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Fabíola Paes de Almeida Tarapanoff Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Comunicação Doutorado - Área de Concentração: Processos Comunicacionais Linha de Pesquisa:Comunicação Midiática nas Interações Sociais Orientador: Prof. Dr. Laan Mendes de Barros

Jornalistas no cinema representações e apropriações - banca final - versão atualizada

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Fabíola Paes de Almeida TarapanoffPrograma de Pós-Graduação Stricto Sensu em ComunicaçãoDoutorado - Área de Concentração: Processos ComunicacionaisLinha de Pesquisa:Comunicação Midiática nas Interações SociaisOrientador: Prof. Dr. Laan Mendes de Barros

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Visiting Graduate Researcher (VGR) na UCLA Spanish and Portuguese University of California, Los Angeles (UCLA) Superv: Prof. PhD. Randal Johnson Período: setembro a dezembro de 2013

Professor - Comunicação(Cursos: Jornalismo, Relações Públicas e Rádio e TV)FIAM-FAAM Centro Universitário (Faculdades Integradas Alcântara Machado e Faculdade de Artes Alcântara Machado - desde 2011)

Doutorado em ComunicaçãoÁrea de Comunicação: Processos Comunicacionais

Linha de Pesquisa: Comunicação Midiática nas Interações SociaisUniversidade Metodista de São Paulo (UMESP)

Início: 2011 - Previsão de término: 2014

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Título: Jornalistas no cinema: representações e apropriações No contexto da comunicação midiática e suas mediações socioculturais, a tese traz

como proposta central uma análise das representações do jornalista no cinema e das apropriações dessas narrativas por aqueles que desejam seguir a profissão no futuro.

O corpus da pesquisa é constituído por 50 filmes que apresentam jornalistas, sendo que três foram analisados em profundidade, por apresentarem temas recorrentes e criarem traços de mitologia sobre a profissão: A montanha dos sete abutres, Todos os homens do presidente e Intrigas de Estado.

 Os parâmetros metodológicos incluem: o levantamento bibliográfico, a análise em profundidade, a exibição de obras, o debate e a aplicação de questionários.

A fundamentação teórica inclui autores como: Brian McNair, Roland Barthes, Cornelius Castoriadis, Raymond Williams e Jesús Martín-Barbero.

Como objetivos específicos, busca-se: 1) realizar um panorama dos Journalism movies e sua evolução, determinando tipos e temas recorrentes; 2) identificar a criação de possíveis mitologias sobre o Jornalismo por meio do cinema; 3) identificar as sintonias e as dissonâncias na forma como as imagens são apropriadas por estudantes de Jornalismo, contribuindo na criação de um imaginário próprio sobre a profissão.

Palavras-chave: 1. Jornalismo. 2. Cinema. 3. Representações midiáticas. 4. Apropriações culturais. 5.Teorias da recepção.

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Pesquisa sobre as representações e apropriações do jornalista no cinema. Duas grandes questões: Quais as diferenças nas representações do jornalismo no cinema ao longo das

décadas? Quais as sintonias e divergências em relação a essas representações e as

apropriações de produções cinematográficas pelos futuros jornalistas? Problema: situar frente a frente a produção e a recepção cinematográfica

que traz como tema o jornalismo. Identificar como o jornalista é retratado e quais imagens são recorrentes.

Hipótese: muitas obras cinematográficas trazem estereótipos do profissional de imprensa, não retratando como é a profissão no cotidiano.

Muitas vezes o jornalista é mostrado como uma pessoa que convive com os bastidores do poder e participa de festas, vivendo em um ambiente de glamour, o que não condiz com a realidade.

No dia a dia, o profissional de imprensa precisa enfrentar o desafio de produzir cada vez mais, devido à presença da internet, tendo à sua disposição menos recursos econômicos e materiais.

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Questões culturais: Raymond Williams, Terry Eagleton e Douglas Kellner.

Apropriações culturais: Jesús Martín-Barbero, Laan Mendes de Barros, Paul Ricouer e Guillermo Orozco.

Mediações e midiatizações: José Luiz Braga Representações: Carl Gustav Jung, Gilbert

Durand, Cornelius Castoriadis e Magali do Nascimento Cunha.

A questão do mito: Roland Barthes, Umberto Eco, Joseph Campbell, Christopher Vogler, Monica Martinez e Edvaldo Pereira Lima.

