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22 ENCICLOPÉDIA PRÁTICA CONSTRUÇÃO CIVIL INTERIORES PREÇO fiíoo SUMÁRIO: PRELIMINARES GUARNECIMENTOS VÃOS DE PORTAS ALMOFADADAS ENVIDRAÇADAS — DE CONTRAPLACADO —• DE ALMOFADAS À FACE E ALMOFADAS RINCOADAS PORTAS DE UM E DE DOIS BATENTES GUARDAVENTOS ASSENTAMENTOS DE PORTAS 2$ FIGURAS EDIÇÃO DO AUTOE F. PEREIRA DA COSTA DISTBIBUIÇÃO DA POETUGÁLÍA EDITOBA LISBOA PREÇO o

Fasciculo 22 portas interiores

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portas interiores na construção civil

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Page 1: Fasciculo 22 portas interiores

22 ENCICLOPÉDIA PRÁTICADÁ CONSTRUÇÃO CIVIL

I N T E R I O R E S

PREÇO fiíoo

S U M Á R I O :

PRELIMINARES — GUARNECIMENTOS — VÃOS DE PORTAS — ALMOFADADAS —

ENVIDRAÇADAS — DE CONTRAPLACADO —• DE ALMOFADAS À FACE E ALMOFADAS

RINCOADAS — PORTAS DE UM E DE DOIS BATENTES — GUARDAVENTOS —

ASSENTAMENTOS DE PORTAS — 2$ FIGURAS

EDIÇÃO DO AUTOEF. PEREIRA DA COSTA

DISTBIBUIÇÃO DA POETUGÁLÍA EDITOBAL I S B O A PREÇO o

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ENCICLOPÉDIA PRÁTICADA CONSTRUÇÃO CIVIL

T E X T O E D E S E N H O S DE F , P E R E I U A PA COÍTA

PORTASA s portas interiores, que são os vãos de batentes que

funcionam nos portais abertos nas paredes divisó-rias das edificações, contam diversos tipos de constru-ção mais ou menos criteriosos para a chamada nossa casa.

As portas interiores podem ser almofadadas e envi-draçadas ou a junção dos dois sistemas, dentro do tipode batentes engradados, e podem também ser constituí-das por taipais com travessas à cola ou sobrepostase ainda pelo sistema moderno de superfícies lisas comfolhas de contraplacado.

As portas interiores podem ser de um só batente oucomportar dois ou mais, conforme a largura do portal.Porém, o número normal de batentes nestas portas é deum nas casas vulgares e de dois nas habitações de ca-tegoria.

Para salões, salas de mesa e outras dependências demaior movimento podem admitir-se até quatro batentes,dois a abrir para cada lado.

Para estas dependências é aconselhável e quase sem-pre usado o tipo de portas envidraçadas.

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Fig.l.— VÃO DE ENVIDRAÇADOS DE GUABDAVENTO

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P O E T A S I N T E E I O E E S

E L I M I N A R E SÀ s portas interiores que são aquelas que nos interio-

rés das edificações fazem a ligação entre as váriasdependências, podem ser construídas pelos mais varia-dos processos.

As portas interiores podem ter o seu funcionamentonas golas, nas aduelas e nos guarnecimentos de frontaise tabiques.

Estes vãos de portas podem ser engradados e almo-fadados, envidraçados, de taipal com travessas sobre-postas ou à cola, lisos almofadados e lisos de contra-placado. Quando funcionam na gola ou na aduelaassentam nos respectivos aros e quando se movimentamnos guarnecimentos dos portais (*) é na aduela dos ali-zares que tomam lugar.

Estas portas poderão ser rebaixadas ou de junta epoderão também possuir bandeira.

As portas interiores quando providas de molas-doidasem vez de fixas de macha-fêmea têm a designação deguardaventos

Os guardaventos movimentam-se com as juntas bo-leadas.

Os vãos das portas interiores ou os portais têm de-signações próprias para cada uma das suas partes oufaces. Assim, a face do interior da abertura do vão, aespessura do tabique, por exemplo, ou a espessura dagola. que é a mesma coisa, designa-se por aduela, aface interior da dependência que tem o portal e ondea porta se movimenta, chama-se propriamente a gola ea face que fica no paramento anterior, isto é, a frentedo vão, chama-se cabeça.

Nos frontais e tabiques de madeira os tacos para fi-xação dos guarnecimentos, como é compreensível, sãodispensados. Neste género de construções, em que osportais são constituídos por prumos e verga de madeira,são as peças constituintes dos alizares pregadas direc-tamente sobre o tosco.

As dimensões das portas interiores são variáveis, de-vendo ter-se em conta a passagem dos móveis de umadependência para outra. Em geral constroem-se portasdesde Om,70 de largura. As portas para latrinas podemmedir somente Om,65.

Quando as portas interiores atingem a largura delm,00 é conveniente serem constituídas por dois baten-tes, para se não desafinarem descaindo com o seu pró-prio peso.

Nas portas exteriores vêm-se com frequência vãosrelativamente largos, especialmente quando se trata deportas solarengas, de edifícios de sabor regional, portasde postigo e de madeiras à vista, mas nos vãos interio-res não são usuais.

Nos vãos exteriores tudo isso ainda se pode admitir,porque se podem utilizar ferragens possantes, o que nãopode empregar-se nos vãos interiores.""As portas interiores são sempre de compleição menosrobusta do que as portas exteriores.

(*) Portal é o vão aberto nos tabiques e frontais. Tem a mesmadesignação a porta principal dos edifícios monumentais.

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Fig. 2, —GUARNECIMENTO DE PORTAIS

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P O R T A S I N T E R I O R E S

U A R N E E N T O SA BERTOS os vãos em paredes interiores, tabiques ou

frontais, manifesta-se logo a necessidade de osguarnecer.

Os guarnecimentos dos vãos têm por fim evitar o es-boroamento da massa da alvenaria e dos revestimentosdos paramentos das paredes.

Nas construções de luxo ou de dependências que pe-los seus fins o exigem, muitas vezes aplicam-se guarne-cimentos de pedra pulida. Porém, nas construções deedifícios de habitação vulgar os guarnecimentos são nageneralidade de madeira. No entanto, Tias chamadasconstruções de grande categoria, recorre-se ao empregode madeiras de alto preço de que se obtêm soberbos efeitos.

Quando, por qualquer necessidade técnica, se cons-tróem paredes grossas nos interiores das edificações ómister deixar na formação dos vãos de portas uma gola.Este atributo não é mais do que uma espécie de portalcom espessura idêntica à dos tabiques ou paredes detijolo, que se deixa ficar à face de um dos paramentosda parede.

