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InterfacEHS Revista de Saúde, Meio Ambiente e Sustentabilidade Publicação Científica do Centro Universitário Senac - ISSN 1980-0894 Acesse a edição na íntegra! http://www3.sp.senac.br/hotsites/blogs/InterfacEHS/?page_id=1480
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ISSN 1980-0894 Editorial, Vol.9 Nº1, Ano 2014
Caro Leitor
Com a intenção de continuar a disseminação do conhecimento, a Revista
InterfacHES traz até você em sua primeira edição no ano de 2014, mais cinco artigos
sobre temas variados dentro da área da Saúde, Meio Ambiente e Sustentabilidade.
Os trabalhos publicados nesta edição são exemplares, começando com o artigo de
Jamir Mendes Monteiro, Carla Carolina Pecora Gomes,Loamy Sá e Thatiane Freitas de
Sousa Furtado sobre a Política Nacional de Resíduos Sólidos - lei 12.305/2010: uma visão
geral e sua interface com o Porto de Santos. Tangenciando esse tema é apresentado um
estudo experimental sobre a avaliação de degradabilidade de embalagens plásticas
utilizadas no acondicionamento de resíduos sólidos urbanos, cujas contribuições são das
autoras Fabiana Alves Fiore Pinto, Emília Satoshi Miyamaru Seo, Maíra Alonso
Klaussner e Camilla Raucci.
Tratando-se sobre a qualidade de vida profissional evidencia-se a contribuição das
autoras Marina Atuatti e Sayonara de Fátima Teston com artigo sobre a qualidade de vida
dos profissionais que trabalham no Capsi de um município do Oeste Catarinense.
Outro trabalho voltado à saúde humana é apresentado sobre a aplicação do
instrumento demanda controle em uma população de trabalhadores hipertensos da
construção civil, relacionadas ao ambiente ocupacional sob autoria de Roberta Zaninelli
do Nascimento Zarpelão e Milva Maria Figueiredo de Martino.
Por último, não menos importante, é apresentado o artigo sobre as análises crítica e
comparativa de uma marca cosmética com apelo antienvelhecimento sob autoria de
Daiane Maria da Silva Andrade e Célio Takashi Higuchi.
Na seção resenha, registra-se o trabalho sobre o princípio da solidariedade
intergeracional como pressuposto para a adoção de um paradigma ambiental de
sustentabilidade, com a discussão da autora Gabriela Soldano Garcez.
A contribuição destacada na seção tradução é sobre contribuição das exposições de
óxido de nitrogênio e dióxido de enxofre, emitidas de usinas de energia, na prevalência
de doenças e sintomas respiratórios, cujo artigo foi publicado na revista Environmental
Pollution, v.186, 2014.
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ISSN 1980-0894 Editorial, Vol.9 Nº1, Ano 2014
Espero que o conteúdo da revista enriqueça o seu aprendizado.
Tenha uma boa leitura!
Editora
Emília Satoshi Miyamaru Seo
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ISSN 1980-0894 Artigo, Vol.9 Nº1, Ano 2014
DEMANDA CONTROLE EM TRABALHADORES HIPERTENSOS DA
CONSTRUÇÃO CIVIL
DEMAND CONTROL IN HYPERTENSIVE CONSTRUCTION WORKERS
Roberta Zaninelli do Nascimento Zarpelao1
Milva Maria Figueiredo de Martino2
RESUMO
Objetivo: Apresentar o resultado da aplicação do instrumento demanda controle
em uma população de trabalhadores hipertensos da construção civil, relacionadas ao
ambiente ocupacional. Método: Trata-se de um estudo descritivo e transversal, em
trabalhadores da Construção Civil de Cubatão, SP oferecendo subsídios para a gestão da
saúde do trabalhador nesse ramo de atividade. Resultados: (n=79) que relacionou o
ambiente de trabalho e sua relação com a hipertensão arterial. Conclusão: Concluiu-se
que a hipertensão arterial leve foi predominante entre os trabalhadores, no entanto há
necessidade de maiores investigações sobre os fatores presentes no ambiente de trabalho
podem agravá-la ou não.
Palavras-Chaves: Hipertensão Arterial. Gestão em Saúde. Saúde dos trabalhadores.
1 Enfermeiro do Trabalho, Mestre em Saúde do Trabalhador e Meio Ambiente, Doutoranda da EPE/Unifesp. São
Paulo (SP), Brasil. E: mail: [email protected]; Autor correspondente. Endereço: Av. Doutor Bernardino de
Campos, 580 Av. Apto. 36, Santos – SP, ZIP CODE:11065-002, Tel.: (13) 98136 3809.
2 Enfermeira, Pós Doutora em Enfermagem. Professora Associada da Unifesp. São Paulo (SP), Brasil.
E-mail: [email protected];
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ISSN 1980-0894 Artigo, Vol.9 Nº1, Ano 2014
ABSTRACT
Objective: To present the result of applying the instrument demand control in a
population of hypertensive construction employees in their workplace. Method: This was
a descriptive cross-sectional study in Construction workers of Cubatão, SP offering
subsidies for the management of health worker in this field of activity. Results: (n=79)
related to the work environment and its relationship to hypertension. Conclusion: It was
concluded that mild arterial hypertension was prevalent among workers, however it is
needed further investigation into the factors present in the work environment that can
aggravate it or not.
Key Words: Hypertension. Management in Health. Health workers.
INTRODUÇÃO
As transformações ocorridas no mundo do trabalho têm repercutido na saúde dos
trabalhadores de maneira direta, assim a crescente demanda por novas tecnologias,
adicionadas a um complexo conjunto de inovações organizacionais tem interferido nas
condições e as relações de trabalho (MENDES & De MARTINO, 2012).
A intensificação do trabalho é um elemento da atual fase do capitalismo que passa
a implicar em consumo de energias físicas e espirituais dos trabalhadores, essas
transformações impactam diretamente na saúde do trabalhador em decorrência do
processo de trabalho que precisa ser reorganizado de forma a atender as características de
cada profissão (MENDES & De MARTINO, 2012, p.1471).
A construção civil é um ramo de atividade de grande importância no cenário
econômico brasileiro, caracterizado pela informalidade, sendo trabalhadores do sexo
masculino, migrantes, com baixa escolaridade e reduzida qualificação profissional além
de ser considerado um dos mais perigosos do mundo e inclusive no Brasil e com altos
índices de acidentes de trabalho, inclusive os incapacitantes e os fatais (IRIART et al.,
2008, p.166). A construção civil apresenta apenas 20,1% dos trabalhadores com carteira
assinada e o trabalho informal pode contribuir para a precarização do trabalho nesta área
de atuação, quando comparados a outros tipos de atividades, ainda a presença marcante
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do trabalho informal deriva da utilização de mecanismos de rebaixamento de custos,
dentre eles o da subcontratação (IRIART et al., 2008, p.166).
Segundo a Relação Anual das Informações Sociais (RAIS), a análise setorial
mostra que todos os setores expandiram o nível de emprego formal em 2011,
comportamento esse proporcionado, em grande parte, pelo fortalecimento da demanda
interna. Em termos absolutos, a Construção Civil proporcionou a criação de 241,3 mil
empregos ou +9,62%, a maior taxa de crescimento do período, e a Região Sudeste
aumentou o número de empregos em +4,69%, gerando 1.283.061 postos de trabalho
(MTE, 2011, p.2).
As condições adversas do trabalho, perdas dos direitos trabalhistas, legalização dos
trabalhos informais e temporários, aliadas a evolução da tecnologia avançaram os limites
da saúde humana e pode influenciar o risco de desordens osteomusculares, sintomas
psiquiátricos, alteração do sono dos trabalhadores, e ferimentos que ocorrem
frequentemente entre populações de meia idade, podendo ser consideradas umas das
principais razões de adoecimento (PADILHA, 2010, p.555).
Segundo Lima (2010), a terceirização permite a flexibilização do processo
produtivo, trata-se assim, da reorganização da produção com foco das atividades fins das
empresas e externalização das demais, eliminando setores produtivos, administrativos, ou
de serviços, que por esta visão, são considerados complementares às suas atividades fins
e transferem sua realização para outras empresas, concentrando-se no produto principal,
possibilitando redução de custos fixos e ganhos de eficiência.
A terceirização é percebida como técnica de modernização e instrumento de gestão
empresarial trata-se de um fenômeno mundial alcançando todos os tipos de trabalho, na
indústria, comércio e serviços, apresentando-se sob diversas formas de regulação e
legislação nos diferentes países (LIMA, 2010, p.17).
A flexibilização e terceirização podem não implicar necessariamente na
precarização das relações de trabalho, mas progressivamente tornam-se sinônimos. A
precarização relaciona-se com uma maior desregulamentação da utilização da força de
trabalho, com a redução de postos, alterações nos contratos com redução dos custos
relacionados aos direitos trabalhistas e sociais nas relacionais salarias, além da
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transferência de atividades para outras empresas, que se responsabilizam pela
organização do trabalho e gestão demão de obra, eliminando custos e diminuindo ônus
com esta gestão (LIMA, 2010, p.17).
A precarização pode ser vista como uma tendência difundida em toda a parte, no
setor privado, público, nos meios de comunicação e atinge todos os trabalhadores e pode
afeta-los mesmo que não diretamente, gerando consequências como a desestruturação da
existência e suas estruturas temporais, tornando o futuro incerto e generalizando
insegurança como modo de vida. Lima (2010, p.23),
Estas condições podem contribuir para o aparecimento do estresse ocupacional, que
é um termo relativamente moderno que frequentemente tem sido discutido em grandes
entidades de saúde nas últimas décadas, de acordo com o Instituto Nacional para a Saúde
e Segurança Internacional (NIOSH) estresse ocupacional é definido com uma resposta
mental ou algo nocivo ao psicológico, ocorrendo entre a incompatibilidade dele ou dela
para a habilidade, que pode desencadear comportamentos agressivos, doenças
ocupacionais, doenças psicológicas e até mesmo a morte (MASOUD et al. 2013, p. 804).
A Organização Internacional para o Trabalho (ILO) considera o estresse ocupacional
como o mais significativo ao considerar a saúde do trabalhador, enquanto para a
Organização Mundial da Saúde (WHO) enfatiza problemas de saúde, como baixa
motivação, baixa segurança, trabalhadores expostos a riscos ocupacionais e
consequentemente custos para os empregadores. ILO em uma análise estatística
demonstrou que o estresse pode ter gastos de 1 a 3% do produto interno bruto (PIB), e o
custo anual com o estresse ocupacional pode ser estimado em mais de 300 milhões de
dólares para os Estados Unidos, 20 milhões de euros para os países europeus (MASOUD
et al. 2013; HÉLÈNE, 2013).
Varias razões destacam-se para a atenção especial para o estresse ocupacional e
pode ser um dos mais importantes problemas de saúde no mundo (MASOUD et al. 2013,
p. 804).
A carga de trabalho e atividades repetidas pode ser um fator organizacional que
influencia diretamente o desempenho do homem no trabalho, e por seu impacto produzido
pelos elementos que constituem o processo de trabalho sobre a sua saúde física e mental
(BALLARDIN & GUIMARÃES, 2009; STANFELD S et al., 2012).
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A avaliação dos aspectos relacionados à abordagem psicossocial do trabalho tem
tido relevância em estudos recentes em saúde e trabalho (ARAÚJO et al., 2003, p. 424).
Nas últimas décadas, as relações entre trabalho, estresse e suas consequências sobre
a saúde dos trabalhadores têm sido estudadas, com abordagens metodológicas
diferenciadas, questões como a produtividade, os acidentes de trabalho, o absenteísmo e
os crescentes índices de sintomas físicos e psíquicos, entre os trabalhadores de
determinadas categorias, têm sido objeto de estudos, dentre eles o da construção civil
(ALVES, 2009, p. 895).
E ainda trabalho precário pode ser visto sob duas dimensões: a ausência ou
redução de direitos e garantias do trabalho e a qualidade no exercício da atividade,
vivenciado principalmente pelos trabalhadores terceirizados (MAGNANO et al., 2010, p.
805).
O modelo de demanda-controle (DC) define diferentes estressores do trabalho
potencialmente danosos à saúde e oferecem explicações sobre o relacionamento entre
condições estressantes do trabalho e bem-estar físico e psicológico (SANTOS et al., 2010,
p.257). O DC fundamenta-se nas características psicossociais do trabalho, na demanda
psicológica envolvida na execução das tarefas e atividades ocupacionais e no controle
exercido pelos trabalhadores sobre o próprio trabalho e o suporte social no mesmo. São
itens que fazem parte da saúde ocupacional e que vêm sendo abordados com maior
frequência, por meio de um questionário inicialmente proposto por Karasek em uma
versão ampla e resumidamente proposto por Theorell (GRECO et al., 2011, p.273).
Trata-se de uma versão reduzida deste instrumento simplificado em 1988,
traduzido e validado por Alves (2004), contendo 17 questões: cinco para avaliar demanda
seis para avaliar controle e seis para apoio social, versão reduzida (SCMIDTH et al., 2009,
p.331).
O modelo DC considerava a interação de dois componentes que poderiam
favorecer o desgaste no trabalho (job strain): as demandas psicológicas (ritmo e
intensidade de trabalho) e o controle (autonomia e habilidade) para que o trabalhador
execute sue trabalho, assim atividades que envolvem altas demandas psicológicas e baixo
controle favoreciam o desgaste no trabalho, e como consequência o adoecimento físico e
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psicológico, posteriormente o modelo passou a incluir uma terceira dimensão: a
percepção de apoio social (GRECO et al., 2011, p.273). (Figura 1).
FIGURA 1 – Demanda controle.
Fonte: Karasek, 1991 (adaptado por Theorell, 1991).
Demanda Controle (DC), uma versão resumida do questionário Job Strain Model
contém 17 questões de múltiplas escolhas sendo subdivididas em três escalas: seis
questões sobre o trabalho (questões sobre controle no trabalho) (questões sobre tomadas
de decisões), cinco questões sobre demanda no trabalho (questões, sobre tempo e
velocidade para realizar o trabalho e seis questões sobre apoio social que o trabalhador
recebe em seu ambiente de trabalho) (SCMIDTH et al., 2009, p.274). A combinação de
respostas com alto controle sobre o processo de trabalho gera alto desgaste (job strain),
causando efeitos nocivos à saúde do trabalhador, também prejudicial à saúde do
trabalhador é a situação em que se combinam baixas demandas e baixo controle (trabalho
passivo) e pode gerar perda de habilidades e desinteresse, em contrapartida, quando alta
demanda e baixos controles coexistem, os indivíduos experimentam o processo de
trabalho ativo, situação menos danosa ao trabalhador uma vez que ele tem autonomia de
escolher como planejar suas atividades de trabalho, de acordo com seu ritmo. A situação
ideal de baixo desgaste combina baixas demandas e alto controle do processo de trabalho,
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esta situação ainda pode refletir em uma maior qualidade do sono e menos fadiga, mas em
situação de baixo desgaste para alto desgaste nota-se piora da qualidade do sono e aumento
da fadiga (SCMIDTH et al., 2009. p.274).
O Modelo Demanda-Controle procura explicar as modificações que acontecem
com os indivíduos submetidos à tensão no trabalho, tanto em nível físico como
psicológico. Ele pode ser um instrumento de estrutura integradora para estudo dos
diversos elementos do ambiente de trabalho, nas suas inter-relações com a saúde dos
trabalhadores (GRECO, 2011, p.274). Assim sendo o objetivo deste estudo foi analisar a
Demanda Controle em Trabalhadores Hipertensos da Construção Civil, especialmente do
grupo de trabalhadores que atuam no setor petroquímico, em empresas terceirizadas.
MÉTODO
Este estudo caracteriza-se por pesquisa descritiva, exploratória, com desenho
transversal, e abordagem quantitativa. Dos 2800 trabalhadores (100%), 315 (11,25%)
eram hipertensos e foram incluídos 79 (25%) sujeitos hipertensos, do sexo masculino e
que concordaram em participar e assinaram o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido, (Lei 466/12) e compareceram ao Ambulatório para aferir sua pressão arterial.
Foi aplicado um questionário contendo 17 questões, divididos em demanda, controle e
apoio social. Para as dimensões demanda e controle as opções de resposta são
apresentadas em escala tipo Likert (1-4), variando entre "frequentemente" e "nunca/quase
nunca”, para a dimensão apoio social "discordo totalmente” e “concordo totalmente”
(ALVES et al., 2004). A escala Likert é um tipo de escala de resposta psicométrica usada
comumente em questionários, e é a escala mais usada em pesquisas de opinião. O formato
típico de um item Likert é: 1. Não concordo. 2. Indiferente. 3. Concordo. 4.
Concordo totalmente. Foi aplicada a Média Ponderada = (1x54) + (2x24) + (3x21)
+ (4.24) = 54 +24 + 21 + 24 = 123 Logo RM = 123 / 79= 1,50 Onde Rm = ranking médio.
Com o objetivo de obter a variação e a confiabilidade dos dados do Ranking Médio, foi
calculado o desvio padrão da média e o α de Cronbach. Observa-se que os níveis
obtidos para essa escala são relativamente próximos de 1, especialmente para a demanda
e o apoio social, indicando uma boa confiabilidade nos resultados obtidos, corroborada
pelos baixos desvios padrões. O estudo foi submetido ao Comitê de Ética do SECONCI,
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(Serviço Social da Indústria da Construção Civil) e foi aprovado em agosto de 2008, sob
o número de protocolo 07/2008, conforme a Resolução 466/12 para pesquisas em seres
humanos.
RESULTADOS
Foi aplicado o questionário proposto nos 79 trabalhadores, utilizando a escala
Likert de 1 a 4 pontos para mensurar o grau de concordância dos sujeitos que responderam
os questionários e obteve-se o seguinte resultado (SCMIDTH et al., 2009, p.274):
TABELA 1 - Resultados obtidos para a Demanda Controle relativos aos grupos
de questão aplicados, variação do escore, ranking médio, variação e
confiabilidade.
Domínio Questão Variação do
escore
Desvio
Padrão
Alfa de
Cronbach
Demanda A, B, C, D, E, F 1- 4 0,16 0,68
Controle G, H, I, J, K 1-4 0,24 0,57
Apoio Social L, M, N, O, P, Q 1-4 0,55 0,87
Fonte: Elaborado por autores
Em relação à pressão arterial dos trabalhadores, esses foram divididos de acordo
com a Tabela 2. Aproximadamente 50% dos trabalhadores são considerados hipertensos
leves.
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TABELA 2- Número de empregados segundo a classificação dos níveis de pressão
arterial.
Fonte: Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2010
DISCUSSÃO
Em relação ao gênero dos trabalhadores que concordaram em participar da
pesquisa, 79 (100%) pertencem ao sexo masculino. O sexo pode ser relacionado como
fator de capacidade ao trabalho (MARTINEZ, 2006, p.145).
Aproximadamente 44,3 % dos trabalhadores são considerados hipertensos estágio
1. Segundo Martinez (2006) e Magnano (2010) o estresse ambiental pode repercutir sobre
as condições físicas do trabalhador, principalmente no que diz respeito à hipertensão
arterial.
Nº de empregados segundo a classificação dos níveis
de pressão arterial
Nº de
empregados
%
Ótima <120mmHg/<80mmHg 0
Normal <130mmHg/<85mmHg
Limítrofe
(130-139 mmHg / 85-89 mmHg)
0
29
36,7%
Hipertensão estágio 1
(140-159 mmHg / 90-99 mmHg)
35 44,3%
Hipertensão estágio 2
(160-179 mmHg/ 100-109 mmHg
13 16,4%
Hipertensão estágio 3
(> 180 mmHg / >110 mmHg
2 2,6%
Hipertensão Sistólica Isolada
(>140 mmHg / < 90 mmHg
0
Total 79 100%
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No MDC, diferenciam-se quatro tipos básicos de experiências no trabalho,
formados pela interação dos níveis de demanda psicológica e de controle: alta exigência
(alta demanda e baixo controle), baixa exigência (baixa demanda e alto controle), trabalho
passivo (baixa demanda e baixo controle) e trabalho ativo (alta demanda e alto controle)
(SCMIDTH et al., 2009, p.331). Das quatro situações, o trabalho em alta exigência é o
que apresenta maior propensão para adoecimento físico e psicológico. Os trabalhos ativos
e passivos representam risco intermediário de adoecimento, já o trabalho em baixa
exigência, representa menor risco, sendo esse considerado condição ideal de trabalho
(BALLARDIN & GUIMARÃES, 2009; HÉLÈNE, 2013).
De acordo com o estudo realizado em 79 indivíduos hipertensos que aceitaram
participar da pesquisa os valores encontrados nos permitem dizer que o resultado foi de
alta demanda e baixo controle, indicando característica de desgaste especialmente devido
à quantidade de trabalho executada e o número de vezes em que o trabalhador executa
suas atividades diárias, e ainda, segundo Kirchoff (2009) encontram-se no quadrante de
trabalhadores ativos, classificadas como exposição intermediária ao estresse ocupacional,
justificando o grau de controle pode indicar uma medida de autonomia, de liberdade
restrita para o uso de habilidades, compensando os efeitos negativos provenientes de altas
demandas psicológicas.
Os resultados encontrados nesta pesquisa corroboram com estudos realizados,
principalmente, em países da Europa, da Ásia e nos Estados Unidos da América têm
evidenciado associação positiva entre aspectos psicossociais do trabalho (alta demanda
psicológica e baixo controle) e diferentes desfechos, como, por exemplo: problemas
psiquiátricos menores, doenças do sistema digestivo, doenças cardiovasculares, sintomas
musculares, entre outros (KARASEK, 1990; HARDING, 1980; JOSEPHSON, 1997;
BONGERS, 2002; THEORELL, 1990; SCHANALL 1994, YU, 2013).
Aplicar um instrumento que transpareça a organização do trabalho, ou seja, a
condição em que o trabalhador está exposto, tanto em nível fisiológico como psicológico,
pode indicar possíveis fatores de risco cujo controle pode levar a prevenção de acidentes
de trabalho, ao controle do agravamento de patologias como a hipertensão arterial. Isto
porque quando as demandas físicas e mentais do trabalho não estão adequadas podem
surgir repercutir na saúde dos trabalhadores.
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O modelo prevê que o estresse no trabalho é resultante da interação entre muitas
demandas psicológicas, menor controle no processo de trabalho e menor apoio social
recebido de colaboradores e chefes no ambiente laboral (SCMIDTH et al., 2009, p.332).
Os 79 (100%) Todos os trabalhadores são terceirizados, em que os trabalhadores
executam “o que lhes é ordenado” não possuindo autonomia sobre a sua atividade,
situação que é agravada pelo fato da instabilidade do emprego e alta rotatividade dos
trabalhadores, que sempre querem “trocar” de empreiteiras (BERNARDO, 2001, p.87).
Ao falarmos neste grupo esta relação torna-se mais frágil, como é o exemplo de
trabalhadores que atuam em indústrias petroquímicas na Bahia ou em mineradoras, onde
há um tratamento diferenciado, dos trabalhadores dentro das plantas industriais,
demonstrando a distinção entre os de fora e os de dentro, que permanecem como
funcionários da empresa (LIMA, 2010, p.23).
Lima (2010) aponta que trabalhadores terceirizados e estáveis não sentem parte do
mesmo coletivo, pois os terceiros são vistos como menos qualificados e envolvidos na
empresa.
Entretanto algumas categorias em que o trabalhador não se sente precarizado, a
construção civil é uma delas, pois os trabalhadores recebem a empreita maior do que seria
em contratos regulares (LIMA, 2010, p.22).
CONCLUSÃO
O instrumento para avaliação da demanda controle utilizado neste estudo mostrou-
se útil e pode se constituir como ferramenta na gestão das empresas, pois por meio deste
instrumento pode-se detectar necessidade de implementação de novos processos ou
modificação dos já existentes levando a promoção da saúde dos trabalhadores e melhor
organização do trabalho.
Os resultados mostram que: obteve-se alta demanda e baixo controle, como
resultado da presença de desgaste do trabalhador devido a pressão existente no ambiente
laboral e quantidade de trabalho executado.
Num total de 44,3% dos trabalhadores apresentaram hipertensão, tipo estagio 1.
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Outro aspecto da população estudada que pode dificultar estudos sobre a relação
entre a hipertensão arterial e a demanda-controle está na alta rotatividade dos
trabalhadores. Essa alta rotatividade dificulta também o controle sobre o agravamento e
aparecimento de doenças crônicas neste grupo de trabalhadores.
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Recebido em 24/10/2013
Aceito em 11/06/2014
19
ISSN 1980-0894 Artigo, Vol.9 Nº1, Ano 2014
POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS - LEI 12.305/2010
UMA VISÃO GERAL E SUA INTERFACE COM O PORTO DE SANTOS
NATIONAL POLICY OF SOLID RESIDUES – ACT 12.305/2010
AN OVERVIEW AND ITS INTERFACE WITH PORT OF SANTOS
Jamir Mendes Monteiro1
Carla Carolina Pecora Gomes2
Loamy Sá3
Thatiane Freitas de Sousa Furtado4
RESUMO
O objetivo deste artigo é analisar a gestão dos resíduos sólidos sob a perspectiva da
lei 12.305/2010 nas operações portuárias do Porto de Santos. A principal motivação vem
do histórico das Docas que durante 50 anos depositou materiais contaminados sem
tratamento, no bairro da Alemoa, naquilo que ficou conhecido como o lixão da CODESP,
o qual gerou um passivo ambiental sobre uma área de 350 mil metros quadrados. As
pesquisas foram voltadas para identificar os procedimentos, principalmente, relativos à
implementação da logística reversa no descarte correto dos resíduos sólidos. Para seu
desenvolvimento foi realizado um levantamento bibliográfico e recolhimento de
informações cedidas pelo Grupo Libra (operadores portuários). O trabalho identificou que
o gerenciamento ineficaz dos resíduos do Porto além de gerar custos desnecessários pode
atrair doenças e insetos. E que sua gestão ambiental apresenta-se inadequada devido à
fiscalização ineficiente, infraestrutura inapropriada, falta de educação ambiental e
conexão entre os agentes envolvidos. Assim, as evidências indicam que a integração entre
governo, iniciativa privada, terceiro setor e consumidores pode tornar-se uma solução
1 Doutor em Engenharia de Produção - Senac Santos - Pós-graduação 2 MBA em Logística - Senac Santos - Pós-graduação 3 MBA em Logística - Senac Santos - Pós-graduação 4 MBA em Logística- Senac Santos - Pós-graduação
20
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sustentável, efetiva e viável à gestão de resíduos portuários.
Palavras-chave: Porto de Santos, Gerenciamento de Resíduos Sólidos, Logística
Reversa.
ABSTRACT
The present article aims to analyze the management of solid residues from the
perspective of the law 12.305/2010 in port operations at the Port of Santos. The primary
motive for this work comes from the Docks’ history, which for 50 years has placed
contaminated and untreated materials in the neighborhood of Alemoa, which became
known as the CODESP dumpsite, creating environmental hazards over an area of 350
thousand square meters. The studies were focused in order to identify the procedures,
especially concerning the implementation of reverse logistics in proper disposal of solid
residues. For the development of this project a bibliographical survey and collection of
information provided by the Libra Group (port operators) was conducted. This study has
identified that the ineffective management of the port’s residues, besides generating
unnecessary costs, can attract disease and insects to the area; and that its environmental
management is currently inadequate due to ineffective law enforcement, inappropriate
infrastructure, lack of environmental education and connection between the actors
involved. Therefore, the integration among government, private sector, third sector and
consumers becomes a sustainable, effective and achievable solution to the port’s
management of solid residues.
Keywords: Port of Santos, Solid Residues Management, Reverse Logistics.
21
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1. INTRODUÇÃO
A preservação ambiental é fator de vantagem competitiva sustentável,
especialmente, quando somada às ações de responsabilidade social organizacional.
