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Revista Cafeicultura nº13 2013 - Edição Especial Seminário do Café

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Seguindo os caminhos abertos pela Região do Cerrado Minei-ro, a Mantiqueira de Minas está prestes a ser a primeira re-gião cafeeira com Denominação de Origem. Graças trabalho realizado por um grupo de pesquisadores coordenados pelo

professor Flávio Meira Borém, que realizou um trabalho de rara com-plexidade e detalhamento, que envolveu diversas competências em torno de um foco de pesquisa comum. Vimos nesta edição uma serie de matérias que tratam da certificação e a produção de cafés especiais. Vemos também que nem sempre é 100%, que enfoca o atual momen-to da utilização e formação de blends pelas indústrias de torrefação. Com enforque no mercado de cafés, temos uma analise muito bem embasada de Celso Vegro sobre o desenho míope do mercado de cafés. E temos uma analise completa do mercado de café no mês de Agosto .Republicamos uma reportagem da BBC que flagrou cenas de cruelda-de com animais durante a produção de um tipo de café considerado o mais caro do mundo. Com enfoque técnico temos um artigo que trata da utilização da cal virgem dolomitica no Cafeeiro.

Saudações cafeeiras e boa leitura !

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Nas últimas semanas de agosto, devido à en-trada de frentes frias, a temperatura no Mato

Grosso e no Paraná ficaram abai-xo da média do período, sendo que neste último foi registrado inclusive a ocorrência de geadas, que de al-gum modo prejudicou o trigo de inverno. Todavia, na última semana a colheita de trigo de inverno foi favorecida pelo calor, que foi mais marcante nas regiões do Sul, assim como também na parte central do Brasil. Nas últimas semanas em quase todo o país, com exceção do Rio Grande do Sul e do Litoral Nor-destino, as chuvas foram poucas, sendo o período considerado mais seco e quente contribuindo para o final da colheita do Café no Sul de Minas e em São Paulo, onde tam-bém favoreceu a colheita e o plantio da cana. Ao longo do mês de agos-to a temperatura da superfície do Oceano Pacífico apresentou pou-quíssima variação assegurando a continuidade da neutralidade do ENOS (EL Niño Oscilação Sul), ou seja, sem ocorrência do fenômeno El Niño, caracterizado por tempe-raturas anormalmente quentes, ou La Niña, caracterizado por tempe-raturas anormalmente frias, na re-gião equatorial do Oceano Pacifico. Situação essa que deve permanecer ainda pelos próximos meses. Tal condição favorece a ocorrência da normalidade climáti-ca para as estações do ano no Brasil. Todavia, com a chegada da prima-vera, no dia 22 de Setembro, às 17 h 44 (horário de Brasília) - (Equinó-cio de Primavera), marcando o fim do inverno 2013, é esperado para o mês de outubro que as chuvas ocor-ram acima da média para a região Central, Metropolitana de Belo Ho-rizonte, Norte e Noroeste de Minas Gerais. O mês deve, entretanto, ser

mais chuvoso nas regiões do Jequi-tinhonha, Vale do Mucuri e Vale do Rio Doce em Minas, assim como no Noroeste e Litoral Norte do Espírito Santo. Considerada como estação climática de transição, é nesta esta-ção que a mudança no regime de chuvas e temperatura é mais mar-cante, pois é o período em que au-mentam a ocorrência de chuvas em forma de pancadas, principalmente no final do dia, sendo também o pe-ríodo de chuvas mais intensas com maior ocorrência de descargas elé-tricas, os raios. Apesar de ainda não ter iniciado a primavera, quando tem início a estação chuvosa para a maior parte do país, nas últimas semanas as chuvas no nordeste tem favorecido o solo aumentando as reservas hídricas para as culturas do cacau e da cana, que normalmente ocorre a partir de setembro. Para o início da primavera há probabilida-de de que as chuvas ocorram acima da média normal do período na região de Alta Floresta, na porção norte do Mato Grosso e no Panta-nal Sul Matogrossense, no Médio Araguaia, no nordeste do Mato Grosso, e na porção mais a Oeste do Paraná o que irá favorecer o plantio da soja no Paraná e Mato Grosso do Sul a partir de outubro. A maior probabilidade de que as chuvas ocorram abaixo da média é para as regiões do Baixo Amazonas e Sul de Roraima, Centro Norte e Norte do Piauí, bem como a Leste do Maranhão, Litoral norte do Rio Grande do Sul e Santa Cata-rina. A probabilidade de que as temperatura fiquem acima da média são para todo o Nordeste do Brasil com exceção do Oeste do Maranhão e da porção Centro Sul da Bahia, assim como para o Je-quitinhonha, em Minas, e a porção Norte do Espírito Santo. Temperaturas abaixo da média poderão ocorrer na região de Presidente Prudente, em São Paulo, bem como a porção Leste e Sudoes-te do Mato Grosso do Sul.

Para o cafeicultor, o mo-mento é de atenção com o manejo preventivo de doenças do cafeeiro comuns do período, entre as quais está a Phoma, que acontece prin-cipalmente em regiões de maior al-titude com umidade mais elevada, como ocorre em parte do Espírito Santo e a Região da Zona da Mata Mineira, onde essa doença tem apa-recido com grande frequência. O uso de fungicidas para controle dessa doença deve ocorrer logo após as primeiras chuvas, que são os períodos de maior incidência das doenças, e continuado pelos três meses seguintes. A ocorrência des-sas reduz a produção da planta pois provoca a morte dos botões florais, das brotações novas, queda dos chumbinhos, produzindo a chama-da “roseta banguela” além da má granação dos frutos devido à des-folha da planta. A análise e o prog-nóstico climático aqui apresentado foram elaborados com base na esta-tística e no histórico da ocorrência de fenômenos climáticos globais, principalmente naqueles atuantes na América do Sul, e são de caráter experimental. Foram consideradas ainda as informações disponibiliza-das livremente pelo NOAA, Institu-to Internacional de Pesquisas sobre Clima e Sociedade - IRI, Met Office Hadley Centre, Centro Europeu de Previsão de Tempo de Médio Prazo - ECMWF, pelo Boletim Climático da Amazônia elaborado pela Divi-são de Meteorologia (DIVMET) do Sistema de Proteção da Amazônia (SIPAM) e dados climáticos do IN-MET/INPE. o p q r s t u v w x s y z p { | s q p } p ~ p � v z v v s | � } ~ p � s � u � � t v ~ �| s t y u � q � q � � u v � v t v q � p v p u | ~ � � p � v s � � � | ~ � � p � v yz v z v | � ~ v � � o � � � � v � � v ~ q x s { � t � { | s q { v } p ~ p � v | � ~ s� { s p q z � � p z s � | s t | v t � � z � � � t � � p t s { � z v { p q r s t u v w � � {v � � p z p { | s q p } p ~ p � v z v { �

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A cafeína é a única droga psicoativa que pode-mos usar sem o menor sentimento de culpa.

Há um ano, fiz essa afirmação nesta coluna depois de ler um ar-tigo do "The New England Jour-nal of Medicine", a revista médi-ca de maior circulação mundial. Semanas atrás, a Folha resumiu um estudo publicado na revista "Mayo Clinic Proceedings" que aponta em outra direção. Com base nessa aparen-te contradição, João Luiz Neves, de Curitiba, enviou para o Pai-nel do Leitor a pergunta a mim dirigida: "E agora, doutor, como proceder?". Somos bombardeados diariamente com mensagens de saúde conflitantes. A internet está abarrotada de sites e de e-mails que se propagam feito vírus, para exaltar os benefícios do alho, do limão, da maçã, do tomate orgâ-nico, da berinjela e até da urino-terapia. O risco dessas informa-ções médicas desencontradas é deixar o leitor descrente de todas. Por essa razão, e pela importância do café em nossas vidas, vou comparar as duas pes-quisas. O estudo do "New En-gland" foi patrocinado pelos Institutos Nacionais de Saúde, dos Estados Unidos. Nele, fo-ram incluídos 229.119 homens e 173.141 mulheres saudáveis, com idades entre 50 e 71 anos. De acordo com o núme-ro de xícaras tomadas diariamen-te, o grupo foi dividido em dez categorias. Durante os 14 anos de acompanhamento, foram a óbito 33.731 homens e 18.784 mulhe-res. Depois de eliminar fatores como cigarro (especialmente), sedentarismo e obesidade, ficou claro haver uma relação inversa: quanto mais café, menor o nú-

mero de mortes. Além de diminuir a mor-talidade geral, tomar café reduziu o número de óbitos por diabetes, doenças cardiorrespiratórias, der-rames cerebrais, ferimentos, aci-dentes e infecções. As mortes por câncer não foram afetadas. O efeito protetor foi dire-tamente proporcional ao número de xícaras ingeridas diariamente. A diminuição mais acentuada da mortalidade aconteceu no sub-grupo de seis xícaras ou mais por dia: redução de 10% nos homens e 15% nas mulheres. Essa associação foi independen-te da preferência por café desca-feinado ou não, sugerindo que a proteção não ocorre por conta da cafeína. Vamos à publicação da re-vista da "Mayo Clinic". Durante 17 anos, foram acompanhados 43.727 participantes. Nesse período, ocor-reram 2.512 mortes, das quais 32% por doenças cardiovasculares. Comparados com os que não tomavam café, entre os bebe-dores contumazes do sexo mas-culino --definidos como aqueles que consumiam diariamente mais de quatro canecas de oito onças (equivalentes a cerca de 240 mili-litros)-- houve aumento da mor-talidade geral. Nas mulheres, não

