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REDUÇÃO DA RAZÃO LINEAR DE CARREGAMENTO PARA AUMENTO DA GRANULOMETRIA DO MATERIAL DESMONTADO EM ROCHAS ALTERADAS Carla Ferreira Vieira Martins, DNPM/MG, [email protected] RESUMO Este trabalho baseia-se em alterações procedimentais no carregamento de seções de lavra na mina Ipueira V-B, mina de cromo da FERBASA, na cidade de Andorinha, Bahia. Devido existência de um trecho, no painel desta mina, constituído por maciço rochoso muito fraturado, e minério friável, tornou-se necessário reduzir a razão de carga de explosivos utilizada no carregamento das seções de lavras nas galerias pertencentes a esse domínio estrutural. Escolhe-se a galeria 212-VB para execução deste carregamento-teste utilizando emulsão encartuchada com diâmetro maior do que o usado nos carregamentos tradicionais e diminuição da pressão no canhão pneumático. Após detonadas o material desmontado foi submetido a ensaios granulométricos, e realizou-se também um estudo comparativo entre os custos com explosivos em ambos os tipos de carregamento. Palavras-chave: Detonação; Razão linear de carga; Ensaios granulométricos. ABSTRACT This work is based on procedural changes in loading sections of mining in the mine Ipueira VB, FERBASA chrome mine , in Andorinha city, Bahia. Because the existence of a stretch at this mine panel, consisting of rocky massif very fractured and friable ore, it became necessary to reduce the ratio of explosive charge used in charging sections of mines in the galleries belonging to this structural domain. Is chosen gallery 212- VB for executing this load test using emulsion with packaged explosive higher than that used in traditional load and decreasing the pressure in the pneumatic cylinder diameter. After blasted the material was subjected to granulometric test, and also performed a comparative study of the costs with explosives in both types of loading. Keywords: Blast; Linear charge ratio; Granulometric test.

Razao de carga - Detonações

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REDUÇÃO DA RAZÃO LINEAR DE CARREGAMENTO PARA AUMENTO DA GRANULOMETRIA DO

MATERIAL DESMONTADO EM ROCHAS ALTERADAS

Carla Ferreira Vieira Martins, DNPM/MG, [email protected]

RESUMO

Este trabalho baseia-se em alterações procedimentais no carregamento de seções de lavra na mina Ipueira V-B, mina de cromo da FERBASA, na cidade de Andorinha, Bahia. Devido existência de um trecho, no painel desta mina, constituído por maciço rochoso muito fraturado, e minério friável, tornou-se necessário reduzir a razão de carga de explosivos utilizada no carregamento das seções de lavras nas galerias pertencentes a esse domínio estrutural. Escolhe-se a galeria 212-VB para execução deste carregamento-teste utilizando emulsão encartuchada com diâmetro maior do que o usado nos carregamentos tradicionais e diminuição da pressão no canhão pneumático. Após detonadas o material desmontado foi submetido a ensaios granulométricos, e realizou-se também um estudo comparativo entre os custos com explosivos em ambos os tipos de carregamento.

Palavras-chave: Detonação; Razão linear de carga; Ensaios granulométricos.

ABSTRACT

This work is based on procedural changes in loading sections of mining in the mine Ipueira VB, FERBASA chrome mine , in Andorinha city, Bahia. Because the existence of a stretch at this mine panel, consisting of rocky massif very fractured and friable ore, it became necessary to reduce the ratio of explosive charge used in charging sections of mines in the galleries belonging to this structural domain. Is chosen gallery 212- VB for executing this load test using emulsion with packaged explosive higher than that used in traditional load and decreasing the pressure in the pneumatic cylinder diameter. After blasted the material was subjected to granulometric test, and also performed a comparative study of the costs with explosives in both types of loading.

Keywords: Blast; Linear charge ratio; Granulometric test.

INTRODUÇÃO

O presente projeto refere-se ao Trabalho de Conclusão de Curso, da engenheira de minas Carla Ferreira Vieira Martins na Universidade Federal da Bahia. Este foi desenvolvido na Mina de Ipueira, da mineração FERBASA, localizada no município de Andorinha, Bahia. Em virtude de ser uma atividade que necessitava de melhoria dentro da empresa, optou-se por desenvolver um projeto na área de desmonte de rocha (carregamento com explosivos).