Órgãos de administração pública, como a CODESP5, têm que funcionar como vetor de
modelo exemplar no descarte correto dos resíduos. As boas práticas na área ambiental
repercutem de forma amplificada o que favorece adesões espontâneas no
comprometimento com ações que preservam o meio ambiente e por outro lado inibem
ações contrárias a essas práticas.
No Brasil o Decreto Lei 794 de 19/10/1938 já incorporava preocupações
ambientais:
Art. 16. O lançamento de resíduos e detritos comprovadamente tóxicos
nas águas interiores ou litorâneas será regulado por instruções emanadas do
Serviço de Caça e Pesca.
§ 1º E’ expressamente proibido o lançamento de óleos e produtos
oleosos nas águas interiores ou litorâneas.
§ 2º Os infratores deste artigo serão punidos com multa de 1:000$000 a
5:000$000 (um conto a cinco contos de réis), elevada ao dobro na reincidência.
Posteriormente o decreto lei 50.587 de 26/09/1961, ratifica o anterior e
estabelece:
Art. 1º Os resíduos líquidos, sólidos ou gasosos, domiciliares ou
industriais, somente poderão ser lançados às águas, "in natura" ou depois de
tratado, quando essa operação não implique na poluição das águas receptoras.
Art. 2º Fica proibida terminantemente, a limpeza de motores dos navios
e o lançamento dos resíduos oleosos dela provenientes nas águas litorâneas do
País.
Art. 3º Para os efeitos deste Decreto considera-se "poluição" qualquer
alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas das águas, que possa
importar em prejuízo à saúde, à segurança e ao bem-estar das populações e
ainda comprometer a sua utilização para fins agrícolas, industriais, comerciais,
recreativos e, principalmente, a existência normal da fauna aquática.
Uma série de outros decretos, portarias e normas se sucederam a esses sempre
objetivando a proteção e a preservação do meio ambiente e da vida.
5 Companhia Docas do Estado de São Paulo
22
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Assim, nunca faltaram instrumentos para controlar e coibir o descarte incorreto dos
resíduos gerados pela atividade humana.
O aumento da geração de resíduos sólidos é um dos principais agentes de
degradação do meio ambiente e redução da qualidade de vida do homem, problema que
vem se agravando cada vez mais com o crescimento da população, gerando a poluição. A
poluição pura e simples é um sinal de ineficiência produtiva, de desperdício de material
passível de reciclagem, consciência ambiental e falta de aplicabilidade das
regulamentações ambientais.
Contudo, o pneu inservível que hoje degrada o meio ambiente pode ser destinado
novamente para a cadeia produtiva, devendo ser encarado como oportunidade de melhoria
e de novos negócios.
O trabalho teve como objetivo analisar a política nacional de resíduos sólidos sob
os aspectos da Lei 12.305/2010 através de uma visão geral e sua interface com os resíduos
sólidos gerados no Porto de Santos.
Dessa forma, foi realizada uma pesquisa baseada no Porto de Santos, no processo
de gestão ambiental, no gerenciamento de resíduos sólidos, na logística reversa, e na
Política Nacional de Resíduos Sólidos, tendo como base, os autores da área logística,
expondo seus conceitos. Ressalta-se que O Grupo Libra disponibilizou todo o acesso
necessário para a realização deste projeto.
O tipo de pesquisa utilizado foi a análise descritiva e explicativa fundamentadas nas
técnicas de pesquisa bibliográfica e estudo de caso feito no Grupo Libra, no Porto de
Santos. O método de abordagem empregado foi a observação direta e a análise
documental e no que se refere à natureza metodológica, adotou-se a qualitativa.
Portanto, para gerenciar efetivamente os resíduos portuários, em específico os
pneus inservíveis, é primordial a utilização da gestão integrada da cadeia logística reversa,
implementando procedimentos e levando em consideração tanto o desenvolvimento
sustentável quanto a redução de custos.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Gestão ambiental portuária
O aquecimento da economia contribui para o crescimento das atividades portuárias
aumentando a quantidade de seus produtos, serviços e motivando a produção de um
considerável volume de resíduos na região portuária, surgindo a necessidade de uma
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ISSN 1980-0894 Artigo, Vol.9 Nº1, Ano 2014
gestão ambiental, ou seja, um conjunto de programas e práticas administrativas e
operacionais voltadas à proteção do ambiente, à saúde e a segurança da população.
A gestão ambiental portuária é a administração das demandas
ambientais visando o desenvolvimento sustentável da atividade produtiva e a
redução de custos ambientais, como soluções coletivas do tratamento de
resíduos, tratamento de efluentes, ações de emergência e monitoramento
(CUNHA, 2004).
O sistema portuário brasileiro é composto por 37 portos públicos. Desse total, 18
são delegados, concedidos ou tem sua operação autorizada à administração por parte dos
governos estaduais e municipais. Existem, ainda, 42 terminais de uso privativo e três
complexos portuários que operam sob o regime de concessão à iniciativa privada
(www.codeba.com.br).
Roitman (2000) indica que o gerenciamento ambiental das áreas portuárias tem
conquistado espaço e importância nas discussões políticas e na imprensa, além de uma
estrutura formada por organismos internacionais (IMO6), organismos nacionais
(IBAMA7, CETESB8) e especialistas em diversas áreas, contribuindo para a análise e
definição das diretrizes sobre as principais questões envolvendo a variável ambiental da
área sob influência do porto.
Seiffert (2002), em suas publicações, tem demonstrado que os impactos ambientais
decorrentes das atividades portuárias apontam problemas que extrapolam os limites da
região portuária. O autor destaca como principais problemas: destruição da
biodiversidade, alteração da qualidade do ar por emissão de materiais particulados,
descarte de resíduos não perigosos (ocupação de aterro), poluição da água por estações
de tratamento de esgoto e de efluentes, contaminação do solo por resíduos, contaminação
da água do mar na costa, consumo de recursos naturais, despejos de óleo, poluição da
água por resíduos industriais, locais de despejos de resíduos sólidos (ativos ou inativos).
Percebe-se que o processo de gestão ambiental dos resíduos sólidos é complexo,
envolve recursos, tempo, área física e a conscientização de toda a sociedade. Sendo assim,
os portos, localizados em áreas de extrema vulnerabilidade ambiental, devem ser alvo de
6 Organização Marítima Internacional 7 Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis 8 Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental
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ISSN 1980-0894 Artigo, Vol.9 Nº1, Ano 2014
uma interação do poder público com as organizações privadas para que os resíduos
gerados ao longo do processo produtivo sejam destinados de forma ambientalmente
adequada.
2.2 Plano de Resíduos Sólidos
Chiuvite e Andrade (2001) relatam que, podemos caracterizar resíduos como tudo
o que é rejeitado durante o processo de produção, transformação ou utilização de bens e
serviços e restos provenientes de atividade humana.
Os resíduos sólidos podem ser parcialmente reutilizados resultando em benefícios
para a natureza reduzindo os impactos ambientais e para a sociedade com a preservação
da saúde pública e a movimentação econômica gerada pela implantação de um sistema
de gerenciamento para resíduos sólidos que englobe a previsão de demanda de resíduos,
o tipo de material, a forma de coleta, o armazenamento e transporte desse material, além
da identificação de um destino final adequado.
Castilhos Junior (2003) afirma que o gerenciamento dos resíduos deve ser
integrado, englobando etapas articulares entre si, desde ações visando a não geração de
resíduos até a disposição final. A gestão focada de cada uma dessas etapas, desde que
operadas de forma integradas, resultará na eliminação de elementos tóxicos resultantes,
na redução do que se pode chamar de “resíduos dos resíduos”, cujo destino final poderia
ser os aterros sanitários, e a implementação dos processos de reutilização dos elementos
industrializáveis, gerando enormes benefícios para a economia e para a saúde ambiental.
A elaboração de um Plano de Resíduos Sólidos é obrigatória para a União, os
Estados, os Municípios e as empresas geradoras de resíduos sólidos ou resíduos
perigosos.
Os Municípios são os principais agentes gestores e fiscalizadores da coleta,
transporte e destinação ambientalmente adequada dos rejeitos gerados nos respectivos
territórios, geridos a partir dos planos municipais integrados de resíduos sólidos,
limitando-se aos resíduos domésticos e comerciais até 50 quilos.
Já aos Estados cabem controlar e fiscalizar as atividades dos geradores sujeitos a
licenciamento ambiental pelo órgão estadual do SISNAMA9. No caso do Estado de São
Paulo o órgão responsável é a CETESB.
9 Sistema Nacional de Meio Ambiente
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2.3 Política Nacional de Resíduos Sólidos - Lei 12.305/2010
A Lei nº 12.305, de 02 de agosto de 2010, instituiu no Brasil a Política Nacional de
Resíduos Sólidos, a qual define resíduos sólidos, em seu Artigo 3o, inciso XVI, como:
"material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em
sociedade (...)”.
No mesmo Artigo, inciso VII, a Lei dos Resíduos Sólidos estabelece que a
destinação final dos resíduos tenha que ser "ambientalmente adequada" e lista as opções
da reutilização: reciclagem, compostagem, recuperação e o aproveitamento energético e
definindo o gerador dos resíduos como responsáveis pela logística reversa.
No caso de impossibilidade técnica ou economicamente inviável do
encaminhamento para uma dessas opções, os resíduos sólidos passarão a se denominar
rejeitos e a disposição final deve seguir normas operacionais específicas, de modo a evitar
danos ou riscos à saúde pública, à segurança e com o mínimo de impacto ambiental
adverso. Sendo o aterro sanitário um dos principais locais de destino dos rejeitos, devendo
ser verificada toda a regularidade do aterro sanitário, com os respectivos registros
ambientais.
Por outro lado, por essa legislação, fica expressamente proibida a destinação ou
disposição final de resíduos sólidos ou rejeitos em praias, no mar ou em quaisquer corpos
hídricos; in natura a céu aberto (exceto os resíduos de mineração); queima a céu aberto
ou em recipientes/instalações e equipamentos não licenciados para essa finalidade.
O conjunto de artigos da lei que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos
exige para seu cumprimento uma visão sistêmica de todos os envolvidos no processo de
consumo do produto final e que estes considerem as variáveis ambiental, social, cultural,
econômica, tecnológica e de saúde pública.
Ainda, a legislação traz a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do
produto, delimitando as atribuições individualizadas entre fabricantes, importadores,
distribuidores, consumidores e dos titulares dos serviços público de limpeza urbana e de
manejo dos resíduos sólidos. Seguindo o conceito de ciclo de vida do produto como:
"série de etapas que envolvem o desenvolvimento do produto, a obtenção de matéria
prima e insumos, o processo produtivo e a disposição final” (Artigo 3o, inciso IV).
A norma prioriza a ordem ideal como metas a serem atingidas no gerenciamento
dos resíduos sólidos, quais sejam: Não geração; Redução; Reutilização; Reciclagem;
Tratamento e Disposição final ambientalmente adequada (Artigo 7o, inciso II).
26
ISSN 1980-0894 Artigo, Vol.9 Nº1, Ano 2014
Visando o cumprimento dessas metas, o Decreto apresenta as ferramentas passíveis
de utilização e ambientalmente corretas:
2.3.1 Coleta seletiva
É o recolhimento dos materiais possíveis de serem reciclados (papéis, plásticos,
metais e vidros) previamente separados na fonte geradora evitando sua contaminação,
aumentando seu valor agregado e diminuindo seu custo de reciclagem.
A coleta seletiva deverá ser implementada mediante a separação prévia
dos resíduos sólidos (nos locais onde são gerados), conforme sua constituição
ou composição (úmidos, secos, industriais, da saúde, da construção civil, etc.).
A implantação do sistema de coleta seletiva é instrumento essencial para se
atingir a meta de disposição final ambientalmente adequada dos diversos tipos
de rejeitos. A coleta seletiva deve ser entendida como um fator estratégico para
a consolidação da Política Nacional de Resíduos Sólidos em todas as suas áreas
de implantação. No tocante ao serviço público de limpeza urbana e manejo de
resíduos sólidos deverá se estabelecer, no mínimo, a separação de resíduos
secos e úmidos e, progressiva-mente, se estender à separação dos resíduos
secos em suas parcelas específicas segundo as metas estabelecidas nos planos
de gestão de resíduos sólidos. (www.mma.gov.br)
2.3.2 Acordo setorial
Trata-se de uma ferramenta importante, principalmente na gestão integrada de
resíduo sólido em setores comuns, próximos e/ou interessados.
Define-se na legislação: "ato de natureza contratual entre o poder público e
fabricantes, importadores, distribuidores ou comerciantes, tendo em vista a implantação
de responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto" (Artigo 3o, inciso I).
O acordo setorial propicia um modelo de gestão baseado na visão sistêmica do
processo, podendo diminuir custos com a destinação dos resíduos com ações conjuntas.
2.3.3 Logística reversa
Ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos
resíduos sólidos, a logística reversa está presente em todos os capítulos da Lei que
demandam ações e procedimentos a serem adotados por empresas, consumidores e poder
público em uma cadeia logística invertida no seu sentido de fluxos.
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ISSN 1980-0894 Artigo, Vol.9 Nº1, Ano 2014
Sua aplicação é legalmente obrigatória para o retorno dos produtos após o uso pelo
consumidor, de acordo com o Artigo 33, inciso (I) para os resíduos de agrotóxicos e
embalagens; (II) pilhas e baterias; (III) pneus; (IV) óleos lubrificantes e suas embalagens;
(V) lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista; (VI) produtos
eletrônicos e seus componentes.
A logística reversa gerencia e distribui o material descartado possibilitando seu
retorno ao ciclo produtivo agregando valor econômico e ecológico.
Leite (2003) conceitua logística reversa como a área da logística empresarial que
planeja, opera e controla o fluxo e as informações logísticas correspondentes, do retorno
dos bens de pós-venda e de pós-consumo ao ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo, por
meio dos canais de distribuição reversos, agregando-lhes valor de diversas naturezas:
econômico, legal, logístico, de imagem corporativa, entre outros.
Portanto, o correto gerenciamento da logística reversa é essencial ao
desenvolvimento da reciclagem e, por conseguinte, mitigação dos impactos ambientais e
geração de rendas.
2.4 O Porto de Santos
O Porto de Santos foi inaugurado no dia 2 de fevereiro de 1892 com a atracação de
um navio de bandeira inglesa nos primeiros 260 metros de cais do Valongo. Na época, a
cidade de Santos passou por uma grande transformação, pois velhos trapiches e pontes
fincados em terrenos lodosos foram substituídos por aterros e muralhas de pedra. Desde
então, o Porto não parou de crescer, acompanhando as fases de crescimento econômico
do país e contribuindo para o desenvolvimento industrial da região. Da sua origem, ligada
ao café, passou à diversificação de importação e exportação de inúmeros tipos de
mercadoria (JORNAL PORTUÁRIO, 2013).
É primordial a contribuição das atividades portuárias nos resultados da economia
não só pela atividade fim ou principal, mas também pela geração de empregos, renda e
divisas ao país.
28
ISSN 1980-0894 Artigo, Vol.9 Nº1, Ano 2014
Segundo o site PORTO DE SANTOS:
O Porto de Santos conta com uma área de 7,7 milhões de m², ficando
3,7 milhões de m² na Margem Direita e 4,0 milhões m² na Margem Esquerda.
Possui 13 quilômetros de extensão de cais e um total de 59 berços, dos quais
49 públicos e 10 privados. Possui 55 quilômetros de dutos e 100 quilômetros
de linhas férreas. A variação da maré é de 1,2 metros. Para armazenamento de
granéis líquidos conta com uma capacidade estática de, aproximadamente, 700
mil m³; e para granéis sólidos, instalações para acondicionar mais de 2,5
milhões de toneladas.
O Porto de Santos possui uma usina hidrelétrica para abastecimento
próprio, com capacidade de 15 mil KVA, buscando o excedente junto à
concessionária regional.
Sua área de influência primária, que concentra mais de 50% do PIB,
abrange os estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Mato
Grosso do Sul. A hinterlândia secundária inclui os estados da Bahia, Tocantins,
Espírito Santo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Cerca de 90% da base industrial do Estado de São Paulo está localizada a
menos de 200 quilômetros do Porto de Santos.
O Complexo Portuário Santista responde por mais de um quarto da
movimentação da balança comercial brasileira e inclui na pauta de suas
principais cargas o açúcar, o complexo soja, cargas conteinerizadas, café,
milho, trigo, sal, polpa cítrica, suco de laranja, papel, automóveis, álcool e
outros granéis líquidos.
O Porto de Santos é um dos maiores e mais modernos da América Latina, sendo
que uma grande parcela do comércio exterior brasileiro o utiliza como corredor de
distribuição, sua movimentação de cargas é crescente e o volume de veículos que as
transportam, também.
2.4.1 Os Portos e os Resíduos Sólidos
Os portos estão inseridos na alínea "j", do inciso I, do Artigo 13 da Lei 12.305 que
trata de resíduos de serviços de transporte originários de portos e terminais alfandegários,
aeroportos, rodoviários e ferroviários e passagens de fronteira.
Assim, os terminais e outras instalações estão sujeitos à elaboração do plano de
gerenciamento de resíduo sólidos e sujeitos às sanções no caso de não tratarem os resíduos
da maneira correta.
29
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A CODESP, administradora do Porto de Santos, tem um núcleo ambiental lotado
na Superintendência de Saúde, Segurança e Meio Ambiente, com a função de
gerenciamento ambiental na área portuária sob sua jurisdição. Conta em seus quadros
operacionais e de gestão com biólogos, químicos, técnicos em meio ambiente,
oceanógrafo, além de profissionais terceirizados contratados pelo Porto.
Em levantamento efetuado por técnicos da CODESP e do CECAP10, no complexo
portuário em 2012, identificou-se a existência de 15 diferentes tipos de resíduos que
resultaram nos seguintes volumes totais:
Gerados pela CODESP:
-Orgânicos e recicláveis: 1.932 t
-Perigosos (óleo usado): 2.925 t
- Total: 4.857 t
Gerados pelas embarcações:
-Orgânicos e recicláveis (taifa): 1.952
-Perigosos (óleo usado): 75.623 t
-Total: 77.575 t
Gerados pelas arrendatárias:
-Orgânicos e recicláveis (diversos): 13.320 t
-Perigosos (diversos): 2.080 t
-Total: 15.400 t
TOTAL GERAL: 77.575 t
Segundo Grota (2006):
10 Centro de Ensino Capacitação e Aperfeiçoamento
30
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O lixo de varrição do cais público, ruas e roçada é terceirizado desde o
recolhimento até a destinação. Igualmente é terceirizada a coleta seletiva de
papel e copos plásticos. Há caixas coletoras de pilhas e baterias que são
enviadas a empresas recicladoras. A coleta seletiva de pneus e lâmpadas é feita
por empresa privada e é destinada a leilão. Promove-se novo projeto de coleta
seletiva com: novo levantamento de dados, novos orçamentos e treinamento e
conscientização. O lixo de ambulatório, no posto de saúde da prefeitura, tem
sua coleta terceirizada pela prefeitura e é incinerado em Mauá-SP. Sucatas de
guindastes, trilhos, barcaças são armazenadas temporariamente e destinadas a
leilão. Entulhos: telhas, paralelepípedos, madeira são igualmente leiloados.
Resíduos decorrentes de mitigações como óleo, graxa e produtos químicos em
geral são acondicionados em tambores metálicos devidamente rotulados e
armazenados para posterior destinação. Para os resíduos gerados por navios há
quinze empresas cadastradas para recolhimento e destinação final sendo
incinerados em fornos qualificados e autorizados. Processam-se ainda os
resíduos gerados pela taifa de navios de passageiros em redor de 203 toneladas
por ano, bem como dos cargueiros com 90 toneladas por ano. Os resíduos
gerados nos navios resultantes da manutenção, contaminados com óleo, as
embalagens, estopas, panos, trapos, papeis, papelão, serragem e uniformes
impregnados com óleos e graxas são acondicionados. Os resíduos oleosos
(mistura de água de condensação com óleo combustível) são retirados por
caminhão tanque ou embarcação. O órgão controlador, em ambos os casos é a
Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental – CETESB.
3. METODOLOGIA DA PESQUISA
Realizou-se uma pesquisa bibliográfica constituída por consulta a livros,
dissertações, teses, revistas científicas, sendo o acesso aos documentos obtidos por meio
de bancos de dados e em bibliotecas, com o objetivo de identificar quais os pontos a serem
abordados na elaboração de uma proposta de aplicação do conceito. Do ponto de vista
prático, optou-se pelo método do Estudo de Caso, por ser o mais adequado a este tipo de
pesquisa, aplicado a uma empresa operadora privada de terminal portuário.
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3.1 Os Pneus e o Meio Ambiente
A Reciclanip conceitua o pneu como um artefato inflável, constituído basicamente
por borracha e materiais de reforço utilizados para rodagem em veículos automotores e
bicicletas e, por isso, o tempo de decomposição do pneu na natureza é indeterminado,
podendo gerar diversos danos ao meio ambiente, além de ser local de criadouro de
mosquito da dengue, febre amarela e malária (www.reciclanip.com.br).
O pneu é um produto essencial à segurança dos usuários, garantindo melhor
desempenho, estabilidade e performance dos veículos. É fabricado para atender aos
hábitos de consumo, assim como às condições climáticas e às características do sistema
viário existentes em cada país. O peso de um pneu de automóvel varia entre 5,5 e 7,0 kg
e um pneu de caminhão pesa entre 55 e 80 kg. Contudo, seu material é de difícil
decomposição, de aproximadamente 600 anos, e não é biodegradável (ANDRIETTA,
2002).
Os pneus podem ser transformados em óleo, gás e enxofre. Além disso, os arames
que existem nos pneus radiais podem ser separados por meios magnéticos. Uma tonelada
de pneus rende cerca de 530 kg de óleo, 40 kg de gás, 300 kg de negro de fumo e 100 kg
de aço (AMBIENTE BRASIL, 2007).
Andrietta (2002) afirma que diversas outras formas de aproveitamento ou
reciclagem podem ainda ser destacadas:
Recauchutagem ou reforma: o pneu não deve apresentar cortes, deformações e
a banda de rodagem em condições que permitam sua aderência ao solo, para que se possa
realizar a reforma.
Recuperação: trituração dos pneus e moagem dos resíduos, reduzidos a um pó
fino. Os pneus recuperados são utilizados na mistura com asfalto para pavimentação e nas
fábricas de cimento.
Regeneração ou desvulcanização: a borracha é separada dos demais
componentes e desvulcanizada, passando por modificações que a torna mais plástica e
apta a receber nova vulcanização, sem as mesmas propriedades da borracha crua.
3.1.1 Pneus inservíveis
Os pneus usados, sem nenhuma possibilidade de reuso, ou seja, que não poderão
ser reutilizados na recauchutagem ou recapagem, classificados como pneus inservíveis,
são um problema de cunho internacional. O descarte de pneus inservíveis gera muitos
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problemas ao meio ambiente, sejam eles relacionados com saúde pública ou mesmo ao
seu volume em aterros sanitários.
De acordo com o engenheiro mecânico Carlos Lagarinhos (2011),
A disposição em aterros é inviável, porque são difíceis de comprimir, não sofrem
biodegradação e formam um resíduo volumoso, que ocupa muito espaço (...). Como se
não bastasse, os pneus podem reter ar e gases em seu interior, fazendo com que tendam a
subir para a superfície do aterro, rompendo a camada de cobertura. Com isso, os resíduos
ficam expostos, atraindo insetos, roedores e pássaros e permitindo que os gases escapem
para a atmosfera.
Acima de tudo, o descarte irregular de pneus, além das consequências já expostas,
pode se constituir em abrigo para vetores de diversas doenças. A sua queima contamina
o ar e o lençol freático e produz gases perigosos. Mas, todo esse passivo ambiental é
evitável, pois o pneu é 100% reciclável.
3.1.2 A Reciclanip
A Reciclanip foi criada em março de 2007 pelos fabricantes de pneus novos
Bridgestone, Goodyear, Michelin e Pirelli e, em 2010, a Continental juntou-se à entidade.
É uma associação sem fins lucrativos, com objetivo de recolher os pneus descartados,
criando um programa nacional de coleta de pneus inservíveis.
De acordo com informações cedidas pela Reciclanip:
No processo de coleta, a Reciclanip é responsável pelo transporte de
pneus a partir dos Pontos de Coleta até às empresas de trituração, quando
necessário, de onde os pneus serão encaminhados para destinação final.
No Brasil, uma das formas mais comuns de reaproveitamento dos pneus
inservíveis é como combustível alternativo para as indústrias de cimento.
Outros usos dos pneus são na fabricação de solados de sapatos, borrachas de
vedação, dutos pluviais, pisos para quadras poliesportivas, pisos industriais,
além de tapetes para automóveis. Mais recentemente, surgiram estudos para
utilização dos pneus inservíveis como componentes para a fabricação de manta
asfáltica e asfalto-borracha, processo que tem sido acompanhado e aprovado
pela indústria de pneumáticos.
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3.1.3 Logística Reversa de Pneus inservíveis
A Política Nacional de Resíduos Sólidos, instituída pela Lei 12.305, estabelece em
seu Artigo 33 que fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes são obrigados
a estruturar e implementar sistema de logística reversa, mediante retorno dos produtos
após o uso pelo consumidor para pneus e outros itens.
De acordo com o novo texto de Resolução nº 416/09 do Conama11, aprovado em
setembro de 2009, “para cada pneu novo comercializado para o mercado de reposição, as
empresas fabricantes ou importadoras deverão dar destinação adequada a um pneu
inservível”, excluindo-se dessa obrigação, os reformadores, pois estes já desenvolvem
atividades que contribuem para a preservação ambiental, tendo em vista que promovem
a extensão da vida útil de pneus usados.
Compreende o seu Artigo 8º que:
Os fabricantes e os importadores de pneus novos, de forma
compartilhada ou isoladamente, deverão implementar pontos de coleta de
pneus usados, podendo envolver os pontos de comercialização de pneus, os
municípios, borracheiros e outros.
O fluxo estabelecido pela legislação para o retorno dos pneus inservíveis seria o
consumidor efetuar a devolução dos pneus inservíveis para os comerciantes ou
distribuidores que por sua vez deverão encaminhá-los para os fabricantes ou importadores
e estes serão responsáveis pela destinação final ambientalmente adequada.
4. ESTUDO DE CASO: GESTÃO DOS RESÍDUOS DE PNEUS DE
CAMINHÕES, EMPILHADEIRAS E RTG12 DO GRUPO LIBRA NO PORTO DE
SANTOS
4.1 O Grupo Libra
Entre os anos de 1990 e 2000, o Grupo Libra participou e ganhou as licitações dos
Terminais 37, 35 e 33 do Porto de Santos, e o objeto dos editais de concorrência eram a
de movimentação e armazenagem de carga conteinerizada ou geral.
Nos referidos editais, além de delimitar as operações que a empresa deveria realizar,
11 Conselho Nacional de Meio Ambiente 12 Rubber Tired Gantry Cranes, em português, Guindastes Empilhador sobre Pneus.
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os preços cobrados, movimentação mínima e área a ser arrendada, a CODESP também
determinou que a empresa vencedora investisse na área com reformas e principalmente
na aquisição de modernos equipamentos para a movimentação das cargas.
Os principais equipamentos exigidos pela CODESP são os portêineres e
transtêineres, além de empilhadeiras de grande porte (reach stackers) e caminhões com
semirreboque adaptado para este tipo de operação.
4.1.1 Destinação de Pneus Inservíveis
Dentre os equipamentos elencados no parágrafo anterior, somente o portêiner não
utiliza pneus, já que sua movimentação é feita em cima de trilhos, instalados no costado
ao lado da área de acostamento das embarcações. O restante usa pneus de diversos
tamanhos e diâmetros, devendo o Grupo Libra, em consonância com seus princípios de
sustentabilidade e legislação aplicável, gerenciar e destinar corretamente os pneus
inservíveis.