houve diferença estatisticamente significativa. Entre os participantes com menos de 55 anos, no entan-to, tomar mais do que as quatro canecas por dia aumentou a mor-talidade em 56% entre os homens e 113% entre as mulheres. Não houve associação entre con-sumo de café e mortalidade por doenças cardiovasculares. Nesse caso, como relacioná-lo com as mortes por infecções, acidentes automobilísticos ou câncer? Na comparação, o pri-meiro estudo tem evidências mais confiáveis: incluiu dez vezes mais participantes, acompanhados por período semelhante (14 versus 17 anos), que foram divididos em dez grupos em ordem crescente da quantidade de café ingerido por dia. Todos eles se beneficia-ram. No segundo estudo, só tiveram a mortalidade aumenta-da aqueles que tomavam mais de quatro canecas de 240 mililitros por dia. Ou seja, foi prejudicado apenas quem tomou mais de um litro por dia, durante 17 anos, em média. É inexplicável porque as mulheres, quando analisadas globalmente, não apresentaram mortalidade mais alta, enquanto no subgrupo com menos de 55 anos o aumento foi de 113%. O problema com ambos os estudos é que são retrospec-tivos: a decisão de tomar ou não café foi tomada no passado, de acordo com a vontade pessoal. O ideal é que fossem prospectivos, nos quais os participantes seriam acompanhados só depois de sor-teados ao acaso para fazer parte do grupo dos abstêmios ou dos tomadores de café. Por razões ób-vias, uma pesquisa com essas ca-racterísticas jamais será realizada. Por isso, caro João Luiz, pode tomar seu café sem remor-sos. Por via das dúvidas, faça como eu e todas as pessoas de bom senso: evite beber mais do que um litro por dia. Ê Ë Ì Í Î Ï Ð Ñ Ò Ó Ó Ô Ï Õ Ï Ö Ñ Î × Ø Ö Ù Ø Ö Ñ Ú Ó Î Û Ñ Ò Ø Ü Ý Ó Ë Ñ Ì Î Ó Þ

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Drauzio Varella *

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Com a plena globalização dos sistemas agroali-mentares, o esforço dos police makers ganhou

imensa complexidade. A finan-ceirização dos mercados de com-modities, com a interveniência de multiplicidade de títulos deri-vativos, minimizou as possibili-dades analíticas pautadas exclu-sivamente pela trajetória de seus fundamentos (oferta; demanda/consumo e estoques). Conco-mitantemente, os formuladores de políticas públicas se vêem na condição de arquitetar estratégias estando permanentemente con-frontados com Estado que padece de crise fiscal (amplificadas pelas ações contracíclicas disparadas pós-2008) enfrentado, ainda, o tenso debate sobre reforma tri-butária em que todos concordam, porém a análise do gasto público já demonstrou não haver em que cortar, pois as despesas públicas estão justas (amortização + pgto de juros da dívida interna; benefí-cios sociais; gastos com educação e saúde; gestão da máquina públi-ca, indexação do salário mínimo ao PIB e investimentos).

Nesse ambiente político--econômico surgem demandas de segmentos produtivos. No agro-negócio, tais clamores são relati-vamente freqüentes e, em geral, aderentes aos ciclos econômicos específicos de cada produto. Nou-tros casos são as relações comer-ciais desproporcionais os desen-cadeadores do descontentamento e a mobilização pela tomada de posição do governo (citricultores x esmagadoras; pecuaristas x fri-goríficos; fornecedores x usinei-ros, etc..).

Em meados de 2011ocor-reu escalada nas cotações do café arábica. Desde então o mercado mergulhou num sem fundo, tra-zendo apreensão para todos os

cinturões produtores do país. A gravidade do atual declínio nas cotações varia conforme a zona produtiva em que se encontram os talhões e o perfil tecnológico adotado nas lavouras: topografia; mecanização; adensamento e ir-rigação. Outros fatores são igual-mente decisivos como: a minucio-sa gestão dos empreendimentos (Projeto Educampo do SEBRAE/MG exibe resultados formidá-veis na melhoria desse quesito); o grau de diversificação produtiva conduzido no estabelecimento; a participação em organizações so-ciais (cooperativas e associações) e, ainda, o reconhecimento de al-guma das agências certificadoras (selos) ou de mecanismos de ras-treabilidade (nucoffee).

Frente à trajetória de depreciação continuada do pro-duto, passa a ocorrer legítima mobilização dos cafeicultores e de suas lideranças. Produziram-se manifestações e documentos di-recionados as esferas de governo, especialmente, federal. No escopo desses pleitos, inseriu-se a oferta pública de contratos de opção de venda. As opções são títulos fi-nanceiros em que se negocia o direito de comprar ou vender de-terminado ativo em data futura por preço predeterminado (preço de exercício). O comprador - titu-lar da opção – adquire direito de exercer sua opção e o vendedor – lançador – assume a obrigação de comprar ou vender o ativo caso o titular venha a exercer sua opção. O mercado de opções ocorre nos dias úteis nas bolsas de valores e, eventualmente, agentes públicos escolhem esse título na estrutura-ção de programas de garantia de preços e/ou de transferência de renda para os produtores rurais fragilizados pelos baixos preços decorrentes ou não do excesso de produção.

Por intermédio da Porta-ria Interministerial no 842 publi-cada no Diário Oficial da União no 173 de 06/09/2013, desenhou--se lançamento de contratos de opção de venda público opera-cionalizados pela CONAB com os seguintes parâmetros: para café arábica, tipo 6, bebida dura para melhor com até 86 defeitos, pe-neira 13, admitindo até 10% de vazamento e teor de umidade de até 12,5%, colhido em 2013. Os compradores das opções serão di-retamente os cafeicultores ou por meio de suas cooperativas (cadas-tro regular no CADIN) com ven-cimento em 31/03/2014 e a preço de exercício de R$343,00/sc. Cada contrato equivale a 100sc (6t). Para a efetivação dessa política será disponibilizado o montante de R$1,050 bilhão (suficiente para a realização de três pregões com 10 mil contratos cada) oriundo das Operações Oficiais de Crédito, na rubrica Formação de Estoques Públicos.

Detalhes adicionais estão contemplados na portaria como: a) estabelecer poder discricio-nário (MAPA) quanto ao limite de aquisição de contratos para os compradores (cafeicultor ou cooperativa); produto entregue em sacos (novos ou usados) cujo

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Celso Luis Rodrigues Vegro *G H I J H K L M N O H P Q R S Q K M J Q T L

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valor será reembolsado pela CONAB (R$3,0232 e R$3,3880 para as novas e R$1,9219 e R$2,0328 para as usadas – para sacaria de juta e malva respectiva-mente). Ao contrário do desejável, per-mitiu-se que as cooperativas adquiris-sem contratos oferecidos em leilão. No passado a permissão para que essas en-tidades participassem de políticas pú-blicas foi desastrosa e, credita-se a esse fato, a suspensão definitiva da política de PEPRO para a cafeicultura. Muito mais transparente se os leilões fossem arrematados apenas por cafeicultores mediante o emprego de seu CPF. So-mente no exercício desses contratos, haverá condições de se avaliar o destino efetivo dado pelas cooperativas aos re-cursos obtidos com as opções.

O desenho da política, aparen-temente, carece de ajustes. O mais rele-vante deles está no preço de exercício, pois aparentemente não acompanhou parâmetros indicados pelas cotações fu-turas (em segunda ou terceira posição) e tampouco o deságio relativo ao custo financeiro da estocagem. Assim, anteci-pa-se ao mercado a decisão política do gestor em garantir o exercício por parte dos titulares. Mesmo sendo a CONAB a entidade mais capacitada no Brasil para administração dos estoques de alimen-tos, o recebimento dessa quantidade de produto poderá gerar dificuldades logísticas e perdas/deterioração (des-merecimento) durante o período de seu carregamento.

O critério adotado no cálculo do preço de exercício conduz a outra dificuldade. Serão necessários mais de um bilhão para a execução plena da ação estabelecida. Como a decisão po-lítica depois de ter sido definido o Or-çamento Geral da União, em que não se empenhou tal quantia, portanto, não há como mobilizar tal recurso não estan-do o mesmo explicitado no orçamento (empenhado). Acreditar que os police makers do governo federal tenham as-sumido postura especulativa, jogando com a remotíssima possibilidade desses contratos não entrarem em exercício por ocasião de seu desfecho, parece hi-pótese plausível.

Detalhes adicionais consistem na determinação da tabela de descon-

to relativo ao frete no preço de exercí-cio segundo a região de originação do produto e sua distância até o armazém credenciado. Isso pode trazer insatisfa-ções dos titulares pois não constava nas regras da portaria publicada se o preço de exercício é FOB-armazém. Aquilo que não está na lei pode ensejar passivos judiciais. Ademais, não é prática usual nas opções privadas o reembolso de sa-carias (novas ou usadas).

Em 13/09/2013, houve o pri-meiro leilão de opções públicas segun-do os critérios estabelecidos pela por-taria. Em 13/08/2013 ocorreu o pregão em que foram postos a venda 10 mil contratos (1 contrato = 100sc) sendo comercializados 8.565, ou seja, 85,6% do total. Os contratos lançados para os Estados de Minas Gerais e São Paulo foram integralmente adquiridos não havendo demanda nos demais estados produtores (Espírito Santo, Paraná e Bahia). O prêmio pago pelo titular3 do contrato foi de R$171,50/contrato, ou seja, R$1,715/sc.

Na mesma data do pregão pú-blico, a BM&F negociava os prêmios para opções de café arábica, entrega em março de 2014, segundo os seguintes parâmetros:

“Posição em Nova Iorque para março no Contrato C4 era em 13/03/2013 de 123,55 ¢USD/lbp que convertido para R$/sc alcançaria R$372,275. Desconta-dos os 15% relativos a qualidade do na-tural brasileiro (arbitragem), chega-se a R$316,42/sc. Com o desconto do frete (média de R$12,00/sc), o valor da opção seria de R$304,43/sc. Portanto, ajustado ao mercado o prêmio pago pelo exercício de posição estabelecida pelo vendedor a R$343,00/sc seria de R$38,57. Entre-tanto, nas opções públicas os contratos foram negociados pelo prêmio simbólico de R$171,50/contrato, ou seja, R$1,715/sc, diferença de R$36,85/sc.”