O projeto objetivou redução da razão linear de carregamento para aumento da granulometria do material desmontado em rochas alteradas, por meio da mudança na pressão de ar no equipamento pneumático que auxilia na atividade de carregamento e do diâmetro da emulsão encartuchada de 1 1/8” para 1 1/4” , objetivando obter um minério desmontado de maior granulometria (superior a 2”), o que resultaria em significativo aumento na recuperação do minério.

METODOLOGIA

Localização e acesso

A mina Ipueira está localizada na Fazenda Ipueira s/n, município de Andorinha, Bahia, situando-se na porção centro-oeste do estado da Bahia. O acesso é feito, partindo-se de Salvador-BA, pela BR-324 até Capim Grosso, seguindo-se pela BR-407 até Senhor do Bonfim, onde se encontra o acesso para a cidade de Andorinha. A mina de Ipueira localiza-se nas imediações desta cidade.

Figura 1- Mapa de localização.

Fundamentação Teórica

Explosivos

Explosivos são substâncias ou misturas, em qualquer estado físico, que, quando submetidos a uma causa térmica ou mecânica suficientemente enérgica (calor, atrito, impacto etc.) se transformam, total ou parcialmente, em gases, em um intervalo de tempo muito curto, desprendendo considerável quantidade de calor. [1]

As principais propriedades dos explosivos são:

Densidade de um explosivo - É a relação entre a massa e o volume dessa massa, medida em g/cm3. A densidade dos explosivos comerciais varia de 0,6 a 1,45 g/cm3.[1]

Energia de um explosivo - A finalidade da aplicação de um explosivo em um desmonte é gerar trabalho útil. A energia liberada pelo explosivo em um furo é utilizada da seguinte forma: pulverização da rocha nas paredes do furo, rompimento da rocha, produção de calor e luz, movimento da rocha, vibração do terreno e sobrepressão atmosférica.[1]

Velocidade e Pressão de detonação de um explosivo - A velocidade de detonação de um explosivo (VOD) é o índice mais importante do desempenho do mesmo, desde que a pressão de detonação de um explosivo é diretamente proporcional ao quadrado da velocidade de detonação, conforme a expressão abaixo. Uma maneira de avaliar o desempenho de um explosivo é pela comparação da pressão produzida no furo durante a detonação. Caso a pressão produzida no furo durante a detonação não supere a resistência dinâmica da rocha, a mesma não será fragmentada, entretanto a energia não utilizada no processo de fragmentação e deslocamento da rocha se propagará no terreno sob a forma de vibração.[1]

RWS - Relative Weight Strength (Energia relativa por massa) é a energia disponível por massa de um explosivo x, comparada com a energia disponível por igual massa de um explosivo tomado como padrão. Normalmente o ANFO é tomado como o explosivo padrão. [1]

RBS - Relative Bulk Strength (Energia relativa por volume) é a energia disponível por volume de um explosivo x comparada com a energia disponível por igual volume de um explosivo tomado como padrão.[1]

Desmonte de Rochas

A finalidade desmonte por explosivo é de converter a rocha em vários fragmentos menores para que possam ser escavados, transportados e britados pelos equipamentos disponíveis. Para isso, são necessários 4 fatores: i) fragmentação suficiente; ii) deslocamento,

movimentação e lançamento da pilha ; iii) redução dos problemas ambientais; iv) mínimo de dano ao maciço remanescente . A interação entre o explosivo e o maciço rochoso circundante durante e imediatamente após a detonação do explosivo e das propriedades físicas e dinâmicas do maciço rochoso adjacente.[2]

As teorias de fragmentação da rocha e os mecanismos de formação da pilha de fragmentos estão baseados na interação do explosivo detonante com a rocha circundante. Um entendimento do mecanismo de fragmentação da rocha por explosivo possibilita que o responsável pelo desmonte consiga uma fragmentação econômica do maciço rochoso, ao mesmo tempo em que também minimiza os efeitos adversos da detonação fora do perímetro da escavação. [2]

Cada furo de mina deve ser preparado, carregado e tamponado de modo que os gases da explosão permaneçam confinados por um período razoável de tempo. Estes gases devem quebrar, deslocar e liberar a rocha carregada satisfatoriamente sem criar lançamentos excessivo (ultra-lançamento) , ultra-quebra (overbreak), vibrações do terreno e sobrepressão atmosférica. [2]

