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Os Fenícios
Fenícios foram uma antiga civilização cujo epicentro se
localizava no norte da antiga Canaã, ao longo das regiões
litorâneas dos atuais Líbano, Síria e norte de Israel. Os fenícios
realizavam comércio através da galé, um veículo movido a velas
e remos, e são creditados como os inventores dos birremes.
E sua civilização estava organizada em cidades-estado, cada
uma destas constituía uma unidade política independente.
Eles também foram a primeira sociedade a fazer uso extenso, a nível estatal, do alfabeto. O alfabeto fonético fenício é tido como
o ancestral de todos os alfabetos modernos, embora não representasse as vogais (que foram adicionadas mais tarde pelos
gregos). Os fenícios falavam o idioma fenício, que pertence ao grupo canaanita da família lingüística semita.
Além de suas diversas inscrições, os fenícios deixaram diversos outros tipos de fontes escritas, porém poucas sobreviveram até
os dias de hoje. A Preparação Evangélica, de Eusébio de Cesareia, faz citações extensas de Filo de Biblos e Sanconíaton.
Origens: 2300-1200 a.C.
Em termos de arqueologia, língua
e religião, pouco separa os
fenícios das outras culturas da
região de Canaã. Como
canaanitas, sua única diferença
eram seus notáveis feitos
marítimos.
Nas tabuletas de Amarna do século XIV a.C., chamam-se de Kenaani ou Kinaani ("canaanitas"), embora estas cartas antecedam a invasão dos Povos do Mar em mais
de um século. Bem mais tarde, no século VI a.C., Hecateu de Mileto escreve que a Fenícia era chamada
anteriormente de χνα, um nome que Filo de Biblos adotou posteriormente em sua mitologia como seu
hipônimo para os fenícios: "Kanã, que posteriormente foi chamado de Phoinix."Já no terceiro milênio a.C.
expedições marítimas eram sido feitas pelos egípcios para trazer "cedros do Líbano".
“Os persas mais esclarecidos atribuem aos fenícios a causa dessas inimizades. Dizem eles que esse povo, tendo vindo do litoral da Eritréia para as costas do
nosso país, empreendeu longas viagens marítimas, logo depois de haver-se estabelecido no país que ainda hoje
habita, transportando mercadorias do Egito e da Assíria...”
Estudos genéticos
Spencer Wells, do Genographic Project, realizou estudos genéticos que demonstraram que a população
masculina do Líbano, Malta, Espanha, e outras áreas colonizadas pelos fenícios, partilham o mesmo
cromossomo-Y M89. As populações masculinas que habitam as áreas associadas com a civilização minóica e os Povos do Mar têm marcadores genéticos totalmente
diferentes, o que indica que não existia relação
ancestral entre os fenícios e estes povos.
Ápice: 1200–800 a.C.
O historiador francês Fernand Braudel comentou, que a Fenícia foi um dos primeiros
exemplos de uma "economia-mundial" cercada por impérios. O ponto alto da cultura fenícia e
de seu poder marítimo costuma ser datado como o período que vai de 1200 a 800 a.C.
Durante o início da Idade do Ferro, por volta de 1200 a.C., um evento até agora desconhecido ocorreu,
associado historicamente com a chegada de um povo vindo do norte, conhecido pelo exônimo de Povos do
Mar. Estes povos enfraqueceram e destruíram as civilizações egípcia e hitita, respectivamente; no vácuo de poder que se seguiu à sua chegada, diversas cidades
fenícias adquiriram importância como potências marítimas.
As sociedades fenícias estavam fundamentada em três bases de poder: o rei; o templo e seus sacerdotes; e o conselho de anciãos. Biblos foi a primeira cidade a se tornar um centro predominante, a partir de onde os fenícios saíram para dominar as rotas comerciais dos mares Mediterrâneo e Eritreu (Vermelho). Foi nesta cidade que a primeira inscrição no alfabeto fenício foi encontrada, no sarcófago de Ahiram (c. 1200 a.C.).
Sarcófago fenício encontra-do em Cádis,Espanha
Declínio: 539-65 a.C.
Ciro, o Grande, rei da Pérsia, conquistou a Fenícia em 539 a.C. Os persas dividiram a Fenícia em quatro reinos vassalos: Sídon, Tiro, Arwad, e Biblos. Estes reinos prosperaram, e forneceram frotas
navais para os reis persas. A influência fenícia, no entanto, passou a diminuir depois da conquista; é provável que boa parte da
população fenícia tenha migrado para Cartago e outras colônias depois do domínio persa. Em 350 e 345 a.C. uma rebelião em Sídonliderada por Tennes foi esmagada por Artaxerxes III; sua destruição
foi descrita por Diodoro Sículo.