Com o primeiro leilão ten-do comercializado 8.565 contratos, o montante em prêmio arrecadado foi de R$1,47 milhão, quando o esperado se-ria R$33,04 milhões caso o prêmio fosse calculado numa operação de mercado. Assim, embute-se um subsídio disfarça-do de R$36,85/sc (R$38,57 – R$1,715), ou, R$3.685,50/contrato, pois foi esse o

valor que os cafeicultores e suas coope-rativas deixaram de pagar ao lançador (CONAB). Na verdade cada saca de café a ser entregue em 31/03/2014 valerá os R$343,00 do exercício mais a diferença do prêmio de mercado e o efetivamente recolhido calculado em R$36,85/sc, re-sultando em preço final de R$379,85!

A impressão que deixa esse pri-meiro pregão é a de que os gestores pú-blicos foram pouco cautelosos na apli-cação de recursos do tesouro, pois além de estabelecerem preço de exercício re-lativamente elevado, aceitaram prêmio simbólico para a venda dos contratos6. Seria mais transparente reabilitar o PE-PRO oferecendo R$36,85/sc para cada cafeicultor, diretamente em sua conta corrente, ao invés de embutir o subsídio dentro de um prêmio aquém daquele exigido pelo mercado.

Desenhar políticas públicas eficazes, eficientes e que contemplem ampla efetividade consiste no maior dos desafios atuais para os gestores públi-cos. Retirar 3 milhões de sacas da safra 2013/14 é esforço louvável, mas poderá não afetar a ascensão das cotações, pois há existências decorrentes do financia-mento da armazenagem do último tri-mestre de 2012 que se somarão as dis-ponibilidades da safra cheia de 2014/15, ou seja, é remota tal possibilidade.

A tarefa de fazer políticas pú-blicas se torna absolutamente inalcan-çável se lentes que corrijam eventuais miopias não sejam empregadas a partir de abalizados receituários.

1O autor agradece os comentários e sugestões do Eng. Agr. Antônio Luis Jamas e do Econo-mista Felix Schouchana.2Não podemos nos opor ao reembolso dos custos com sacarias, aspecto mais que justo, porém o objetivo aqui foi alcançar o preço efetivamente pago pelo produto pela CONAB.3Prêmio é o valor da opção negociado entre as partes.4Foi empregado a cotação em Nova Iorque pela perda de liquidez dos contratos de café arábica negociados na BM&F.5Fechamento do câmbio em 13/09/2013 foi de 1US$ = 2,2779R$. 1sc 60kg = 132,276lbp6Esse expediente em nada difere do que ocor-reu nas duas versões anteriores dos leilões de opções públicas para café. Apenas no primeiro deles o prêmio ficou ligeiramente acima dos

R$9,00/sc.

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Entre Agosto e Setembro deste ano de 2013 algu-mas notícias e aconte-cimentos muito inte-

ressantes passaram quase que despercebidos pelo agronegócio café brasileiro. A torrefadora ale-mã Tchibo foi a primeira com-pradora de cafés arábica com o selo “Certifica Minas Café”, programa governamental coor-denado pela Secretaria de Es-tado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais e executado pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-MG) e pelo Ins-tituto Mineiro de Agropecuária (IMA). Foram 50 mil sacas de 60 quilos, um volume pequeno se comparado ao volume expor-tado anualmente pelo estado de Minas Gerais, mas que pode se tornar muito significativo na nova caminhada estratégica que deverá ser trilhada pelos cafei-cultores mineiros. Ainda não se sabe como a identidade “Certi-fica Minas Café” será utilizada pela empresa alemã em embala-gens (e mesmo se será utilizada), mas pode representar o primeiro passo para que a origem “Minas Gerais” chegue ao consumidor

conduzida por um programa governamental e que represen-te toda a cafeicultura do estado. Para constar positivamente na promoção mineira, as iniciati-vas das indicações geográficas do Cerrado Mineiro e da Serra da Mantiqueira de Minas Gerais promovem suas regiões especifi-camente e agregam em sua men-sagem o “sufixo” Minas Gerais. O momento é oportu-no. Outra notícia importante foi anunciada pela Federação dos Cafeicultores do Cerrado, segundo os quais, a expectativa para 2013 é vender cerca de 100 mil sacas lacradas com o selo de Indicação de Procedência no mercado interno e para o exte-rior. As regiões do Norte Pio-neiro e da Serra da Mantiquei-ra de Minas Gerais articulam sua estrutura para coordenar a emissão dos certificados, e neste mês de setembro, o Instituto Na-cional de Propriedade Industrial (INPI) anunciou a mais nova indicação de procedência para o café, a região Alta Mogiana em São Paulo. Os projetos da região do Oeste da Bahia e da Mogiana de Pinhal em São Paulo também caminham. Em termos de marke-

ting estes movimentos são mui-to significativos, muito mais do que o diferencial de preço de R$ 3,00 a saca pago por ocasião da exportação do café mineiro com o selo Certifica Minas Café. No caso mineiro é ainda mais sig-nificativo porque na mente de importadores e consumidores europeus e estadunidenses a ori-gem Minas Gerais praticamente não existe. Quando muito, ve-mos um “South Minas” (Sul de Minas) perdido nas prateleiras de algumas cafeterias. E neste caso específico, quem promove a origem é o torrador ou dono de cafeteria, e não existe nenhum prêmio pago aos produtores de café. Os elos mais fortes da ca-deia se apropriam do valor da marca de origem. Já no caso dos cafeicul-tores da região do Cerrado Mi-neiro a estratégia é de fortaleci-mento da marca e ampliação de mercado, já que gozam de boa reputação no mercado japonês. Analisando um pouco mais a fundo a ação da empresa alemã Tchibo, vemos que ela adota esta prática com o Certifica Minas Café de forma muito estratégi-ca, já se antecipando ao apagão de cafés certificados que ocorre-

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rá no mercado mundial de café nos próximos anos (a se confir-mar pela palavra dos torrefado-res internacionais). Em verdade, é provavelmente um teste que a torrefadora realiza para direcio-nar suas ações futuras. Os olhos das indústrias internacionais se voltam para o único país, o único estado e o único sistema de certificação que pode em pouco tempo aumentar signi-ficativamente a oferta de cafés sustentáveis no mundo. Uma oportunidade de ouro para a nova dinâmica de mercado que o agronegócio café mineiro e brasileiro terá que enfrentar. Os cafés arábicas de Minas Gerais (25 milhões de sacas em 2013) deixam grada-tivamente de ser a base de sus-tentação do preço internacional da commodity. Os Robustas asiáticos, por uma série de fa-tores, começam a ocupar este espaço. E nada indica que isto mudará no curto e médio pra-

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zo. Portanto, uma das alterna-tivas estratégicas dos “Cafés de Minas Gerais” é construir um novo mercado para suas diver-sas origens e cafés sustentáveis. Literalmente, construir. As ou-tras origens brasileiras também devem trilhar este caminho. A explosão da coorde-nação das origens brasileiras em movimentos regionais, mi-crorregionais e macrorregio-nais é um importante fato para o marketing dos Cafés do Brasil. Engana-se aquele que pensa que os movimentos de origem se re-ferem única e exclusivamente à Indicação de Procedência ou Denominação de Origem. Ele é muito mais profundo. Durante a I Semana In-ternacional do Café e 8° Espaço Café Brasil em Belo Horizonte o que vimos foi a explosão do marketing de origens no Bra-sil. O estandes do Sebrae-MG, Sebrae Nacional e Ministério

do Desenvolvimento Agrário (MDA) estavam abarrotados de origens, micro, macro... Ao gosto do freguês! Cafés da agricultura familiar, com origem, as regiões mineiras, algumas regiões bra-sileiras, Chapada Diamantina, o Oeste da Bahia em seu próprio estande. Além disso, cafeicultores investiram muito na promoção de suas fazendas e seus lotes úni-cos. É a origem brasileira, a iden-

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tidade dos Cafés do Brasil sendo construída de forma dispersa, sem coordenação, mas crescen-do com força. E para esta construção, os diversos atores do agrone-gócio café precisam de conver-gência estratégica. O significado deste termo é emblemático, e muito diferente do simples ali-nhamento estratégico, ele signi-fica que não importa onde este-jam os produtores, quais sejam seus interesses, de suas associa-ções e cooperativas, dos comer-ciantes de cafés, torrefadores, governo, instituições governa-mentais e privadas... Todos pre-cisam convergir para o mesmo ponto, para o mesmo objetivo: estruturar um novo posiciona-mento para as origens brasilei-ras no mercado mundial... E na-cional também! Para atingir este obje-tivo, é necessário compreender como se formam estes mercados

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de produtos especiais, diferen-ciados, de origem e sustentáveis. Compreender a balança de forças e o modo como os di-versos atores constroem signifi-cados para marcas e qualidades de cafés. Compreender e ofere-cer ferramentas de marketing para valorizar a marca na emba-lagem das indústrias internacio-nais. Compreender estes pro-fissionais de mercado, em seu dia a dia, como modificam suas práticas de marketing e de com-pras para atingir seus diversos e contraditórios interesses. Paralelamente, logo ao lado existem 21 milhões de con-sumidores brasileiro que tomam café... E o problema é este. Não tomam “Cafés de Minas Gerais”, “o café da Chapada Diamanti-na”, os cafés de comércio justo e solidário de Poço Fundo-MG, os cafés das montanhas capixabas, ou mesmo o Conilon Especial do Espírito Santo! Por quê? Café mineiro só é “bão” nas paradas da Fernão Dias? Porque os pau-listanos não tomam o legítimo café de sua histórica região Mo-giana? A cafeicultura brasilei-ra terá imensos desafios neste futuro tão próximo. As regiões produtoras crescem em termos populacionais e de oportunida-des de emprego para a já escassa mão-de-obra. As condições le-gais de produção apertam o cer-co. E a concorrência internacio-nal acirra a queda de braço pelos preços internacionais. A busca pela convergência estratégica deve estar na pauta de todos. Tomara que em pou-cos anos possamos marcar este momento histórico do Certifi-ca Minas Café como o pequeno grande passo dos “Cafés de Mi-nas Gerais”. E marcar a I Semana Internacional do Café e 8° Espa-ço Café Brasil como o ponto de explosão do marketing de ori-gens dos Cafés do Brasil.