A gola destes vãos pode guarnecer-se como os outrosportais ou comportar simplesmente um aro de gola comoas outras golas das portas exteriores.

Nas paredes interiores de relativa espessura origi-na-se, como se compreende, um enchalço, cujas arestassão também guarnecidas.

Quando as golas dos portais não são só providas dearo de gola faz-se o seu guarnecimento com a aplicaçãode alizares.

A L I Z A R E S

guarnecimentos dos portais ou vãos interiores têma designação de alizares.

Os alizares constam geralmente de três faces, que sãopeças independentes que se ligam quando se faz oassentamento e que são : aduela, guarnição de ferrageme guarnição moldurada.

A aduela é assente nos lados interiores dos vãos, quesão as aduelas dos portais, e as guarnições assentam-sesobre os paramentos das paredes, pregadas para oscantos das aduelas. A guarnição moldurada é assentena face principal da parede, isto ó, na dependência maisimportante, e a guarnição da ferragem ó assente na facepara onde a porta se movimenta, e que, como o seunome indica, ó onde se assenta a ferragem.

Sobre as guarnições, a rematar estas com as paredes,são pregadas as fasquias, que atam as das ombreirascom as vergas, por meia-esquadria.

A rematar as juntas das portas junto dos alizares, nasaduelas, pregam-se os bocéis.

Em certos casos, ou nas golas de, paredes grossas,aplicam-se alizares só de duas faces, É excluída a guar-nição moldurada. Modernamente também mesmo nosportais abertos nos tabiques se tem deixado de aplicaros alizares que se substituem por um simples aro deaduela. Nestes portais só providos de aros também àsvezes se costuma aplicar uma guarnição de aresta arre-dondada, que pode substituir as guarnições de aduelae moldurada.

As golas construídas com tijolo na formação de por-tais nas paredes grossas, que como já escrevemos podeinser guarnecidas como os vulgares portais, são consti-tuídas por duas ombreiras e unia verga que as liga su-periormente.

Os guarnecimentos são fixados a pregos para os tacosque previamente ficaram embebidos nas golas e naverga de tijolo, a diferentes espaços entre si. Geral-mente a equidistância entre os tacos é de 0*,50 ou 0*,40.Os tacos têm a forma côncava nas suas duas faces, aocorrer da fibra, e devem ficar muito bem acompanhadosde argamassa entre os tijolos. Assentam-se no sentidolongitudinal da parede, ficando, por conseguinte, comum topo para o lado da aduela.

Os pregos que se aplicam nos alizares são os redon-dos, de cabeça atarracada, ou os quadrados, de sétia,com a cabeça achatada com o martelo.

Fig. 3. — DIVEESOS SISTEMAS DE GUARNECIMENTOSA e B) — Guarnecimentos de Golas e Arestas; C) — Alisar de Três Faces; C1 — Planta de Portal; D) — Aro de Aduela;

E) — Aro de Gola; E') — Aro de Gola e Aresta; F e F1) — Aros de Aduela, Fasquias e Bocéis

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P O E T A S I N T E E I O E E S

«•si/ W /• BFig á. —PORMENORES DE GUARNECIMENTOS DE PORTAIS

A S S E N T A M E N T O

assentamento dos guarnecimentos dos portais tema sua técnica especial, que vamos explicar.

Primeiramente é armada a grade da aduela, com aaltura e a largura próprias e bem certas, ficando a vergapregada sobre os topos das ombreiras.

Algumas vezes, quando se trata de obras de grandecategoria, a ligação da verga às ombreiras ó feita pormeio de malhetes.

Nivelada na altura conveniente a verga, calçam-sepor debaixo e por cima com palmetas de madeira asombreiras, conforme seja preciso, para completa solidezdo alizar.

Com o jio de prumo aprumam-se as ombreiras, fixan-do-as, por conseguinte, em baixo. Seguidamente comuma régua acompanham-se em toda a altura, metendo,entre a peça a assentar e o tosco ou tacos, palmetas,onde for preciso, pregando-se logo toda a ombreira.

Com a verga já fixada nas extremidades, faz-se amesma coisa no que respeita ao seu prolongamento.

Fixada, bem aprumada e nivelada a grade da aduelaassentam-se logo sobre ela as guarnições.

Do lado exterior do vão fica a guarnição molduradae do lado interior, do lado em que se assenta a porta, pre-ga-se a guarnição da ferragem, assim chamada por sersobre ela que se assentam as fixas onde se movimentamos batentes.

O assentamento das guarnições é feito sempre com oauxílio da régua em ambos os sentidos, para que fiquemcompletamente planas e desempenadas.

Aplicam-se também, se assim for preciso, do lado daparede, entre a guarnição e o taco onde se deve fixar,pequenas palmetas, onde se faz a pregação, e que ser-vem para manter a guarnição não só direita no sentidovertical como também para manter a esquadria regularcom a aduela.

A junção das guarnições entre as ombreiras e a vergaé feita a meia-esquadria, quando o guarnecimento é mol-durado nas suas faces, mas nas obras vulgares assen-ta-se a verga sobre os topos das ombreiras, quando assuas faces são lisas. Para o remate da pequena mol-dura do seu canto — o rincão, faz-se uma simples mur-tagem.

Depois dos paramentos das paredes estarem guarne-cidos ou simplesmente esboçados pregam-se de rematesobre as guarnições de ambos os lados do vão umasfasquias molduradas que ficam com um terço da sualargura sobre a parede, como complemento, para cobrira junção do estuque ou de qualquer material na guarni-ção de madeira.

Estas fasquias ligam-se, as das ombreiras às da verga,por meia-esquadria.

T R A V E S S A D E B A N D E I R A

Á LGUNS vãos de portas interiores são providos debandeiras. São, em geral, as bandeiras uns caixi-

lhos envidraçados que se assentam sobre as portas,

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P O E T A S I X T E B I O B E 3

acima cie uma travessa que vai de uma ombreira a ou-tra, e que é a travessa de bandeira.

As vezes as bandeiras são apenas os vidros assentesnos rebaixos preparados nos alizares e na travessa debandeira, mas as bandeiras, propriamente ditas, são cai-xilhos. Estes caixilhos, que podem ser fixos ou de mo-vimento, funcionam entre os alizares e a travessa debandeira.

As bandeiras destinam-se a dar luz quando slo fixase a dar luz e ventilação quando são de movimento.