Cinema e Journalism movies: Brian McNair, Edgar Morin, Joe Saltzman, Christa Berger, Ismail Xavier, Randal Johnson, Silvia Kratzer e Stella Senra.

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1) Levantamento bibliográfico, com pesquisa documental de obras cinematográficas e de livros e sites sobre o tema.

2) Panorama de 50 Journalism movies, com destaque para produções realizadas a partir da década de 1930 nos Estados Unidos, divididas de acordo com tipos e temas recorrentes.

3) Análise em profundidade - Estrutura da Jornada do herói de Christopher Vogler e mitodológica de Ana Maria Portanova Barros, por meio da mitocrítica e mitanálise.

As obras analisadas são: A montanha dos sete abutres (EUA, 1951 – Direção: Billy Wilder), Todos os homens do presidente (EUA, 1976 - Direção: Alan Pakula) Intrigas de Estado (EUA/ING, 2009) - Direção: Kevin Macdonald. 4) Exibição de filmes para três turmas de alunos do segundo semestre de

Jornalismo – FIAM-FAAM Centro Universitário, discussão com debatedor neutro e aplicação de questionários.

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PARTE I – REPRESENTAÇÕES CAPÍTULO I - Mitos contemporâneos -

Referenciais teóricos CAPÍTULO II - Clássicos do gênero – Capítulo

panorâmico CAPÍTULO III - Filmes em foco - Análise da

estrutura da Jornada do Herói e mitodológica de filmes considerados

representativos  PARTE II – APROPRIAÇÕES CAPÍTULO IV - A questão das apropriações CONCLUSÕES – Representações e

apropriações BIBLIOGRAFIA ANEXOS O jornalista no cinema brasileiro

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Representações presentes do jornalista no cinema, quando apropriadas pelos receptores: geram um imaginário próprio sobre a profissão, de como será sua carreira no futuro/Ajudam na criação de estereótipos e imagens sobre a carreira. Problematizações: O lugar da cultura na sociedade – Raymond Williams: CulturaCultura midiatizada – Douglas KellnerMediações e midiatizações - Jesús-Martín Barbero:Dos meios à mediaçãoLaan Mendes de BarrosImaginário: um conceito - Cornelius Castoriadis, Gilbert Durand e Magali do Nascimento CunhaImaginário e cinema - Edgar Morin – O cinema ou o homem imaginárioO lugar do mito no cinema - Roland Barthes – MitologiasCinema: veículo das representações que a sociedade faz de si mesma, criando mitologias contemporâneas. Edvaldo Pereira Lima: Cinema de Hollywood que foi utilizada a “Jornada do Herói”, como maneira de estruturar as narrativas, conferindo um status de arte que ultrapassassa o rótulo de entretenimento.

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Representações do jornalista no cinema Journalists in film: heroes and villains - Brian

McNair: Journalism movies: variados tipos de filme sobre

jornalismo, que inclui uma enorme gama de categorias.

Representações primárias sobre jornalistas e jornalismo: obras que podem ser classificadas como dramas, comédias românticas, biografias, thrillers em que jornalismo e jornalistas são o assunto principal.

Exemplo: Cidadão Kane. Representações secundárias, em que os

jornalistas podem até ocupar papéis centrais na trama, mas o jornalismo não é o assunto principal da obra.

Exemplo: Tropa de Elite 2: o inimigo agora é outro.

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Joe Saltzman - Projeto The Image of Journalist in Popular Culture (IJPC) (2003) - Norman Lear Center, na Annenberg School for Communication (USC): 8.500 itens, como DVDS, áudios e livros sobre o assunto.

A imagem popular do jornalista: flutua entre o real e o ficcional sem discriminação. Clark Kent, Lois Lane, Carl Bernstein, Hunter S. Thompson, Veronica Guerin são todos conhecidos pelo grande público, mas alguns se esquecem que os dois primeiros só existem na ficção.

 A palavra jornalista surgiu em 1693: “alguém que ganha a vida editando ou escrevendo para um jornal público ou jornais.”

Jornalista: não é só alguém envolvido na produção e impressão de jornais. Tornou-se sinônimo de alguém que escreve reportagens para qualquer tipo de mídia.

Ao longo dos séculos, o jornalista foi visto basicamente como herói ou como vilão.

