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LIV ROS FILMES An a l f a b e t i sm o fu n cio n a l o ma l n o ss o de ca da dia Au t o r : D a n i e l Au g u st o Mo r e i r a E di t o r a : P i o n e i r a Uma Mente Brilhante Baseado no livro A Beautiful Mind: A Biogra- phy of John Forbes Nash Jr., de Sylvia Nasar. O filme conta a história real de John Nash que, aos 21 anos, formulou um teorema que provou sua genialidade. Brilhante, Nash chegou a ganhar o Prêmio Nobel. Diagnosticado como esquizofrênico pelos médicos, Nash enfrentou batalhas em sua vida pessoal, lutando até onde pôde. Como contraponto ao seu desequilíbrio está Alicia (Jennifer Connelly), uma de suas ex-alunas com quem se casou e teve um fi- lho. Pro Dia N ascer Feliz D oc ume n t á rio sobre a s d ife r en tes s itua ç ões que a d ol e s c e n tes d e 14 a 17 a nos , r ic os e po b r e s, en frent a m d en - tro d a e sc ola : a pr e c a ried a d e , o pre- c on c eito, a violê n c ia e a espera a . Fora m ouvidos a lu n o s d e esc o la s da p eriferia de Sã o P aulo, R io d e Ja n eiro e P ern a m b u c o e t a mb ém d e d ois ren o- ma d os c olé gios pa rt ic ula r e s , um d e o P a ulo e ou t r o do R io d e J a n eiro. L e t rame n to n o B ras i l A u t o r : Ve r a M a sa g ã o Edi t o r a : G l o ba l fo mo s m a u s a lu no s A u to r: R u b e m A l v e s e G i l b e r to D i m e n s t e i n E di to r a : P a p i r u s Nenhum a M e no s A s d ific uld a d es en c on tr a d a s p or uma menin a d e 13 a n os q ua n d o tem d e s ub s tituir seu pr o fessor, qu e via ja pa r a a jud a r a mã e d oen - te. A n t e s d e p a rtir, ele r ec ome n- d a à ga r o t a qu e n ã o d e ixe n e - n h um a lun o a ba n d on a r a esc o la d u ra n t e su a a u sên c i a . Qua n d o um ga roto d esa par ec e d a es c ol a , a jovem p rofessora de s c ob r e qu e ele d eix ou o v ilar ejo e m d ir e- ç ã o à c id a d e em bu sc a de em p r e - go, p ar a a jud a r n o su stent o d a fa mília . Se guind o o s c on s elho s d e s e u pro fes s o r , el a va i a t s d o a lu n o . DICAS DA DUCA EDIÇÃO PILOTO - NOVEMBRO/2010

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LIVROS

FILMES

Analfabetismo funcional – o mal nosso de cada dia Autor: Daniel Augusto Moreira Editora: Pioneira

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Pro Dia Nascer Feliz Documentário sobre as diferentes

situações que adolescentes de 14 a 17

anos, ricos e pobres, enfrentam den-

tro da escola: a precariedade, o pre-

conceito, a violência e a esperança.

Foram ouvidos alunos de escolas da

periferia de São Paulo, Rio de Janeiro

e Pernambuco e também de dois reno-

mados colégios particulares, um de

São Paulo e outro do Rio de Janeiro.

Letramento no Brasil Autor: Vera Masagão Editora: Global

fomos maus

alunos

Autor: Rubem Alves

e Gilberto

Dimenstein

Editora: Papirus

Nenhum a Menos As dificuldades encontradas por

uma menina de 13 anos quando

tem de substituir seu professor,

que viaja para ajudar a mãe doen-

te. Antes de partir, ele recomen-

da à garota que não deixe ne-

nhum aluno abandonar a escola

durante sua ausência. Quando

um garoto desaparece da escola,

a jovem professora descobre

que ele deixou o vilarejo em dire-

ção à cidade em busca de empre-

go, para ajudar no sustento da

família. Seguindo os conselhos

de seu professor, ela vai atrás do aluno.