Assim, para garantir que a reutilização ou a destinação final dos pneus dos
caminhões, transtêineres e empilhadeiras fossem feitas de forma padronizada e em
conformidade com a legislação ambiental vigente, o Grupo Libra confeccionou, através
do departamento de Segurança, Saúde e Meio Ambiente (SSMA), a Gestão dos Resíduos
de Pneus de Caminhões, Empilhadeiras e RTG.
No referido procedimento, a empresa define a sua aplicação, os departamentos
responsáveis e quais os pneus passíveis de reutilização ou destinação, bem como os
passos que devem ser seguidos para o descarte ou utilização correta.
As instruções da gestão iniciam no momento da manutenção dos equipamentos,
feitos pelo departamento de Manutenção e, ao constatar a necessidade de substituição dos
pneus, o setor deve definir se o pneu retirado do equipamento deve passar por algum
processo de recuperação (recapagem/recauchutagem), montagem de defensas para o
berço de atracação de navios, ou destinação final em empresas que realizam reciclagem
ou queima de resíduos de pneus (empresas conveniadas à Reciclanip).
Na Baixada Santista, a empresa AD Pneus é a empresa associada à Reciclanip e
cadastrada no IBAMA como ponto de coleta de pneus da região. Atualmente, é a empresa
contratada pelo Grupo Libra para a coleta interna e acondicionamento temporário dos
pneus inservíveis, sendo responsável pela emissão do certificado de destinação final do
resíduo.
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Internamente, há um colaborador responsável pela gestão dos pneus e ele deve
contatar o fornecedor para agendamento da retirada dos pneus. Além disso, deve
imediatamente elaborar a requisição de compra para a solicitação do serviço junto à área
de Suprimentos.
Ao ir retirar os pneus, a empresa contratada analisa e caracteriza se o pneu é
realmente inservível ou se é passível de reutilização.
No caso da reutilização, a empresa contratada encaminha para recuperação os pneus
que serão reutilizados nas defensas e registram essa recuperação em uma planilha
nomeada como Controle de Recuperação de Pneus. Então, a empresa contratada, ao
classificar o pneu como reutilizável, providencia o encaminhamento dos pneus para o
serviço de recuperação e acompanha o recebimento dos mesmos já prontos para o uso
como defensas. A planilha abaixo registra os dados para controle de recuperação de
pneus, controlada pelo SSMA:
Figura 1: Controle de Recuperação de Pneus.
Apenas os pneus inservíveis, provenientes de transtêineres e empilhadeiras de
grande porte, é que podem e devem ser utilizados como defensas13, diante da sua
dimensão e peso do navio que se apoiará na defensa no momento da atracação. Nesse
caso, o responsável pela gestão dos pneus deve, ao receber os pneus da empresa de
caracterização/recuperação, contatar a área de Manutenção Predial para que realizem o
13 É em náutica um objeto mole que se coloca ao longo do casco para proteger a embarcação de tocarem umas nas
outras ou no cais (WIKIPEDIA).
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armazenamento correto até o momento da montagem das defensas. Estas defensas são
gerenciadas pela planilha “Controle de envio dos pneus para defensa”, discriminada a
seguir:
Figura 2: Controle de Envio de Pneus para Defensa.
Para os pneus inservíveis, a empresa contratada para a recuperação e análise dos
pneus deve elaborar um laudo com os dados dos mesmos e o motivo da recusa, visto que
estas informações são utilizadas no processo de destinação final dos mesmos.
Para os pneus, recusados para recuperação e classificados como inservíveis, o
responsável pela gestão dos pneus deve realizar agendamento para a retirada sempre que
a quantidade padrão para armazenamento for atingida. Essa quantidade padrão é
controlada via planilha “Controle de Destinação de Pneus”:
Figura 3: Gestão de Pneus – Controle de Destinação de Pneus Inservíveis
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Esta planilha preenchida é encaminhada para a AD Pneus, e esta remete a proposta
comercial do serviço de retirada dos pneus.
O armazenamento dos pneus, no momento anterior da avaliação da empresa
contratada é a quantidade mínima para a retirada pela AD Pneus, sendo feito em local
específico, para tal identificado como “Armazenamento de pneus”. Com o objetivo de
manter a organização, controle de estoque e encaminhamento, o responsável pela gestão
dos pneus deve segregar os mesmos nos locais de armazenamento, conforme as seguintes
diretrizes:
4.1.2 Localização e diretrizes
Foto 1: Sala de armazenamento de pneus.
Foto 2: Pneus armazenados em prateleiras.
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Os pneus são segregados de acordo com a capacidade de armazenamento da sala,
portanto, segue identificação de suportes presentes no local, os quais seguem
identificados da seguinte maneira:
-5 suportes identificados como: pneus inservíveis Rodocarga (45 pneus);
-1 suporte identificado como: pneus inservíveis Cargolog (9 pneus);
-4 suportes identificados como: pneus para caracterização (36 pneus);
-1 suporte identificado como: pneus recapados (9 pneus);
-1 suporte identificado como: aros.
Não menos importante que o procedimento a ser seguido pelas áreas diretamente
envolvidas, o Grupo Libra possui princípios de relacionamento e sustentabilidade que
colocam no dia-a-dia do colaborador a sensação de corresponsabilidade pela proteção ao
meio ambiente e segurança no trabalho.
Com isso, todos os colaboradores são fiscais dos procedimentos que a empresa deve
seguir e os procedimentos são publicados via e-mail e intranet. Portanto, todos são fiscais
e conhecedores de como proceder.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Política Nacional de Resíduos Sólidos instituída pela Lei 12.305/2010 e
regulamentada pelo Decreto Lei 7.404/2010, teve como base o Projeto de Lei 203 de
1991, cujas tratativas pelo Congresso se iniciaram em 2001. Em vigor desde agosto de
2010, ela complementa, retifica, ratifica e substitui dezenas de leis, e resoluções de órgãos
ambientais, cujas práticas não se consagraram de forma eficiente e eficaz quer pela falta
de fiscalização, instrumentos de incentivos ou sanções eficazes. Considerada por
especialistas da área ambiental como moderna, ela já apresenta alguns sinais de alerta
quanto ao cumprimento de metas inseridas em seu texto, tais como: em agosto de 2012
venceu o prazo para implementação dos Planos Municipais de Gestão Integrada de
Resíduos Sólidos, um dos pilares da Política Nacional de Resíduos Sólidos, face à
competência atribuída aos Municípios para gerenciar fiscalizar e estabelecer parcerias
para o cumprimento de objetivos e metas, relativo aos resíduos gerados em suas
respectivas áreas; não há dados de quantos Municípios já implementaram os planos e
qual a sua qualidade, já que a exigência de comprovação é quanto à solicitação de
financiamento com verbas federais através dos agentes repassadores desses recursos.
No que se refere ao Porto de Santos, o fechamento em 23 de outubro de 2013 de
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uma empresa clandestina na Praia Grande/SP, que fazia a reciclagem de óleo usado,
adquiridos dos navios no Porto, denota a existência de falha grave na fiscalização e
controle por parte da CODESP e CETESB, que se esquivam de sua responsabilidade
solidária definida na Lei de Resíduos Sólidos e nos próprios procedimentos estabelecidos
pela CODESP.
Ou seja, apesar de na atualidade o Brasil possuir uma legislação concentrada,
límpida em suas definições e já em vigor, ela ainda está distante da realidade do cotidiano
do Porto de Santos e de todos da cadeia de responsabilidade pela destinação correta do
resíduo sólido.
Desta forma percebe-se, que a minimização do descarte de pneus inservíveis requer
uma significativa mudança de comportamento, tanto em relação ao processo industrial
como também em relação ao consumidor, associada a um plano de gerenciamento
ambientalmente adequado. Por outro lado, observa-se que o conhecimento das pessoas
sobre o impacto ambiental causado por esse tipo de material ainda é muito pequeno.
O plano de gestão dos pneus gerados na operação do Grupo Libra infelizmente é
uma exceção de logística reversa no Porto de Santos, que não iniciou as tratativas e
planejamentos para a implementação de ações conjuntas e eficazes.
Finalmente, este estudo delimita um marco referencial para futuras pesquisas que
poderão analisar os procedimentos da legislação aplicados e confrontar os resultados com
aqueles discriminados ao longo deste trabalho, dado a vigência da lei não ter atingido
ainda o seu primeiro quinquênio.
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Recebido em 10/03/2013
Aceito em 11/08/2014
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ANÁLISES CRÍTICA E COMPARATIVA DE UMA MARCA COSMÉTICA
COM APELO ANTIENVELHECIMENTO
CRITICAL AND COMPARATIVE ANALYSIS OF AGING COSMETIC
Daiane Maria da Silva Andrade1
Célio Takashi Higuchi2
RESUMO
A pele é o maior órgão do corpo humano e apresenta várias funções. Com o
envelhecimento, o tecido perde a elasticidade, a capacidade de regular as trocas gasosas
e, dessa forma afeta a replicação do tecido, tornando-se menos eficiente. Devido a isto
existe uma constante busca em relação a produtos que valorizam a beleza e a mantenha
jovem por mais tempo. Com isso há empresas no mercado cosmético investindo cada vez
mais em formulações antienvelhecimento, com o objetivo de devolver a integridade
funcional da pele e melhorar aparência física. A proposta do trabalho foi selecionar uma
linha de produtos de mesma marca que atende diferentes idades com apelo
antienvelhecimento e posteriormente discutir e avaliar criticamente de forma comparativa
esta linha de produtos baseada na composição cosmética. Conclui-se que as substâncias
presentes nos produtos cosméticos com apelo antienvelhecimento atende para diferentes
idades e, além disso, os ativos se repetem em várias composições, pela análise dos ativos,
eles cumprem com o papel de prevenção e melhora do envelhecimento cutâneo e, por fim,
com o crescimento do mercado cosmético em relação ao envelhecimento, pode se
assegurar que existem produtos que realmente prometem uma renovação na pele e
tornando o público alvo mais jovem.
Palavras-chave: antienvelhecimento, envelhecimento cutâneo, hidratação.
1 Especialista em Cosmetologia Aplicada à Estética, Senac, SP, esteticista pelo Senac, SP; 2 Mestre e farmacêutico pela UNESP, Araraquara, e pesquisador responsável pela linha de pesquisa “Cosméticos
Sustentáveis”, Senac, SP. E-mail: [email protected].
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ABSTRACT
The skin is the largest organ of the human body and execute many functions. With
aging the tissue loses its elasticity the ability to regulate the exchanges gas and there by
affect the replication of fabric, it is making it less efficient. Because of this there is a
constant search for products who value beauty and keep young longer. With that there are
companies in the cosmetic market increasingly investing in anti-aging formulations with
the goal of restoring functional integrity of the skin and improve physical appearance.
The purpose was to select a line of products of the same brand that caters different ages
with antiaging appeal and subsequently discuss and critically evaluate the comparative
form this line of products based on the cosmetic composition. It follows that the
substances in cosmetic appeal with aging serves for different ages and moreover the active
recur in various compositions for the analysis of active, they fulfill the role of prevention
and improvement of skin aging. Finally with the growth of the cosmetic market in relation
to aging can ensure that there are products that actually promise a renewal in the skin and
making the younger audience.
Keywords: anti-aging, skin aging, hydration.
1. INTRODUÇÃO
A pele é o maior órgão do corpo humano e apresenta funções de proteção, nutrição,
pigmentação, queratogenese, termorregulação, transpiração, perspiração, defesa,
metabolismo de vitamina D e também desempenha proteção natural contra as radiações
da luz ultravioleta com o intuito de proteger o organismo de seus efeitos nocivos, além
disso, cumpre com funções estéticas e sensoriais (HARRIS, 2011; BATISTELA et al,
2007, MACEDO, 2001).
A ciência está constantemente descobrindo os segredos da fisiologia da pele e esse
conhecimento por sua vez, aumenta a compreensão dos processos fisiopatológicos da pele
e de seu processo de envelhecimento (MICHALUN et al, 2010).
Com o envelhecimento, o tecido perde a elasticidade, a capacidade de regular as
trocas gasosas e, dessa forma afeta a replicação do tecido, tornando-se menos eficiente
45
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(HIRATA, 2004). Há uma diminuição na expressão de proteínas que degradam o
colágeno da matriz, comprometendo-se ainda mais essa estrutura (HARRIS, 2011). Esse
processo ocorre após um número determinado de multiplicações e se caracteriza por perda
da capacidade de divisão (CANO, 2006). Devido a reação de diversos fatores como, por
exemplo, genético ou biológico (TEIXEIRA et al,2010), se caracteriza por alterações
celulares e moleculares, com diminuição progressiva da capacidade de homeostase do
organismo, levando a senescência e morte celular programada (BAGATIN, 2008).
Além disso, o fumo causa aumento da agregação plaquetária, diminuição da
formação de prostaciclinas, aumento da viscosidade sanguínea e da atividade plasmática
da elastase, comprometendo também as lesões de fibras elásticas e diminuindo a síntese
de colágeno. A atividade da elastase quando aumentada causa formação defeituosa da
elastina, tornando a pele mais espessa e fragmentada (SUEHARA et al, 2006).
A luz solar também acomete um efeito acumulativo sobre a pele
(fotoenvelhecimento) que ocorre ao longo da vida de cada indivíduo e afeta diretamente
a atividade pigmentaria cutânea. A radiação penetra na pele e devido seu comprimento
de onda age de formas diferentes nas camadas ou estruturas da pele. A radiação de ondas
curtas (UVB) atinge a epiderme afetando os queratinócitos e a de ondas longas (UVA)
atinge as mesmas células da epiderme e dos fibroblastos da derme (MONTAGNER et
al,2009).
Radicais livres são moléculas que possuem um elétron desemparelhado em sua
orbita externa e que geralmente se deriva do oxigênio (GAVA et al, 2005). Essa situação
implica em alta instabilidade energética e cinética, e para se manterem instáveis precisam
doar ou retirar um elétron de outra molécula (HIRATA et al, 2004).
De acordo com o Cano (2006), o estresse oxidativo decorre de um desequilíbrio
entre a geração de compostos oxidativos e também a atuação dos sistemas de defesa
antioxidante (BARBOSA et al, 2010).
Os radicais livres atuam no processo de envelhecimento, pois atingem direta e
constantemente células e tecidos, os quais possuem ação acumulativa (ZANONI, 2005).
Em condições normais, a principal via de produção de radicais livres nas células ocorre
através da atividade respiratória que se localiza nas matrizes mitocôndrias. O
encurtamento dos telômeros se baseia no fato de que a cada divisão celular ocorre uma
diminuição das extremidades dos cromossomos e, desse modo, ocorre o encurtamento
progressivo dos cromossomos, causando a inviabilidade reprodutiva das células e o
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envelhecimento celular. O encurtamento dos telômeros é uma consequência da formação
de quebras das extremidades da cadeia do DNA (HARRIS, 2011).
Em função de uma diversidade de grupos étnicos o mercado brasileiro de cosmético
está em constante aperfeiçoamento para oferecer produtos que se adeque a cada tipo de
pele. Esse público está cada vez mais consciente de seu potencial e procuram produtos
que valorizem a sua beleza natural. Devido as diversidades, o tipo de pele pode interferir
no envelhecimento cutâneo, tornando precoce ou tardio. A principal diferencia entre as
peles e a pigmentação, está relacionado com o número de melanócitos e os melanossomas
- grânulos localizados dentro das células e formados essencialmente por melanina.
Devido a isto existe uma constante busca em relação a produtos que valorizam a
beleza e a mantenha jovem por mais tempo. Com isso há empresas no mercado cosmético
investindo cada vez mais em formulações antienvelhecimento, com o objetivo de
devolver a integridade funcional da pele e melhorar aparência física (BATISTELA et al,
2007).
Com isso, as indústrias cosméticas investem em ativos que prometem restabelecer
a integridade da pele, através de cremes, sérum ou fluídos, atendendo assim a cada tipo
de pele. Diversas marcas cosméticas nacionais e internacionais oferecem produtos para
cada tipo de pele e idade com ação e apelo para diminuir a formação de rugas, devolver
o tônus da pele e, por fim, prevenir, diminuir ou atenuar as linhas de expressão.
Com este intuito, o trabalho tem como enfoque selecionar uma marca cosmética e
avaliar criticamente a composição cosmética com apelo antienvelhecimento.
2. OBJETIVOS GERAIS
- Selecionar uma linha de produtos de mesma marca que atende diferentes idades
com apelo antienvelhecimento;
- Discutir e avaliar criticamente de forma comparativa esta linha de produtos
baseada na composição cosmética.
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3. REVISÃO DE LITERATURA
Segundo dados do IBGE a população idosa que era de 2 milhões em 1950, chegou
a 14 milhões em 2003, a expectativa de vida dos brasileiros tem aumentado nas últimas
décadas segundo uma projeção feita pela ONU que diz que em 2050 os idosos
representaram 20% da população brasileira.
Dados apontam também que a 3° idade tem como estímulo de compra a localização
e o preço dos produtos e 51% dos seus gastos são destinados a produtos de beleza. O
mercado brasileiro de cosméticos é o segundo maior do mundo com um faturamento
líquido de R$ 21,7 bilhões.
Segundo publicação do Sebrae em relação ao Euromonitor que analisa o mercado,
afirma que com o aumento da riqueza global implica em consumos mais diversificados e
maior intensificação no mercado internacional. Sendo assim, há a necessidade de
elaboração de produtos específicos para diferentes faixas etárias, em função do aumento
da expectativa de vida.
Há no mercado atualmente diversas marcas com apelo antienvelhecimento tais
como: Avon, Natura, L´Oreal, Boticário, La Roche Posay, Vichy, Dermage, Shiseido,
Veer, Dior, Adcos, Bio Age, Imedeen entre outras.
Entre as marcas disponíveis no mercado foi selecionada uma a qual atendesse
diferentes idades e utiliza os seguintes ativos para prevenir o envelhecimento.
3.1. DESCRIÇÃO DE ATIVOS
3.1.1. Elastinol+R
Marca Natura/Galeno
Em 2000, foi desenvolvido, por processo biotecnológico, o primeiro ativo desta
linha, que contem L-fucose e atua na comunicação celular e regulando a produção de
elastina. Como resultado de pesquisa sobre efeitos de outro fração polissacarídica rica em
L-rhamnose chegou em 2003 um segundo ativo, uma combinação de polissacarídeos ricos
tanto com L-fucose como L-rnhamnose.
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Essa combinação age na derme e na epiderme, promovendo redensificação dessas
camadas através do estímulo da proliferação celular e da síntese de moléculas da matriz
extracelular e outros efeitos concomitantes que levam a uma ação antienvelhecimento
mais íntegra.
O Elastinol+R é a terceira geração de ativos desta linha. Possui uma nova
combinação das frações polissacarídicas ricas em L-fucose (FROPs), L- rhamnose
(RROPs) com maior concentração das frações ricas em L-rhamnose. Esse diferencial lhe
confere ação reepitelizante da pele, em função da intensa proliferação celular dérmica e
na síntese de macromoléculas da MEC. É recomendável para produtos destinados ao
tratamento do envelhecimento cutâneo e convém mantê-lo em temperaturas inferiores a
40°C. Usado em cremes, loções e géis para face, corpo e mãos. O pH de estabilidade varia
entre 5,5 e 6,5. Utilizado em concentração de 1,0 a 5,0% (SOUZA et al, 2009).
3.1.2. Manteiga de cupuaçu
INCI: Theobroma grandiflorum seed butter
Ativo repositor da barreira lipídica da pele, que minimiza o ressecamento e a
desidratação. Proporciona toque sedoso e não oleoso. Possui poder de absorção de UVB
e UVC e alta capacidade de absorção de água. Contém fitoesterois (a), beta-sitosterol (b),
estigmasterol (c) e campesterol (d). Utilizado na concentração de 4 a 10% em cremes,
loções, sabonetes, batons, desodorantes e em xampus de 0,5 a 1% (SOUZA et al, 2009).
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Figura A: Estruturas moleculares de fitoesterois Figura B: Estrutura molecular de beta-sitosterol
Figura C: Estrutura molecular de estigmasterol Figura D: Estrutura molecular de campesterol
3.1.3. Vitamina E
INCI: tocopheryl acetate
A vitamina E é considerada uma substância lipossolúvel desempenhando ações
antiradicalar e hidratante. É usado em preparações com papéis de emulsões cremosas e
géis em produtos para as áreas dos olhos, produtos corporais e faciais.
Recomenda - se adicionar 1% na base estoque como agente antioxidante. Utilizado
em concentrações de 0,1 a 5,0%(SOUZA et al, 2009).
Figura E: Estrutura molecular da vitamina E
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3.1.4. Alfa bisabolol
INCI: bisabolol
Substância de origem botânica usada por suas propriedades anti-inflamatórias. É
derivada da camomila e/ou do milfólio (MICHALUN & MICHALUN, 2010).
Figura F: Estrutura molecular da alfa-bisabolol
3.1.5. Isoflavona de soja
INCI: Soy isoflavones
Os isoflavonoides tem demonstrado propriedades antioxidantes através da proteção
de UV, e alguns talvez sejam imunoprotetores.
Estudos clínicos indicam uma aplicação antienvelhecimento dada a sua capacidade
de inibir processos químicos que levam a degradação do colágeno na pele (MICHALUN
et al, 2010).
Figura G: Estrutura molecular geral da isoflavona da soja
3.1.6. Flavonoides
INCI: Bioflavonoids
Possuem atividades anti-inflamatória, antialergênica, antiviral, antienvelhecimento
e anticarcinogênica. A finalidade de uso para tratamento contra envelhecimento cutâneo,
pode estar condicionada a melhorada condição do colágeno em menor grau, contribuindo
no resultado quanto a elasticidade, aspereza e hidratação da pele. São encontrados em
amoras, framboesas, morangos, frutas cítricas, cacau, chá verde, salsa, vinho tinto e na
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soja (MICHALUN et al, 2010).
Figura H: Estrutura molecular geral de flavonoides
3.1.7. Café
INCI: Coffea robusta seed extract
O café também é conhecido como extrato de coffeberry. Ele desempenha ação
antioxidante poderosa com propriedades antienvelhecimento e de clareamento da pele. O
extrato é obtido do fruto inteiro, e não só da semente ou grãos (MICHALUN et al, 2010).
Figura I: Estrutura molecular da cafeína
3.1.8. Licopeno
INCI: Lycopene
O licopeno é um carotenóide sem a atividade pró-vitamina A, lipossolúvel,
composto por onze ligações conjugadas e duas ligações duplas não conjugadas. O
licopeno é obtido através de fontes de carotenoide. Ele possui a maior capacidade
sequestrante do oxigênio singlete, possivelmente devido à presença das duas ligações
duplas não conjugadas, o que lhe oferece maior reatividade (SHAMI et al, 2004).
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Figura J: Estrutura molecular geral do licopeno
3.1.9. Spilol
INCI: Spilanthes oleracea
O jambu é uma Asteraceae nativa da região da Amazônia. É uma hortaliça
herbácea, perene, semi-ereta e de ramos decumbentes. As inflorescências são pequenas e
amareladas, dispostas em capítulos. Suas propriedades são atribuídas principalmente ao
Espilantol, que é anestésico e age sobre as microtensões da pele. É utilizada como matéria
prima para cosméticos com ação anti-rugas (MARTINS et al, 2012).
Figura K: Estrutura molecular do Spilanthes oleracea
3.1.10. Ceramidas de Maracujá
INCI: Ceramides (N-stearoyl-phytosphingosine)
As ceramidas promovem a reparação do estrato córneo principalmente em pele
seca, contribuindo na melhora da hidratação e aumenta a sensação de maciez. São
benéficas para peles sensíveis, escamosas, ásperas, secas, envelhecidas e danificadas pelo
sol (MICHALUN et al, 2010).
3.1.11. HydraPro®
Hydra por seu potencial hidratante 2 vezes maior e Pro® pelos benefícios e
resultados comprovados de melhoria na hidratação, nos sinais de envelhecimento, por
maior firmeza e mais proteção.
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3.1.12. CAO
É a sigla para Complexo Antioxidante, uma mistura de ativos antioxidantes que
atua em sinergia para conferir à pele maior proteção contra os efeitos nocivos dos radicais
livres e, portanto, prevenir o envelhecimento precoce. O CAO desenvolvido pela Natura
contém vitamina E, licopeno e extrato de café.
3.1.13. Dermoglicideo
São oligossacarídeos (açúcares) de origem vegetal, obtidos pela Natura por um
processo biotecnológico desenvolvido em parceria com o fornecedor Solabiá, na França.
Sua principal função é impedir o processo de glicação, que prejudica as fibras de
sustentação da pele.
3.1.14. Extrato de Castanha
A castanha portuguesa é uma árvore de porte médio que produz ouriços dos quais
se retiram as castanhas. O extrato obtido a partir delas é rico em açúcares e ácido urônico,
que reduzem a ação das enzimas que promovem a descamação da pele. Assim, melhoram
a manutenção da barreira cutânea.
3.1.15. PCA de Zinco
Complexo antioleosidade em geral presente em cosméticos antibrilho para pele
oleosa e mista
4. BASES COSMÉTICAS
Os ativos presentes nos produtos cosméticos penetram por vias de dois canais
principais: o canal extracelular e o canal intercelular. A velocidade de penetração depende
do tamanho das moléculas, da integridade e saúde da pele. A camada córnea é a primeira
barreira contra a penetração de ativos. A segunda barreira é a junção epidérmico dermal
ou membrana basal. Estruturalmente a pele absorve, essa absorção ocorre através dos
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poros pilossebáceos, ductos das glândulas sudoríparas, canais intercelulares que mantem
as células justapostas (MICHAULIN et al, 2010).
Devido a esse mecanismo de penetração da pele é necessário a escolha adequada
da base, para se obter uma penetração e ação dos ativos utilizados, satisfatória.
Segue-se abaixo alguns exemplos de bases cosméticas:
DOW CORNING 4002 CL BASIS
Nome INCI: Cyclopentasiloxano (and) dimethicone (and) crosspolymer (and)
dimethicone (and) laureth -23 (and) laureth 4(and) acrylate polymer (and) mineral oil
(and) Water
Composto sólido, branco, com densidade 0,9573, viscosidade maior que 1,700,000
cP e aparência de gel que permite formular produtos para cuidados facial e corporal
apenas com aplicação de água e ativos. Devido a sua permeabilidade ao vapor de água,
permite que a pele respire normalmente. Prove película protetora resistente à água,
garantindo que o ativo fique em contato com a pele por mais tempo.
Possui um sensorial leve e sedoso. Contem agentes sequestrantes e antioxidante.
Usado em hidratantes, produtos antienvelhecimento, clareadores e protetores solares para
todos os tipos de pele (SOUZA et al, 2009).
Características
Forma de aplicação: creme e loção
Basic %: creme 50% e loção de 30 a 40%
Água: creme 50% e loção 60 ou 70%.
HOSTACERIN CG (Clariant)
Base auto emulsionante aniônica, composta de agentes de consistência, emolientes
e emulsionantes como o fosfato de triceteareth 4. Possui o éster fosfórico em sua
formulação que apresenta afinidade com os fosfolipídeos encontrados na pele o que
facilita a absorção das formulações e otimizando a penetração dos princípios ativos
incorporados nas emulsões. Apresenta boa espalhabilidade e não deixa na pele a sensação
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untuosa. Compatível com pigmentos, filtros solares, hidroquinonas, ácidos glicólicos,
PABC hidratantes e ureia.
Usado no preparo de veículos para incorporação de ativos diversos, emulsões,
antienvelhecimento. Concentração permitida de 4 a 15% podendo estes valores ser
alterados em função da consistência desejado. Temperatura entre 85°C a 90°C (SOUZA
et al, 2009).
DEG BASE LOÇÃO CR2
Base pronta de loção CR2 para adição de ativos.