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“O herói reflete os maiores desejos e sonhos da sociedade, enquanto o vilão reflete os medos e pesadelos. O jornalista como herói e como vilão não é exceção. Jornalistas heróis são pessoas com sua própria personalidade, espíritos independentes, pessoas que ficam bravas diante da injustiça. (...) O herói jornalista está convencido que no final, o triunfo do certo sobre o errado justifica qualquer meio, não importa o custo moral ou ético que possa ter. Eles acreditam nisso e abraçam o interesse público. Jornalistas sem honra ou vilões são arrogantes e não possuem escrúpulos. (...) Eles não dão importância para o interesse público, exceto para usá-lo para o seu próprio fim egoísta” (SALTZMAN, 2002, p. 4 e 5).”

“Porque as imagens do jornalista que você vê em filmes e na televisão influenciam a opinião do público sobre os meios de comunicação. Essas imagens do jornalista, completas e com todos os clichês do mundo do jornal, pode ser encontrado em centenas de romances e filmes mudos, nos primeiros anos do século XX: o animado, o jornalista oportunista que faria tudo por uma boa notícia, a mulher sarcástica tentando desesperadamente superar sua competição masculina ou o editor cínico de um jornal da cidade grande, empenhado em conseguir a história primeiro.”Entrevista realizada em 26 de novembro de 2013.

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Stella Senra - O último jornalista: o cinema tem proposto ao longo de sua história um grande número de imagens referentes a diferentes atividades profissionais, cada uma com sua prática específica.Christa Berger - Jornalismo no cinemaIdentificou 785 filmes sobre o assunto. Dessas obras, 536 foram produzidas nos Estados Unidos.Berço do jornalismo, país criou o primeiro curso de jornalismo - Universidade de Columbia.1909: The power of press - primeiro Journalism movie, ainda mudo.“Com sua vocação à heroicização dos personagens, o jornalista encontra terreno fértil para se desenvolver como uma variável dos dois heróis clássicos do cinema americano em que estas características desabrocharam – o cowboy e o policial (que se prolonga ou desdobra no detetive). Nos três, a marca é a atuação individual, entendida como aço de sujeitos em que as qualidades pessoais são ressaltadas” (Berger, 2002, p.17).

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Silvia Kratzer:Entrevista realizada em 20 de novembro de 2013 na University of California, Los Angeles (UCLA) “Porque existe uma ideia romântica. No Jornalismo você tem de ser muito justo, saber se todos os fatos estão corretos, mas na ficção você tem mais liberdade. No Jornalismo tem a sua limitação e os filmes pode ir além. É ficção, mas ainda mostra uma verdade que as pessoas acreditam. Todo mundo já viu filmes de Oliver Stone, como JFK, Nixon e as pessoas às vezes acreditam mais nos filmes do que no jornalismo. Por outro lado eu acho que às vezes para mudar a verdade você tem de se aproximar dela e filmes têm essa liberdade e no Jornalismo não há essa possibilidade.”

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Para Douglas Kellner, professor na University of California, Los Angeles (UCLA).

Entrevista realizada em 4 de janeiro de 2014 no Los Angeles County Museum (LACMA).

Hollywood é atraída por histórias de jornalistas porque: “Jornalistas têm acesso a tudo: a assassinatos, escândalos sexuais, casos de corrupção de empresários ou políticos, a tragédia humana [...] Você tem todo o tipo de tema e de situação humana.”

Relação com o cinema noir: “Há obras do gênero noir que podem ser consideradas jornalísticas, cobrindo sobre crime e corrupção. No silêncio de uma cidade tem o jornalista atuando como detetive. [...] E há o estereótipo do jornalista como um boêmio e há a literatura pulp fiction. Essa é outra razão porque Hollywood faz várias obras do gênero noir e sobre detetives e jornalistas, porque há uma grande quantidade de literatura pulp fiction que as pessoas costumavam ler.

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Foram identificadas 50 obras do gênero newspaper movies.

