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City Posto - Edição 12

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Geraldo Pelotão

Franca e suas Personalidades

Pedro Murilla Fuentes Doutor Hélio Palermo Nascido em 1929, Pedro Murilla Fuentes, o Pedroca, professor de educa-ção física, formado pela USP, chegou à Franca como professor. Foi técnico de basquete do Franca por 32 anos, bem como da seleção bra-sileira em Olimpíadas e Pan Americanos. Ficou para a história por ser um visionário, implantando o contra-ataque de alta velo-cidade e defesa pressionada. Ele era, antes de qualquer coisa, um educador. Usava o espor te como meio social de formação e humanização. Falava a todos o que deveriam escutar e não o que gostariam. Muito dedicado e observador, Pe-droca fez curso intensivo de técnicas de basquete em São Paulo e depois disso não parou. Par ticipou de diversas clínicas de especialização em países como Espanha, Por tugal, Iugoslávia, Itália e Argentina. Pedro Murilla Fuentes comandou o time local de 1951 a 1983, época de ouro da modalidade no Brasil. O ginásio da cidade, um dos poucos do país feitos exclusivamente para jogos de basque-te, chama-se Pedrocão, como forma de homenagear o ex-treinador, morto há 18 anos. Tratava todo mundo com respei-to. Chamava todos os alunos de senhor. É com justiça unânime que hoje o giná-sio de espor te de Franca recebe o nome de Pedrocão, o templo do basquete bra-sileiro.

Geraldo Gomes, o “Geraldo Pelo-tão”, nasceu em São Sebastião do Paraíso (MG) em 1915. Segundo relatos de familiares, aos 3 anos teve meningite. Após se curar da doença a sua mentalidade estagnou e manteve-se assim com o passar dos anos. Personagem famoso que por anos deu um ar cômico e aventureiro à Praça Barão. Somente os mais jovens não se lembram ou não conheceram essa figura ilustre e folclórica que andava pela Praça. Para os mais próximos, ele era como uma doce criança, mas ai daquele que o ousasse desafiar com provocações, esse teria que correr rápido e desviar das pedras atiradas por “Pelotão”, pois o mes-mo saía enfurecido atrás dos ofensores distribuindo pedradas e xingamentos àque-les que contra ele desferissem o apelido “Geraldo Pelotão” ou qualquer outro. Infelizmente Franca, mais pre-cisamente a Praça Barão, perdeu essa ilustre figura que dava um toque de humor e aventura para a pra-ça. Em maio de 2000, Geraldo morreu aos 85 anos, vítima de uma hemorragia, após vir atravessando seguidos problemas de saúde.

O Professor e Doutor Hélio Paler-mo nasceu em Franca em 30 de maio de 1918.Foi professor e político, tendo sido prefeito do município de Franca por duas vezes. Entre 1966 e 68, Hélio Palermo, ex-aluno da 1ª turma de direito, quando prefeito, mandou edificar o prédio das ins-talações da Faculdade de Direito de Franca. A municipalidade deu a uma das Avenidas o seu nome e o Estado o home-nageou dando o seu nome a uma Escola Pública de 1° e 2° graus, localizada no jar-dim Dermínio. O Conjunto Poliespor tivo “Dr. Hé-lio Palermo”, tem capacidade para sete mil pessoas e já recebeu duelos históricos do basquetebol brasileiro. Seus feitos de Administração Pú-blica serão sempre lembrados, pois, Fran-ca tornou-se uma cidade notável e alta-mente progressista. Faleceu aos 60 anos de idade, no dia 07 de fevereiro de 1979.

EXPEDIENTEInformativo City Posto Padaria e Conveniência - edição 012

Av. Hélio Palermo esquina com Major NicácioDiretora: Giselly Cristina de Oliveira CastroContato: (16) 3721.1600Diagramação/Impressão: Quintal Publicidade - Rua Expedicionário Castro Garcia,nº 452 - Vila Monteiro Franca SP - (16) 3017.9093Artigos assinados e os anúncios são de responsabilidade de seus signatários e não

representam a opinião do Informativo.