Cera auto emulsionante não iônico (CRODA BASE CR2), proprilenoglicol,
parabenos, imidazolidiniluréia, BHT, EDTA tetrassódico, ciclometicone (e) dimethicone
crosspolímero e água deionizada.
São formulados com ingredientes tradicionais, amplamente conhecidos e são
compatíveis com a imensa maioria das substâncias usadas na manipulação.
Características:
Forma farmacêutica loção
Carga não iônica
pH da base 6,00 a 8,00
Compatibilidade
Ideal para incorporação de hidratantes, regeneradores, alfa e beta – hidroxiácidos,
anti-inflamatórios, adstringentes, calmante, cicatrizantes, esfoliantes, antimicrobianos,
lipossomas etc.
Aplicações
Loções farmacêuticas diversas
Loções para cuidados com a pele
Produtos infantis
Bronzeadores
Formulações vaginais
Loções para massagem
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Informações farmacotécnicas
Concentração de uso: qsp 100%
DEG BASE CREME LANETTE
Creme base aniônico
Ceras auto emulsionantes propilenoglicol, triglicérides do ácido láprico, metil
parabenos, imidazolidinil uréia, dimethicone, BHT, EDTA dissódico e água deionizada.
Apresenta na composição álcoois graxos superiores e alquil sulfato, hidratantes e
emolientes, de baixa oleosidade, de toque suave a alta resistência aos princípios ativos
que requerem veículos com este caráter. É compatível com todos os cosméticos e
farmacêuticos que toleram emulsões aniônicas.
Especificações
Aspecto creme sólido
Cor branco leitoso
Odor suave
pH 5,50 a 7,00
Os cosméticos podem ter as seguintes características:
Cremes: são emulsões O/A ou A/O de alta viscosidade e constituídas de uma fase aquosa
e uma fase oleosa líquida que foram homogeneizadas através da utilização de um terceiro
componente que possui afinidade por ambas as fases (tensoativo).
Loções: são emulsões O/A ou A/O de média a baixa viscosidade e constituídas de uma
fase aquosa e uma fase oleosa que foram homogeneizadas através da utilização de um
terceiro componente com afinidade por essas fases (tensoativo) ou através de um solvente
que geralmente é alcoólico.
Géis: são soluções coloidais ou suspensões de substâncias insolúveis em água, mas
hidratáveis. Podem ser transparentes ou opacos. Quanto menores os tamanhos das
partículas, mais transparentes são as soluções aquosas (PEDRO, 2014).
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Adquirindo conhecimento sobre bases cosméticas, é possível orientar de uma forma
melhor os clientes. Quando é referido que uma pele envelhecida inerentemente se trata
em primeiro momento uma pele desidratada, com perda significativa de colágeno e
elastina, acometendo contorno facial e alterando os efeitos hormonais contribuindo na
modificação do funcionamento das glândulas sebáceas e sudoríparas. Em função disso, é
comum encontrar pele desidratada, como também pele extremamente oleosa.
A escolha da base ideal auxilia no controle dessas alterações proporcionando
resultados satisfatórios.
5. METODOLOGIA PROPOSTA
Por meio da composição cosmética da linha de produtos de mesma marca
selecionada foi estudada a natureza dos ativos cosméticos e funções que os desempenham.
De forma entender suas funções foram pesquisadas os seguintes itens:
INCI Estrutura
Molecular Ação cosmética
CAO N.E
Proteger o organismo dos danos causados
pelos radicais livres devido a exposição excessiva
aos raios ultra violeta.
Elastinol+R N.E
Proteger o organismo dos danos causados
pelos radicais livres devido à exposição excessiva
aos raios ultravioleta, preservando as fibras de
colágeno e elastina presentes na derme, evitando o
envelhecimento precoce.
Flavonoides de Passiflora H
Melhorar a condição do colágeno,
contribuindo na melhora da elasticidade, aspereza e
a hidratação da pele.
Hydra Pro N.E Hidratar.
Spilol K Descontrair as microtensões da pele,
combatendo as rugas de expressão.
Isoflavonas da Soja G Proteger contra a agressão da UV.
Dermoglicideo N.E Impedir o processo de glicação.
Castanha N.E Preservar a barreira cutânea.
PCA de Cálcio N.E Recuperar a pele e ameniza os danos
causados com o passar os anos
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TABELA 1: Descrição de Ativos, conforme sua estrutura molecular e ação cosmética.
Legenda: N.E.: não encontrado.
Posteriormente, foi discutida e avaliada criticamente de forma comparativa esta
linha de produtos baseada na composição cosmética relacionado aos ativos e suas bases.
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com as explicações detalhadas dos ativos cosméticos segue-se na
próxima página, uma tabela comparativa de ativos cosméticos presentes nos
produtos25+,30+, 40+, 60+ e 70+.
Nota-se que é possível identificar a semelhança de ativos de cada faixa etária. Nos
produtos 25+,30+, 40+ e 60+ estão presentes os ativos CAO e Elastinol+R. Esses dois
ativos tem como função proteger o organismo dos danos causados pelos radicais livres
devido a exposição excessiva aos raios UV, preservando as fibras de colágeno e elastina
presentes na derme, evitando o envelhecimento precoce.
Alfa bisabolol F Clarear a pele e efeito antioxidante
Ceramidas de maracujá N.E Melhorar a hidratação e aumenta a sensação
de maciez
Lycopene J Efeito antioxidante
Coffea robusta I Efeito antioxidante
Tocopheryl Acetate E Efeito antioxidante
Theobroma grandiflorum Seed
Butter A, B, C, D Minimizar o ressecamento e a desidratação
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PRODUTOS ATIVOS COSMETICOS
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70+
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TABELA 2: explicação detalhada da relação de ativos cosméticos presentes nos
produtos 25+,30+, 40+, 60+ e 70+.
Em outro momento, o flavonoide de Passiflora se repete nas faixas etárias de 25+
a 30+ desempenhando a ação de melhorar a condição do colágeno, a elasticidade,
aspereza e a hidratação da pele.
Dos 30+ ao 60+ está presente o ativo dermoglicideoo qual desempenha função de
impedir o processo de glicação evitando que as fibras de elastina sejam prejudicadas.
Nota se que no 30+ e 40+ tem em comum o ativo spilol com a função de relaxar as
microtensões da pele, combatendo as rugas de expressão e a Proteína da Soja que tem
demonstrado propriedades antioxidantes através da proteção de UV, alguns talvez sejam
imunoprotetores. Estudos clínicos indicam uma aplicação antienvelhecimento dada a sua
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capacidade de inibir processos químicos que levam a degradação do colágeno na pele.
O Hydra Pro está presente nos 30+, 40+, 60+ e 70+ o qual hidrata 2 vezes mais,
ameniza sinais do envelhecimento, proporciona maior firmeza e proteção a pele. Dos 40+
ao 60+ há em comum o extrato da castanha que ajuda a manter a barreira cutânea.
As ceramidas de maracujá no 60+ age principalmente na camada superior da pele,
formando uma barreira protetora e reduzindo a perda transdérmica de água. As ceramidas
promovem a reparação do estrato córneo em casos e pele seca, melhora a hidratação e
aumenta a sensação de maciez. São benéficas para peles sensíveis, escamosas, ásperas,
secas, envelhecidas e danificadas pelo sol.
O PCA de Cálcio e o Alfa bisabolol no 70+ tem como principal função restabelecer
as funções da pele perdidas durantes os anos.
É possível uma pessoa de 25 anos usar um produto para uma pele 60+?
Seria uma atitude incorreta já que a pele de 25 não possui as mesma necessidade da
pele de 60, ao utilizar um produto cosmético inadequadamente pode ocasionar reações
alérgicas e até lesões na pele. Uma pele de 25 anos necessita apenas de hidratação e
proteção já que na maioria dos casos ainda não tem o aparecimento de rugas, quando
falamos de uma pele a partir de 35 anos, já se pode perceber uma leve perda do contorno
fácil, rugas finas, sulcos mais definidos etc. devido a isso o mercado cosmético criou um
produto para cada tipo de pele para atender as necessidades ideais da sua pele.
7. CONCLUSÃO
- As substâncias presentes nos produtos cosméticos com apelo antienvelhecimento
atende para diferentes idades e, além disso, os ativos se repetem em várias composições;
- Pela análise dos ativos, eles cumprem com o papel de prevenção e melhora do
envelhecimento cutâneo;
- Com o crescimento do mercado cosmético em relação ao envelhecimento, pode
se assegurar que existem produtos que realmente prometem uma renovação na pele e
tornando o público alvo mais jovem.
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SOUZA, VALERIA MARIA; JUNIOR, DANIEL ANTUNES. Ativos Dermatológicos.
São Paulo. Pharmabooks Editora, 2009.
Recebido em 11/04/2014
Aceito em 30/04/2014
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ISSN 1980-0894 Artigo, Vol.9 Nº1, Ano 2014
AVALIAÇÃO DE DEGRADABILIDADE DE EMBALAGENS PLÁSTICAS
UTILIZADAS NO ACONDICIONAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS
URBANOS
DEGRADABILITY ASSESSMENT OF PLASTIC PACKAGING USED IN
PACKAGING OF MUNICIPAL SOLIDS WASTES
Fabiana Alves Fiore Pinto1
Emília Satoshi Miyamaru2
Maíra Alonso Klaussner3
Camilla Raucci4
RESUMO
Considerando a falta de informações sobre a degradabilidade, em aterros
brasileiros, dos polímeros utilizados para o acondicionamento de resíduos sólidos
urbanos, o presente trabalho tem por objetivo verificar a degradação comparativa de sacos
plásticos oxi-biodegradáveis, sacos plásticos comuns e sacolas plásticas concedidas em
supermercado para transporte de produtos, em diferentes condições de aterramento.
Foram utilizados cinco reatores experimentais construidos com tubos de PVC e estudou-
se a influência de variáveis tais como: temperatura, recirculação de chorume e
recirculação de água de chuva. Ao final de 24 semanas observou-se que as sacolas
plásticas distribuídas pelos supermercados foram as que obtiveram maior degradação,
seguida das embalagens oxi-biodegradável e comum. Verificou-se que as embalagens
plásticas confinadas nas células inferiores obtiveram maior degradabilidade em relação
às células superiores, mostrando que, mesmo que pequena, a pressão realizada pelo peso
1 Doutora em Saneamento e Meio Ambiente - FEC/UNICAMP. Pesquisadora e professora do Centro Universitário
Senac/SP.
Endereço: Av. Engenheiro Eusébio Stevaux, 823, Santo Amaro, CEP: 04696-000, São Paulo, Brasil. Tel: (11) 5682-
7530. E-mail: [email protected] 2 Doutora em Ciências pela Universidade de São Paulo – USP/IPEN. Pesquisadora e professora do Centro
Universitário Senac e do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares. 3 Engenheira Ambiental do Centro Universitário Senac/SP. 4 Engenheira Ambiental do Centro Universitário Senac/SP.
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da massa influencia na degradação do polímero.
Palavras Chave: degradabilidade de polímeros, embalagens oxi-biodegradáveis, sacolas
plásticas, chorume.
ABSTRACT
Considering the lack of information on the degradation of polymers for packaging
in MSW landfills in Brazil, the aim of present work was to analyze the objective
comparative degradation of oxy-biodegradable plastic bags, plastic bags and plastic bags
common at supermarket granted to transport products in different conditions. The study
was conducted using five experimental reactors built with PVC pipes and studied the
influence variables such as temperature, leachate recirculation and recirculation of
rainwater. At the end of 24 weeks was observed that supermarkets that had higher
degradation, followed by oxy-biodegradable packaging and common, distributed plastic
bags. The study showed that the lower cells that contained plastic bags had higher
degradability if compared to higher cells, showing that even small pressure accomplished
by weight of the dough influence on polymer degradation.
Keywords: degradability plastic, bags oxy-biodegradable, plastic bags, manure.
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INTRODUÇÃO
Segundo a Política Nacional Brasileira de Resíduos Sólidos – PNRS (2010), a única
atividade de manejo dos resíduos sólidos urbanos atribuída ao gerador é o seu
acondicionamento. No Brasil, as embalagens plásticas, introduzidas no mercado na
década de 1970, são utilizadas em larga escala para o acondicionamento dos RSU, quer
seja por que estas garantem as condições adequadas para as demais atividades de manejo
ou pela existência de normas técnicas específicas para a sua fabricação (BRASIL, 2010).
As embalagens plásticas comumente utilizadas pela população brasileira para o
acondicionamento de seus RSU são os sacos comuns e oxi-biodegradáveis, fabricados
especificamente para esta função5, ou as sacolas concedidas em supermercados para o
transporte de produtos. Juntamente com o aumento de geração de resíduos sólidos,
ocorreu acréscimo de geração de sacolas plásticas. Mesmo não sendo o maior fator de
poluição do meio ambiente, as sacolas geram um alto custo para o meio ambiente,
primeiramente por serem produzidas a partir de recursos naturais não renováveis
(petróleo), por emitirem gases tóxicos e de efeito estufa e finalmente por serem na maioria
das vezes descartadas de maneiras inadequadas. (MMA, 2014).
A substituição dos sacos, desenvolvidos especificamente para a embalagem dos
resíduos sólidos, por sacolas plásticas distribuídas gratuitamente nos supermercados é
uma das alternativas de reuso encontrada pelas famílias brasileiras para a minimização de
seus custos. As recentes proibições de distribuição gratuita dessas embalagens em
diversas unidades da federação brasileira levaram a questionamentos diversos,
principalmente com respeito aos impactos ambientais decorrentes das disposições dessas
sacolas.
No Brasil, os dados sobre a degradabilidade dos plásticos são escassos ou não se
referem às condições de degradação em aterros sanitários, como é o caso do estudo
desenvolvido pelo IPT em 2012. Além disso, os estudos de degradação de materiais
realizados nos aterros sanitários são recentes, e não ainda não produzem informações
técnicas capazes de balizar a escolha do gerador por embalagens acondicionadoras de
resíduos que garantam o menor impacto possível não são divulgadas.
5 Especificados pelas normas técnicas das series: 9.19_ e 13.05_
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Face às considerações apresentadas, o objetivo geral do presente artigo foi verificar
qual o tipo de embalagem plástica, utilizada para o acondicionamento dos resíduos sólidos
urbanos, possui o menor tempo de degradação anaeróbica. Constituíram-se como
objetivos específicos, simular diferentes condições de aterramento por meio de reatores
em escala piloto e verificar a degradação comparativa de sacos plásticos oxi-
biodegradáveis e comuns e sacolas plásticas concedidas em supermercado para transporte
de produtos, em diferentes condições de aterramento.
1. EMBALAGENS PLÁSTICAS
No Brasil são utilizados diferentes materiais para acondicionamento dos resíduos
sólidos como, caixotes de madeira e papelão, recipientes feitos de pneus usados, latões
de óleo geralmente cortado ao meio e sacolas plásticas. De acordo com recomendações
do IBAM (2001), para o acondicionamento adequado de resíduos sólidos urbanos os
recipientes devem:
pesar menos que 30 kg incluindo a carga se a coleta for manual;
ter dispositivos que facilitem seu deslocamento, evitar o vazamento e/ou
exposição do resíduo;
serem seguros, assegurando a saúde do trabalhador caso o lixo contenha algum
material cortante;
serem facilmente esvaziados e que não produzam ruídos excessivos ao serem
manejados.
Muitos materiais utilizados para transporte de produtos (embalagens), como por
exemplo, as sacolas de supermercado, são posteriormente transformadas em locais para
acondicionamento de resíduos sólidos urbanos.
De acordo com Pinto (2007) existem diversas discussões sobre o fim da fabricação
de embalagens, embasadas no fato de que na maioria das vezes estas não são mais
utilizadas posteriormente, porém, este é um debate sem fundamentos, já que é impossível
transportar e acondicionar os materiais sem suas embalagens, sem algum tipo de perda
ou contaminação. Portanto, deve haver o incentivo à reutilização, como por exemplo, o
uso de sacolas retornáveis.
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Conforme o Ministério do Meio Ambiente (2011) são consumidas mundialmente
mais de 500 bilhões de sacolas plásticas por ano, só no Brasil esse número chega
aproximadamente a 15 bilhões. Este número não é tão representativo se comparado aos
100 bilhões consumidos nos Estados Unidos, utilizando cerca de 12 milhões de barris de
petróleo para sua fabricação. De acordo com a ASSOCIAÇÃO MINEIRA DE
SUPERMERCADOS (2011) o uso do petróleo para fabricação de sacolas provoca
severos danos ambientais e na maioria das vezes o descarte desse tipo de produto é
realizado de forma incorreta, podendo provocar contaminação do solo e dificultar a
compactação de aterros sanitários.
Algumas cidades começaram a criar programas para a redução do uso de sacolas
plásticas como em São Francisco na Califórnia que proibiu a utilização destas em 2007,
na China, na Austrália e na cidade do México onde a distribuição gratuita de sacos
plásticos no comércio foi proibida.
No Brasil, em junho de 2009 foi lançada uma campanha chamada “Saco é um saco”,
pelo Ministério do Meio Ambiente, que pretende despertar a atenção da população e fazer
com que o consumo e os hábitos ligados a utilização de sacos plásticos sejam
modificados.
Outra ação governamental que está se popularizando no Brasil é a substituição das
sacolas utilizadas em supermercados por sacolas oxi-biodegradáveis. Vale ressaltar que
em função da falta de estudos realizados, ainda há muitas dúvidas quanto a degradação
das sacolas oxi-biodegradáveis e com isso alguns estados não aderiram à nova tecnologia
(COSTA, 2009).
De acordo com Pinto (2007), sacolas oxi-biodegradáveis é uma solução
ambientalmente incorreta já que estas se transformam em pó poluindo ainda mais o solo
e a água, além disso, para se transformar em pó, são necessários catalisadores à base de
metais pesados como chumbo e titânio que poluem ainda mais o meio ambiente. Para
ACMINAS (2011) os aditivos adicionados para fabricação de sacolas oxi-biodegradáveis
possuem em suas composições, catalisadores químicos que podem ser prejudiciais ao
meio ambiente, principalmente quando presentes em rios, plantações, florestas, etc..
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Não é porque o plástico não se decompõe no meio ambiente que ele não é
ambientalmente correto, sendo que este pode ser inteiramente reciclado e é exatamente
pelo fato do plástico não se degradar facilmente que ele pode ser utilizado várias vezes.
É contraditório dar ênfase a utilização de sacolas oxi-biodegradáveis sendo estas mais
caras e menos eficientes e que devolvem rapidamente ao meio ambiente os resíduos de
carbono que foram sequestrados durante a produção do plástico. (PINTO, 2007)
As sacolas compostáveis ou biodegradáveis são produzidas com matéria orgânica,
geralmente, o amido de milho, de fácil decomposição. Elas se degradam em até 180 dias
devido à ação de microorganismos presentes em ambientes de compostagem e de aterros
sanitários. (ACMINAS, 2011). De acordo com SOUZA, CELLA e SÁ (2007), o processo
de digestão anaeróbia efetuada pelos microorganismos, na ausência de oxigênio, degrada
a matéria orgânica, encontrada nos resíduos sólidos urbanos. O processo de degradação
de resíduos sólidos orgânicos, em aterros, é composto de fenômenos físico-químicos e
microbiológicos, resultando na liberação de gases e chorume (CINTRA, 2003).
De acordo com LIMA (2004) as fases de degradação podem ser divididas em:
fase acetogênica – matéria orgânica é sintetizada – via hidrólise - por
microorganismos produtores de acetato. Ocorre em meios com pH variando de 4
a 6,5.
fase metanogênica – decomposição microbiana, onde ácidos orgânicos são
sintetizados por microorganismos consumidores de ácidos, produzindo gases
como metano (CH4) e dióxido de carbono (CO2). Ocorre em meios com pH
variando de 7 a 7,5.
CINTRA (2003) divide as fases de estabilização dos resíduos em:
fase I - formação de ácidos – possui pH inferior a 6,0, elevados valores de
Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) e Demanda Química de Oxigênio
(DQO) e aumento na produção de CH4;
fase II - metanogênica instável - redução nos valores de DBO, DQO e CO2, e
aumento de CH4 e pH;
fase III - metanogênica estável – caracteriza pelo equilíbrio dos
microorganismos formadores de CH4, onde a produção do metano é estável, e há
redução de CO2, DQO e ácidos.
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2. MATERIAIS E MÉTODOS
2.1 Dimensionamento e montagem dos reatores experimentais
Para verificar a degradabilidade de embalagens plásticas, particularmente os
sacos/sacolas plásticas utilizados para o acondicionamento dos RSU, foram projetados e
confeccionados 5 reatores experimentais.
Estes reatores foram confeccionados com tubos de Policloreto de Vinila – PVC, de
diâmetro externo de 25 cm. O reator 1 (laranja) com altura de 1,10 m e capacidade
aproximada de 54 litros foi projetado para a simulação de um aterramento convencional.
Para o fechamento do sistema foram instalados “capes” na parte inferior do reator e na
parte superior foi adaptada uma tampa, ambos de PVC, conforme mostrados nas Figuras
1, 2 e 3.
Figura 1 - reator 1 (laranja)
Os demais reatores com altura de 1,20 m e capacidade de 58,90 litros cada um foram
confeccionados de PVC para alimentação de água de chuva ou recirculação de chorume.
Nestes reatores foram acoplados na parte inferior de cada tubo e na parte central de cada
‘cape”, adaptou-se uma válvula de 1/2 polegada e uma tubulação de polietileno de ½
polegada. A parte superior de cada reator foi fechada com uma tampa, onde na parte
Figura 2 – detalhe do capes
Figura 3 – detalhe da tampa
dos Reatores
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central foi adaptada uma válvula de 1/2 polegada e uma mangueira de polietileno de ½
polegada. A Figura 4 ilustra a unidade experimental dos quatro reatores.
Figura 4 – reatores 2, 3, 4 e 5
2.2 Embalagens plásticas e acondicionamento do RSU
Para o estudo, foram utilizados 5 tipos de polímeros para acondicionamento do
RSU. A escolha foi estabelecida de acordo com o que havia no mercado consumidor. As
sacolas plásticas cedidas nos supermercados para o transporte das compras também são
utilizadas para o acondicionamento de resíduos, portanto foram escolhidas 3 grandes
redes de supermercados, que atuam no município de São Paulo, aqui referidas como:
Supermercado 1, Supermercado 2 e Supermercado 3. Também foram utilizados 2 tipos
de sacos plásticos da marca Embalixo, o tipo comum e a oxi-biodegradável (Tabela 1).
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Tabela 1 – Características das embalagens plásticas
Embalagem Dimensões Composição Cor Peso (g)
Comum 34 cm x 38 cm Polietileno de baixa
densidade, pigmento e
aditivo
branca 2,82
Oxi-biodegradável 34 cm x 38 cm azul 6,97
Supermercado 1 34 cm x 38 cm
Sem especificação técnica
verde 4,07
Supermercado 2 34 cm x 38 cm branca 3,88
Supermercado 3 34 cm x 38 cm branca 4,37
Todos os polímeros visualizados na Figura 5 foram pesados em uma balança de
precisão de capacidade máxima de 440 Kg do laboratório.
Figura 5 – Sacos/sacolas plásticas utilizadas no acondicionamento de resíduos
Para o preenchimento dos sacos/sacolas plásticas adotou-se a composição dos RSU
de acordo com a média do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil apresentada no
relatório da ABRELPE (2008). Após a triagem dos materiais foi estabelecida a densidade
de acordo com o seu volume e massa, utilizando balança de precisão de capacidade
máxima de 440 Kg. (Tabela 2).
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Tabela 2 – Características dos resíduos
Resíduo Principais Materiais
Massa
(g)
Volume
(L)
Densidade
(g.L-1)
Matéria
Orgânica
Restos de alimentos, principalmente
frutas 179,527 0,4 448,82
Plástico embalagens 11,209 0,1 112,09
Papel folha sulfite 8,063 0,2 40,315
Vidro garrafas 132,921 0,2 664,61
Metal latas de refrigerantes 13,718 0,15 91,45
Os materiais foram fragmentados manualmente com auxílio de uma tesoura para
facilitar na alimentação dentro do reator (Figura 6).
Figura 6 – resíduos fragmentados
A partir dos resíduos segregados foram preparadas amostras, sendo que em cada
amostra dos polímeros receberam a seguinte composição apresentada na Tabela 3.
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Tabela 3 – Composição mássica dos resíduos
Resíduo Massa (g)
Matéria Orgânica 264,04
Plástico 13,07
Papel 11,75
Vidro 21,13
Metal 2,91
Total 312,9
2.3 Condições experimentais
De modo a simular diferentes condições de operação de um aterro sanitário, o
presente estudo utilizou o aterramento convencional com e sem infiltração de água
decorrente de chuvas e o aterramento com a recirculação de chorume, conforme as
condições apresentadas no Quadro 1.
Quadro 1 – Reatores e suas condições de operação
Reator Cor Condições de operação
1 Laranja Aterramento convencional sem infiltração.
2 Amarela Aterramento com recirculação contínua de chorume.
3 Verde Aterramento com recirculação contínua de chorume e variação
de temperatura.
4 Azul Aterramento com adição de água de chuva e variação de
temperatura.
5 Preta Aterramento com adição de água de chuva.
2.3.1 Chorume
O chorume utilizado foi disponibilizado pelo Aterro Sanitário Bandeirantes,
localizado em São Paulo no bairro de Perus no quilômetro 26 da rodovia dos
Bandeirantes. Vale ressaltar segundo Lefèvre (2011) as atividades do aterro Bandeirantes
se iniciaram no ano de 1978, e seu encerramento se deu no ano de 2007. Em cada um dos
reatores 2 e 3 (amarelo e verde) foram introduzidos 5,3 L de chorume, mesmo volume de
uma das células, para que não houvesse saturação da primeira célula. As características
iniciais do chorume podem ser visualizadas na Tabela 4.
Tabela 4 – Características do chorume introduzido nos reatores
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PARÂMETRO VALORES OBTIDOS
pH 9,4
Coliformes Fecais 364 nmp
Coliformes Totais > 2.005 nmp
DBO 26 mg.L-1
DQO 114.500 mg.L-1
Amônia 520 ppm
Fosfato 1.380 ppm
2.3.2 Água da chuva
A água de chuva utilizada no estudo foi simulada de acordo com as características
de pH e cloro da amostra da água pluvial coletada no local do de implantação do
experimento em dois dias consecutivos. Para isso, efetuou-se a análise
espectrofotométrica em relação ao cloro. Adicionou-se 20 mL da solução de hidróxido de
sódio com 0,1mol.L-1 a cada 10 L da água coletada no bebedouro, para correção de pH
(Tabela 5).
Tabela 5 – Características da água de chuva e água do bebedouro.
Cloro livre (ppm) Cloro total (ppm) pH
Água de chuva 0,09 0,17
0,17
10
Água do bebedouro 0,1 8,8
Vale ressaltar que, no período do experimento, a região do entorno imediato do
local de sua implantação havia diversas obras de construção civil, além de uma indústria
cimenteira e uma indústria de fabricação de concreto, o que justificaria o elevado valor
do pH da água de chuva coletada, conforme mostra a Tabela 6.
A vazão de água alimentada diariamente nos reatores 4 e 5 (azul e preto) foi
determinada de acordo com os dados pluviométricos do período de 1961 a 1990 de São
Paulo. Dessa forma, a vazão de água alimentada nos reatores foi de = 0,00020 m³.d-1 ou
0,2L.d-1.
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Tabela 6 – Características da água de chuva simulada.
PARÂMETRO VALORES OBTIDOS
pH 10
Coliformes Fecais < 10 nmp
Coliformes Totais 60 nmp
DBO 15,75 mg.L-1
DQO 1.450 mg.L-1
Amônia 1 ppm
Fosfato 2 ppm
2.5 Aterramento dos reatores
Para a recirculação de chorume, os reatores 2 e 3 (amarelo e verde) foram ligados à
bomba 1. Os reatores 4 e 5 (azul e preto) foram alimentados com água de chuva, que foi
previamente coletada em um tanque. Esses tanques foram ligados à uma segunda bomba.
