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Romantismo Estrutura Externa e estrutura interna Organização e compilação: Professora Lurdes Augusto

Romantismo, Frei Luís de Sousa

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Romantismo

Estrutura Externa e estrutura interna

Organização e compilação: Professora Lurdes Augusto

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-Situa-se nas duas últimas décadas do séc. XVIII e os três primeiros quartéis do séc. XIX. -É um estado da sensibilidade europeia. O seu nome deriva de "romance" (história de aventuras medievais), que tiveram uma grande divulgação no final de setecentos, respondendo ao crescente interesse pelo passado gótico e à nostalgia da Idade Média. -O sentimentalismo, a valorização das emoções, do sonho, do imaginário, da interioridade, do ideal, ou seja a valorização da sensibilidade. -Afirmação da liberdade do indivíduo ( contra o poder político, a moral convencional, a razão e o hábito)

-O cenário que era, no Classicismo, a natureza, nos românticos, participa, determina estados de alma. O "locus amoenus" cede lugar ao "locus horrendus".

-Culto da subjectividade e exaltação sentimental, abre-se o caminho ao sobrenatural e ao mistério.

-Revolta/ insatisfação face ao real, devido ao egotismo e ânsia de infinito. Desejo de evasão manifesta-se naquilo que é exótico, no passado, na infância, na morte

-Oscila-se entre o melancólico e o desejo de evasão e rebeldia.

-O poeta romântico é o sonhador da beleza e do amor, perseguido e desgraçado. -Excesso de energia passional insatisfeita. - Homem fatal, desesperado, sarcástico e entediado, destruidor de frescura e da esperança, são perfis recorrentes nestes heróis.

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- Identidade individual e nacional – busca das raízes históricas, culturais das nações. - Desejava conhecer-se melhor o presente e o passado que o foi gerando. -Consciência histórica e nacionalista. -Empenho na regeneração nacional.

-Apreço pelo tradicional e pelo popular.

-Crê-se que o homem é bom na sua essência, a sociedade é que o corrompe.(Rousseau)

-Recorrência do espiritualismo cristão, a metafísica do pecado, da penitência e do resgate.

-Fatalismo radicado na mente popular. -- Período de instabilidade política e social

. Guerra Civil ( 1830-32);

. Revoluções sucedem-se. ( Liberalismo (D. Pedro) contra o absolutismo ( D. Miguel)). . 1820 – revolução liberal . 1847 – Início da regeneração -Recuperou-se do atraso cultural; restaura-se o teatro; criou-se uma escola de historiadores; despontou o jornalismo; modernizou-se a linguagem. Podes e deves complementar esta síntese com base noutras fontes.

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Classificação de Frei Luís de Sousa

Garrett disse na Memória ao Conservatório que o conteúdo do Frei Luís de Sousa tem todas as características de uma tragédia. No entanto, chama-lhe drama romântico, por não obedecer à estrutura formal da tragédia, pois:

não é em verso, mas em prosa;

não tem cinco actos;

não respeita as unidades de tempo e de lugar;

O significado do Frei Luís de Sousa está todo [na Memória ao Conservatório]: o desejo de criar o protótipo de uma tragédia moderna e neste sentido cristã, em que a moira, o fatum clássicos sejam substituídos pela Providência Divina e em que a matéria não seja mais oferecida pela mitologia e pela história grega, mas por essa história pátria que a estética romântica tinha indicado como fonte primeira de qualquer recriação poética. In “Luciana Stegagno Picchio, «Frei Luís de Sousa: Propósitos e significados», em História Crítica da Literatura Portuguesa.

“…é um drama romântico, com lances de tragédia…”

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Marcas evidentes do romantismo:

a crença no sebastianismo;

a crença no aparecimento dos mortos, em Telmo;

a crença em agouros, em dias aziagos, em superstições, típicos da cultura portuguesa;

as visões de Maria, os seus sonhos, o seu nacionalismo e idealismo patriótico;

o «titanismo» de Manuel de Sousa, incendiando a casa só para que os Governadores do

Reino a não utilizassem;

religiosidade - uma referência de todas as personagens; religião enquanto conforto;

individualismo - o confronto entre o indivíduo e a sociedade ( por exemplo: a atitude

que Maria toma no final da peça ao insurgir-se contra a lei do matrimónio uno e

indissolúvel, que força os pais à separação e lhos rouba ;

A crítica social aos preconceitos que vitimam inocentes;

O Homem como alvo de atenção analítica.

Exaltação dos valores patrióticos nacionais ( sobretudo através de Manuel de Sousa

Coutinho).

