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Revista InterfacEHS edição completa Vol. 9 nº 1

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InterfacEHS Revista de Saúde, Meio Ambiente e Sustentabilidade Publicação Científica do Centro Universitário Senac - ISSN 1980-0894 Acesse a edição na íntegra! http://www3.sp.senac.br/hotsites/blogs/InterfacEHS/?page_id=1480

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ISSN 1980-0894 Editorial, Vol.9 Nº1, Ano 2014

Caro Leitor

Com a intenção de continuar a disseminação do conhecimento, a Revista

InterfacHES traz até você em sua primeira edição no ano de 2014, mais cinco artigos

sobre temas variados dentro da área da Saúde, Meio Ambiente e Sustentabilidade.

Os trabalhos publicados nesta edição são exemplares, começando com o artigo de

Jamir Mendes Monteiro, Carla Carolina Pecora Gomes,Loamy Sá e Thatiane Freitas de

Sousa Furtado sobre a Política Nacional de Resíduos Sólidos - lei 12.305/2010: uma visão

geral e sua interface com o Porto de Santos. Tangenciando esse tema é apresentado um

estudo experimental sobre a avaliação de degradabilidade de embalagens plásticas

utilizadas no acondicionamento de resíduos sólidos urbanos, cujas contribuições são das

autoras Fabiana Alves Fiore Pinto, Emília Satoshi Miyamaru Seo, Maíra Alonso

Klaussner e Camilla Raucci.

Tratando-se sobre a qualidade de vida profissional evidencia-se a contribuição das

autoras Marina Atuatti e Sayonara de Fátima Teston com artigo sobre a qualidade de vida

dos profissionais que trabalham no Capsi de um município do Oeste Catarinense.

Outro trabalho voltado à saúde humana é apresentado sobre a aplicação do

instrumento demanda controle em uma população de trabalhadores hipertensos da

construção civil, relacionadas ao ambiente ocupacional sob autoria de Roberta Zaninelli

do Nascimento Zarpelão e Milva Maria Figueiredo de Martino.

Por último, não menos importante, é apresentado o artigo sobre as análises crítica e

comparativa de uma marca cosmética com apelo antienvelhecimento sob autoria de

Daiane Maria da Silva Andrade e Célio Takashi Higuchi.

Na seção resenha, registra-se o trabalho sobre o princípio da solidariedade

intergeracional como pressuposto para a adoção de um paradigma ambiental de

sustentabilidade, com a discussão da autora Gabriela Soldano Garcez.

A contribuição destacada na seção tradução é sobre contribuição das exposições de

óxido de nitrogênio e dióxido de enxofre, emitidas de usinas de energia, na prevalência

de doenças e sintomas respiratórios, cujo artigo foi publicado na revista Environmental

Pollution, v.186, 2014.

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ISSN 1980-0894 Editorial, Vol.9 Nº1, Ano 2014

Espero que o conteúdo da revista enriqueça o seu aprendizado.

Tenha uma boa leitura!

Editora

Emília Satoshi Miyamaru Seo

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ISSN 1980-0894 Artigo, Vol.9 Nº1, Ano 2014

DEMANDA CONTROLE EM TRABALHADORES HIPERTENSOS DA

CONSTRUÇÃO CIVIL

DEMAND CONTROL IN HYPERTENSIVE CONSTRUCTION WORKERS

Roberta Zaninelli do Nascimento Zarpelao1

Milva Maria Figueiredo de Martino2

RESUMO

Objetivo: Apresentar o resultado da aplicação do instrumento demanda controle

em uma população de trabalhadores hipertensos da construção civil, relacionadas ao

ambiente ocupacional. Método: Trata-se de um estudo descritivo e transversal, em

trabalhadores da Construção Civil de Cubatão, SP oferecendo subsídios para a gestão da

saúde do trabalhador nesse ramo de atividade. Resultados: (n=79) que relacionou o

ambiente de trabalho e sua relação com a hipertensão arterial. Conclusão: Concluiu-se

que a hipertensão arterial leve foi predominante entre os trabalhadores, no entanto há

necessidade de maiores investigações sobre os fatores presentes no ambiente de trabalho

podem agravá-la ou não.

Palavras-Chaves: Hipertensão Arterial. Gestão em Saúde. Saúde dos trabalhadores.

1 Enfermeiro do Trabalho, Mestre em Saúde do Trabalhador e Meio Ambiente, Doutoranda da EPE/Unifesp. São

Paulo (SP), Brasil. E: mail: [email protected]; Autor correspondente. Endereço: Av. Doutor Bernardino de

Campos, 580 Av. Apto. 36, Santos – SP, ZIP CODE:11065-002, Tel.: (13) 98136 3809.

2 Enfermeira, Pós Doutora em Enfermagem. Professora Associada da Unifesp. São Paulo (SP), Brasil.

E-mail: [email protected];

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ABSTRACT

Objective: To present the result of applying the instrument demand control in a

population of hypertensive construction employees in their workplace. Method: This was

a descriptive cross-sectional study in Construction workers of Cubatão, SP offering

subsidies for the management of health worker in this field of activity. Results: (n=79)

related to the work environment and its relationship to hypertension. Conclusion: It was

concluded that mild arterial hypertension was prevalent among workers, however it is

needed further investigation into the factors present in the work environment that can

aggravate it or not.

Key Words: Hypertension. Management in Health. Health workers.

INTRODUÇÃO

As transformações ocorridas no mundo do trabalho têm repercutido na saúde dos

trabalhadores de maneira direta, assim a crescente demanda por novas tecnologias,

adicionadas a um complexo conjunto de inovações organizacionais tem interferido nas

condições e as relações de trabalho (MENDES & De MARTINO, 2012).

A intensificação do trabalho é um elemento da atual fase do capitalismo que passa

a implicar em consumo de energias físicas e espirituais dos trabalhadores, essas

transformações impactam diretamente na saúde do trabalhador em decorrência do

processo de trabalho que precisa ser reorganizado de forma a atender as características de

cada profissão (MENDES & De MARTINO, 2012, p.1471).

A construção civil é um ramo de atividade de grande importância no cenário

econômico brasileiro, caracterizado pela informalidade, sendo trabalhadores do sexo

masculino, migrantes, com baixa escolaridade e reduzida qualificação profissional além

de ser considerado um dos mais perigosos do mundo e inclusive no Brasil e com altos

índices de acidentes de trabalho, inclusive os incapacitantes e os fatais (IRIART et al.,

2008, p.166). A construção civil apresenta apenas 20,1% dos trabalhadores com carteira

assinada e o trabalho informal pode contribuir para a precarização do trabalho nesta área

de atuação, quando comparados a outros tipos de atividades, ainda a presença marcante

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do trabalho informal deriva da utilização de mecanismos de rebaixamento de custos,

dentre eles o da subcontratação (IRIART et al., 2008, p.166).

Segundo a Relação Anual das Informações Sociais (RAIS), a análise setorial

mostra que todos os setores expandiram o nível de emprego formal em 2011,

comportamento esse proporcionado, em grande parte, pelo fortalecimento da demanda

interna. Em termos absolutos, a Construção Civil proporcionou a criação de 241,3 mil

empregos ou +9,62%, a maior taxa de crescimento do período, e a Região Sudeste

aumentou o número de empregos em +4,69%, gerando 1.283.061 postos de trabalho

(MTE, 2011, p.2).

As condições adversas do trabalho, perdas dos direitos trabalhistas, legalização dos

trabalhos informais e temporários, aliadas a evolução da tecnologia avançaram os limites

da saúde humana e pode influenciar o risco de desordens osteomusculares, sintomas

psiquiátricos, alteração do sono dos trabalhadores, e ferimentos que ocorrem

frequentemente entre populações de meia idade, podendo ser consideradas umas das

principais razões de adoecimento (PADILHA, 2010, p.555).

Segundo Lima (2010), a terceirização permite a flexibilização do processo

produtivo, trata-se assim, da reorganização da produção com foco das atividades fins das

empresas e externalização das demais, eliminando setores produtivos, administrativos, ou

de serviços, que por esta visão, são considerados complementares às suas atividades fins

e transferem sua realização para outras empresas, concentrando-se no produto principal,

possibilitando redução de custos fixos e ganhos de eficiência.

A terceirização é percebida como técnica de modernização e instrumento de gestão

empresarial trata-se de um fenômeno mundial alcançando todos os tipos de trabalho, na

indústria, comércio e serviços, apresentando-se sob diversas formas de regulação e

legislação nos diferentes países (LIMA, 2010, p.17).

A flexibilização e terceirização podem não implicar necessariamente na

precarização das relações de trabalho, mas progressivamente tornam-se sinônimos. A

precarização relaciona-se com uma maior desregulamentação da utilização da força de

trabalho, com a redução de postos, alterações nos contratos com redução dos custos

relacionados aos direitos trabalhistas e sociais nas relacionais salarias, além da

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transferência de atividades para outras empresas, que se responsabilizam pela

organização do trabalho e gestão demão de obra, eliminando custos e diminuindo ônus

com esta gestão (LIMA, 2010, p.17).

A precarização pode ser vista como uma tendência difundida em toda a parte, no

setor privado, público, nos meios de comunicação e atinge todos os trabalhadores e pode

afeta-los mesmo que não diretamente, gerando consequências como a desestruturação da

existência e suas estruturas temporais, tornando o futuro incerto e generalizando

insegurança como modo de vida. Lima (2010, p.23),

Estas condições podem contribuir para o aparecimento do estresse ocupacional, que

é um termo relativamente moderno que frequentemente tem sido discutido em grandes

entidades de saúde nas últimas décadas, de acordo com o Instituto Nacional para a Saúde

e Segurança Internacional (NIOSH) estresse ocupacional é definido com uma resposta

mental ou algo nocivo ao psicológico, ocorrendo entre a incompatibilidade dele ou dela

para a habilidade, que pode desencadear comportamentos agressivos, doenças

ocupacionais, doenças psicológicas e até mesmo a morte (MASOUD et al. 2013, p. 804).

A Organização Internacional para o Trabalho (ILO) considera o estresse ocupacional

como o mais significativo ao considerar a saúde do trabalhador, enquanto para a

Organização Mundial da Saúde (WHO) enfatiza problemas de saúde, como baixa

motivação, baixa segurança, trabalhadores expostos a riscos ocupacionais e

consequentemente custos para os empregadores. ILO em uma análise estatística

demonstrou que o estresse pode ter gastos de 1 a 3% do produto interno bruto (PIB), e o

custo anual com o estresse ocupacional pode ser estimado em mais de 300 milhões de

dólares para os Estados Unidos, 20 milhões de euros para os países europeus (MASOUD

et al. 2013; HÉLÈNE, 2013).

Varias razões destacam-se para a atenção especial para o estresse ocupacional e

pode ser um dos mais importantes problemas de saúde no mundo (MASOUD et al. 2013,

p. 804).

A carga de trabalho e atividades repetidas pode ser um fator organizacional que

influencia diretamente o desempenho do homem no trabalho, e por seu impacto produzido

pelos elementos que constituem o processo de trabalho sobre a sua saúde física e mental

(BALLARDIN & GUIMARÃES, 2009; STANFELD S et al., 2012).

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A avaliação dos aspectos relacionados à abordagem psicossocial do trabalho tem

tido relevância em estudos recentes em saúde e trabalho (ARAÚJO et al., 2003, p. 424).

Nas últimas décadas, as relações entre trabalho, estresse e suas consequências sobre

a saúde dos trabalhadores têm sido estudadas, com abordagens metodológicas

diferenciadas, questões como a produtividade, os acidentes de trabalho, o absenteísmo e

os crescentes índices de sintomas físicos e psíquicos, entre os trabalhadores de

determinadas categorias, têm sido objeto de estudos, dentre eles o da construção civil

(ALVES, 2009, p. 895).

E ainda trabalho precário pode ser visto sob duas dimensões: a ausência ou

redução de direitos e garantias do trabalho e a qualidade no exercício da atividade,

vivenciado principalmente pelos trabalhadores terceirizados (MAGNANO et al., 2010, p.

805).

O modelo de demanda-controle (DC) define diferentes estressores do trabalho

potencialmente danosos à saúde e oferecem explicações sobre o relacionamento entre

condições estressantes do trabalho e bem-estar físico e psicológico (SANTOS et al., 2010,

p.257). O DC fundamenta-se nas características psicossociais do trabalho, na demanda

psicológica envolvida na execução das tarefas e atividades ocupacionais e no controle

exercido pelos trabalhadores sobre o próprio trabalho e o suporte social no mesmo. São

itens que fazem parte da saúde ocupacional e que vêm sendo abordados com maior

frequência, por meio de um questionário inicialmente proposto por Karasek em uma

versão ampla e resumidamente proposto por Theorell (GRECO et al., 2011, p.273).

Trata-se de uma versão reduzida deste instrumento simplificado em 1988,

traduzido e validado por Alves (2004), contendo 17 questões: cinco para avaliar demanda

seis para avaliar controle e seis para apoio social, versão reduzida (SCMIDTH et al., 2009,

p.331).

O modelo DC considerava a interação de dois componentes que poderiam

favorecer o desgaste no trabalho (job strain): as demandas psicológicas (ritmo e

intensidade de trabalho) e o controle (autonomia e habilidade) para que o trabalhador

execute sue trabalho, assim atividades que envolvem altas demandas psicológicas e baixo

controle favoreciam o desgaste no trabalho, e como consequência o adoecimento físico e

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psicológico, posteriormente o modelo passou a incluir uma terceira dimensão: a

percepção de apoio social (GRECO et al., 2011, p.273). (Figura 1).

FIGURA 1 – Demanda controle.

Fonte: Karasek, 1991 (adaptado por Theorell, 1991).

Demanda Controle (DC), uma versão resumida do questionário Job Strain Model

contém 17 questões de múltiplas escolhas sendo subdivididas em três escalas: seis

questões sobre o trabalho (questões sobre controle no trabalho) (questões sobre tomadas

de decisões), cinco questões sobre demanda no trabalho (questões, sobre tempo e

velocidade para realizar o trabalho e seis questões sobre apoio social que o trabalhador

recebe em seu ambiente de trabalho) (SCMIDTH et al., 2009, p.274). A combinação de

respostas com alto controle sobre o processo de trabalho gera alto desgaste (job strain),

causando efeitos nocivos à saúde do trabalhador, também prejudicial à saúde do

trabalhador é a situação em que se combinam baixas demandas e baixo controle (trabalho

passivo) e pode gerar perda de habilidades e desinteresse, em contrapartida, quando alta

demanda e baixos controles coexistem, os indivíduos experimentam o processo de

trabalho ativo, situação menos danosa ao trabalhador uma vez que ele tem autonomia de

escolher como planejar suas atividades de trabalho, de acordo com seu ritmo. A situação

ideal de baixo desgaste combina baixas demandas e alto controle do processo de trabalho,

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esta situação ainda pode refletir em uma maior qualidade do sono e menos fadiga, mas em

situação de baixo desgaste para alto desgaste nota-se piora da qualidade do sono e aumento

da fadiga (SCMIDTH et al., 2009. p.274).

O Modelo Demanda-Controle procura explicar as modificações que acontecem

com os indivíduos submetidos à tensão no trabalho, tanto em nível físico como

psicológico. Ele pode ser um instrumento de estrutura integradora para estudo dos

diversos elementos do ambiente de trabalho, nas suas inter-relações com a saúde dos

trabalhadores (GRECO, 2011, p.274). Assim sendo o objetivo deste estudo foi analisar a

Demanda Controle em Trabalhadores Hipertensos da Construção Civil, especialmente do

grupo de trabalhadores que atuam no setor petroquímico, em empresas terceirizadas.

MÉTODO

Este estudo caracteriza-se por pesquisa descritiva, exploratória, com desenho

transversal, e abordagem quantitativa. Dos 2800 trabalhadores (100%), 315 (11,25%)

eram hipertensos e foram incluídos 79 (25%) sujeitos hipertensos, do sexo masculino e

que concordaram em participar e assinaram o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido, (Lei 466/12) e compareceram ao Ambulatório para aferir sua pressão arterial.

Foi aplicado um questionário contendo 17 questões, divididos em demanda, controle e

apoio social. Para as dimensões demanda e controle as opções de resposta são

apresentadas em escala tipo Likert (1-4), variando entre "frequentemente" e "nunca/quase

nunca”, para a dimensão apoio social "discordo totalmente” e “concordo totalmente”

(ALVES et al., 2004). A escala Likert é um tipo de escala de resposta psicométrica usada

comumente em questionários, e é a escala mais usada em pesquisas de opinião. O formato

típico de um item Likert é: 1. Não concordo. 2. Indiferente. 3. Concordo. 4.

Concordo totalmente. Foi aplicada a Média Ponderada = (1x54) + (2x24) + (3x21)

+ (4.24) = 54 +24 + 21 + 24 = 123 Logo RM = 123 / 79= 1,50 Onde Rm = ranking médio.

Com o objetivo de obter a variação e a confiabilidade dos dados do Ranking Médio, foi

calculado o desvio padrão da média e o α de Cronbach. Observa-se que os níveis

obtidos para essa escala são relativamente próximos de 1, especialmente para a demanda

e o apoio social, indicando uma boa confiabilidade nos resultados obtidos, corroborada

pelos baixos desvios padrões. O estudo foi submetido ao Comitê de Ética do SECONCI,

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(Serviço Social da Indústria da Construção Civil) e foi aprovado em agosto de 2008, sob

o número de protocolo 07/2008, conforme a Resolução 466/12 para pesquisas em seres

humanos.

RESULTADOS

Foi aplicado o questionário proposto nos 79 trabalhadores, utilizando a escala

Likert de 1 a 4 pontos para mensurar o grau de concordância dos sujeitos que responderam

os questionários e obteve-se o seguinte resultado (SCMIDTH et al., 2009, p.274):

TABELA 1 - Resultados obtidos para a Demanda Controle relativos aos grupos

de questão aplicados, variação do escore, ranking médio, variação e

confiabilidade.

Domínio Questão Variação do

escore

Desvio

Padrão

Alfa de

Cronbach

Demanda A, B, C, D, E, F 1- 4 0,16 0,68

Controle G, H, I, J, K 1-4 0,24 0,57

Apoio Social L, M, N, O, P, Q 1-4 0,55 0,87

Fonte: Elaborado por autores

Em relação à pressão arterial dos trabalhadores, esses foram divididos de acordo

com a Tabela 2. Aproximadamente 50% dos trabalhadores são considerados hipertensos

leves.

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TABELA 2- Número de empregados segundo a classificação dos níveis de pressão

arterial.

Fonte: Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2010

DISCUSSÃO

Em relação ao gênero dos trabalhadores que concordaram em participar da

pesquisa, 79 (100%) pertencem ao sexo masculino. O sexo pode ser relacionado como

fator de capacidade ao trabalho (MARTINEZ, 2006, p.145).

Aproximadamente 44,3 % dos trabalhadores são considerados hipertensos estágio

1. Segundo Martinez (2006) e Magnano (2010) o estresse ambiental pode repercutir sobre

as condições físicas do trabalhador, principalmente no que diz respeito à hipertensão

arterial.

Nº de empregados segundo a classificação dos níveis

de pressão arterial

Nº de

empregados

%

Ótima <120mmHg/<80mmHg 0

Normal <130mmHg/<85mmHg

Limítrofe

(130-139 mmHg / 85-89 mmHg)

0

29

36,7%

Hipertensão estágio 1

(140-159 mmHg / 90-99 mmHg)

35 44,3%

Hipertensão estágio 2

(160-179 mmHg/ 100-109 mmHg

13 16,4%

Hipertensão estágio 3

(> 180 mmHg / >110 mmHg

2 2,6%

Hipertensão Sistólica Isolada

(>140 mmHg / < 90 mmHg

0

Total 79 100%

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No MDC, diferenciam-se quatro tipos básicos de experiências no trabalho,

formados pela interação dos níveis de demanda psicológica e de controle: alta exigência

(alta demanda e baixo controle), baixa exigência (baixa demanda e alto controle), trabalho

passivo (baixa demanda e baixo controle) e trabalho ativo (alta demanda e alto controle)

(SCMIDTH et al., 2009, p.331). Das quatro situações, o trabalho em alta exigência é o

que apresenta maior propensão para adoecimento físico e psicológico. Os trabalhos ativos

e passivos representam risco intermediário de adoecimento, já o trabalho em baixa

exigência, representa menor risco, sendo esse considerado condição ideal de trabalho

(BALLARDIN & GUIMARÃES, 2009; HÉLÈNE, 2013).

De acordo com o estudo realizado em 79 indivíduos hipertensos que aceitaram

participar da pesquisa os valores encontrados nos permitem dizer que o resultado foi de

alta demanda e baixo controle, indicando característica de desgaste especialmente devido

à quantidade de trabalho executada e o número de vezes em que o trabalhador executa

suas atividades diárias, e ainda, segundo Kirchoff (2009) encontram-se no quadrante de

trabalhadores ativos, classificadas como exposição intermediária ao estresse ocupacional,

justificando o grau de controle pode indicar uma medida de autonomia, de liberdade

restrita para o uso de habilidades, compensando os efeitos negativos provenientes de altas

demandas psicológicas.

Os resultados encontrados nesta pesquisa corroboram com estudos realizados,

principalmente, em países da Europa, da Ásia e nos Estados Unidos da América têm

evidenciado associação positiva entre aspectos psicossociais do trabalho (alta demanda

psicológica e baixo controle) e diferentes desfechos, como, por exemplo: problemas

psiquiátricos menores, doenças do sistema digestivo, doenças cardiovasculares, sintomas

musculares, entre outros (KARASEK, 1990; HARDING, 1980; JOSEPHSON, 1997;

BONGERS, 2002; THEORELL, 1990; SCHANALL 1994, YU, 2013).

Aplicar um instrumento que transpareça a organização do trabalho, ou seja, a

condição em que o trabalhador está exposto, tanto em nível fisiológico como psicológico,

pode indicar possíveis fatores de risco cujo controle pode levar a prevenção de acidentes

de trabalho, ao controle do agravamento de patologias como a hipertensão arterial. Isto

porque quando as demandas físicas e mentais do trabalho não estão adequadas podem

surgir repercutir na saúde dos trabalhadores.

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O modelo prevê que o estresse no trabalho é resultante da interação entre muitas

demandas psicológicas, menor controle no processo de trabalho e menor apoio social

recebido de colaboradores e chefes no ambiente laboral (SCMIDTH et al., 2009, p.332).

Os 79 (100%) Todos os trabalhadores são terceirizados, em que os trabalhadores

executam “o que lhes é ordenado” não possuindo autonomia sobre a sua atividade,

situação que é agravada pelo fato da instabilidade do emprego e alta rotatividade dos

trabalhadores, que sempre querem “trocar” de empreiteiras (BERNARDO, 2001, p.87).

Ao falarmos neste grupo esta relação torna-se mais frágil, como é o exemplo de

trabalhadores que atuam em indústrias petroquímicas na Bahia ou em mineradoras, onde

há um tratamento diferenciado, dos trabalhadores dentro das plantas industriais,

demonstrando a distinção entre os de fora e os de dentro, que permanecem como

funcionários da empresa (LIMA, 2010, p.23).

Lima (2010) aponta que trabalhadores terceirizados e estáveis não sentem parte do

mesmo coletivo, pois os terceiros são vistos como menos qualificados e envolvidos na

empresa.

Entretanto algumas categorias em que o trabalhador não se sente precarizado, a

construção civil é uma delas, pois os trabalhadores recebem a empreita maior do que seria

em contratos regulares (LIMA, 2010, p.22).

CONCLUSÃO

O instrumento para avaliação da demanda controle utilizado neste estudo mostrou-

se útil e pode se constituir como ferramenta na gestão das empresas, pois por meio deste

instrumento pode-se detectar necessidade de implementação de novos processos ou

modificação dos já existentes levando a promoção da saúde dos trabalhadores e melhor

organização do trabalho.

Os resultados mostram que: obteve-se alta demanda e baixo controle, como

resultado da presença de desgaste do trabalhador devido a pressão existente no ambiente

laboral e quantidade de trabalho executado.

Num total de 44,3% dos trabalhadores apresentaram hipertensão, tipo estagio 1.

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Outro aspecto da população estudada que pode dificultar estudos sobre a relação

entre a hipertensão arterial e a demanda-controle está na alta rotatividade dos

trabalhadores. Essa alta rotatividade dificulta também o controle sobre o agravamento e

aparecimento de doenças crônicas neste grupo de trabalhadores.

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Recebido em 24/10/2013

Aceito em 11/06/2014

Page 20: Revista InterfacEHS edição completa Vol. 9 nº 1

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POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS - LEI 12.305/2010

UMA VISÃO GERAL E SUA INTERFACE COM O PORTO DE SANTOS

NATIONAL POLICY OF SOLID RESIDUES – ACT 12.305/2010

AN OVERVIEW AND ITS INTERFACE WITH PORT OF SANTOS

Jamir Mendes Monteiro1

Carla Carolina Pecora Gomes2

Loamy Sá3

Thatiane Freitas de Sousa Furtado4

RESUMO

O objetivo deste artigo é analisar a gestão dos resíduos sólidos sob a perspectiva da

lei 12.305/2010 nas operações portuárias do Porto de Santos. A principal motivação vem

do histórico das Docas que durante 50 anos depositou materiais contaminados sem

tratamento, no bairro da Alemoa, naquilo que ficou conhecido como o lixão da CODESP,

o qual gerou um passivo ambiental sobre uma área de 350 mil metros quadrados. As

pesquisas foram voltadas para identificar os procedimentos, principalmente, relativos à

implementação da logística reversa no descarte correto dos resíduos sólidos. Para seu

desenvolvimento foi realizado um levantamento bibliográfico e recolhimento de

informações cedidas pelo Grupo Libra (operadores portuários). O trabalho identificou que

o gerenciamento ineficaz dos resíduos do Porto além de gerar custos desnecessários pode

atrair doenças e insetos. E que sua gestão ambiental apresenta-se inadequada devido à

fiscalização ineficiente, infraestrutura inapropriada, falta de educação ambiental e

conexão entre os agentes envolvidos. Assim, as evidências indicam que a integração entre

governo, iniciativa privada, terceiro setor e consumidores pode tornar-se uma solução

1 Doutor em Engenharia de Produção - Senac Santos - Pós-graduação 2 MBA em Logística - Senac Santos - Pós-graduação 3 MBA em Logística - Senac Santos - Pós-graduação 4 MBA em Logística- Senac Santos - Pós-graduação

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sustentável, efetiva e viável à gestão de resíduos portuários.

Palavras-chave: Porto de Santos, Gerenciamento de Resíduos Sólidos, Logística

Reversa.

ABSTRACT

The present article aims to analyze the management of solid residues from the

perspective of the law 12.305/2010 in port operations at the Port of Santos. The primary

motive for this work comes from the Docks’ history, which for 50 years has placed

contaminated and untreated materials in the neighborhood of Alemoa, which became

known as the CODESP dumpsite, creating environmental hazards over an area of 350

thousand square meters. The studies were focused in order to identify the procedures,

especially concerning the implementation of reverse logistics in proper disposal of solid

residues. For the development of this project a bibliographical survey and collection of

information provided by the Libra Group (port operators) was conducted. This study has

identified that the ineffective management of the port’s residues, besides generating

unnecessary costs, can attract disease and insects to the area; and that its environmental

management is currently inadequate due to ineffective law enforcement, inappropriate

infrastructure, lack of environmental education and connection between the actors

involved. Therefore, the integration among government, private sector, third sector and

consumers becomes a sustainable, effective and achievable solution to the port’s

management of solid residues.

Keywords: Port of Santos, Solid Residues Management, Reverse Logistics.

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1. INTRODUÇÃO

A preservação ambiental é fator de vantagem competitiva sustentável,

especialmente, quando somada às ações de responsabilidade social organizacional.