A cultura fenícia acabou por desaparecer totalmente em sua pátria de origem, embora Cartago tenha continuado a florescer no Norte da África, controlando a mineração de ferro e metais preciosos na Ibéria, e utilizando seu poder naval considerável e seus exércitos de mercenários para proteger seus interesses comerciais, até a eventual destruição pelas tropas romanas em 146 a.C., no fim das Guerras Púnicas.
Comércio
Os fenícios foram alguns dos maiores comerciantes de seu tempo, e deviam muito de sua prosperidade ao comércio. Inicialmente mantinham relações comerciais apenas com os gregos, vendendo madeira, escravos, vidro e a púrpura de Tiro em pó.
Os fenícios navegavam pela (e eventualmente dominaram) parte meridional do mar, enquanto os gregos mantinham suas atividades nas costas setentrionais.
os fenícios foram por séculos a principal potência naval e mercantil da região. O
comércio fenício foi fundado com base na tinta conhecida como púrpura tíria, uma tinta de um
púrpura profundo, derivado da concha do molusco gastrópode Murex, que anteriormente
era encontrado com abundância nas águas costeiras do leste do Mediterrâneo, e que
acabou sendo extinta.
Produtos têxteis de cores brilhantes eram símbolos característicos de riqueza na sociedade fenícia, bem como o vidro, outro importante item de exportação. Os fenícios também trouxeram para a região do Mediterrâneo cães de origem africana e asiática, que acabaram por dar origem a diversas raças locais.
Fornos de cerâmica em Tiro e Sareptaproduziam as grandes jarras de terracota usadas para o transporte do vinho; o Egito pagava com
ouro vindo da Núbia.De outros lugares obtinham diferentes
materiais, dos quais talvez os mais importantes sejam a prata, obtida da península Ibérica, e o
estanho, da Grã-Bretanha (este último era fundido com o cobre (do Chipre), criando uma
liga metálica mais durável, o bronze.
Estrabão afirma que existia um comércio altamente lucrativo entre a Fenícia e a Britânia.
Moeda fenícia retratando um navio de guerra
Cultura
Língua fenícia e Alfabeto fenício
O alfabeto fenício foi um dos primeiros alfabetos a ter uma forma rígida e consistente. Presume-se que seus caracteres lineares simplificados se originaram a partir de um alfabeto semítico pictórico ainda não atestado, que teria sido desenvolvido alguns séculos antes no sul do Levante.
O precursor do alfabeto fenício provavelmente tinha origem egípcia, como os alfabetos da Idade do Bronze
Média do sul do Levante lembram os hieróglifos egípcios ou, mais especificamente, um sistema
alfabético de escrita encontrado em Wadi-el-Hol, no Egito central.Além de ter sido antecedido pelo proto-
canaanita, o alfabeto fenício também teve como antecessor uma escrita alfabética de origem
mesopotâmica chamada ugarítica. O desenvolvimento do alfabeto fenício a partir do proto-canaanita coincidiu
com o início da Idade do Ferro, no século XI a.C.
A representação mais antiga conhecida do alfabeto fenício foi a inscrição do sarcófago do rei Ahiram, de Biblos, que data no máximo do século XI a.C. Inscrições fenícias foram encontradas no Líbano, Síria, Israel, Chipre e diversas outras localidades até os primeiros séculos da Era Cristã
Os fenícios foram responsáveis por
espalhar o uso de seu alfabeto por todo o mundo mediterrâneo, Comerciantes fenícios levaram este sistema de escrita ao longo das rotas comerciais do mar Egeu, chegando a Creta e à Grécia; os gregos adotaram a maior parte das letras, alterando, no entanto, algumas delas para vogais, dando origem ao primeiro alfabeto real. Alfabeto Fenício
A arte fenícia não tem as características exclusivas que a distinguem de seus contemporâneos; isto se deve por ter sido altamente influenciada por culturas artísticas estrangeiras, principalmente o Egito, Grécia e Assíria. Os fenícios que estudavam às margens do Nilo e do Eufrates conquistavam uma ampla experiência artística, e acabavam por desenvolver sua própria arte na forma de um amálgama de modelos e perspectivas internacionais.
Arte
Os fenícios conservavam ritos bem arcaicos,
como a prostituição divina e o sacrifício de
crianças (em particular dos primogênitos) e de
animais. A maioria dos rituais religiosos eram
feitos ao ar livre.