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O anúncio oficial dos instrumentos de política cafeeira que vigorarão na

safra 2013/14 do Brasil, aliado às previsões de frio intenso na região Sul do País, ajudaram a sustentar as cotações do café arábica na Bolsa de Nova York na primeira quinzena de agos-to. No entanto, a forte valoriza-ção do dólar observada a partir da terceira semana pressionou o Contrato C, cujo vencimen-to setembro encerrou o mês no patamar de US$ 1,12 por libra-peso, acumulando per-das de 650 pontos. O aumento dos estoques certificados na ICE Futures US também me-receu atenção, pois se elevaram 38.345 sacas. Em 31 de agosto, os estoques certificados soma-vam 2,79 milhões de sacas, o maior nível registrado no en-cerramento de um mês, desde fevereiro de 2010. A valorização do dó-lar é uma tendência mundial, em função da recuperação da economia norte-americana e da proximidade da suspen-são do programa de estímulos

do Banco Central dos Estados Unidos. No entanto, em função das incertezas dos investidores quanto aos rumos da economia brasileira, o real foi uma das moedas que mais se desvalori-zou ante o dólar, com efeito so-bre o mercado de café, uma vez que o Brasil é o maior exporta-dor mundial dessa commodity. Na terceira semana de agosto, o câmbio brasileiro superou a barreira dos R$ 2,40 e atingiu o maior fechamento dos últimos 56 meses, no dia 21, a R$ 2,451. No acumulado do mês, a alta do câmbio foi de 4,6%. Houve contenção da desvalorização do real a partir de 22 de agosto, com o anún-cio de um programa do Banco Central do Brasil, que injetará US$ 60 bilhões no mercado até o final de 2013. Os recursos serão ofertados em leilões diá-rios até 31 de dezembro, com o objetivo de reduzir especula-ções e atenuar a desvalorização da moeda nacional. Todas as sextas-feiras serão disponibili-zados US$ 1 bilhão, com com-promisso de recompra futura.

De segunda a quinta-feira, a estratégia do BC será de venda de títulos, garantindo proteção às empresas contra variações bruscas no câmbio. A estra-tégia teve resultado positivo, uma vez que o dólar encerrou o mês abaixo dos R$ 2,40, mes-mo com a tendência externa de alta, frente às expectativas de uma possível operação militar na Síria. O mercado futuro da variedade robusta apresentou comportamento semelhante ao do café arábica, com sus-tentação de preços na primei-ra quinzena de agosto e forte desvalorização no segundo período do mês. O vencimen-to setembro do contrato 409 da Bolsa de Londres apresentou perda acumulada de US$ 124 por tonelada, mesmo com os estoques certificados atingin-do o menor nível dos últimos 13 anos (1,32 milhão de sa-cas). O baixo nível do volume armazenado é resultado da re-dução das entregas do café da Indonésia, cuja produção tem sido afetada pelas fortes chu-

Material elaborado pela assessoria técnica do Conselho Nacional do Café (CNC).

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vas, e também pela retra-ção de oferta de café do Vietnã, cujos produtores tentam negociar prêmios maiores pela saca. Segun-do a agência Bloomberg,

os produtores vietnamitas ainda têm em estoque cer-ca de 2,3 milhões de sacas de café da última tempo-rada. Porém as cotações futuras antecipam uma safra abundante no país, cuja colheita será iniciada em outubro e as entregas a partir de novembro.

Estatísticas de ex-portações mundiais ela-boradas pela Organiza-ção Internacional do Café (OIC) mostram que a de-manda pelo robusta conti-nua aquecida. No período de agosto de 2012 a julho de 2013 foram exportadas 44,18 milhões de sacas da variedade, representando 39,2% das exportações mundiais de café. Nota-se

discreto crescimento da participação dessa varie-dade no comércio mun-dial, pois, no período an-terior (agosto de 2011 a julho de 2012), foram ex-portadas 41,06 milhões de sacas de robusta (38,5% das vendas globais de café). No mercado do-méstico, os indicadores de preços do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada apre-sentaram tendência de es-tabilidade para o arábica e de queda para o conilon, que tiveram variação de, respectivamente, -0,1% e -2,9%, no acumulado do mês. Como a queda de preços do robusta foi mais acentuada, o diferencial de preços entre as varieda-des passou de R$ 25/saca, no início do mês, para R$ 38,9/saca, em 30 de agosto. Quanto ao andamento da safra brasileira, a Somar Meteorologia estima que, até o fim do mês passado, haviam sido colhidos 80% dos cafezais em São Paulo e 78%, em Minas Gerais. Porém, é grande a preo-cupação com a perda de qualidade, já que 30% dos grãos colhidos apresenta-

vam algum tipo de defeito, consequência do inverno chuvoso que predominou nas origens brasileiras.Em relação à política ca-feeira, no mês de agosto houve a ratificação, pelo Conselho Deliberativo da Política do Café (CDPC), da distribuição dos recur-sos do Fundo de Defesa da

Economia Cafeeira (Fun-café) para a safra 2013/14. Além disso, foram oficial-mente anunciadas: (i) a implantação de um pro-grama de Opções Públicas de Venda que envolverá 3 milhões de sacas de 60 kg de café, para exercício em março de 2014, a um pre-ço unitário de R$ 343; e (ii) a destinação de recur-sos próprios do Banco do Brasil, a taxa de juros do crédito rural, no valor de R$ 1,614 bilhão, conforme detalhado no Quadro 1. Em agosto tam-

bém foi iniciado o repasse dos recursos do Funcafé aos agentes financeiros. Dos R$ 3,16 bilhões auto-rizados, foram liberados R$ 957,616 milhões no to-tal do mês. De acordo com publicações no Diário Oficial da União, os agen-tes que assinaram contra-to com o Departamento

do Café, da Secretaria de Produção e Agroenergia do Ministério da Agricul-tura, Pecuária e Abasteci-mento, foram, por ordem de tomada de recursos, Bancoob, Itaú BBA, Ban-co Votorantim, Rabobank, Bicbanco, Banco Original, BPN Brasil e Banco Ribei-rão Preto. A maior con-centração da liberação dos recursos foi para a linha de estocagem, conforme pode ser observado nos gráficos abaixo.

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A Região do Cerrado Mineiro é uma Indi-cação Geográfica na Modalidade Indica-

ção de Procedência reconheci-da pelo Instituto Nacional de Propriedade Intelectual – INPI, a primeira em cafés em todo o Brasil, tendo este titulo outorga-do em 2005. A exemplo das mais

tradicionais regiões de vinhos, queijos entre outros produtos europeus, como Bordeaux na França, Parma na Itália, Ryoja na Espanha que demarcam e re-gistram seus territórios pelo re-conhecimento e valorização de seus produtos e pessoas, a Região do Cerrado Mineiro é um terri-tório demarcado e reconhecido pela produção de cafés de alta qualidade, o que lhe possibilitou portanto o reconhecimento e notoriedade como Primeira In-dicação Geográfica em Cafés no Brasil, a segunda entre todos os produtos vindo depois do Vale dos Vinhedos, que é uma Indi-cação Geográfica para Vinhos. Essas “porções de terra”

intituladas como Indicação Ge-ográfica, na França são chama-das de Terroir. O Terroir é nada mais que a combinação entre três fatores: território, homem e o saber fazer. O Território diz respei-to a combinação do clima, solo, temperatura, altitude, regime de chuvas e a todas as condições naturais proporcionadas pela

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Juliano Tarabal * � ���� �� �� ����� ��� ��� ����� ��� ���� �

natureza, que são os fatores eda-foclimáticos. O fator homem, diz res-peito as pessoas que vivem na-quele território, que carregam consigo sua cultura, sua tradição e costumes, os fatores andróge-nos. O “saber fazer” diz res-peito a todo o conhecimento acumulado do homem que atua naquele território, que são as praticas e o processo de produ-ção que tornam único e singular o produto produzido naquele território. Pois bem, a Região do Cerrado Mineiro tem todos es-tes elementos que compões um nobre terroir: Território, ho-

mem e saber fazer. Geograficamente, o Cerrado Mineiro é constituído de 55 municípios, sendo 170.000 hectares de café em produção, cerca de 4.500 produtores que juntos produzem aproximada-mente 5 milhões de sacas, que correspondem a 10% da produ-ção nacional. Nesta área demar-cada o município de Patrocínio merece destaque, pois possui 35.000 hectares de café em pro-dução, que lhe concede o titulo de maior município produtor de café do Brasil, sendo hoje refe-rencia em organização, qualida-de e produtividade, sendo sede de importantes empresas e orga-nizações como EXPOCACCER, COOPA, Acarpa e Federação dos Cafeicultores do Cerrado, que é a Gestora da Região do Cerrado Mineiro. A Região do Cerrado Mineiro é hoje um dos territó-rios mais importantes e reco-nhecidos em todo o Brasil, e isso só foi possível ser construído pois carregamos conosco as três características que compõem os mais nobres terroirs em todo mundo: Território, homem e sa-ber fazer.

