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2017 mai-26 - pc hs turvo - doutor ulysses (1)

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Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça de Proteção aoMeio Ambiente e de Habitação e Urbanismo

MEMÓRIA DE REUNIÃO

PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO Nº MPPR-0034.17.000167-0 (PJ Cerro Azul)

LOCAL: Escola Estadual Salto do TurvoASSUNTO: Licenciamento ambiental de Pequenas Centrais Hidrelétricas

Na tarde de 26 de maio de 2017, foi realizada reunião pública no município de

Doutor Ulysses, contando com a presença dos Promotores de Justiça Vinícius

Fernando Zonatto, da Promotoria de Justiça de Cerro Azul e Robertson Fonseca de

Azevedo, do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça de Proteção ao

Meio Ambiente e de Habitação e Urbanismo (CAOPMAHU). A reunião teve como

objetivo informar, ouvir e orientar a população a respeito dos empreendimentos

hidrelétricos que têm pretensão de se instalar no rio Turvo e abrangem os municípios de

Cerro Azul e Doutor Ulysses.

A reunião foi aberta pelo Diretor da Escola, Prof. Valdir Agne. Na sequência, o

Promotor da comarca explicou a finalidade da reunião: expor os efeitos da construção

das barragens e discutir com a população se eles querem isso ou não. Informou que a

Promotoria de Justiça quer ouvir a população e que as perguntas poderiam ser feitas

após as apresentações programadas. Foi registrada a presença de professores e

vereadores dos dois municípios.

Antes de iniciar a apresentação técnica, foi realizada apresentação artística dos

alunos da escola com música e cartazes protestando contra as barragens.

Na sequência, o Promotor de Justiça Robertson iniciou sua apresentação,

destacando a importância da presença do Ministério Público em comunidades

afastadas. Foi explicado o rito de licenciamento de hidrelétricas, em que estágio se

sabia estar o licenciamento das PCHs do rio Turvo. A contribuição do Paraná na

produção da hidreletricidade brasileira foi explicitada, e a razão pela qual são

construídas barragens – conceitos desenvolvimentistas, neodesenvolvimentistas, a

questão do financiamento público dos projetos e das indústrias eletrointensivas. Foram

elencados impactos sobre as águas, o fluxo do rio, sobre as espécies do ecossistema

local, sobre o deslocamento populacional. Foi destacada a questão do cemitério, que

precisa ser desmontado em locais atingidos, e é o caso de um dos empreendimentos

do rio Turvo. Além disso, foi mencionada a existência de laços afetivos entre a

população do local e o rio. Explicou-se quais são as formas de impostos incidentes

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sobre PCHs e como há pouco ou nenhum retorno financeiro para o município. Neste

contexto, qualificou-se um conflito ambiental. A partir desta definição, de conflito

ambiental, propôs-se medidas de contenção do projeto com a intensa participação da

comunidade.

Ao longo da apresentação, registrou-se a presença dos prefeitos municipais de

Cerro Azul e de Doutor Ulysses e de outras autoridades.

Após o encerramento da apresentação do Dr. Robertson, o Promotor de Justiça

Vinícius Zonatto frisou a extensão dos impactos causados pelos empreendimentos e a

necessidade da qualificação da população para que decida o que é melhor para a

comunidade.

Foi aberta a fala para os demais presentes.

Um professor da escola se manifestou dizendo que a comunidade já decidiu pela

resistência à barragem e informou aos presentes que havia ali um abaixo-assinado com

uma série de argumentos contra os empreendimentos. Solicitou que as pessoas que

estavam na reunião assinassem o documento.

Um representante do movimento quilombola, do estado de São Paulo, informou

do seu trabalho com as comunidades quilombolas do Vale do rio Ribeira e frisou os

caminhos da resistência. Lembrou a todos da Usina de Tijuco Alto e reforçou a

necessidade da união para o enfrentamento.

Uma representante do Movimento dos Atingidos por Barragens frisou a

importância do debate qualificado sobre o tema.

Um morador da comunidade perguntou se é possível impedir a instalação da

barragem. Em resposta, o Dr. Robertson informou que o MP poderia pedir na justiça o

impedimento da liberação de licença pelo IAP, mas que esta estratégia não costuma ser

efetiva. Em vez disso, a melhor estratégia é transformar um bom negócio em um mau

negócio, por meio da solicitação da complementação de estudos, por exemplo. Além

disso, informou que as administrações municipais podem impedir o empreendimento

não emitindo as anuências necessárias ao licenciamento ambiental.

Representantes da população então questionaram qual era o posicionamento

dos prefeitos e quais os próximos passos na contenção aos empreendimentos. O Dr.

Robertson respondeu que o andamento seria a realização de novas reuniões, a

continuidade da mobilização popular, a interlocução com os prefeitos, etc.

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Questionando se os proprietários eram obrigados a vender seus imóveis ao

empreendedor, os participantes da reunião foram esclarecidos que não.

A sra. Laura, do Centro de Estudos, Defesa e Educação Ambiental – CEDEA

denunciou que houve a oferta pelo empreendedor de um milhão de reais aos prefeitos

municipais para que permitissem a implantação dos empreendimentos. Além disso,

convidou os participantes para uma audiência pública sobre hidrelétricas a ser realizada

na Assembleia Legislativa do Paraná, em data a ser informada.

Em resposta, um representante do prefeito de Doutor Ulysses negou que tenha

havido qualquer oferta ao prefeito, e um vereador do município afirmou que o prefeito

não daria anuência ao empreendimento.

Questionados sobre sua aprovação ou não ao empreendimento, a maioria dos

presentes se manifestou contra as hidrelétricas.

A reunião foi encerrada.

Curitiba, 17 de julho de 2017.

Ellery Regina Garbelini

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