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ROMANCE REGIONALISTA PROFª. RENATA SILVA NUNES RIBEIRO

Romance regionalista

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Romance regionalista

Romance regionalistaProf. Renata Silva Nunes Ribeiro

Romance regionalista ocorre em ambiente rural, mostrando costumes, valores e cultura tpica de uma regio. Este tipo de romance trazia um maior conhecimento do Brasil sobre si prprio, uma vez que voltava seu olhar pra regies diferentes do Brasil, trazendo tona sua diversidade.

Misso nacionalista; Certa autonomia com relao cultura europeia;Rio Grande do Sul, Nordeste e Centro-Oeste;Figura do sertanejo;

Principais autores

Jos de Alencar O Sertanejo; O GachoVisconde de Taunay InocnciaFranklin Tvora O Casamento no Arrabalde; O Matuto; O CabeleiraBernardo Guimares O Ermito de Muqum; A escrava Isaura; O seminarista

Jos alencarCaractersticas regionais;Representao de tipos;Personagens masculinas, femininas;O Gacho; O Sertanejo

Corria o ano de 1832. Na manh de 29 de setembro um cavaleiro corria a toda brida pela verde campanha que se estende ao longo da margem esquerda do Jaguaro. Deixara o pouso pela alvorada e seguia em direo ao nascente. Para abreviar a jornada, se desviara da estrada, e tomara por meio dos campos, como quem tinha perfeito conhecimento do lugar. No o detinham os obstculos que porventura encontrava em sua rota batida, mas no trilhada. Valados, seu cavalo morzelo os franqueava de um salto, sem hesitar; sangas e arroios atravessava-os a nado, quando no faziam vau. Era o cavaleiro moo de 22 anos quando muito, alto, de talhe delgado, mas robusto. Tinha a face tostada pelo sol e sombreada por um buo negro e j espesso.

Cobria-lhe a fronte larga um chapu desabado de baeta preta. O rosto comprido, o nariz adunco, os olhos vivos e cintilantes davam sua fisionomia a expresso brusca e alerta das aves de altanaria. Essa alma devia ter o arrojo e a velocidade do vo do gavio. Pelo traje se reconhecia o gacho. O ponche de pano azul forrado de pelcia escarlate ca- a-lhe dos ombros. A aba revirada sobre a espdua direita mostrava a cinta onde se cruzavam a longa faca de ponta e o amolador em forma de lima. Era cor de laranja o chirip de l enrolado nos quadris, em volta das bragas escuras que desciam pouco alm do joelho. Trazia botas inteirias de potrilho, rugadas sobre o peito do p e ornadas com as grossas chilenas de prata.

Bernardo GuimaresInfluenciado pelo escritor portugus Alexandre Herculano;Principais obras:O ermito de Muqum (1866);O seminarista (1872);A escrava Isaura (1875).

O seminarista a narrativa da trgica histria de amor de Eugnio, forado pela famlia a seguir a carreira sacerdotal, e Margarida, que se mantm solteira, fiel a seu amor de infncia. Ao concluir os estudos no seminrio, o padre retorna terra natal e reencontra a amada. Juntos, experimentam um intenso momento de paixo. Ela, enferma, em pouco tempo vem a falecer. Ele, em estado de choque, enlouquece, e no consegue celebrar sua primeira missa.

O seminarista

A escrava Isaura Romance com pretenses abolicionistas que conta a histria de Isaura, uma escrava branca, nobre e educada que perseguida por Lencio, seu senhor, um homem marcado pelos vcios sociais. A moa salva pelo heri lvaro, que a retira das garras do vilo.

A escrava Isaura a morte de Lencio e a libertao de isaura

Visconde de Taunay Foi escritor primoroso, homem culto, dedicado s letras e pintura, patriota, engenheiro militar e ex-combatente da Guerra do Paraguai;Principal obra: Inocncia (1872).

Inocncia (1872)Empenhou-se em descrever o cenrio sertanejo e a retratar a vida no campo. Inocncia uma moa que, por imposio do pai autoritrio, deve se casar com Maneco, um sertanejo bruto e negociante de gado criado. A moa adoece e salva por Cirino, estudante de farmcia, e os dois se apaixonam, convergindo em um final trgico.

Est aqui o doutor, disse-lhe Pereira, que vem curar-te de vez Boas-noites, dona, saudou Cirino. Tmida voz murmurou uma resposta, ao passo que o jovem, no seu papel de mdico, se sentava num escabelo junto cama e tomava o pulso doente. Caa ento luz de chapa sobre ela, iluminando-lhe o rosto, parte do colo e da cabea, coberta por um leno vermelho atado por trs da nuca. Apesar de bastante descorada e um tanto magra, era Inocncia de beleza deslumbrante. Do seu rosto irradiava singela expresso de encantadora ingenuidade, realada pela meiguice do olhar sereno que, a custo, parecia coar por entre os clios sedosos a franjar-lhe as plpebras, e compridos a ponto de projetarem sombras nas mimosas faces. Era o nariz fino, um bocadinho arqueado; a boca pequena, e o queixo admiravelmente torneado. Ao erguer a cabea para tirar o brao de sob o lenol, descera um nada a camisinha de crivo que vestia, deixando nu um colo de fascinadora alvura, em que ressaltava um ou outro sinal de nascena.

