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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS FACULDADE DE SERVIÇO SOCIAL NUCLEO DE TEORIA E PESQUISA DO COMPORTAMENTO TRABALHO SOBRE A ORIGEM DA PSICOLOGIA - SÓCRATES CLODOMIR DOS SANTOS ARAÚJO Profª. Ma. ISABEL LUCIA ABREU FLORENTINO BELÉM - PARÁ JAN/2017

TRABALHO SOBRE A ORIGEM DA PSICOLOGIA - SÓCRATES

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

FACULDADE DE SERVIÇO SOCIAL

NUCLEO DE TEORIA E PESQUISA DO COMPORTAMENTO

TRABALHO SOBRE A ORIGEM DA PSICOLOGIA - SÓCRATES

CLODOMIR DOS SANTOS ARAÚJO

Profª. Ma. ISABEL LUCIA ABREU FLORENTINO

BELÉM - PARÁ

JAN/2017

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“A Psicologia possui um longo passado, mas uma

história curta!”

Herrmann Ebbinghaus.

INTRODUÇÃO

Desde a antiguidade, pensadores, filósofos e teólogos de várias regiões e

culturas se dedicaram nas questões relativas à natureza humana como a percepção, a

consciência e a loucura. E, apesar das teorias psicológicas fazerem parte de muitas das

teorias orientais, a Psicologia, enquanto ciência tem suas raízes fundadas nos filósofos

gregos, vindo separar-se da filosofia apenas no século XIX. A Psicologia tem suas raízes na

filosofia, surgindo da necessidade que o homem teve de pensar-se e explicar-se a si próprio

além de ter de transmitir essa busca à sociedade, portanto, seu fundamento é a reflexão

sobre o homem e, como as demais ciências, deriva de um conjunto de determinações

históricas ligadas a grandes pensadores, como os gregos. O diálogo com a filosofia, em

particular com a filosofia da ciência e da ética, é imprescindível para o refinamento

conceitual e para o exercício crítico de qualquer campo de conhecimento. Neste sentido, as

relações entre psicologia e filosofia seguem os padrões das demais ciências, concentrando-

se no exame de questões fronteiriças e controversas.

Devemos lembrar que a Psicologia é uma ciência nova, sendo que no Brasil foi

regulamentada há tão somente 53 anos e, sendo assim, muitas das questões apresentadas

hoje nasceram num passado distante, por conta disso é necessário analisar o surgimento

desta disciplina com muito cuidado. Como surgiu, por que e em qual contexto histórico,

além dos fatores que influenciaram o seu desenvolvimento. Por todo o exposto, estudar

Psicologia é dar continuidade ao trabalho de importantes pensadores de outras épocas,

como Sócrates, Platão, Aristóteles e Descartes, mentes brilhantes que mudaram a história

da humanidade e proclamaram o fim da escravidão na caverna ou, ao menos, muito fizeram

para contribuir para tal.

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Por que a importância de estudar a História da Psicologia?

Estudasse a História da Psicologia pela latente necessidade em saber como se

desenvolveu o estudo da mente humana, as dificuldades e questões por qual esta ciência

passou e para podermos então entender, de forma clara, a atual situação qual a mesma se

encontra. Como entender as divergências que ocorrem entre suas mais diversas linhas de

pensamento se não buscar saber como essa separação surgiu? Daí a grande importância do

estudo histórico dessa ciência. Dessa forma, estudamos o passado da Psicologia para que

possamos entender o presente e atuar no futuro com excelência, para nos livrarmos de

preconceitos pré-estabelecidos e formarmos os nossos próprios conceitos, e também, para

poder enxergar a psicologia como um todo.

O Nascimento da Psicologia

Ao longo da história da humanidade, pode-se observar o deslumbre com qual o

homem analisa seu próprio comportamento e dissemina as reflexões sobre seu agir e de sua

conduta. Justamente nesse cenário é que encontramos Sócrates, considerado o divisor de

águas da filosofia e com quem a Psicologia ganhou consistência desde a antiguidade, qual

surgiu então com novo modo de pensar e de viver, distinto dos pré-socráticos, onde a arte, o

corpo e o ‘devir’ dominavam; onde a ideia da verdade ainda não era clara e os teatros se

encarregavam de difundir ideias através de tragédias. E o que seria o devir? Representa o

tempo e a vida como processo de transformação e de mudanças constantes, onde tudo muda

o tempo inteiro e nada é fixo. Ficou eterna sua frase “Só sei que nada sei”.