Plano de Fogo

A partir da década de 50 foram desenvolvidas um grande número de fórmulas e métodos de determinação das variáveis geométricas: afastamento, espaçamento, subperfuração etc. Estas fórmulas utilizavam um ou vários grupos de parâmetros: diâmetro do furo, características dos explosivos e dos maciços rochosos etc. Não obstante, devido a grande heterogeneidade das rochas, o método de cálculo do plano de fogo deve basear-se em um processo contínuo de ensaios e análises que constituem o ajuste por tentativa.[1]

Diâmetro da perfuração (D) - A eleição do diâmetro de perfuração depende da produção horária, do ritmo de escavação, da altura da bancada e da resistência da rocha. Uma produção elevada requer furos maiores. A produção não aumenta linearmente em relação ao diâmetro do furo, mas praticamente de uma forma quadrática, o que depende da capacidade dos diferentes equipamentos de perfuração. [1]

Afastamento (A) - É a menor distância que vai do furo à face livre da bancada ou a menor distância de uma linha de furos a outra. De todas as dimensões do plano de fogo essa é a mais crítica. Um afastamento muito pequeno a rocha é lançada a uma considerável distância da face. Os níveis de pulsos de ar são altos e a fragmentação poderá ser excessivamente fina. Já um afastamento muito grande pode gerar sobre-escavação (backbreak) na parede muito severa. O valor do afastamento (A) é função do diâmetro dos furos, das características das rochas e dos tipos de explosivos utilizados. Os valores do afastamento oscilam entre 33 e 39 vezes o diâmetro do furo, dependendo da resistência da rocha e da altura da carga de fundo. [1]

Espaçamento (E) - É a distância entre dois furos de uma mesma fila. O espaçamento nunca deve ser menor que o afastamento, caso contrário o número de matacões será excessivo. [1]

Subperfuração (S) - É o comprimento perfurado abaixo da praça da bancada ou do greide a ser atingido. A necessidade da subperfuração, decorre do engasgamento da rocha no pé da bancada. [1]

Profundidade do furo (Hf) - É o comprimento total perfurado que, devido a inclinação e a subperfuração (S), será maior que a altura da bancada. O comprimento do furo aumenta com a inclinação, entretanto, a subperfuração (S) diminui com esta. [1]

Tampão (T) - É a parte superior do furo que não é carregada com explosivos, mas sim com terra, areia ou outro material inerte bem socado a fim de confinar os gases do explosivo. O ótimo tamanho do material do tampão (OT) apresenta um diâmetro médio (D) de 0,05 vezes o diâmetro do furo.[1]

Volume de Rocha por Furo (V) - É obtido multiplicando-se a altura da bancada (Hb) pelo afastamento (A) e pelo espaçamento (E).[1]

Razão Linear de Carregamento (RL)- É calculado pela fórmula abaixo:

RLd

xe

e

2

4000

onde: de = diâmetro do explosivo (mm);

e = densidade do explosivo (g/cm3).

Altura da carga de fundo (Hcf ) - É uma carga reforçada, necessária no fundo do furo onda a rocha é mais presa. Alguns autores sugerem que Hcf deve ser um valor entre 30 a 40% da altura da carga de explosivos (Hc). A tendência, a depender dos resultados dos desmonte, é de reduzi-la cada vez mais para diminuir os custos com explosivos. [1]

Hcf = 0,3 x Hc = 0,3 x (Hf - T)

Altura da carga de coluna (Hcc) - É a carga acima da de fundo e não precisa ser tão concentrada quando a de fundo, já que a rocha desta região não é tão presa. A altura da carga de coluna é igual a altura total da carga (Hc) menos a altura da carga de fundo (Hcf).[1]

Carga Total (CT) – É a soma da carga de fundo mais a de coluna:

CT = CF + CC [1]

Razão de Carregamento (RC)- É expresso pela fórmula:

RCCT

VKg m ( / )3

[1]

Aspectos gerais da área

A mina Ipueira está dividida em cinco unidades operacionais: minas Ipueira II, III, IV, VA e VB. As unidades 2 e 3 têm uma extensão longitudinal de 500 metros no sentido norte- sul, e a unidade 4 têm 375 metros. O acesso principal ao corpo é feito por uma rampa com declive de 12,5. Cada mina possui uma rampa principal que dá acesso aos diversos níveis em que ocorre mineralização. O acesso aos painéis de lavra norte e sul em cada nível é feito por rampas de acesso, abertas transversais no sentido oeste-leste.