Franklin Tvora um dos autores mais polmicos do perodo. Crtico severo do regionalismo alencariano, defende a tese de que o Norte/Nordeste pode produzir uma literatura regionalista muito mais autntica que o Centro/Sul.Principal obra: - O Cabeleira (1876)

O Cabeleira (1876)Seu romance mais famoso, trata do cangaceiro Jos Gomes (o Cabeleira). A narrativa, embora com tons realistas e combativa, recai na estrutura melodramtica dos romances romnticos. O Cabeleira, ao reencontrar seu amor de infncia, Luisinha, abandona sua vida de criminoso e dispe-se a total regenerao pelo amor da amada. A moa, porm, morre de uma enfermidade e o cangaceiro acaba preso e enforcado na priso.

Cabeleira, o bandido dos canaviais, veio, certa vez, ele prprio, empessoa, com toda a sua ira de monstro, at as pontes do Recife, aoprprio centro da cidade ilustre, assombrando recifenses at entoacostumados a incurses de piratas ou de corsrios, sados do mar,mas no a ser assaltada por demnios vindos do prprio interior daregio. Durante longo tempo, o recifense viveu sob o terror dessebandido com alguma coisa do prprio satans: Cabeleira. Cabeleira!Cabeleira! Cabeleira! Cabeleira-eh-vem! (...) Uma assombrao. So nome Cabeleira, Cabeleira, Cabeleira! assombrava. Morrera?Fora enforcado? Fora justiado? Morrera. Fora justiado. Mas quemtinha, como ele. Pacto com o Diabo, morto tornava-se assombrao.Cabeleira subsistiu para os recifenses como assombrao at quasenossos dias (2000, p. 59-60). Assombraes do Recife Velho Gilberto Freyre

Era quase noite e, no meio das sombras crepusculares, confundiu ele ao princpio, o emblema da redeno com um tronco de rvore cortada por algum viajante transviado, ou despedaada pela tormenta. Quando reconheceu o sagrado emblema, o Cabeleira, suspenso pela surpresa, sentiu-se abalado ao mesmo tempo por uma comoo desconhecida. No lugar ocupado pela cruz tinha ele assassinado um ano antes um marchante de gados para lhe roubar o dinheiro que trazia da feira em Santo Anto. O bandido voltou o passo atrs horrorizado e correu em busca da moa, gritando, como um menino: Luisinha!... Luisinha!... A moa, aflita sem saber por qu, lanou-se ao seu encontro e o recebeu em seus braos. Ningum te h de tirar daqui, disse ela, suspeitando que o queriam prender. No, no, tu me pertences. Deus ajudou-me a pr-te no caminho do bem. Ningum tem mais o direito de te perseguir. Eu o vi l outra vez, Luisinha. Ele olhou-me silencioso e triste. Ele quem? perguntou ela. O marchante; o velho a quem assassinei para roubar. L est ele com os cabelos brancos ensopados em sangue. Meu Deus! meu Deus! exclamou a moa. Cometeste ainda, um assassinato, Cabeleira? Meu Deus, quanto sou infeliz! No, no foi agora; faz um ano; foi ali, junto do jatob. Olha; no vs aquela cruz de pau enterrada no cho? Foi a que matei o sertanejo. impossvel descrever a comoo de ambos. O stio, a hora, tudo concorria para dar impresso uma intensidade que ia ao fundo do corao, medula dos ossos.

Sobre o romance regional esto corretas, exceto:a) O romance regional no seguia o modelo europeu. Por esse motivo, foi obrigado a construir seus prprios modelos e, em virtude disso, a Literatura Brasileira alcanou maior autonomia.b) Os escritores do romance regional foram influenciados pelo esprito racionalista: estavam sintonizados com o cientificismo da poca, que explicava o mundo atravs de leis objetivas e a influncia do meio no comportamento humano.c) Foram quatro os espaos nacionais que despertaram o interesse entre os escritores romnticos: o das capitais, com destaque para o Rio de Janeiro, e os espaos das regies Sul, Nordeste e Centro-Oeste.d) Seus principais representantes foram Jos de Alencar, Franklin Tvora e Visconde de Taunay.e) Um dos principais problemas encontrados pelos autores regionalistas foi a adequao da variedade lingustica regional linguagem literria, cuja principal caracterstica o emprego da norma culta

Letra B

Leia, com ateno, os trechos seguintes, que caracterizam as diferentes preocupaes temticas de Jos de Alencar:

Procura focalizar a corte; retrata a vida burguesa da poca, utilizando histrias de amor como assunto das narrativas.Foi uma das solues encontradas pelo escritor brasileiro para repetir aqui a proposta europia de volta ao passado. A civilizao indgena representou literariamente o aspecto mais autntico de nossa nacionalidade.Pretende trazer tona figuras histricas ou at figuras lendrias, situando-as em seu tempo e momentos reais.Retrata diferentes partes do pas, focalizando seus hbitos, costumes, linguagem, tradies; sempre em oposio aos valores urbanos da corte.Tais caractersticas referem-se, respectivamente, aos romances:

histricos, indianistas, urbanos, regionalistas.regionalistas, histricos, indianistas, urbanos.indianistas, histricos, regionalistas, urbanos.urbanos, indianistas, regionalistas, histricos.urbanos, indianistas, histricos, regionalistas.

Letra E

(UFRS)Considere as seguintes afirmaes:I Pode-se afirmar que o Romantismo brasileiro foi a manifestao artstica que mais bem expressou o sentimento nacionalista desenvolvido com a independncia do pas.II Os romancistas romnticos, preocupados com a formao de uma literatura que expressasse a cor local, criaram romances considerados regionais, mais pela temtica do que pela linguagem.III A tendncia indianista do Romantismo brasileiro tinha por objetivo a desmistificao do papel do ndio na histria do Brasil desde a colonizao.Quais esto corretas?Apenas I.Apenas II.Apenas I e II.apenas I e III.I, II e III.

Letra C