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José de Alencar TIL

Til - José de Alencar

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Trabalho de português, 2ºD.

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Page 1: Til - José de Alencar

José de AlencarTIL

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José Martiniano de Alencar (1829-1877) nasceu no dia 1 de maio de 1829, em Mecejana, Ceará.

Por volta de 1837 se mudou para o Rio de Janeiro, pois seu pai havia assumido o cargo de senador, e então José de Alencar começou a frequentar a Escola de Instrução Elementar.

Anos mais tarde, foi para São Paulo junto de seu primo para estudar. Um tempo depois teve de voltar para Olinda devido à doença do pai, foi onde se lembrou das belas paisagens de sua terra. Cenário que é retratado em um de seus romances mais importantes, Iracema.

BIOGRAFIA

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Aos 18 retorna para São Paulo, e já esboça seu primeiro romance, Os Contrabandistas.

Formou-se em 1850. No ano seguinte já estava no Rio de Janeiro, trabalhando num escritório de advocacia.

Ingressou no Correio Mercantil em 1854. Na seção "Ao Correr da Pena" escreve os acontecimentos sociais, as estreias de peças teatrais, os novos livros e as questões políticas. Em 1856 passa a ser o redator chefe do Diário do Rio de Janeiro, onde em 1 de janeiro de 1857 publica o romance "O Guarani", em forma de folhetim, alcançando enorme sucesso, e logo é editado em livro.

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Em 1858 abandona o jornalismo para ser chefe da Secretaria do Ministério da Justiça, onde chega a Consultoria. Recebe o título de Conselheiro. Nessa mesma época é professor de Direito Mercantil. Foi eleito deputado do Ceará em 1861, pelo partido Conservador, sendo reeleito em quatro legislaturas.

Famoso, a ponto de ser aclamado por Machado de Assis como o "chefe da literatura nacional", José de Alencar morreu aos 48 anos no Rio de Janeiro vítima da tuberculose, em 12 de dezembro de 1877.

José de Alencar é patrono da Cadeira nº 23 da Academia Brasileira de Letras.

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Besita, moça pobre, porém das mais belas da região, é objeto de desejo tanto de Luis Galvão, jovem fazendeiro, quanto de Jão, um órfão que foi criado junto com Luis Galvão. A moça corresponde ao amor do rico fazendeiro, mas este não tem interesse em desposar Besita, pois ela é pobre.

Infl uenciada por seu pai, Besita acaba casando-se com Ribeiro. Esse, logo após a noite de núpcias, parte em viagem para resolver problemas relacionados a uma herança de família e fi ca anos afastado. Durante o período em que Ribeiro não se encontra pela região, Luis procura Besita, que o recebe achando tratar-se de seu marido. Desse encontro nasce Berta.

Uma tarde, Ribeiro retorna e, ao encontrar sua esposa com uma fi lha, descontrola-se e assassina Besita. Jão não consegue evitar a morte dela, mas consegue salvar Berta, que passa a viver com nhá Tudinha e seu fi lho Miguel nos arredores da Fazenda das Palmas.

Quinze anos depois na fazenda das Palmas vivem Luís Galvão, D. Ermelinda, os fi lhos Afonso e Linda e ainda um sobrinho com defi ciência f ísica e mental chamado Brás, rejeitado por todos, com exceção de Berta que ensinava ao menino rezas e o abecedário sendo ela a única pessoa á quem ele realmente ama.

RESUMO DO ENREDO

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“Dessa forma, em torno dela que era o ti l , Berta engenhosamente agrupando todas as letras do alfabeto, com os nomes das pessoas e objetos que a cercavam (...) Ao cabo de um mês, conhecia Brás todo o abecedário.”

Os cuidados que Berta tem com Brás são os mesmos que dedica a Zana, negra louca que vive em uma casa abandonada.