A altura dos portais quando os vãos são providos debandeiras são consequenternente mais altos.

A altura regular para as portas interiores vai de2m,00 a 2m,40, contando-se para a altura da bandeira,pelo menos, mais 0°°.40.

A espessura da travessa de bandeira nunca pode serinferior a O^Oõ e a sua altura, para efeitos de robustez,não deve medir menos de Om,075.

Os perfis das travessas de bandeira são variáveis,tendo-se, porém, sempre em conta o sistema de funcio-namento das portas e das bandeiras.

O assentamento das travessas de bandeira é obtidopor uma espécie de respigas que se deixam ficar emcada uma das suas extremidades e que entram numrasgo aberto nas aduelas (Fig. 8) onde são pregadas.

Fig. ô —GUARNECIMENTOS DE PORTAISDE PAREDES GROSSAS

S O C O S

acordo com o roda-pé, assenta-se na parte infe-rior dos alizares um soco. Algumas vezes tem a

altura do próprio roda-pé, mas quase sempre se lhe dámaior dimensão.

Consta o soco de umas pecas, geralmente de úm,01até Om,02 de espessara, que se pregam sobre as aduelase sobre as guarnições. Sobre a guarnição da ferragemo soco na sua largura não passa do meio da guarnição,sendo chanfrado para o lado da porta.

É sobre os socos que terminam os bocóis e as fas-quias do guarnecimento, sendo pois conveniente que aespessura destas não seja superior à deles.

A junção das peças do soco que compõem a aduelae a guarnição moldurada, na prumada da moldura daaresta ou ângulo, fica chanfrada.

É fora de dúvida que a altura do soco deve ser sem-pre superior à do roda-pé, mas nunca deve cair-se emexageros, a bem da estética.

O assentamento do soco deve ser sempre feito depoisdo pavimento estar assoalhado, para bom remate doguarnecimento.

A R O S D E G O L A

nos vãos de portas interiores se aplicam osaros de gola, porque, como já vimos, também em

certas edificações se constróem interiormente paredesrelativamente grossas. Assim, nas golas desses vãos,assentamos aros de gola.

Estes aros foram em tempos chamados também arosde pedraria, porque se assentavam geralmente sobregolas de pedra, tanto de alvenaria como de cantaria.

Com o andar dos tempos perderam essa designação,sendo apenas chamados, actualmente, aros de gola.

Constam estes aros de três pecas: dois marcos ouombreiras e orna verga ou travessa.

Os marcos fixam-se nas ombreiras e a verga fixa-sena verga da gola. O seu assentamento à gola é feitopor meio de parafusos, chamados de cantaria, cuja ca-beça é provida de fendas. O parafuso enrosca numaporca metida num chumbadouro aberto nas própriasgolas se são de pedra ou betão armado, on em mineusse são construídas de alvenaria.

Quando, porém, não são de grande peso os batentesque hão-de movimentar-se nos aros, eles poderão serfixados com pregos para buchas de madeira metidasem furos abertos nas golas, ou ainda com pregos ouparafusos com rosca de madeira para tacos encastradosem tijolo, quando as golas são construídas com essematerial.

O número de parafusos que em geral se aplicam nafixação dos aros é de três em cada marco e de um naverga. Se se tratar, é claro, de um vão muito alto, onúmero de parafusos aumenta. Estes parafusos ficamcom a cabeça embebida na espessura da madeira doaro e são cobertos, quando se trata de trabalho bemexecutado, com um taco ou bucha de madeira assentena mesma disposição da fibra da peça onde toma lugar.

Estes aros podem ou não ser rebaixados, pois issodepende da forma do assentamento preferido para asportas (*).

(#) Este assunto foi explanado no nosso Caderno n.° 20.

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P O R T A S I N T E R I O R E S

O engradamento destes aros é feito pelo sistema defuros nos marcos e respigas nas travessas.

Estes aros também podem comportar travessas delandeira, como temos ocasião de apresentar.

 espessura da madeira a empregar pode ir de 0a1,03até O'",06, segundo as conveniências da edificação.

A R O S D E A D U E L A

TESTES aros, como o seu nome indica, são os que seassentam nas aduelas dos portais, tanto de frontais

como de tabiques ou de paredes interiores de alvenaria.O número de peças de que se compõem ó de três : doismarcos que se fixam às ombreiras e uma verga que sefixa na verga do vão.

A função destes aros é, nos vãos interiores ou por-tais, igual à dos aros de gola. São rebaixados interior-mente e moldurados pela frente.

Podem os aros de aduela, como os aros de gola, serprovidos de travessas de bandeira, quando os portaistêm mais altura do que a necessária para os vãos deportas.

Os aros de aduela podem ser lisos ou molduradose são fixados aos tacos embebidos nas paredes porparafusos de rosca de madeira. Em certas edificaçõesestes aros fazem parte integrante do guarnecimento dasarestas num revestimento completo de toda a aduela doportal.

O mais usual, porém, ó apenas um caixilho de ban-deira em cada portal, embora possa acontecer dar àbandeira uma altura relativamente grande.

Os portais nein sempre são dotados de caixilhos debandeira, porque muitas vezes o espaço da bandeira óapenas um envidraçado com ou sem pinásios. Isto é oque sucede nas edificações vulgares.

As bandeiras com caixilhos perdem alguma luz devidoàs larguras das madeiras.

A vidraça a aplicar nas bandeiras das portas interio-res pode ser da espessura de Om.002 quando são des-providas de caixilhos, mas nos caixilhos das bandeirasé conveniente aplicar-se a vidraça de O"1,003 para me-lhor resistência nos embates, quer elas sejam de baten-tes ou de básculas.

Porém, se os caixilhos forem fixos, também a vidraçade Om,002 serve optimamente.

A madeira para os guarnecimentos tanto pode ser depinho como de casquinha, se se destinam a ser pintados,e de madeiras caras, como o carvalho, a macacaúba, anogueira e outras mais se tiverem de ser enceradas,pulidas ou envernizadas.

As suas espessuras, porém, nos trabalhos normais,serão apenas de Om,02 nas aduelas e Om,015 nas guar-niç5es.

Para esta sorte de trabalhos todos os nossos porme-nores são suficientes para boa compreensão.

Também frisamos que as diferentes peças que com-põem os alizares não são grudadas umas às outras, sendosimplesmente pregadas.