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Você sabia? analfabetos funcionais, conceito criado pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Edu-cação, a Ciência e a Cultura) em 1978 para referir-se a pessoas que, mesmo sabendo ler e escrever algo simples,

não tem as habilidades necessárias para viabilizar o seu desenvolvimento pessoal e profissional .

índice

Ping Pong com Elizabeth Cury pg. 03

O que é analfabetismo funcional?

pg. 04

Teste: Eu sou um analfabeto funcional?pg. 06

Biografia do educador Paulo Freire

pg. 07

Vizinhos da Duca pg. 08

Dicas pg. 10

O Zine da Duca é uma criação

dos alunos 4º semestre de Comunicação Social

– Jornalismo da Universidade cruzeiro do sul sob

orientação da Profª Msª Regina Tavares

Comunique-se com o ZD Mande comentários, críticas, sugestões,

materiais diversos:

[email protected]

EXPEDIENTE

Redação / Pauta - Adriana nascimento

Diagramação /Arte - João Pontaltti

Entrevista - Roberta Galvão

Fotografia - Laís carvalho

Assessoria /Impressão - José Roberto

Pesquisa - Carolina Ribeiro

Z I N E D A D U C A - N O V E M B R O / 2 0 1 0

Este é o primeiro: O Piloto. Nossas

expectativas são maiores que as nossas pretensões. O

desejo de contribuir ainda maior. Pesquisas, elabora-

ções, discussões em torno do assunto, Analfabetismo

Funcional, permeia nosso dia a dia desde que

escolhemos o tema. O Zine da Duca agora é uma

realidade. A questão da Educação no Brasil, ora

tratada com descaso, ora com tanta seriedade,

aparece aqui com uma cara despojada, mas não menos

séria.

Criar um veículo, uma mídia radical,

questionando, expondo um assunto tão relevante em

nosso país, nos dá a oportunidade de, como

estudantes de Comunicação Social – Jornalismo,

chegar até as pessoas. A possibilidade de não

somente realizar entrevistas, matérias, reportagens,

mas de nos aproximarmos de nós mesmos e de tudo que

forma nossa individualidade. Na primeira página do

nosso Fanzine, você encontrará uma entrevista com

a educadora Elizabeth Cury, idealizadora e

responsável do Programa

Unimel. Em seguida, a matéria principal na qual

expomos o que é e em que situação está o Analfabetis-

mo Funcional no Brasil e, a partir de então, o

convidamos a refletir sobre o assunto.

A biografia de Paulo freire , um grande

educador brasileiro, também ilustra as páginas de

nossa primeira edição. Mas é claro que você não

ficará somente com um mero expectador, sua

contribuição será essencial, por isso, haverá duas

páginas com o nome de “Vizinhos da Duca”.

Dona Duca, será nossa personagem-aprendiz pelo

caminho contra o analfabetismo funcional. Este é o

espaço em que a comunidade expressa sua opinião

dentro dos quadros “Fala aê!”.

Nos encontraremos a cada quinze dias e será sempre

um prazer ter você conosco.

Divirta-se!

A redação

EdiToriAL

O Zine da Duca é uma abreviação de Fanzi-ne da Educação. O nome foi dado quando

seus criadores pensaram em uma persona-gem que ilustrasse a situação do analfa-betismo funcional. E então, surgiu a ima-

gem da senhora esforçada, trabalhadora, mas que por alguns percalços da vida, tem dificuldades de interpretação, caracteri-

zando-se como analfabeta funcional. A ilustração ficou a cargo de nossa querida

amiga Maria Jaepelt.

Henry e Maria Jaepelt

De Santa Catarina para São Paulo, as tiras de dona duca ilustram nossas

páginas. Com a colaboração de nossos amigos fanzineiros tornamos a dona duca

real.