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Atualmente pratica-mente todas as regi-ões cafeeiras do Bra-sil produzem grãos

especiais, como o Cerrado, Zona da Mata e Sul de Minas Gerais, Serra do Espírito Santo, Bahia, São Paulo e Paraná. Se-gundo Flávio Borém, é possível encontrar várias definições para café especial, refletindo muitas vezes os efeitos da cultura, cos-tumes e valores de cada povo, região ou país e estando asso-ciado ao prazer que a bebida proporciona. “O café especial é aquele que se distingue por uma característica peculiar ou grupo de atributos singulares possuin-do, portanto, uma especialidade ou especificidade na percepção de seus atributos sensoriais e de seu sistema de produção. O café pode ser especial por possuir sabor e aroma únicos e distin-tos do café comum, por ser pro-duzido em sistema orgânico, ser de origem controlada ou até mesmo por ser raro e exótico”, explica. Segundo dados da BSCA, a demanda pelos grãos especiais cresce em torno de 15% ao ano, contra um cresci-mento de cerca de 2% do café commodity. O segmento re-presenta hoje cerca de 12% do mercado internacional da bebi-da. O valor de venda atual para alguns cafés diferenciados tem um sobrepreço que varia entre 30% e 40% a mais em relação ao café cultivado de modo con-vencional. Em alguns casos, pode ultrapassar a barreira dos 100%. Segundo o ex-presi-

dente da BSCA, Luiz Paulo Dias Pereira Filho, os principais mer-cados consumidores dos cafés es-peciais brasileiros são, na ordem, Japão, Estados Unidos e União Europeia, havendo crescimento muito grande por parte da Coreia e Austrália. No que diz respeito ao consumo interno do produto, das 19,7 milhões de sacas consu-midas no mercado interno, um milhão é de cafés especiais. “O Brasil está assumindo o posto

de fornecedor de cafés especiais para o mundo”, garante.

Variedade de regiões, cultura e sabores

Segundo Borém, a cafei-cultura brasileira, por sua exten-são territorial e peculiar variação ambiental, tem sua produção distribuída em diferentes regiões que se distinguem pelas caracte-rísticas marcantes dos seus am-bientes, tanto em relação ao meio físico quanto às condições climá-ticas e socioeconômicas. “Essas regiões são marcadas por grandes variações no solo, na temperatu-ra, umidade relativa e altitude fazendo com que a qualidade do café possua expressões distintas”, destaca. Recentemente, novas tendências têm demandado a garantia da originalidade geo-gráfica dos produtos agrícolas. “Esses são os casos das certifi-cações de origem conhecidas no Brasil como Indicação Geográ-

fica – IG nas modalidades de Indicação de Procedência - IP e Denominação de Origem - DO. Já existem no Brasil duas regiões com Indicação de Procedência reconhecidas pelo Instituto Na-cional de Propriedade Industrial - INPI: o Cerrado Mineiro e a

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Parte integrante do Sul do estado de minas, a Mantiqueira de Minas está situada na face mineira da Serra da Mantiqueira. Apresen-ta altitudes que variam de 900 a 1400 me-

tros, possui relevo montanhoso, e é composta por 25 municípios, com as condições climáticas propicias à produção de cafés especiais a região é reconhecida pela busca constante da excelência na produção de cafés raros e surpreendentes, equilibrados e apresen-tam sabores complexos com notas de chocolate, fru-tado, cítrico e caramelo e são encorpados com do-çura elevada e apresentam sabor residual marcante.O café chegou a região da Mantiqueira de Minas en-tre os anos de 1848 e 1850, de acordo com registros

de livro caixa de Joaquim José Ribeiro de Carvalho, inventário de Alferes Manoel Carneiro Santiago datado de 1856 e com entrevistas elaboradas junta-mente com os mais velhos moradores e de acordo com histórias contadas por seus antepassados. A ex-pansão da cafeicultura na Serra da Mantiqueira se deu entre os anos de 1913 e 1925. A partir de 1996, iniciou-se um processo gradativo de aprimoramento da tecnologia cafeeira regional, com a busca de novos cultivares e insta-lação de infraestrutura para melhoria da qualidade do café, como colheita altamente seletiva usando as características de maturação dos cultivares precoces, médios e tardios, uso de lavadores, separadores e

Antônio Sérgio Souza

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descascamento do café cereja. Atualmente a região conta com cerca de 7,8 mil pro-dutores, sendo 82% agricultores familiares, juntos produzem em torno de 1,34 milhão de sacas de café ao ano, cultivadas em 69 mil hectares. A geração de empregos é de aproximadamente 150 mil diretos e indiretos. O parque cafeeiro encontra-se em fase de expansão com substituição de cultivares e adequa-ção de novas variedades. A região tem cerca de 95 milhões de pés de café, cultivados em aproximada-mente 40 mil hectares. A região abrange os municípios de Baepen-di, Brasópolis, Cachoeira de Minas, Cambuquira, Campanha, Carmo de Minas, Caxambu, Concei-

ção das Pedras, Conceição do Rio Verde, Cristina, Dom Viçoso, Heliodora, Jesuânia, Lambari, Natér-cia, Olímpio Noronha, Paraisópolis, Pedralva, Pouso Alto, Santa Rita do Sapucaí, São Lourenço e Soleda-de de Minas. “O cafeicultor da região, que é montanhosa, precisa manter os investimentos na cultura, princi-palmente para aumentar a produtividade e a qua-lidade final da bebida. Por ser dependente de mão de obra para os tratos e colheita, os custos são mais altos, por isso é necessário que os grãos sejam de alta qualidade para ter no mercado um preço diferencia-do”, avalia Antônio José Junqueira Villela, que é vi-ce-presidente da Associação dos Produtores de Café da Mantiqueira - APROCAM.

Certificação

Seguindo os caminhos abertos pela região do Café do Cerrado, hoje Região do Cerrado Mi-neiro, os produtores da Mantiqueira no ano 2000, através da consultoria de Ensei Neto, iniciaram um trabalho de diferenciação na produção dos cafés da região. O trabalho de consultoria identificou que a localidade possuía todos os requisitos para o desen-volvimento de uma Indicação Geográfica, tais como clima, solo, altitude e características sensoriais dife-renciadas do café. Na sequência foram difundidos novos co-nhecimentos e tecnologias atualizadas para o apri-moramento no processo de produção dos cafés da região. Contando com as condições propícias para a produção de cafés especiais, em função da altitude, condições de solo, clima e estações do ano bem de-finidas. Com boas chuvas no verão e inverno seco, período no qual há maturação dos frutos e colheita. Desde 2002 os produtores da região con-quistam resultados de destaque nos diversos con-cursos de café, construindo a notoriedade da região. Em 2005, um lote com 22 sacas de café, do produtor Francisco Isidro Dias Pereira, da fazenda Santa Inês do município de Carmo de Minas, al-cançou nota 95,85 pontos e conquistou o Prêmio Especial Gold Cup of Excellence e o maior valor al-cançado por saca de 60 quilos - R$ 15 mil reais. Em média, a região chega a registrar cafés com notas de 80 a 85 pontos pela escala da tabela da Associação Americana de Cafés Especiais - SCAA sigla em in-glês. Os prêmios alcançados pelos cafés da região serviram de estimulo para adoção de uma nova pos-tura de manejo e cuidados no pós-colheita. “Ainda no pé, todo café é de qualidade, o que o tornará es-pecial será a forma como esses frutos serão tratados

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a partir de então. Não é uma lavoura como de soja ou milho, por exemplo, que chega uma máquina e colhe tudo. Esse café tem todo um processo de co-lheita, descanso, secagem, beneficiamento, tudo fei-to de maneira bem correta e com muita dedicação para isso”, explica Hélcio Carneiro Pinto da APRO-CAM. Em 2007, com a publicação pelo Instituto Mineiro de Agropecuária - IMA da delimitação ter-ritorial da região, o processo de pedido de Indicação Geográfica foi depositado no Instituto Nacional da Propriedade Industrial - INPI que o aprovou em maio de 2011 concedendo a Indicação de Procedên-cia - IP aos cafés produzidos na região da Manti-queira de Minas.

Denominação de origem

O Projeto de Indicação Geográfica - IG, na modalidade Denominação de Origem - DO para a Serra da Mantiqueira de Minas Gerais é amplo e au-dacioso e busca um conjunto de informações sobre uma área demarcada envolvendo 22 municípios da Mantiqueira de Minas. Coordenado pelo professor Flávio Meira Borém, do Departamento de Engenharia da Uni-versidade Federal de Lavras - UFLA, o projeto conta com o aporte financeiro do CNPq (Ministério da Agricultura / SDA), Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia do Café (INCT – Café) e do Consórcio Pesquisa Café.

Essa região, conhecida pelos cafés de exce-lente qualidade, já possui a IG na modalidade Indi-cação de Procedência (IP), oficializada em maio de 2011, e agora busca avançar para a DO, o que exige uma identidade única, com a comprovação científi-ca da relação entre as características do café e o am-biente onde é produzido. Na avaliação do professor Borém, o traba-lho que está em fase de finalização é a soma de in-dicadores de diferenciação e qualidade, resultado de um trabalho de rara complexidade e detalhamento, que envolveu diversas competências em torno de um foco de pesquisa comum. Os resultados de di-versos estudos deverão embasar os produtores da região na elaboração do pedido de DO ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Para o professor, o desafio agora é reunir to-das as informações para que, de fato, todo o esforço de caracterização seja transformado em um diferen-cial de valor real no mercado além da colaboração na compreensão do fenômeno da distribuição espa-ço temporal de qualidade do café. Os resultados dos trabalhos de pesquisa foram obtidos em diferentes áreas do conhecimen-to, envolvendo os seguintes estudos: caracterização ambiental; caracterização sócia econômica; análises fenológicas, análises químicas e isótopos estáveis, análise sensorial com diferentes abordagens usando ferramentas de regressão logística e análise de cor-respondência, análises proteômicas e expressão gê-nica.