A paz do ambiente é perturbada pela presença de Barroso, homem inescrupuloso que planeja a morte de Luís Galvão. Para tanto, contrata Jão Fera. Porém, Berta descobre os intentos de Ribeiro e consegue salvar Luis, aproveitando-se do fato de Jão obedecê-la cegamente. Em uma segunda tentativa, dessa vez com a ajuda de alguns escravos da Fazenda das Palmas, Ribeiro incendeia o canavial. Ao tentar apagar o fogo sozinho, Luis leva uma pancada na cabeça. Quando está para ser lançado ao canavial em chamas é salvo por Jão, que mata os responsáveis pelo incêndio, com exceção de Ribeiro.

Após isso, Jão Fera é preso em Campinas. Sabendo da ausência desse, Ribeiro planeja uma outra vingança, dessa vez contra Berta. Aproxima-se dela, que está com Zana, mas nesse momento chega Jão (que tinha se l ibertado) e mata Ribeiro de forma violenta. A cena é presenciada por Berta que foge horrorizada e João, sabendo que a moça o desprezava a partir de então, entrega-se a polícia.

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Durante o desfi le de negros que compunha a festa do Congo, João vê Afonso aproximar-se de Berta. Força as grades da cadeia e, disfarçado, faz acusações a Luís Galvão, que está presente ao festejo. A partir desse acontecimento, vem à tona o passado de Luís Galvão e a paternidade de Berta. A princípio Dona Emerlinda se entristece, mas depois passa a apoiar o marido e decide que ele deve reconhecer Berta como fi lha. Dessa forma, os dois a procuram e contam tudo, omitindo as partes desagradáveis.

Desconfi ada que Luis Galvão e sua esposa escondem algo, ela implora a Jão que conte toda a verdade sobre a história de sua mãe Besita, o que Jão faz. Berta se emociona com a história e abraça Jão, dizendo que ele sempre cuidou dela, sendo, então, seu pai.Luis quer que Berta vá morar com ele, mas ela nega e pede que ele leve Miguel para que este estudo na Capital e possa se casar com Linda. Todos partem e Berta fi ca na fazenda com Jão Fera e Brás.

“Como as fl ores que nascem nos despenhadeiros e algares, onde não penetram os esplendores da natureza, a alma de Berta fora criada para perfumar os abismos da miséria, que se cavam nas almas, subvertidas pela desgraça. Era a fl or da caridade, alma sóror.”

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Planas:Não são aprofundadas, não tem iniciativa e nem ação significativa no romance. Exemplos: Linda, Miguel, D. Ermelinda, Besita e Nhá Tudinha.

Esféricas:São imprevisíveis e aprofundadas psicologicamente. Exemplos: Berta e João Fera.

PERSONAGENS

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Berta, Inhá ou Til:É a personagem principal;Moça bonita, agradável e muito querida por todos;É altruísta, preocupa-se com todos, caridosa e não se

afasta das pessoas marginalizadas;É fi lha bastarda de um fazendeiro (Luis Galvão) com

uma pobre moça da vila (Besita); Ela é o símbolo da heroína romântica idealizada.

“Ela, pequena, esbelta, ligeira, buliçosa, saltitava sobre a relva, gárrula e cintilante do prazer de pular e correr; saciando-se na delícia inefável de se difundir pela criação e sentir-se flor no regaço daquela natureza luxuriante.”

PERSONAGENS PRINCIPAIS

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Miguel:Rapaz alto de talhe robusto;É irmão de criação de Berta, fi lho de Nhá Tudinha;Ele se mostra desde o principio apaixonado por Berta.

“Ele, alto, ágil, de talhe robusto e bem conformado, calcando o chão sob o grosseiro soco da bota com a bizarria de um príncipe que pisa as ricas alfombras, seguia de perto a gentil companheira, que folgava pelo campo, a volutear e fazendo-lhe mil negaças, como a borboleta que zomba dos esforços inúteis da criança para a colher.”