Órgãos de administração pública, como a CODESP5, têm que funcionar como vetor de

modelo exemplar no descarte correto dos resíduos. As boas práticas na área ambiental

repercutem de forma amplificada o que favorece adesões espontâneas no

comprometimento com ações que preservam o meio ambiente e por outro lado inibem

ações contrárias a essas práticas.

No Brasil o Decreto Lei 794 de 19/10/1938 já incorporava preocupações

ambientais:

Art. 16. O lançamento de resíduos e detritos comprovadamente tóxicos

nas águas interiores ou litorâneas será regulado por instruções emanadas do

Serviço de Caça e Pesca.

§ 1º E’ expressamente proibido o lançamento de óleos e produtos

oleosos nas águas interiores ou litorâneas.

§ 2º Os infratores deste artigo serão punidos com multa de 1:000$000 a

5:000$000 (um conto a cinco contos de réis), elevada ao dobro na reincidência.

Posteriormente o decreto lei 50.587 de 26/09/1961, ratifica o anterior e

estabelece:

Art. 1º Os resíduos líquidos, sólidos ou gasosos, domiciliares ou

industriais, somente poderão ser lançados às águas, "in natura" ou depois de

tratado, quando essa operação não implique na poluição das águas receptoras.

Art. 2º Fica proibida terminantemente, a limpeza de motores dos navios

e o lançamento dos resíduos oleosos dela provenientes nas águas litorâneas do

País.

Art. 3º Para os efeitos deste Decreto considera-se "poluição" qualquer

alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas das águas, que possa

importar em prejuízo à saúde, à segurança e ao bem-estar das populações e

ainda comprometer a sua utilização para fins agrícolas, industriais, comerciais,

recreativos e, principalmente, a existência normal da fauna aquática.

Uma série de outros decretos, portarias e normas se sucederam a esses sempre

objetivando a proteção e a preservação do meio ambiente e da vida.

5 Companhia Docas do Estado de São Paulo

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Assim, nunca faltaram instrumentos para controlar e coibir o descarte incorreto dos

resíduos gerados pela atividade humana.

O aumento da geração de resíduos sólidos é um dos principais agentes de

degradação do meio ambiente e redução da qualidade de vida do homem, problema que

vem se agravando cada vez mais com o crescimento da população, gerando a poluição. A

poluição pura e simples é um sinal de ineficiência produtiva, de desperdício de material

passível de reciclagem, consciência ambiental e falta de aplicabilidade das

regulamentações ambientais.

Contudo, o pneu inservível que hoje degrada o meio ambiente pode ser destinado

novamente para a cadeia produtiva, devendo ser encarado como oportunidade de melhoria

e de novos negócios.

O trabalho teve como objetivo analisar a política nacional de resíduos sólidos sob

os aspectos da Lei 12.305/2010 através de uma visão geral e sua interface com os resíduos

sólidos gerados no Porto de Santos.

Dessa forma, foi realizada uma pesquisa baseada no Porto de Santos, no processo

de gestão ambiental, no gerenciamento de resíduos sólidos, na logística reversa, e na

Política Nacional de Resíduos Sólidos, tendo como base, os autores da área logística,

expondo seus conceitos. Ressalta-se que O Grupo Libra disponibilizou todo o acesso

necessário para a realização deste projeto.

O tipo de pesquisa utilizado foi a análise descritiva e explicativa fundamentadas nas

técnicas de pesquisa bibliográfica e estudo de caso feito no Grupo Libra, no Porto de

Santos. O método de abordagem empregado foi a observação direta e a análise

documental e no que se refere à natureza metodológica, adotou-se a qualitativa.

Portanto, para gerenciar efetivamente os resíduos portuários, em específico os

pneus inservíveis, é primordial a utilização da gestão integrada da cadeia logística reversa,

implementando procedimentos e levando em consideração tanto o desenvolvimento

sustentável quanto a redução de custos.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Gestão ambiental portuária

O aquecimento da economia contribui para o crescimento das atividades portuárias

aumentando a quantidade de seus produtos, serviços e motivando a produção de um

considerável volume de resíduos na região portuária, surgindo a necessidade de uma

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gestão ambiental, ou seja, um conjunto de programas e práticas administrativas e

operacionais voltadas à proteção do ambiente, à saúde e a segurança da população.

A gestão ambiental portuária é a administração das demandas

ambientais visando o desenvolvimento sustentável da atividade produtiva e a

redução de custos ambientais, como soluções coletivas do tratamento de

resíduos, tratamento de efluentes, ações de emergência e monitoramento

(CUNHA, 2004).

O sistema portuário brasileiro é composto por 37 portos públicos. Desse total, 18

são delegados, concedidos ou tem sua operação autorizada à administração por parte dos

governos estaduais e municipais. Existem, ainda, 42 terminais de uso privativo e três

complexos portuários que operam sob o regime de concessão à iniciativa privada

(www.codeba.com.br).

Roitman (2000) indica que o gerenciamento ambiental das áreas portuárias tem

conquistado espaço e importância nas discussões políticas e na imprensa, além de uma

estrutura formada por organismos internacionais (IMO6), organismos nacionais

(IBAMA7, CETESB8) e especialistas em diversas áreas, contribuindo para a análise e

definição das diretrizes sobre as principais questões envolvendo a variável ambiental da

área sob influência do porto.

Seiffert (2002), em suas publicações, tem demonstrado que os impactos ambientais

decorrentes das atividades portuárias apontam problemas que extrapolam os limites da

região portuária. O autor destaca como principais problemas: destruição da

biodiversidade, alteração da qualidade do ar por emissão de materiais particulados,

descarte de resíduos não perigosos (ocupação de aterro), poluição da água por estações

de tratamento de esgoto e de efluentes, contaminação do solo por resíduos, contaminação

da água do mar na costa, consumo de recursos naturais, despejos de óleo, poluição da

água por resíduos industriais, locais de despejos de resíduos sólidos (ativos ou inativos).

Percebe-se que o processo de gestão ambiental dos resíduos sólidos é complexo,

envolve recursos, tempo, área física e a conscientização de toda a sociedade. Sendo assim,

os portos, localizados em áreas de extrema vulnerabilidade ambiental, devem ser alvo de

6 Organização Marítima Internacional 7 Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis 8 Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental

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uma interação do poder público com as organizações privadas para que os resíduos

gerados ao longo do processo produtivo sejam destinados de forma ambientalmente

adequada.

2.2 Plano de Resíduos Sólidos

Chiuvite e Andrade (2001) relatam que, podemos caracterizar resíduos como tudo

o que é rejeitado durante o processo de produção, transformação ou utilização de bens e

serviços e restos provenientes de atividade humana.

Os resíduos sólidos podem ser parcialmente reutilizados resultando em benefícios

para a natureza reduzindo os impactos ambientais e para a sociedade com a preservação

da saúde pública e a movimentação econômica gerada pela implantação de um sistema

de gerenciamento para resíduos sólidos que englobe a previsão de demanda de resíduos,

o tipo de material, a forma de coleta, o armazenamento e transporte desse material, além

da identificação de um destino final adequado.

Castilhos Junior (2003) afirma que o gerenciamento dos resíduos deve ser

integrado, englobando etapas articulares entre si, desde ações visando a não geração de

resíduos até a disposição final. A gestão focada de cada uma dessas etapas, desde que

operadas de forma integradas, resultará na eliminação de elementos tóxicos resultantes,

na redução do que se pode chamar de “resíduos dos resíduos”, cujo destino final poderia

ser os aterros sanitários, e a implementação dos processos de reutilização dos elementos

industrializáveis, gerando enormes benefícios para a economia e para a saúde ambiental.

A elaboração de um Plano de Resíduos Sólidos é obrigatória para a União, os

Estados, os Municípios e as empresas geradoras de resíduos sólidos ou resíduos

perigosos.

Os Municípios são os principais agentes gestores e fiscalizadores da coleta,

transporte e destinação ambientalmente adequada dos rejeitos gerados nos respectivos

territórios, geridos a partir dos planos municipais integrados de resíduos sólidos,

limitando-se aos resíduos domésticos e comerciais até 50 quilos.

Já aos Estados cabem controlar e fiscalizar as atividades dos geradores sujeitos a

licenciamento ambiental pelo órgão estadual do SISNAMA9. No caso do Estado de São

Paulo o órgão responsável é a CETESB.

9 Sistema Nacional de Meio Ambiente

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2.3 Política Nacional de Resíduos Sólidos - Lei 12.305/2010

A Lei nº 12.305, de 02 de agosto de 2010, instituiu no Brasil a Política Nacional de

Resíduos Sólidos, a qual define resíduos sólidos, em seu Artigo 3o, inciso XVI, como:

"material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em

sociedade (...)”.

No mesmo Artigo, inciso VII, a Lei dos Resíduos Sólidos estabelece que a

destinação final dos resíduos tenha que ser "ambientalmente adequada" e lista as opções

da reutilização: reciclagem, compostagem, recuperação e o aproveitamento energético e

definindo o gerador dos resíduos como responsáveis pela logística reversa.

No caso de impossibilidade técnica ou economicamente inviável do

encaminhamento para uma dessas opções, os resíduos sólidos passarão a se denominar

rejeitos e a disposição final deve seguir normas operacionais específicas, de modo a evitar

danos ou riscos à saúde pública, à segurança e com o mínimo de impacto ambiental

adverso. Sendo o aterro sanitário um dos principais locais de destino dos rejeitos, devendo

ser verificada toda a regularidade do aterro sanitário, com os respectivos registros

ambientais.

Por outro lado, por essa legislação, fica expressamente proibida a destinação ou

disposição final de resíduos sólidos ou rejeitos em praias, no mar ou em quaisquer corpos

hídricos; in natura a céu aberto (exceto os resíduos de mineração); queima a céu aberto

ou em recipientes/instalações e equipamentos não licenciados para essa finalidade.

O conjunto de artigos da lei que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos

exige para seu cumprimento uma visão sistêmica de todos os envolvidos no processo de

consumo do produto final e que estes considerem as variáveis ambiental, social, cultural,

econômica, tecnológica e de saúde pública.

Ainda, a legislação traz a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do

produto, delimitando as atribuições individualizadas entre fabricantes, importadores,

distribuidores, consumidores e dos titulares dos serviços público de limpeza urbana e de

manejo dos resíduos sólidos. Seguindo o conceito de ciclo de vida do produto como:

"série de etapas que envolvem o desenvolvimento do produto, a obtenção de matéria

prima e insumos, o processo produtivo e a disposição final” (Artigo 3o, inciso IV).

A norma prioriza a ordem ideal como metas a serem atingidas no gerenciamento

dos resíduos sólidos, quais sejam: Não geração; Redução; Reutilização; Reciclagem;

Tratamento e Disposição final ambientalmente adequada (Artigo 7o, inciso II).

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Visando o cumprimento dessas metas, o Decreto apresenta as ferramentas passíveis

de utilização e ambientalmente corretas:

2.3.1 Coleta seletiva

É o recolhimento dos materiais possíveis de serem reciclados (papéis, plásticos,

metais e vidros) previamente separados na fonte geradora evitando sua contaminação,

aumentando seu valor agregado e diminuindo seu custo de reciclagem.

A coleta seletiva deverá ser implementada mediante a separação prévia

dos resíduos sólidos (nos locais onde são gerados), conforme sua constituição

ou composição (úmidos, secos, industriais, da saúde, da construção civil, etc.).

A implantação do sistema de coleta seletiva é instrumento essencial para se

atingir a meta de disposição final ambientalmente adequada dos diversos tipos

de rejeitos. A coleta seletiva deve ser entendida como um fator estratégico para

a consolidação da Política Nacional de Resíduos Sólidos em todas as suas áreas

de implantação. No tocante ao serviço público de limpeza urbana e manejo de

resíduos sólidos deverá se estabelecer, no mínimo, a separação de resíduos

secos e úmidos e, progressiva-mente, se estender à separação dos resíduos

secos em suas parcelas específicas segundo as metas estabelecidas nos planos

de gestão de resíduos sólidos. (www.mma.gov.br)

2.3.2 Acordo setorial

Trata-se de uma ferramenta importante, principalmente na gestão integrada de

resíduo sólido em setores comuns, próximos e/ou interessados.

Define-se na legislação: "ato de natureza contratual entre o poder público e

fabricantes, importadores, distribuidores ou comerciantes, tendo em vista a implantação

de responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto" (Artigo 3o, inciso I).

O acordo setorial propicia um modelo de gestão baseado na visão sistêmica do

processo, podendo diminuir custos com a destinação dos resíduos com ações conjuntas.

2.3.3 Logística reversa

Ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos

resíduos sólidos, a logística reversa está presente em todos os capítulos da Lei que

demandam ações e procedimentos a serem adotados por empresas, consumidores e poder

público em uma cadeia logística invertida no seu sentido de fluxos.

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Sua aplicação é legalmente obrigatória para o retorno dos produtos após o uso pelo

consumidor, de acordo com o Artigo 33, inciso (I) para os resíduos de agrotóxicos e

embalagens; (II) pilhas e baterias; (III) pneus; (IV) óleos lubrificantes e suas embalagens;

(V) lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista; (VI) produtos

eletrônicos e seus componentes.

A logística reversa gerencia e distribui o material descartado possibilitando seu

retorno ao ciclo produtivo agregando valor econômico e ecológico.

Leite (2003) conceitua logística reversa como a área da logística empresarial que

planeja, opera e controla o fluxo e as informações logísticas correspondentes, do retorno

dos bens de pós-venda e de pós-consumo ao ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo, por

meio dos canais de distribuição reversos, agregando-lhes valor de diversas naturezas:

econômico, legal, logístico, de imagem corporativa, entre outros.

Portanto, o correto gerenciamento da logística reversa é essencial ao

desenvolvimento da reciclagem e, por conseguinte, mitigação dos impactos ambientais e

geração de rendas.

2.4 O Porto de Santos

O Porto de Santos foi inaugurado no dia 2 de fevereiro de 1892 com a atracação de

um navio de bandeira inglesa nos primeiros 260 metros de cais do Valongo. Na época, a

cidade de Santos passou por uma grande transformação, pois velhos trapiches e pontes

fincados em terrenos lodosos foram substituídos por aterros e muralhas de pedra. Desde

então, o Porto não parou de crescer, acompanhando as fases de crescimento econômico

do país e contribuindo para o desenvolvimento industrial da região. Da sua origem, ligada

ao café, passou à diversificação de importação e exportação de inúmeros tipos de

mercadoria (JORNAL PORTUÁRIO, 2013).

É primordial a contribuição das atividades portuárias nos resultados da economia

não só pela atividade fim ou principal, mas também pela geração de empregos, renda e

divisas ao país.

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Segundo o site PORTO DE SANTOS:

O Porto de Santos conta com uma área de 7,7 milhões de m², ficando

3,7 milhões de m² na Margem Direita e 4,0 milhões m² na Margem Esquerda.

Possui 13 quilômetros de extensão de cais e um total de 59 berços, dos quais

49 públicos e 10 privados. Possui 55 quilômetros de dutos e 100 quilômetros

de linhas férreas. A variação da maré é de 1,2 metros. Para armazenamento de

granéis líquidos conta com uma capacidade estática de, aproximadamente, 700

mil m³; e para granéis sólidos, instalações para acondicionar mais de 2,5

milhões de toneladas.

O Porto de Santos possui uma usina hidrelétrica para abastecimento

próprio, com capacidade de 15 mil KVA, buscando o excedente junto à

concessionária regional.

Sua área de influência primária, que concentra mais de 50% do PIB,

abrange os estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Mato

Grosso do Sul. A hinterlândia secundária inclui os estados da Bahia, Tocantins,

Espírito Santo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Cerca de 90% da base industrial do Estado de São Paulo está localizada a

menos de 200 quilômetros do Porto de Santos.

O Complexo Portuário Santista responde por mais de um quarto da

movimentação da balança comercial brasileira e inclui na pauta de suas

principais cargas o açúcar, o complexo soja, cargas conteinerizadas, café,

milho, trigo, sal, polpa cítrica, suco de laranja, papel, automóveis, álcool e

outros granéis líquidos.

O Porto de Santos é um dos maiores e mais modernos da América Latina, sendo

que uma grande parcela do comércio exterior brasileiro o utiliza como corredor de

distribuição, sua movimentação de cargas é crescente e o volume de veículos que as

transportam, também.

2.4.1 Os Portos e os Resíduos Sólidos

Os portos estão inseridos na alínea "j", do inciso I, do Artigo 13 da Lei 12.305 que

trata de resíduos de serviços de transporte originários de portos e terminais alfandegários,

aeroportos, rodoviários e ferroviários e passagens de fronteira.

Assim, os terminais e outras instalações estão sujeitos à elaboração do plano de

gerenciamento de resíduo sólidos e sujeitos às sanções no caso de não tratarem os resíduos

da maneira correta.

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A CODESP, administradora do Porto de Santos, tem um núcleo ambiental lotado

na Superintendência de Saúde, Segurança e Meio Ambiente, com a função de

gerenciamento ambiental na área portuária sob sua jurisdição. Conta em seus quadros

operacionais e de gestão com biólogos, químicos, técnicos em meio ambiente,

oceanógrafo, além de profissionais terceirizados contratados pelo Porto.

Em levantamento efetuado por técnicos da CODESP e do CECAP10, no complexo

portuário em 2012, identificou-se a existência de 15 diferentes tipos de resíduos que

resultaram nos seguintes volumes totais:

Gerados pela CODESP:

-Orgânicos e recicláveis: 1.932 t

-Perigosos (óleo usado): 2.925 t

- Total: 4.857 t

Gerados pelas embarcações:

-Orgânicos e recicláveis (taifa): 1.952

-Perigosos (óleo usado): 75.623 t

-Total: 77.575 t

Gerados pelas arrendatárias:

-Orgânicos e recicláveis (diversos): 13.320 t

-Perigosos (diversos): 2.080 t

-Total: 15.400 t

TOTAL GERAL: 77.575 t

Segundo Grota (2006):

10 Centro de Ensino Capacitação e Aperfeiçoamento

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O lixo de varrição do cais público, ruas e roçada é terceirizado desde o

recolhimento até a destinação. Igualmente é terceirizada a coleta seletiva de

papel e copos plásticos. Há caixas coletoras de pilhas e baterias que são

enviadas a empresas recicladoras. A coleta seletiva de pneus e lâmpadas é feita

por empresa privada e é destinada a leilão. Promove-se novo projeto de coleta

seletiva com: novo levantamento de dados, novos orçamentos e treinamento e

conscientização. O lixo de ambulatório, no posto de saúde da prefeitura, tem

sua coleta terceirizada pela prefeitura e é incinerado em Mauá-SP. Sucatas de

guindastes, trilhos, barcaças são armazenadas temporariamente e destinadas a

leilão. Entulhos: telhas, paralelepípedos, madeira são igualmente leiloados.

Resíduos decorrentes de mitigações como óleo, graxa e produtos químicos em

geral são acondicionados em tambores metálicos devidamente rotulados e

armazenados para posterior destinação. Para os resíduos gerados por navios há

quinze empresas cadastradas para recolhimento e destinação final sendo

incinerados em fornos qualificados e autorizados. Processam-se ainda os

resíduos gerados pela taifa de navios de passageiros em redor de 203 toneladas

por ano, bem como dos cargueiros com 90 toneladas por ano. Os resíduos

gerados nos navios resultantes da manutenção, contaminados com óleo, as

embalagens, estopas, panos, trapos, papeis, papelão, serragem e uniformes

impregnados com óleos e graxas são acondicionados. Os resíduos oleosos

(mistura de água de condensação com óleo combustível) são retirados por

caminhão tanque ou embarcação. O órgão controlador, em ambos os casos é a

Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental – CETESB.

3. METODOLOGIA DA PESQUISA

Realizou-se uma pesquisa bibliográfica constituída por consulta a livros,

dissertações, teses, revistas científicas, sendo o acesso aos documentos obtidos por meio

de bancos de dados e em bibliotecas, com o objetivo de identificar quais os pontos a serem

abordados na elaboração de uma proposta de aplicação do conceito. Do ponto de vista

prático, optou-se pelo método do Estudo de Caso, por ser o mais adequado a este tipo de

pesquisa, aplicado a uma empresa operadora privada de terminal portuário.

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3.1 Os Pneus e o Meio Ambiente

A Reciclanip conceitua o pneu como um artefato inflável, constituído basicamente

por borracha e materiais de reforço utilizados para rodagem em veículos automotores e

bicicletas e, por isso, o tempo de decomposição do pneu na natureza é indeterminado,

podendo gerar diversos danos ao meio ambiente, além de ser local de criadouro de

mosquito da dengue, febre amarela e malária (www.reciclanip.com.br).

O pneu é um produto essencial à segurança dos usuários, garantindo melhor

desempenho, estabilidade e performance dos veículos. É fabricado para atender aos

hábitos de consumo, assim como às condições climáticas e às características do sistema

viário existentes em cada país. O peso de um pneu de automóvel varia entre 5,5 e 7,0 kg

e um pneu de caminhão pesa entre 55 e 80 kg. Contudo, seu material é de difícil

decomposição, de aproximadamente 600 anos, e não é biodegradável (ANDRIETTA,

2002).

Os pneus podem ser transformados em óleo, gás e enxofre. Além disso, os arames

que existem nos pneus radiais podem ser separados por meios magnéticos. Uma tonelada

de pneus rende cerca de 530 kg de óleo, 40 kg de gás, 300 kg de negro de fumo e 100 kg

de aço (AMBIENTE BRASIL, 2007).

Andrietta (2002) afirma que diversas outras formas de aproveitamento ou

reciclagem podem ainda ser destacadas:

Recauchutagem ou reforma: o pneu não deve apresentar cortes, deformações e

a banda de rodagem em condições que permitam sua aderência ao solo, para que se possa

realizar a reforma.

Recuperação: trituração dos pneus e moagem dos resíduos, reduzidos a um pó

fino. Os pneus recuperados são utilizados na mistura com asfalto para pavimentação e nas

fábricas de cimento.

Regeneração ou desvulcanização: a borracha é separada dos demais

componentes e desvulcanizada, passando por modificações que a torna mais plástica e

apta a receber nova vulcanização, sem as mesmas propriedades da borracha crua.

3.1.1 Pneus inservíveis

Os pneus usados, sem nenhuma possibilidade de reuso, ou seja, que não poderão

ser reutilizados na recauchutagem ou recapagem, classificados como pneus inservíveis,

são um problema de cunho internacional. O descarte de pneus inservíveis gera muitos

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problemas ao meio ambiente, sejam eles relacionados com saúde pública ou mesmo ao

seu volume em aterros sanitários.

De acordo com o engenheiro mecânico Carlos Lagarinhos (2011),

A disposição em aterros é inviável, porque são difíceis de comprimir, não sofrem

biodegradação e formam um resíduo volumoso, que ocupa muito espaço (...). Como se

não bastasse, os pneus podem reter ar e gases em seu interior, fazendo com que tendam a

subir para a superfície do aterro, rompendo a camada de cobertura. Com isso, os resíduos

ficam expostos, atraindo insetos, roedores e pássaros e permitindo que os gases escapem

para a atmosfera.

Acima de tudo, o descarte irregular de pneus, além das consequências já expostas,

pode se constituir em abrigo para vetores de diversas doenças. A sua queima contamina

o ar e o lençol freático e produz gases perigosos. Mas, todo esse passivo ambiental é

evitável, pois o pneu é 100% reciclável.

3.1.2 A Reciclanip

A Reciclanip foi criada em março de 2007 pelos fabricantes de pneus novos

Bridgestone, Goodyear, Michelin e Pirelli e, em 2010, a Continental juntou-se à entidade.

É uma associação sem fins lucrativos, com objetivo de recolher os pneus descartados,

criando um programa nacional de coleta de pneus inservíveis.

De acordo com informações cedidas pela Reciclanip:

No processo de coleta, a Reciclanip é responsável pelo transporte de

pneus a partir dos Pontos de Coleta até às empresas de trituração, quando

necessário, de onde os pneus serão encaminhados para destinação final.

No Brasil, uma das formas mais comuns de reaproveitamento dos pneus

inservíveis é como combustível alternativo para as indústrias de cimento.

Outros usos dos pneus são na fabricação de solados de sapatos, borrachas de

vedação, dutos pluviais, pisos para quadras poliesportivas, pisos industriais,

além de tapetes para automóveis. Mais recentemente, surgiram estudos para

utilização dos pneus inservíveis como componentes para a fabricação de manta

asfáltica e asfalto-borracha, processo que tem sido acompanhado e aprovado

pela indústria de pneumáticos.

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3.1.3 Logística Reversa de Pneus inservíveis

A Política Nacional de Resíduos Sólidos, instituída pela Lei 12.305, estabelece em

seu Artigo 33 que fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes são obrigados

a estruturar e implementar sistema de logística reversa, mediante retorno dos produtos

após o uso pelo consumidor para pneus e outros itens.

De acordo com o novo texto de Resolução nº 416/09 do Conama11, aprovado em

setembro de 2009, “para cada pneu novo comercializado para o mercado de reposição, as

empresas fabricantes ou importadoras deverão dar destinação adequada a um pneu

inservível”, excluindo-se dessa obrigação, os reformadores, pois estes já desenvolvem

atividades que contribuem para a preservação ambiental, tendo em vista que promovem

a extensão da vida útil de pneus usados.

Compreende o seu Artigo 8º que:

Os fabricantes e os importadores de pneus novos, de forma

compartilhada ou isoladamente, deverão implementar pontos de coleta de

pneus usados, podendo envolver os pontos de comercialização de pneus, os

municípios, borracheiros e outros.

O fluxo estabelecido pela legislação para o retorno dos pneus inservíveis seria o

consumidor efetuar a devolução dos pneus inservíveis para os comerciantes ou

distribuidores que por sua vez deverão encaminhá-los para os fabricantes ou importadores

e estes serão responsáveis pela destinação final ambientalmente adequada.

4. ESTUDO DE CASO: GESTÃO DOS RESÍDUOS DE PNEUS DE

CAMINHÕES, EMPILHADEIRAS E RTG12 DO GRUPO LIBRA NO PORTO DE

SANTOS

4.1 O Grupo Libra

Entre os anos de 1990 e 2000, o Grupo Libra participou e ganhou as licitações dos

Terminais 37, 35 e 33 do Porto de Santos, e o objeto dos editais de concorrência eram a

de movimentação e armazenagem de carga conteinerizada ou geral.

Nos referidos editais, além de delimitar as operações que a empresa deveria realizar,

11 Conselho Nacional de Meio Ambiente 12 Rubber Tired Gantry Cranes, em português, Guindastes Empilhador sobre Pneus.

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os preços cobrados, movimentação mínima e área a ser arrendada, a CODESP também

determinou que a empresa vencedora investisse na área com reformas e principalmente

na aquisição de modernos equipamentos para a movimentação das cargas.

Os principais equipamentos exigidos pela CODESP são os portêineres e

transtêineres, além de empilhadeiras de grande porte (reach stackers) e caminhões com

semirreboque adaptado para este tipo de operação.

4.1.1 Destinação de Pneus Inservíveis

Dentre os equipamentos elencados no parágrafo anterior, somente o portêiner não

utiliza pneus, já que sua movimentação é feita em cima de trilhos, instalados no costado

ao lado da área de acostamento das embarcações. O restante usa pneus de diversos

tamanhos e diâmetros, devendo o Grupo Libra, em consonância com seus princípios de

sustentabilidade e legislação aplicável, gerenciar e destinar corretamente os pneus

inservíveis.

Assim, para garantir que a reutilização ou a destinação final dos pneus dos

caminhões, transtêineres e empilhadeiras fossem feitas de forma padronizada e em

conformidade com a legislação ambiental vigente, o Grupo Libra confeccionou, através

do departamento de Segurança, Saúde e Meio Ambiente (SSMA), a Gestão dos Resíduos

de Pneus de Caminhões, Empilhadeiras e RTG.