O realismo psicológico que caracteriza a transformação dos sentimentos de Telmo

relativamente dividido entre o amor a D. João de Portugal e a D. Maria.

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tema da morte - a morte como solução dos conflitos é um tema privilegiado pelos

românticos; no caso do Frei Luís de Sousa, verifica-se:

- a morte física de Maria (morre tuberculosa);

- a morte simbólica de Madalena e de Manuel ( morrem para a vida mundana);

- morte simbólica de D. João de Portugal que, depois de admitir que morreu no

dia em que sua mulher o julgou morto, simbolicamente, morre uma segunda

vez, quando Telmo, depois de lhe ter desejado a morte física como única

maneira de salvar Maria, aceita colaborar com o Romeiro no sentido de afirmar

que se trata de um impostor, numa última tentativa de evitar a catástrofe;

- morte psicológica de Telmo;

O aproveitamento de uma história do passado.

Se a isto acrescentarmos certas características formais, como o uso da prosa; divisão em

três actos; teremos que concluir que é um drama romântico, com lances de tragédia

apenas no conteúdo.

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Frei Luís de Sousa Manuel de Sousa Coutinho (tal o nome que teve no século este grande prosador) n. em Santarém cerca de 1555 e m. em 1632 [Lisboa]. (...) Cavaleiro da Ordem Militar de Malta, Manuel de Sousa foi aprisionado por piratas e esteve algum tempo cativo em Argel (1576-77?), onde teria conhecido outro cativo ilustre, Cervantes (...). Prestou serviços a Filipe II de Espanha, que o recompensou, em 1592, com uma tença de 200$000; de regresso a Portugal depois de dois anos passados em Valência, casou, por 1584-86, com D. Madalena de Vilhena, viúva de D. João de Portugal, desaparecido em Alcácer-Quibir. Em 1599, foi nomeado capitão-mor de Almada, com o posto de coronel. Em 1600, sendo Lisboa assolada pela peste, os governadores do Reino quiseram instalar-se em Almada, numa casa de D. Manuel, que para impedir tal violência, lhe lançou fogo. Na origem deste episódio estão questões pessoais, que não hostilidade ao Rei castelhano. (...) Em 1613, quando já lhes falecera uma filha única, D. Manuel e D. Madalena resolveram seguir o exemplo recente dos Condes de Vimioso, professando ambos, ele no convento de S. Domingos de Benfica, ela no convento, dominicano também, do Sacramento. O primeiro biógrafo de Frei Luís de Sousa, Frei António da Encarnação, no prefácio da 2ª parte da História de S. Domingos, entre várias opiniões que corriam sobre aquele insólito facto, elegeu a seguinte e pouco verosímil versão: um peregrino trouxera a nova inesperada de que D. João de Portugal, desaparecido trinta e cinco anos atrás, vivia ainda na Terra Santa; assim a vida em comum de D. Manuel e D. Madalena tornara-se impossível. Esta versão constitui o ponto de partida do Frei Luís de Sousa de Garrett.

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Sendo assim, quase podemos dizer que este texto é uma tragédia, quanto ao assunto. Na

verdade:

• o número de personagens é diminuto;

• Madalena, casando sem ter a certeza do seu estado livre, e Manuel de Sousa, incendiando

o palácio, desafiam as prepotências divinas e humanas (a hibris);

• uma fatalidade ( a desonra de uma família, equivalente à morte moral), que o assistente

vislumbra logo na primeira cena, cai gradualmente (climax) sobre Madalena, atingindo todas

as restantes personagens (pathos);

• contra essa fatalidade os protagonistas não podem lutar (se pudessem e assim

conseguissem mudar o rumo dos acontecimentos, a peça seria um drama); limitam-se a

aguardar, impotentes e cheios de ansiedade, o desfecho que se afigura cada vez mais

pavoroso;

• há um reconhecimento: a identificação do Romeiro (anagnorisis);

• Telmo, dizendo verdades duras à protagonista, e Frei Jorge, tendo sempre uma palavra de

conforto, parecem o coro grego.

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Tragédia – Poema dramático que representa uma acção importante em que figuram personagens ilustres e cujo o fim é exercitar o terror e a piedade. Elementos fundamentais da tragédia:

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Ágon - Conflito (a alma da tragédia) que decorre da hybris desencadeada pelo(s) protagonista(s) e que se manifesta na luta contra os que zelam pela ordem estabelecida.

Hybris - Sentimento que conduz os heróis da tragédia à violação da ordem estabelecida através de uma acção ou comportamento que se assume como um desafio aos poderes instituídos (leis dos deuses, leis da cidade, leis da família, leis da natureza).

