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UNIMAR RÔMULO CESAR PISCINATO EFICIENTIZAÇÃO ENERGÉTICA EM MÉTODOS DE CONTROLE DE VAZÃO MARÍLIA 2011

Trabalho de Conclusão de Curso - Engenharia Elétrica - Eng Rômulo C. Piscinato

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UNIMAR

RÔMULO CESAR PISCINATO

EFICIENTIZAÇÃO ENERGÉTICA EM MÉTODOS DE CONTROLE DE VAZÃO

MARÍLIA

2011

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RÔMULO CESAR PISCINATO

EFICIENTIZAÇÃO ENERGÉTICA EM MÉTODOS DE CONTROLE DE VAZÃO

Trabalho de conclusão de curso apresentado à Coordenação do Curso de Engenharia Elétrica da Faculdade de Engenharia, Arquitetura e Tecnologia da Universidade de Marília como requisito parcial para a conclusão da disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso, sob orientação do Prof. Dr.

José Achiles Mozambani.

MARÍLIA

2011

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Autor: RÔMULO CESAR PISCINATO

Título EFICIENTIZAÇÃO ENERGÉTICA EM MÉTODOS DE CONTROLE DE VAZÃO

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de Engenharia Elétrica da

Universidade de Marília como requisito parcial para a conclusão da disciplina de

Trabalho de Conclusão de Curso sob a orientação do Prof. Dr. José Achiles

Mozambani.

Aprovado pela Banca Examinadora em ____/____/______

_________________________________________

Prof.(a) Dr.(a)

Orientador (a)

__________________________________________

Prof. (a) Dr.(a)

__________________________________________

Prof. (a) Dr.(a)

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Dedico este trabalho como forma de gratidão, admiração

e reconhecimento aos meus amados pais, o Sr. Luiz Carlos Piscinato e Rosângela Ap. Sampaio Piscinato, que nunca mediram esforços pela minha vida, educação e bem estar, fortalecendo a cada dia mais meus sonhos, me ensinando o verdadeiro valor da vida; e dedico principalmente a Deus, o ser que me guia por cada passo que dou e que fortalece meu pilar de sustentação cada vez mais por cada dia. Estes são os que fazem e sempre farão parte de minha vida.

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Agradeço a todos os professores da Universidade de Marília, em específico os professores da Faculdade de Engenharia, Arquitetura e Tecnologia pelo apoio e dedicação nos conhecimentos a mim transmitidos. Agradeço a minha família, ao meu irmão e sua esposa, o engenheiro Luiz Carlos e Cibele Freitas, e a minha amada mãe por terem sempre acreditado em mim, dando força, estímulo e muito amor. Agradeço a toda família de minha namorada, a Anayra Pucci, sua tia Neiva Pucci, Isabel Pucci e Ana Maria Pucci, pela compreensão, estímulo, carinho e muita paciência. Agradeço a todos meus amigos que desde a infância fazem parte da minha vida, de que alguma forma, diretamente ou indiretamente, me ajudou. Agradeço principalmente a Deus, que sempre foi e sempre será minha rocha e minha coragem para acordar todas as manhãs e lutar na minha vida. Muito obrigado!!!

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“Daqui a alguns anos você estará mais arrependido pelas coisas que não fez do que pelas que fez. Então solte suas amarras. Afaste-se do porto seguro. Agarre o vento em suas velas. Explore. Sonhe. Descubra.” Mark Twain “Nem tudo que se enfrenta pode ser modificado, mas nada pode ser modificado até que seja enfrentado.”

Albert Einstein “Grandes obras não são feitas com força, mas a perseverança.”

Samuel Johnson

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EFICIENTIZAÇÃO ENERGÉTICA EM MÉTODOS DE CONTROLE DE VAZÃO

Resumo: A proposta deste presente trabalho é demonstrar que, o método de controle de vazão por variação de velocidade de sistemas de bombeamento possui grande eficiência na economia de energia elétrica. Isso acontece em sistemas de bombeamento com bombas centrífugas, pois a demanda de torque reduz com o quadrado da redução da velocidade do sistema e o consumo de potência elétrica pelo conjunto motor-bomba reduz com o cubo da redução da velocidade do sistema. Através da metodologia evidenciada no manual “Guia de design”, procurou-se através de experiência a comprovação dos dados apontados no gráfico Curvas consumo de potência pelos métodos de controle de vazão. A coleta dos dados do experimento deu-se pelo monitoramento constante das variações de velocidade, vazão e pressão do sistema e potência elétrica consumida durante um dia utilizando inversor de frequência. O monitoramento dos dados foi possível através do software dedicado do inversor empregado. O experimento foi realizado em um sistema de bombeamento d’água para refrigeração das linhas de produção de uma indústria de bebidas localizada na cidade de Marília-SP. Conclui-se que pode ser obtido um resultado superior a 50% de economia no consumo de energia elétrica de acordo com a distribuição das variações de vazão durante um ano, correspondendo a 8.760 horas; sendo normalmente o tempo de retorno do investimento da implantação do inversor de frequência ocorre menos de um ano dependendo somente de alguns fatores como tarifação, preço do inversor de frequência e demandas de vazão do sistema que influenciam diretamente no consumo de energia elétrica. Palavras Chave: Bombeamento de água. Controle de vazão. Energia elétrica.

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ENERGY EFFICIENCY METHODS IN FLOW CONTROL

Abstract: The purpose of this present work is to demonstrate that the flow control method for variable speed pumping system has high efficiency in power savings. It happens in pumping systems with centrifugal pumps because the torque demand decreases with the square of the speed reduction system and the electrical power consumption by all motor-pump reduces with the cube of the speed reduction system. Through the methodology shown in the manual "Design Guide", it was proof of experience through the data indicated in the graph of power consumption curves by the methods of flow control. The colletion of experiment’s data due to the constant monitoring of the speed’s changing, system’s flow and pressure ,and electrical power consumed during one day using a frequency inverter. Monitoring data was possible of the dedicated software used by the inverter. The experiment had been conducted in a pumping system for cooling production water lines in a beverage industry in the city of Marilia-SP. Concluding that could be obtained a result above 50% of savings in electricity consumption according to the distribution of variations in flow for a year, corresponding 8,760 hours; and usually the time of return on investment of frequency inverter’s implantation is less than one year depending only on few factors as taxes, the price of the frequency inverter and flow demands of the system that directly influence the energy consumption. Keywords: Water pumping. Flow control. Eletrical energy.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - VISTA EM CORTE DE UMA BOMBA CENTRÍFUGA................... 22

Figura 2 - SISTEMA DE BOMBEAMENTO USANDO VÁLVULAS DE ESTRANGULAMENTO.................................................................

28

Figura 3 - ZONAS DE OPERAÇÃO DE UMA BOMBA CENTRÍFUGA E SEUS EFEITOS............................................................................

31

Figura 4 - DIAGRAMA EM BLOCOS REPRESENTATIVO BÁSICO INTERNO DE UM INVERSOR DE FREQUÊNCIA.......................

34

Figura 5 - MODELO ESQUEMÁTICO DO SISTEMA APLICADO................. 39

Figura 6 - CURVAS LEI DA PROPORCIONALIDADE.................................. 53

Figura 7 - PLAQUETA COM OS DADOS DO MOTOR................................ 57

Figura 8 - VALORES MEDIDOS DAS VARIÁVEIS NO MOMENTO DA PARTIDA DO CONJUNTO MOTOR-BOMBA...............................

59

Figura 9 - CONJUNTO MOTOR-BOMBA EM VELOCIDADE NOMINAL EM PLENA CARGA.............................................................................

60

Figura 10 - CONJUNTO MOTOR-BOMBA À 50% DA VELOCIDADE NOMINAL......................................................................................

62

Figura 11 - COMPORTAMENTO CONJUNTO MOTOR-BOMBA A 83% DA VELOCIDADE NOMINAL..............................................................

63

Figura 12 - CONJUNTO MOTOR-BOMBA EM 25% DA VELOCIDADE NOMINAL......................................................................................

65

Figura 13 - CONJUNTO MOTOR-BOMBA DO SISTEMA DE BOMBEAMENTO PARA REFRIGERAÇÃO DAS LINHAS...........

69

Figura 14 - VISÃO FRONTAL DO CONJUNTO MOTOR-BOMBA.................. 70

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - DIVISÃO EM PORCENTAGEM DO CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA PARA OS DIVERSOS SETORES DO PAÍS................

16

Gráfico 2 - POTENCIAL DE CONSERVAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA NO SETOR INDUSTRIAL.....................................................................

18

Gráfico 3 - CURVAS CARACTERÍSTICA SUPERPOSTAS COM O PONTO DE OPERAÇÃO..............................................................................

25

Gráfico 4 - VARIAÇÃO DO PONTO DE OPERAÇÃO ATRAVÉS DAS CURVAS DO SISTEMA ESTRANGULADO...................................

29

Gráfico 5 - CONSUMO DE POTÊNCIA ELÉTRICA PELO CONTROLE DE VAZÃO POR VÁLVULAS DE ESTRANGULAMENTO...................

30

Gráfico 6 - SELEÇÃO DE MOTOR CONSIDERANDO O CONJUGADO RESISTENTE DA CARGA..............................................................

43

Gráfico 7 - CURVA DO CONJUGADO QUADRÁTICO.................................... 44

Gráfico 8 - DIFERENTES PONTOS DE OPERAÇÃO PARA DIFERENTES VELOCIDADES DE ROTAÇÃO DA BOMBA..................................

46

Gráfico 9 - SISTEMA COM VARIAÇÃO DE VELOCIDADE E GRÁFICO DE PRESSÃO POR VAZÃO DO SISTEMA COM VARIAÇÃO DE VELOCIDADE COM OS RESPECTIVOS RENDIMENTOS...........

47

Gráfico 10 - CURVA TORQUE QUADRÁTICO OBTIDA DOS VALORES MEDIDOS........................................................................................

67

Gráfico 11 - CURVA CONSUMO DE POTÊNCIA PARA AS DIVERSAS VELOCIDADES DE ROTAÇÃO OBTIDAS NO PERÍODO MONITORADO................................................................................

68

Gráfico 12 - CURVAS CONSUMO DE POTÊNCIA PELOS MÉTODOS DE CONTROLE DE VAZÃO.................................................................

72

Gráfico 13 - GRÁFICOS DO CONSUMO DE POTÊNCIA ELÉTRICA PELOS DOIS MÉTODOS DE CONTROLE DE VAZÃO DO SISTEMA DE BOMBEAMENTO PROPOSTO.......................................................

74

Page 12: Trabalho de Conclusão de Curso - Engenharia Elétrica - Eng Rômulo C. Piscinato

TABELAS

Tabela 1 - CONSUMO, RECEITA, NÚMERO DE UNIDADES CONSUMIDORAS E TARIFA MÉDIA DE ENERGIA ELÉTRICA PARA DIVERSOS SETORES DO PAÍS.........................................

15

Tabela 2 - POTENCIAL DE CONSERVAÇÃO EM ELETRICIDADE EM SETORES INDUSTRIAIS SELECIONADOS..................................

17

Tabela 3 - POTÊNCIA CONSUMIDA E ECONOMIA DE ENERGIA DE ACORDO COM OS VALORES MONITORADOS DO SISTEMA DE BOMBEAMENTO PROPOSTO................................................

66

Tabela 4 - CONSUMO TOTAL DE ENERGIA ELÉTRICA DOS MÉTODOS DE CONTROLE DE VAZÃO DE ACORDO COM A DISTRIBUIÇÃO DE VAZÃO DURANTE UM ANO..........................

73

Page 13: Trabalho de Conclusão de Curso - Engenharia Elétrica - Eng Rômulo C. Piscinato

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.................................................................................................

14

1 CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA....................................................... 15

1.1 POTENCIAL DE CONSERVAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA................

16

2 BOMBAS CENTRÍFUGAS......................................................................... 20

2. 1 DEFINIÇÃO............................................................................................. 20

2.2 PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO........................................................ 20

2.3 APLICAÇÕES.......................................................................................... 23

2.4 CURVAS CARACTERÍSTICAS DA BOMBA E DO SISTEMA

HIDRÁULICO...................................................................................................

24

3 VÁLVULAS DE ESTRANGULAMENTO.................................................... 27

3.1 ZONAS DE OPERAÇÃO...........................................................................

30

4 INVERSORES DE FREQUÊNCIA.............................................................. 33

4.1 O QUE É INVERSOR DE FREQUÊNCIA E SEU FUNCIONAMENTO... 33

4.1.1 Componentes do Inversor de Frequência............................................. 34

4.2 FORMAS DE VARIAÇÃO DE VELOCIDADE EM UM INVERSOR DE

FREQUÊNCIA..................................................................................................

36

4.2.1 Acionamento pela IHM.......................................................................... 37

4.2.2 Acionamento pelas entradas digitais.................................................... 37

4.2.3 Acionamento pelas entradas analógicas.............................................. 38

4.3 MELHORIA NO CONTROLE DO PROCESSO POR MALHA

FECHADA........................................................................................................

38

4.4 MODO DE CONTROLE ESCALAR E VETORIAL................................... 40

4.5 TORQUE E CONJUGADO QUADRÁTICO.............................................. 41

4.6 VARIAÇÃO DE VELOCIDADE................................................................. 45

4.7 VARIAÇÃO DE VELOCIDADE DO CONJUNTO MOTOR-BOMBA......... 46

4.7.1 Vantagens do uso de inversores........................................................... 48

4.8 JUSTIFICATIVA PARA O USO DE INVERSORES DE FREQUÊNCIA

EM APLICAÇÕES COM TORQUE QUADRÁTICO.........................................