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João fera ou Bugre: Alto , forte, terr íve l homem de fe ições assustadoras e fama de matador , espécie

de capanga (matava por d inheiro) ; A v ida o tornou um homem rancoroso e v ingat ivo ( fo i cheia de sofr imento e

des i lusões) ; Era um Bugre, um índio que quando pequeno fo i cr iado pelo pa i de Luis Galvão; Era apaixonado por Besi ta (mãe de Berta) , porém apesar de seu desejo a t inha

como “santa” e quer ia apenas sua fe l ic idade (po is sabia que Besi ta não o amar ia como ele a amava) ;

Jurou v ingar a v ida dela; O único que a l tera seu comportamento, graças à boa infl uência da protagonista . 

“A or la do mato assomara o vul to de um homem de grande estatura e v igorosa comple ição, vest ido com uma camiso la de baeta preta, que lhe ca ía sobre as ca lças de a lgodão r iscado. Apertava- lhe a c intura r i ja e larga fa ixa do couro mosqueado do cascavel , onde v ia-se atravessada a longa faca de ponta com bainha de so la e cabo de osso grosseiramente lavrado. Em uma das bandole iras t raz ia o po lvar inho e munição; na outra suspendia um bacamarte, cu ja boca negra e s in istra aparecia- lhe na a l tura do joe lho esquerdo, como a face de um dragão que lhe serv isse de rafe i ro. As mangas da camisa, t inha-as enro ladas até o cotovelo , bem como a parte in fer ior das ca lças que arregaçava cerca de um palmo. Usava de a lpargatas de couro cru e chapéu mineiro afuni lado, cu ja aba larga e abat ida ocul tava- lhe grande parte da fi s ionomia.”

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Brás: Sobrinho de Luís Galvão; Sofria de ataques epiléticos e tinha problemas mentais; Na casa grande sua presença era desprezada; Muitas vezes toma atitudes maldosas, mas é sempre perdoado

por Berta; Apaixonou-se por Berta que nunca o destratara e propôs-se a

ensiná-lo a ler, escrever e rezar; O apelido de Berta (Til) surgiu em umas dessas aulas.

“Finalmente, no segundo lugar da esquerda defronte da moça via-se um menino de 15 anos de idade, cuja fi gura destoava de todo o ponto, no quadro daquela família, que respirava a graça e a inteligência”.“Era feio, e não só isso, porém mal amanhado e descomposto em seus gestos. Tinha um ar pasmo que embotava-lhe a fi sionomia; e da pupila baça coava-se um olhar morno, a divagar pelo espaço com expressão indiferente e parva.”

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Barroso ou Ribeiro: Casou-se com Besita; Na noite de núpcias a abandonou para resolver negócios

relacionados a uma herança que recebera; Quando voltou viu sua esposa com um bebê e planejou se

vingar; Mataria Luis Galvão, Besita e Berta; Assassinou a esposa, mas João Fera conseguiu salvar o bebê

(Berta).

“Orçava pelos cinqüenta anos; barroso da cara que lhe cobria uma barba ruiva e áspera como as cerdas da capivara; de mediana estatura e excessivamente magro; vinha trajado ao uso da terra: chapéu mineiro de feltro pardo, sob o qual via-se o lenço de Alcobaça que lhe servia de rebuço; poncho de pano azul forrado de baetilha, com a gola de belbute levantada; botas de bezerro armadas de chilenas de prata”.

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Afonso: Irmão de Linda;Filho de Luis Galvão e D. Ermelinda;Possui o mesmo espírito alegre e conquistador do pai;Acaba gostando de Berta, sem saber que ela e sua

irmã de sangue.

“Afonso era o retrato da irmã. Pareciam-se como gêmeos e gêmeos tinham nascido. Mas nele a gentileza era um fogo de artifício; a índole jovial, que herdara do pai, lhe estava constantemente a brincar no gesto prazenteiro e nas cascatas do riso cordial e folgazão”.

