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Baseado na obra “O que é Baseado na obra “O que é Semiótica”, de Lucia Santaella Semiótica”, de Lucia Santaella

Semiótica peirceana

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Do livro "O que é Semiótica", de Lucia Santaella.

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Page 1: Semiótica peirceana

Baseado na obra “O que é Semiótica”, Baseado na obra “O que é Semiótica”, de Lucia Santaellade Lucia Santaella

Page 2: Semiótica peirceana

Definição de semiótica como ciência dos

signos. (9) Necessidade de diferenciar língua de

linguagem. (10)

Semiótica ainda é uma ciência em formação, o que faz com que sua definição seja imprecisa. (11)

Primeiros passos para a Semiótica

Page 3: Semiótica peirceana

• A língua é uma forma de comunicação

fortemente incorporada em nosso cotidiano, mas utilizamos muitas outras linguagens em nossa vida diária (visuais, sonoras, táteis). (14)

• A língua permite saber analítico. Historicamente, as particularidades da língua fizeram com que ela parecesse lidar com saber de primeira ordem, em detrimento de saberes possibilitados pelas outras linguagens. (15)

Primeiros passos para a Semiótica

Page 4: Semiótica peirceana

Além da linguagem verbal, que na escrita

ocidental assume a tradição visual alfabética, há muitas outras linguagens que se constituem em sistemas sociais e históricos de representação do mundo. (16)

Linguagem é pensada como sistema de produção de sentidos. (16)

Primeiros passos para a Semiótica

Page 5: Semiótica peirceana

• Século XX marca notável aumento da

capacidade de produzir, armazenar e difundir linguagens. Ser humano hoje vive num ambiente povoado de signos e de informação. (17)

• Todo fato cultural ou prática social só existe porque se constitui, em primeiro lugar, como produção de linguagem e sentido (ou seja, é significante). (18)

Primeiros passos para a Semiótica

Page 6: Semiótica peirceana

De todos os estímulos que recebe ao seu

redor, o ser humano sempre desvela significações. (18)

Assim, podem ser pensadas linguagens artificiais, linguagens da natureza, linguagens oníricas (dos sonhos), linguagens físicas. (18-19)

Primeiros passos para a Semiótica

Page 7: Semiótica peirceana

• Semiótica estuda todas as linguagens

possíveis, todos os sistemas que podem ser percebidos como linguagem. (19)

• O DNA, sendo informação genética, é linguagem. (20)

• Sistemas de linguagem tendem a se comportar como sistemas vivos. (20)

• Dentro dos fenômenos estudados por outras ciências, a Semiótica busca aquilo que se caracteriza como signo. (21)

Primeiros passos para a Semiótica

Page 8: Semiótica peirceana

• Definição de semiótica proposta por Santaella

diz respeito à semiótica propriamente peirceana e seu recorte da realidade.

• Língua não é vista como fenômeno particular e excepcional dentro da linguagem.

• Não há distinção, a princípio, entre linguagens produzidas para comunicação e fenômenos naturais ou humanos produzidos para outros fins mas interpretados como linguagem.

Comentários gerais

Page 9: Semiótica peirceana

Três diferentes origens para a semiótica: União

Soviética, Estados Unidos e Europa Ocidental. (22)

Desenvolvimento das comunicações ocasionou surgimento de consciência semiótica. (23)

Obra de Santaella foca a semiótica de matriz estado-unidense.

O legado de Charles Sanders Peirce

Page 10: Semiótica peirceana

Peirce (1839 – 1914) era filho de proeminente

matemático de Harvard e cresceu em ambiente de notável circulação intelectual. Mostrou-se prodigioso desde cedo. Formou-se em Química em Harvard. (24)

Estudou vários e diferentes campos do conhecimento e da ciência, tendo diversas contribuições em áreas distintas. (25)

O legado de Charles Sanders Peirce

Page 11: Semiótica peirceana

Peirce atuou durante toda sua vida como

cientista, tendo a lógica como seu principal interesse. (26)

Procurou estudar o raciocínio humano e a forma como ele se articula nas diferentes estruturas científicas. (27)

Peirce foi, acima de tudo, um filósofo da ciência e da comunicação. (29)

O legado de Charles Sanders Peirce

Page 12: Semiótica peirceana

Peirce procurou conciliar os desenvolvimentos

epistemológicos das ciências com as conquistas teóricas da Filosofia. (30)

A Lógica Filosófica de Peirce dependia de uma teoria geral dos signos (semiótica), que ele previu dentro do sistema de seu pensamento. Peirce dedicou-se diligentemente a construir e sistematizar essa semiótica, dialogando com a tradição filosófica de então. (31).