52

5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS................................................... 56

5.1 DESCRIÇÃO............................................................................................ 56

5.2 LOCAL DA REALIZAÇÃO........................................................................ 56

5.3 MATERIAL............................................................................................... 56

5.4 PROCEDIMENTO DA COLETA DE DADOS.............................................

56

6 RESULTADO E DISCUSSÕES..................................................................

57

Page 14: Trabalho de Conclusão de Curso - Engenharia Elétrica - Eng Rômulo C. Piscinato

6.1 DESCRIÇÃO DO EXPERIMENTO DO SISTEMA DE BOMBEAMENTO

DE ÁGUA INDUSTRIAL...................................................................................

57

6.2 DISCUSSÃO E RESULTADOS DAS OBSERVAÇÕES DO SISTEMA

DE BOMBEAMENTO DE ÁGUA INDUSTRIAL...............................................

59

6.2.1 Monitoramento e medidas de variáveis do sistema............................. 59

6.3 EXEMPLO COM VARIAÇÃO DE VAZÃO DURANTE UM ANO..............

71

CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................

75

REFERÊNCIAS................................................................................................

77

APÊNDICE....................................................................................................... 80

Page 15: Trabalho de Conclusão de Curso - Engenharia Elétrica - Eng Rômulo C. Piscinato

14

INTRODUÇÃO

A necessidade da conservação dos recursos da natureza é uma preocupação

mundial, sabe-se também que a competitividade empresarial e industrial em tempos

passados ajudou no agravamento do problema. Baseado no conhecimento desta

situação o setor industrial está repensando suas práticas, preocupando-se em

encontrar alternativas de que possa minimizar os efeitos nocivos ao meio ambiente.

A diminuição dos custos da produção industrial pode ser uma aliada no

combate ao desperdício, como por exemplo: As perdas de energia no processo

produtivo, que se for poupada, além de poupar alguns dos recursos naturais, podem

diminuir os custos na produção, podendo gerar lucros para a empresa. Uma das

formas de otimização do uso da energia em uma indústria é especificando os

equipamentos com máxima eficiência, implantando novas tecnologias, realizando

diagnósticos energéticos, aperfeiçoando as rotinas de manutenção e verificando o

funcionamento dos equipamentos e instalações. Assim, as fábricas economizam

tempo e matéria-prima, podendo gerar empregos qualificados, aumentar a

produtividade e aperfeiçoar o produto final.

Ressaltando ainda, que além da diminuição dos custos e a contribuição para

a preservação do meio ambiente, reflete na qualidade de vida, exercita a cidadania,

amplia no tempo os recursos naturais não renováveis ainda disponíveis, contribui

para minimizar os impactos ambientais, reduz custos para a nação e para o

consumidor, maximiza o aproveitamento dos investimentos já efetuados no sistema

elétrico; induz a modernização industrial e melhora a competitividade internacional

dos produtos de consumo e dos bens duráveis fabricados no Brasil.

Page 16: Trabalho de Conclusão de Curso - Engenharia Elétrica - Eng Rômulo C. Piscinato

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1 CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA

A tabela e gráfico abaixo demonstram o consumo médio de energia elétrica

pelos principais setores no Brasil e suas respectivas receitas, número de unidades

consumidoras e tarifa média de fornecimento de energia.

Tabela 1 – Consumo, receita, número de unidades consumidoras e tarifa média de energia elétrica para diversos setores do país.

Fonte: ANEEL (2011).

O consumo de energia elétrica no Brasil alcançou aproximadamente 158,25

TWh até a data da última atualização em 2011 segundo a Agência Nacional de

Energia Elétrica (ANEEL).

Page 17: Trabalho de Conclusão de Curso - Engenharia Elétrica - Eng Rômulo C. Piscinato

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Gráfico 1 – Divisão em porcentagem do consumo de energia elétrica para os diversos setores do país. Fonte: ANEEL (2011).

Observa-se na Tabela 1 e no Gráfico 1, o consumo de energia elétrica pelo

setor industrial é o segundo mais significativo.

Até a última data de atualização, o consumo de energia elétrica pelo setor

industrial foi de 37.540.654 MWh, fornecendo uma receita de R$ 8.560.686.012,37.

A tabela e gráfico a seguir demonstram o potencial de conservação de

energia em setores industriais segundo o levantamento realizado no ano de 2009

pela Confederação Nacional da Industria (CNI).

1.1 POTENCIAL DE CONSERVAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

Avaliações realizadas em treze setores industriais com alto consumo de

energia elétrica (CNI, 2009), pela Confederação Nacional da indústria (CNI)

juntamente com um convênio estabelecido com o Programa Nacional de

Conservação de Energia Elétrica (PROCEL), programa coordenado pelo ministério

Residencial; 35,72%

industrial; 23,72%

Comercial, Serviços e outras;

22,74%

Rural; 4,44%

Poder Público; 4,18%

Iluminação Pública; 3,99%

Serviço Público; 3,70%

Consumo Próprio; 0,21%

Rural Agricultor; 0,30%

Rural Irrigante; 0,99%

Page 18: Trabalho de Conclusão de Curso - Engenharia Elétrica - Eng Rômulo C. Piscinato

17

de Minas e Energia e executado pela Eletrobrás, obtiveram os seguintes resultados

apresentados na tabela 3 abaixo:

Tabela 2 - Potencial de conservação em eletricidade em setores industriais selecionados. Fonte: CNI (2009).

Segundo avaliação CNI visualizada na tabela 2, o potencial de conservação

de energia elétrica no setor industrial é equivalente à 6,5 GW de potência, que é o

consumo de energia elétrica prevista para 2009 de grandes indústrias alimentadas

pela rede interligada do subsistema Sudeste/Centro-Oeste.

(EPE – EMPRESA DE PESQUISAS ENERGÉTICAS, on line, 2011).

Page 19: Trabalho de Conclusão de Curso - Engenharia Elétrica - Eng Rômulo C. Piscinato

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Gráfico 2 – Potencial de conservação de energia elétrica no setor industrial. Fonte: (CNI, 2009).

Conforme mostra o gráfico 2, obtido a partir dos valores da tabela de potencial

de conservação de energia elétrica nos setores industriais (CNI, 2009), constatou-se

que a força motriz é a grande responsável pelo gasto de energia dentro da indústria.

Observa-se, após verificar esses resultados, a necessidade de aumentar a eficiência

no uso dos motores elétricos, otimizando o consumo de energia elétrica.

Na indústria nacional a potência instalada em sistemas de ventilação,

compressão e bombeamento hidráulico alcança aproximadamente 75% da potência

total (SANTOS et al, 2005).

Motores elétricos em aplicações de bombeamento hidráulico, ventilação,

exaustão, compressores centrífugos e outros mais, possuem a característica de

conjugado quadrático, por isso a variação de velocidade nesses tipos de aplicações

disponibiliza um enorme potencial de economia de energia elétrica.

As bombas centrífugas possuem um ponto melhor de funcionamento para

uma determinada vazão, altura manométrica e rotação, as quais as perdas de carga

no escoamento pelas tubulações são mínimas.

Entretanto, a maioria das instalações exige da bomba uma operação fora

deste ponto de melhor funcionamento em função da necessidade de variação de

vazão.

Força motriz 75,2%

Refrigeração 1,7%

Fornos elétricos 13,7%

Eletrólise 7,1%

Iluminação 2,2%

Outros usos 0,10%

Page 20: Trabalho de Conclusão de Curso - Engenharia Elétrica - Eng Rômulo C. Piscinato

19

A substituição do método de controle de vazão de um sistema de

bombeamento utilizando válvulas de estrangulamento por inversores de frequência

ainda é uma polêmica no mercado. Diante do avanço da tecnologia dos inversores

de frequência e da preocupação constante de se economizar energia, ainda é

vantajoso o uso de válvulas de controle para “estrangular“ o fluxo sendo alimentado

por uma bomba de velocidade constante ou se deve partir para as bombas com

velocidade variável para o controle de vazão?

O presente trabalho apresenta a aplicação de uma técnica com objetivo de

aumentar a eficiência energética através da aplicação de inversores de frequência

para controlar a vazão de fluidos, sendo apontado há algum tempo, como uma boa

solução na eficiência energética em sistemas industriais.

São apresentadas o consumo de energia por motores elétricos acionando

bombas centrífugas em sistemas de bombeamento industrial com o intuito de

controlar a vazão de fluidos, seja utilizando o método convencional de

estrangulamento de válvulas ou utilizando técnicas de controle com inversores de

frequência, onde o motor elétrico tem sua frequência ajustada para atender a vazão

especifica.

Sem tomar partido por uma das soluções em detrimento da outra, vamos

abordar as vantagens de cada tecnologia e sua melhor aplicação, esperando

colaborar com a comunidade da instrumentação e também despertar outros

colaboradores que queiram se juntar à discussão.

Page 21: Trabalho de Conclusão de Curso - Engenharia Elétrica - Eng Rômulo C. Piscinato

20

2 BOMBAS CENTRÍFUGAS

2. 1 DEFINIÇÃO

Bombas centrífugas são máquinas hidráulicas operatrizes que trabalham

fornecendo ou modificando a energia de um fluído em escoamento, ou seja,

transforma um tipo de energia em outra, através de forças centrífugas.

Bombas Centrífugas - são aquelas em que a energia fornecida ao líquido é

primordialmente do tipo cinética, sendo posteriormente convertida em grande parte

em energia de pressão. Nas bombas centrífugas a movimentação do líquido é

produzida por forças desenvolvidas na massa líquida de um rotor. Estas bombas

caracterizam-se por operarem com altas vazões, pressões moderadas e fluxo

contínuo (GANGHIS, p. 5).

Estas máquinas recebem energia mecânica através da força motriz de

motores ou turbinas, transformando-a em energia de pressão (força) e energia de

movimento (cinética). A energia transformada pela bomba centrífuga é cedida ao

fluido através de um ou mais rotores que giram em seu interior, fará com que o fluido

seja “bombeado”, fazendo-o deslocar-se de um ponto para outro ou recircular

voltando para o mesmo, vencendo desníveis, se necessário, dependendo da

necessidade da aplicação ou tipo do sistema.

Geralmente utiliza-se uma bomba centrífuga quando há a necessidade de

aumentar a pressão de trabalho de um fluido contido num sistema, aumentar a

velocidade de escoamento do fluido, ou em ambas as necessidades.

2.2 PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO

Quando a bomba centrífuga está em funcionamento e abastecida do fluido a

ser transportado, ela cria uma zona de baixa e outra de alta pressão.

Page 22: Trabalho de Conclusão de Curso - Engenharia Elétrica - Eng Rômulo C. Piscinato

21

Segundo Nogueira, (2010) as bombas centrífugas possuem pás cilíndricas,

chamadas de paletas, com geratrizes paralelas ao eixo rotacional, que são unidas a

um disco e uma coroa circular que em conjunto compõem o rotor da bomba.

O fluido é impulsionado pelas paletas do rotor do centro para a periferia da

bomba através da força centrífuga, produzindo uma depressão interna ao rotor e em

consequência disso cria-se um fluxo vindo do bocal de sucção, ou seja cria-se duas

zonas com diferentes pressões, a primeira chamada de zona de baixa pressão a

qual realiza a sucção do fluido e outra chamada de zona de alta pressão a qual

realiza o recalque do fluido.

O fluido passa pelo corpo interno da carcaça grande da bomba em alta

velocidade já com a energia cinética transferida, essa energia fará o deslocamento

do fluido em direção à boca de recalque, a qual será transformada em energia de

pressão, ou seja, fornecendo carga ao fluido para que ele vença as alturas de

recalque, e posteriormente, em maior escala, em energia de pressão, a qual irá

adicionar “carga” ao fluído para que ele vença as alturas de deslocamento.

Existe necessidade de transformar essa energia de entrada, pois, alta

velocidade da energia de saída da bomba, seria danosa às tubulações ou às

conexões de recalque.

O diâmetro e projeto do rotor e a rotação de acionamento da bomba

centrífuga determina a quantidade de energia transferida para o fluido, ou seja, se

utilizar uma bomba inadequada ao projeto do sistema de bombeamento hidráulico,

onde o recalque requer uma energia maior do que a fornecida ao fluido, não haverá

deslocamento ou a vazão desejada do fluido, havendo somente a pressurização

deste.

Os principais componentes de uma bomba centrífuga são: bocal de sucção,

rotor, voluta, flange de sucção, carcaça, impulsor, bocal de descarga, flange de

descarga, conforme podemos observar na figura abaixo:

Page 23: Trabalho de Conclusão de Curso - Engenharia Elétrica - Eng Rômulo C. Piscinato

22

Figura 1 – Vista em corte de uma bomba centrífuga. Fonte: Ladislao Reti. Disponível em: http://www.saylor.org/site/wp-content/uploads/2011/04/Centrifugal_pump.pdf

Para selecionar ou dimensionar a bomba centrífuga adequada ao sistema de

bombeamento projeto é necessário:

-Definir ou calcular a vazão necessária (Q), ou seja, a quantidade ou volume

necessário de fluido que circulará de um ponto a outro em um determinado tempo,

por isso sua unidade de medida é, por exemplo, m³/min.

-Determinar a altura manométrica da bomba (H), pois é de extrema

importância para selecionar adequadamente a bomba para o sistema projetado.

Uma definição para melhor entendimento pode ser a quantidade de energia ou

trabalho realizado pela bomba para movimentar o fluido em questão vencendo todas

as perdas por atrito nas tubulações. A altura manométrica total, na prática é a

somatória das diferenças de cotas entre os níveis geométricos sucção e recalque

(H geométrico total) juntamente com as perdas de cargas distribuídas e localizadas

nos tubos e conexões do sistema.

