 Água — A degradação deste recurso natural pode levar o ser humano a enfrentar um cenário de escassez nunca antes vivenciado.

17CARlOs ChAgAs

Relatos marcantes de nossa história

15MáRCiA peltieR

Suas experiências pelo mundo

15ANA pAulA pAdRãO

O amor chegou tarde em minha vida

17AlexANdRe

CAldiNi NetOA morte na visão do

Espiritismo

16ZiCOVida

e carreira

16AudáliO dANtAshomenageia o Rei do Baião

14luis eRlANgeR

lança Antes que eu morra

23sebAstiãO NeRy

Ninguém me contou, eu vi: de Getúlio a

Dilma

18beNtO ViANA

Imagens de Brasília vista do alto

Sumário

8 sOlidARiedAde e diReitOs huMANOs NO MuNdOPaiva Netto

14 CARtAs, e-MAils, liVROs e RegistROs

26 OpiNiãO — teRCeiRO setOR eM fOCO por Airton GrazzioliNegócios sociais

29 VOluNtARiAdODra. Lúcia Maria Bludeni

32 AbRiNdO O CORAçãO Meio século no ar

37 OpiNiãO — espORte por José Carlos AraújoSeleção sem contestação

38 sAMbA & históRiA por Hilton Abi-Rihan Jair Rodrigues (1939-2014)

42 iN MeMORiAMSaudades, Myltainho!

44 eMpReeNdedORisMO sOCiAlContra a pobreza

51 OpiNiãO — eduCAçãO por Arnaldo Niskier“Coroas” modernos, jovens inquietos

52 MeiO AMbieNte Água, o líquido precioso.

60 OpiNiãO — MeiO AMbieNte por Daniel Borges Nava Educação e Espiritualidade: dimensões da sustentabilidade

64 sAúde e quAlidAde de VidA Metas e compromissos com as novas gerações

70 eNtReVistA — NAções uNidAs Empoderamento feminino é meta global

74 lbV NA ONu Agenda de desenvolvimento pós-2015

8 Paiva Netto escreve: Solidariedade e direitos humanos no mundo

4 BOA VONTADE

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74 LBV na ONU — Evento das Nações Unidas reforça a necessidade de a igualdade de gênero figurar no próximo conjunto de metas globais.

32JOsé CARlOs ARAúJO

comemora o Jubileu de Ouro

120CARlOs ARthuR

pitOMbeiRAEsporte e cidadania

26AiRtON gRAZZiOli

Negócios sociais

116pAulO KRAMeR

Políticas Públicas

29dRA. lúCiA MARiA

bludeNiCultura de voluntariado

51ARNAldO NisKieR

“Coroas” modernos, jovens inquietos

140WAlteR peRiOttO

Vida Plena

38JAiR ROdRiguesHomenagem

104 Balanço Social — Ação da LBV supera a marca de 11 milhões de atendimentos e benefícios ao povo de baixa renda

60dANiel bORges NAVA

Dimensões da sustentabilidade

82 diReitOs huMANOs• Respeito e integridade da mulher

85 ACONteCe NO df

86 sOldAdiNhOs de deus, dA lbVFutebol da Caridade

94 eduCAçãO e CidANiA pleNAMulheres e meninas pela Cultura de Paz

100 CAMpANhA CRiANçA NOtA 10!Entrega de kits pedagógicos

104 bAlANçO sOCiAlTrabalho e fé no ser humano

116 OpiNiãO — CONgRessO eM pAutA por Paulo Kramer A Câmara e o social

119 CONsuMO CONsCieNteTecnologia reduz consumo de energia elétrica

120 OpiNiãO — MídiA AlteRNAtiVA por Carlos Arthur PitombeiraEsporte e cidadania

122 NAtAl peRMANeNte dA lbVTriunfo do Amor e da Boa Vontade

140 MelhOR idAde por Walter PeriottoVida Plena

142 AçãO JOVeM lbV por Patricia Maria NonnemacherUnidos pelo mesmo ideal

146 ApReNdeNdO pORtuguês por Adriane SchirmerAcento diferencial

Canais da LBV na internetwww.lbv.org.br

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Ao leitor

Esta edição da BOA VONTADE põe em foco a força do trabalho e da solidariedade ao divulgar a expressiva marca de 11.053.113 atendimentos e benefícios oferecidos a comunidades de baixa renda pela Legião da Boa Vontade em 2013. A reportagem com o balanço social da Instituição nesse período é destaque da capa da revista e exprime a própria razão de existir da LBV: ampa-rar o ser humano e o Espírito Eterno dele e fazer despertar o Cidadão Planetário que há em cada indivíduo. Celebrando sempre a vida, a Entidade está presente nos momentos de necessidade e/ou de dor de milhares de pessoas e famílias em situação vulnerável com o socorro material e sua mensagem de Paz, de Amor, de Fraternidade e de Fé Realizante.

A temática social e humanitária, que pauta toda a atuação da LBV, consta ainda do artigo “Solidariedade e direitos humanos no mundo”, do diretor-presidente da Instituição, o jornalista, escritor e radialista José de Paiva Netto. Nele, o autor explica por que jamais devemos esmorecer na luta pela promoção da dignidade humana e pela erradicação das desigualdades sociais e de gênero no mundo.

A seção “Meio Ambiente” traz também texto de grande interesse e relevância, pelo conteúdo atualíssimo: a matéria “Água, o líquido precioso”, na qual se vê como a falta de cuidados e o uso descontrolado desse recurso natural podem levar a Humanidade a enfrentar um cenário de escassez de tão vital substância nunca antes vivenciado.

Igualmente, merecem relevo especial duas entrevistas exclusivas e descontraídas à BOA VONTADE. Em uma delas, o locutor José Carlos Araújo fala sobre os 50 anos de carreira e os novos desafios que tem buscado. A outra consta da seção “Samba & História”, que faz uma ho-menagem ao saudoso cantor e compositor Jair Rodrigues (1939-2014). Neste último bate-papo com a Super Rede Boa Vontade de Comunicação, ele destacou passagens da própria biografia e comentou o amor pela música. Ao Espírito Eterno do querido Jair, as melhores vibrações de Paz e de carinho da Legião da Boa Vontade e de seu dirigente, extensivas à família e aos amigos.

Boa leitura!

Revista apolítica e apartidária da Espiritualidade Ecumênica

BOA VONTADE é uma publicação da LBV, editada pela Editora Elevação. Registrada sob o no 18166 no livro “B” do 9o Cartório de Registro de Títulos e Documentos de São Paulo.DiREtoR E EDitoR-REsponsávEl: Francisco de Assis Periotto — MTE/DRTE/RJ 19.916 JPchEfE DE REDação: Rodrigo de Oliveira — MTE/DRTE/SP 42.853 JPcooRDEnação gERal DE pauta: Gerdeilson Botelho

supERintEnDência DE maRkEting E comunicação: Gizelle Tonin de AlmeidaJoRnalistas colaboRaDoREs EspEciais: Airton Grazzioli, Arnaldo Niskier, Carlos Ar-thur Pitombeira, Daniel Borges Nava, Hilton Abi-Rihan, José Carlos Araújo e Paulo Kramer.EquipE ElEvação: Adriane Schirmer, Cida Linares, Diego Ciusz, Giovanna Pinheiro, Leila Marco, Leilla Tonin, Mariane de Oliveira Luz, Mário Augusto Brandão, Neuza Alves, Paulo Azor, Silvia Fernanda Bovino, Vivian R. Ferreira, Walter Periotto, Wanderly Albieri Baptista e William Luz.pRoJEto gRáfico: Helen Winklercapa E DiagRamação: Felipe Tonin e Helen WinklerimpREssão: Mundial GráficacRéDito Da foto DE capa: Arquivo BV

EnDEREço paRa coRREsponDência: Rua Doraci, 90 • Bom Retiro • CEP 01134-050 • São Paulo/SP • Tel.: (11) 3225-4971 • Caixa Postal 13.833-9 • CEP 01216-970 • Internet: www.boavontade.com / E-mail: [email protected] revista boa vontaDE não se responsabiliza por conceitos e opiniões em seus artigos assinados. a publicação obedece ao elevado propósito de estimular o debate dos temas relevantes brasileiros e mundiais e de refletir as tendências do pensamento contemporâneo.

A N O 5 8 • N o 2 3 6 • j A N / f e v / m A r / A b r 2 0 1 4

Tiragem: 50 mil exemplaresEdição fechada em 19/5/2014

Reflexão de BOA VONTADE“O Espírito tem lugar preponderante na nossa lide.

Entretanto, na preparação de jovens e adultos para a subsistência neste mundo material de tecnologia jamais vista — e paradoxalmente nos dias de hoje, tão instável para os que labutam pelo futuro próprio —, devemos le-var na mais alta consideração que os educandos têm de ser com eficiência qualificados para a exigente demanda do acirrado mercado de trabalho. E mais: de tal maneira que não persigam um caminho em que a profissão para a qual se prepararam não mais exista ao fim do curso. É essencial, pois, receberem formação eficaz para que sejam arrojados, empreendedores, de modo que possam suplantar os acontecimentos supervenientes que, a qualquer instan-te, desafiam a sociedade, assustando multidões. (...) De nada adiantarão, portanto — digamos para argumentar —, planejamentos audaciosos se não houver quem tenha sido devidamente preparado para desenvolvê-los.”

Discurso de Paiva Netto ao corpo docente do Instituto de Educação da LBV, em São Paulo/SP, em 1999, e que foi publicado nas revistas, enca-minhadas às Nações Unidas, Sociedade Solidária (disponível em alemão, espanhol, esperanto, francês, inglês e português) e Globalização do Amor Fraterno (inicialmente editada em esperanto, francês, inglês e português).

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Solidariedade e direitos humanos no mundo

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José de Paiva Netto, jornalista, radialista e escritor.

É diretor-presidente da LBV.

que estamos vivendo? De sentimen-tos sublimados no espírito da paz, da concórdia, da solidariedade, da caridade, do diálogo, da fraternidade dinâmica, que resolve os problemas sociais, sem gerar consequências piores.

Congratulamo-nos com as vitó-rias alcançadas por meio das metas globais de desenvolvimento propos-tas pela ONU, em 2000. Sabemos, porém, que há muito ainda a fazer pelo próximo. Daí a importância do presente tema da pauta de dis-cussão dos Estados membros, das delegações internacionais, das au-toridades e dos demais participantes nesta conferência, reunidos em Nova York, EUA: “Desafios e conquistas na implementação dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio para mulheres e meninas”.

Trata-se de oportuno momento para avaliar os acertos e empenhar--se ainda mais nas melhorias que devem ocorrer, visando a soluções, por exemplo, nos campos da edu-cação e da saúde e no combate à pobreza e à violência, entre as quais a hedionda exploração sexual de mulheres, jovens e meninas. Jamais podemos esmorecer no que se re-fere à luta pela causa da dignidade humana e pela erradicação das desigualdades sociais e de gênero no mundo.

É inadmissível que no planeta, segundo estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS), uma a cada três mulheres sofra algum tipo de violência (física ou sexual), tendo como autor ou não o próprio parceiro.

É fundamental que igualmente se avance no fim da diferença de salá-rios entre os gêneros, no acesso mais equânime a posições gerenciais no mercado de trabalho e na divisão dos afazeres domésticos entre homens e mulheres. Enfim, trata-se sempre de garantir os princípios de cidadania e os direitos humanos.

Liberdade, deveres e direitos

A propósito, apresento minha cooperação expressa em modestas palestras, publicadas, entre outros, em Reflexões e Pensamentos — Dialética da Boa Vontade (1987) e no Manifesto da Boa Vontade (21 de outubro de 1991):

Acreditar que possa haver direitos sem deveres é levar ao maior prejuízo a causa da liberdade. Importante é esclarecer que, quando aponto os deveres do cidadão acima dos seus próprios direitos, em hipótese algu-ma defendo uma visão distorcida do trabalho, em que a escravidão é uma de suas facetas mais abomináveis.

Por isso, queremos que todos os seres humanos sejam realmen-

Solidariedadee direitos humanos

no mundo

A Organização das Nações Unidas (ONU) promove anualmente a sessão da Co-

missão sobre a Situação da Mulher. Com grande honra, a Legião da Boa Vontade (LBV) tem prestigiado, com sua contribuição, há vários anos, esse notável encontro internacional.

A mulher tem sido o sustentáculo verdadeiro de todas as nações, quan-do integrada em Deus ou nos ideais mais nobres a que um ser humano possa aspirar: a Bondade Suprema, o Amor Fraterno, a Justiça Supina, a Fraternidade Real — mesmo não professando uma tradição religiosa. Nada mais sensível que o coração das mulheres espiritualmente esclareci-das. E do que mais precisa o mundo, mormente em épocas difíceis, como a

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A escritora, filó-sofa e feminista fran-c e s a S i m o n e d e Beauvoir (1908-1986) belamente expressou-se sobre a importância da solidariedade e dedicação ao próximo ao dizer:

— A vida conserva seu valor enquanto atribuímos um valor à vida dos outros, por meio do amor, da amizade, da indignação, da com-paixão.

As virtudes reais, de fato, serão aquelas consti-tuídas pela própria criatura na ocupa ção honesta dos seus dias, na administra-ção dos seus bens e no respeito pelo que é alheio,

na bela e instigante aventura da vida. Uma nação que se faça de

te iguais em direitos e oportunidades, e cujos méritos sociais, intelec-tuais, culturais e religio-sos, por mais louvados e reconhecidos, não se percam dos direitos dos demais cidadãos. Por-quanto, liberdade sem responsabilidade e fraternidade é condenação ao caos.

Trabalhamos, pois, por uma sociedade em que o Criador e Suas Leis de Amor e Justiça inspirem zelo à liberdade individual. É o que nos suscita o Natal Permanente de Jesus, a mensagem universalista do Libertador Divino, Aquele que, pelo Seu sacrifício, se doou pela Humanidade. Tudo isso para garantir segurança política, social e jurídica, sob a Sua visão divina (...).

A Cúpula do Milênio das Nações Unidas, o maior encontro de líderes mundiais da História, reuniu 149 chefes de Estado e de governo e altos funcionários de mais de 40 países, em 2000. Na imagem, o então secretário-geral da ONU, Kofi Annan, está na primeira fila à frente (o 11o a partir da esquerda).

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Jesus

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Que todos os seres humanos sejam realmente iguais em direitos e oportunidades, e cujos méritos sociais, intelectuais, culturais e religiosos, por mais louvados e reconhecidos, não se percam dos direitos dos demais cidadãos. Porquanto, liberdade sem responsabilidade e fraternidade é condenação ao caos.

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Solidariedade e direitos humanos no mundo

10 BOA VONTADE

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tais elementos será sempre forte e inviolável.

A almejada liberdadeAo longo das eras, o

estudo do Direito foi sendo aperfeiçoado, a fim de dar garantias cada vez mais só-lidas à sociedade. O século 20, por exemplo, nos legou um imenso aprendizado por meio de sucessivas conquis-tas civis diante das maiores dificul-dades enfrentadas pelas populações.

Em face de inúmeros episódios registrados pelos tempos, podemos concluir que o ser humano necessita do pão da liberdade. Contudo, não haverá verdadeira liberdade se esta não for iluminada pelo sentimento fraterno e solidário. O restante corre o risco do caos, e a História está repleta de exemplos para comprovar essa realidade.

Rendamos, portanto, homena-gens a tantos ativistas que, ao longo da História, almejaram liberdade e condições dignas de vida, em espe-cial as mulheres batalhadoras. Elas, diariamente, empenham a própria existência no amparo aos seus filhos, sejam eles biológicos, adotivos ou, como costumo dizer, filhos que se traduzem em grandes realizações em benefício da Humanidade. Todas as mulheres são mães.

Uma dessas brilhantes mulheres

foi a médica pediatra, sanitarista brasileira e fundadora da Pastoral da Criança, dra. Zilda Arns (1934-2010), que disse:

— O trabalho social pre-cisa de mobilização das for-ças. Cada um colabora com aquilo que sabe fazer ou com o que tem para oferecer. Deste modo, fortalece-se o tecido que sustenta a ação,

e cada um sente que é uma célula de transformação do país.

“Rascunho de Genebra”Outra batalhadora foi Eleanor

Roosevelt (1884-1962), viúva do presidente norte-americano Franklin Delano Roosevelt (1882-1945). Ela comandou, desde janeiro de 1947, a Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas, até a adoção dos 30 artigos naquele memorável dezembro de 1948. Considerada a força motriz

do projeto, dona Eleanor liderou um grupo com 18 integrantes de hete-rogênea formação cultural, política e religiosa, elaborando o que ficou conhecido como “Ras cunho de Gene-bra”, em setembro de 1948, apresenta-do e submetido à aprovação dos mais de 50 países membros. É com muito orgulho que recordo a participa-ção do ilustre jornalista brasileiro, meu dileto amigo, Austregésilo de Athayde (1898-1993), um dos mais destacados colaboradores desse extraordinário trabalho. Ele também ocupou a pre-sidência da Academia Brasileira de Letras (ABL), durante 34 anos, e do Conselho de Honra para a Construção do Parlamento Mundial da Fraternida-de Ecumênica, o ParlaMundi da LBV, em Brasília/DF, Brasil.

É de Eleanor Roosevelt esta reflexão:

Eleanor Roosevelt liderou ativistas dos direitos civis e políticos do mundo inteiro. Juntos, puderam transformar o sonho de uma declaração universal em realidade. Na foto de 1949, a ex-

-primeira-dama dos EUA mostra pôster em inglês. Ela foi fotografada também com as versões em espanhol e francês.

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— A liberdade faz uma exigência enorme a cada ser humano. Com a liberdade vem a responsabilidade. Para a pessoa que está relutante em crescer, para a pessoa que não quer carre-gar o seu próprio fardo, esta é uma perspectiva assustadora. (O destaque é nosso.)

Grande Família Humanidade

Almejo que, ainda neste século 21, consigamos consolidar esses nobres ideais e expandi-los aos povos da Terra, para que sejam plenamente vivenciados. E jamais repetir os séculos anteriores naquilo em que fracassaram.

Bem a propósito esta consideração do Mahatma Gandhi (1869-1948):

— Se quisermos pro-gredir, não devemos repetir a história, mas fazer uma

história nova.

Na 58a edição deste eminente evento, cujo centro das proposições é a mulher — com quem aprendemos a cuidar do outro com acurado esmero e sacrifício —, o que ambicionamos nós senão pedir à Humanidade mais humanidade para com ela mesma? Desejamos ver raiar o dia em que, afinal, nos reconheçamos como irmãos, componentes de uma única família, convivendo pacifi-

camente nesta morada global. Era o que so-nhava a costureira Rosa Parks (1913-2005), ati-vista dos direitos civis dos afro-americanos. Essa destemida mulher, certa vez, declarou:

— Eu acredito que estamos aqui, no planeta Terra, para viver, crescer e fazer o que nós podemos para que este seja um mundo melhor e para que todas as pessoas tenham liberdade.

Costumo afirmar que a humil-dade é, acima de tudo, corajosa. E Rosa Parks tornou-se um ícone na luta pela igualdade racial e pelo fim do preconceito nos Estados Unidos. Seu gesto aparentemente pequeno — quando, em 1o de dezembro de 1955, se recusou a ceder lugar a um homem branco em um ônibus da cidade de Montgomery, Alabama — significou quebrar algemas da tirania do racis-mo. Àquela época, mesmo havendo divisão entre assentos para brancos e negros, estes eram obrigados a se levantar para os brancos, caso todos os lugares do veículo estivessem preenchidos.

Exemplos como esse só reforçam o que há décadas repito: valorizar a mulher é dignificar o homem. E vice-versa.

Que Deus abençoe este porten-toso encontro e que as mulheres alcancem o seu merecido espaço na sociedade, pois tudo o que de bem elas apoiam se torna vitória!

Cumprimentamos a excelentíssima senhora Michelle Bachelet pela eleição à presi-dência do Chile. No registro acima, a ex-diretora-executiva da ONU Mulheres rece-be a saudação da Legião da Boa Vontade, por intermédio da representante da LBV Rosana Bertolin. Renovamos à chefe de Estado as nossas felicitações pelo trabalho cumprido à frente desta entidade das Nações Unidas que tem a missão de promover a igualdade de gênero e a participação plena da mulher nos assuntos globais. Com seu empenho, ajudou a estabelecer novas medidas de proteção a mulheres e meni-nas contra a violência, bem como avanços na saúde e no empoderamento feminino.

[email protected]

www.paivanetto.com

Solidariedade e direitos humanos no mundo

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Cartas, e-mails, livros e registros

BOA VONTADE Mulher, reportagens significativas.

Muito boa! A revista [BOA VONTADE Mulher] traz repor-tagens significativas, educativas, profundas, que nos ajudam a refletir e compreen der melhor o nosso pa-pel nesse fortalecimento, no resgate da cidadania, no crescimento da sociedade civil. (Dra. Valma Leite

da Cunha, promoto-ra de Justiça e coor-denadora do Centro de Apoio Operacional ao Terceiro Setor, do Ministério Público de Minas Gerais.)

Vida além da vidaA BOA VONTADE é carregada

de informação e exemplos que rea-firmam os direitos para o exercício da cidadania plena. Inspirada nos valores cristãos, edifica e educa a cada página. Esteticamente bonita, oferece-nos um show de ima-gens e bom gosto, mas, acima de

tudo, exalta que a vida continua além da vida. Assim, está imersa de esperança! Parabéns, jornalista Paiva Netto e equipe! (Dr. Alexandre Rivero, professor, psi-

cólogo e diretor do Consultório de Psicologia e Ressignificação Humana, de São Paulo/SP .)

Editorial preciso e tocanteMais uma vez, surpreendo-me

com a BOA VONTADE. A surpresa, sempre positiva, dá-se na escolha dos temas, como o escolhido agora: mulher. A figura feminina tem sido o esteio da família e o caminho que

Com uma carreira de 40 anos no meio televisivo, o jornalista Luis Erlanger, diretor de análise e controle de qualidade da programação da TV Globo, lançou em 1o de abril, no Rio de Janeiro/RJ, seu primeiro romance, intitulado Antes que eu morra.

Escrita a partir de anotações aleatórias reunidas desde 2009 e com tom humorístico, a obra é uma mescla de ficção e realidade, por meio da qual o autor promove reflexões sobre questões humanas de forma extremamente impactante. O personagem principal narra as próprias aventuras ao psicanalista, responsável por ouvi-las e publicá-las em um livro com as transcrições das consultas.

Em concorrida noite de autógrafos, o jornalista recebeu familiares, amigos e personalidades. Também dedicou um exemplar da obra ao diretor-presidente da LBV, com a seguinte mensagem: “Caro Paiva Netto, espero que goste desta aventura de um estreante. Abraço”.

Jornalista Luis Erlanger lança seu primeiro romance

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Jornalista Luis Erlanger na noite de autógrafos de seu livro Antes que eu morra.

vejo para o incentivo à educação, às boas maneiras, à honestida-de, ao valor do trabalho. Por meio delas, podemos con-seguir muito, especialmente naquelas famílias despro-vidas de bens materiais, e, mais uma vez, o editorial

do dirigente da LBV, Paiva Netto, é preciso e tocante, chama a atenção e ressalta esses valores. Receber a revista é uma honra e um grande prazer, pois sempre apren-demos o valor da solida-riedade e da liberdade com

Dr. Alexandre Rivero

Dra. Valma Leite

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Dr. Jair de Carvalho e Castro

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No livro Todas as coisas visíveis e invisíveis, a jornalista e escritora Marcia Peltier conta suas intensas experiências pelo mundo, transformadas ao longo dos anos em profun-das reflexões. Lançada em abril na capital fluminense, a obra apresenta o relato íntimo de uma mulher sempre em busca da melhor versão de si. Trata da dor da perda; dos sentimentos de quem é mãe, filha e esposa; dos insights espirituais; da morte; da fé; da própria identidade; e da singela alegria de existir.

Representantes da LBV prestigiaram o lançamento, ocasião em que a autora encaminhou exemplar ao dirigente da Instituição, com a seguinte mensagem: “Para José de Paiva Netto, um grande abraço!”.

A mulher no mercado de trabalho, principalmente aquela que ingressou nele na década de 1980, está no centro da produção literária da jornalista e em-presária Ana Paula Padrão. No livro O amor chegou tarde em minha vida, a autora, com mais de 27 anos de carreira e dezenas de prêmios conquistados, re-vela que por trás da jornalista bem-sucedida há uma mulher profundamente humana, que amadureceu lidando com inseguranças, dores e desejos.

Durante o lançamento do título em São Paulo/SP, em abril, ela saudou o diretor-presidente da Legião da Boa Vontade: “Meu querido Paiva Netto, forte abraço”.

Marcia Peltier reúne suas experiências pelo

mundo

Ana Paula Padrão e a relação da mulher na

sociedade

A jornalista, escritora e apresentadora Marcia Peltier já mediou debates presidenciais, fez coberturas dos Jogos Olímpicos de Atlanta e Sidney e da Copa do Mundo de Futebol de 1998.

Com mais de 27 anos de carreira, a jornalista foi âncora de importantes telejornais do país, na TV Globo, no SBT e na Rede Record.

João Baptista do Valle

responsabilidade como motivação de melhoras educacionais e sociais e o valor da mulher no mercado de trabalho. (Dr. Jair de Carvalho e Castro, chefe do serviço de otorri-nolaringologia da 2a Enfermaria da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro/RJ.)

Meus sinceros agradecimentos [à LBV] pela revista BOA VONTADE. Tenho pro-fundo apreço pela LBV e por suas realizações no amparo às crianças caren-tes. O mundo seria muito melhor se os exemplos da

LBV fossem seguidos pela grande maioria das organizações governamen tais. Que Jesus os abençoe! (João Baptista do Valle, membro do Conselho Deliberativo da Federação Espírita do Estado de São Paulo.)

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BOA VONTADE 15

Page 16: Revista Boa Vontade, edição 236

Os 100 anos do Rei do Baião, por Audálio Dantas e

Tiago Santana

Simplesmente Zico chega às livrarias

A cidade de Exu, localizada no interior pernambucano, na qual Luiz Gonzaga (1912-1989) nasceu, foi o ponto de partida para sua carreira artística e para a nova obra literária do jornalista Audálio Dantas: Céu de Luiz, lançada em concorrida sessão de autógrafos, em 29 de abril, no Teatro do Sesc-Pompeia, na capital paulista. O livro, que tem ilustrações do fotógrafo Tiago Santana, retrata o univer-so do Rei do Baião a partir de raízes criadas com localidades de Pernambuco e do Cariri cearense, que são uma das regiões mais re-presentativas da cultura popular do Nordeste.

Representantes da Legião da Boa Vontade prestigiaram o evento. Na oportunidade, os autores dedicaram um exemplar do título ao diretor-presidente da Instituição, com as se-guintes dedicatórias: “Para Paiva Netto, amigo e mestre, abraços e o Céu de Luiz também! Audálio Dantas” e “Para Paiva Netto, toda luz do Luiz! Um grande abraço. Tiago Santana”.

A jornalista Priscila Ulbrich apresenta, em Sim-plesmente Zico, de que forma o garoto Arthur Antunes Coimbra se transformou em um dos maiores jogadores de todos os tempos e no maior ídolo da história do Clube de Regatas Flamengo. O ex-atleta recebeu, em março, personalidades, amigos e leitores em uma livraria, na zona oeste da capital fluminense, para concorrida sessão de autógrafos.

Por meio de depoimentos de colegas, entre os quais Adílio, Júnior e Roberto Dinamite; de técnicos, entre eles Joel Santana e Valdir Espinosa; e até de fãs, o leitor conhecerá a carreira e a vida do jogador e os bastidores que contribuíram para a formação dele. A obra é uma homenagem do blog Donas da Bola, grupo formado por mulheres que entendem, informam, opinam e debatem sobre diversos esportes e que tem Zico como padrinho da iniciativa.

Representantes da Legião da Boa Vontade prestigia-ram o lançamento do livro. Na oportunidade, o ex-atleta e o Donas da Bola encaminharam um exemplar da obra ao diretor-presidente da Instituição, com as seguin-tes dedicatórias: “Ao Paiva Netto, com todo carinho. Zico”, “Para Paiva Netto, um beijo. Rê Graciano”, “Para Paiva Netto, com carinho. Priscila” e “Para Paiva Netto, um beijo, Jussara”.

Zico é ladeado, da esquerda para a direita, por Renata Graciano, Priscila Ulbrich e Jussara Ajax.

O fotógrafo Tiago Santana (E) e o jornalista e escritor Audálio Dantas lançam o livro Céu de Luiz.

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Carlos Chagas e episódios

marcantes de nossa história

Em sessão de autógrafos na capital federal, em 26 de fevereiro, o renomado jornalista e comentarista político Carlos Chagas lançou o livro A ditadura militar e os golpes dentro do golpe: 1964-1969. Nele, o autor une as próprias memórias e relatos registrados em jornais da época para abordar, por uma nova perspectiva, esse período da história brasileira.

Com 490 páginas, o título poderá ganhar continuação, num volume que co-brirá os anos de 1970 a 1985. Chagas foi secretário de imprensa da Presidência da República durante o governo Costa e Silva e viveu alguns episódios marcantes, e que estão retratados na obra.

No lançamento, o escritor retribuiu os cumprimentos do dirigente da Instituição com a seguinte dedicatória em um exemplar do livro: “Para o caro chefe José de Paiva Netto, com a admiração de Carlos Chagas”.

Presidente do jornal Valor Econômico

escreve A morte na visão do Espiritismo

O presidente do jornal Valor Econômico, Alexandre Caldini Neto, além de ser um dos mais destacados executivos da área de negócios e tecnologia, é um estudioso da doutrina espírita. Em entrevista, no dia 2 de abril, ao programa Vida Plena, da Boa Vontade TV, o jornalista conversou sobre o seu livro A morte na visão do Espiritismo. Segundo a obra, o assunto não é lúgubre e deve ser encarado de forma leve e natural. Morrer, assim como nascer, é apenas uma etapa da vida.

O trabalho literário coloca o tema em discussão, com o objetivo de contribuir para um aprendizado que ajudará não apenas a lidar melhor com a partida de quem amamos, mas também com nossa própria morte, quando esta (novamente) chegar.

O autor encaminhou um exemplar do livro auto-grafado ao diretor-presidente da Legião da Boa Von-tade, com a seguinte dedicatória: “Caro Paiva Netto, com carinho, gratidão e meus parabéns pelo belo trabalho. Tomara que a leitura seja agradável e útil. Um bom abraço. Caldini”.

O jornalista Alexandre Caldini Neto (D), presidente do jornal Valor Econômico, e Daniel Guimarães, apresentador da Boa Vontade TV.

O jornalista e conselheiro da Ordem do Mérito da Fraternidade Ecumênica do ParlaMundi da LBV.

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Cartas, e-mails, livros e registros

Ao lado da representante da LBV no lançamento de seu livro, Bárbara Brito, o fotógrafo Bento Viana destaca a página da publicação com a imagem do Templo da Paz.

Os autores Beto Junqueyra e Aparecida Liberato recebem os cumprimentos de Adalgiza Periotto (E) e Isabel Paes (D), da LBV, que também levaram a eles o abraço fraterno do dirigente da Instituição, José de Paiva Netto.

Bento Viana lança obra com imagens aéreas de Brasília

Numerologia e sucesso profissional

Depois de mais de cem horas de voo de helicóptero e aproximadamente 30 mil cli-ques, o fotógrafo Bento Viana publicou 200 dessas imagens no livro Do Céu, Brasília, lançado em 16 de abril, na capital brasileira. O evento teve a presença de profissionais do ramo, amigos e familiares do autor.

A obra, organizada como um plano de voo, inclui fotos aéreas de diversas regiões e pontos turísticos da cidade, entre os quais a Zona Central, a Asa Sul, o Lago Norte, a Praça Portugal e o Templo da Boa Vontade — o monumento mais visitado da capital fe-deral, segundo dados oficiais da Secretaria de Estado de Turismo do Distrito Federal (Setur--DF). O retrato do TBV também integrou, no ano passado, uma exposição de Bento Viana na sede do Banco do Brasil em Nova York, nos Estados Unidos.

Ao dirigente da LBV, o fotógrafo autografou um exemplar de seu livro: “Para o admirável Paiva Netto, com carinho. Bento”. O autor ainda escreveu: “Espero que goste da foto da sua linda obra que enfeita Brasília”.

