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PAULO MARCELO FECURY MACAMBIRA O CONCRETO EM BELÉM DO PARÁ Uma visão analítica de seus componentes, mão-de-obra e patologias UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA – UNAMA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA Belém – PA 2001

Concreto

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PAULO MARCELO FECURY MACAMBIRA

O CONCRETO EM BELÉM DO PARÁ Uma visão analítica de seus componentes, mão-de-obra e patologias

UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA – UNAMA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA

Belém – PA

2001

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PAULO MARCELO FECURY MACAMBIRA

O CONCRETO EM BELÉM DO PARÁ: Uma visão analítica de seus componentes, mão-de-obra e patologias.

UNAMA/CCET

Belém-Pa 2001

Trabalho de Conclusão de Curso apresentadocomo exigência parcial para a obtenção do Títulode Engenheiro Civil, submetido à bancaexaminadora da Universidade da Amazônia, doCentro de Ciências Exatas e Tecnologia, elaboradosob a orientação do Professor André de OliveiraSobrinho

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PAULO MARCELO FECURY MACAMBIRA

Trabalho de Conclusão de Curso submetido à Coordenação do Curso de Engenharia Civil do Centro de Ciências Exatas e Tecnologia, da Universidade da Amazônia, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Engenheiro Civil, sendo considerado satisfatório e APROVADO em sua forma final pela banca examinadora existente.

Banca Examinadora

_____________________________ Prof. André de Oliveira Sobrinho Engenheiro Civil CREA Nº6332-D

Professor- Orientador- CGEC/CCET-UNAMA

_____________________________ Prof. Antonio Massoud Salame

CREA Nº5522-D

_____________________________ Eng.º MSc. Luiz Carlos Vieira de Carvalho

CREA Nº4602-D

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Dedico aos meus pais pelo grande amor, carinho, amizade e dedicação. Peloapoio paciência, persistência, confiança, pela minha vida. Amo vocês

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Dedico aos meus pais pelogrande amor, carinho,amizade e dedicação. Peloapoio paciência,persistência, confiança, pelaminha vida. Amo vocês.

Agradeço a Deus, pela sua bênção e sua luzque, mesmo quando viajava por um mundo detristeza e sofrimento, nunca me abandonou eme trouxe de volta ao caminho doconhecimento, paz e humildade. Ao meu pai por ter por me demonstrar seuexemplo de força de vontade, transmitindo-meseu caráter e me dando o apoio indispensávelà minha formação pessoal e acadêmica. A minha mãe pelo seu imensurável e eternoamor, carinho e atenção. Pelos ensinamentos,apoio e profunda dedicação em todos osmomentos da minha vida. A toda a minha família, em especial a minhairmã Keila e a minha avó Scylla que estiveramsempre ao meu lado nesta jornada e em tantasoutras. A Aline minha namorada e grande amiga queesteve ao meu lado incentivando-me eapoiando-me, nunca me deixando esmorecer. A todos os professores da UNAMA do Curso deEngenharia Civil, em especial ao meuorientador Professor André de OliveiraSobrinho e o Coordenador do CursoClementino José dos Santos Filho. As empresas: Beton Concreto, SupermixConcreto S.A. Construtora Village LTDA e seuproprietário Rodolfo Ishak, ABCP- AssociaçãoBrasileira de Cimento Portland, ao EngenheiroDelisle Lopes da Silva. Ao amigo e engenheiro Luiz Carlos Vieira deCarvalho que muito me auxiliou com seusensinamentos durante minha vida universitária. Aos meus colegas universitários e a todosaqueles que, direta ou indiretamente,contribuíram para a realização desse trabalho.

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Se você quiser ser bem sucedido, precisa ter dedicação total, buscar seu último limite e dar o melhor de si mesmo Ayrton Senna da Silva

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SUMÁRIO INTRODUÇÃO 16

CAPÍTULO 1-QUALIDADE NA AQUISIÇÃO DE MATERIAIS E QUALIFICAÇÃO DE FORNECEDORES 18

1.1-O Concreto como Material Estrutural 20

1.2-Componentes do Concreto Moderno 21

1.3-Composição Mineralógica dos Agregados 24

1.4-Classificação dos Agregados 24

1.4.1-Quanto a Origem 25

1.4.2-Quanto as Dimensões 25

1.4.3-Quanto ao Peso Específico 26

1.5-Aglomerante-Cimento Portland 26

1.6-Resistência Mecânica 27

1.6.1-Cimento Portland de Baixo Calor de Hidratação 29

1.6.2-Cimento Portland Branco 29

1.6.3-Cimento Portland para Poços Petrolíferos 30

1.7-A Influência dos Tipos de Cimento nas Argamassas e Concretos 30

1.8-Como deve ser Armazenado o Cimento 31

CAPÌTULO 2-PROPRIEDADES DO CONCRETO 34

2.1-Quando Recém Misturado 34

2.1.1-Plasticidade 34

2.1.2-Segregação 38

2.1.3-Exudação 38

2.1.4-Tempo de Início e Fim de Pega 39

2.2-Quando Endurecido 40

2.2.1-Resistência aos Esforços Mecânicos 40

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7

CAPÍTULO 3-QUANTIFICAÇÃO DOS FATORES QUE INFLUENCIAM NA RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO 43

3.1-Resistência à Compressão em Relação ao Fator Água/Cimento 44

3.2-Relação água/cimento máxima possível para diferentes tipos de estruturas e

graus de exposição. 45

3.3-Água de Amassamento Usada no Concreto 47

3.4-Impurezas Admissíveis na Água de Amassamento 48

3.5-Aditivos para Concreto 48

CAPÍTULO 4-O CONCRETO NA CIDADE DE BELÉM 50

4.1-Propriedades dos Materiais Utilizados em Nossa Região 51

4.2-Agregado Graúdo 51

4.2.1-Características do Agregado Graúdo em Nossa Região 53

4.3-Agregado Miúdo 58

4.3.1-Localizações de Agregado Miúdo 59

4.3.2-Características do Agregado Miúdo em Nossa Região 60

4.4-Cimento 66

4.5-Mão-de-Obra para a Execução do Concreto na Região 61

4.6-Restrições Institucionais 72

4.6.1-Mão-de-obra 72

CAPÍTULO 5- DETERIORAÇÃO DAS ESTRUTURAS DURANTE A CONSTRUÇÃO. 76

5.1-Problemas com Fôrmas e Escoramentos 77

5.2-Problemas com Pilares 78

5.3-Problemas com Vigas e Lajes 80

5.4-Juntas nas Fôrmas 81

5.5-Deficiência nas Armaduras 83

5.5.1-Má Interpretação dos Elementos de Projeto 83

5.5.2-Influência das Armaduras 83

5.5.3-Qualidade das Armaduras 83

5.5.4-Posicionamento das Armaduras 83

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8

5.5.5-Cobrimento 84

5.5.6-Espaçamento Mínimo. 85

5.5.7-Erros na Concretagem 87

5.5.8-Materiais de Construção em Geral 88

5.5.9-Controle de Qualidade de Execução 89

CAPÍULO 6-RELATOS DE PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS 91

6.1-Corrosão de Armadura na Base do Pilar 94

6.2-Corrosão de Armadura em Lajes 95

6.3-Corrosão de Armadura Devido a Presença de Umidade 96

6.4-Corrosão de Armadura por Ataque de Cloretos 99

6.5-Ninhos e Segregação do Concreto 101

6.6-Desagregação do Concreto 103

6.7-Lascamento do Concreto 104

CAPÍULO 7-CONCLUSÕES 109

BIBLIOGRAFIA 111

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9

LISTA DE FIGURAS FIGURA Nº 01-Controle do Concreto Dosado em Central. 19

FIGURA Nº 02-Concretagem em Concreto Usinado em Belém/Pa 20

FIGURA Nº 03-Composição do Concreto Moderno 23

FIGURA Nº 04-Agregado Miúdo em Estoque 25

FIGURA Nº 05-Agregado Graúdo em Estoque 25

FIGURA Nº 06-A Influência dos Materiais nas Propriedades do concreto 33

FIGURA Nº 07-Procedimentos de Ensaios de Abatimento do Concreto com o Tronco

de Cone 35

FIGURA Nº 08-Limites de Abatimento do Concreto 37

FIGURA Nº 09-Evolução da Pega e do Endurecimento do Concreto 39

FIGURA Nº 10-Causas da Variação da Resistência do Concreto 44

FIGURA Nº 11-Fator Água/Cimento. 45

FIGURA Nº 12-Condições de Exposição das Estruturas de Concreto. 46

FIGURA Nº 13-Impurezas Admissíveis na Água de Amassamento. 47

FIGURA Nº 14-Extração de Agregado Graúdo 52

FIGURA Nº 15-Características do Agregado Graúdo 53

FIGURA Nº 16-Jazidas de Ocorrência de Agregado Graúdo no Estado do Pará.

54

FIGURA Nº 17-Jazidas e Ocorrências de Grês no Estado do Pará 55

FIGURA Nº 18-Laudo Técnico Sobre Agregado Graúdo 57

FIGURA Nº 19-Agregados Graúdos Utilizados em Centrais de Concreto em

Belém/Pa. 58

FIGURA Nº 20-Agregados Miúdos Utilizados em Centrais de Concreto em Belém/Pa.

58

FIGURA Nº 21-Características do Agregado Miúdo 60

FIGURA Nº 22-Jazidas de Exploração de Agregado Miúdo 61

FIGURA Nº 23-Extração de Agregado Miúdo 62

FIGURA Nº 24-Laudo Técnico Sobre Agregado Graúdo 63

FIGURA Nº 25-Laudo de Controle Tecnológico do Concreto 64

FIGURA Nº 26-Laudo de Controle Tecnológico do Concreto 65

FIGURA Nº 27-Usina de Concreto Situada em Belém 66

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10

FIGURA Nº 28-Usina de Concreto Situada em Belém 68

FIGURA Nº 29-Controle de Qualidade do Aglomerante Usado em Belém/Pa 68

FIGURA Nº 30-Controle de Qualidade do Aglomerante Usado em Belém/Pa 69

FIGURA Nº 31-Mão-de-Obra Usada na Cidade 74

FIGURA Nº 32-Mão-de-Obra Usada na Cidade 75

FIGURA Nº 33-Mão-de-Obra Usada na Cidade 75

FIGURA Nº 34-Escoramento das Juntas das Fôrmas 79

FIGURA Nº 35-Junta das Fôrmas e Posição das Tábuas 82

FIGURA Nº 36-Armadura Negativa da Laje Fora de Posição 84

FIGURA Nº 37-Espaçadores de Plástico 85

FIGURA Nº 38-Espaçamento Irregular em Armadura de Laje 86

FIGURA Nº 39-Fases de Controle de Execução 90

FIGURA Nº 40-Distribuição da Origem Por Estado das Manifestações Patológicas

Constatadas 92

FIGURA Nº 41-Alta Densidade de Armaduras com Recobrimento Insuficiente

94

FIGURANº 42-Laje Executada sem o Cobrimento Mínimo Necessário 95

FIGURA Nº 43-Laje Apresentando Concreto Altamente Permeável 96

FIGURA Nº 44-Infiltração de Limo na Estrutura 97

FIGURA Nº 45-Corrosão de Armaduras Próximas a Tubulações 97

FIGURA Nº 46-Laje Apresentando Infiltração de Água 98

FIGURA Nº 47-Corrosão por Ataque de Cloretos 99

FIGURA Nº 48-Corrosão por Ataque de Cloretos 100

FIGURA Nº 49-Ninhos de Concretagem 101

FIGURA Nº 50-Ninhos de Concretagem 102

FIGURA Nº 51-Pilar Apresentando Desagregação 103

FIGURA Nº 52-Lascamento do Concreto 104

FIGURA Nº 53-Lascamento do Concreto 105

FIGURA Nº 54-Lascamento do Concreto 105

FIGURA Nº 55-Principais Manifestações Patológicas em Obras Convencionais na

Região Amazônica 106

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FIGURA Nº 56-Principais Manifestações Patológicas no Grupo de edificações

Residenciais 106

FIGURA Nº 57-Principais Manifestações em Edificações Industriais 107

FIGURA Nº 58-Principais Manifestações Patológicas em Pontes, Viadutos e

Trapiches 107

FIGURA Nº 59-Principais Manifestações Patológicas em Reservatórios Elevados,

Cisternas e Piscinas 108

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RESUMO

O presente trabalho de conclusão de curso objetiva o estudo do concreto

utilizado na indústria da construção civil na cidade de Belém. Abrange o

fornecimento e as características dos materiais constituintes do concreto, a sua

confecção, a mão-de-obra utilizada e a suas patologias.

Os diversos agregados que compõe o concreto são oriundos de depósitos

situados às proximidades de Belém, particularmente na Zona Bragantina. Esses

agregados são abundantes, de fácil acesso, de baixo custo e de boa qualidade. O

cimento utilizado na confecção do concreto provém da fábrica CIBRASA localizada

na cidade de Capanema; trata-se de um material de boa qualidade fornecido por

cerca de três décadas e em condições de produção deste suprimento em igual

período no futuro.Os materiais constituintes, assim como o concreto resultante,

enquadram-se nas normas da ABNT e do IBRACON. Portanto, trata-se de um

material de boa qualidade, largamente utilizado na construção civil belemense.

Provavelmente o maior empecilho a uma melhor qualificação do concreto é a

baixa capacitação técnica da mão-de-obra utilizada na fabricação e uso do concreto.

Esta deficiência é mais acentuada junto aos trabalhadores braçais, que possuem

baixa escolaridade, não recebem treinamento, são mal remunerados e muitas vezes,

sem assistência médica e social.As principais patologias destacadas no concreto

utilizado em Belém são: lascamento, desagregação, ninhos de concretagem,

corrosão, carbonatação, etc.

A maioria destas, sem dúvidas está relacionada a baixa qualificação da mão-

de-obra utilizada na fabricação e manuseio do concreto. Outros fatores são: as

grandes e rápidas variações térmicas e deficiências técnicas nos projetos e na

execução das obras.

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13

ABSTRACT

The present work studies the concrete used in Belém city. The supply and the

features of the material component of the concrete, as well as, the production, the

workers and its pathology.

The different aggregates that make up the concrete are from the deposits

located around Belém, particularly from the Bragantine region. These aggregates are

frequent and allow very easy access, low cost and good performance The cement

used in the preparation of the concrete is from CIBRASA factory, located in

Capanema city. It is a good quality material that has been produced for about 30

years. So, due to these present conditions, we can hope for a consistent production

period.

The material constituents, as well as the manufactured concrete are according

to ABNT and IBRACON rules. Therefore, it is a high stading product broadly used by

civil construction in Belém city.

Probably, the most significant constraints which hamper a better performance

of the concrete is the poor skill of the workmen who operate on its production and

use. Generally they have a low education level, bad training, low salaries and

sometimes they are deprived of medical and welfare state.

The typical pathologies detected in the concrete used in Belém city are also

the slivering, the disaggregation, the nest of concrete, corrosion, carbonatation, etc.

Others factors are: the relevant and quick termical variations, the technical

deficiencies in the project or at the kind of construction.

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14

HISTÓRICO

O concreto é um dos mais antigos materiais de construção. Os Egípcios e os

Etruscos, já empregavam argamassas desse tipo na construção de pirâmides e

túmulos. Os Romanos, mais tarde, desenvolveram o emprego da cal, e desta

associada à cinzas do vulcão Vesúvio compostas de cal e pozolana. Dos Romanos

até o século XVIII, pouco ou quase nenhum progresso verificou-se na tecnologia do

concreto.

No início do século XIX, os componentes eram usados sem responsabilidade

estrutural, pois as solicitações atuantes eram muito baixas e, conseqüentemente, as

regras de proporcionamento eram inteiramente empíricas e provinham do

conhecimento tradicional do proporcionamento das argamassas. Estavam limitadas

à obtenção de conglomerados, nos quais, os ligantes eram cales aéreas e cales

combinados com pozolanas denominados cales hidráulicas. Esses critérios, alguns

ainda eventualmente adotados, asseguram uma certa compacidade com excesso

nítido de aglomerante, o que conduz a misturas não econômicas.

Em 1756, o engenheiro britânico John Smeaton descobriu o emprego do

cimento hidráulico e o aplicou na reconstrução do Farol de Eddystone na Inglaterra.

Dr. Wilhelm Michaelis, engenheiro americano, em seu livro editado sobre

argamassas hidráulicas, menciona o trabalho de John Smeaton, com palavras

elogiosas, afirmando que o Farol de Eddystone foi a fundação sobre a qual foi

erguido os nossos conhecimentos sobre argamassas hidráulicas.

Em 1812, Louis J.Vicat pesquisador francês, publicou informações que o

colocam como o precursor dos conhecimentos atuais sobre a quantidade da água de

amassamento e sobre a granulometria da areia na resistência das argamassas.

Constata experimentalmente que uma determinada relação cal hidratada e areia

conduzem à máxima resistência das argamassas, e faz considerações sobre os

inconvenientes do excesso e da influência de areia, ressaltando a importância da

finura relativa da areia e da cal, chegando a formular, inclusive, as vantagens da

mistura de areias grossas com finas.

Page 16: Concreto

15

Dessa forma estabelece as regras clássicas da composição granulométrica

que mais tarde foram quantificadas.