No referido procedimento, a empresa define a sua aplicação, os departamentos

responsáveis e quais os pneus passíveis de reutilização ou destinação, bem como os

passos que devem ser seguidos para o descarte ou utilização correta.

As instruções da gestão iniciam no momento da manutenção dos equipamentos,

feitos pelo departamento de Manutenção e, ao constatar a necessidade de substituição dos

pneus, o setor deve definir se o pneu retirado do equipamento deve passar por algum

processo de recuperação (recapagem/recauchutagem), montagem de defensas para o

berço de atracação de navios, ou destinação final em empresas que realizam reciclagem

ou queima de resíduos de pneus (empresas conveniadas à Reciclanip).

Na Baixada Santista, a empresa AD Pneus é a empresa associada à Reciclanip e

cadastrada no IBAMA como ponto de coleta de pneus da região. Atualmente, é a empresa

contratada pelo Grupo Libra para a coleta interna e acondicionamento temporário dos

pneus inservíveis, sendo responsável pela emissão do certificado de destinação final do

resíduo.

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Internamente, há um colaborador responsável pela gestão dos pneus e ele deve

contatar o fornecedor para agendamento da retirada dos pneus. Além disso, deve

imediatamente elaborar a requisição de compra para a solicitação do serviço junto à área

de Suprimentos.

Ao ir retirar os pneus, a empresa contratada analisa e caracteriza se o pneu é

realmente inservível ou se é passível de reutilização.

No caso da reutilização, a empresa contratada encaminha para recuperação os pneus

que serão reutilizados nas defensas e registram essa recuperação em uma planilha

nomeada como Controle de Recuperação de Pneus. Então, a empresa contratada, ao

classificar o pneu como reutilizável, providencia o encaminhamento dos pneus para o

serviço de recuperação e acompanha o recebimento dos mesmos já prontos para o uso

como defensas. A planilha abaixo registra os dados para controle de recuperação de

pneus, controlada pelo SSMA:

Figura 1: Controle de Recuperação de Pneus.

Apenas os pneus inservíveis, provenientes de transtêineres e empilhadeiras de

grande porte, é que podem e devem ser utilizados como defensas13, diante da sua

dimensão e peso do navio que se apoiará na defensa no momento da atracação. Nesse

caso, o responsável pela gestão dos pneus deve, ao receber os pneus da empresa de

caracterização/recuperação, contatar a área de Manutenção Predial para que realizem o

13 É em náutica um objeto mole que se coloca ao longo do casco para proteger a embarcação de tocarem umas nas

outras ou no cais (WIKIPEDIA).

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armazenamento correto até o momento da montagem das defensas. Estas defensas são

gerenciadas pela planilha “Controle de envio dos pneus para defensa”, discriminada a

seguir:

Figura 2: Controle de Envio de Pneus para Defensa.

Para os pneus inservíveis, a empresa contratada para a recuperação e análise dos

pneus deve elaborar um laudo com os dados dos mesmos e o motivo da recusa, visto que

estas informações são utilizadas no processo de destinação final dos mesmos.

Para os pneus, recusados para recuperação e classificados como inservíveis, o

responsável pela gestão dos pneus deve realizar agendamento para a retirada sempre que

a quantidade padrão para armazenamento for atingida. Essa quantidade padrão é

controlada via planilha “Controle de Destinação de Pneus”:

Figura 3: Gestão de Pneus – Controle de Destinação de Pneus Inservíveis

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Esta planilha preenchida é encaminhada para a AD Pneus, e esta remete a proposta

comercial do serviço de retirada dos pneus.

O armazenamento dos pneus, no momento anterior da avaliação da empresa

contratada é a quantidade mínima para a retirada pela AD Pneus, sendo feito em local

específico, para tal identificado como “Armazenamento de pneus”. Com o objetivo de

manter a organização, controle de estoque e encaminhamento, o responsável pela gestão

dos pneus deve segregar os mesmos nos locais de armazenamento, conforme as seguintes

diretrizes:

4.1.2 Localização e diretrizes

Foto 1: Sala de armazenamento de pneus.

Foto 2: Pneus armazenados em prateleiras.

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Os pneus são segregados de acordo com a capacidade de armazenamento da sala,

portanto, segue identificação de suportes presentes no local, os quais seguem

identificados da seguinte maneira:

-5 suportes identificados como: pneus inservíveis Rodocarga (45 pneus);

-1 suporte identificado como: pneus inservíveis Cargolog (9 pneus);

-4 suportes identificados como: pneus para caracterização (36 pneus);

-1 suporte identificado como: pneus recapados (9 pneus);

-1 suporte identificado como: aros.

Não menos importante que o procedimento a ser seguido pelas áreas diretamente

envolvidas, o Grupo Libra possui princípios de relacionamento e sustentabilidade que

colocam no dia-a-dia do colaborador a sensação de corresponsabilidade pela proteção ao

meio ambiente e segurança no trabalho.

Com isso, todos os colaboradores são fiscais dos procedimentos que a empresa deve

seguir e os procedimentos são publicados via e-mail e intranet. Portanto, todos são fiscais

e conhecedores de como proceder.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Política Nacional de Resíduos Sólidos instituída pela Lei 12.305/2010 e

regulamentada pelo Decreto Lei 7.404/2010, teve como base o Projeto de Lei 203 de

1991, cujas tratativas pelo Congresso se iniciaram em 2001. Em vigor desde agosto de

2010, ela complementa, retifica, ratifica e substitui dezenas de leis, e resoluções de órgãos

ambientais, cujas práticas não se consagraram de forma eficiente e eficaz quer pela falta

de fiscalização, instrumentos de incentivos ou sanções eficazes. Considerada por

especialistas da área ambiental como moderna, ela já apresenta alguns sinais de alerta

quanto ao cumprimento de metas inseridas em seu texto, tais como: em agosto de 2012

venceu o prazo para implementação dos Planos Municipais de Gestão Integrada de

Resíduos Sólidos, um dos pilares da Política Nacional de Resíduos Sólidos, face à

competência atribuída aos Municípios para gerenciar fiscalizar e estabelecer parcerias

para o cumprimento de objetivos e metas, relativo aos resíduos gerados em suas

respectivas áreas; não há dados de quantos Municípios já implementaram os planos e

qual a sua qualidade, já que a exigência de comprovação é quanto à solicitação de

financiamento com verbas federais através dos agentes repassadores desses recursos.

No que se refere ao Porto de Santos, o fechamento em 23 de outubro de 2013 de

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uma empresa clandestina na Praia Grande/SP, que fazia a reciclagem de óleo usado,

adquiridos dos navios no Porto, denota a existência de falha grave na fiscalização e

controle por parte da CODESP e CETESB, que se esquivam de sua responsabilidade

solidária definida na Lei de Resíduos Sólidos e nos próprios procedimentos estabelecidos

pela CODESP.

Ou seja, apesar de na atualidade o Brasil possuir uma legislação concentrada,

límpida em suas definições e já em vigor, ela ainda está distante da realidade do cotidiano

do Porto de Santos e de todos da cadeia de responsabilidade pela destinação correta do

resíduo sólido.

Desta forma percebe-se, que a minimização do descarte de pneus inservíveis requer

uma significativa mudança de comportamento, tanto em relação ao processo industrial

como também em relação ao consumidor, associada a um plano de gerenciamento

ambientalmente adequado. Por outro lado, observa-se que o conhecimento das pessoas

sobre o impacto ambiental causado por esse tipo de material ainda é muito pequeno.

O plano de gestão dos pneus gerados na operação do Grupo Libra infelizmente é

uma exceção de logística reversa no Porto de Santos, que não iniciou as tratativas e

planejamentos para a implementação de ações conjuntas e eficazes.

Finalmente, este estudo delimita um marco referencial para futuras pesquisas que

poderão analisar os procedimentos da legislação aplicados e confrontar os resultados com

aqueles discriminados ao longo deste trabalho, dado a vigência da lei não ter atingido

ainda o seu primeiro quinquênio.

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Recebido em 10/03/2013

Aceito em 11/08/2014

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ANÁLISES CRÍTICA E COMPARATIVA DE UMA MARCA COSMÉTICA

COM APELO ANTIENVELHECIMENTO

CRITICAL AND COMPARATIVE ANALYSIS OF AGING COSMETIC

Daiane Maria da Silva Andrade1

Célio Takashi Higuchi2

RESUMO

A pele é o maior órgão do corpo humano e apresenta várias funções. Com o

envelhecimento, o tecido perde a elasticidade, a capacidade de regular as trocas gasosas

e, dessa forma afeta a replicação do tecido, tornando-se menos eficiente. Devido a isto

existe uma constante busca em relação a produtos que valorizam a beleza e a mantenha

jovem por mais tempo. Com isso há empresas no mercado cosmético investindo cada vez

mais em formulações antienvelhecimento, com o objetivo de devolver a integridade

funcional da pele e melhorar aparência física. A proposta do trabalho foi selecionar uma

linha de produtos de mesma marca que atende diferentes idades com apelo

antienvelhecimento e posteriormente discutir e avaliar criticamente de forma comparativa

esta linha de produtos baseada na composição cosmética. Conclui-se que as substâncias

presentes nos produtos cosméticos com apelo antienvelhecimento atende para diferentes

idades e, além disso, os ativos se repetem em várias composições, pela análise dos ativos,

eles cumprem com o papel de prevenção e melhora do envelhecimento cutâneo e, por fim,

com o crescimento do mercado cosmético em relação ao envelhecimento, pode se

assegurar que existem produtos que realmente prometem uma renovação na pele e

tornando o público alvo mais jovem.

Palavras-chave: antienvelhecimento, envelhecimento cutâneo, hidratação.

1 Especialista em Cosmetologia Aplicada à Estética, Senac, SP, esteticista pelo Senac, SP; 2 Mestre e farmacêutico pela UNESP, Araraquara, e pesquisador responsável pela linha de pesquisa “Cosméticos

Sustentáveis”, Senac, SP. E-mail: [email protected].

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ABSTRACT

The skin is the largest organ of the human body and execute many functions. With

aging the tissue loses its elasticity the ability to regulate the exchanges gas and there by

affect the replication of fabric, it is making it less efficient. Because of this there is a

constant search for products who value beauty and keep young longer. With that there are

companies in the cosmetic market increasingly investing in anti-aging formulations with

the goal of restoring functional integrity of the skin and improve physical appearance.

The purpose was to select a line of products of the same brand that caters different ages

with antiaging appeal and subsequently discuss and critically evaluate the comparative

form this line of products based on the cosmetic composition. It follows that the

substances in cosmetic appeal with aging serves for different ages and moreover the active

recur in various compositions for the analysis of active, they fulfill the role of prevention

and improvement of skin aging. Finally with the growth of the cosmetic market in relation

to aging can ensure that there are products that actually promise a renewal in the skin and

making the younger audience.

Keywords: anti-aging, skin aging, hydration.

1. INTRODUÇÃO

A pele é o maior órgão do corpo humano e apresenta funções de proteção, nutrição,

pigmentação, queratogenese, termorregulação, transpiração, perspiração, defesa,

metabolismo de vitamina D e também desempenha proteção natural contra as radiações

da luz ultravioleta com o intuito de proteger o organismo de seus efeitos nocivos, além

disso, cumpre com funções estéticas e sensoriais (HARRIS, 2011; BATISTELA et al,

2007, MACEDO, 2001).

A ciência está constantemente descobrindo os segredos da fisiologia da pele e esse

conhecimento por sua vez, aumenta a compreensão dos processos fisiopatológicos da pele

e de seu processo de envelhecimento (MICHALUN et al, 2010).

Com o envelhecimento, o tecido perde a elasticidade, a capacidade de regular as

trocas gasosas e, dessa forma afeta a replicação do tecido, tornando-se menos eficiente

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(HIRATA, 2004). Há uma diminuição na expressão de proteínas que degradam o

colágeno da matriz, comprometendo-se ainda mais essa estrutura (HARRIS, 2011). Esse

processo ocorre após um número determinado de multiplicações e se caracteriza por perda

da capacidade de divisão (CANO, 2006). Devido a reação de diversos fatores como, por

exemplo, genético ou biológico (TEIXEIRA et al,2010), se caracteriza por alterações

celulares e moleculares, com diminuição progressiva da capacidade de homeostase do

organismo, levando a senescência e morte celular programada (BAGATIN, 2008).

Além disso, o fumo causa aumento da agregação plaquetária, diminuição da

formação de prostaciclinas, aumento da viscosidade sanguínea e da atividade plasmática

da elastase, comprometendo também as lesões de fibras elásticas e diminuindo a síntese

de colágeno. A atividade da elastase quando aumentada causa formação defeituosa da

elastina, tornando a pele mais espessa e fragmentada (SUEHARA et al, 2006).

A luz solar também acomete um efeito acumulativo sobre a pele

(fotoenvelhecimento) que ocorre ao longo da vida de cada indivíduo e afeta diretamente

a atividade pigmentaria cutânea. A radiação penetra na pele e devido seu comprimento

de onda age de formas diferentes nas camadas ou estruturas da pele. A radiação de ondas

curtas (UVB) atinge a epiderme afetando os queratinócitos e a de ondas longas (UVA)

atinge as mesmas células da epiderme e dos fibroblastos da derme (MONTAGNER et

al,2009).

Radicais livres são moléculas que possuem um elétron desemparelhado em sua

orbita externa e que geralmente se deriva do oxigênio (GAVA et al, 2005). Essa situação

implica em alta instabilidade energética e cinética, e para se manterem instáveis precisam

doar ou retirar um elétron de outra molécula (HIRATA et al, 2004).

De acordo com o Cano (2006), o estresse oxidativo decorre de um desequilíbrio

entre a geração de compostos oxidativos e também a atuação dos sistemas de defesa

antioxidante (BARBOSA et al, 2010).

Os radicais livres atuam no processo de envelhecimento, pois atingem direta e

constantemente células e tecidos, os quais possuem ação acumulativa (ZANONI, 2005).

Em condições normais, a principal via de produção de radicais livres nas células ocorre

através da atividade respiratória que se localiza nas matrizes mitocôndrias. O

encurtamento dos telômeros se baseia no fato de que a cada divisão celular ocorre uma

diminuição das extremidades dos cromossomos e, desse modo, ocorre o encurtamento

progressivo dos cromossomos, causando a inviabilidade reprodutiva das células e o

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envelhecimento celular. O encurtamento dos telômeros é uma consequência da formação

de quebras das extremidades da cadeia do DNA (HARRIS, 2011).

Em função de uma diversidade de grupos étnicos o mercado brasileiro de cosmético

está em constante aperfeiçoamento para oferecer produtos que se adeque a cada tipo de

pele. Esse público está cada vez mais consciente de seu potencial e procuram produtos

que valorizem a sua beleza natural. Devido as diversidades, o tipo de pele pode interferir

no envelhecimento cutâneo, tornando precoce ou tardio. A principal diferencia entre as

peles e a pigmentação, está relacionado com o número de melanócitos e os melanossomas

- grânulos localizados dentro das células e formados essencialmente por melanina.

Devido a isto existe uma constante busca em relação a produtos que valorizam a

beleza e a mantenha jovem por mais tempo. Com isso há empresas no mercado cosmético

investindo cada vez mais em formulações antienvelhecimento, com o objetivo de

devolver a integridade funcional da pele e melhorar aparência física (BATISTELA et al,

2007).

Com isso, as indústrias cosméticas investem em ativos que prometem restabelecer

a integridade da pele, através de cremes, sérum ou fluídos, atendendo assim a cada tipo

de pele. Diversas marcas cosméticas nacionais e internacionais oferecem produtos para

cada tipo de pele e idade com ação e apelo para diminuir a formação de rugas, devolver

o tônus da pele e, por fim, prevenir, diminuir ou atenuar as linhas de expressão.

Com este intuito, o trabalho tem como enfoque selecionar uma marca cosmética e

avaliar criticamente a composição cosmética com apelo antienvelhecimento.

2. OBJETIVOS GERAIS

- Selecionar uma linha de produtos de mesma marca que atende diferentes idades

com apelo antienvelhecimento;

- Discutir e avaliar criticamente de forma comparativa esta linha de produtos

baseada na composição cosmética.

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3. REVISÃO DE LITERATURA

Segundo dados do IBGE a população idosa que era de 2 milhões em 1950, chegou

a 14 milhões em 2003, a expectativa de vida dos brasileiros tem aumentado nas últimas

décadas segundo uma projeção feita pela ONU que diz que em 2050 os idosos

representaram 20% da população brasileira.

Dados apontam também que a 3° idade tem como estímulo de compra a localização

e o preço dos produtos e 51% dos seus gastos são destinados a produtos de beleza. O

mercado brasileiro de cosméticos é o segundo maior do mundo com um faturamento

líquido de R$ 21,7 bilhões.

Segundo publicação do Sebrae em relação ao Euromonitor que analisa o mercado,

afirma que com o aumento da riqueza global implica em consumos mais diversificados e

maior intensificação no mercado internacional. Sendo assim, há a necessidade de

elaboração de produtos específicos para diferentes faixas etárias, em função do aumento

da expectativa de vida.

Há no mercado atualmente diversas marcas com apelo antienvelhecimento tais

como: Avon, Natura, L´Oreal, Boticário, La Roche Posay, Vichy, Dermage, Shiseido,

Veer, Dior, Adcos, Bio Age, Imedeen entre outras.

Entre as marcas disponíveis no mercado foi selecionada uma a qual atendesse

diferentes idades e utiliza os seguintes ativos para prevenir o envelhecimento.

3.1. DESCRIÇÃO DE ATIVOS

3.1.1. Elastinol+R

Marca Natura/Galeno

Em 2000, foi desenvolvido, por processo biotecnológico, o primeiro ativo desta

linha, que contem L-fucose e atua na comunicação celular e regulando a produção de

elastina. Como resultado de pesquisa sobre efeitos de outro fração polissacarídica rica em

L-rhamnose chegou em 2003 um segundo ativo, uma combinação de polissacarídeos ricos

tanto com L-fucose como L-rnhamnose.

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Essa combinação age na derme e na epiderme, promovendo redensificação dessas

camadas através do estímulo da proliferação celular e da síntese de moléculas da matriz

extracelular e outros efeitos concomitantes que levam a uma ação antienvelhecimento

mais íntegra.

O Elastinol+R é a terceira geração de ativos desta linha. Possui uma nova

combinação das frações polissacarídicas ricas em L-fucose (FROPs), L- rhamnose

(RROPs) com maior concentração das frações ricas em L-rhamnose. Esse diferencial lhe

confere ação reepitelizante da pele, em função da intensa proliferação celular dérmica e

na síntese de macromoléculas da MEC. É recomendável para produtos destinados ao

tratamento do envelhecimento cutâneo e convém mantê-lo em temperaturas inferiores a

40°C. Usado em cremes, loções e géis para face, corpo e mãos. O pH de estabilidade varia

entre 5,5 e 6,5. Utilizado em concentração de 1,0 a 5,0% (SOUZA et al, 2009).

3.1.2. Manteiga de cupuaçu

INCI: Theobroma grandiflorum seed butter

Ativo repositor da barreira lipídica da pele, que minimiza o ressecamento e a

desidratação. Proporciona toque sedoso e não oleoso. Possui poder de absorção de UVB

e UVC e alta capacidade de absorção de água. Contém fitoesterois (a), beta-sitosterol (b),

estigmasterol (c) e campesterol (d). Utilizado na concentração de 4 a 10% em cremes,

loções, sabonetes, batons, desodorantes e em xampus de 0,5 a 1% (SOUZA et al, 2009).

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Figura A: Estruturas moleculares de fitoesterois Figura B: Estrutura molecular de beta-sitosterol

Figura C: Estrutura molecular de estigmasterol Figura D: Estrutura molecular de campesterol

3.1.3. Vitamina E

INCI: tocopheryl acetate

A vitamina E é considerada uma substância lipossolúvel desempenhando ações

antiradicalar e hidratante. É usado em preparações com papéis de emulsões cremosas e

géis em produtos para as áreas dos olhos, produtos corporais e faciais.

Recomenda - se adicionar 1% na base estoque como agente antioxidante. Utilizado

em concentrações de 0,1 a 5,0%(SOUZA et al, 2009).

Figura E: Estrutura molecular da vitamina E

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3.1.4. Alfa bisabolol

INCI: bisabolol

Substância de origem botânica usada por suas propriedades anti-inflamatórias. É

derivada da camomila e/ou do milfólio (MICHALUN & MICHALUN, 2010).

Figura F: Estrutura molecular da alfa-bisabolol

3.1.5. Isoflavona de soja

INCI: Soy isoflavones

Os isoflavonoides tem demonstrado propriedades antioxidantes através da proteção

de UV, e alguns talvez sejam imunoprotetores.

Estudos clínicos indicam uma aplicação antienvelhecimento dada a sua capacidade

de inibir processos químicos que levam a degradação do colágeno na pele (MICHALUN

et al, 2010).

Figura G: Estrutura molecular geral da isoflavona da soja

3.1.6. Flavonoides

INCI: Bioflavonoids

Possuem atividades anti-inflamatória, antialergênica, antiviral, antienvelhecimento

e anticarcinogênica. A finalidade de uso para tratamento contra envelhecimento cutâneo,

pode estar condicionada a melhorada condição do colágeno em menor grau, contribuindo

no resultado quanto a elasticidade, aspereza e hidratação da pele. São encontrados em

amoras, framboesas, morangos, frutas cítricas, cacau, chá verde, salsa, vinho tinto e na

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soja (MICHALUN et al, 2010).

Figura H: Estrutura molecular geral de flavonoides

3.1.7. Café

INCI: Coffea robusta seed extract

O café também é conhecido como extrato de coffeberry. Ele desempenha ação

antioxidante poderosa com propriedades antienvelhecimento e de clareamento da pele. O

extrato é obtido do fruto inteiro, e não só da semente ou grãos (MICHALUN et al, 2010).

Figura I: Estrutura molecular da cafeína

3.1.8. Licopeno

INCI: Lycopene

O licopeno é um carotenóide sem a atividade pró-vitamina A, lipossolúvel,

composto por onze ligações conjugadas e duas ligações duplas não conjugadas. O

licopeno é obtido através de fontes de carotenoide. Ele possui a maior capacidade

sequestrante do oxigênio singlete, possivelmente devido à presença das duas ligações

duplas não conjugadas, o que lhe oferece maior reatividade (SHAMI et al, 2004).

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Figura J: Estrutura molecular geral do licopeno

3.1.9. Spilol

INCI: Spilanthes oleracea

O jambu é uma Asteraceae nativa da região da Amazônia. É uma hortaliça

herbácea, perene, semi-ereta e de ramos decumbentes. As inflorescências são pequenas e

amareladas, dispostas em capítulos. Suas propriedades são atribuídas principalmente ao

Espilantol, que é anestésico e age sobre as microtensões da pele. É utilizada como matéria

prima para cosméticos com ação anti-rugas (MARTINS et al, 2012).

Figura K: Estrutura molecular do Spilanthes oleracea

3.1.10. Ceramidas de Maracujá

INCI: Ceramides (N-stearoyl-phytosphingosine)

As ceramidas promovem a reparação do estrato córneo principalmente em pele

seca, contribuindo na melhora da hidratação e aumenta a sensação de maciez. São

benéficas para peles sensíveis, escamosas, ásperas, secas, envelhecidas e danificadas pelo

sol (MICHALUN et al, 2010).

3.1.11. HydraPro®

Hydra por seu potencial hidratante 2 vezes maior e Pro® pelos benefícios e

resultados comprovados de melhoria na hidratação, nos sinais de envelhecimento, por

maior firmeza e mais proteção.

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3.1.12. CAO

É a sigla para Complexo Antioxidante, uma mistura de ativos antioxidantes que

atua em sinergia para conferir à pele maior proteção contra os efeitos nocivos dos radicais

livres e, portanto, prevenir o envelhecimento precoce. O CAO desenvolvido pela Natura

contém vitamina E, licopeno e extrato de café.

3.1.13. Dermoglicideo

São oligossacarídeos (açúcares) de origem vegetal, obtidos pela Natura por um

processo biotecnológico desenvolvido em parceria com o fornecedor Solabiá, na França.

Sua principal função é impedir o processo de glicação, que prejudica as fibras de

sustentação da pele.

3.1.14. Extrato de Castanha

A castanha portuguesa é uma árvore de porte médio que produz ouriços dos quais

se retiram as castanhas. O extrato obtido a partir delas é rico em açúcares e ácido urônico,

que reduzem a ação das enzimas que promovem a descamação da pele. Assim, melhoram

a manutenção da barreira cutânea.

3.1.15. PCA de Zinco

Complexo antioleosidade em geral presente em cosméticos antibrilho para pele

oleosa e mista

4. BASES COSMÉTICAS

Os ativos presentes nos produtos cosméticos penetram por vias de dois canais

principais: o canal extracelular e o canal intercelular. A velocidade de penetração depende

do tamanho das moléculas, da integridade e saúde da pele. A camada córnea é a primeira

barreira contra a penetração de ativos. A segunda barreira é a junção epidérmico dermal

ou membrana basal. Estruturalmente a pele absorve, essa absorção ocorre através dos

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poros pilossebáceos, ductos das glândulas sudoríparas, canais intercelulares que mantem

as células justapostas (MICHAULIN et al, 2010).

Devido a esse mecanismo de penetração da pele é necessário a escolha adequada

da base, para se obter uma penetração e ação dos ativos utilizados, satisfatória.

Segue-se abaixo alguns exemplos de bases cosméticas:

DOW CORNING 4002 CL BASIS

Nome INCI: Cyclopentasiloxano (and) dimethicone (and) crosspolymer (and)

dimethicone (and) laureth -23 (and) laureth 4(and) acrylate polymer (and) mineral oil

(and) Water

Composto sólido, branco, com densidade 0,9573, viscosidade maior que 1,700,000

cP e aparência de gel que permite formular produtos para cuidados facial e corporal

apenas com aplicação de água e ativos. Devido a sua permeabilidade ao vapor de água,

permite que a pele respire normalmente. Prove película protetora resistente à água,

garantindo que o ativo fique em contato com a pele por mais tempo.

Possui um sensorial leve e sedoso. Contem agentes sequestrantes e antioxidante.

Usado em hidratantes, produtos antienvelhecimento, clareadores e protetores solares para

todos os tipos de pele (SOUZA et al, 2009).

Características

Forma de aplicação: creme e loção

Basic %: creme 50% e loção de 30 a 40%

Água: creme 50% e loção 60 ou 70%.

HOSTACERIN CG (Clariant)

Base auto emulsionante aniônica, composta de agentes de consistência, emolientes

e emulsionantes como o fosfato de triceteareth 4. Possui o éster fosfórico em sua

formulação que apresenta afinidade com os fosfolipídeos encontrados na pele o que

facilita a absorção das formulações e otimizando a penetração dos princípios ativos

incorporados nas emulsões. Apresenta boa espalhabilidade e não deixa na pele a sensação

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untuosa. Compatível com pigmentos, filtros solares, hidroquinonas, ácidos glicólicos,

PABC hidratantes e ureia.

Usado no preparo de veículos para incorporação de ativos diversos, emulsões,

antienvelhecimento. Concentração permitida de 4 a 15% podendo estes valores ser

alterados em função da consistência desejado. Temperatura entre 85°C a 90°C (SOUZA

et al, 2009).

DEG BASE LOÇÃO CR2

Base pronta de loção CR2 para adição de ativos.

Cera auto emulsionante não iônico (CRODA BASE CR2), proprilenoglicol,

parabenos, imidazolidiniluréia, BHT, EDTA tetrassódico, ciclometicone (e) dimethicone

crosspolímero e água deionizada.

São formulados com ingredientes tradicionais, amplamente conhecidos e são

compatíveis com a imensa maioria das substâncias usadas na manipulação.

