Upload
aldenei-barros
View
11.866
Download
8
Embed Size (px)
DESCRIPTION
Resumo das aulas de Sociologia. 2º Ano.
Citation preview
*
(Breslau, Alemanha, 22 de junho de 1897 - 1' de agosto de 1990)
Ainda que sua obra só tenha recebido atenção a partir da década de 1970,Norbert Elias é hoje considerado um dos mais importantes pensadores do século XX.
A partir de um intenso diálogo com a história da cultura, Elias situa os diferentes padrões de relações sociais nos seus devidos contextos históricos e culturais. Assim como Simmel, enfatiza a importância das interações. Para ele, a vida em sociedade é composta de padrões gerados nas interações entre indivíduos ligados por uma relação de interdependência.
Seu livro O processo civilizador (1939) foi ignorado até ser traduzido para o inglês em 1969, e hoje é um grande clássico da sociologia. Em dois volumes, a obra mapeia historicamente os comportamentos e os hábitos europeus, procurando entender como as atitudes individuais são moldadas por atitudes sociais. Num diálogo com a psicanálise de Freud, Elias pensou sociologicamente o desenvolvimento do autocontrole e de sentimentos como a vergonha e a repugnância, de modo a traçar uma história e uma sociologia da ideia de civilização gerada pela Idade Moderna.
*Além de O processo civilizador escreveu outros trabalhos de
grande destaque, como por exemplo A sociedade de corte
(1969), O que é sociologia? (1970) e A sociedade dos
indivíduos (1987).
*Tendo vivido a maior parte de sua vida no século XX, Elias
escreveu sobre temas importantes e variados como cultura,
civilização ocidental, sociedade de corte e formação dos
Estados nacionais. Também escreveu um livro inteiro para
falar sobre seus conterrâneos, os alemães. Com o mesmo
interesse debruçou-se sobre Wolfgang Amadeus Mozart,
músico famoso e genial do século XVIII. Os temas do esporte e
da morte mereceram igualmente sua atenção.
*
*Em todos os estudos e escritos de Norbert Elias predomina
uma convicção: a de que as manifestações culturais,
artísticas, culinárias, as maneiras de lidar com o sofrimento e
com a alegria, tudo isso revela muito sobre as
sociedades. Diante de uma manifestação como o esporte, por
exemplo, ele se fez a seguinte pergunta.
*Que espécie de sociedade é esta onde as pessoas, em número
cada vez maior, e em quase todo o mundo, sentem prazer,
quer como atores ou espectadores, em provas físicas e
confrontos de tensões entre indivíduos ou equipes, e na
excitação criada por estas competições realizadas sob
condições onde não se verifica derrame de sangue, nem são
provocados ferimentos sérios nos jogadores?
Jogo entre as seleções da Suécia e da Hungria durante a Copa do Mundo de
1958, Suécia.
A seu ver, uma atividade como o esporte, que emociona
multidões, também acaba sendo reveladora do tipo de
cultura e de sociedade que a incentiva e a incorpora em
seu cotidiano. Trata-se de uma sociedade em que os
intensos sentimentos coletivos que o esporte provoca são
contidos por regras, normas e freios, sem os quais o
próprio esporte e a própria sociedade sucumbiriam.
Também a morte, na visão de Elias, é reveladora. As
sociedades não lidaram sempre da mesma maneira com a
morte, nos diz ele, porque ela não se reduz a um
acontecimento biológico e natural. Acompanhar as
mudanças no trato da morte nos revela muito, portanto,
sobre as mudanças que as sociedades sofreram em seus
costumes.
As sociedades urbano-industriais, por exemplo, criaram um
ritual de morte particular: separaram a morte do ambiente
doméstico. Os doentes terminais vão para o hospital, e o
velório, assim como o enterro, não é mais feito em casa. Mas
nem sempre foi assim.
Na Idade Média, a morte era mais presente e familiar - cabia
aos parentes cuidar no próprio lar de seus velhos enfermos -, e
ao mesmo tempo mais coletiva e violenta - basta lembrar os
enforcamentos e torturas em praça pública de que
fala Foucault. O livro em que Elias trata desse tema chama-se A
solidão dos moribundos - em referência ao isolamento daqueles
que estão no final da vida, são apartados de suas famílias e de
suas casas, e entregues à tecnologia hospitalar e médica.
Norbert Elias nos ensina a perceber que há aspectos da
sociedade que julgamos ter sempre existido, mas que
passaram por um longo processo de desenvolvimento até
tomar a forma que conhecemos. Isso vale para as formas
de governo, para os modelos de família e também para as
boas maneiras e os costumes. Aprendemos com ele que as
normas são criadas e recriadas para conter os impulsos ou
ações instintivas das pessoas e permitir que a
sociabilidade ocorra dentro de uma linguagem comum a
todos (os códigos de civilidade).Essas normas estão
presentes em diversos aspectos da vida social, como nos
esportes, na arte, nas relações entre os Estados
nacionais etc.Por meio da civilidade, o indivíduo aprende
a lidar com os integrantes de seu grupo e com os de
grupos diferentes do seu.