Em 1824, na Inglaterra, Joseph Aspdin recebeu uma patente para a

produção de cimento, denominado de Portland, devido a sua semelhança com uma

pedra encontrada na ilha Portland. A patente mencionava uma mistura entre calcário

e argila. Mistura essa, finamente moída e aquecida até que o todo do gás carbônico

seja expelido. Em 1825, foi construída a primeira fábrica de cimento, da Inglaterra.

O início dessa tecnologia no Brasil está relacionado com a instalação pela

Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, do Gabinete de Resistência dos

Materiais em 1899. Em 1926, passou a ser designado de Laboratório de Ensaios de

Materiais,e nesta data foi construída a primeira fábrica de cimento no Brasil, pela

chamada Cia. Brasileira de Cimento Portland,e posteriormente denominada de Cia.

Nacional de Cimento Portland Perus.Em 1936, foi fundada a Associação Brasileira

de Cimento Portland - ABCP, com programa básico, de assistência ao produtor para

acompanhamento do processo de fabricação, com vistas à boa qualidade do

cimento, pesquisa para o seu aprimoramento e, assistência técnica ao usuário do

produto.

Page 17: Concreto

16

INTRODUÇÃO

Com o aumento da competitividade e a necessidade de se manter no

mercado, torna-se necessário para as empresas de Construção Civil, a busca da

qualidade com o objetivo de executar de forma econômica, todas as atividades

referentes à obra.

No caso específico do concreto, que é um produto largamente utilizado no

Brasil em obras de Engenharia Civil de pequeno, médio e grande porte, também

ocorre problemas quanto à disposição dos materiais da mistura e o uso inadequado

destes componentes, que influenciam diretamente no concreto produzido e,

conseqüentemente, na apresentação final do serviço. O concreto, muitas vezes

fabricado no próprio canteiro de obras ou dosado em centrais, deve apresentar

características e propriedades relativas ao seu fim, exigindo de seus executores um

perfeito conhecimento das propriedades dos elementos componentes, suas

especificações técnicas, bem como, da qualidade técnica dos métodos e matérias

usados no seu preparo.

Pode-se dizer, que a eficiência do concreto usinado ou batido na obra,

dependerá primeiramente da boa procedência dos materiais que o compõe

(agregados miúdos e graúdos, aglomerantes e da água), e da qualificação da mão-

de-obra, que o manuseará. Para isso, é necessário efetuar um controle de qualidade

dos componentes do concreto e da mão-de-obra. É também indispensável, saber se

atingem às especificações recomendadas por instituições destinadas a controlar a

qualidade desses materias, (Associação Brasileira de Normas Técnicas -ABNT,e

ABCP - Associação Brasileira de Cimento Portland).

Page 18: Concreto

17

OS OBJETIVOS DO TRABALHO

O presente trabalho tem o objetivo de proporcionar um estudo a respeito da

qualidade, tipos de componentes utilizados no preparo do concreto na cidade de

Belém. Abordar, também, problemas enfrentados na obtenção de matéria prima para

o preparo do concreto e dificuldades na obtenção de mão-de-obra qualificada para a

execução dos serviços de preparo do concreto. Apresenta sugestões para minimizar

as dificuldades enfrentadas pelas pessoas que trabalham diretamente com o

concreto. Pois assim,pode-se monitorar o tipo de trabalho executado pelas

empresas e saber se as mesmas vêm seguindo as normas técnicas brasileiras da

ABNT, que regem a qualidade dos agregados e aglomerantes que compõe o

concreto.

Enfatiza-se a necessidade de obtenção de matéria-prima, de boa qualidade,

procedência ,para o preparo de concreto em Belém (PA). E com os avanços

tecnológicos é importante que atendam as normas técnicas, a fim de que sejam

evitados problemas com o preparo e dosagem do concreto, garantindo assim um

produto de boa qualidade e satisfação do cliente.

Visa também um breve estudo a respeito do futuro do concreto em nossa

cidade, visto que as normas técnicas estão sendo constantemente atualizados e,

faz-se necessário que as empresas que trabalham com esse tipo de material se

adequem a essas mudanças ou ficarão obsoletas e desatualizadas, o que pode

levá-las a prejuízos econômicos e a incapacidade de competir com concorrentes

ágeis e modernos.

Page 19: Concreto

18

1-QUALIDADE NA AQUISIÇÂO DE MATERIAIS E QUALIFICAÇÃO DE FORNECEDORES

A garantia de uma boa qualidade de um concreto inicia no recebimento dos

materiais que farão parte da sua composição .É necessário que o responsável por

essa tarefa seja um profissional qualificado, e capaz de identificar os materiais que

não correspondam às especificações normalizadas e caso seja necessário,

descartar imediatamente, a fim de garantir um produto de boa qualidade e que

obedeça às normalizações vigentes no Brasil. São atribuições do engenheiro da

obra ou do responsável técnico, de grau equivalente, da empresa executora do

serviço, à verificação e o controle da qualidade dos materiais. Devem ser

selecionados os materiais que estejam de acordo com as especificações técnicas

vigentes no Brasil,como:

-NBR-7221 “Ensaio de Qualidade de Agregado Miúdo”,

-NBR-11172 “Aglomerantes de Origem Mineral”,

A obra é, sem dúvida, a principal fonte de avaliação dos materias

empregados na execução do concreto. Caso seja observado alguma anormalidade

com o concerto, é possível que tenha ocorrido falha(s), no processo de dosagem ou

possivelmente, com os materiais componentes do concreto.

Uma das formas de controle e verificações de materiais componentes do

concreto, em centrais de concreto dosado, pode ser orientado pela tabela de

Controle de Concreto Dosado em Central. (Figura Nº 01).

Page 20: Concreto

19

Controle do Concreto Dosado em Central de Concreto Material Controle necessário Verificações/Ensaios Freqüência

• Documento de entrega e

embalagem

• Conformidade ao pedido

• Certificado de controle da qualidade

• A cada entrega Cimento

• Resistência • Pega • Finura • Outros

• Atendimento às especificações • A cada 15 dias

ou a cada 100

toneladas ±20

• Documento de entrega • Conformidade ao pedido

• Inspeção visual • Variações de aspecto e textura

• A cada entrega Agregado

• granulometria

• Formato do grão

• Matéria orgânica

• Material pulverulento

• especificações

• Variações que exijam providências

• No mínimo uma

vez por semana

para miúdo ou a 15

dias para graúdo

• Documento de entrega • Conformidade ao pedido • A cada entrega

• Inspeção visual • Variações de aspecto e textura Adições

• Caracterização • Ensaios

• Certificado de controle de qualidade

• A cada 30 dias

• Documento de entrega • Conformidade ao pedido

• Inspeção visual e olfativa • Variações de aspecto, textura,

odor, cor, sedimentos etc.

Aditivos

• Desempenho • Redução de água, incorporação de

ar, efeito sobre pega

• A cada remessa

Água • Qualidade • Presença de substâncias

prejudiciais

• Uso inicial

Concreto • Verificação de dosagem • Especificações do concreto • Mudanças de

traços

• Inspeção visual • Consistência, homogeneidade e

coesão

• Em todas as

betonadas Concreto Fresco • Abatimento • Especificações do concreto • Uma vez por

período

• Resistência à

compressão

• Especificações do concreto • < 50 m³ Concreto Endurecido • Outros • Conforme normalização • Conforme

especificado

FIGURA Nº01. Fonte. Revista Téchne.

Controle do Concreto Dosado em Central

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20

1.1-O CONCRETO COMO MATERIAL ESTRUTURAL Em artigo publicado pela revista técnica “Scientific American” em abril de

1946, os cientistas S. Brunauer e L. E. Copeland escreveram: “O material mais

largamente usado em construção é o concreto, normalmente feito com a mistura de

cimento Portland com areia, pedra, e água”.

O concreto não é tão tenaz quanto o aço, então, por que é o material mais

usado na construção civil? Há algumas razões para isso. Primeiramente, o concreto

possui excelente resistência à água. Ao contrário da madeira e do aço comum, a

capacidade do concreto de

resistir à ação da água, sem

deterioração séria, faz dele

um material ideal para

estruturas destinadas a

controlar água. Elementos

estruturais expostos à

umidade, tais como estacas,

para fundações são mais

freqüentemente construídos

com concreto reforçado com

armaduras.

A segunda razão para o uso tão difundido do concreto é a facilidade com

que os elementos estruturais de concreto podem ser executados, numa variedade

de formas e tamanhos. Isto porque o concreto fresco tem uma consistência plástica,

o que permite ao material fluir nas fôrmas pré-fabricadas. O concreto é um material

extraordinário, não só porque pode ser moldado em uma variedade de formas

complexas, como também pode fornecer efeitos arquitetônicos de superfície.

Esculturas esteticamente agradáveis, murais e detalhes arquitetônicos podem ser

criados através da escolha adequada dos componentes do concreto, formas e

técnicas textuais. A terceira razão para a popularidade do concreto entre os

engenheiros, é que é normalmente o material mais barato e mais facilmente

disponível no canteiro.

FIGURANº02, Concretagem em Concreto Usinado ,Belém/Pa. Fonte: Paulo Macambira,1999.

Page 22: Concreto

21

Os principais ingredientes para a execução do concreto de cimento Portland

e agregados são relativamente de baixo custo e comumente disponíveis na maior

parte do mundo. Comparado à maioria dos outros materiais de engenharia, a

produção de concreto requer consideravelmente menor consumo de energia.

Portanto, no futuro, considerações sobre a conservação de energia e

recursos naturais, provavelmente farão com que a escolha de concreto como

material estrutural seja ainda mais atraente.J.W. Kelly em seu discurso presidencial

em 1961, na convenção do (American Concrete Institute-AIC), chamou o concreto de

material universal e enfatizou que todos os engenheiros precisam saber mais sobre

o concreto,e disse: “Ninguém pensaria em usar madeira em uma barragem, aço em

pavimentação ou asfalto em estruturas de edifícios, mas o concreto é usado para

cada uma dessas e em muitas outras utilizações em lugar de outros materiais de

construção. Mesmo onde outro material é o principal componente de uma estrutura,

o concreto é normalmente usado, para certos locais da obra. Ele é usado para

suportar, para vedar, para revestir, e para preencher. Mais pessoas precisam

conhecer melhor o concreto que outros materiais especializados.”

1.2-COMPONENTES DO CONCRETO MODERNO

O concreto tem uma estrutura muito heterogênea e complexa que consiste

essencialmente de um meio contínuo aglomerante, dentro do qual estão

mergulhadas partículas de agregados. No concreto de cimento hidráulico, o meio

aglomerante é formado por uma mistura de cimento hidráulico,e água. O tipo, a

quantidade, o tamanho, a forma e a distribuição das fases presentes em um sólido

constituem a sua estrutura. Os elementos graúdos da estrutura de um material

podem ser vistos facilmente, enquanto os mais finos são visualizados com o auxílio

do microscópio. O termo macroestrutura é geralmente empregado para a estrutura

grosseira, visível à vista humana. O termo microestrutura é empregado para a

porção aumentada microscopicamente.

Page 23: Concreto

22

O termo agregado, segundo (Pizzarro),é conceituado como: “Material

granuloso e inerte que entra na composição das argamassas e dos concretos”, e

segundo (Powers,1963),é “Qualquer conjunto de partículas sólidas, exceto o

Cimento Portland, ou outro mineral ou pó de pedra”

O agregado desempenha uma função econômica da máxima importância,

pois geralmente é o elemento de custo mais baixo por unidade de volume no

concreto. Atua de maneira decisiva no incremento de certas propriedades, tais

como, a redução da retração e o aumento da resistência ao desgaste.

Como se verifica na Figura Nº 03, não está implícito que, ao fazer o controle

da resistência à compressão do concreto resultará uma estrutura de alto rigor ou

qualidade, atendendo integralmente o projeto. O concreto estatístico da resistência à

compressão do concreto que utiliza as técnicas de controle da qualidade de um

produto é um dos recursos, sem dúvida, o mais importante, porém apenas um

recurso do controle tecnológico das estruturas.Vários são os fatores que intervém na

resistência à compressão do concreto da estrutura; desde a heterogeneidade dos

materiais até o transporte, lançamento e cura do concreto.

Page 24: Concreto

23

.

Gráfico Nº 01,

Fonte: Mehta, 1994. FIGURA Nº 03

Composição do Concreto Moderno.

Estrutura de Concreto

Materiais Execução Utilização Projeto Planejamento

Controle Tecnológico dasEstruturas de Concreto

I- Controle dos Materiais

Aço

Argamassa

Água

Cimento

Agregados

Aditivo

Concreto

II- Controle dos Serviços

Forma

Armadura

Concretotransporte lançamento adensamento cura

Controle da Resistência àCompressão

trabalhabilidade resistência durabilidade

Desforma

Page 25: Concreto

24

1.3-COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA DOS AGREGADOS

É indispensável conhecer a natureza dos agregados utilizados na confecção

do concreto. Freqüentemente eles são considerados como inertes; entretanto,

possuem características físicas (modificações de volume por variação de umidade) e

químicas (reação com os álcalis do cimento), que intervêm no comportamento do

concreto. As rochas são geralmente constituídas por minerais variados,e a sua

composição química global se determina pelos métodos clássicos de análise

química. Podem se classificar, segundo o seu modo de formação, em três grupos

principais:

→Rochas Magmáticas ou Ígneas: são aquelas que se formam pelo resfriamento de

uma massa de rocha fundida. Seu componente principal é a sílica.

→Rochas Sedimentares: são as rochas estratificadas oriundas a partir da

desagregação, transporte e deposição do material constituinte de rochas pré-

existentes.

→Rochas Metamórficas: são aquelas que sofrem modificações em sua textura,

estrutura e composição mineral, devido à variação de condições físicas (

temperatura e pressão ) e químicas.

Na cidade de Belém, são muito utilizadas as rochas sedimentares, particularmente

as Lateríticas, ou popularmente chamada de “pedra jacaré”. Também são usadas

rochas magmáticas, muito encontradas na Zona Bragantina, como é o caso das

britas.

1.4-CLASSIFICAÇÃO DOS AGREGADOS:

Podemos classificar os agregados quanto:

→À origem.

→Às dimensões.

→Ao peso específico

Page 26: Concreto

25

1.4.1-Quanto à origem, eles podem ser:

• Naturais: são aqueles que se encontram na natureza sob a forma de: areia de

mina, areia de rios, seixos rolados, pedregulhos.

• Artificiais: são aqueles que necessitam de um trabalho para poderem chegar

à condição necessária e apropriada para seu uso: areia artificial, brita, etc.

1.4.2-Quanto às dimensões, podem ser:

• Miúdos: é a areia natural

quartzosa, ou artificial,

resultante do britamento

de rochas estáveis com

tamanho de partículas

com no máximo 5% de

material retido na peneira

4,8mm.

Estes possuem grande influência na proporção e quantidade de água

necessária para se obter uma determinada plasticidade. O teor de areia acima do

necessário provocará um aumento no consumo de água e em com conseqüência

uma diminuição da resistência do concreto, corrigida com o aumento do cimento

o que tornará a mistura antieconômica.

• Graúdos: é o pedregulho

natural, ou a pedra britada

proveniente do britamento

de rochas estáveis de

diâmetro mínimo superior a

4,8mm.Sendo os mais

utilizados o seixo rolado,

pedregulho ou brita.

FIGURA Nº 05, Agregado Graúdo em

Estoque. Fonte: Paulo Macambira,2001.

FIGURA Nº 04, Agregado Miúdo em Estoque.

Fonte: Paulo Macambira,2001.

Page 27: Concreto

26

O seixo rolado freqüentemente encontrado na região norte do País, possui

forma arredondada o que diminui o índice de vazios exigindo uma menor

quantidade de pasta para envolver o agregado.Assim, possibilita ao concreto

uma maior trabalhabilidade devido a sua forma, sendo a mesma também obtida

pois o seixo necessita de menor quantidade de água.

Os principais ensaios a que devem ser submetidos os agregados são:

→ NBR-7217 Composição granulométrica

→ NBR-7219 Teor de argilas em torrões

→ NBR-7220 Teor de impurezas orgânicas

→ NBR-9936 Teor de partículas leves

→NBR-170 Ensaio de Abrasão “Los Angeles”

1.4.3-Quanto ao Peso Específico

→Leves: menor de 1t/m3 .

Como por exemplo: pedras pomes, vermiculita, argila expandida, etc.

→Normais: de 1 a 2t/m3

Como por exemplo:areias quartzosas, seixos, britas de gnaisses, granito,etc.

→Pesados: acima de 2t/m3

Como por exemplo: barita, magnetita, limonita,etc.

1.5-AGLOMERANTE: CIMENTO PORTLAND

A ( American Society for Testing and Materials-ASTM), define o Cimento

Portland como um aglomerante hidráulico produzido pela moagem do clinquer, que

consiste essencialmente de silicatos cálcio hidráulicos, usualmente com uma ou mais

formas de sulfato de cálcio como um produto de adição. Os constituintes

fundamentais do cimento portland são a cal (CaO), a sílica (SiO2), a alumina (Al2O3),

o óxido de ferro ( Fe2O3), magnesita (MgO) e uma pequena porcentagem de anidrido

sulfúrico (SO3).