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História do Café

Nutricionista City PostoEliana Campos Silva

CRN 12732

O café (Coffea arabica L.) é originário da Etiópia e seu cultivo foi propagado pelos árabes, que consumiam o fruto in natura, e que no século XIV o introduziram na Europa. A entrada do café no Brasil aconteceu em 1727, pelo oficial português Francisco de Mello Pa-lheta. Ele foi enviado à Guiana Francesa pelo gover-nador do Pará, para resolver problemas de fronteira, mas também para trazer sementes do fruto que ti-nha grande valor comercial. Assim, mudas e sementes de café foram plantadas no Pará e dali, espalhou-se o cultivo para outros Estados, como Bahia, Rio de Janeiro, Minas e São Paulo. Com o declínio das reservas de ouro em Minas Gerais e das crises internacionais do merca-do de açúcar, vivemos o ciclo econômico do café no Brasil. Até os escravos ajudaram a fazer a história do café no Brasil porque foram os primeiros a traba-lhar nas grandes lavouras do Rio, Minas e parte do Estado de São Paulo.

Mas a expansão do cultivo coincidiu com a época da abolição. Em troca do apoio à cam-panha abolicionista, os fazen-deiros exigiram o incentivo do governo à vinda de imigrantes europeus para o País para tra-balhar na lavoura, como ale-mães e italianos. Hoje, o café é produzido no País principalmente nas ci-dades de Espírito Santo do Pinhal, Franca e Garça (SP), Guaxupé e Patrocínio (MG), Barreiras (BA), Jaguaré e São Gabriel da Palha (ES), Londri-na (PR) e Vilhena (RO).

Valor nutricional do café Os estudos que associam cafeína e saúde cardiovascular apontam que o consumo moderado - equivalente a 400-500 mg/dia ou 4 xícaras de café - não é prejudicial à saúde humana. No entanto, já se sabe que o risco de hipertensão é menor entre os que se abstém do consumo de café e que a ingestão su-perior a 5 copos por dia eleva em 2 mmHg a pressão

sistólica e em 1 mmHg a pressão diastólica. A cafeína também interfere no mecanismo de absorção de cálcio, em indivíduos com ingestão inferior à recomendada. Tal efeito pode ser contraba-lançado pelo aumento o consumo de cálcio. A ingestão de café está associada a sinto-mas gastrintestinais, como dispepsia e refluxo. Isto porque aumenta a secreção ácida no estômago e sen-sibiliza a mucosa. Além disso, o café tem ação inibi-tória sobre a absorção de ferro: a ingestão simultânea ou posterior à refeição reduz em 40% a absorção do nutriente. A infusão de café quando preparado sem açúcar, não contém calorias. A composição quími-ca do grão de café inclui pequenas quantidades de minerais, como potássio, magnésio, sódio, além de aminoácidos e carboidratos (frutose, maltose e polis-sacarídeos, etc.). O café é considerado alimento funcional de-vido à presença de grande quantidade de polifenóis antioxidantes, chamados ácidos clorogênicos que, du-rante a torra dos grãos, formam quinídeos, compostos bioativos, com efeito citoprotetor e que exercem papel positivo no controle da depressão. É também durante a torra que se formam os quase mil compostos volá-teis responsáveis pelo aroma característico do café.

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Para Você Saber...Franca

Brigadeiro crocante de colherA criançada vai ficar com água na boca!

A primeira denominação do município de Franca foi Arraial Bonito do Capim Mimoso, o surgimento deu-se devido ao desvio da trajetória dos bandeirantes que iam em direção as jazidas de ouro em Goiás, essa mudança de rumo foi provocada pelos conflitos entre paulistas e em-boabas no início do século XVIII. O povoado foi evoluindo e alcançando uma importância comercial, fornecendo sal para toda região. Alguns acontecimentos históricos que ocorriam no momento proporcionaram, a partir de 1870, a decadência econômica do município, como a liberação do Rio Paraguai que facilitou a distribuição comercial das províncias, tudo isso

Preparo: Médio (de 30 a 45 minutos)Rendimento: 6 porçõesDificuldade: FácilCalorias: 209 por porção

Ingredientes. 1 lata de leite condensado. 100 g de chocolate meio amargo picado. 1 colher (sopa) de manteiga. 1/2 xícara (chá) de leite. 1 xícara (chá) de bolinhas de chocolate crocante

Modo de preparo Em uma panela média, ponha o leite condensado, o cho-colate, a manteiga e o leite. Cozinhe em fogo baixo, mexendo sem parar, até a mistura ficar homogênea e se desgrudar totalmente do fundo da panela. Deixe esfriar, misture 1/3 das bolinhas de chocola-te, decore o creme com bolinhas restantes e sirva.