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Quando se avista as montanhas na Serra da Mantiqueira, no Sul de Minas Gerais, vê-se com facilidade as plantações secu-lares de café, a uma altitude de mais de

1.100 metros. Lá, onde a máquina não vai, a colhei-ta é feita à mão, o que impacta em 60% o custo da produção, diz o presidente da Cooperativa Regional dos Cafeicultores do Vale do Rio Verde (Cocarive), Ralph Junqueira. Por isso, a opção pelo café especial, que remunera melhor, tem aumentado na região na última década. Enquanto o preço pago ao produtor por uma saca de café especial vai de R$ 400 a R$ 800, o café commodity vale R$ 290. Mas ainda tem muito espaço para crescer. Das 200 mil sacas de 600 produtores de café de 18 municípios que a Cocarive vai receber nesta safra, 20% a 30% é formada por café especial e o restan-te pelo café commodity. Com 150 mil sacas de 500 produtores, o vice-presidente da Cooperativa Agro-pecuária do Vale do Sapucaí (Coopervass), Leonar-do Brandão, diz que o café especial está estimulando o produtor a permanecer na atividade cafeeira. Há oito anos, Pedro Ferraz, da Fazenda Jun-queira Reis, em Carmo de Minas, investiu em reno-vação de lavouras de cafés mais finos. Agora, ele tem até 30% da produção de mil sacas no café especial onde consegue R$ 600 pela saca. “Quero chegar a mais de 50% no café especial”. José Wagner Junquei-ra, 74, produtor há mais de 50 anos na fazenda Serra das Três Barras, também em Carmo de Minas, tem mais de 50% das 1.200 sacas em café especial. “Se não fosse isso, eu já tinha acabado com a fazenda”. Com 200 mil pés de café, Otaviano Ribeiro mostra orgulhoso as três posições conquistadas en-tre os dez primeiros lugares no concurso de quali-dade do Brasil da Associação Brasileira de Cafés Es-peciais (BSCA sigla em inglês), em 2011. A colheita deste ano será de 2.100 sacas na fazenda Granja São Francisco, em Carmo de Minas, que está com a fa-mília desde 1937. “Vou descascar 60% (1.260 sacos) e o restante, 40%, será o café commodity”, calcula para os 50 hectares de plantação.

Propriedades centenárias passam por vá-rias gerações

Tudo começou com os bisavós Pedro e Cornélia, passou para o avô Luciano, foi para o pai Maurício até chegar ao filho Luiz Flávio de Castro, 43, que tem cem mil pés de café e produz até 700 sacas por safra no Sítio Colinas, em Carmo de Mi-nas. Do total, até 40% da safra são das variedades bourbon amarelo, catuaí amarelo e acaiá, todos ca-fés especiais. “A saída é a qualidade”, diz Castro, que

optou pela produção dos especiais a partir de 2000. Em 2011, alcançou o primeiro lugar do concurso da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA). O presidente do conselho da Aprocam, Gláucio Carneiro, diz que o mercado consumidor dos especiais está nos Estados Unidos, Japão e Eu-ropa. “Queremos que a região da Mantiqueira seja conhecida internacionalmente como produtora de cafés especiais”.

O poder da região

- Localização: face mineira da Serra da Mantiqueira, no Sul de Minas Gerais- Composição: 25 municípios- Diferencial: Tem Indicação Geográfica (IG). Dada pelo INPI, é uma forma de proteção instituída a uma região conhecida por ter um determinado pro-duto famoso- Produtores: 7.800- Perfil: 89% deles são de pequeno porte- Área plantada: engloba 69.500 hectares- Produção anual: são 1,34 milhão de sacas de café

Helenice Laguardia | O Tempo*

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O Kopi Luwak, ou café de civeta, é feito a partir de grãos de café extraídos das fezes do civeta - um

animal pequeno, de uma família de mamíferos carnívoros, com pela-gem manchada e focinho pontia-gudo, que vivem em palmeiras na Indonésia. Repórteres disfarçados encontraram civetas mantidos pre-sos em gaiolas para produzir o café na Ilha de Sumatra. E especialistas afirmam que os grãos produzidos por esses animais são vendidos como iguarias em diversas partes do mundo. A popularidade do Kopi Luwak explodiu após o café apare-cer em um programa da apresen-tadora americana Oprah Winfrey e no filme Antes de Partir, estrelado por Morgan Freeman e Jack Ni-cholson, em 2007. Muitos revendedores promovem o produto como um artigo silvestre, colhido nas florestas a partir de ex-crementos de animais livres na na-tureza. Em restaurantes, o preço da xícara do café pode chegar a cer-ca de US$ 95 (R$ 215), e parte do valor é atribuida à dificuldade de se conseguir os grãos.Disfarçados como compradores,

repórteres da BBC visitaram pro-dutores que vendem os grãos em Sumatra. Nas fazendas, eles en-contraram gaiolas mal cuidadas e apertadas e um civeta gravemente ferido - em cenas que contrariam a imagem vendida aos consumidores de “produto silvestre”. Produtores em Takengon, no norte de Sumatra, contaram à BBC que vendem os grãos para exportadores, que comercializam o produto na Europa e em outros países asiáticos.

Enjaulados

Depois de ver as imagens dos civetas engaiolados gravadas secretamente, o pesquisador Neil D’Cruze, da Sociedade Mundial para Proteção de Animais, disse que os bichos pareciam “totalmente de-primidos e infelizes” “Esses animais silvestres têm comportamentos que preci-sam e querem expressar”, afirmou D’Cruze. “As gaiolas são completa-mente secas, imundas e sem lugar para eles subirem.” O ex-empresário do setor de cafés Tony Wild, autor do livro Coffee: A Dark History (“Café: Uma História Sombria”, em tra-dução livre), diz estar “totalmente convencido” de que os grãos pro-duzidos por animais enjaulados são

vendidos em Londres. Wild diz acreditar que muitas vezes é enganoso vender o produto como um artigo silvestre. “O motivo por que tantas pessoas reproduzem essa história é que, por ser incrivelmente raro, você pode manter um preço ridiculamente alto”, afirma.

Sem controle

Durante a reportagem em Takengon, a BBC conversou com produtores que mantinham os ani-mais engaiolados e diziam vender grãos do Kopi Luwak para a Sari Makmur - uma empresa de expor-tação baseada na cidade indonésia de Medan - usá-los na produção do café comercializado com o nome de Wild Luwak. O vice-presidente da Sari Makmur, Andry Spranoto, admitiu para os repórteres disfarçados da BBC que a empresa não tem como controlar os ingredientes do Wild Luwak. A companhia disse que perguntava aos produtores se os grãos eram silvestres e eles diziam que sim, mas a empresa não checa-va a informação. “Pra ser sincero, não es-tamos empenhados em vender o Wild Luwak porque não podemos controlá-lo”, afirmou Spranoto.

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Sem maus-tratos

Pesquisadores disfarçados como compradores também visi-taram uma propriedade da empre-sa perto da cidade de Sidikalang, também em Sumatra. Alega-se que lá os grãos são colhidos de animais livres na natureza. A propriedade, chamada Wahana, não tem relação com as fazendas de civetas ou com as cenas de crueldade observadas pela BBC em Sumatra.O café premium produzido na propriedade, o Wahana Luwak, é vendido como artigo silvestre na luxuosa loja de departamentos Harrods, uma das mais conhecidas de Londres. Os grãos do café chegam à capital britânica por meio de uma cadeia formada por uma im-portadora independente e um ou-tro fornecedor. “É silvestre, claro que é silvestre”, diz Spranoto, sobre o Wahana Luwak. “Mas esse café vem com 100% de certeza de Wahana porque nós o monitoramos.” O vice-presidente da

empresa garantiu aos repórteres disfarçados que não havia animais encarcerados em Wahana e que um programa de reprodução conduzi-do na propriedade foi concluído em 2007. A BBC também entrou em contato com duas importadoras do café da Sari Makmur que confirma-ram ter visitado a propriedade em 2011 e não ter visto nenhum civeta enjaulado.Mas um funcionário da proprieda-de, que pediu para não ser identifi-cado, revelou a presença de animais encarcerados em Wahana. Segundo ele, os civetas eram bem tratados no local. “Nós colocamos cada ci-veta em um espaço próprio”, disse o funcionário. “O espaço tem três me-tros quadrados e um chão de cimen-to, que é limpo e lavado todo dia.”Não há sinais de animais maltrata-dos na propriedade.

Casas de madeira e frutas

Quando a BBC mais tar-de entrou em contato com a Sari Makmur para revelar sua apuração, a empresa confirmou a presença de

animais encarcerados em Wahana, mas insistiu que os grãos extraídos de civetas em cativeiro não são ven-didos.A companhia afirma que toda a produção comercializada a partir da propriedade tem origem em ani-mais silvestres. “Colocamos casas de ma-deiras e frutas na vizinhança para atrair os civetas silvestres para cir-cular em nossa propriedade Waha-na e produzir o café”, disse a empre-sa, em um comunicado. “No nosso programa de civetas em cativeiro, nós estudamos o comportamento animal, a sua dieta e o seu comportamento para reprodução”, acrescenta o texto. “Para atender a demanda deste mercado, nós criamos nossos próprios civetas e os soltamos na nossa propriedade quando eles es-tão maduros o suficiente.” “Não vendemos nenhum dos grãos de café dos civetas em ca-tiveiro já que isso vai contra o nosso modelo de negócios”, conclui o co-municado. A BBC também pergun-tou à Harrods se a loja se preocupa com os sinais de que a Sari Makmur mantém animais em cativeiro longe dos olhares de visitantes ocidentais. “A Harrods trabalha com todos os seus fornecedores para garantir que os mais altos padrões éticos de abastecimento, produção e venda sejam mantidos”, respondeu a loja. “Isso se realiza por meio de rigorosos procedimentos de audito-ria.” “Nosso fornecedor exclu-sivo (a Sari Makmur) deu à Har-rods todas as garantias de que o café que recebemos é orgânico e colhido de civetas de palmeiras silvestres”, acrescenta o comunicado. A Harrods disse ainda que está trabalhando com seu fornece-dor para investigar as informações da reportagem da BBC. “Se necessá-rio, vamos rever a venda do produ-to”, afirmou uma porta-voz da loja. O café Wild Luwak, que o vice-presidente da Sari Makmur admitiu não ter como controlar, não é vendido na Harrods.

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Hoje, o Mundo do Café e seus Produtores está polarizado nestes grandes grupos: cafeiculto-res de Coffea arabica e de Coffea canephora. Apesar de existirem dezenas e dezenas de es-

pécies de cafeeiros, as que realmente contam para o mercado são essencialmente estas duas.