Page 28: Concreto

27

O primeiro cimento portland lançado no mercado brasileiro foi o cimento

comum, que corresponde atualmente ao CP I - CIMENTO PORTLAND COMUM (EB

1/ NBR 5732).Trata-se de um tipo de cimento portland sem quaisquer adições além

do gesso (utilizado como retardador da pega). Este tipo acabou sendo considerado,

na maioria das aplicações usuais, como termo de referência para comparação com

as características e propriedades dos tipos de cimento que surgiram posteriormente.

Foi a partir do amplo domínio científico e tecnológico sobre o cimento portland

comum, que se pôde desenvolver outros tipos de cimento, com o objetivo de atender

a situações especiais. Com o tempo verificou-se que alguns desses cimentos,

inicialmente tidos como especiais, tinham desempenho equivalente ao do cimento

portland comum original, atendendo plenamente às necessidades da maioria das

aplicações usuais e apresentando, em muitos casos, certas vantagens adicionais. A

partir dos resultados dessas conquistas e a exemplo de países tecnologicamente

mais avançados, como os da União Européia, surgiu no mercado brasileiro em 1991

um novo tipo de cimento portland. Este possui composição intermediária entre os

cimentos portland comuns e os cimentos portland com adições (alto-forno e

pozolânico), estes últimos já disponíveis há algumas décadas.

1.6-RESISTÊNCIA MECÂNICA

Os cimentos portland normalizados são designados pela sigla e pela classe

de resistência. A sigla corresponde ao prefixo CP acrescido do algarismo romano

I,II,III, IV e V sendo as classes de resistências indicadas pelos números 25, 32 e 40.

As classes de resistência apontam os valores mínimos de resistência à compressão

(espressos em megapascal - MPa), garantidos pelos fabricantes, após 28 dias de

cura. O consumo apreciável de energia durante o processo de fabricação de

cimento, motivou mundialmente a busca de medidas para reduzir o consumo

energético. Uma das alternativas de sucesso foi o uso de escórias granuladas de

alto-forno e materiais pozolânicos na composição dos chamados CP III - CIMENTO

PORTLAND DE ALTO-FORNO e CP IV - CIMENTO PORTLAND POZOLÂNICO

Page 29: Concreto

28

respectivamente.

O cimento portland de alta resistência inicial (CP V - ARI) tem a peculiaridade

de atingir altas resistências, já nos primeiros dias da aplicação. O desenvolvimento

da alta resistência inicial é conseguido pela utilização de uma dosagem diferente de

calcário e argila na produção do clinquer, bem como pela moagem mais fina do

cimento, de modo que, ao reagir com a água, adquira elevadas resistências, com

maior velocidade. Os cimentos portland resistentes aos sulfatos são aqueles - como

o próprio nome diz - que têm a propriedade de oferecer resistência aos meios

agressivos sulfatados, tais como os encontrados nas redes de esgotos de águas

servidas ou industriais, na água do mar e em alguns tipos de solos. De acordo com a

norma NBR 5737, qualquer um dos cinco tipos básicos (CP I, CP II, CP III, CP IV e

CP V-ARI) pode ser considerado resistente aos sulfatos, desde que obedeça a pelo

menos uma das seguintes condições:

• teor de aluminato tricálcico (C3A) do clinquer e teor de adições carbonáticas de, no

máximo, 8% e 5% em massa, respectivamente.

• cimentos do tipo alto-forno que contiverem entre 60% e 70% de escória granulada

de alto-forno, em massa.

• cimentos do tipo pozolânico que contiverem entre 25% e 40% de material

pozolânico, em massa.

• cimento que tiverem antecedentes de resultados de ensaios de longa duração ou

de obras que comprovem resistência aos sulfatos.

Na primeira e na última especificação o cimento deve atender ainda a uma

das normas NBR 5732, 5733, 5735, 5736 e 11578. Se o cimento original for o

portland de alta resistência inicial (NBR 5733), admite-se a adição de escória

granulada de alto-forno ou materiais pozolânicos, para os fins específicos da NBR

5737.

Page 30: Concreto

29

1.6.1-Cimento Portland de Baixo Calor de Hidratação

O aumento da temperatura no interior de grandes massas de concreto,

devido ao calor desenvolvido durante a hidratação do cimento, pode provocar o

aparecimento de fissuras de origem térmica, as quais podem ser evitadas se forem

usados cimentos com taxas lentas de evolução de calor, os chamados cimentos

portland de baixo calor de hidratação. Os cimentos portland de baixo calor de

hidratação, de acordo com a NBR 13116, são aqueles que desprendem até 260

Joule/g e até 300 Joule/g aos 3 dias e 7 dias de hidratação respectivamente, e

podem ser qualquer um dos tipos básicos. O ensaio é executado de acordo com a

norma NBR 12006 - Determinação do Calor de Hidratação pelo Método da Garrafa

de Langavant.

1.6.2-Cimento Portland Branco

O cimento portland branco é um tipo de cimento que se diferencia dos

demais pela coloração. A cor branca é conseguida a partir de matérias-primas com

baixos teores de óxido de ferro e manganês e por condições especiais durante a

fabricação, especialmente com relação ao resfriamento e à moagem do produto. No

Brasil o cimento portland branco é regulamentado pela Norma NBR 12989, sendo

classificado em dois subtipos: cimento portland branco estrutural e cimento portland

branco não estrutural. O cimento portland branco estrutural é aplicado em concretos

brancos para fins arquitetônicos, possuindo as classes de resistência 25, 32 e 40,

similares às dos demais tipos de cimento. Já o cimento portland branco não

estrutural não tem indicações de classe e é aplicado, por exemplo, no rejuntamento

de azulejos e na fabricação de ladrilhos hidráulicos, isto é, em aplicações não

estruturais, sendo esse aspecto ressaltado na sacaria para evitar uso indevido por

parte do consumidor.

Page 31: Concreto

30

1.6.3-Cimento para Poços Petrolíferos

O Cimento para Poços Petrolíferos-CPP constitui um tipo de cimento portland

de aplicação bastante específica, qual seja a cimentação de poços petrolíferos. O

consumo desse tipo de cimento é pouco expressivo, quando comparado ao de outros

tipos de cimentos normalizados no País. É regulamentado pela NBR 9831 e na sua

composição não se observam outros componentes, além do clínquer e do gesso,

para retardar o tempo de pega. No processo de fabricação do cimento para poços

petrolíferos são tomadas precauções, para garantir que o produto conserve as

propriedades reológicas (plasticidade) necessárias nas condições de pressão e

temperatura elevadas, presentes a grandes profundidades, durante a aplicação nos

poços petrolíferos

1.7-A INFLUÊNCIA DOS TIPOS DE CIMENTO NAS ARGAMASSAS E CONCRETOS

As influências dos tipos de cimento nas argamassas e concretos são

relativas, podendo-se ampliar ou reduzir seu efeito através do aumento ou

diminuição da quantidade de seus componentes, sobretudo a água e o cimento. As

características dos demais componentes, que são principalmente os agregados

(areia, pedra britada, pó-de-pedra, etc.), também poderão alterar o grau de

influência, sobretudo se contiverem matérias orgânicas (folhas, raízes, etc.).

Finalmente, pode-se usar aditivos químicos para reduzir certas influências ou

aumentar o efeito de outras, quando desejado ou necessário. Conclui-se, que é

necessário estudar a dosagem ideal dos componentes das argamassas e concretos,

a partir do tipo de cimento escolhido ou disponível na praça, de forma a estabelecer

uma composição que forneça o melhor resultado ao menor custo. A dosagem deve

obedecer a métodos racionais, comprovados na prática, e que respeitem as normas

técnicas aplicáveis. O uso dos aditivos deve seguir as instruções do seu fabricante.

Page 32: Concreto

31

Além disso, é fundamental executar corretamente o adensamento e a cura

das argamassas e dos concretos.Caso contrário, são os principais motivos de

defeitos e problemas que surgem nas argamassas e nos concretos, como a baixa

resistência, as trincas e fissuras, a corrosão da armadura, etc. O bom adensamento

é obtido por vibração adequada. O principal cuidado para se obter uma cura correta

é manter as argamassas e os concretos úmidos após a pega.Para isto deve-se

molha-los mangueira ou regador, ou então cobri-los com sacos molhados (de

aniagem ou do próprio cimento), ou até colocando tábuas ou chapas de madeira

molhadas sobre a superfície, de modo a impedir a evaporação da água, por ação do

vento e do calor do sol, durante um período mínimo de sete dias.

1.8-COMO DEVE SER ARMAZENADO O CIMENTO

O cimento é um produto perecível, portanto é preciso atentar para os

cuidados necessários à sua conservação, pelo maior tempo possível, no depósito ou

no canteiro de obras. O cimento é embalado em sacos de papel kraft de múltiplas

folhas. Trata-se de uma embalagem usada no mundo inteiro, para proteger o cimento

da umidade e do manuseio no transporte, ao menor preço para o consumidor. Além

disso, o saco de papel é o único que permite o enchimento com material ainda

bastante aquecido, por ensacadeiras automáticas imprescindíveis ao atendimento do

fluxo de produção (ao contrário de outros tipos de embalagem já testados, como a de

plástico). Mas, o saco de papel protege pouco o cimento da ação direta da água. Se

o cimento entrar em contato com a água na estocagem, vai empedrar ou endurecer

antes do tempo, inviabilizando sua utilização na obra ou fábrica de pré-moldados e

artefatos de cimento. A água é o maior aliado do cimento na hora de confeccionar as

argamassas e os concretos, mas é o seu maior inimigo antes disso. Portanto, é

preciso evitar a todo custo que o cimento estocado entre em contato com a água. A

água não vem só da chuva, de uma torneira ou de um cano furado; também se

encontra sob forma de umidade, no ar, na terra, no chão e nas paredes. Por isso, o

cimento deve ser estocado em local seco, coberto e fechado de modo a protegê-

Page 33: Concreto

32

lo da chuva, bem como afastado do chão, do piso e das paredes externas ou úmidas,

longe de tanques, torneiras e encanamentos, ou pelo menos separados deles.

Recomenda-se iniciar a pilha de cimento sobre um tablado de madeira, montado a

pelo menos 30 cm do chão ou piso e não formar pilhas maiores do que 10 sacos, se

o cimento for estocado por mais de quinze dias. Quanto maior a pilha, maior o peso

sobre os sacos inferiores da pilha. Isso faz com que seus grãos sejam comprimidos e

o cimento contido nesses sacos fique quase endurecido, sendo necessário afofá-lo,

antes do uso, o que pode levar ao rompimento do saco e à perda de parte do

material. A pilha recomendada de 10 sacos também facilita a contagem, no

recebimento, na entrega e no controle dos estoques.

É recomendável utilizar, primeiro, o cimento estocado há mais tempo,

deixando o que chegou por último para ser utilizado posteriormente. Este

procedimento evita que um lote fique estocado por tempo excessivo, já que o

cimento, bem estocado, é próprio para uso por três meses, no máximo, a partir da

data de sua fabricação. A fabricação do cimento processa-se rapidamente, em

aproximadamente poucas horas O clinquer do cimento portland sai do forno à cerca

de 80ºC,sendo transportado diretamente à moagem, ao ensacamento e à expedição,

podendo, portanto, chegar à obra ou depósito com temperatura de até 60 ºC. Não é

recomendável usar o cimento quente, pois isso poderá afetar a trabalhabilidade da

argamassa ou do concreto. Deve-se deixá-lo esfriar até atingir a temperatura

ambiente e, para isso, recomenda-se estocá-lo em pilhas menores, de 5 sacos,

deixando um espaço entre as mesmas para favorecer a circulação de ar, o que fará

com que eles se resfriem mais rapidamente. Tomados todos os cuidados na

estocagem adequada do cimento para alongar ao máximo sua vida útil, ainda assim

alguns sacos de cimento podem endurecer. Às vezes, o empedramento é apenas

superficial, e neste caso os sacos devem ser tombados sobre uma superfície dura e

voltam a se afofar.Em outras situações é possível esfarelar os torrões, entre os

dedos,e o cimento servirá para uso normal. Caso contrário, ainda se pode aproveitar

parte do cimento, peneirando-o. O pó que passa numa peneira de malha de 0,5 mm

pode ser utilizado em aplicações de menor responsabilidade, tais como pisos,

Page 34: Concreto

33

contrapisos e calçadas, mas não deve ser utilizado em peças estruturais, já que sua

resistência ficou comprometida. Enfim, salienta-se que é fundamental a estocagem

correta, pois não apenas há o risco de perder-se parte do cimento, como também se

acaba reduzindo sua resistência final.

INFLUÊNCIA DOS MATERIAIS NAS PROPRIEDADES DO CONCRETO

COMPONENTE PROPRIEDADE INFLUÊNCIA

Natureza Pequena

Forma Variável

Granulometria Pequena AGREGADO GRAÚDO

Resistência Variável

Natureza Pequena

Forma Média

Granulometria Média

Finura Grande

AGREGADO MIÚDO

Impurezas Grande

Tipo Variável CIMENTO

Procedência Variável

Impurezas Grande ÁGUA

Nocivas Grande

FIGURA Nº 06

A Influência dos Materiais nas Propriedades do Concreto.

Fonte:Giammuso 1983.

Page 35: Concreto

34

2-PROPRIEDADES DO CONCRETO

Os materiais constituintes do concreto, reunidos e bem misturados,

constituem uma massa plástica que endurece no final de algumas horas,

transformando-se em uma verdadeira “rocha” artificial com o decorrer do tempo.

2.1-Quando Recém Misturado:

→Plasticidade (Trabalhabilidade);

→Exudação ( Transpiração );

→Tempo de Início e Fim de Pega;

2.1.1-Plasticidade

As dimensões das peças a serem concretadas, bem como a densidade das

armaduras são aspectos relevantes sobre os quais deve o tecnologista deter a sua

melhor atenção. No sentido de atender às condições de concretagem, deve-se

determinar a priori, qual a trabalhabilidade que deve apresentar o concreto. Entende-

se por trabalhabilidade, como sendo a propriedade que deve ter o concreto, a fim de

que possa ser elaborado, transportado, lançado em fôrmas e adensado, sem perda

de homogeneidade. A trabalhabilidade depende dos seguintes fatores:

→Relação água/materiais;

→Granulometria e forma dos agregados;

→Finura do cimento;

→Textura e porosidade da superfície do agregado;

→Presença ou ausência de aditivos plastificantes;

Page 36: Concreto

35

Devem ainda ser levados em consideração os seguintes fatores: pessoais,

ou seja, o parecer do encarregado sobre a sua aplicação; tamanho, forma e

superfície dos moldes; quantidade e espaçamento das armaduras. A medida da

trabalhabilidade pode ser mais facilmente feita na obra, por meio do cone de Abrams,

ou seja, o (slump test).Este equipamento constitui-se de tronco de cone e barra de

ferro e chapa metálica conforme ilustra a figura abaixo:

FIGURA Nº 07.

Procedimento de ensaio de abatimento do tronco de cone.Fonte:Kumar

Mehta,1994.

Descrição dos Procedimentos:

1º Passo -Ficar em pé sobre as duas abas do tronco do cone, para mantê-lo

firme no chão durante os passos 1 a 4. Encher o molde em três camadas, de mesmo

volume, compactando-as com 25 golpes, com uma haste de ponta arredondada, com

16mm de diâmetro por 600 mm de comprimento. Iniciado o procedimento, onde

necessário, com a haste de socamento, move-la de modo à bem distribuir

geometricamente os 25 golpes de cada camada. Nesta etapa preencher 1/3 do

1º Passo 2º Passo 3º Passo

4º Passo 6º Passo 5º Passo

Page 37: Concreto

36

volume.

2º Passo -Preencher o segundo terço do volume do tronco de cone,com a

haste de socamento, mas não deve atravessar a primeira camada. Esse

procedimento de adensamento é conhecido como “costurar” as duas camadas, com

25 golpes bem distribuídos.

3º Passo -Preencher o último terço com o excesso de concreto, e adensa-lo,

“costurando” as duas camadas, com 25 golpes bem distribuídos.

4º Passo -Rasar o concreto no topo do tronco de cone e limpar bem o

excesso de concreto sobre a base, deixando-a livre.

5º Passo -Retirar os pés das abas mantendo pressionado o cone para baixo,

com o auxílio das mãos sobre as alças laterais. Imediatamente retirar lenta e

continuamente o tronco de cone, sem esforços torcionais ou laterais. Toda a

operação de ensaio já descrita deve ser realizada em um período máximo de 2,5

minutos.

6º Passo -Colocar o tronco de cone, cuidadosamente e sem choques, sobre

a placa de ferro da base, na posição invertida. A seguir, apoiar uma régua no fundo

do tronco de cone e, com o auxílio de uma escala, medir o abatimento do concreto.

Caso o tronco de cone do concreto abatido não se apresente coeso, isto é, esteja

desmoronando ou a parte superior muito fora de nível, a operação completa de

ensaio deve ser repetida, com um novo concreto fresco.

Page 38: Concreto

37

A Figura Nº 08 ilustra os limites de abatimento para os diversos tipos de

obras.

Limites de abatimento (slump test) para diversos tipos de concreto.

Valores de abatimento em mm

Tipo de execução de concreto

Regular ou razoável Agregados em volume sem ou com controle tecnológico

Rigoroso Agregados em

peso

Vibração

Sem Com Com

Tipo de construções Consistência

(Trabalhabilidade)

Min. Max. Min. Max. Min. Max.