O legado de Charles Sanders Peirce

Page 13: Semiótica peirceana

Produção teórica de Peirce é descomunal, mas

dispersa e em grande parte difícil de esquematizar. (33)

Santaella, em seu acesso a parte dessa produção, compreende a semiótica de Peirce como uma filosofia científica da linguagem.

O legado de Charles Sanders Peirce

Page 14: Semiótica peirceana

Semiótica de Peirce, segundo a autora, é

fortemente filosófica, o que lhe confere caráter teórico especulativo ímpar em relação a outras semióticas.

A extensão e grandiosidade da obra de Peirce e a solidão de sua produção obrigam a uma recepção de suas visões a partir de diferentes interpretações, que podem diferir ao longo da história do estudo de seus escritos.

Comentários gerais

Page 15: Semiótica peirceana

A semiótica é uma parte do sistema filosófico

proposto por Peirce, e só se torna plenamente compreensível dentro desse sistema, que, além disso, pertence a outro sistema maior, o das ciências. (35)

Compreensão do sistema científico de Peirce é sempre triádica, e a compreensão de cada uma das partes é sempre possível por meio da analogia com outras.

Para se ler o mundo como linguagem

Page 16: Semiótica peirceana

Para se ler o mundo como linguagem

Page 17: Semiótica peirceana

Matemática: monta construções na

imaginação de acordo com preceitos abstratos. (37)

Filosofia: inferência de verdade a partir da observação da experiência comum. (38)

Ideoscopia (ou ciências especiais): dividida em ciências físicas e psíquicas, requerem instrumentos e métodos especiais de investigação. (38)

Para se ler o mundo como linguagem

Page 18: Semiótica peirceana

Evolucionismo de Peirce: universo está em

expansão e mente humana (coletiva) também está em expansão. (39)

Falibilismo: como tudo está em expansão, as leis científicas têm de evoluir constantemente para dar conta da realidade. Estímulos externos fazem evoluir a estrutura interna da investigação. (39)

Para se ler o mundo como linguagem

Page 19: Semiótica peirceana
Page 20: Semiótica peirceana

Fenomenologia de Peirce: ciência destinada à

criação de categorias, fundamentais para análise do pensamento. Ela postula as propriedades universais dos fenômenos. (44)

Ciências normativas (normáticas): distinguem o que deve e o que não deve ser. (44)

Estética: o que deve ou não deve ser objeto de admiração. (44)

Para se ler o mundo como linguagem

Page 21: Semiótica peirceana

Ética: o que deve ou não deve ser parte da

conduta humana. Semiótica (lógica): o que deve ou não deve

ser no pensamento. Metafísica: ciências da realidade tal como é,

independente das fantasias e imaginações. (45)

Semiótica classifica e descreve todos os signos logicamente possíveis. (45)

Para se ler o mundo como linguagem

Page 22: Semiótica peirceana

Semiótica trataria dos métodos e tipos de

pensamento utilizados por todas as outras ciências.

Semiótica de Peirce só pode ser compreendida à luz de sua fenomenologia.

Para se ler o mundo como linguagem

Page 23: Semiótica peirceana

Como citado por Santaella, fenomenologia de

Peirce guarda traços de semelhança com a fenomenologia hegeliana, que também é triádica.

Esforço conceitual de Peirce no âmbito filosófico é extraordinário, mas também polêmico, dadas as outras perspectivas da teoria do conhecimento e da filosofia da linguagem.