Os filósofos pré-socráticos - assim denominados por antecederem Sócrates -

preocupavam-se em definir a relação do homem com o mundo através da ‘percepção’.

Discutiam se o mundo existia porque o homem o vê ou se o homem vê um mundo que já

existe. Havia então uma oposição entre os ‘idealistas’ quais acreditavam que a ideia

formava o mundo e os ‘materialistas’ que, de outro modo pregavam que a matéria que

forma o mundo já é dada pela própria ’percepção’ do indivíduo. Contudo, embora passar a

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ideia de que esses mesmos existiram antes de Sócrates, o termo ‘pré-socrático’ indica uma

‘tendência de pensamento’, estando relacionada, também, com filósofos que viveram na

mesma época de Sócrates e até mesmo após ele. Contudo, Sócrates não os via com bons

olhos, pois, repassavam conhecimento tão somente aos que lhe dariam alguma forma de

paga, muito diferente de Sócrates, qual pregava que esse repasse deveria ser gratuito e a

todos.

Foi com Sócrates (Athenas, 470-399 a.C.) filho de um escultor e de uma

parteira, que a Psicologia na Antiguidade ganhou verdadeira consistência com a sua

fundamental pergunta: O que é a essência do homem? Pergunta esta que ele mesmo

respondia: o homem é a sua alma e alma com razão. Nesse momento, estava iniciando o

poderoso Império de Roma, qual fora o povo mais evoluído dessa época, e, às novas

conquistas e o aumento das ‘riquezas’ adquiridas dos domínios anexados, qual permitiu a

construção das primeiras cidades-estados ou em grego ‘pólis’. A manutenção dessas

cidades geraram outras riquezas, desta feita em forma de escravos trazidos para trabalhar.

Esse conjunto amargo de riquezas gerou crescimento, e este mesmo crescimento exigia

soluções cada vez mais práticas para as questões humanas, à arquitetura, para a agricultura

e para a nova sociedade que nascia de maneira à reenquadrar e entender essas novas

questões. Surgia com isso, a necessidade de uma nova organização social, um

remodelamento de conceitos, de se pensar a psicologia, e por conta disso fomentou-se a

criação do conceito do que hoje chamamos democracia, tudo graças a Psicologia.

A principal preocupação de Sócrates era o limite que separava os homens dos

animais, postulando que a principal característica da natureza humana é a razão, o que

permite ao homem sobrepor seus instintos que seriam a base da irracionalidade, dessa

forma, diferente das demais espécies, ao atuar sobre a natureza, o homem não estaria

somente alterando-a, mas, também, modificando a si próprio e desenvolvendo suas

faculdades, ao definir a razão como peculiaridade do homem ou como essência humana,

Sócrates abre um caminho que seria muito explorado pela Psicologia ao afirmar que todos

nascem com conhecimento e que caberia então ao filósofo – Psicólogo – o resgate ou a

extração desse conhecimento trazendo-o a luz ou a verdade, sendo assim, surgem “As

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teorias da consciência”. Sócrates observava que, sobretudo, quando o humano aprendeu a

dominar instintos e reflexos e transmitia essas conquistas e avanços de forma organizada,

extrapolando os limites genéticos, utilizando da educação e da cultura, como meio de

demonstrar a continuidade entre passado e presente em termos de objeto de estudos num

constante processo na busca de conhecimento, o homem dessa forma, se distinguia dos

noutros animais. Sócrates usava do meio que ficou conhecido como “dialética Socrática”,

isto é, o exercício de contrapor argumentos contrários, qual apresentava, a saber, três

elementos: A Tese, a Antítese e a Síntese. Onde a Tese seria a ideia, a Antítese a

contraposição à mesma e a Síntese o resultado dessa discussão.