Estudos mostram que por intermédio das letras se pode analisar a personalidade de uma pessoa ou até mesmo de uma marca. É possível, ainda, visualizar as energias que abrem as portas para uma trajetória bem-sucedida. O assunto é a pauta principal do título Você & Cia., de Apare-cida Liberato e Beto Junqueyra, lançado em 19 de fevereiro, na capital paulista.

“Este livro mostra a importância da marca pessoal de empresários, executivos. Nele, ensi-namos, por meio de exemplos, como atrair maior energia, seja para o executivo, seja para a área pessoal. O nome traz força”, ressaltou Beto.

Em entrevista à BOA VONTADE, a numeróloga declarou: “Tenho um apreço enorme pela LBV, pelo Irmão Paiva Netto e por todos vocês, que sempre me acolheram desde o primeiro livro que lancei. Só tenho a agradecer muito a presença de vocês. Um beijo a todos”.

Ainda na oportunidade, os autores dedicaram um exemplar da obra ao dirigente da Instituição, com as seguintes mensagens: “Querido Irmão Paiva, meu carinho e admiração. Aparecida Liberato” e “Irmão Paiva, é sempre uma grande alegria ter a companhia e a energia de vocês. Abraço, Beto”.

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Um grupo de crianças e adolescentes atendidos pela Legião da Boa Vontade, por meio dos programas socioeducacionais da Instituição, em Uberlândia/MG, tiveram uma aula especial sobre o Código de Proteção e Defesa do Consumidor com o superintendente do Procon na cidade, Frank Resende. O encontro ocorreu em 12 de março, no Centro Comunitário de Assistência Social da LBV, e, logo depois da aula, a garotada seguiu para um supermercado a fim de pôr em prática o conhecimento adquirido.

Com papel e caneta nas mãos, o grupo passou pelas gôndolas anotando a data de validade dos produtos, a condição dos alimentos, o preço das mer-cadorias, entre outros tópicos de interesse dos clientes. “Foram muito boas a palestra e a atividade no supermercado. Na LBV, eu aprendo sobre respeito ao próximo, ajudo minha família e melhorei na escola”, disse João Vitor Alves, de 13 anos, participante do programa Criança: Futuro no Presente!.

Mariozan Luiz, gerente do supermercado, elogiou o programa da Ins-tituição: “Parabenizo a LBV por esse trabalho bom e importante, tirando as crianças da rua. Se todos colaborarem um pouco, o futuro delas será bem melhor”.

A ação faz parte da atividade de educação financeira desenvolvida pela LBV de parceria com o projeto Procon Educador. A iniciativa foi destaque na mídia local, sendo divulgada pela TV Paranaíba (afiliada da Rede Record) e no site da prefeitura de Uberlândia. Ao término da visita, a garotada homenageou Frank Resende. “Estou muito feliz com a parceria com a LBV. É um prazer trabalhar com vocês. Faço questão de apoiar os projetos da Legião da Boa

Vontade, porque sei da importância desta instituição”, disse ele.

Depois da palestra sobre o Código de Proteção e Defesa do Consumidor, crianças e adolescentes atendidos pela LBV puseram em prática o que aprenderam, fiscalizando a aplicação da lei em um supermercado.

Fiscais por um dia

A TV Paranaíba (afiliada da Rede Record) registra aula prática, de crianças atendidas pela LBV, realizada de parceria com o Procon, em um supermercado.

O psiquiatra e educador Içami Tiba lançou, em 11 de abril, na capital paulista, a obra Educação Familiar — Presente e Futuro. A sessão de autógrafos foi bastante concorrida e reuniu personali-dades, educadores e amigos do autor.

O livro aborda aspectos dos mais simples aos mais contro-versos da árdua, porém gratifi-cante, tarefa de educar. Ainda discorre sobre a necessidade de uma educação sustentável, abrangendo os valores, pilares e objetivos desta e avaliando si-tuações comuns e presentes em todos os núcleos familiares.

Durante o lançamento da obra, o qual também teve a pre-sença de representantes da LBV, o educador autografou assim um exemplar do título ao diretor--presidente da Instituição: “Ao mestre Paiva Netto, com todo carinho e gratidão, o abraço do seu seguidor. Tiba”.

Içami Tiba defende

educação familiar

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Escola aliada da Cultura de Paz

Diretor-presidente da Cortez Editora e equipe de professores da PUC visitam Conjunto Educacional Boa Vontade, na capital paulista.

Cartas, e-mails, livros e registros

Visitantes e algumas das crianças do Conjunto Educacional Boa Vontade. Ao fundo e à esquerda, observa-se esta máxima de Aristóteles (384-322 a.C.), grafada em letras douradas: “Todos quantos têm meditado na arte de governar o gênero humano acabam por se convencer de que a sorte dos impérios depende da educação da mocidade”. Essa reflexão foi orientada pelo dirigente da LBV a ser grafada neste grande totem, ao lado do frontispício, em destaque na unidade.

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Visite, apaixone-se e ajude a LBV!

O Conjunto Educacional Boa Vontade está localizado na Avenida Rudge, 630/700 — Bom Retiro, em São Paulo/SP. Para outras informações, ligue: (11) 3225-4500.

O diretor-presidente da Cortez Editora e Livraria, José Xavier Cortez, e a dra. Ivani Fazen-

da, professora titular da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), conheceram, no dia 8 de maio, o Conjunto Educacional Boa Vontade, que abrange a Supercreche Jesus e o Instituto de Educação José de Paiva Netto. Eles foram acompanha-dos pela escritora Silmara Casadei e pela ilustradora Lisie De Lucca — mestres em Educação e autoras da obra infantil Como um rio — O percurso do menino Cortez —, e por integrantes do Grupo de Estudos e Pesquisa em Interdisciplinaridade (Gepi), criado pela dra. Ivani.

A equipe foi recepcionada pelo Grupo de Instrumentistas Infantojuvenil Boa Vontade e pelo Coral Ecumênico In-fantojuvenil Boa Vontade, formados por alunos do estabelecimento de ensino. Além de uma canção de boas-vindas, as crianças entoaram uma música na Língua Brasileira de Sinais (Libras), resultado do que aprenderam nas aulas dessa linguagem.

Após a apresentação, conhe-ceram as novas instalações da Biblioteca Bruno Simões de Paiva. No local, Cortez e as professoras Silmara e Lisie ministraram palestra para alunos do 5o ano do ensino fun-damental. No bate-papo, eles conta-ram sobre o processo de criação do referido livro que traz a história do dirigente da editora.

“Para mim, foi um momento especial. Fiquei surpreendido [com o tra-balho]. Com escolas como esta, é possível ter um Bra-sil melhor. Hoje tive uma oportunidade rara, pois

este ambiente é muito educativo”, destacou Cortez.

Durante a visita, o grupo tam-bém tomou contato com a prática da proposta pedagógica da LBV (formada pela Pedagogia do Afe-to e pela Pedagogia do Cidadão Ecumênico — leia mais na p. 94), criada pelo educador Paiva Netto e aplicada nas escolas e Centros Comunitários de Assistência Social da Instituição. Nela, a preocupação com a formação integral do ser humano (Espírito-biopsicossocial) une “Cérebro e Coração”, ou seja,

sentimento e raciocínio, visando a uma aprendizagem significativa, que convida o educando a tornar--se partícipe da construção de uma Cultura de Paz.

“Fui visitando cada sala de aula e senti-me gratificada por ter tido esta manhã fantástica. Este espaço é como se fosse uma cidade da Boa Vontade, situada em uma ilha de Paz, em que a raciona-lidade está misturada com o afeto”, afirmou a dra. Ivani.

Sobre a linha pedagógica da Le-gião da Boa Vontade, Lisie destacou: “A educação estética é aquela que nos mobiliza em todos os âmbitos humanos, e este Conjunto Educa-cional cumpre esse objetivo, porque há essa preocupação de mobilizar os alunos emocional, racional e espiritualmente”. Vale mencionar que a professora participou, no ano passado, do 12o Congresso Internacional de Educação da LBV, no qual palestrou sobre o tema “A experiência estética como caminho para a semeadura do entusiasmo pelo conhecimento”.

Entusiasmada com o trabalho oferecido às crianças e aos jovens atendidos na unidade de ensino, a educadora Silmara disse: “Foi uma manhã de muitas emoções. Nós sentimos um ambiente muito aquecido, favorável à amorosidade, que é algo tão necessário para o desenvolvimento do ser humano”, completou.

“Para mim foi um momento especial. Fiquei

surpreendido [com o trabalho]. Com escolas

como esta, é possível ter um Brasil melhor. Hoje tive uma oportunidade

rara, pois este ambiente é muito educativo.”

José Xavier CortezDiretor-presidente da Cortez Editora

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José Xavier Cortez

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Cartas, e-mails, livros e registros

A maior autoridade no Brasil quando o assunto é interdis-ciplinaridade escolar, a pro-

fessora dra. Ivani Catarina Arantes Fazenda convidou mestres, doutores e educandos para participar do livro Interdisciplinaridade: pensar, pes-quisar e intervir. O título aprofunda e amplia a obra organizada por ela e publicada em 2001 pela Cortez Editora intitulada Dicionário em construção: interdisciplinaridade. O conteúdo está em forma de súmu-las, as quais podem ser consultadas de maneira individualizada. Elas representam a reflexão, a pesquisa e a intervenção desenvolvidas sobre interdisciplinaridade pelos 36 pes-quisadores, orientandos e integrantes do Grupo de Estudos e Pesquisas em Interdisciplinaridade (Gepi), da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Destinado ao público das mais variadas áreas do conhecimento, o livro é um convite ao aprofundamento em questões tratadas por estudiosos de diversas vertentes que buscam estratégias para a realização de diferentes desafios.

Conhecedora da proposta educa-cional criada pelo diretor-presidente da Legião da Boa Vontade, José

Educação com Espiritualidade integra livro sobre

interdisciplinaridade

de Paiva Netto, a qual promove um ensino comprometido com a formação integral do ser humano, a dra. Ivani convidou a supervisora da linha pedagógica* da Instituição e diretora do Conjunto Educacional Boa Vontade, localizado na capital paulista, a doutoranda em Educação Maria Suelí Periotto, para participar da composição do livro, abordando o tema “Espiritualidade”.

Na manhã de 13 de março, a

dra. Ivani e a coordenadora técnica Herminia Prado Godoy reuniram--se com alguns dos colaboradores da obra para o lançamento desta em São Paulo/SP. Na ocasião, de-dicaram um exemplar do título ao diretor-presidente da LBV, com as seguintes mensagens: “Ao grande amigo Paiva Netto, reconhecimento e gratidão. Ivani” e “Ao sr. Paiva, com carinho e gratidão pelo apoio ao nosso trabalho. Herminia”.

* É composta da Pedagogia do Afeto (dirigida a crianças de até os 10 anos de idade) e da Pedagogia do Cidadão Ecumênico (que abrange a educação dos indivíduos a partir dos 11 anos). Aplicado nas escolas e nos programas socioeducativos da Legião da Boa Vontade, tanto no Brasil quanto no exterior, esse modelo de ensino, que alia “Cérebro e Coração”, segundo afirma o próprio dirigente da LBV, se funda-menta “nos valores oriundos do Amor Fraterno, trazido à Terra por diversos luminares, destacadamente Jesus, o Cristo Ecumênico, o Divino Estadista”.

Sentadas, a dra. Ivani Catarina Arantes Fazenda (D) e a coordenadora técnica Herminia Prado Godoy, são ladeadas por Isabel Paes (E), representante da LBV, e Maria Suelí Periotto, diretora do Conjunto Educacional Boa Vontade.

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Oconsagrado jornalista baiano Sebastião Nery, um dos mais respeitados da atualidade,

lançou, em 19 de maio, o título Nin-guém me contou, eu vi — de Getúlio a Dilma (Geração Editorial) sua mais nova obra literária. Durante a con-corrida noite de autógrafos, na zona sul da capital fluminense, o autor recebeu leitores, familiares e amigos.

O livro, que engloba seis décadas de história, forma um arquivo de bio-grafias de grandes nomes da política brasileira, desde Getúlio Vargas até a presidenta Dilma Rousseff. O autor reúne na obra seus melhores textos, revelações e reminiscências, que ajudam a entender o Brasil dos últimos 60 anos.

Sebastião Nery dedica o título literário especialmente a três pes-soas: seu amigo Cláudio Leal, que o incentivou; sua esposa, Beatriz Rabello; e ao diretor-presidente da Legião da Boa Vontade, José de Paiva Netto, que atua, de acordo com o autor, “há meio século espalhando o bem desde a nossa saudosa Rádio Mundial*”, escreveu, referindo-se aos mais de 58 anos de trabalho do dirigente na LBV.

Amigo de longa data da Instituição e de seu diretor-presidente, o cronista reforçou esses antigos laços de ami-zade que os une. À Super Rede Boa Vontade de Comunicação (rádio, TV, internet e publicações), relembrou da

Veterano jornalista Sebastião Nery contaa história do Brasil nos últimos 60 anos

* Rádio Mundial — Emissora da Boa Vontade liderada pelo saudoso jornalista, radialista e poeta Alziro Zarur, entre 1956 e 1966. Sob o comando de Paiva Netto, jornalista, radialista e escritor, foi criada a Super Rede Boa Vontade de Comunicação, composta por dezenas de Emissoras da Boa Vontade: rádio e TV; além de diversas publicações e de portais na internet, em vários idiomas, para comunicar a mensagem ecumênica do Amor Fraterno ao coração da audiência.

época em que teve o primeiro contato com a LBV: “Alguém me disse para ir à Rádio Mundial e conversar com Alziro Zarur. Eu fui e ele me recebeu muito gentilmente. Lá, eu conheci o Paiva Netto, que era um jovem (mais jovem do que eu), e que trabalhava [na Legião da Boa Vontade], lá na Rádio Mundial. Trabalhamos juntos! Eu tenho uma lembrança de gratidão, pois quando você arranja um empre-go e encontra pessoas que tratam de você, que esquecem que você saiu da cadeia, mas que recebem como se você fosse um cidadão (o que eu era, um jornalista que fora perseguido). Aí eu conheci o Paiva Netto, cujo trabalho sempre admirei”.

O escritor recordou-se também da época em que atuou como adido cultural do Brasil em Paris, na década de 1990. Neste período, conheceu a ação socioeducacional desenvolvida

pela Entidade. “A LBV, na ocasião, era a única instituição brasileira que fazia parte do Conselho de Direitos Humanos da ONU [Conselho Eco-nômico e Social das Nações Unidas — Ecosoc]. Eu via o prestígio e o respeito dela. É respeitadíssima! Ninguém me contou, eu vi. Eu esta-va lá porque era o meu trabalho”, comentou. Desde então, a Legião da Boa Vontade continua atuante no Ecosoc, nas Nações Unidas (ONU).

Na sequência, concluiu: “Paiva Netto é muito interessante e simpá-tico falando sobre os livros. É, na verdade, um homem que representa o Brasil. Quando ele chega com a LBV, ele representa o país”.

O jornalista autografou ainda um exemplar da obra, com a seguinte mensagem: “Mestre Paiva Netto, que honra lhe mandar este livro que também é seu”.

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A Legião da Boa Vontade marcou presença no lan-çamento em Minas Gerais

da campanha internacional Ponto Final na Violência contra Mulhe-res e Meninas, realizado em 28 de março, no auditório da Associação Mineira do Ministério Público, na capital do Estado. Promovida nessa unidade da Federação pelo Conselho Estadual da Mulher (CEM), órgão da Secretaria de Estado do Trabalho e Desenvolvimento Social (Sedese), e

Evento reúne autoridades para discutir violência contra o gênero feminino

coordenada pela Rede Nacional Fe-minista de Saúde, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos, com o apoio da Rede de Homens pela Equidade de Gênero (RHEG) e da ONG Co-letivo Feminino Plural, a iniciativa — que também ocorre na Bolívia, na Guatemala, no Haiti e em países da Ásia e da África e teve início no Bra-sil em 2010 e busca não só ampliar a discussão sobre o assunto, mas também criar condições para que o debate chegue a todas as mulheres,

de modo que ajude a conscientizá-las e gere possibilidades de intervenção.

No encontro em Belo Horizonte, os participantes receberam a revista BOA VONTADE Mulher, que apresenta, em quatro idiomas (es-panhol, francês, inglês e português), as contribuições da LBV para a pro-moção da igualdade de gêneros. Por reconhecer a extrema importância das mulheres no pleno desenvolvi-mento das respectivas famílias e na construção de uma sociedade justa e

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sença, pelo apoio e espero que se integrem nesta campanha para que façamos a diferença”.

Quem também esteve no lan-çamento foi a conselheira tutelar Maria da Piedade, que disse co-nhecer as ações da LBV há algum tempo. “Vocês fazem um trabalho muito bonito. É interessante que todas as mulheres possam receber [a revista]. Elas precisam saber dos seus direitos”, completou.

Para Jeanete Mazzieiro, secre-tária-executiva do Fórum de Mulheres do Mercosul no Brasil, foi bom reen-contrar representantes da LBV após a apresenta-ção da BOA VONTADE Mulher na 58a sessão da Comissão sobre a Situação da Mulher, realizada de 10 a 21 de março, na sede da Organização das Nações Unidas em Nova York, EUA. “Fiquei feliz ao chegar aqui e ver a revista, porque eu estive na ONU, na Comissão do Itamaraty, representando o Conselho Nacio-

solidária, a Instituição oferece a elas programas socioeducacionais que as capacitam a fim de que possam incrementar a renda familiar, bem como fomentam o aprendizado, a troca de experiências e a melhoria da autoestima. Além disso, incentiva a participação efetiva das atendidas na sociedade com vistas à garantia dos direitos e dos deveres delas e à superação da pobreza, da fome, do isolamento, da violência doméstica e de outros desafios.

Sobre a presença da LBV no evento e a pu-blicação especial, Neu-sa Cardoso de Melo, presidente do Conse-lho Estadual da Mulher (CEM), declarou: “É

muito bem-vinda a Legião da Boa Vontade. Espero que possamos criar condições para que a violência tenha um fim. A revista é muito boa, bem editada, com conteúdo excelente. É muito importante que vocês [da Instituição] participem deste processo. Obrigada pela pre-

A presidenta Dilma Rousseff deu posse, em 1o de abril, à nova ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Ideli Salvatti. Realizada no Palácio do Planalto, em Brasília/DF, a cerimônia teve a presença de ministros, autoridades, deputados, embaixadores, jornalistas e representantes de outros setores da sociedade.

Representantes da Religião de Deus, do Cristo e do Espírito Santo e da Legião da Boa Vontade participaram da solenidade de transmissão de cargo ministerial. Na ocasião, a ministra Ideli recebeu folheto com o artigo “Religião não rima com intolerância”, do dirigente da LBV, a BOA VONTADE Mulher e o documento “Direitos Humanos: a união de todos pela Paz”, com as contribuições da Religião Divina sobre o tema.

Ministra Ideli Salvatti na Secretaria de Direitos Humanos

Neusa Cardoso de Melo Jeanete Mazzieiro

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nal dos Direitos da Mulher, e lá recebi a publicação, que estava sendo lançada. O caminho é este: unir as forças, caminhar para que a gente consiga acabar com essa violência sem tamanho”, afirmou.

A professora Ileana Nico-li França, da Escola Professor Caetano Azeredo, levou estudantes do 9º ano do ensino fundamental para que acompanhassem o debate. “Estes alunos vão multiplicar as informações recebidas aqui para

os demais alunos da esco-la”, salientou.

Cabe mencionar que a Legião da Boa Vontade mantém na capital mineira um Centro Comunitário de Assistência Social, onde

são empreendidas diversas ativi-dades em prol do gênero femini-no. Outras informações sobre o trabalho desenvolvido na unidade — situada na Avenida Cristiano Machado, 10.765, Planalto — podem ser obtidas pelo tel. (31) 3490-8101 ou no site www.lbv.org.

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Opinião — Terceiro Setor em focoLucro social

NegóciosAirton Grazzioli

“Setor Dois e Meio”, a face renovada do capitalismo.

sociaisNo ano de 1976, de uma ini-

ciativa do professor de eco-nomia Muhammad Yunus,

da Universidade de Chittagong, Bangladesh, surgiu uma experiência inovadora a partir do empréstimo de 27 dólares para 42 mulheres da al-deia de Jobra, a fim de permitir-lhes

adquirir matéria-prima para confec-ção de artesanato e também livrar-se de empréstimos obtidos com agiotas locais, para quem o grupo de mu-lheres pagava com a entrega de sua produção, numa margem mínima de lucro, em regime de trabalho análogo à escravidão.

Para surpresa do professor, to-das as beneficiárias do empréstimo quitaram as parcelas pontualmen-te, o que lhe deu a ideia de que o processo poderia ser multiplicado indefinidamente. E de fato isso ocorreu, pois em 1983 surgiu o pro-jeto social denominado “grameen

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reira Airton Grazzioli

é bacharel em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). Especialista em Direitos Difusos e Coletivos pela

Escola Superior do Ministério Público do Estado de São Paulo (ESMP-SP). É mestre em Direito Civil pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Além de ser membro do Ministério Público do Estado de São Paulo, promotor de Justiça e curador de Fundações de São Paulo, vice- -presidente da Associação Nacional dos Procuradores e Promotores de Justiça de Fundações e Entidades de Interesse Social (Profis).

credit”, que deu origem ao Grameen Bank, conhecido mundialmente por Banco Rural. A empreitada tirou da pobreza milhares de famílias e rendeu a Yunus o Prêmio Nobel da Paz, em 2006.

Atualmente, 90% das ações desse banco pertencem às popula-ções rurais pobres que ele atende, e 10%, ao governo. Conta com 2.564 agências em Bangladesh, e o método Grameen é aplicado em 58 países, incluindo Estados Unidos, Canadá, França, Holanda e Noruega. Até 2011, a instituição havia emprestado o equivalente a mais de 11,35 bilhões de dólares a mais de 8,5 milhões de mutuários, sendo 96% deles mulheres. A taxa de inadimplência é inacreditável, algo em torno de apenas 1,15%, o que implica dizer que o banco recebe quase 100% dos empréstimos concedidos.

Trata-se do caso de sucesso de uma organização pioneira do Segundo Setor que, estimulada pelo lucro responsável e pelas maravilhas do mundo financeiro, leva oportunidades a quem destas necessita e se faz merecedor delas. Percebe-se, assim, que a instituição financeira é especial, pois tem por objetivo aliviar a pobreza com um inovador modelo bancário de mi-crocrédito.

A inovação também se deu por demonstrar que uma empresa não precisa ter como fim exclusivo o lu-cro. Ela pode ser, ao mesmo tempo, socialmente responsável e voltada para o Terceiro Setor como modelo de negócio, na medida em que seu objetivo pode ser o atendimento a um especial interesse social.

Hoje, o Grameen Bank é festeja-do como uma pioneira iniciativa do “Setor Dois e Meio”, ao elaborar um novo conceito de lucro e dos ganhos de mais-valia. Nesse contexto, há os

que creem ser o negócio social a face renovada do capitalismo — este, de tempos em tempos, absorvido por crises, necessita mesmo de reno-vação, de novas expansões e novas faces.

Gestão socialO “Setor Dois e Meio” exige um

modelo especial e eficiente de ges-tão de empresas (que pertencem ao Segundo Setor) para gerar impacto social (finalidade do Terceiro Setor), criando um modelo inovador, deno-minado de “empresa social”.

Há muitos exemplos de empre-sas sociais, cujos gestores buscam, por maneiras sustentáveis e inova-doras de desenvolvimento econô-mico e social, unir o melhor dos dois mundos. Procuram conciliar a eficiência das empresas com a finalidade social das organizações do Terceiro Setor, dando margem a um modelo novo — de empresário social e de negócio social.

O professor Muhammad Yunus ouve alguns dos mutuários-proprietários em um encontro local.

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Esse tipo de atividade exige que produtos e serviços produtivos e lucrativos estejam alinhados com ob-jetivos sociais. Em outras palavras, que estejam focalizados na geração de impacto social positivo. O lucro não é esquecido, mas alinhado ao impacto social, ou seja, quanto maior o impacto social gerado, maior o retorno econômico. É uma maneira singular de colocar o ambiente dos negócios atrelado à obtenção de benefícios sociais.

Nos Estados Unidos e na Europa, o negócio social está mais avança-do que no Brasil, cujas iniciativas ainda são recentes. Lá, já existem, inclusive, canais de investimento na área, tais como fundos de venture philanthropy e de venture capital (financiamento externo aplicado a programas sociais de organizações e empresas), que empregam recur-sos com perspectivas de retorno econômico vinculado ao social, ambos mensuráveis. O perfil dos investidores, por sua vez, é o mais diverso, pois varia de filantropos a investidores altamente interessados em retorno financeiro.

Nos países onde os negócios so-ciais estão em estágio mais avançado, não passou despercebido ao governo que estruturas públicas de apoio go-vernamental são essenciais para ala-vancar as iniciativas nessa seara, tanto com políticas públicas quanto com instrumentos legais de regulação es-pecial. Iniciativas nessa linha tendem a atrair empreendedores, investidores sociais e fundos de investimento, para aplicação dos respectivos capitais na crença do potencial de geração de impacto e retorno que os negócios sociais possuem.

O mercado de baixa renda, por seu turno, é o terreno mais propício para os negócios sociais, com um espírito diferenciado do tradicional capitalismo. Nos negócios sociais se entende que a sua razão é gerar aces-sos, criar oportunidades inovadoras para enfrentamento de problemas da sociedade e, assim, conduzir a própria transformação social.

Os negócios sociais não são a negação dos negócios tradicionais. Eles se apoiam justamente na lógica da competitividade e da eficiência dos negócios tradicionais para so-lução dos problemas sociais. Mas é imprescindível que eles sejam autossustentáveis, obtendo sua renda a partir da comercialização de produ-tos e serviços. É do lucro do negócio que se pode aferir a sua eficácia e seu potencial de ganhar escala. Quanto maior o lucro, maior o potencial de investimento em expansão, em aber-tura de novas frentes e unidades, de alcance de novos clientes, ou seja, maior será o seu impacto social.

A deliberação dos sócios sobre distribuir ou não os lucros é livre e discricionária. Um negócio social pode ou não distribuir seus resul-tados, conforme o interesse dos investidores na operação em retirar ou não o lucro para usufruto próprio.

O lucro, por sua vez, não é con-siderado algo ruim, na visão dos negócios sociais. Isso porque, quanto maior for o lucro obtido, maior será a transformação social gerada. Em outras palavras, o negócio social permite a circulação de riqueza entre os dois mundos (Segundo e Terceiro Setores): abre e movimenta o merca-do, mediante a expansão do capital; e beneficia as comunidades e planos coletivos com riqueza social.

Nesse contexto, não se pode esquecer de que os negócios sociais são uma alternativa viável para em-preendedores interessados em atuar no mercado e, ao mesmo tempo, contribuir, com o próprio modelo de negócio, para a construção de uma sociedade mais justa.

Indiana recebe, feliz, o empréstimo do Grameen Bank.

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Opinião — Terceiro Setor em foco

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Voluntariado

Se for considerado o número absoluto de sua população, o Brasil* está entre as dez

nações do planeta com mais vo-luntários (cerca de 34 milhões), segundo o levantamento “World

Especialista diz que o Brasil vem se firmando na questão e destaca a atuação jovem no setor

Culturade voluntariado

Giving Index 2013 — Uma vi-são global das tendências de doação”. Apesar disso, o mesmo estudo encomendado pela orga-nização britânica Charities Aid Foundation (CAF) ao instituto

de pesquisa Gallup World Pool e realizado com 155 mil pessoas em 135 países, revela que nossa pátria está apenas na 91a posição no ranking dos povos mais gene-rosos. De acordo com o trabalho,

* O Brasil é o quinto país mais populoso do mundo, com mais de 190 milhões de habitantes, de acordo com dados do Censo 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Dra. Lúcia Maria Bludeni

Mariane de Oliveira Luz | Fotos: Vivian R. Ferreira

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vem ter para evitar problemas futuros?

Dra. Lúcia — A primeira condição para que um voluntário busque prestar um serviço — por-que, na verdade, é um serviço que ele está prestando, mas de forma gratuita, voluntária — é frequentar a organização. Ele precisa gostar da causa, identificar-se com as ações que a Entidade desenvolve e também observar a seriedade com que agem todos os dirigentes dela. Quando a Organização está estru-turada, ela costuma implementar programas de voluntariado. A en-tidade que tem uma ou várias áreas que podem absorver aquele serviço voluntário, normalmente, fará uma entrevista, uma triagem; vai pro-curar saber o que o voluntário gosta de fazer. O voluntário é uma pes-soa que está com disposição, com Amor; que quer dedicar-se, doar o que tem de melhor, contribuir e fazer a diferença.

BV — É importante assegurar- -se da seriedade da organiza-ção?

Dra. Lúcia — A questão da segurança é para os dois lados. O voluntário precisa saber para quem ele vai doar o precioso tempo dele. Em contrapartida, a Organização deve ter cautela. O voluntário precisa assinar um termo de adesão, porque a Enti-dade pode estar deparando-se, de repente, com uma pessoa que não está interessada em ajudar, mas em promover, eventualmente, uma ação trabalhista, dizendo que tinha vínculo com a organi-zação. O termo de adesão deixa

claro que é um voluntário, não um empregado; é uma garantia for-mal, tanto para a Entidade como para o voluntário.

BV — Quais os limites para que o voluntário atue numa orga-nização sem que seja gerado vínculo empregatício?

Dra. Lúcia — O direito do tra-balho busca o contrato-realidade. O que é isso? Eu sou empregador e vou utilizar-me da energia e da força de trabalho de meu em-pregado. Em contrapartida, vou remunerá-lo, conduzir a energia e a força de trabalho dele, porque ele tem pessoalidade, não eventu-alidade. O voluntário, dependendo da estrutura da Organização, também tem horário e dias certos para trabalhar; muitas vezes usa uniforme, mas não tem remune-ração. Não existe a condição de onerosidade; ninguém está pagan-do por aquela energia e força de serviço. Ele está doando; não tem a contrapartida financeira, embora siga um programa.

BV — Não há grande diferença entre o trabalho remunerado e o voluntariado, a não ser, é claro, o volume de exigências?

Dra. Lúcia — É diferente, porque no trabalho normal você tem metas a cumprir; existem exigências claras. Agora, como hoje tudo se profissionaliza, até o voluntário está se profissiona-lizando, diante de tantos requisi-tos, para que ele funcione legal, porque também não adianta você ter um voluntário que chega lá e não vai contribuir.

divulgado em 3 de dezembro do ano passado, pelo Instituto para o Desenvolvimento do Investimen-to Social (Idis), lideram a referida lista, em ordem decrescente, os Estados Unidos da América, o Canadá, o Myanmar, a Nova Ze-lândia e a Irlanda.

Para mostrar a importância do voluntariado e incentivar o exer-cício dele, a BOA VONTADE conversou com a dra. Lúcia Maria Bludeni, presidente da Comissão de Direito do Terceiro Setor da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP). Na ocasião, ela falou sobre os trâmites que cidadãos e organizações, entre estas hospitais, escolas, institutos, associações e fundações, precisam seguir para contar com o trabalho voluntário e para que a relação entre eles se dê conforme a legalidade. A se-guir, os trechos mais marcantes da entrevista.

BOA VONTADE — Quais as principais precauções que voluntário e organização de-

O voluntário é uma pessoa que está com disposição,

com Amor; que quer dedicar-se, doar o

que tem de melhor, contribuir e fazer a

diferença.

Voluntariado

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BV — Quando um adolescente, incentivado pela família, dese-ja ser voluntário, o que precisa ser feito?

Dra. Lúcia — Só o termo de adesão é suficiente. Você lembrou muito bem: ser voluntário, ser so-lidário é uma questão de cultura. O Brasil está desenvolvendo a passos largos essa cultura do voluntariado. (...) Acho que existe uma consciên-cia bastante clara, e o jovem, o ado-lescente deve ser voluntário. O que é ser um escoteiro, por exemplo? É aprender a ser um voluntário, entre outras coisas.

BV — Contadores e advogados com responsabilidades na ges-tão das instituições podem ser voluntários?