Características:

Forma farmacêutica loção

Carga não iônica

pH da base 6,00 a 8,00

Compatibilidade

Ideal para incorporação de hidratantes, regeneradores, alfa e beta – hidroxiácidos,

anti-inflamatórios, adstringentes, calmante, cicatrizantes, esfoliantes, antimicrobianos,

lipossomas etc.

Aplicações

Loções farmacêuticas diversas

Loções para cuidados com a pele

Produtos infantis

Bronzeadores

Formulações vaginais

Loções para massagem

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Informações farmacotécnicas

Concentração de uso: qsp 100%

DEG BASE CREME LANETTE

Creme base aniônico

Ceras auto emulsionantes propilenoglicol, triglicérides do ácido láprico, metil

parabenos, imidazolidinil uréia, dimethicone, BHT, EDTA dissódico e água deionizada.

Apresenta na composição álcoois graxos superiores e alquil sulfato, hidratantes e

emolientes, de baixa oleosidade, de toque suave a alta resistência aos princípios ativos

que requerem veículos com este caráter. É compatível com todos os cosméticos e

farmacêuticos que toleram emulsões aniônicas.

Especificações

Aspecto creme sólido

Cor branco leitoso

Odor suave

pH 5,50 a 7,00

Os cosméticos podem ter as seguintes características:

Cremes: são emulsões O/A ou A/O de alta viscosidade e constituídas de uma fase aquosa

e uma fase oleosa líquida que foram homogeneizadas através da utilização de um terceiro

componente que possui afinidade por ambas as fases (tensoativo).

Loções: são emulsões O/A ou A/O de média a baixa viscosidade e constituídas de uma

fase aquosa e uma fase oleosa que foram homogeneizadas através da utilização de um

terceiro componente com afinidade por essas fases (tensoativo) ou através de um solvente

que geralmente é alcoólico.

Géis: são soluções coloidais ou suspensões de substâncias insolúveis em água, mas

hidratáveis. Podem ser transparentes ou opacos. Quanto menores os tamanhos das

partículas, mais transparentes são as soluções aquosas (PEDRO, 2014).

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Adquirindo conhecimento sobre bases cosméticas, é possível orientar de uma forma

melhor os clientes. Quando é referido que uma pele envelhecida inerentemente se trata

em primeiro momento uma pele desidratada, com perda significativa de colágeno e

elastina, acometendo contorno facial e alterando os efeitos hormonais contribuindo na

modificação do funcionamento das glândulas sebáceas e sudoríparas. Em função disso, é

comum encontrar pele desidratada, como também pele extremamente oleosa.

A escolha da base ideal auxilia no controle dessas alterações proporcionando

resultados satisfatórios.

5. METODOLOGIA PROPOSTA

Por meio da composição cosmética da linha de produtos de mesma marca

selecionada foi estudada a natureza dos ativos cosméticos e funções que os desempenham.

De forma entender suas funções foram pesquisadas os seguintes itens:

INCI Estrutura

Molecular Ação cosmética

CAO N.E

Proteger o organismo dos danos causados

pelos radicais livres devido a exposição excessiva

aos raios ultra violeta.

Elastinol+R N.E

Proteger o organismo dos danos causados

pelos radicais livres devido à exposição excessiva

aos raios ultravioleta, preservando as fibras de

colágeno e elastina presentes na derme, evitando o

envelhecimento precoce.

Flavonoides de Passiflora H

Melhorar a condição do colágeno,

contribuindo na melhora da elasticidade, aspereza e

a hidratação da pele.

Hydra Pro N.E Hidratar.

Spilol K Descontrair as microtensões da pele,

combatendo as rugas de expressão.

Isoflavonas da Soja G Proteger contra a agressão da UV.

Dermoglicideo N.E Impedir o processo de glicação.

Castanha N.E Preservar a barreira cutânea.

PCA de Cálcio N.E Recuperar a pele e ameniza os danos

causados com o passar os anos

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TABELA 1: Descrição de Ativos, conforme sua estrutura molecular e ação cosmética.

Legenda: N.E.: não encontrado.

Posteriormente, foi discutida e avaliada criticamente de forma comparativa esta

linha de produtos baseada na composição cosmética relacionado aos ativos e suas bases.

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com as explicações detalhadas dos ativos cosméticos segue-se na

próxima página, uma tabela comparativa de ativos cosméticos presentes nos

produtos25+,30+, 40+, 60+ e 70+.

Nota-se que é possível identificar a semelhança de ativos de cada faixa etária. Nos

produtos 25+,30+, 40+ e 60+ estão presentes os ativos CAO e Elastinol+R. Esses dois

ativos tem como função proteger o organismo dos danos causados pelos radicais livres

devido a exposição excessiva aos raios UV, preservando as fibras de colágeno e elastina

presentes na derme, evitando o envelhecimento precoce.

Alfa bisabolol F Clarear a pele e efeito antioxidante

Ceramidas de maracujá N.E Melhorar a hidratação e aumenta a sensação

de maciez

Lycopene J Efeito antioxidante

Coffea robusta I Efeito antioxidante

Tocopheryl Acetate E Efeito antioxidante

Theobroma grandiflorum Seed

Butter A, B, C, D Minimizar o ressecamento e a desidratação

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PRODUTOS ATIVOS COSMETICOS

25+

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CA

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30+

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cuja

70+

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olo

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e

Cálc

io

TABELA 2: explicação detalhada da relação de ativos cosméticos presentes nos

produtos 25+,30+, 40+, 60+ e 70+.

Em outro momento, o flavonoide de Passiflora se repete nas faixas etárias de 25+

a 30+ desempenhando a ação de melhorar a condição do colágeno, a elasticidade,

aspereza e a hidratação da pele.

Dos 30+ ao 60+ está presente o ativo dermoglicideoo qual desempenha função de

impedir o processo de glicação evitando que as fibras de elastina sejam prejudicadas.

Nota se que no 30+ e 40+ tem em comum o ativo spilol com a função de relaxar as

microtensões da pele, combatendo as rugas de expressão e a Proteína da Soja que tem

demonstrado propriedades antioxidantes através da proteção de UV, alguns talvez sejam

imunoprotetores. Estudos clínicos indicam uma aplicação antienvelhecimento dada a sua

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capacidade de inibir processos químicos que levam a degradação do colágeno na pele.

O Hydra Pro está presente nos 30+, 40+, 60+ e 70+ o qual hidrata 2 vezes mais,

ameniza sinais do envelhecimento, proporciona maior firmeza e proteção a pele. Dos 40+

ao 60+ há em comum o extrato da castanha que ajuda a manter a barreira cutânea.

As ceramidas de maracujá no 60+ age principalmente na camada superior da pele,

formando uma barreira protetora e reduzindo a perda transdérmica de água. As ceramidas

promovem a reparação do estrato córneo em casos e pele seca, melhora a hidratação e

aumenta a sensação de maciez. São benéficas para peles sensíveis, escamosas, ásperas,

secas, envelhecidas e danificadas pelo sol.

O PCA de Cálcio e o Alfa bisabolol no 70+ tem como principal função restabelecer

as funções da pele perdidas durantes os anos.

É possível uma pessoa de 25 anos usar um produto para uma pele 60+?

Seria uma atitude incorreta já que a pele de 25 não possui as mesma necessidade da

pele de 60, ao utilizar um produto cosmético inadequadamente pode ocasionar reações

alérgicas e até lesões na pele. Uma pele de 25 anos necessita apenas de hidratação e

proteção já que na maioria dos casos ainda não tem o aparecimento de rugas, quando

falamos de uma pele a partir de 35 anos, já se pode perceber uma leve perda do contorno

fácil, rugas finas, sulcos mais definidos etc. devido a isso o mercado cosmético criou um

produto para cada tipo de pele para atender as necessidades ideais da sua pele.

7. CONCLUSÃO

- As substâncias presentes nos produtos cosméticos com apelo antienvelhecimento

atende para diferentes idades e, além disso, os ativos se repetem em várias composições;

- Pela análise dos ativos, eles cumprem com o papel de prevenção e melhora do

envelhecimento cutâneo;

- Com o crescimento do mercado cosmético em relação ao envelhecimento, pode

se assegurar que existem produtos que realmente prometem uma renovação na pele e

tornando o público alvo mais jovem.

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8. REFERÊNCIAS

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AVALIAÇÃO DE DEGRADABILIDADE DE EMBALAGENS PLÁSTICAS

UTILIZADAS NO ACONDICIONAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

URBANOS

DEGRADABILITY ASSESSMENT OF PLASTIC PACKAGING USED IN

PACKAGING OF MUNICIPAL SOLIDS WASTES

Fabiana Alves Fiore Pinto1

Emília Satoshi Miyamaru2

Maíra Alonso Klaussner3

Camilla Raucci4

RESUMO

Considerando a falta de informações sobre a degradabilidade, em aterros

brasileiros, dos polímeros utilizados para o acondicionamento de resíduos sólidos

urbanos, o presente trabalho tem por objetivo verificar a degradação comparativa de sacos

plásticos oxi-biodegradáveis, sacos plásticos comuns e sacolas plásticas concedidas em

supermercado para transporte de produtos, em diferentes condições de aterramento.

Foram utilizados cinco reatores experimentais construidos com tubos de PVC e estudou-

se a influência de variáveis tais como: temperatura, recirculação de chorume e

recirculação de água de chuva. Ao final de 24 semanas observou-se que as sacolas

plásticas distribuídas pelos supermercados foram as que obtiveram maior degradação,

seguida das embalagens oxi-biodegradável e comum. Verificou-se que as embalagens

plásticas confinadas nas células inferiores obtiveram maior degradabilidade em relação

às células superiores, mostrando que, mesmo que pequena, a pressão realizada pelo peso

1 Doutora em Saneamento e Meio Ambiente - FEC/UNICAMP. Pesquisadora e professora do Centro Universitário

Senac/SP.

Endereço: Av. Engenheiro Eusébio Stevaux, 823, Santo Amaro, CEP: 04696-000, São Paulo, Brasil. Tel: (11) 5682-

7530. E-mail: [email protected] 2 Doutora em Ciências pela Universidade de São Paulo – USP/IPEN. Pesquisadora e professora do Centro

Universitário Senac e do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares. 3 Engenheira Ambiental do Centro Universitário Senac/SP. 4 Engenheira Ambiental do Centro Universitário Senac/SP.

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da massa influencia na degradação do polímero.

Palavras Chave: degradabilidade de polímeros, embalagens oxi-biodegradáveis, sacolas

plásticas, chorume.

ABSTRACT

Considering the lack of information on the degradation of polymers for packaging

in MSW landfills in Brazil, the aim of present work was to analyze the objective

comparative degradation of oxy-biodegradable plastic bags, plastic bags and plastic bags

common at supermarket granted to transport products in different conditions. The study

was conducted using five experimental reactors built with PVC pipes and studied the

influence variables such as temperature, leachate recirculation and recirculation of

rainwater. At the end of 24 weeks was observed that supermarkets that had higher

degradation, followed by oxy-biodegradable packaging and common, distributed plastic

bags. The study showed that the lower cells that contained plastic bags had higher

degradability if compared to higher cells, showing that even small pressure accomplished

by weight of the dough influence on polymer degradation.

Keywords: degradability plastic, bags oxy-biodegradable, plastic bags, manure.

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INTRODUÇÃO

Segundo a Política Nacional Brasileira de Resíduos Sólidos – PNRS (2010), a única

atividade de manejo dos resíduos sólidos urbanos atribuída ao gerador é o seu

acondicionamento. No Brasil, as embalagens plásticas, introduzidas no mercado na

década de 1970, são utilizadas em larga escala para o acondicionamento dos RSU, quer

seja por que estas garantem as condições adequadas para as demais atividades de manejo

ou pela existência de normas técnicas específicas para a sua fabricação (BRASIL, 2010).

As embalagens plásticas comumente utilizadas pela população brasileira para o

acondicionamento de seus RSU são os sacos comuns e oxi-biodegradáveis, fabricados

especificamente para esta função5, ou as sacolas concedidas em supermercados para o

transporte de produtos. Juntamente com o aumento de geração de resíduos sólidos,

ocorreu acréscimo de geração de sacolas plásticas. Mesmo não sendo o maior fator de

poluição do meio ambiente, as sacolas geram um alto custo para o meio ambiente,

primeiramente por serem produzidas a partir de recursos naturais não renováveis

(petróleo), por emitirem gases tóxicos e de efeito estufa e finalmente por serem na maioria

das vezes descartadas de maneiras inadequadas. (MMA, 2014).

A substituição dos sacos, desenvolvidos especificamente para a embalagem dos

resíduos sólidos, por sacolas plásticas distribuídas gratuitamente nos supermercados é

uma das alternativas de reuso encontrada pelas famílias brasileiras para a minimização de

seus custos. As recentes proibições de distribuição gratuita dessas embalagens em

diversas unidades da federação brasileira levaram a questionamentos diversos,

principalmente com respeito aos impactos ambientais decorrentes das disposições dessas

sacolas.

No Brasil, os dados sobre a degradabilidade dos plásticos são escassos ou não se

referem às condições de degradação em aterros sanitários, como é o caso do estudo

desenvolvido pelo IPT em 2012. Além disso, os estudos de degradação de materiais

realizados nos aterros sanitários são recentes, e não ainda não produzem informações

técnicas capazes de balizar a escolha do gerador por embalagens acondicionadoras de

resíduos que garantam o menor impacto possível não são divulgadas.

5 Especificados pelas normas técnicas das series: 9.19_ e 13.05_

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Face às considerações apresentadas, o objetivo geral do presente artigo foi verificar

qual o tipo de embalagem plástica, utilizada para o acondicionamento dos resíduos sólidos

urbanos, possui o menor tempo de degradação anaeróbica. Constituíram-se como

objetivos específicos, simular diferentes condições de aterramento por meio de reatores

em escala piloto e verificar a degradação comparativa de sacos plásticos oxi-

biodegradáveis e comuns e sacolas plásticas concedidas em supermercado para transporte

de produtos, em diferentes condições de aterramento.

1. EMBALAGENS PLÁSTICAS

No Brasil são utilizados diferentes materiais para acondicionamento dos resíduos

sólidos como, caixotes de madeira e papelão, recipientes feitos de pneus usados, latões

de óleo geralmente cortado ao meio e sacolas plásticas. De acordo com recomendações

do IBAM (2001), para o acondicionamento adequado de resíduos sólidos urbanos os

recipientes devem:

pesar menos que 30 kg incluindo a carga se a coleta for manual;

ter dispositivos que facilitem seu deslocamento, evitar o vazamento e/ou

exposição do resíduo;

serem seguros, assegurando a saúde do trabalhador caso o lixo contenha algum

material cortante;

serem facilmente esvaziados e que não produzam ruídos excessivos ao serem

manejados.

Muitos materiais utilizados para transporte de produtos (embalagens), como por

exemplo, as sacolas de supermercado, são posteriormente transformadas em locais para

acondicionamento de resíduos sólidos urbanos.

De acordo com Pinto (2007) existem diversas discussões sobre o fim da fabricação

de embalagens, embasadas no fato de que na maioria das vezes estas não são mais

utilizadas posteriormente, porém, este é um debate sem fundamentos, já que é impossível

transportar e acondicionar os materiais sem suas embalagens, sem algum tipo de perda

ou contaminação. Portanto, deve haver o incentivo à reutilização, como por exemplo, o

uso de sacolas retornáveis.

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Conforme o Ministério do Meio Ambiente (2011) são consumidas mundialmente

mais de 500 bilhões de sacolas plásticas por ano, só no Brasil esse número chega

aproximadamente a 15 bilhões. Este número não é tão representativo se comparado aos

100 bilhões consumidos nos Estados Unidos, utilizando cerca de 12 milhões de barris de

petróleo para sua fabricação. De acordo com a ASSOCIAÇÃO MINEIRA DE

SUPERMERCADOS (2011) o uso do petróleo para fabricação de sacolas provoca

severos danos ambientais e na maioria das vezes o descarte desse tipo de produto é

realizado de forma incorreta, podendo provocar contaminação do solo e dificultar a

compactação de aterros sanitários.

Algumas cidades começaram a criar programas para a redução do uso de sacolas

plásticas como em São Francisco na Califórnia que proibiu a utilização destas em 2007,

na China, na Austrália e na cidade do México onde a distribuição gratuita de sacos

plásticos no comércio foi proibida.

No Brasil, em junho de 2009 foi lançada uma campanha chamada “Saco é um saco”,

pelo Ministério do Meio Ambiente, que pretende despertar a atenção da população e fazer

com que o consumo e os hábitos ligados a utilização de sacos plásticos sejam

modificados.

Outra ação governamental que está se popularizando no Brasil é a substituição das

sacolas utilizadas em supermercados por sacolas oxi-biodegradáveis. Vale ressaltar que

em função da falta de estudos realizados, ainda há muitas dúvidas quanto a degradação

das sacolas oxi-biodegradáveis e com isso alguns estados não aderiram à nova tecnologia

(COSTA, 2009).

De acordo com Pinto (2007), sacolas oxi-biodegradáveis é uma solução

ambientalmente incorreta já que estas se transformam em pó poluindo ainda mais o solo

e a água, além disso, para se transformar em pó, são necessários catalisadores à base de

metais pesados como chumbo e titânio que poluem ainda mais o meio ambiente. Para

ACMINAS (2011) os aditivos adicionados para fabricação de sacolas oxi-biodegradáveis

possuem em suas composições, catalisadores químicos que podem ser prejudiciais ao

meio ambiente, principalmente quando presentes em rios, plantações, florestas, etc..

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Não é porque o plástico não se decompõe no meio ambiente que ele não é

ambientalmente correto, sendo que este pode ser inteiramente reciclado e é exatamente

pelo fato do plástico não se degradar facilmente que ele pode ser utilizado várias vezes.

É contraditório dar ênfase a utilização de sacolas oxi-biodegradáveis sendo estas mais

caras e menos eficientes e que devolvem rapidamente ao meio ambiente os resíduos de

carbono que foram sequestrados durante a produção do plástico. (PINTO, 2007)

As sacolas compostáveis ou biodegradáveis são produzidas com matéria orgânica,

geralmente, o amido de milho, de fácil decomposição. Elas se degradam em até 180 dias

devido à ação de microorganismos presentes em ambientes de compostagem e de aterros

sanitários. (ACMINAS, 2011). De acordo com SOUZA, CELLA e SÁ (2007), o processo

de digestão anaeróbia efetuada pelos microorganismos, na ausência de oxigênio, degrada

a matéria orgânica, encontrada nos resíduos sólidos urbanos. O processo de degradação

de resíduos sólidos orgânicos, em aterros, é composto de fenômenos físico-químicos e

microbiológicos, resultando na liberação de gases e chorume (CINTRA, 2003).

De acordo com LIMA (2004) as fases de degradação podem ser divididas em:

fase acetogênica – matéria orgânica é sintetizada – via hidrólise - por

microorganismos produtores de acetato. Ocorre em meios com pH variando de 4

a 6,5.

fase metanogênica – decomposição microbiana, onde ácidos orgânicos são

sintetizados por microorganismos consumidores de ácidos, produzindo gases

como metano (CH4) e dióxido de carbono (CO2). Ocorre em meios com pH

variando de 7 a 7,5.

CINTRA (2003) divide as fases de estabilização dos resíduos em:

fase I - formação de ácidos – possui pH inferior a 6,0, elevados valores de

Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) e Demanda Química de Oxigênio

(DQO) e aumento na produção de CH4;

fase II - metanogênica instável - redução nos valores de DBO, DQO e CO2, e

aumento de CH4 e pH;

fase III - metanogênica estável – caracteriza pelo equilíbrio dos

microorganismos formadores de CH4, onde a produção do metano é estável, e há

redução de CO2, DQO e ácidos.

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2. MATERIAIS E MÉTODOS

2.1 Dimensionamento e montagem dos reatores experimentais

Para verificar a degradabilidade de embalagens plásticas, particularmente os

sacos/sacolas plásticas utilizados para o acondicionamento dos RSU, foram projetados e

confeccionados 5 reatores experimentais.

Estes reatores foram confeccionados com tubos de Policloreto de Vinila – PVC, de

diâmetro externo de 25 cm. O reator 1 (laranja) com altura de 1,10 m e capacidade

aproximada de 54 litros foi projetado para a simulação de um aterramento convencional.

Para o fechamento do sistema foram instalados “capes” na parte inferior do reator e na

parte superior foi adaptada uma tampa, ambos de PVC, conforme mostrados nas Figuras

1, 2 e 3.

Figura 1 - reator 1 (laranja)

Os demais reatores com altura de 1,20 m e capacidade de 58,90 litros cada um foram

confeccionados de PVC para alimentação de água de chuva ou recirculação de chorume.

Nestes reatores foram acoplados na parte inferior de cada tubo e na parte central de cada

‘cape”, adaptou-se uma válvula de 1/2 polegada e uma tubulação de polietileno de ½

polegada. A parte superior de cada reator foi fechada com uma tampa, onde na parte

Figura 2 – detalhe do capes

Figura 3 – detalhe da tampa

dos Reatores

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central foi adaptada uma válvula de 1/2 polegada e uma mangueira de polietileno de ½

polegada. A Figura 4 ilustra a unidade experimental dos quatro reatores.

Figura 4 – reatores 2, 3, 4 e 5

2.2 Embalagens plásticas e acondicionamento do RSU

Para o estudo, foram utilizados 5 tipos de polímeros para acondicionamento do

RSU. A escolha foi estabelecida de acordo com o que havia no mercado consumidor. As

sacolas plásticas cedidas nos supermercados para o transporte das compras também são

utilizadas para o acondicionamento de resíduos, portanto foram escolhidas 3 grandes

redes de supermercados, que atuam no município de São Paulo, aqui referidas como:

Supermercado 1, Supermercado 2 e Supermercado 3. Também foram utilizados 2 tipos

de sacos plásticos da marca Embalixo, o tipo comum e a oxi-biodegradável (Tabela 1).

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Tabela 1 – Características das embalagens plásticas

Embalagem Dimensões Composição Cor Peso (g)

Comum 34 cm x 38 cm Polietileno de baixa

densidade, pigmento e

aditivo

branca 2,82

Oxi-biodegradável 34 cm x 38 cm azul 6,97

Supermercado 1 34 cm x 38 cm

Sem especificação técnica

verde 4,07

Supermercado 2 34 cm x 38 cm branca 3,88

Supermercado 3 34 cm x 38 cm branca 4,37

Todos os polímeros visualizados na Figura 5 foram pesados em uma balança de

precisão de capacidade máxima de 440 Kg do laboratório.

Figura 5 – Sacos/sacolas plásticas utilizadas no acondicionamento de resíduos

Para o preenchimento dos sacos/sacolas plásticas adotou-se a composição dos RSU

de acordo com a média do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil apresentada no

relatório da ABRELPE (2008). Após a triagem dos materiais foi estabelecida a densidade

de acordo com o seu volume e massa, utilizando balança de precisão de capacidade

máxima de 440 Kg. (Tabela 2).

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Tabela 2 – Características dos resíduos

Resíduo Principais Materiais

Massa

(g)

Volume

(L)

Densidade

(g.L-1)

Matéria

Orgânica

Restos de alimentos, principalmente

frutas 179,527 0,4 448,82

Plástico embalagens 11,209 0,1 112,09

Papel folha sulfite 8,063 0,2 40,315

Vidro garrafas 132,921 0,2 664,61

Metal latas de refrigerantes 13,718 0,15 91,45

Os materiais foram fragmentados manualmente com auxílio de uma tesoura para

facilitar na alimentação dentro do reator (Figura 6).

Figura 6 – resíduos fragmentados

A partir dos resíduos segregados foram preparadas amostras, sendo que em cada

amostra dos polímeros receberam a seguinte composição apresentada na Tabela 3.

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Tabela 3 – Composição mássica dos resíduos

Resíduo Massa (g)

Matéria Orgânica 264,04

Plástico 13,07

Papel 11,75

Vidro 21,13

Metal 2,91

Total 312,9

2.3 Condições experimentais

De modo a simular diferentes condições de operação de um aterro sanitário, o

presente estudo utilizou o aterramento convencional com e sem infiltração de água

decorrente de chuvas e o aterramento com a recirculação de chorume, conforme as

condições apresentadas no Quadro 1.

Quadro 1 – Reatores e suas condições de operação

Reator Cor Condições de operação

1 Laranja Aterramento convencional sem infiltração.

2 Amarela Aterramento com recirculação contínua de chorume.

3 Verde Aterramento com recirculação contínua de chorume e variação

de temperatura.

4 Azul Aterramento com adição de água de chuva e variação de

temperatura.

5 Preta Aterramento com adição de água de chuva.

2.3.1 Chorume

O chorume utilizado foi disponibilizado pelo Aterro Sanitário Bandeirantes,

localizado em São Paulo no bairro de Perus no quilômetro 26 da rodovia dos

Bandeirantes. Vale ressaltar segundo Lefèvre (2011) as atividades do aterro Bandeirantes

se iniciaram no ano de 1978, e seu encerramento se deu no ano de 2007. Em cada um dos

reatores 2 e 3 (amarelo e verde) foram introduzidos 5,3 L de chorume, mesmo volume de

uma das células, para que não houvesse saturação da primeira célula. As características

iniciais do chorume podem ser visualizadas na Tabela 4.

Tabela 4 – Características do chorume introduzido nos reatores

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PARÂMETRO VALORES OBTIDOS

pH 9,4

Coliformes Fecais 364 nmp

Coliformes Totais > 2.005 nmp

DBO 26 mg.L-1

DQO 114.500 mg.L-1

Amônia 520 ppm

Fosfato 1.380 ppm

2.3.2 Água da chuva

A água de chuva utilizada no estudo foi simulada de acordo com as características

de pH e cloro da amostra da água pluvial coletada no local do de implantação do

experimento em dois dias consecutivos. Para isso, efetuou-se a análise

espectrofotométrica em relação ao cloro. Adicionou-se 20 mL da solução de hidróxido de

sódio com 0,1mol.L-1 a cada 10 L da água coletada no bebedouro, para correção de pH

(Tabela 5).

Tabela 5 – Características da água de chuva e água do bebedouro.

Cloro livre (ppm) Cloro total (ppm) pH

Água de chuva 0,09 0,17

0,17

10

Água do bebedouro 0,1 8,8

Vale ressaltar que, no período do experimento, a região do entorno imediato do

local de sua implantação havia diversas obras de construção civil, além de uma indústria

cimenteira e uma indústria de fabricação de concreto, o que justificaria o elevado valor

do pH da água de chuva coletada, conforme mostra a Tabela 6.

A vazão de água alimentada diariamente nos reatores 4 e 5 (azul e preto) foi

determinada de acordo com os dados pluviométricos do período de 1961 a 1990 de São

Paulo. Dessa forma, a vazão de água alimentada nos reatores foi de = 0,00020 m³.d-1 ou

0,2L.d-1.

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Tabela 6 – Características da água de chuva simulada.

PARÂMETRO VALORES OBTIDOS

pH 10

Coliformes Fecais < 10 nmp

Coliformes Totais 60 nmp

DBO 15,75 mg.L-1

DQO 1.450 mg.L-1

Amônia 1 ppm

Fosfato 2 ppm

2.5 Aterramento dos reatores

Para a recirculação de chorume, os reatores 2 e 3 (amarelo e verde) foram ligados à

bomba 1. Os reatores 4 e 5 (azul e preto) foram alimentados com água de chuva, que foi

previamente coletada em um tanque. Esses tanques foram ligados à uma segunda bomba.

Na saída de cada um dos reatores foi instalada uma proveta de 1L para a captação do

efluente. As bombas utilizadas nos experimentais foram da ProMinet gamma.L-1.

Para captação dos gases provenientes do processo de degradação da matéria

orgânica, pelos microorganismos, foram adaptadas bexigas na tampa superior de cada

reator, por meio de um adaptador de 1/2 polegada para 20 mm com uma contra porca

(Figura 7). O aquecimento dos reatores 3 e 4 foi efetuado por meio de um fio de cobre

aterrado no solo e ligado a uma resistência mantida à temperatura de 40ºC (Figura 8).