Na saída de cada um dos reatores foi instalada uma proveta de 1L para a captação do
efluente. As bombas utilizadas nos experimentais foram da ProMinet gamma.L-1.
Para captação dos gases provenientes do processo de degradação da matéria
orgânica, pelos microorganismos, foram adaptadas bexigas na tampa superior de cada
reator, por meio de um adaptador de 1/2 polegada para 20 mm com uma contra porca
(Figura 7). O aquecimento dos reatores 3 e 4 foi efetuado por meio de um fio de cobre
aterrado no solo e ligado a uma resistência mantida à temperatura de 40ºC (Figura 8).
Figura 7 – captação dos gases nos
reatores.
Figura 8 – Sistema de aquecimento dos
Reatores 3 e 4.
Bexiga
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O solo argiloso viabilizou o aterramento e diminuição do efeito de borda do tubo
com os resíduos. Visando garantir a vazão e a retenção de sólidos suspensos, a brita foi
inserida na parte superior e inferior para servir de meio drenante, Na parte inferior foi
também utilizado um tecido de tule. Foram inseridas duas células de RSU. Um esquema
do aterramento dos reatores está apresentado na Figura 9.
2.6 Operação
Após a montagem do aparato experimental, implantados em um Centro
Universitário do município de São Paulo, e o aterramento dos resíduos sólidos
acondicionados nos sacos/sacolas plásticas houve a recirculação do chorume nos reatores
2 e 3 (amarelo e verde) com vazão de 0,44 L.h-1, determinada para que o volume de 10,6
L de chorume fosse recirculado diariamente. Da mesma maneira, a vazão de 0,02 L.h-1
de adição de água de chuva foi determinada para que os reatores 4 e 5 (azul e preto)
recebessem 0,2 L cada diariamente. Além disso, efetuou-se a ligação do equipamento
para aquecimento do solo. Estes procedimentos foram realizados um mês após o
aterramento dos resíduos.
2.7 Monitoramento
O aparato experimental foi monitorado semanalmente desde o seu fechamento até
a sua abertura. As seguintes condições experimentais foram verificadas:
a) o volume de líquido existente nas provetas situadas nos reatores 4 e 5 (azul e
preto);
b) a temperatura do fio de cobre exposto na entrada dos reatores 3 e 4 (verde e azul),
através de termômetro;
c) a vedação e captação dos gases (visual);
d) a vazão de recirculação de chorume e de adição de água de chuva.
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Figura 9 – Esquema dos reatores.
bomba
30 cm de
RSU
10 cm de brita
10 cm de
solo
5 cm de solo
adaptador para
mangueira
Capes com válvula
de ½ polegada
Tampão com
válvula de ½
polegada
30 cm de
RSU
20 cm de
solo
10 cm de
solo
10 cm de brita e
tecido de tule
adaptador para
mangueira
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2.8 Abertura dos Reatores
A data para a abertura dos reatores foi definida em função do tempo de estudo e
tempo de degradação do material aterrado. Para tanto, o tempo de degradação
especificado pelo fabricante do plástico oxi-biodegradável foi utilizado como referência,
ou seja, 18 meses (Figura 10).
Em vista disso e considerando que a degradação da sacola oxi-biodegradável ocorre
de modo constante e linear, após 24 semanas, houve a abertura dos reatores, esperando
que 30% do plástico oxi-biodegradável estivesse degradado. Vale ressaltar que dois dias
antes da abertura os equipamentos de circulação e o de temperatura foram desligados.
Com o auxílio de um béquer houve a retirada da brita, seguindo para o solo, de cada
altura, ou seja, superior a célula um, entre célula um e dois, e inferior a célula dois.
Efetuou-se a retirada de amostras de solo para futuras análises, lembrando que cada
amostra um béquer foi utilizado para que não houvesse contaminação.
Figura 10 – Sacola plástica oxi-biodegradável.
A verificação de degradabilidade/decomposição dos materiais foi efetuada através
da pesagem, comparando com o peso inicial e caracterizando através do tempo.
Após a retirada das duas células de resíduos dos reatores, as embalagens plásticas
foram abertas. Verificou-se que o vidro, o plástico e o metal não sofreram nenhum tipo
de alteração, ou seja, o valor do peso final resultou-se igual ao valor do peso inicial, já a
matéria orgânica e o papel sofreram decomposição, e com isso, não foi possível sua
segregação para a pesagem (Figura 11).
Em vista dessa situação, efetuou-se a pesagem desses materiais confinante as
embalagens plásticas, apenas das células inferior dos reatores.
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Após a retirada da matéria orgânica e do papel, as embalagens foram lavadas em
água corrente sem a utilização de qualquer produto para que não houvesse nenhum tipo
de alteração no resultado, e foram colocadas em uma linha, perfazendo um varal, para a
secagem no meio, ou seja, sem o auxílio de qualquer equipamento como secador ou ar-
condicionado (Figura 12).
Figura 11 – Matéria orgânica e
papel em decomposição.
Figura 12 – Secagem das embalagens
plásticas.
3. RESULTADOS
As embalagens plásticas após terem sido devidamente lavadas e secas foram
pesadas e os resultados apresentados em gráficos específicos para as células superiores e
inferiores. As Figuras 13 a 17 mostram o decaimento entre o peso inicial e o peso final
de cada embalagem plástica (em gramas), nas células superiores. É importante ressaltar
que as cores das linhas dos gráficos representam as cores dos reatores.
81
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Figura 13 – Degradação das
embalagens comum – células
superiores.
Figura 14 – Degradação das
embalagens oxi-biodegradável – células
superiores.
Figura 15 – Degradação das
embalagens do Supermercado 1 –
células superiores.
Figura 16 – Degradação das nas
embalagens do Supermercado 2 –
células superiores.
3,94
3,99
4,04
Mas
sa (
g)
6 meses
Embalagem Supermercado 1
3,80
3,82
3,84
3,86
3,88
Mas
sa (
g)
6 meses
Embalagem Supermercado 2
y = 0R² = #N/A
Mas
sa (
g)
6 meses
Embalagem comum
Mas
sa (
g)
6 meses
Embalagem oxi-biodegradável
82
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Figura 17 – Degradação das embalagens do Supermercado 3 – células superiores.
De acordo com os resultados apresentados nas figuras 13 a 17, verificou-se que a
degradação não ocorreu de modo semelhante para todas as embalagens. Observou-se que
houve menor degradação no reator laranja, e na sequência nos reatores amarelo, preto,
verde e azul. Tal resultado é decorrente da variação de temperatura. No entanto, o reator
4 (azul) com adição de água de chuva e variação de temperatura obteve um melhor
resultado comparado ao reator 3 (verde) com recirculação de chorume e variação de
temperatura.
Entre os reatores sem a variação de temperatura, ou seja, o reator 5 (preto) com
adição de água de chuva e o 2 (amarelo) com recirculação de água de chuva, o reator
preto obteve uma melhor eficiência de degradação, sendo assim, podemos concluir que a
adição de água de chuva é mais eficaz para a degradação das embalagens plásticas do que
a recirculação do chorume. Vale ressaltar que o chorume teve uma queda de pH, enquanto
a água de chuva simulada, obteve um pH de 10 constante, então, considerando apenas o
parâmetro de pH, o pH alcalino é mais eficiente para a degradação de embalagens
plásticas.
As Figuras 18 a 22 apresentam o decaimento entre o peso inicial e o peso final de
cada embalagem plástica (em gramas), nas células inferiores. Nestas figuras as cores das
linhas dos gráficos também correspondem às cores dos reatores.
3,65
4,15
Mas
sa (
g)
6 meses
Embalagem Supermercado 3
83
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Figura 18 – Degradação das
embalagens comum – células
inferiores.
Figura 19 – Degradação das
embalagens oxi-biodegradável – células
inferiores.
Figura 20 – Degradação das
embalagens do Supermercado 1 –
células inferiores.
Figura 21 – Degradação das nas
embalagens do Supermercado 2 –
células inferiores.
Mas
sa (
g)
6 meses
Embalagem comum
3,93
3,98
4,03
4,08
Mas
sa (
g)
6 meses
Embalagem Supermercado 1
3,503,553,603,653,703,753,803,85
Mas
sa (
g)
6 meses
Embalagem Supermercado 2
84
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Figura 22 – Degradação das nas embalagens do Supermercado 3 – células
inferiores.
De acordo com os gráficos das figuras 18 a 22, verificou-se que a degradabilidade
das embalagens plásticas das células inferiores é a mesma das células superiores.
Portanto, efetuou-se a média das embalagens plásticas nos reatores das células superiores
(Figura 23) e das células inferiores (Figura 24), para análise comparativa entre as
embalagens plásticas.
De acordo com os dados obtidos verificou-se que a degradação das embalagens
plásticas se deu, em ordem decrescente, na seguinte sequência: Supermercado 3,
Supermercado 1, Supermercado 2, oxi-biodegradável e comum, conforme mostra a
Figura 25. No entanto, as embalagens plásticas confinadas nas células inferiores
obtiveram maior degradabilidade em relação às células superiores, portanto, a pequena
pressão realizada pelo peso da massa fez com que as embalagens das células inferiores se
degradassem mais rápido do que as células superiores.
A utilização do valor médio de degradação das embalagens, para as diferentes
condições de aterramento se justifica, uma vez que nos aterros convencionais brasileiros
todas as condições simuladas se fazem presente. Dessa forma, os percentuais de redução
da massa das embalagens mostrado na Figura 25 é o que mais se aproxima das condições
observadas na escala real.
3,60
4,10
Mas
sa (
g)
6 meses
Embalagem Supermercado 3
85
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Figura 23 – Degradação das embalagens – células superiores.
Figura 24 – Degradação das embalagens – células inferiores.
Figura 25 – Média da degradação das embalagens – percentual.
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
7,00M
assa
(g)
6 meses
Média das Embalagens - Reatores Superiores
comum
oxi-biodegradavel
Supermercado 1
Supermercado 2
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
7,00
Mas
sa (
g)
6 meses
Média das Embalagens - Reatores Inferiores
comum
oxi-biodegradavel
Supermercado 1
Supermercado 2
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
Pe
rce
ntu
al d
a M
Ass
a
6 meses
Redução Média da Massa das Embalagens
comum
oxi-biodegradavel
Supermercado 1
Supermercado 2
Supermercado 3
86
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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
As principais considerações a respeito da degradabilidade das embalagens plásticas
contendo resíduos sólidos urbanos, são:
O pH da água de chuva e temperatura contribuem para degradação das embalagens
plásticas;
As embalagens plásticas confinadas nas células inferiores dos reatores projetados
obtiveram maior degradabilidade em relação ás células superiores.
Considerando que a taxa de degradação das embalagens permaneça constante,
pode-se inferir que cada uma das embalagens estudadas permanece nos aterros por
tempos diferenciados, a saber: 28 anos para os sacos plásticos tradicionalmente fabricados
no Brasil para o acondicionamento de resíduos sólidos e 63 anos para os sacos
biodegradáveis. Com relação às embalagens de supermercado pode-se verificar que essas
possuem menor tempo de degradação do que os sacos e, mesmo não atingindo as
expectativas de degradação de seus fabricantes, que as projetaram para a degradação com
a presença de oxigênio, permanecem nos aterros apenas 30% do tempo do que os sacos
convencionais.
Com respeito às embalagens dos supermercados utilizadas neste estudo, também
considerando que a taxa de degradação permanece constante, a embalagem do
Supermercado 3 seria plenamente degradada em 5 anos, do Supermercado 2 em 13 anos
e do Supermercado 1 em 21 anos.
Os valores de degradação plena dos materiais são expressivamente diferentes
daqueles referenciados na literatura. O Ministério do Meio Ambiente em seu programa
Saco é um Saco traz o valor estimado para 400 anos. Desse modo, novos estudos de
degradação desses materiais em condições de aterramento brasileiro estão sendo
encaminhados para que os valores possam ser refinados.
87
ISSN 1980-0894 Artigo, Vol.9 Nº1, Ano 2014
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88
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Recebido em 22/04/2014
Aceito em 02/07/2014
89
ISSN 1980-0894 Artigo, Vol.9 Nº1, Ano 2014
QUALIDADE DE VIDA DOS PROFISSIONAIS QUE TRABALHAM NO
CAPSI DE UM MUNICÍPIO DO OESTE CATARINENSE
QUALITY OF LIFE OF PROFESSIONALS WORKING IN CAPSI OF A
CITY OF OESTE CATARINENSE
Marina Atuatti1
Sayonara de Fatima Teston2
Resumo: O objetivo global dessa pesquisa foi identificar como os profissionais da
equipe Capsi avaliam a qualidade de vida profissional, visando a demanda de usuários na
busca do tratamento. O referencial teórico traz vários autores moldando conceitos dos
processos de qualidade de vida profissional, mantendo o foco desta qualidade em serviços
públicos utilizados para tratamento de dependentes químicos. Para alcançar os objetivos
foi realizada uma pesquisa de campo, onde foi aplicado um questionário aos profissionais
do serviço, e para melhor obtenção de dados foram realizadas observações sistemáticas
no local. Os resultados do estudo foram analisados por meio do método da estatística
descritiva. Como resultados do estudo verificou-se que a equipe tem uma ótima
organização de trabalho, mas a dificuldade é estabelecer uma relação de comunicação, na
qual a saúde pública ofereça qualificar o tratamento do usuário, para motivar a equipe em
seu trabalho.
Palavras Chave: Profissionais da saúde, usuários de drogas, qualidade de vida no
trabalho.
Abstract: The overall objective of this research was to identify how professionals
Capsi staff assess the quality of working life, aimed at demand of users in seeking
treatment. The theoretical framework brings several authors shaping concepts of quality
processes of professional life, keeping the focus of this quality in public services used for
the treatment of drug addicts. To achieve the objectives a field study where a
1 Graduanda em Psicologia da Universidade do Oeste de Santa Catarina. E-mail: [email protected]. Endereço:
Avenida Nereu Ramos, 3777D, Bairro Seminário, Chapeco, Santa Catarina. 2 Graduada em Psicologia, Pós Graduada em Gestão de Recursos Humanos, Mestranda em Administração pela
Universidade do Oeste de Santa Catarina. E-mail: [email protected]
90
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questionnaire to service professionals was applied was performed, and obtaining better
data systematic observations were conducted at the site. The results of the study were
analyzed using descriptive statistical method. As results of the study it was found that the
team has a great work organizations, but the difficulty is to establish a communication in
which public health qualify treatment offers the user, to motivate the staff in their work.
Key words: Health workers, drug users, quality of work life.
INTRODUÇÃO
Devido ao aumento de usuários de drogas no Oeste catarinense, buscou-se atender
esta demanda regional por meio da implantação do Centro de Atenção Psicossocial –
Infanto/Juvenil o Capsi, que é um serviço de saúde mental que presta atendimento a
pessoas com transtornos decorrentes do uso de substâncias psicoativas, e à seus
familiares. Este Centro trabalha de acordo com as diretrizes determinadas pelo Ministério
da Saúde, tendo por base o tratamento em liberdade, buscando a reinserção social do
usuário.
Nesse sentido, a pesquisa teve como objetivo geral analisar a qualidade de vida da
equipe do Capsi do município lócus da pesquisa, haja vista a demanda dos usuários do
serviço. Apresenta-se como problema de pesquisa: Como os profissionais da equipe do
Capsi avaliam a sua qualidade de vida profissional, visando a demanda dos usuários do
serviço?
Os objetivos específicos da pesquisa foram analisar a satisfação dos funcionários
em relação à qualidade de vida, verificar as condições que a saúde pública oferece para
adquirir resultados melhores no tratamento do usuário; e levantar condições necessárias
para a equipe desenvolver seu trabalho com propostas e ações favoráveis ao serviço.
Para tanto, na fundamentação teórica abordou-se os temas em relação à qualidade
de vida profissional em relação à motivação no trabalho, a saúde dos profissionais e a
dependência química, visando conceituar a busca deste processo na instituição publica, a
qual auxilia no tratamento do usuário.
Com esse estudo foi possível identificar os melhores meios para motivar a
Qualidade de vida no trabalho de acordo com as necessidades dos funcionários. Assim, o
conhecimento obtido, a partir das pesquisas efetuadas, terá relevância social para
empresas que querem adotar programas de QVT. Como relevância científica, pode servir
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também de base para estudos acadêmicos, assuntos relacionados à gestão de pessoas e
satisfação de funcionários ou servindo de modelo a futuras monografias e pesquisas.
TRABALHO, QUALIDADE DE VIDA E PROMOÇÃO DA SAÚDE
A importância da qualidade de vida no trabalho reside no fato de que os
trabalhadores passam a maior parte de suas vidas no ambiente de trabalho. São mais de
oito horas por dia, durante pelo menos 35 anos. Percebe-se que não se trata de levar os
problemas de casa para o trabalho, mas também de levar para casa as tensões, os receios
e as angústias acumuladas no trabalho. Nessa concepção, muitas entidades estão
desenvolvendo programas de qualidade de vida no trabalho, voltadas para uma maior
satisfação de seus funcionários.
Os problemas enfrentados pelas organizações com seus empregados, assim como o
aumento da competitividade, fizeram surgir estudos relacionados com a satisfação e o
bem-estar do trabalhador na organização. Dentre esses estudos encontra-se a Qualidade
de Vida no Trabalho (QVT), que vem se desenvolvendo a cada dia, tendo como objetivo
pesquisar alternativas e estratégias de melhorar a relação do homem com o seu ambiente
e atividades no trabalho.
A Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) é um conjunto de ações de uma instituição
que envolve diagnóstico e implantação de melhorias e inovações gerenciais, tecnológicas
e estruturais, dentro e fora do ambiente de trabalho, visando propiciar condições plenas
de desenvolvimento humano na realização do seu ofício (ALBUQUERQUE; FRANÇA,
p. 41, 1998). Segundo Maslow (1998), qualidade de vida diz respeito a desenvolver
hábitos saudáveis, enfrentamento das tensões cotidianas, consciência dos impactos dos
fatores do ambiente, desenvolvimento permanente do equilíbrio interior e na relação com
os outros.
Estas necessidades, sem exceção, são consideradas fundamentais para a promoção
e prevenção da saúde do ser humano, tanto em situação do trabalho como fora delas. Em
uma perspectiva sistêmica, qualidade de vida pode ser percebida como a condição
humana resultante de um conjunto de parâmetros individuais e socioambientais,
modificáveis ou não, que caracterizam as condições matérias e psicossociais de existência
do ser humano (NAHAS, 2003). As principais ideias norteadoras da compreensão do que
é qualidade de vida no trabalho são: o trabalho influencia a saúde das pessoas e a eficácia
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das organizações, e a participação das pessoas na solução de problemas e na tomada de
decisão é importante para a saúde no ambiente psicossocial do trabalho (NADLER;
LAWLER, 1983). Desta forma, o conceito de qualidade de vida adotado para esta
pesquisa, buscar por meio de estratégias específicas, a satisfação e motivação total de seus
funcionários. Com estratégias bem planejadas, as empresas tem como resultado a
otimização de espaço e adequação do empreendimento ao seu funcionário.
De modo mais específico, Smircich (1983) relata em estudos organizacionais de
base culturalista, os seguintes temas: cultura social e valores organizacionais
compartilhados, produção de artefatos culturais nas organizações de trabalho, como
lendas e cerimônias, construção de formas simbólicas compartilhadas, como a linguagem,
produção de sistemas de conhecimento traduzidos em significados, e os formatos
organizacionais e comportamentos resultantes da projeção de processos mentais. Sob essa
perspectiva, também agregando contribuições da Psicologia e da Sociologia entre outras
áreas do conhecimento, as organizações de trabalho são percebidas como realidades
socialmente construídas (MOEGAN, 2002).
Na formação e no estabelecimento da realidade social nas organizações de trabalho,
funcionam como “guardiões” de valores, crenças atribuídas a indivíduos e grupos, que
definem os comportamentos considerados desejáveis como aqueles que devem ser
reforçados em diferentes situações de trabalho (HARRIS, 1994). A ação humana
individual e em grupo, mediada pelos processos cognitivos, emocionais e
interdependentes do contexto, variam conforme as características do ambiente externo,
seus modelos de inserção e do tipo específico de organização de trabalho, levando-se em
conta as especialidades de suas subunidades.
Mesmo dentro de uma única organização, considerado suas diferentes unidades, as
interações humanas tenderão a adquirir particularidades, cujas origens, entre outros
fatores determinantes, residem no repertório ocupacional dos participantes, na tecnologia
utilizada e nos objetivos específicos, próprios de cada local de trabalho (SCHEIN, 2001).
Pode-se mencionar que estas características também podem ser encontradas na instituição
pesquisada, uma vez que essa formação estabelecida individual ou em grupo, está
imbuída de fatores específicos que fazem a equipe trabalhar num contexto objetivo e
possam desenvolver projetos qualificados na organização de trabalho.
Enfim, a organização, como sistema social, inserida em seu contexto, busca
preservar sua identidade e manter-se viva. Para tanto, desenvolve uma estrutura normativa
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ISSN 1980-0894 Artigo, Vol.9 Nº1, Ano 2014
(valores, normas e expectativas de papeis, padrões esperado de comportamento e
interação) e uma estrutura de ação (padrões reais de interação e comportamento),
originada, sobretudo nas posições dirigentes (KATZ; KHAN, 1978). Por isso, a busca
incessante do alinhamento, continua na gestão de pessoas, entendida aqui como um
conjunto de políticas e práticas que reduzem a distância entre as expectativas de gestores
e dos demais integrantes de uma organização de trabalho, para que, em conjunto, possam
sustentá-las ao longo do tempo (DUTRA, 2002). Desta forma, infere-se que há uma
ligação entre o sistema social que move a organização e o tema qualidade de vida no
trabalho, pois, cada membro inserido na organização desempenha valores e crenças
diferentes dos demais que geram conflitos, então vai da gestão da instituição transformar
essa diferença em conhecimento para mudanças produtivas na instituição.
Feigenbaum (1994) entende que QVT é baseada no princípio de que o
comprometimento com a qualidade ocorre de forma mais natural nos ambientes em que
os funcionários, se encontram envolvido nas decisões que influenciam diretamente suas
atuações. O autor relaciona todo o processo que ocorre na instituição, visando que cada
funcionário independente do seu cargo, deve-se criar um comprometimento ético e
prazeroso, motivando os demais integrantes que ali se fazem presentes. As organizações
estão reavaliando suas formas de organizar o trabalho, gerando novas alterações
beneficiando os funcionários para que assim, permaneçam contribuindo para a construção
da qualidade da instituição. Karch (2000) afirma que programas de promoção e saúde e
qualidade de vida vêm sendo cada vez mais adotados pelas organizações, mobilizado os
profissionais de recursos humanos, para tornar o ambiente de trabalho mais produtivo e
saudável.
O programa que visa facilitar e satisfazer as necessidades do trabalhador ao
desenvolver suas atividades na organização, tendo como ideia básica o fato de que as
pessoas são mais produtivas quanto mais estiverem satisfeitas e envolvidas com o próprio
trabalho, é fundamental para a presente pesquisa e tem relação direta com os pressupostos
relacionados à saúde da equipe profissional.
A SAÚDE DOS PROFISSIONAIS
Infere-se que a tarefa essencial das condições organizacionais são os métodos
favoráveis ao trabalho desenvolvido pelo colaborador, por meio dos quais os objetivos
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profissionais possam ser atingidos, com esforços em direção aos objetivos da instituição.
Todos os agravos na saúde, que tem influencia tanto na vida profissional quanto
pessoal dos trabalhadores, podem ocorrer devido à falta de qualificação nas empresas,
deixando o funcionário em um nível de estresse elevado, assim, desenvolvendo as
patologias que podem incapacitar o trabalhador. O desgaste físico e emocional leva a
corrosão da dignidade e da vontade (SENNETT, 1999). Segundo Stacciarini e Tróccoli
(2002, p. 187-205), quanto ao estresse ocupacional, percebe-se igualmente uma extensão
da indefinição do conceito de estresse. Considerado pelos pesquisadores como um
assunto complexo, o estresse ocupacional não é um fenômeno novo, mas sim um novo
campo de estudo que passou a ganhar relevância em conseqüência do aparecimento de
doenças que foram vinculadas ao estresse no trabalho, como por exemplo, hipertensão,
úlcera, entre outras.
No que se refere ao papel da psicologia neste âmbito, conforme citada por Lara e
Traesel (s/d) “o psicólogo nas ações em saúde pode desempenhar tarefas ligadas ao
planejamento e gestão de trabalho, nas quais todos os profissionais devem estar
envolvidos”, como por exemplo, o conhecimento das demandas da região, dos recursos
públicos e comunitários que esta região dispõe e o trabalho integrado com o gestor para
governar e aperfeiçoar o seu aproveitamento. Um dos pilares fundamentais da psicologia
são o compromisso social e a construção de novas possibilidades de existência. Neste
sentido, o psicólogo necessita compreender as dimensões sociais desses usuários, o que
corrobora com o objetivo da pesquisa, de avaliar como os psicólogos desempenham seu
papéis profissionais, diante do compromisso de fornecer melhores adequações no
tratamento para crianças e adolescentes dependentes químicos.
A QUESTÃO DA DEPENDÊNCIA QUÍMICA NO MODELO
PSICOSSOCIAL DE SAÚDE
O uso de drogas é considerado um grave e complexo problema de saúde pública,
considerando-se os modelos que contribuem para a compreensão do fenômeno no
momento atual e as estratégias de intervenção estabelecidas pelos locais que prestam
serviços aos usuários. Segundo Occhini e Teixeira (2006, p. 229), a abordagem exigida
para a dependência química é coerente com o modelo psicossocial de saúde, isso ocorre,
pois a questão do uso abusivo de substâncias psicoativas e a questão da dependência,
95
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implica discutir não só as questões orgânicas e psicológicas, mas também os aspectos
sociais, políticos, econômicos, legais e culturais.
Considerando que esse fenômeno tem repercussões negativas na saúde física e
psíquica e no âmbito social a família e comunidade, é fundamental a análise do contexto
familiar e sociocultural, identificando os fatores de risco e de proteção para subsidiar
ações efetivas de caráter preventivo ou de intervenção. Em linhas gerais, a dependência
de drogas é mundialmente classificada entre os transtornos psiquiátricos, sendo
considerada como uma doença crônica que acompanha o indivíduo por toda a sua vida,
porém, a mesma pode ser tratada e controlada, reduzindo-se os sintomas, alternando-se,
muitas vezes, períodos de controle dos mesmos e de retorno da sintomatologia (LEITE,
2000).
A Organização Mundial da Saúde (2001) destaca ainda que a dependência química
deve ser tratada simultaneamente como uma doença médica crônica e como um problema
social. Pode ser caracterizada como um estado mental e, muitas vezes físico, que resulta
da interação entre um organismo vivo e uma droga, gerando uma compulsão por tomar a
substância e experimentar seu efeito psíquico e, às vezes, evitar o desconforto provocado
por sua ausência. Não basta, portanto, somente identificar e tratar os sintomas, mas sim,
identificar as conseqüências e os motivos que levaram à mesma, pensando o indivíduo
em sua totalidade, para que se possa oferecer outros referenciais e subsídios que gerem
mudanças de comportamento em relação à questão das drogas.
Para esses indivíduos a droga passou a exercer um papel central em suas vidas, na
medida em que, por meio do prazer, ela preenche lacunas importantes, tornando-se
indispensável para o funcionamento psíquico dos mesmos. A Política do Ministério da
Saúde (2003) preconiza que a assistência a esses usuários deve ser oferecida em todos os
níveis de atenção, privilegiando os cuidados em dispositivos como os Centros de Atenção
Psicossocial Infanto – Juvenil (Capsi), Centros de Atenção de Transtornos mentais
(CapsII) e os Centros de Atenção para Álcool e Drogas (Capsad). É importante que esta
assistência também esteja articulada aos Programas de Saúde da Família, Programas de
Agentes Comunitários de Saúde, Programas de Redução de Danos e Rede Básica de
Saúde. O Capsi é um serviço de atenção psicossocial para atendimento de pacientes
menores de 18 anos, com transtornos mentais ou pelo uso e dependência de substâncias
psicoativas, conforme preconizado pelo Ministério da Saúde (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2003).