decorrente da guerra do Paraguai. No ano de 1887, com a chegada da estra-da de ferro na região que impulsionou o mercado, a cidade ficou intermediando a circulação comercial entre São Paulo, Goiás, Mato Grosso e Minas Ge-rais. Após a década de 20, inicia um novo pano-rama comercial regional, mantendo ainda a produ-ção cafeeira, logo o município mudou de condição de ponto de apoio de comercialização para produ-tor de café, importante cultura produtiva da época, depois transformando para produção de policultura e indústria, principalmente produção de calçados e couro. No ano de 1804, elevou-se à Freguesia de

Receitinha

Moji Mirim, a partir daí tornou-se um dos maiores produtores calçadistas do Brasil, provocando uma evolução político-administrativa em toda região. A Vila Del Rey foi criada em 31 de outubro de 1821. Em 1856, no dia 24 de abril, ganhou a condição de cidade, recebendo o nome definitivo de Franca. Franca ao longo de sua história alcançou status de capital do calçado, isso devido à concen-tração de indústrias desse seguimento na região.

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Caça Palavras

Feliz Aniversário Franca - 188 anos! Jogo dos 7 erros

RESPOSTA

1- bola de basquete2- jogador nº8 saltando3- meia do jogador nº 94- perna do jogador nº75- braço direito do jogador nº66- borboleta acima na tabela7- braçadeira verde no joga-dor nº7

RESPOSTACafé - Calçados - Basquete - Sol - Colinas

Encontre as palavras abaixo:

FORME UMA FRASE FALANDO DA CIDADE DE FRANCA USANDO, PELO MENOS,

CINCO PALAVRAS DO CAÇA- PALAVRAS .

COMPLETE AS CURIOSIDADES DE NOSSA CIDADE:1- Franca destaca-se na agricultura pela produção de _________________________.2- No setor industrial, Franca é a maior produtora de __________________ do Brasil.3- No esporte, Franca é considerada a capital do _____________________________.4- Um marco turístico em nossa cidade é o relógio do __________________________.5- Franca é conhecida como a cidade das Três _______________________________.

CidadaniaConvivência

DeverDireitoIdosoLei

MulherNormasPaciente

Sociedade

Pinte os desenhos

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- Pa-ai! Eu quero bolo de aniversário!- Quem tá fazendo aniversário, filhota?- A Dona Franca!- Quem te falou isso?- Foi o Tio Beny... Ele falou que trabalha lá longe, mas tem saudade de quando trabalha-va na Franca...- Ah! Faz tempo, ele trabalhou com a Franca Dragone, irmã do Vincenzo, no Rigoletto! Eu também tenho saudade do tempo do Foto Ri-goletto.- É dia 28 de novembro, né pa-ai?!- Ah! Então você está falando da outra Franca,

Bolo com “guanará’’

Beto Chagas é escritor e psicó-logo, autor do livro de crônicas

Palavras Contidas

da cidade de Franca.- O Tio Beny trabalhou com a Franca, mas também trabalhou na cidade de Franca. Ele tem razão. Era uma cidade muito boa...- Era de comer, pa-ai?- Não filha! Era boa de se viver... Com o Tio Beny eu aprendi e descobri muita coisa, conheci uma Franca não tão antiga, mas que não existe mais. - É?- Sim filha! Tinha os Móveis Meneghetti, na Volun-tários da Franca,777. Acho que o prédio ainda exis-te, um imenso barracão na descida da Voluntários da Franca.

- Que mais, pa-ai!- Tinha o Foto Edward, tinha o Foto Gallo. Mas Era tudo em preto e branco. foi o Rigoletto que come-çou com essa história de fotos coloridas. - Pa-ai! Que mais, que tinha?- Não tinha! Não tinha ainda calçadões pra atra-vancar o trânsito das ruas do Centro. Na Marechal Deodoro, em frente ao Foto do Jair, tinha a Vitami-na do Seu Nenete e, logo adiante tinha a Martins... Mais do que uma livraria, era um centro cultural. Numa esquina tinha o Bar Tubarão e na outra es-quina, a Bomboniere Cinelândia, no quadrante do Cine São Luiz.