Agradecemos a colaboração de nossos amigos de facebook e fanzine. Henry e

Maria Jaepelt. (PALMAS)

“bora” pra Santa Catarina!

O Grande Lance

Passam-se os meses, Passam-se os anos

Décadas já se passaram

E a esperança

Morre a cada dia Definha na memória Junto com aqueles

Que ainda viveram tão pouco...

Educação pra quem

Vai sempre ser ninguém. Eles não formam

opinião Pra eleição.

Faça a coisa certa:

Não se preocupe! Porque o Brasil será

Um país no futuro.

De jovens alistados Nas Forças da

Latência Que vão ter que jogar

Pela própria sorte.

Mas isso é só pros po-bres,

Quase todos pretos Uma promessa

indecente Pra quem é quase

gente.

O grande lance ainda é Ser jogador de fute-

bol.

Gerações de excluídos, Não mais oprimidos

Pela cultura da miséria Vão lutar por seu

lugar.

Mas, o grande lance ainda é

Ser jogador de futebol.

Passam-se os meses, Passam-se os anos

Décadas já se passaram

E a esperança?

Thiago Batista

ViZiNhoS DA DUCA

FaLa Aê!: Caro amigo, avalie comigo.

Quando 68% da população é considerada analfabeta funcional, ou seja, não possui o domínio

pleno da leitura, da escrita e das operações matemáticas, 7% analfabeta e 25% alfabetizada fica fácil

de entender o fenômeno Tiririca. É um quadro muito triste, mas elegemos nossos pares, aqueles com

quem nos identificamos. Entender o analfabetismo funcional vai além, de questões políticas ou sócio

culturais. A meu ver é uma questão que afeta o ser em seu desenvolvimento cognitivo como um todo. O

processo de ensino aprendizagem pelo qual o individuo passa ainda enquanto criança é definitivo para

sua formação como leitor e acima de tudo como elemento multiplicador de ações e situações.

Você pode se perguntar, mas muitos universitários ou pessoas formadas votaram no Tiririca?

Então, sou forçado a lhe dizer que independente da formação o analfabetismo funcional abrange

diversas áreas e níveis de ensino, bem como podemos ter analfabetos com um grau altíssimo de

letramento. Inclusive é valido ressaltar a diferença entre alfabetização e letramento, em linhas

gerais alfabetização é o processo de utilização do alfabeto como código de comunicação, já o

letramento é a apropriação da leitura e escrita. E enquanto o caso Tiririca segue sem um fim certo

(afinal de contas ele é ou não analfabeto?) deixo aqui minha questão a ser respondida por cada

um independente do voto: sabemos o que fazer com o que nos é dado como opção?

George Hamilton dos Santos, Pedagogo formado pela Universidade Bandeirantes de São Paulo,

Educador Social, atuante na Sociedade Beneficente Caminhando para o Futuro.

FaLa Aê!: A educação vem em que lugar?

“Faça a coisa certa: Não se preocupe! Porque o Brasil será, um país no futuro.”

E não nos preocupamos mesmo.

Levante a mão qual pai de adolescente nos dias de hoje, ao procurar uma escola

pública para matricular seu filho, não adota o nível de ensino somente como 3º ou 4º

quesito para sua decisão. Se pensarem bem, poucas mãos estarão longe dos bolsos nesse

momento. Estranho? Não é. Pela ordem, os pais pensam em: Proximidade da residência,

Segurança (se a escola tem fama de “barra pesada”), Preferência dos filhos, Nível

de ensino. Mas, convenhamos, dá para dizer que esse é um critério totalmente equivocado e

alienado? Equivocado, talvez, afinal, se a busca é por uma instituição que tem o objetivo de

oferecer formação educacional, o crivo insofismável para elegê-lo deveria ser sua

eficácia em cumpri-lo; em uma situação ideal, assim seria. Alienado, infelizmente, não. As

escolas públicas atingiram um nível equilibrado de ensino entre si, um nível muito baixo,

que não forma, apenas informa que, com uma freqüencia de 75%, você já está educado e

apto para prosseguir em sua jornada acadêmica. Diante disso, e diante também da

impossibilidade de pagar por uma educação um pouco mais crível, é totalmente

compreensível que os pais tomem como prioridade, ao escolher uma escola, que seus filhos

voltem para casa sãos e salvos e o mais rápido possível.