Dra. Lúcia — Podem. Na OAB de São Paulo, temos a chamada Resolução Pro Bono, que diz que o advogado ou a sociedade de ad-vogados pode prestar serviços para organizações sem fins lucrativos que não tenham condições de pagar honorários para o profissional ou para a sociedade de advogados. A grande questão é a seguinte: o advogado presta serviço para a Entidade, não para os beneficiários da Entidade, porque ONG não é uma sociedade de advogados. Há uma legislação específica que regulamenta a atividade profissio-nal. É regulada pela lei federal que institui o Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil.

BV — Gostaria de deixar um recado final?

Dra. Lúcia — Não é de hoje que acompanho as atividades da Legião

Ser voluntário, ser solidário é

uma questão de cultura. O Brasil

está desenvolvendo a passos largos essa cultura do voluntariado.

da Boa Vontade. A gente tem uma relação bastante próxima com a Organização. Gostaria de agrade-cer pelo convite para a entrevista. Quero deixar registrado o seguinte: o Terceiro Setor é um segmento que vive com muitas doações e também com voluntários, mas que se profissionaliza muito, emprega muitas pessoas, se descortina como mercado de trabalho para as pessoas e, por vezes, recebe o fomento do próprio Estado. Costumo dizer que ter direito a direitos fundamentais, à cidadania exige investimento em pessoas e voluntários, finan-ciamento... A gente não pode ficar cultuando a pobreza; a gente tem que cultuar direitos, deveres e obri-gações para que as coisas possam dar certo.

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Famoso por seus bordões, ditos tanto durante as partidas esportivas que narra quanto nos progra-mas diários que apresenta, entre os quais “Se o jogo tá na tevê, a gente se liga em você!” e “Seja paciente na estrada, para não ser paciente no

hospital!”, o jornalista e radialista José Carlos Araújo, ou simplesmente Garotinho, designação pela qual também é conhecido, tem uma das vozes mais desta-cadas e respeitadas do rádio brasileiro. Esse locutor carioca completou, em 1º de abril deste ano, 50 anos de carreira (42 deles na Rádio Globo) e, no dia 7 de maio, 74 anos de idade. Momentos marcantes não

Abrindo o coraçãoJubileu de Ouro

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Locutor José Carlos Araújo festeja data histórica com novos desafios

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faltam em sua biografia, e boa parte deles é contada no livro Paixão pelo rádio — Do milésimo de Pelé ao milésimo de Romário, a trajetória de José Carlos Araújo, o eterno Garo-tinho, do jornalista Rodrigo Taves.

Ao longo das cinco décadas de vida profissional, acompanhou dez Copas do Mundo bem como trans-mitiu mais de três mil jogos e narrou, pelo menos, mais de seis mil gols. A Copa do Mundo do Brasil será a décima primeira que cobrirá.

À celebração desse jubileu somam-se novos desafios para o Garotinho, que, desde fevereiro deste ano, comanda o futebol na Rádio Transamérica FM do Rio de Janeiro/RJ. “Não sou um cara acomodado. (...) Quando fui para a Rádio Nacional, em 1977, tive que montar minha empresa, e, de lá para cá, tudo o que eu crio registro. Com isso, a gente tem condição de criar, buscar novos rumos... Por exemplo, na Transamérica, eu for-

Abrindo o coração

taleci o futebol com DJ. Graças a Deus, em tão pouco tempo, já estou tendo repercussão, principalmente no mercado publicitário”, contou à BOA VONTADE.

Na entrevista a seguir, o leitor conhecerá outros detalhes da vida desse importante radialista e apre-sentador de TV, declarado torcedor do Fluminense, que desde criança dava sinais de seu talento para a narração esportiva.

BOA VONTADE — Você estudou no tradicional Colégio Pedro II.

Garotinho — Como o Paiva Netto, também sou aluno eminente do Pedro II. Depois, fiz Geografia na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), porque era um curso que me permitia continuar trabalhando e ganhando meu salá-rio. Minha mãe me preparou para fazer Medicina, meu pai queria que eu fosse diplomata, mas aca-bei sendo professor de Geografia. Cheguei a trabalhar em dois, três empregos, dando aula e tal, para garantir o sustento meu e de minha família. Com 15 anos, eu já tinha carteira assinada.

BV — Existia também a paixão pela Geografia?

Garotinho — Português e Geografia eram as matérias de que eu mais gostava. Em Matemática, Química e Física, eu não era bom. Fui aluno do Aurélio Buarque de Holanda durante seis anos, dos sete que fiquei no Pedro II. É um orgulho e um privilégio ter sido aluno dele, que tanto brigava com a garotada do Pedro II para não cometer erros de português.

Em 2 de março de 1996, durante a cerimônia de inauguração do Centro Educacional da LBV, no Rio de Janeiro/RJ, Paiva Netto cumprimenta o radialista José Carlos Araújo; à direita, o ilustre acadêmico da ABL Murilo Melo Filho. No destaque, o saudoso dr. João Saad, fundador do Grupo Bandeirantes de Comunicação.

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José Carlos Araújo recebe homenagem das crianças da LBV.

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BV — Como surgiu o interesse pela narração de jogos de futebol?

Garotinho — Desde criança eu queria ser locutor esportivo. Meu primeiro presente de Natal foi um time de botão, que escolhi pelas cores que achei mais bonitas. Eram as cores do Fluminense, e acabei virando tricolor em uma família toda de botafoguenses. Aí, eu colocava a tabela com Fluminense e Madureira e jogava sozinho, narrando, às vezes, altas horas da noite e perturbando o sono de meu pai e de minha mãe. Eu tinha também uma radiovitrola, que meu pai comprou à prestação. Ficava na sala e tinha duas faixas de onda curta. Eu gostava de pegar a onda curta para ouvir [as rádios da] Argen-tina, do Uruguai e, de repente, pegar algum campeonato sul-americano de juvenis. Eu ouvia o jogo todo e escrevia de madrugada uma crônica, que deixava para meu pai ler.

BV — Atualmente, você escreve crônica esportiva, faz narração e trabalha com publicidade. Como concilia essas atividades?

Garotinho — É complicado, mas procuro racionalizar. Por exemplo, hoje, só escrevo uma vez por mês coluna para a revista BOA VONTA-DE; no Metro Jornal, uma vez por semana. Não estou com programa de rádio diário como eu tinha até dezembro de 2013, na BandNews, porque precisava acordar muito cedo e, às vezes, ia dormir às duas horas da manhã, por conta das transmis-sões dos jogos. Eu levantava às seis, seis e quinze e sentia o dia inteiro cansaço, não pela idade; era mesmo pela falta de sono. É preciso dormir, inclusive, para conservar a voz.

BV — O que o levou a sair da Rádio Globo?

Garotinho — Trabalhei na Rádio Globo por quarenta e dois anos. Tudo o que conquistei pro-fissional e financeiramente devo ao Sistema Globo de Rádio, pelos anos que eu dediquei. Comecei como radioescuta e plantonista, cheguei a ser contato de publicida-de e fui diretor durante dezesseis anos. Mas eu queria um novo de-safio, que era abrir espaço, reno-var valores. (...) Para mim, o rádio ainda é o veículo mais importante. Ele permite criar mais, dar espaço para os jovens, e esse era meu sonho. Consegui [realizá-lo] em

parte. Fui para a Transamérica, em fevereiro, com esse desafio, tanto que levei comigo três jovens estagiários que eu tinha formado na Rádio Bradesco.

BV — Você fala com naturalidade com o público jovem.

Garotinho — Talvez seja a convivência durante muito tempo com eles. Dei aula durante catorze anos no ensino médio e, ainda hoje, dou palestras em universidades. Quando eu estava na Rádio Globo, fazia o programa Globo Esportivo uma vez por mês nas universidades. Era o projeto A Globo nas universi-dades. Pretendo, na Transamérica,

O jovem José Carlos Araújo (em destaque) com colegas de classe, em missa de formatura do tradicional Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro/RJ, em dezembro de 1958.

Para mim, o rádio ainda é o veículo mais importante. Ele permite criar mais, dar espaço para os jovens, e

esse era meu sonho.

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voltar com esse projeto, porque o estudante de Jornalismo não tem oportunidade de ver como se faz um programa de rádio ao vivo.

BV — De onde veio a ideia de o ouvinte participar ao vivo da transmissão?

Garotinho — A interativida-de está crescendo no mercado. O ouvinte quer participar. Você pode dizer, por exemplo, “José da Silva Santos, do Méier, está achando que o Flamengo joga mal. O que você acha, Gerson?”. Você deu oportunidade, e o ou-

vinte sentiu-se honrado. Acho também válido o ouvinte parti-cipar pelo telefone. (...) Eu sinto necessidade de ele expor sua opi-nião, de sentir-se valorizado. E a opinião emitida por um provoca uma reação contrária ou igual em outros. Isso cria polêmica, que alimenta a transmissão.

BV — Como surgiu a marca “Ga-rotinho”?

Garotinho — Eu tinha o hábito de chamar todo mundo, se eu não soubesse o nome, de garotinho. “Ô garotinho, vem cá! Empresta isso

aqui!” Aí, durante a Copa da Ale-manha, em 1974, o [repórter] Deni Menezes começou a chamar-me assim, e eu passei a ser rotulado de Garotinho. Até que alguém me alertou, e eu registrei [a denomina-ção] no INPI, em 1981.

Boa Vontade — É uma honra recebê-lo para esta entrevista.

Garotinho — Obrigado! Te-nho uma relação muito íntima com a LBV, de muitos anos com o Paiva Netto, meu grande amigo. Conheço bem a obra desenvolvida pela Legião da Boa Vontade. Tive a oportunidade de frequentar, por exemplo, a Supercreche Jesus, de Del Castilho [escola infantil que está inserida no Centro Educacio-nal José de Paiva Netto*, no Rio de Janeiro/RJ], e a de São Paulo/SP. Tenho acompanhado e visto o reconhecimento de toda a classe artística e jornalística ao trabalho desenvolvido ao longo de tantos anos. Obrigado ao Paiva Netto e a todos os que prestigiam essa pro-gramação da Boa Vontade TV du-rante o dia inteiro e a oportunidade de eu poder trocar figurinha com vocês! (...) Em 1996 — lembro até hoje —, participei da inaugu-ração da Supercreche Jesus lá em Del Castilho com o ator Milton Gonçalves. Minha mãe morreu no dia 28 de fevereiro [daquele ano]. Eu estava ainda traumatizado, mas tinha assumido o compromisso. Obrigado a vocês pelo carinho! Obrigado mesmo!

Na TV Bandeirantes, no Rio de Janeiro/RJ, José Carlos Araújo apresenta há sete anos o programa Os Donos da Bola.

* O Centro Educacional José de Paiva Netto foi inaugurado em 2 de março de 1996, data escolhida por voluntários e colaboradores da Legião da Boa Vontade em homenagem ao idealizador e construtor do projeto, diretor-presidente da Instituição, e educador José de Paiva Netto, por ser o aniversário dele.

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José Carlos Araújo é locutor esportivo na Rádio Transamérica FM do Rio de Janeiro/RJ e apresentador, há sete anos,

do programa Os Donos da Bola na TV Band Rio.

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alOpinião — Esporte

José Carlos Araújo

Seleção Sem conteStação

e stamos às vésperas do início da Copa do Mundo. Para surpresa da maioria do povo brasileiro,

não há polêmica a respeito da con-vocação da equipe que disputará o torneio. Nunca a vida de um técnico da Amarelinha foi tão fácil. O time--base é conhecido de cor e salteado, além de não ser objeto de questiona-mentos. Será por falta de talentos? Fred é o camisa 9 incontestável, em um país que deixou Romário de fora da Copa de 2002 e teve Bebeto, Careca, Ronaldo Fenô-meno, Adriano, Muller e Ronaldi-nho Gaúcho brigando por posições na seleção. Hoje, somos conhecidos pela qualidade de nossos volantes e zagueiros: David Luiz, Thia-go Silva, Luiz Gustavo, Dante, Ramires, Hernanes, entre outros.

José Carlos Araújo | Especial para a BOA VONTADE

Há algo de errado na essência do futebol pentacampeão do mundo.

Quanto à organização do Mun-dial, muitas promessas e exigên-cias da Federação Internacional de Futebol Associado (Fifa) ficaram pelo caminho. Mobilidade urbana, aeroportos funcionais e — pasmem! — as chamadas arenas sucumbiram ao vexaminoso jeitinho brasileiro. Fora isso, o sistema de sorteio para a aquisição de ingressos, aliado ao alto preço deles — distante da realidade econômica do país —, está impedin-do essa maioria de ver nos estádios as partidas da Copa, a qual tem sido financiada em muitos pontos com o dinheiro de nossos impostos.

O aumento de casos de racismo tanto no futebol mundial quanto, para nosso espanto, no brasileiro também merece repúdio e medidas drásticas de punição, como a acertadamente tomada pela National Basketball Association (NBA), liga de basquete norte-americana, que baniu o presi-dente de um time por atos racistas repugnantes, além de aplicar a ele uma multa milionária e ameaçar a equipe de exclusão da liga.

Quem teve muita presença de espírito foi o jogador Daniel Alves, do Barcelona. Ao ser insultado com

o arremesso de uma banana, pegou a fruta, comeu-a e continuou a jogar. Grande resposta ao indivíduo que a atirou ao campo. O ato lamentável desse torcedor desencadeou uma campanha mundial contra o racismo: #somostodosmacacos.

Seria bom que os responsáveis por nosso futebol lançassem a campanha #nãosomosmacacosdeimitação. Isso porque temos nosso estilo de jogar bola e não podemos abrir mão dele. Somos conhecidos por jogar bonito, e não por chutões, carrinhos e chuveirinhos.

Sempre critiquei os altos preços cobrados nas novas arenas, os quais afastam o real torcedor de sua pai-xão. Por isso, vale a pena elogiar a atitude da diretoria do Fluminense de disponibilizar ingressos com valores acessíveis ao torcedor comum, o que tem contribuído para encher as arqui-bancadas nas partidas disputadas pela agremiação.

Finalizo desejando que esta Copa seja destaque pelo bom futebol, pelos jogos emocionantes e pela união de todas as etnias que compõem nossa nação, e não pelo jeitinho brasileiro, pela lei da vantagem em tudo ou pela confirmação da infeliz crença de que ganhar “roubado é mais gostoso”.

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A espontaneidade e a energia de Jair Rodrigues (1939-2014) contagiavam todos

os que cruzavam seu caminho. Ainda menino, esse paulistano de Igarapava, de origem simples, sonhava em ser jogador de futebol, destino que sua “velha mãe”, dona Conceição, como carinhosamente ele a chamava, sabia ser bem outro. Com uma carreira mu-sical de dar inveja — foram 50 anos na estrada —, Jair Rodrigues foi dono de inúmeros sucessos e parcerias que marcaram história.

Em entrevista à Super Rede Boa Vontade de Comunicação (rádio, TV, internet e publicações), uma das últimas concedidas pelo cantor, antes de seu falecimento, em 8 de maio, aos 75 anos, ele falou de sua visita ao

Jair RodRigues

Em uma de suas últimas entrevistas, esbanjando bom humor, o artista falou sobre sua trajetória e do amor pela música.

Samba & HistóriaHomenagem (in memoriam)

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Hilton Abi-Rihan, radialista, jornalista e apresentador do programa Samba & História.*1

Conjunto Educacional Boa Vontade, formado pela Supercreche Jesus e pelo Instituto de Educação José de Paiva Netto, na capital paulista. Na oportunidade, o cantor foi recepciona-do pelo Grupo de Instrumentistas In-fantojuvenil Boa Vontade e pelo Coral Ecumênico Infantojuvenil Boa Vonta-de, compostos de alunos da escola. No Espaço Cultural Idalina Cecília de Paiva, assistiu a uma apresentação de crianças e jovens que participam das aulas de música. Ao término, pa-rabenizou os estudantes pelo talento e improvisou uma animada canção. “Vi o coral assim que cheguei, cantando bonito, e os meninos, cada um com seu instrumento, levando a música com respeito, seriedade. Agradeço a Deus por tudo isso e peço ao povão

*¹ Programa Samba & História — É transmitido pela Super Rede Boa Vontade de Rádio (Super RBV), aos domingos, às 14 e às 20 horas; pela Rede Educação e Futuro de Televisão, aos sábados e às sextas-feiras, às 22 horas; e pela Boa Vontade TV (canal 20 da SKY), aos sábados, às 22 horas, aos domingos, às 14 horas, e às quartas-feiras, às 21 horas.

Hilton Abi-Rihan | Especial para a BOA VONTADE

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que venha ver, ajudar, colaborar. As pessoas não vão perder nada com isso. Estou gostando de tudo o que estou vendo, desse tratamento [dado às crianças], desde os garotinhos até os mais velhos. A cada hora, a cada minuto que passa, minha felicidade aumenta”, disse.

Esbanjando bom humor durante o bate-papo, ele comentou passagens importantes de sua trajetória profis-sional e em família. Ainda deixou a seguinte mensagem ao diretor--presidente da LBV: “Paiva Netto, estou sempre o vendo e fico embas-bacado o ouvindo falar tão bonito, fazendo suas orações. Parabéns! Que Deus o ilumine sempre! Você já é um iluminado, mas que Deus o continue iluminando”.

A seguir, os principais trechos des-sa alegre entrevista. Que esse Irmão, receba da Legião da Boa Vontade e de seu dirigente as melhores vibrações de Paz e Amor, extensivas à sua que-rida família e amigos, em especial, à esposa, Clodine, e aos filhos, também cantores e músicos Luciana Mello e Jair Oliveira. Que esta página regis-tre o carinho a ele com a lembrança de seus feitos!

BOA VONTADE — Foi sua mãe quem o apresentou ao universo musical?

Jair Rodrigues — Foi minha velha mãe. Quando eu tinha 7, 8 anos, ela me levou para ver a missa na Igre-ja de Nova Europa, no Estado de São Paulo. Nova Europa fica ali perto de Araraquara, São Carlos. Quando eu adentrei com minha mãe na igreja, senti uma coisa extraordinária. Olhei para trás e vi um coral cantando os hinos. Eu ficava olhando, e minha

Samba & História

(1) O cantor e compositor Jair Rodrigues é homenageado pelo Grupo de Instrumentistas Infantojuvenil Boa Vontade e pelo Coral Ecumênico Infantojuvenil Boa Vontade.(2) Sempre simpático, conversa com diversos alunos que frequentam o pátio do Conjunto Educacional Boa Vontade.(3) Jair Rodrigues é entrevistado por Leilla Tonin, da Boa Vontade TV.

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mãe falava: “Ei! Presta atenção na missa, diacho!”. Mas eu prestava maior atenção lá no coral. Até que, um dia, ela me colocou para fazer parte dele. Foi assim que comecei a ter aquela interação, a conhecer os hinos, as músicas...

BV — Quando começou a encarar a música como profissão?

Jair Rodrigues — Eu morei em Nova Europa dos 6 aos 14 anos. Aí nos mudamos para São Carlos, uma cidade maior. Certo dia, fui levar minha irmã para cantar na Rádio São Carlos, mas, quando cheguei lá, descobri que, na verdade, ela tinha se inscrito para cantar num programa de calouros. Minha irmã tinha um vozeirão, mas não obede-cia muito ao ritmo; aí ela não passou no teste. Estava tentando ajudá-la, e, de repente, o maestro falou: “Já que sua irmã não passou, você não quer fazer um teste?”. Cantei um samba e passei. (...) Depois, veio o Tiro de Guerra [órgão do Exército brasileiro encarregado de formar reservistas], em 1943. Todas as vezes que cantavam o Hino Nacio-nal, eles me chamavam para cantar junto. Até que um dos amigos do Tiro de Guerra falou: “Jair, tem um restaurante lá no centro de São Carlos que tem música ao vivo, e estão precisando de um cantor. Você não quer fazer um teste?”. Quando cheguei ao restaurante, estava uma barulheira danada. Aí eu comecei a cantar. De repente, aquela con-versação começou a diminuir, e as pessoas passaram a prestar atenção. Quando acabei de cantar, foram

aplausos e tudo. Com isso, assinei meu primeiro contrato e peguei meu segundo faz-me rir*². Foi aí que me profissionalizei. Acho que era 1957.

BV — Disparada é um de seus grandes sucessos.

Jair Rodrigues — Quando me deram para defender a música Disparada, do Geraldo Vandré e do Theo de Barros, eu já tinha um samba chamado Canção para Ma-ria, do Paulinho da Viola e do José Carlos Capinam. (...) Cada artista tinha que apresentar uma música só, mas como o Geraldo Vandré, que iria apresentá-la, não podia ir à apresentação, mandaram procurar um intérprete. O Hilton Acioli me mostrava a música e, de repente, mi-nha mãe — eu não a esqueço, porque ela foi 99,9% responsável por minha carreira — saiu da cozinha e ficou olhando. Quando o Hilton terminou de cantar, ela falou: “Nossa, meu filho! Que música bonita! Se você a defender, vai ganhar”. O Hilton Acioli se empolgou, e eu, mais ainda.

BV — Sua mãe acertou.Jair Rodrigues — No fim do

festival, Canção para Maria ficou em terceiro lugar. Eu já estava indo embora quando a produção

me chamou e falou: “Olha, você classificou também Disparada”. Quando foram ver os votos, os jurados haviam dado vitória para A Banda, mas o público tinha dado vi-tória para Disparada. Eles entraram num acordo, e deu empate. Quando anunciaram a vitória, chamaram minha mãe. Ela subiu no palco e até deu entrevista.

BV — Antes de se profissionalizar como cantor, trabalhou em outra área?

Jair Rodrigues — (...) Minha mãe sempre falava para a gen-te: “Meus filhos, vocês precisam aprender um ofício, porque vamos supor que, um dia, vocês vão traba-lhar na cidade grande”. Então, ela me colocou para aprender a profissão de alfaiate; meu irmão a de mecânico; e minha irmã, que era ainda muito pequenina, ficava em casa, ajudando minha mãe. Nas horas vagas, eu também era engraxate, servente de pedreiro e ajudante no cinema.

BV — Suas músicas têm melodias marcantes e letras que contam histórias da vida real. Essa é sua fórmula para o sucesso?

Jair Rodrigues — Os cantores e músicos de minha geração, como Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Wanderléa, Silvio Brito, Jorge Ben Jor, enfim, cada artista tinha seu sucesso com músicas da melhor qualidade. Hoje, eu fico vendo esta nova geração, e a maioria das can-ções é de primeiríssima qualidade, mas, infelizmente, as letras deixam muito a desejar.

*² Faz-me rir — Gíria brasileira que possui mais de um significado, entre os quais sinônimo de dinheiro, salário e uma expressão de ironia contra afirmações absurdas.

Minha mãe — eu não

a esqueço, porque ela

foi 99,9% responsável

por minha carreira.

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In memoriam

Saudades, Myltainho!

Jornalismo brasileiro despede-se de um de seus ilustres representantes

Izilda França

Da Redação

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Page 43: Revista Boa Vontade, edição 236

V oltou à Pátria Espiritual, no dia 9 de maio, em Florianó-polis/SC, o jornalista Mylton

Severiano da Silva, aos 73 anos. Mais conhecido como Myltainho, ele nasceu em Marília, cidade do interior do Estado de São Paulo, em 10 de setembro de 1940. Sua vocação para comunicar era perceptível desde mui-to cedo. Aos 9 anos de idade, publicou no jornal Terra Livre o primeiro texto, no qual abordava as condições em que vivia um casal de camponeses na Fa-zenda Bonfim. Aos 12 anos, escreveu um poema sobre o Dia das Mães para o Correio de Marília.

Ao mudar-se para a capital paulis-ta, buscando melhores condições de vida, ingressou na faculdade de Direito e começou a trabalhar na Fo-lha de S.Paulo. Na década de 1960, deixou o curso e passou a dedicar-se exclusivamente à área da comunica-ção. Integrou a equipe de redação dos principais jornais e revistas do país, entre os quais O Estado de S. Paulo, Jornal da Tarde, Quatro Rodas, Rea-lidade e Caros Amigos.

Myltainho era amigo de longa data da Legião da Boa Vontade e do diretor-presidente da Instituição, José de Paiva Netto, também jornalista, radialista e escritor. Em 2000, ele en-trevistou o dirigente da LBV e visitou o Centro Educacional que a Entidade mantém em Del Castilho, no Rio de Janeiro/RJ. O bate-papo foi destaque da edição no 17 da revista Jornal dos Jornais, em agosto daquele ano, com esta chamada de capa: “Paiva Netto, Presidente da LBV, o maior comuni-cador do Brasil”.

A publicação, na época uma das mais importantes ligadas ao jornalismo e à publicidade no país,

apresentou ampla matéria (com 15 páginas), de autoria de Myltai-nho, sobre o dirigente da Legião da Boa Vontade. Para tanto, ele passou horas com o entrevistado e conhe-ceu de perto um pouco da atuação socioedu cacional da LBV. A ocasião foi tão marcante para o jornalista, que este chegou a declarar o seguinte à revista BOA VONTADE, em 2007: “Nessa entrevista com o Paiva Netto, fui, mais uma vez, um repórter bissex-to, pois não era a minha praia, mas o que eu senti naquele dia na LBV foi muita emoção. Criança me emociona muito, e eu vi aquelas crianças se alimentando e sendo bem-tratadas. Aquilo me embargou a voz em alguns momentos. Foi uma das entrevistas de campo que fiz que mais me emocio-naram, sem dúvida. Não teve outro

O jornalista Myltainho (E) visita, acompanhado do diretor-presidente da Legião da Boa Vontade e seu colega de profissão (C), o Centro Educacional José de Paiva Netto, da LBV — localizado em Del Castilho, no Rio de Janeiro/RJ —, em 2000. O jornalista Luiz Carlos Lourenço presenciou o festivo encontro. Na ocasião, conversaram com as crianças. Ao recordar-se, em 2007, carinhosamente do fato, Myltainho enviou esta fraterna mensagem ao dirigente da Instituição: “Um grande abraço ao Paiva Netto e a todos os colaboradores da LBV. Eu os trago no coração”.

trabalho que me emocionasse tanto”. Ainda comentou: “Pelo que vi na LBV lá no Rio de Janeiro, já me dá a consciência do trabalho bonito que Paiva Netto e todos os seus colabo-radores fazem. Só posso esperar mais e mais desse coração imenso da LBV. Espero que sempre continue assim. As crianças precisam”.

A Legião da Boa Vontade e o diretor-presidente da Instituição en-viam as melhores vibrações de Paz e de carinho ao Espírito Eterno de Myltainho, extensivas aos familiares, amigos e admiradores do saudoso jornalista.

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Fac-símile da edição de agosto de 2000 da revista Jornal dos Jornais, uma das publicações mais importantes voltadas ao jornalismo e à publicidade. Na capa, o diretor-presidente da LBV, que concedeu entrevista ao saudoso jornalista Myltainho.

BOA VONTADE 43

Page 44: Revista Boa Vontade, edição 236

e qualidade de vidaLBV ajuda mulheres a incrementar a renda,

conquistando autonomia financeira.

Leilla Tonin

Leila Marco

Empreendedorismo social

SolidariedadeAssunção, Paraguai

Contra a pobreza

Page 45: Revista Boa Vontade, edição 236

A meta acordada para a elimi-nação da fome e da miséria (ODM 1) foi alcançada

cinco anos antes do prazo estabe-lecido, conforme atesta o Relatório dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio 2013, lançado pelo secretário-geral das Nações Uni-das, Ban Ki-moon, em 1o de julho.

Embora venha caindo o número de pessoas que vivem com menos de 1,25 dólar por dia no planeta, muitos países ainda apresentam parcela expressiva da população em tal condição. No Paraguai, por exemplo, 32,4% dos quase 7 milhões de habitantes vivem na pobreza. Além disso, 1,16 milhão de paraguaios encontram-se em extrema pobreza, ou seja, 18% da população, de acordo com a Pesquisa de Lares 2011 do Depar-tamento de Estatísticas, Pesquisas e Censos (DGEEC). Essas pessoas encontram dificuldades para contar com serviços essenciais de saúde, educação, saneamento básico e moradia.

Para ajudar a reduzir esses ín-dices, a Legião da Boa Vontade do Paraguai atua há 29 anos. Por meio de programas socioeducativos, a LBV assiste diariamente pessoas em situação de risco social em sua unidade de atendimento na capital, Assunção, e em diversas regiões onde vivem famílias de baixa renda. No Jardim Infantil e Pré-escolar José de Paiva Netto, é oferecida educação integral para crianças de 2 a 6 anos.

Essas ações têm transformado para melhor a realidade de muitos paraguaios. Na Colônia Thompson, um assentamento situado em Ypané, a história de Cynthia Fernández, de 23 anos de idade, mãe de Edison, de 3 anos, ilustra bem a importância do apoio da Instituição.

Mãe e filho moram em uma pe-quena casa de madeira, levantada por ela com bastante esforço. “Tudo é muito difícil quando você está só, mas eu vou tratar de superar muita coisa pelo meu filho”, afirmou. Foi por indicação da amiga Noêmia

“A LBV é que me salva sempre. Deixo meu menino lá estudando e, assim, posso ir tranquila trabalhar para pagar as contas.”

Cynthia Fernández 23 anos de idade, mãe de Edison, de 3 anos. Atendidos pela LBV do

Paraguai.

Ban Ki-moon, secretário-geral das Nações Unidas.

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que Cynthia conheceu a Legião da Boa Vontade que, em 2014, come-mora 30 anos no Paraguai.

Para a mãe e o filho, o mo-mento era de grande desafio. O menino tem a doença celíaca, que se manifesta pela intolerância ao glúten, uma substância encontrada no trigo,

Paraguai

BOA VONTADE 45

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no Paraguai

da população na pobreza

vivem em extrema pobreza

32,4% 18%

Pobreza

Fonte: Departamento de Estatísticas, Pesquisas e Censos (DGEEC), do Paraguai.

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na aveia, na cevada e no centeio. Se não descoberto logo, o problema pode afetar o intestino delgado, causando prejuízos na absorção de nutrientes, vitaminas, sais minerais e água.

Com a ajuda dos profissionais da Instituição, a doença foi diag-nosticada, e o quadro de desnutri-ção do menino Edison, superado. “No ano passado, a LBV me aju-

dou muito com todos os remédios do meu filho, porque custam caro e eu não tinha dinheiro. Quem me estendeu a mão foi a LBV”, disse Cynthia, agradecida.

A cada manhã, a jovem mãe anda cerca de três quilômetros até o ponto de ônibus para levar o pequeno Edison até a escola da Instituição, onde ele passa o dia. Há quase um ano matriculado no

Jardim Infantil e Pré-escolar da Legião da Boa Vontade, ele é um garoto saudável. Até ganhou cinco quilos e passou a conviver melhor com todos à sua volta. “Edison aprendeu muito e mudou bastante. Lembro que ele, quando chegava ao portão da antiga creche, começava a chorar... Na LBV não é assim; às vezes se esquece até de se despedir de mim”, completou, sorrindo.

Empreendedorismo social

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Superando os efeitos dacrise econômica

Atenta aos desafios do bloco europeu, a LBV de Portugal intensifica ações de apoio a famílias em risco social

A situação de muitos países desenvolvidos e/ou com economia consolidada, a

exemplo dos que integram a zona do euro, é de recuperação, depois de um período mais crítico da crise financeira. A economia portuguesa é uma das que mais sofreram tais efeitos na Europa. A receita de aus-teridade fiscal com cortes profundos no orçamento prevê um 2014 igual-mente difícil.

Em Portugal, a reforma na se-guridade social estabeleceu, por exemplo, prazos e condições mais

rígidas para vigência e concessão de benefícios como seguro-desem-prego e auxílio a pessoas que vivem abaixo da linha de pobreza. Os efeitos das medidas econômicas na sociedade afetam a vida de famílias inteiras, muitas delas conduzidas por mulheres.

Atenta a essas questões, a Le-gião da Boa Vontade de Portugal in-tensificou as ações do programa Um passo em frente, que apoia famílias em situação de vulnerabilidade so-cial. Com isso, a Instituição trabalha em várias frentes a fim de garantir

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direitos do cidadão, evitar situações de fome e de carências primárias e promover a reinserção social.

As equipes de profissionais e colaboradores das unidades da LBV em Lisboa, Coimbra e Porto ob-servaram o aumento do número de pedidos de atendimento. No Centro Social do Porto, por exemplo, é feita uma avaliação preliminar de cada família que solicita ajuda. (Veja o quadro “Quem procura ajuda na LBV de Portugal?” na p. 50.) Em seguida, o grupo é encaminhado aos diversos serviços oferecidos pela

BOA VONTADE 47

Page 48: Revista Boa Vontade, edição 236

• De acordo com relatório do Unicef Portugal dirigido

à ONU, com o apoio de organizações da sociedade

civil do país, pelo menos 500 mil crianças e jovens perderam

o direito ao abono de família entre 2009 e 2012.