Figura 7 – captação dos gases nos

reatores.

Figura 8 – Sistema de aquecimento dos

Reatores 3 e 4.

Bexiga

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O solo argiloso viabilizou o aterramento e diminuição do efeito de borda do tubo

com os resíduos. Visando garantir a vazão e a retenção de sólidos suspensos, a brita foi

inserida na parte superior e inferior para servir de meio drenante, Na parte inferior foi

também utilizado um tecido de tule. Foram inseridas duas células de RSU. Um esquema

do aterramento dos reatores está apresentado na Figura 9.

2.6 Operação

Após a montagem do aparato experimental, implantados em um Centro

Universitário do município de São Paulo, e o aterramento dos resíduos sólidos

acondicionados nos sacos/sacolas plásticas houve a recirculação do chorume nos reatores

2 e 3 (amarelo e verde) com vazão de 0,44 L.h-1, determinada para que o volume de 10,6

L de chorume fosse recirculado diariamente. Da mesma maneira, a vazão de 0,02 L.h-1

de adição de água de chuva foi determinada para que os reatores 4 e 5 (azul e preto)

recebessem 0,2 L cada diariamente. Além disso, efetuou-se a ligação do equipamento

para aquecimento do solo. Estes procedimentos foram realizados um mês após o

aterramento dos resíduos.

2.7 Monitoramento

O aparato experimental foi monitorado semanalmente desde o seu fechamento até

a sua abertura. As seguintes condições experimentais foram verificadas:

a) o volume de líquido existente nas provetas situadas nos reatores 4 e 5 (azul e

preto);

b) a temperatura do fio de cobre exposto na entrada dos reatores 3 e 4 (verde e azul),

através de termômetro;

c) a vedação e captação dos gases (visual);

d) a vazão de recirculação de chorume e de adição de água de chuva.

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Figura 9 – Esquema dos reatores.

bomba

30 cm de

RSU

10 cm de brita

10 cm de

solo

5 cm de solo

adaptador para

mangueira

Capes com válvula

de ½ polegada

Tampão com

válvula de ½

polegada

30 cm de

RSU

20 cm de

solo

10 cm de

solo

10 cm de brita e

tecido de tule

adaptador para

mangueira

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2.8 Abertura dos Reatores

A data para a abertura dos reatores foi definida em função do tempo de estudo e

tempo de degradação do material aterrado. Para tanto, o tempo de degradação

especificado pelo fabricante do plástico oxi-biodegradável foi utilizado como referência,

ou seja, 18 meses (Figura 10).

Em vista disso e considerando que a degradação da sacola oxi-biodegradável ocorre

de modo constante e linear, após 24 semanas, houve a abertura dos reatores, esperando

que 30% do plástico oxi-biodegradável estivesse degradado. Vale ressaltar que dois dias

antes da abertura os equipamentos de circulação e o de temperatura foram desligados.

Com o auxílio de um béquer houve a retirada da brita, seguindo para o solo, de cada

altura, ou seja, superior a célula um, entre célula um e dois, e inferior a célula dois.

Efetuou-se a retirada de amostras de solo para futuras análises, lembrando que cada

amostra um béquer foi utilizado para que não houvesse contaminação.

Figura 10 – Sacola plástica oxi-biodegradável.

A verificação de degradabilidade/decomposição dos materiais foi efetuada através

da pesagem, comparando com o peso inicial e caracterizando através do tempo.

Após a retirada das duas células de resíduos dos reatores, as embalagens plásticas

foram abertas. Verificou-se que o vidro, o plástico e o metal não sofreram nenhum tipo

de alteração, ou seja, o valor do peso final resultou-se igual ao valor do peso inicial, já a

matéria orgânica e o papel sofreram decomposição, e com isso, não foi possível sua

segregação para a pesagem (Figura 11).

Em vista dessa situação, efetuou-se a pesagem desses materiais confinante as

embalagens plásticas, apenas das células inferior dos reatores.

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Após a retirada da matéria orgânica e do papel, as embalagens foram lavadas em

água corrente sem a utilização de qualquer produto para que não houvesse nenhum tipo

de alteração no resultado, e foram colocadas em uma linha, perfazendo um varal, para a

secagem no meio, ou seja, sem o auxílio de qualquer equipamento como secador ou ar-

condicionado (Figura 12).

Figura 11 – Matéria orgânica e

papel em decomposição.

Figura 12 – Secagem das embalagens

plásticas.

3. RESULTADOS

As embalagens plásticas após terem sido devidamente lavadas e secas foram

pesadas e os resultados apresentados em gráficos específicos para as células superiores e

inferiores. As Figuras 13 a 17 mostram o decaimento entre o peso inicial e o peso final

de cada embalagem plástica (em gramas), nas células superiores. É importante ressaltar

que as cores das linhas dos gráficos representam as cores dos reatores.

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Figura 13 – Degradação das

embalagens comum – células

superiores.

Figura 14 – Degradação das

embalagens oxi-biodegradável – células

superiores.

Figura 15 – Degradação das

embalagens do Supermercado 1 –

células superiores.

Figura 16 – Degradação das nas

embalagens do Supermercado 2 –

células superiores.

3,94

3,99

4,04

Mas

sa (

g)

6 meses

Embalagem Supermercado 1

3,80

3,82

3,84

3,86

3,88

Mas

sa (

g)

6 meses

Embalagem Supermercado 2

y = 0R² = #N/A

Mas

sa (

g)

6 meses

Embalagem comum

Mas

sa (

g)

6 meses

Embalagem oxi-biodegradável

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82

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Figura 17 – Degradação das embalagens do Supermercado 3 – células superiores.

De acordo com os resultados apresentados nas figuras 13 a 17, verificou-se que a

degradação não ocorreu de modo semelhante para todas as embalagens. Observou-se que

houve menor degradação no reator laranja, e na sequência nos reatores amarelo, preto,

verde e azul. Tal resultado é decorrente da variação de temperatura. No entanto, o reator

4 (azul) com adição de água de chuva e variação de temperatura obteve um melhor

resultado comparado ao reator 3 (verde) com recirculação de chorume e variação de

temperatura.

Entre os reatores sem a variação de temperatura, ou seja, o reator 5 (preto) com

adição de água de chuva e o 2 (amarelo) com recirculação de água de chuva, o reator

preto obteve uma melhor eficiência de degradação, sendo assim, podemos concluir que a

adição de água de chuva é mais eficaz para a degradação das embalagens plásticas do que

a recirculação do chorume. Vale ressaltar que o chorume teve uma queda de pH, enquanto

a água de chuva simulada, obteve um pH de 10 constante, então, considerando apenas o

parâmetro de pH, o pH alcalino é mais eficiente para a degradação de embalagens

plásticas.

As Figuras 18 a 22 apresentam o decaimento entre o peso inicial e o peso final de

cada embalagem plástica (em gramas), nas células inferiores. Nestas figuras as cores das

linhas dos gráficos também correspondem às cores dos reatores.

3,65

4,15

Mas

sa (

g)

6 meses

Embalagem Supermercado 3

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Figura 18 – Degradação das

embalagens comum – células

inferiores.

Figura 19 – Degradação das

embalagens oxi-biodegradável – células

inferiores.

Figura 20 – Degradação das

embalagens do Supermercado 1 –

células inferiores.

Figura 21 – Degradação das nas

embalagens do Supermercado 2 –

células inferiores.

Mas

sa (

g)

6 meses

Embalagem comum

3,93

3,98

4,03

4,08

Mas

sa (

g)

6 meses

Embalagem Supermercado 1

3,503,553,603,653,703,753,803,85

Mas

sa (

g)

6 meses

Embalagem Supermercado 2

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84

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Figura 22 – Degradação das nas embalagens do Supermercado 3 – células

inferiores.

De acordo com os gráficos das figuras 18 a 22, verificou-se que a degradabilidade

das embalagens plásticas das células inferiores é a mesma das células superiores.

Portanto, efetuou-se a média das embalagens plásticas nos reatores das células superiores

(Figura 23) e das células inferiores (Figura 24), para análise comparativa entre as

embalagens plásticas.

De acordo com os dados obtidos verificou-se que a degradação das embalagens

plásticas se deu, em ordem decrescente, na seguinte sequência: Supermercado 3,

Supermercado 1, Supermercado 2, oxi-biodegradável e comum, conforme mostra a

Figura 25. No entanto, as embalagens plásticas confinadas nas células inferiores

obtiveram maior degradabilidade em relação às células superiores, portanto, a pequena

pressão realizada pelo peso da massa fez com que as embalagens das células inferiores se

degradassem mais rápido do que as células superiores.

A utilização do valor médio de degradação das embalagens, para as diferentes

condições de aterramento se justifica, uma vez que nos aterros convencionais brasileiros

todas as condições simuladas se fazem presente. Dessa forma, os percentuais de redução

da massa das embalagens mostrado na Figura 25 é o que mais se aproxima das condições

observadas na escala real.

3,60

4,10

Mas

sa (

g)

6 meses

Embalagem Supermercado 3

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Figura 23 – Degradação das embalagens – células superiores.

Figura 24 – Degradação das embalagens – células inferiores.

Figura 25 – Média da degradação das embalagens – percentual.

2,00

3,00

4,00

5,00

6,00

7,00M

assa

(g)

6 meses

Média das Embalagens - Reatores Superiores

comum

oxi-biodegradavel

Supermercado 1

Supermercado 2

2,00

3,00

4,00

5,00

6,00

7,00

Mas

sa (

g)

6 meses

Média das Embalagens - Reatores Inferiores

comum

oxi-biodegradavel

Supermercado 1

Supermercado 2

0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

Pe

rce

ntu

al d

a M

Ass

a

6 meses

Redução Média da Massa das Embalagens

comum

oxi-biodegradavel

Supermercado 1

Supermercado 2

Supermercado 3

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As principais considerações a respeito da degradabilidade das embalagens plásticas

contendo resíduos sólidos urbanos, são:

O pH da água de chuva e temperatura contribuem para degradação das embalagens

plásticas;

As embalagens plásticas confinadas nas células inferiores dos reatores projetados

obtiveram maior degradabilidade em relação ás células superiores.

Considerando que a taxa de degradação das embalagens permaneça constante,

pode-se inferir que cada uma das embalagens estudadas permanece nos aterros por

tempos diferenciados, a saber: 28 anos para os sacos plásticos tradicionalmente fabricados

no Brasil para o acondicionamento de resíduos sólidos e 63 anos para os sacos

biodegradáveis. Com relação às embalagens de supermercado pode-se verificar que essas

possuem menor tempo de degradação do que os sacos e, mesmo não atingindo as

expectativas de degradação de seus fabricantes, que as projetaram para a degradação com

a presença de oxigênio, permanecem nos aterros apenas 30% do tempo do que os sacos

convencionais.

Com respeito às embalagens dos supermercados utilizadas neste estudo, também

considerando que a taxa de degradação permanece constante, a embalagem do

Supermercado 3 seria plenamente degradada em 5 anos, do Supermercado 2 em 13 anos

e do Supermercado 1 em 21 anos.

Os valores de degradação plena dos materiais são expressivamente diferentes

daqueles referenciados na literatura. O Ministério do Meio Ambiente em seu programa

Saco é um Saco traz o valor estimado para 400 anos. Desse modo, novos estudos de

degradação desses materiais em condições de aterramento brasileiro estão sendo

encaminhados para que os valores possam ser refinados.

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http://www.abrelpe.org.br/panorama_2008.php >. Acesso em 15 abr. 10.

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http://www.acminas.com.br acesso em nov.2011.

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http://www.portalamis.org.br/notícias.aspx acesso em nov. 2011.

Brasil. Ministério do Meio Ambiente. Orientações sobre consumo consciente e

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40 p. : il. color. Cartilha para Consumidores; 3.

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Ambiente e Recursos Hídricos. Universidade Federal de Minas Gerais.

Page 89: Revista InterfacEHS edição completa Vol. 9 nº 1

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análise a partir de discursos e depoimentos. 2011. Dissertação de Mestrado.

PROCAM/USP.

LIMA, L.M.Q. Lixo – Tratamento e biorremediação.Origem e produção de lixo

no meio urbano, classificação, características e análises. Biorremediaçao de

lixo. 3ª edição. Hermus, 2004. p. 265.

PINTO, José C. – Carta de um leitor. Polímeros: Ciências e Tecnologia, volume

7 nº 3, 2007.

SOUZA, G.T, CELLA, R.F e SÁ, S.H. Tratamento Anaeróbio de Efluentes.

Universidade Federal de Santa Catarina. 2007. p. 13.

Recebido em 22/04/2014

Aceito em 02/07/2014

Page 90: Revista InterfacEHS edição completa Vol. 9 nº 1

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QUALIDADE DE VIDA DOS PROFISSIONAIS QUE TRABALHAM NO

CAPSI DE UM MUNICÍPIO DO OESTE CATARINENSE

QUALITY OF LIFE OF PROFESSIONALS WORKING IN CAPSI OF A

CITY OF OESTE CATARINENSE

Marina Atuatti1

Sayonara de Fatima Teston2

Resumo: O objetivo global dessa pesquisa foi identificar como os profissionais da

equipe Capsi avaliam a qualidade de vida profissional, visando a demanda de usuários na

busca do tratamento. O referencial teórico traz vários autores moldando conceitos dos

processos de qualidade de vida profissional, mantendo o foco desta qualidade em serviços

públicos utilizados para tratamento de dependentes químicos. Para alcançar os objetivos

foi realizada uma pesquisa de campo, onde foi aplicado um questionário aos profissionais

do serviço, e para melhor obtenção de dados foram realizadas observações sistemáticas

no local. Os resultados do estudo foram analisados por meio do método da estatística

descritiva. Como resultados do estudo verificou-se que a equipe tem uma ótima

organização de trabalho, mas a dificuldade é estabelecer uma relação de comunicação, na

qual a saúde pública ofereça qualificar o tratamento do usuário, para motivar a equipe em

seu trabalho.

Palavras Chave: Profissionais da saúde, usuários de drogas, qualidade de vida no

trabalho.

Abstract: The overall objective of this research was to identify how professionals

Capsi staff assess the quality of working life, aimed at demand of users in seeking

treatment. The theoretical framework brings several authors shaping concepts of quality

processes of professional life, keeping the focus of this quality in public services used for

the treatment of drug addicts. To achieve the objectives a field study where a

1 Graduanda em Psicologia da Universidade do Oeste de Santa Catarina. E-mail: [email protected]. Endereço:

Avenida Nereu Ramos, 3777D, Bairro Seminário, Chapeco, Santa Catarina. 2 Graduada em Psicologia, Pós Graduada em Gestão de Recursos Humanos, Mestranda em Administração pela

Universidade do Oeste de Santa Catarina. E-mail: [email protected]

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questionnaire to service professionals was applied was performed, and obtaining better

data systematic observations were conducted at the site. The results of the study were

analyzed using descriptive statistical method. As results of the study it was found that the

team has a great work organizations, but the difficulty is to establish a communication in

which public health qualify treatment offers the user, to motivate the staff in their work.

Key words: Health workers, drug users, quality of work life.

INTRODUÇÃO

Devido ao aumento de usuários de drogas no Oeste catarinense, buscou-se atender

esta demanda regional por meio da implantação do Centro de Atenção Psicossocial –

Infanto/Juvenil o Capsi, que é um serviço de saúde mental que presta atendimento a

pessoas com transtornos decorrentes do uso de substâncias psicoativas, e à seus

familiares. Este Centro trabalha de acordo com as diretrizes determinadas pelo Ministério

da Saúde, tendo por base o tratamento em liberdade, buscando a reinserção social do

usuário.

Nesse sentido, a pesquisa teve como objetivo geral analisar a qualidade de vida da

equipe do Capsi do município lócus da pesquisa, haja vista a demanda dos usuários do

serviço. Apresenta-se como problema de pesquisa: Como os profissionais da equipe do

Capsi avaliam a sua qualidade de vida profissional, visando a demanda dos usuários do

serviço?

Os objetivos específicos da pesquisa foram analisar a satisfação dos funcionários

em relação à qualidade de vida, verificar as condições que a saúde pública oferece para

adquirir resultados melhores no tratamento do usuário; e levantar condições necessárias

para a equipe desenvolver seu trabalho com propostas e ações favoráveis ao serviço.

Para tanto, na fundamentação teórica abordou-se os temas em relação à qualidade

de vida profissional em relação à motivação no trabalho, a saúde dos profissionais e a

dependência química, visando conceituar a busca deste processo na instituição publica, a

qual auxilia no tratamento do usuário.

Com esse estudo foi possível identificar os melhores meios para motivar a

Qualidade de vida no trabalho de acordo com as necessidades dos funcionários. Assim, o

conhecimento obtido, a partir das pesquisas efetuadas, terá relevância social para

empresas que querem adotar programas de QVT. Como relevância científica, pode servir

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também de base para estudos acadêmicos, assuntos relacionados à gestão de pessoas e

satisfação de funcionários ou servindo de modelo a futuras monografias e pesquisas.

TRABALHO, QUALIDADE DE VIDA E PROMOÇÃO DA SAÚDE

A importância da qualidade de vida no trabalho reside no fato de que os

trabalhadores passam a maior parte de suas vidas no ambiente de trabalho. São mais de

oito horas por dia, durante pelo menos 35 anos. Percebe-se que não se trata de levar os

problemas de casa para o trabalho, mas também de levar para casa as tensões, os receios

e as angústias acumuladas no trabalho. Nessa concepção, muitas entidades estão

desenvolvendo programas de qualidade de vida no trabalho, voltadas para uma maior

satisfação de seus funcionários.

Os problemas enfrentados pelas organizações com seus empregados, assim como o

aumento da competitividade, fizeram surgir estudos relacionados com a satisfação e o

bem-estar do trabalhador na organização. Dentre esses estudos encontra-se a Qualidade

de Vida no Trabalho (QVT), que vem se desenvolvendo a cada dia, tendo como objetivo

pesquisar alternativas e estratégias de melhorar a relação do homem com o seu ambiente

e atividades no trabalho.

A Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) é um conjunto de ações de uma instituição

que envolve diagnóstico e implantação de melhorias e inovações gerenciais, tecnológicas

e estruturais, dentro e fora do ambiente de trabalho, visando propiciar condições plenas

de desenvolvimento humano na realização do seu ofício (ALBUQUERQUE; FRANÇA,

p. 41, 1998). Segundo Maslow (1998), qualidade de vida diz respeito a desenvolver

hábitos saudáveis, enfrentamento das tensões cotidianas, consciência dos impactos dos

fatores do ambiente, desenvolvimento permanente do equilíbrio interior e na relação com

os outros.

Estas necessidades, sem exceção, são consideradas fundamentais para a promoção

e prevenção da saúde do ser humano, tanto em situação do trabalho como fora delas. Em

uma perspectiva sistêmica, qualidade de vida pode ser percebida como a condição

humana resultante de um conjunto de parâmetros individuais e socioambientais,

modificáveis ou não, que caracterizam as condições matérias e psicossociais de existência

do ser humano (NAHAS, 2003). As principais ideias norteadoras da compreensão do que

é qualidade de vida no trabalho são: o trabalho influencia a saúde das pessoas e a eficácia

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das organizações, e a participação das pessoas na solução de problemas e na tomada de

decisão é importante para a saúde no ambiente psicossocial do trabalho (NADLER;

LAWLER, 1983). Desta forma, o conceito de qualidade de vida adotado para esta

pesquisa, buscar por meio de estratégias específicas, a satisfação e motivação total de seus

funcionários. Com estratégias bem planejadas, as empresas tem como resultado a

otimização de espaço e adequação do empreendimento ao seu funcionário.

De modo mais específico, Smircich (1983) relata em estudos organizacionais de

base culturalista, os seguintes temas: cultura social e valores organizacionais

compartilhados, produção de artefatos culturais nas organizações de trabalho, como

lendas e cerimônias, construção de formas simbólicas compartilhadas, como a linguagem,

produção de sistemas de conhecimento traduzidos em significados, e os formatos

organizacionais e comportamentos resultantes da projeção de processos mentais. Sob essa

perspectiva, também agregando contribuições da Psicologia e da Sociologia entre outras

áreas do conhecimento, as organizações de trabalho são percebidas como realidades

socialmente construídas (MOEGAN, 2002).

Na formação e no estabelecimento da realidade social nas organizações de trabalho,

funcionam como “guardiões” de valores, crenças atribuídas a indivíduos e grupos, que

definem os comportamentos considerados desejáveis como aqueles que devem ser

reforçados em diferentes situações de trabalho (HARRIS, 1994). A ação humana

individual e em grupo, mediada pelos processos cognitivos, emocionais e

interdependentes do contexto, variam conforme as características do ambiente externo,

seus modelos de inserção e do tipo específico de organização de trabalho, levando-se em

conta as especialidades de suas subunidades.

Mesmo dentro de uma única organização, considerado suas diferentes unidades, as

interações humanas tenderão a adquirir particularidades, cujas origens, entre outros

fatores determinantes, residem no repertório ocupacional dos participantes, na tecnologia

utilizada e nos objetivos específicos, próprios de cada local de trabalho (SCHEIN, 2001).

Pode-se mencionar que estas características também podem ser encontradas na instituição

pesquisada, uma vez que essa formação estabelecida individual ou em grupo, está

imbuída de fatores específicos que fazem a equipe trabalhar num contexto objetivo e

possam desenvolver projetos qualificados na organização de trabalho.

Enfim, a organização, como sistema social, inserida em seu contexto, busca

preservar sua identidade e manter-se viva. Para tanto, desenvolve uma estrutura normativa

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(valores, normas e expectativas de papeis, padrões esperado de comportamento e

interação) e uma estrutura de ação (padrões reais de interação e comportamento),

originada, sobretudo nas posições dirigentes (KATZ; KHAN, 1978). Por isso, a busca

incessante do alinhamento, continua na gestão de pessoas, entendida aqui como um

conjunto de políticas e práticas que reduzem a distância entre as expectativas de gestores

e dos demais integrantes de uma organização de trabalho, para que, em conjunto, possam

sustentá-las ao longo do tempo (DUTRA, 2002). Desta forma, infere-se que há uma

ligação entre o sistema social que move a organização e o tema qualidade de vida no

trabalho, pois, cada membro inserido na organização desempenha valores e crenças

diferentes dos demais que geram conflitos, então vai da gestão da instituição transformar

essa diferença em conhecimento para mudanças produtivas na instituição.

Feigenbaum (1994) entende que QVT é baseada no princípio de que o

comprometimento com a qualidade ocorre de forma mais natural nos ambientes em que

os funcionários, se encontram envolvido nas decisões que influenciam diretamente suas

atuações. O autor relaciona todo o processo que ocorre na instituição, visando que cada

funcionário independente do seu cargo, deve-se criar um comprometimento ético e

prazeroso, motivando os demais integrantes que ali se fazem presentes. As organizações

estão reavaliando suas formas de organizar o trabalho, gerando novas alterações

beneficiando os funcionários para que assim, permaneçam contribuindo para a construção

da qualidade da instituição. Karch (2000) afirma que programas de promoção e saúde e

qualidade de vida vêm sendo cada vez mais adotados pelas organizações, mobilizado os

profissionais de recursos humanos, para tornar o ambiente de trabalho mais produtivo e

saudável.

O programa que visa facilitar e satisfazer as necessidades do trabalhador ao

desenvolver suas atividades na organização, tendo como ideia básica o fato de que as

pessoas são mais produtivas quanto mais estiverem satisfeitas e envolvidas com o próprio

trabalho, é fundamental para a presente pesquisa e tem relação direta com os pressupostos

relacionados à saúde da equipe profissional.

A SAÚDE DOS PROFISSIONAIS

Infere-se que a tarefa essencial das condições organizacionais são os métodos

favoráveis ao trabalho desenvolvido pelo colaborador, por meio dos quais os objetivos

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profissionais possam ser atingidos, com esforços em direção aos objetivos da instituição.

Todos os agravos na saúde, que tem influencia tanto na vida profissional quanto

pessoal dos trabalhadores, podem ocorrer devido à falta de qualificação nas empresas,

deixando o funcionário em um nível de estresse elevado, assim, desenvolvendo as

patologias que podem incapacitar o trabalhador. O desgaste físico e emocional leva a

corrosão da dignidade e da vontade (SENNETT, 1999). Segundo Stacciarini e Tróccoli

(2002, p. 187-205), quanto ao estresse ocupacional, percebe-se igualmente uma extensão

da indefinição do conceito de estresse. Considerado pelos pesquisadores como um

assunto complexo, o estresse ocupacional não é um fenômeno novo, mas sim um novo

campo de estudo que passou a ganhar relevância em conseqüência do aparecimento de

doenças que foram vinculadas ao estresse no trabalho, como por exemplo, hipertensão,

úlcera, entre outras.

No que se refere ao papel da psicologia neste âmbito, conforme citada por Lara e

Traesel (s/d) “o psicólogo nas ações em saúde pode desempenhar tarefas ligadas ao

planejamento e gestão de trabalho, nas quais todos os profissionais devem estar

envolvidos”, como por exemplo, o conhecimento das demandas da região, dos recursos

públicos e comunitários que esta região dispõe e o trabalho integrado com o gestor para

governar e aperfeiçoar o seu aproveitamento. Um dos pilares fundamentais da psicologia

são o compromisso social e a construção de novas possibilidades de existência. Neste

sentido, o psicólogo necessita compreender as dimensões sociais desses usuários, o que

corrobora com o objetivo da pesquisa, de avaliar como os psicólogos desempenham seu

papéis profissionais, diante do compromisso de fornecer melhores adequações no

tratamento para crianças e adolescentes dependentes químicos.

A QUESTÃO DA DEPENDÊNCIA QUÍMICA NO MODELO

PSICOSSOCIAL DE SAÚDE

O uso de drogas é considerado um grave e complexo problema de saúde pública,

considerando-se os modelos que contribuem para a compreensão do fenômeno no

momento atual e as estratégias de intervenção estabelecidas pelos locais que prestam

serviços aos usuários. Segundo Occhini e Teixeira (2006, p. 229), a abordagem exigida

para a dependência química é coerente com o modelo psicossocial de saúde, isso ocorre,

pois a questão do uso abusivo de substâncias psicoativas e a questão da dependência,

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implica discutir não só as questões orgânicas e psicológicas, mas também os aspectos

sociais, políticos, econômicos, legais e culturais.

Considerando que esse fenômeno tem repercussões negativas na saúde física e

psíquica e no âmbito social a família e comunidade, é fundamental a análise do contexto

familiar e sociocultural, identificando os fatores de risco e de proteção para subsidiar

ações efetivas de caráter preventivo ou de intervenção. Em linhas gerais, a dependência

de drogas é mundialmente classificada entre os transtornos psiquiátricos, sendo

considerada como uma doença crônica que acompanha o indivíduo por toda a sua vida,

porém, a mesma pode ser tratada e controlada, reduzindo-se os sintomas, alternando-se,

muitas vezes, períodos de controle dos mesmos e de retorno da sintomatologia (LEITE,

2000).

A Organização Mundial da Saúde (2001) destaca ainda que a dependência química

deve ser tratada simultaneamente como uma doença médica crônica e como um problema

social. Pode ser caracterizada como um estado mental e, muitas vezes físico, que resulta

da interação entre um organismo vivo e uma droga, gerando uma compulsão por tomar a

substância e experimentar seu efeito psíquico e, às vezes, evitar o desconforto provocado

por sua ausência. Não basta, portanto, somente identificar e tratar os sintomas, mas sim,

identificar as conseqüências e os motivos que levaram à mesma, pensando o indivíduo

em sua totalidade, para que se possa oferecer outros referenciais e subsídios que gerem

mudanças de comportamento em relação à questão das drogas.

