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Grupo de trabalho Polí0cas de Habitação, Crédito Imobiliário e Tributação do Património Imobiliário Secretário de Estado Adjunto e do Ambiente Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares Par0do Socialista Bloco de Esquerda Relato dos trabalhos e síntese das conclusões (1.º relatório) 29 de julho de 2016 Versão final

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Grupodetrabalho Polí0casdeHabitação,CréditoImobiliário eTributaçãodoPatrimónioImobiliário

SecretáriodeEstadoAdjuntoedoAmbienteSecretáriodeEstadodosAssuntosParlamentares

Par0doSocialistaBlocodeEsquerda

Relatodostrabalhosesíntesedasconclusões(1.ºrelatório)

29dejulhode2016

Versãofinal

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GrupodetrabalhoPolí0cadeHabitação,CréditoImobiliárioeTributaçãodoPatrimónioImobiliário

Cons0tuiçãodogrupodetrabalho

PeloGabinetedoSecretáriodeEstadoAdjuntoedoAmbiente:

JoséMendes,CarlosCorreia,JoãoBrancoPedro,MiguelOliveira

PeloGabinetedoSecretáriodeEstadodosAssuntosParlamentares:

BrunoMaia,PauloAraújoCorreia

PeloPar8doSocialista:

HelenaRoseta,MiguelCoelho,DuarteCordeiro

PeloBlocodeEsquerda:

PedroSoares,HelenaMouraPinto,RitaSilva

Relatodostrabalhosesíntesedasconclusões–1.ºrelatório

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GrupodetrabalhoPolí0cadeHabitação,CréditoImobiliárioeTributaçãodoPatrimónioImobiliário

Índice

1.Introdução 1..........................................................................................................................

2.Reabilitaçãourbana 2...........................................................................................................

3.Coesãosocialedireitoàhabitação 3....................................................................................

4.RegimedoArrendamentoApoiado 5...................................................................................

5.NovoRegimedoArrendamentoUrbano 5...........................................................................

6.Porta65–Jovem 7................................................................................................................

7.Alojamentolocal 7................................................................................................................

8.Créditoimobiliário 8.............................................................................................................

9.Tributaçãodopatrimónioimobiliário 9................................................................................

10.Notasconclusivas 11...........................................................................................................

Anexo–Síntesedereuniões 13................................................................................................

Relatodostrabalhosesíntesedasconclusões–1.ºrelatório

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Grupodetrabalho Polí0cadeHabitação,créditoimobiliário etributaçãodopatrimónioimobiliário Relatodostrabalhosesíntesedasconclusões

1.Introdução

Éhojeconsensualqueasáreasurbanassãopolosdeconcentraçãodocapitalhumano,aos

quais está associado um elevado potencial de dinamização social, económica e cultural.

Nesse sen0do, a qualificação dos territórios urbanos e a reabilitação do património

construído são obje0vos essenciais, cuja sa0sfação requer uma polí0ca que aposte

decisivamentenaregeneraçãourbana.

OacessoaumahabitaçãocondignaéumdireitofundamentalconsagradonaCons0tuição.

Ela cons0tui a base de uma sociedade estável e coesa e o alicerce a par0r do qual os

cidadãosconstroemascondiçõesparaacederaoutrosdireitos,comoaeducação,asaúde,

o trabalho ou a realização pessoal. Problemas estruturais, derivados das polí0cas de

habitaçãoanteriores, e conjunturais,decorrentesdaatual situaçãodoPaís, levamaque

sejaurgentedarprioridadeaumanovageraçãodepolí0caspúblicasdehabitação.

Nestecontexto,ogrupodetrabalhotevecomoobje0vos:

1) Debateraspolí0casderegeneraçãourbanaedehabitação;

2) Recolhercontributosparaoseuaperfeiçoamento;

3) Estabelecer uma base de convergência, incluindo recomendações para a

preparaçãodoOrçamentodoEstadode2017.

Para o efeito, o grupo de trabalho realizou nove reuniões entre abril e julho de 2016.

Par0ciparamnasreuniõesrepresentantesdoGabinetedoSecretáriodeEstadoAdjuntoe

doAmbiente(SEAAmb),doGabinetedoSecretáriodeEstadodosAssuntosParlamentares

(SEAP),doPar0doSocialista(PS)edoBlocodeEsquerda(BE).

Este documento apresenta um relato das principais conclusões em cada um dos temas

tratados.Emanexo,apresenta-seumasíntesedasreuniões.

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2.Reabilitaçãourbana

Omauestadodeconservaçãodeedimciosoumesmodebairros,afetanãosóascondições

devidadequemaí reside,mas tambémprejudicagravementeaqualidadedoambiente

urbano, a saúde e segurança das populações e o desenvolvimento socioeconómico dos

aglomeradosurbanos.

Nestecontexto,a reabilitaçãourbana, tantodeedimcioscomodoespaçopúblico,éuma

aposta que reúne um consenso alargado. Para concre0zar esta aposta está a ser

implementadoumconjunto integradoecoordenadodeprogramasdeação,dosquaisse

destacamosseguintes:

1) InstrumentoFinanceiroparaaReabilitaçãoeRevitalizaçãoUrbanas(IFRRU2020);

2) ReabilitarparaArrendar–HabitaçãoAcessível;

3) Instrumentosdirecionadosparaáreasurbanas;

4) FundoNacionaldeReabilitaçãodoEdificado;

5) CasaEficiente.