O material proveniente da lavra é transportado por carregadeiras LHD, até os pontos de apoio, onde as carregadeiras de rodas Volvo e caterpillar carregam os caminhões Scania e Randon, transportando o R.O.M até o britador primário na superfície.

Figura 2- Carregadeira carregando caminhão com minério.

Produção e Produtos

A Mineração Ferbasa na Mina Ipueira e Medrado, produz atualmente 20.300 t de minério de cromo, sendo distribuídos em: 13.000 t de lump, gravilhão e pó; 5.300 t de concentrado e 2.000 t de areia de cromita.

Em relação a sua distribuição granulométrica esses produtos são classificados da seguinte forma: Lump: 4” a 30 mm; Gravilhão: 30 mm a 3/8”; Pó: menor 3/8”; Concentrado: abaixo de 70 mesh (0,212 mm) e Areia de cromita: acima de 70 mesh (0,212 mm).

Beneficamento / Seleção Mecanizada

O beneficiamento do minério proveniente da lavra subterrânea tem inicio na seleção mecanizada. Do material lavrado, os blocos com grandes dimensões (acima de 1,0 m),são submetidos a uma fragmentação secundária com o auxílio de explosivos (fogacho),vindo a se juntar posteriormente com minério de menor dimensão. O minério de menor dimensão é depositado em um silo que alimenta o britador primário (modelo FAÇO 120X90), que reduz o minério a uma granulometria abaixo de 20 cm. Após a britagem, o material é transportado por correia até uma pilha pulmão que alimenta a peneira vibratória de abertura de 2” por meio de correia transportadora. O material passante na peneira de 2” é transportado por correria para uma pilha de finos, daí segue por meio de caminhões para a usina de concentração, distante 4 km.

A fração retida nessa peneira segue por correia de baixa velocidade onde operários fazem a seleção manual do lump separando do estéril, com base nos aspectos visuais e mineralógicos do minério(cor, densidade e hábito).O minério selecionado segue para um britador secundário (FAÇO 70X50), onde sofre nova fragmentação, saindo com diâmetro menor que 4 polegadas, em seguida é transportado por correia para uma nova classificação em peneira vibratória de 3 deck´scom abertura de 4, ¾ e 3/8 “.O material acima de 4” será novamente rebritado, os outros abaixo de $” tornam lump´s sendo depositados em pilhas.

Figura 3- Fluxograma da seleção mecanizada.

Estudo do problema

Como pode-se notar a cromita tipo lump , gravilhão e pó, é obtida após processos de britagem e catação manual, apresentando um teor de Cr2O3 superior a 39%. Apenas o material com granulometria abaixo de 2” alimenta a Unidade de Concentração. O processo de concentração adotado pela mineração é feito exclusivamente por gravimetria utilizando hidrociclones, espirais, hidroclassificadores e tromel e a recuperação metálica da concentração está em torno de 60%.

Historicamente na FERBASA, o R.O.M após submetido a britagem primária gera cerca de 33% de material abaixo de 2” (material fino) que é enviado para a concentração. Porém nos últimos anos com a introdução de material desmontado proveniente da mina Ipueira V, este percentual vem aumentando.

Entretanto identificou-se em um trecho da mina Ipueira-V( final do painel da mina, sentido W-E) a existência de um cromitito muito friável e brando, devido a presença de falhas entre contato do minério e a camada de mármore. Esse maciço pobre após desmontado e britado, gera mais de 60% de material fino (abaixo de 2”).

Devido a baixa recuperação obtida na concentração, essa situação não é desejada, preferindo-se a redução na produção de material numa granulometria abaixo de 2”, pois dessa forma produzir-se-á mais lump, gravilhão ou pó, que são mais rentáveis para a empresa, uma vez que a recuperação na seleção mecanizada é cerca de 90%, além disso estes produtos são submetidos a tratamento muito simples , sendo logo enviados diretamente para a fábrica da FERBASA em Pojuca ou comercializados com outras empresas (Acesita, Magnesita, Carbox).