Fundação e muros não armados Firme 20 40 20 60 10 50

Fundação e muros armados Firme até plástico 30 80 30 70 20 60

Estruturas comuns Plástico 60 80 50 70 40 60

Peças esbeltas ou com excesso de armaduras Mole até plástico 80 110 70 90 60 80

Concreto aparente Plástico até mole 70 100 60 80 50 70

Até 40m Mole - - 80 100 70 90 Concreto bombeado

Mais de 40m Muito mole - - 90 130 80 100

Elementos pré-fabricados Plásticos até firme 30 100 30 80 20 70

Lastros - Pisos Firme até plástico 60 80 50 70 30 40

Pavimentação Firme - - 20 50 10 30

Blocos maciços (concreto socado) Muito firme (úmido) - - 10 30 0 20

FIGURA Nº 08.

Limites de Abatimento do Concreto.

Fonte:Kumar Metha,1994.

A importância da trabalhabilidade é muito grande, é uma das propriedades

básicas que devem ser atendidas. Uma mistura de concreto que não possa ser

lançada facilmente ou adensada em sua totalidade, provavelmente, não fornecerá as

características de resistência e durabilidade esperadas. O ensaio de abatimento não

é adequado para medir a consistência de concretos muito fluidos ou muito seco.

Page 39: Concreto

38

2.1.2-Segregação

É a separação dos componentes do concreto fresco, de tal forma que a sua

distribuição não seja heterogênea. Existem dois tipos de segregação: a primeira que

é uma característica das misturas secas, consiste na separação dos agregados da

argamassa do cimento, causada por vibrações excessivas; a outra, é a exudação

que é a eliminação de água. Não existe um ensaio para a medida da segregação; a

observação visual e a inspeção por testemunhos extraídos do concreto endurecido

(corpos de prova), são geralmente adequados para determinar os problemas de

segregação em uma peça estrutural.

2.1.3-Exudação

É o fenômeno no qual ocorre o aparecimento de água na superfície após o

concreto ter sido lançado e adensado, antes de ocorrer a sua pega. A exudação é

um processo de segregação, cujos sólidos em suspensão tendem a sedimentar sob

a ação da força da gravidade, e a água que é o componente menos denso da

mistura, aflora na superfície. A exudação é resultante da inabilidade dos materiais

componentes de reterem toda a água da mistura, em estado disperso, enquanto os

sólidos mais pesados estiverem assentados.

É muito importante reduzir a tendência à segregação na mistura de concreto,

porque a compactação total, que é essencial para o concreto atingir o potencial

máximo de resistência, não será possível após o concreto ter sido segregado.

Como observação, verifica-se que uma combinação de consistência

inadequada, quantidade excessiva de partículas do agregado graúdo com massa

específica muito alta ou muito baixa, pouca quantidade de partículas finas (devido a

baixos consumos de cimento e areia ou ao uso de areia de granulometria deficiente),

e métodos impróprios de lançamento e adensamento são, geralmente, as causas de

segregação e exudação em concretos. (Metha ,1994).

Page 40: Concreto

39

2.1.4-Tempo de Início e Fim de Pega.

O tempo de início do processo de pega do concreto é o tempo limite, no qual

o concreto pode ser manuseado de maneira eficaz. Este processo é iniciado com o

acréscimo de água ao conjunto de agregados e aglomerantes. O início da pega

caracteriza-se pelo aumento brusco da viscosidade e pela elevação da temperatura

da mistura. Já o processo de fim de pega, é definido como o início do

desenvolvimento das resistência mecânica a uma taxa significativa. Em outras

palavras, é o tempo a partir do qual o concreto fresco não pode ser mais misturado,

lançado, compactado e transportado.” O tempo de início e fim de pega é de

fundamental importância para se obter o tempo disponível para trabalhar,transportar,

lançar e adensar o concreto”. (Ferreira, 1998).

FIGURA Nº 09.

Evolução da pega e do endurecimento do concreto.

Fonte: Kumar Metha,1994.

Tempo Limite de trabalhabiladade ou manuseio

Enrig

ecim

ento

Início de pega

Fim de pega

Fluído Transição (pega)

Tempo

Page 41: Concreto

40

2.2-Quando Endurecido:

Quando endurecido o concreto apresenta as seguintes propriedades:

→Resistência aos esforços mecânicos ;

→Propriedades técnicas ( Ex: durabilidade, tensão, deformação plástica ou

permanente, resistência à compressão e a tração);

→Deformações em face das ações intrínsecas e solicitações mecânicas;

→Permeabilidade;

2.2.1-Resistência aos Esforços Mecânicos

“Resistência é a medida da tensão para romper o material...” (Metha, 1994).

Em um projeto de estruturas de concreto, considera-se o seu uso como o material

mais adequado para resistir à carga de compressão.

Sendo, por esta razão, que a resistência à compressão do material é

geralmente especificado pelo Engenheiro Calculista. A resistência mecânica é a

propriedade mais procurada no concreto. São raras, porém, os empregos em que a

permeabilidade e outras características devam ser consideradas. Não é o que

acontecia antigamente, inclusive a NBR 6118/78, simplifica a distribuição de

resistências reduzindo-a a um só valor, denominado de Resistência Característica do

concreto a compressão (Fck). Esta, é definida tanto para os projetos estruturais

quanto para fins de produção de concreto. No entanto, está subentendido que se

trata de um valor pertencente a uma produção normal de concreto. A Resistência à

Compressão é a propriedade do concreto geralmente adotada por ocasião do

dimensionamento da estrutura. Portanto, está diretamente relacionada com a

segurança estrutural. A obra deve ser construída com um concreto de resistência à

compressão igual ou superior àquele valor adotado no projeto. Por outro lado, não há

dúvida de que a propriedade do concreto que melhor o qualifica é a sua resistência à

compressão. O objetivo maior do controle de resistência à compressão é a obtenção

de um valor potencial único e característico, de um certo volume de concreto, a

Page 42: Concreto

41

fim de compara-lo com aquele que foi especificado no projeto estrutural e

conseqüentemente, tomando como referência para o dimensionamento da estrutura.

“Além dessas propriedades, cabe acrescentar que o concreto deve, sempre, em

cada caso especial de aplicação, apresentar um mínimo de qualidade, de sorte a

poder enfrentar com sucesso, ao longo do tempo, as demais condições de exposição

a que for submetido. Isto porque, embora o concreto se destine a suportar uma carga

pequena ou uma fraca pressão de água, é possível atender-se apenas àqueles

fatores sem o risco de eventualmente comprometer a sua durabilidade” (Tartuce &

Giovanetti ,1990). O concreto é um material que resiste bem aos esforços de

compressão e mal aos de tração. Sendo a sua resistência à tração da ordem da

décima parte da resistência a compressão. Para os ensaios à compressão de corpos

de prova de concreto, deve-se seguir as recomendações da Norma Brasileira NBR-

5739, e para a moldagem e cura dos corpos de prova, devemos seguir a NBR-5738.

A escolha de um material de engenharia, para uma aplicação específica, deve

levar em consideração a sua capacidade de resistir a uma força aplicada.

Tradicionalmente, a deformação decorrente de cargas aplicadas é expressa em

deformação específica, definida como a mudança do comprimento por unidade de

comprimento. A carga é expressa em tensão, definida como a força atuante por

unidade de área. Dependendo de como agem sobre o material, as tensões poderão

ser distinguidas umas das outras, exemplificando, compressão, tração, flexão,

cisalhamento e torção. As relações tenção-deformação dos materiais são geralmente

expressas em termos de resistência, módulo de elasticidade, ductibilidade e

tenacidade.

O concreto apresenta deformações elásticas, bem como inelásticas, quando

sobrecarga, e deformações de retração, na secagem ou resfriamento. Quando

restringidas, as deformações de contração resultam em complexos padrões de

tensões que freqüentemente levam à fissuração. Os efeitos de tensões resultantes

da reação por secagem e das deformações viscoelásticas no concreto não são os

mesmos; no entanto, em ambos os fenômenos, as causas fundamentais e os fatores

de controle têm muito em comum. Parâmetros importantes que influenciam a

retração por secagem e a fluência são discutidos, tais como: o conteúdo de

Page 43: Concreto

42

agregado, a rigidez do agregado, a quantidade de água, o consumo de cimento, o

tempo de exposição, a umidade relativa e o tamanho e a forma de uma peça de

concreto. A contração térmica é de importância em grandes elementos de concreto.

A sua magnitude pode ser controlada pelo coeficiente de expansão térmica do

agregado, pelo tipo e consumo de cimento e pela temperatura dos materiais

constituintes do concreto.

No concreto o papel da água deve ser visto sob uma perspectiva apropriada.

Como um integrante necessário para as reações de hidratação do cimento e como

um agente que fornece a plasticidade aos componentes das misturas do concreto, a

água está presente desde o início. Gradualmente, dependendo das condições

ambientais e da espessura de um elemento de concreto, quase toda a água

evaporável no concreto será perdida, deixando os poros, vazios ou não saturados.

Permeabilidade é definida como a propriedade que governa a taxa de fluxo de um

fluido no interior de um sólido poroso.

Page 44: Concreto

43

3-QUANTIFICAÇÂO DOS FATORES QUE INFLUENCIAM NA RESISTÊNCIA A COMPRESSÂO.

A uniformidade do concreto decorre da homogeneidade apresentada pelos

agregados, o cimento e os aditivos usados, uma vez que cada um tem a sua

contribuição na resistência final. Alem disso, a mistura do concreto é derivada de um

processo mecânico de dosagem dos materiais, passível de apresentar dispersão em

torno de um valor médio. A própria betoneira utilizada e o tempo em que a mistura

permanece em movimento no seu interior, têm influência preponderante no resultado

obtido. Há atualmente betoneiras de sistema contracorrente de alta rotação, que

conseguem alterar a reatividade dos grãos de cimento e aumentar em mais de 10%

a resistência média à compressão de um dado concreto, mantidos os mesmos

materiais e traço.

Na Figura Nº 10, apresentam os principais fatores responsáveis pela

variabilidade da resistência à compressão indicando-se, quantitativamente, a máxima

variação que cada um poderá influenciar na resistência de controle de concreto. A

troca de tipos de classe de cimento ou erros grosseiros na proporção de materiais,

ou na mistura, ou nas operações de ensaio não estão computadas.

Page 45: Concreto

44

FIGURA Nº10.

Causas da Variação da Resistência do Concreto.

Fonte:Manual de Dosagem do Concreto,1988.

3.1-Resistência à Compressão em Relação ao Fator Água/Cimento

Em 1918, como resultado de um extenso programa de ensaios no Instituto

Lewis, Universidade de Illinois, EUA, Duff Abrams determinou que existia uma

relação entre a quantidade de água adicionada ao concreto e a sua resistência.Esta

relação água/cimento, é conhecida como lei de Abrams do fator a/c. A partir do

entendimento dos fatores responsáveis pela resistência da pasta endurecida e o

efeito do aumento do fator água/cimento na porosidade, para um dado grau de

hidratação do cimento, a relação a/c-resistência no concreto pode ser facilmente

explicada como uma conseqüência natural do progressivo enfraquecimento da

matriz, devido a elevação da porosidade com o aumento do fator água/cimento.

Causas da Variação Efeito máximo no

resultado A-Materiais

●variabilidade da resistência do cimento ±12%

●variabilidade da quantidade total de água ±15%

●variabilidade dos agregados (principalmente miúdos) ±8%

B-Mão-de–obra

●variabilidade do tempo e procedimento de mistura -30%

C-Equipamento

●ausência de aferição de balanças -15%

●mistura inicial, sobre e subcarregamento, correias,etc. -10%

D-Procedimento de ensaio

●coleta imprecisa -10%

●adensamento inadequado -50%

●cura(efeito considerado a 28 dias ou mais) -30%

●remate inadequado dos topos -50%

●ruptura (velocidade de carregamento) ±5%

Page 46: Concreto

45

Mpa

FIGURA Nº 11.

Fonte:Manual de Dosagem do Concreto,1988.

3.2-Relação Água/Cimento Máxima Permissível para Diferentes Tipos de Estruturas e Graus de Exposição

Considerando-se a importância da relação água/cimento na resistência

do concreto (quanto maior, menor a resistência do concreto), deve-se

procurar as relações água/cimento máximas permissíveis e compatíveis com

os diferentes tipos de estruturas e graus de exposição.A Figura Nº 12, ilustra

esse enunciado.

0

7

14

21

28

34

41

48

0.35 0.45 0.55 0.65

1 dia

3

7

28 dias

Amostras de Concreto sem Ar Incorporado:Cilindros 15 cm x 30 cm Cimento: CPI ou comum

Fator Água/Cimento

R ES I S TÊ NCI A

Page 47: Concreto

46

FIGURA Nº12.

Condições de Exposição das Estruturas de Concreto.

Fonte: ACI Manual of Concrete Inspction,1994.

CONDIÇÕES DE EXPOSIÇÃO

Grandes variações de temperaturas ou freqüentes alterações de compilação ou

degelo (somente concreto com ar incorporado)

Temperaturas suaves, raramente abaixo da compilação, ou clima

chuvoso ou árido

A linha d’água ou dentro da faixa de flutuação do nível d’água

Na linha d’água ou dentro da faixa de flutuação do nível

d’água

Tipo de Estrutura No ar

Em água doce

Em água do mar ou em contato com

sulfatos

No ar

Em água doce

Em água do mar ou

em contato

com sulfatos

Seções finais, tais como parapeitos, guias,

dormentes, postes, pilares, estacas, tubos, concreto

ornamental ou estrutural e todas as seções com menos de 2,5cm de recobrimento

sobre a armadura

0,49

0,44

0,40

0,53

0,49

0,40

Seções moderadas, tais como muros de arrimo, fundações, cais e vigas

0,53

0,49

0,44

(4)

0,53

0,44

Parte exterior das seções de concreto-massa

0,58

0,49

0,44

(4)

0,58

0,44

Concreto lançado por tubulação sob água

(submerso) _

0,44

0,44 0,44

0,44

Lajes de controle em contato com o solo _ _ _

(4) _ _

Concreto protegido da intempérie, interior de

edifícios; concreto enterrado

(4)

_

_

(4)

_

_

Concreto que posteriormente será

protegido por aterro, mas que pode estar exposto à congelação e degelo por

muitos anos

0,53

_

_

(4)

_

_

Page 48: Concreto

47

3.3-Água de Amassamento Usada no Concreto

Quando em excesso, as impurezas da água de amassamento do concreto

podem afetar não somente a resistência, mas também o tempo de pega. Em geral , a

água de amassamento raramente é um fator na resistência do concreto, porque nas

especificações para a execução das misturas de concreto à qualidade da água é

garantida pela exigência de potabilidade. Via de regra, uma água imprópria para o

consumo não é necessariamente imprópria para o amassamento de concreto. “Do

ponto de vista da resistência do concreto, a água ácida, alcalina, salgada, salobra,

colorida ou com mau cheiro não deve ser rejeitada imediatamente. Isso é importante,

porque as águas recicladas da mineração de várias outras operações industriais

podem ser usadas seguramente com água de amassamento para o concreto”

(Mehta, 1994). De acordo com estudos desenvolvidos nos Estados Unidos (Abrans)

e na Alemanha (Gary), pequenas quantidades de impurezas podem ser toleradas

conforme a Figura a Nº13.

3.4 -Impurezas Admissíveis na Água de Amassamento

Impurezas Partes por milhões (p. p. m.) % em peso Freqüência em água

Carbonatos e Bicarbonatos de

Sódio e Potássio 1.000 0.1

Cloreto de Sódio 20.000 2.0 Natural

Sulfato de Sódio 10.000 1.0 Natural

Bicarbonato de Cálcio e

Magnésio 400 0.04 Tratada

Cloreto de Cálcio 40.000 4.0

Sais de Ferro 40.000 4.0 Mineral

Partículas em Suspensão 2.000 0.2

Água do mar 30.000 3.0 Do mar

Águas industriais 4.000 0.4 0.4

Águas de esgoto 20 0.002

FIGURA Nº 13

Impurezas Admissíveis na Água de Amassamento.

Fonte:Cauemix / Supermix, 2000.

Page 49: Concreto

48

3.5 -Aditivos para Concreto

São substâncias adicionadas ao concreto com a finalidade de modificar ou

proporcionar certas propriedades do material fresco ou endurecido, tornando-se mais

apropriados para serem manuseados ou trabalhados, para melhorar suas

características mecânicas ou ainda torna-los mais econômicos e mais duráveis.

“A finalidade do aditivo não é a de melhorar a qualidade do cimento e sim,

aprimorar certas características de um produto acabado, como o concreto ou

argamassa” (Cauemix /Supermix ,Centro Tecnológico de Belo Horizonte).

Tipos de Aditivos

Acelerador de Pega: Utilizados para aumentar a velocidade de pega do

cimento, podendo ser divididos em aceleradores de pega e de endurecimento,

os quais reduzem o tempo de pega do cimento ou aceleram o endurecimento

de peças, respectivamente.

Retardador de Pega: Utilizados para transporte do concreto em longas

distâncias; em temperaturas elevadas este aditivo tem função de retardar a

hidratação do cimento a fim de manter, por mais tempo a sua

trabalhabilidade.

Plastificante: Utilizados, como redutores de água aumentando a

trabalhabilidade do concreto, para o mesmo fator água/cimento. Ou ainda

reduzindo-se esta relação para a mesma trabalhabilidade. Estes aditivos

podem ser classificados como: normal, retardador e acelerador.