Até o início dos anos 90, a oferta de Robusta mal pas-sava de 10% do total produzi-do mundialmente, considerada matéria prima exclusiva para a indústria de café solúvel. Porém, depois das grandes geadas de 94 que dizimaram boa parte do parque cafeeiro do Brasil e que, por conseqüência, jogou as cota-ções de parcos US$ 86 para mais de US$ 300 a saca de 60 kg no Brasil, o estímulo ao plantio de novas áreas foi inevitável. Nesse meio tempo, qua-se que despercebidamente pela maioria do mercado, surgia um “Tigre Asiático do Café”: o Viet-nan. Com o estímulo governa-mental, os produtores daquele país se puseram a trabalhar com uma nova cultura que dava ace-nos de prosperidade. O agricul-tor de qualquer parte do mundo tem como marca registrada o apego à terra e o poder de trans-formá-la rapidamente a partir de uma cultura escolhida. E foi o que se passou: em pouco menos de 12 anos, o Vietnan desbancou a Colômbia do posto de segun-do maior produtor mundial de café, que vinha sofrendo com os problemas climáticos que afeta-ram as montanhosas lavouras e a gradativa transferência de sua população rural para as áreas urbanas. O bárbaro crescimen-to vietnamita assombrou a to-

dos, em boa parte pelo fato de que até quase o final dos anos 2.000 pouco havia sido feito de infraestrutura de armazenagem e portuária. Muitas das grandes empresas de comércio de café iniciaram a construção de ar-mazéns por conta própria para ordenarem o escoamento das safras compradas por lá. Se os cafeicultores al-cançaram a gigantesca produ-ção de 140 milhões de sacas de café (já convertidas no padrão brasileiro de 60 kg), a parte do Robusta e seus primos chegou a aproximadamente 30% desse total, algo como impressionan-tes 42 milhões de sacas! As plantas do canepho-ra são muito estáveis em sua produção, muito produtivas e com boa tolerância a diversos problemas que afligem os arabi-cas como a Cercospora, a Ferru-gem e até a nematóides. Daí vem que seu custo de produção na parte agrícola é bastante baixo, tornando-o rentável ou, no mí-nimo viável, mesmo em épocas de magras cotações. Sol e água abundantes são suficientes para essas lavouras fazerem festa. O componente genéti-co é determinante para explicar boa parte do excelente desempe-nho nas lavouras de robusta. Ter a metade do número de cromos-somos em relação aos Mundo Novo e Bourbon confere o ex-

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celente desempenho produtivo mesmo sob condições restriti-vas. Mas isso traz contraparti-das: sua variabilidade no tocante aos atributos sensoriais é mais restrita. Sempre digo que a Na-tureza é refinadamente sábia, fazendo tudo convergir, ao final, para o equilíbrio. É o tal do “Ca-minho do Meio” que Buda pre-gava como uma das chaves da felicidade: “Nem muito lá, nem muito cá; o melhor é o caminho do meio”... Nada é infindavelmente dominante na Natureza. Exis-tem os diferentes reinados, mas que passam. O maior número de cromossomos das variedades arabicas é que permitem a exis-tência da exuberante paleta de sabores e aromas que podem surgir numa excelente xícara de café. Portanto, apesar da maior exigência para sua produção, seus resultados sensoriais po-dem ser extremamente ricos. Só para lembrar, as va-riedades mais famosas de ca-nephora cá entre nós são o Ro-busta e o Conilon, enquanto que de arabica temos o Bourbon, o Mundo Novo e o Catuaí. Recentemente, algumas

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entidades de cafeicultores vem levantando a bandeira da rotula-gem das variedades empregadas nos blends de cafés da indústria brasileira. Na verdade, são pro-dutores de arabica preocupados com o agressivo avanço do Coni-lon nos produtos da indústria de torrefação do Brasil. Defendem a pureza de uso dos arabicas como forma de se garantir a qualidade dos blends comuns encontrados em cada supermercado. De novo, um sofisma. Não é o fato do Conilon ocupar espaço na composição dos blends industriais frente ao arabica que necessariamente torna o produto ruim. O que o faz ruim de sabor é o uso de grãos de baixa qualidade. Não tem milagre. Arroz quebrado é arroz de segunda classe. Pacote de fei-jão com grãos manchados, que-brados, cheio de “bandinhas” e outros atacados por fungos, é mais barato porque tem todos es-

ses defeitos juntos. Mas, se o movimento ga-nhar corpo, bom barulho pode fazer. Mas aí surge outro pro-blema: todas as variedades que costumo denominar de moder-nas são resultado de cruzamento com os Híbridos de Timor ou de Vila Sarchi. Esses dois são re-sultado de hibridização natural ocorrido, como por exemplo, na pequena ilha do Timor (onde se fala o Português de Portugal e a religião predominante é o Isla-mismo). Ou seja, são plantas que tem a genética mista dos arabicas e dos canephoras. Se estes exem-plares foram usados para mode-lar variedades como Obatan, IA-PAR-59, Icatu e Catucaí, sem falar na prole que saiu de cada um e que recebem nomes de pedras preciosas e aves, claro está que todas essas variedades modernas não são mais Coffea arabica ge-nuínas. Que coisa, não?! Portanto, muitos dos ca-

fés especiais rotulados por varie-dades que estão à disposição no mercado, torrados por microtor-refações especializadas, ao colo-car que usam 100% arabica, caso usem qualquer uma dessas varie-dades, não estão sendo corretos com os consumidores. A lição que fica é que a Natureza é dinâmica, assim como o que parece sólido e definitivo hoje, pode se tornar etérea fuma-ça amanhã. Discutir sobre qual variedade ou espécie é a melhor, é como discutir sobre futebol com dois torcedores fervorosos: todos sempre tem razão. A bem da verdade, o que show tem que continuar e fica mais interessante quando todas as torcidas vão assistir maciça-mente os jogos. Tudo se torna celebração, pois é quando cada um dá o melhor de si para mos-trar que é o melhor. Nem que isso dure apenas um jogo...

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A Jacto leva para a 21º edição do Seminário do Café seu mais novo lançamento para cafeicul-tura: a colhedora KTR 3500. O modelo vem completar as so-lução da Jacto em mecanização para cafeicultura e traz evoluções que atendem às necessidades do produtor, aliando melhor perfor-mance e otimização de recursos. A nova KTR 3500 foi desenvol-vida com reservatório de café com capacidade efetiva de 1.800 litros. Com o novo reservatório, associado ao sistema de descarga ‘on the go’, o equipamento não precisa parar a operação de colheita quando seu reservatório esta cheio. Dessa forma, é possível realizar a operação de des-carga do café colhido simultaneamente à operação de colheita. “Isso significa otimização dos recursos produtivos da fazenda cafeeira, com redução de custos em ativos imobilizados com trator ou carreta, ou seja, um único conjunto trator cafeeiro e carreta podem acompanhar até três colhedoras KTR 3500 sem interrupção na sua operação de colheita”, explica Walmi Go-mes Martins, gerente de produto da Jacto.Entre outras novidades, a KTR 3500 apresenta cambão com ajuste hidráulico de altura, com altura máxima de colheita de 3,50 metros, comandos de operação acoplados ao trator, siste-ma de automação da direção, maior recurso de nivelamento, sistema de câmeras para melhor visualização das operações e pneus de baixa compactação.

INVESTIMENTO: Aquisição de má-quinas, implementos, armazenagem e animais:• Pronaf: 2% a.a até 10 anos;• Pronamp: 4,5% a.a até 8 anos;• Finame Rural PSI: 3,5% a.a, até 10 anos;• Armazenagem: 3,5% a.a, até 15 anos;• MCR: 5,5% a.a. Até cinco anos.

CUSTEIO: Aquisição de insumos:• Pronaf: de 1% a 3% a.a.;• Pronamp: 4,5% a.a.;• MCR: 5,5% a.a

A Associação Brasileira dos Produtores de Mogno Africano está no Seminário divulgando que hoje já existe mais de 10.000 hectares plantados em várias regiões do Brasil. E será a melhor alternativa de for-necimento de madeira nobre do Brasil nos próximos 7 a 10 anos. Além de todo este extenso assunto que é o mogno africano no Brasil, estamos tendo muito sucesso no plantio de Mogno Africano e Café. É um consórcio altamente vantajoso para o produtor que além de produzir um café de melhor qualidade, com menos variação climática na lavoura, tem alto retor-no financeiro no corte da madeira.

A CAFEBRAS terá o desafio de pro-mover os cafés brasileiros, suas origens produtoras suas diferentes qualidades e sabores. Com sede em Patrocínio, coração do Cerrado Mineiro, a CAFE-BRAS optou por se instalar numa das mais reconhecidas regiões produtoras de Cafés do Brasil, visando estabelecer uma aproximação cada vez maior en-tre a produção no Brasil, indústrias e consumidores por todo o mundo.

Lithothamnium é um fertilizante de origem orgânico, catalisador e corre-tivo de solo, totalmente natural, pro-veniente de algas marinhas calcifica-das que tem na sua composição mais de 40 elementos equilibrados e de alta solubilidade.

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Retorna este ano com a recolhedora de café terra 2013. Recolhedora que trabalha na retirada do café do chão que é hoje uma das maiores dificulda-des dos produtores, com seu excelente rendimento chega a fazer 01 hectare a cada 03 horas em média, trabalhando no centro da rua do café melhorando o rendimento da colheita. A recolhe-dora de café terra é 100% hidraulica, bastante resistente e com baixo custo de manutenção.

Um dos destaques da STIHL é a mul-tifuncional KA 85 R –a ferramenta do cafeicultor–, com implementos capa-zes de realizar quatro tarefas: roçar, esqueletar, podar (decote ou recepa) e colher. Outra atração é a nova linha de produtos a bateria.

Companhia aproveita evento para explicar ao público as vantagens da embalagem de juta na con-servação café e seu histórico de sustenta-bilidade.