PERSONAGENS SECUNDÁRIOS

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Linda: Menina educada aos moldes da corte; Tímida e recatada possui uma beleza sutil e delicada; Junto com o irmão gêmeo Afonso faz amizade com Berta e

Miguel; Filha de Luis Galvão e D. Ermelinda; É apaixonada por Miguel.

“Estas palavras eram o mote das carícias que fazia o Afonso à irmã, alisando-lhe os cabelos castanhos que a brisa espalhara, amaciando-lhe a mimosa cútis da face, e por fi m puxando-lhe o botão de rosa dos lábios, que faziam um delicioso biquinho vermelho, apinhados como estavam com o gracioso amuo.”“As longas pálpebras franjadas erguiam-se desvendando os grandes olhos pardos cheios de uma ternura ebriante; e fi nalmente o botão de rosa da boca gentil enfl orava-se com sorriso encantador.”

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Luis Galvão:Fazendeiro jovial e alegre;Pai de Afonso e Linda;Na juventude foi homem de muitas aventuras

amorosas e enrascadas, em umas dessas desonrou Besita, recém casada com Barroso a qual ficou grávida de Berta;

É dono da fazenda Palmas.

“À direita de D. Ermelinda estava o dono da casa, Luís Galvão, cujo aspecto franco e jovial granjeava a simpatia ao primeiro acesso. Era um bonito homem, de fisionomia inteligente e regular estatura, que revelava em sua compostura digna a consciência do próprio mérito.”

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D. Ermelinda:Esposa de Luis Galvão;Mãe de Afonso e Linda;É muito elegante e educada, mas não muito bela;Ao descobrir sobre o passado de seu marido se

entristece, mas quando ele confessa (no final do romance) ela o apoia a reconhecer Berta como fi lha.

“A cabeceira, contra os costumes da terra, ocupava-a a dona da casa, senhora de 38 anos, e não formosa; porém tão prendada de inata elegância, que seus traços e toda sua pessoa tomava um particular realce. Se não tinha bonitos olhos, ninguém sabia olhar como ela; a boca sem primores de forma, enflorava-se com o sorriso inteligente e a palavra brilhante.”

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Zana:Negra que trabalhava pra besita;Presenciou toda a historia de Berta e do assassinato

de sua mãe;Por isso enlouquecera e todos os dias repetia suas

ações no dia da morte de Besita;Passou a depender dos cuidados de Berta.

“Era uma preta velha, coberta apenas de uma tanga de andrajos”.

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Besita:Mãe de Berta;Linda mulher;Foi abandonada pelo marido e após trai-lo com Luis

Galvão, acabou sendo morta pelo marido.

“Em 1826, a mais bonita moça que havia nas vizinhanças de Santa Bárbara, era Besita”.

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Nhá Tudinha:Mãe de Miguel que adotou Berta após a morte de

Besita.Foi casada na juventude com um amigo de Luis

Galvão, e ficou viúva.

“Tinha essa mulherzinha baixa e rolha tal prurido da pele que não podia estar um momento sossegada”“Quem a visse naquela dobadoura da manhã à noite, ficaria admirado de seu ar lépido e agudo; pois decerto não se podia esperar semelhante volubilidade naquele corpo rechonchudo, com suas perninhas curtas e socadas.”

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Monjolo:Escravo de Luís Galvão;Participante da trama para matar seu amo;Foi morto por João Fera.

“Imediatamente o próximo canavial ondulou, e surdiu na ourela um negro moço, com o corpo nu até a cintura e a camisa atada aos quadris à guisa de tanga. Os lanhos das faces indicavam a casta monjola do africano, em cujo rosto se desenhava a astúcia do gambá e alguma coisa do focinho deste animal”.

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Faustino:Pajem de Luís Galvão;Participante da trama para matar seu amo;Foi morto por João Fera.

