27
Teorias da conspiração Eduardo Vicentini de Medeiros PNPD Capes

Teorias da conspiração

Embed Size (px)

Citation preview

Teorias da conspirao

Teorias da conspiraoEduardo Vicentini de Medeiros PNPD Capes

Definio sugeridaTeorias da conspirao (TC):tentativas de explicar eventos de grande impacto social, considerando-os como resultados da atividade de organizaes que mantm seu papel causal em segredo para opinio pblica

Exemplos (a) os ataques as Torres Gmeas em 11/09/2001 foram orquestrados pelo FBI com o objetivo de produzir sentimentos contrrios aos rabes no Ocidente

Exemplos(b) o aquecimento global uma fraude sustentada por cientistas para receber verba para pesquisa

Exemplos(c) The Beatles eram parte de um plano para converter jovens ao comunismo pela hipnose e degradao dos costumes

Exemplos

Exemplos

Perguntas(1) TCs so apenas crenas irracionais?(2) O que TCs podem nos ensinar sobre formao de crenas?(3) TCs so casos de pensamento contrafactual running wild?

(1) TC e irracionalidade Traos do comportamento social: coalizes de interesses privadossegredos inter paresacordos tcitosinduzir a engano

(1) TC e irracionalidade Bias explicativos: (1) eventos de grandes propores, grandes causas (JFK versus Lee Harvey Oswald)

(2)expectativa de previsibilidade queremos que o mundo seja previsvel

(3) confirmation bias

(1) TC e irracionalidade Bias explicativos: (4) buscar causalidade na agncia de algum (Diana: acidente ou assassinato?)

acionalizao, agenticity Michael Shermer in The Believing Brain:

Vamos voltar ao nosso ancestral homindeo nas plancies da frica que ouve um rudo na mata e a um assunto crucial: se o som representa um predador perigoso ou apenas o vento. Essa uma distino importante em vrios nveis, no apenas em termos de vida ou morte, mas de outra diferena: o vento representa uma fora inanimada, enquanto o predador perigoso representa um agente intencional.

(1) TC e irracionalidade (5) explicao e responsabilidadeAfinal de contas, algum tem que pagar o pato!

(1) TC e irracionalidade Um lembrete de Sir Karl Popper:

Teoria conspiratria da sociedade:

...tudo o que ocorre na sociedade inclusive tudo aquilo que as pessoas no desejam, como a guerra, o desemprego, a pobreza, as carncias resulta da deliberao consciente de indivduos ou grupos detentores de poder.

o que fica de lado: as repercusses sociais no deliberadas das aes humanas intencionais

(1) TC e irracionalidade efeito das circunstnciasaderem com mais facilidade a TC:pessoas com menos controle das situaesminorias tnicas desconectados da poltica mainstream menor nvel de rendamenor nvel de educao

(1) TC e irracionalidade correlao com psicopatologias:pensamento paranoicoesquizotipia delrios e outros fenmenos elusivos crenas paranormais hipersensibilidade para deteco deagnciaby Karen Douglas

(2) TC e formao de crenasQuassim Cassam Vice EpistemologyNo precisamos incluir na definio de TC: - falsidade - ausncia de justificao - irracionalidade do agente epistmico

(2) TC e formao de crenasAs perguntas interessantes so:

(1) como e(2) por que pessoas acreditam em TCs que so manifestamente falsas ou com forte evidncia contrria?

(2) TC e formao de crenasPossveis explicaes para TC:

Isolamento informacional

600.000 exemplares !! Song Hongbing e a dinastia Rothschild

Soluo: cognitive infiltration

(2) TC e formao de crenasPossveis explicaes para TC:

(1) eventos de grandes propores, grandes causas; (2)expectativa de previsibilidade;(3) confirmation bias;(4) agenticity acionalizao ;(5) explicao e responsabilidade

(2) TC e formao de crenasVice Epistemology parte importante da explicao est no tipo de agente epistmico que somos - carter intelectualcredulidade (gullibility) dogmatismo opinio pr-formadacabea dura (closed-mindedness)pressa negligncia disposies para pensar de um modo ou outro

(2) TC e formao de crenasAs hipteses da psicologia social vo nessa direo: mentalidade conspiratria explicamos o que as pessoas fazem referindo o carter moral explicamos como as pessoas pensam referindo o carter intelectual

(2) TC e formao de crenasUma agenda para Vice Epistemology

TCs geram consequncias indesejveis:- adeso a ideologias radicais;- desconfiana generalizada;- isolamento # promover virtudes intelectuais como poltica pblica

(3) TC e contrafactualidade Verses da dvida hiperblica. Instanciaes do gnio maligno: FBI, as Sete Irms, o Foro de So Paulo, Koch Brothers...E se tudo que acreditamos sobre x for falso? E se esto nos enganando o tempo todo sobre x?

(3) TC e contrafactualidade Um interessante paralelo:

# contrafactuais aumentam nossa sensao de controle sobre os eventos

se eu tivesse sado na hora de sempre, no teria me acidentado

# tcs esto associadas a expectativa de previsibilidade e se a queda no preo do petrleo for um plano das Sete Irms para facilitar a privatizao do pr-sal?

(3) TC e contrafactualidade TC e mutabilidademutabilidade: imaginar com facilidade alteraes nos eventos passadosa pensamento contrafactual no indisciplinado, segue padres TCs so extenses hipotticas destes padres

(3) TC e contrafactualidade alguns aspectos da realidade so menos mutveis do que outros: - ela no teria morrido se no houvesse gravidade- se os romanos tivessem a bomba atmica, ento...TC so teorias sobre agncia coletivagradiente de elasticidade: fenmenos naturais ao individual ao coletiva

Mutabilidade de agncia coletiva potencialmente elstica o que explica surgimento de TCs muito bizarras

Referncias

Cassam. Quassim. (2016) Vice Epistemology. The Monist, 99 , 159-180.Douglas, K., Sutton, R., Callan, M., Dawtry, R., & Harvey, A. (2016). Someone is pulling the strings: Hypersensitive agency detection and belief in conspiracy theories. Thinking And Reasoning, 22, 57-77. Jennifer A. Whitson and Adam D. Galinsky (2008) Lacking Control Increases Illusory Pattern Perception. Science 322,115Leman, P.J. and Cinnirella, M. (2007) A major event has a major cause: Evidence for the role of heuristics in reasoning about conspiracy theories. Social Psychological Review, 9,2 p.18-28Shermer, Michael (2011) The Believing Brain. Times Books. Sunstein, Cass (2014) Conspiracy Theories and others dangerous ideas. Simon & Schuster.