• O estudo também mostrou que o risco de

pobreza entre crianças se agravou no período — 28,6%

em 2011 —, indicando tendência de aumento desse

número até os dias atuais.

Atuação em redeA ação conjunta da LBV de Portugal reúne mais de 100 Entidades oficiais e/ou particulares.

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Representantes da LBV em reunião da Galp Energia (Apoio — Unidade Móvel)

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Pobreza na infância

LBV ou por organizações parceiras. A ação conjunta reúne mais de 100 Entidades oficiais e particulares.

Além da entrega mensal de alimentos a quem procura a Insti-tuição, os profissionais voluntários promovem regularmente oficinas e palestras a respeito de saúde e higie-ne, nutrição e gestão do orçamento familiar. Recentemente, a voluntária Katrina Halahan, da Faculdade de Ciências e Nutrição da Universida-de do Porto, esteve no Centro Social da LBV para falar sobre educação alimentar.

Na ocasião, a especialista ex-plicou: “Quando as famílias têm menos possibilidades econômicas, pensam que uma alimentação sau-dável é uma alimentação cara. Isso não é de todo verdade”. De acordo com Katrina, depois de repassadas

Empreendedorismo social

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Page 49: Revista Boa Vontade, edição 236

Programa Um passo em frenteDesenvolvido na cidade do Porto, em Lisboa e em Coimbra,

o programa Um passo em frente, da LBV de Portugal, distribui anualmente mais de 200 toneladas de gêneros alimentícios, em forma de cestas e refeições. Milhares de famílias são beneficiadas com as ações, ou seja, aproximadamente 13.500 pessoas. Além do trabalho socioassistencial, que inclui, ainda, a entrega de produtos de higiene, calçados, roupas e brinquedos, a iniciativa oferece orientação sobre saúde e orçamento familiar, entre outros temas.

Lisboa, Portugal

Braga, Portugal

Coimbra, Portugal

Porto, Portugal Porto, Portugal

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as orientações, a melhoria é notada rapidamente. “As famílias conse-guem notar diferenças, em longo prazo, nos custos que têm com a alimentação. É de enorme impor-tância esse tipo de formação e de educação alimentar.”

Como parte de suas ativida-des socioeducativas, a Instituição promoveu, no segundo semestre de 2013, palestra com a psicóloga Joana Vieira. A iniciativa foi feita em parceria com o Banco Montepio e a Associação Nacional de Jovens para a Acção Familiar (ANJAF). “Abordamos a questão do endivi-damento, os créditos fáceis que as pessoas fizeram ao longo dos anos e hoje são situações complicadas de gerir. O consumismo é um tema que também gostam de debater”, comentou a orientadora.

BOA VONTADE 49

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REFLExO DA CRISE

“Estamos todos desempregados. Somos

quatro adultos e três crianças. Estou com o rendimento mínimo de

inserção social, mas não dá para as despesas. Se não fossem as ajudas de fora, como a da Legião

da Boa Vontade (...), não teríamos o que comer.”

Inocência Manuela Oliveira Gonçalves

senhora, de 50 anos, que acolheu a nora e o neto em sua casa.

Quem procura ajuda na LBV de Portugal?

A partir de pesquisa feita com atendidos em uma das unidades da LBV da Europa, foi possível traçar um quadro de como a crise econô-mica vem afetando a vida de muitos portugueses. Eis alguns dados:

• 89% dos que procuram ajuda dependem de diferentes fontes de subsistência, além do apoio da comunidade e de instituições da sociedade civil;

• Apenas 11% dos que vão ao local são remunerados. Dessas famílias, 30% tiveram a condição de vida agravada pelos gastos que passaram a recair sobre um dos progenitores;

• Constatou-se relação entre a falta de recursos e o aparecimento de problemas de saúde (depressão, hipertensão arterial, diabetes tipo 2 e outras doenças degenerativas);

• Verificou-se que a situação potencializa o uso e a dependência de substâncias psicoativas como o álcool e outras drogas.

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ão Em um cenário econômico de altas taxas de desemprego, a casa paterna tornou-se uma alternativa imediata. A aposentada Aurora de Jesus, de 78 anos, atendida pelo programa Um passo em frente, conhece bem essa situação. Ela re-cebia do filho, solteiro, de 46 anos, a ajuda necessária para o sustento. Mas hoje ele está desempregado. “Agora, vivo só com o pouco que tenho para mim e para ele”, desabafou a idosa, que tem gastos com medicamentos, por conta do diabetes e de uma arritmia cardíaca. Por isso, o apoio da LBV tem sido fundamental para a subsistência de ambos. “Que o Senhor Deus ajude esta Instituição, ao senhor Paiva Netto! Eu gosto muito de ir à LBV”, agradeceu dona Aurora.

Empreendedorismo social

LBV DE PORTUGAL É DESTAQUE NA MíDIA DO PAíSO Jornal de Notícias, o maior em circulação do norte português, publicou, em 27 de abril, reportagem de duas páginas sobre o trabalho realizado em

favor de boa parte da população daquele país que vive à sombra de uma forte crise financeira. O JN deu especial destaque para a ação da Legião da

Boa Vontade, com o programa Ronda da Caridade.

50 BOA VONTADE

Page 51: Revista Boa Vontade, edição 236

Com o aumento da expectativa de vida do povo brasileiro, que hoje chega aos 74 anos,

é natural que o fosso intergeracional se alargue. Os interesses também se modificam, e de forma rápida, graças às inovações científicas e tecnológicas do nosso tempo. Por isso, o que em-polga os jovens não é necessariamente o que encanta os mais velhos.

Vivemos todo tipo de preconceito: de cor, status social, sexo, religião e até um discreto deboche contra os baixinhos. Agora, parece que se arma no horizonte uma animosidade contra os mais velhos, que costumamos chamar carinhosamente de “coroas”. Isso se revela exatamente onde o mundo demonstra enormes avanços científico-tecnológicos, no campo da tecnologia da informação (TI), nos países desenvolvidos.

Fomos surpreendidos com a in-

“Coroas” modernos,jovens inquietos

Arnaldo Niskier, doutor em Educação, é membro da Academia Brasileira de Letras, vice- -presidente do CIEE Nacional (Centro de

Integração Empresa–Escola) e ex-integrante do Conselho Nacional de Educação.

Arnaldo Niskier | Especial para a BOA VONTADE

Opinião — EducaçãoArnaldo Niskier

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ão formação de que jovens de 13 a 17 anos mostram os primeiros sinais de cansaço em relação ao uso do Facebook, notável criação de Mark Zuckerberg, hoje com mais de 1,2 bilhão de usuários ativos mensais. A explicação é muito simples: “Os coroas estão dominando a tecnologia. Se eles querem, devemos sair para outra”.

É claro que já existe alternativa. Trata-se do Snapchat, utilizado para o envio de vídeos e imagens em ge-ral que desaparecem segundos após ser vistos. Na verdade, os jovens são atraídos por um grande número de aplicativos, como o WhatsApp, o Instagram (em grande progresso), o Vine (mensagens de seis segundos, comprado pelo Twitter), o Ask.fm (perguntas e respostas) e o Tumblr, um sistema de blog para enviar textos, imagens e vídeos que podem ser re-publicados por outros usuários. Como se vê, a variedade é inestancável, para a fértil e lucrativa criatividade dos grandes cientistas. É natural, pois, que os aplicativos sejam substituídos por outros mais modernos — e com isso a garotada se diverte, ampliando o uso das maquininhas.

Os idosos são mais conservadores. Gostam de fazer as refeições familia-res sem o emprego concomitante dos incríveis tablets e celulares. Os jovens, mesmo contrariando a orientação dos

pais, dividem suas atenções durante almoço e jantar, apertando as teclas entre uma garfada e outra. As broncas são comuns, pois o fenômeno altera a rotina da família. Os diálogos, que já andavam escassos, agora com essas novidades se tornam quase nulos.

O tema chegou às escolas. Em muitas delas, a direção proíbe o uso dos celulares em sala de aula, a fim de não desviar a atenção das expli-cações dadas (e insubstituíveis) pelo professor. Os conhecimentos que podem ser hauridos do Google, por exemplo, para enriquecer o conteúdo das aulas, devem ser colhidos em casa, nas horas destinadas aos es-tudos. Escolas famosas como a de Harvard passam deveres que podem demandar consultas na web. Mas, em sala, os mestres utilizam o tempo nas explicações concernentes. Assim se cria harmonia na relação ensi- no/apren dizagem. As aulas lineares e sequenciais ganham contornos mais modernos e proveitosos.

Voltando ao Facebook, um indis-cutível sucesso, inclusive de fatura-mento com os pródigos anúncios, não há que se estranhar que os jovens comecem a se cansar do seu uso in-discriminado, buscando alternativas. Essa inquietação é própria da idade, e certamente o ciclo de vida das redes sociais tem limitações. É natural que se busquem inovações.

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A degradação deste recurso natural pode levar o ser humano a enfrentar um cenário de escassez nunca antes vivenciado.

Meio ambiente

Leila Marco

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Page 53: Revista Boa Vontade, edição 236

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A quantidade de água no mun-do é praticamente invariável a centenas de milhões de

anos. A grande questão é a sua distribuição e qualidade. Quando se fala em escassez desse líquido tão precioso, na verdade, faz-se imprescindível pensar a forma de gerenciamento da água. O cresci-mento demográfico no planeta, prin-cipalmente no século 20 (veja qua-dro ao lado), gerou em proporções gigantescas o aumento do consumo, de desperdício e da poluição das águas superficiais e subterrâneas por esgotos e resíduos tóxicos oriundos da indústria e agricultura.

Nos últimos 50 anos, a irregulari-dade na distribuição e a degradação da água atingiram níveis muito preo-cupantes. Grandes centros urbanos já enfrentam conflitos e disputas pelo uso da água em algumas partes do globo terrestre. Não precisamos nem ir tão longe, basta acompanhar a mais recente disputa envolvendo o Estado de São Paulo e do Rio de Janeiro sobre a viabilidade da transposição de água da Bacia do Rio Paraíba do Sul para o Sistema Cantareira. O projeto do governo paulista, que prevê bombear água em períodos de seca, já provocou acaloradas discussões em razão de que autoridades fluminenses ficaram temerosas de que esta iniciativa resulte no comprometimento do abastecimento no seu Estado. Pre-visto apenas para o fim de 2015, o projeto está sendo debatido pela Agência Nacional de Águas (ANA) e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), responsáveis pelas operações no Rio Paraíba do Sul, e promete ainda muitos rounds.

Uma popUlação qUe não para de crescer

O número de pessoas na Terra vem crescendo a passos largos nos últimos dois mil anos. Desde o início da Era Cristã, a

população mundial cresceu mais de 40 vezes.

150 milhões

1 bilhão

1,6 bilhão

6,1 bilhão

7 bilhões

9 bilhões (estimativa)

Ano 1*

1804

1900

2011

2000

2050

primeiro bilhão de habitantes

as 5 maiores cidades do mUndo

sécUlo 20, o grande salto

FormigUeiros hUmanos

1. Xangai (China)2. Mumbai (Índia)3. Karachi (Paquistão)4. Nova Delhi (Índia)5. Istambul (Turquia)

13.831.90013.830.884

12.565.901 12.991.000

12.517.664

*Ano 1 da Era Cristã

Meio ambiente

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Recursos disponíveis podem entrar em colapso

De acordo com as Nações Uni-das, atualmente a população mun-dial é de 7 bilhões, sendo que 768 milhões de pessoas já não têm aces-so a água potável e a maior parte de-las vive nas grandes cidades. Nesse passo, em 2050 a demanda por esse recurso deve postular um aumento de 44% sobre o volume do conteúdo das reservas atualmente existentes.

Essas informações, divulgadas pela Conferência da ONU-Água (um mecanismo interagencial para coordenar as ações do Sistema da Organização das Nações Unidas), realizada em janeiro deste ano em Zaragoza, Espanha, demonstram o grau das dificuldades a serem enfren-tadas. Segundo especialistas da Or-ganização, “a demanda por energia pode experimentar um aumento de 50% até o mesmo ano. Isso por que a necessidade de água para gerar

Para evitar o desabastecimento na Grande São Paulo, no dia 15 de maio, a Sabesp começou a captar o volume morto do Sistema Cantareira. Com isso, passou a contar com 18,5 pontos percentuais dessa reserva, além dos 8,2% já existentes no reservatório. Assim, a capacidade total foi para 26,7%.

Fonte: Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação – FAO

Indústria

22%

Agricultura

70%

consUmo de ágUa

Doméstico

8%

energia primária está crescendo de acordo com o crescimento econômi-co, as mudanças demográficas e as mudanças de estilos de vida”.

Para o hidrogeólogo Paulo Lopes Varella Neto, diretor de ges-tão da Agência Nacional de Águas, isso se explica pelo crescimento populacional que levará a Terra

a hospedar em torno de 9 bilhões de habitantes em 2050 e o fato de que, apesar de possuir 70% de sua superfície coberta de água, apenas 2,5% desse total são de água doce, e, somente 1% desse líquido está disponível em rios, lagos e no sub-terrâneo ao nosso alcance.

Ele destaca a importância de um

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BOA VONTADE 55

Page 56: Revista Boa Vontade, edição 236

Meio ambiente

Promoção da vidaO Templo da Boa Vontade (TBV), a Pirâmide das Almas Benditas e

dos Espíritos Luminosos, desde a sua fundação, em 21 de outubro de 1989, sempre celebrou o respeito à água. A Fonte Sagrada do monu-mento é um lugar muito prestigiado por causa desse líquido precioso. A água percorre diversos filtros, atravessa a Nave do TBV, passando sob o Cristal Sagrado, até jorrar na fonte. No local, o fundador do TBV, José

de Paiva Netto, fez fixar a seguinte mensagem: “Água é Vida, sem ela torna-se impossível qualquer tipo de existência.

Poluí-la é crime de lesa-humanidade”.Sendo um frequentador do Templo da Paz, o diretor

de gestão da Agência Nacional de Águas, Paulo Lopes Varella Neto, fez questão de registrar em sua entre-vista: “O conjunto dele é muito agradável, acolhedor.

Vou lá muitas vezes, faço a espiral, escuto um pouco das músicas elevadas e aprecio os ambientes. Sou espí-

rita e imagino que todos temos o direito e a oportunidade de praticar outras crenças. Acredito mesmo é na Espiritualidade Maior. O que vale mesmo é o Amor pelas criaturas”.

perdas no saneamento altíssimas, que podem superar a 50%. Os próprios sistemas têm de ser melhorados. Se perde muita água na irrigação, ela usa cerca de 70% de água”, diz.

Reduzir essas perdas já signifi-caria um grande avanço. Só em São Paulo, em 2012, quase um trilhão de litros de água foram desperdi-çados na rede de distribuição do Estado, segundo informações da Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp), que fiscaliza o trabalho da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). O volume, perdido com falhas técnicas e desvios ilegais, representa 32,1% de todo o abastecimento. Em 2013, a perda foi de 31,2%, mas os dados do volume não foram divulgados. Apesar de alto, o índice fica abaixo da média nacional de 38,8%. Dois Estados da Região Norte e um da Região Nordeste amargam os pio-res resultados do país: o Amapá, com 73,3% (em 2011), o Acre, com 64,7% e Pernambuco, com 65,7%.

Além das questões técnicas, o hidrogeólogo chama também a aten-ção para o papel de cada cidadão: “É preciso economizar água, dentro dos padrões aceitáveis. O esforço que a ANA faz, assim como o governo e os comitês de bacias [hidrográficas] tem como ‘motor’ a posição indivi-dual de cada um de nós. Somos os maiores gestores de água do planeta. Se cada um tomar consciência disso, tudo pode mudar. Devemos passar de observadores para atores nesse pro-cesso. E é na forma como colocamos o lixo, como tomamos banho, lavamos o carro, e assim por diante, que pode-remos realmente contribuir”.

gerenciamento correto dos recursos hídricos de forma a garantir o seu uso múltiplo: “Água e natureza, água nos rios, água segurando as florestas, os ecossistemas, por um lado, e promotora de desenvolvi-mento. Temos que garantir água para abastecimento humano, para a produção de alimentos, para a geração de energia, para a nave-gação, e assim por diante. Esse é

o grande desafio que nós temos na mão”.

Evitar o desperdício: um dever de gestores e da população.

O diretor de gestão da ANA refor-ça a necessidade de mudar os padrões de consumo com urgência. “Nossas ações já estão afetando hoje. Temos problemas muito sérios acontecendo;

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É aproximadamente o volume total de água na Terra

desse valor (cerca de 35 milhões de km³) é de água doce

desses 35 milhões km³, estão em calotas polares e geleiras encontradas no Ártico, na Antártica e em topos de montanhas.

1,4 bilhão de km³

2,5%

em torno de 70%

consUmo em algUns países:

Salgada Doce

VolUme de ágUa no

mUndo97,5% 2,5%

Possui o Brasil de todas as reservas de

água doce do mundo.

da água superficial do país está na Região Amazônica; enquanto o Sudeste, com

a maior concentração populacional do Brasil,

conta apenas com 6% do nosso potencial hídrico.

12%

78%

Projeções das Nações Unidas, para 2025:

1,8 bilhão de pessoas terão carência

absoluta de água.Estados Unidos 300 litros/dia

por pessoa

Europa200 litros/dia

por pessoa

Brasil150 litros/dia

por pessoa

África Subsaariana10 a 20 litros/dia

por pessoa

Fonte: Instituto Carbono Brasil e site das Nações Unidas.

BOA VONTADE 57

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Apesar de o Brasil possuir 12% do total de água doce do mundo, o país já mostra sinais de carência, em virtude da distância entre mananciais e centros consumidores.

O doutor Benedito Braga, presi-dente do Conselho Mundial da Água (WWC, na sigla em inglês), respon-sável pela organização do Fórum Mundial da Água*, explica que “existem áreas onde se tem abun-

Distância entre mananciais e centros consumidores é o grande desafio

dância de água, mas pouca gente demandando esse líquido”, a exem-plo da Amazônia, com 78% da água superficial brasileira e uma das mais baixas densidades demográficas do país. Enquanto isso, na região do Semiárido (que possui rios pobres e temporários) vivem 22 milhões de pessoas, e de acordo com o Mi-nistério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), é “a

região semiárida mais populosa do mundo”. O Sudeste, por sua vez, com a maior concentração populacional do Brasil, conta apenas com 6% do nosso potencial hídrico: “Então, a questão da disponibilidade da água tem que ser vista do ponto de vista regional”, reforça Benedito.

O presidente da WWC lembra que é preciso ainda se pensar no aspecto do saneamento, porque ele está ligado

Riqueza relativa

Tomar banhos rápidos e fechar a

torneira na hora de se ensaboar;

Molhar a escova e manter a torneira fechada durante a

escovação dos dentes. O mesmo vale para

fazer a barba;

Usar a vassoura

para limpar a calçada;

Lavar o carro com balde e não com

mangueira;

ajUde a economizar

Ao lado, algumas dicas da Sabesp para evitar o

desperdício de água:

Meio ambiente

*O Fórum Mundial da Água é realizado a cada três anos com o objetivo principal de inserir a temática dos recursos hídricos com destaque na agenda global. Participam dele diferentes públicos: organizações internacionais, políticos, representantes da sociedade civil, cientistas, usuários de água e profissionais do setor de recursos hídricos.

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diretamente à questão de saúde. “Após a sua utilização, a água tem que ser tratada para ser devolvida ao meio natural. Então, não é só uma questão de acesso à água potável, mas tam-bém de saneamento básico”.

Água de rios brasileiros tem baixa qualidade

A poluição já compromete tam-bém os recursos hídricos de várias regiões brasileiras. Estudo divulgado pela organização SOS Mata Atlântica, em 19 de março deste ano, constatou que parte da nossa água já perdeu a característica de recurso natural renovável, em razão da urbanização, industrialização e produção agrícola. O levantamento mediu a qualidade da água em 96 rios, córregos e lagos de sete Estados do Sul e do Sudeste. Nas amostras, verificou-se que 40% dos cursos d’água estão ruins ou péssimos.

Malu Ribeiro, coordenadora da Rede das Águas da SOS Mata Atlân-tica, diz em entrevista divulgada pelo site da organização, que apenas 11% dos rios e mananciais apresentaram boa qualidade. “A maioria dos pon-tos estavam em unidades de conser-vação, como parques ou reservas, ou em locais em que a mata ciliar foi recuperada. Em 6 pontos moni-torados, nos Córregos São José e da Concórdia e no Rio Ingazinho, na

Falta de água potável, saneamento e condições de higiene matam uma

criança a cada 15 segundos.No Relatório sobre o Desenvolvimento dos Recursos Hídricos,

publicado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em 2013, a agência da Organização das Nações Unidas (ONU) informa que a cada 15 segundos uma criança morre de doenças relacionadas à falta de água potável, saneamento e condições de higiene no mundo. De acordo ainda com o documento, todos os anos, 3,5 milhões de pessoas morrem no planeta por problemas relacionados ao fornecimento inadequado da água, à falta de saneamento e à ausência de políticas de higiene.

Bacia do Rio Piraí (SP), notamos na prática a importância de recuperar a floresta — após um reflorestamen-to a qualidade da água passou de regular a boa. Isso comprova que para garantir água em qualidade e quantidade é preciso recompor matas ciliares e manter as florestas.”

A responsável pelo estudo alertou que o pior desempenho fica em pon-tos próximos a grandes adensamen-tos urbanos, e isso fica evidente “em recorte que reúne as 34 coletas feitas pela equipe da SOS Mata Atlântica nas 32 Subprefeituras da cidade de São Paulo”.

Ao lavar a louça, retirar primeiro os restos de alimentos

e só depois abrir a torneira para molhá-los. Ensaboar tudo

o que precisa ser lavado e, então, enxaguar;

Acumular roupas para

lavar na máquina de uma só vez;

E tomar cuidado com vazamentos. Avisar sempre à Sabesp sobre ocorrências dessa natureza. A empresa também

oferece um curso gratuito que ensina práticas simples para identificar possíveis problemas em instalações hidráulicas.

(Mais informações no site www.sabesp.com.br).

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ira Daniel Borges Nava é geólogo e mestre em Ciências Ambientais e Sustentabilidade na Amazônia, pela Universidade Federal do Amazonas

(Ufam). É professor da disciplina Ética da Faculdade La Salle Manaus, secretário de Estado de Mineração, Geodiversidade e Recursos Hídricos do Amazonas e voluntário nas atividades da Legião da Boa Vontade.

Daniel Borges Nava | Especial para a BOA VONTADE

e Espiritualidade:Educação

dimensões da sustentabilidade

Opinião — Meio Ambiente

*¹ BENCHIMOL, Samuel. Zênite ecológico e Nadir econômico-social — Análises e pro-postas para o desenvolvimento sustentável da Amazônia, 2a edição, Manaus: Editora Valer, 2010, p. 7.

Lembrei-me neste ano de 2014 do meu primeiro artigo na BOA VONTADE. Citei na-

quele texto Samuel Benchimol (1923-2002) e sua tese sobre desenvolvimento sustentável na Amazônia, cuja abordagem an-corava três dimensões: a social, a econômica e a ecológica*¹.

Recentemente tive acesso por intermédio do professor doutorando

Sérgio Gonçalves, da Universida-de Federal do Amazonas (Ufam), a um artigo sobre o mesmo tema, publicado em 2012 na revista Estudos Avançados, da USP, pelo professor doutor Elimar Pinheiro do Nascimento, da Universidade de Brasília (UnB). O eminente professor e sociólogo, que compõe também a equipe dos cursos de Mestrado e Doutorado do Centro

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de Ciências do Ambiente da Ufam, neste material, defende a inclusão de duas outras dimensões à susten-tabilidade: a política e a cultural*².

Proponho em minha tese de doutorado, ainda inédita, mas que a partir deste artigo submeto à apreciação da Academia Jesus,

o Cristo Ecumênico, o Divino Estadista*³ (importante fórum de ideias e estudos em torno da Es-piritualidade Superior e do legado do Sublime Pedagogo), fundada em 2007 por José de Paiva Netto, diretor-presidente da Legião da Boa Vontade, a inclusão de duas novas dimensões ao conceito de sustentabilidade: a educacional e a espiritualidade.

Desde 1989, com a inaugura-ção do Templo da Boa Vontade (TBV), em Brasília/DF, tenho acompanhado atentamente a tese defendida pelo dirigente da LBV sobre Espiritualidade e/ou Cida-dania do Espírito. A exemplo do lema apresentado por ele no livro Ao Coração de Deus — Coletâ-

nea Ecumênica de Orações (1991), no qual afirma: “Cuida do Espírito, reforma o ser humano. E tudo se transformará”. Ou o que escreveu em É Urgente Reeducar! (2010), no subtítulo “Inteligência Espi-ritual”, ao defender, em entrevista conce-dida em 1981, a ne-cessidade de unir ao raciocínio intelec-

tual a sabedoria que se origina no coração da criatura humana. O en-trevistado propunha pela primeira vez a existência da inteligência do sentimento, da emoção e, mais que isso, “a Inteligência Espiri tual*4, provinda do Mundo ainda invisível aos nossos olhos materiais, por questões de frequência”. Ainda em É Urgente Reeducar! o autor conclui: “Ninguém morre. Con-tinuamos vivos pela Eternidade”.

Nestes últimos 25 anos, houve um forte apelo pela Sustentabili-dade da Família Humanidade. O Brasil e a África do Sul têm e ti-veram papéis preponderantes nesta história. A Conferência de Cúpula das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio-92, incluiu definitivamente o debate sobre sustentabilidade no cenário mundial.

Ainda na Rio-92, a Legião da Boa Vontade demonstrou o seu ca-rinho aos mais carentes e lançou a

*2 NASCIMENTO, Elimar Pinheiro do. Tra-jetória da sustentabilidade: do ambiental ao social, do social ao econômico. Estudos Avançados (USP Impresso). Vol. 26, pp. 51-64, 2012.*3 Academia Jesus, o Cristo Ecumênico, o Divino Estadista — É composta pelo Ins-tituto de Estudo, Pesquisa e Vivência do Novo Mandamento de Jesus e pelo Instituto de Estudo e Pesquisa da Ciência da Alma.*4 O grifo é meu.

Participaram da Rio-92 representantes de 180 países e várias associações da sociedade civil, entre as quais a Legião da Boa Vontade. O espaço destinado à LBV no Fórum Global atraiu a atenção do público e ficou conhecido como o “Estande do Cristo”, justamente pela ênfase que a Obra dá à mensagem fraterna e ecumênica de Jesus, por acreditar que valores como Solidariedade, Respeito e Amor são preponderantes para consolidar um mundo melhor.

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da água doce do planeta, e cerca de 70% deste manancial está na bacia Amazônica, onde vivem mais de cerca de 38 milhões de pessoas, considerando o território Pan-Amazônico (engloba as oito regiões amazônicas nacionais)*5.

Recordo sobre este tema, o artigo do jornalista Paiva Netto com o título “Água e escassez”, publicado em 5 de abril de 2011 no Jornal de Brasília, no qual o autor destaca: “Além dos investi-mentos governamentais, é preciso que haja, por parte dos povos, uma conscientização maior sobre o uso dos recursos hídricos. Água é Vida, sem ela torna-se impossível qualquer tipo de existência. Poluí--la é crime de lesa-humanidade. Em Somos todos Profetas (1999), comentei que, com negligên-cia, continuamos profanando-a, como se quiséssemos decretar, nós mesmos, a nossa morte cole-tiva. Que acabará sobrevindo? O precioso líquido em forma potável transformar-se-á, por sua rareza causada pela insanidade humana, em mais um grave fator de guerra. Impeçamos que esse drama atinja o mundo todo. Administrar é real-mente chegar antes”.

Em 17 de junho de 2012, durante a minha participação como secretário de Estado de Mineração, Geodiversidade e Recursos Hídricos do Governo do Amazonas no painel temático “Cooperação Construtiva” — co-ordenado pela LBV com o apoio do Centro de Informação das Na-ções Unidas para o Brasil (UNIC Rio) e o suporte do Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais

iniciado no Brasil. Com o exem-plo silencioso e sem violência de Nelson Mandela (1918-2013) aprendemos a vencer preconceitos e a quebrar paradigmas econômi-cos, sociais, ambientais, culturais e políticos.

Hoje, temos negros e mulheres governando nações importantes o que demonstra que o legado de Mandela, grande líder político da sustentabilidade, certamente nos induziu aos primeiros passos da nossa caminhada enquanto nova sociedade no século 21.

Aos poucos estamos vencendo nossos egos e paixões pelo poder, pela beleza/estética, pela inteli-gência, pela riqueza, valorizando o sentimento de amor ao próximo. Sendo mais sustentáveis, busca-mos uma nova Ciência, talvez a ética ou uma nova filosofia de vida, ou quem sabe a Neurociência ou a Física Quântica ou a Cosmologia. Contudo, certamente uma Ciência mais solidária, altruística, ilumi-nada pelo Amor, poderá tratar de um planeta e de uma sociedade doentes.

Recursos hídricos, um dos desafios do século 21.

Entre os grandes desafios do nosso tempo está a adoção do planejamento e do manejo inte-grado dos recursos hídricos, pela progressiva escassez da água em nível mundial. De acordo com a Agência Nacional de Águas (ANA), a vazão média anual dos rios em território brasileiro é de cerca de 180 mil metros cúbicos por segundo (m³/s); o que corres-ponde a aproximadamente 12%

Campanha Gente também é bicho. Preserve a criança brasileira. Seu slogan defendia fraternalmente a inclusão de um tema importan-tíssimo na análise da questão do meio ambiente: a criança. Afinal de contas, cuidar do ser humano de forma completa é ponto es-sencial para um desenvolvimento sustentável. Considero-me um desses pequeninos preservados pelo trabalho das Instituições da Boa Von tade. Tenho 46 anos e re-cebi por toda a minha vida a forma-ção educacional da Pedagogia do Afeto (direcionada às crianças de até 10 anos de idade) e da Pedago-gia do Cidadão Ecumênico (a partir dos 11 anos), proposta inovadora criada pelo educador Paiva Netto, desenvolvida nas escolas, nos Cen-tros Comunitários de Assistência Social e nos lares para idosos da LBV no Brasil e no mundo.

Em 2002, a Conferência Rio+10, em Joanesburgo, África do Sul, consolidou o trabalho

Opinião — Meio Ambiente

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da Organização das Nações Unidas (UN/Desa) — tive a oportunidade de contribuir para a discussão dos assuntos propostos na Confe-rência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. Na ocasião, apresenta-mos uma série de recomendações sobre recursos hídricos para a redução da pobreza e a promoção do desenvolvimento sustentável.

Por meio de um discurso cien-tífico responsável, reforcei as consequências das mudanças cli-máticas. Citando artigos como o do professor doutor Luiz Carlos Baldicero Molion, pesquisador da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), sobre a necessidade dos gestores públicos prepararem-se para o enfrentamento de eventos críticos mais intensos (grandes cheias, grandes vazantes, calores e frios extremos — efeitos das mudanças climáticas vivenciados dentro de um tempo geológico de resfriamento global).

Por sinal, com este propósito a parceria entre o Governo do Amazonas e a Agência Nacional de Águas fez nascer em 2013 o Centro de Monitoramento Hidrológico do Amazonas (Cemoham). A missão do novo órgão é fornecer em tempo real as informações necessárias à Defesa Civil do Estado e dos muni-cípios, de forma a antecipar ações preventivas aos eventos críticos, a exemplo da cheia histórica de 2012, ocorrida no sistema dos rios

Solimões, Amazonas e Negro.Voltando à Rio+20, convoquei

os participantes do painel ao en-frentamento da Terceira Guerra Mundial silenciosa: o saneamento, ou a falta dele, que tem levado a dizimação de populações inteiras, destituídas da cidadania das águas. Bebês, crianças, morrendo antes de alcançarem os seus primeiros anos de vida. E eles são nossos filhos e filhas. Alziro Zarur (1914-1979) já alertava no seu Poema do Grande Milênio: “Os filhos são filhos de to-das as mães, e as mães são as mães de todos os filhos”. Pensamento emblemático que Paiva Netto fez questão de pôr em destaque na fachada da Supercreche Jesus, no Conjunto Educacional Boa Vonta-de, em São Paulo/SP.