-Calcular a potência do conjunto motor-bomba, pois o trabalho realizado é

função do peso específico do fluido (Ɣ) bombeado e a altura manométrica total (H)

Page 24: Trabalho de Conclusão de Curso - Engenharia Elétrica - Eng Rômulo C. Piscinato

23

em um espaço de tempo. Onde a potência absorvida é a cedida ao eixo da bomba, e

a potência cedida pela bomba é a transferida ao fluido.

-Considerar o rendimento do conjunto motor bomba ao efetuar os cálculos da

potência necessária para a aplicação proposta, onde a potência mecânica fornecida

à bomba não é totalmente aproveitada ao transformá-la em hidráulica e o mesmo

para a potência elétrica consumida pelo motor, que obviamente não é totalmente

transformada em mecânica. Assim o rendimento do conjunto se dá pelo produto do

rendimento da bomba com o do motor elétrico.

Tanto a potência quanto o rendimento de cada bomba é fornecido pelo

fabricante através de diversos ensaios em laboratório caracterizando assim as

curvas de desempenho da bomba.

-As curvas obtidas pelos ensaios dos fabricantes podem ser obtidas por

diversos diâmetros de rotor em diversas velocidades de acionamento da bomba,

sendo esta apta ou não à aplicação desejada.

-NPSH requerido é um fator fundamental para o correto funcionamento da

bomba num sistema desejado, as curvas de desempenho apresentadas pelo

fabricante só são válidas quando as condições de NPSH são atendidas.

O valor do NPSH Disponível deve exceder o valor NPSH requerido

especificado pelo fabricante em pelo menos 0,6m. O valor do NPSH Requerido para

o bom funcionamento de um dado modelo de bomba, operando com dada vazão, é

fornecido pelo fabricante, na curva de vazão versus NPSH Requerido.

2.3 APLICAÇÕES

As bombas centrífugas são utilizadas em diversas aplicações e com variadas

funcionalidades específicas, são largamente usadas nos mercados de saneamento

básico, irrigação, e indústrias de: bebidas, alimentos, químicas, petroquímicas, papel

e celulose, siderurgia, mineração, álcool e açúcar. Essas indústrias empregam essas

bombas nos sistemas de tratamento de água industrial, de tratamento e

abastecimento de águas públicas, de bombeamento de óleo, de irrigação, bombas

Page 25: Trabalho de Conclusão de Curso - Engenharia Elétrica - Eng Rômulo C. Piscinato

24

de mistura em processos industriais, de refrigeração, de fertilizantes, de combate a

incêndio, usinas industriais, de alimentação de caldeiras, etc.

Alguns exemplos de suas aplicações, conforme catálogo das Bombas de

Processo Omel:

-Indústrias químicas: na transferência de produtos variados, corrosivos ou

não, na carga e descarga de ácidos, transferência de produtos orgânicos, no

bombeamento de produtos como enxofre, ureia, amônia, gases liquefeitos,

solventes, monômeros, polímeros e outros produtos orgânicos ou inorgânicos.

Petroquímicas: no bombeamento de aromáticos, hidrocarbonetos leves,

líquidos de transferência térmica, refluxo e fundo de torres, gasóleo, condensado.

Papel e polpa: nos digestores, no bombeamento de licores verde, branco e

negro, polpas leves, produtos de adição como caulim, dióxido de titânio, etc.

Siderurgia e mineração: recuperação de ácidos, lavadores de gases,

recirculação de ácidos.

Alimentícias: no bombeamento de sucos, suspensões, emulsões, caldos,

fluídos de troca térmica, condensado, amônia, açúcar e álcool.

Indústrias em geral: na indústria têxtil, farmacêutica, controle da poluição,

saneamento, tingimento. Na de resfriamento d’água, condensado, recuperação de

ácidos, circulação de banhos galvânicos e de tingimento, lavagem de gases,

alimentação de filtros e inúmeros outros processos industriais.

2.4 CURVAS CARACTERÍSTICAS DA BOMBA E DO SISTEMA HIDRÁULICO

A curva característica da bomba é obtida através de ensaios realizados pelos

fabricantes para diferentes tipos ou modelos de bombas, verificando para cada uma

delas que há diversos valores de funcionamento que atendem diversificados valores

de vazões que consequentemente relacionam outros valores de altura manométrica

H, gerando uma faixa aceitável de funcionamento, além do ponto o qual a bomba foi

projetada, ou seja, a curva característica da bomba indica a energia que a bomba

fornece ao fluido para cada vazão de operação.

Page 26: Trabalho de Conclusão de Curso - Engenharia Elétrica - Eng Rômulo C. Piscinato

25

Frequentemente é apresentada na forma gráfica pelos fabricantes, mas

algumas vezes a relação é apresentada sob a forma de uma tabela, que nada mais

é que uma seleção de pontos sobre a curva característica da bomba.

A curva característica de um sistema hidráulico projetado relaciona diversos

pontos de vazão e altura manométrica os quais exigem diferentes valores de energia

por unidade de peso que deve ser fornecida ao fluido para ocorrer o escoamento

nessa instalação em regime permanente, ou seja, indica a energia que deve ser

fornecida ao fluido para cada vazão de operação para que ocorra o escoamento

adequado à aplicação desejada. A energia do fluido requerida pelo sistema

hidráulico é composto por desníveis, diferenças de pressão, canais, tubos, válvulas

ou registros em função da vazão que atravessa o sistema.

O ponto de operação PO é obtido pela intersecção das duas curvas

características representando as condições de operação de uma bomba aplicada em

um determinado sistema hidráulico, obtendo os valores de vazão e altura

manométrica através dos eixos dos gráficos das curvas superpostas. Neste ponto a

bomba cede energia ao fluido para vencer a altura H em metros(m) com a vazão Q

em m³/h. Conforme demonstra o gráfico abaixo.

Gráfico 3 – Curvas característica superpostas com o ponto de operação. Fonte: WEB CURSO, (on line, 2011).

Para Dutra (2005), podemos observar na curva característica vermelha, ou

seja, curva característica de uma bomba centrífuga, obtida por ensaios laboratoriais

Page 27: Trabalho de Conclusão de Curso - Engenharia Elétrica - Eng Rômulo C. Piscinato

26

pelo fabricante da bomba que, com o aumento da vazão, a altura manométrica H,

geralmente dada em mca (metro coluna de água) que a bomba pode vencer diminui,

pois há um decréscimo de pressão da bomba. Quer dizer que a energia cedida pela

bomba ao fluido, pode vencer uma resistência menor quando aumentamos a vazão,

mas para se obter o escoamento do fluido, tem-se que levar em consideração o

valor de H (head), pois representa a carga total que a bomba precisa vencer.

Page 28: Trabalho de Conclusão de Curso - Engenharia Elétrica - Eng Rômulo C. Piscinato

27

3 VÁLVULAS DE ESTRANGULAMENTO

Este dispositivo é um acessório muito importante nos sistemas de condução,

pois, estabelece, controla ou interrompe o fluxo em uma tubulação por onde passam

fluidos e por isso as válvulas de estrangulamento devem merecer o maior cuidado

na sua especificação, escolha e instalação.

As válvulas classificam-se em:

- Válvulas de Bloqueio:

Destinam-se à abertura ou interrupção completa do fluxo de um fluido,

portanto funcionam completamente fechadas ou abertas.

- Válvulas de Regulagem:

O seu fechamento é controlado em qualquer posição para o controle do fluxo.

Muitas indústrias e empresas de saneamento ainda operam suas máquinas

na rotação constante quando se utiliza o método de estrangulamento para controle

da vazão do fluido, mas, isto acarreta um aumento da pressão da bomba,

juntamente com o aumento de perdas de cargas localizadas e maior desgaste dos

equipamentos envolvidos.

“Quando a válvula de controle está inserida diretamente na linha, conforme a

figura abaixo, o controle de vazão é realizado com base na perda de carga

acrescentada ao sistema pela inserção da válvula,”. (OENNING, 2001, p.23)

Como demonstra a figura a seguir, o método de controle de vazão com

válvula de estrangulamento inserida diretamente em série com a bomba centrífuga,

geralmente não possui um método de partida suave do conjunto motor-bomba,

sendo simbolizada por uma chave aberta, que representa tipos de partida similares

ao do tipo direta.

Page 29: Trabalho de Conclusão de Curso - Engenharia Elétrica - Eng Rômulo C. Piscinato

28

Figura 2 – Sistema de bombeamento usando válvulas de estrangulamento. Fonte: Oenning.

A vazão e a pressão necessária de qualquer sistema podem ser definidas

com a ajuda de um gráfico chamado Curva do Sistema. Os fabricantes de bombas

tentam adequar à curva do sistema, fornecida pelo usuário, com o desempenho de

uma bomba que satisfaça estas necessidades tão proximamente quanto possível.

Um sistema de bombeamento opera no ponto de interseção da curva da bomba com

a curva de resistência do sistema.

A interseção das duas curvas define o ponto operacional de ambos, bomba e

processo (vide figura a seguir). Porém, é impossível que um ponto operacional

atenda todas as condições operacionais desejadas. Por exemplo, quando a válvula

de descarga é estrangulada, a curva de resistência do sistema desloca-se para a

esquerda, sendo acompanhada pelo deslocamento do ponto operacional.

A técnica de se usar válvulas de estrangulamento consiste em controlar a vazão do sistema através da abertura ou fechamento parcial de uma válvula instalada em serie com a bomba...A figura abaixo mostra uma sucessão de pontos de operação gerados pelo fechamento progressivo de uma válvula de estrangulamento. Pode-se notar que a medida que se faz o fechamento da válvula, a vazão do sistema vai sendo reduzida, enquanto a pressão vai gradualmente aumentando e se transformando em perda de carga adicional. (OLIVEIRA et al. p. 30, 2009)

Page 30: Trabalho de Conclusão de Curso - Engenharia Elétrica - Eng Rômulo C. Piscinato

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Gráfico 4 – Variação do ponto de operação através das curvas do sistema estrangulado. Fonte: Oliveira et all.

Observa-se que nas curvas da bomba e do sistema, que ocorrem mudanças

apenas no sistema, pelo aumento da perda de carga que pode ser vencida, através

do aumento da pressão do sistema, representada pela altura manométrica Hf (Head

final). A figura mostra o fechamento progressivo da válvula de estrangulamento de

um valor de vazão inicial (Qi), que varia até o novo ponto de trabalho Qf

representando um menor fluxo ou vazão do fluido. A altura Hi varia até Hf, que

representa o aumento da altura manométrica que pode ser vencida, consequência

do aumento de pressão do sistema e diminuição das perdas durante o escoamento

do fluido. Levando em conta todos os parâmetros há uma leve redução de potência

consumida pela bomba. O processo resulta numa pequena variação de energia

consumida pela bomba durante o controle da vazão.

O fechamento de uma válvula de controle está relacionado ao aumento da

pressão no sistema de bombeamento. Deste modo, válvulas de controle restringidas

resultam no aumento da perda de carga ou energia cinética, caso contrário, o

aumento da vazão resulta no aumento da potência consumida.

De acordo estudo de Oenning (2011, p.48)

Page 31: Trabalho de Conclusão de Curso - Engenharia Elétrica - Eng Rômulo C. Piscinato

30

A abertura de uma válvula de controle está inversamente relacionada com a perda de carga na mesma. Deste modo, válvulas de controle muito restringidas resultam em uma alta perda de carga. Consequentemente, a potência necessária para operação do sistema é tão maior quanto mais restringida estiver a válvula.

Gráfico 5 – Consumo de potência elétrica pelo controle de vazão por válvulas de estrangulamento. Fonte: Revista InTech.

Observa-se que existe aumento da energia requerida pela carga à medida

que a vazão aumenta, pois há acréscimo de perdas de carga por atrito entre o fluido

e as paredes da tubulação, causando mudanças de velocidades ocorridas dentro do

sistema durante o transporte do fluido, por exemplo, próximo ao recalque da bomba,

o fluido possui uma velocidade maior do que num ponto próximo ao final do sistema

projetado.

3.1 ZONAS DE OPERAÇÃO

Quando a máquina centrífuga trabalha fora do seu regime ideal, o fluxo do

fluido, devido a um desbalanceamento entre as forças de sucção e de pressão nas

hélices, passa de um regime laminar para um regime turbulento. Os regimes

turbulentos junto com o aumento das perdas por impacto e atrito causam os

seguintes efeitos prejudiciais nas máquinas, como mostra a figura abaixo:

Page 32: Trabalho de Conclusão de Curso - Engenharia Elétrica - Eng Rômulo C. Piscinato

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Figura 3 – Zonas de operação de uma bomba centrífuga e seus efeitos.

Fonte: http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAR1sAK/bombas-centrifugas-

manutencao-operacao

O uso de válvulas tem como principais vantagens:

-Os custos de investimentos na aquisição de válvulas e nas suas instalações

são menores em comparação aos custos dos inversores e suas instalações.

-São mecanismos de fácil instalação e operação, se comparados aos

inversores de frequência.

-Garantem a segurança da instalação e dos operadores quando utilizadas

para realizar manutenção e substituição de elementos das instalações.

- Tem a característica principal de dissipar energia de maneira controlada

dentro de um sistema.

Desvantagens:

Algumas delas só existem em casos particulares, como mau

dimensionamento dos componentes do sistema e má operação das válvulas:

Page 33: Trabalho de Conclusão de Curso - Engenharia Elétrica - Eng Rômulo C. Piscinato

32

-Se o tipo da válvula for escolhido de modo incorreto para a aplicação

específica, pode causar, em alguns casos, sérios problemas provocando alterações

consideráveis no desenho original e danos graves na instalação.