Comentários gerais

Page 24: Semiótica peirceana

Definição de fenômeno: toda e qualquer coisa

que esteja de algum modo presente à mente, seja interna ou externa, corresponda ou não a algo real. Nessa definição, não há julgamento do fenômeno por nenhum pressuposto. (49)

Fenomenologia tem de determinar as características que apareçam a todo e qualquer fenômeno. (49)

Abrir as janelas: olhar para o mundo

Page 25: Semiótica peirceana

Três faculdades sustentam a observação dos

fenômenos: 1) capacidade contemplativa; 2) capacidade de distinção e discriminação; 3) capacidade de generalização em classes ou

categorias. Faculdades se relacionam ao modo como os

fenômenos aparecem à mente, e não às suas características particulares. (51)

Abrir as janelas: olhar para o mundo

Page 26: Semiótica peirceana

Categorias de Peirce são consideradas

universais para toda a experiência e todo pensamento. (52)

Pressuposto: a experiências é tudo aquilo que se impõe sobre o sujeito, não podendo ser negado.

Pressuposto 2: pensamento é a capacidade de estabelecimento de relações pela mente, e não precisa ser racional necessariamente.

Abrir as janelas: olhar para o mundo

Page 27: Semiótica peirceana
Page 28: Semiótica peirceana

A estrutura triádica pareceu a princípio

insatisfatória para Peirce, mas vingou e acabou sendo estendida como produtiva para outros campos do saber. (54)

Santaella vê fenomenologia de Peirce como “salto especulativo de caráter cosmológico”. (55)

Aplicações são possíveis na teoria do protoplasma, na teoria da evolução, na fisiologia e na física. (59)

Abrir as janelas: olhar para o mundo

Page 29: Semiótica peirceana

Santaella escolhe o campo das manifestações

psicológicas para exemplificar a fenomenologia de Peirce. (60)

Ressalta que se trata da aplicação de categorias lógicas à experiência psicológica, e não de análise de material propriamente psicológico.

Abrir as janelas: olhar para o mundo

Page 30: Semiótica peirceana

Primeiridade: Presentidade presente. Impressão in totum,

não analisável, indivisível, inocente e frágil. Sentimento como qualidade, imediaticidade. Percepção das qualidades das coisas sem a

aplicação do pensamento sobre essa percepção.

Consciência de um momento, não fraturada, não segmentada.

Precede toda a síntese e toda diferenciação.

Abrir as janelas: olhar para o mundo

Page 31: Semiótica peirceana

Secundidade: Mundo real, reativo, sensual. Arena da

existência cotidiana. Fatos externos que se impõem à vontade do sujeito. Luta. Relação diádica, de dependência entre dois termos.

Corporificação material da qualidade de sentimento. Qualquer sensação já é secundidade, pois é resposta do eu a um estímulo. Percepção direta, anterior ao pensamento. Experiência, não ego.

Abrir as janelas: olhar para o mundo

Page 32: Semiótica peirceana

Terceiridade: aproxima primeiro e segundo

numa síntese intelectual. Inteligibilidade, pensamento em signos, representação e interpretação do mundo.

Generalidade, infinitude, continuidade, difusão, crescimento, inteligência.

Para conhecer o mundo, o ser humano traduz tudo o que percebe em termos de signos. Os signos constituem o pensamento, que sempre remete a outro pensamento, infinitamente.

Abrir as janelas: olhar para o mundo

Page 33: Semiótica peirceana

Para compreender qualquer fenômeno, a

consciência produz um signo. Toda percepção já implica criação de signos. Signos só podem ser interpretados se

traduzidos em outros signos. O signo é um primeiro, o objeto é um segundo

e o interpretante (que é a tradução do signo em outros signos) é um terceiro.

O significado se desloca e se esquiva constantemente.

Abrir as janelas: olhar para o mundo

Page 34: Semiótica peirceana

Crosta sígnica nos permite conhecer o mundo,

mas também dele nos separa. Camada do pensamento interpretativo é a mais

superficial da consciência, podendo sempre ser ferida por sentimentos e sensações.