Pathos - Sofrimento, progressivo, do(s) protagonista(s), imposto pelo Destino (Anankê) e executado pelas Parcas, como consequência da sua ousadia. Tal sofrimento será progressivo.

Ethos – Carácter do herói – O herói revolta-se, revela o seu carácter adquirindo um estatuto superior.

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Anankê - É o Destino. Preside às Parcas e encontra-se acima dos próprios deuses, aos quais não é permitido desobedecer-lhe.

Peripécia - Um acontecimento imprevisível que altera o normal rumo dos acontecimentos da acção dramática, ao contrário do que a situação até então poderia fazer esperar e precipita o desenlace.

Anagnórise (Reconhecimento) - Segundo Aristóteles, "o reconhecimento, como indica o próprio significado da palavra, é a passagem do ignorar ao conhecer, que se faz para a amizade ou inimizade das personagens que estão destinadas para a dita ou a desdita." Aristóteles acrescenta: "A mais bela de todas as formas de reconhecimento é a que se dá juntamente com a peripécia." O reconhecimento pode ser a constatação de acontecimentos acidentais, trágicos, mas, quase sempre, se traduz na identificação de uma nova personagem.

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Katharsis (Catarse) - Purificação das emoções e paixões (idênticas às das personagens), efeito que se pretende da tragédia, através do terror e da piedade que deve provocar nos espectadores.

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Katástrophé ( catástrofe) - Desenlace trágico, que deve ser indiciado desde o início, uma vez que resulta do conflito entre a hybris (desafio da personagem) e a anankê (destino), conflito que se desenvolve num crescendo de sofrimento (pathos) até ao clímax (ponto culminante). Segundo Aristóteles, a catástrofe " é uma acção perniciosa e dolorosa, como o são as mortes em cena, as dores veementes, os ferimentos e mais casos semelhantes."

Clímax – ponto culminante, geralmente coincide com a anagnórise.

Coro – ( personagem colectiva) comenta ou anuncia o desenrolar dos acontecimentos sem interferir neles. A linguagem é em verso.

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Outros elementos:

Unidade de Acção

« Todos os acontecimentos se devem suceder em conexão tal que, uma vez suprimido ou deslocado um deles, também se confunda ou mude a ordem do todo. Pois não faz parte de um todo o que, quer seja quer não seja, não altera esse todo.» Aristóteles, Poética, 51 a

Unidade de Tempo

« A tragédia procura, o mais que é possível, caber dentro de um período do sol, ou pouco excedê-lo, porém a epopeia não tem limite de tempo - e nisso diferem [...] Aristóteles, Poética, 49 b

«Aristóteles exigia para a tragédia um tempo de história muito curto, isto é, a acção devia começar, desenvolver-se e terminar no espaço de 24 horas.» Unidade de Espaço A tragédia deve desenvolver-se num só espaço, evitando assim a dispersão.

«Os doutrinadores clássicos italianos e franceses foram apologistas das três unidade: tempo, lugar e acção.»

Barreiros, António José, História da Literatura Portuguesa, vol. I

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Estrutura Externa

Organização tripartida – 3 actos – Acto I - doze cenas - Acto II - quinze cenas - Acto III – doze cenas

Estrutura Interna de todos os actos - existem três fases distintas do desenrolar de cada acto:

Exposição – Os acontecimentos são apresentados através das falas das personagens; - referência a acontecimentos anteriores que motivam o presente e o futuro.

Conflito – desenvolvimento da acção propriamente dita, através das suas vivências.

Desenlace – originado pelos dois momentos anteriores.

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Estrutura Interna do Acto I

Exposição: -Primeiras duas cenas; - Diálogo entre D. Madalena e Telmo; - Passado das personagens; - caracterização das personagens; - revelação de pressentimentos, agouros, crenças. - apresentação da hýbris – desafio do ágon – conflito interno.

Conflito: – Consciência da situação e perfil de Maria; - Crescente preocupação de D. Madalena em relação a D. Manuel; - notícias trazidas por Frei Jorge ( actualidade política); - Decisão de D. Manuel sair e passar para o palácio de D. João; - resistência de D. Madalena e as suas razões.

Desenlace: – D. Manuel pega fogo ao palácio, num acto patriótico, mas também muito simbólico. (peripécia)

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Estrutura Interna do Acto II

Exposição: -Diálogo entre Maria e Telmo. . Terror de D. Madalena ao entrar naquela casa; . Adaptação ao novo espaço; Os retratos; . D. Manuel está escondido, receando represálias por parte dos governadores espanhóis.