-Maior índice de vazamentos por causa do aumento de pressão causado pelo

estrangulamento (fechamento das válvulas).

-O estrangulamento excessivo das válvulas pode causar cavitação e

turbulência nas bombas, aumentando a frequência de manutenção.

-Possíveis ocorrências de golpes de Aríete (fenômeno da física que ocorre

quando o fluxo do fluído é abruptamente interrompido pelo fechamento de uma

válvula em situações de partida ou parada no bombeamento). Neste caso a

velocidade com que o fluído se move na tubulação tende à zero num intervalo de

tempo muito curto. Devido à inércia do fluído ocorrem surtos de pressão na linha,

havendo tremulações nas tubulações que podem danificar as conexões,

engrenagens, paletas entre outros componentes do sistema.

-Diminuição da vida útil do conjunto motor-bomba.

Como constata Mesquita et all. (2006, p. 11).

A constante partida e parada das bombas conduz a problemas como: altos picos de corrente devido à partida direta dos motores elétricos; alto custo de energia devido a não adaptação da velocidade da bomba à operação; alta tensão mecânica nos componentes mecânicos, devido à partida brusca dos motores; e diminuição da vida útil dos componentes mecânicos devido à fadiga, ocasionada pelo grande número de partida durante a operação.

- O aumento da resistência para a vazão e o aumento da perda de carga da

bomba, acrescenta perdas de potência necessária para se realizar o trabalho e

consequente desperdício de energia elétrica.

O controle de vazão/pressão através de válvulas de manobras é feita por meio do acréscimo de perda de carga onde se destaca a perda de energia. Além das perdas, destaca-se que a vida útil dos equipamentos é diminuída e a energia excedente pode gerar vibrações no CMB. Wood e Reddy (1994) definem muito bem o controle de vazão/pressão através de válvulas, afirmando ser o mesmo que “[..] conduzir um carro com o freio de mão acionado: o resultado é o desperdício desnecessário de energia”. (GOMES, 2010, 38).

Page 34: Trabalho de Conclusão de Curso - Engenharia Elétrica - Eng Rômulo C. Piscinato

33

4 INVERSORES DE FREQUÊNCIA

O Inversor de Frequência tem como principal finalidade controlar a velocidade

de um motor de indução, portanto destaca-se a importância de sua utilidade nas

variadas possibilidades de aplicação, principalmente nos processos industriais que

exigem automatização.

Franchi (2008, 127) relata que

Há alguns anos, para se ter um controle preciso de velocidade eram utilizados motores de corrente continua. Entretanto, isso acarretava diversos problemas como custo do motor e necessidade de retificação de tensão de fornecimento para alimentar o motor. Com o advento da eletrônica de potência aliada à necessidade de aumento de produção e diminuição de custos, dentro deste cenário surgiu a automação, ainda em fase inicial no Brasil. Uma grande infinidade de equipamentos foi desenvolvida para as mais diversas variedades de aplicações e setores industriais. Um dos equipamentos mais utilizados nesses processos juntamente com o CLP é o inversor de frequência. Um equipamento versátil e dinâmico que permitiu o uso de motores de indução para controle de velocidade em substituição aos motores de corrente continua.

4.1 O QUE É INVERSOR DE FREQUÊNCIA E SEU FUNCIONAMENTO

O inversor de frequência é um dispositivo eletrônico capaz de converter a

tensão e frequência da rede elétrica de alimentação em valores variáveis de tensão

e frequência, com a finalidade de controlar a velocidade de um motor de indução

trifásico.

Antes do aparecimento dos inversores de frequência não se controlavam a

velocidade de motores de corrente alternada (motores AC).

Observou-se a necessidade da variação de velocidade dos motores nas

aplicações industriais, utilizava-se em grande escala os motores de corrente

contínua, mas com surgimento dos inversores de frequência foram gradativamente

substituídos na maioria das aplicações, pelos motores de indução de corrente

alternada, visando menores custos e maiores recursos tecnológicos.

Page 35: Trabalho de Conclusão de Curso - Engenharia Elétrica - Eng Rômulo C. Piscinato

34

A figura abaixo mostra resumidamente o diagrama em blocos de um inversor

de frequência escalar:

Figura 4 – Diagrama em blocos representativo básico interno de um inversor de frequência. Fonte: Guirardello, on line, 2011. 4.1.1 Componentes do Inversor de Frequência

Seção Retificadora (Converter Section) - A seção retificadora é a responsável

pela retificação da tensão de alimentação da rede trifásica. Isto é, a tensão senoidal

de entrada é convertida em sinal DC pulsante, devido a organização dos seis diodos

em forma de ponte trifásica completa.

Seção Inversora (Inverter) - Essa seção é interligada com o barramento DC

do inversor, no qual está presente a tensão retificada de entrada e é formada por

transistores de potência controlados pelo circuito de comando, responsável pela

defasagem em 120º entre as fases do sinal alternado de saída.

Page 36: Trabalho de Conclusão de Curso - Engenharia Elétrica - Eng Rômulo C. Piscinato

35

Segundo Ghirardello,

Na seção inversora, a tensão retificada DC é novamente convertida em Trifásica AC. Os transistores chaveiam várias vezes por ciclo, gerando um trem de pulsos com largura variável senoidal (PWM). Esta saída de tensão pulsada, sendo aplicada em um motor (carga indutiva), irá gerar uma forma de onda de corrente bem próxima da senoidal através do enrolamento do motor. (2011 on line, p.1)

Proteção contra Surto (Surge Protection) – Esse bloco é responsável por

impedir que surtos transitórios de tensão da rede de alimentação danifiquem os

componentes do inversor.

Proteções do Inversor (Inverter Protection) – Tem como objetivo proteger o

inversor, monitorando os níveis de tensão no circuito intermediário com limites

definidos que não serão ultrapassados devido ao desarme do inversor sinalizando a

condição de falha.

Base Driver – Tem a função de amplificar e isolar os sinais que são gerados

pelo Circuito de Controle, fazendo com que os transistores operem conforme o

apropriado esquema de chaveamento.

Circuito de Auto Boost (Auto Boost Circuit) – As condições de cargas do

motor são detectadas através deste circuito e define o nível de tensão de saída para

o motor, de acordo com a necessidade do torque pela carga, otimizando o consumo

de energia.

Controle Local/Painel de ou IHM (Interface Homem-Máquina) - Esse

dispositivo disponibiliza para o operador a possibilidade de acessar e ajustar os

valores dos parâmetros, bem como visualizar dados de saída.

Este painel fornece um meio prático e rápido para se programar a operação do inversor. Nele também podem ser visualizadas as condições de operação do inversor, como tensão, corrente, velocidade, frequência, além de sinalizar códigos de falha como sobre tensão, sobtensão, sobrecarga, motor travado, sobre temperatura no dissipador, etc. (GHIRARDELLO, 2011 on line, p.3)

Page 37: Trabalho de Conclusão de Curso - Engenharia Elétrica - Eng Rômulo C. Piscinato

36

Circuito de Controles Externos (External I/O) – A função deste circuito pode

receber ou enviar sinais elétricos digitais ou analógicos de comandos ou

informativos.

Entradas e saídas analógicas - Através de referências enviadas para as

entradas analógicas é possível controlar a velocidade e os sinais analógicos de

saída possibilitam o monitoramento das variáveis.

Entradas e saídas digitais - São meios de controlar e ou monitorar o

conversor através de sinais digitais discretos, como chave liga/desliga, que podem

ser configurados como sinais pulsantes ou não tanto positivos quanto negativos.

Interface de comunicação serial - Esse meio de comunicação permite que o

conversor seja controlado/monitorado a distância, através de fios, por um

computador central ou controladores lógicos programáveis, geralmente interligados

em redes de comunicação serial.

Circuito de Controle (Control Circuit) – É o circuito eletrônico que comanda

todas as funções e operações realizadas pelo inversor. Interpreta todos os sinais

externos de entrada, determinando ações a serem executadas pelo inversor, como

partida/parada do motor, sentido de giro, gerar alarmes ou até comandos para

desarme do inversor para condições anormais de funcionamento, aumenta ou reduz

a velocidade do motor através da variação da tensão e corrente, responsável pelo

controle da velocidade de chaveamento dos IGBT’s (Transistores Bipolares de Porta

Isolada) da etapa de potência, fornece as condições durante o funcionamento do

inversor.

Ghirardello entende que:

“O circuito de controle é na realidade o cérebro do inversor, pois ele é o responsável por receber todas as informações relativas ao funcionamento interno do inversor, além de coletar as informações externas, gerar todos os sinais necessários para gerar os pulsos de disparo dos IGBT’s da etapa de potência” (2011, on line, p. 3).

4.2 FORMAS DE VARIAÇÃO DE VELOCIDADE EM UM INVERSOR DE

FREQUÊNCIA

Page 38: Trabalho de Conclusão de Curso - Engenharia Elétrica - Eng Rômulo C. Piscinato

37

A variação de velocidade de um motor elétrico é a principal função de um conversor

de frequência, essa variação pode ser comandada de forma manual ou automática

de acordo com a necessidade de aplicação desejada.

4.2.1 Acionamento pela IHM (Interface Homem Máquina)

Pela IHM a variação de velocidade é realizada de forma manual, onde o

operador determina a velocidade desejada, bem como inverter o sentido do giro do

motor.

4.2.2 Acionamento pelas entradas digitais

Pelas entradas digitais é possível realizar a variação de velocidade através de

comandos remotos, provenientes de sinais digitais gerados por um simples

dispositivo de comando que pode ser desde uma botoeira, até um complexo

controlador lógico programável.

Para Franchi (2008, p. 209)

Em uma aplicação industrial, torna-se inviável, o acionamento de um inversor localmente direto nas teclas de sua IHM. Assim, a grande maioria das aplicações com inversores de frequência é realizada por meio de comandos remotos. Para isso, deve-se colocar o inversor em modo acionamento remoto e, por meio de botões externos, acionar ou desativar o motor e ainda inverter o seu sentido de giro.

Pelas entradas digitais é possível ainda utilizar a função de múltiplas

velocidades pré-programadas. Essa função tem como principal vantagem a

estabilidade das referências fixas pré-programadas e também garante a imunidade

contra ruídos elétricos.

Page 39: Trabalho de Conclusão de Curso - Engenharia Elétrica - Eng Rômulo C. Piscinato

38

4.2.3 Acionamento pelas entradas analógicas

Para que esse tipo de controle funcione, pode-se trabalhar com as entradas

analógicas do inversor através de sinais de tensão (0 a 10 Vcc) ou sinais de corrente

(4 a 20 mA).

Pode-se utilizar um potenciômetro ligado entre os bornes configurados como

divisor de tensão, podendo aplicar uma tensão de referência na faixa de 0 à 10 Vcc,

ou pelo método completamente automatizado, sendo então controlado por um

transdutor, ou um controlador lógico programável, ou um controlador industrial ou

ainda, da saída analógica de outro inversor de frequência (ligação mestre-escravo),

onde esse sinal de referência pode ser de tensão ou de corrente em mili-ampères.

Pela fonte de tensão ou corrente externas- essa configuração é uma das mais

utilizadas quando se quer controlar a velocidade do inversor remotamente. O

fornecimento de tensão de corrente é feito por um controlador externo, como um

controlador lógico ou diretamente de um industrial.

4.3 MELHORIA NO CONTROLE DO PROCESSO POR MALHA FECHADA

O controle do processo por malha fechada é utilizado em variadas aplicações

industriais, pois oferece diversas melhorias no controle de processos. A função de

malha fechada com regulador a PID (proporcional, integral e derivativo) é

encontrado na grande maioria dos inversores de frequência. Esse tipo de controle

trabalha, geralmente, através de um sinal elétrica chamado feedback, proveniente

de um sensor (pressão, vazão, nível, temperatura, dosagem ou outras variáveis)

também chamado de transdutor pois transforma proporcionalmente a variável em

questão medida em um sinal de tensão na faixa 0 à 10Vcc ou de corrente de 0 à

20mA.

Determina-se pelo sistema projetado (sistema de bombeamento, ventilação,

exaustão, térmico) um valor desejado como referência chamado de Setpoint (mesma

unidade de medida da variável do feedback) o qual o inversor irá controlar o sistema

tentando sempre mantê-lo em torno desse valor ajustado, através da regulação da

velocidade do motor aplicado.

Page 40: Trabalho de Conclusão de Curso - Engenharia Elétrica - Eng Rômulo C. Piscinato

39

O controle é realizado através de cálculos que comparam o sinal de

referência que chega com o valor do Setpoint ajustado, criando-se um erro E(s)

entre os dois valores.

O sinal de erro é processado pelo inversor fazendo variações de controle do

motor, para tentar reduzir o erro.

O processamento do sinal de erro pode ser muito complexo por causa de

demoras dentro do sistema. O sinal de erro é processado por um controlador

Proporcional e Integral (PI) cujos parâmetros do inversor de frequência podem ser

ajustados para otimizar o desempenho e estabilidade do sistema. Uma vez que o

sistema e ajustado consegue-se um controle muito eficiente e preciso.

Na “regulação” de velocidade, um sinal de realimentação é fornecido do

processo. Se a velocidade não corresponder à velocidade desejada, a frequência da

tensão de saída do inversor para o motor é corrigida automática e instantaneamente

junta com a velocidade do motor, até que o erro entre o feedback e o setpoint seja

nulo.

Figura 5 – Modelo esquemático do sistema aplicado. Fonte: Mesquita et all (2006).