Procedimento Operacional do Carregamento em Seções em Lavra

Para carregamento com explosivos em seções de lavra, utiliza-se uma Plataforma e uma máquina pneumática que se conecta a mangueira de diâmetro específico para encartuchados de dimensões 1 1/8” X 24”.

Figura 4- Plataforma de apoio para carregamento de lavra.

Figura 5- Carregamento de seção de lavra.

Figura 6- Equipamento pneumático.

O blaster recebe o plano de carregamento tendo o dever de verificar todo o material a ser utilizado na atividade, e inspecionar se a quantidade e o comprimento dos furos coincide com o projeto no plano.

Os furos são carregados com encartuchados Powergel 815 de dimensões 1 1/8” X 24”. Utilizam-se como acessórios espoletas elétrica e cordel detonante NP10.

Tabela 1- Especificações nominais do explosivos encartuchados Powergel 815.

Densidade (g/cm3) VOD (km/s) RBS (%) Resistencia a água

1,15 6,0 162 Excelente

O primeiro encartuchado é inserido no furo junto com cordel detonante NP10 e uma espoleta elétrica e uma espoleta elétrica (escorva). Em seguida são colocados os encartuchados da carga de fundo numa Razão de Carregamento de 4 um/m. Tanto a escorva quanto os demais encartuchados que constituem a carga de fundo são cotados em uma das extremidades, para aumentar a razão linear de carga. Após isso se acrescentam os encartuchados da carga de coluna, de forma que reste o comprimento do tampão projetado no furo.

Por meio de dados já coletados e disponíveis na empresa, sabe-se que a razão linear de carregamento (RLC) para a carga de fundo é em torno de 2,00 kg/m (média de 4,54 un/m), enquanto que a RLC da carga de coluna é de 1,67 kg/m (média de 3,8 un/m). A pressão de carregamento é em torno de 6,5 bar.

Nova Técnica para Carregamento de Seções de Lavra

A razão de carregamento utilizada para as seções de lavra na mina Ipueira V gera um material desmontado quando britado no britador primário da Seleção Mecanizada produz mais de 55% passante numa peneira de 2”.

Devido ao efeito do adensamento sofrido pelos encartuchados de 1 1/8” X 24” quando injetados dentro do furo, a razão do carregamento linear aumenta significativamente, pois se os encartuchados estão muito compactados, tem-se espaço para caber mais unidades.

Há cerca de 4 anos (2006) foram realizadas ensaios com tubos PVC de diâmetro de 2”, simulando o carregamento de furos com encartuchados de 1 1/8” X 24” , a fim de demonstrar a distribuição espacial dos encartuchados dentro dos furos de carregamento.[3]

Figura 7- Ensaios de carregamento em tubos de PVC.

Como o diâmetro do furo é de 2” (51 mm) e do explosivo de 1 1/8” é de 28,6 mm, o encartuchado pode dobrar-se e ocupar um espaço, tanto em comprimento quanto em largura, muito menor do que o esperado. Os encartuchados de (1 ¼ X 24)” são mais espessos e se alojam mais justos nas paredes dos furos, consequentemente necessita-se de uma menor pressão de ar na máquina pneumática de carregamento para fixar-se dentro do furo.

Sabendo-se ainda que o nível de compactação do explosivo no fundo do furo está diretamente ligada a pressão de ar, assim testaram-se valores para a pressão de ar poderia ser reduzida de 7 para 5 bar, sem comprometimento no carregamento, pois a pressão de 5 bar igualmente permitiu que o encartuchado se ficassem nas paredes do furo e não deslizassem.

Desta forma elaborou-se um novo procedimento de carregamento para seções de lavra a fim de testá-lo usou-se esse procedimento para carregar 10 seções na galeria de 212 na mina Ipueira V-B. O novo procedimento operacional foi realizado da seguinte forma:

1- Inicialmente determinou-se a massa de explosivo por unidade para o encartuchado de 1 ¼” X 24” e 1 1/8” X 24”. Para isso selecionou-se 10 caixas de explosivos de cada tipo, a fim de encontrar a média. Estas caixas de explosivos selecionadas foras as utilizadas no carregamento destas seções. Como o peso de cada caixa de explosivo é de 25 kg, pode-se encontrar a quantidade de explosivo unitária.

2- Manteve-se o procedimento de colocação da escorva e da carga de fundo com encartuchado de (1 1/8 X 24)”, entretanto reduziu-se a pressão de carregamento para 5 bar.