É a partir desta cidadania es-piritual planetária que podemos construir e/ou reconstruir, con-forme o brado da LBV: “Por um Brasil melhor e por uma Humani-

dade mais feliz!”. Feliz porque se sentirá responsável por seu futuro comum, por uma Família Huma-nidade a que todos pertencemos, no qual sustentabilidade rima com solidariedade.

Ao enfrentamento desse conflito silencioso, propus no evento das Nações Unidas que buscassem for-talecer os acordos da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), pois neste tema água, a so-lução passa pelos países que formam a Pan-Amazônia e que detém em seu patrimônio a responsabilidade de gestão do mais importante manancial de água doce do planeta. E são solu-ções factíveis: criação de conselhos gestores, de centros tecnológicos, de comitês de bacias e de fundos internacionais de conservação dos recursos hídricos, além da promo-ção de licenciamentos ambientais responsáveis, da produção de peixes em escala e do compartilhamento de experiências exitosas.

*5 A região Pan-Amazônia envolve os países que têm a floresta amazônica: Brasil, Co-lômbia, Peru, Venezuela, Equador, Bolívia, as Guianas e o Suriname.

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com as novas geraçõescompromissos

Metas e

Mariane de Oliveira Luz

Saúde e qualidade de vida

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A menos de um ano do prazo final para o cumprimento dos oito Objetivos de De-

senvolvimento do Milênio (ODM), houve muitos avanços no combate à extrema pobreza e a outras ma-zelas sociais. Segundo o Relatório de Progresso 2013 sobre o Com-promisso com a Sobrevivência Infantil: Uma Promessa Renovada, o Brasil superou em 11 pontos per-centuais a meta estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) que previa redução em 66% da mortalidade na infância. (Veja, a seguir, o quadro “Brasil supera expectativas”.)

Nesse sentido, o trabalho socio-educacional realizado pela Legião da Boa Vontade em favor das famí-lias em situação de vulnerabilidade social colabora para o alcance dessas metas nas cinco regiões do país, conforme o leitor poderá conferir em alguns exemplos desta reportagem.

Presente onde o povo mais precisa, a LBV chega a locais com grandes demandas sociais, como na comunidade na qual residem Priscila da Silva, 23 anos, e seus três filhos. O assentamento Monte Celeste, situado no bairro Planalto, região metropolitana de Natal/RN, sofre com a falta de infraestrutura e serviços básicos. Os cuidados com a higiene e a saúde ficam comprometidos, pois as condições de vida dos moradores do local são precárias por conta da ausência de água encanada, saneamento e energia elétrica.

Ao chegar ao assentamento, a equipe da LBV encontrou morado-res sem incentivo para transformar

Programa da LBV no assentamento Monte Celeste, em Natal/RN, ajuda a reduzir a mortalidade infantil e materna.

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in a vida deles para melhor. “Vimos que todas as famílias estavam numa situação de vulnerabilidade, sem serviços básicos de saúde, em-prego e moradia. As casas eram de papelão, sem estrutura adequada até para a realização do nosso atendimento. Hoje, porém, com o trabalho da LBV, observamos que várias mudanças aconteceram”, relatou a responsável da LBV em Natal, Oderlania Leite Galdino.

No início das atividades em favor da população local, constatou-se que a comunidade inteira estava infestada pelo bicho-de-pé (inseto responsável por causar uma doença infecciosa da pele), sem mencionar a ocorrência de patologias geralmente associadas a condições sanitárias inadequadas, como a verminose. Com a ajuda de parceiros e da popu-lação local foi construída uma base de atendimento para os moradores.

Assim, ao lado de programas e campanhas socioeducativas de prevenção e promoção da saúde, a LBV levou às famílias de Monte Celeste valores da Cidadania So-lidária. Uma das iniciativas bem acolhidas pela comunidade é o pro-grama Cidadão-Bebê, destinado a gestantes e mães com filho de até 3 anos de idade e norteado pelos conceitos da Pedagogia do Afeto (leia mais sobre a linha pedagógica da LBV na p. 94). Graças a essa ação, Priscila e muitas outras mu-lheres atendidas passaram a rece-ber apoio social e orientação sobre os cuidados necessários para uma gestação saudável e os primeiros anos de vida da criança.

Além da entrega de um enxoval para o bebê e outro para a mãe, as

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Diversos parceiros se juntaram à Instituição, ajudando a inten-sificar o apoio às famílias. Por exemplo, a partir da parceria com a Cooperativa de Enfermagem do Rio Grande do Norte (Coopern), o assentamento Monte Celes te e outras comunidades atendidas pela LBV na capital potiguar passam a ser beneficiadas sistematicamente com atividades de orientação e educação em saúde, o que reforça as ações socioeducativas já desen-volvidas nesses locais. “Vínhamos procurando uma instituição onde pudéssemos desempenhar ações de abrangência social na área da saúde. Felizmente, encontramos a LBV, uma instituição séria. (...) Pelo que tenho visto, a LBV tam-bém tem investido em organização e educação”, afirmou o presidente da Coopern, Marcelo Bessa, à re-vista Foco, em novembro de 2013.

Debates que educamNa Legião da Boa Vontade,

o atendimento socioeducacional privilegia a orientação sobre saúde e higiene, a educação e a cultura. Todos os dias, milhares de crianças e jovens em situação de vulnerabi-lidade social têm acesso a conteúdo de qualidade e realizam pesquisas e debates fraternos acerca de temas da atualidade, como preconceito, doenças sexualmente transmissí-veis e malefícios do consumo de álcool e de outras drogas.

Esses e outros importantes as-suntos são amplamente discutidos nas aulas da disciplina Convivên-cia, presente na grade curricular das escolas da Instituição desde 1999. A iniciativa de introduzir a

O Relatório de Progresso 2013 sobre o Compromisso com a Sobrevi-vência Infantil: Uma Promessa Renovada, iniciativa global para impe-dir que crianças morram em decorrência de causas evitáveis, mostra que o Brasil fez bem a lição e superou em 11 pontos percentuais a meta estabelecida pela Organização das Nações Unidas que previa uma redução em 66% da mortalidade na infância. Veja, a seguir,

dados do Unicef:

Brasil supera expectativas

Número de mortes de crianças com menos de 5 anos(por mil nascidos vivos)

Entre 1990 e 2012, graças a combinação de várias estratégias, houve uma queda de 77% da taxa de mortalidade de menores de 5 anos.

1990

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2012

atendidas contam com palestras educativas que enfatizam o forta-lecimento dos vínculos afetivos e familiares. “Sinto-me muito feliz e quero continuar frequentando o programa. Aqui, aprendi muita coisa. Mesmo já tendo dois filhos,

não sabia onde encontrar as vita-minas certas que poderiam ajudar na minha terceira gestação. Na LBV aprendi a importância do Amor e a acreditar em um mundo melhor para mim e minha famí-lia!”, declarou Priscila, confiante.

Saúde e qualidade de vida

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nova matéria escolar foi do diretor--presidente da LBV, José de Paiva Netto, preocupado com o com-portamento de risco da juventude. À época, frisou a relevância de tais assuntos serem tratados pelo prisma da Espiritua lidade Ecumê-nica, portanto, em consonância com valores éticos, ecumênicos e espirituais.

De acordo com Debora Stelzer, coor denadora do ensino fundamen-tal no Conjunto Educacional Boa Vontade, na capital paulista, a dis-ciplina Convivência é um espaço de reflexão em que o aluno passa a compreender melhor cada tema e diferentes pontos de vista. “Ele aprende a prevenir problemas, a dizer não às drogas, ao álcool. Diversas vezes, alunos até com problemas alimentares acabaram expondo-os e, assim, conseguimos ajudá-los a resolver a situação”, disse.

Famílias uruguaias recebem atendimento

médico gratuito na LBVDesde 2007, a Legião da Boa Vontade do

Uruguai mantém no Instituto de Educação da LBV, em Montevidéu, um consultório médico para atendimento de famílias de baixa renda. A iniciativa é fruto de parceira da Instituição com o Ministério da Saúde do país. No local, são feitas, em média, 20 consultas e exames gratuitos por dia, nas áreas de pediatria, psicologia e ginecologia. A atendida Jacqueline Arias (na foto, à direita), 38 anos, e seus três filhos utilizam os serviços de saúde do consultó-rio desde que conheceram a Obra. “Aprecio muito o trabalho da LBV. Esse atendimento ajuda todas as pessoas que vivem aqui, um bairro que realmente precisa dessa atenção”, disse Jacqueline.

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SAúDE BUCAL NA BOLíVIA A Legião da Boa Vontade da Bolívia mantém na capital, La Paz, e em Santa Cruz de La Sierra importantes atividades socioassistenciais. Entre elas, o programa Dentes limpos, crianças sadias, um exemplo de como as tecnologias sociais cumprem papel fundamental em regiões carentes de infraestrutura e afastadas de grandes centros urbanos. Em 2013, foram beneficiadas sete unidades educacionais de Collana Tolar, zona rural, a 68 quilômetros da capital boliviana. Por meio dessa iniciativa foram realizadas oficinas de saúde bucal, com informação sobre técnicas de escovação. A entrega de kits de material de higiene pessoal complementou a ação. O trabalho foi desenvolvido em parceria com professores e alunos das universidades Franz Tamayo e de El Alto.

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A educadora ressalta que os próprios educandos, muitas vezes, escolhem os temas para análise em sala de aula. “Certa vez, os alunos do 6o ano pediram que fossem traba-lhados temas ligados aos cuidados com o corpo, tais como higiene, prevenção de doenças, alimenta-ção... Lembro que chamamos uma pediatra, e as crianças aproveitaram para tirar dúvidas. Foi muito inte-ressante. Em outra ocasião, a turma do 9o ano teve a curiosidade de sa-ber o que é a doença de Alzheimer e como preveni-la.”

A ex-aluna da LBV Priscila Mendes, 17 anos, conta que apren-deu muito com a disciplina: “As au-las de Convivência são um espaço para reflexão sobre as nossas atitu-des e formação de um futuro melhor para nós e para as novas gerações. Os jovens poderiam evitar trilhar caminhos errados se tivessem um espaço como esse, de alerta e de conversa sem preconceitos”.

A LBV entende que investir em informação representa importante instrumento de avanço social e de combate ao preconceito. Por isso, há décadas, a Instituição promove

palestras educativas em suas es-colas, Centros Comunitários de Assistência Social e, por meio de parcerias, em outras unida-

des de ensino. Além disso, divul-ga na programação da Super Rede

Boa Vontade de Comunicação (rádio, TV, internet e publicações) campanhas de valorização da vida e contra qualquer forma de precon-ceito, dentre as quais Aids — O vírus do preconceito agride mais que a doença e Não use drogas. Viver é Melhor!.

COMBATE AO CâNCER NOS EUA A LBV dos Estados Unidos promove, em parceria com a Rutgers New Jersey Medical School, o programa Prevenção do Câncer (em inglês, Save Program). Por meio dessa ação, mulheres com 40 anos de idade ou mais fazem consultas médicas e exames de prevenção da doença, como a mamografia e o teste de Papanicolau. Elas também acompanham palestras educativas no centro comunitário da Instituição no país. É utilizada ainda uma unidade móvel para a realização dos exames.

ATENDIMENTO ODONTOLóGICO EM PORTUGAL A Legião da Boa Vontade realiza palestras educativas sobre os cuidados e a correta higiene bucal em suas unidades socioeducacionais, beneficiando especialmente estudantes de 5 a 17 anos. Desde 2001, a LBV de Portugal promove essa ação. Por meio do programa Sorriso Feliz, os agentes comunitários da Instituição visitam escolas, associações, jardins de infância e outros locais na cidade do Porto, em Lisboa e em Coimbra para oferecer atendimento odontológico e atividades socioeducativas e de orientação na área da saúde bucal. Para isso, a Obra conta no país com mais de 200 colaboradores e três unidades móveis de saúde oral.

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VSaúde e qualidade de vida

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Saúde de mulheres pelo mundo

A Organização das Nações Unidas, com o lançamento do Relatório dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio 2013, apresenta um panorama mundial dos avanços e desafios para o alcance dos ODM até 2015. Veja, a seguir, números atualizados sobre a saúde de meninas e mulheres em importantes regiões do mundo.

América Latina e Caribe

A região cumpriu, quatro anos

antes do prazo, a meta de reduzir em dois terços a mortalidade

infantil.Brasil e Peru

obtiveram os melhores

resultados na diminuição desse

índice.

África subsaariana É a região mais afetada pela epidemia de aids: estima-se

que 1 em cada 20 adultos esteja infectado pelo vírus, o que representa a maioria do total de pessoas vivendo

com o HIV em todo o mundo (69%).

Apenas 28% das mulheres jovens têm

um conhecimento mais apurado do que seja

aids. A maioria das novas infecções é transmitida

pelo sexo.

Sul e leste da ÁsiaEntre 1990 e 2010, o número de

mortes maternas por ano diminuiu de 543 mil para 287 mil em todo o mundo, uma redução de 47%*. No sul e no leste do continente

asiático, houve redução de cerca de dois terços nesse índice.

Mulheres que dão à luz em áreas rurais continuam em desvantagem

no que se refere à assistência médica recebida. No campo, 53%

dos partos realizados recebem atendimento especializado,

enquanto nas zonas urbanas esse índice atinge 84%.

Cáucaso e Ásia Central

Apesar dos significativos

avanços no combate ao HIV/aids, a

incidência do vírus HIV nessas regiões mais do

que duplicou desde 2001.

Somente em 2011, estima-se que 27 mil pessoas foram

infectadas.

* Fonte: Relatório Tendências sobre a mortalidade materna: 1990 a 2010 (ONU).

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Empoderamento feminino

é meta global

Vice-diretora-executiva da ONU Mulheres destaca avanços e desafios para alcançar

a igualdade de gênero e a autonomia econômica feminina

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Entrevista — Nações UnidasLakshmi Puri

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A vice-diretora-executiva da ONU Mulheres e responsá-vel pela gestão do Gabinete

de Suporte Intergovernamental e Parcerias Estratégicas das Nações Unidas, sra. Lakshmi Puri, acredita em uma conscientização cada vez maior acerca da situação da mulher no mundo e, sobretudo, dos desafios que precisam ser superados.

Depois de quase três décadas de importantes serviços prestados à diplomacia indiana, ela passou a integrar a Organização das Nações Unidas em 2002. Juntou-se à equi-pe da ONU Mulheres em março de 2011, logo após a criação dessa que é a principal instituição global dedicada a fomentar a igualdade de gênero e o empoderamento feminino, tendo, inclusive, de-sempenhado papel relevante no desenvolvimento institucional e na consolidação da entidade. O trabalho lhe propiciou viajar por várias partes do planeta e, assim, conhecer de perto a difícil reali-dade de milhões de mulheres.

Às vésperas da realização da 58a sessão da Comissão das Nações Unidas sobre a Situação da Mu-lher (CSW), de 10 a 21 de março, em Nova York, Estados Unidos, a BOA VONTADE Mulher conversou com a sra. Lakshmi Puri a respeito do encontro e das perspectivas sobre o novo conjunto de metas globais pós-2015: os Objetivos de Desenvol-vimento Sustentável (ODS).

BOA VONTADE Mulher — “Desa-fios e conquistas na implementa-ção dos Objetivos de Desenvolvi-mento do Milênio para mulheres e meninas” é o tema da sessão

“A nossa nova diretora-executiva tem ressaltado o papel transformador da educação em todas as áreas prioritárias, inclusive no fim da violência contra as mulheres. (...) Além disso, a educação tem um papel de destaque no contexto do planejamento e do orçamento suscetíveis ao gênero feminino.”

deste ano da CSW. Que balanço a senhora faz desse momento?

Lakshmi Puri — Está havendo um rápido balanço sobre os Objeti-vos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) e no que eles deixaram a de-sejar no que diz respeito a mulheres e meninas. Quais são os desafios, lacunas e oportunidades que surgem dessa experiência e desse registro? Ao mesmo tempo, há uma oportuni-

Acompanhada do secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, a diretora- -executiva da ONU Mulheres, Phumzile Mlambo-Ngcuka, por ocasião da posse dela no cargo, em agosto de 2013.

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dade única de associar essa análise a dois outros processos históricos em andamento. Um deles é a estrutura de desenvolvimento pós-2015, na qual metas de desenvolvimento sustentável foram concebidas e, de certa forma, lançadas na conferência Rio+20, ocorrida em 2012 no Rio de Janeiro, e que serão negociadas pelos governos. Essa estrutura já está sendo tratada no grupo de trabalho

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Publicação especial da LBV é entregue à vice-diretora-executiva da ONU Mulheres, Lakshmi Puri (E), pela Legionária da Boa Vontade Adriana Rocha.

aberto. Teremos vinte anos de de-bates sobre as plataformas de ações em favor das mulheres. Também sabemos que a 4a Conferência Mun-dial sobre as Mulheres, realizada em Pequim (China), em 1995, completa seu 20o aniversário no ano que vem. Essa comemoração e uma análise [do fato] constituem outro processo histórico. Portanto, está ocorrendo uma conjunção, uma confluência de três processos históricos.

BV — As mulheres ainda repre-

mente dois de 130 países atingiram esse objetivo em todos os níveis do ensino, e as meninas ainda são mais propensas a estar fora da escola do que os meninos. Além disso, elas predominam em trabalhos in-formais e temporários, e persiste a disparidade entre os gêneros no emprego, com uma diferença de 24,8 pontos percentuais entre homens e mulheres na relação entre emprego e população. Há também a taxa de mortalidade materna, que se refere ao ODM 5. Ela diminuiu 47% nas duas últimas décadas, mas todos os dias quase 800 mulheres morrem durante a gravidez ou no parto, apesar de existirem os meios para salvá-las. Quanto à política, é media-na a participação das mulheres nos parlamentos, aspecto abordado no ODM 3, objetivo especificamente re-lacionado à promoção da igualdade de gênero e da autonomia feminina. Pelo ritmo observado nos últimos quinze anos, por exemplo, levará 40 anos para que seja atingida a paridade de gênero entre os parlamentares.

BV — Em que medida as questões de igualdade de gênero, empode-ramento e direitos das mulheres devem influenciar os ODS?

Lakshmi Puri — No processo daqui em diante e na definição de uma nova estrutura de desenvolvi-mento de 2015 a 2030, precisamos assegurar avanços em um objetivo específico de igualdade de gênero e empoderamento feminino. Nós, da ONU Mulheres, estamos propondo esse objetivo para os Estados mem-bros. Estamos buscando a liderança do Brasil em assegurar esse objetivo específico de transformação, com

“Reconhecemos que a ênfase da LBV na educação é uma estratégia-chave de prevenção, fundamental para gerar mudança de mentalidade, para transformar a cultura do machismo, da desigualdade. Por isso, nós aplaudimos vocês por escolherem esse tema como estratégia.”

sentam a maioria das pessoas pobres no mundo?

Lakshmi Puri — Nos países em desenvolvimento, 70% dos pobres são mulheres, particularmente entre os extremamente pobres. Houve diminuição da situação de pobreza, mas a feminização da pobreza per-manece e se acentua. A matrícula no ensino primário nas regiões em desenvolvimento atingiu 90% em 2011, e a prioridade de gênero nessa fase do ensino em âmbito mundial foi quase alcançada. Contudo, so-

Entrevista — Nações Unidas

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A sra. Lakshmi Puri (E), ao lado da atriz e embaixadora da boa vontade da ONU Nicole Kidman.

três metas amplas. A primeira delas abrange a segurança, a integridade física e pessoal e a dignidade das mu-lheres, meta esta sintetizada no fim da violência de gênero. A segunda contempla a autonomia econômica e social, em termos de acesso a recursos produtivos, emprego, capa-citação e desenvolvimento de habi-lidades, gestão de recursos naturais e serviços essenciais. (...) A terceira meta está relacionada à participação e liderança no lar, no setor privado e em instituições públicas, não só no âmbito do parlamento.

BV — Como a senhora vê a atua-ção de organizações da sociedade civil na ONU, a exemplo da LBV, que utiliza a educação como es-tratégia para prevenção e comba-te a toda forma de desigualdade e de violência de gênero?

Lakshmi Puri — Nós valo-rizamos muito a parceria com a sociedade civil. Pode-se dizer que não existiríamos se a força vibrante das organizações femininas e da sociedade civil não estivesse por trás de nossa criação. E uma organização da sociedade civil como a Legião da Boa Vontade — que dedica grande parte de suas ações sociais e educa-cionais a ajudar mulheres e crianças e tem a educação como estratégia principal para prevenir e combater toda forma de desigualdade ou violência de gênero — é algo que realmente ressoa em nós e na nossa missão. Vocês fazem avançar uma parte importante da nossa missão onde quer que atuem. Acabar com a violência contra as mulheres é uma área realmente prioritária para a ONU Mulheres. (...) Reconhecemos

que a ênfase da LBV na educação é uma estratégia-chave de prevenção, fundamental para gerar mudança de mentalidade, para transformar a cultura do machismo, da desigualda-de. Por isso, nós aplaudimos vocês por escolherem esse tema como estratégia.

BV — Essa é também uma preo-cupação na agenda da ONU Mu-lheres?

Lakshmi Puri — A nossa nova diretora-executiva tem ressaltado o papel transformador da educação em todas as áreas prioritárias, inclusive no fim da violência contra as mulhe-res. Para a autonomia econômica, é

A LBV apoia a campanha da ONU para identificar as prioridades da população na construção dos ODS. Participe!

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necessária a educação; para partici-pação e liderança política, novamen-te está a educação; para capacitar as mulheres para atuar em situações de conflito e pós-conflito, é funda-mental a educação. Além disso, a educação tem um papel de destaque no contexto do planejamento e do orçamento suscetíveis ao gênero feminino. Trabalhar com a sociedade civil é uma estratégia essencial para a ONU Mulheres. É grande nossa expectativa em trabalhar com vocês no âmbito da campanha Pequim+20, que terá entre seus pontos principais, certamente, a educação e o tema do empoderamento da mulher e da Humanidade.

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Agenda de desenvolvimento

pós-2015

Impulsionar o empoderamento feminino é uma das principais metas da ONU Mulheres, entidade das Nações Unidas com o intuito de propor solu-

ções para os problemas da desigualdade de gênero. Anualmente, o órgão realiza reuniões de grande relevância as quais visam avaliar progressos, identi-ficar desafios, estabelecer metas e formular políticas para a promoção do fortalecimento de uma cultura igualitária para homens e mulheres.

Em março deste ano ocorreu a 58ª sessão da Comissão sobre a Situação da Mulher (em inglês, CSW), que congregou milhares de representantes da sociedade civil internacional e de delegações dos países membros da ONU na sede desse orga-

Evento da ONU reforça a necessidade de a igualdade de

gênero figurar no próximo conjunto de metas globais.

Reprodução das capas da revista BOA VONTADE Mulher,

editada nos idiomas espanhol, francês, inglês e português, que

foi entregue aos participantes da 58a sessão da Comissão sobre

a Situação da Mulher.

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nismo internacional em Nova York, EUA, para o debate do tema “Desafios e conquistas na implementação dos Objetivos de Desenvolvimento do Milê-nio para mulheres e meninas”. Logo na cerimônia de abertura, a subsecretária-geral das Nações Unidas e diretora-executiva da ONU Mulheres, Phumzile Mlambo-Ngcuka, fez questão de destacar: “Precisamos, o quanto antes, dar importantes saltos, não passos pequenos, para alcançar a igualdade entre mulheres e homens. Necessita-mos de medidas ousadas”. Ela também afirmou que “a solução para os desafios mais urgentes do mundo — como eliminar a pobreza, reduzir a desigualdade, trazer a paz sustentável e com-

O Departamento de Informação Pública das Nações Unidas (DPI) está divulgando na página oficial que mantém no Facebook a revista BOA VONTADE Mulher. No local, o órgão disponibiliza para leitura os links das quatro versões da publicação e destaca assim o conteúdo dela: “Além de uma declaração por escrito, compartilhando as boas práticas educacionais da organização, em prol das mulheres da América Latina, a revista apresenta uma entrevista exclusiva com a vice-diretora-executiva da ONU Mulheres, a sra. Lakshmi Puri, bem como um artigo do escritor e presidente da LBV, Paiva Netto, intitulado ‘Solidariedade e direitos humanos’”.

LBV na ONU

QR CODEPara ler a edição 2014 da revista BOA VONTADE Mulher em seu celular, smartphone ou tablet, baixe no aparelho o aplicativo QR Code e fotografe o código ao lado.

Lakshmi Puri (E), vice-diretora-executiva da ONU Mulheres, com a representante da LBV no evento, Adriana Rocha. Ela fez questão de agradecer a oportunidade de falar à BOA VONTADE Mulher sobre a elaboração da agenda de desenvolvimento pós-2015, a qual deve levar em consideração a meta para se conquistar a igualdade de gênero e o empoderamento feminino.

O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon (E), discursa na abertura da 58a sessão da Comissão sobre a Situação da Mulher. Ao lado dele estão o embaixador Libran N. Cabactulan (C), presidente da CSW e representante permanente da República das Filipinas junto à ONU, e Tegegnework Gettu, subsecretário-geral do Departamento para Assembleia-Geral e Gestão de Conferências (DGACM). Cabe mencionar que Ban Ki-moon ainda foi cumprimentado pelos representantes da LBV e agradeceu-lhes, atencioso, o recebimento da revista BOA VONTADE Mulher, que contribuiu para o debate do tema do evento.

ONU divulga publicação especial da LBV

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bater as alterações climáticas — só pode ser alcançada com a participação plena e equitativa das mulheres”.

Durante o evento, buscou-se examinar a situação feminina mundial ao serem abordados a igualdade de gênero na educa-

A publicação especial da Legião da Boa Vontade é entregue à subsecretária-geral das Nações Unidas e diretora-executiva da ONU Mulheres, Phumzile Mlambo-Ngcuka (E), pela representante da LBV Adriana Rocha.

Helen Clark (D), administradora do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), toma conhecimento das recomendações da LBV acerca do tópico da conferência.

Mariana Malaman, da LBV, confraterniza com integrantes do Exército brasileiro, o general de divisão Edson Leal Pujol (D) e o comandante militar José Luiz Jaborandy Júnior, à frente da Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (MINUSTAH).

ção, no mercado de trabalho e nos parlamentos; os direitos da mulher quanto à saúde e aos di-reitos sexuais e reprodutivos; o acesso à tecnologia; e outros tó-picos. As discussões colaboraram ainda para que fossem definidos itens da agenda de desenvolvi-

mento pós-2015 que assegurem o empoderamento da mulher e a igualdade de gênero como prio-ridades globais.

Exemplo da LBVUma das instituições partici-

pantes da assembleia, a Legião

O embaixador Antonio Patriota, representante permanente do Brasil nas Nações Unidas, com a publicação especial da LBV em português.

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Irina Bokova (E), diretora-geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), recebe a publicação da LBV.

Susan Hopgood (E), presidente da Education International, uma das maiores federações de sindicatos de professores do mundo, ao lado da representante da Legião da Boa Vontade no encontro Sâmara Malaman.

A princesa Mary da Dinamarca (E), do Grupo de Trabalho de Alto Nível da Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento (CIPD), toma conhecimento do trabalho da LBV.

Rane Johnson-Stempson (E), diretora principal de Pesquisa de Educação e Comunicação Científica da Microsoft Research, recebe de Yrene Santana, da LBV, a publicação especial da Entidade.

LBV na ONU

Liz Ford (E), subeditora do jornal britânico The Guardian, toma conhecimento das recomendações da Instituição, por intermédio da representante da LBV Veronica Anta.

A embaixadora Alya Ahmed Saif Al-Thani (E), da Missão Permanente do Qatar na ONU, com a BOA VONTADE Mulher em inglês. Ao lado dela, a representante da LBV Eliana Gonçalves.

Patricia Cortéz (D), da Missão Permanente do Peru nas Nações Unidas, e a representante da Legião da Boa Vontade Gabriela Marinho.

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da Boa Vontade — que se faz presente em encontros organi-zados pela ONU com esse foco desde 1995, quando da realiza-ção da 4ª Conferência Mundial sobre as Mulheres, em Pequim, China — mais uma vez apresen-tou às autoridades e delegações internacionais sua contribuição para o fomento da educação e da reeducação, as quais considera estratégias de maior eficácia na luta contra a violência de gêne-ro. Na ocasião, lançou a revista BOA VONTADE Mulher (em português, inglês, francês e es-panhol), por intermédio da qual oferece, com base em seu traba-lho solidário, recomendações de boas práticas sociais referentes a quatro assuntos extremamente relevantes: educação, combate à pobreza, saúde e segurança.

Em entrevista exclusiva à pu-blicação, a vice-diretora-executi-va da ONU Mulheres, Lakshmi Puri, discorreu sobre os desafios

Danilo Parmegiani, representante da Legião da Boa Vontade na ONU, conversa com Rabiha Diab, ministra para os Assuntos da Mulher da Palestina (C), e a embaixadora Somaia Barghouti, conselheira sênior e observadora permanente da Missão da Palestina para a ONU.

Cristina Carrión, ministra da Missão Permanente do Uruguai nas Nações Unidas, e a representante da LBV, Conceição de Albuquerque, que lhe apresenta as recomendações da Instituição.

Sandra Fernandez (E), da LBV, e Najat Vallaud-Belkacem (D), ministra de Direitos da Mulher, da Cidade, da Juventude e dos Esportes da França.

Danilo Parmegiani entrega a revista BOA VONTADE Mulher em francês à senadora Aisha Alhassan, do governo da Nigéria.

Yrene Santana (E), da LBV, e Agnes Leina (C) e Grace Mbugua, integrantes da delegação do Quênia.

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a serem superados para que se al-cance a igualdade de gênero, bem como acerca da importância de o trabalho da Legião da Boa Vonta-de ser direcionado para a forma-ção das novas gerações. “Reco-nhecemos que a ênfase da LBV na educação é uma estratégia-chave de prevenção, fundamental para gerar mudança de mentalidade, para transformar a cultura do machismo, da desigualdade. Por isso, nós aplaudimos vocês

Baixe o leitor QR Code em seu celular, smartphone ou tablet, fotografe o código ao lado e ouça, na íntegra, entrevista que o representante da LBV nas Nações Unidas, Danilo Parmegiani, concedeu à Rádio ONU Português. Na ocasião, ele falou das boas práticas socioeducacionais da Instituição para o desenvolvimento, a melhoria de vida e o bem-estar de famílias e mulheres em situação de vulnerabilidade social.

A edição 2014 da publicação especial da LBV é entregue a Lourdes Bandeira (E), secretária- -executiva da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República. Simpática, ela afirmou que conhece o trabalho da Instituição e reconheceu os esforços da Obra em contribuir para o debate do tema de tão importante evento da ONU. Ao lado, Conceição Albuquerque, da LBV.

LBV na ONU

Palestrantes da 58a sessão da Comissão sobre a Situação da Mulher tomam conhecimento do trabalho da LBV em favor do empoderamento feminino por meio da publicação especial da Instituição. A partir da direita, Bayarsaikhan Enkhchimeg, secretária de Estado do Ministério do Desenvolvimento e Proteção Social da Mongólia; Urmas Paet, ministro das Relações Exteriores da Estônia; e Eva-Maria Liimets, diretora da Divisão das Organizações Internacionais do Departamento Político do Ministério das Relações Exteriores da Estônia.

Gabriela Marinho, da LBV, apresenta as recomendações da Instituição à embai-xadora Duduzile Moerane-Khoza (E), diretora-executiva dos Programas Es-peciais e de Gênero do Departamento de Relações Internacionais e Cooperação da República da África do Sul, e a Thoko Mpumlwana (C), vice-presidente da Co-missão para a Igualdade de Gênero.

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por escolherem esse tema como estratégia”, ressaltou.

Amplamente difundida na conferência e muito bem rece-bida pelos participantes desta, a visão social e humanitária da LBV sobre a matéria é exposta em toda a revista, que abre com

Claudia García (D), vice-ministra de Igualdade e Não Discri-minação do Ministério da Mulher do Paraguai, recebe a publi-cação especial da LBV da representante da Instituição.

Eliana Gonçalves confraterniza com Julia Duncan-Cassell (D), ministra de Gênero e Desenvolvimento da Libéria, e entrega-lhe a BOA VONTADE Mulher em inglês.