Thiago Batista, 28 anos, compositor, músico e produtor musical.

PiNg PoNg COM: ElIzaBeTh CuRy

Professora. Mestre, pela Universidade de São Paulo, em Língua

Portuguesa e Estilística exerceu a função durante 13 anos na Universi-

dade Cruzeiro do Sul. Hoje aposentada, se dedica aos programas: Ler e

Escrever, Toda Força ao 1o. Ano (do Município); Bolsa Escola Pública e

Universidade na Alfabetização (do Estado) e no projeto particular Uni-

versidade na Melhoria da Escrita e da Leitura, o Unimel.

Qual o perfil das pessoas que partici-pam do programa?

Esse perfil é variado: temos de quintas a oitavas séries, em turmas organiza-

das pelas escolas, conforme a disponi-bilidade de todos e um grupo mais hete-rogêneo, no campus São Miguel, onde temos desde pessoa graduada a estu-dantes de diferentes séries. Preferi-

mos sempre formar grupos com alunos com dificuldades, mesclados a alunos

de bom rendimento.

Para que o programa Unimel foi criado?

O programa foi criado com dupla finalida-de: estender a oportunidade de prática no ensino de leitura / produção de sentido, escrita e expressão oral aos alunos do

Curso de Letras; a outra intenção foi con-tribuir com a comunidade Cruzeiro do Sul, levando a escolas da região e ao próprio campus São Miguel a oportunidade de de-senvolver esse tipo de competência, im-portante a todo e qualquer cidadão.

A Senhora acha que processo de alfa-

betização precisa mudar? Em que?

É uma pergunta complexa. Aquilo em que eu acredito, mesmo, é num traba-

lho de alfabetização e letramento fei-to com bastante envolvimento de quem o faz, para que todos os sujeitos parti-cipantes entrem no movimento intenso e ao mesmo tempo cuidadoso que a mis-são exige. Assim os resultados serão

positivos e prazerosos.

O que a Senhora acha do sistema de pro-

gressão continuada em vigor no estado de

São Paulo?

Se ele fosse PROGRESSÃO CONTINUADA,

seriamente desenvolvida, e não PROMO-

ÇÃO AUTOMÁTICA, talvez tivéssemos as-

sistido a uma experiência inovadora, mas

isso sequer aconteceu.

Por que encontramos cada vez mais den-

tro das Universidades, alunos com carac-

terísticas de analfabetismo funcional?

Deve ser porque o sistema instalado

permite.

A senhora acredita que há como recuperar

os milhões de pessoas que são analfabe-

tos funcionais?

Se me perguntam isso, eu respondo

que SIM, mas, se começasse hoje um

movimento nessa direção, eu não sa-

beria prever quanto tempo demoraria

para tal recuperação, ainda que todos

acordassem para o fato, inclusive as polí-

ticas públicas.

Você sabia? - o Brasil avançou muito: começamos o século 20 com cerca de 65% de analfabetos, tendo baixado pa-ra 51% em 1950 e apresentado reduções mais drásticas só a partir de 1975, para chegarmos ao ano 2000 com 13%

de analfabetos. Hoje são 8%.

ra sermos mais... aprendamos mais... O que significa para o nosso país, milhares

de pessoas que não conseguem se expressar

corretamente?

Creio que não ter as competências leitora e escritora, bem como a oral, que habilitam

um cidadão a transitar pelos diferentes fa-lares de sua língua materna, é fator signifi-cativo no nível de desenvolvimento do país.