O controle do sistema nesta aplicação é feito através de um sinal de

realimentação proveniente de um sensor de pressão na linha de recalque, que

também poderia ser um sensor de vazão. Nessa figura o sensor, também chamado

Page 41: Trabalho de Conclusão de Curso - Engenharia Elétrica - Eng Rômulo C. Piscinato

40

de transdutor, faz a medição da pressão do sistema convertendo em uma sinal de

tensão ou de corrente elétrica que representa o feedback para o controlador do tipo

PID pré-programado no inversor de frequência, para regular a velocidade de rotação

do motor a fim de variar a vazão e consequentemente, a pressão do sistema de

acordo com a necessidade do momento num sistema de bombeamento de água.

Para Mesquita et all (2006, p. 4):

É importante observar, durante a seleção de um inversor de frequência, para acionamento específico de bombas centrífugas, se o mesmo permite a operação com cargas chamadas de quadráticas (torque variando com o quadrado da rotação) e se esta operação é automática e otimizada, possibilitando uma redução ainda maior de energia.

4.4 MODO DE CONTROLE ESCALAR E VETORIAL

Basicamente existem dois tipos de controle dos inversores eletrônicos: o

escalar e o vetorial que têm como diferença básica a curva torque x rotação.

O inversor escalar, por ter uma função de V/F (tensão/frequência), não

oferece altos torques em baixas rotações, pois o torque é função direta da corrente

de alimentação, portanto, na maioria das vezes são utilizados em sistemas sem

realimentação de velocidade (malha aberta) com motores de indução convencionais.

O Inversor Vetorial é empregado em aplicações que necessitam respostas

rápidas e alta precisão de regulação (alto desempenho dinâmico), trabalham com

uma forma de regulação que avalia os componentes internos do motor durante seu

funcionamento, calculando a corrente necessária e fornecendo o conjugado

requerido pela máquina.

Conforme especificações do CENATEC as vantagens do inversor com

controle vetorial são:

-Elevada precisão de regulação de velocidade (0,01%), -Alta performance dinâmica, -Controle de conjugado linear para aplicações de posição ou de tração, -Operação suave em baixa velocidade e sem oscilações de conjugado, mesmo com variação de carga. (CENATEC, on line, 2011, p. 16).

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41

4.5 TORQUE E CONJUGADO QUADRÁTICO

Tratando-se de motores elétricos, podemos definir o torque como “a força

necessária para girar um eixo”. É dado pelo produto da força tangencial pela

distância do centro do eixo até o ponto de aplicação desta força.

De acordo com o PIRES (2006), o correto dimensionamento do sistema de

velocidade variável depende do conhecimento do comportamento da carga, ou seja,

da demanda de torque na ponta de eixo do motor. As cargas podem ser

classificadas em três tipos: torque variável, torque constante e potência constante.

A variação da velocidade por meio de acionamento eletrônico permite

grandes economias de energia com o tipo de carga de torque variável, uma vez que

a potência mecânica disponibilizada na saída do motor não será constante, mas irá

variar convenientemente de acordo com a exigência da carga.

Segundo Lacerda et all, (2006, p. 56)

Todas as máquinas rotativas cuja função é aumentar a energia de um fluido (líquidos ou gases) por processos dinâmicos, a partir de uma fonte externa, geralmente um motor elétrico, essa família de máquinas tem como característica que o torque de carga apresenta crescimento quadrático com a rotação, por exemplo, caso seja duplicada a rotação da máquina com vistas a aumentar a vazão e/ou a pressão, será demandado um torque quatro vezes maior para tal.

São aplicações industriais com torque quadrático ou variável como: bombas

centrífugas, ventiladores, exaustores, agitadores centrífugos, centrífugas de açúcar.

Podemos dizer que a carga de um sistema centrífugo possui características

quadráticas, pois, a massa do fluido movimentada por esses sistemas têm relação

direta com a velocidade da máquina (quanto maior a velocidade da máquina, maior

o volume do fluido movimentado).

O torque angular é dado por T J , J é o momento de inércia da carga que

é diretamente proporcional a massa da carga que por sua vez é proporcional a

velocidade da máquina e é a aceleração angular da máquina que é diretamente

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42

proporcional a velocidade da mesma, portanto na equação do torque temos as duas

variáveis diretamente proporcionais a velocidade.

De acordo com as especificações de Pires (2006), na seleção correta dos

motores de indução, é necessário comparar as características mecânicas de um

motor com outros de acordo com a aplicação desejada. Os motores de indução são

divididos em categorias de acordo com seu conjugado desenvolvido durante a

partida até atingir a velocidade nominal, que é expresso em curvas de conjugado x

velocidade.

A curva do conjugado motor deve situar-se sempre acima da curva do

conjugado resistente, de modo geral, quanto mais alta a curva do conjugado do

motor em relação ao conjugado resistente, melhor será o desempenho do motor.

Para comparação utiliza-se um motor de categoria N, os quais constituem a

maioria dos motores encontrados no mercado e prestam-se ao acionamento de

cargas normais, como bombas, máquinas operatrizes, ventiladores, que possuem

característica de conjugado de partida normal, corrente de partida normal e baixo

escorregamento.

No gráfico do conjugado do motor de categoria N, demonstra que à medida

que a carga vai aumentando, a rotação do motor vai caindo gradativamente, até um

ponto em que o conjugado atinge o valor máximo que o motor é capaz de

desenvolver em rotação normal. Se o conjugado da carga aumentar mais, a rotação

do motor cai bruscamente, podendo chegar a travar o rotor, por isso é importante

observar que o conjugado do motor tem que sempre ser maior do que o exigido pela

carga a ser aplicada, chamado de conjugado resistente (Cr).

O motor de indução tem conjugado igual a zero na velocidade síncrona, mas

com carga, cria-se o escorregamento, que é a diferença entre a velocidade síncrona

com a velocidade nominal, criando desta forma, um conjugado nominal.

Neste exemplo para facilitar a visualização e comparação gráfica do

conjugado do motor com o da carga, utiliza-se uma carga de conjugado constante,

nas máquinas deste tipo, o conjugado permanece constante durante a variação da

velocidade.

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43

Gráfico: 6 - Seleção de motor considerando o conjugado resistente da carga. Fonte: Especificação - Manual WEG

Onde:

Cmáx = conjugado máximo

Cp = conjugado de partida

Cr = conjugado resistente

ns = rotação síncrono

n = rotação nominal

ns – n = escorregamento

Durante o desenvolvimento do motor desde a partida até a chegada à

velocidade nominal o motor passa por estágios de diferentes conjugados, como o

conjugado de rotor bloqueado ou de partida, conjugado de aceleração o qual

compreende os pontos de conjugado mínimo e máximo; e conjugado nominal que é

necessário para mover a carga em condições de funcionamento à velocidade

específica.

O conjugado requerido para funcionamento normal de uma máquina pode ser

constante ou varia entre amplos limites. Para conjugados variáveis, o conjugado

máximo deve ser suficiente para suportar picos momentâneos de carga.

Para diversos tipos de carga, temos a curva do conjugado resistente, os quais

podem ser classificados como conjugado constante, variável ou quadrático. Como

Page 45: Trabalho de Conclusão de Curso - Engenharia Elétrica - Eng Rômulo C. Piscinato

44

estamos tratando de sistemas de bombeamento com bombas centrífugas, é

necessário o entendimento do conjugado quadrático.

No caso de aplicações em que a carga possui um conjugado resistente

quadrático, este é proporcional ao quadrado da velocidade e a potência consumida é

proporcional ao cubo da velocidade de rotação do motor, isto acontece nos sistemas

de bombeamento com bombas centrífugas, ventilação, exaustão, compressores,

entre outros.

Segundo Guia Técnico – Motores de indução alimentados por inversores de

frequência PWM (www.weg.net): “O correto dimensionamento do sistema de

velocidade variável depende do conhecimento do comportamento da carga, ou seja,

da demanda de torque na ponta do eixo do motor”.

Gráfico 7 – Curva do conjugado quadrático.

Fonte: Especificação - Manual WEG

C = Conjugado resistente: proporcional ao numero de rotações ao quadrado

(n²)

P = Potencia: proporcional ao numero de rotações ao cubo (n³)

O conjugado pode ser calculado pela fórmula:

C = 9,55 x

Equação 1. – Fórmula para cálculo do conjugado. Fonte: WEG, especificação.

Page 46: Trabalho de Conclusão de Curso - Engenharia Elétrica - Eng Rômulo C. Piscinato

45

Nessa igualdade, C é o momento ou conjugado em newton-metro; P é a

potência em watts; n é a rotação em rpm.

4.6 VARIAÇÃO DE VELOCIDADE

A variação de velocidade de motores de indução para controle da vazão em

sistemas de bombeamento segue o princípio da modificação da frequência da

tensão elétrica fornecida ao motor. Como mostra a equação abaixo, a frequência da

tensão é diretamente proporcional à velocidade de rotação do motor. Como estamos

tratando de motores assíncronos, é necessário levar em consideração o

escorregamento, e o número de polos conforme construção interna do motor.

n =

. (1 – s)

Equação 2 – Oenning (2011) Velocidade de rotação do motor

Onde:

n: Velocidade de rotação do motor

p: Número de polos do motor

f: Frequência da corrente elétrica

s: Escorregamento do motor

Como a velocidade de rotação do eixo do motor (velocidade angular do rotor

em rad/s) é proporcional ao consumo de potência elétrica pelo motor, a frequência

da tensão elétrica implica na variação da potência fornecida pelo motor à bomba.

P =

Equação 3 – Oenning (2011) Potência elétrica do motor.

Onde:

P: Potência elétrica do motor (watts)

Page 47: Trabalho de Conclusão de Curso - Engenharia Elétrica - Eng Rômulo C. Piscinato

46

C: Conjugado motor (Kgf.m)

ω: Velocidade angular do eixo (rad/s)

η: Rendimento do motor

4.7 VARIAÇÃO DE VELOCIDADE DO CONJUNTO MOTOR-BOMBA

Gráfico 8 – Diferentes pontos de operação para diferentes velocidades de rotação da bomba. Fonte: Rodrigues e Luvizotto.

Observa-se no gráfico 8, que reduz-se a pressão (H) juntamente com a vazão

(Q) em função da diminuição da velocidade de rotação, variando-se a curva

característica da bomba. Para o caso do conjunto motor-bomba estar em velocidade

nominal, teremos o ponto de operação P1, que é correspondente ao valor de altura

manométrica H1 e vazão Q1, os quais são os valores máximos de trabalho

compatíveis a esse sistema projetado e a bomba selecionada.

Page 48: Trabalho de Conclusão de Curso - Engenharia Elétrica - Eng Rômulo C. Piscinato

47

Gráfico 9 - Sistema com variação de velocidade e gráfico de pressão por vazão do sistema com variação de velocidade com os respectivos rendimentos. Fonte: ROSA, Eficiência Energética WEG. Disponível em: http://www.weg.net

Observa-se na Figura 5 que ao variar a velocidade progressivamente de

acordo com a necessidade do sistema de bombeamento, desde uma velocidade n

equivalente a 100% até outra velocidade n qualquer, teremos o deslocamento da

curva da bomba criando outros pontos de intersecção com a curva do sistema, que

neste caso é fixa, criando novos pontos de operação, que terão valores reduzidos de

vazão e aumento da altura manométrica ou pressão, variação do rendimento do

motor e redução no consumo de potência elétrica.

No método de “variação de velocidade” é incorporado ao sistema um sensor

de pressão ou de vazão que envia um sinal analógico ao inversor de frequência que

aciona o conjunto motor-bomba. Ao utilizar este método, o usuário envia ao sistema

somente a demanda requerida pelos consumidores, porém não é realizado nenhum

trabalho adicional, nem inserido ao sistema uma perda de carga, o que realmente

ocorre é uma variação de velocidade na bomba. Movimentando a curva da bomba

Page 49: Trabalho de Conclusão de Curso - Engenharia Elétrica - Eng Rômulo C. Piscinato

48

para o ponto ideal de consumo do sistema, conforme a necessidade, não é variada a

curva do sistema como ocorre em outros métodos de controle de vazão.

Desta maneira, o sistema consome da rede elétrica exatamente a potência

requisitada, evitando desperdícios no consumo de energia e reduzindo a potência

elétrica consumida em torno de 20% a 50%.

4.7.1 Vantagens do uso de inversores

Vantagens da utilização do Inversor de Frequência segundo Klas e Farina

(2010):

- Redução da demanda de corrente de pico.

- Melhoria do fator de potência.

- Otimização do desempenho do motor com baixas cargas.

- Controle de eficiência de um inversor de frequência.

Oenning (2011), relaciona mais algumas vantagens no uso do Inversor de

Frequência:

- Aumento na confiabilidade do sistema.

- Redução no consumo de mão de obra.

- Aumento do fator de potência da rede.

- Redução dos níveis de vibração das bombas.

- Diminuição do risco de vazamentos no selo das bombas.

- Maior monitoramento das condições do motor.

Para Barreto et all (2007), as vantagens na utilização do Inversor de

Frequência são as seguintes:

- Dispositivo de partida suave do motor => minimiza inconvenientes surtos de

pressão.

- Eliminação de picos de pressão na rede => redução nas perdas reais de

água.

Page 50: Trabalho de Conclusão de Curso - Engenharia Elétrica - Eng Rômulo C. Piscinato

49

- Variação de vazão sem geração de perda de carga.

- Influência positiva na vida útil do motor.

- Melhoria no fator de potência do equipamento.

- Diminuição de ruído.