A embaixadora Sofia Borges (D), da Missão Permanente do Timor-Leste nas Nações Unidas, toma conhecimento da atuação da LBV em favor da igualdade de gênero por meio da revista BOA VONTADE Mulher.

Representante da LBV, entrega a BOA VONTADE Mulher a Gloria Bonder, diretora da Área de Gênero, Sociedade e Políticas da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso Argentina) e coordenadora da Cátedra Regional Unesco Mulher, Ciência e Tecnologia na América Latina.

o artigo “Solidariedade e direitos humanos”, fraterna mensagem do diretor-presidente da Instituição, jornalista, escritor e radialista José de Paiva Netto. No texto, o autor expressa um desejo: “(...) que todos os seres humanos se-jam realmente iguais em direitos

e oportunidades, e cujos méritos sociais, intelectuais, culturais e religiosos, por mais louvados e reconhecidos, não se percam dos direitos dos demais cida-dãos. Porquanto, liberdade sem responsabilidade e fraternidade é condenação ao caos”.

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Respeito Garantia de igualdade de gênero e fim da violência contra a mulher ainda desafiam a agenda global

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Direitos HumanosPelo fim da violência

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A Declaração sobre a Elimi-nação da Violência contra as Mulheres, proclamada

pela Assembleia-Geral das Nações Unidas, em 20 de dezembro de 1993, foi o primeiro documento internacional de direitos humanos focado na violência de gênero, com destaque para aspectos fundamen-tais de liberdade. O manifesto se une a muitos estudos e relatórios publicados em diversos países que mostram estatísticas alarmantes desse tipo de violência, ainda tão presente no mundo.

De acordo com a ONU, o problema afeta uma parcela sig-nificativa da população feminina, independentemente de país, etnia, classe social ou grau de instrução. A América Latina é apontada como uma das regiões com maior incidência desse crime. Dados de relatório divulgado pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) informam que 45% das mulheres dizem já ter so-frido ameaças do próprio parceiro, namorado ou marido. A Bolívia

apresenta um dos piores índices: 52% das mulheres já teriam ex-perimentado alguma forma de agressão sexual ou física cometida pelo companheiro. Em seguida, aparecem a Colômbia (39%), o Peru (39%) e o Equador (31%). (Fonte: Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento.)

Cultura de submissãoO acesso precário à informa-

ção e a ausência de ações efetivas em favor do empoderamento fe-minino estão entre os fatores que ajudam a perpetuar essa prática violenta no mundo. A presidente da Fundação para o Desenvol-vimento de uma Convivência Pacífica na América Latina e no Caribe (Fundeconp), Vanessa Castedo, licenciada em Relações Internacionais com menção a re-soluções de conflitos, observou: “Historicamente, o papel da mulher na Bolívia está embasado numa cultura patriarcal, na qual ela é excluída e vitimada perante o homem por ser considerada o

sexo frágil. Isso a coloca em uma situação crítica”.

Por tudo isso, a Legião da Boa Vontade da Bolívia promove no país ações de valorização da mulher, o que tem contribuído para combater o descaso e a impunidade (veja o quadro “Lei mais rígida”, p. 84).

Além das informações oficiais, pesquisa feita com as famílias das crianças atendidas no Jardim Infantil Jesus, da LBV, em La Paz, identificou as dificuldades

“Quando um dos meus filhos tinha 4 anos e outro estava prestes a completar 2, quase sofreram queimaduras. Tive de deixá-los sozinhos e eles estavam com fome, puseram uma chaleira no fogão e, por um acidente, a casa pegou fogo. Meus filhos tiveram de apagar o fogo, e isso me assustou. Agora posso trabalhar tranquila. (...) Sou muito grata à LBV. Todos os dias peço a Deus que sempre os abençoe, que continuem trabalhando pelas pessoas que precisam. Estou muito feliz.”

Mariana Laura Sullcani34 anos, auxiliar de limpeza e mãe de quatro filhos; três deles contaram com o atendimento

do Jardim Infantil Jesus, da LBV, na capital boliviana.

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Estima-se que 70% das mulheres já sofreram algum tipo de violência, seja física, sexual, psicológica ou econômica.

Fonte: Organização das Nações Unidas.

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cológico. Todas devem aprender a se valorizar.”

Conscientizar-se desde cedo

Na Bolívia, meninas e meninos em idade escolar também recebem o incentivo da Legião da Boa Vontade para darem continuidade aos estudos por meio da Campanha Educação em Ação. A iniciativa compõe-se de três etapas e beneficia crianças de comunidades onde vivem famílias em situação de vulnerabilidade so-cial e são altos os índices de evasão escolar e repetência.

A jovem Noemí Sandra, aten-dida pela campanha em área rural próxima de La Paz, sonha em um dia ser advogada, graças ao apoio da LBV. “Educação é a liberdade. As crianças aprendem coisas boas na escola. A mochila, o caderno, a caneta, o compasso, tudo é muito lindo; são motivações para a gente ser algo na vida, para ajudar nosso povo a seguir adiante”, disse.

Estefanía Condori

que a população feminina en-frenta para se inserir no mercado de trabalho, a começar pela falta de instrução (ensino elementar) ou de conhecimento técnico- -profissional da maioria dessas mulheres. Por isso, a Instituição atua principalmente em duas fren-tes: recebe as crianças em sua es-cola em período integral, para que as mães possam trabalhar; e, desde 1999, desenvolve os programas Centro de Capacitação Técnica e Centro de Alfabetização. Neles, são oferecidos às atendidas cursos profissionalizantes e as primeiras letras.

Com esse apoio, a vida delas se transforma. Qualificação profissio-nal e autoestima renovada, então, resultam em melhores condições sociais e econômicas para a famí-lia. É o caso de Estefanía Celia Condori, de 37 anos, ope-radora de telemarketing, mãe de Johana Abigail Veles Condori, de 3 anos. Ela relembra a satisfação de ver a filha atendida pela Obra. “Quando cheguei à LBV, estava em uma situação muito difícil. Na verdade, não me casei, mas decidi ter minha filha e criá--la sozinha, desde que perdemos o

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contato com o pai dela. Naquele momento, a LBV abriu as portas para mim, me deu a mão, conse-lhos; ajudou-me muito nas neces-sidades de minha filha, não me

deixou sozinha. Agradeço a Deus por terem aceitado a Johana no Jardim Infan-til Jesus.”

O apoio socioeducacio-nal que encontrou na LBV, segundo ela, fez com que

adquirisse outra mentalidade a fim de não mais aceitar qualquer tipo de constrangimento. “Não sofri abuso físico, mas sofri abuso psi-

Lei mais rígidaO governo boliviano promulgou, em março do ano passado, a

Lei Integral para Garantir às Mulheres uma Vida Livre de Violência. Nos casos de assassinato por motivo de ódio ou desprezo, por exemplo, a nova legislação prevê pena de até 30 anos de prisão, sem direito a perdão. Além da punição rigorosa ao feminicídio, a lei determina às escolas a aplicação de políticas preventivas e de formação em favor da igualdade de gênero.

Segundo dados do Centro de Informação e Desenvolvimento da Mulher (Cidem, Bolívia), entre 2007 e 2011, foram registradas 247.369 denúncias contra a violência de gênero. Nesse período, apenas 51 casos tiveram desfecho com sentença para o agressor.

Direitos Humanos

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Acontece no DF

O Centro Comunitário de As-sistência Social, da Legião da Boa Vontade, recebeu,

no dia 9 de maio, em Brasília/DF, a visita do tenente-coronel-aviador Mauro Rogério, da Força Aérea Brasileira (FAB). Na oportunidade, ele conheceu as dependências e o trabalho socioeducacional realizado pela Instituição na capital federal.

Ao visitar as salas de atividade do programa Criança: Futuro no Presente!, Mauro Rogério conver-sou com meninas e meninos que participam da iniciativa, incenti-

Visite, apaixone-se e ajude a LBV!

Em Brasília/DF, o Centro Comunitário de Assistência Social da LBV está localizado no SGAS 915, Lote 74 (ao lado do Templo da Boa Vontade). Para outras informações, ligue: (61) 3410-6000.

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Tenente-coronel da Aeronáutica destaca trabalho da LBV:

"É diferenciado!"

vando-os a nunca desistirem de seus sonhos. “Percebi disciplina, ordem e respeito quando cheguei aqui. Todas as crianças, sem ex-ceção, veem no professor uma au-toridade. Esses valores que a LBV tem passado estão se perdendo por aí. É um ambiente diferenciado e existe um trabalho muito nobre sendo feito aqui”, disse.

Na LBV, os pequeninos parti-cipam de atividades que contem-plam oficinas lúdicas, recreativas, esportivas e culturais que ajudam a fortalecer a convivência fa-

miliar e comunitária, visando à garantia de direitos sociais. To-das as ações são permeadas pela Pedagogia do Afeto, que integra, ao lado da Pedagogia do Cidadão Ecumênico, a inovadora linha educacional criada pelo educador Paiva Netto. Essa proposta se fundamenta na formação integral do ser humano, porque o vê nas suas dimensões física, psicoló-gica, social e espiritual, o que é indispensável para a construção de uma sociedade verdadeira-mente solidária.

O tenente-coronel da Aeronáutica conversou com as crianças e destacou a importância de nunca desistirem de seus sonhos.

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Da Redação

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Gols por um mundo melhor

Soldadinhos de DeusProtagonismo infantil

Da Redação86 BOA VONTADE

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Foi dado, no dia 21 de março deste ano, o pontapé inicial do 12º Fórum Internacional

dos Soldadinhos de Deus, da LBV. A partir do tema “Futebol da Cari-dade — Fazendo gols para melhorar o mundo”, escolhido pelas próprias crianças atendidas pela Legião da Boa Vontade, uma série de atividades está sendo organizada ao longo de 2014. O assunto, mais do que nunca em pauta — por causa da realização da Copa do Mundo no Brasil —, ganhou abordagens especiais no encontro, que ocorreu nas escolas e nos Centros Comunitários de As-sistência Social da Instituição e nas Igrejas Ecumênicas da Religião de Deus, do Cristo e do Espírito Santo.

De acordo com o diretor-presi-dente da LBV e criador do evento, o educador José de Paiva Netto, o fórum é uma iniciativa da Institui-

“Para o Amor vencer os maus sentimentos de 10 x 0, é preciso

cultivar o respeito, a amizade, ajudar ao próximo, fazer oração e ter sempre bons

pensamentos. Assim, o Amor será sempre campeão, e as pessoas, mais felizes!”

Allana Maria da Silva, 10 anos.Araxá/MG.

ção com o objetivo de promover o protagonismo infantil, ao dar a essa gente pequena um amplo espaço para expor ideias e aprender a se defender do mal, da violência. Por isso, uma variada programação, es-

pecialmente elaborada para o evento, foi oferecida naquela data à garotada, que pôde expressar sua opinião por meio de ações artísticas, culturais e esportivas, mostrando que tem muito com o que contribuir para um

GRANDE REPERCUSSÃO Palestra do diretor-presidente da LBV, José de Paiva Netto, é transmitida, via satélite, por rádio, televisão e internet para o Brasil e exterior.

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Page 88: Revista Boa Vontade, edição 236

mundo melhor. As crianças partici-param de rodas de conversa, debates, dinâmicas, jogos, dramatizações, coreografias, oficinas de pintura e desenho, apresentações musicais, contação de histórias, confecção de brinquedos com sucata e outros tipos de material reaproveitável, painéis temáticos e mostras culturais.

Cabe destacar que as atividades promovidas em todas as edições do fórum incentivam o debate de as-suntos atuais importantes referentes à sociedade e que se procura incluir sempre nessas práticas a vivência de valores éticos, ecumênicos e espiri-tuais. Isso está em consonância com o que afirmou, à época da criação do fórum, em 2003, o dirigente da LBV: “Convidaremos psicólogos, educadores, profissionais compro-missados com a educação e que têm algo a acrescentar ao desen-volvimento saudável das crianças. O pensamento delas é uma reflexão que nos dá perspectiva de um mun-do melhor. (...) Vocês [crianças] possuem força diante de Deus. Vão

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ter a oportunidade de manifestar-se (...), porque precisam aprender a se defender (com Amor e inteligência, alicerçados na Espiritualidade Ecumê nica)”.

Sessão soleneA abertura desta edição do Fó-

rum Internacional dos Soldadinhos de Deus, da LBV, foi marcada por vários acontecimentos. Um deles foi a transmissão de mensagem fraterna do dirigente da Instituição, dedicada por ele a todos os que o acompanha-vam pela Super Rede Boa Vontade de Comunicação (rádio, TV, internet e publicações), que propagou em tempo real as palavras dele.

O Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Ra-cial, comemorado naquela mesma ocasião, foi lembrado pelo dirigente da LBV. Ele leu trechos do artigo “Racismo — cancro social”, de autoria dele, no qual faz importantes apontamentos acerca do assunto. “Em 20 de março, no hemisfério sul, onde o Brasil está localizado,

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É um conceito criado pelo saudoso fundador da Legião da Boa Vontade, Alziro Zarur (1914-1979), ainda na década de 1950, conforme registra a BOA VONTADE no 15, p. 4 (set./1957). Em alusão ao esporte das quatro linhas, ele afirmava que cada doação feita à LBV era um gol em favor do povo brasileiro. A iniciativa, além de homenagear os colaboradores da Instituição, empolgava outras pessoas com bons exemplos, dando corpo à Cam-panha da Boa Vontade por um Brasil melhor e por uma Humanidade mais feliz. Em suas mensagens radiofônicas, Zarur costumava dizer: “Futebol da Caridade, o Futebol que Salva Vidas e Almas para Deus. Neste futebol, todos são campeões, todos saem ganhando: os que recebem e os que dão, mas, principalmente, os que dão, porque dando é que recebemos. Coisa mais bem-aventurada é dar do que receber”.

Alziro Zarur

Futebol da Caridade

BOA VONTADE 89

Page 90: Revista Boa Vontade, edição 236

tem início o outono. A estação lem-bra os tempos de maturidade, espí-rito do qual devemos nos revestir para lidar com os desafios diários. Um deles, sem dúvida uma tarefa para todos os brasileiros, sejam brancos, negros ou mestiços, é o combate ao racismo em todas as suas torpezas”, afirma no texto. E continua: “Não é de hoje que levan-to minha voz contra esse cancro da sociedade, inclusive porque, como a maioria dos brasileiros, tenho sangue negro. Desde a década de 1980, a imprensa do Brasil e do exterior vem publicando vários de meus artigos, em que exalto o valor da raça negra, a exemplo de ‘Apar-theid lá e Apartheids cá’, ‘Racismo é obscenidade’, ‘A miscigenação do mundo é inevitável’,e tantos outros”.

Na mensagem, Paiva Netto ainda recorda que a data, “instituída pela

“Todos nós fazemos parte de um mesmo time. Por isso, devemos fazer os gols da Paz, da Solidariedade, do

Amor e da união. Com esses gols, todos seremos vencedores e construiremos

um mundo bem melhor.”Iago Michael dos Reis Silva, 9 anos.

Araxá/MG.

Soldadinhos de Deus

São Paulo/SP

Duque de Caxias/RJ

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Page 91: Revista Boa Vontade, edição 236

ONU em 1969, homenageia os 69 sul-africanos assassinados em 1960, durante um confronto com a polícia. Eles protestavam contra a ‘Lei do passe’, que impedia o direito de ir e vir da população negra. ‘Mas-sacre de Sharpeville’, assim ficou conhecido esse lamentável episódio em Joanesburgo, na África do Sul, que colocou mais uma mancha de sangue na história da Huma-nidade”.

Em seguida, res-salta o papel da Edu-cação para o surgi-mento de uma so-ciedade mais justa e fraterna. “Enquanto houver uma criatura cruelmen te discrimina-da, o currí culo humano estará maculado. Perseveremos, pois, no trabalho de congraçar, pelo Ecume nismo dos Corações, as etnias existentes no mundo.” E conclui: “Daí primarmos por levar educação de qualidade às crianças e aos jovens das escolas da LBV e de seus programas socio-educativos. Alimentados de valores espirituais, humanos, éticos e de cidadania, eles serão os multipli-cadores de práticas construtoras da Paz e do progresso sustentável para as comunidades do planeta”.

Incentivo à leituraDurante o fórum também ocor-

reu a inauguração das novas insta-lações da Biblioteca Bruno Simões de Paiva (com um acervo aberto de 25 mil títulos), que funcionava em outro recinto do próprio Conjunto Educacional Boa Vontade, localiza-do na capital paulista. Várias foram

Crianças norte-americanas ganham novo espaço

Em Newark, Estado de Nova Jersey, nos Estados Unidos, a abertura do 12o Fórum Internacional dos Soldadinhos de Deus, da LBV foi marcada também pela entrega de um novo espaço para as atividades das Living on Values and Ecumenical Spirituality (LOVES) — em português, Aulas de Moral Ecumênica (AMEs).

No local são oferecidas atividades que incentivam as crianças a ser solidárias, e a agir com Amor e Caridade, valores ensinados por Jesus, o Cristo Ecumênico, o Divino Estadista. Para os pais, a iniciativa ajuda a fazer de seus filhos bons cidadãos. “É muito interessante e foi uma forma feliz de colocar as crianças em contato com Jesus. Minha filha gostou muito dessa primeira experiência, e penso que agora não vai querer deixar de vir mais”, salientou Paula Oliveira, portuguesa radicada naquele país.

Nova Jersey/EUA

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Soldadinhos de Deus

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3

(1) Alunos do Conjunto Educacional da Boa Vontade, localizado na capital paulista, descerraram a fita de inauguração da Biblioteca Bruno Simões de Paiva. Ao centro, a neta do dirigente da Instituição Laís de Paiva Tonin. (2) A Jovem Legionária Letícia de Paiva Tonin discursou durante a inauguração. Na oportunidade, ela destacou o incentivo à leitura que

foi passado de geração para geração. (3) Um quadro de Bruno Simões de Paiva (1911-2000) ficará em exposição na biblioteca. Na foto, Iraci de Paiva Tonin conduz a solenidade.

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92 BOA VONTADE

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Assista ao clipe da música-tema do 12o

Fórum Internacional dos Soldadinhos de Deus, da

LBV: Todo o planeta é campeão! Baixe o leitor QR Code em seu smartphone

ou tablet, fotografe o código e veja.

as mudanças implantadas no espaço, possibilitando à escola oferecer um ambiente maior e mais agradável para a leitura e a pesquisa, com modernas mesas, cadeiras e com-putadores, além de janelas amplas, que permitem maior luminosidade natural.

O estímulo à leitura é uma das preocupações do educador Paiva Netto, que sempre foi motivado a essa prática por seu pai, Bruno Simões de Paiva (1911-2000). Daí a merecida homenagem. Na cerimônia de inauguração do espaço, a douto-randa em Educação, supervisora da

linha educacional da LBV e diretora da escola, Maria Suelí Periotto, declarou: “Gostaria de parabeni-zar o nosso querido Irmão Paiva, porque, é claro, esta biblioteca não está começando a funcionar agora. Nesses 26 anos de Conjunto Edu-cacional Boa Vontade, nós sempre tivemos esse incentivo da parte dele, cada vez em ambientes maiores e melhores”.

Na ocasião, representando o di-rigente da LBV, a jovem Letícia de Paiva Tonin agradeceu a todos os que contribuíram para a concretiza-ção do projeto.

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Culturade Paz

Mulheres e meninas pela

Espírito crítico e sentimento em favor do desenvolvimento sustentável

O processo de amadureci-mento propiciado pela Educação pode ser o dis-

parador do engajamento e da pos-tura positiva tão necessários para as mudanças urgentes no planeta. A reciclagem de resíduos ilustra bem essa premissa. É um exemplo de prática que pode partir de uma residência e daí empolgar os vizi-nhos, as famílias de outra rua, de todo o bairro. Nesse ritmo, algum tempo depois, o hábito será uma realidade em grandes áreas da ci-dade, demonstrando dessa forma a

Suelí Periotto

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força de micro ou macromudanças comportamentais.

É bem verdade que atitudes assim são resultado de uma motivação interior, pela vontade do ser humano de fazer a diferença na sociedade, pelo desejo de cooperar, mesmo nas mais simples atividades.

Cérebro e CoraçãoPara isso, a proposta educa-

cional da Legião da Boa Vontade valoriza a conscientização, o es-tabelecer de uma visão crítica, e

Educação e Cidadania PlenaMetodologia inovadora

94 BOA VONTADE

Page 95: Revista Boa Vontade, edição 236
Page 96: Revista Boa Vontade, edição 236

Educação e Cidadania Plena

entusiasmo permanente, e jamais presos a discursos estéreis ou a condutas enfurecidas e/ou marca-das por violência.

Educar com Espiritualidade Ecumênica é o diferencial proposto pela linha pedagógica criada pelo diretor-presidente da LBV, José de Paiva Netto, que é composta pela Pedagogia do Afeto (direcionada às crianças de até 10 anos) e pela Pedagogia do Cidadão Ecumê-nico (a partir dos 11 anos de ida-de). Nela, a preocupação com a formação integral do ser humano (Espírito-biopsicossocial – veja quadro na p. 97) une “Cérebro e Coração”, ou seja, sentimento e raciocínio, visando a uma aprendi-zagem significativa, que convida o educando a tornar-se partícipe da construção de uma Cultura de Paz. “Educação, tema sempre em pauta. Urge ser difundido e encarado, por

todos nós, como a trilha segura que encurta a distância social en-tre as classes. É também eficiente antídoto contra a violência, a criminalidade, as doenças e tudo o mais que anula o crescimento salutar de um povo”, recomenda o dirigente da Instituição.

Atualmente, essa inovadora li-nha educacional beneficia milhares de crianças, jovens, adultos e ido-sos atendidos em escolas formais e em programas socioeducacionais e socioassistenciais da LBV em quase 80 cidades brasileiras e em bases autônomas da Obra em seis países: Argentina, Bolívia, Estados Unidos, Paraguai, Portugal e Uru-guai. Essas pessoas são motivadas a assumir uma postura de maior envolvimento na discussão e reso-lução de problemas que atingem a comunidade onde vivem. Ao esti-mular a criticidade do indivíduo,

Felip

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Vivia

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reira Suelí Periotto

é supervisora da Pedagogia do Afeto e da Pedagogia do Cidadão Ecumênico e diretora do Instituto de Educação José de Paiva

Netto, em São Paulo/SP. É doutoranda e mestre em Educação pela PUC-SP, conferencista e apresentadora do programa Educação em Debate, da Super Rede Boa Vontade de Rádio (acesse www.boavontade.com).

incentiva os atores sociais a exer-cer o poder de transformação, para o enfrentamento de gravíssimos problemas sociais que corroem a esperança humana de um mundo melhor. Para nós, da LBV, a toma-da de atitudes requer agentes com coração esclarecido e munidos de

BALõES, FLORES E CRIANçAS A Supercreche Jesus, inaugurada há 28 anos, no aniversário da cidade de São Paulo (25 de janeiro), é considerada um presente de Paiva Netto à metrópole que a abriga. Para celebrar a data, alunos do Pré II e das turmas de 1o ano do ensino fundamental ocuparam os espaços entre a pracinha e as alamedas da escola com muitos balões e sorrisos.

96 BOA VONTADE

Page 97: Revista Boa Vontade, edição 236

“Espírito” A Pedagogia do Afeto e

a Pedagogia do Cidadão Ecumênico valorizam o que se encontra no

interior, os aspectos do subjetivo que trazem o

registro de experiências anteriores; afinal, o

educando não é uma tábula rasa*. Também estimula os sentimentos e reforça

valores como Solidariedade Ecumênica, Amizade e

Companheirismo, utilizados de maneira empática.

“Psico” As questões emocionais são observadas pela equipe multidisciplinar das unidades da LBV, em especial por psicólogas. Quando necessário, o educando é amparado nos aspectos de fragilidade decorrentes de situações desagregadoras, comuns ao ambiente de vulnerabilidade social a que muitas famílias estão sujeitas. A dificuldade de aprendizagem e os distúrbios e comportamentos que demandem o auxílio da profissional da área psicológica, a exemplo de casos de agressividade, isolamento e apatia, são observados com atenção.

“Bio” (biológico) Compreende os cuidados médicos, odontológicos e nutricionais. A saúde física é pensada de forma preventiva, inclusive, levando

orientação e informações às famílias, por meio de palestras, folhetos variados e programas de saúde que as beneficiem. O

bem-estar do corpo é condição essencial para o bom andamento do processo educativo.

“Social” Na LBV, enfatiza-se a prática de um trabalho conjunto da escola com a família. É fundamental a participação organizada dos pais na vida escolar do filho. Quando a escola conhece a realidade socioeconômica da família, torna-se possível contribuir para o fortalecimento dos vínculos afetivos. A família precisa de acolhimento, incentivo e orientação, a fim de que busque a superação de dificuldades, identifique e fortaleça as suas habilidades. Pelo exercício dos valores iluminados pela Espiritualidade Ecumênica, promove-se a Cultura de Paz nas escolas da LBV, onde, aliás, o índice de evasão é zero.

O que é ser Espírito-biopsicossocial?Nas unidades socioeducacionais da LBV, o aluno é considerado um ser Espírito-biopsicossocial, pois ele já

traz consigo o registro de experiências que contribuirão para o aprendizado.

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DESENVOLVIMENTO INTEGRAL

* Tábula rasa — No empirismo (escola do pensamento filosófico que defende como origem única do conhecimento a experiência, aquilo que se capta do mundo externo), o termo tábula rasa é o estado que carac-teriza a mente vazia, anterior a qualquer conhecimento obtido por meio dos sentidos.

BOA VONTADE 97

Page 98: Revista Boa Vontade, edição 236

res e demais profissionais durante as atividades da educação formal e daquelas com abordagem lúdico- -pedagógica. Por exemplo, desde a primeira infância, incentivam-se a vivência e a construção de gestos ligados à proteção do meio am-biente; à defesa pessoal (alertando crianças e jovens sobre o perigo das drogas); a uma reflexão e busca de caminhos alternativos ao sen-timento egoísta que tão somente produz um progresso desumano.

Pela via da educação é possí-vel construir uma Cultura de Paz, com ações (sistematizadas ou não) que sejam significativas para a juventude. Educar a gente nova com valores éticos, ecumênicos e espirituais, vale reiterar, é o que fundamenta a proposta pedagógica criada pelo educador Paiva Netto. Para ele, aliás, o fato de abastecer o coração dos pequeninos com a

“Educação, tema sempre em pauta. Urge ser

difundido e encarado, por todos nós, como a

trilha segura que encurta a distância social entre as classes. É também

eficiente antídoto contra a violência, a criminalidade, as doenças e tudo o mais que anula o crescimento

salutar de um povo.”Paiva Netto

propicia-lhe espaços de reflexão acerca de seu papel, inclusive, no cumprimento dos oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM).

Tal entendimento vem com o despertar da consciência de que somos parte de um mundo que carece de intervenção pessoal de seus moradores, responsáveis indivi dual e coletivamente por esta casa planetária. Daí a necessidade de um direcionamento de esforços para uma sustentabilidade integral. Por isso, os que passam pelas es-colas e pelos programas da LBV sentem-se motivados a participar de ações em favor da preservação ambiental e da valorização da Vida.

Metodologia própriaHá mais de seis décadas, a

Legião da Boa Vontade tem traba-lhado para oferecer uma educação

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La Paz, Bolívia

de qualidade, em ambiente escolar livre de violência. Em toda ativi-dade da LBV, meninas e mulheres recebem o apoio necessário, e em total condição de igualdade com meninos e homens, para desenvolver a própria autonomia socioeconômica, alcançar a inclu-são e ter voz ativa na sociedade, com comprometimento em ações sustentáveis.

Pesquisas, debates, aprofun-damento nas questões que afetam o entorno dos lares, propostas de medidas proativas e simulação de ações comunitárias fazem parte das estratégias utilizadas pela me-todologia própria da Instituição, o MAPREI (Método de Aprendiza-gem por Pesquisa Racional, Emo-cional e Intuitiva). Os alunos das escolas e os participantes dos di-versos programas da LBV contam com a mediação atenta de educado-

Educação e Cidadania Plena

98 BOA VONTADE

Page 99: Revista Boa Vontade, edição 236

Buenos Aires, Argentina

Cascavel/PRRio de Janeiro/RJ

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ideia de cultivar bons sentimentos terá naturalmente uma consequên-cia: eles devolverão à sociedade, quando jovens e depois como adul-tos, o mesmo que lhes foi dado.

A Pedagogia do Afeto e a Pe-dagogia do Cidadão Ecumênico inspiram-se no exemplo de vida e nos ensinos do Educador Ce-leste — Jesus. Em Sua passagem visível pela Terra, deixou-nos uma importante mensagem de Amor Fraterno, destacadamente no Evangelho segundo João, capí-tulo 13, versículos 34 e 35: “Novo Mandamento vos dou: Amai-vos como Eu vos amei. Somente assim podereis ser reconhecidos como meus discípulos, se tiverdes o mesmo Amor uns pelos outros”. Em cumprimento a essa ordem su-prema, a LBV defende a bandeira da Solidariedade, da Fraternidade e da Paz, opondo-se desse modo ao sentimento egoístico que tem levado a Humanidade a guerras, fome e doenças.

A educação, então, deve investir na formação do intelecto sem es-quecer que todos nós somos seres de Alma e mente, que necessitam de conforto espiritual — isto é, nas palavras do dirigente da LBV, é preciso ter “uma visão além do intelecto”. Meninas e mulheres, meninos e homens, tenho certeza, sempre agradecerão toda proposta educacional que os respeite e con-sidere o potencial de cada um a fim de contribuir para ações positivas que, somadas fraternalmente, farão diferença no contexto do próximo conjunto de metas globais: os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

BOA VONTADE 99

Page 100: Revista Boa Vontade, edição 236

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Iniciativa da LBV beneficia milhares de alunos em todo o Brasil

Campanha Criança Nota 10!Entrega de kits pedagógicos

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100 BOA VONTADE

Page 101: Revista Boa Vontade, edição 236

Cadernos, estojo, lápis, canetas, apontador, borrachas, esses e outros materiais compõem o

kit pedagógico da tradicional Cam-panha da Legião da Boa Vontade Criança Nota 10, que tem o tema Proteger a infância é acreditar no futuro!. A iniciativa ocorreu no início do ano letivo e beneficiou em todo o país estudantes de famílias de baixa renda atendidos na rede de en-sino da Instituição e os participantes dos programas LBV — Criança: Futuro no Presente! e Jovem: Fu-turo no Presente!, desenvolvidos nos seus Centros Comunitários de Assistência Social. Em São Paulo/SP, receberam também o material escolar os alunos da modalidade de ensino EJA (Educação de Jovens e Adultos), do Instituto de Educação José de Paiva Netto.

Para Najara Anastácia, mãe de três alunos do Instituto de Educação na capital paulista, o kit “é muito bom! [As ações da LBV] ajudam muito as crianças e a gente dentro de casa, porque no período em que eles estudam, pode-se trabalhar, não tem que ficar se preocupando com a questão de horário. Eles es-tão bem mais calmos do que antes. Muito obrigada por tudo!”.

Somente em 2014, foram 14 mil kits pedagógicos entregues à garotada, que serve de motivação para elas prosseguirem com os estudos e é um importante apoio aos pais que não têm recursos para adquiri-los. “Desde cedo, as crianças recebem toda a instru-mentalização necessária para um bom rendimento escolar. Há uma preocupação muito grande da LBV para que elas tenham, com toda a

“Na LBV, a gente sabe

que nossos filhos vão ser crianças nota 10!” Ariana Nunes Siqueira

Joinville/SC

Presidente Prudente/SP

Teresina/PI

Fortaleza/CE

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BOA VONTADE 101

Page 102: Revista Boa Vontade, edição 236

dignidade, o seu material; para que desenvolvam toda a sua poten-cialidade”, destacou a supervisora da linha educacional da Legião da Boa Vontade, Maria Suelí Periotto, doutoranda em Educação pela PUC-SP.