3- Carregamento da carga de coluna com encartuchado de ( 1 ¼ X 24)” e pressão de 5 bar.

Tabela 2 - Massa do explosivo 1 1/18” X 24”

Tabela 3 - Massa do explosivo 1 ¼” X 24”

Dados Obtidos

Os resultados obtidos encontram-se resumidos na tabela abaixo, encontram-se resumidos na tabela abaixo e também se calculou a razão de carregamento volumétrico realizando uma simulação, com o objetivo de observar a coluna CE CC’, se caso fosse realizado o carregamento da carga de coluna do método convencional, desta forma foi possível comparar a razão de carregamento volumétrica com encartuchado de 1 ¼ X 24” e de 1 1/8 x 24”.

Tabela 4 - Razão linear de carregamento da carga de fundo e de coluna.

Os resultados encontrados para a razão de carregamento linear da carga de coluna e da razão de carregamento volumétrica, juntamente com os seus respectivos percentuais de redução foram:

RCL CC : 1,27 kg/m ; RCV: 0,40 kg/m3

% redução RCL: 20,63% ; % redução RCV: 11,54%

Figura 8- Material desmontado da Seção 1

Figura 9- Material desmontado da Seção 4.

Ensaios Granulométricos

Das 10 seções de lavra submetidas ao carregamento teste, devido a questões do controle

da produção, foram detonadas apenas 5 seções para análise granulométrica do

desmontado. Após desmontada 5 seções do carregamento teste, estas foram armazenadas

no pátio de minério, e em seguida direcionadas separadamente para britagem primária

(FAÇO 120 X 90). Após a britagem primária recolheram-se amostras na correia

transportadora e o material coleado como amostra foi então submetido a uma classificação,

utilizando uma tela metálica de 2”, e em seguida uma tela de 1 ½ “.O material passante e o

retido em cada tela metálica foram pesados, e assim pode-se determinar o percentual de

material passante em ambas as malhas.

Figuras 10 e 11– Material removido do pátio de estocagem para britador primário.

Figuras 12 e 13- Amostra sendo coletada da CT.

Figuras 13 e 14- Classificação da amostra na tela de 2”

Figura 15 – Classificação na tela metálica de 1 ½”.

A partir da britagem primária dos materiais provenientes das 5 seções de lavra do carregamento teste obteve-se:

Tabela 5- Resultado para as amostras das seções de lavra.

Seção Inclinação frontal (°)

Massa Total (kg)

Passante 2” (%)

Passante 1 ½” (%)

Razão Volumétrica

(kg/m3)

1 5 455,91 61,4 47,5 0,592

2 9 244,82 60,14 43,24 0,393

3 9 211,57 60,78 39,70 0,405

4 10 249,79 52,10 37,49 0,310

5 10 197,41 49,64 34,84 0,307

Média

56,81 40,55 0,401

DISCUSSÃO DE RESULTADOS

Os resultados obtidos foram analisados por dois âmbitos: econômicos e de produção. No âmbito econômico buscou-se evidenciar a redução nos custos com explosivos, por meio de um estudo comparativo entre o método convencional adotado pela empresa. Na avaliação da produção realizou-se ensaios granulométricos para análise da eficiência do desmonte de cada seção.

Fazendo uma comparação entre a quantidade de encartuchados usados nesse carregamento teste com o carregamento convencional, sabendo-se que a razão no carregamento é de 3,8 un/m, então:

Tabela 6- Quantidade comparativa de explosivos.

Qt. encartuchado Carga de Fundo (1 1/8 X 24)”

Qt. encartuchado Carga de Coluna (1 ¼ X 24)”

Qt. encartuchado Carga de Coluna (1 1/8 X 24)”

735 unidades 675 unidades 1303 unidades

Preço unitário do encartuchado ( 1 1/8 X 24)” : R$ 3,72

Preço unitário do encartuchado ( 1 ¼ X 24)” : R$ 4,82

Quantidade Total e custos com o encartuchado no carregamento teste:

735 + 675 = 1410 unidades

735*3,72 = R$ 2.734,20

675*4,82 =R$ 3.253,50

Total: R$ 5.987,70

Quantidade total e custos com o encartuchado no carregamento convencional

735+ 1.303 = 2.038 unidades

2.038* 3,72 = R$ 7.581,36

Total: R$ 7.581,36

Economia de R$ 1.593,66

O volume total das seções: 1.998,629 m3

Como a produção atual é de 56.550 t/mês de R.O.M de densidade de 3,00 t/m3, o que resulta em 18.850,000 m3/mês. Desta forma seria possível uma economia mensal de 15.030,549. E anualmente uma economia de R$ 180.366,59 com os custos de explosivos.