Representações recorrentes: 1) O ambicioso – Cidadão Kane 2) Boêmio/fracassado – A montanha dos sete abutres 3) Correspondente de guerra – Repórteres de guerra 4) Herói/Idealista – Todos os homens do presidente 5) Heroína – O preço da coragem. Temas comuns: 1) O furo jornalístico – Scoop: o grande furo 2) Crítica à mídia/Questões ética – O quarto poder 3) Objetividade e interferência nos fatos – Blow-up,

depois daquele beijo 4) Oposição: jornalista novato x jornalista veterano

– Intrigas de Estado 5) Questão de gênero – Jejum de amor

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Roland Barthes em Mitologias: Mito é uma fala determinada pela história, uma

mensagem que pode ser oral, formada por escritas ou por representações, como o cinema.

Joseph Campbell – O poder do mito: expressar aquilo que não é facilmente reconhecível ou compreendido por nós.

Arquétipo - Arché: primitivo Typon: tipo Carl Gustav Jung: Teoria dos Arquétipos – elementos

estruturais e formadores do inconsciente, dão origem não só às fantasias do indivíduo, mas a mitos de um povo.

Walter Lippmann – Opinião pública: Estereótipos: pré-julgamentos, imagens congeladas sobre grupo social, categoria profissional ou cultura.

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Análise da Jornada do Herói e metodológica das obras: A montanha dos sete abutres (The big carnival ou Ace in the hole, EUA, 1951 -

Direção: Billy Wilder) Todos os homens do presidente (All the president’s men, EUA, 1976 - Direção: Alan

Pakula) Intrigas de Estado (State of a play, EUA/ING, 2009) - Direção: Kevin

Macdonald. Critérios: imagens representativas do profissional de imprensa, como a do

boêmio (A montanha dos sete abutres) e a do herói (Todos os homens do presidente). Temas de análise sobre o fazer jornalístico e conflitos de interesse, além das

diferenças na forma de atuação entre o jornalista veterano, acostumado com a mídia impressa e o novo repórter, especializado nas novas mídias digitais: Intrigas de Estado.

Jornada do Herói - A jornada do escritor, de Christopher Vogler: Primeiro ato: Mundo comum/Chamado à Aventura/Recusa do

chamado/Encontro com o mentor/Travessia do primeiro limiar; Segundo ato: Testes, aliados e inimigos/Aproximação da caverna

oculta/Provação suprema e Recompensa;  Terceiro Ato: Caminho de volta/Ressurreição e Retorno com o elixir.

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Gilbert Durand Mitocrítica Trata-se do recenseamento das imagens

simbólicas apresentadas em determinado material cultural, tanto escrito quanto oral.

Análise dos mitemas: identificar metáforas recorrentes, repetições metonímicas do mito, que é objeto da narração geral que se estuda, com o intuito de identificar como cada pequeno fragmento reflete o todo (como na holografia). 

Mitanálise Passar dos textos aos contextos, ou seja, ver as

ressonâncias da sociedade e de um determinado período histórico em uma determinada obra artística, no caso, cinematográfica.

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Dirigido por Billy Wilder, mostra a história do repórter Chuck Tatum (Kirk Douglas), que após ser despedido, consegue emprego em um pequeno jornal, o The Albuquerque Sun. Ele se depara com uma história que pode mudar sua vida.Joe Minosa vai até a conhecida “Montanha dos Sete Abutres”, escavar em busca de artefatos indígenas. Mas o desmoronamento deixa-o preso. Tatum se dispõe a coordenar a operação de resgate de Minosa e procura fazer com que a notícia renda ao máximo. Mitocrítica: Mitemas – jornalista boêmio e cínico, que se entrega aos vícios.Femme fatale – Lorraine Minosa (Jan Sterling) Mitanálise: um dos primeiros filmes que critica o papel da mídia, que utiliza o sensacionalismo (criação de circo midiático).

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Clássico do gênero Journalism movies, traz a reconstituição de uma das maiores investigações jornalísticas de todos os tempos: o caso “Watergate” e mostra como os repórteres do The Washington Post conseguem desvendar os segredos no governo do presidente norte-americano Richard Nixon. Mostra o trabalho de Carl Bernstein (Dustin Hoffman) e Bob Woodward (Robert Redford) e como convenceram fontes a fornecer informações para o caso. Realista, foi rodada na própria redação do jornal The Washington Post, ideia de Redford.

Baseado no livro escrito pelos repórteres, recebeu 4 Oscars: Melhor Ator Coadjuvante Melhor Direção de Arte, Melhor Som e Melhor Roteiro Adaptado.