Para esses indivíduos a droga passou a exercer um papel central em suas vidas, na

medida em que, por meio do prazer, ela preenche lacunas importantes, tornando-se

indispensável para o funcionamento psíquico dos mesmos. A Política do Ministério da

Saúde (2003) preconiza que a assistência a esses usuários deve ser oferecida em todos os

níveis de atenção, privilegiando os cuidados em dispositivos como os Centros de Atenção

Psicossocial Infanto – Juvenil (Capsi), Centros de Atenção de Transtornos mentais

(CapsII) e os Centros de Atenção para Álcool e Drogas (Capsad). É importante que esta

assistência também esteja articulada aos Programas de Saúde da Família, Programas de

Agentes Comunitários de Saúde, Programas de Redução de Danos e Rede Básica de

Saúde. O Capsi é um serviço de atenção psicossocial para atendimento de pacientes

menores de 18 anos, com transtornos mentais ou pelo uso e dependência de substâncias

psicoativas, conforme preconizado pelo Ministério da Saúde (MINISTÉRIO DA

SAÚDE, 2003).

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96

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De acordo com a Portaria GM336, de 19 de fevereiro de (2002), o CapS oferece

atendimento diário a pacientes que fazem uso prejudicial de álcool e outras drogas,

permitindo o planejamento terapêutico dentro de uma perspectiva individualizada de

evolução contínua. Esse serviço precisa ser apoiado pela existência de leitos psiquiátricos

em hospital geral e outras práticas de atenção comunitária (internação domiciliar, inserção

comunitária de serviços, entre outros). Em Chapecó, este serviço funciona das 8 às 18

horas, de segunda a sexta-feira, tendo, diariamente, um profissional de plantão para

acolhimento. As atividades desenvolvidas vão desde o atendimento individual

(medicamentoso, psicoterápico, de orientação) até atendimentos grupais ou oficinas

terapêuticas e visitas domiciliares. Este serviço deve oferecer condições para o repouso,

bem como para a desintoxicação ambulatorial de pacientes que necessitem desse tipo de

cuidados e que não demandem por atenção clínica hospitalar.

Pode-se afirmar que a dependência química, como um grave problema de saúde

pública, necessita de atenção especial. Portanto, a área de saúde tem muito a realizar no

que diz respeito ao uso de drogas e à promoção de saúde (GELBCKE; PADILHA, 2004).

Assim, trabalhar essa questão exige um conjunto de ações específicas que envolvam

melhorias tanto no tratamento em si, no caso da dependência já instalada, quanto em

termos de promoção e prevenção ao uso de drogas, de acordo com o modelo

biopsicossocial de saúde, o qual apresenta uma concepção holística do ser humano.

É necessário pontuar que o atendimento a dependentes químicos envolve dois

aspectos centrais: primeiro, a desintoxicação com a finalidade de retirada da droga e seus

efeitos, e segundo, a manutenção, ou seja, a reorganização da vida do indivíduo sem o

uso da droga. Segundo Macieira (2000), estudos apontam que, ainda hoje, observam-se

baixos índices de sucesso no tratamento da drogadição, mesmo englobando o aspecto

médico, farmacológico, as psicoterapias e grupos de ajuda, pois diversos fatores podem

contribuir para a não adesão ao tratamento, o abandono ou até mesmo, para o uso de

substâncias psicoativas durante o tratamento.

Essa problemática, de implantar e sustentar este serviço de tratamento para

reinserção social, aos poucos vai se adequando às diretrizes sociais e políticas. Assim, a

realidade vivenciada mostra a necessidade de se trabalhar na promoção da saúde visando

a questão de estilos de vida e de educação para a saúde, a qual pode ser encarada como

uma estratégia política e educacional adotada por muitos governos com o propósito de

garantir a equidade. A promoção da saúde envolve aspectos como capacitar, educar,

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buscar a paz, respeitar os direitos humanos, justiça social, equidade no atendimento.

Dessa maneira, pode-se reduzir o fenômeno das drogas, uma vez que promover a saúde é

uma postura que está de acordo com o novo modelo de saúde, o qual considera o indivíduo

na sua totalidade (GELBCKER; PADILHA, 2004).

A importância da relação paciente e profissional, também foi observada em um

estudo sobre a relação entre fatores relativos ao tratamento, no qual a percepção dos

pacientes sobre seu contato com a equipe molda uma relação de ajuda associando a uma

melhor adesão na recuperação. Para Dimenstein (2001), mudanças significativas no modo

de atuação dos profissionais atuante na saúde pública, incorporam uma nova concepção

de prática profissional, associada ao processo de cidadanização, de construção de sujeitos

com capacidade de ação e de proposição. Há, portanto, uma necessidade de aprendizagem

de ambos. Gazzinelli et al. (2005) afirma que para que essa visão se altere, e realmente

ocorra à promoção da saúde, há a necessidade de se romper com o padrão cientificista,

buscando pensar a educação para saúde em termos mais abrangentes, que consideram o

indivíduo em sua totalidade, o qual é dotado de subjetividade, e de valores e saberes

diferentes daqueles com os quais os profissionais de saúde e educação lidam.

Um olhar voltado ao indivíduo em sua totalidade pode incluir um modelo de

trabalho com dependentes químicos visando à adesão, ressaltando os benefícios de

oferecer um suporte psicossocial encaminhando-lhes a desintoxicação, exigindo novas

formas de intervenções.

O processo de qualidade de vida profissional vem realizando diversas modificações

no âmbito organizacional, adquirindo melhorias de promoção e prevenção à saúde do

trabalhador. Averiguando as condições inadequadas da saúde pública prestadas aos

dependentes químicos, busca-se identificar o contexto motivacional dos profissionais que

trabalham com o processo de reinserção social. A pesquisa investigou a qualidade de vida

da equipe do Capsi de um município do Oeste catarinense, haja vista a demanda dos

usuários do serviço, relacionando a capacidade individual e do grupo para planejar

projetos que tragam benefícios para o serviço.

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PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O método refere-se ao estudo de um conjunto de regras básicas para desenvolver

um trabalho que traga uma nova experiência a fim de produzir novos conhecimentos. É

nele é explicado o tipo de pesquisa abordado, os instrumentos que foram utilizados,

questionário aplicado, é onde se expõem todas as ferramentas utilizadas para o trabalho

de pesquisa. Para Lakatos e Marconi (2001, p.83) o método é o conjunto das “atividades

sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o

objetivo dos conhecimentos válidos e verdadeiros, traçando o caminho a ser seguido,

detectando erros e auxiliando as decisões do cientista.”

O presente estudo foi realizado no Centro de Atenção Psicossocial – Infanto/Juvenil

(Capsi) localizado em um município do oeste catarinense, com o objetivo de analisar a

qualidade de vida dos profissionais que trabalham para a reabilitação social dos usuários

do serviço, trata-se portanto, de um estudo de caso. Yin (1994) afirma que esta abordagem

se adapta à investigação em educação, quando o investigador é confrontado com situações

complexas, de tal forma que dificulta a identificação das variáveis consideradas

importantes, quando o investigador procura respostas para o “como?” e o “porquê?”,

quando o investigador procura encontrar interações entre fatores relevantes próprios dessa

entidade, quando o objetivo é descrever ou analisar o fenômeno de uma forma profunda

e global, e quando o investigador pretende apreender a dinâmica do fenômeno, do

programa ou do processo.

Este estudo de caso é predominantemente quantitativo, sendo que Moreira (2002)

segue-se uma orientação que objetiva entender a situação em análise. O autor Mitchell,

(1987, p. 81) deixa claro que a quantificação deve auxiliar o trabalho de campo e não se

constituir sua perspectiva principal.

O referido trabalho buscou obter características de fenômenos entre formas e

maneiras das circunstâncias dos fatos ocorrentes na equipe, proporcionando um estudo

de caso descritivo, pois relata os fenômenos avaliados no serviço, para adequação na

qualidade de vida no trabalho. A pesquisa descritiva consiste em estudar o nível de

atendimento dos órgãos públicos de uma comunidade, as condições de habitação de seus

habitantes, os índices de criminalidade que aí se registra, entre outros. Estão incluídas

nesse grupo as pesquisas que têm como objetivo levantar as opiniões, atitudes e crenças

de uma população (GIL, 1994, p.45).

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Atualmente, fazem parte de equipe 15 profissionais, entre eles Psicólogos, Agente

de Saúde, Educador Físico, Psicopedagoga, Terapeuta Ocupacional, Enfermeira e

Auxiliar de Enfermagem, Médico Pediatra, Motorista, Auxiliar de Serviços Internos,

Médico Psiquiatra e Estagiários, sendo que destes 10 participaram da pesquisa.

Como instrumentos de levantamento das informações, utilizou-se a aplicação de

um questionário em grupo para a equipe no próprio local de trabalho, baseando-se na

fundamentação dos autores Werther e Davis (1983), com modificações realizadas pelo

pesquisador a partir da análise do ambiente do Capsi, com perguntas fechadas. Segundo

Parasuraman (1991) um questionário é tão somente um conjunto de questões, feito para

gerar os dados necessários para se atingir os objetivos do projeto.

Além do questionário, foram utilizadas observações sistemáticas, que segundo

Fialho e Santos (1995), permitem avaliar a questão em seus aspectos funcionais,

estruturais e conjunturais. Normalmente, as observações oferecem validade para outras

técnicas. As observações sistemáticas foram registradas em um diário de campo, que de

acordo com Minayo (1993 p, 100) contempla todas as informações que não sejam o

registro das entrevistas formais. Ou seja, observações sobre conversas informais,

comportamentos, cerimoniais, festas, instituições, gestos, expressões que digam respeito

ao tema da pesquisa. Falas, comportamentos, hábitos, usos, costumes, celebrações e

instituições compõem o quadro das representações sociais. Neste sentido, a confrontação

entre os dados obtidos a partir de observações com as declarações obtidas através do

questionário é interessante, pois pode evidenciar pontos críticos.

Para análise dos dados do questionário, utilizou-se o método de estatística descritiva

que segundo Reis (1998), tem como objetivo básico sintetizar uma série de valores de

mesma natureza, permitindo dessa forma que se tenha uma visão global da variação

desses valores. Os dados foram organizados e descritos de duas maneiras: por meio de

gráficos e de medidas descritivas.

ANÁLISE DE DADOS

A pesquisa foi realizada no Centro de Atenção Psicossocial Infanto/Juvenil. Sabe-

se que uma rede de saúde mental, pode ser constituída por vários dispositivos assistenciais

que possibilitem a atenção psicossocial aos pacientes com transtornos mentais e

dependência química, segundo critérios populacionais e demandas dos municípios. Esta

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100

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rede pode contar com ações de saúde mental na atenção básica onde são inclusos oficinas

terapêuticas, grupos, terapias e consultas individuais, visita domiciliar, a rede oferece

serviços em hospitais gerais e clinica terapêutica. Ela deve funcionar de forma articulada,

tendo os CAPS como serviços estratégicos na organização de sua porta de entrada e de

sua regulação. Os profissionais foram questionados sobre os seguintes temas:

confiabilidade, compartilhamento de idéias e objetivos, novas situações de trabalho,

capacidade de resolver problemas e imprevistos, execução de atividades, forma de

realização destas atividades, comportamento ético, administração de tempo e trabalho,

busca de qualificação pessoal e profissional, nível de stress e humor, reinserção social,

saúde publica e qualidade de vida profissional.

Quanto ao grau de confiabilidade das informações, atividades e dos serviços

prestados no serviço, verificou-se que 60% dos respondentes consideram que a equipe

tem excelentes proporções de relacionamento e comunicação confiável, enquanto 40%

avaliaram como bom seu desempenho em relação à confiabilidade. Percebe-se que a

confiabilidade leva também há um aumento da segurança, a uma redução dos riscos

ambientais e contribui decisivamente para um ambiente positivo na equipe.

Verificou-se que 70% dos respondentes consideram que os integrantes da equipe

compartilham ideias, que visam buscar objetivos de melhorias nas condições de trabalho

e processo terapêutico dos pacientes, além disso, pode-se averiguar que 20% dos

respondentes afirmam que a equipe busca ter um bom desempenho de atingir

expectativas, enquanto 10% consideram o compartilhamento de ideias como regular.

Pode-se considerar que houve uma alta porcentagem de profissionais que busca novos

conhecimentos para aprimoramento de ideias e conceitos. Neste sentido, percebeu-se que

clareza e transparência quanto aos objetivos e estratégias da organização são essenciais,

pessoas produzem mais e melhor quando se identificam com o que fazem, sabem para

onde vão profissionalmente e compreendem que fazem parte de algo maior.

Quanto a compreender e responder às novas situações de trabalho, verificou-se que

40% dos respondentes consideram que respondem à estas novas situações de forma

excelente, enquanto 50% avaliaram como bom este processo e 10% consideram como

regular. Sabendo que a demanda de usuários desse serviço é ligada a dependência química

e transtornos mentais, infere-se que há busca por novas formas de compreensão,

conhecimento e técnicas para lidar com as demandas de trabalho.

Quanto à capacidade de resolver problemas e imprevistos, de forma eficaz no

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trabalho a partir do conhecimento e experiência, 30% dos respondentes consideraram

excelente, 60% consideraram bom e 10% como regular. Neste sentido, identificou-se que

os profissionais que atuam no Capsi, tem uma demanda constante por novas posturas

diante de situações imprevistas. Quanto ao processo de execução das atividades no

serviço, que geram impactos e otimização nos processos e formas de trabalho, a

capacidade de criar e inovar projetos, planos, ideias para trazer benefícios concretos à

equipe, verificou-se que 20% dos respondentes consideram essa execução excelente, 50%

dos profissionais classificaram como boa e 30% avaliaram como regular essa execução.

Neste sentindo, infere-se a falta de alguns membros da equipe do Capsi afetam

diretamente os resultados do trabalho, principalmente em relação à forma de execução

das atividades.

Quanto à realização de atividades no serviço de forma organizada, consistente e

objetiva com vistas aos objetivos pré-estabelecidos para melhoria da qualidade de vida

profissional, verificaou-se que 20% dos respondentes a consideraram excelente, 40% a

classificaram como boa e 40% como regular. Neste sentido, observa-se que a organização

dos processos de trabalho é um dos fatores que mais sofre prejuízos na opinião dos

respondentes da pesquisa.

Quanto à atitude pautada pelo respeito ao próximo, integridade, senso de justiça,

impessoalidade nas ações, percebeu-se que a equipe desenvolve um processo ótimo para

70% dos respondentes, enquanto 30% o classificaram como bom. Neste sentido, infere-

se que o serviço visa buscar o melhor tratamento para comunidade debilitada que o utiliza,

desempenhando um papel profissional, controlando seu estado emocional e mental

decorrente situações que geram um cuidado maior, assim promovendo benefícios para o

paciente e sua família. Pode-se afirmar que este fator contribui também para a discussão

de melhorias.

Quanto às atitudes em relação à administração do tempo, considerando a

pontualidade e interrupções durante o período de trabalho, constatou-se que 40% dos

respondentes classificam como excelente a relação com o tempo e 60% classificaram este

aspecto como bom. Neste sentido, e por meio das observações realizadas infere-se que o

tempo de trabalho é escasso, e diante disso, exige-se que os profissionais consigam

administrar esse tempo e processos de uma forma organizada e eficiente.

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Quanto ao interesse pela busca ativa de qualificação e aprimoramento pessoal e

profissional, 20% dos respondentes o classificaram como excelente, 50% o classificaram

com bom e 30% como regular. Neste sentido, percebe-se que a busca por qualificação e

aprimoramento profissional não é efetiva da equipe atualmente, já que somente 20% a

classificam como excelente.

Quando questionados sobre como percebem seu nível de estresse no decorrer do

dia, 40% dos respondentes mencionaram que o mesmo pode ser classificado como

regular, enquanto o restante da amostra (60%) mencionou que não se sentem estressados.

Quando questionados sobre qual é a percepção acerca do nível de humor ao final do dia,

após o trabalho, 10% dos respondentes afirmaram que não sofrem alterações e o humor,

e o classificaram como excelente, enquanto 60% o classificaram como bom e 30% o

classificaram como regular.

Durante o processo de análise dos dados da pesquisa, alguns resultados chamaram

mais atenção do que outros, neste sentido, para algumas respostas, optou-se pela

apresentação de gráficos, haja vista a importância dos resultados para os objetivos da

pesquisa. Quanto questionados sobre a percepção da equipe sobre a importância de

trabalhar com reinserção social, que é foco do trabalho da equipe, 30% dos respondentes

classificaram como boa a relação neste contexto, 50% mencionaram regular e 20%

classificaram como péssimo, o que pode ser verificado no Gráfico 01.

Gráfico 01 - Percepção da equipe sobre trabalhar com reinserção social

Fonte: Elaborado pelas autoras, com base nos resultados da pesquisa, 2014.

Bom 30%

Regular 50%

Péssimo20%

Excelente

Bom

Regular

Péssimo

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Diante dos resultados apresentados do gráfico 1, pode-se inferir que há uma certa

insatisfação da equipe em relação ao trabalho que desempenham com os dependentes

químicos em processo de reinserção social, o que pode influenciar a qualidade de vida no

trabalho. Pode-se afirmar que o indivíduo precisa estar inserido em locais onde possa

realizar atividades benéficas a instituição e sentir-se bem diante deste processo, e se caso

não consegue, acaba afetando o tratamento dos usuários do serviço. A reinserção social

do dependente químico necessita de uma equipe multiprofissional para seu tratamento, e

para auxiliar nesse processo a equipe necessita ter um conhecimento geral sobre esse

determinado assunto, e principalmente fazer um levantamento de dados sobre o paciente,

vinculando a teoria com a prática, beneficiando ambos os lados.

Quando questionados sobre a importância da atenção da saúde pública voltada aos

pacientes, 30% dos respondentes classificaram como bom, 50% como regular e 20%

péssimo, o que pode ser verificado no Gráfico 02.

Gráfico 02 - A saúde pública e a atenção aos dependentes químicos

Fonte: Elaborado pelas autoras, com base nos resultados da pesquisa, 2014.

Neste sentindo, infere-se que a percepção dos respondentes é de que há falta de

comprometimento da saúde publica, sobrecarregando a equipe. Por meio das observações

percebeu-se que as dificuldades que a saúde pública encontra para promover mudanças,

gerando impactos na equipe, pois ela visualiza o sofrimento do usuário e da família.

Percebe-se nas respostas o impacto da falta de estrutura adequada do ambiente,

profissionais treinados e recebimento de qualificações necessárias no serviço.

Bom 30%

Regular 50%

Péssimo20%

Excelente

Bom

Regular

Péssimo

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Quanto à saúde publica estar dando atenção à qualidade de vida profissional,

percebe-se que 10% dos respondentes classificaram como boa, 60% regular e 30%

péssimo, o que pode ser verificado no Gráfico 03.

Gráfico 03 - Saúde pública e qualidade de vida dos profissionais

Fonte: Elaborado pelas autoras, com base nos resultados da pesquisa, 2014.

Neste contexto, pode-se afirmar que a equipe demonstra que não conta com o apoio

da Prefeitura do município, e pode-se inferir que a sobrecarga da equipe é proveniente da

complexidade das tarefas, e dos problemas administrativos. Foi dado relevância para estas

três últimas questões, pois se percebe que as forma como os fatores foram avaliados pelos

respondentes tem relação direta com os objetivos da pesquisa.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa teve como objetivo geral analisar a qualidade de vida da equipe do Capsi

de um município do Oeste catarinense, haja vista a demanda dos usuários do serviço,

relacionando a capacidade individual e do grupo para planejar projetos que tragam

benefícios para o serviço. Neste sentido, percebe-se que a equipe procura meios na saúde

publica para aperfeiçoamento da equipe como um todo e com vistas no tratamento do

usuário.

Pode-se inferir que a demanda gerada pelos usuários influencia na qualidade de vida

no trabalho, constituindo-se como fator estressor, devido ao desgaste emocional e físico

dos profissionais, e pela forma como percebem a importância de trabalhar com reinserção

Bom 10%

Regular 60%

Péssimo 30%Excelente

Bom

Regular

Péssimo

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social, mas que não a percebem como eficaz no tratamento do usuário. Da mesma forma,

os respondentes também não parecem considerar o stress e as alterações de humor com

grande influência em sua qualidade de vida. Neste sentido, questiona-se a participação

individual dos profissionais do serviço em busca de projetos e estratégias com vistas ao

melhor desempenho.

Importante ressaltar que a pesquisa com servidores públicos com vistas à qualidade

de vida no trabalho não tem sido muito frequente, mas merece novos estudos, já que

alguns fatores entendidos como motivadores, podem estar sendo superestimados, quando

se pensa nos demais fatores relacionados ao trabalho e que demonstram influências na

qualidade de vida no trabalho dos servidores.

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Recebido em 13/06/2014

Aceito em 17/06/2014

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109

ISSN 1980-0894 Resenha, Vol.9 Nº1, Ano 2014

O PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE INTERGERACIONAL COMO

PRESSUPOSTO PARA A ADOÇÃO DE UM PARADIGMA AMBIENTAL DE

SUSTENTABILIDADE

THE PRINCIPLE OF INTERGENERATIONAL EQUITY AS A

PRECONDITION FOR THE ADOPTION OF AN ENVIRONMENTAL

SUSTAINABILITY PARADIGM

Gabriela Soldano Garcez1

Resumo: Esta resenha analisa a importância da proteção e promoção do meio

ambiente ecologicamente equilibrado, com a responsabilidade das presentes gerações

quanto a vida digna das futuras gerações, a partir da analise do texto “Intergenerational

equity: a legal framework for global environmental change”, escrito pela professora Edith

Brown Weiss. É dever das atuais gerações a preservação dos níveis de qualidade

ambiental, para que as futuras gerações possam desfrutar de qualidade de vida. Por esta

razão, conclui-se que é responsabilidade das presentes gerações a proteção das futuras,

mantendo o ambiente saudável ou, ainda, restaurando-o no que tiver sido violado, para

que haja vida saudável e digna para aqueles que ainda virão.

Palavras-chave: Meio Ambiente, futuras gerações, princípio da solidariedade

intergeracional, direito fundamental.

1 Titulação: Advogada e Jornalista diplomada. Pós-graduada em Direito Processual Civil e Direito Processual do

Trabalho, pela Universidade Católica de Santos. Mestre em Direito Ambiental, pela Universidade Católica de Santos.

Doutoranda em Direito Ambiental Internacional, pela Universidade Católica de Santos. E-mail para contato:

[email protected]ço: Avenida dos Bancários, nº. 80, apartamento 81. CEP: 11030-300.

Bairro: Ponta da Praia. Cidade: Santos, no estado de São Paulo.

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110

ISSN 1980-0894 Resenha, Vol.9 Nº1, Ano 2014

Abstract: This review discusses the importance of protecting and promoting

ecologically balanced environment, with the responsibility of present generations as a

dignified life for future generations, from the analysis of the text "Intergenerational

equity: the legal framework for global environmental change", written by Edith Brown

Weiss. It is the duty of the present generation to preserve levels of environmental quality

for future generations to enjoy quality of life. For this reason, it is concluded that it is the

responsibility of present generations to protect the future, keeping the environment

healthy, or even restoring it on that has been violated, so there is healthy and dignified

life for those yet to come.

Keywords: Environment, future generations, principle of intergenerational solidarity, a

fundamental right.

O princípio da solidariedade intergeracional como pressuposto para a adoção

de um paradigma ambiental de sustentabilidade

Em “Intergenerational equity: a legal framework for global environmental

change”, texto escrito pela professora Edith Brown Weiss (nome referência nas áreas de

relações internacionais e Direito Ambiental Internacional; professora da Universidade de

Georgetown – Washington/ EUA, desde 1978), publicado em 1992 como um dos

capítulos do livro intitulado “Environmental change and internacional law: New

challenges and dimensions”, coordenado pela própria Edith, a professora explora a ideia

de que o desenvolvimento econômico provoca mudanças ambientais globais de longo

prazo, que levantam questionamentos que se estendem por mais de uma geração, bem

como que os atuais instrumentos econômicos tentam satisfazer as necessidades da geração

presente de forma eficiente, mas são insuficientes para lidar com as questões de igualdade

com as gerações futuras. É um texto que aborda, portanto, a teoria da equidade

intergeracional no contexto das mudanças ambientais globais.

Um número crescente de acordos internacionais, declarações, cartas, e resoluções

da Assembleia Geral das Nações Unidas refletem essa preocupação para o bem-estar das

gerações futuras e, estabelecem princípios ou obrigações destinadas a proteger e melhorar

o bem-estar das presentes e futuras gerações.

Page 112: Revista InterfacEHS edição completa Vol. 9 nº 1

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ISSN 1980-0894 Resenha, Vol.9 Nº1, Ano 2014

A preocupação com a justiça para com as gerações futuras em relação ao meio

ambiente surgiu nas reuniões preparatórias para a Conferência de Estocolmo sobre o Meio

Ambiente Humano, em 1972, e foi incorporado ao texto final produzido. O primeiro

princípio da Declaração estabelece que " ... o homem tem uma responsabilidade solene

de proteger e melhorar o ambiente para as gerações presentes e futuras.

Existem várias abordagens para a definição de igualdade intergeracional no

contexto da relação entre as gerações para o planeta Terra.

O primeiro é o modelo preservacionista, em que a geração atual não pode destruir,

esgotar ou significativamente alterar os recursos existentes, mas sim, economizá-los para

as gerações futuras e preservar o mesmo nível de qualidade em todos os aspectos do

ambiente. O outro extremo pode ser denominado o modelo de opulência, em que a

geração atual consome tudo o que quer hoje e gera tanta riqueza quanto pode, ou porque

não há certeza de que existirão gerações futuras, ou porque maximizar o consumo de hoje

é a melhor maneira de maximizar a riqueza para as gerações futuras. Uma variante do

modelo de opulência é o modelo de tecnologia, em que não há preocupação com o meio

ambiente para as gerações futuras, porque, teoricamente, a inovação tecnológica nos

permitirá introduzir recursos substitutos infinitos. Finalmente, há o modelo de economia

ambiental, que defende que devemos fazer a contabilidade dos recursos naturais

adequadamente para cumprir as obrigações para com as gerações futuras.

Por outro lado, a teoria da igualdade intergeracional proposta pela professora Edith

parte do pressuposto de que, a sustentabilidade só é possível se olharmos para a Terra e

seus recursos como uma relação de confiança, que nos transmite tanto direitos quanto

responsabilidades. As gerações futuras têm direitos, embora esses direitos só tenham

significado se os vivos respeitá-los e, se este respeito transcender as diferenças entre os

países, religiões e culturas.

Todas as gerações são inerentemente ligadas a outras gerações (para o passado e

para o futuro), no uso do patrimônio comum da Terra. A teoria da equidade

intergeracional estipula que todas as gerações têm um lugar igual em relação ao sistema

natural. Não há nenhuma base para preferir a geração presente sobre as gerações futuras

na sua utilização do planeta.

A parceria entre as gerações é, portanto, o corolário da igualdade. Isso exige que

cada geração passe o planeta sem qualquer condição pior do que o recebeu e forneça o

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ISSN 1980-0894 Resenha, Vol.9 Nº1, Ano 2014

acesso equitativo aos recursos e benefícios para as futuras gerações.

Cada geração é tanto um administrador para o planeta com as obrigações de cuidar

dele e um beneficiário com direito de usá-lo.

Esta teoria da equidade intergeracional tem uma base profunda no direito

internacional. A Carta das Nações Unidas, o Preâmbulo da Declaração Universal dos

Direitos Humanos, o Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos, a Convenção

sobre a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio, a Declaração Americana dos

Direitos e Deveres do Homem, a Declaração sobre a Eliminação da Discriminação contra

a Mulher, a Declaração sobre os Direitos da Criança, e muitos outros documentos de

direitos humanos, revelam uma crença fundamental na dignidade de todos os membros

da sociedade humana e em uma igualdade de direitos, que se estende no tempo e no

espaço.