Para análise dos resultados no âmbito da produção, pode-se notar que o percentual passante tanto em 2” como em 1 ½” diminui a medida que o número da seção aumenta. As seções menores estão mais próximas do final da galeria, e como a lavra é em recuo, estas seções estão consequentemente mais próximas da chaminé e do slot raise. Como a chaminé da galeria é a primeira face livre a ser gerada ela apresenta uma razão de carga muito alta.[4]

Além disto, as primeiras seções de lavra apresentam ângulos de inclinação frontal menores, o que resulta em menor afastamento ou seja, maior influencia entre explosivos das seções adjacentes. Estes fatores são marcantes e provavelmente os responsáveis para que as partículas menores que 2” nas seções 1, 2 e 3 seja acima de 60%. Este efeito diminui visivelmente nas seções 4 e 5, e certamente nas demais seções da galeria que estão ainda mais afastadas da chaminé.

Também se deve avaliar a relação entre a razão volumétrica de carregamento e o percentual passante nas peneiras, sendo que o percentual de material passante aumenta a proporção que também aumenta-se a razão volumétrica de carregamento.

Gráfico 1- Percentual passante em função da razão volumétrica de carregamento.

Evidencia-se ainda que a diferença percentual de material passante em 1 ½” e 2” é de cerca de 16,26%. Isso significa que se o tamanho mínimo necessário para determinação do tipo de beneficiamento, na seleção mecanizada ou na concentração fosse alterado de 2” para 1 ½”, se deixaria de enviar aproximadamente 162,6 kg/ton de material que chega na seleção mecanizada para o beneficiamento na concentração. Vale ressaltar ainda que as operações de carregamento e transporte do material desmontado tem significativa contribuição no aumento da fragmentação deste material, pois a descarga deste no caminhão (nos P.As), e em seguida do caminhão ao pátio de britagem, e por ultimo da carregadeira no silo do britador primário, favorecem uma fragmentação excedente, pois por se tratar de um material muito friável, qualquer impacto, já interfere na fragmentação, já que a resistência do desmontado é muito baixa.

CONCLUSÕES

Foram realizados carregamento em 10 seções de lavra da galeria 212-Ipueira VB, utilizando o encartuchado Powergel 815 de dimensões ( 1 ¼ x 24)” como carga de coluna com uma pressão no equipamento pneumático de 5 bar.

A quantidade de explosivos utilizada em cada furo foi contabilizada, e dessa forma constatou-se que este método possibilita uma redução de 20,63% na razão linear de carga, o que equivale a 11,54% de razão volumétrica de carga em relação ao método tradicional adotado.

Pelo estudo comparativo evidenciou-se uma economia de R$ 180.366,59 com os custos de explosivos por ano. Entretanto o percentual de material considerado fino ( abaixo de 2”) após submetido a britagem primária, e que é enviado para a concentração, foi de 56,81%. Este valor está muito acima do desejado que seria 33%. Já para a uma malha de 1 1/12”

temos 40,55%, o que é um valor bem melhor, representando 16,26% a mais de material que deixaria de seguir para a concentração, sendo totalmente beneficiado na seleção mecanizada.

Assim, embora não obtendo-se o resultado desejado quanto a granulometria, o ensaio evidenciou a possibilidade de redução de custos, por meio da redução da quantidade de explosivos desnecessária, bem como para uma reflexão sobre a granulometria mínima das partículas necessárias para tratamento na concentração.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. BAPTISTA OLIVEIRA, J. (2002) Tecnologia do Desmonte de Rocha (ENG 248)

Notas de aula. UFBA/EP/DCTM.

2. CAMERON, A., HAGAN,T. (1996). Curso Internacional de Desmonte de Rochas

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de Mineração. Belo Horizonte.

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Relatórios internos da FERBASA. Andorinha, Bahia.

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de Explosivos – Teoria, Prática e Novas Tendências. Fundação Parque Tecnológico

da Paraíba ( PaqTcPB). Campina Grande.