Você sabia? - na Alemanha, a taxa de analfabetos funcionais é de 14%. Nos EUA, 21%. Na Inglaterra, 22% (para melhorar esta taxa, o governo britânico introduziu a "Hora da Leitura" no ensino fundamental ). Na Suécia, a ta-

xa é de 7%. Estudantes da classe média brasileira lêem pior do que operários alemães.

É denominada analfabeta funcional, a pessoa que não possui habilidade para interpretação de textos, mesmo tendo a capacidade de ler e escrever. Podemos classificar também, a pessoa na situação de escolaridade inferior a quatros anos, que tenham mais de 15 anos de idade. Na última pesquisa realizada pelo PNAD ((Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) 2009, divulgada no dia oito de setembro deste ano e por meio do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 20,3% da população brasileira é caracterizada como analfabeta funcional. Sendo o quinto país mais populoso do mundo, com 192.304.735 de habitantes (IBGE), o Brasil carrega a marca de ter aproximadamente 39 milhões de pessoas que só compreendem frases curtas e operações aritméticas básicas. Sem contar os 14,1% que não sabem ler e escrever.

Apesar dos dados preocupantes, o analfabetismo funcional vem diminuindo. Em 2004, o índice era de 24,4%. Na região Sudeste, mais estruturada e politizada, o índice de analfabetos funcionais está em torno de 15%. No nordeste, além da seca e da falta de trabalho, os nordestinos sofrem mais com a baixa qualidade do ensino, o que resulta uma taxa de 30,8%.

O ANALFABETO FUNCIONAL E A UNIVERSIDADE A dona de casa, Maria Nilva do Nascimento, parou de estudar jovem porque precisava ajudar a mãe financeiramente. Por várias vezes, tentou voltar aos bancos escolares sem ter sucesso. Todas as vezes que precisa resolver algum problema no Banco, precisa chamar o filho mais velho. “Nunca consigo entender o que a gerente fala do meu extrato bancário”, diz a aposentada. São pessoas como estas que conseguem enviar seus filhos a Universidade, mas não tem no-ção se eles terão a real capacidade de exercer o que aprenderam. A verdade é que, cada vez mais, as Faculdades precisam se preocupar com o despreparo dos estudantes que chegam às salas de aula com dificuldade de aprendizagem.

Para o professor de técnicas de rádio da Universidade Cruzeiro do Sul, tanto os alunos quanto os professores, precisam trabalhar juntos e enfrentar esse problema de frente: ”Para tentar solu-cionar ou amenizar o problema, entendo que basta vontade, por parte do professor, de ter paciência para dar uma atenção maior para esses discentes. Tenha a certeza de que o resultado final será muito bom para o professor – notar uma melhora significativa no rendimento do aluno – e melhor ainda para o próprio aluno – perceber resultados positivos no seu aprendizado”, conclui o docente.

ANALFABETISMO FUNCIONAL NO BRASIL

Você sabia? - no Brasil a escola tradicional é construída no modelo da linha de montagem, tempo mecânico. Então se transforma em uma experiência de sofrimento, e as crianças não aprendem, o caminho da reforma da educação

não passa por novas tecnologias, nem novas ciências, passa pelo coração.

Biografia Paulo Freire

Paulo Reglus Neves Freire, mais conhecido como Paulo Freire, nasceu em 1921 no estado do

Pernambuco, era educador e filosofo brasileiro, um dos mais importantes. Pertenceu a uma família

de classe média, o que não o impediu de conhecer a pobreza e a fome na infância, durante a depressão

em 1929, por isso, sua preocupação com a educação dos mais pobres.

Pode ser definido como estudioso e ativista social. Tinha por objetivo ensinar a ler

desenvolvendo uma visão crítica da sociedade a partir do uso de palavras, ações e termos ligados à

realidade do aluno. Fez uma síntese de algumas correntes filosóficas de sua época, como o

existencialismo cristão, a fenomenologia, a dialética hegeliana e o materialismo histórico.