Conflito: – Identificação do quadro de D. João de Portugal; - D. Manuel sabe que não sofrerá represálias e decide ir agradecer a Lisboa, leva Maria e Telmo consigo; - D. Maria fica sozinha num dia muito simbólico, acompanhada apenas por Frei Jorge; - Recebem a visita de um Romeiro.

Desenlace: – D. Madalena tem conhecimento de que D. João está vivo; -D. Madalena não reconhece o Romeiro; - Frei Jorge identifica o Romeiro como D. João de Portugal. (anagnórise)

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Estrutura Interna do Acto III

Exposição: - Diálogo entre Frei Jorge e D. Manuel: . A crise de Maria, . A situação de D. Madalena, . A decisão de ambos,

Conflito: – O romeiro encontra-se com Telmo; -Telmo reconhece o Romeiro; - Telmo conta a existência de um casamento e de uma filha, o que leva o Romeiro a pedir que ele evite uma desgraça, dizendo que o Romeiro era um impostor. - D. Madalena tenta evitar a profissão religiosa.

Desenlace : – Maria aparece e tenta interromper a cerimónia; - Morre em palco (catástrofe); - Profissão religiosa ( catarse); - Desaparecimento do Romeiro.

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Personagens:

Manuel de Sousa Coutinho • Segundo marido de Madalena; • pai de Maria; • teme que D. João possa regressar ( ideia inconfessada ); • teme que a saúde débil de sua filha progrida para uma doença grave ; • decidido, patriota ( incendeia o seu palácio porque este iria ser ocupado pelos governadores espanhóis; • sofre, sente remorsos ao pensar na cruel situação em que ficara a sua querida Maria; • Amor paternal.

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Dona Madalena • viúva de D. João de Portugal; • casa com Manuel de S. Coutinho, tem uma filha desse casamento, Maria; • vive em angústia em relação à situação insegura do seu casamento; • sente remorso por ter gostado de Manuel de Sousa, enquanto era ainda casada com D . João; •Inquieta em relação a Manuel de Sousa e a Maria; •Insegura e hesitante; profunda, feminina; •vive uma solidão forçada, com Maria e Manuel disfarça a angústia, com Telmo é mais frágil mas continua a dissimular o seu pathos; • mulher dominada pelas lágrimas e pelo amor, ela sofre e sofrerá sempre, porque a dúvida não a deixará ser feliz; • perfil romântico.

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Maria de Noronha •Filha de D. Madalena e D. Manuel de Sousa; • representa o amor filial, •curiosidade; sonho, fantasia, idealismo, • filha fatal, • adolescente fantasista, sebastianista por influência de Telmo, adivinhava " lia nos olhos e nas estrelas " ; •sempre febril, •cresceu de repente, criança precoce; • gosto pela aventura, frágil, alta, magra, faces rosadas, • patriota, intuitiva, inteligente.

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D . João de Portugal • Casado com Madalena, mas desaparecido na batalha de Alcácer Quibir; • austero, mas humano. • dominado pelo sentimento amoroso por Madalena; • sonhador ( quando pensa, por momentos, que Madalena o ama ); • crente. • É a personificação do Sebastianismo.

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Telmo Pais • escudeiro de família dos condes Vimioso, • sofre com a saudade e a mágoa do desaparecimento do seu amo, D. João. • sofre pela volta de D. João, pois esta tirará a tranquilidade da sua " menina " ; sofre porque é forçado a ver o seu velho amo como um intruso • por amor a Maria, dispõe-se a declarar o Romeiro como um impostor; confessor das personagens femininas; • equivale ao coro da tragédia, • sádico, fiel, confiante, desentendido, supersticioso, sebastianista, humilde; • enorme sabedoria.

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. Início: - respeito; - tranquilidade; - Sem peso na consciência; No final: - cruel.

. Início: - respeito, medo; - intranquilidade; - peso na consciência; - desperta a noção de pecado, de infidelidade; No final: - terror; - réstia de dúvida “cega”.

. Início: - respeito, lealdade - intranquilidade; - conflito de consciência; No final: - sentimentos contraditórios: . Felicidade, . Terror - é dominado pela vontade de salvar Maria e negar D. João.

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. Não o refere directamente; . Ressentimento.

. Arrogância;

. Ressentimento;

. Amor; . Perdão; . Reconhecimento da sua dor.

. Amizade;

. Reconhecimento; . Ressentimento; . Perdão; . Cumplicidade; . Reconhecimento da sua dor.

