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Vidas secas - Graciliano Ramos

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Vidas secas - 1938Graciliano

Ramos

Retirantes (1944), Cândido Portinari

Hiroshi FujiharaGabriel GoudakGustavo de MeloMateus FerreiraVinicius Campos

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CONTEXTO BRASILEIRO Início do século XX: incipiente industrialização.

Até 1930, o Brasil viveu a República Velha – domínio das oligarquias

cafeeiras que defendem interesses particulares.

Em 1930, Getúlio Vargas dá um golpe de Estado que instaura a

República Nova e substitui o Estado oligárquico.

1937: Estado Novo – endurece ainda mais o regime.

No Nordeste, de 1919 até 1938, Lampião e seu bando faziam “justiça com

as próprias mãos”.

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MODERNISMO – GERAÇÃO DE 30

Semana de 22: profunda renovação na literatura e arte

brasileira.

Geração de 30:

Não mantém o experimentalismo dos vanguardistas.

Porém, considera irreversíveis conquistas como:

O interesse por temas nacionais;

A busca de uma linguagem mais brasileira (Semana de 22)

O interesse pela vida cotidiana.

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Graciliano Ramos

Quebrângulo – AL

1892

Rio de Janeiro

1953

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Em 1963 o cineasta Nélson Pereira dos santos assinou a adaptação do romance para o cinema, com os atores Átila Lório e Maria Ribeiro como Fabiano e Sinha Vitória.

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Origem do Livro“...no começo de 1937 utilizei num conto a lembrança de um cachorro sacrificado na Maniçoba, interior de Pernambuco, há muitos anos. Transformei o velho Pero Ferro, meu avô, no vaqueiro Fabiano, minha avô tomou a figura de Sinha Vitória, meus tios pequenos, machos e fêmeas, reduziram-se a dois meninos...”

Trecho da carta que Graciliano escreveu, em 1944, a João Condé, para uma coluna que o mesmo mantinha na revista O Cruzeiro.

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Personagens Duplamente vitimados – pela seca e pela exploração

econômica;

Ignorância, incapacidade verbal e falta de autoconsciência – animalização;

Carência total – não têm direito nem à terra nem à linguagem;

Desumanização – tornam-se seres brutos, coisificados, reificados (do latim res, coisa);

Perambulam por um mundo incompreensível, em busca unicamente da sobrevivência;

Suas trajetórias oscilam do nada ao nada – ao invés de do nada ao ser;

Indivíduos fechados, semimudos, presos à ignorância e ao analfabetismo.

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Fabiano Representa o sertanejo sofredor e explorado;

Identifica-se com os animais – bicho;

Coisa, escravo – não possui terra e é obrigado a trabalhar para os outros;

sente-se mal perante outras pessoas – vive isolado do mundo, acostumado à incomunicabilidade dos animais (choque de civilizações);

Interage com o mundo por meio da experiência sensitiva;

Incapaz de se comunicar verbalmente – utiliza uma linguagem gestual e onomatopéica.

Explorado pelo poder de autoridade do Soldado Amarelo.

Explorado economicamente pelo Patrão.

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Sinha Vitória Ironia do nome – “vitória” aponta para uma

existência feliz;

Sinha Vitória – vencida pelo meio natural e pelo meio humano;

Ambições pequenas e limites estreitos – sua aspiração maior era ter uma cama;

Esperança: apega-se a sonhos como válvula de escape para sua realidade miserável.

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Os Meninos Os meninos não têm nome – são chamados apenas de

“menino mais velho” e “menino mais novo”;

desumanização total – são coisas, não precisam de nomes;

por serem meninos, ainda não “produzem”;

por não produzirem, nada significam.

MENINO MAIS NOVO: sonha em ser como o pai.

MENINO MAIS VELHO: sonha em ter um amigo e quer “entender coisas que os pais não podiam explicar”.

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Baleia Função de guia, companheira e responsável pela

sobrevivência do grupo ao caçar;

seu nome é o contrário de si mesma – franzina e habitante de um local árido e seco;

mais capaz de se comunicar que os seres humanos;

apresenta sentimentos e pensamentos;

animal humanizado (antropomorfização) x seres humanos animalizados (zoomorfização).

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Soldado AmareloSimboliza a autoridade do Governo e

a injustiça contra os mais fracos e oprimidos.