A Castanhal, maior fabricante de produ-tos de juta das Américas, está mostrando ao público em geral porque os sacos de juta são os únicos que garantem a quali-dade do café que chega à xícara do con-sumidor e ainda por cima tem uma longa história de sustentabilidade e preservação do meio ambiente.A Castanhal apresentará em seu estande a melhor opção para embalar café: a sa-caria de juta. Por ser 100% natural, sua

fibra atua como um regulador de umidade: se o ambiente estiver úmido, ela mantém os grãos frescos e arejados. Já em ambientes secos, evita o ressecamento dos grãos através do fornecimento da umidade de suas fibras. “A participação da Castanhal é essencial para mostrar aos nossos clientes que a juta é a melhor opção para embalar o café. Além de ser sustentável, não é utilizado nenhum com-ponente químico durante a confecção da sacaria, garantindo a qualidade do produto embalado”, afirma Flávio Junqueira Smith, presidente da Castanhal.A empresa segue os rigorosos padrões internacionais de qualidade estabelecidos pela Organização Internacional do Café (ICO), International Cocoa Organization (ICCO) e pela Norma Européia 767. Prova da qualidade da sacaria de juta da Castanhal foi a conquista do selo internacional de qualidade que permite a embalagem de produtos alimentícios orgânicos: o BCS ÖKO – Garantie, reconhecido na Europa, EUA e Japão.

A IWCA BRASIL - Aliança Internacional das Mu-lheres do Café é uma rede formada por mulheres envolvidas em toda a cadeia do negócio café foi fundada em 2012, após quase dois anos de traba-lho voluntário e de intensa mobilização, mulheres de diferentes regiões produtoras do país.½ ½ ½ ¾ ¿ ½ À Á Â Ã Á Ä ¿ Å ¾ À Æ Ç ¾ Â Ã

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Os solos de cerrado são naturalmente ácidos, devido à pró-pria natureza de sua

formação. Áreas antes conside-radas marginais, por problemas de fertilidade natural, através da correção da fertilidade e uso de irrigação em zonas de elevado déficit hídrico passaram a ter interesse econômico na explora-

ção agrícola. Para que os cafezais ir-rigados implantado nessas áre-as apresentem produtividades satisfatórias e compensadoras com uma bienalidade pequena, é imprescindível uma boa corre-ção. Porém observa-se que mes-mo fazendo uso dessas práticas, muitas vezes não atingem altas produtividades, pois o benefi-cio da fertilização e da calagem ocorre camada arável (0-20 cm), assim, o sistema radicular do ca-feeiro se limita a uma camada

pequena do solo. O não desenvolvimen-to radicular em profundidade ocorre devido à problemas de ordem física (compactação) e ou baixa disponibilidade de Cálcio e Magnésio em profundidade. O problema de compactação pode ser resolvido através da subsola-gem e uso de plantas de cobertu-ra na entrelinha do cafeeiro, en-

quanto o problema de correção com Ca e Mg em profundidade só é possível através da incorpo-ração mecânica de corretivos, ou uso de fontes solúveis, que uma vez aplicadas em superfície per-colam e corrigem em profundi-dade. O calcário é o princi-pal corretivo de pH e fonte de Ca e Mg utilizado na agricul-tura brasileira, porém sua mo-vimentação no perfil do solo é baixa, restringindo basicamen-te à correção superficial. Urge

a necessidade de buscar fontes alternativas de Ca e Mg com características de solubilidade e movimentação mais acentuadas do que o calcário, para ocorrer um bom fornecimento de Ca e Mg e a tão desejada correção em profundidade sem a necessidade da incorporação. Muitas vezes o agri-cultor não faz monitoramento nutricional através de análises foliares, com isso não consegue detectar se está ocorrendo absor-ção de Ca e Mg. É comum obser-var solos muito bem corrigidos, porém os teores foliares de Ca e Mg estão abaixo do adequado, então não entende a razão de uma baixa produtividade mes-mo em solos corrigidos. Quando adota um ma-nejo onde prioriza fontes mais solúveis, a produtividade sobe, pois o cálcio tem papel impor-tantíssimo no pegamento, fi-xação da florada e um sistema radicular mais desenvolvido em solo corrigido profundamente, que absorve muito mais água e

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nutrientes. Raízes profundas re-duzem impactos climáticos, es-tabilizam a produtividade com menor bienalidade. Vale lembrar que o cafeicultor faz “duas safras” no mesmo ano, ou seja, ele pre-cisa cuidar da safra que está na planta e ainda fazer ramos novos para produzir no próximo ano, o sucesso desta prática só é con-seguida com um bom equilíbrio nutricional e uma boa relação parte aérea x sistema radicular.Existem no mercado alguns in-sumos com maior solubilidade e maior mobilidade, como por exemplo, o gesso agrícola (CaO 26% e S 15%), a magnesita (MgO 95%), cal virgem dolomitica (CVD) com 60% de CaO e 30% de MgO e o próprio nitrato de cálcio (19 % de Ca e 15% de N). Por outro lado existem muitos calcários de baixa reatividade e solubilidade, que limitam o for-necimento imediato de Ca e Mg. No oeste baiano, na re-gião de Luis Eduardo Magalhães e Barreiras, foram feitas algumas observações com uso de fontes mais solúveis de Ca e Mg. Na Fazenda Milano, localizada no município de Barreiras – BA, aplicou-se a CVD, buscando-se uma melhor disponibilização de Ca e Mg, pois já havia sido apli-cado por dois anos consecutivos 1,0 Tonelada/ha de calcário do-lomitico sem incorporação, não havendo melhoria esperada nos solos e nas plantas. A foto a direi-ta na próxima página retrata a la-voura antes da aplicação da CVD e a tabela 1 reporta as caracterís-ticas químicas da CVD. Após 65 dias de aplicado, percebeu-se a campo uma gran-de emissão de folhas novas, com uma coloração agora mais verde--escura, com ótimo crescimento dos grãos de café, percebendo que houve uma melhoria no solo após a aplicação da CVD, fato este atestado pelas análises de solo. Um problema sério observado na

região é a escaldadura por inso-lação, que também foi amenizada após a aplicação de fonte mais so-lúvel de Ca e Mg. Devido ao seu valor alto do PRNT (Poder Relativo de Neutralização Total), a CVD traz como principal beneficio a dis-ponibilização imediata de cálcio e magnésio ao solo, aumentando o pH com diminuição do hidro-gênio e alumínio, aumentando a soma de bases no solo. Outro fator importante é a solubilida-de da CVD, que pode ser aplica-da via pivô central, permitindo à disponibilização imediata as plantas, em dosagens fracionadas, com um custo menor de aplica-ção. Outra forma de aplicação da CVD é na forma de drench (es-guicho sob a copa das plantas), testado em plantios de maçã e ameixa na Chapada Diamantina – BA. Resultados obtidos nas lavouras de café irrigadas do oes-te baiano corroboram com os resultados obtidos por Matiello em Pirapora – MG, onde houve aumento significativo dos níveis de cálcio, magnésio e potássio no solo, dando assim melhores con-dições de desenvolvimento das plantas. Ao lado segue tabela 2 descrevendo os resultados das análises de solo, antes e depois da aplicação de CVD via solo. Percebe-se nos resultados da análise de solo retirada recen-te que houve aumento nos teores de Ca, Mg e da saturação de bases (V%), de 28% para 48%, tendo assim no solo melhores condi-ções de crescimento das raízes e aproveitamento dos fertilizantes. Em São Paulo, na cultura da cana de açúcar, Cabrera & Bis-po obtiveram excelentes resulta-dos em termos de produtividade e correção de solo em profundi-dade com uso de Gesso Agrícola associado à Magnesita quando comparado com calcário. Estas

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informações conduzem a um manejo de fertilidade buscando o aprofundamento das raízes e a melhor eficiência e eficácia dos insumos. Com a instabilidade climática, onde está cada vez mais comum o déficit hídrico, e os altos custos de produção a competitividade agrícola come-ça ficar vulnerável, pois o poten-cial produtivo das plantas está limitado a um sistema radicular pouco desenvolvido e um sub-solo pouco explorado que não permite maiores incrementos de produtividade A lucratividade da agri-cultura brasileira não pode estar associada às altas cotações das commodities e sim a uma pro-dutividade embasada em uma fertilidade de solo corrigida em profundidade. O potencial pro-dutivo das plantas já foi exaurido com o solo corrigido na camada superficial, para que ocorra um salto de produtividade é neces-sário corrigir o solo a pelo me-

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nos um metro de profundidade, ai sim haverá ganho de produti-vidade e lucratividade, e menor dependência de altos preços das commodities.

Na Prática Vilmon Passos de Deus é gerente da Faz Milano, locali-zada no município de Barreiras – BA. Lá se produz café, feijão, milho e soja. Nestas terras ele aplicou a cal virgem dolomitica (CVD) pela primeira vez na cul-tura do café nesse ano, em janei-ro. Um pouco desta aplica-ção (30,0 Kg) aconteceu via pivô e o restante via calcariadeira, to-talizando 200,0 Kg/ ha. Nos 600 hectares de plantio de café, o ge-rente observou que a absorção da planta foi melhor quando a aplicação foi feita via fertirriga-ção.

Investimento O investimento no pro-

duto não foi muito alto, segundo Vilmon. “O que mais encareceu foi o frete. E o resultado com-pensou, com uma boa resposta comprovada pela análise de solo. Com a aplicação a lavoura teve seu aspecto melhorado especial-mente o solo. A saturação de ba-ses hoje é de 43%, visto que an-tes tínhamos apenas 15 ou 16%”, pontua. Ainda segundo ele, a la-voura criou mais folha. “O cal-cário demora para reagir, mas a CVD é mais solúvel. Por isso conseguimos um resultado mais rápido do que a aplicação de calcário comum. E aplicando a CVD, após o aumento da satu-ração de bases e regulagem do pH do solo não é preciso aplicar calcário em seguida”, diz.

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