“Tinha-os pelas rédeas um mulato de libré cor de pinhão, avivado de preto e escarlate, com botas envernizadas de canhão amarelo, e chapéu de oleado a meia copa. Recostado ao socalco do patamar com ares de capadócio, o pajem fazia sinais para uma janela, onde aparecia amiúde a trunfa riçada de uma crioula”.

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Gonçalo Suçuarana:Também conhecido com Pinta; Jagunço;Tinha inveja da fama ameaçadora de João Fera;Tenta mata-lo pra provar sua coragem; Foi morto por João Fera.

“O tal Gonçalo era um valentão; e tinha-se na conta do mais façanhudo espoleta de toda aquela redondeza”.

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Chico Tinguá:Dono da hospedagem da estrada de Santa Bárbara; Amigo de João Fera.

“Ainda moço e robusto, derramava-se não obstante no físico desse homem certo ar de indolência, que nesse momento mais se carregava com a sonolenta expressão do rosto seco, pálido, baço, e levemente sombreado por alguns raros fios de barba. O cunho especial dessas feições, e particularmente o viés dos olhos com os cantos alçados para as têmporas, revelavam o cruzamento do sangue americano com a casta boêmia”.

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Domingão:Professor de "primeiras letras".

“Servia de mestre um latagão de verbo alto e punho rijo, que fora outrora ferrador e a quem chamavam de Domingão”.

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O tempo é predominantemente psicológico, ou seja, o romance não segue uma narrativa linear e o narrador manipula o tempo conforme as circunstâncias. Assim, o narrador pode ir ao passado e ao futuro sem obedecer às ordens do tempo cronológico.

TEMPO

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Tudo acontece em um lugar chamado Santa Bárbara, próximo a Campinas no estado de São Paulo; mas o romance faz referência também a cidade de Itu; a Vila de Piracicaba e a fazenda do Limoeiro.

A fl oresta, assim como o bar a beira da estrada, o Bacorinho e o lugar chamado Ave Maria são recursos particulares dentro do romance.

"Cerca de uma légua abaixo da confl uência do Atibaia com o Piracicaba, e à margem deste ultimo rio, estava situada a fazenda das Palmas. Ficava no seio de uma bela fl oresta virgem, porventura a mais vasta e frondosa, das que então contava a província de São Paulo, e foram convertidas a ferro e fogo, em campos de cultura. Daquela borda as margens do Piracicaba, e vai morrer nos campos de Itu, ainda restam grandes matas cortadas de roças e cafezais" (Til, Cap. IV)

ESPAÇO

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O romance é narrado em terceira pessoaO narrador é onisciente neutro;Ele conhece todos os pensamentos e planos das

personagens e os revela ao leitor, mas não há intromissões autorais diretas;

A característica principal da onisciência é que o narrador sempre descreverá a narrativa, mesmo em uma cena, da forma como ele a vê, e não como suas personagens a vêem.

“Só Berta o poderia conseguir. A fascinação que exercia sobre o idiota era uma sorte de encanto e magia. Sua vontade movia aquele corpo, como se fosse espírito que o animava. Brás sentia e pensava unicamente pela alma dela, que lhe transmitia as impressões no olhar carinhoso, na voz suave, no sorriso fagueiro.”

FOCO NARRATIVO

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José de Alencar em Til demonstra um esti lo parecido com oque já foi apresentado em Iracema: é carregado de sentimentalismo, muitas descrições, e uso exagerado de adjetivos;

“O viço da saúde rebentava-lhes no encarnado das faces, mais aveludadas que a açucena escarlate recém aberta al i com orvalhos da noite, fresco sorriso dos lábios, como nos olhos l ímpidos e bri lhantes, brotava-lhes a seiva d’alma. Ela, pequena esbelta, l igeira, buliçosa, salt itava sobre a relva, gárrula e cinti lante do prazer de pular e correr: saciando-se na delícia inefável de se difundir pela criação e sentir-se fl or no regaço daquela natureza luxuriante” (Ti l , cap. I)

O autor gosta muito do uso de Metáforas no l ivro; ' 'Ouviu-se um fungar, como o das narinas da onça quando bufa, e arrepia ao mais bravo caçador, que sente lhe estar ela tomando faro ao sangue tépido.' ‘

A leitura provoca no leitor sentimentos controversos: conformismo, piedade, indignação, raiva; e até mesmo o paradoxo satisfação por uma vingança.