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PatrãoSimboliza a opressão dos poderosos e

o poder da exploração do trabalho alheio.

Ele engana Fabiano nas contas.

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Seu Tomás da BolandeiraNão chega a aparecer na história.

É apenas sugerido nas falas e pensamentos de Fabiano e Sinhá Vitória.

Simboliza o desejo de ascensão social e econômica da família: fala com perfeição, tem muitos livros e uma cama de madeira e couro.

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Criança morta (1944), Cândido Portinari

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Características do romance

Único livro do autor em terceira pessoa – ONISCIÊNCIA ABSOLUTA que permite mergulhar na alma das personagens;

Capítulos relativamente independentes – gênero intermediário entre o romance e o conto - QUADROS;

O romance surge a partir de um conto que se transformaria no capítulo “Baleia”;

Característica circular, cíclica dos retirantes – começa em “Mudança” e termina em “Fuga”.

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Temas O principal tema é, sem dúvida, a seca. Esse fenômeno climático é a

fonte principal das preocupações das personagens, que lutam contra o meio agreste e procuram a sobrevivência.

• A problemática da marginalização social (a miséria e o êxodo rural).

• Opressão versus submissão.

• A incomunicabilidade e a incompreensão nas relações familiares.

• A desumanização das personagens.

• A impotência do homem.

• A revolta contra as injustiças.

• A solidão do homem.

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História - Capítulos1. Mudança

A História começa com a família fugindo da seca.

O menino mais velho deita no chão

Fabiano pensou em matar o filho, queria responsabilizar alguém pela desgraça

Era 6 Personagens, mataram o papagaio e comeram ele, pois a família estava faminta.

Chegam ao pátio de uma fazenda abandonada

Baleia caça um preá, Sinha Vitória lambe o focinho de baleia todo cheio de sangue para agradecimento e fome.

Sonho de esperança de uma vida melhor, uma chuva mudaria tudo.

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2.Fabiano

“..Fabiano, você é um homem!..”

“..Você é um bicho Fabiano..”

Isso era motivo de orgulho, ele vencera diversas dificuldades.

Vivia longe dos homens, se dava bem com os animais, ele se considerava m animal (zoomorfização).

Cita Seu Tomas da Bolandeira, o exalta, por ser um homem que não mandava, ele pedia.

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3. Cadeia Foi á cidade comprar mantimentos, mais foi ao bar

beber pinga, seu Inácio serviu a pinga batizada á ele.

Soldado amarelo o convida para jogar 31, como ele respeita a autoridade ele aceita.

Fabiano perde o jogo e sai sem cumprimentar seus companheiros, Soldado Amarelo fica irritado e vai atrás e Fabiano, no qual acaba indo para a cadeia e apanhando injustiçadamente.

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4. SinhaVitória

Aqui Baleia já da sinal de ser considerada gente, pois ele se ergue nas pernas traseiras imitando gente, e vai em direção a Vitória, no qual expulsa Baleia (Antropomorfização), por raiva de Fabiano não dar uma cama de couro á ela.

Ele deseja muita uma cama igual de Seu Tomás de Bolandeira, uma Cama de Couro.

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5. O Menino Mais Novo

Monta um um Bode Velho para tentar imitar o pai vaqueiro, e acaba caindo na ribanceira.

Ele tem o sonho de ser igualzinho ao pai, pois admira-o muito.

6. O Menino Mais Velho

É mais ágil que o irmão, e muito curioso.

Ele pergunta para a mãe oque significa a palavra Inferno, ele acha a palavra bonita, mais a mãe não responde, deixando o menino revoltado.

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7. Inverno

Temos a descrição de uma noite chuvosa e os temores e devaneios que desperta na família de Fabiano. A chuva inundava tudo, quase inundava a casa deles também, mas eles sabiam que dentro em pouco a seca tomaria conta de suas vidas outra vez.

Criam um pouco de esperança que a seca vá embora, assim descrevendo diversos sonhos de Sinha Vitoria.

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8.Festa

A Família vão a festa de Natal na cidade.

As pessoas ignoram a família de Fabiano, pois são marginalizados e excluídos, segundo a visão das pessoas.

A Família se sente humilhada e volta para a fazenda.