96
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De acordo com a Portaria GM336, de 19 de fevereiro de (2002), o CapS oferece
atendimento diário a pacientes que fazem uso prejudicial de álcool e outras drogas,
permitindo o planejamento terapêutico dentro de uma perspectiva individualizada de
evolução contínua. Esse serviço precisa ser apoiado pela existência de leitos psiquiátricos
em hospital geral e outras práticas de atenção comunitária (internação domiciliar, inserção
comunitária de serviços, entre outros). Em Chapecó, este serviço funciona das 8 às 18
horas, de segunda a sexta-feira, tendo, diariamente, um profissional de plantão para
acolhimento. As atividades desenvolvidas vão desde o atendimento individual
(medicamentoso, psicoterápico, de orientação) até atendimentos grupais ou oficinas
terapêuticas e visitas domiciliares. Este serviço deve oferecer condições para o repouso,
bem como para a desintoxicação ambulatorial de pacientes que necessitem desse tipo de
cuidados e que não demandem por atenção clínica hospitalar.
Pode-se afirmar que a dependência química, como um grave problema de saúde
pública, necessita de atenção especial. Portanto, a área de saúde tem muito a realizar no
que diz respeito ao uso de drogas e à promoção de saúde (GELBCKE; PADILHA, 2004).
Assim, trabalhar essa questão exige um conjunto de ações específicas que envolvam
melhorias tanto no tratamento em si, no caso da dependência já instalada, quanto em
termos de promoção e prevenção ao uso de drogas, de acordo com o modelo
biopsicossocial de saúde, o qual apresenta uma concepção holística do ser humano.
É necessário pontuar que o atendimento a dependentes químicos envolve dois
aspectos centrais: primeiro, a desintoxicação com a finalidade de retirada da droga e seus
efeitos, e segundo, a manutenção, ou seja, a reorganização da vida do indivíduo sem o
uso da droga. Segundo Macieira (2000), estudos apontam que, ainda hoje, observam-se
baixos índices de sucesso no tratamento da drogadição, mesmo englobando o aspecto
médico, farmacológico, as psicoterapias e grupos de ajuda, pois diversos fatores podem
contribuir para a não adesão ao tratamento, o abandono ou até mesmo, para o uso de
substâncias psicoativas durante o tratamento.
Essa problemática, de implantar e sustentar este serviço de tratamento para
reinserção social, aos poucos vai se adequando às diretrizes sociais e políticas. Assim, a
realidade vivenciada mostra a necessidade de se trabalhar na promoção da saúde visando
a questão de estilos de vida e de educação para a saúde, a qual pode ser encarada como
uma estratégia política e educacional adotada por muitos governos com o propósito de
garantir a equidade. A promoção da saúde envolve aspectos como capacitar, educar,
97
ISSN 1980-0894 Artigo, Vol.9 Nº1, Ano 2014
buscar a paz, respeitar os direitos humanos, justiça social, equidade no atendimento.
Dessa maneira, pode-se reduzir o fenômeno das drogas, uma vez que promover a saúde é
uma postura que está de acordo com o novo modelo de saúde, o qual considera o indivíduo
na sua totalidade (GELBCKER; PADILHA, 2004).
A importância da relação paciente e profissional, também foi observada em um
estudo sobre a relação entre fatores relativos ao tratamento, no qual a percepção dos
pacientes sobre seu contato com a equipe molda uma relação de ajuda associando a uma
melhor adesão na recuperação. Para Dimenstein (2001), mudanças significativas no modo
de atuação dos profissionais atuante na saúde pública, incorporam uma nova concepção
de prática profissional, associada ao processo de cidadanização, de construção de sujeitos
com capacidade de ação e de proposição. Há, portanto, uma necessidade de aprendizagem
de ambos. Gazzinelli et al. (2005) afirma que para que essa visão se altere, e realmente
ocorra à promoção da saúde, há a necessidade de se romper com o padrão cientificista,
buscando pensar a educação para saúde em termos mais abrangentes, que consideram o
indivíduo em sua totalidade, o qual é dotado de subjetividade, e de valores e saberes
diferentes daqueles com os quais os profissionais de saúde e educação lidam.
Um olhar voltado ao indivíduo em sua totalidade pode incluir um modelo de
trabalho com dependentes químicos visando à adesão, ressaltando os benefícios de
oferecer um suporte psicossocial encaminhando-lhes a desintoxicação, exigindo novas
formas de intervenções.
O processo de qualidade de vida profissional vem realizando diversas modificações
no âmbito organizacional, adquirindo melhorias de promoção e prevenção à saúde do
trabalhador. Averiguando as condições inadequadas da saúde pública prestadas aos
dependentes químicos, busca-se identificar o contexto motivacional dos profissionais que
trabalham com o processo de reinserção social. A pesquisa investigou a qualidade de vida
da equipe do Capsi de um município do Oeste catarinense, haja vista a demanda dos
usuários do serviço, relacionando a capacidade individual e do grupo para planejar
projetos que tragam benefícios para o serviço.
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PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O método refere-se ao estudo de um conjunto de regras básicas para desenvolver
um trabalho que traga uma nova experiência a fim de produzir novos conhecimentos. É
nele é explicado o tipo de pesquisa abordado, os instrumentos que foram utilizados,
questionário aplicado, é onde se expõem todas as ferramentas utilizadas para o trabalho
de pesquisa. Para Lakatos e Marconi (2001, p.83) o método é o conjunto das “atividades
sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o
objetivo dos conhecimentos válidos e verdadeiros, traçando o caminho a ser seguido,
detectando erros e auxiliando as decisões do cientista.”
O presente estudo foi realizado no Centro de Atenção Psicossocial – Infanto/Juvenil
(Capsi) localizado em um município do oeste catarinense, com o objetivo de analisar a
qualidade de vida dos profissionais que trabalham para a reabilitação social dos usuários
do serviço, trata-se portanto, de um estudo de caso. Yin (1994) afirma que esta abordagem
se adapta à investigação em educação, quando o investigador é confrontado com situações
complexas, de tal forma que dificulta a identificação das variáveis consideradas
importantes, quando o investigador procura respostas para o “como?” e o “porquê?”,
quando o investigador procura encontrar interações entre fatores relevantes próprios dessa
entidade, quando o objetivo é descrever ou analisar o fenômeno de uma forma profunda
e global, e quando o investigador pretende apreender a dinâmica do fenômeno, do
programa ou do processo.
Este estudo de caso é predominantemente quantitativo, sendo que Moreira (2002)
segue-se uma orientação que objetiva entender a situação em análise. O autor Mitchell,
(1987, p. 81) deixa claro que a quantificação deve auxiliar o trabalho de campo e não se
constituir sua perspectiva principal.
O referido trabalho buscou obter características de fenômenos entre formas e
maneiras das circunstâncias dos fatos ocorrentes na equipe, proporcionando um estudo
de caso descritivo, pois relata os fenômenos avaliados no serviço, para adequação na
qualidade de vida no trabalho. A pesquisa descritiva consiste em estudar o nível de
atendimento dos órgãos públicos de uma comunidade, as condições de habitação de seus
habitantes, os índices de criminalidade que aí se registra, entre outros. Estão incluídas
nesse grupo as pesquisas que têm como objetivo levantar as opiniões, atitudes e crenças
de uma população (GIL, 1994, p.45).
99
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Atualmente, fazem parte de equipe 15 profissionais, entre eles Psicólogos, Agente
de Saúde, Educador Físico, Psicopedagoga, Terapeuta Ocupacional, Enfermeira e
Auxiliar de Enfermagem, Médico Pediatra, Motorista, Auxiliar de Serviços Internos,
Médico Psiquiatra e Estagiários, sendo que destes 10 participaram da pesquisa.
Como instrumentos de levantamento das informações, utilizou-se a aplicação de
um questionário em grupo para a equipe no próprio local de trabalho, baseando-se na
fundamentação dos autores Werther e Davis (1983), com modificações realizadas pelo
pesquisador a partir da análise do ambiente do Capsi, com perguntas fechadas. Segundo
Parasuraman (1991) um questionário é tão somente um conjunto de questões, feito para
gerar os dados necessários para se atingir os objetivos do projeto.
Além do questionário, foram utilizadas observações sistemáticas, que segundo
Fialho e Santos (1995), permitem avaliar a questão em seus aspectos funcionais,
estruturais e conjunturais. Normalmente, as observações oferecem validade para outras
técnicas. As observações sistemáticas foram registradas em um diário de campo, que de
acordo com Minayo (1993 p, 100) contempla todas as informações que não sejam o
registro das entrevistas formais. Ou seja, observações sobre conversas informais,
comportamentos, cerimoniais, festas, instituições, gestos, expressões que digam respeito
ao tema da pesquisa. Falas, comportamentos, hábitos, usos, costumes, celebrações e
instituições compõem o quadro das representações sociais. Neste sentido, a confrontação
entre os dados obtidos a partir de observações com as declarações obtidas através do
questionário é interessante, pois pode evidenciar pontos críticos.
Para análise dos dados do questionário, utilizou-se o método de estatística descritiva
que segundo Reis (1998), tem como objetivo básico sintetizar uma série de valores de
mesma natureza, permitindo dessa forma que se tenha uma visão global da variação
desses valores. Os dados foram organizados e descritos de duas maneiras: por meio de
gráficos e de medidas descritivas.
ANÁLISE DE DADOS
A pesquisa foi realizada no Centro de Atenção Psicossocial Infanto/Juvenil. Sabe-
se que uma rede de saúde mental, pode ser constituída por vários dispositivos assistenciais
que possibilitem a atenção psicossocial aos pacientes com transtornos mentais e
dependência química, segundo critérios populacionais e demandas dos municípios. Esta
100
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rede pode contar com ações de saúde mental na atenção básica onde são inclusos oficinas
terapêuticas, grupos, terapias e consultas individuais, visita domiciliar, a rede oferece
serviços em hospitais gerais e clinica terapêutica. Ela deve funcionar de forma articulada,
tendo os CAPS como serviços estratégicos na organização de sua porta de entrada e de
sua regulação. Os profissionais foram questionados sobre os seguintes temas:
confiabilidade, compartilhamento de idéias e objetivos, novas situações de trabalho,
capacidade de resolver problemas e imprevistos, execução de atividades, forma de
realização destas atividades, comportamento ético, administração de tempo e trabalho,
busca de qualificação pessoal e profissional, nível de stress e humor, reinserção social,
saúde publica e qualidade de vida profissional.
Quanto ao grau de confiabilidade das informações, atividades e dos serviços
prestados no serviço, verificou-se que 60% dos respondentes consideram que a equipe
tem excelentes proporções de relacionamento e comunicação confiável, enquanto 40%
avaliaram como bom seu desempenho em relação à confiabilidade. Percebe-se que a
confiabilidade leva também há um aumento da segurança, a uma redução dos riscos
ambientais e contribui decisivamente para um ambiente positivo na equipe.
Verificou-se que 70% dos respondentes consideram que os integrantes da equipe
compartilham ideias, que visam buscar objetivos de melhorias nas condições de trabalho
e processo terapêutico dos pacientes, além disso, pode-se averiguar que 20% dos
respondentes afirmam que a equipe busca ter um bom desempenho de atingir
expectativas, enquanto 10% consideram o compartilhamento de ideias como regular.
Pode-se considerar que houve uma alta porcentagem de profissionais que busca novos
conhecimentos para aprimoramento de ideias e conceitos. Neste sentido, percebeu-se que
clareza e transparência quanto aos objetivos e estratégias da organização são essenciais,
pessoas produzem mais e melhor quando se identificam com o que fazem, sabem para
onde vão profissionalmente e compreendem que fazem parte de algo maior.
Quanto a compreender e responder às novas situações de trabalho, verificou-se que
40% dos respondentes consideram que respondem à estas novas situações de forma
excelente, enquanto 50% avaliaram como bom este processo e 10% consideram como
regular. Sabendo que a demanda de usuários desse serviço é ligada a dependência química
e transtornos mentais, infere-se que há busca por novas formas de compreensão,
conhecimento e técnicas para lidar com as demandas de trabalho.
Quanto à capacidade de resolver problemas e imprevistos, de forma eficaz no
101
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trabalho a partir do conhecimento e experiência, 30% dos respondentes consideraram
excelente, 60% consideraram bom e 10% como regular. Neste sentido, identificou-se que
os profissionais que atuam no Capsi, tem uma demanda constante por novas posturas
diante de situações imprevistas. Quanto ao processo de execução das atividades no
serviço, que geram impactos e otimização nos processos e formas de trabalho, a
capacidade de criar e inovar projetos, planos, ideias para trazer benefícios concretos à
equipe, verificou-se que 20% dos respondentes consideram essa execução excelente, 50%
dos profissionais classificaram como boa e 30% avaliaram como regular essa execução.
Neste sentindo, infere-se a falta de alguns membros da equipe do Capsi afetam
diretamente os resultados do trabalho, principalmente em relação à forma de execução
das atividades.
Quanto à realização de atividades no serviço de forma organizada, consistente e
objetiva com vistas aos objetivos pré-estabelecidos para melhoria da qualidade de vida
profissional, verificaou-se que 20% dos respondentes a consideraram excelente, 40% a
classificaram como boa e 40% como regular. Neste sentido, observa-se que a organização
dos processos de trabalho é um dos fatores que mais sofre prejuízos na opinião dos
respondentes da pesquisa.
Quanto à atitude pautada pelo respeito ao próximo, integridade, senso de justiça,
impessoalidade nas ações, percebeu-se que a equipe desenvolve um processo ótimo para
70% dos respondentes, enquanto 30% o classificaram como bom. Neste sentido, infere-
se que o serviço visa buscar o melhor tratamento para comunidade debilitada que o utiliza,
desempenhando um papel profissional, controlando seu estado emocional e mental
decorrente situações que geram um cuidado maior, assim promovendo benefícios para o
paciente e sua família. Pode-se afirmar que este fator contribui também para a discussão
de melhorias.
Quanto às atitudes em relação à administração do tempo, considerando a
pontualidade e interrupções durante o período de trabalho, constatou-se que 40% dos
respondentes classificam como excelente a relação com o tempo e 60% classificaram este
aspecto como bom. Neste sentido, e por meio das observações realizadas infere-se que o
tempo de trabalho é escasso, e diante disso, exige-se que os profissionais consigam
administrar esse tempo e processos de uma forma organizada e eficiente.
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Quanto ao interesse pela busca ativa de qualificação e aprimoramento pessoal e
profissional, 20% dos respondentes o classificaram como excelente, 50% o classificaram
com bom e 30% como regular. Neste sentido, percebe-se que a busca por qualificação e
aprimoramento profissional não é efetiva da equipe atualmente, já que somente 20% a
classificam como excelente.
Quando questionados sobre como percebem seu nível de estresse no decorrer do
dia, 40% dos respondentes mencionaram que o mesmo pode ser classificado como
regular, enquanto o restante da amostra (60%) mencionou que não se sentem estressados.
Quando questionados sobre qual é a percepção acerca do nível de humor ao final do dia,
após o trabalho, 10% dos respondentes afirmaram que não sofrem alterações e o humor,
e o classificaram como excelente, enquanto 60% o classificaram como bom e 30% o
classificaram como regular.
Durante o processo de análise dos dados da pesquisa, alguns resultados chamaram
mais atenção do que outros, neste sentido, para algumas respostas, optou-se pela
apresentação de gráficos, haja vista a importância dos resultados para os objetivos da
pesquisa. Quanto questionados sobre a percepção da equipe sobre a importância de
trabalhar com reinserção social, que é foco do trabalho da equipe, 30% dos respondentes
classificaram como boa a relação neste contexto, 50% mencionaram regular e 20%
classificaram como péssimo, o que pode ser verificado no Gráfico 01.
Gráfico 01 - Percepção da equipe sobre trabalhar com reinserção social
Fonte: Elaborado pelas autoras, com base nos resultados da pesquisa, 2014.
Bom 30%
Regular 50%
Péssimo20%
Excelente
Bom
Regular
Péssimo
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Diante dos resultados apresentados do gráfico 1, pode-se inferir que há uma certa
insatisfação da equipe em relação ao trabalho que desempenham com os dependentes
químicos em processo de reinserção social, o que pode influenciar a qualidade de vida no
trabalho. Pode-se afirmar que o indivíduo precisa estar inserido em locais onde possa
realizar atividades benéficas a instituição e sentir-se bem diante deste processo, e se caso
não consegue, acaba afetando o tratamento dos usuários do serviço. A reinserção social
do dependente químico necessita de uma equipe multiprofissional para seu tratamento, e
para auxiliar nesse processo a equipe necessita ter um conhecimento geral sobre esse
determinado assunto, e principalmente fazer um levantamento de dados sobre o paciente,
vinculando a teoria com a prática, beneficiando ambos os lados.
Quando questionados sobre a importância da atenção da saúde pública voltada aos
pacientes, 30% dos respondentes classificaram como bom, 50% como regular e 20%
péssimo, o que pode ser verificado no Gráfico 02.
Gráfico 02 - A saúde pública e a atenção aos dependentes químicos
Fonte: Elaborado pelas autoras, com base nos resultados da pesquisa, 2014.
Neste sentindo, infere-se que a percepção dos respondentes é de que há falta de
comprometimento da saúde publica, sobrecarregando a equipe. Por meio das observações
percebeu-se que as dificuldades que a saúde pública encontra para promover mudanças,
gerando impactos na equipe, pois ela visualiza o sofrimento do usuário e da família.
Percebe-se nas respostas o impacto da falta de estrutura adequada do ambiente,
profissionais treinados e recebimento de qualificações necessárias no serviço.
Bom 30%
Regular 50%
Péssimo20%
Excelente
Bom
Regular
Péssimo
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Quanto à saúde publica estar dando atenção à qualidade de vida profissional,
percebe-se que 10% dos respondentes classificaram como boa, 60% regular e 30%
péssimo, o que pode ser verificado no Gráfico 03.
Gráfico 03 - Saúde pública e qualidade de vida dos profissionais
Fonte: Elaborado pelas autoras, com base nos resultados da pesquisa, 2014.
Neste contexto, pode-se afirmar que a equipe demonstra que não conta com o apoio
da Prefeitura do município, e pode-se inferir que a sobrecarga da equipe é proveniente da
complexidade das tarefas, e dos problemas administrativos. Foi dado relevância para estas
três últimas questões, pois se percebe que as forma como os fatores foram avaliados pelos
respondentes tem relação direta com os objetivos da pesquisa.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa teve como objetivo geral analisar a qualidade de vida da equipe do Capsi
de um município do Oeste catarinense, haja vista a demanda dos usuários do serviço,
relacionando a capacidade individual e do grupo para planejar projetos que tragam
benefícios para o serviço. Neste sentido, percebe-se que a equipe procura meios na saúde
publica para aperfeiçoamento da equipe como um todo e com vistas no tratamento do
usuário.
Pode-se inferir que a demanda gerada pelos usuários influencia na qualidade de vida
no trabalho, constituindo-se como fator estressor, devido ao desgaste emocional e físico
dos profissionais, e pela forma como percebem a importância de trabalhar com reinserção
Bom 10%
Regular 60%
Péssimo 30%Excelente
Bom
Regular
Péssimo
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social, mas que não a percebem como eficaz no tratamento do usuário. Da mesma forma,
os respondentes também não parecem considerar o stress e as alterações de humor com
grande influência em sua qualidade de vida. Neste sentido, questiona-se a participação
individual dos profissionais do serviço em busca de projetos e estratégias com vistas ao
melhor desempenho.
Importante ressaltar que a pesquisa com servidores públicos com vistas à qualidade
de vida no trabalho não tem sido muito frequente, mas merece novos estudos, já que
alguns fatores entendidos como motivadores, podem estar sendo superestimados, quando
se pensa nos demais fatores relacionados ao trabalho e que demonstram influências na
qualidade de vida no trabalho dos servidores.
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Recebido em 13/06/2014
Aceito em 17/06/2014
109
ISSN 1980-0894 Resenha, Vol.9 Nº1, Ano 2014
O PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE INTERGERACIONAL COMO
PRESSUPOSTO PARA A ADOÇÃO DE UM PARADIGMA AMBIENTAL DE
SUSTENTABILIDADE
THE PRINCIPLE OF INTERGENERATIONAL EQUITY AS A
PRECONDITION FOR THE ADOPTION OF AN ENVIRONMENTAL
SUSTAINABILITY PARADIGM
Gabriela Soldano Garcez1
Resumo: Esta resenha analisa a importância da proteção e promoção do meio
ambiente ecologicamente equilibrado, com a responsabilidade das presentes gerações
quanto a vida digna das futuras gerações, a partir da analise do texto “Intergenerational
equity: a legal framework for global environmental change”, escrito pela professora Edith
Brown Weiss. É dever das atuais gerações a preservação dos níveis de qualidade
ambiental, para que as futuras gerações possam desfrutar de qualidade de vida. Por esta
razão, conclui-se que é responsabilidade das presentes gerações a proteção das futuras,
mantendo o ambiente saudável ou, ainda, restaurando-o no que tiver sido violado, para
que haja vida saudável e digna para aqueles que ainda virão.
Palavras-chave: Meio Ambiente, futuras gerações, princípio da solidariedade
intergeracional, direito fundamental.
1 Titulação: Advogada e Jornalista diplomada. Pós-graduada em Direito Processual Civil e Direito Processual do
Trabalho, pela Universidade Católica de Santos. Mestre em Direito Ambiental, pela Universidade Católica de Santos.
Doutoranda em Direito Ambiental Internacional, pela Universidade Católica de Santos. E-mail para contato:
[email protected]ço: Avenida dos Bancários, nº. 80, apartamento 81. CEP: 11030-300.
Bairro: Ponta da Praia. Cidade: Santos, no estado de São Paulo.
110
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Abstract: This review discusses the importance of protecting and promoting
ecologically balanced environment, with the responsibility of present generations as a
dignified life for future generations, from the analysis of the text "Intergenerational
equity: the legal framework for global environmental change", written by Edith Brown
Weiss. It is the duty of the present generation to preserve levels of environmental quality
for future generations to enjoy quality of life. For this reason, it is concluded that it is the
responsibility of present generations to protect the future, keeping the environment
healthy, or even restoring it on that has been violated, so there is healthy and dignified
life for those yet to come.
Keywords: Environment, future generations, principle of intergenerational solidarity, a
fundamental right.
O princípio da solidariedade intergeracional como pressuposto para a adoção
de um paradigma ambiental de sustentabilidade
Em “Intergenerational equity: a legal framework for global environmental
change”, texto escrito pela professora Edith Brown Weiss (nome referência nas áreas de
relações internacionais e Direito Ambiental Internacional; professora da Universidade de
Georgetown – Washington/ EUA, desde 1978), publicado em 1992 como um dos
capítulos do livro intitulado “Environmental change and internacional law: New
challenges and dimensions”, coordenado pela própria Edith, a professora explora a ideia
de que o desenvolvimento econômico provoca mudanças ambientais globais de longo
prazo, que levantam questionamentos que se estendem por mais de uma geração, bem
como que os atuais instrumentos econômicos tentam satisfazer as necessidades da geração
presente de forma eficiente, mas são insuficientes para lidar com as questões de igualdade
com as gerações futuras. É um texto que aborda, portanto, a teoria da equidade
intergeracional no contexto das mudanças ambientais globais.
Um número crescente de acordos internacionais, declarações, cartas, e resoluções
da Assembleia Geral das Nações Unidas refletem essa preocupação para o bem-estar das
gerações futuras e, estabelecem princípios ou obrigações destinadas a proteger e melhorar
o bem-estar das presentes e futuras gerações.
111
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A preocupação com a justiça para com as gerações futuras em relação ao meio
ambiente surgiu nas reuniões preparatórias para a Conferência de Estocolmo sobre o Meio
Ambiente Humano, em 1972, e foi incorporado ao texto final produzido. O primeiro
princípio da Declaração estabelece que " ... o homem tem uma responsabilidade solene
de proteger e melhorar o ambiente para as gerações presentes e futuras.
Existem várias abordagens para a definição de igualdade intergeracional no
contexto da relação entre as gerações para o planeta Terra.
O primeiro é o modelo preservacionista, em que a geração atual não pode destruir,
esgotar ou significativamente alterar os recursos existentes, mas sim, economizá-los para
as gerações futuras e preservar o mesmo nível de qualidade em todos os aspectos do
ambiente. O outro extremo pode ser denominado o modelo de opulência, em que a
geração atual consome tudo o que quer hoje e gera tanta riqueza quanto pode, ou porque
não há certeza de que existirão gerações futuras, ou porque maximizar o consumo de hoje
é a melhor maneira de maximizar a riqueza para as gerações futuras. Uma variante do
modelo de opulência é o modelo de tecnologia, em que não há preocupação com o meio
ambiente para as gerações futuras, porque, teoricamente, a inovação tecnológica nos
permitirá introduzir recursos substitutos infinitos. Finalmente, há o modelo de economia
ambiental, que defende que devemos fazer a contabilidade dos recursos naturais
adequadamente para cumprir as obrigações para com as gerações futuras.
Por outro lado, a teoria da igualdade intergeracional proposta pela professora Edith
parte do pressuposto de que, a sustentabilidade só é possível se olharmos para a Terra e
seus recursos como uma relação de confiança, que nos transmite tanto direitos quanto
responsabilidades. As gerações futuras têm direitos, embora esses direitos só tenham
significado se os vivos respeitá-los e, se este respeito transcender as diferenças entre os
países, religiões e culturas.
Todas as gerações são inerentemente ligadas a outras gerações (para o passado e
para o futuro), no uso do patrimônio comum da Terra. A teoria da equidade
intergeracional estipula que todas as gerações têm um lugar igual em relação ao sistema
natural. Não há nenhuma base para preferir a geração presente sobre as gerações futuras
na sua utilização do planeta.
A parceria entre as gerações é, portanto, o corolário da igualdade. Isso exige que
cada geração passe o planeta sem qualquer condição pior do que o recebeu e forneça o
112
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acesso equitativo aos recursos e benefícios para as futuras gerações.
Cada geração é tanto um administrador para o planeta com as obrigações de cuidar
dele e um beneficiário com direito de usá-lo.
Esta teoria da equidade intergeracional tem uma base profunda no direito
internacional. A Carta das Nações Unidas, o Preâmbulo da Declaração Universal dos
Direitos Humanos, o Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos, a Convenção
sobre a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio, a Declaração Americana dos
Direitos e Deveres do Homem, a Declaração sobre a Eliminação da Discriminação contra
a Mulher, a Declaração sobre os Direitos da Criança, e muitos outros documentos de
direitos humanos, revelam uma crença fundamental na dignidade de todos os membros
da sociedade humana e em uma igualdade de direitos, que se estende no tempo e no
espaço.
Para a professora Edith, três princípios formam a base da equidade
intergeracional. Em primeiro lugar, cada geração deve ser obrigada a conservar a
diversidade da base de recursos naturais e culturais, de modo a não restringir
indevidamente as opções disponíveis para as gerações futuras. Trata-se da "conservação
de opções". Em segundo lugar, cada geração deve ser obrigada a manter a qualidade do
planeta para que este não seja repassado em condições piores do que aquela em que foi
recebida. Este é o princípio da "conservação da qualidade”. Em terceiro lugar, cada
geração deve fornecer aos seus membros direitos equitativos de acesso ao legado das
gerações passadas e, deve conservar esse acesso para as gerações futuras. É o princípio
da "conservação de acesso".