Para a professora Edith, três princípios formam a base da equidade

intergeracional. Em primeiro lugar, cada geração deve ser obrigada a conservar a

diversidade da base de recursos naturais e culturais, de modo a não restringir

indevidamente as opções disponíveis para as gerações futuras. Trata-se da "conservação

de opções". Em segundo lugar, cada geração deve ser obrigada a manter a qualidade do

planeta para que este não seja repassado em condições piores do que aquela em que foi

recebida. Este é o princípio da "conservação da qualidade”. Em terceiro lugar, cada

geração deve fornecer aos seus membros direitos equitativos de acesso ao legado das

gerações passadas e, deve conservar esse acesso para as gerações futuras. É o princípio

da "conservação de acesso".

Os princípios propostos reconhecem o direito de cada geração a usar os recursos da

Terra em seu próprio benefício, mas restringem as ações da atual geração ao fazê-lo.

Os princípios de opções (também chamado de diversidade), qualidade e acesso

formam a base de um conjunto de obrigações e direitos intergeracionais, ou os direitos e

obrigações planetárias, que são mantidos por cada geração.

Na dimensão intergeracional, as gerações para as quais as obrigações são devidas

são as gerações futuras, enquanto as gerações com que os direitos estão ligados são as

gerações passadas. Assim, os direitos das gerações futuras estão ligados às obrigações da

geração presente. Já no contexto intrageracional, obrigações e direitos planetários existem

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entre os membros da geração atual. Assim, as obrigações intergeracionais para conservar

o planeta fluem da geração atual para as gerações futuras e entre os próprios membros da

geração atual, que têm o direito de usar e desfrutar do legado planetário.

Se as obrigações da geração presente não estão relacionadas com os direitos, a atual

geração tem um forte incentivo para polarizar a definição dessas obrigações em favor de

si mesmo em detrimento das gerações futuras. Direitos intergeracionais têm maior força

moral do que obrigações. Assim, cada geração tem a responsabilidade de definir critérios

para ações que violem esses direitos.

Estes direitos intergeracionais podem ser considerados como direitos de grupo, ou

seja, distintos dos direitos individuais, no sentido de que as gerações possuem esses

direitos como os grupos em relação a outras gerações - passado, presente e futuro. Eles

existem independentemente do número e identidade dos indivíduos que formam cada

geração.

A evolução do direito internacional fora do domínio do ambiente faz a aceitação

dos direitos intergeracionais uma evolução natural e desejável. Na verdade, o direito

internacional dos direitos humanos (para citar dois exemplos: a convenção de genocídio,

bem como a proibição contra a discriminação racial) são dirigidas tanto para a proteção

do futuro como para a proteção das gerações.

Estratégias para a implementação desta igualdade entre gerações devem ser

estabelecidas.

Primeiramente, as gerações futuras não são efetivamente representadas nos

processos de tomada de decisão hoje, embora as decisões que tomamos vão determinar o

seu bem-estar inicial. Uma abordagem para esta questão é a designação de um

ombudsman para as gerações futuras. A Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e

Desenvolvimento recomendou que os países considerem a adoção de um ombudsman

nacional.

Por outro lado, para a professora Edith, com a finalidade de incentivar a cooperação

entre os países e entre as comunidades para cumprir as obrigações para com as gerações

futuras, é útil elaborar e codificar as normas relevantes da equidade intergeracional. A

codificação reduz as ambiguidades sobre o comportamento esperado e distingue o

comportamento cooperativo do comportamento não cooperativo.

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Regimes internacionais para gerenciar ou para coordenar as medidas de gestão de

determinados recursos naturais são importantes. Eles facilitam o desenvolvimento e o

intercâmbio de informações, tornando mais difíceis defeitos, e podem contribuir para o

desenvolvimento de novas normas. É importante que os estados relevantes participem do

regime, a fim de evitar “paraísos da poluição” ou “caronas na comunidade

internacional”. Isto exige que os Estados ofereçam incentivos e desincentivos para

encorajar a participação.

Para implementar a equidade entre gerações, é necessário, ainda, uma nova

ética. Isso exige elevar a consciência pública e educar as pessoas sobre o desenvolvimento

ambientalmente sustentável. A revolução da informação ajudará a fornecer as

informações necessárias para fazer isso, bem como na mobilização da participação

pública no desenvolvimento e implementação de medidas para o alcance da equidade

intergeracional.

Dessa forma, analisando o progresso da comunidade internacional para enfrentar as

preocupações ambientais intergeracionais nas duas últimas décadas, pode-se concluir que

este é altamente insuficiente. Mas, se compararmos onde estamos hoje com 1972 (data da

Declaração de Estocolmo, que iniciou tal preocupação), é impressionante a aprendizagem

rápida dos países para abordar tais questões.

Recebido em 16/03/2014

Aceito em 02/04/2014

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ISSN 1980-0894 Tradução, Vol.9 Nº1, Ano 2014

CONTRIBUIÇÃO DAS EXPOSIÇÕES DE ÓXIDO DE NITROGÊNIO E

DIÓXIDO DE ENXOFRE, EMITIDAS DE USINAS DE ENERGIA, NA

PREVALÊNCIA DE DOENÇAS E SINTOMAS RESPIRATÓRIOS1

Eric D. Amster2

Maayan Haim3

Jonathan Dubnov4

David M. Broday5

R E S U M O

Este estudo investiga a associação entre a exposição ambiental de NOx e SO2,

proveniente de emissões de usinas de energia, com a prevalência da doença pulmonar

obstrutiva e sintomas relacionados. A usina a carvão Orot Rabin é a maior instalação de

geração de energia na região do Mediterrâneo Oriental. Dois novos métodos que avaliam

exposições às emissões específicas de usinas de energia foram estimados para 2244

participantes que completaram a European Community Respiratory Health Survey

(Pesquisa sobre a Saúde respiratória da Comunidade Europeia). A "abordagem na fonte"

modelou emissões rastreadas até a usina, enquanto a "abordagem de evento" identificou

exposições de pico de eventos da usina. Os sintomas respiratórios, mas não a prevalência

de asma e DPOC, foram associados às estimativas de emissões de NOx da usina. A

"abordagem na fonte" rendeu uma melhor estimativa da exposição às emissões de usinas

de energia e revelou uma relação dose-resposta mais consistente com os resultados. O

cálculo da parcela de poluição ambiental atribuída às emissões de usinas de energia pode

ser útil para fins de gestão da qualidade do ar e para programas de redução de metas.

Palavras chave: Poluição de ar, saúde respiratória, avaliação de exposição

1 Versão traduzida do artigo “Contribution of nitrogen oxide and sulfur dioxide exposure from power plant emissions

on respiratory symptom and disease Prevalence”, ELSEVIER, Environmental Pollution 186 (2014) 20 a 28. 2University of Haifa, School of Public Health, Department of Occupational and Environmental Health, Haifa, Israel;

Institute for Occupational and Environmental Medicine, Rambam Medical Center, Ministry of Health, Haifa, Israel;

Harvard School of Public Health, Department of Environmental Health, Boston, USA; Autor correspondente.

email: [email protected] (E.D. Amster). 3 Faculty of Civil and Environmental Engineering, Technion-Israel Institute of Technology, Haifa, Israel; Coalition

for Public Health, Haifa, Israel 4 University of Haifa, School of Public Health, Department of Occupational and Environmental Health, Haifa, Israel;

Haifa District Office, Ministry of Health, Haifa, Israel 5Faculty of Civil and Environmental Engineering, Technion-Israel Institute of Technology, Haifa, Israel

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1. Introdução

Os óxidos de nitrogênio (NOx) e dióxidos de enxofre (SO2) são poluentes gasosos

que revelaram causar um aumento da incidência de exacerbação da asma e dos sintomas

respiratórios. Especificamente, a exposição a NOx tem sido associada ao aumento de

hospitalizações relacionadas a problemas respiratórios (Barnett et al., 2005; Iskandar et

al., 2012; Tramuto et al., 2011), aumento de susceptibilidade à infecção respiratória

(Brauer et al., 2002;. Chen et al., 2007), aumento da frequência de sintomas respiratórios

(Van Strien et al., 2004; Zhao et al., 2008) e aumento da mortalidade (Heinrich et al.,

2013; Moolgavkar et al., 2013). Igualmente, a exposição a SO2 tem sido associada ao

aumento da mortalidade em geral e a problemas respiratórios (Chen et al., 2012), aumento

do risco de diagnóstico de asma (Clark et al., 2010), exacerbação de doença respiratória

pré-existente (Chen et al., 2007) e aumento da prevalência de sintomas respiratórios, tal

como chiado no peito e falta de ar (Zhao et al., 2008).

Estudos anteriores sobre os efeitos para a saúde na população israelense, associados

às emissões de NOx e SO2, forneceram resultados conflitantes. Embora tenha sido

relatado o aumento da frequência de atendimentos ambulatórios e de emergência (Garty

et al., 1998), Goren et al. (1995), Goren e Hellmann (1997), não foi encontrada uma

associação entre as visitas clínicas ou a prevalência de asma com a maior exposição ao

NOx e SO2. Mais recentemente, uma associação entre asma infantil foi reportada em

relação à exposição a Material Particulado PM10, mas não a SO2 (Portnov et al., 2011).

Enquanto as usinas são uma fonte significativa de poluição do ar (Hao et al., 2007),

contribuindo com mais de 70% do total de emissões de SO2 nos Estados Unidos (EUA

EPA, 2013a), há poucos estudos sobre a avaliação da contribuição fracional específica de

emissões de usinas para a saúde respiratória em comunidades vizinhas, e os resultados de

estudos anteriores não são conclusivos (Cohen et al, 1972;. Carbonell et al, 2007).

Moradores de aldeias dentro de 5 quilômetros de uma usina de energia a base de carvão,

na Turquia, tiveram um aumento estatisticamente significativo da frequência de sintomas

respiratórios e uma redução de parâmetros de espirometria quando comparados a

moradores que residem a mais de 30 km da fonte de emissão (Karavus et al., 2002). Levy

e Spengler (2002) estimaram que o uso da Best Available Control Technology (BACT)

para reduzir emissões de NOx e SO2 em duas usinas de Massachusetts resultaria em uma

redução de 70 mortes por ano.

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Em parte, os resultados inconclusivos dos estudos anteriores são devidos às

diferentes métricas de exposição utilizadas e à dificuldade em diferenciar as exposições

às emissões de usinas de energia das exposições aos mesmos poluentes originários de

outras fontes urbanas e móveis.

A usina a base de carvão Orot Rabin é a maior instalação de geração de energia na

região do Mediterrâneo Oriental, com uma capacidade instalada de 2.580 MW. Mais de

363 mil pessoas vivem em um raio de 20 km das duas pilhas de usina de 250m e 300m.

Goren et al. (1991) acompanhou as alterações na prevalência de sintomas respiratórios e

asma em crianças da escola primária que viviam na vizinhança da usina Orot Rabin.

Enquanto eles relataram o aumento da prevalência de sintomas respiratórios em crianças

que residiam em áreas de alta poluição nos anos após o início da operação da usina, há

uma preocupação significativa de uma classificação errônea da exposição neste estudo.

O aumento da prevalência de asma e função pulmonar reduzida também foi observado

em crianças que residem próximo à usina Orot Rabin (Goren e Hellmann, 1997), no

entanto, a exposição individual e a proximidade com a usina não foram incluídos na

avaliação da exposição. Com base em uma estimativa de exposição seguindo o método

"evento" (ver Métodos), uma associação com a função pulmonar reduzida tem sido

relatada em crianças em idade escolar que vivem nas proximidades da usina (Dubnov et

al., 2007).

No presente estudo, comparamos diferentes métricas de exposição a óxidos de

nitrogênio e dióxidos de enxofre, emitidos de uma grande usina a base de carvão, e

avaliamos sua relação com a prevalência de diagnósticos e sintomas respiratórios em

adultos. Nosso principal objetivo é avaliar a associação de potência total e específica de

exposições ambientais de NOx e SO2, provenientes de usinas, com os resultados da saúde

respiratória entre a população residente em sentido de direção do vento passando por uma

grande usina a base de carvão.

2. Materiais e Métodos

2.1. Área de estudo

O estudo foi realizado em Hadera, um subdistrito de Israel localizado na costa do

Mediterrâneo a aproximadamente 50 km ao norte de Tel Aviv e 50 km ao sul de Haifa,

primeira e terceira maiores cidades de Israel, respectivamente (Fig. 1). O subdistrito de

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Hadera inclui 17 municípios dentro de uma distância de até 20 km da usina Orot Rabin.

O distrito é uma faixa litorânea de aproximadamente 45 km de extensão e 15 km de

largura, com uma população total de aproximadamente 363.000 (ICBS, 2008).

A usina Orot Rabin é a principal fonte de emissão de SO2 e NOx na região, com

seis unidades de produção de carvão, uma potência total de 2.580 MW, e um

Fig. 1. Mapa da área de estudo. A usina Orot Rabin é marcada pelo

círculo vermelho, os locais das estações de monitoramento são marcados

com quadrados verdes e locais sujeitos são marcados com pontos

marrons. As marcações das coordenadas estão em km na "nova grade

Israelense". (Para a interpretação das referências de cores nesta figura, o

leitor será redirecionado para a versão de web deste artigo.)

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consumo anual de carvão de 7 milhões de toneladas, com um teor de enxofre médio de

0,4-0,5% em base de carvão seco. Como resultado, a usina Orot Rabin emite uma média

anual de 1.846g/s de SO2 e 2,158g/s de NOx, uma média mais de 20 vezes superior à

segunda maior fonte industrial na área (SCATEP, 2007). Uma parcela significativa das

emissões da usina Orot Rabin está dentro da área de estudo. Isto é suportado por uma

clara tendência de diminuição das concentrações de SO2 em paralelo com a redução das

emissões de SO2 durante a fase de utilização de carvão com baixo teor de enxofre na

usina no período de estudo. Além disso, esses dados são suportados por todas as estações

de monitoramento no registro de medições de pico da área de estudo quando o vento sopra

em sua direção proveniente da usina de Orot Rabin (Material Suplementar, Figura 3).

As condições meteorológicas ao longo da costa israelense são caracterizadas por

verão quente e seco de junho a setembro, período em que o sistema sinótico dominante é

uma Calha Persa. Junto ao ciclo de brisa marítima e terrestre, o que resulta em um padrão

diário constante de vento fraco do sudeste durante a noite, mudando gradualmente durante

o dia para um forte vento do oeste (Material Suplementar, Figuras 4 e 5).

Consequentemente, ventos do oeste vindo da usina para a área de estudo são

extremamente comuns. Para um vento lento típico de 3 m/s, o tempo de transporte da

usina Orot Rabin até as estações de monitoramento varia entre 20 e 120 min. De acordo

com Hewitt (2001), em condições de dia ensolarado, a taxa de oxidação do SO2 e NOx é

de até 3%h-¹ e 30%h-¹, respectivamente.

2.2. População do estudo

Uma tradução validada em hebraico e russo do European Community Res-piratory

Health Survey II foi passado a 4.900 participantes adultos que residem na área de estudo

(ECRHS II, 2002; Janson et al, 2001.). O Community Respiratory Health Survey foi um

estudo multicêntrico internacional sobre as doenças respiratórias realizado entre adultos

europeus da população em geral e incluiu exames de saúde e um questionário respiratório,

que foi validado (Pearce et al., 2000) e utilizado em todo o mundo (Manfreda et al., 2004;

Abramson et al., 2002). Os critérios de elegibilidade incluíram a residência na área de

estudo por cinco ou mais anos e a idade dos participantes entre 18 e 75 anos. Os

participantes foram selecionados pelo método de seleção aleatória do National Population

Registry (Cadastro Nacional de População), um registro de todos os residentes

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permanentes em Israel, que inclui endereços residenciais e características de-

demográficas, e entrevistados por telefone. A população do estudo foi selecionada de

forma aleatória representativa da população geral residente na área de estudo. Sexo, idade,

nível de educação, idioma falado e nível socioeconômico da população do estudo foram

semelhantes aos relatados no National Population Registry (Cadastro Nacional da

População).

As entrevistas foram realizadas de 1 de junho de 2003 até 1 de agosto de 2004. A

Taxa de participação foi de 69%, com 3391 das pessoas contatadas concordando em

participar da pesquisa. 2513 das 3.391 entrevistas realizadas estavam em conformidade

com ambos os critérios de inclusão listados acima. Endereços precisos estavam

disponíveis para 2244 dos 2513 participantes (89,3%). Os resultados preliminares

incluíram diagnóstico médico de asma e Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC)

e relato subjetivo de sintoma de tosse crônica, catarro crônico, dispneia noturna e falta de

ar. Informações sobre uma série de potenciais variáveis de confusão (discutidas abaixo)

foram obtidas do questionário European Community Respiratory Health Survey II. A

Aprovação Ética de todos os protocolos e instrumentos de estudo foi concedida pelo

Ministry of Health Institutional Review Board (Conselho de revisão Institucional do

Ministério de Saúde). Todos os participantes forneceram consentimento informado antes

de serem incluídos no estudo.

2.3. Avaliação de exposição

O banco de dados de monitoramento da poluição de ar utilizado neste trabalho foi

obtido da Sharon-Carmel Association of Towns for Environmental Protection, que opera

20 estações de monitoramento que medem NOx, SO2 e diversos parâmetros

meteorológicos em intervalos de 5 min. As estações de monitoramento estão equipadas

com os seguintes dispositivos EPA aprovados: Teledyne-API 100E, 200A, 200E e

ThermoElectron 42C, 43C, 43A (EPA, 2013b). As estações são mantidas e calibradas de

acordo com o manual do fabricante, incluindo uma calibração automática a cada 24 horas

e uma calibração manual por um técnico a cada seis meses. A velocidade, direção e

umidade do vento foram registradas em cada estação, em intervalos de 30 minutos.

Concentrações de poluentes nas estações de monitoramento do ar foram interpoladas

espacialmente por meio da técnica comum de Kriging (Isaaks e Srivastava, 1989) sobre

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a área completa do estudo. A técnica de Kriging foi realizada sobre os valores médios de

cada meia hora (ou seja, as médias de seis leituras consecutivas de 5 min) por estação de

monitoramento durante o período de estudo de oito anos, que coincidem e antecedem a

coleta de dados sobre resultados de saúde. O mapeamento foi realizado no ArcGIS v.9,

com as coordenadas xy dos endereços residenciais dos participantes do estudo

posicionados no mapa e sobrepostos aos mapas de SO2 e NOx. Consequentemente, as

estimativas individuais de exposição foram atribuídas aos participantes com base em seu

endereço residencial. Dois métodos diferentes foram utilizados para estimar a exposição

no local de residência para as concentrações ambientais de NOx e SO2 atribuídas às

emissões de usinas de energia.

2.3.1. Abordagem na fonte

Diversas medidas de garantia de qualidade foram adotadas antes da análise, com

uma lista de estatísticas descritivas e uma fração de dados ausentes ou negativos

calculados para cada poluente em cada estação. Todas as conclusões suspeitas (por

exemplo, valores repetitivos, alta fração de valores negativos, etc...) foram discutidas com

o pessoal da rede de monitoramento e pontos de dados não confiáveis foram eliminados

do banco de dados.

A variação espacial de óxidos de azoto no ambiente, podendo ser atribuída à usina

Orot Rabin, foi calculada com base em supostas constantes de tempo de remoção de SO2

e de NOx da atmosfera suficientemente altas em comparação ao tempo característico de

seu transporte da usina até as estações de monitoramento, de modo que possam ser

consideradas suas reações atmosféricas depois da emissão e as medidas nas estações de

monitoramento. A dispersão de SO2 e de NOx é tomada como idêntica e, portanto,

pressupõe-se que a proporção molar de enxofre de azoto da coluna de gás que adentra a

estação de monitoramento é a mesma que na chaminé.

coluna

de gás chaminé

Onde,

chaminé

coluna

de gás

coluna

de gás

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Foram consideradas apenas concentrações observadas nas estações de

monitoramento pertinentes quando o vento soprava na direção da usina para a estação.

As estações de monitoramento na área de estudo estão posicionadas de modo que a

direção para a usina e as direções para outras fontes locais (estradas principais ou fontes

industriais) em sua maioria não se sobreponham. Desde as emissões de qualquer fonte de

mais de duas ordens de magnitude inferior a da usina, mesmo nos poucos casos em que

possa ocorrer sobreposição de gases da usina e de outras fontes locais, pode-se supor que,

nas condições acima (ou seja, quando o vento da direção de Orot Rabin carrega poluentes

ambientais até o monitoramento), todo o SO2 registrado na estação de monitoramento é

devido às emissões da usina. Assim,

Esta hipótese é apoiada pelas elevadas concentrações de SO2 observadas quando o

vento sopra da direção da usina para as estações de monitoramento, bem como por uma

clara tendência de redução das concentrações de SO2 em paralelo à redução das emissões

de SO2 pela usina, devido à introdução progressiva do carvão com baixo teor de enxofre.

Uma análise foi realizada para cada estação de monitorização individual enquanto

posicionada em diferentes configurações azimutais em relação à usina Orot Rabin. A

parcela de NOx proveniente da usina de energia no total de óxidos de nitrogênio medidos

em qualquer estação de monitorização para cada ponto de dados a cada meia hora, em

conformidade com as premissas acima, é

Para avaliar a exposição das comunidades locais a óxidos de nitrogênio emitidos

pela usina, a contribuição relativa da usina para o nível ambiental de NOx foi multiplicada

pela concentração média de NOx medida na estação de monitoramento durante os pontos

de dados utilizados de meia-hora. Igualmente, a contribuição da usina não energética

coluna

de gás

monitoramento

chaminé

parcela

coluna de gás

monitoramento

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123

ISSN 1980-0894 Tradução, Vol.9 Nº1, Ano 2014

relativa também foi multiplicada pela concentração média de NOx. Estes valores foram

calculados a cada meia hora sobre o período de estudo de 8 anos e depois interpolados

por toda a área de estudo.

2.3.2. Abordagem de evento

A “abordagem de evento” descrita por Dubnov et al. (2007) e Yogev-Baggio et al.

(2010) tenta definir os “eventos” de qualidade do ar provenientes da usina e estimar a

exposição apenas durante esses eventos. Uma “abordagem de eventos” foi definida como

concentrações de meia hora de NOx e SO2 que excederam simultaneamente os níveis

predefinidos de 0.125 ppm para NOx e 0,07 ppm para SO2. Esses níveis foram

determinados, com base em um estudo de estatística descritiva anterior dos dados

regionais de monitorização sobre a poluição do ar, de modo que é previsto que as

concentrações acima destes níveis sejam atribuídas às emissões de usinas de energia.

Estes “eventos” de poluição de ar foram sugeridos para distinguir a poluição de ar de

“chaminés”, gerada pela usina de energia, da poluição de ar na região que poderia ser

atribuída a outras fontes, tais como veículos a motor (SCATEP, 2007). Foi relatada uma

associação com os níveis de poluentes medidos durante esses acontecimentos em estudos

anteriores que utilizam esta “abordagem de evento” de função pulmonar reduzida em

crianças (Dubnov et al. 2,007). Os estudos foram, no entanto, criticados como

classificando erroneamente a exposição.

A exposição métrica durante o chamado "evento de poluição atmosférica" foi

definida como duas vezes a soma do produto das concentrações médias co-observadas de

NOx e de SO2 durante a duração de eventos em todo o período de estudo.

2.4. Análise estatística

Foi realizada uma análise descritiva das variáveis demográficas coletadas no

questionário do estudo. Estas incluíram a idade, sexo, histórico de fumante (nunca,

passivo, anteriormente fumante, atualmente fumante), estado civil (solteiro, casado,

divorciado, viúvo), nível de ensino (ensino fundamental, ensino médio, ensino superior)

e país de origem. Estas co-variáveis foram comparadas entre os participantes com e sem

os seguintes resultados de saúde respiratória: diagnóstico médico de DPOC; diagnóstico

médico de asma; falta de ar, tosse crônica, catarro crônico e dispneia noturna. A estatística

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124

ISSN 1980-0894 Tradução, Vol.9 Nº1, Ano 2014

descritiva foi utilizada para caracterizar diversas co-exposições potencialmente confusas,

incluindo a presença de auto-relato de mofo residencial, presença de animais domésticos,

densidade habitacional (número médio de moradores por quarto) e histórico relatado de

exposição ocupacional a tabaco, poeira, vapores ou fumaças. A proximidade da residência

do participante para o tráfego de veículos foi avaliada através da atribuição de uma

variável dicotômica de distância de aproximadamente 50 m do eixo longitudinal do maior

coletor próximo ou estradas com, pelo menos, duas faixas de tráfego em cada sentido.

Foi calculada a faixa média, mediana e interquartil de ambiente total (fonte de usina

de energia e usina não energética) de exposição e as duas estimativas de exposição

específicas das usinas, tanto para NOx e SO2. Os dados de qualidade do ar em que as

métricas de exposição incorporadas neste estudo foram desenvolvidas incluem todas as

concentrações de meia-hora de NOx e SO2 em média no período de 01 de janeiro de 2000

a 31 de dezembro de 2007. A residência do participante estava conectada aos mapas de

poluentes (ver Seção 2.3). Os coeficientes de correlação de Pearson foram calculados para

comparar as métricas estimadas de exposição. As associações entre os níveis crescentes

de exposições da usina e resultados respiratórios foram avaliadas por meio de regressão

logística multivariada para cada exposição métrica e resultados de saúde. As duas

métricas de exposição específica de usinas de energia e as estimativas totais de exposição

(fontes de usina de energia e de usinas não energéticas) foram incorporadas no modelo

estatístico como uma variável contínua. A linearidade foi avaliada através da inclusão de

um termo polinomial de ordem superior de cada exposição métrica para o modelo. Não

havia nenhuma indicação de efeito não-linear, conforme determinado pela falta de

significado dos termos do polinômio.

Três modelos de regressão logística foram avaliados para cada métrica de exposição

e resultado de saúde. O primeiro modelo foi ajustado apenas para idade e sexo. O segundo

modelo adicionou termos para co-variáveis potencialmente confusas, incluindo histórico

de fumante, status socioeconômico (nível de formação mais alto), proximidade de

estradas e densidade habitacional. Co-variáveis associadas aos resultados de interesse

(idade, densidade habitacional, proximidade de estrada e status socioeconômico), bem

como fatores de risco tradicionalmente aceitos (tabagismo) foram tratados como

potenciais causadores de confusões. Co-variáveis não associadas de forma independente

com a exposição às emissões de usinas de energia e ao risco de resultados de saúde

respiratória (presença de mofo, animais domésticos, país de origem e histórico de

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125

ISSN 1980-0894 Tradução, Vol.9 Nº1, Ano 2014

exposição residencial) não foram incluídos na análise como potenciais fatores de

confusão. O terceiro modelo incluiu uma análise multi-poluente em que estimou a

exposição ao SO2 que foi incorporada como um termo na análise da exposição NOx, e

vice-a-versa.

3. Resultados

3.1. Pesquisa respiratória

A Demografia populacional, distribuição de potenciais variáveis de confusão, a

prevalência de sintomas respiratórios e o diagnóstico médico de asma e DPOC (Tabela

1) são apresentados para os 2.244 participantes entrevistados na população do estudo. A

população do estudo foi de 52% do sexo feminino, sendo quase a metade entre 18-40 anos

de idade, com idade média de 38, e 57% possuem nível superior. A Demografia

populacional do estudo é estatisticamente semelhante à da população-base a partir da qual

os participantes foram selecionados. Aproximadamente, 50% da população participante

nunca fumou, enquanto 28% declararam ser atualmente fumantes. A exposição

residencial a "poeira, gases, fumaça ou vapores" foi relatada por 29% dos participantes.

