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Sera que deus existe pp bruno josé fernando

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A existência ou não de Deus é uma polémica que provavelmente nunca terá fim.

A escolha de uma resposta pode afectar a forma como interpretamos os factos da vida e, dessa forma, como a orientamos.

É nos momentos de angústia, de carência, de drama e de confronto com a inevitável morte que se acende a necessidade do homem procurar respostas para alem daquelas que a razão/ciência nos dá. Assim, entramos no “mundo” de “fé” e, com ela, a “crença”.

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Existem três respostas quanto a existência de Deus são elas :

Teísmo é a doutrina que defende a existência de um Deus único, omnipotente (capacidade de fazer tudo ), omnisciente (capacidade de saber tudo ), sumamente benevolente (maximamente bom) e criador transcendente (que passa) do universo.Nesta incluímos o cristianismo, entre outras religiões.

Ateísmo é a doutrina que defende que não há razões para afirmar a existência de Deus.

Agnosticismo é a doutrina que defende que embora seja possível Deus existir acha que não tem dados suficientes para decidir se existe ou não. Não toma posição nem a favor nem contra.

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Neste trabalho debruçamo-nos sobre o teísmo e, dentro desta doutrina, no cristianismo.

Existem vários argumentos a favor da existência de um Deus.

Vamos analisar alguns deles apresentando as respectivas objecções e, desta forma, a pouca solidez dos mesmos .

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Os argumentos a favor da existência de Deus são:

O argumento do desígnio .

O argumento da causa primeira . O argumento ontológico. O argumento dos milagres.

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Argumento do desígnio

Argumento do desígnio ou argumento teológico(do grego telos que significa finalidade)

No universo tudo mostra sinais de ter sido concebido, uma vez que tudo é apropriado à função que desempenha. Algumas criações do homem podem ser extraordinariamente complexas (Ex: computador), mostrando a sua grande capacidade criativa.

Se observarmos o corpo humano vemos uma “máquina” ainda mais complexa do que um computador. Logo, deverá ter sido concebida por alguém muito mais inteligente do que o homem, presumivelmente o Deus tradicional dos teístas.

Este argumento é baseado na semelhança entre duas coisas e é conhecido como argumento por analogia: se duas coisas são analogias em alguns aspectos também serão análogas noutros.

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Criticas ao argumento do desígnio

Fraca analogia

As analogias feitas entre objectos criados pelo homem e a natureza (relógio/olho) não passam de semelhanças vagas que resultam em conclusões igualmente vagas.

As

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Teoria de Charles Darwin

Charles Darwin, através da sua teoria da evolução das espécies pela selecção natural, mostra que as espécies melhore adaptadas ao seu meio ambiente são as que perduram, transmitindo os seus genes às gerações seguintes. Com isto, a especialização dos seres vai surgindo sem ser desenvolvida pela “mão de Deus”.

Charles Darwin nunca refere a existência de Deus. Desta forma, os cristãos aceitam a sua teoria, colocando na “mão de Deus” o próprio mecanismo da evolução.

Ao não mencionar Deus como causa, a teoria de Darwin impede o argumento do desígnio de constituir uma demonstração conclusiva da existência de Deus.

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O argumento do Desígnio também não consegue sustentar a ideia de um só Deus (monoteísmo).O facto de até acreditarmos que tudo tenha sido concebido, porque não por uma equipa de Deuses, tal como as grandes obras humanas são construídas por uma equipa de pessoas.

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O facto de existirem doenças, catástrofes, muita fome, etc... Pressupõe falhas nas “criações naturais”, o mal existente no mundo é algo que põe em duvida a omnisciência e a bondade do criador.

Se tudo é afinal criação de alguém como é esse alguém?

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O argumento da causa primeira, ou argumento cosmólogo, mostra um conjunto de razões para provar a existência de Deus, a partir da necessidade de haver um criador do universo:

Tudo tem uma causa; ou seja, é causado por acontecimentos anteriores

Não é possível uma causa infinita de causas. Teve de haver uma inicial que originou todas as outras: causa primeira a que chamamos Deus.

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A primeira premissa autocontradiz-se, na medida em que se tudo tem uma primeira causa, o que causou Deus?

A matemática joga por terra a segunda premissa demonstrando que é possível existir séries infinitas de eventos ou causas.

Mais uma vez, se Deus é a causa de tudo e se é todo poderoso, omnisciente e sumamente bom, como pode tolerar o mal existente no mundo?