- Só isso, pa-ai?- Tinha muito mais, filha. Onde hoje é o outro calçadão, na Voluntários da Franca, ti-nha a Jóia Magazine, tinha a Cinderela (uma entrada pela Voluntários e a outra pela Rua do Comércio). Tinha também a Flor de Lis, tinha La Pe-tit Fleur, a Antunes Confec-ções... Ah! Tantas lojas. Se falar de todas não cabe nessa nossa conversa!- Mas, pa-ai! E o bolo de ani-versário da Dona Franca?- Bem, filha! Precisaria de um bolo muito grande... Deve ter umas 350 mil bocas esperan-do um pedaço. Faz assim: a gente passa numa padaria e encomenda um bem gostoso, só pra nós.- Já sei, pa-ai! No City Posto deve ter...Mas eu quero bolo com “guanará”!

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Dando abertura ao novo Para os que são nascidos em Franca ou para os que já moram aqui há uns vinte anos, é bem nítida a mudança ocorrida não somente na estrutura da cidade como no comportamento do cidadão francano. As ruas estreitas e acanhadas hoje dão lugar a várias avenidas que interligam os bairros e facilitam o trânsito, porém essas avenidas muitas vezes ainda são insuficientes diante do aumento de veículos nas ruas. Os viadutos passam a ser criados como alternativa de fluxo em um momento em que a cidade pede licença e se expande rapidamente. Várias empresas se instalaram aqui neste período, dando emprego e sustento a muitas pessoas que deixaram suas cidades de origem e vieram à Franca em busca de seus sonhos. Saímos hoje às ruas e já não conhe-cemos tantas pessoas como no passado. Rostos desconhecidos são a maioria dentre alguns que nos povoam a lembrança. Franca outrora tão pacata – podia--se voltar a pé dos bailes da AEC, quantas boas lembranças! Hoje sentimos saudades dos bons passeios na Praça Barão, adoçados pelo sorvete do Sr. Afonso ou pelo suco do TIP. Saudades também de amigos queridos que, como outros que aqui chegaram, também chegaram noutro “porto”. Assim como em nossa cidade o novo encontrou espaço, o cidadão francano também teve que se adequar a novos desa-fios. O crescimento profissional teve que ser aperfeiçoado através de graduações e cur-sos técnicos que por aqui também chega-ram.

Quando o sistema muda, tudo o que nele está inserido sofre alterações e essas mudanças, a princípio, podem trazer desconforto. No entanto, estamos a todo instante em constante mudança e é preciso sempre olhá-las de forma positiva, como crescimento pessoal e não como entrave que nos aprisiona em nós mesmos. Se soubermos nos posicionar diante das mudanças que nos envolvem, mesmo com a ajuda

de um profissional, com certeza sairemos muito mais fortalecidos e capazes para continuar a ca-minhada do aprimoramento pessoal. Precisamos tirar proveito do passado, sem com isso estarmos fechados para o novo que se anuncia a todo mo-mento. Assim como “tomar água da careta” na cidade de Franca, ser feliz é não fazer “careta para a própria vida” que se impõe diante de nós.

city parceiroscity parceirosDra. Sílvia CatinOAB/SP 172.238

Pós-graduanda em Terapia Familiar – UNIFESPEspecialista em Terapia de Luto

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O que é yoga? Quem é um yogi? É comum se referir aos praticantes de ása-nas (posturas/exercícios físicos) como yogis, contu-do nem todo praticante de ásana é necessariamente um yogi e existem pessoas que nunca praticaram, mas são. Ao que remete esse termo “yogi”? Quem é um yogi? Qual a sua relação com yoga? E afinal de contas, o que é yoga? As palavras yoga e yogi são amplamente utilizadas nos vedas e em outros textos da tradição védica, como na Bhagavad gita e nas Puranas, para se referir a pessoa que busca o autoconhecimento. Portanto para entender o significado do yoga, pri-meiro devemos entender um pouco sobre a natureza do autoconhecimento. A tradição védica coloca que a ignorância sobre nossa natureza é a causa fundamental do nos-so sofrimento. Por não sabermos nossa natureza livre, nos identificamos com o corpo e mente, so-frendo com suas limitações. Os Vedas apontam que a natureza do sujeito é a mesma felicidade que ele busca a todo momento, a paz, a liberdade, a própria eternidade. Tendo esse “entendimento” sobre si como objetivo, a tradição prescreve um estilo de vida que possui um conjunto de valores, uma série de práti-cas físicas e mentais, e a exposição tradicional das Upanishads (parte dos Vedas, também chamada de vedanta, que tem por objetivo a transmissão do au-toconhecimento). Por detrás dessa estrutura prescrita pelos Vedas, o objetivo é que o estudo das Upanishads seja suportado por um aparato de disciplinas, que preparam o indivíduo para o entendimento de sua natureza livre. Como estamos falando de um conhe-cimento é natural que seja necessário um preparo, uma maturidade de vida, tanto emocional quanto in-telectual. O processo é comparado com acender uma fogueira, o estilo de vida e as disciplinas secam a madeira e os Vedas são como o fósforo. Se ma-deira estiver muito molhada não é possível acendê-la e se o fósforo não for utilizado da maneira correta o fogo se apaga rapidamente.