Procedimentos recomendados para a implantação dos inversores:

-Medições confiáveis de vazão nas linhas de recalque.

-Medições dos parâmetros elétricos individualizados.

-Medições da pressão na sucção e no recalque da(s) bomba(s) e na linha de

recalque imediatamente a jusante do barrilete.

-A perfeita caracterização dos desníveis geométricos.

-Utilização de cálculos hidráulicos pertinentes e adequados ao caso.

-Monitoramento dos indicadores de qualidade de energia.

-Realização de análise econômico-financeira, incluindo avaliação de

substituição de motor. (BARRETO, p. 7. 2007)

Dicas para economia de energia em sistemas de bombeamento d’água segundo

Regis (2010):

Melhorar o rendimento da bomba:

-Seleção adequada da bomba.

-Verificação do ponto de funcionamento e ajuste para a faixa de maior

rendimento.

Melhorar o rendimento do motor:

-Adequação do motor à carga da bomba.

-Uso de motores de alto rendimento.

Reduzir consumo pela variação da velocidade:

Page 51: Trabalho de Conclusão de Curso - Engenharia Elétrica - Eng Rômulo C. Piscinato

50

-Uso de variadores de velocidade para acionamento de bombas que

trabalham com variação de carga ao longo do dia.

Fazer a associação adequada de bombas:

- Associação em série, paralela ou individual, procurando otimizar o ponto de

funcionamento do sistema.

Eliminar os problemas de cavitação:

-O NPSH disponível calculado deve ser suficientemente superior ao NPSH

requerido pela bomba em todos os pontos de operação.

Evitar a recirculação:

-Uso de anéis de desgaste ou outros dispositivos de vedação com as folgas

corretas.

Promover a automação:

-Uso de controladores programáveis, pressostatos, timers, chaves-boia,

programas de gerenciamento da rede.

Fazer a adequação do contrato de energia:

-Contratação de energia com base no sistema tarifário mais adequado ao

regime de funcionamento e porte da empresa.

Reduzir o consumo próprio de água:

-Uso racional da água.

Além dos altos custos de investimentos iniciais na aquisição e instalação dos

equipamentos, Oenning (2011) descreve algumas desvantagens no uso de

Inversores de Frequência:

- Introduz harmônicos no sistema, afetando a qualidade de energia da rede de

alimentação, perda de rendimento do conjunto motor-bomba e interferências

eletromagnéticas indesejáveis em outros equipamentos, assim, inversores de

frequência que geram menores componentes harmônicas na rede (inversores com

maior número de pulsos), são mais recomendados para minimizar a perda de

potência no motor. Algumas soluções existentes têm obtido êxito no tratamento das

harmônicas, como o uso de transformadores de isolação e filtros de tratamento de

harmônicas.

Page 52: Trabalho de Conclusão de Curso - Engenharia Elétrica - Eng Rômulo C. Piscinato

51

- Alguns casos para redes sensíveis à interferência eletromagnética é

sugerido a instalação de filtros contra EMI (Electromagnetic Interference).

- Se o motor é autoventilado, terá a sua capacidade de dispersão de calor

reduzida a baixas velocidades, deste modo é importante prever um sistema de

ventilação independente para o motor para sistemas que operem constantemente a

baixas rotações.

- Ressonância Mecânica- a frequência de chaveamento dos semicondutores

dos inversores determina a periodicidade na qual o valor de corrente fornecido ao

motor é alterado e, por conseguinte, o torque no motor. Alguns inversores permitem

abruptas diferenças de corrente neste curto período, ocasionando uma considerável

diferença de torque e, portanto, vibrações no motor.

- Danos na isolação dos motores devido a picos de tensão - Devido à

natureza pulsante da excitação elétrica fornecida pelo inversor, ocorre no motor um

fenômeno indesejado: a reflexão das ondas de tensão.

- Essa reflexão provoca sobreposição de ondas, ocasionando picos de tensão

/corrente nas bobinas do motor. O excesso de tensão provocado pode danificar a

isolação das bobinas devido ao aquecimento, principalmente em motores antigos, os

quais não foram construtivamente preparados para serem operados por variador de

velocidade, estando mais sensíveis a este tipo de dano. Em motores com

alimentação maior que 500 V deve ser previsto um filtro dV/dt na saída do inversor

para minimizar a sobreposição dessas ondas nos terminais do motor.

- Desgaste do mancal de rolamento do motor - Motores comandados por

variadores de velocidade precisam escoar correntes parasitas induzidas no rotor.

Entretanto, o único caminho de escoamento para essas correntes é pelo mancal do

rolamento, o qual não foi projetado para operar suportando continuamente este fluxo

de corrente. Este fato implica em desgaste no mancal, ocasionando perda de torque

no motor e um maior desgaste do mesmo, reduzindo a sua vida útil. Assim, motores

operados com inversor de frequência devem possuir um mancal especial, revestido

com proteção adequada para impedir o escoamento das correntes parasitas pelo

rolamento.

Page 53: Trabalho de Conclusão de Curso - Engenharia Elétrica - Eng Rômulo C. Piscinato

52

4.8 JUSTIFICATIVA PARA O USO DE INVERSORES DE FREQUÊNCIA EM

APLICAÇÕES COM TORQUE QUADRÁTICO

A razão para investir na aquisição de inversores de frequência está

relacionada à economia de energia quando utilizados principalmente em bombas

centrífugas, ventiladores, exaustores centrífugos e compressores centrífugos.

O controle de vazão, através da variação de velocidade de bombas centrífugas, possibilita uma grande economia de energia,[...] pois em sistemas de controle vazio/pressão utilizando inversores de frequência, a potência absorvida da rede é apenas a necessária à condição de operação do sistema. (CENATEC, 2011, p. 37).

Motores de indução acoplados em bombas centrífugas seguem uma curva de

torque x velocidade, onde reduções lineares de velocidade resultam em redução

linear de fluxo (vazão), porém com redução quadrática de torque, temos como

resultante uma redução de potência consumida, proporcional à redução da

velocidade ao cubo, fundamentada nas equações matemáticas da Lei da afinidade

ou proporcionalidade.

Segundo Bachus (2003)

Page 54: Trabalho de Conclusão de Curso - Engenharia Elétrica - Eng Rômulo C. Piscinato

53

Q1 = Vazão nominal Q2 = Vazão reduzida H1 = Pressão nominal H2 = Pressão reduzida P1 = Potência nominal P2 = Potência reduzida N1 = velocidade nominal N2 = velocidade reduzida

Figura 6 - Curvas Lei da Proporcionalidade. Fonte: VLT 6000 HVAC Guia de Design

Através das equações da lei da Afinidade é possível fazer relações

comparativas de valores. Para obter um novo valor da variável a ser calculada, basta

relacionar valores nominais, com os valores reais previamente medidos.

Page 55: Trabalho de Conclusão de Curso - Engenharia Elétrica - Eng Rômulo C. Piscinato

54

Usando os dados do gráfico acima, os exemplos matemáticos a seguir

demonstram numericamente os resultados da relação potencia x velocidade.

Cálculo do consumo de potência ativa para velocidade de rotação em 80% de

um conjunto motor-bomba (resultado em percentual):

= (

)

P2 = P1 . (

)

P2 = 100 . (

)

P2 = 100 . 0,512

P2 = 51,2% → Novo consumo de potência em 80% da velocidade nominal.

Exemplificando: Em um motor de 18,5KW; o novo consumo seria de 9,47 KW

correspondente a 51,2% de sua potência nominal.

Supondo um motor de 18,5KW de potência nominal e 3600 rpm de velocidade

nominal; também é possível obter o novo consumo de potência elétrica reduzindo a

velocidade do motor para 2880 rpm, equivalente ao mesmo caso anterior que

corresponde à 80% da velocidade nominal.

Em valores nas unidades do SI:

P2 = P1 . (

)

P2 = 18,5 . (

)

P2 = 18,5 . 0,512 P2 = 9,47 KW → Novo consumo de potência em 80% da velocidade nominal,

correspondente ao 51,2% de 18,5 KW.

Page 56: Trabalho de Conclusão de Curso - Engenharia Elétrica - Eng Rômulo C. Piscinato

55

Em teoria, isto significa que a redução da vazão para 80% em um sistema de

bombeamento poderia resultar em quase 50% de redução do consumo energético.

Seguindo este raciocínio e conforme gráfico anterior, reduzindo-se a

velocidade e fluxo em 50% podemos alcançar um consumo de somente 12.5% da

potência nominal antes utilizada, isto é, uma economia de 87,5% de energia.

Conclui-se que, diminuindo apenas 20% da velocidade de rotação do motor,

podemos alcançar em média até 48,8 % de economia no consumo de energia,

lembrando que como explicado anteriormente, essa relação matemática aplica-se

apenas máquinas rotativas cuja função é aumentar a energia de um fluido (líquidos

ou gases) por processos dinâmicos, a partir de uma fonte externa, geralmente um

motor elétrico, essa família de máquinas tem como característica que o torque de

carga apresenta crescimento quadrático com a rotação, por isso o consumo de

potência elétrica reduz proporcionalmente com o cubo da redução da velocidade da

rotação da máquina, como acontece em sistemas de bombeamento com bombas

centrífugas.

Page 57: Trabalho de Conclusão de Curso - Engenharia Elétrica - Eng Rômulo C. Piscinato

56

5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

5.1 Descrição

O experimento foi realizado em uma indústria de bebidas na cidade de

Marília-SP, com autorização e acompanhamento do analista de sistemas

responsável da empresa.

Utilizou-se inicialmente um conjunto motor-bomba empregado no sistema de

bombeamento de água para refrigeração das máquinas, pertencentes às linhas de

produção de bebidas, controlado por um inversor de frequência e monitorado por um

software dedicado chamado Motion Control Tool.

5.2 Local da realização

O experimento foi realizado em uma indústria de bebidas localizada na cidade

de Marília-SP.

5.3 Material

Conjunto motor-bomba, sistema completo de bombeamento de água, inversor

de frequência, software de monitoração “Motion Control Tool”.

5.4 Procedimento da coleta de dados

A coleta dos dados deu-se pelo monitoramento constante da variação do

consumo de potência elétrica pelo conjunto motor-bomba controlado por um inversor

de frequência instalado e parametrizado em malha fechada de processo. A medição

da pressão nas tubulações do sistema de bombeamento de água é realizada por um

transdutor de pressão, o qual fornece um sinal de referência para o inversor para

controle da velocidade do motor de acordo com as variações de pressão do sistema.

Os dados coletados foram analisados, discutidos e relatados com

demonstrativos em tabelas e gráficos.

Page 58: Trabalho de Conclusão de Curso - Engenharia Elétrica - Eng Rômulo C. Piscinato

57

6 RESULTADO E DISCUSSÕES

6.1 DESCRIÇÃO DO EXPERIMENTO DO SISTEMA DE BOMBEAMENTO DE

ÁGUA INDUSTRIAL

Descrição de um monitoramento computacional prático, com medições de

variáveis num sistema de bombeamento de água para refrigeração industrial.

Dados técnicos do motor e configuração do inversor utilizado no sistema:

Potência do motor: 18,5 KW (25 CV)

Corrente Nominal do motor: 35,3 A (380 V)

Velocidade de rotação nominal: 3600 rpm (60 Hz)

Figura 7 – Plaqueta com os dados do motor. Fonte: Próprio autor.

Referência Mínima e Máxima da Pressão do sistema: 0 à 10 bar

Setpoint: 5 bar

Page 59: Trabalho de Conclusão de Curso - Engenharia Elétrica - Eng Rômulo C. Piscinato

58

Performance do PID: Normal

Modo de configuração: Malha Fechada (Closed Loop)

Tipo de controle: Controle Vetorial

Fonte do Feedback ou Referência: Entrada Analógica 53 (4 – 20 mA)

O funcionamento correto desse sistema dar-se á pelo monitoramento da

constante medição de pressão nas tubulações onde passará o fluído a ser

transportado, nesse caso a água refrigerada, através de um sinal analógico em mili-

ampères (mA). Com a performance “normal” de processo, ou seja, quando as linhas

de produção estão trabalhando a todo vapor, aumenta-se o fornecimento de água,

aumentando-se desta forma a vazão, a fim de suprir a queda de pressão do sistema,

onde, por um certo tempo teremos um valor mais baixo de pressão medido pelo

transdutor fixado nas tubulações de água. Para esse caso a pressão estará próxima

à de referência mínima (0 bar), abaixo do Setpoint ajustado, o transdutor fará a

leitura da pressão convertendo em corrente elétrica (Feedback/Referência) e

fornecendo um valor próximo (sempre maior) de 4mA à entrada analógica do

Inversor de Frequência, o qual irá interpretando o sinal (cálculos matemáticos) e

fornecendo um aumento gradativo (rampa de subida) da tensão e frequência de

saída para o aumento da velocidade do motor responsável pelo bombeamento de

água (conjunto motor-bomba), este por sua vez consumindo uma corrente elétrica

maior (aumento gradativo, obedecendo o tempo ajustado da rampa de subida)

juntamente com o seu torque (torque quadrático) e aumento da potência elétrica

consumida que tem relação cúbica com o aumento da velocidade do conjunto

motor-bomba. Utilizando o PID teremos uma resposta mais rápida para chegarmos

ao Setpoint ajustado nos parâmetros de controle do inversor de frequência, que

corresponde ao valor de referência desejado, nesse caso, o valor da pressão ideal a

se manter no sistema de fornecimento da água.