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A existência de Deus deriva da definição de Deus como ser supremo. Como é uma conclusão que não recorre à experiência, diz-se argumento a priori.

Deus define-se como a perfeição suprema e não o seria se não existisse.

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Tem consequências absurdas. Baseado neste argumento, se podemos definir algo, esse algo tem de existir, pois não podemos definir o inexistente. Assim sendo, se eu definir uma aberração ela tem de existir.

A existência não é uma propriedade. Este argumento entende a existência de Deus como a sua omnisciência ou a sua omnipotência.

Mais uma vez, a ideia de Deus sumamente bom é contrariada pela presença do mal no mundo.

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Todos os argumentos expostos foram sujeitos às objecções. A solidez de cada uma depende da opinião do leitor. As objecções levantaram duvidas das supostas “demonstrações” da existência de Deus, mas o argumento mais forte contra a existência de Deus descrito pelos teístas é o “problema do mal”.

Tanto os males naturais (ex.: terramotos, doenças, inundações, secas, etc) como todos os males provocados pelo “homem” (ex.: massacres, torturas, destruição, etc) põem em duvida a existência de um Deus sumamente bom.

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“Um Deus omnisciente saberia que o mal existe; um Deus todo o poderoso poderia evitar que o mal ocorresse; e um Deus sumamente bom não quereria que o mal existisse”. Mas o mal continua a existir.

Saber como explicar a compatibilidade de um Deus, com estes atributos, com toda a maldade do mundo é o principal desafio que os crentes enfrentam.

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Santidade“O mal permite a existência do bem, pois conduz a

uma maior virtude moral.”

“Sem a crueldade os santos e os heróis não existiam”.

É terrível pensar que se possa justificar os milhões de seres em sofrimento para justificar a existência de heróis ou santos. Muitas atrocidades acontecem a cada minuto sem que ninguém se aperceba.

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Como justificar a agonia de um sofredor (Ex: criança com doença incurável) argumentando que os que o acompanham possam tornar-se melhores pessoas do ponto de vista moral?

São estes naturalmente os métodos de Deus para nos aperfeiçoar?

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Analogia artística

Defende a existência de uma analogia entre o mundo e uma obra de arte; afirma que o mal contribui para a harmonia e beleza geral do mundo.

Existem, pelo menos, duas objecções a esta perspectiva:

É difícil de aceitar que os soldados estropiados no

campo de batalha contribuam para a harmonia geral do mundo.

O Deus sumamente bom dos teístas apresenta-se como um sádico ao permitir o sofrimento por motivos estéticos.

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A defesa do livre arbítrio

É a mais importante tentativa de solução do problema do mal.

O livre arbítrio é a possibilidade de escolha para fazermos o que quisermos; liberdade essa que Deus nos deu. Essa liberdade permite-nos praticar o mal.

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Será preferível um mundo com livre arbítrio e a possibilidade do mal ou uma vida predestinada só a praticar o bem?

Será que temos, de facto, um verdadeiro livre arbítrio ou apenas ilusão do mesmo?

Livre arbítrio sem mal Se Deus é capaz de fazer tudo e se tem poderes

para criar o mundo no qual existe livre arbítrio, porque é que não fez este sem o mal?

Este argumento é contestado considerando que assim não seria um verdadeiro livre arbítrio. Esta ideia está em discussão.

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Deus poderia intervir

Os teístas acreditam que Deus pode intervir no mundo através dos milagres. Assim sendo, questiona-se porque é que ele não entreviu nas diversas catástrofes humanas e naturais.

Apesar dos teístas refutarem este argumento afirmando que desta forma não teriam o verdadeiro livre arbítrio, entram em contradição com a crença de que a intervenção Divina ocorre por vezes.

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Não explica o mal natural.

As catástrofes naturais poderiam ser evitadas por Deus, sem contrair o livre arbítrio. O que não acontece.

Para justificar este argumento há quem afirme que as leis da natureza oferecem um maior benefício que ultrapassa as calamidades ocasionais.

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Leis benéficas da natureza.

A regularidade das leis da natureza permite-nos a vida como a entendemos, sendo que o mal natural é um efeito colateral. Mais uma vez os efeitos benéficos desta regularidade ultrapassam os prejudiciais.

Porque é que Deus omnipotente não criou leis da natureza que nunca conduzissem ao mal natural?

Se a resposta for que Deus está submetido às leis da natureza, então ele não é omnipotente.

Porque é que Deus não intervém para executar milagres mais vezes?

Se a resposta for que Deus nunca intervém, deita por terra um aspecto da crença em Deus pelos teístas.