Page 50: Concreto

49

→Normal: Aumenta a trabalhabilidade do concreto para um mesmo

fator água/cimento afetar o tempo de pega.

→Retardador ou Acelerador: Interfere diretamente no tempo de pega,

obedecendo a mesma relação água/cimento

Superplastificante: Usado na obtenção de concreto superflúido,na

redução do consumo de cimento,na redução de água de amassamento e para

maior facilidade de bombeamento.

Ar Incorporado: Utilizado na melhoria da coesão e consistência do

concreto fresco; redução do teor de água, melhoria do comportamento a

temperaturas de congelamento.

Impermeabilizantes: Melhoram a proteção do concreto quanto à

passagem de água.

De superfície: São aplicados junto às superfícies da fôrma

(desmoldantes) ou do concreto (agente de cura), facilitando a desforma ou

evitando a evaporação do cimento.

Aditivos Minerais

Escoria de Alto Forno: São obtidos através de processos de redução

de minérios, constituídos por silicatos com composição semelhante à dos do

cimento, embora inertes, na presença de cal liberada pela hidratação do

clínquer, se hidratam, comportando-se como materiais cimentantes. O

produto final da hidratação apresenta melhores características de resistência

a agentes agressivos.

Page 51: Concreto

50

4-O CONCRETO NA CIDADE DE BELÉM

Os dados foram obtidos em decorrência de um estudo minucioso e de uma

pesquisa de campo, que abrangeu desde grandes empresas de produção de

concreto chegando até ao pequeno consumidor, com assessoria de Engenheiros e

Tecnologistas qualificados que trabalham diretamente com o controle tecnológico do

concreto. Atualmente o traço de concreto mais usado em Belém é o que proporciona

as quantidades de uma parte de cimento, duas partes de agregado miúdo e três

partes de agregado graúdo.Esta combinação é conhecida popularmente como 1:2:3,

que corresponde ao15 Mpa, possui boa aceitação pelos profissionais que trabalham

com o concreto, e apresenta resistência necessária para suportar cargas pequenas

em obras de pequeno a médio porte. À cerca de três anos, a maioria dos traços de

concreto feitos em nossa cidade (inclusive os executados por grandes construtoras)

era de 15 Mpa, o que fez com que a tecnologia do concreto estivesse atrasada em

relação aos grandes centros tecnológicos do país. Pois, os empreendimentos

realizados em Belém eram geralmente edifícios de pequeno a médio porte, o que

fazia com que os projetos não necessitassem de um concreto muito especializado

pois os custos eram relativamente admissíveis. O que não ocorre atualmente, visto

que as exigências estruturais de projetos com estruturas cada vez mais esbeltas,

necessitam de um concreto cada vez mais resistente para atender as solicitações de

projeto e a um preço competitivo no mercado. Atualmente, a maioria das

construtoras de Belém usa o concreto de resistência entre 20 e 30 Mpa, em

decorrência das exigências dos Engenheiros Calculistas para atender a durabilidade

e resistência do concreto. Essas exigências fundamentam-se em aumentar a

resistência do concreto a fim da diminuição dos custos da obra (fôrmas, ferragem,

mão–de-obra, tempo de pega, etc.). Já o pequeno comprador, considerado maior

consumidor de concreto em Belém (tanto usinado como não), necessita de um

produto de fácil manuseio e que atinja a resistência esperada rapidamente, a fim de

que possa dar continuidade a sua pequena obra sem muita demora.

Page 52: Concreto

51

Salienta-se que é considerado pequeno consumidor aquele que consome até

15m3 de concreto. Essa pessoa, quase sempre é aquela que está realizando uma

pequena reforma na sua residência, o que não o torna um comprador freqüente de

concreto, pois adquire esporadicamente esse produto. Mas mesmo assim, ele

representa uma grande parcela do consumo de concreto em Belém, pois esse

comprador, adquire os materiais necessários para a execução concreto em

pequenas estâncias localizadas nas imediações da cidade, ao contrário dos grandes

consumidores que adquirem seu material em grandes centros produtores.

4.1-Propriedades dos Materiais Utilizados

4.2-Agregado Graúdo

É grande o número de depósitos de cascalho encontrado nas regiões

circunvizinhas a Belém. Apresenta-se normalmente em leitos de espessura variável,

geralmente em torno de 0,50 a 2,00 metros, constituídos por seixos de quartzo de

diversos tamanhos, arredondados a subarredondados. Os referidos depósitos estão

associados a sedimentos areno-argilosos e argilo-arenosos predominantemente de

cores amareladas e avermelhadas. Os depósitos considerados encontram-se em

uma faixa de direção aproximada a nordeste e sudoeste, nos municípios de

Bragança e Ourém, aflorando ao longo das principais rodovias e nas margens de rios

e igarapés. A maior concentração desses depósitos localizada no município de

Ourém, nas margens do rio Guamá. Alguns dos principais depósitos de cascalho

estão sendo explorados para a obtenção de agregados para concreto natural, para

pavimentação de rodovias, calçamentos e para uso decorativo. Vale salientar que,

apesar de se tratarem de depósitos extensos, com grande volume de material e de

localização geográfica favorável, verifica-se que o seu aproveitamento econômico em

larga escala, está dependendo de adequados estudos de viabilidade, como o tipo de

maquinário necessário para a extração desse material, como vai ser feito o seu

transporte, onde ele pode ser empregado (qual a sua utilização), se há mercado

consumidor para esse produto e quais as suas restrições.Portanto é necessário um

planejamento minucioso atendendo particularmente, as exigências do mercado,

Page 53: Concreto

52

como classificação, cubagem e propriedades desse material e o preço que se vai

praticar.

FIGURA Nº 14- Extração de Agregado Graúdo, Ourém - Pa.

Fonte: CPRM.

Page 54: Concreto

53

4.2.1-Características do Agregado Graúdo de Nossa Região.

Os mais utilizados são o seixo rolado, pedregulho e a brita. O seixo é

encontrado com mais facilidade na região, possui forma arredondada o que

diminui o índice de vazios exigindo uma menor quantidade de pasta para

envolver o agregado. O seixo possibilita ao concreto uma maior

trabalhabilidade devido a sua forma, a mesma trabalhabilidade também é

obtida pois o agregado graúdo necessita de menor quantidade de água.

Para a obtenção de uma maior resistência mecânica, a pedra britada

por sua forma angular e superfície rugosa, oferece maior aderência à pasta

de cimento. A aderência pasta/agregado é fundamental para a definição da

resistência do concreto.

Os principais ensaios a que devem ser submetidos os agregados

graúdos são: NBR 7217-Composição Granulométrica, NBR 7219-Teor de

Material Pulverulento, NBR-7218-Teor de Argila em Torrões, NBR-7218-Teor

de Argilas em Torrões, NBR-9936-Teor de Partículas Leves.

Massa

específica

(Kg/l)

Massa

unitária

(Kg/l)

Absorção

(%)

Diâmetro

Máximo

(mm)

Módulo de

finura

2.60 1.60 0.80 25 6.77

FIGURA Nº15.

Características do Agregado Graúdo.

Fonte: Supermix Concreto S. A.,2001.

Page 55: Concreto

54

Locais das ocorrências de agregado graúdo no estado do Pará.

FIGURA Nº 16.

Fonte: CPRM,1977.

Page 56: Concreto

55

Locais das ocorrências de grês no estado do Pará.

FIGURA Nº 17 Fonte: CPRM,1977.

Page 57: Concreto

56

Na Figura Nº 18, apresenta-se o laudo feito pela firma Concresolo,

demonstrando as características de agregados procedentes do município de

Ourém/Pa. Esse material consiste de seixos de quartzo, esbranquiçados, com

diâmetro de 1,2mm a 25mm, média de 12,5mm e finura de 6,78. Trata-se,

portanto, de material compatível para a fabricação de concreto. Os demais

parâmetros, massa específica graúda (2,447Kg/l), absorção graúdo (1,6%),

peso unitário (1,539Kg/l), teor de materiais pulverulentos (1,15%), e abrasão

Los Angeles (59,8), foram todos calculados segundo a NBR-999/787, NBR-

9976/87, NBR-7251/80, NBR-7219/87, NBR6465/84 e NBR-7889-83.

Page 58: Concreto

57

CONCRESOLO – TECNOLOGIA DE CONCRETO E SOLOS AGREGADOS PARA CONCRETO

OBRA:

LOCAL:

CLIENTE: Brasil Beton S/A

Procedência: OURÉM-PA

Fornecedor: BATUIRA

Certificado Nº 46

ENSAIOS

Porcentagem Retida Abertura da

Peneira (mm )

Material

Perdido

(gr) Individual Acumulada

76

50

38

32

25 ZERO ZERO ZERO

19 1090 10,9 11

12,5 4441 44,4 55

9,5 2297 23,0 78

6,3 1370 13,7 92

4,8 183 1,8 94

2,4 290 2,9 97

1,2 95 1,0 98

0,6 100

0,3 100

0,15 100

FUN DO

TOTAL

DIÂMETRO MAXIMO (mm): 25

MÓDULO DE FINURA: 6,78

MASSA ESPECÍFICA (NBR 9997 / 87): 2,447 KG / LITRO GRAUDO

ABSORÇÃO GRAUDO (NBR 9997 / 87): 1,6 % MASSA ESPECÍFICA (NBR 9976 / 87): XX KG / LITRO MIUDO PESO UNITÁRIO (NBR 7251 / 08): 1,539 KG / LITRO TEOR DE MATERIAIS PULVERULENTOS (NBR 7219 / 87): 1,15 % TEOR DE ARGILA EM TORRES (NBR 7218 / 87): XX % IMPUREZAS ORGÂNICAS DAS AREIAS ( NBR 7228 / 87): XX INCHAMENTO DE AGRE GADO MIUDO ( 6467 / 87): XX INDICE DE FORMA DE AGREGADO GRAUDO (NBR 7889 / 83): XX ABRASÃO LOS ANGELES (NBR 6465 / 84): 59,8 OUTROS: XX

DATA: 31/07/93 LOCAL: BELÉM – PA ENG: RESP.

COMPOSIÇÃO GRANULOMÉTRICA (NBR 7217/87) AGREGADO: GRAÚDO (SEIXO)

OBSERVAÇÕES: SEIXO ROLADO COR ESBRANQUIÇADA COLETA EM 23/07/93 ENSAIOS DE 23 A 30/07/93

Page 59: Concreto

58

Agregados Graúdos e Miúdos Usados em Centrais de Concreto em Belém/Pa

Fonte: Paulo Macambira, 2001.

4.3-Agregado Miúdo

As areias usadas na construção civil em nosso Estado dividem-se em

silicosas, calcáreas e argilosas. As melhores e mais utilizadas são as areias

silicosas. As calcáreas são consideradas boas quando não friáveis (são areias que

podem reduzir-se facilmente a fragmentos ou pó), e compostas de grãos duros.

As areias provenientes dos rios são geralmente as mais puras e, por esta

razão, as mais preferidas. Geralmente são misturadas com materiais terrosos,

porém, quando limpas das impurezas, mediante simples lavagem, são muitas vezes

superiores às dos cursos ď água, pois sendo os grãos de um modo geral angulosos,

fazem melhor argamassa que as dos rios de nossa região, que são geralmente

arredondados, não aderindo por esse motivo tão bem ao aglomerante. É importante

frisar que nem sempre é conveniente a lavagem das areias, pois se perdem os

materiais mais finos, prejudicando assim a compacidade e resistência das

argamassas e concretos. Depósitos de areia silicosa são encontrados em vários

pontos do Estado, como as regiões dos municípios de Vigia, Santa Maria do Pará,

Mosqueiro, Nova Timboteua, Igarapé Açu, Irituia, São Domingos do Capim,

Marapanim, Bragança, etc.

FIGURA Nº19. FIGURA Nº20.

Page 60: Concreto

59

Os depósitos apresentam tamanho e espessura variáveis, alguns dos quais

localizados próximo aos principais centros consumidores, com acesso através de

estradas asfaltadas. Entre os diversos depósitos verificados “in loco”, alguns foram

considerados de maior interesse, em função de sua localização, espessura e

extensão em área.

4.3.1-Localizações de Agregados Miúdos

Apresentam-se os depósitos visitados:

→Depósito de areia do município de Ananindeua; rodovias BR-316 e PA-30.

→ Depósito de areia do município de Castanhal; rodovia BR-316, Km 90.

→ Depósito de areia do município de Santa Maria do Pará; rodovia BR-

010,Km 4,5 e 13.

→ Depósito de areia do município de Capanema; rodovia BR-316, Km 160 e

167.

→ Depósito de areia do município de Santa Izabel do Pará; rodovia PA-

16,Km 5.

“As areias médias aceleram o endurecimento e aumentam a resistência das

argamassas e concretos. O seu emprego é mais econômico, pois exige menor

quantidade de aglomerante e água”,(CPRM,1977).

Page 61: Concreto

60

4.3.2-Característica do Agregado Miúdo de nossa região.

Os agregados miúdos normais são a areia natural e o pedrisco com

tamanho de partículas com no máximo 5% de material retido na peneira

4,8mm. Os agregados miúdos têm grande influência na proporção da

quantidade de água necessária para se obter uma determinada plasticidade.

O teor de areia acima do necessário provocará um aumento no consumo de

água e em conseqüência uma diminuição da resistência do concreto, corrigida

com o aumento do cimento o que tornará a mistura antieconômica.

Os principais ensaios a que devem ser submetidos os agregados

miúdos são: NBR 7217-Composição Granulométrica, NBR 7219-Teor de

Material Pulverulento, NBR-7218-Teor de Argila em Torrões, NBR-7220-Teor

de Impurezas Orgânicas, NBR-9936-Teor de Partículas Leves.

Massa

Específica

(Kg/l)

Massa

Unitária

(Kg/l)

Absorção

(%)

Diâmetro

Máximo

(mm)

Módulo de

Finura

2.62 1.20 XX 1.20 1.76

FIGURA Nº21.

Características do Agregado Miúdo.

Fonte. Supermix Concreto S.A, 2001.

Page 62: Concreto

61

Locais de exploração de agregado miúdo no estado do Pará. FIGURA Nº 22.

Fonte: CPRM,1977.

Page 63: Concreto

62

FIGURA Nº 23.

Extração de Agregado Miúdo, Nova Timboteua - Pa.

Fonte: Paulo Macambira,2001.

A Figura Nº 24 corresponde a um laudo técnico executado pela firma

Concressolo sobre controle de qualidade dos agregados miúdo utilizados no

concreto em Belém do Pará. Com a sua interpretação, observa-se que o mesmo

possui uma coloração esbranquiçada e ausência de argila no material. O material

constitui-se de quartzo, variando entre 0,15mm e 2,4mm de diâmetro e uma média

de 0,6mm, e finura de 1,83. Tratando-se portanto de um material compatível para a

fabricação de concreto. Os demais parâmetros são massa específica (2,638Kg/l),

peso unitário (1,236Kg/l), teor de materiais pulverulentos (6,4%), teor de argila de

(0%), e impurezas orgânicas (inferiores a 300ppm).

Page 64: Concreto

63

CONCRESOLO – TECNOLOGIA DE CONCRETO E SOLOS AGREGADOS PARA CONCRETO

OBRA:

LOCAL:

CLIENTE: Brasil Beton S/A

Procedência: SANTA BÁRBARA-PA

Fornecedor: TRIANAS

Certificado Nº 46

ENSAIOS

Porcentagem Retida Abertura da

Peneira (mm)

Material

Perdido

(gr) Individual Acumulada

76

50

38

32

25

19

12,5

9,5

6,3

4,8 ZERO ZERO ZERO

2,4 17,6 1,8 2

1,2 45,1 4,5 6

0,6 244,0 24,4 31

0,3 285,6 28,6 59

0,15 258,2 25,8 85

FUN DO 149,5

TOTAL 1000

DIÂMETRO MAXIMO (mm): 2,4

MÓDULO DE FINURA: 1,83

MASSA ESPECÍFICA (NBR 9997 / 87): XX KG / LITRO GRAUDO

ABSORÇÃO GRAUDO (NBR 9997 / 87): XX % MASSA ESPECÍFICA (NBR 9976 / 87):2,638 KG / LITRO MIUDO PESO UNITÁRIO (NBR 7251 / 08): 1236 KG / LITRO TEOR DE MATERIAIS PULVERULENTOS (NBR 7219 / 87):6,4 % TEOR DE ARGILA EM TORRES (NBR 7218 / 87): 0,0 % IMPUREZAS ORGÂNICAS DAS AREIAS ( NBR 7228 / 87):INF. A 300 PPM INCHAMENTO DE AGRE GADO MIUDO ( 6467 / 87): XX INDICE DE FORMA DE AGREGADO GRAUDO (NBR 7889 / 83): XX ABRASÃO LOS ANGELES (NBR 6465 / 84):XX OUTROS: XX

DATA: 31/07/93 LOCAL: BELÉM – PA ENG: RESP.