O U T R O S G U A R N E C I M E N T O S A N O T A Ç Õ E S

QUANDO as paredes que comportam os portais são derelativa espessura nem sempre a aduela ocupa

numa peça só toda essa largura. A maior parte das ve-zes o guarnecimento dos portais é realizado apenas nasduas arestas (Fig. õ], ficando entre as duas peças daaduela o guarnecimento da parede, o seu estuque. Nestegénero de aplicação de alizares, tanto as aduelas comoas guarnições pregam para tacos embebidos nas paredesou para prumos e vergas se as divisórias da casa sãoconstruídas por meio de tosco.

Em certas edificações a aduela reveste toda a espes-sura da parede e deixa-se ficar moldurada a meio dalargura, para obtenção de maior beleza. Algumas vezes,porém, fica simplesmente lisa.

Os portais abertos nas paredes grossas interiores po-dem, como se compreende, comportar portas de dois,três ou mais batentes e serem providos igualmente debandeiras. Por vezes estes portais atingem, a par dasua relativa largura, também respeitável altura, e comonem sempre satisfaz uma bandeira envidraçada fixa,adaptam-se-lhe, por conveniência, mais do que um cai-xilho de bandeira.

Cada caixilho de bandeira funciona numa travessa debandeira, mas em certas construções os caixilhos dasbandeiras movimentam-se uns sobre os outros por meiodos seus rebaixes, onde se lhe podem adaptar as ferra-gens necessárias, como as machas-fêmeas e os trincos.

A s peças qoe compõem os alizares, as aduelas, são•̂ aplainadas de face, ficando o seu tardoz em ser-ragem.

Os cantos são ambos feitos, porque devem estar bemgalgadas todas as componentes das aduelas na ocasiãode armar a grade para ser assente.

Com as guarnições o caso é quase igaal, tanto paraas molduradas como para as da ferragem.

As guarnições são por conseguinte aplainadas de facíe canto, marcando-se o seu desengrosso com o graminho no canto feito. Depois com a junteira faz-se esstdesengrosso, para que a guarnição ao ser assente possíbem juntar-se sobre os cantos das aduelas firmemente

O restante tardoz fica em serragem sobre a paredeO canto que não foi feito assim fica e pode por ess<

facto ligar-se bem com a argamassa do reboco da paredeDepois a fasquia para o remate sobre o estuque tudi

cobre como é do uso e já descrevemos.Na guarnição moldurada o canto feito recebe a mol

dura que lhe dá a designação, geralmente um rincão de laigura igual, mais ou menos, à espessura da madeira dêstas peças. Por vezes também se lhe corre uma/êmea

Qualquer destas duas pequenas molduras de uso correntio desde largos tempos, dão bom aspecto à obre são de fácil execução.

Ê sobre as molduras que se aplicam os pregos parfixação das guarnições aos cantos das aduelas.

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P I O K T A S I N T E R I O R E S

QUANDO os alizares são só compostos de duas peças,a aduela e a guarnição da ferragem, é a outra

aresta da gola, se existe, feita só pelo guarnecimentoda parede, de estuque ou de qualquer outro material.

A guarnição da ferragem é nestes casos, como decostume, rematada com a fasquia.

Os bocéis só se pregam nas aduelas depois das portasestarem assentes, pois que servem para o seu limite deencosto.

Estas fasquias molduradas fazem a sua ligação dasombreiras com a verga por meia-esquadria.

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Fig, 6.— PORMENORES DE PORTAIS DE BANDEIRASÀ Esquerda: Portal com caixilho de Bandeira;

 Direita: Portal de Bandeira i

tufar Perfa

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Fig. 7. —PORTAL PROVIDO DE BALDEIRA

Fig. 8, —PORMENORES DE GUARNECIMENTOS COM BANDEIRA

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P O E T A S I N T E B I O E E S

V Ã O S D E P O R T A Snúmero de portas interiores ó mnito variado. Desde

as ligeiras folhas de tábuas lisas unidas umas àsoutras por macho e fêmea, até às de caprichoso engra-damento, com almofadas replainadas e de murtagensdifíceis, a sua construção conta tipos de vãos simplese de luxo.

As novas portas de madeira de contraplacado com osseus batentes completamente lisos são mais uma variantea juntar ao grande conjunto destes trabalhos.

Os vãos de portas interiores que se assentam e mo-vimentam nos guarnecimentos dos portais, cujas ferra-gens, as fixas de qualquer tipo, são fixadas à guarniçãoda ferragem, que já conhecemos quando estudámos osalizares

Estas portas funcionam geralmente para o lado inte-rior da dependência que servem. Só em casos muitoespeciais abrem para fora.

Os portais podem comportar bandeiras ou não, tudodependendo da sua altura, conforme o género da constru-ção que se realiza. As bandeiras são quase sempre des-

tinadas a deixarem passar a luz de uma dependênciailuminada naturalmente para outra que o não é. Idên-tica função têm também na maioria dos casos os vãosde portas envidraçadas.

P O R T A S A L M O F A D A D A S

A s portas almofadadas são o mais antigo tipo de vãosde portas interiores que se constróem, depois das

simples e antiquadas portas de taipal, quer de travessassobrepostas quer de travessas à cola.

As portas almofadadas são construídas por engrada-rnento, com couceiras e travessas, sendo o número dealmofadas variável. Normalmente, pelo uso mais antigo,o número de almofadas ó de três: uma, a mais baixa embaixo, e outra, a mais alta em cima. Uma a inferiore outra a superior, ou sejam a almofada de baixo e aalmofada de cima, na linguagem da carpintaria civil.

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Fig. 8. — POETA DE ALMOFADASREPLAINADAS

Fig. 9.— PORTA DE TRÊS ALMO-FADAS

Fig. 10.—PORTA DE ALMOFADASE PERSIANAS

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P O E T A S I N T E K I O R E S

Fig. 11. —POETA DE ALMOFADASE VIDRO

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Fig. 12.—PORTA ENVIDRAÇADA Fig. 13. — PORTA DE ALMOFADASE FRESTA

A construção destas portas inicia-se pela preparaçãoda madeira para as couceiras e travessas. A espessuradestas pecas pode ser variável, consoante a sua super-fície.

Assim, pode aplicar-se madeira com a espessura deOm,035 a Gm,045, pouco mais ou menos.

A largura das couceiras pode comportar 0™,11, bemcomo a travessa de cima. A travessa do meio deve teressa mesma largura e mais a largura da moldura quecontorna o interior de todo o engradamento. A travessade baixo tem normalmente Ora,18 e nalguns casos Om,20.