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Segundo os teístas, Deus fez alguns milagres como a ressurreição, multiplicação dos pães, etc. Apesar desses milagres terem sido realizados por Cristo, os cristãos afirmam que ainda hoje os milagres ocorrem.

O milagre é definido como um tipo de intervenção Divina num curso normal de acontecimentos, quebrando uma lei estabelecida da natureza. Por exemplo: se largarmos um objecto ele tem de cair no chão.

A maioria das religiões defende que os relatos dos milagres devem ser tratados como uma confirmação da existência de Deus.

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Os milagres são sempre improváveis:Apesar de não nos podermos afastar absolutamente de a

ressurreição ter ocorrido, segundo Hume, devemos encarar com extrema relutância de que ocorreu realmente.

Factores psicológicos:As emoções fazem duvidar da credibilidade de alguns

relatos de milagres. A crença na existência de Deus pode levar as pessoas a interpretar acontecimentos meramente extraordinários como milagres reveladores da existência de Deus.

Sendo que todas as religiões defendem a existência dos milagres através dos mesmo indícios, teríamos de acreditar na existência dos diferentes Deuses que cada religião defende, sendo que isto seria impossível.

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Os não realistas, quando afirmam acreditar em Deus, não se referem ao Deus dos teístas (entidade existente numa outra esfera) mas sim no compromisso com um conjunto de valores morais e espirituais que devemos ter em vista e acerca daquilo em que nos devemos tornar.

Segundo os não realistas, o significado da linguagem religiosa é “apresentar a nós mesmos os mais altos ideais humanos, dai a existência de varias religiões”. São elas personificações dos diferentes valores culturais.

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Ateísmo disfarçado.

Se por um lado rejeita a ideia da existência objectiva de Deus tal como é tradicionalmente concebido, por outro apega-se à linguagem e ritual religioso. É uma posição hipócrita.

Implicações para a doutrina religiosa.

O não realismo acerca de Deus põe em causa muitas crenças religiosas.

Se Deus não existe realmente implica que não existe “céu”, “inferno”,”milagres” etc..Obrigaria a uma revisão radical de muitas crenças religiosas básicas; ou seja, uma revisão substancial da doutrina religiosa básica sendo que as pessoas não estejam preparadas para o fazerem.

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Após a exposição de todos os argumentos a favor da existência de Deus e das respectivas criticas, cada leitor individualmente decidirá a sua posição. Poderá encontrar repostas às criticas apresentadas ou não.

Se for ateu rejeitará completamente a crença em Deus; se for agnóstico dirá que falta demonstrar. Os crentes argumentam que não é uma questão apropriada para a especulação intelectual abstracta, mas antes para o comprometimento pessoal. É uma questão de fé, e não de uso inteligente da razão.

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A fé implica confiança.

No dia a dia o crente tem confiança de que Deus existe e vive em harmonia com essa confiança.

A fé religiosa nos casos mais extremos pode impedir a capacidade do crente de questionar certos assuntos, tornando-os “cegos” a qualquer oposição à sua ideia determinada.

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Se existissem dados suficientes para declarar que Deus existe, existiria menor necessidade de ter fé. A confiança era substituída pela certeza.

Acreditar em Deus transmite-nos uma segurança muito apelativa. Acreditar na vida depois da morte diminui o medo da mesma. Estes factores são incentivos para nos entregarmos a fé em Deus, mas faz-nos ver que a nossa fé está associada à insegurança e aos medos de cada um.

Os sentimentos de assombro e deslumbramento, segundo Hume, associados à crença em ocorrências paranormais, dão muito prazer aos seres humanos. É importante distinguir fé genuína desse prazer.

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Neste trabalho demonstramos que os teístas têm de enfrentar sérias criticas para manter a crença num Deus omnipotente, omnisciente e sumamente benevolente.

Qualquer tentativa de responder às criticas iria pôr em questão as qualidades atribuídas a Deus e, desta forma, a noção tradicional do mesmo.

Para alguns esta seria uma solução mais aceitável do que rejeitar a crença em Deus.

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Na nossa opinião , Deus até pode existir mas não é da forma que é descrito pelos teístas.

Ao acreditarmos num Deus exterior a nós, estamos a retirar a nós próprios responsabilidade dos nossos actos.

Se considerarmos Deus como sendo tudo o que existe, nomeadamente nós, e se acreditarmos que Deus é criador, nós e toda a Natureza seremos criadores.

Dessa forma, responsáveis por tudo o que sucede na nossa vida.