COMPOSIÇÃO GRANULOMÉTRICA (NBR 7217/87) AGREGADO:MIÚDO (AREIA)

OBSERVAÇÕES: AREIA FINA DE COR BRANCA COLETA EM 23/07/93 ENSAIOS DE 23 A 30/07/93

Page 65: Concreto

64

As Figuras Nº 25 e 26 correspondem a laudos técnicos de controle de

qualidade de resistência à compressão, do concreto usinado utilizado em uma

obra de grande porte, que está sendo realizada em nosso Estado (Alça

Viária). Com a interpretação desses laudos, observa-se atualmente está

sendo usado um concreto de fck variando entre 25 e 40 Mpa Isso demonstra

que o CAD (Concreto de Alto Desempenho), vem sendo utilizado em nossas

obras, a fim de atender aos avanços tecnológicos dessa área.

CLIENTE:XXX

CONTRATADA: Construtora XXX OBRA: CONSTRUÇÃO DAS PONTES SOBRE OS RIOS MOJU - CIDADE, MOJU – ALÇA E ACARÁ, TRECHO ALÇA RODOVIÁRIA DE BELÉM, PERTENCENTE AO SISTEMA DE INTEGRAÇÃO PARAENSE (SIP). APLICAÇAO: .PRÉ-lAJES

FCK 25 MPA AOS 28 DIAS DE IDADES CLASSE DO CIMENTO: CPII Z 32 NASSAU. FATOR ÁGUA/CIMENTO:0,44 TRAÇO UNITÁRIO DO CIMENTO:1:1,584:2,941

ABATIMENTO:10±1 CM FATOR ÁGUA /MAT. SECOS: 8% TEOR DE ARGAMASSA:46,8%

CARACTERÍTICAS DOS AGREGADOS

MATERIAL M. ESPECÍF. M.UNITÁRIA ABSORÇÃO DIAM. MÁX. MÓD. FIN. (Kg/l) (Kg/l) (%) (mm) AREIA SEIXO

2,62

2,60

1,20(h=5%)

1,60

XX

0,8

1,2

2,5

1,76

6,77 OBSERVAÇÕES:

1) EXECUTAR CONTROLE DE RESISTÊNCIA DO CONCRETO 2) MODALIDADE DE LANÇAMENTO: CONVENCIONAL 3) AGREGADOS UTILIZADOS: SEIXO ROLADO QUARTZOSO + AREIA FINA BRANCA.

4) USAR VIBRAÇÃO MODERADA.

Page 66: Concreto

65

I- CLIENTE:XXX

CONTRATADA:XXX. OBRA: CONSTRUÇÃO DAS PONTES SOBRE OS RIOS MOJU- CIDADE, MOJU –ALÇA E ACARÁ, TRECHO ALÇA RODOVIÁRIA DE BELÉM, PERTENCENTE AO SISTEMA DE INTEGRAÇÃO PARAENSE (SIP). APLICAÇAO: .FABRICAÇÃO DE ESTACAS PREMOLDADAS

FCK 40 MPA AOS 28 DIAS DE IDADES CLASSE DO CIMENTO: CPII Z 32 NASSAU. FATOR ÁGUA/CIMENTO:0,36 TRAÇO UNITÁRIO DO CIMENTO:1:1,225:2,275

ABATIMENTO:8 A 12 CM FATOR ÁGUA /MAT. SECOS: 8% TEOR DE ARGAMASSA:49,4 %

CARACTERÍTICAS DOS AGREGADOS

MATERIAL M. ESPECÍF. M.UNITÁRIA ABSORÇÃO DIAM. MÁX. MÓD. FIN. (Kg/l) (Kg/l) (%) (mm) AREIA SEIXO

2,62

2,60

1,20(h=5%)

1,60

XX

0,8

1,2

2,5

1,76

6,77 OBSERVAÇÕES:

5) EXECUTAR CONTROLE DE RESISTÊNCIA DO CONCRETO 6) MODALIDADE DE LANÇAMENTO: CONVENCIONAL 7) AGREGADOS UTILIZADOS: SEIXO ROLADO QUARTZOSO + AREIA FINA BRANCA.

8) USAR VIBRAÇÃO MODERADA.

Page 67: Concreto

66

4.4-Cimento

A única fábrica de cimento de nossa região está localizada na cidade de

Capanema (Nordeste do estado), e pertence à empresa Cibrasa Cimentos do Brasil

S.A.-CIBRASA. O calcário utilizado para a fabricação de cimento é extraído de várias

jazidas localizadas na Formação Pirabas, de idade miocênica (cerca de 18 milhões

de anos). Esse calcário apresenta características físico-químicas compatíveis para a

fabricação de cimento e utilização corretiva de solo. Trata-se da mais importante

reserva situada nas proximidades de Belém e tem fornecido satisfatoriamente, por

mais de trinta anos matéria prima de boa qualidade para a fabricação de Cimento

Portland. Atualmente, sendo o mais fabricado o CP IIZ-32.

FIGURA Nº27.

As fotografias 27 e28, ilustram o modelo de usinas de concreto situadas em

Belém/Pa.

Fonte :Paulo Macambira,2001.

FIGURA Nº28

Page 68: Concreto

67

Os laudos técnicos (Figuras Nº 29 e 30) que a seguir, elaborados pela

CIBRASA, correspondem a certificação do controle de qualidade do cimento

fornecido no período de 14 a 23 de dezembro de 2000 (Figura Nº 29) e 23 a

29 de dezembro de 2000 (Figura Nº 30).

Os ensaios químicos demonstraram resultados semelhantes, no que se

refere a Perda ao Fogo (3,65 e 3,83%), Dióxido de Silício (21,77 e 22,80%),

Oxido de Alumínio (8,02 e 9,08%), Oxido de Ferro (2,94 e 2,61%), Oxido de

Cálcio (56,24 e 55,27%), Oxido de Magnésio (2,76 e 2,40%), Trióxido de

Enxofre (3,30 e 2,95%), Resíduo Insolúvel (10,62% e 12,51%), CaO livre

(3,05 e 2,82%), Ferro Aluminato Tetracálcio (8,95 e 7,94%) e Sulfato de

Cálcio (5,61 e 5,02%).

No que se refere aos ensaios físicos observa-se um comportamento

semelhante ao observado nas análises químicas, ou seja:referente a peneira

200 (1,6 e 1,7%), referente a peneira 325 (9,3 e 8,7%), área específica (5.423

e 5.598 cm2/g), massa específica (3.01 e 3.00g/cm3), consistência normal

(29,2 e 29,6%), tempo de pega inicial (3.35 a 3.50 minutos), expansão a

quente (0,5mm) e resistência a compressão em 3,7 e 28 dias (24,4 a

23,4Mpa; 36,2 a 37Mpa; 48,2 e 47,3).

As diversas metodologias utilizadas para as determinações acima,

assim como, os parâmetros obtidos estão de acordo com as especificações

da NBR para a fabricação de cimento. Observa-se, também, que as

diferenças numéricas entre os dois laudos são de pequena amplitude,

inferiores a 17% e normalmente com valores menores do que 6%. Neste

contexto e tratando-se de matéria prima mineral, conclui-se pela grande

homogeneidade físico-química do cimento produzido pela CIBRASA,

tornando-o próprio para a sua utilização na fabricação do concreto.

Page 69: Concreto

68

FIGURA Nº 29.Fonte: CIBRASA.

Page 70: Concreto

69

FIGURA Nº 30. Fonte: CIBRASA.

Page 71: Concreto

70

4.5-Mão-de-Obra para a Execução do Concreto na Região

A questão da qualidade tem sido largamente discutida na indústria da

construção civil nas últimas décadas. A busca pela sua obtenção em todo o

processo produtivo é justificada pela permanência no mercado competitivo, através

da satisfação das necessidades do cliente, com diminuição relativa dos custos totais

do empreendimento, qualidade final do produto satisfatória e conseqüentemente um

aumento da produtividade.

A implantação e o desenvolvimento dos programas da qualidade na indústria

da construção civil não seguiu o mesmo processo evolutivo da qualidade na

indústria de modo geral. Este fato decorreu por diversos motivos e, dentre eles, a

idéia da não aplicabilidade dos conceitos de qualidade a este tipo de indústria, por

esta apresentar características peculiares.

Observa-se, hoje, nos segmentos relacionados à construção civil, uma

crescente preocupação com a adoção de conceitos relativos à qualidade no

desenvolvimento de suas operações. Esta busca pela qualidade foi impulsionada

pelo aumento da competitividade e pela necessidade de satisfazer as necessidades

do cliente, tornando-se, assim, um fator essencial para a sobrevivência dessas

empresas.No entanto, nem todas procedem dessa forma, havendo entretanto uma

variação na busca pela qualidade, segundo o grau de desenvolvimento e

conscientização de cada empresa. É muito importante ressaltar que todo esse

movimento de busca de maior qualidade e produtividade, desenvolvida pelos mais

diversos ramos industriais nas últimas décadas, visam atingir uma redução de custos

no processo produtivo e, conseqüentemente, um aumento no lucro. Anteriormente, o

preço do produto era definido pela soma dos custos da produção e do lucro

previamente arbitrado. Hoje, essa situação mudou e o lucro passou a ser “resultante

do diferencial entre o preço praticado pelo mercado e os custos da empresa”,

segundo o Centro Tecnológico de Engenharia - CTE(1994).

Page 72: Concreto

71

As empresas construtoras envolvem um grande número de parâmetros no

processo produtivo, que precisam estar perfeitamente articulados, de modo a

permitir o adequado desenvolvimento das atividades. Essa articulação depende do

nível de organização atingido pela empresa e vai proporcionar uma melhora no

desempenho de cada etapa do processo, bem como do produto final, ou seja, a

obtenção da qualidade.

Com o Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade, que atualmente

está sendo implantado, cientes da urgência da adoção de programas de qualidade e

produtividade na indústria da construção civil brasileira, muitos órgãos têm

desenvolvido pesquisas e proposto alternativos para melhoria desta situação. O

texto do Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade –PBQP (1992), por

exemplo, analisa todos esses aspectos e ressalta a interdependência das diversas

atividades que participam do processo de produção. Este documento enumera

algumas características do setor que influenciam na qualidade e produtividade, os

quais seguem:

→heterogeneidade do produto, à medida que cada obra gera um produto único;

→demanda pública e privada com possibilidade de produção sem encomendas

prévias;

→predominância de empresas de pequeno porte; uso intensivo da mão-de-obra no

processo produtivo;

→emprego de grande variedade de materiais e componentes no processo produtivo;

→diversidade econômica, cultural, regional e climática das várias regiões do País,

levando a materiais e padrões construtivos diferenciados;

→responsabilidades dispersas, devido ao excessivo número de intervenientes no

processo: agentes financeiros, órgãos públicos, projetistas, fabricantes de materiais

de construção, construtores, e outros órgãos de apoio.

Page 73: Concreto

72

4.6-Restrições Institucionais

A atual situação econômica brasileira estabelece sérias restrições ao

desenvolvimento pleno da construção civil. A instabilidade gerada pelo desempenho

econômico, determinado por ciclos de recessão-expansão, prejudica o

desenvolvimento pleno das atividades relativas à produtividade e qualidade. Há,

também, restrições relacionadas à inadequação dos códigos de obras, legislação de

igual e alta carga tributária no processo.

Na busca de traçar um perfil das atuais condições da indústria da construção civil

brasileira, verifica-se que se trata de uma atividade que apresenta características

peculiares, que tornam complexas quaisquer tentativas de implantar um programa

de qualidade e produtividade.

“O quadro apresentado mostra que o desperdício ainda é muito grande, sendo

ele resultado de falhas ao longo do processo produtivo, gerencial e administrativo e

também na fase de pós-ocupação. Essa falha devem-se a: uso de materiais baixa

qualidade; utilização de técnicas arcaicas; falta de preparo da mão-de-obra;

ausência de um planejamento detalhado do processo produtivo; geração de

patologias construtivas” (CTE,1994). Tudo isso, de forma agregada, resulta num alto

índice de retrabalho e tempo ocioso de mão-de-obra e equipamento, constituindo-se

num entrave à obtenção da qualidade.

4.6.1-Mão-de-obra A adoção de programas que busquem uma melhoria da qualificação tem que

levar em consideração um aspecto de extrema importância: a mão-de-obra. A

preocupação com a capacitação e a motivação da mão-de-obra é crescente na

indústria da construção civil. No entanto, esta preocupação não é exclusiva das

empresas deste setor, é extensiva a todas as empresas que buscam a obtenção de

resultados otimizados. Atualmente nas empresas construtoras, este ponto tem

adquirido um destaque especial.

Page 74: Concreto

73

A situação da mão-de-obra utilizada na Construção, é analisada por Loudes,

1992). A autora apresenta alguns aspectos que resultam na ineficiência dos

operários. “Primeiramente, observa-se que a mão-de-obra brasileira apresenta a

característica de ser constituída por trabalhadores não especializados, analfabetos,

alguns envelhecidos (inadequados para um setor que requer trabalho braçal) e

outros bastante jovens e inexperientes e que aceitam, por necessidade, quaisquer

condições de trabalho”.

Outro aspecto é a alta rotatividade do mercado de trabalho em função do

salário insuficiente, das condições de trabalho inadequadas e da difícil relação com

os superiores. Uma outra grande falha apontada é a não existência de uma busca

contínua pela capacitação da mão-de-obra. É rara a formação de profissionais de

nível médio (como mestres, encarregados e outros mais especializados, como

eletricistas) através de cursos, como também, a adoção de programas de

alfabetização e treinamento dos operários em geral.

Um primeiro aspecto a ser considerado é o fato de que o curso universitário,

acaba por tornar o engenheiro muito próximo de tecnicidade e muito distante dos

problemas organizacionais e administrativos do canteiro de obra. O engenheiro

termina o seu curso como um profissional tecnicamente capaz, porém sem

preparação prática (na maioria dos casos) para enfrentar o cotidiano da construção.

Uma outra consideração é a que o engenheiro não sabe como orientar a

execução dos serviços, deixando-a a cargo do operário, sob orientação direta do

mestre ou encarregado. Isto acaba por gerar um efeito em cadeia, quando se

considera que as pessoas envolvidas no processo produtivo, não conhecem a

melhor forma de desempenhar o trabalho, já que tanto os operários quanto os

mestres e engenheiros muitas vezes agem, dentro da sua perspectiva da execução,

de forma empírica, baseada mais na tradição do que no conhecimento.

Page 75: Concreto

74

A partir da análise desta situação em que se encontra a mão-de-obra da

indústria da construção, tanto especializada quanto não especializada, procura-se

adotar medidas que acabem com o entrave à qualidade causado pelo seu

desempenho insatisfatório.

Este é um grande avanço, porém é preciso que esses tipos de programas

estendam-se por todo o Brasil para que a indústria da Construção Civil, de forma

geral e não regionalmente, sinta os efeitos benéficos desse tipo de preocupação

com a mão-de-obra. Torna-se fundamental a busca pela definição de uma série de

atitudes, que deverão ser tomadas para melhorar o seu desempenho. A qualidade e

conseqüente a produtividade, só poderão ser plenamente conquistadas através da

melhoria generalizada da situação atual da mão-de-obra.

Nas ilustrações a seguir,(Figuras Nº 31, 32 e 33), pode-se verificar alguns

exemplos de obras de engenharia realizadas em nossa cidade. Essas obras contam

com trabalhadores mal qualificados, lidando com um produto muito importante, o

concreto. Pode-se perceber que se tratam de obras que utilizam tanto o concreto

usinado (Figuras Nº 31 e 33), como concreto batido na obra(Figura Nº 32).

FIGURA Nº 31 Fonte: Paulo Macambira,2001.

Page 76: Concreto

75

FIGURA Nº 32 Fonte: Paulo Macambira ,2001.

FIGURA Nº 33 Fonte: Paulo Macambira, 2001.

Page 77: Concreto

76

5-DETERIORAÇÃO DAS ESTRUTURAS DURANTE A CONSTRUÇÃO

Há ocasiões em que se tem um bom projeto, e a estrutura está perfeitamente

calculada e, no entanto, apresenta defeitos em obra que, analisados, indicam que

houve alguns erros, como problemas de planejamento ou execução. Na verdade,

nos passos intermediários entre o projeto e a execução, podem ser introduzidos

erros evitáveis, quando se faz uma revisão e comprovação muito meticulosa para

retificar o que for necessário antes do início da obra.

Ripper, E. (1996) aponta que:

"em casos de dúvidas ou falhas de projeto, o responsável da

obra deve consultar o projetista, porque somente este sabe o

objetivo do elemento construtivo em questão. Em casos

excepcionais, se for difícil a consulta ou por falta de tempo, só

um engenheiro pode tomar as providências necessárias,

conhecendo como trabalham os diversos componentes do

concreto armado e da estrutura, e somente ele pode saber que

medidas devem ser tomadas. Mas o engenheiro da obra deve

decidir somente quando estiver absolutamente seguro da

solução do problema". (p. 17)

Um bom exemplo de deterioração são os defeitos nas plantas de armação,

com o emprego de escalas insuficientes ou como conseqüência da substituição de

plantas claras por listas de armações confusas, realizadas em obra e, em geral,

deficientes. É fundamental observar que as plantas vão ser interpretadas na obra,

por pessoal diferente ao do projeto, e que a falta de clareza pode ocasionar erros

lamentáveis.