Mitanálise: Mitemas sobre o jornalista – herói comprometido com o interesse público e a verdade da notícia;

Oposição jornalista veterano e novato; Mitificação da redação; Cacoetes da profissão. Mitocrítica: Eugënio Bucci – Todos os homens do presidente: redefiniu o lugar da

persona no pós-guerra – ganhadora do Pulitzer/Parâmetros para o jornalismo investigativo, aumentou as matrículas nos EUA de estudantes em cursos de Jornalismo.

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O filme mostra o assassinato da assistente do congressista norte-americano Stephen Collins (Ben Affleck) cotado pelo partido a disputar a presidência do país. Abalado com a morte de Sonia Baker, Stephen chora em um discurso público, levantando suspeitas de que teria um relacionamento amoroso com ela.

O repórter veterano Cal McAffrey (Russel Crowe), do jornal The Washington Globe, é designado por sua editora Cameron Lynne (Helen Mirren) para investigar a história. Ele contará com a ajuda da novata Della Frye (Rachel McAdams), responsável pelo blog do jornal e por escrever notícias sobre celebridades.

Durante a investigação, descobrirão que o crime envolve outros aspectos, como a conspiração de uma grande empresa que deseja privatizar a segurança dos EUA.

Mitocrítica: Oposição entre jornalista veterano e jovem/Elogio ao jornalista obstinado/Vida pessoal x profissional – Conflito de interesse.

Mitanálise: Homenagem a Todos os homens do presidente e ao jornalismo investigativo.

Importância do jornalismo impresso em um mundo em que a internet se faz cada vez mais presente.

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Sintonias: Determinação típica do bom repórter

em encontrar uma boa história; Isso leva ao stress, conduzindo a vícios

como bebida (A montanha dos sete abutres) e vida pessoal em segundo plano (Todos os homens do presidente e Intrigas de Estado).

Questão do fazer jornalístico e valorização do jornalismo investigativo – jornalista como detetive – filme noir;

Espaço físico: redação/cidade (urbano) Jornalismo como Quarto

Poder/Mostram o lado sombrio da política.

Dissonâncias: Postura dos jornalistas: A montanha dos sete abutres: Charles Tatum (Kirk Douglas):

ambicioso, só pensa na própria carreira, sendo responsável pela morte de Leo Minosa.

Anti-herói com vícios: bebida e se envolve com a mulher do homem preso na mina.

Crítica ao jornalismo sensacionalista. Todos os homens do presidente/Intrigas de

Estado: Jornalista como herói; Oposição entre jornalista novato e

veterano. Intrigas de Estado - Questão das novas

tecnologias.

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As representações do jornalista no cinema, quando apropriadas pelos receptores irão gerar seu imaginário sobre a profissão, criando estereótipos e imagens sobre sua carreira.

Processo comunicativo e interativo - José Luiz Braga em A sociedade enfrenta sua mídia:

“Desde as primeiras interações mediadas, a sociedade age e produz não só com a mídia, mas devolve a ela resultados e processos sobre seus produtos, redirecionando eles e conferindo um sentido social” (Braga, 2006, p.22).

Randal Johnson - The field of cultural production (“O campo da produção cultural”), de Pierre Bourdieu:

“The habitus is the result of a long process of inculcation, beginning in early childhood. According to Bourdieu’s definition, the dispositions represented by the habitus […] last throughout an agent’s lifetime. […] They are ‘structured structures’ in that they inevitably incorporate the objective social conditions of their inculcation” (Johnson, 1993, p.5).

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 Exibição dos filmes a três turmas do segundo semestre de Jornalismo do FIAM-FAAM Centro Universitário – campi Liberdade, Brigadeiro e Morumbi (manhã e noite): A montanha dos sete abutres, Todos os homens do presidente e Intrigas de Estado.

Discussão conduzida por debatedor neutro; Oportunidade de expor suas percepções sobre os filmes exibidos. Preenchimento de questionário com questões abertas e fechadas, sobre alguns

tópicos, como: Em sua opinião, com base na obra apresentada, como é a profissão de jornalista? Qual a imagem do profissional presente na obra? Em sua opinião, o filme é realista e busca apresentar de maneira real o dia a dia de

um profissional de imprensa? Ou acredita que a obra apresenta muitas discrepâncias em relação à realidade? Quais?