No caso em que algumas linhas de produção param o processo, diminuindo a

demanda d’água, o que ocasiona uma elevação da pressão do sistema. O transdutor

de pressão é responsável pelo fornecimento de um sinal analógico ao inversor de

frequência, o qual diminuirá instantaneamente a velocidade do motor, a fim de

controlar a pressão do sistema. O Inversor de Frequência irá diminuir

gradativamente o valor de tensão e frequência de saída, o motor por sua vez irá

Page 60: Trabalho de Conclusão de Curso - Engenharia Elétrica - Eng Rômulo C. Piscinato

59

consumir apenas uma potência e torque requeridos para executar o trabalho

naquele instante, sem desperdícios, economizando drasticamente no consumo de

energia elétrica, proporcional ao cubo da relação de redução da velocidade.

6.2 DISCUSSÃO E RESULTADOS DAS OBSERVAÇÕES DO SISTEMA DE

BOMBEAMENTO DE ÁGUA INDUSTRIAL

6.2.1 Monitoramento e medidas de variáveis do sistema

Figura 8 – Valores medidos das variáveis no momento da partida do conjunto motor-bomba. Fonte: Próprio autor

Medidas instantâneas durante a partida do conjunto motor-bomba:

Potência consumida: 0,42 KW

Corrente: 20,9 A

Torque de partida:27,27 N.m

Observa-se na figura 6 pelo analisador de espectro virtual, chamado como

“Scope Folder” integrado no software dedicado Motion Control Tool, que na partida

do conjunto motor-bomba há um pico de corrente elétrica e torque, que mesmo com

Page 61: Trabalho de Conclusão de Curso - Engenharia Elétrica - Eng Rômulo C. Piscinato

60

o sistema carregado, não chegam próximos aos valores nominais, se comparados

com outros tipos de partidas convencionais teremos diversas vantagens, tais como:

- Evitar sobre corrente (que chegam até a oito vezes o valor da corrente

nominal do motor no caso de partida direta) e sobrecarga durante as partidas,

podendo causar enormes danos à rede de alimentação, interferindo em outros

equipamentos interligados à rede elétrica com necessidade de sobre

dimensionamento dos condutores e dispositivos de proteção;

Relacionado à esse assunto Makarovsky diz que partida suave com inversor

de frequência causa “alívio da rede elétrica, pois os acionamentos com velocidades

variáveis partem com corrente e conjugado nominais, enquanto que os

acionamentos com motores CA ligados diretamente à rede, partem com correntes da

ordem de 5 a 6 vezes a nominal (p. 12. 2010)

- Menos repetições de partidas e paradas do conjunto motor-bomba,

diminuindo os desgastes mecânicos desse conjunto e ainda, economizando energia;

-Torque e conjugado de partida reduzidos, além da função soft-starter que

suaviza a velocidade de aceleração do motor e de desaceleração evitando os

famosos “Golpes de Aríete” que danificam todo o sistema de tubulação e aumentam

a frequência de manutenções periódicas num sistema de bombeamento d’água.

Figura 9 – Conjunto motor-bomba em velocidade nominal em plena carga. Fonte: Próprio autor

Page 62: Trabalho de Conclusão de Curso - Engenharia Elétrica - Eng Rômulo C. Piscinato

61

Quando o conjunto motor-bomba chega à velocidade nominal, como mostra a

figura 9, o sistema começa a ser reabastecido com a vazão máxima requerida no

momento, consumindo potência e corrente elétrica próximas à nominal do motor em

plena carga.

Valores medidos em velocidade nominal do conjunto motor-bomba:

Potência consumida: 16,35 KW

Velocidade do motor: 3600rpm

Frequência disponibilizada pelo inversor: 60Hz

Corrente: 28,47 A

Torque: 39,46 N.m

Obs: A diferença entre o valor medido com a potência nominal do motor é

causada por uma função especial do inversor utilizado que, otimiza automaticamente

a energia e maximiza a eficiência do motor independente da frequência de trabalho.

A otimização automática de energia é benéfica à indústria, pois diminui o

consumo de energia pelo motor. Essa função é um algoritmo avançado para controle

do motor que otimiza automaticamente a relação tensão x frequência, de acordo

com as variações de carga, nesse caso gerando uma economia inicial de 11% no

consumo de energia em plena carga.

Segundo Mori (2006)

“O resultado é um efeito de partida otimizada sobre o motor, com rampas suaves, precisas e controladas, o que aumentará sua vida útil. Depois que o motor atinge a velocidade de referência, o inversor detecta a situação da carga e, dinamicamente reduz a tensão sobre o motor para maximizar sua eficiência.”

O mesmo autor fala que um grande benefício da função é “certamente,

obtido em sistemas com cargas de torque variável (bombas e ventiladores). Nestes

sistemas, com a diminuição da velocidade do motor, ocorre uma diminuição drástica

da carga sobre a mesma”. (p. 15. 2006).

Page 63: Trabalho de Conclusão de Curso - Engenharia Elétrica - Eng Rômulo C. Piscinato

62

Figura 10 - Conjunto motor-bomba à 50% da velocidade nominal. Fonte: Próprio autor

Potência consumida medida: 2,11 KW

Velocidade de rotação do motor: 1800rpm

Frequência da tensão disponibilizada pelo inversor: 30Hz

Corrente elétrica consumida: 7,68 A

Torque: 5,61 N.m

O inversor realiza cálculos com base ao valor do sinal de feedback recebido,

verificando que o sistema já foi adequadamente abastecido com água. Como mostra

os valores medidos da figura 8, nesse momento o inversor reduz a velocidade do

motor controlando a vazão para 50% da nominal, diminuindo a potência consumida

drasticamente para 12,5% da nominal.

Além dos valores práticos medidos também é comprovada a economia de

energia pelas equações da Lei da Proporcionalidade, como descrita abaixo:

P2 = P1 . (

)

P2 = 18,5 . (

)

P2 = 18,5 . 0,125

Page 64: Trabalho de Conclusão de Curso - Engenharia Elétrica - Eng Rômulo C. Piscinato

63

P2 = 2,31 KW → Potência consumida em 50% da velocidade nominal

correspondente a 12,5% da potência nominal.

Comparando os resultados práticos medidos com os teóricos calculados,

comprova-se a veracidade das relações matemáticas descritas pela Lei da

Proporcionalidade.

Após a análise dos resultados constatou-se uma economia de 87,5% no

consumo de potência elétrica, nesse caso específico 16,19 KW economizados, os

quais renderão uma imensa economia nos gastos de energia elétrica proporcional

ao tempo de operação da máquina nessa velocidade e vazão.

Figura 11 – Comportamento conjunto motor-bomba a 83% da velocidade nominal. Fonte: Próprio autor

Potência consumida medida: 9,37 KW

Velocidade de rotação do motor: 3000rpm

Frequência da tensão disponibilizada pelo inversor: 50Hz

Corrente elétrica consumida: 13,39 A

Torque: 14,49 N.m

Durante um certo período, houve um aumento de consumo de água pelo

sistema e uma consequente queda instantânea de pressão nas tubulações, que

Page 65: Trabalho de Conclusão de Curso - Engenharia Elétrica - Eng Rômulo C. Piscinato

64

através do sinal do transdutor de pressão/corrente enviado ao inversor de

frequência, modulará e aumentará a sua frequência de saída, aumentando a

velocidade de rotação do motor e de vazão da água, recompensando a queda de

pressão no sistema de bombeamento.

Novamente poderemos comparar os valores práticos medidos com os

teóricos calculados através da Lei da Proporcionalidade descrita abaixo:

=(

)

P2 = P1 . (

)

P2 = 100 . (

)

P2 = 100 . 0,5786

P2 = 57,86% de P1 → Redução do consumo de potência, economia de mais de

42%, aproximadamente 10,70 KW.

Observa-se que com o conjunto motor-bomba funcionando com apenas 17%

da velocidade abaixo da nominal, é possível alcançar uma economia de

aproximadamente 42% do consumo de energia elétrica, mas na prática houve uma

pequena diferença, tendo uma maior economia de energia devido à função especial

Otimização Automática de Energia do inversor de frequência aplicado.

Page 66: Trabalho de Conclusão de Curso - Engenharia Elétrica - Eng Rômulo C. Piscinato

65

Figura 12 – Conjunto motor-bomba em 25% da velocidade nominal. Fonte: Próprio autor

Potência consumida medida: 230 W

Velocidade de rotação do motor: 900 rpm

Frequência da tensão disponibilizada pelo inversor: 15Hz

Corrente elétrica consumida: 4,30 A

Torque: 2,10 N.m

Observa-se na figura 10 que, houve uma diminuição no consumo de água

pelo sistema de refrigeração e consequente aumento instantânea da pressão nas

tubulações, pois houve um decréscimo na frequência e velocidade de rotação do

motor.

Através do sinal de feedback, o inversor determina a melhor velocidade de

rotação do motor, visando aumentar a vazão de água recompensando o aumento da

pressão do sistema afim de regulá-lo próximo ao setpoint.

Como nos casos anteriores, a redução da potência consumida é proporcional

ao cubo da redução da velocidade, conforme a equação da Lei da Proporcionalidade

desenvolvida abaixo de acordo para este caso:

Page 67: Trabalho de Conclusão de Curso - Engenharia Elétrica - Eng Rômulo C. Piscinato

66

Haverá um relação cúbica no consumo de potência elétrica e a variação de

velocidade; nesse momento o motor é submetido a uma frequência de 15 Hz

correspondendo a uma velocidade de 900 rpm, diminuindo a vazão d’água para 25%

da máxima, utilizada para desenvolvimento da equação a seguir com base a 100%.

= (

)

P2 = P1 . (

)

P2 = 100 . (

)

P2 = 100 . 0,0156

P2 = 1,56% de P1 → Potência consumida em 25% da velocidade nominal

correspondente à 0,28 KW.

Observou-se assim, uma economia de energia de aproximadamente 98%,

tendo um consumo pouco significativo de energia elétrica nesse momento, que

somente é possível com o uso de inversor de frequência interligado no modo de

malha fechada, ou seja, estar a todo o momento corrigindo a velocidade de

bombeamento, vazão d’água e pressão do sistema, através de um sinal externo,

neste caso, proveniente de um transdutor de pressão.

Vazão

requerida

(%)

Frequência de

saída do inversor

(Hz)

Potência

consumida (%)

Potência

consumida

(KW)

Economia de

Energia (%)

100 60 89 16,35 11

83 50 58 9,37 42

50 30 12,5 2,11 87,5

25 15 1,52 0,23 98

Tabela 3 – Potência consumida e economia de energia de acordo com os valores monitorados do sistema de bombeamento proposto. Fonte: Próprio autor

Page 68: Trabalho de Conclusão de Curso - Engenharia Elétrica - Eng Rômulo C. Piscinato

67

A tabela 3 mostra os valores de potência consumida, vazão requerida

momentânea pelo sistema, frequência da tensão de alimentação do motor e

economia no consumo de potência elétrica. Todas as variáveis medidas têm como

base valores nominais 100% na relação de potência e velocidade reduzidas.

Interpretando os valores descritos na tabela acima, observa-se que a redução

do consumo de potência elétrica pelo conjunto motor-bomba é proporcional à

redução da velocidade ao cubo, onde reduzindo a vazão para 83% da nominal é

possível economizar aproximadamente 49% no consumo de energia elétrica,

mostrando o eficiente potencial de economia em sistemas de bombeamento com

bombas centrífugas.

Gráfico 10 - Curva torque quadrático obtida dos valores medidos. Fonte: Próprio autor

Observa-se a construção de uma curva de torque, onde reduções lineares de

velocidade resultam em reduções quadráticas de torque, assim a curva descreve um

formato parabólico.

Page 69: Trabalho de Conclusão de Curso - Engenharia Elétrica - Eng Rômulo C. Piscinato

68

Com os valores práticos reais obtidos do sistema de bombeamento d’água

industrial, conforme análise da tabela acima construiu-se o gráfico “Potência (KW) x

Frequência (Hz)”, onde é possível comprovar a veracidade das equações

matemáticas da lei da Proporcionalidade.

Gráfico 11 - Curva consumo de potência para as diversas velocidades de rotação obtidas no período monitorado. Fonte: Próprio autor

O gráfico 11 foi construído através dos valores medidos da variação de

potência elétrica consumida durante o período de monitoração da variação da vazão

no sistema analisado; demonstrando a curva potência x velocidade, a qual descreve

a relação cúbica existente entre a potência elétrica e a velocidade de rotação de um

motor designado a um sistema de bombeamento com bombas centrífugas.

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69

Figura 13 – Conjunto motor-bomba do sistema de bombeamento para refrigeração das linhas. Fonte: Próprio autor

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70

Figura 14 – Visão frontal do conjunto motor-bomba. Fonte: Próprio autor

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71

6.3 EXEMPLO COM VARIAÇÃO DE VAZÃO DURANTE UM ANO

O exemplo a seguir, compara o consumo de potência elétrica ativa de um

suposto sistema de bombeamento utilizando dois métodos de controle de vazão, um

com velocidade fixa usando válvulas de estrangulamento e o outro método com

velocidade variável utilizando inversor de frequência, visando comparar o melhor

método para se obter uma maior economia no consumo de energia elétrica.

O exemplo é calculado com base nas características obtidas a partir das

especificações de uma bomba de 45kW, comprovando que o resultado final em

porcentagem no consumo e economia de potência elétrica ativa utilizando-se o

método de variação da velocidade com inversores de frequência, é sempre análogo

a outros sistemas de bombeamento com bombas centrífugas, indiferentemente do

valor da potência nominal do motor e da bomba centrífuga, como observa-se

comparando este exemplo com a experiência realizada citada anteriormente nesta

pesquisa.