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O Tempo da História

Acto I - “ É no fim da tarde… - “… vai a cerrar-se a noite…” - “… isto são oito horas…” “ … e eles não virão antes da meia-noite.” - “ E são horas…”

Acto I I - “Hoje” – grande carga simbólica e trágica - o dia em que o destino irá convergir sobre as personagens. . Passaram oito dias – é sexta-feira, dia fatídico - o incêndio também foi numa sexta-feira. . Aniversários: - Dia do primeiro casamento; - Dia em que D. Madalena vê D. Manuel pela primeira vez; - Dia da Batalha de Alcácer Quibir – desaparecimento de D. João; - Dia em que D. João regressa.

O tempo combina-se com os restantes elementos para construir a densidade trágica necessária à CATÁSTROFE, mostrando indícios de que a tarde, o fim da tarde, a noite e a alta noite simbolizam um ambiente cada vez mais intimista, voltado para a escuridão da noite como algo aterrador e dominador.

Acto III - “ É alta noite.” - “ Quatro, quatro e meia. São cinco horas, pelo alvor da manhã…” - “… a luz desse dia que vem a nascer.”

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O Tempo da Histórico e Espaço Cultural

Sebastianismo – Sentimento popular posterior a Alcácer Quibir, batalha desatrosa que fez o país perder a independência. Trata-se de um sentimento de resistência e de esperança baseado numa crença popular. Este é um regresso que deve ser entendido como metafórico, como o regresso à estabilidade, à independência, aos valores nacionais.

As novas tendências/seitas religiosas – alusão ao facto de a Bíblia estar em latim.

Existência da peste – a tuberculose - a procura de ares saudáveis.

Domínio espanhol: - Existência de perturbações da ordem pública; - existência de “traidores” ao rei e à nação; - oportunismo de alguns para resguardo de privilégios.

Valor da monarquia e da figura do rei.

Valor da religião.

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Acto I

Acto II

• leitura de D. Madalena do episódio de Inês de Castro; • maus pressentimentos de Madalena; • intuição de Maria e sonhos; • Agouros de Telmo; • crença em D. Sebastião; • O peso da desgraça sobre a família de D. Manuel – seu pai morreu sob a sua espada. •Incêndio da casa onde vive a família. •Simbologia do fogo ( fascínio, destruição e purificação – o homem é vítima do seu fogo da sua paixão, é ela que o conduz à destruição) • destruição do retrato do patriarca da família.

• Leitura de Maria das primeiras frases de Menina e Moça; • Fascínio de Maria e Telmo pela figura de D. Sebastião; • As visões e intuições de Maria; • O crescente terror de Madalena; • Referência a Soror Joana ( que abandonou a família para professar ).

Espaço – Acto I – aberto/ sol/ relação com o exterior; - Acto II – pesado e fechado. - Acto III – conotado com os elementos religiosos. Mudança de espaço físico, mudança fatal.

Tempo – Acto I – ao final da tarde; - Acto II – durante a noite; - Acto III – alta noite... Amanhecer.

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Acto I – Casa de D. Manuel de Sousa Coutinho

Espaço interior Nobre, arejado, humanizado, luminoso, Centro de vida familiar estável, Espaço íntimo e familiar Luxo e elegância Valor simbólico do quadro de D. Manuel.

• esta descrição integra a acção no período histórico ( séc. XVII) • radica as personagens numa determinada classe social: aristocracia.

• este espaço desaparece no final do acto I; • o fogo constitui um prenúncio da “morte para o mundo” de D. Manuel.

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Acto II – Palácio de D. João de Portugal

Frieza, austeridade de um salão despedido, Pouco confortável, escuro, Sem marca de humanização

• Simbólico e claramente fatal; • Ponte para o reencontro com o passado; • Paralelo com a simbologia dos quadros de figuras igualmente simbólicas; • Espaço opressivo que propicia a partilha de inquietações; • faz avolumar o clima trágico; • Espaço de confidência; • Espaço de revelação e reencontro com o passado; • avoluma o Pathos.

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Acto III – Parte baixa do palácio de D. João com comunicação para uma capela

Marcadamente religioso, austero, Fechado, frio, nocturno, Afastado do mundo, Presença da cruz como símbolo do sacrifício.

• Simbólico do futuro; • a mudança de espaço ocorre devido ao reconhecimento de um passado que surge no presente a interpor-se à realização do futuro; • este espaço é o prolongamento do anterior, avolumando ainda mais o Pathos.

Conclusão: • Existe um macro espaço – Almada; • O espaço acompanha o avolumar da tragédia e os elementos profanos e sociais vão sendo substituídos pelos religiosos e pelo isolamento.

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