Um terço da população relatou pelo menos um sintoma respiratório, enquanto 7% e 2%

tiveram diagnóstico médico de asma e DPOC, respectivamente. Não houve uma diferença

estatisticamente significativa na prevalência de asma ou DPOC com base no sexo, idade

ou país de origem. O aumento da escolaridade foi significativamente associado a um

aumento de 2,4 vezes (IC 95%: 1,36-4,22) em pacientes com DPOC, e com um aumento

mínimo, não significativo estatisticamente, da prevalência de asma. A prevalência de

sintomas respiratórios, incluindo tosse crônica, catarro crônico e falta de ar, entre os

atualmente fumantes, foi o dobro (95% CI: 1,55-2,38) do que em não-fumantes.

Tabela 1

Distribuição de co-variáveis demográficas, potenciais co-exposições e resultados de saúde

respiratória entre a população de estudo de 2.244 participantes que residem dentro de 30

quilômetros da Usina Orot Rabin, tendo completado o questionário European Community

Respiratory Health Survey II. As características demográficas são comparadas com as

pesquisas com população em geral a partir do National Population Registry (Cadastro

Nacional da População).

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Características n (%) População geral (%)

Sexo

Feminino 1162 (51.78) 52,2

Idade

18-40 990 (44.13) 46.4

41-60 933 (41.59) 39.9

61-75 320 (14.26) 13.7

Fumante

Nunca 1081 (48.17) 45.5

Passivo 206 (9.18) 12.4

Anteriormente 330 (14.71) 13.3

Atualmente 627 (27.94) 24.8

Formação

0-8 (Ensino fundamental) 40 (1.78) 0.7

9-12 (Ensino médio) 919 (40.95) 43.2

13+ (Ensino superior) 1280 (57.04) 56.1

Desconhecido 5 (0.22) -

Estado civil

Solteiro 435 (19.39) 18.4

Casado 1644 (73.26) 71.3

Divorciado 92 (4.10) 5.8

Viúvo 65 (2.90) 2.3

Desconhecido 8 (0.36) 2.2

Mofo residencial

Sim 463 (21%)

Animais domésticos

Sim 888 (40%)

Não 1356 (60%)

Densidade da habitação

<1 residente por quarto 1839 (82%)

Proximidade residencial com a estrada principal

<50 m 1372

(61.14)

Exposição residencial a poeira, tabaco, fumaça ou vapores

Sim

Diagnóstico médico

DPOC

651 (29%)

38 (1.6%)

Asma 154 (6.9%)

Pesquisa de sintoma positivo

Dispneia noturna 347 (14.5%)

Tosse crônica 586 (26.1%)

Catarro crônico 466 (20.8%)

Falta de ar 368 (16.4%)

Total 2244

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3.2. Métricas de exposição

A faixa média, mediana e interquartil do total da exposição e das duas métricas de

exposição específica da usina de energia para as emissões de NOx e SO 2 é apresentada

na Tabela 2. O coeficiente de variação da exposição estimada da usina de energia Orot

Rabin, utilizando a “abordagem de evento”, foi muito maior do que quando utilizada a

“abordagem na fonte”. Os histogramas representam a distribuição de métricas de

exposição (Fig. 2) e o deslocamento da curva de exposição para cada métrica estimada

em toda a população. A "abordagem na fonte", que estima a potência de exposição

específica de usinas, foi correlacionada com a "abordagem de evento" para SO2

(coeficiente de correlação de Pearson p = 0,66), mas não para NOx (p = -0,07) (Tabela

3). Houve uma forte associação entre as estimativas de exposição de NOx e SO2, tanto

para a abordagem "na fonte" (coeficiente de correlação de Pearson p = 0,62) quanto na

"abordagem de evento" (coeficiente de correlação de Pearson p = 0,97). A distribuição

espacial em toda a área do estudo de concentrações médias de SO2 e de NOx é retratada

ao longo do período de estudo (material suplementar, Figuras 1 e 2). A concentração anual

média de SO2 foi consideravelmente inferior ao o padrão nacional, com medições de pico

de 5 ppb. A tendência de redução das concentrações de SO2 foi observada durante o

período de estudo, coincidindo com uma redução gradual do teor de enxofre no carvão

utilizado na usina.

Tabela 2

Valores de desvio padrão, médias anuais, medianos e quartil (em ppb) para o ambiente

medido e exposições específicas estimadas de NOx e SO2 da usina. Os dados recolhidos

foram das 20 estações de monitoramento de ar localizadas em toda a área de estudo, no

subdistrito de Hadera, Israel. As estimativas de exposição específica da usina utilizando

a abordagem de "evento" e na "fonte" são apresentadas abaixo.

NOx SO2

Total Abordagem

na fonte da

usina

Abordagem

na fonte da

usina

Total Abordagem

na fonte da

usina

Abordagem

de evento

da usina

Mín. 13.00 4.02 0.31 1.31 2.16 0.46

25% 18.10 5.52 11.46 2.41 4.37 6.91

Mediano 19.44 5.96 18.53 2.54 6.28 14.73

75% 19.87 6.15 24.94 2.75 7.54 20.94

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Máx. 21.23 6.58 54.08 3.59 10.15 52.26

Média 18.95 5.84 19.63 2.52 6.22 16.55

Desvio padrão 1.22 0.45 12.12 0.32 2.03 12.10

O padrão espacial de SO2 permaneceu relativamente consistente ao longo do

período de estudo (coeficiente de correlação de Pearson r 1/4 0,82), enquanto o padrão

espacial de NOx apresentou maior variação (r 1/4 0,66).

De acordo com o método de abordagem "na fonte", a contribuição da usina Orot

Rabin do NOx total observado variou de 3% a 70% entre as estações de monitorização.

As duas estações mais próximas da estrada vizinha revelaram a menor contribuição de

NOx da usina, pois a maioria dos níveis observados foram atribuída a fontes móveis, não

à usina.

3.3. Modelos epidemiológicos

Modelos de regressão logística de poluentes únicos multivariados, controlados por

histórico de fumante (nunca, fumante passivo, anteriormente e atualmente), sexo, idade,

escolaridade (<9 anos, 9-12 anos,> 12 anos), proximidade de estradas e densidade

habitacional. Uma razão de chances e Intervalo de Confiança de 95% são relatados para

o modelo bruto, assim como modelos totalmente ajustados. A exposição estimada de NOx

não foi estatisticamente associada à prevalência médica de asma ou DPOC para qualquer

uma das métricas de exposição em qualquer um dos modelos. A presença de tosse crônica,

catarro crônico, dispneia noturna e falta de ar foram significativamente associados à

exposição de emissões de NOx da usina, estimadas pela abordagem na "fonte".

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Fig. 2. Histogramas de métricas para distribuição entre a população

estimada total do estudo, "abordagem de evento" (PP event) da usina

específica e "abordagem na fonte" (PPsource) da usina para exposição em

ppb, tanto para NOx quanto para SO2.

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Tabela 3

O coeficiente de correlação de Pearson rho entre a exposição ambiente total (fontes de

usina de energia e usina não energética) de NOx e SO2 e as abordagens de "evento" e na

"fonte" para estimar exposições específicas de NOx e SO2 da usina.

O NOx total do ambiente foi estatisticamente associado à tosse crônica e dispneia

noturna apenas. Associações com esses resultados foram mais fortes quando utilizado o

modelo "abordagem na fonte" de avaliação de exposição para as exposições de energia

específicas da usina. O método de "abordagem de evento" para estimar a exposição

específica da usina não foi estatisticamente associado a qualquer resultado de interesse

(Tabela 4).

Prevalência de asma e histórico de falta de ar, onde estatisticamente associadas com

o total de exposições (de usinas de energia e usinas não energéticas) ao SO2.

NOx SO2

“Evento”

de usina

Total “Fonte”

de Usina

“Evento”

de usina

Total “Fonte”

de Usina

NOx “Evento”

de usina

1,00 0,02 -0,07 0,97 0,79 0,64

Total 1,00 0,38 -0,04 0,30 0,04

“Fonte”

de Usina

1,00 -0,05 0,51 0,62

SO2 “Evento”

de usina

1,00 0,75 0,66

Total 1,00 0,85

“Fonte”

de Usina

1,00

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Tabela 4

Razão de chances e intervalo de confiança de 95% dos resultados respiratórios do

aumento ppb em exposição a NOx em ambiente total e específico da usina de energia

(utilizando tanto a abordagem de "evento" quanto na "fonte"). São apresentados o modelo

bruto, bem como os modelos totalmente ajustado de poluente único e multi-poluentes.

Resultado NOx

Ambiente total “Evento” da usina “Fonte” da usina

Asma

Modelo brutoa 1,10 (0.95, 1,27) 1,01 (0,99, 1,03) 1,14 (0,79, 1,65)

Ajustadob 1,11 (0.96, 1,28) 1,01 (0,99, 1,03) 1,21 (0,78, 1,62)

Multi-poluentec 1,08 (0.92, 1,25) 1,07 (0,99, 1,15) 0,87 (0,56, 1,36)

DPOC

Modelo Bruto 1.33 (0.95, 1,86) 1,01 (0,98, 1,04) 1,14 (0,55, 2,34)

Ajustado 1.30 (0.93, 1,83) 1,01 (098, 1,04) 1,17 (0,56, 2,44)

Multi-poluente 1.30 (0.93, 1,83) 0,99 (0,83, 1,18) 1,60 (0,57, 4,48)

Tosse crônica

Modelo bruto 1,15 (1,03, 1,21) 1,00 (0,99, 1,01) 1,40 (1,13, 1,74)

Ajustado 1,10 (1,01, 1,19) 1,00 (0,99, 1,01) 1,42 (1,14, 1,77)

Multi-poluente 1,10 (1,01, 1,19) 1,01 (0,97, 1,06) 1,58 (1,19, 2,11)

Catarro crônico

Modelo bruto 1,07 (0,98, 1,16) 1,00 (0,99, 1,01) 1,24 (0,99, 1,56)

Ajustado 1,04 (0,96, 1,14) 1,00 (0,99, 1,02) 1,24 (0,98, 1,57)

Multi-poluente 1,06 (0,96, 1,16) 1,00 (0,95, 1,05) 1,45 (1,06, 1,98)

Dispneia noturna

Modelo bruto 1,14 (1,03, 1,26) 1,00 (0,99, 1,01) 1,33 (1,03, 1,73)

Ajustado 1,12 (1,01, 1,24) 1,00 (0,99, 1,01) 1,35 (1,04, 1,76)

Multi-poluente 1,14 (1,03, 1,27) 1,00 (0,95, 1,06) 1,55 (1,16, 2,37)

Falta de ar

Modelo bruto 1,09 (0,99, 1,20) 0.99 (0.98, 1.00) 1.17 (0.91, 1.51)

Ajustado 1,06 (0,96, 1,17) 0.99 (0.98, 1.00) 1.24 (0.95, 1.61)

Multi-poluente 1,11 (1,01, 1,24) 0.97 (0.92, 1.03) 1.85 (1.29, 2.65)

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a Modelo bruto: modelo univariado não ajustado.

b Modelo ajustado: modelo ajustado para idade, sexo, histórico de fumante (nunca,

passivo, anteriormente, atualmente), densidade habitacional, proximidade da estrada

principal e formação.

c Modelo Multi-poluente: modelo totalmente ajustado, incluindo concentração de

exposição estimada de SO2.

Ambas as abordagens para a estimativa de exposições específicas de SO2 da usina

não foram estatisticamente associadas aos resultados de interesse. A "abordagem na

fonte" rendeu um IC de 95% muito mais amplo do que a "abordagem de evento" (Tabela

5).

A regressão logística multivariada repetida em um modelo multi-poluente não

revelou alterações estatisticamente significativas na extensão do efeito calculado para a

associação de asma e DPOC na população estudada. Dois sintomas respiratórios, o de

expectoração crônica e falta de ar, foram associados positivamente ao NOx somente após

que a co-exposição a SO2 foi incorporada ao modelo. Em geral, os modelos multi-

poluentes resultaram em uma redução do efeito estimado em associações à exposição de

SO2, enquanto razões de chances da associação com métricas de exposição de NOx

aumentaram nos modelos multi-poluentes (Tabelas 4 e 5).

4. Discussão

Nosso principal objetivo foi avaliar a exposição de NOx e SO2 específicas de usinas

de energia com resultados de saúde respiratória entre a população residente na direção do

vento soprando de uma grande usina de energia movida a carvão.

Nossos resultados não apoiam fortemente uma associação entre as emissões das

usinas de energia a carvão e a prevalência da DPOC ou asma; entretanto, quase todos os

sintomas respiratórios leves estudados foram associadas a emissões de NOx da usina de

energia. O método de abordagem na "fonte" foi utilizado para estimar a exposição pessoal

a emissões das usinas de energia mais fortemente correlacionadas a sintomas

respiratórios. Talvez o mais interessante seja que a exposição de NOx específica da usina

revela uma forte associação com sintomas respiratórios maior que que as estimativas de

exposição de NOx do ambiente total. Considerando que a usina a carvão Orot Rabin emite

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20 vezes mais NOx do que a segunda maior fonte industrial na área de estudo, é razoável

estimar que a exposição pessoal às emissões da usina é uma métrica importante para

avaliar a exposição e os potenciais resultados à saúde.

Apesar de nossos resultados significativos no que diz respeito a sintomas

respiratórios crônicos, não vimos qualquer associação estatisticamente significativa com

a prevalência de asma e DPOC. Há pelo menos três explicações possíveis para isso: uma

magnitude relativamente pequena da exposição, resultado errôneo de classificação e

avaliação incorreta da exposição, resultado em classificação errônea da exposição.

As concentrações de NOx e SO2 relatadas para a região de estudo foram menores

do que as estabelecidas nos padrões nacionais e diretrizes internacionais.

Especificamente, a concentração média anual de NOx e SO2 total para cada ano do

período de estudo (Materiais suplementares, Figuras 1 e 2) é notavelmente inferior à

média da diretriz de No2 anual da OMS, de 40 tg/m3, e inferior à media anual de So2,

estabelecida pelo Israeli National Air Quality Standard (Padrão de Qualidade de Ar

Nacional Israelense), de 60 tg/m3. Pesquisas anteriores com níveis semelhantes de

exposição da Austrália e Holanda também não conseguiram encontrar uma associação

significativa entre a exposição a longo prazo a NOx e SO2 e os resultados respiratórios

(Brunekreef et al., 2009; Henry et al., 1991). É possível que em regiões com maiores

níveis de NOx e SO2 possa haver uma associação mais forte entre as exposições

estimadas e a prevalência de doenças respiratórias.

Estávamos limitados à retrospectiva de sintoma e diagnóstico auto-relatado, o que

propiciava maiores chances de erros de classificação, quando comparado com as

avaliações mais objetivas, como os dados de espirometria, avaliação clínica e diagnóstico

médico real de prontuários médicos. Apesar das limitações das pesquisas de retrospectiva

de sintomas, foram adotadas medidas para minimizar erros de classificação dos resultados

respiratórios. O instrumento utilizado foi um estudo de tradução validado de um

questionário de saúde respiratória padronizado e amplamente utilizado. Além disso,

nossos resultados foram comparados aos anteriormente publicados nas pesquisas

respiratórias da população de Israel e eram comparáveis em termos de estatísticas

demográficas, taxas de fumantes e prevalência de doenças respiratórias (Goral et al.,

2011;. Baron-Epel et al., 2007).

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Tabela 5

Razão de chances e intervalo de confiança de 95% dos resultados respiratórios do

aumento ppb em exposição a NOx em ambiente total e específico da usina de energia

(utilizando tanto a abordagem de "evento" quanto na "fonte"). São apresentados o modelo

bruto, bem como os modelos totalmente ajustado de poluente único e multi-poluentes.

Resultado OS2

Ambiente total “Evento” de usina “Fonte” de usina

Asma

Modelo Brutoa 1.90 (1.10, 3.27) 1.01 (0.99, 1.03) 1.08 (0.99, 1.17)

Ajustadob 1.89 (1.10, 3.25) 1.01 (0.99, 1.03) 1.08 (0.99, 1.17)

Multi-poluentec 1.85 (1.05, 3.27) 0.95 (0.89, 1.02) 1.10 (0.99, 1.21)

DPOC

Modelo bruto 1.17 (0.41, 3.04) 1.01 (0.98, 1.04) 0.95 (0.81, 1.11)

Ajustado 1.11 (0.39, 3.12) 1.00 (0.97, 1.04) 0.96 (0.82, 1.13)

Multi-poluente 0.92 (0.26, 3.20) 1.02 (0.85, 1.21) 0.90 (0.73, 1.12)

Tosse crônica

Modelo bruto 1.09 (0.81, 1.46) 1.00 (0.99, 1.01) 1.02 (0.97, 1.07)

Ajustado 1.09 (0.81, 1.47) 1.00 (0.99, 1.01) 1.03 (0.98, 1.08)

Multi-poluente 0.99 (0.72, 1.37) 0.99 (0.95, 1.03) 0.96 (0.91, 1.03)

Catarro crônico

Modelo bruto 0.92 (0.68, 1.26) 1.00 (0.99, 1.01) 0.99 (0.94, 1.04)

Ajustado 0.92 (0.66, 1.26) 1.00 (0.99, 1.01) 0.99 (0.95, 1.05)

Multi-poluente 0.85 (0.60, 1.21) 1.01 (0.96, 1.06) 0.95 (0.89, 1.01)

Dispneia noturna

Modelo bruto 0.94 (0.67, 1.34) 1.00 (0.99, 1.01) 1.00 (0.94, 1.05)

Ajustado 0.95 (0.67, 1.35) 1.00 (0.99, 1.01) 1.00 (0.95, 1.06)

Multi-poluente 0.81 (0.55, 1.21) 0.99 (0.94, 1.05) 0.93 (0.86, 1.01)

Falta de ar

Modelo bruto 1.68 (1.49, 1.94) 0.99 (0.98, 1.00) 0.94 (0.89, 1.00)

Ajustado 1.90 (1.10, 3.27) 1.01 (0.99, 1.03) 1.08 (0.99, 1.17)

Multi-poluente 1.89 (1.10, 3.25) 1.01 (0.99, 1.03) 1.08 (0.99, 1.17)

a Modelo bruto: modelo univariado não ajustado.

b Modelo ajustado: modelo ajustado para idade, sexo, histórico de fumante (nunca,

passivo, anteriormente, atualmente), densidade habitacional, proximidade da estrada

principal e formação.

c Modelo Multi-poluente: modelo totalmente ajustado, incluindo concentração de

exposição estimada de SO2.

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135

ISSN 1980-0894 Tradução, Vol.9 Nº1, Ano 2014

Isto sugere que a nossa avaliação primária dos resultados de saúde minimize ao

máximo a classificação errônea. Uma classificação errônea diferencial, como de viés de

memória, é improvável já que os participantes estavam inconscientes sobre o estado de

exposição. Enquanto fizemos todos os esforços para controlar potenciais co-variáveis de

confusão com os dados disponíveis, houve, sem dúvidas, confusões residuais que não

foram controladas. Um exemplo notável é o mínimo de controle para as variáveis

socioeconômicas. Infelizmente, como os dados de renda e riqueza eram incompletos, a

formação e a densidade habitacional foram utilizadas como “proxy”. Os modelos

estatísticos foram idênticos para os diversos resultados, pois não há base para co-variáveis

que impactam a relação exposição-doença de forma diferente para os diferentes

resultados.

Uma possível causa de Classificação Errônea da exposição ao utilizar o endereço

residencial pessoal é a probabilidade de que alguns participantes mudem de residência

durante o período de estudo. Um dos critérios de seleção foi morar, pelo menos, cinco

anos no endereço residencial atual. Aproximadamente, 76% dos participantes não

mudaram de residência nos 10 anos anteriores à realização da pesquisa respiratória. Isto

sugere que o efeito da deslocalização de avaliação da exposição pessoal é baixa.

Um ponto positivo ao direcionar a atenção para fontes específicas de emissões de

NOx e de SO2 é que esses poluentes servem como um “proxy” para outras co-exposições

que não foram medidas. Como tal, enquanto nós estamos estimando apenas exposições

de NOx e SO2 específicas das usinas de energia, isso também serve como um marcador

para todos os outras exposições resultantes das emissões de carvão de usinas de energia.

Limitações nos dados de monitoramento de qualidade do ar local são devidas à restrição

em nossa capacidade de incorporar concentrações de material particulado (PM) na

avaliação da exposição e avaliar se associações positivas foram devidas à co-exposição a

emissões de Material Particulado da usina.

Esta é uma limitação dada a força da literatura recente que relaciona a exposição ao

Material Particulado de usinas a diversos resultados de saúde (Evans et al., 2013;

Wellenius et al., 2011; Levy et al., 2009; Ito et al., 2006). No entanto, dado que as

concentrações médias de Material Particulado são relativamente altas em Israel, o

Material Particulado emitido pela usina contribui apenas marginalmente no total de

Material Particulado observado (Yuval e Broday, 2009). Assim, ao contrário de SO2 e

NOx, as fontes locais de Material particulado, tais como as emissões de usinas de energia,

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são mais difíceis de distinguir.

Devido à cobertura espacial heterogênea das estações de monitoramento, a

interpolação espacial está sujeita a erros maiores em áreas pouco monitoradas. Além

disso, devido a mudanças dinâmicas imprevisíveis no micro-ambiente, avaliar o impacto

de uma determinada fonte em qualquer estação de monitoramento está sujeito às

dinâmicas complexas de gases, o que frequentemente não são Gaussiana. Apesar disso,

acreditamos que a o método Kriging foi o mais adequado para interpolar espacialmente

os dados de exposição. O método Kriging foi estabelecido há muito tempo em muitos

campos como a técnica convencional para a interpolação espacial (Isaaks e Srivastava,

1989), uma vez que minimiza o erro de interpolação quadrada e o fornece como parte dos

resultados de interpolação. Yuval et al. (2005) constatou que a ponderação de distância

inversa e os métodos Kriging de interpolação foram comparáveis na criação de mapas de

concentração de poluentes atmosféricos na área de Baía de Haifa. Foi revelado que o

método Kriging é superior à ponderação de distância inversa, especialmente quando uma

curta janela de tempo é utilizada para cálculo da média.

O modelo de abordagem na "fonte" pressupõe que a proporção molar S/N na

chaminé e da coluna de gás é preservada, no entanto, as diferentes taxas de remoção (por

exemplo, oxidação de NOx em NO3 e N2O5) podem alterar a relação na coluna de gás

(Hewitt, 2001). Isso resultaria em uma superestimação da contribuição da usina na

"abordagem na fonte". No entanto, a "abordagem de evento" utiliza uma definição um

tanto heurística de um "evento". Esta abordagem pode ser propensa a Classificações

errôneas da exposição devido à definição de um "evento" ser baseada no produto das

concentrações de SO2 e NOx, enquanto esses poluentes apresentam tendências temporais

opostas na área de estudo (diminuindo as concentrações de SO2 e aumentando as

concentrações de NOx). Por fim, é importante notar que a "abordagem na fonte" é baseada

em dados de períodos de tempo em que o vento soprou da usina para as estações de

monitoramento individuais. Registros de cada uma das estações representam períodos

distintos de condições meteorológicas únicas em que a estação de monitoramento é

impactada pela usina. Consequentemente, a interpolação espacial desses casos representa

uma superestimação significativa da quota de emissões de usinas de energia nos níveis de

NOx observados. Na prática, embora a parcela da usina Orot Rabin nas emissões de NOx

regionais seja de aproximadamente 95%, o seu efeito sobre os registros de monitoramento

de NOx ambientais foi inferior a 70% (a maior participação em uma das estações de

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monitoramento). Isso também explica por que as concentrações de SO2 atribuídas à usina

(em momentos em que a coluna de gás atinge a central de monitoramento) são muito mais

elevadas do que a média de níveis totais de SO2.

O objetivo primário deste trabalho foi de estimar as exposições de energia

específicas de usinas de energia e compreender a associação com os resultados de saúde

respiratória. Do ponto de vista epidemiológico, a heterogeneidade espacial da exposição

por toda a população é de grande importância. As estimativas de exposição que

apresentamos são temporalmente orientadas e, portanto, apresentam uma estimativa da

distribuição da exposição a longo prazo; isso é importante, especialmente considerando a

natureza crônica dos resultados sobre a saúde sendo avaliada. Há a preocupação de que

os mecanismos fisiopatológicos que resultam em doenças pulmonares crônicas e sintomas

respiratórios sejam anteriores ao período de avaliação da exposição, arriscando a

associação temporal exposição-doença. Isto pode ser uma das razões que contribuem para

a falta de associação estatisticamente significativa com a asma e DPOC. Apesar disso, as

nossas estimativas de exposição são projetadas para estimar a exposição a longo prazo e

que a grande maioria dos participantes já residam no mesmo local há mais de 10 anos. Na

medida do possível, acreditamos que isto aborda parcialmente a dificuldade de associação

temporal em nosso estudo. O trabalho futuro incidirá sobre as diferentes variações

espaciais entre as diferentes métricas de exposição, pois as estimativas de exposição de

toda a região são diferentes nas duas abordagens, e que efeito isso pode ter sobre modelos

epidemiológicos.

5. Conclusão

Em suma, apresentamos duas novas abordagens para estimar a exposição pessoal

às concentrações ambientais de NOx e SO2 atribuíveis às emissões de usinas de energia.

Ao fazê-lo, fomos capazes de explorar as possíveis associações epidemiológicas entre

exposições a NOx e SO2 específicas de usinas de energia e doenças respiratórias crônicas.

Descobrimos que os sintomas respiratórios, mas não a prevalência de asma e DPOC,

foram associados às estimativas de emissões de NOx da usina de energia. A "abordagem

na fonte" parecia fornecer uma melhor estimativa da exposição às emissões de usinas de

energia, uma vez que revelou uma relação dose-resposta mais forte com sintomas

respiratórios e é menos propensa a classificações errôneas da exposição, em comparação

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com a "abordagem de evento." A constatação de que o NOx específico de usinas de

energia mostrou uma forte associação com sintomas respiratórios, superior ao NOx

ambiente, sugere que a distribuição das fontes de poluição do ar é epidemiologia, podendo

ajudar a identificar fontes clinicamente significativas de poluição. O cálculo da parcela

de poluição ambiental atribuído às centrais regionais é potencialmente útil para fins de

gestão da qualidade do ar, tais como programas de redução planejada. Compreender a

associação da exposição específica de usinas de energia com resultados respiratórios pode

fornecer uma avaliação potencialmente útil dos resultados de saúde da população local

na análise custo-benefício da produção de energia à base de carvão.

Agradecimentos

O financiamento parcial para E.D.A. foi fornecido pelo Council for International

Exchange of Scholar (Conselho de Intercâmbio Internacional de Acadêmicos) (CIES),

Programa Fulbright, US-Israel Educational Foundation. A Coleta de dados dos resultados

de saúde e coleta de amostras ambientais foi financiada pela Association of Towns for

Environmental Protection (Associação das Cidades para a Proteção Ambiental), Hadera.

A Fiscalização do Conselho de Análise para coleta de dados de saúde foi fornecida pelo

comitê de direção sobre efeitos de usinas na saúde, do Ministry of Health and Ministry of

Environmental Protection (Ministério da Saúde e Ministério da Proteção Ambiental). O

protocolo, método de amostragem, questionários e materiais suplementares foram

aprovados pelo comitê de direção em 26 de maio de 2002. Os Presidentes do comitê eram

o Professor Alex Leventhal e Dr. Miki Haran. O método de abordagem na "fonte" foi

desenvolvido com o apoio parcial do Technion Center of Excellence in Exposure Science

and Environmental Health – TCEEH (Centro Technion de Excelência em Ciência de

Exposição e Saúde Ambiental).

Apêndice A. Material suplementar

Dados suplementares relacionados a este artigo podem ser encontrados on-line em

http://dx.doi.org/10.1016/j.envpol.2013.10.032.

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