Nas unidades socioeducacio-nais da LBV, o ensino é permeado pelos valores da Espiritualidade Ecumênica, sobre os quais estão firmadas a Pedagogia do Afeto (para crianças de até 10 anos) e a Pedagogia do Cidadão Ecumê-nico (a partir dos 11 anos). O

objetivo dessa proposta, criada pelo educador Paiva Netto, é formar cidadãos que tenham não somente a capacidade intelectual desenvolvida, mas

também ajam em consonância com os valores éticos, morais e

espirituais.A palavra de Leonaldo

José da Silva, pai da pequena Tai-ná, de Recife/PE, traduz bem o que representa a ajuda da Instituição durante todo o ano e esse reforço especial. “A LBV nos acolheu e deu oportunidade para minha filha ter educação. O kit pedagógico é uma contribuição inesquecível, porque não tenho recursos para comprar,

Baixe o leitor QR Code em seu celular e/ou smartphone, fotografe o código

e assista ao vídeo da Campanha Criança Nota 10 — Proteger a infância

é acreditar no Futuro!.

“Eu não acredito que ganhei

tudo isso, lápis de cor, borracha, os cadernos são lindos. Muito obrigada!”

Milena dos Santos Anápolis/GO

Campanha Criança Nota 10!

Anápolis/GO

Ipatinga/MG

Piracicaba/SP

Ananindeua/PA

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A Campanha Criança Nota 10 — Proteger a infância é acreditar no futuro! chegou também em Itaoca/SP, no interior paulista. Foram entregues 180 kits pedagógicos completos a alunos da rede municipal de en-sino e 532 mochilas a estudantes da rede estadual. Em janeiro, a cidade foi atingida por fortes chuvas, deixando diversos pontos do município inundados. Imediatamente após a tragédia, a LBV angariou doa-ções, entregando-as, alguns dias depois, às vítimas da inundação. Além do material escolar, a Instituição encaminhou ao local caminhão com 5,5 toneladas de alimentos não perecíveis, que incluíam, entre outros itens, óleo, arroz, feijão, e água potável.

LBV: presente onde o povo precisa

chega num momento em que mais precisamos, sou muito grato. A LBV está de parabéns pelo seu trabalho, que faz a diferença em nossas vidas. Graças a Deus a minha filha não está na rua aprendendo coisas erra-das, está na LBV tendo educação”, declarou.

SER CRIANçA NOTA 10 é...

“Estudar, tirar boas notas, prestar atenção nas aulas, respeitar os professores,

diretores, coordenadores e ser uma criança feliz!”

Letícia Goes15 anos, São Paulo/SP.

São Paulo/SP

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Itaoca/SP Itaoca/SP

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Ação da LBV supera a marca de 11 milhões de atendimentos e benefícios

104 BOA VONTADE

Page 105: Revista Boa Vontade, edição 236

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São Paulo/SP

Page 106: Revista Boa Vontade, edição 236

A Legião da Boa Vontade al-cançou a expressiva marca de 11.053.113 atendimentos e

benefícios oferecidos à população de baixa renda em todo o Brasil em 2013. O número representa um cres-cimento de quase 8% em relação a 2012 — nesse período, a Instituição contabilizou 10.255.833 atendimen-tos e benefícios.

A informação consta do balanço social da LBV, que é analisado há mais de duas décadas por auditores externos independentes, por inicia-tiva de seu diretor-presidente, José de Paiva Netto, muito antes de a

legislação que exige essa medida entrar em vigor.

Em ano de Copa do Mundo no Brasil, o anúncio da LBV é um verdadeiro gol de placa em favor do povo brasileiro. O trabalho da Instituição nesse período impactou diretamente mais de 220 mil pessoas com ações

educativas e de assistência social. Aliás, uma característica marcante da Obra desde o seu surgimento oficial

no país, a 1º de janeiro de 1950 (dia da Confraternização Universal): uma Instituição que educa com Espirituali-dade Ecumênica. São 64 anos atuando em uma das frentes mais importantes para a paz do planeta, sempre pro-curando entender o indivíduo como um ser integral, rejeitando o modelo pedagógico que supervaloriza a razão em detrimento do conteúdo sócio, afetivo e intuitivo.

A Pedagogia do Afeto (direciona-da às crianças de até 10 anos de idade) e a Pedagogia do Cidadão Ecumênico (que contempla a aprendizagem para a faixa etária a partir dos 11 anos), criadas pelo diretor-presidente da LBV vem há décadas inspirando edu-cadores a contribuir para que crianças, jovens e suas famílias se tornem cidadãos mais fraternos, formando “Cérebro e Coração”.

Esse pioneiro trabalho está pre-sente em dezenas de cidades do país transformando para melhor a vida de muitos brasileiros. A seguir, um resumo das principais áreas de atua-ção da LBV.

Florianópolis/SC

São Paulo/SP

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Balanço Social

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Page 107: Revista Boa Vontade, edição 236

7711de atendimentos e benefícios

a famílias e pessoas em situação de vulnerabilidade

ou risco social.

Além de escolas, Centros Comunitários de Assistência Social e lares para idosos, a LBV utiliza uma rede de comunicação social própria (rádio, TV, internet e publicações) para fomentar educação, cultura e valores de cidadania.

77

lbV brasilA Legião da Boa Vontade foi criada oficialmente em 1o de janeiro de 1950 (Dia da Confraternização Uni-

versal), na cidade do Rio de Janeiro/RJ, Brasil, pelo jornalista, radialista e poeta Alziro Zarur (1914-1979), sucedido na presidência da Instituição pelo também jornalista, radialista e escritor José de Paiva Netto.

milhõesunidades socioeducacionais

em todo o Brasil.

É a quantidade de pessoas impactadas pelo trabalho da LBV em seus programas socioeducacionais nas escolas, Centros Comunitários de As-sistência Social, lares para idosos, e por suas campanhas institucionais.

Número de atendimentos

e benefícios prestados pela

Legião da Boa Vontade

de 2009 a 2013*

* Há mais de duas décadas, a Legião da Boa Vontade tem seu balanço geral analisado por auditores externos independentes, uma iniciativa de José de Paiva Netto, diretor-presidente da LBV, muito antes de a legislação que exige essa medida entrar em vigor.

2009 2010 2011 2012

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53.1

13

2013

11220mil220mil++dede

++dede

BOA VONTADE 107

Page 108: Revista Boa Vontade, edição 236

ESCOLASAs unidades de ensino da LBV promovem o

desenvolvimento do intelecto e do sentimento, com

efetividade e competência. As atividades abrangem todas as etapas do ensino básico, assim como a Educação de

Jovens e Adultos (EJA). Belém/PA

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São Paulo/SP

O Instituto de Educação José de Paiva Netto, em São Paulo/SP, Brasil, demonstra que Educação de qualidade, Solidariedade e Espiritualidade Ecumênica são indispensáveis à formação do cidadão pleno. Tais valores refletem a Pedagogia do Afeto e a Pedagogia do Cidadão Ecumênico, preconizadas por Paiva Netto e aplicadas com sucesso na rede de ensino e nos programas socioeducativos da Instituição. Em um grande totem, ao lado do frontispício, o dirigente da LBV fez colocar esta máxima de Aristóteles (384-322 a.C.), grafada em letras douradas: “Todos quantos têm meditado na arte de governar o gênero humano

acabam por se convencer de que a sorte dos impérios depende da educação da mocidade”.

Balanço Social

108 BOA VONTADE

Page 109: Revista Boa Vontade, edição 236

Rio de Janeiro/RJ Nathália Valério

Taguatinga/DF

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Curitiba/PR

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Page 110: Revista Boa Vontade, edição 236

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Teófilo Otoni/MG Teófilo Otoni/MG

Uberlândia/MG

ABRIGOS PARA

IDOSOSSão três as unidades da LBV que acolhem idosos sem referências e/ou afas-tados do núcleo familiar.

O conjunto de açõesinclui acompanhamento nutricional, assistência

médica e de enfermagem e terapia ocupacional.

Volta Redonda/RJ

Balanço Social

Page 111: Revista Boa Vontade, edição 236

Nestas unidades socioassistenciais, o atendimento a pessoas efamílias em situação de risco social e/ou pessoal contribui para o

fortalecimento da Cidadania Solidária. Nesse espaço, os atendidos desenvolvem suas capacidades, talentos e valores, por meio de

atividades socioeducativas e de fortalecimento de vínculos familiares e comunitários, além de oficinas de Capacitação e Inclusão Produti-va. Dessa forma, eleva-se a autoestima dessas pessoas, que assim

podem melhor exercer seus direitos e deveres, tornando-se, inclusive, agentes do desenvolvimento sustentável. O trabalho da LBV, que

inclui programas e campanhas de mobilização social e de conscien-tização, visa à valorização da Vida, com foco na criança e na família.

A seguir, algumas dessas ações.

CENTROS COMUNITÁRIOS DE ASSISTÊNCIA SOCIAL Teresina/PI

Mogi das Cruzes/SP

Maringá/PR

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Page 112: Revista Boa Vontade, edição 236

Cuiabá/MT

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Salvador/BA

Criança: FUtUrO nO PrEsEntE! JOVEm: FUtUrO nO PrEsEntE!Participam dos programas meninas e meninos de 6 a 18 anos de idade, atendidos nas unidades socioassistenciais da Instituição. A iniciativa contribui para o protagonismo infantojuvenil, por considerar a história de vida e as características individuais de cada criança e adolescente. Assim, são promovidas atividades que ajudam a despertar competências e habilidades, além de incentivar a vivência de valores de cidadania, a Cultura de Paz e a união da família.

Manaus/AM

Uberlândia/MG

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Balanço Social

112 BOA VONTADE

Page 113: Revista Boa Vontade, edição 236

ViVênCia sOLidária E Vida PLEnaContribuem para a inserção sociocultural e o fortalecimento da cidadania de jovens, adultos e idosos. Proporciona ambiente que propicia a construção de vínculos interpessoais, intergeracionais e familiares, por meio de atividades em grupo, prática esportiva, atividades culturais etc.

Rio de Janeiro/RJ

Florianópolis/SC

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Baixe o leitor QR Code em seu celular e/ou smartphone, fotografe o código e conheça histórias de vidas que foram transformadas com o apoio da Legião da Boa Vontade. Elas representam os milhares de atendidos pela Instituição em todo o país.

BOA VONTADE 113

Page 114: Revista Boa Vontade, edição 236

CidadãO-BEBêCom o objetivo de melhorar a qualidade de vida da criança

e da mãe, este programa da LBV atende gestantes e

mulheres com filho de até 3 anos de idade. Orientação

sobre o processo gestacional e a saúde do bebê, além

do acompanhamento social das famílias, faz parte das

atividades. A ação visa também ao desenvolvimento

e equilíbrio das relações familiares.

CaPaCitaçãO E inCLUsãO PrOdUtiVaPrepara jovens e adultos para o mercado de trabalho, por

intermédio de cursos voltados para o desenvolvimento de competências e habilidades

técnicas e pessoais.

Liliane Cardoso

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Porto Alegre/RS

Poços de Caldas/MG

Cachoeiro do Itapemirim/ES

São Gonçalo/RJ

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Balanço Social

114 BOA VONTADE

Page 115: Revista Boa Vontade, edição 236

CAMPANHASsOs CaLamidadEs

Realizada em parceria com a Defesa Civil e outros órgãos do poder público, além da iniciativa privada, a campanha conta com o apoio de voluntários. Empreende ações emergenciais no atendimento a pessoas e/

ou comunidades atingidas por calamidades. Entrega itens de primeira necessidade

(alimentos de pronto consumo, água potável, roupas, calçados etc.), material de higiene

pessoal e de limpeza e colchonetes.

Criança nOta 10 — PrOtEgEr a inFânCia é aCrEditar nO FUtUrO! (VEJa na P. 100)

nataL PErmanEntE da LBV — JEsUs, O PãO nOssO dE Cada dia! (VEJa na P. 122)

Xerém, Duque de Caxias/RJ

Xerém, Duque de Caxias/RJ

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Nathália Valério

BOA VONTADE 115

Page 116: Revista Boa Vontade, edição 236

Opinião — Congresso em pautaPolíticas públicas

A Câmarao sociale

O papel de uma das principais comissões permanentes da Câmara dos Deputados em 2013-2014

Paulo Kramer | Especial para a BOA VONTADE

116 BOA VONTADE

Page 117: Revista Boa Vontade, edição 236

Paulo Kramer, cientista político, professor universitário e assessor parlamentar.

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Explicar aos leitores a estru-tura, o funcionamento e os bastidores do Congresso Na-

cional e o impacto prático de suas decisões — e indecisões — no dia a dia de todos os brasileiros é um dos compromissos desta coluna. Hoje se poderá conhecer o papel de uma das principais comissões permanentes da Câmara dos De-putados: a Comissão de Seguri-dade Social e Família (CSSF). A exemplo do que ocorre em outras comissões, muitos projetos de lei que ali tramitam são apreciados conclusivamente, isto é, podem ser aprovados apenas no âmbito da CSSF, dispensando votação no plenário da Casa.

Cumpre aos deputados federais que integram a CSSF, em propor-ções que refletem o tamanho de cada bancada ou bloco partidário da Casa, debater e deliberar sobre proposições legislativas e fiscali-zar as ações do Poder Executivo nas três grandes áreas compreen-didas pelo artigo 194 da Cons-tituição Federal de 1988 (saúde, previdência e assistência social), bem como em assuntos relativos à família brasileira. Por isso, muitos dos integrantes dessa comissão são médicos, profissionais de ou-

tras esferas da saúde, assistentes sociais e representantes de gru-pos religiosos e de movimentos comunitários. De acordo com o Regimento Interno da Câmara (artigo 32, inciso XVII), essas competências constitucionais se traduzem em um amplo “man-dato”, cabendo à CSSF tratar de importantes temas relacionados a tais áreas.

Nas comissões permanentes da Câmara, o mandato dos presi-dentes, indicados pelos partidos políticos também com base no número de cadeiras ocupadas na Casa, tem um ano de duração, enquanto, no Senado Federal, esse mandato é de dois anos. Em 2013, sob a presidência do deputado Florisvaldo Fier, mais conhecido como Dr. Rosinha, a CSSF promoveu várias audiências públicas e deliberou sobre diver-sas proposições, umas e outras voltadas para o desenvolvimento de políticas públicas sociais. Aqui estão destaques de algumas dessas audiências acerca das supracitadas áreas.

Assistência socialA comissão aprovou, por una-

nimidade, o substitutivo (texto que emenda uma proposta na totalidade desta) do relator, Dr. Rosinha, ao Projeto de Lei (PL) no 3.256, de 2012. A proposta dá prioridade a mulheres em situação de violência doméstica e familiar afastadas do domicílio, para preservação da integridade física e psicológica delas, no recebimento de benefício eventual, o qual tem o objetivo de facilitar a reinserção segura e pro-dutiva dessas vítimas na comunida-de. O projeto original é de autoria do senador Humberto Costa, e o substitutivo deixa a critério dos Conselhos Municipais de Assis-tência Social a duração do prazo para a concessão desse benefício. O PL nº 3.256 encontra-se agora na Comissão de Finanças e Tributação (CFT), aguardando parecer de seu relator, o deputado João Dado.

Não se deve esquecer que a atual situação da violência contra a mulher é seriíssima em nosso país, haja vista que uma é assassinada a cada hora e meia.

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BOA VONTADE 117

Page 118: Revista Boa Vontade, edição 236

cia pública destinada a debater a simplificação do processo de adoção. Segundo uma das pales-trantes convidadas para o evento, Bárbara Toledo, representante da Associação Nacional dos Gru-pos de Apoio à Adoção (Angaad), existem hoje três cadastros pa-ralelos de adoção: o nacional, o estadual e o local. Apesar disso, mais de 45 mil crianças esperam ser adotadas, muitas das quais enfrentando um grave obstáculo: o preconceito. O cadastro nacio-nal lista até o presente momento 5.439 crianças aptas à adoção e 29.887 pessoas que querem ado-tar. Infelizmente, grande parte desse número recusa maiores de 5 anos de idade ou adolescentes. A lei atual não esclarece o que deve ser feito, necessitando ur-gentemente de aperfeiçoamento.

Quanto à audiência, cabe re-gistrar que os participantes dela concluíram os trabalhos propondo a implantação de um cadastro único de adoção e sugerindo maior rapidez na apreciação dos projetos de lei que tramitam na Câmara sobre esse assunto.

PrevidênciaAqui, há dois destaques. O

primeiro refere-se ao fato de que a CSSF aprovou o PL nº 7.201/2010, de vários autores, que obriga a Previdência Social a oferecer reabilitação profissional aos aposentados por invalidez considerados aptos a voltar a trabalhar. O texto estabelece que, durante a reabilitação, o segurado terá garantido o benefício por incapacidade até ser considerado

habilitado para desempenho de nova atividade e que, caso não seja recuperável, será reencami-nhado para a aposentadoria por invalidez. A matéria encontra-se na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) e aguarda parecer do relator, deputado Alessandro Molon. O segundo destaque é o de que a comissão promoveu audiência pública para esclarecer detalhes sobre a Rede de Cuidados à Pes-soa com Deficiência, em processo de implantação no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).

SaúdeTradicionalmente, é o setor em

que se concentra o maior número de proposições apreciadas pela CSSF. Os debates e audiências que a comissão promove nesta área também costumam levantar polêmicas e, dessa forma, conse-guem capturar maior atenção dos meios de comunicação e maior envolvimento da opinião pública. Um bom exemplo são as audiên-cias públicas que examinaram os prós e os contras da contratação de médicos estrangeiros para trabalhar em regiões distantes e nas periferias urbanas mais ca-rentes. Tais debates, sem dúvida, contribuíram para a intensificação dos ânimos nos climas político e social, ânimos esses que influen-ciaram as manifestações popula-res ocorridas a partir de junho do ano passado em todo o país. Estas, por sua vez, fizeram com que se desembocasse na Medida Provi-sória nº 621/2013, a qual instituiu o programa Mais Médicos.

Pesquisa do Instituto de Pesqui-sa Econômica Aplicada (Ipea) sobre o tema “Violência contra a mulher: feminicídios no Brasil” registrou 16,9 mil assassinatos entre 2009 e 2011. O que é pior: os crimes foram geralmente co-metidos por maridos, namorados ou ex-parceiros.

Ainda nesta área, cabe assi-nalar a participação da CSSF, ao lado das Comissões de Finanças e Tributação; de Fiscalização Fi-nanceira e Controle; de Educação; e de Trabalho, de Administração e Serviço Público, na realização de audiência pública sobre o proces-so de certificação das entidades beneficentes de assistência social, requisito indispensável a fim de que a instituição (pessoa jurídica de direito privado sem fins lu-crativos) possa obter isenção de contribuições para a seguridade social e tenha reconhecida sua finalidade de prestação de servi-ços nos campos da assistência, educação e/ou saúde.

FamíliaVale a pena ressaltar a audiên-

Quem estiver interessado em mais dados e informações sobre a ação

da CSSF no ano passado poderá consultar o relatório completo de

atividades da comissão.

Opinião — Congresso em pauta

118 BOA VONTADE

Page 119: Revista Boa Vontade, edição 236

Consumo consciente

O Programa de Eficiência Ener-gética da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e das

Centrais Elétricas de Santa Catarina S.A. (Celesc) fez entre março e abril a substituição de chuveiros e lâmpadas convencionais por equipamentos mais eficientes nos municípios de Papandu-va, Itaiópolis, Mafra, Canoinhas, Três Barras, Monte Castelo, Irineópolis, Major Vieira e Porto União, no norte do Estado catarinense. Desde então, a medida tem beneficiado aproxima-damente 13 mil consumidores que contam com tarifa social na região. A concessionária investiu R$ 2,5 mi-lhões nessas melhorias e estima uma economia média de 2.400 megawatt--hora (MWh) ao ano.

As alterações fazem parte de mais uma etapa do projeto Energia do Bem — o qual está na terceira edição —, integrante do Programa de Eficiência Energética da Celesc (PEE Aneel/Celesc). Em 2014, a grande inovação foi a troca dos chuveiros elétricos antigos, que têm potência média de 5.400 watts, por chuveiros com 3.800 watts acrescidos com a tecnologia de re cuperação de calor.

O princípio de funcionamento des-sa técnica inovadora é o reaproveita-mento térmico. Nesse sistema, o calor é reaproveitado quando do contato in-direto entre a água do banho (quente) e a água da caixa (fria), contato esse que ocorre por meio de um equipamento chamado trocador de calor. Este faz

Tecnologia reduz consumo de energia elétrica

com que o líquido da caixa chegue pré-aquecido ao chuveiro. Com isso, o aparelho precisa de menor potência para aquecer a água, gerando-se, as-sim, economia de energia.

Além da instalação do trocador de calor, o projeto incluiu a substitui-ção de lâmpadas incandescentes por fluorescentes compactas e a realiza-ção de palestras educativas sobre o uso correto, consciente e seguro da energia elétrica nas comunidades abrangidas pela iniciativa. A troca dos equipamentos de aquecimento e de iluminação deve representar redu-ção de 30% na potência da moradia. Caso a família adote outras medidas

para o consumo consciente, a dimi-nuição no valor da conta de energia elétrica pode ser de 30 a 50%.

Desde que foi implementado, o projeto já beneficiou 43 municípios do Estado de Santa Catarina e o município de Rio Negro, no Paraná. A estimativa é a de que, no período de um ano, o consumo diminua em até 50%, ocasionando redução de 7.700 MWh, suficientes para abas-tecer uma cidade do tamanho de São Miguel do Oeste — com 39 mil unidades consumidoras residenciais — durante um mês. A diminuição esperada da demanda é de, aproxi-madamente, 3,7 MW.

Da Redação

Como funciona o trocador de calor1. A água proveniente da caixa d’água é desvia-da, passando por uma serpentina de alumínio, acoplada ao chão.2. A água que cai do chu-veiro aquece a que circula na serpentina.3. Com isso, há reaproveitamento do calor, pois o líquido pré-aquecido retorna ao chuveiro.4. Esse pré-aquecimento faz com que o chuveiro precise de menor potência para aquecer a água, gerando-se, assim, economia de energia.

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BOA VONTADE 119

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Carlos Arthur Pitombeira, jornalista.

Carlos Arthur Pitombeira | Especial para a BOA VONTADE

EsporteOs desafios da imprensa para esta nossa Copa do Mundo

e cidadania

Opinião — Mídia AlternativaMobilidade e cultura

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Faltando menos de 30 dias para o início da Copa do Mundo no Brasil, os jor-

nalistas esportivos estariam se preparando para se movimentar nas 12 cidades-sede, estudando a cultura, a economia e as condições de mobilidade de cada uma delas? Sim, porque a cobertura desta Copa para a mídia brasileira será um grande desafio. Paralelamente à pauta esportiva de cada dia, sur-girão outras, que exigirão atenção dos repórteres, entre as quais a das obras em andamento nos locais onde estão os novos estádios de fu-tebol. É o legado que ficará para a população após a Copa do Mundo: mobilidade urbana; ligação entre aeroportos, portos, zona hoteleira e terminais rodoviários; e segurança, abrangendo tanto forças públicas quanto privadas, com ganhos de

cidadania que prometem irradiar a curto prazo pelo resto do país.

Todos esses compromissos fo-ram assumidos lá atrás com a Fede-ração Internacional de Futebol As-sociado (Fifa) para que o Brasil pu-desse sediar esta Copa do Mundo, e ninguém melhor para documen tar a situação dessas obras do que as equipes de reportagem que estarão viajando pelas 12 capitais (Belo Horizonte/MG, Cuiabá/MT, Curitiba/PR, Fortaleza/CE, Bra-sília/DF, Manaus/AM, Natal/RN, Porto Alegre/RS, Recife/PE, Rio de Janeiro/RJ, Salvador/BA e São Paulo/SP). Essas equipes serão vítimas ou beneficiadas, vivendo a mesma situação de milhares de turistas nacionais e estrangeiros e de seus colegas de outros países.

A mídia brasileira precisa ter consciência de que a cobertura

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Page 121: Revista Boa Vontade, edição 236

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(1) O BRT de Curitiba, o primeiro, inaugurado em 1974, hoje conta com 81 quilômetros de extensão. (2) O BRT Transoeste (no Rio de Janeiro), entregue ao público em 2012, possui linhas expressas e semiexpressas.

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desta Copa contemplando outras pautas que não a esportiva será um grande desafio. Por isso, não há mais tempo a perder! É preciso preparar o pessoal do esporte para cobrir, simultaneamente, a pauta de cidade, porque esta Copa do Mundo será também a Copa da cidadania. Sair-se-á melhor quem for mais criativo.

Em um evento internacional e apaixonante como esse, em que tudo ocorre em velocidade muito grande — as condições de aeropor-tos, portos, terminais rodoviários e zona hoteleira —, tudo tem que estar funcionando bem. Senão, terá de ser denunciado. Serão os repórteres esportivos que estarão vivendo isso na pele.

Para os jornais nacionais, esta Copa do Mundo, repito, não ficará restrita a uma simples cobertura esportiva. Irá muito além. Ela será também uma Copa cidadã.

No que diz respeito à mobilida-de, o sistema de trânsito rápido de ônibus (BRT, do inglês Bus Rapid Transit) e o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) têm se mostrado, em quase todas as cidades, os modelos preferidos de transporte coletivo em ônibus. Belo Horizonte quer a construção de quatro BRTs; Brasília e Cuiabá, dois; Curitiba, três; Fortaleza e Manaus, um BRT cada uma.

No Rio de Janeiro, o BRT Tran-soeste, ligando a Barra da Tijuca a Santa Cruz e Campo Grande, vem correspondendo plenamente com ônibus biarticulados confortáveis e reduzindo pela metade o tempo de viagem para quem mora em uma ponta do sistema e trabalha

na outra. Esse modelo de sistema é caracterizado por vias segrega-das para ônibus com embarques pré-pagos em estações fechadas. O corredor por onde ele circula consiste em faixas de rolamento preferenciais para ônibus. Ao mesmo tempo que mais carros se vão somando à frota, o número de automóveis nas ruas vai sendo re-duzido e vão diminuindo os pontos de engarrafamento.

As obras do BRT Transcarioca (da Barra da Tijuca até a Ilha do Governador), outro compromisso do governo com a Fifa, estão tão adiantadas que poderão ser inau-

guradas em maio próximo, com a presença da presidenta Dilma Rousseff. Ele mexerá com a vida de mais de 400 mil pessoas diariamente. Isso porque o sis-tema seguirá pelo Campinho até ganhar outros bairros, entre eles Madureira, Vaz Lobo, Vicente de Carvalho, Vila da Penha, Penha, Olaria e Ramos. A Transolímpi-ca é outro BRT com obras em andamento para ligar a Barra da Tijuca a Deodoro. O BRT faz parte do projeto da prefeitura do Rio, que quer integrá-lo a outros três, às linhas de trem e de metrô e ao VLT.

BOA VONTADE 121

Page 122: Revista Boa Vontade, edição 236

Triunfoe da Boa Vontadedo Amor

Natal Permanente da LBV

Mobilização solidária da LBV atende mais de 50 mil famílias em situação de

vulnerabilidade socialWellington Carvalho de Souza

122 BOA VONTADE

Page 123: Revista Boa Vontade, edição 236

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BOA VONTADE 123

Page 124: Revista Boa Vontade, edição 236

A tradicional Campanha Natal Permanente da LBV — Jesus, o Pão Nosso de

cada dia! encerrou com sucesso um ano de trabalho solidário in-tenso. A iniciativa ajudou a pro-piciar um Natal sem fome e feliz a mais de 50 mil famílias brasi-leiras atendidas ao longo de 2013 pela Legião da Boa Vontade, por meio dos programas socioedu-cativos dela, e por organizações parceiras da Instituição. Graças à ajuda do povo, a LBV arrecadou e entregou mais de 900 toneladas de alimentos não perecíveis a pessoas de comunidades em si-tuação de vulnerabilidade social.

O resultado de toda essa mobi-lização fraterna pode ser medido pelo nível de satisfação e de ale-gria sentidas pelos beneficiados. “O Natal será bem melhor para mim com esta cesta de alimentos, pois tenho a certeza de que ama-nhã terei um alimento em minha mesa”, ressaltou Juliana Reis, de Salvador/BA.

A confiança nos serviços pres-

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São Paulo/SP

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124 BOA VONTADE

Page 125: Revista Boa Vontade, edição 236

São Paulo/SP — A partir da esquerda, os atores mirins da novela Chiquititas: Gabriel Santana, Lívia Inhudes, Giovanna Grigio, Raissa Chaddad e Filipe Cavalcante na entrega das cestas de alimentos a famílias atendidas pela Legião da Boa Vontade.

Sorocaba/SP — Luiz Fernando Alves, presidente da Comissão Permanente da Fundação Rotária – Rotary Club de Sorocaba Art Nossa, participa da entrega das cestas de alimentos da Legião da Boa Vontade no interior paulista. 

São Paulo/SP — A modelo Babi Rossi participa da ação solidária da

LBV.

São Paulo/SP — A partir da esquerda, os empresários Renato Marcelino e Sérgio Barbosa, da Tramppio Confecções; e o também empresário Cláudio Torck, da VMX 360 Tecnologia, parceiros da Campanha Natal Permanente da LBV, prestigiam a entrega de cestas de alimentos a famílias da capital paulista.

Santos/SP — Maristela Bechara, assessora técnica do Fundo Social de Solidariedade de Santos, participa da entrega de cestas de alimentos representando a presidente do fundo Maria Ignez Pereira Barbosa. Ao seu lado, o radialista Jaime Cordeiro.

Americana/SP — Reginaldo Tempesta, representante da Escola Abadá Capoeira, voluntário na ação da LBV.

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BOA VONTADE 125

Page 126: Revista Boa Vontade, edição 236

tados pela Legião da Boa Vontade e o reconhecimento da excelência deles são comumente manifes-tados por pessoas de todas as regiões brasileiras. Exemplo dis-so foi dado por Adriano Ávilla Pereira, que tem dois filhos par-ticipantes do programa da LBV Criança: Futuro no Presente! em Florianópolis/SC. Ele agradeceu a ajuda especial — representada pela entrega dos alimentos — e comentou: “Aqui é como se fosse a segunda casa de meus filhos. Eu sei que posso trabalhar tranqui-lo, pois aqui lhes são transmiti-dos ensinamentos e valores bons. Esse trabalho forma uma nova geração, que vai transformar o mundo para melhor. A cesta é só um complemento da ação maravi-lhosa que a LBV faz durante todo o ano. Nunca vi isso em nenhum outro lugar”.

Esse mesmo sentimento é com-partilhado por Francisca Pinto de Oliveira, atendida no Centro Comunitário de Assistência So-cial da Legião da Boa Vontade

Natal Permanente da LBV

Campinas/SP

Poços de Caldas/MG

Nova Friburgo/RJ

São José do Rio Preto/SP

Niterói/RJ

Sorocaba/SP São Sebastião do Paraíso/MG

Belford Roxo/RJ

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Page 127: Revista Boa Vontade, edição 236

Campinas/SP — O radialista Billy Rovaron, diretor artístico da Rádio Nova Sertaneja FM (de Jaguariúna), prestigiou a entrega das cestas de alimentos da LBV.

Campinas/SP — Silnéia Oliveira, Diretora da ITV Mídia Digital, prestigia a cerimônia da Campanha Natal Permanente da LBV.

Bauru/SP — Cristina Ramos (E), diretora do Jornal Zona Leste News, participa da entrega das cestas de alimentos arrecadados pela campanha da LBV.

Presidente Prudente/SP — A senhora Prudentina recebe das mãos do empresário Guilherme Florez e da psicóloga da Instituição Nancy Ribeiro cesta de alimentos da LBV.

Sorocaba/SP — Cidinha Ataíde, assessora técnica da Secretaria de Desenvolvimento Social, durante a entrega das cestas de alimentos da LBV.

Bauru/SP — Lisandra

Gastaldo Lopes, coordenadora

do programa Mesa Brasil Sesc,

entrega cesta de alimentos da LBV à atendida Nilza Pereira.

Franca/SP — “Parabéns a todos pelo belíssimo

trabalho. Eu adoro a LBV e o convite

para participar dessa importante solenidade foi um grande presente

para mim”, destaca Ricardo Felício, locutor da Rádio Vida Nova FM.

Maringá/PR

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BOA VONTADE 127

Page 128: Revista Boa Vontade, edição 236

em Teresina/PI. Para ela, a Ins-tituição cuida das famílias, pois não só sacia a fome, mas também investe na educação das crianças e, consequentemente, no futuro do Brasil. “A LBV colabora na educação do meu filho. Ele aprendeu muita coisa aqui. Ele gosta de participar das ativida-des, do futebol, do coral (...) Esta cesta é muito importante, mas o alimento sem educação não leva a gente para a frente. E a LBV dá educação, apoio, carinho... A LBV é importante para todas as mães (...). Aqui é a minha casa”, frisou. Foi acompanhada nesse ponto de vista por sua con-terrânea Mara Célia Siqueira Peruci, que destacou o socorro proporcionado pela campanha. “Esta cesta foi uma bênção. Quem diria que ganharíamos um presente desses? A LBV está ajudando muita gente. Que ela continue a fazer isso por muitos anos!”, afirmou.