Os princípios propostos reconhecem o direito de cada geração a usar os recursos da
Terra em seu próprio benefício, mas restringem as ações da atual geração ao fazê-lo.
Os princípios de opções (também chamado de diversidade), qualidade e acesso
formam a base de um conjunto de obrigações e direitos intergeracionais, ou os direitos e
obrigações planetárias, que são mantidos por cada geração.
Na dimensão intergeracional, as gerações para as quais as obrigações são devidas
são as gerações futuras, enquanto as gerações com que os direitos estão ligados são as
gerações passadas. Assim, os direitos das gerações futuras estão ligados às obrigações da
geração presente. Já no contexto intrageracional, obrigações e direitos planetários existem
113
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entre os membros da geração atual. Assim, as obrigações intergeracionais para conservar
o planeta fluem da geração atual para as gerações futuras e entre os próprios membros da
geração atual, que têm o direito de usar e desfrutar do legado planetário.
Se as obrigações da geração presente não estão relacionadas com os direitos, a atual
geração tem um forte incentivo para polarizar a definição dessas obrigações em favor de
si mesmo em detrimento das gerações futuras. Direitos intergeracionais têm maior força
moral do que obrigações. Assim, cada geração tem a responsabilidade de definir critérios
para ações que violem esses direitos.
Estes direitos intergeracionais podem ser considerados como direitos de grupo, ou
seja, distintos dos direitos individuais, no sentido de que as gerações possuem esses
direitos como os grupos em relação a outras gerações - passado, presente e futuro. Eles
existem independentemente do número e identidade dos indivíduos que formam cada
geração.
A evolução do direito internacional fora do domínio do ambiente faz a aceitação
dos direitos intergeracionais uma evolução natural e desejável. Na verdade, o direito
internacional dos direitos humanos (para citar dois exemplos: a convenção de genocídio,
bem como a proibição contra a discriminação racial) são dirigidas tanto para a proteção
do futuro como para a proteção das gerações.
Estratégias para a implementação desta igualdade entre gerações devem ser
estabelecidas.
Primeiramente, as gerações futuras não são efetivamente representadas nos
processos de tomada de decisão hoje, embora as decisões que tomamos vão determinar o
seu bem-estar inicial. Uma abordagem para esta questão é a designação de um
ombudsman para as gerações futuras. A Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento recomendou que os países considerem a adoção de um ombudsman
nacional.
Por outro lado, para a professora Edith, com a finalidade de incentivar a cooperação
entre os países e entre as comunidades para cumprir as obrigações para com as gerações
futuras, é útil elaborar e codificar as normas relevantes da equidade intergeracional. A
codificação reduz as ambiguidades sobre o comportamento esperado e distingue o
comportamento cooperativo do comportamento não cooperativo.
114
ISSN 1980-0894 Resenha, Vol.9 Nº1, Ano 2014
Regimes internacionais para gerenciar ou para coordenar as medidas de gestão de
determinados recursos naturais são importantes. Eles facilitam o desenvolvimento e o
intercâmbio de informações, tornando mais difíceis defeitos, e podem contribuir para o
desenvolvimento de novas normas. É importante que os estados relevantes participem do
regime, a fim de evitar “paraísos da poluição” ou “caronas na comunidade
internacional”. Isto exige que os Estados ofereçam incentivos e desincentivos para
encorajar a participação.
Para implementar a equidade entre gerações, é necessário, ainda, uma nova
ética. Isso exige elevar a consciência pública e educar as pessoas sobre o desenvolvimento
ambientalmente sustentável. A revolução da informação ajudará a fornecer as
informações necessárias para fazer isso, bem como na mobilização da participação
pública no desenvolvimento e implementação de medidas para o alcance da equidade
intergeracional.
Dessa forma, analisando o progresso da comunidade internacional para enfrentar as
preocupações ambientais intergeracionais nas duas últimas décadas, pode-se concluir que
este é altamente insuficiente. Mas, se compararmos onde estamos hoje com 1972 (data da
Declaração de Estocolmo, que iniciou tal preocupação), é impressionante a aprendizagem
rápida dos países para abordar tais questões.
Recebido em 16/03/2014
Aceito em 02/04/2014
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ISSN 1980-0894 Tradução, Vol.9 Nº1, Ano 2014
CONTRIBUIÇÃO DAS EXPOSIÇÕES DE ÓXIDO DE NITROGÊNIO E
DIÓXIDO DE ENXOFRE, EMITIDAS DE USINAS DE ENERGIA, NA
PREVALÊNCIA DE DOENÇAS E SINTOMAS RESPIRATÓRIOS1
Eric D. Amster2
Maayan Haim3
Jonathan Dubnov4
David M. Broday5
R E S U M O
Este estudo investiga a associação entre a exposição ambiental de NOx e SO2,
proveniente de emissões de usinas de energia, com a prevalência da doença pulmonar
obstrutiva e sintomas relacionados. A usina a carvão Orot Rabin é a maior instalação de
geração de energia na região do Mediterrâneo Oriental. Dois novos métodos que avaliam
exposições às emissões específicas de usinas de energia foram estimados para 2244
participantes que completaram a European Community Respiratory Health Survey
(Pesquisa sobre a Saúde respiratória da Comunidade Europeia). A "abordagem na fonte"
modelou emissões rastreadas até a usina, enquanto a "abordagem de evento" identificou
exposições de pico de eventos da usina. Os sintomas respiratórios, mas não a prevalência
de asma e DPOC, foram associados às estimativas de emissões de NOx da usina. A
"abordagem na fonte" rendeu uma melhor estimativa da exposição às emissões de usinas
de energia e revelou uma relação dose-resposta mais consistente com os resultados. O
cálculo da parcela de poluição ambiental atribuída às emissões de usinas de energia pode
ser útil para fins de gestão da qualidade do ar e para programas de redução de metas.
Palavras chave: Poluição de ar, saúde respiratória, avaliação de exposição
1 Versão traduzida do artigo “Contribution of nitrogen oxide and sulfur dioxide exposure from power plant emissions
on respiratory symptom and disease Prevalence”, ELSEVIER, Environmental Pollution 186 (2014) 20 a 28. 2University of Haifa, School of Public Health, Department of Occupational and Environmental Health, Haifa, Israel;
Institute for Occupational and Environmental Medicine, Rambam Medical Center, Ministry of Health, Haifa, Israel;
Harvard School of Public Health, Department of Environmental Health, Boston, USA; Autor correspondente.
email: [email protected] (E.D. Amster). 3 Faculty of Civil and Environmental Engineering, Technion-Israel Institute of Technology, Haifa, Israel; Coalition
for Public Health, Haifa, Israel 4 University of Haifa, School of Public Health, Department of Occupational and Environmental Health, Haifa, Israel;
Haifa District Office, Ministry of Health, Haifa, Israel 5Faculty of Civil and Environmental Engineering, Technion-Israel Institute of Technology, Haifa, Israel
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ISSN 1980-0894 Tradução, Vol.9 Nº1, Ano 2014
1. Introdução
Os óxidos de nitrogênio (NOx) e dióxidos de enxofre (SO2) são poluentes gasosos
que revelaram causar um aumento da incidência de exacerbação da asma e dos sintomas
respiratórios. Especificamente, a exposição a NOx tem sido associada ao aumento de
hospitalizações relacionadas a problemas respiratórios (Barnett et al., 2005; Iskandar et
al., 2012; Tramuto et al., 2011), aumento de susceptibilidade à infecção respiratória
(Brauer et al., 2002;. Chen et al., 2007), aumento da frequência de sintomas respiratórios
(Van Strien et al., 2004; Zhao et al., 2008) e aumento da mortalidade (Heinrich et al.,
2013; Moolgavkar et al., 2013). Igualmente, a exposição a SO2 tem sido associada ao
aumento da mortalidade em geral e a problemas respiratórios (Chen et al., 2012), aumento
do risco de diagnóstico de asma (Clark et al., 2010), exacerbação de doença respiratória
pré-existente (Chen et al., 2007) e aumento da prevalência de sintomas respiratórios, tal
como chiado no peito e falta de ar (Zhao et al., 2008).
Estudos anteriores sobre os efeitos para a saúde na população israelense, associados
às emissões de NOx e SO2, forneceram resultados conflitantes. Embora tenha sido
relatado o aumento da frequência de atendimentos ambulatórios e de emergência (Garty
et al., 1998), Goren et al. (1995), Goren e Hellmann (1997), não foi encontrada uma
associação entre as visitas clínicas ou a prevalência de asma com a maior exposição ao
NOx e SO2. Mais recentemente, uma associação entre asma infantil foi reportada em
relação à exposição a Material Particulado PM10, mas não a SO2 (Portnov et al., 2011).
Enquanto as usinas são uma fonte significativa de poluição do ar (Hao et al., 2007),
contribuindo com mais de 70% do total de emissões de SO2 nos Estados Unidos (EUA
EPA, 2013a), há poucos estudos sobre a avaliação da contribuição fracional específica de
emissões de usinas para a saúde respiratória em comunidades vizinhas, e os resultados de
estudos anteriores não são conclusivos (Cohen et al, 1972;. Carbonell et al, 2007).
Moradores de aldeias dentro de 5 quilômetros de uma usina de energia a base de carvão,
na Turquia, tiveram um aumento estatisticamente significativo da frequência de sintomas
respiratórios e uma redução de parâmetros de espirometria quando comparados a
moradores que residem a mais de 30 km da fonte de emissão (Karavus et al., 2002). Levy
e Spengler (2002) estimaram que o uso da Best Available Control Technology (BACT)
para reduzir emissões de NOx e SO2 em duas usinas de Massachusetts resultaria em uma
redução de 70 mortes por ano.
117
ISSN 1980-0894 Tradução, Vol.9 Nº1, Ano 2014
Em parte, os resultados inconclusivos dos estudos anteriores são devidos às
diferentes métricas de exposição utilizadas e à dificuldade em diferenciar as exposições
às emissões de usinas de energia das exposições aos mesmos poluentes originários de
outras fontes urbanas e móveis.
A usina a base de carvão Orot Rabin é a maior instalação de geração de energia na
região do Mediterrâneo Oriental, com uma capacidade instalada de 2.580 MW. Mais de
363 mil pessoas vivem em um raio de 20 km das duas pilhas de usina de 250m e 300m.
Goren et al. (1991) acompanhou as alterações na prevalência de sintomas respiratórios e
asma em crianças da escola primária que viviam na vizinhança da usina Orot Rabin.
Enquanto eles relataram o aumento da prevalência de sintomas respiratórios em crianças
que residiam em áreas de alta poluição nos anos após o início da operação da usina, há
uma preocupação significativa de uma classificação errônea da exposição neste estudo.
O aumento da prevalência de asma e função pulmonar reduzida também foi observado
em crianças que residem próximo à usina Orot Rabin (Goren e Hellmann, 1997), no
entanto, a exposição individual e a proximidade com a usina não foram incluídos na
avaliação da exposição. Com base em uma estimativa de exposição seguindo o método
"evento" (ver Métodos), uma associação com a função pulmonar reduzida tem sido
relatada em crianças em idade escolar que vivem nas proximidades da usina (Dubnov et
al., 2007).
No presente estudo, comparamos diferentes métricas de exposição a óxidos de
nitrogênio e dióxidos de enxofre, emitidos de uma grande usina a base de carvão, e
avaliamos sua relação com a prevalência de diagnósticos e sintomas respiratórios em
adultos. Nosso principal objetivo é avaliar a associação de potência total e específica de
exposições ambientais de NOx e SO2, provenientes de usinas, com os resultados da saúde
respiratória entre a população residente em sentido de direção do vento passando por uma
grande usina a base de carvão.
2. Materiais e Métodos
2.1. Área de estudo
O estudo foi realizado em Hadera, um subdistrito de Israel localizado na costa do
Mediterrâneo a aproximadamente 50 km ao norte de Tel Aviv e 50 km ao sul de Haifa,
primeira e terceira maiores cidades de Israel, respectivamente (Fig. 1). O subdistrito de
118
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Hadera inclui 17 municípios dentro de uma distância de até 20 km da usina Orot Rabin.
O distrito é uma faixa litorânea de aproximadamente 45 km de extensão e 15 km de
largura, com uma população total de aproximadamente 363.000 (ICBS, 2008).
A usina Orot Rabin é a principal fonte de emissão de SO2 e NOx na região, com
seis unidades de produção de carvão, uma potência total de 2.580 MW, e um
Fig. 1. Mapa da área de estudo. A usina Orot Rabin é marcada pelo
círculo vermelho, os locais das estações de monitoramento são marcados
com quadrados verdes e locais sujeitos são marcados com pontos
marrons. As marcações das coordenadas estão em km na "nova grade
Israelense". (Para a interpretação das referências de cores nesta figura, o
leitor será redirecionado para a versão de web deste artigo.)
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ISSN 1980-0894 Tradução, Vol.9 Nº1, Ano 2014
consumo anual de carvão de 7 milhões de toneladas, com um teor de enxofre médio de
0,4-0,5% em base de carvão seco. Como resultado, a usina Orot Rabin emite uma média
anual de 1.846g/s de SO2 e 2,158g/s de NOx, uma média mais de 20 vezes superior à
segunda maior fonte industrial na área (SCATEP, 2007). Uma parcela significativa das
emissões da usina Orot Rabin está dentro da área de estudo. Isto é suportado por uma
clara tendência de diminuição das concentrações de SO2 em paralelo com a redução das
emissões de SO2 durante a fase de utilização de carvão com baixo teor de enxofre na
usina no período de estudo. Além disso, esses dados são suportados por todas as estações
de monitoramento no registro de medições de pico da área de estudo quando o vento sopra
em sua direção proveniente da usina de Orot Rabin (Material Suplementar, Figura 3).
As condições meteorológicas ao longo da costa israelense são caracterizadas por
verão quente e seco de junho a setembro, período em que o sistema sinótico dominante é
uma Calha Persa. Junto ao ciclo de brisa marítima e terrestre, o que resulta em um padrão
diário constante de vento fraco do sudeste durante a noite, mudando gradualmente durante
o dia para um forte vento do oeste (Material Suplementar, Figuras 4 e 5).
Consequentemente, ventos do oeste vindo da usina para a área de estudo são
extremamente comuns. Para um vento lento típico de 3 m/s, o tempo de transporte da
usina Orot Rabin até as estações de monitoramento varia entre 20 e 120 min. De acordo
com Hewitt (2001), em condições de dia ensolarado, a taxa de oxidação do SO2 e NOx é
de até 3%h-¹ e 30%h-¹, respectivamente.
2.2. População do estudo
Uma tradução validada em hebraico e russo do European Community Res-piratory
Health Survey II foi passado a 4.900 participantes adultos que residem na área de estudo
(ECRHS II, 2002; Janson et al, 2001.). O Community Respiratory Health Survey foi um
estudo multicêntrico internacional sobre as doenças respiratórias realizado entre adultos
europeus da população em geral e incluiu exames de saúde e um questionário respiratório,
que foi validado (Pearce et al., 2000) e utilizado em todo o mundo (Manfreda et al., 2004;
Abramson et al., 2002). Os critérios de elegibilidade incluíram a residência na área de
estudo por cinco ou mais anos e a idade dos participantes entre 18 e 75 anos. Os
participantes foram selecionados pelo método de seleção aleatória do National Population
Registry (Cadastro Nacional de População), um registro de todos os residentes
120
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permanentes em Israel, que inclui endereços residenciais e características de-
demográficas, e entrevistados por telefone. A população do estudo foi selecionada de
forma aleatória representativa da população geral residente na área de estudo. Sexo, idade,
nível de educação, idioma falado e nível socioeconômico da população do estudo foram
semelhantes aos relatados no National Population Registry (Cadastro Nacional da
População).
As entrevistas foram realizadas de 1 de junho de 2003 até 1 de agosto de 2004. A
Taxa de participação foi de 69%, com 3391 das pessoas contatadas concordando em
participar da pesquisa. 2513 das 3.391 entrevistas realizadas estavam em conformidade
com ambos os critérios de inclusão listados acima. Endereços precisos estavam
disponíveis para 2244 dos 2513 participantes (89,3%). Os resultados preliminares
incluíram diagnóstico médico de asma e Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC)
e relato subjetivo de sintoma de tosse crônica, catarro crônico, dispneia noturna e falta de
ar. Informações sobre uma série de potenciais variáveis de confusão (discutidas abaixo)
foram obtidas do questionário European Community Respiratory Health Survey II. A
Aprovação Ética de todos os protocolos e instrumentos de estudo foi concedida pelo
Ministry of Health Institutional Review Board (Conselho de revisão Institucional do
Ministério de Saúde). Todos os participantes forneceram consentimento informado antes
de serem incluídos no estudo.
2.3. Avaliação de exposição
O banco de dados de monitoramento da poluição de ar utilizado neste trabalho foi
obtido da Sharon-Carmel Association of Towns for Environmental Protection, que opera
20 estações de monitoramento que medem NOx, SO2 e diversos parâmetros
meteorológicos em intervalos de 5 min. As estações de monitoramento estão equipadas
com os seguintes dispositivos EPA aprovados: Teledyne-API 100E, 200A, 200E e
ThermoElectron 42C, 43C, 43A (EPA, 2013b). As estações são mantidas e calibradas de
acordo com o manual do fabricante, incluindo uma calibração automática a cada 24 horas
e uma calibração manual por um técnico a cada seis meses. A velocidade, direção e
umidade do vento foram registradas em cada estação, em intervalos de 30 minutos.
Concentrações de poluentes nas estações de monitoramento do ar foram interpoladas
espacialmente por meio da técnica comum de Kriging (Isaaks e Srivastava, 1989) sobre
121
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a área completa do estudo. A técnica de Kriging foi realizada sobre os valores médios de
cada meia hora (ou seja, as médias de seis leituras consecutivas de 5 min) por estação de
monitoramento durante o período de estudo de oito anos, que coincidem e antecedem a
coleta de dados sobre resultados de saúde. O mapeamento foi realizado no ArcGIS v.9,
com as coordenadas xy dos endereços residenciais dos participantes do estudo
posicionados no mapa e sobrepostos aos mapas de SO2 e NOx. Consequentemente, as
estimativas individuais de exposição foram atribuídas aos participantes com base em seu
endereço residencial. Dois métodos diferentes foram utilizados para estimar a exposição
no local de residência para as concentrações ambientais de NOx e SO2 atribuídas às
emissões de usinas de energia.
2.3.1. Abordagem na fonte
Diversas medidas de garantia de qualidade foram adotadas antes da análise, com
uma lista de estatísticas descritivas e uma fração de dados ausentes ou negativos
calculados para cada poluente em cada estação. Todas as conclusões suspeitas (por
exemplo, valores repetitivos, alta fração de valores negativos, etc...) foram discutidas com
o pessoal da rede de monitoramento e pontos de dados não confiáveis foram eliminados
do banco de dados.
A variação espacial de óxidos de azoto no ambiente, podendo ser atribuída à usina
Orot Rabin, foi calculada com base em supostas constantes de tempo de remoção de SO2
e de NOx da atmosfera suficientemente altas em comparação ao tempo característico de
seu transporte da usina até as estações de monitoramento, de modo que possam ser
consideradas suas reações atmosféricas depois da emissão e as medidas nas estações de
monitoramento. A dispersão de SO2 e de NOx é tomada como idêntica e, portanto,
pressupõe-se que a proporção molar de enxofre de azoto da coluna de gás que adentra a
estação de monitoramento é a mesma que na chaminé.
coluna
de gás chaminé
Onde,
chaminé
coluna
de gás
coluna
de gás
122
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Foram consideradas apenas concentrações observadas nas estações de
monitoramento pertinentes quando o vento soprava na direção da usina para a estação.
As estações de monitoramento na área de estudo estão posicionadas de modo que a
direção para a usina e as direções para outras fontes locais (estradas principais ou fontes
industriais) em sua maioria não se sobreponham. Desde as emissões de qualquer fonte de
mais de duas ordens de magnitude inferior a da usina, mesmo nos poucos casos em que
possa ocorrer sobreposição de gases da usina e de outras fontes locais, pode-se supor que,
nas condições acima (ou seja, quando o vento da direção de Orot Rabin carrega poluentes
ambientais até o monitoramento), todo o SO2 registrado na estação de monitoramento é
devido às emissões da usina. Assim,
Esta hipótese é apoiada pelas elevadas concentrações de SO2 observadas quando o
vento sopra da direção da usina para as estações de monitoramento, bem como por uma
clara tendência de redução das concentrações de SO2 em paralelo à redução das emissões
de SO2 pela usina, devido à introdução progressiva do carvão com baixo teor de enxofre.
Uma análise foi realizada para cada estação de monitorização individual enquanto
posicionada em diferentes configurações azimutais em relação à usina Orot Rabin. A
parcela de NOx proveniente da usina de energia no total de óxidos de nitrogênio medidos
em qualquer estação de monitorização para cada ponto de dados a cada meia hora, em
conformidade com as premissas acima, é
Para avaliar a exposição das comunidades locais a óxidos de nitrogênio emitidos
pela usina, a contribuição relativa da usina para o nível ambiental de NOx foi multiplicada
pela concentração média de NOx medida na estação de monitoramento durante os pontos
de dados utilizados de meia-hora. Igualmente, a contribuição da usina não energética
coluna
de gás
monitoramento
chaminé
parcela
coluna de gás
monitoramento
123
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relativa também foi multiplicada pela concentração média de NOx. Estes valores foram
calculados a cada meia hora sobre o período de estudo de 8 anos e depois interpolados
por toda a área de estudo.
2.3.2. Abordagem de evento
A “abordagem de evento” descrita por Dubnov et al. (2007) e Yogev-Baggio et al.
(2010) tenta definir os “eventos” de qualidade do ar provenientes da usina e estimar a
exposição apenas durante esses eventos. Uma “abordagem de eventos” foi definida como
concentrações de meia hora de NOx e SO2 que excederam simultaneamente os níveis
predefinidos de 0.125 ppm para NOx e 0,07 ppm para SO2. Esses níveis foram
determinados, com base em um estudo de estatística descritiva anterior dos dados
regionais de monitorização sobre a poluição do ar, de modo que é previsto que as
concentrações acima destes níveis sejam atribuídas às emissões de usinas de energia.
Estes “eventos” de poluição de ar foram sugeridos para distinguir a poluição de ar de
“chaminés”, gerada pela usina de energia, da poluição de ar na região que poderia ser
atribuída a outras fontes, tais como veículos a motor (SCATEP, 2007). Foi relatada uma
associação com os níveis de poluentes medidos durante esses acontecimentos em estudos
anteriores que utilizam esta “abordagem de evento” de função pulmonar reduzida em
crianças (Dubnov et al. 2,007). Os estudos foram, no entanto, criticados como
classificando erroneamente a exposição.
A exposição métrica durante o chamado "evento de poluição atmosférica" foi
definida como duas vezes a soma do produto das concentrações médias co-observadas de
NOx e de SO2 durante a duração de eventos em todo o período de estudo.
2.4. Análise estatística
Foi realizada uma análise descritiva das variáveis demográficas coletadas no
questionário do estudo. Estas incluíram a idade, sexo, histórico de fumante (nunca,
passivo, anteriormente fumante, atualmente fumante), estado civil (solteiro, casado,
divorciado, viúvo), nível de ensino (ensino fundamental, ensino médio, ensino superior)
e país de origem. Estas co-variáveis foram comparadas entre os participantes com e sem
os seguintes resultados de saúde respiratória: diagnóstico médico de DPOC; diagnóstico
médico de asma; falta de ar, tosse crônica, catarro crônico e dispneia noturna. A estatística
124
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descritiva foi utilizada para caracterizar diversas co-exposições potencialmente confusas,
incluindo a presença de auto-relato de mofo residencial, presença de animais domésticos,
densidade habitacional (número médio de moradores por quarto) e histórico relatado de
exposição ocupacional a tabaco, poeira, vapores ou fumaças. A proximidade da residência
do participante para o tráfego de veículos foi avaliada através da atribuição de uma
variável dicotômica de distância de aproximadamente 50 m do eixo longitudinal do maior
coletor próximo ou estradas com, pelo menos, duas faixas de tráfego em cada sentido.
Foi calculada a faixa média, mediana e interquartil de ambiente total (fonte de usina
de energia e usina não energética) de exposição e as duas estimativas de exposição
específicas das usinas, tanto para NOx e SO2. Os dados de qualidade do ar em que as
métricas de exposição incorporadas neste estudo foram desenvolvidas incluem todas as
concentrações de meia-hora de NOx e SO2 em média no período de 01 de janeiro de 2000
a 31 de dezembro de 2007. A residência do participante estava conectada aos mapas de
poluentes (ver Seção 2.3). Os coeficientes de correlação de Pearson foram calculados para
comparar as métricas estimadas de exposição. As associações entre os níveis crescentes
de exposições da usina e resultados respiratórios foram avaliadas por meio de regressão
logística multivariada para cada exposição métrica e resultados de saúde. As duas
métricas de exposição específica de usinas de energia e as estimativas totais de exposição
(fontes de usina de energia e de usinas não energéticas) foram incorporadas no modelo
estatístico como uma variável contínua. A linearidade foi avaliada através da inclusão de
um termo polinomial de ordem superior de cada exposição métrica para o modelo. Não
havia nenhuma indicação de efeito não-linear, conforme determinado pela falta de
significado dos termos do polinômio.
Três modelos de regressão logística foram avaliados para cada métrica de exposição
e resultado de saúde. O primeiro modelo foi ajustado apenas para idade e sexo. O segundo
modelo adicionou termos para co-variáveis potencialmente confusas, incluindo histórico
de fumante, status socioeconômico (nível de formação mais alto), proximidade de
estradas e densidade habitacional. Co-variáveis associadas aos resultados de interesse
(idade, densidade habitacional, proximidade de estrada e status socioeconômico), bem
como fatores de risco tradicionalmente aceitos (tabagismo) foram tratados como
potenciais causadores de confusões. Co-variáveis não associadas de forma independente
com a exposição às emissões de usinas de energia e ao risco de resultados de saúde
respiratória (presença de mofo, animais domésticos, país de origem e histórico de
125
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exposição residencial) não foram incluídos na análise como potenciais fatores de
confusão. O terceiro modelo incluiu uma análise multi-poluente em que estimou a
exposição ao SO2 que foi incorporada como um termo na análise da exposição NOx, e
vice-a-versa.
3. Resultados
3.1. Pesquisa respiratória
A Demografia populacional, distribuição de potenciais variáveis de confusão, a
prevalência de sintomas respiratórios e o diagnóstico médico de asma e DPOC (Tabela
1) são apresentados para os 2.244 participantes entrevistados na população do estudo. A
população do estudo foi de 52% do sexo feminino, sendo quase a metade entre 18-40 anos
de idade, com idade média de 38, e 57% possuem nível superior. A Demografia
populacional do estudo é estatisticamente semelhante à da população-base a partir da qual
os participantes foram selecionados. Aproximadamente, 50% da população participante
nunca fumou, enquanto 28% declararam ser atualmente fumantes. A exposição
residencial a "poeira, gases, fumaça ou vapores" foi relatada por 29% dos participantes.
Um terço da população relatou pelo menos um sintoma respiratório, enquanto 7% e 2%
tiveram diagnóstico médico de asma e DPOC, respectivamente. Não houve uma diferença
estatisticamente significativa na prevalência de asma ou DPOC com base no sexo, idade
ou país de origem. O aumento da escolaridade foi significativamente associado a um
aumento de 2,4 vezes (IC 95%: 1,36-4,22) em pacientes com DPOC, e com um aumento
mínimo, não significativo estatisticamente, da prevalência de asma. A prevalência de
sintomas respiratórios, incluindo tosse crônica, catarro crônico e falta de ar, entre os
atualmente fumantes, foi o dobro (95% CI: 1,55-2,38) do que em não-fumantes.