Os debates foram realizados nos dias 26, 29 e 30 de abril de 2013 após a exibição dos filmes mencionados para as turmas do segundo semestre de Jornalismo. Somando as três turmas, foram respondidos 37 questionários.

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 Debates: A montanha dos sete abutres: Debatedor: Perguntas: “Até onde você está disposto a ir por uma boa história?”, “Notícia

boa é notícia ruim?”/Temas: circo midiático/papel do jornalista Comentários: Infelizmente as pessoas querem ver catástrofe. O jornalista é induzido a abordar a notícia de outra forma,

principalmente nesse meio. Notícia é notícia ruim. A gente tem de concordar que infelizmente é verdade. Eu acho que o jornalista forma opinião, tanto para o bem quanto para mal. E ele não só persuade, conduz

a história. Intrigas de Estado: Debatedor: Temas - sensacionalismo, conflito de interesses, critérios de noticiabilidade,

questões de gênero e obras exibidas em sala de aula. Ele manteve a ética jornalística na apuração, mas em relação ao amigo ele foi parcial. Não existe a possibilidade de deixar aquilo passar, se não começa a esfriar. Tudo é publicado conforme

critérios de noticiabilidade, tanto no impresso como no online. No jornalismo investigativo demoram meses para chegar a um resultado. E esse tipo de reportagem pode não

ser divulgado, se apresentar algum conflito e interferir em questões econômicas. Quando uma notícia envolve o nome de uma empresa, mesmo se o repórter conseguir descobrir fatos

importantes, não pode divulgar pela questão do patrocínio.

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Todos os homens do presidente:  Debatedor: Temas - atuação do repórter na área de jornalismo investigativo, fazer

jornalístico, oposição entre repórter veterano e novato e atualidades. Comentários dos alunos: Jornalismo investigativo é teoria, montar um cenário e ir atrás da informação, juntando as peças. São

pessoas se arriscam. É interessante para ver como é o trabalho de um jornalista porque é baseado em fatos reais.

Parece que o mais experiente nunca tinha feito nada grandioso e impactante. Já o mais novo procura seu auxílio, pois vê que sozinho não ia conseguir nada

É preciso ver até onde vão seus princípios. O jornalista deve ficar o mais distante possível de qualquer preconceito. O jornalista tem um cargo de interesse público e deve ser ético.

O filme só tem duas horas, mas na realidade eles demoraram meses para analisar e escrever suas reportagens.

Análise dos debates: Mediações situacionais – Guillermo Orozco – interferência do ambiente de sala de aula, presença da professora e dos colegas.

Percepção do contexto histórico e cultural de cada obra – comparação com a realidade brasileira (temas atuais);

Percepção do que é ficção e realidade.

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Questionários: A maioria considerou os filmes “Muito bons”. Entre as justificativas por considerar o

filme “Excelente” os alunos citaram que é interessante por mostrar como investigar um caso:

Retrata o dia a dia de um jornalista, mostrando assim interesses públicos e corrupção, mencionados em grande parte do filme.

Quanto à maneira como o jornalista é apresentado: O filme mostra o jornalista como um profissional ativo e que corre atrás do que quer e com uma

função pública importantíssima. Acredito que a vertente investigativa tenha sido mostrada veementemente em sua rotina. No entanto,

há outras vertentes jornalísticas que não exigem uma averiguação tão plena de provas – o que não quer dizer que não haja mesma dedicação.

A maior parte dos que responderam os questionários considera o dia a dia do jornalista igual ao mostrado no filme: 

Acredito que seja bem parecido, mas principalmente no processo onde é encontrado um fato, é apurado, é transformado em história e maior dificuldade é respeitar os critérios de noticiabilidade e a atenção de interesses para a publicação da reportagem.

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Questionários: Filmes sobre jornalismo mais citados: O diário de um jornalista bêbado e

O diabo veste Prada. Obras recentes e estrelas de Hollywood queridas pelos jovens: Johny Depp e Anne Hathaway:

Como Paul Kemp, em O diário do jornalista bêbado, com sua ética. Em O diabo veste Prada a jornalista principal começa sendo humilhada e

depois cresce na carreira e passa a ser admirada. Imagem mais fiel à realidade: Intrigas de Estado e O informante: O informante é mais parecido com os meios jornalísticos de hoje. Quando perguntados se queriam ser como um jornalista de uma obra

cinematográfica: estilo próprio. Escolha da profissão: O que me interessa são histórias reais, a

possibilidade de lutar pela verdade e ser fiel à população, que merece saber.

