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SINTAGMAS NOMINAIS INDEFINIDOS EM SINTAGMAS NOMINAIS INDEFINIDOS EM “DEPOIMENTOS DO “DEPOIMENTOS DO ORKUT ORKUT”: ”: ANAFÓRICOS OU PREDICATIVOS? ANAFÓRICOS OU PREDICATIVOS? Carla Edila da Rosa Silveira Carla Edila da Rosa Silveira Setembro/2008 Setembro/2008 Curitiba Curitiba

Sintagmas nominais indefinidos em depoimentos do Orkut: anafóricos ou predicativos?

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SINTAGMAS NOMINAIS INDEFINIDOS EM SINTAGMAS NOMINAIS INDEFINIDOS EM “DEPOIMENTOS DO “DEPOIMENTOS DO ORKUTORKUT”: ”:

ANAFÓRICOS OU PREDICATIVOS?ANAFÓRICOS OU PREDICATIVOS?

Carla Edila da Rosa Silveira Carla Edila da Rosa Silveira

Setembro/2008Setembro/2008CuritibaCuritiba

A questão inicial

Marcuschi (2005)Marcuschi (2005)“gêneros textuais emergentes na Internet”

Crystal (2005)Crystal (2005)“caráter revolucionário da Internet em aspectos

lingüísticos, tecnológicos e sociais.”

Como é o comportamento do gênero Como é o comportamento do gênero ““depoimento do depoimento do orkutorkut” ”

no contexto de comunicação digital?no contexto de comunicação digital?

Pressupostos teóricos

Franchi (1977)

Beaugrande (1997)

Xavier (2002)

Bakhtin (1997)

“concepção de linguagem como atividade constitutivaatividade constitutiva”

“texto como evento comunicativoevento comunicativo que envolve atos sociais, cognitivos e lingüísticos”

“hipertexto como modo de enunciação digital constituído por textos escritos, sons, imagens, ícones, animações.”

“gênero textual como enunciado relativamente estávelenunciado relativamente estável”

Opções metodológicas

Figura 1. Espaço para inserção de depoimentoFigura 2. Perfil de usuário do site orkut

O comportamento do gênero “depoimento do “depoimento do orkutorkut””

• Definição e propósito comunicativo (COSTA, 2008)

• Contrapartes possíveis (MARCUSCHI 2005, 2007)

““depoimento do depoimento do orkut”orkut”

depoimento jornalístico

cartas pessoais

depoimento judicial

Enunciado construído em linguagem informal para declarar algo por escrito sobre indivíduo com quem se mantém algum vínculo social.

Recursos de escrita hipertextual

• Inclusão limitada de links e emoticons• Pontuação abundante ou minimalista• Reiteração de letras (CRYSTAL, 2005)

• Escrita em letras minúsculas• Uso de abreviaturas (SILVA, 2006)• Disposição gráfica deslinearizada

Recursos de escrita hipertextual

Marcas de oralidade

• Expressão de atitudes, hesitação, prosódia • Dêiticos pessoais• Marcadores conversacionais (MARCUSCHI, 2007)

• Uso de vocativos• Caráter assíncrono, mas pode haver uso do espaço em interação

síncrona (MARCUSCHI, 2005)• Hibridismo entre escrita e oralidade

Marcas de oralidade

A estrutura composicional

• Introdução metaenunciativa (APOTHÉLOZ, 1995)

A estrutura composicional

• Predomínio de seqüência descritiva• Descrição própria do gênero retrato (ADAM, 1992)• Descrições valorativas, argumentações a favor, explicações de

percepção apreciativa e relato de experiências compartilhadas.

A estrutura composicional

• Fechamento com seqüência fática de encerramento (ADAM, 1992)• Uso de vocativos e expressões de despedida• Tom conversacional (Paiva, 2005 )

Seleção lingüística

• Seleção de adjetivos e advérbios quantificadores• Estratégia de referenciação com expressões nominais

indefinidas (KOCH, 2004) • Uso anafórico de SN indefinidos (CUNHA LIMA, 2004)

Conteúdo temático

• Tendência para projeção de imagem positiva do outro

O questionamento atual

O emprego de SN indefinido anafórico SN indefinido anafórico pode ser tomado como particularidade do gênero depoimento do depoimento do orkut, orkut, porque constituiria uma recurso lingüístico que atua no desenvolvimento do conteúdo temático e, conseqüentemente, na construção de sentidos. Porém sustentar essa hipótese requer lidar com interpretações controversas quanto ao uso de sintagma nominal indefinido na composição de uma anáfora ou uma predicação. Diante da recorrência desse uso no corpus, parece-nos relevante questionar seu caráter:

éé anafórico ou predicativo?anafórico ou predicativo?

Referências bibliográficasADAM, Jean-Michel. Les textes: types et prototypes. Paris: Nathan, 1992.

ARAÚJO, J. C. R. A conversa na web: o estudo da transmutação de um gênero textual. In: MARCUSCHI, L. A; XAVIER, A. C. (orgs.). Hipertexto e gêneros digitais: novas formas de construção de sentido. 2. ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2005. p. 91-109.

BAKHTIN, M. Estética da Criação Verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

BEAUGRANDE, R. New Foundations for a Science of Text and discourse: cognition, communication, and the freedom of access to knowledge and society. Norwood, New Jersey: Ablex, 1997.

COLARES, V. Retextualização do depoimento judicial oral em texto escrito. VEREDAS - Rev. Est. Ling., Juiz de Fora, v.9, n.1 e n.2, p.29-54, jan./dez. 2005.

COSTA, S. R. Dicionário de gêneros textuais. Belo Horizonte: Autêntica, 2008.

CRYSTAL, D. A revolução da linguagem. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005.

CUNHA LIMA, M. L. Indefinido, Anáfora e Construção Textual da Referência. 231f. Tese (Doutorado em Lingüística) – Departamento de Lingüística do Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas. Campinas, 2004.

FRANCHI, Carlos. Linguagem – atividade constitutiva. In: Revista do GEL. Número Especial: Em Memória de Carlos Franchi. São Paulo: Contexto, 2002. p. 37-74. (Republicação de Almanaque, n. 5, p. 9-26, 1977).

KOCH, I. G. V. Introdução à lingüística textual. São Paulo: Martins Fontes, 2004.MARCUSCHI, L. A. Gêneros textuais emergentes no contexto da tecnologia digital. In: MARCUSCHI, L. A; XAVIER, A. C.

(orgs.). Hipertexto e gêneros digitais: novas formas de construção de sentido. 2. ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2005. p. 13–67.

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<http://boston.braslink.com/compos.org.br/e-compos/adm/documentos/abril2005_recuero.pdf >. Acesso em: 22/03/2007.SILVA, F. S. Uma abordagem diacrônico-comparativa da abreviatura em diferentes gêneros, suportes e tecnologias. 253

f. Tese (Doutorado em Lingüística) – Centro de Artes e Comunicação, Universidade Federal de Pernambuco. Recife, 2006.

www.orkut.comXAVIER, A. C. Leitura, texto e hipertexto. In: MARCUSCHI, L. A; XAVIER, A. C. (Orgs.). Hipertexto e gêneros digitais: novas

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