Tudo o que se produz na consciência é signo, mas há divisões.

Sentimento ou impressão é um quase-signo. Ação ou experiência pode funcionar como signo. O signo genuíno está no pensamento.

Abrir as janelas: olhar para o mundo

Page 35: Semiótica peirceana

Semiótica Peirceana não é concebida como

ciência aplicada. Noção de signo de Peirce não tem fundo

psicológico, e sim lógico, podendo ser base da Cibernética.

Definições e classificações de Peirce em relação aos signos são gerais, matemáticas, formais.

Santaella: melhor definição de signo: uma coisa que representa uma outra coisa para uma mente que interpreta.

Para se tecer a malha dos signos

Page 36: Semiótica peirceana

Noção de interpretante: processo relacional

que se cria na mente do intérprete. Signo que traduz a relação entre o signo e o

objeto. O significado de um signo é, portanto, sempre

outro signo. Um signo tem pelo menos dois objetos e pelo

menos três interpretantes.

Para se tecer a malha dos signos

Page 37: Semiótica peirceana

Para se tecer a malha dos signos

Page 38: Semiótica peirceana

Objeto dinâmico: está fora do signo, na natureza, e

é representado pelo signo. Objeto imediato: está dentro do signo, é o modo

como o signo representa o objeto dinâmico. Interpretante imediato: aquilo que o signo está apto

a produzir em uma mente que o interpreta. Interpretante dinâmico: aquilo que o signo

efetivamente produz em uma mente em particular. Interpretante em si: modo como qualquer mente

reagiria ao signo, em determinadas condições.

Para se tecer a malha dos signos

Page 39: Semiótica peirceana

Peirce estabeleceu classificação triádica dos

signos. Considerando as possibilidades em cada uma

das partes do signo, sistema de Peirce alcançaria 59049 tipos de signo.

Peirce estabeleceu dez trocotomias, mas dedicou a três, em especial, mais atenção.

Essas três tricotomias, em particular, tornaram-se as mais famosas e emblemáticas da obra de Peirce.

Classificação dos signos

Page 40: Semiótica peirceana

Relação do signo consigo mesmo: 1 – Quali-signo: signo aparece como mera

qualidade. O vermelho da tela de cinema em uma determinada cena.

2 – Sin-signo: signo aparece como existente singular, material. Um quadro, uma peça de museu.

3 – Legi-signo: signo aparece como lei geral, como relação enunciada. Uma ideia, uma frase, um conceito.

Classificação dos signos

Page 41: Semiótica peirceana

Relação do signo com seu objeto dinâmico: 1 – Ícone: Signo aparece como pura qualidade na

relação com seu objeto. Quase-signo, algo que se dá à contemplação. Efeito de impressão. Arte abstrata.

2 – Índice: Signo aparece como indicador de coisa à qual está factualmente ligada. Todo existente é um índice. Há conexão de fato. Girassol é índice da direção do Sol. Rastros, pegadas, resíduos, remanências. Fotografia.

3 – Símbolo: signo representa o objeto por convenção ou pacto coletivo. Palavras. Tem como objeto um geral, e não um singular.

Classificação dos signos

Page 42: Semiótica peirceana

Relação do signo com seu interpretante: 1 – Rema: interpretante produz apenas uma

mera qualidade, uma impressão. Conjectura, hipótese. Formas das nuvens. Formas de estalactites.

2 – Discente: interpretante constata relação física entre existentes. Constatação, associação.

3 – Argumento: interpretante constrói uma relação, um pensamento sobre o mundo, em forma de símbolo.

Classificação dos signos

Page 43: Semiótica peirceana

Signos raramente se apresentam, em

condições concretas, de forma pura em relação às classificações empreendidas.

Tríades peirceanas funcionam como grande mapa lógico, para descrever, analisar e interpretar linguagens.

Fundamentos fenomenológicos para desenvolvimento de semióticas especiais.

Considerações finais

Page 44: Semiótica peirceana

Santaella, Lucia. O que é semiótica. São Paulo: Brasiliense, 2012. (Coleção Primeiros Passos – 103)