Page 78: Concreto

77

5.1-Problemas com Fôrmas e Escoramentos

O uso de fôrmas convencionais de madeira ou metal, faz com que junto às

superfícies do concreto forme-se uma camada de pasta e argamassa, com

qualidade inferior as camadas internas do concreto devido à elevada relação

água/cimento. Essas fôrmas podem ocasionar efeitos indesejáveis no concreto, que

podem afetar sua própria estrutura produzindo vazios, alvéolos, ondulações,

deformações ou efeitos que podem afetar seu aspecto, produzindo mudança de

coloração que enfeiam concretos que tem que ficar aparentes. Para Canoas, esses

efeitos indesejáveis podem ser resumidos nos seguintes:

a. Grupos de cavidades em forma de ninhos de pedras, devidos à segregação,

má compactação ou fugas de nata através das juntas da fôrma;

b. Destacamentos por aderência do concreto à fôrma;

c. Deformações por deficiência no alinhamento da fôrma;

d. Deformação da fôrma sob a carga do concreto fresco.

Além das causas patológicas, citadas, existem outras decorrentes de execução e

que podem ser consideradas como conseqüências da falta de fiscalização na

limpeza; como: emprego de fôrmas sujas e com restos de argamassa ou pasta de

usos anteriores; a falta de limpeza quando se vai concretar, colocando janelas na

parte inferior das fôrmas de pilares; o não umedecimento ou falta de desmoldantes

nas superfícies das fôrmas.

A garantia de que uma estrutura ou qualquer peça da construção seja executada

fielmente ao projeto e tenha a forma correta, depende principalmente da exatidão

das fôrmas e do escoramento.

Geyer & Greven (1999) objetivando propor uma alternativa a este problema,

aplicam um método de drenagem do concreto através das fôrmas, chamado Método

das Fôrmas Drenantes.

Page 79: Concreto

78

5.2-A Fôrma dos Pilares Deve-se prever contraventamento segundo duas direções perpendiculares

entre si (geralmente é feito só em uma direção). Devem ser bem apoiadas no

terreno, em estacas firmemente batidas ou nas fôrmas da estrutura inferior.

É necessário cuidado na fixação dos contraventamentos, que é uma fonte de

erros, aplicando-se somente um ou dois pregos. Os contraventamentos podem

receber esforços de tração e por este motivo devem ser bem fixados, com bastante

segurança nas ligações com a fôrma e com os apoios no solo.

No caso de pilares altos, deve-se prever contraventamento em dois ou mais

pontos de altura. Em contraventamentos longos, prever travessas com sarrafos para

evitar flambagem

É muito importante deixar na base dos pilares, uma janela para limpeza e

lavagem do fundo. No caso de pilares altos, deve-se prever janelas intermediárias

para concretagem em etapas.

Page 80: Concreto

79

Fonte:Pacha

Figura Nº 34

Escoramento das juntas das fôrmas

Page 81: Concreto

80

5.3-Problemas com Vigas e Lajes Deve-se verificar se as fôrmas têm as amarrações, escoramentos e

contraventamentos (escoras laterais inclinadas) suficientes para não sofrerem

deslocamentos ou deformações durante o lançamento do concreto.

As distâncias máximas de eixo a eixo são as seguintes:

a. Para gravatas: 0,6 a 0,8 m

b. Para caibros horizontais das lajes: 0,5 m

c. Entre mestras ou até apoio nas vigas: 1 a 1,2 m

d. Entre pontaletes das vigas e mestras das lajes: 0,8 a 1 m

Deve-se ter cuidado especial nos apoios dos pontaletes sobre o terreno para

evitar o recalque e, em conseqüência, flexão nas vigas e lajes. Quanto menos sólido

o terreno, maior a tábua, ou, melhor ainda,apoiar sobre duas tábuas ou pranchas,

para que a carga do pontalete seja distribuída em uma área maior.

Nas fôrmas laterais das vigas (principalmente no caso de vigas altas) a das

paredes (muros de arrimo e cortinas) não é suficiente à armação com escoras

verticais e horizontais, ancoradas através do espaço interior das fôrmas com arame

grosso ou ferro redondo fino. É necessário prever também um bom escoramento

lateral, com mãos francesas entre a parte superior da escora vertical e a travessa do

pontalete ou contra o piso ou terreno, conforme o caso. Nas paredes altas deve-se

prever mãos francesas em diversas alturas. Este escoramento lateral inclinado evita

um empenamento das fôrmas sob pressão do concreto fresco e garante um perfeito

alinhamento da peça. Assim se evitam as desagradáveis "barrigas" ou superfícies

tortas. Nas vigas de grandes vãos deve-se prever contraflechas que, quando não

indicadas no projeto, podem ser executadas a cada 1/3 do vão.

Page 82: Concreto

81

5.4-Juntas nas Fôrmas As juntas entre tábuas ou chapas compensadas devem ser bem fechadas

para evitar o vazamento da nata de cimento o que pode causar rebarbas ou vazios

na superfície do concreto. Estes vazios, servem para a penetração de água, que

ataca a armadura, no caso de concreto aparente.

O fechamento dessas juntas geralmente se faz com papel de sacos de

cimento ou jornais, o que é um procedimento não muito eficiente. É mais eficiente o

fechamento das juntas com massa plástica (mesmo de qualidade inferior) ou com

mata-juntas. É importante colocar as tábuas com o lado do cerne voltado para o

interior das fôrmas, para evitar que as juntas se abram quando essas tábuas

empenam por efeito da umidade ou exposição ao sol.

Recomenda-se fazer o fechamento das juntas somente pouco antes da

concretagem, porque, quando expostas por muito tempo às intempéries, as fôrmas

sofrem deformações, as juntas se abrem e esse fechamento se desprende,portanto,

perdendo-se esse serviço.

Por esse motivo, as mata-juntas devem ser mais seguras e para um serviço

nobre deve-se assumir esse custo adicional.

Exemplificação das falhas construtivas mais freqüentes, relacionadas

diretamente às fôrmas e aos escoramentos convencionais:

-Falta de limpeza e da aplicação de desmoldantes nas fôrmas antes da

concretagem, o que ocasiona distorções e "embarrigamentos" natos nos elementos

estruturais (sendo necessário enchimentos de argamassa maiores dos que os

usuais e, consequentemente, provoca a sobrecarga da estrutura);

-Insuficiência de estanqueidade das fôrmas, o que torna o concreto mais

poroso, por causa da fuga de nata de cimento através das juntas e fendas próprias

da madeira, com a conseqüente exposição desordenada dos agregados;

Page 83: Concreto

82

-Retirada prematura das fôrmas e escoramentos, o que resulta em

deformações indesejáveis na estrutura e, em muitos casos, em acentuada

fissuração;

-Remoção incorreta dos escoramentos (especialmente em balanços, casos

em que as escoras devem ser sempre retiradas da ponta do balanço para o apoio), o

que provoca o surgimento de trincas nas peças, como conseqüência da imposição

de comportamento estático não previsto em projeto (esforços não dimensionados).

Fonte:Pacha

Figura Nº 35. Juntas das Fôrmas e Posição das Tábuas

Page 84: Concreto

83

5.5-Deficiência nas Armaduras das Estruturas

Os problemas patológicos causados por deficiências ou erros na colocação das

armaduras são das mais diversas ordens e, lamentavelmente, ocorrem com elevada

freqüência. As deficiências que podem ser apontadas como as mais comuns são:

5.5.1-Má Interpretação dos Elementos de Projeto

a. que, em geral, implica na inversão do posicionamento de algumas armaduras

ou na troca de uma peça pela outra; e

b. defeitos nas plantas de armação, emprego de escalas insuficiente ou

substituição de plantas por listas de armações confusas já comentadas.

5.5.2-Insuficiência nas Armaduras:

a. É conseqüência da irresponsabilidade, dolo ou incompetência, com

implicação direta na diminuição da capacidade de resistência da peça

estrutural;

5.5.3-Qualidade das Armaduras:

a. As obras com estrutura de responsabilidade e nas de grande porte, deve-se

tomar de cada remessa de aço e de cada bitola, 2 pedaços de barras de 2,2

m de comprimento (não considerando 200 mm da ponta da barra fornecida)

para ensaios de tração. Isso é necessário para verificação da qualidade do

aço, em vista de muitos laminadores, não garantirem a qualidade exigida

pelas normas que serviram como base para os cálculos.

5.5.4-Posicionamento das Armaduras

a. Mau posicionamento das armaduras, que se pode traduzir na não

observância do correto espaçamento entre as barras (em lajes isto é muito

comum), como se vê na Figura Nº 36, ou no deslocamento das barras de aço

de suas posições originais, muitas vezes motivado pelo trânsito de operários

e carrinhos de mão, por cima da malha de aço, durante as operações de

concretagem, – o que comum nas armaduras negativas das lajes e

Page 85: Concreto

84

poderá ser crítico nos casos de balanço. O recurso a dispositivos adequados

(espaçadores, pastilhas e caranguejos) é fundamental para garantir o correto

posicionamento das barras da armadura;

b. Concentração de armaduras em nós ou outros pontos singulares, o que

impede não apenas que sejam corretamente posicionadas, mas que seja

realizada a concretagem de maneira correta.

Fonte:Pacha

Figura Nº 36.

Armadura negativa da laje fora de posição

5.5.5-Cobrimento: Cobrimento de concreto insuficiente, ou de má qualidade, o que facilita a

implantação de processos de deterioração, tal como a corrosão das armaduras, ao

propiciar acesso mais direto dos agentes agressivos externos. Também neste caso

torna-se indispensável o uso dos espaçadores.

Page 86: Concreto

85

Fonte:Pacha

Figura Nº 37

Espaçadores de plástico (Catálogos da Coplas Ind. de Plásticos)

5.5.6–Espaçamento Mínimo: A norma brasileira indica que qualquer barra da armadura, inclusive de

distribuição, de montagem e estribos, deve ter cobrimento de concreto pelo menos

igual ao seu diâmetro, mas não menor que:

a)para concreto revestido com argamassa de espessura mínima de 1 cm:

- em lajes no interior de edifícios: 0,5 cm

- em paredes no interior de edifícios: 1,0 cm

- em lajes e paredes ao ar livre: 1,5 cm

- em vigas, pilares e arcos no interior de edifícios: 1,5 cm

Page 87: Concreto

86

b)em vigas, pilares e arcos ao ar livre: 2,0 cm

para concreto aparente:

- no interior de edifícios: 2,0 cm;

-ao ar livre: 2,5 cm

c) para concreto em contato com o solo: 3,0 cm

- se o solo for rochoso, sob a estrutura deverá ser interposta uma camada

de concreto simples, não considerada no cálculo, com o consumo mínimo

de 250 kg de cimento por metro cúbico e espessura de pelo menos 5 cm.

d) para concreto em meio fortemente agressivo: 4,0 cm

Para cobrimento maior do que 6cm se deve colocar uma armadura de pele

complementar, em rede, cujo cobrimento não deve ser inferior aos limites

especificados neste item.

Fonte:Pacha

Figura Nº 38

Espaçamento irregular em armaduras de lajes

Page 88: Concreto

87

Conforme Helene & Terzian, 1986 "um bom cobrimento das armaduras, com

um concreto de alta compacidade, sem ‘ninhos’, com teor de argamassa adequado e

homogêneo, garante, por impermeabilidade, a proteção do aço ao ataque de

agentes agressivos externos".

5.5.7-Erros na Concretagem O concreto é um material que responde muito bem quando é tratado

adequadamente. Entretanto, é um material que pode sofrer muito desde a sua

fabricação e pelo resto de sua existência, não sendo de se estranhar que se

deteriore num prazo mais ou menos curto.

A heterogeneidade do concreto, conseqüência da falta de análises freqüentes

do cimento, agregados, umidade dos mesmos, etc., pode ser prevista ao se dosar o

concreto; entretanto, existe uma série de erros de execução que pode diminuir ainda

mais as resistências e ocasionar falta de uniformidade na mistura, com o

aparecimento de trincas, fissuras, vazios, bolhas, desprendimentos, etc. A maior

parte dos erros e descuidos no concreto corresponde às fases de aplicação e cura.

Não cabe discutir a qualidade de um concreto feito em obra,comprado ou pré-

misturado em centrais. Há casos de concretos bons e maus, procedentes das duas

origens assinaladas. Os concretos são bons quando são feitos cuidadosamente e

não há duvida que, qualquer construtor possa fazer um concreto péssimo com

ingredientes de primeira qualidade; tudo depende do cuidado que se tenha na

preparação.

Já aconteceram falhas importantes em concretos procedentes de centrais, por

apresentarem torrões de argila em sua massa; outras vezes, foi preciso demolir uma

parte da estrutura, em razão de que a central havia enviado um concreto de 200

kg/m3 de cimento, em lugar de um de 20,00 MPa de resistência. Existem centrais

muito boas e de grande garantia e outras, felizmente em menor número, que

fornecem concretos muito variáveis.

Page 89: Concreto

88

Por outro lado, é conveniente assinalar que a responsabilidade da central tem

sobre a qualidade do concreto, termina com a sua entrega em obra. Pode acontecer

que um bom concreto se transforme em deficiente razão das operações realizadas,

e alheias a quem o dosou, transportou e entregou.

5.5.8-Materiais de Construção em Geral O material mais utilizado em estruturas é o concreto armado, entendendo-se

como tal a mistura íntima de cimento, agregados, água, eventualmente aditivos e o

aço que vai constituir a fibra ou nervo de que o concreto necessita para ser um

material estrutural completo.

A patologia do concreto armado está, portanto, relacionada à patologia dos

seus componentes, que deverão reunir uma série de características que impeçam a

ocorrência, em curto prazo, de defeitos mais ou menos graves no concreto.Segue-se

a apreciação de alguns dos casos, mais comuns, de utilização incorreta de materiais

de construção:

a) utilização de concreto com fck diferente do especificado, devido à encomenda

errada, no fornecimento de concreto pronto,ou no virado na obra;

b) utilização de aço com características diferentes das especificadas, quer em

termos de categorias, quer de bitolas;

c) assentamento das fundações em camadas de solo com capacidade resistente ou

características, de uma maneira geral inferiores à requerida;

d) utilização de agregados reativos, instaurando, desde o início, a possibilidade de

geração de reações expansivas no concreto, e potencializando os quadros de

desagregação e fissuração do mesmo;

e) utilização inadequada de aditivos, alterando as características do concreto, em

particular as relacionadas com resistência e durabilidade;

Page 90: Concreto

89

f) dosagem inadequada do concreto, seja por erro no cálculo do mesmo, seja pela

utilização incorreta de agregados, do tipo de cimento ou de água.

5.14-Controle de Qualidade de Execução

Sendo a última, esta é, talvez, a maior de todas as causas relacionadas com

falhas na construção. Posto que, se existir controle de qualidade adequado, as

deficiências relacionadas anteriormente, na sua grande maioria, terão

substancialmente reduzidas às possibilidades de virem a ocorrer, ou, pelo menos,

serão atenuadas suas conseqüências, em termos do quadro patológico resultante.

É assim uma questão fundamental, a de se diminuir a possibilidade de

deterioração precoce da estrutura, durante toda a fase de execução da obra,

Portanto, a assistência de um engenheiro tecnologista e a total obediência às

Normas, são de máxima importância na confecção do concreto. A limpeza

inadequada dos equipamentos para transporte do concreto, pode provocar

contaminações ao mesmo, proporcionando queda da resistência ou manchas.

Durante o uso destes equipamentos no processo de concretagem deve-se tomar o

cuidado de lavá-los periodicamente com jatos de água, a fim de evitar a formação de

películas de argamassa endurecida em sua superfície. A água utilizada na lavagem

não deve permanecer no interior do equipamento.

A Figura Nº 39, indica-se as operações que devem ser controladas, devendo

entender-se que aquelas citadas no quadro são as principais e de caráter geral,

podendo, conseqüentemente, existir algumas outras e, inclusive, as indicadas

podem ser suprimidas por outras, de acordo com o caráter particular da obra.

Page 91: Concreto

90

Fase de controle de execução Operações que se controlam

Antes da concretagem

a. Revisão das plantas, do projeto e da obra;

b. Comprovação de betoneiras, vibradores, equipamentos de

transporte, fôrmas para os corpos de prova, medidas de

segurança etc;

c. Andaimes e cimbras;

d. Fôrmas e moldes;

e. Dobramento, transpasse e posição de armaduras;

f. Previsão de juntas;

g. Previsão de concretagem em tempo frio;

h. Previsão de concretagem em tempo quente;

i. Previsão de concretagem sob chuva.

Durante a concretagem

a. Preparo, transporte e lançamento do concreto;

b. Adensamento do concreto;

c. Juntas;

d. Concretagem em tempo frio;

e. Concretagem em tempo quente;

f. Concretagem sob chuva.

Posterior a concretagem

a. Cura;

b. Retirada de escoramento e desfôrma;

c. Flechas e contraflechas;

d. Acabamento de superfícies;

e. Transporte e colocação de peças pré-fabricadas;

f. Previsão das ações mecânicas durante a execução;

g. Reparação de defeitos superficiais.

FIGURA Nº39.

Fases de Controle de Execução (Cánoas, 1988)

Page 92: Concreto

91

6-RELATOS DE PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS

Conforme Helene & Terzian, 1992 :

"a patologia pode ser entendida como a parte da engenharia

que estuda os sintomas, os mecanismos, as causas e origens

dos defeitos das construções civis, ou seja, é o estudo das

partes que compõem o diagnóstico do problema".