Através dos valores obtidos do exemplo, o autor compara graficamente as

variáveis hidráulicas demonstrando variações de pressão em relação às reduções

de vazão. Na segunda parte do gráfico está o principal assunto, ou seja, a

comparação entre o consumo de potência elétrica entre o método de controle de

vazão com velocidade fixa utilizando válvula de estrangulamento com o método de

variação de velocidade com inversor de frequência, mostrando assim qual o método

que possui maior eficiência energética na aplicação analisada.

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Gráfico 12 – Curvas consumo de potência pelos métodos de controle de vazão. Fonte: Guia de design VLT6000 HVAC.

Observa-se no gráfico 12, que a curva A1-C1 corresponde a potência

consumida obtida através da variação da velocidade, a qual modifica a curva

característica da bomba, é nítido o menor consumo de potência em relação ao

método de estrangulamento, que modifica a curva característica do sistema obtendo

Page 74: Trabalho de Conclusão de Curso - Engenharia Elétrica - Eng Rômulo C. Piscinato

73

a curva A1-B1 que corresponde ao consumo de potência utilizando válvulas de

estrangulamento.

O resultado obtido é uma economia superior a 50% do consumo de energia

elétrica, referente à demanda e variação da vazão de água pelo sistema de

bombeamento específico aplicado. O exemplo foi calculado para a vazão durante

um ano, correspondendo a 8.760 horas de operação.

O tempo de retorno do investimento para um projeto utilizando a variação de

velocidade é normalmente de um ano que depende do preço médio da tarifa de

fornecimento de energia elétrica e do preço do inversor de frequência e outros

fatores relacionados.

Tabela 4 - Consumo total de energia elétrica dos métodos de controle de vazão de acordo com a distribuição de vazão durante um ano. Fonte: Guia de design VLT6000 HVAC

Observa-se na tabela 4 uma economia de aproximadamente 55% no

consumo de energia elétrica anual na utilização do controle de vazão do sistema de

bombeamento analisado por inversor de frequência em comparação ao método de

estrangulamento por válvula.

Conforme citado anteriormente, a diferença no consumo de energia por

regulação de válvulas e por controle do inversor de frequência gera a quantidade de

energia elétrica economizada durante um ano de operação de um conjunto motor-

bomba num sistema de bombeamento, para efeito de exemplo utilizando-se um

motor de 45KW ou 60 CV, pode ser verificada no gráfico a seguir:

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74

Gráfico 13 – Gráficos do consumo de potência elétrica pelos dois métodos de controle de vazão do sistema de bombeamento proposto. Fonte: Próprio autor

As curvas azul e vermelha foram obtidas a partir dos dados levantados da

tabela do exemplo calculado com os métodos de controle de vazão por válvula de

estrangulamento e por inversor de frequência, onde a área entre elas representa a

economia no consumo de potência elétrica no sistema de bombeamento analisado,

podendo assim comparar a eficiência energética de cada método de controle de

vazão.

Concluindo-se que a veracidade da Lei da Proporcionalidade, que envolve

cálculos matemáticos utilizando as variáveis necessárias para comparação, pode ser

verificada por exemplos calculados ou experimentos em sistemas de bombeamento

industriais com bombas centrífugas, monitorando ou medindo a variação da potência

consumida pelo conjunto motor-bomba e demonstrando-os em gráficos

correspondentes a estes, os quais são análogos ao da Lei da Proporcionalidade

indicado anteriormente neste trabalho.

Page 76: Trabalho de Conclusão de Curso - Engenharia Elétrica - Eng Rômulo C. Piscinato

75

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conforme análise realizada acerca da Eficientização Energética em Métodos

de Controle de Vazão, após constatar-se que o crescimento do setor industrial

ocasionou nos últimos anos um aumento significativo no consumo de energia

elétrica, ocasionado principalmente pela força motriz dentro da indústria, propôs-se

este experimento com proposta de demonstrar o potencial de economia de energia

elétrica existente principalmente em aplicações que possuem o torque com

crescimento quadrático, como ocorre em sistemas de bombeamento com bombas

centrífugas quando se utiliza variadores de velocidade como método de controle

vazão. Através do mesmo constatou-se que na partida do conjunto motor-bomba

controlado por um inversor de frequência não há picos de corrente e de torque na

partida do conjunto motor-bomba em consequência da função soft starter (rampa de

partida e parda suave), que mesmo com o sistema em plena carga, os valores

medidos apresentados são inferiores aos nominais.

Observou-se ainda, que quando o conjunto motor-bomba chega à velocidade

nominal, iniciando o reabastecimento de água com a vazão máxima, espreita-se

uma economia no consumo de energia devido a função de otimização automática de

energia do inversor de frequência, maximizando a eficiência do motor independente

da frequência de operação.

Constatou-se também que o inversor, adequadamente configurado no modo

automático em malha fechada de processo, realiza cálculos com base do sinal

analógico chamado de “feedback”, referente ao valor da pressão medido pelo

transdutor, verificando as condições de abastecimento de água do sistema.

Durante certo período, houve um aumento no consumo de água pelo sistema

e uma consequente queda instantânea de pressão nas tubulações, fazendo com que

o inversor de frequência aumente a frequência da tensão de saída, aumentando a

velocidade de rotação do motor e vazão d’água, recompensando a queda de

pressão do sistema.

Em outro momento, foi monitorada uma redução da velocidade de rotação do

motor, indicando um decréscimo da vazão d’água requerida pelo sistema,

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76

consequentemente diminuindo a potência consumida proporcionalmente ao cubo da

redução da velocidade.

Conclui-se, portanto, conforme apresentado neste estudo, a implantação de

variadores de velocidade no acionamento e controle de bombas centrífugas

apresenta significativo aumento da eficiência energética, gerando valores superiores

a 50% de economia no consumo de energia elétrica de acordo com a demanda

média do consumo de água pelo sistema durante o período de operação analisado,

pois o consumo de potência reduz a ordem do cubo da razão entre as velocidades,

quando trabalha com vazões menores que a nominal do sistema de bombeamento,

justificando o investimento na implantação desses equipamentos, que além de

favorecerem a economia de energia, disponibilizam diversas vantagens e melhorias

quando comparados a outros métodos de controle de vazão que operam o conjunto

motor-bomba em velocidade nominal, desperdiçando energia elétrica consumida.

Page 78: Trabalho de Conclusão de Curso - Engenharia Elétrica - Eng Rômulo C. Piscinato

77

REFERÊNCIAS

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APÊNDICE

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REGULAGENS DE PRESSÃO E ECONOMIA DE ENERGIA NA IMPULSÃO

DE ÁGUA

Para um melhor entendimento sobre o assunto em questão, relacionei um

exemplo bem prático que acontece na província de Buenos Aires.

ABSA (Águas Bonaerenses S.A.) é uma das empresas distribuidoras

de água corrente da província de Buenos Aires, o principal estado Argentino e local

de concentração da maior parte da população do país. Seu sistema de distribuição

se baseia em fábricas de água potável que utilizam água do conhecido Rio de La

Prata, enquanto algumas áreas mais isoladas são servidas mediante poços

profundos aproveitando a presença de aquíferos de muito boa qualidade na zona.

Para distribuir água à capital da Província (Cidade de La Plata), a água

proveniente das fábricas de água potável chega até uma estação de bombeamento

denominada “Bosque”, pela sua presença dentro do arborizado calçadão do mesmo

nome da cidade. Desde aqui a água é encaminhada a diferentes zonas da cidade

mediante bombas impulsoras de 315 kW conectadas a aquedutos secundários.

O sistema de controle era muito primitivo, consistindo somente em desligar

uma das bombas nos horários de menor consumo. Para melhorar o sistema de

controle de pressão o departamento de engenharia da ABSA entrou em contato com

alguns dos mais prestigiosos fornecedores de conversores de velocidade do

mercado. Pelas palavras do Engenheiro Enrique Nowell da ABSA, a razão que

finalmente os decidiu pela Danfoss foi: “Não somente a excelente relação

preço/prestações”, mas sim em particular “a ótima assistência pré-compra”.

Do mesmo modo, quando surgiu a necessidade de fazer alguns ajustes

depois da instalação, o pessoal da Danfoss demonstrou um “ótimo nível de

assistência pós-venda”.

Três características do uso do conversor foram gratas surpresas para

as pessoas de Águas Bonaerenses, além da óbvia capacidade de controlar

a velocidade da bomba:

• Melhoria substancial no arranque:

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O método original de arranque consistia em um sistema de autotransformador

que requeria da rede uma corrente próxima a cinco vezes a nominal do motor.

Com o uso do conversor a corrente não supera a nominal em nenhum

momento. Fato este que resultou de surpreendente ajuda quando se teve que

substituir os conversores da estação de bombeamento e a mesma ficou alimentada

desde um grupo moto gerador cuja capacidade

resultava insuficiente para o arranque de todas as bombas com o método

tradicional.

• Excelente nível de regulagem da pressão:

Efetivamente, o aproveitamento do controle de malha fechada do VLT® 8000

resultou ser melhor que o esperado com variações máximas na ordem de 0,1 bar.

• Economia de energia:

O nível de economia de energia foi também maior que o esperado,

alcançando, dependendo do horário do dia valores de até 45%. Em resumo, o uso

de um conversor de velocidade com parametrização dedicada a aplicações de água,

somado ao excelente nível de suporte e assessoria, mais o sobressalente resultado

demonstrado pelo VLT® 8000 com quase 14.000 horas de funcionamento,

convenceram à ABSA de comprar outra unidade gêmea de 315 kW.

A compra da segunda unidade permite regular pressão de maneira

independente nos dois aquíferos mais importantes alimentados pela estação de

bombeamento “Bosque”. Deste modo é possível um controle mais eficiente

regulando de maneira mais precisa a pressão em função das necessidades de

consumo diferentes dos dois aquedutos.

A relação com a Danfoss não termina aqui, já que a ABSA comprou outro

equipamento de 90 kW para uma estação menor e está em estudo a compra de

equipamentos para poços profundos e a substituição dos obsoletos arrancadores

por autotransformador por soft starters Danfoss da série MCD 3000. O sistema ideal

de controle para a estação será o uso de dois VLT® 8000 equipados com placas

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“Cascade Controller” que permitam o arranque sequencial das demais bombas

equipados com soft starters.

“Temos certeza que nossa relação com a ABSA será longa e frutífera para

ambos”, palavras do Engenheiro Darío Acha de Águas Bonaerenses. “O uso de

conversores de velocidade nestas aplicações permite preservar as instalações

elétricas e mecânicas nos arranques e paradas, uma fácil variação do caudal

entregue pela bomba com economia de energia, por isso gostaríamos de aplicar

conversores Danfoss similares nas demais eletrobombas da estação”

Mesmo não sendo a economia de energia a principal razão da instalação dos

conversores de velocidade não foi à busca de economia de energia, desde o

princípio se percebeu que o nível que se estava conseguindo era digno de estudo.

Para isso aproveitamos a capacidade do VLT® para medir potência e energia.

Efetivamente, durante dois dias completos foi realizado um relevamento dos

principais valores de funcionamento:

• Pressão (realimentação).

• Frequência.

• Corrente.

• Potência.

Os mesmos foram representados em gráfico de maneira a permitir analisar as

variações diárias de consumo. No primeiro dia o VLT funcionou a malha fechada

variando sua velocidade para manter a pressão ao valor de ordem.

No segundo dia por outro lado foi aberta a malha, fixando-se a frequência em

50Hz de modo de emular o funcionamento da bomba ligada diretamente à rede. Os

resultados foram novamente representados em gráfico, procedendo- se a calcular a

diferença entre a potência consumida em ambos os casos.

Em análise de gráficos comparativos, observou-se o seguinte:

• A velocidade nominal (frequência do VLT fixa a 50Hz), o valor consumido de

potência foi aproximadamente constante independentemente da hora do dia. As

variações máximas não superam 5%.

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• As curvas obtidas a malha fechada diferem claramente das de malha aberta:

Quanto à pressão, enquanto o controle de malha se encontra na zona linear, a

mesma mantém um valor muito constante com variações menores a 0,1 bar. Com

relação à potência e à corrente, as mesmas são bastante menores às nominais e

seguem a tendência do consumo de água da rede. Concentrando-nos nos valores

medidos de potência, vemos os seguintes máximos e mínimos com as

correspondentes economias a respeito dos nominais:

Potência Máxima 221,63 KW/h do dia: 12:44:58 / Economia: 29,6%

Potência Mínima 139,82 KW/h do dia: 06:05:48 / Economia: 55,6%

Valores consolidados de economia:

Economia diária de energia: 1850 KW/h

Economia analisada de energia: 675250 KW/h

TEMPO DE PAYBACK (RETORNO DO INVESTIMENTO)

De acordo com a quantidade de energia economizada, o custo da mesma, e o

do VLT se deduz o tempo de recuperação do investimento. É importante fazer notar,

que este cálculo não leva em conta a melhoria na qualidade de serviço (pressão

constante e variável de forma contínua ao valor desejado), nem a economia

previsível em manutenção, fruto do trabalho da bomba a velocidades menores da

máxima. Realizando os cálculos correspondentes se chega à seguinte conclusão:

• Tempo de Payback: < 16 meses

Resumindo, se bem que a economia de energia não era o motivo principal

para a compra do primeiro VLT, o resultado das medições da economia efetuadas

sobre esta primeira unidade resultou determinante para a aprovação da compra dos

seguintes.

Dados estatísticos da província de Buenos Aires:

Superfície:

- Total 307.571 km² (Alemanha 357.000 Km²)

- Municípios: 134

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População:

- Total 13.827.203 (2001)

- Densidade 45,0 hab./km²