Expostas estas medidas, frisamos que elas são referi-das aos casos vulgares, porque os casos especiais serãoestudados de acordo com os projectos, embora sempredentro destes princípios.

As couceiras e as travessas são aplainadas de face ecanto e seguidamente deseugrossam-se. Prontas são co-locadas umas sobre as outras, de face com face, as cou-ceiras e depois as travessas por sua vez, sobre a réguaonde se pormenorizou o corte vertical da porta em ta-manho natural e marcam-se, tirando com um esquadro,da régua para cima, nos cantos todas as linhas limitesdos furos.

Com as travessas procede-se de igual maneira parase obterem as linhas limites das respigas. A este traba-lho chamam os carpinteiros civis assinar.

Assinada toda a marcação nos cantos das couceirase das travessas passa-se com o esquadro as linhas parao canto oposto, em serragem, para se achar de um ladoe do outro das couceiras os lugares para os furos, e nastravessas o lugar para o respigado.

Nas travessas de cima e de baixo ficam as esquadriasmarcadas na face e no tardoz, para se obter a marcaçãodos terços a respigar e do terço a ficar em talão.

Terminada a marcação faz-se com o graminho a es-pessura do furo e das respigas nos cantos das respecti-vas peças.

A espessura dos furos e das respigas nos engrada-mentos normais ó de cerca de Om,01.

Feitos os furos e abertas as respigas, procede-se aoenvaziamento dos cantos das couceiras e das travessas,cuja espessura ó sempre igual à espessura dos furos.O envaziado ó aberto com o cantil e tem a profundidadede Om,01, destinando-se a receber a almofada. Em se-guida correm-se as molduras nos cantos e abrem-se asmurtagens que cortam os moldurados a meia-esquadria.

Todos estes trabalhos são actualmente feitos à má-quina. Só em pequena escala se fazem ainda manual-mente.

Tudo assim preparado procede-se ao engradamentoe entretanto preparam-se as almofadas. Podem ter estasqualquer espessura e são replainadas em todos os seus

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P O E T A B I N T E R I O E E S

PORMENOR DE ALMOFADA!

Fig. 14. — PORMENORES DE PORTAS ALMOFADADAS

quatro lados, unias vezes só na face e outras na facee no tardoz (Fig. 14).

O replainado adelgaça as almofadas nas suas extre-midades, para poderem entrar nos envaziados das cou-ceiras e das travessas. Para se saber se as almofadasestão capazes de entrarem nos envaziados experimen-tam-se com uma vazia, que é simplesmente um pequenobocado de madeira de uns 0D1,OG ou Ora,08, onde previa-mente se correu o cantil com o mesmo ferro que enva-ziou as couceiras e as travessas.

Desengradani-se as portas, metem-se-lhe dentro asalmofadas e faz-se a grudageni pondo grude quente so-bre as respigas nas suas duas faces e apertam-se nosgás talhos, geralmente em número de trís.

Depois de grudadas procede-se ao afagamento dasportas nas duas faces e aguarda-se a ocasião de se fazero seu assentamento, que mais adiante explicaremos.

As almofadas nunca ficam grudadas às couceiras etravessas para melhor mobilidade delas durante a con-tracção das madeiras.

As portas deverão ficar sempre bem desempenadas,o que se consegue quando se engradam, fazendo umbom destorcimento à vista.

As molduras podem ser de qualquer espécie e podemser corridas de ambos os lados dos cantos ou num sólado, do mesmo modo que podem ser interrompidas,evitando a abertura de murtagens, com o seu engrada-mento a topo.

O engradamento a topo não ó tão aparatoso como oque remata as molduras a meia-esquadria, mas ó muitomais económico.

D I V E R S O S T I P O S D E P O R T A SA L M O F A D A D A S

PORTAS DE DUAS ALMOFADAS (Fig. S). — Omais vulgar tipo de portas almofadadas é o de duas al-mofadas : uma baixa em baixo e outra mais alta emcima.

Estas portas podem ser niolduradas com murtagensdando as meias-esquadrias ou serem engradadas a topo,com as molduras interrompidas ou mesmo sem molduras.

Foi voga em tempos construírem-se destes vãos sócom as travessas molduradas, engradando em topo comas couceiras lisas ou providas de uns pequenos chanfrosinterrompidos cerca de Om,10 antes dos furos. Estasportas bastante simples não se isentam de harmoniaquando aplicadas em vãos estreitos.

PORTAS DE TRÊS ALMOFADAS (Fig. 9).— An-tes do aparecimento das portas de contraplacado estavaem uso com certo desenvolvimento este tipo de porta.Em algumas edificações empregavam-se mesmo comquatro almofadas, o que sobremaneira as tornava ricas.

Estas portas podem ser molduradas com meias-esqua-drias ou com as molduras interrompidas como no nossoestudo. Também em lugar de molduras se podem apli-car chanfros, não convindo, porém, deixá-las lisas, por-que apresentavam relativo ar de pobreza.

PORTAS COM FRESTA DE PERSIANA (Fig. 10).—Com destino a arrecadações e casas sanitárias cons-troem-se portas almofadadas providas de persianas nasua parte superior.

Normalmente estas portas comportam duas almofadase um terceiro rectângulo em cima para as persianas.Nestes vãos, dada a sua pouca categoria, as suas almo-fadas são delgadas, cerca de O™,01 ó suficiente, e evita-seo replainado, ficando lisas.

As suas molduras podem ser de pouca profundidadecomo os vulgares rincões.

As persianas são construídas pelo vulgar sistema (*).

POETAS ALMOFADADAS COM VIDRO (Fig. 11).-Trata-se de uru vão de portas provido de três almofadas,sendo a central substituída por uma chapa de vidro.

A altura das almofadas é variável: a de baixo ó depouca dimensão, mas a superior é ainda menor. A maioraltura destina-se à vidraça. As molduras são à vontadeno que diz respeito às almofadas, mas para o vidro umsimples redondo é quanto basta, tanto mais que de unilado aplica-se um bile.

O bite é fixado por meio de pequenos parafusos decabeça de tremoço quando ó obra que fica à vista ecom pregos redondos quando ó obra para pintura.

PORTAS ENVIDRAÇADAS (Fig. 12).— Tomam adesignação de portas envidraçadas aqueles vãos consti-tuídos por batentes providos inferiormente de uma almo-fada e superiormente com as disposições necessárias aaplicação de vidros.

A almofada pode ter o aspecto de qualquer outro tipode almofadados e a parte envidraçada pode receber umaúnica chapa de vidro ou conter pinásios para qualquernúmero de pequenos vidros.