ESTILO

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Em seus romances regionalistas, José de Alencar tenta caracterizar melhor os grupos sociais do Brasil do século XIX detalhando melhor alguns aspectos culturais. Dessa forma, vemos em Til os costumes, festas e comemorações dos negros, que dançavam animadamente nas senzalas, e do povo rural. Essa vivacidade da vida no campo contrasta diretamente com o abandono e marginalização que sofrem esse povo.

Apesar de Alencar defender uma ideia de que o campo é que é uma área propícia para se desenvolver uma cultura autenticamente brasileira, ele sabe que o futuro se dará nas cidades. Tanto que, ao fi nal de Til , todas as personagens vão embora para a cidade e Berta, que em sua bondade resolve fi car para amparar os marginalizados (Jão, Brás e Zana), resta sozinha:

“Como as fl ores que nascem nos despenhadeiros e algares, onde não penetram os esplendores da natureza, a alma de Berta fora criada para perfumar os abismos da miséria, que se cavam nas almas, subvertidas pela desgraça. Era a fl or da caridade, alma sóror”.

VEROSSIMILHANÇA

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Características Românticas presentes na obra:Valorização dos elementos da cultura em formação;

“Cuida que eu não reparo como Afonso brinca tanto com mecê?”

Idealização da natureza;

“Caminhavam por um rechã, bordado de ilhas de mato, que emergiam aqui e ali do verde gramado. Pela ramagem frondente das árvores e renovos que abrolhavam, percebia-se a proximidade de um grande manancial, e entre as crepitações da brisa nas folhas, como um tom opaco desse arpejo da solidão, ouvia-se o murmure soturno do Piracicaba, que leva ao Tietê o tributo caudal de suas águas.”

MOVIMENTO LITERÁRIO

Page 32: Til - José de Alencar

A literatura romântica teve um papel social importantíssimo no processo de independência do Brasil. Alencar, consciente da função social da literatura, buscou em seus romances traçar um retrato no tempo (romances indianistas e históricos) e no espaço (romances regionalistas e urbanos). Dessa forma, podemos dizer que "Til", como um dos mais destacados romances regionalistas de Alencar, é um retrato do Brasil rural do século XIX. Porém, como autor romântico, Alencar não deixa de idealizar a realidade, em maior ou em menor grau, em todas as suas obras. Assim, tanto nos romances históricos, quanto nos indianistas e regionalistas, temos em comum o desejo de fuga da realidade presente para outros tempos e outros lugares mais felizes.

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Ao escrever Til, o autor procurou mostrar como era a vida no interior de São Paulo durante o século XIX, indicando as diferenças sociais, os costumes e o vocabulário o que torna Til uma obra complexa de se ler.

Seu vocabulário envolve palavras que fogem do cotidiano dos dias atuais, como por exemplo, “buliçosa” e “bugre”. Além disso, as obras de José de Alencar são bem detalhadas, o que dificulta a leitura, porém a história vai ficando cada vez mais interessante à medida que os segredos são revelados.

A importância histórica de Til está no fato de a história se passar durante o Brasil colonial, retratando mesmo que levemente a escravidão. Também é importante pelo fato de ser uma obra regionalista, já que mostra a vida dos moradores do interior.

CONCLUSÕES

Page 34: Til - José de Alencar

Bianca Guilherme Leonardo Lívia Vitória