Na capital paranaense, o au-xílio igualmente chegou em boa

Belo Horizonte/MG — Elizabete de Fátima da Silva Torres (de blusa vermelha), representante dos Supermercados BH, entrega cesta de alimentos a uma das famílias atendidas pela Entidade. Ao seu lado, Ronei Ribeiro, da LBV.

Belo Horizonte/MG — Claudilene Bering Bastos, coordenadora do Mesa Brasil Sesc Minas Gerais, e Ronei Ribeiro, da LBV, entregam cesta de alimentos para atendida pela Legião da Boa Vontade.

Natal Permanente da LBV

Cachoeiro de Itapemirim/ES Ipatinga/MG

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128 BOA VONTADE

Page 129: Revista Boa Vontade, edição 236

João Pessoa/PB —

O ator e humorista

Márcio Tadeu participa da

entrega de cestas às famílias

atendidas pela LBV na cidade.

Salvador/BA — A Campanha do Natal Permanente contou com o apoio do representante da Coelba, Júlio Salazar. Ele também foi homenageado por meninos e meninas atendidos pela Instituição.

Aracaju/SE — A TV Sergipe (afiliada da Rede Globo) fez a cobertura da solenidade de entrega das cestas e da inauguração da quadra poliesportiva da LBV na capital sergipana.

João Pessoa/PB

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Page 130: Revista Boa Vontade, edição 236

Natal Permanente da LBV

hora, tendo sido um verdadeiro alento para Nercinda. “Eu não tinha nada na minha casa. Achei que ia passar um Natal sem ter o que comer e, graças à LBV, terei um fim de ano melhor”, revelou, emocionada.

A iniciativa solidária encheu de esperança em dias melhores o coração dos atendidos. “Como é bom ver que ainda há pessoas que se dispõem a realizar ações em benefício dos que realmente precisam! A LBV está de para-béns”, disse Mariana Siqueira, de Ribeirão Preto/SP.

Já na capital sergipana, as fa-mílias, além de receberem cestas de alimentos, participaram da inauguração da quadra polies-portiva do Centro Comunitário de Assistência Social da LBV na cidade. A abertura do espaço con-cluiu a etapa final de construção das novas instalações dessa uni-dade de atendimento — inaugu-rada no início de 2013, no Bairro Industrial — e foi destaque em veículos da mídia brasileira, en-tre os quais o Portal G1 e o site Infonet. A TV Sergipe (afiliada da Rede Globo) e o Jornal da Ci-dade também cobriram o evento.

Na ocasião, João Batista Santos, pai de cinco crianças atendidas pela Legião da Boa Vontade, salientou a importân-cia do trabalho que a Instituição empreende durante todo o ano. “É surpreendente como os filhos estão mais calmos e educados. Agora, posso procurar empre-go, pois meus meninos ficam na LBV, aprendendo arte, música e outras atividades que contribuem

Brasília/DF

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130 BOA VONTADE

Page 131: Revista Boa Vontade, edição 236

Belém/PA — A assistente social Sinara Sichanon, do Centro de Referência de Assistência Social (Cras), à direita, prestigia a entrega das cestas. Ao seu lado, uma das atendidas pela Campanha e Ilton Ferreira Martins, da LBV.

Recife/PE — Feliz por ajudar na entrega das cestas de alimentos, Jaciara Arruda, vice-presidente do Conselho Municipal de Assistência Social (CMAS) do Recife, destaca: “Nesta cesta, além do alimento material, as famílias levam o alimento espiritual que é o mais importante. A LBV está de parabéns por assegurar ao longo do ano os Direitos Humanos de seus assistidos”.

Recife/PE — Thelmo Santiago, vocalista do Grupo Sem Razão, participa da entrega de cestas. “Estou muito feliz em estar com a LBV, desejo muita Paz e sucesso e que venham mais 64 anos de trabalho. Parabéns, LBV.”

Teresina/PI

Manaus/AM Maria do Socorro Leão

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para uma vida melhor. Receber esta cesta é muito importante, principalmente quando nossa situação financeira está lá em-baixo. E, de repente, chega uma ceia para compartilharmos com nossa família. Agradeço a todos os que colaboram para a LBV”, declarou.

Cabe mencionar que o projeto da quadra tem por objetivo aten-der à necessidade de se oferecer um local apropriado para a práti-ca esportiva, visto que faz parte da estratégia da LBV utilizar o esporte como ferramenta de educação e de inclusão social ao trabalhar com a garotada impor-tantes valores para a convivência em sociedade, entre os quais o espírito fraterno, o companhei-rismo, o respeito, a disciplina e a responsabilidade.

Além da quadra propriamente dita, o recinto dispõe de arqui-bancada para 200 pessoas e co-bertura, o que possibilitará o uso dela mesmo em dias de sol forte ou de chuva. Ali, as meninas e

“Esta cesta veio em boa hora, pois estou

desempregada e conto com a LBV para reerguer minha vida. A Legião da Boa Vontade está sempre

disposta a ajudar a quem precisa.”

Marcele Helena de SouzaAtendida pela LBV no Rio de Janeiro/RJ

Natal Permanente da LBV

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Rio de Janeiro/RJ Recife/PE

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Dourados/MS — Aniceto Velasques, líder indígena e representante da Aldeia Bororó, participa da entrega das cestas de alimentos.

Campo Grande/MS — O jornalista Thobias Bambil (C) prestigia a iniciativa solidária da LBV com duas amigas (D). “A LBV é uma das Instituições mais respeitadas aqui em Mato Grosso do Sul”, destaca o jornalista.

Campo Grande/MS — A jornalista Cristina Gomes, do site A Tribuna News, durante a entrega de cestas de alimentos a famílias campo-grandenses. A seu lado, Joílson Nogueira (E) e Genivaldo Marquiza, ambos da LBV.

Campo Grande/MS — Com bebê pequeno, atendida pela LBV recebe a cesta de alimentos das mãos da dupla sertaneja Alex e Yvan, voluntários na mobilização solidária da Instituição.

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Page 134: Revista Boa Vontade, edição 236

os meninos atendidos pela LBV poderão praticar futsal, vôlei, basquete e handebol e realizar atividades de lazer.

Voluntariado e expansão da fraternidade

A participação de diversos amigos, voluntários e parceiros da Instituição fez a diferença em mais esta edição da campanha. Em prol do sucesso da iniciati-va, muitas pessoas dedicaram tempo e empenho para ajudar na entrega dos alimentos, entre elas Guilherme Estefani Pereira, de Mogi das Cruzes/SP. “Ano passado estive pela primeira vez neste ambiente lindo. A partir daí, apaixonei-me pela LBV. Hoje estou aqui novamente”, contou.

No Rio de Janeiro/RJ, o em-

Natal Permanente da LBV

Porto Alegre/RS

Curitiba/PR Glorinha/RS

Passo Fundo/RS São José/SC

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Porto Alegre/RS — Wisconsin Wilton Soares Martins, gerente administrativo da empresa Locall de Cinema e Televisão e sua esposa, Abegair dos Santos, prestigiam a Campanha Natal Permanente da LBV — Jesus, o Pão Nosso de cada dia!

Porto Alegre/RS — Glauto Melo, superintendente da Conab no Rio Grande do Sul, participa da entrega das cestas de alimentos a famílias de Porto Alegre.

Florianópolis/SC — O superintendente regional da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), Sione Lauro de Souza (E), representando a companhia, uma das parceiras da LBV nesta campanha, prestigia a entrega de cestas de alimentos. “A LBV tem ações concretas, basta ver o sorriso destas pessoas. Que vocês continuem com essa trajetória de coerência e de firmeza em busca dos objetivos que se propõem”, disse.

Criciúma/SC — A equipe do programa Litoral Sul Notícias, da TV Litoral Sul de Criciúma (Net), conferiu a alegria das famílias atendidas pela LBV durante a entrega das cestas de alimentos.

Londrina/PR — Diversos parceiros e amigos de Boa Vontade participaram da ação solidária da LBV, a exemplo da sra. Mildred dos Santos Galvão Bueno, presidente da Associação Beneficente Galvão Bueno e do Programa do Voluntariado Paranaense (Provopar).

Criciúma/SC

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presário Paulo Munhoz, depois de testemunhar o contentamento de quem recebia o apoio da Le-gião da Boa Vontade, afirmou: “Eu fico muito feliz por partici-par deste momento. É uma satis-fação ver um trabalho de tanta grandiosidade. A LBV tem uma energia muito boa”.

Quem também esteve pre-sente ao evento na capital flu-minense foi o major Ivan Blaz, comandante da 1a Companhia Independente de Polícia Militar (1ª CIPM), que enfatizou a rele-vância da campanha para a valo-rização da vida dos beneficiados e comentou o laço colaborativo entre as duas organizações: “A LBV traz o alimento não só para o corpo, mas também para o

Natal Permanente da LBV

Campina Grande/PB

Petrópolis/RJ

Araguari/MG

Belém/PA

Araraquara/SP Americana/SP

Campo Grande/MS Franca/SP

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Espírito desta população, e isso é muito importante. Não tem como a gente ficar de fora. Há muito tempo a Polícia Militar tem essa parceria com a LBV, e isso é fantástico para nós, muito gratificante.”

Para a presidente da Associa-ção Beneficente Galvão Bueno e do Programa do Voluntariado Paranaense (Provopar), Mildred dos Santos Galvão Bueno, é evidente o poder da Solidarieda-de. Durante a entrega das cestas em Londrina/PR, a amiga de Boa Vontade e mãe do apresen-tador e comentarista esportivo Galvão Bueno recordou-se do primeiro contato que teve com a Instituição. “Conheço a LBV desde o princípio. Há 64 anos*,

“Esta cesta significa, além do alimento na mesa, a Esperança, a Paz e o Amor. A

Legião da Boa Vontade olha

realmente para o ser humano. Só tenho a agradecer por este

presente.”Maria Gorete Nunes

dos SantosAtendida pela Instituição em

Criciúma/SC.

Araxá/MG

Vitória/ES Uberaba/MG Araraquara/SP

Juiz de Fora/MG

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Bauru/SP

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Page 138: Revista Boa Vontade, edição 236

foi exatamente quando começou. Eu trabalhava na Rádio Tupi, e o [Alziro] Zarur era locutor.” Ela ainda aproveitou a ocasião para parabenizar a Legião da Boa Vontade pelo crescimento ao longo dessas mais de seis décadas de existência. “É um trabalho que eu admiro muitíssimo. (...) Meu Deus do Céu, olha onde eu estou, o que estou vendo! Isso é maravilhoso! (...) Quantos anos passados! E eu presenciei o início disso, a alegria do Zarur, a felicidade dele. Tudo isso eu acompanhei e agora vejo que é um sucesso. Realmente, foi uma realização maravilhosa. Estou encantada!”, declarou. Em suas palavras finais, deixou a seguinte mensagem fraterna ao diretor--presidente da LBV, José de Paiva Netto: “Parabéns, felicidades e continue com o sucesso grande da LBV! Que Deus o abençoe agora e sempre!”.

“Eu não tinha nada na minha casa. Achei

que ia passar um Natal sem ter o que comer e, graças à LBV, terei um fim de ano melhor.”

NercindaAtendida pela LBV em Curitiba/PR

* A Legião da Boa Vontade foi criada ofi-cialmente em 1o de janeiro de 1950 (Dia da Confraternização Universal), no Rio de Janeiro/RJ, pelo jornalista, radialista e poe-ta Alziro Zarur (1914-1979).

Natal Permanente da LBV

Florianópolis/SC

Santos/SP Presidente Prudente/SP

Dourados/MS Uberlândia/MG

Piracicaba/SP

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138 BOA VONTADE

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PORTUGALEm dezembro de 2013, a Legião da Boa Vontade de Portugal beneficiou, de norte a sul desse país irmão, mais de mil famílias em estado de risco social por meio da campanha Natal da LBV — Solidariedade sem Fronteiras. A iniciativa, que envolveu indivíduos, empresas e voluntários da Instituição, teve início em Coimbra e seguiu para as cidades de Braga, Porto e Lisboa. Igualmente, é importante destacar a generosa doação da 56a edição do Natal dos Hospitais, uma tradição da TV portuguesa RTP1, entregue unidade de atendimento da LBV no Porto. A ação é resultado de uma parceria da emissora de televisão com o Diário de Notícias e com as empresas LIDL e Philips.

PARAGUAIA LBV do Paraguai arrecadou 8 mil quilos de alimentos não perecíveis, entregues a 500 famílias atendidas durante o ano de 2013 pelos programas socioeducacionais da Instituição. Os beneficiados pela Campanha do Natal Permanente participaram também de palestras educativas, pois ao lado do amparo material, há também a preocupação de ensinar o cidadão a desenvolver o próprio potencial e habilidades, a fim de que possa assegurar o sustento pessoal.

BOLÍVIAEm dezembro de 2013, a Campanha Natal Solidário — Jesus, o Pão Nosso de Cada Dia, da LBV da Bolívia, entregou 330 cestas de alimentos para famílias de baixa renda das cidades de El Alto e Santa Cruz de La Sierra.

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an Walter Periotto é jornalista. Foi representante da LBV dos Estados Unidos da América, na década de 1980.

população idosa em diversos de seus Centros Comunitários de Assistência Social, localizados em dezenas de cidades do país (veja os endereços no site www.lbv.org). Em especial, gostaria de falar do trabalho desenvolvido por meio do programa Vida Plena, pelo fato de este restabelecer e fortale-cer vín culos sociais tão preciosos nesta fase de nossa existência. A iniciativa é destinada a indivíduos com mais de 60 anos e reúne pro-fissionais voluntários de diferentes

Programa socioassistencial da LBV fortalece vínculos afetivos na família

áreas, que, mediante palestras, cursos e oficinas, orientam os participantes a buscar o envelhe-cimento ativo e saudável. Além disso, a Instituição realiza ações culturais e de lazer que colaboram para o exercício da cidadania e para maior inserção comunitária dos atendidos.

Iara Pereira, assistente social da LBV em São Paulo/SP, explica assim a atuação da Obra em prol da Melhor Idade: “Nós transmitimos aos idosos a importância de eles se

Vida PlenaWalter Periotto | Especial para a BOA VONTADE

A Legião da Boa Vontade promove há várias déca-das, de maneira ininter-

rupta, atividades gratuitas para a

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Melhor Idade

Belo Horizonte/MG

140 BOA VONTADE

Page 141: Revista Boa Vontade, edição 236

manterem ativos e de terem amigos, seja aqui, seja em outros grupos que possam frequentar. A vida de um idoso dentro de casa fica muito li-mitada. Ele não se movimenta, não interage com ninguém e fatalmente vai adoecer, física e/ou emocional-mente”. Para a profissional, fazer parte do grupo ajuda-os a ser mais independentes, por aproximá-los de outras pessoas da mesma faixa etária. “É interessante o vínculo que formam. Isso faz com que amizades sejam criadas e experiências sejam trocadas. O grupo é muito rico; ele se alimenta dessa troca”, ressalta.

Como todas as atividades do programa são planejadas a fim de que cada participante supere os próprios desafios e dificuldades, o

resultado dessas práticas tem sido bastante positivo. Por intermédio delas, a LBV vem conseguindo res-gatar aquilo que muitos costumam julgar perdido: a felicidade por poder aproveitar esse importante perío do da vida com saúde e dis-posição. Prova disso é Rosângela da Conceição, que encontrou no Centro Comunitário de Assistência Social da Instituição em Belo Ho-rizonte/MG o apoio de que necessi-tava. Ela destaca: “Cada abraço e cada bom-dia ao abrirem o portão para mim foram uma bênção de Deus. (...) Tenho comentado por onde passo que aqui é uma bênção, uma paz no meu coração, uma tran-quilidade muito grande”.

Ela é acompanhada nessa sensa-

8h45 Abertura Solene

DR. MARCOS BIASIOLI

Primeiro Painel - A Contabilidade Sociale a Auditoria do Terceiro Setor

9h00 Contabilidade Social

MARCELO GONÇALVES

9h30 Auditoria do Terceiro Setor

DEMETRIO COKINOS

Segundo Painel - A Prestação de Contasdo Terceiro Setor aos Órgãos Públicos

10h00 Sistema de Escrituração Digital das Obrigações Fiscais, Previden-ciárias e Trabalhistas (eSocial) – A nova plataforma do SPED – tam-bém aplicável ao Terceiro Setor

DANIEL BELMIRO FONTES

10h30 Coffee-break

11h00 eSocial – Governança e Com-plaince

ABDIAS MELO

Terceiro Painel - Direito do Terceiro Setor

11h30 As Relações do Ministério Público com as Organizações do Terceiro Setor e as Peculiaridades das Prestações de Contas

AIRTON GRAZZIOLI

12h00 Debates do Primeiro, Segundo e Tercei-ro (parte) Painéis – com os palestrantes presentes na mesa diretora

Coordenador da Mesa:EDENO TEODORO TOSTES

12h30 Intervalo para Almoço

13h30 CEBAS da Assistência SocialALESSANDRA LOPES GADIOLI

Direito do Terceiro Setor

14h00 CEBAS da SAÚDECLEUSA RODRIGUES DA SILVEIRA BERNARDO

14h30 CEBAS da EDUCAÇÃOENEIDA CARDOSO DE BRITTO CORRÊA

15h00 Temas Polêmicos da Assistência So-cial

MARCOS BIASIOLI

15h30 Debates dos assuntos tratados no 3º Painel (tarde), com os palestrantes dis-poníveis e presentes na mesa diretora.

Coordenador da Mesa:MARCOS BIASIOLI

16h00 Coffee-break

Quarto PainelMobilização de Recursos em prol do Terceiro

Setor

16h30 Doações sociais de pessoas de alto poder aquisitivo

MARCOS FLÁVIO CORRÊA AZZI

17h00 Tecnologia Social para Impacto de Larga Escala e Criação de Valor Compartilhado - Case “Coletivo Coca-Cola”

DANIELA REDONDO

17h30 Gestão de Recursos no MercadoCapitais como fonte de sustentabili-dade do Terceiro Setor

EDIGIMAR ANTONIO MAXIMILIANO JUNIOR

18h00 – Debates do Terceiro (parte) e Quarto Painéis – com os palestrantespresentes na mesa diretora

MODERADORA: SILVIA MARIA LOUZÃ NACCACHE

18h30 Encerramento pelo Coordenador Geral

CongressoBrasileiro

do 3o SetorCongressoCongresso

do 3do 3

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ção por Luci de Araújo, também da capital mineira. “Na LBV, sentimo--nos em casa, esquecemos os pro-blemas; eles ficam menores. Antes, eu ficava só deitada, com depressão. Aí, passei a frequentar [a unidade da Instituição] e gostei muito. Hoje, eu me sinto feliz, sou uma pessoa mais tranquila. Nos dias de vir para cá, fico muito satisfeita, porque sei que vou ter um dia maravilhoso”, declara.

Por isso, não fique aí parado(a)! Movimente-se! Procure sempre oportunidades de estar bem e em paz consigo mesmo(a), com os de-mais e até com o Universo! Isso faz toda a diferença. Consoante afirma o diretor-presidente da LBV, José de Paiva Netto: “Jovem é aquele que não perdeu o ideal no Bem”.

Page 142: Revista Boa Vontade, edição 236

pelo mesmo idealUnidos

Movimento jovem ecumênico da LBV na luta pela igualdade de gênero

Patricia Maria Nonnemacher

Vivian R. Ferreira

Ação Jovem LBV

142 BOA VONTADE

Page 143: Revista Boa Vontade, edição 236

Ainda bem jovem, tomei conhecimento de um pensa-mento do diretor-presidente

da Legião da Boa Vontade, José de Paiva Netto, constante de artigo publicado em centenas de jornais, revistas e sites, do Brasil e no ex-terior. Assim escreveu o jornalista: “(...) O papel da mulher é tão importante, que, mesmo com todas as obstruções da cultura machista, nenhuma organização que queira sobreviver — seja ela religiosa, política, filosófica, científica, em-presarial ou familiar — pode abrir mão de seu apoio. Ora, a mulher, bafejada pelo Sopro Divino, é a Alma de tudo, é a Alma da Huma-nidade, é a boa raiz, a base das civilizações. Ai de nós, os homens, se não fossem as mulheres escla-recidas, inspiradas, iluminadas!”. Essa mensagem faz parte do artigo “A Mulher no ConSerto das Na-ções”, levado à ONU, em diversos idiomas, em 2005.

Pensei bastante sobre o sig-nificado dessas palavras e seu alcance... Outra questão também bateu bem forte e me deixou intrigada: por que o dirigente da LBV ainda precisava dizer aquilo, se estávamos em uma sociedade

livre e as mulheres já possuíam seus direitos assegurados por lei? Foi então que comecei a analisar o que estava à minha volta. Percebi que, de fato, as diferenças no trato com a mulher e a desvalorização feminina no corpo social e familiar eram grandes e, o pior, em muitos casos permaneciam veladas. Um detalhe importante: não poderia dizer que a maioria das pessoas que assim agiam o fazia racionalmente, todavia, de forma automática, ape-nas reproduziam o modelo de uma cultura sexista.

ReeducandoDiante disso tudo, eu me per-

guntava como alcançaríamos uma mudança realmente efetiva. Hoje, vemos a formulação de novas leis, tratados, e a disposição de órgãos públicos e privados empenhados em garantir direitos às mulheres, no caminho da igualdade de gêne-ro. Então, por que com todas essas iniciativas as transformações são lentas? Em tese, todos não querem o melhor?

Para responder a tais questões, precisamos lembrar que falamos de costumes, de herança cultural. Cada indivíduo recebe esse legado e aprende o que é “certo e errado”. Quando criança, é ensinada a ela a maneira apropriada de pensar e agir, inicialmente, dentro do grupo social que a acolhe e com o qual interage desde o nascimento, a família. Assim, multiplicam-se as condutas que caracterizam a desi-gualdade de gênero, pelo menos até que haja conscientização do problema e, consequentemente, mudanças de atitude. O que é ab-

Prisc

illa A

ntun

es Patricia Maria Nonnemacher é graduanda em Ciências Sociais e integrante da Juventude Ecumênica Militante da Boa Vontade, no Rio de Janeiro/RJ.

surdo para a maioria das famílias, isoladas ou não, pode perpetuar--se por muitos anos em alguns lares. A exemplo de uma criança que sofre maus-tratos e abuso por parte do pai ou padrasto e o fato é “negligenciado” pela mãe, receosa do desdobramento da situação ao denunciar o agressor. Esse e outros casos similares põem em risco me-ninas e meninos, indefesos mate-rial, psicológica e espiritualmente, e os deixam à mercê do autor da violência. Pesquisa realizada pelo Núcleo de Estudos da Violência (NEV), da Universidade de São Paulo (USP), em 2010, mostrou que pessoas que sofrem agressão na infância tendem a adotar com-portamento violento para solucio-nar conflitos na fase adulta.

Além do que deve ser feito no campo legal e/ou ético, é preciso que haja a reeducação geral do ser humano, conforme defende Paiva Netto em seu livro É Urgente Reeducar!: “No ensino reside a grande meta a ser atingida, já! E vamos mais longe: ‘Somente a Reeducação, até mesmo dos edu-

Acredito muito na união de esforços em prol de uma sociedade capaz

de verdadeiramente garantir direitos

iguais para todos, sem preconceitos ou

sexismo.

BOA VONTADE 143

Page 144: Revista Boa Vontade, edição 236

cipar da Juventude Ecumênica Militante da Boa Vontade, um movimento inovador nascido na LBV, que nos incentiva a ser protagonistas de nosso tempo. Ou seja, aprendemos a ocupar um espaço no meio social em que vivemos, cientes de que podemos influenciar na melhoria dele, sem-pre tendo em mente os ensinos universais de Jesus, o Cristo Ecumênico, o Divino Estadista, que disse: “Novo Mandamento vos dou: Amai-vos como Eu vos amei. (...) Não há maior Amor do que doar a própria Vida pelos seus amigos” (Evangelho de Jesus, se-gundo João, 13:34 e 15:13).

Entre as muitas ações desen-volvidas pelos Jovens Legio-nários, destaco duas que têm ajudado no cumprimento dos oito Objetivos de Desenvolvimento

Ação Jovem LBV

violência. No Brasil, tal processo vem ocorrendo com o aumento de denúncias por parte das mulheres que, de forma corajosa, fazem valer seus direitos, amparadas pela Lei Maria da Penha. Na LBV, aprendemos que uma sociedade melhor, mais justa e feliz se cons-trói com a participação de todos, no zelo pelo bem-estar coletivo, no apoio a vítimas de agressão etc. Enfim, é fundamental auxiliar fraternalmente os que estão fragi-lizados espiritual, psicológica ou materialmente.

Há 27 anos...Acredito muito na união de

esforços em prol de uma socie-dade capaz de verdadeiramente garantir direitos iguais para todos, sem preconceitos ou sexismo. Tenho a oportunidade de parti-

cadores’, como preconizava Alziro Zarur (1914-1979), pode garantir--nos tempos de prosperidade e harmonia. É urgente reeducar-se para poder reeducar”.

Na mesma obra, continua o escritor, no subtítulo “Miséria não é o destino do ser humano”: “(...) O que a LBV propõe é um extenso programa de Reeduca-ção. E é o que vimos realizando dentro de nossas possibilidades, procurando despertar o interesse de tantos idea listas, que, como nós, não acreditam na fatalidade de destinos permanentemente condenados à desgraça, por ques-tões sociais, políticas, religiosas, étnicas... Além disso, nada se cons-trói firmado em recalques”. (...)

E essa transformação fortalece as vítimas e pode levá-las a se livrar, sem culpa, do ambiente de

SALVADOR/BA Jovens de Boa Vontade realizam passeata em favor da preservação do meio ambiente.

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144 BOA VONTADE

Page 145: Revista Boa Vontade, edição 236

do Milênio (ODM). Primeiro, o trabalho de conscientização pelo fim do preconceito contra os portadores do vírus HIV/aids, inclusive, com mobilização inter-nacional no Dia Mundial de Luta contra a Aids (1o de dezembro). Nessa data, nossas atividades têm como referência a mensagem da LBV “Aids — O vírus do precon-ceito agride mais que a doença”. Segundo, a realização de uma série de atividades em defesa da preservação do meio ambiente, incluindo-se debates, palestras e passeatas. Aliás, a busca de equilíbrio entre proteção ambien-tal e progresso socioeconômico motivou também a mocidade da LBV a dedicar o 33o Fórum Inter-nacional do Jovem Militante da Boa Vontade ao tema, por meio de ações socioeducativas em todo o Brasil e no exterior, sob o brado permanente: “Educar. Preservar. Sobreviver. Humanamente tam-bém somos Natureza”.

Por tudo isso, considero rele-vante para o nosso planeta disse-minar exemplos de voluntariado, como se faz na Legião da Boa Von tade. É uma maneira de em-polgar milhões de jovens pelo mundo, transformando essa gente nova, naturalmente idealista, em importante instrumento de promo-ção do próximo conjunto de metas globais: os Objetivos de Desenvol-vimento Sustentável (ODS).

Por fim, vale aqui citar a palavra do dirigente da LBV, proferida há 27 anos, acerca do valor de aban-donarmos, em definitivo, as barrei-ras sexistas, que ainda prejudicam a evolução da Humanidade:

Peça da campanha da LBV, que repercutiu na internet em sete idiomas, com o pensamento de Paiva Netto: “Aids — O vírus do preconceito agride mais que a doença”.

“Pelo nosso prisma, a mulher tem direito a ser Presidente da República, condutora de religiões, capitã de indústria, de aviões e navios transatlânticos; tem direito de ser médica, engenheira, profes-sora... No trabalho, há um justo conceito de valor entre homens e mulheres: o da competência. Então, os sexos nisto estarão har-monizados. Que brilhe o homem, que brilhe a mulher, conforme a competência de cada um. Isto não quer dizer que homens e mulheres

são totalmente iguais. Aí está pelo menos, de início, a anatomia para desmentir. O que quero dizer é que não se devem sustentar an-tigas barreiras e levantar novas, firmadas em tabus, preconceitos e interesses espúrios para impedir maior influência da Mulher sobre o destino do mundo. Homem e mulher dependem um do outro. Completam-se”. (Trecho extraído do livro Reflexões e Pensamentos — Dialética da Boa Von tade, pu-blicado em 1987.)

BOA VONTADE 145

Page 146: Revista Boa Vontade, edição 236

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Adriane Schirmer, professora.

Adriane Schirmer | Especial para a BOA VONTADE

C om o novo Acordo Ortográ-fico, a maioria dos acentos diferenciais foi abolida, mas

permanecem em casos como estes:

Pôr e porPôr é verbo e por é preposição.

Exemplo: Vou pôr o caderno na mesa feita por você.

Pôde e podePôde é a forma do passado do

verbo “poder” no pretérito perfeito do indicativo, na terceira pessoa do singular. Pode é a forma do presente do indicativo, também na terceira pessoa do singular.

Vamos aos exemplos:“Ontem, ela não pôde atender à

solicitação, mas hoje ela pode”.“A famosa poetisa goiana Cora

Coralina (1889-1985), doceira de

Aprendendo Português

profissão, só recebeu ensino primário e publicou seu primeiro livro aos 75 anos. Trouxe à luz quatro filhos e pôde belamente salientar: ‘Tens o dom divino de ser mãe. Em ti está presente a Humanidade’” (Paiva Netto, em Jesus, o Profeta Divino).

Não usamos mais o acento agudo ou circunflexo para diferenciar pala-vras como pára (verbo “parar”) de para (preposição); pêlo (substantivo) de pelo (combinação de per mais lo).

É facultativo o uso do acento circunflexo no substantivo fôrma/forma (caso de dupla grafia) para diferenciá-lo da palavra forma. Em alguns casos, o uso do acento deixa a frase mais clara, como neste exem-plo: “A forma de preparo desse pudim pede fôrma especial”.

Ainda sobre a reforma ortográ-fica vigente, vale lembrar que o antigo acento de “eu apoio” (que

hoje se escreve sem acento) não era um acento diferencial, mas há quem imagine que sim, que o acento em apóio servia para distinguir o verbo do substantivo. Esse acento deixou de ser usado como todos os ditongos abertos éi e ói das palavras paroxítonas, independentemente de haver homônimo. Então, reforçan-do: tanto a forma verbal (apoio) como o substantivo (apoio), que é sinônimo de auxílio, amparo, ajuda, não têm acento.

Enfim, o acento diferencial é imprescindível em certas palavras, pois evita ambiguidades.

Sugestões e temas a serem abor-dados e dúvidas são bem-vindas. Se você as tiver, encaminhe-as para a Redação desta revista (veja o ende-reço na p. 6.)

Bom estudo e até a próxima!

Acento diferencial

pára (O tempo não pára.) para (O tempo não para.)

Como era Como ficou

pólo (TBV — pólo mundial de Solidariedade Ecumênica.)

polo (TBV – polo mundial de Solidariedade Ecumênica.)

pêlo (O pêlo daquele cachorro é sedoso.)

pelo (O pelo daquele cachorro é sedoso.)

pêra (Coma uma pêra.) pera (Coma uma pera.)

146 BOA VONTADE

Page 147: Revista Boa Vontade, edição 236

SUSTENTABILIDADE.E s t e é u m d o s n o s s o s v a l o r e s .

A Celpe, empresa do Grupo Neoenergia, trabalha para fornecer energia elétrica com qualidade e confi abilidade. É por isso que a concessionária investe cada vez mais em tecnologias inovadoras e sustentáveis.

A construção de usinas solares, em São Lourenço da Mata e na Ilha de Fernando de Noronha, o desenvolvimento do Projeto de Redes Elétricas Inteligentes e dos programas Vale Luz, Nova Geladeira e Energia Verde são apenas alguns exemplos de uma gestão orientada para a sustentabilidade em todos os seus processos. Iniciativas como essas contribuem para o crescimento econômico do Estado, gerando desenvolvimento com qualidade de vida e preservação do meio ambiente para as futuras gerações.

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Page 148: Revista Boa Vontade, edição 236