As portas interiores envidraçadas nunca devem levarmassa mas somente bites, para a segurança dos vidros.

PORTAS ALMOFADADAS DE FRESTA (Fig. 13).—Estas portas são construídas como todas as outras, emgeral com três almofadas, sendo a superior substituídapor uma chapa de vidraça, fixada no seu rebaixo pormeio de bites.

(*) Ver o Caderno n,° 20.— Vãos de Janelas.

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Fig. 15.— PORMENORES DE PORTAS ALMOFADADAS

As almofadas médias e inferiores podem ser iguaisaos outros tipos de almofadas já descritos, mas nestenosso estudo elas são de face saliente.

Este sistema consiste em dois envaziados : um, comode uso, aberto nas couceiras e travessas e outro abertona própria almofada.

A saliência das almofadas, para melhor harmonia,leva em todos os seus lados uma moldura, que pode sermais larga ou mais estreita conforme a espessura sa-liente. Nas almofadas de pouca saliência é de costumeaplicar-se apenas uma fêmea, como mostramos nos por-menores.

PORTAS DE ALMOFADAS À FACE (Fig. 17).—Considera-se este vão de portas de um tipo simples,pois que ó desprovido de quaisquer molduras. As suasalmofadas, que podem ser em qualquer número, entram

nos envaziados abertos nas couceiras e travessas pormeio de um macho postiço, previamente metido nos en-vaziados das almofadas e a eles grudado. E assim, de-pois das almofadas prontas enfiam-se no engradado eprocede-se ao engradamento da porta.

As almofadas não levam nos seus topos, como decertoos leitores já compreenderam, o acima citado machopostiço, porque se prepara na própria almofada o machopara o envaziado.

Estas almofadas, como de resto todas as outras, nãosão grudadas às couceiras e travessas, como já disse-mos.

Depois da porta gradada faz-se o alagamento com-pleto das couceiras, travessas e almofadas como umasuperfície única, dos dois lados.

Com uma boa pintura ficam com o aspecto das portasde contraplacado e talvez mais económicas.

Fig, 16. —• PORMENORES DE PORTAS DE ALMOFADAS A FACE

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Fig. 17. —PORTA DE ALMOFADAS A FACE

Porém, se tiver-mos a exigência de uma construçãoapurada, como deve ser, já pelo emprego de boas ma-deiras como pela cuidada mão-de-obra, o seu preço tor-na-se assaz elevado.

Este sistema de portas de faces lisas dá-nos melhoresresultados do que as portas engradadas de almofadas àface.

A construção destas portas é constituída por duaspartes quase distintas entre si a bem dizer. Uma ó aconstrução da grade interior, ou seja a sua estrutura,e a outra ó o revestimento exterior das duas faces comas folhas de madeira de contraplacado.

Ora, a construção das chamadas portas de contrapla-cado é bastante simples, como vamos ter ocasião deobservar.

Iniciam-se os trabalhos com a preparação da madeirapara a grade, cuja espessura deve andar em volta deOm,035. A largura para as couceiras e para a travessasuperior nunca convém ter menos de Om,ll ou O™, 12 epara a travessa inferior Om,15 ou 0™,16 está em conta.

As larguras de todas as restantes peças, quer sejamtravessas horizontais como pinásios verticais oscilam deOra,045, Or",05 a Ora,06.

O engradamento das couceiras e travessas ó conce-bido como todos os engradamentos da carpintaria civil.As couceiras comportam foros de um canto ao outro,cujo comprimento é igual a dois terços da largura dastravessas. A parte correspondente ao outro terço com-porta uma espécie de envaziado com cerca de Om,007a O^jOlO de profundidade para dar lugar ao talão dessamesma altura que ocupa igual terço da largura das tra-vessas.

PORTAS DE ALMOFADAS RINCOADAS (Fig,18).—Estas portas são idênticas às precedentes, porquetambém têm as suas almofadas à face, só diferindo delasporque as couceiras, as travessas e as almofadas sãodotadas da pequena moldura nossa conhecida, — orincão.

As tábuas que compõem as almofadas também sãodotadas da mesma moldura em cada uma das suas jun-tas, salvo apenas uma delas que fica com os seus cantoslisos, porque fica entre duas molduras e não podemficar duas molduras ao lado uma da outra, como secompreende.

O número de almofadas é também variável nestestipos de portas, bem como a sua disposição.

Conquanto estas portas sejam classificadas de modes-tas, quando são construídas de madeiras caras, como ocastanho, o carvalho e o pits-pine apresentam um as-pecto magnífico e podem ser pulidas ou envernizadas.

PORTAS DE CONTRAPLACADO (Fig. 20).—Aschamadas portas de contraplacado são uns batentes coni-pletamente lisos, pois, como a sua designação indica,são forrados de ambas as faces com folhas dessa ma-deira. Logo, toda a superfície dos batentes, qualquerqne seja a sua largura, não apresenta juntas, magníficacondição para os fins em vista.

A construção deste tipo de portas, que ó o de con-cepção mais moderna entre nós, ó relativamente eco-nómica se atender-mos a uma manufactura correntia. Fiy. IS. — PORTA DE ALMOFADAS BINGOADAS

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Fig. 19. — PÕE MENORES DA PORTADE CONTRAPLACADO

a) — Porta com o canto revestido a topo; b) — Porta semrevestimento no canto ; c) — Porta com o canto revestidoa meia-esquadria ; d) — Porta com testeira envaniadae remate das folhas em reintrància; e) — Porta com testeirasimples; f j — Porta de testeira envaziada e remate simples

das folhas de contraplacado

As travessas são engradadas nas couceiras, como sepratica com as outras portas, devendo ficar bem esqua-driadas e desempenadas. Depois faz-se o engradamentodas travessas interiores pelo mesmo sistema.

As travessas interiores que vão de fora a fora são,em toda a altura da porta, apenas duas ou três em es-paços equidistantes. As restantes travessas que ficamintermédias são providas de respigas curtas, porque osfuros onde devem entrar são também pouco profundosnão avançando mais de um terço da largura da couceira.

As dimensões para os rectângulos da grade, ou a suamalha, oscilam em geral de Om,12, Om,15 até Om,20,por lado. A melhor dimensão é a de Om,12 x 0,m18 ouO™,20, mas como temos de atender à superfície da portanem sempre se pode aplicar uma medida conveniente.

Porém, o construtor resolve os casos sempre deacordo com as dimensões da grade, não permitindocontudo que a malha ultrapasse, quando quadrada, O™,15ou 0™,16 de lado.