Força da televisão no país:  Jornalista mais citado, William Bonner: por sua sólida carreira e credibilidade, além de Juca Kfouri, Sandra Annemberg, Jô Soares e Marília Gabriela.

CQC - do gênero infotainment (jornalismo e entretenimento).

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Cinema: termômetro das grandes mudanças da sociedade. É visível como mudou a imagem dos jornalistas ao longo das décadas, de uma figura mais romântica para mais pragmática, mas ainda comprometido com seus ideiais.

Contexto histórico e social: repórter como testemunha ocular da sociedade, jornalismo como Quarto Poder crítica ao jornalismo sensacionalista e ao circo midiático, inserção da mulher no mercado de trabalho e novas tecnologias.

Estudantes de jornalismo: Processos de apropriação são construídos a partir de mitos e imaginários, mas segue a lógica da realidade/Influência do ambiente de sala de aula;

Perfil específico do estudante de Jornalismo dentro da Comunicação: bem-informados, politizados e com muitas referências culturais.

Cinema não é responsável pela escolha da profissão: aptidão e função social da profissão. Influência da TV é mais visível.

Boa percepção da realidade da profissão. Mas impressão de rápida ascensão na carreira e conquista de cargos com destaque como apresentador de TV e colunista em revista.

Citação de apresentadores de talk-shows e CQC: jornalismo é forma de alcançar a fama e tornar-se uma celebridade.

Cinema atua como incentivador diante das dificuldades presentes na profissão.

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Cínico, idealista, boêmio, pragmático. O jornalista já foi retratado de todas essas formas no cinema brasileiro. Nelson Rodrigues: temas polêmicos e violência - crítica à mídia - Beijo no asfalto (1980), de Bruno Barreto.“Cinema Novo”: Influência do Neorealismo italiano, baixos custos e aborda sobre a opressão dos pobres por políticos poderosos/Realidade brasileira e cinema de autor - O desafio (1965), de Paulo Cezar Saraceni.Terra em Transe (1967)- Glauber Rocha: “Um filme que não deixe sua criatividade estética desaparecer em nome da política comercial e do imediatismo.”Filmes recentes – Maior aproximação com a realidade: Doces poderes (1997), de Lúcia Murat, Cidade de Deus (2002), de Fernando Meirelles e Tropa de Elite 2: o inimigo agora é outro (2010), de José Padilha.

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AUMONT, Jacques et al. A estética do filme. Campinas, SP: Papirus, 1995. 3ª edição. BARROS, Laan Mendes de. Discursos midiáticos: representações e apropriações culturais. São Bernardo do Campo (SP): Editora da Universidade Metodista de São

Paulo (UMESP), 2011. BERGER, Christa. Jornalismo no cinema. Porto Alegre: Ed. Universidade/UFRGS, 2002. BRAGA, José Luiz Braga. A sociedade enfrenta sua mídia: dispositivos sociais de crítica midiática. São Paulo: Paulus, 2006. BERGER, Christa. Jornalismo no cinema. Porto Alegre: Ed. Universidade/UFRGS, 2002. CAMPBELL, Joseph. O poder do mito. São Paulo: Palas Athenas, 2007. DÁVILA, Letícia Pimenta. A imagem da notícia: O jornalismo no cinema. Rio de Janeiro: Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro: Secretaria Especial de Comunicação

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Sagrado Coração (EDUSC), 2001.    LIMA, Edvaldo Pereira Lima. “Prefácio - Um caminho promissor.” In: MARTINEZ, Monica. Jornada do herói: a estrutura narrativa mítica na construção de

histórias de vida em jornalismo. São Paulo: Annablume, 2008. MARTÍN-BARBERO, Jesús. Ofício de cartógrafo: travessias latino-americanas da comunicação na cultura. São Paulo: Loyola, 2004.  McNAIR, Brian. Jornalists in films: heroins and villains. Edimburgh: Edimburgh Press, 2010.  MORIN, Edgar. O cinema ou o homem imaginário: ensaio de antropologia. Lisboa: Moraes Editores, 1970.   SENRA, Stella. O último jornalista: imagens de cinema. São Paulo: Estação Liberdade, 1997.

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