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9. Baleia

O Capitulo Narra a Morte de Baleia, um dos capítulos mais importantes da narrativa.

Baleia adoece, uma doença parecida com um tipo de raiva.

Sinha Vitoria se apegou a Virgem Maria, e juntou as crianças debaixo na cama, elas gritando e clamavam ao nome de Baleia.

Perder Baleia, era como perder um ente da Família, pois Baleia era sinônimo de sobrevivência, era ela que caçava os preás e trazia comida á família nas condições mais difíceis.

“Baleia queria dormir. Acordaria feliz, num mundo cheio de preás. E lamberia as mãos de Fabiano, um Fabiano enorme. As crianças se espojariam com ela, rolariam com ela num pátio enorme, num chiqueiro enorme. O mundo ficaria todo cheio de preás, gordos, enormes.”

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10. Contas

Fabiano vai a cidade para acertar as contas com o patrão.

Os cálculos de Sinha não batem com o do patrão, sendo que ela era a mais esperta da família.

Fabiano volta a falar com o patrão, o mesmo diz que tinha descontado os juros, mais Fabiano não fica contente e volta a falar com o patrão, que manda Fabiano encontrar outra fazenda.

Fabiano recua, como obedece as autoridades, como visto no Capitulo Cadeia, ele se contenta e vai embora.

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11. O Soldado Amarelo

O Reencontro de Fabiano com o Soldado Amarelo acontece na catinga, quando o Soldado estava perdido.

Fabiano era mais forte fisicamente.

O Soldado imaginou vingança de Fabiano, mais Fabiano demonstra uma grandeza de caráter e mostra o caminho certo para o Soldado Amarelo.

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12. O mundo coberto de penas

A preocupação da seca volta quando as aves de irrigação cobre o céu, em busca de agua, elas são o prenuncio da seca, que vai acabar água, assim estão á procura dela.

Sinha Vitória e Fabiano ficam preocupados e nervosos, Fabiano até tenta afastar as aves com tiro, por conta de seu nervosismo.

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13. Fuga

Fabiano pede por oração um milagre.

Decidem fugir da fazenda, e novamente voltar a viagem.

Matou o bezerro, guardou a carne e partem, sem se despedir do patrão, esta cansado de ser explorado, por isso decide fugir sem dar explicação ao patrão.

Fabiano e Sinha Vitória alimenta a ESPERANÇA de uma vida melhor, uma vida nova.

“Pouco a pouco uma vida nova, ainda confusa, se foi esboçando. Acomodar-se-iam num sitio pequeno, o que parecia difícil a Fabiano, criado solto no mato. Cultivariam um pedaço de terra. Mudar-se-iam depois para uma cidade, e os meninos frequentariam escolas, seriam diferentes deles..”

Eles tem sonho, quer apenas uma melhora de vida, o básico, uma casa, comida, água, escola pra por os filhos, não quer grandes projetos.

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Espaço Caatinga, fazenda, cidade, cadeia.

O espaço é indeterminado – caráter universal da experiência da seca no sertão;

relação entre paisagem hostil e vida humana miserável;

determinismo (naturalismo) - influência do meio sobre o homem que o habita;

espaço hostil = homem animalizado.

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Tempo Indeterminado – confere caráter universal à

narrativa;

A ação decorre entre dois períodos de estiagem;

história em ciclo, espiral – inicia-se com a fuga de uma seca e termina com a fuga de outra;

caráter incessante dos tormentos da seca sobre a vida do sertanejo, como se ela (a seca) fosse eterna;

o tempo predominante não é cronológico, os fatos não ocorrem na ordem em que são narrados;

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Linguagem

Linguagem das personagens: enxuta e seca, como a realidade retratada;

Vocabulário pobre e mirrado como a realidade morta do sertão;

economia de linguagem, falas o mínimo necessário – dificuldade de comunicação das próprias personagens.

Linguagem do narrador: alterna objetividade e lirismo.

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Capacidade comunicativa Personagens carentes de linguagem, quase

mudos – aproximam-se dos bichos;

Desprovidos de linguagem e pensamento – deixam de ser seres racionais;

Busca pela linguagem – meio de compreender a realidade que os cerca (a natureza hostil e a autoridade injusta);

Seu Tomás da Bolandeira – poder, inteligência.