Quando a malha atinge Om,20 ou mais de cada ladonão se garante a firmesa das folhas de contraplacado,pois que por falta de apoio começam a deprimir ou aempolar, segundo a temperatura ou tendência da ma-deira. Mas se a malha ó demasiadamente apertada aporta torna-se num bloco pesado de maciço.

Para se evitar a grande largura das malhas divide-seao meio, pelo menos, a largura das portas e aplicam-setravessas ou pinásios verticais, apertados por respigametidas em mechas abertas nas travessas laterais. Seas portas forem muito largas aplicam-se duas ou maistravessas verticais e assim se apertam as malhas.

Depois da grade estar grudada e afagada assentam-sesobre ela, nas suas duas faces, as folhas de contrapla-cado.

A espessura destas folhas pode variar de três a cincomilímetros. As folhas são grudadas a frio e apertadasem prensas apropriadas.

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Fig. 20. — PORTA DE CONTRAPLACADO

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Fig. 21.—GRADE PARA A PORTA DE CONTRAPLACADO

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Fig. 2S.~ CORTE HORIZONTAL DO PORTAL ENVIDRAÇADO (l.« Pày.)Em cima: Planta do conjunto; Em baixo ; Pormenor de uma variante

As juntas das portas, quer as dos lados da ferragem,quer as dos restantes lados comportam, em muitas cons-truções, uns guarnecimentos ou testeiras com o tini detaparem os topos das respigas que, como se sabe, apa-recem e são sempre maus para receberem pintura.

Nos pormenores (Fig. 19') apresentamos diversos sis-temas de resolver o esquisito caso, mas todos elesmuito usados, não resolvem bem o problema, porquetodos têm os seus inconvenientos. A compressão e dila-tação da madeira, de espécies diferentes, complicamdeveras o bom êxito do trabalho.

As fendas entre o contraplacado e as :-:- : apa-recerão sempre, qualquer qne seja o sistema aplicado.

As testeiras são por vezes providas de envaziadoonde entra um macho e fixam-se às couceiras por meiode parafusos, cojas cabeças ficam dentro da madeiracerca de 0™,005, além de serem grudadas.

A melhor madeira para a construção de grades ó acriptoméria, pela sua grande levesa.

PORTAS DE DOIS BATENTES (Fig. 24).—Quandoos portais são assaz largos é mister aplicar-lhes portasde dois batentes. As portas de um batente só podem serutilizadas até O'",80 de largura, porque quando ultrapas-sam essa dimensão têm sempre tendência a descair.

Quando os vãos são muito largos chegam a aplicar-setrês ou mais batentes ou folhas. Porém, ó nos vãos deportas envidraçadas que o grande número de folhasapresenta um aspecto de grande beleza.

Os vãos de portas de dois batentes podem ser cons-truídos de qualquer sistema, tal qual como os vãos deum batente. Os estudos que mostrámos nas portas de umbatente são os mesmos para as portas de dois batentes.

GUARDAVENTOS (Fig. 20). — A construção doschamados guardaventos é positivamente a mesma dasportas de funcionamento vulgar. Os guardaventos sãoquase sempre portas envidraçadas e tanto podem serde uma folha como de duas. A sua única característicareside no seu funcionamento, livre para qualquer doslados, para dentro e para fora.

A saa ferragem são as molas d* idas, de qualquer sis-tema, de qne se encontram bastantes e variados tipos,em lugar das conhecidas fixas de macha fêmea.

As suas juntas são ligeiramente arredondadas paraque o movimento da passagem de uma folha pela outrase faça sem o mais leve encontro ou choque.

A posição normal de um guardavento consiste emconservar-se fechado o vão da porta, e só quando seempurram para qualquer dos lados as folhas se movi-mentam. Por conseguinte nada de bocéis a impedir osmovimentos nem nada de réguas de batente para en-costo.

O funcionamento dos guardaventos necessita de arosde aduela onde assentam as molas doidas.

No grande vão envidraçado que apr.esentamos naprimeira página, (Fig. 1), mostramos um guardaventode duas folhas a funcionar entre batentes fixos ou anioverem-se também, quando isso for necessário.

Os guardaventos são providos de puxadores para sepuxarem ou empurrarem e ainda de espelhos, que sãoumas chapas de vidro ou de metal assentes nas cou-ceiras, que servem para se empurrarem as portas.

Em certos casos as folhas dos guardaventos são pro-vidas de fechos, para se fecharem quando for conve-niente.

(ittarni'f8o lisa.

Fig. 23.—CORTE HORIZONTAL DA POR1*. DE DOIS BATENTES

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Fig. 24. —POETA ALMOFADADA DE DOIS BATENTES

A L M O F A D A S

A s dimensões das almofadas são estabelecidas depois"̂ de estudado o engradainento da porta, que comojá dissemos obedece c\s larguras das tábuas em que ge-ralmente são construídas.

As couceiras e as travessas previamente marcadas naplanta do vão, dão origem ao estudo das almofadas.

A não ser em portas muito estreitas a constituiçãodas almofadas engloba inais de uma tábua na sua lar-gura. A posição das almofadas nas portas é quase sem-pre com a madeira ao alto. Só em casos muito especiais,como com a construção de almofadas muito largas e— _•; . i;.-..-. = e deixam com a fibra da madeira no sen-tido horizontal.

A ligação das tábuas entre si na construção das almo-fadas é feita pelo processo vulgaríssimo de as unir pormeio de macho e fêmea. Porém, como a junção das tá-buas na construção de um taipal, e é este o caso dasalmofadas, nunca é muito perfeita com o corrimento dosmachos, que impede a boa e normal direitura dos cantosde cada uma das pecas componentes, recorre-se ao sis-tema dos machos postiços.

Assim, aplainaaa-se todas as tábuas de canto e Jace,desengrossam-se aplainando o tardoz e faz-se o seu gal-gamento. Todas estas jantas feitas com a garlopa ficammuitíssimo perfeitas, como é eoaTeniente, para a gru-dagem também ficar

i. 25. — GUABDAVENTO DE DOIS BATENTES

As duas tábuas ou peças laterais, isto é, as que ficamde cada lado do taipal, não são galgadas, ficando, pelocontrário, mais largas, para poderem ser cortadas comas medidas certas na ocasião apropriada em que as almo-fadas vão ser replainadas.

Com os topos também sucede a mesma coisa. Todasas tábuas ficam mais compridas do que ó preciso, paraserem cortadas no momento acima descrito.