Na Universidade do Recife, em 1943, fez a Faculdade de Direito, mas preferiu se dedicar ao

estudo da filosofia da linguagem e lecionar em uma escola de segundo grau.

Em 1946, tornou-se diretor do Departamento de Educação e Cultura do Serviço Social em

Pernambuco. Em 1962, suas primeiras experiências de alfabetização popular, ou seja, a primeira

aplicação do Método Paulo Freire.

Em 1963, chefiou um programa de alfabetização e conseguiu, em 45 dias, alfabetizar 300

adultos. Em 1964, coordenou o Plano Nacional de Alfabetização do governo de João Goulart, até

que foi surpreendido pelo golpe militar.

Durante a ditadura seus métodos foram considerados subversivos e compactuantes com o

comunismo. Teve de se exilar e só pode voltar ao Brasil em 1979. Exilado no Chile, expôs seus méto-

dos de alfabetização no livro Pedagogia do Oprimido, onde escreveu sobre a alfabetização de

adultos inseridos nas camadas menos favorecidas da sociedade.

No Chile foi consultor da UNESCO. Na Suíça, consultor do Escritório de Educação do

Conselho Mundial de Igrejas, onde desenvolveu programas de alfabetização para a Tanzânia e Guiné

Bissau. Nos Estados Unidos ministrou aulas na Universidade de Harvard.

Perguntas como: Quê? Por quê? Como? Para quê? Por quem? Para quem? Contra quê? Contra

quem? A favor de quem? A favor de quê? Faziam com que os alunos compreendessem a razão e

finalidade das coisas, e se alfabetizassem a partir de assimilações.

Quando Freire retornou ao Brasil escreveu mais dois livros – Pedagogia da Esperança e À

Sombra desta Mangueira – e lecionou na Unicamp e na PUC-SP.

Em 1989 foi secretário de Educação do Município de São Paulo. Nessa fase, criou o

MOVA – Movimento de Alfabetização – programa público de apoio a salas comunitárias de Educação

de Jovens e Adultos, até hoje adotado em algumas prefeituras.

Em 1991, foi fundado o Instituto Paulo Freire. No instituto está disponível arquivos do

educador. O local realiza numerosas atividades relacionadas às idéias de Freire e atua em projetos

da educação brasileira e mundial.

Faleceu no dia 2 de maio de 1997, em São Paulo, vítima de infarto.

1. Qual o seu nível de escolaridade?

A) Nunca estudei

B) Estudei 4 anos ou menos

C) Terminei pelo menos o 1º grau

2. Você tem dificuldade de se comunicar com

as pessoas? A) Sim, fico inseguro e acanhado, porque tenho

medo de não ser compreendido.

B) Depende do assunto

C) Não, não tenho dificuldades de me comunicar

3. Costuma argumentar o seu ponto de vista sobre determi-

nada situação?

A) Prefiro não expor minha opinião, já que nunca consigo formu-

lar uma idéia.

B) Só quando conheço muito bem o assunto, caso contrário pos-

so não conseguir argumentar.

C) Sempre exponho minha opinião, estamos aqui para aprender

sempre.

4. Houve situações que você leu um texto/ reportagem/ citações e não conseguiu compreen-der?

A) Sempre acontece. B) Já aconteceu algumas vezes, mas li de novo e conse-

gui entender. C) Dificilmente isso acontece.

5. Você tem o hábito de pra-

ticar a leitura?

A) Nunca tive o hábito, tenho

dificuldades.

B) Tento ler, mas sempre me

confundo. Tenho que ler a

mesma coisa várias ve-

zes.

C) Sim, leio moderadamente.

6. Em relação às operações aritméticas, você:

A) Não compreende nenhuma.

B) Compreende apenas as básicas como: adição,

subtração, multiplicação e divisão.

C) Consigo lidar com fórmulas, porcentagens e cál-

culos mais complexos.