Tabela 1
Distribuição de co-variáveis demográficas, potenciais co-exposições e resultados de saúde
respiratória entre a população de estudo de 2.244 participantes que residem dentro de 30
quilômetros da Usina Orot Rabin, tendo completado o questionário European Community
Respiratory Health Survey II. As características demográficas são comparadas com as
pesquisas com população em geral a partir do National Population Registry (Cadastro
Nacional da População).
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Características n (%) População geral (%)
Sexo
Feminino 1162 (51.78) 52,2
Idade
18-40 990 (44.13) 46.4
41-60 933 (41.59) 39.9
61-75 320 (14.26) 13.7
Fumante
Nunca 1081 (48.17) 45.5
Passivo 206 (9.18) 12.4
Anteriormente 330 (14.71) 13.3
Atualmente 627 (27.94) 24.8
Formação
0-8 (Ensino fundamental) 40 (1.78) 0.7
9-12 (Ensino médio) 919 (40.95) 43.2
13+ (Ensino superior) 1280 (57.04) 56.1
Desconhecido 5 (0.22) -
Estado civil
Solteiro 435 (19.39) 18.4
Casado 1644 (73.26) 71.3
Divorciado 92 (4.10) 5.8
Viúvo 65 (2.90) 2.3
Desconhecido 8 (0.36) 2.2
Mofo residencial
Sim 463 (21%)
Animais domésticos
Sim 888 (40%)
Não 1356 (60%)
Densidade da habitação
<1 residente por quarto 1839 (82%)
Proximidade residencial com a estrada principal
<50 m 1372
(61.14)
Exposição residencial a poeira, tabaco, fumaça ou vapores
Sim
Diagnóstico médico
DPOC
651 (29%)
38 (1.6%)
Asma 154 (6.9%)
Pesquisa de sintoma positivo
Dispneia noturna 347 (14.5%)
Tosse crônica 586 (26.1%)
Catarro crônico 466 (20.8%)
Falta de ar 368 (16.4%)
Total 2244
127
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3.2. Métricas de exposição
A faixa média, mediana e interquartil do total da exposição e das duas métricas de
exposição específica da usina de energia para as emissões de NOx e SO 2 é apresentada
na Tabela 2. O coeficiente de variação da exposição estimada da usina de energia Orot
Rabin, utilizando a “abordagem de evento”, foi muito maior do que quando utilizada a
“abordagem na fonte”. Os histogramas representam a distribuição de métricas de
exposição (Fig. 2) e o deslocamento da curva de exposição para cada métrica estimada
em toda a população. A "abordagem na fonte", que estima a potência de exposição
específica de usinas, foi correlacionada com a "abordagem de evento" para SO2
(coeficiente de correlação de Pearson p = 0,66), mas não para NOx (p = -0,07) (Tabela
3). Houve uma forte associação entre as estimativas de exposição de NOx e SO2, tanto
para a abordagem "na fonte" (coeficiente de correlação de Pearson p = 0,62) quanto na
"abordagem de evento" (coeficiente de correlação de Pearson p = 0,97). A distribuição
espacial em toda a área do estudo de concentrações médias de SO2 e de NOx é retratada
ao longo do período de estudo (material suplementar, Figuras 1 e 2). A concentração anual
média de SO2 foi consideravelmente inferior ao o padrão nacional, com medições de pico
de 5 ppb. A tendência de redução das concentrações de SO2 foi observada durante o
período de estudo, coincidindo com uma redução gradual do teor de enxofre no carvão
utilizado na usina.
Tabela 2
Valores de desvio padrão, médias anuais, medianos e quartil (em ppb) para o ambiente
medido e exposições específicas estimadas de NOx e SO2 da usina. Os dados recolhidos
foram das 20 estações de monitoramento de ar localizadas em toda a área de estudo, no
subdistrito de Hadera, Israel. As estimativas de exposição específica da usina utilizando
a abordagem de "evento" e na "fonte" são apresentadas abaixo.
NOx SO2
Total Abordagem
na fonte da
usina
Abordagem
na fonte da
usina
Total Abordagem
na fonte da
usina
Abordagem
de evento
da usina
Mín. 13.00 4.02 0.31 1.31 2.16 0.46
25% 18.10 5.52 11.46 2.41 4.37 6.91
Mediano 19.44 5.96 18.53 2.54 6.28 14.73
75% 19.87 6.15 24.94 2.75 7.54 20.94
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Máx. 21.23 6.58 54.08 3.59 10.15 52.26
Média 18.95 5.84 19.63 2.52 6.22 16.55
Desvio padrão 1.22 0.45 12.12 0.32 2.03 12.10
O padrão espacial de SO2 permaneceu relativamente consistente ao longo do
período de estudo (coeficiente de correlação de Pearson r 1/4 0,82), enquanto o padrão
espacial de NOx apresentou maior variação (r 1/4 0,66).
De acordo com o método de abordagem "na fonte", a contribuição da usina Orot
Rabin do NOx total observado variou de 3% a 70% entre as estações de monitorização.
As duas estações mais próximas da estrada vizinha revelaram a menor contribuição de
NOx da usina, pois a maioria dos níveis observados foram atribuída a fontes móveis, não
à usina.
3.3. Modelos epidemiológicos
Modelos de regressão logística de poluentes únicos multivariados, controlados por
histórico de fumante (nunca, fumante passivo, anteriormente e atualmente), sexo, idade,
escolaridade (<9 anos, 9-12 anos,> 12 anos), proximidade de estradas e densidade
habitacional. Uma razão de chances e Intervalo de Confiança de 95% são relatados para
o modelo bruto, assim como modelos totalmente ajustados. A exposição estimada de NOx
não foi estatisticamente associada à prevalência médica de asma ou DPOC para qualquer
uma das métricas de exposição em qualquer um dos modelos. A presença de tosse crônica,
catarro crônico, dispneia noturna e falta de ar foram significativamente associados à
exposição de emissões de NOx da usina, estimadas pela abordagem na "fonte".
129
ISSN 1980-0894 Tradução, Vol.9 Nº1, Ano 2014
Fig. 2. Histogramas de métricas para distribuição entre a população
estimada total do estudo, "abordagem de evento" (PP event) da usina
específica e "abordagem na fonte" (PPsource) da usina para exposição em
ppb, tanto para NOx quanto para SO2.
130
ISSN 1980-0894 Tradução, Vol.9 Nº1, Ano 2014
Tabela 3
O coeficiente de correlação de Pearson rho entre a exposição ambiente total (fontes de
usina de energia e usina não energética) de NOx e SO2 e as abordagens de "evento" e na
"fonte" para estimar exposições específicas de NOx e SO2 da usina.
O NOx total do ambiente foi estatisticamente associado à tosse crônica e dispneia
noturna apenas. Associações com esses resultados foram mais fortes quando utilizado o
modelo "abordagem na fonte" de avaliação de exposição para as exposições de energia
específicas da usina. O método de "abordagem de evento" para estimar a exposição
específica da usina não foi estatisticamente associado a qualquer resultado de interesse
(Tabela 4).
Prevalência de asma e histórico de falta de ar, onde estatisticamente associadas com
o total de exposições (de usinas de energia e usinas não energéticas) ao SO2.
NOx SO2
“Evento”
de usina
Total “Fonte”
de Usina
“Evento”
de usina
Total “Fonte”
de Usina
NOx “Evento”
de usina
1,00 0,02 -0,07 0,97 0,79 0,64
Total 1,00 0,38 -0,04 0,30 0,04
“Fonte”
de Usina
1,00 -0,05 0,51 0,62
SO2 “Evento”
de usina
1,00 0,75 0,66
Total 1,00 0,85
“Fonte”
de Usina
1,00
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Tabela 4
Razão de chances e intervalo de confiança de 95% dos resultados respiratórios do
aumento ppb em exposição a NOx em ambiente total e específico da usina de energia
(utilizando tanto a abordagem de "evento" quanto na "fonte"). São apresentados o modelo
bruto, bem como os modelos totalmente ajustado de poluente único e multi-poluentes.
Resultado NOx
Ambiente total “Evento” da usina “Fonte” da usina
Asma
Modelo brutoa 1,10 (0.95, 1,27) 1,01 (0,99, 1,03) 1,14 (0,79, 1,65)
Ajustadob 1,11 (0.96, 1,28) 1,01 (0,99, 1,03) 1,21 (0,78, 1,62)
Multi-poluentec 1,08 (0.92, 1,25) 1,07 (0,99, 1,15) 0,87 (0,56, 1,36)
DPOC
Modelo Bruto 1.33 (0.95, 1,86) 1,01 (0,98, 1,04) 1,14 (0,55, 2,34)
Ajustado 1.30 (0.93, 1,83) 1,01 (098, 1,04) 1,17 (0,56, 2,44)
Multi-poluente 1.30 (0.93, 1,83) 0,99 (0,83, 1,18) 1,60 (0,57, 4,48)
Tosse crônica
Modelo bruto 1,15 (1,03, 1,21) 1,00 (0,99, 1,01) 1,40 (1,13, 1,74)
Ajustado 1,10 (1,01, 1,19) 1,00 (0,99, 1,01) 1,42 (1,14, 1,77)
Multi-poluente 1,10 (1,01, 1,19) 1,01 (0,97, 1,06) 1,58 (1,19, 2,11)
Catarro crônico
Modelo bruto 1,07 (0,98, 1,16) 1,00 (0,99, 1,01) 1,24 (0,99, 1,56)
Ajustado 1,04 (0,96, 1,14) 1,00 (0,99, 1,02) 1,24 (0,98, 1,57)
Multi-poluente 1,06 (0,96, 1,16) 1,00 (0,95, 1,05) 1,45 (1,06, 1,98)
Dispneia noturna
Modelo bruto 1,14 (1,03, 1,26) 1,00 (0,99, 1,01) 1,33 (1,03, 1,73)
Ajustado 1,12 (1,01, 1,24) 1,00 (0,99, 1,01) 1,35 (1,04, 1,76)
Multi-poluente 1,14 (1,03, 1,27) 1,00 (0,95, 1,06) 1,55 (1,16, 2,37)
Falta de ar
Modelo bruto 1,09 (0,99, 1,20) 0.99 (0.98, 1.00) 1.17 (0.91, 1.51)
Ajustado 1,06 (0,96, 1,17) 0.99 (0.98, 1.00) 1.24 (0.95, 1.61)
Multi-poluente 1,11 (1,01, 1,24) 0.97 (0.92, 1.03) 1.85 (1.29, 2.65)
132
ISSN 1980-0894 Tradução, Vol.9 Nº1, Ano 2014
a Modelo bruto: modelo univariado não ajustado.
b Modelo ajustado: modelo ajustado para idade, sexo, histórico de fumante (nunca,
passivo, anteriormente, atualmente), densidade habitacional, proximidade da estrada
principal e formação.
c Modelo Multi-poluente: modelo totalmente ajustado, incluindo concentração de
exposição estimada de SO2.
Ambas as abordagens para a estimativa de exposições específicas de SO2 da usina
não foram estatisticamente associadas aos resultados de interesse. A "abordagem na
fonte" rendeu um IC de 95% muito mais amplo do que a "abordagem de evento" (Tabela
5).
A regressão logística multivariada repetida em um modelo multi-poluente não
revelou alterações estatisticamente significativas na extensão do efeito calculado para a
associação de asma e DPOC na população estudada. Dois sintomas respiratórios, o de
expectoração crônica e falta de ar, foram associados positivamente ao NOx somente após
que a co-exposição a SO2 foi incorporada ao modelo. Em geral, os modelos multi-
poluentes resultaram em uma redução do efeito estimado em associações à exposição de
SO2, enquanto razões de chances da associação com métricas de exposição de NOx
aumentaram nos modelos multi-poluentes (Tabelas 4 e 5).
4. Discussão
Nosso principal objetivo foi avaliar a exposição de NOx e SO2 específicas de usinas
de energia com resultados de saúde respiratória entre a população residente na direção do
vento soprando de uma grande usina de energia movida a carvão.
Nossos resultados não apoiam fortemente uma associação entre as emissões das
usinas de energia a carvão e a prevalência da DPOC ou asma; entretanto, quase todos os
sintomas respiratórios leves estudados foram associadas a emissões de NOx da usina de
energia. O método de abordagem na "fonte" foi utilizado para estimar a exposição pessoal
a emissões das usinas de energia mais fortemente correlacionadas a sintomas
respiratórios. Talvez o mais interessante seja que a exposição de NOx específica da usina
revela uma forte associação com sintomas respiratórios maior que que as estimativas de
exposição de NOx do ambiente total. Considerando que a usina a carvão Orot Rabin emite
133
ISSN 1980-0894 Tradução, Vol.9 Nº1, Ano 2014
20 vezes mais NOx do que a segunda maior fonte industrial na área de estudo, é razoável
estimar que a exposição pessoal às emissões da usina é uma métrica importante para
avaliar a exposição e os potenciais resultados à saúde.
Apesar de nossos resultados significativos no que diz respeito a sintomas
respiratórios crônicos, não vimos qualquer associação estatisticamente significativa com
a prevalência de asma e DPOC. Há pelo menos três explicações possíveis para isso: uma
magnitude relativamente pequena da exposição, resultado errôneo de classificação e
avaliação incorreta da exposição, resultado em classificação errônea da exposição.
As concentrações de NOx e SO2 relatadas para a região de estudo foram menores
do que as estabelecidas nos padrões nacionais e diretrizes internacionais.
Especificamente, a concentração média anual de NOx e SO2 total para cada ano do
período de estudo (Materiais suplementares, Figuras 1 e 2) é notavelmente inferior à
média da diretriz de No2 anual da OMS, de 40 tg/m3, e inferior à media anual de So2,
estabelecida pelo Israeli National Air Quality Standard (Padrão de Qualidade de Ar
Nacional Israelense), de 60 tg/m3. Pesquisas anteriores com níveis semelhantes de
exposição da Austrália e Holanda também não conseguiram encontrar uma associação
significativa entre a exposição a longo prazo a NOx e SO2 e os resultados respiratórios
(Brunekreef et al., 2009; Henry et al., 1991). É possível que em regiões com maiores
níveis de NOx e SO2 possa haver uma associação mais forte entre as exposições
estimadas e a prevalência de doenças respiratórias.
Estávamos limitados à retrospectiva de sintoma e diagnóstico auto-relatado, o que
propiciava maiores chances de erros de classificação, quando comparado com as
avaliações mais objetivas, como os dados de espirometria, avaliação clínica e diagnóstico
médico real de prontuários médicos. Apesar das limitações das pesquisas de retrospectiva
de sintomas, foram adotadas medidas para minimizar erros de classificação dos resultados
respiratórios. O instrumento utilizado foi um estudo de tradução validado de um
questionário de saúde respiratória padronizado e amplamente utilizado. Além disso,
nossos resultados foram comparados aos anteriormente publicados nas pesquisas
respiratórias da população de Israel e eram comparáveis em termos de estatísticas
demográficas, taxas de fumantes e prevalência de doenças respiratórias (Goral et al.,
2011;. Baron-Epel et al., 2007).
134
ISSN 1980-0894 Tradução, Vol.9 Nº1, Ano 2014
Tabela 5
Razão de chances e intervalo de confiança de 95% dos resultados respiratórios do
aumento ppb em exposição a NOx em ambiente total e específico da usina de energia
(utilizando tanto a abordagem de "evento" quanto na "fonte"). São apresentados o modelo
bruto, bem como os modelos totalmente ajustado de poluente único e multi-poluentes.
Resultado OS2
Ambiente total “Evento” de usina “Fonte” de usina
Asma
Modelo Brutoa 1.90 (1.10, 3.27) 1.01 (0.99, 1.03) 1.08 (0.99, 1.17)
Ajustadob 1.89 (1.10, 3.25) 1.01 (0.99, 1.03) 1.08 (0.99, 1.17)
Multi-poluentec 1.85 (1.05, 3.27) 0.95 (0.89, 1.02) 1.10 (0.99, 1.21)
DPOC
Modelo bruto 1.17 (0.41, 3.04) 1.01 (0.98, 1.04) 0.95 (0.81, 1.11)
Ajustado 1.11 (0.39, 3.12) 1.00 (0.97, 1.04) 0.96 (0.82, 1.13)
Multi-poluente 0.92 (0.26, 3.20) 1.02 (0.85, 1.21) 0.90 (0.73, 1.12)
Tosse crônica
Modelo bruto 1.09 (0.81, 1.46) 1.00 (0.99, 1.01) 1.02 (0.97, 1.07)
Ajustado 1.09 (0.81, 1.47) 1.00 (0.99, 1.01) 1.03 (0.98, 1.08)
Multi-poluente 0.99 (0.72, 1.37) 0.99 (0.95, 1.03) 0.96 (0.91, 1.03)
Catarro crônico
Modelo bruto 0.92 (0.68, 1.26) 1.00 (0.99, 1.01) 0.99 (0.94, 1.04)
Ajustado 0.92 (0.66, 1.26) 1.00 (0.99, 1.01) 0.99 (0.95, 1.05)
Multi-poluente 0.85 (0.60, 1.21) 1.01 (0.96, 1.06) 0.95 (0.89, 1.01)
Dispneia noturna
Modelo bruto 0.94 (0.67, 1.34) 1.00 (0.99, 1.01) 1.00 (0.94, 1.05)
Ajustado 0.95 (0.67, 1.35) 1.00 (0.99, 1.01) 1.00 (0.95, 1.06)
Multi-poluente 0.81 (0.55, 1.21) 0.99 (0.94, 1.05) 0.93 (0.86, 1.01)
Falta de ar
Modelo bruto 1.68 (1.49, 1.94) 0.99 (0.98, 1.00) 0.94 (0.89, 1.00)
Ajustado 1.90 (1.10, 3.27) 1.01 (0.99, 1.03) 1.08 (0.99, 1.17)
Multi-poluente 1.89 (1.10, 3.25) 1.01 (0.99, 1.03) 1.08 (0.99, 1.17)
a Modelo bruto: modelo univariado não ajustado.
b Modelo ajustado: modelo ajustado para idade, sexo, histórico de fumante (nunca,
passivo, anteriormente, atualmente), densidade habitacional, proximidade da estrada
principal e formação.
c Modelo Multi-poluente: modelo totalmente ajustado, incluindo concentração de
exposição estimada de SO2.
135
ISSN 1980-0894 Tradução, Vol.9 Nº1, Ano 2014
Isto sugere que a nossa avaliação primária dos resultados de saúde minimize ao
máximo a classificação errônea. Uma classificação errônea diferencial, como de viés de
memória, é improvável já que os participantes estavam inconscientes sobre o estado de
exposição. Enquanto fizemos todos os esforços para controlar potenciais co-variáveis de
confusão com os dados disponíveis, houve, sem dúvidas, confusões residuais que não
foram controladas. Um exemplo notável é o mínimo de controle para as variáveis
socioeconômicas. Infelizmente, como os dados de renda e riqueza eram incompletos, a
formação e a densidade habitacional foram utilizadas como “proxy”. Os modelos
estatísticos foram idênticos para os diversos resultados, pois não há base para co-variáveis
que impactam a relação exposição-doença de forma diferente para os diferentes
resultados.
Uma possível causa de Classificação Errônea da exposição ao utilizar o endereço
residencial pessoal é a probabilidade de que alguns participantes mudem de residência
durante o período de estudo. Um dos critérios de seleção foi morar, pelo menos, cinco
anos no endereço residencial atual. Aproximadamente, 76% dos participantes não
mudaram de residência nos 10 anos anteriores à realização da pesquisa respiratória. Isto
sugere que o efeito da deslocalização de avaliação da exposição pessoal é baixa.
Um ponto positivo ao direcionar a atenção para fontes específicas de emissões de
NOx e de SO2 é que esses poluentes servem como um “proxy” para outras co-exposições
que não foram medidas. Como tal, enquanto nós estamos estimando apenas exposições
de NOx e SO2 específicas das usinas de energia, isso também serve como um marcador
para todos os outras exposições resultantes das emissões de carvão de usinas de energia.
Limitações nos dados de monitoramento de qualidade do ar local são devidas à restrição
em nossa capacidade de incorporar concentrações de material particulado (PM) na
avaliação da exposição e avaliar se associações positivas foram devidas à co-exposição a
emissões de Material Particulado da usina.
Esta é uma limitação dada a força da literatura recente que relaciona a exposição ao
Material Particulado de usinas a diversos resultados de saúde (Evans et al., 2013;
Wellenius et al., 2011; Levy et al., 2009; Ito et al., 2006). No entanto, dado que as
concentrações médias de Material Particulado são relativamente altas em Israel, o
Material Particulado emitido pela usina contribui apenas marginalmente no total de
Material Particulado observado (Yuval e Broday, 2009). Assim, ao contrário de SO2 e
NOx, as fontes locais de Material particulado, tais como as emissões de usinas de energia,
136
ISSN 1980-0894 Tradução, Vol.9 Nº1, Ano 2014
são mais difíceis de distinguir.
Devido à cobertura espacial heterogênea das estações de monitoramento, a
interpolação espacial está sujeita a erros maiores em áreas pouco monitoradas. Além
disso, devido a mudanças dinâmicas imprevisíveis no micro-ambiente, avaliar o impacto
de uma determinada fonte em qualquer estação de monitoramento está sujeito às
dinâmicas complexas de gases, o que frequentemente não são Gaussiana. Apesar disso,
acreditamos que a o método Kriging foi o mais adequado para interpolar espacialmente
os dados de exposição. O método Kriging foi estabelecido há muito tempo em muitos
campos como a técnica convencional para a interpolação espacial (Isaaks e Srivastava,
1989), uma vez que minimiza o erro de interpolação quadrada e o fornece como parte dos
resultados de interpolação. Yuval et al. (2005) constatou que a ponderação de distância
inversa e os métodos Kriging de interpolação foram comparáveis na criação de mapas de
concentração de poluentes atmosféricos na área de Baía de Haifa. Foi revelado que o
método Kriging é superior à ponderação de distância inversa, especialmente quando uma
curta janela de tempo é utilizada para cálculo da média.
O modelo de abordagem na "fonte" pressupõe que a proporção molar S/N na
chaminé e da coluna de gás é preservada, no entanto, as diferentes taxas de remoção (por
exemplo, oxidação de NOx em NO3 e N2O5) podem alterar a relação na coluna de gás
(Hewitt, 2001). Isso resultaria em uma superestimação da contribuição da usina na
"abordagem na fonte". No entanto, a "abordagem de evento" utiliza uma definição um
tanto heurística de um "evento". Esta abordagem pode ser propensa a Classificações
errôneas da exposição devido à definição de um "evento" ser baseada no produto das
concentrações de SO2 e NOx, enquanto esses poluentes apresentam tendências temporais
opostas na área de estudo (diminuindo as concentrações de SO2 e aumentando as
concentrações de NOx). Por fim, é importante notar que a "abordagem na fonte" é baseada
em dados de períodos de tempo em que o vento soprou da usina para as estações de
monitoramento individuais. Registros de cada uma das estações representam períodos
distintos de condições meteorológicas únicas em que a estação de monitoramento é
impactada pela usina. Consequentemente, a interpolação espacial desses casos representa
uma superestimação significativa da quota de emissões de usinas de energia nos níveis de
NOx observados. Na prática, embora a parcela da usina Orot Rabin nas emissões de NOx
regionais seja de aproximadamente 95%, o seu efeito sobre os registros de monitoramento
de NOx ambientais foi inferior a 70% (a maior participação em uma das estações de
137
ISSN 1980-0894 Tradução, Vol.9 Nº1, Ano 2014
monitoramento). Isso também explica por que as concentrações de SO2 atribuídas à usina
(em momentos em que a coluna de gás atinge a central de monitoramento) são muito mais
elevadas do que a média de níveis totais de SO2.
O objetivo primário deste trabalho foi de estimar as exposições de energia
específicas de usinas de energia e compreender a associação com os resultados de saúde
respiratória. Do ponto de vista epidemiológico, a heterogeneidade espacial da exposição
por toda a população é de grande importância. As estimativas de exposição que
apresentamos são temporalmente orientadas e, portanto, apresentam uma estimativa da
distribuição da exposição a longo prazo; isso é importante, especialmente considerando a
natureza crônica dos resultados sobre a saúde sendo avaliada. Há a preocupação de que
os mecanismos fisiopatológicos que resultam em doenças pulmonares crônicas e sintomas
respiratórios sejam anteriores ao período de avaliação da exposição, arriscando a
associação temporal exposição-doença. Isto pode ser uma das razões que contribuem para
a falta de associação estatisticamente significativa com a asma e DPOC. Apesar disso, as
nossas estimativas de exposição são projetadas para estimar a exposição a longo prazo e
que a grande maioria dos participantes já residam no mesmo local há mais de 10 anos. Na
medida do possível, acreditamos que isto aborda parcialmente a dificuldade de associação
temporal em nosso estudo. O trabalho futuro incidirá sobre as diferentes variações
espaciais entre as diferentes métricas de exposição, pois as estimativas de exposição de
toda a região são diferentes nas duas abordagens, e que efeito isso pode ter sobre modelos
epidemiológicos.
5. Conclusão
Em suma, apresentamos duas novas abordagens para estimar a exposição pessoal
às concentrações ambientais de NOx e SO2 atribuíveis às emissões de usinas de energia.
Ao fazê-lo, fomos capazes de explorar as possíveis associações epidemiológicas entre
exposições a NOx e SO2 específicas de usinas de energia e doenças respiratórias crônicas.
Descobrimos que os sintomas respiratórios, mas não a prevalência de asma e DPOC,
foram associados às estimativas de emissões de NOx da usina de energia. A "abordagem
na fonte" parecia fornecer uma melhor estimativa da exposição às emissões de usinas de
energia, uma vez que revelou uma relação dose-resposta mais forte com sintomas
respiratórios e é menos propensa a classificações errôneas da exposição, em comparação
138
ISSN 1980-0894 Tradução, Vol.9 Nº1, Ano 2014
com a "abordagem de evento." A constatação de que o NOx específico de usinas de
energia mostrou uma forte associação com sintomas respiratórios, superior ao NOx
ambiente, sugere que a distribuição das fontes de poluição do ar é epidemiologia, podendo
ajudar a identificar fontes clinicamente significativas de poluição. O cálculo da parcela
de poluição ambiental atribuído às centrais regionais é potencialmente útil para fins de
gestão da qualidade do ar, tais como programas de redução planejada. Compreender a
associação da exposição específica de usinas de energia com resultados respiratórios pode
fornecer uma avaliação potencialmente útil dos resultados de saúde da população local
na análise custo-benefício da produção de energia à base de carvão.
Agradecimentos
O financiamento parcial para E.D.A. foi fornecido pelo Council for International
Exchange of Scholar (Conselho de Intercâmbio Internacional de Acadêmicos) (CIES),
Programa Fulbright, US-Israel Educational Foundation. A Coleta de dados dos resultados
de saúde e coleta de amostras ambientais foi financiada pela Association of Towns for
Environmental Protection (Associação das Cidades para a Proteção Ambiental), Hadera.
A Fiscalização do Conselho de Análise para coleta de dados de saúde foi fornecida pelo
comitê de direção sobre efeitos de usinas na saúde, do Ministry of Health and Ministry of
Environmental Protection (Ministério da Saúde e Ministério da Proteção Ambiental). O
protocolo, método de amostragem, questionários e materiais suplementares foram
aprovados pelo comitê de direção em 26 de maio de 2002. Os Presidentes do comitê eram
o Professor Alex Leventhal e Dr. Miki Haran. O método de abordagem na "fonte" foi
desenvolvido com o apoio parcial do Technion Center of Excellence in Exposure Science
and Environmental Health – TCEEH (Centro Technion de Excelência em Ciência de
Exposição e Saúde Ambiental).
Apêndice A. Material suplementar
Dados suplementares relacionados a este artigo podem ser encontrados on-line em
http://dx.doi.org/10.1016/j.envpol.2013.10.032.
139
ISSN 1980-0894 Tradução, Vol.9 Nº1, Ano 2014
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