Agora voltamos atrás para dizer-mos alguma coisa apropósito dos machos postiços, o melhor sistema paraa junção das tábuas na feitura dos taipais.

Preparadas as tábuas com os seus cantos de um ladoe do outro, faz-se o envaziado com o cantil e prepa-ram-se os machos, que são umas fasquias que hão-deentrar nos envaziados de cada uma das tábuas. As suassecções são, no que respeita à espessura, iguais à lar-gura dos envaziados, e no que diz respeito à largura,iguais a duas profundidades dos envaziados, Om,02 poucomais ou menos. Uma vez prontos entram num dos enva-ziados de uma tábua ficando o resto da sua largurapronto a entrar no envaziado da outra tábua.

Estando todas as tábuas ligadas umas às outras pelosmachos e apertadas nos gastalhos para se saber se acer-tam bem, pode proceder-se à grudagem.

Desaperta-se tudo, separam-se todas as tábuas, e osmachos que recebem grude de um lado, metem-se nosseus envaziados.

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DE TASassentamento das portas é uni trabalho conside-rado de precisão, a bem dizer. Para que um vão

de batentes fique a funcionar convenientemente é misterque o assentamento das ferragens fique perfeito emequilíbrio e disposição.

O assentamento de um vão de dois ou mais batentesé de mais difícil efectivação do que um vão compostode uma só folha. A junção das várias folhas numa afi-nação bem disposta é sempre relativamente difícil.

O assentamento dos vãos de portas inicia-se dando-seàs folhas ou batentes as dimensões adequadas aos por-tais, partindo-se do princípio de que já se encontram,a esse tempo, devidamente afagadas.

Os vãos de portas podem movimentar-se de junta oude rebaixo, como mostrámos nos desenhos de porme-nores.

Assim, vamos proceder ao assentamento de um vãode porta de um batente.

Tira-se a medida exacta da largura do vão e trasla-da-se para a porta colocada no banco do carpinteiro,tendo-se em conta que ambas as couceiras fiquem comas suas larguras iguais. Serram-se as tiras a mais dei-xando-se o traço vivo.

Se o vão fica de junta fazem-se os cantos ou juntascom a gaiiopa, para que fiquem bem direitas e na es-quadria, contando-se com ama folga de O'",003, pelomenos.

Seguidamente tira-se a altura certa do vão e trasla-da—se igualmente para a porta, deixando-se à travessade cima a mesma largura das couceiras.

Daí para baixo fica toda a altura da porta deixando-se.à custa da travessa de baixo, a folga necessária paraque a porta, no seu movimento de abrir e fechar, nãoarraste no pavimento.

Depois assenta-se a ferragem, normalmente três ma-chas-fêmeas, cujos lugares são dos limites dos furospara dentro, nas duas das extremidades, enquanto quea terceira fica a meio dessas duas,

Se as portas são rebaixadas, as larguras dos meios--fios, cerca de O'",012, ficam a mais para cada lado dovão. A largura do vão fica portanto entre os rebaixes.

Com a travessa de cima procede-se da mesma ma-neira.

As machas-fêmeas para o primeiro sistema são deaparafusar e para o segundo são fixas de cravar.

Assim que a porta fica no seu lugar pregam-se osbocéis nas aduelas dos alizares e assim se remata o vão.

Na couceira oposta à da ferragem assenta-se a fecha-dura ou trincos.

Depois dá-se grude em todas as juntas, metem-se to-das as tábuas umas nas outras e apertam-se nos gasta-lhos.

Finalmente as almofadas são afagadas nas duas faces,cortadas nos quatro lados com as medidas certas, replai-nadas ou chanfradas, se assim tenha sido indicado, eficam prontas a entrar nos seus lugares.

Vamos agora explicar o assentamento das portas dedois batentes. Obtidas as dimensões dos vãos e marca-das nas portas, como fizemos para os vãos de um ba-tente, abrimos em primeiro lugar os meios-fios ou asjuntas, conforme o sistema preferido, da junção centraldos batentes e do seguida cortamo-las dos lados e decima e de baixo.

Este trabalho é feito com o auxílio de uma régua,que pela linha das travessas mantém o nível das duasfolhas em jogo e não permite que uma folha fique maisacima ou mais abaixo do que a outra.

Seguidamente assentam-se as machas-fêmeas como deordinário em ambas as folhas, e na marcação delas nosalizares deve haver a maior perfeição e cuidado, paragarantia do bom funcionamento total.

Finalmente se o vão abre para a direita assenta-sedesse lado a fechadura.

Porém, se abrir para o lado esquerdo é desse ladoque SQ prega a fechadura. Na folha do lado oposto fixa-sea chapa-testa. Nos vãos de uma só folha a chapa-testaé assente no alizar ou no aro.

Na junção das duas folhas a junta ó coberta por umafasquia de cada lado, de cada face, chamada régua debatente. Às vezes, quando as portas são de juntas re-baixadas, nas edificações de pouca categoria não se apli-cam réguas de batente, correndo-se simplesmente umrincão na saliência do rebaixo.

As folhas dos vãos de duas meias portas têm as de-signações de folha de espera e de folha de batente,

Na folha de espera assentam-se fechos de correr, debarrinha de ferro, para a sua fixação permanente. O fe-cho de baixo, que entra numa caixa aberta no pavi-mento, pode medir de comprimento Om,20. O fecho decima deve possuir o comprimento necessário para sermanejado pelas pessoas. Este fecho entra na grampaassente na travessa de bandeira ou na verga dos guar-necimentos ou dos aros.

Nas boas construções os fechos são embebidos; assen-tes quer nas faces interiores quer nas juntas das portas.

Tanto os fechos de embeber como os de pregar à facepodem ser de boa execução e de bom acabamento.

Nos vãos de uma folha ou batente escolhe-se o ladomenos incomodativo para lugar do seu movimento.

Assim, se há de um lado uma parede, é para essaconfrontação que a porta deve abrir, porque uma vezaberta aí fica encostada sem prejudicar o espaçojsaraa entrada da respectiva dependência.

As portas interiores possuem, além da fechadura e dosfechos, trincos para a conservação fechada sem a neces-sidade de utilizar a fechadura, manejados pelo antigosistema de moletas ou pelo moderno uso de punhos oupuxadores de latão cromado.

Actualmente as fechaduras para as portas interiores,quer sejam do tipo de embeber quer sejam de pregar àface, são dotadas também de trinco que se maneja beme só se dá a volta à chave quando isso seja absoluta-mente necessário.

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