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Maioria A- Nível 1, também conhecido como alfabetização rudimentar, concebe

aqueles que apenas conseguem ler e compreender títulos de textos e frases curtas; e apesar de saber contar, têm dificuldades com a compreensão de

números grandes e em fazer as operações aritméticas básicas.

Maioria B - Nível 2, também conhecido como alfabetização básica, concebe

aqueles que conseguem ler textos curtos, mas só conseguem extrair informações

esparsas no texto e não conseguem tirar uma conclusão a respeito do mesmo; e também conseguem entender números

grandes, conseguem realizar as operações aritméticas básicas, entretanto

sentem dificuldades quando é exigida uma maior quantidade de cálculos, ou

em operações matemáticas mais complexas

Maioria C - Nível 3, também conhecido como alfabetização

plena, concebe aqueles que detêm pleno domínio da leitura, escrita, dos números e das operações

matemáticas (das mais básicas às mais complexas).

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Você sabia? - apenas 17 milhões de pessoas no Brasil compraram ao menos um livro no último ano, 10% da popula-ção. A média de leitura por habitante é de 1,8, contra 7 da França, 5,1 dos Estados Unidos, 5 da Itália e 4,9 da In-

glaterra. Em todas as nações desenvolvidas, metade da população é razoavelmente letrada, o que tem favorecido o progresso.

O QUE HÁ DE ERRADO NA E-DUCAÇÃO DOS BRASILEIROS? Segundo especialistas, o sistema educacional no Brasil é superficial. Nos últimos 25 anos, o aprendizado foi fragmentado, levando o aluno a somente aprender a ler e a escrever e não o ensina a utilizar com competência a leitura e a escrita, ou seja, cria um aluno que lê, mas não é letrado, porque não consegue aplicar no seu dia a dia o que leu. O aluno não é preparado para compreender o que lê. São necessárias uma reavaliação e uma revolução educacionais. A falta de políticas públicas sérias é condenável, uma situação que parece que gira em torno de si mesma. Vejamos pelo caso do Estado de São Paulo com a Progressão Continuada, criada em 1997, pelo governo Mário Covas, com o objetivo de acabar com a evasão escolar. O sistema de não repetência dos alunos de 1º a 8º série do ensino fundamental, vem perpetuando a entrega do diploma ao despreparado, ao cidadão que conclui o grau médio, muitas vezes, sem conseguir escrever o próprio nome corretamente.

Para a ex-professora substituta em Biologia, Rafaela Quintanilha, falta interesse dos professores e alunos: “O que deveria servir como incentivo ao aluno para continuar estudando e ao professor para acompanhá-lo e ajudá-lo a prosseguir desenvolvendo seu conhecimento, tornou-se um escudo para o aluno que não se esforça, justificando "passarei de ano assim mesmo", e uma desculpa para o professor que não busca melhorias na didática e justifica "este aluno passará de ano mesmo", declara a bióloga.

COMUNIDADE ORGANIZADA Em meio a toda essa problemática, há aqueles que se cansaram de apenas assistir ao caos e preferiram criar meios de aliviar a condição desfavorável. Como o caso da Educadora Elizabeth Cury, que criou o projeto UNIMEL (Universidade na Melhoria da Escrita e da Leitura), no campus São Miguel da Universidade Cruzeiro do Sul. A iniciativa atende um público diversificado que vai do aluno de 5º série a graduandos. O programa incentiva à expressão oral, à leitura adequada às diferentes situações da fala e aos diferentes níveis de linguagem, com o objetivo de diminuir o analfabetismo funcional. Também, podemos citar o programa criado pelo de-partamento Educacional da BSGI (Brasil Soka Gakkai Internacional), “Na magia da Leitura”. Por meio de encontros semanais, os participantes lêem, interpretam e discutem o que compreenderam utilizando grandes obras brasileiras, estabelecendo, assim, a função social da leitura.