Para se referir a esse processo os Vedas utili-zam os termos: yogi e yoga. Yogi é a pessoa preparada para receber o en-sinamento ou a pessoa que tem esse objetivo e está se preparando. Yoga é esse “pacote” que o yogi faz uso e as asanas, os exercícios físicos que conhecemos, são apenas a ponta de um iceberg imenso. Agora com esse entendimento dos Vedas como meio para o conhecimento e todas suas ativida-des preparatórias, podemos analisar um pouco mais qual é a essência do yoga e o que define o yogi. Existem dois enganos comuns atualmente no uso do termo yoga. O primeiro é que como alguns au-tores dividem o yoga em função de algumas práticas específicas, ficamos com a impressão de que as ativi-dades do yoga sejam “tipos” de yoga separados uns dos outros. Por exemplo, as atividades devocionais como ir ao templo ou fazer um ritual são chamadas de “bhakti yoga” e as meditações são referidas como “dhyana yoga”. Bhakti significa devoção e dhyana meditação, ambos os termos não se referem a um “tipo de yoga” são apenas atividades que compõe o mesmo yoga e para o autoconhecimento as duas atividades são fun-damentais. O segundo engano comum é a divisão do yoga em relação aos exercícios físicos e energéticos, hoje em dia temos por volta de 5 estilos básicos na prática de posturas como Iyengar ou Asthanga. A diferença no método ou estilo de exercício nos leva a crer que existe uma “variedade de yogas”, porém, na verdade são apenas modelos diferentes de práticas de exercícios e a maioria das posturas são co-muns a todas elas. A tradição védica coloca que a definição do yogi está no seu estilo de vida, mas aqui temos de tomar um certo cuidado pois em geral consideramos “estilo de vida” um conjunto de hábitos e não é esse o ponto aqui. Se o provérbio diz que o hábito faz o monge, podemos dizer que o que faz o yogi é o “karma yoga”. E que fique claro desde o início que “karma yoga” não é mais um tipo de yoga ou o conceito popularizado de

trabalho voluntário. Apesar de ser comum o uso desse termo para se referir ao trabalho voluntário ou as atividades sem nenhum tipo de remuneração ou recompensa em vários ashrams (locais de estudo) na Índia. Essas atividades podem ter seu papel, mas, no contexto dos Vedas, karma yoga é a maneira como o yogi se comporta diante das ações (karmas) na sua vida. O próprio Senhor Krsna na Bhagavadgita co-loca que existem dois estilos de vida tendo como obje-tivo o autoconhecimento: o estilo de vida de um renun-ciante, que se dedica exclusivamente aos estudos e o “karma yoga” para as pessoas que desejam continuar inseridos na sociedade, porém com a vida direcionada para essa busca espiritual. Esse ponto é importante porque o conceito de yoga muitas vezes é confundido com algum tipo de repressão ou disciplina rígida, mas na verdade existe a opção de uma vida normal com família e filhos descrita pelos próprios Vedas como um meio para o autoco-nhecimento. Assim para as pessoas inseridas na socieda-de, a tradição védica coloca que enquanto uma pessoa normal faz karma(ações) uma pessoa espiritualizada faz “karma yoga”. A palavra yoga é utilizada junto com o karma apenas para dar esse sentido, dizer que sua ação é “yoga”.

E finalmente o que é essa visão de yoga? A visão de yoga, que é essa atitude diante da vida, envolve dois aspectos: A visão ao executar a ação. A visão ao receber o resultado da ação. De acordo com os Vedas a visão de yoga ao executar uma ação está no uso da ação como um instrumento de preparação para o autoconhecimento. Qualquer ação do nosso dia pode ser usada como uma oração, quando ela está em harmonia com o Criador, que está na forma do universo a nossa volta. É esse oferecimento da ação ao Criador que a torna um ins-trumento purificador. Yoga é aprender a viver em hamornia com