Os problemas patológicos, salvo raras exceções, apresentam manifestações

externas características, a partir das quais se pode deduzir qual a natureza, a origem

e os mecanismos dos fenômenos envolvidos, assim como se pode estimar suas

prováveis conseqüências. Esses problemas patológicos só se manifestam após o

início da execução do concreto propriamente dita, a qual corresponde a última etapa

da fase de produção. Em relação à recuperação dos problemas patológicos, Helene

& Terzian, 1992 afirmam que "as correções serão mais duráveis, mais efetiva, mais

fáceis de executar e muito mais baratas quanto mais cedo forem executadas".

Os exemplos patológicos foram apresentados foram selecionados de laudos e

relatórios de inspeção técnica obtidos em escritórios de conceituado respaldo

técnico na área de patologias da cidade de Belém. Esta cidade apresenta um clima

o tropical, que se caracteriza por elevadas temperaturas e grande intensidade de

precipitações pluviométricas, ou seja, geralmente muito sol pela manhã e chuvas

pela tarde. Em razão disto, as estruturas de concreto armado são as que mais

sofrem com a variação de temperatura. De fato, as peças de concreto a serem

submetidas a esse ciclo devem ser projetadas e executadas para que, apresentem o

máximo de resistência e alto desempenho em relação ao ambiente onde estão

inseridas. O que se apresenta nos próximos tópicos são exemplos em que a

execução eficiente poderia reduzir e/ou até mesmo evitar, as anomalias observadas

na estrutura. A corrosão das armaduras, as fissuras em geral e as desagregações

são os casos mais freqüentes,os quais, antes mesmo de aparecerem, as estruturas

já estavam sendo atingidas por outro processo de deterioração, tais como a

Page 93: Concreto

92

lixiviação, a carbonatação, a expansão em geral, etc.

Um recente levantamento (Aranha,1994), apresenta um estudo de 348

(trezentos e quarenta e oito) casos ocorridos nos últimos vinte anos em estruturas de

concreto armado nas regiões Amazônica (Pará,Rondônia,Roraima e Tocantins),

Nordeste e Centro Oeste, indica a necessidade urgente de treinamento de mão-de-

obra e controle de qualidade para prevenção de futuros problemas.

Amapá Amazonas Maranhão Pará Rondônia Roraima Amazônia Origem dos Danos:

% % % % % % %

Planej/projeto 100,00 20,41 30,43 30,31 50,00 100,00 29,96

Materiais - 16,33 - 4,68 - - 5,39

Execução - 42,85 36,96 38,84 50,00 - 38,79

Usos Previsíveis

- 4,08 21,74 20,11 - - 18,32

Usos Imprevisíveis

- 16,33 10,87 6,06 - - 7,54

Total 0,43 10,56 9,92 78,23 0,43 0,43 100,00

FIGURA Nº 40.

Distribuição das Origens, por Estado, das Manifestações Patológicas Constatadas (Aranha & Dalmolin, 1976 1993).

Page 94: Concreto

93

De acordo com Aranha & Dal Molin, 1994:

"as falhas de execução das estruturas podem ser de todo tipo,

podendo estar vinculadas à confecção, instalação e remoção

das fôrmas e cimbramentos; corte, dobra e montagem das

armaduras e dosagem, mistura, transporte, lançamento,

adensamento e cura do concreto, todas elas relacionadas,

principalmente, ao emprego de mão-de-obra desqualificada ou

falta de supervisão técnica".

Em algumas situações estudadas não é tarefa fácil a simples identificação dos

danos. Obviamente, estabelecer a causa de uma manifestação patológica é às vezes

tarefa bem complexa. Em alguns casos é extremamente difícil identificar-se a origem

de uma patologia, podendo o dano caracterizar mais de uma fonte. Por exemplo,

para um concreto de baixa resistência, pode-se atribuir a origem do dano à etapa de

execução da obra, por não terem sido atendidas as especificações de projeto ou à

etapa de projeto, por não existirem as especificações quanto à qualidade do concreto

a ser produzido, à durabilidade desejada, a trabalhabilidade, ao diâmetro máximo

dos agregados,etc.

Os estudos de Cánovas,1988,afirmam que:

"a patologia na execução pode ser conseqüência da patologia

de projeto, havendo uma estreita relação entre elas; isso não

quer dizer que a patologia de projeto sendo nula, a de execução

também o será. Nem sempre com projetos de qualidade

desaparecerão os erros de execução. Estes sempre existirão,

embora seja verdade que podem ser reduzidos ao mínimo caso

a execução seja realizada seguindo um bom projeto e com uma

fiscalização intensa".

As Figuras 41 a 45, ilustram os diversos exemplos de patologias de corrosão,

enquanto que as Figuras 55 a 59, apresentam dados estatísticos sobre as

manifestações patológicas nos vários grupos de obras.

Page 95: Concreto

94

6.1–CORROSÃO DE ARMADURAS NA BASE DE PILARES

Aspectos Gerais

• Manchas superficiais de tonalidade marrom-avermelhadas; • Fissuras paralelas à armadura; • Redução da seção da armadura; • Descolamento do concreto.

Causas Prováveis

• Alta densidade de armaduras devido a presença de ancoragem não permitindo o cobrimento mínimo exigido;

• Cobrimento em desacordo com o projeto; • Falta de homogeneidade do concreto; • Perda da nata do cimento pela junta das fôrmas; • Alta permeabilidade do concreto; • Insuficiência de argamassa para o envolvimento total dos agregados; • Em áreas de garagem, devido à presença de monóxido de carbono

que pode contribuir para a rápida carbonatação do concreto.

FIGURA Nº 41 Alta densidade de armadura com cobrimento insuficiente provocando corrosão generalizada e expansão da seção das armaduras com posterior rompimento dos estribos, (José R. S. Pacha).

Page 96: Concreto

95

6.2–CORROSÃO DE ARMADURAS EM LAJES

Aspectos Gerais

• manchas superficiais de tonalidade marrom-avermelhadas; • corrosão generalizada em todas as barras da armadura; • redução da seção da armadura; • descolamento do concreto;

Causas Prováveis

• falta de espaçadores; • abertura nas juntas das fôrmas, provocando a fuga da nata do

cimento; • presença de agentes agressivos: águas salinas, atmosferas marinhas,

etc.; • cobrimento em desacordo com o projeto; • concreto com alta permeabilidade e/ou elevada porosidade; • insuficiência de estanqueidade das fôrmas;

FIGURA Nº 42-Laje executada sem o cobrimento necessário para proteção da armadura que coincidiu com as juntas das fôrmas provocando corrosão generalizada e expansão da seção das armaduras, (José R. S. Pacha).

Page 97: Concreto

96

6.3-CORROSÃO DE ARMADURAS DEVIDO À PRESENÇA DE UMIDADE

Aspectos Gerais

• manchas superficiais (em geral branco-avermelhadas) na superfície do concreto;

• umidade e infiltrações; • percolação de água;

Causas Prováveis

• acúmulo de água e infiltrações; • alta permeabilidade do concreto; • fissuras na superfície do concreto favorecendo a percolação de

água. • Juntas de concretagem mal executadas; • Presença de ninhos de concretagem

FIGURA Nº 43-Laje apresentando concreto altamente permeável e manchas de umidade, em toda a superfície, com infiltração presente nas proximidades dos ninhos de concretagem, provocando corrosão e expansão da seção das armaduras, (José R. S. Pacha).

Page 98: Concreto

97

FIGURA Nº-44 Infiltração e presença de limo causadas pela fissuração e permeabilidade excessiva da laje de concreto, (Paulo Barroso Engenharia Ltda).

FIGURA Nº-45 Corrosão nas armaduras situadas próximas as tubulações, as quais apresentam infiltrações, (José R. S. Pacha).

Page 99: Concreto

98

FIGURA Nº46-Laje apresentando infiltração de águas provocando a lixiviação do concreto e desencadeando a corrosão das armaduras, (José R. S. Pacha).

Page 100: Concreto

99

6.4–CORROSÃO DE ARMADURAS POR ATAQUE DE CLORETOS

Aspectos Gerais

• Manchas superficiais de tonalidade marrom-avermelhadas; • Apresenta corrosão localizada com formação de "pites";

Causas Prováveis

• Presença de agentes agressivos incorporados ao concreto: águas salinas, aditivos à base de cloretos ou cimentos;

• Atmosfera viciada: locais fechados com baixa renovação de ar, existindo a intensificação da concentração de gases.

FIGURA Nº-47 A estrutura apresenta formação localizada de “pites” de corrosão e lascamento do concreto devido a expansão dos produtos de corrosão, (José R. S. Pacha).

Page 101: Concreto

100

FIGURA Nº-48 Apresenta-se formação de” pites” de corrosão localizada por toda a estrutura e com destaque para a viga e lascamento do concreto devido a expansão dos produtos de corrosão, (José R. S. Pacha).

Page 102: Concreto

101

6.5–NINHOS E SEGREGAÇÕES NO CONCRETO

Aspectos Gerais

• Vazios na massa de concreto; • Agregados sem envolvimento da argamassa; • Concreto sem homogeneidade dos componentes;

Causas Prováveis

• Baixa trabalhabilidade do concreto; • Insuficiência no transporte, lançamento e adensamento do concreto; • Alta densidade de armaduras;

FIGURA Nº49-Ninhos de concretagem no encontro do pilar com a viga, posteriormente preenchido com tijolo cerâmico, (José R. S. Pacha).

Page 103: Concreto

102

FIGURA Nº 50-Ninho de concretagem na viga, originalmente encoberto por concreto que não penetrou entre a fôrma e as armaduras, (Revista Téchne n.º 08).

Page 104: Concreto

103

6.6–DESAGREGAÇÕES DO CONCRETO

Aspectos Gerais • agregados soltos ou de fácil remoção

Causas Prováveis

• devido ao ataque químico expansivo de produtos inerentes ao concreto;

• baixa resistência do concreto;

FIGURA Nº 51-Pilar apresentando desagregação na sua base, com fácil remoção de concreto e presença de corrosão acentuada, (Andrade, 1992).

Page 105: Concreto

104

6.7–LASCAMENTO DO CONCRETO

Aspectos Gerais

• descolamento de trechos isolados do concreto; • desplacamento de partes de concreto, geralmente em quinas dos

elementos e em locais submetidos a fortes tensões expansivas;

Causas Prováveis

• corrosão das armaduras; • canos de elementos estruturais sem armadura suficiente para

absorver os esforços; • desfôrma rápida

FIGURA Nº 52-Lascamento do concreto, em estágio avançado devido à expansão dos produtos de corrosão nas armaduras da laje, (José R. S. Pacha).

Page 106: Concreto

105

FIGURA Nº 53-Lascamento do concreto, em estágio inicial, devido à expansão dos produtos de corrosão nas armaduras da laje, (José R. S. Pacha).

.

FIGURA Nº 54-Lascamento do concreto devido à expansão dos produtos de corrosão nas armaduras da laje e parte da viga, (José R. S. Pacha).

Page 107: Concreto

106

42,68

2,5116,77

1,99

7,12

7,05

5,45

3,209,96

Corrosão

Eletrodutos

Sobrecarga

Fiss. Dev. Momento. Volvente

Segregação do concreto

Mov. Térmico.(interna/externa)Fiss. retração (assent.Plástico/superficial)Recalque diferêncial

Outras manifestações

FIGURA Nº 55 Principais Manifestações Patológicas em Obras Convencionais na Amazônia: residenciais, comerciais e institucionais).Valores em porcentagem, (J.R. S.Pacha).

46,48

3,763,05

14,81

3,45

3,05

5,88

3,11

2,96

13,45

Corrosão

Eletrodutos

Retração por secagem

Sobrecarga

Mov. Térmico.(interna/externa)Cobrimento de armadurainsuficienteSegregação do concreto

Alteração geométrica

Recalque diferêncial

Outras manifestações

FIGURA Nº 56 Principais Manifestações Patológicas no Grupo de Edificações Residenciais (unifamiliar e multifamiliar). Valores em porcentagem, (J.R. S.Pacha).

Page 108: Concreto

107

38,64

35,17

3,72

1,67

1,41

8,22

1,41

7,45 1,54 0,77

CorrosãoSegregação do concretoEletrodutosNinhos de concretagemRetração por secagemSobrecargaDesagregação do concretoMovimentação térmicaRecalque diferêncialOutras manifestações

FIGURA Nº 57 Principais Manifestações Patológicas em Edificações Industriais. Valores em porcentagem, (J.R. S.Pacha).

62,42

1,98

7,16

10,37

2,62

6,69

0,58

0,43 1,805,95

CorrosãoJuntas de dilatação obstruidaJuntas de concretagemSegregação do concretoSobrecargaMovimentação térmicaCapeamento FraturadoFiltraçãoDesagregação do concretoOutras manifestações

FIGURA Nº 58 Principais Manifestações Patológicas em Pontes Viadutos e Trapiches. Valores em porcentagem, (J.R. S.Pacha).

Page 109: Concreto

108

42,20

3,0311,63

5,12

15,28

6,21

3,03

8,692,17

Corrosão

Movimentação térmica

Sobrecarga

Retração por secagem

Infiltração

Fiss. Retração (assent.Plástico/superficial)Desagregação do concreto

Segregação do concreto

Outras manifestações

FIGURA Nº 59 Principais Manifestações Patológicas em Reservatórios Elevados, Cisternas e Piscinas. . Valores em porcentagem, (J.R. S.Pacha).

Page 110: Concreto

109

CONCLUSÃO

Baseado na pesquisa executada foram obtidos as seguintes conclusões:

-O concreto é um material largamente utilizado na construção civil na cidade de

Belém. Inclusive, mesmo os tipos especiais(hidráulicos, alta resistência,etc.), são

freqüentemente empregados.

-Os diversos agregados que compõe o concreto são abundantes, de baixo custo,

extraídos de depósitos de fácil acesso e situados às proximidades de Belém.

-O cimento utilizado na confecção do concreto é oriundo da fábrica da CIBRASA,

situada na cidade de Capanema. Esta indústria tem abastecido o mercado por cerca

de trinta anos e as atuais dimensões das jazidas de calcário, permitem estimar um

suprimento por igual período.

-Os elementos constituintes do concreto utilizado em Belém, podem ser

considerados de boa qualidade e enquadram-se nos padrões e recomendações

técnicas dos órgãos responsáveis por esses controles, tais como a ABNT e o

IBRACON.

-Como conseqüência da qualificação do material, o concreto resultante,também pode

ser considerado de boa qualidade, obedecendo aos padrões estabelecidos pelos

órgãos controladores.Esta propriedade é freqüentemente testada, pelos construtores

de nossa cidade, através de ensaios de laboratórios especializados, particulares ou

públicos, a nível estadual e nacional.

-No que se refere a mão-de-obra pode-se concluir que geralmente não é de boa

qualidade, particularmente quando se refere aos trabalhadores braçais. Estes são de

baixa escolaridade (analfabetos em alguns casos), e não recebem curso ou

treinamento. Seu aprendizado baseia-se em ensinamentos recebidos de colegas de

trabalho mais experientes e na própria observação ao longo de anos de trabalho.

Page 111: Concreto

110

-Outro aspecto referente a mão-de-obra dos trabalhadores braçais é a sua baixa

remuneração. Muitas vezes, sem assistência médica e social e com uma alta

instabilidade empregatícia, em alguns casos como conseqüência de sua própria má

qualificação profissional e das flutuações mercadológicas.

-A falta de adequado conhecimento técnico, em todos os níveis de mão-de-obra, é o

maior responsável pelos insucessos na fabricação e na utilização do concreto.

-O clima quente e úmido de nossa região, com contrastantes e rápidas mudanças

térmicas, é um dos fatores que proporcionam as diversas patologias do concreto. Em

razão disso talvez seja necessário um aumento do cobrimento do concreto em nossa

região. Aliado a este fator, acrescenta-se má qualificação da mão-de-obra, do projeto

e dos cálculos estruturais.

-Como conseqüência do acima exposto, as mais freqüentes patologias do concreto

encontradas em nossa região são: lascamento, desagregação, ninhos de

concretagem, corrosão, carbonatação, etc.

-Finalizando pode-se acrescentar que a cidade de Belém apresenta condições

favoráveis para a plena utilização do concreto na indústria da construção civil. Trata-

se de uma região que não está sujeita aos grandes cataclísmas naturais (terremotos,

vulcanismos, influência marinha, etc); apresenta uma abundância dos agregados e

aglomerantes do concreto, situados em depósitos próximos e de fácil acesso, e

possuidora de mão-de-obra abundante, de baixo custo, embora, em sua maior parte,

de má qualificação. Sendo que este último parâmetro o principal responsável pelas

diversas patologias do concreto. Em vista do exposto, torna-se imperativo que as

entidades governamentais, e o empresário em particular, conscientizem-se da

necessidade do aperfeiçoamento da mão-de-obra,promovam cursos e treinamentos,

para que se melhore a qualidade da produção e da utilização do concreto e

conseqüentemente diminuam as patologias e os prejuízos financeiros.

Page 112: Concreto

111

BIBLIOGRAFIA

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apresentada ao curso de pós-graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande

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em Engenharia Civil de Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do

Grau de Mestre em Engenharia. Área de concentração: Patologia e Recuperação de Estruturas.

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Engenharia Civil, da UNAMA- Universidade da Amazônia, como requisito parcial para obtenção do

Título de Engenheiro Civil.

Page 114: Concreto

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Monografia apresentada ao Curso de Engenharia Civil, UFPA- Universidade Federal do Pará, como

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Marcondes, Beatriz Cannabrava. São Paulo: PINI, 1988.