Embora estando relacionado em inúmeras das principais obras e teorias do

passado, Sócrates, por si só, não deixou nada por escrito, sendo assim, todo o conhecimento

que obtemos sobre suas importantes ideias, foram transmitidos por seus discípulos, como

Xenofonte, que como Sócrates também foi soldado, Aristófanes, um dos maiores

dramaturgos grego e seu principal discípulo: Platão (427-347 a.C.). Esse último e também

filósofo, procurou definir um “lugar” para a razão no nosso próprio corpo. Definindo esse

lugar como sendo a cabeça, onde se encontra a alma do homem. A medula seria, portanto, o

elemento de ligação da alma com o corpo. Este elemento de ligação era necessário porque

Platão concebia a alma separada do corpo. Quando alguém morria, a matéria ou o corpo

desaparecia, mas a alma ficaria livre para ocupar outro corpo.

Aristóteles (384-322 a.C), discípulo de Platão, foi um dos mais importantes

pensadores da história da Filosofia. Sua contribuição foi inovadora ao postular que alma e

corpo não podem ser dissociados. Para Aristóteles, a psyché seria o princípio ativo da vida.

Tudo aquilo que cresce, se reproduz e se alimenta possui a sua psyché ou a representação

da alma. Desta forma, os vegetais, os animais e o homem teriam alma. Os vegetais teriam a

alma vegetativa, que se define pela função de alimentação e reprodução. Os animais teriam

essa alma e a alma sensitiva, que tem a função de percepção e movimento. E o homem teria

os dois níveis anteriores e a alma racional, que tem a função pensante. Aristóteles chegou a

estudar as diferenças entre a razão, a percepção e as sensações. Esse estudo está

sistematizado no ‘Da anima’, que pode ser considerado o primeiro tratado em Psicologia.

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Portanto, cerca de 2.300 anos antes do advento da Psicologia científica, os gregos já haviam

formulado duas teorias que viriam dar sustentáculo a Psicologia: a platônica, que postulava

a imortalidade da alma concebendo-a separada do corpo, e a aristotélica, que afirmava a

mortalidade da alma e a sua relação de pertencimento ao corpo.

CONCLUSÃO

A característica da filosofia de Sócrates é a reflexão. Isso se aplica a frase

“conhece-te a ti mesmo”, ou seja, torna a sua ignorância consciente, sendo como o pico da

sabedoria; ter consciência racional de si mesmo para organizar racionalmente sua própria

vida. Para Sócrates a filosofia é a busca pela verdade, ele indagava e questionava sobre o

que seriam “ideias de mundo”. Sócrates teve o interesse pela filosofia voltada para o mundo

humano, espiritual, com finalidades práticas e morais. Ele era cético voltado à cosmologia.

Para ele, a ciência da prática era a única ciência possível, voltada para valores universais, e

que o agir e o conhecimento humano baseavam-se na experiência. Antes da sua filosofia,

Sócrates estudou vários de seus antepassados que são chamados de pré-socráticos chegando

à conclusão que suas teorias eram bastante conflitantes, e que não conseguiria se decidir

por uma delas. Sócrates questionou então os pré-socráticos por não saber onde os

pensamentos deles afetavam o comportamento humano, para ele era mais importante saber

o que era bom, o certo e o que era justo, de modo geral ele queria estabelecer uma forma de

conhecimento para que fosse estipulado um exemplo de conduta correta para o ser humano.

Acreditando que ninguém seria capaz de ter respostas para suas perguntas, Sócrates andava

por Atenas jogando as questões para o povo sobre moralidade e política. O método

principal de Sócrates era o diálogo, e a cada questão respondida ele jogava outra questão

fazendo com que o povo pensasse e aprimorasse seus pensamentos. Sócrates gostava de

estimular as ideias das pessoas e por isso se definiu como “parteiro de ideias”, com clara

referência a sua mãe, que era parteira.

REFERÊNCIAS

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BARRETO, M. M. S. Uma Jornada de Humilhações. Dissertação (Mestrado em

Psicologia Social) – PUC de São Paulo, São Paulo, 2000.

BOCK, A. M. B. et al. Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia. 10 ed. São

Paulo: Saraiva, 1997.

BOCK, Ana Mercês Bahia Psicologia fácil / Ana Mercês Bahia Bock, Maria de Lourdes

Trassi Teixeira, Odair Furtado. – São Paulo: Saraiva, 2011.

BRAGHIROLLI, E. M. Psicologia Geral. 16 ed. rev. e atual. Porto Alegre: vozes, 1998.

LEONTIEV, A. O Homem e a cultura. In O desenvolvimento do psiquismo. Tradução de

Manoel Dias Duarte. (p. 259-284). Lisboa: Horizonte Universitário, 1978.