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Deus. Quando dizemos oferecimento é importante saber o que é isso, senão vamos dizer: “eu ofereço essa ação para Deus!” e isso não é o que faz a dife-rença. O ensinamento é que o próprio Criador está na forma do universo a nossa frente e se apresenta como a decisão adequada em cada momento da vida. O dharma (ética) e a harmonia são manifes-tações divinas, assim como nossa capacidade de ven-cer nossos gostos e aversões para fazer o correto. E nós fazemos não por medo do que Deus fará conosco ou para deixá-lo satisfeito, pois, para o criador desse universo de bilhões e bilhões de estrelas, não existe nada grande o suficiente que possamos fazer capaz de deixá-lo zangado ou ainda não existe nele um senti-mento de falta que cabe a nós preencher. Fazemos porque na base da nossa persona-lidade já existe embutido o valor pela união e o amor e quando oferecemos nossa ação, a executando em harmonia com o todo, desfazemos um sentimento de divisão e alienação. Assim como existe uma satisfação em colaborar com a nossa família e locais que partici-pamos, com karma yoga descobrimos a satisfação de colaborar com a família que é esse universo inteiro. É uma atitude na ação que representa sobre-tudo uma maturidade em termos de objetivo de vida. Tendo o autoconhecimento como objetivo e enxergando as limitações das ações em nos fazer ab-solutamente felizes, somos capazes de descobrir essa maneira de viver. Quanto ao receber o resultado da ação yoga é a apreciação da ordem responsável por esse resultado chegar até nós. Em geral, fazemos um plano de como a vida tem que ser, como as pessoas devem reagir e em qual-quer ação temos um conjunto de expectativas. Não é possível realmente se abster dessas expectativas, po-rém estar alerta para o fato que entre uma ação e o seu resultado existe um ligação que não depende de nós é o que fará toda diferença. É dito que qualquer ação pode produzir quatro tipos de resultados: igual a expectativa, menor, maior ou totalmente diferente ao esperado. A pessoa atravessa a rua para pegar o ônibus e pode acontecer: o ônibus passa bem na hora e ela

entra feliz, o ônibus demora a passar e vem lotado, ou antes mesmo do ônibus passar o colega de trabalho oferece uma carona, ou ainda a pessoa pode acordar três dias depois na cama de um hospital, porque o ôni-bus passou rápido de mais! E todos esses resultados são possíveis, ninguém planeja ir para a emergência e todo hospital tem a emergência lotada. Os Vedas colocam que o Criador na forma da ordem do karma distribui o resultado da ação para cada indivíduo de acordo com as ações que ele reali-zou no passado. O conceito de injustiça divina e aquela tensão da necessidade de controlar o mundo, se vão na apre-ciação do Criador na forma dessa ordem cósmica que liga as ações e as pessoas. Assim, quando cada resultado ou situação surge na nossa vida aceitamos como uma atitude de reverência de quem está recebendo algo que vem do próprio criador, não importa se é doce ou amargo é o que está se apresentando na-quele momento. Esse é um ponto importante para o yogi porque a vida está constantemente apresentando boas e más notícias que não dependem realmente da nossa escolha. Tendo o autoconhecimento como objetivo toda ação se torna uma possibilidade de crescimento, exatamente o que é preciso ser vivido por nós. Por outro lado, sem uma maneira de canalizar nossas expectativas ficamos a mercê do mundo, como um fanático por futebol fica a mercê do seu time sem ter um envolvimento direto com a sua vitória ou derrota. O Criador na forma da ordem preenche essa lacuna abrindo o leque de possibilidades de resultados e ao mesmo tempo sem tirar nossa participação da ação. Nós somos responsáveis pela ação e Ele o responsável pelo resultado das ações. Dessa maneira karma yoga con-siste em fazer a ação na forma de um oferecimento ao Criador e receber os re-

sultados como vindos do próprio Criador de acordo com as minhas ações no passado. Essa maneira de tomar as decisões e encarar as situações na vida é a espinha dorsal do que é chamado de yoga. Afinal de contas toda disciplina ou prática de posturas culmina em uma vida equilibrada e em harmonia com a sociedade a nossa volta. O “yogi”, portanto, não é apenas a pessoa que faz um monte de práticas e disciplinas apesar de elas serem fundamentais para o caminho espiritual, mas aquela pessoa capaz de trazer karma yoga para sua vida. Como karma yoga depende da apreciação do Criador que nasce da exposição aos Vedas, pode-mos dizer que os Vedas são a verdadeira essência do Yoga.

Esse texto foi escrito por Jonas Masettino site satsangaonline.

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