Apósaapresentaçãoedebatedecadaumdosprogramasdeação,ogrupode trabalho

concluiu serem adequados para promover a regeneração urbana e a reabilitação do

parque edificado. O grupo de trabalho concordou que na implementação destes

programas:

1) A reabilitação deve incidir prioritariamente nos centros históricos e em zonas

urbanasouperiurbanasdegradadas,carecidasdeumesforçoderequalificaçãoe

comumdéficedeequipamentosouserviçosessenciais;

2) A reabilitação não se deve cingir a estas áreas, mas assumir uma vocação

universal,parapassardeexceçãoa regra (istoé,emvezdeconstruçãonova,é

sobretudonecessáriorenovaropatrimónioedificado);

3) A reabilitação deve combater a segregação e a exclusão social das populações

locais em par0cular de segmentos socioeconómicos fragilizados, e

simultaneamentepromoveradiversidadesocialefuncionaldotecidourbano;

4) A reabilitação deve ser conduzida de modo a minimizar processos de

gentrificaçãoeturis0ficaçãoquejásemanifestam;

5) A reabilitação deve, quando possível, ser concre0zada por operações de

reabilitação urbana sistemá0ca, recorrendo, se necessário, aos mecanismos

previstosnoregimejurídicodareabilitaçãourbana;

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6) A reabilitaçãodeveestarar0culadacomosprogramasdeaçãoquegarantemo

direitoàhabitaçãoeadinamizaçãoeregulaçãodomercadodearrendamento;

7) A reabilitação deve ser encarada como uma oportunidade de qualificar o

património edificado, nomeadamente promovendo uma maior eficiência

energé0caesegurançasísmica;

8) Areabilitaçãodevecontribuirparadinamizaraeconomiaeacriaçãodeemprego,

comefeitosemtermoslocais.

3.Coesãosocialedireitoàhabitação

As polí0cas de habitação das úl0mas décadas, embora tenham alcançado resultados

inques0onáveis em termos de suprimento de carências habitacionais quan0ta0vas,

0veramcomoconsequência,emmuitassituações,acriaçãodebolsasdeexclusãosocial,o

afastamento dos segmentos mais vulneráveis da população (incluindo os jovens) dos

centros urbanos, a promoção da compra de casa própria, e a redução da mobilidade

habitacionalporpartedasfamílias.

A habitação social é uma solução para as famílias que não conseguem aceder a uma

habitação condigna pelos seus própriosmeios. Esta função é par0cularmente relevante

numcontextodecrisefinanceiraesocial,queserefleteemmaioresdificuldadesparaas

famílias. Além disso, a habitação social tem um papel de regulação do mercado

habitacional.

A existência de edimcios ou frações devolutos acarreta o não aproveitamento da sua

funçãosocialeprodu0va,oquecons0tuiumfatorlesivodointeressepúblico,namedida

emquediminuiaofertadefogos,espaçoscomerciaisoudeserviçosesolodisponível.Esta

situação pode aumentar ar0ficialmente os preços, dificultando o acesso à habitação,

prejudicandoodesenvolvimentodasa0vidadeseconómicasepromovendoainsegurança,

adeser0ficaçãoeodeclíniourbano.

Neste contexto, o grupo de trabalho par0lha da opinião que é necessário adotar

instrumentosdirecionadosparaagaran0adodireitoàhabitação,promoçãodadiversidade

e da inclusão social,melhoria da condição habitacional e espmulo à par0cipação social.

Para o efeito, o grupo de trabalho concordou com os seguintes obje0vos devem ser

prosseguidosaolongodalegislatura:

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1) Acessoàhabitação:

a) Curtoprazo:U0lizaroparquehabitacionalpúblico(IHRUeMunicípios)para

atender às situações prementes de famílias carenciadas que vivem em

habitaçõesprecárias;

b) Curto/médioprazo:Aumentaraofertapúblicadehabitaçãosocial,prevendo

dotação orçamental em programas de realojamento e habitação pública

(medidacondicionadapeloslimitesimpostospelapreparaçãodoOrçamento

do Estado) e reponderando o contributo do inves0mento municipal em

habitação social para o limite do endividamento das autarquias (medida

sujeitaaanáliseeacordocomoutrosmembrosdoGoverno);

c) Médioprazo:Viabilizarosurgimentodeumnovosegmentonomercadode

“arrendamento acessível” (criação de um conjunto de apoios de

financiamento,seguroefiscalidadequecaptemointeressede“senhoriosde

carizsocial”públicosouprivados);

d) Adotareaplicarmedidasquees0mulemousodosfogosdevolutos;

e) Promover a miscigenação social nos bairros de habitação social e a

desconcentraçãodaofertadehabitaçãosocial.

2) Prevençãoecombateaodesalojamento:

f) Prevenir o incumprimento do crédito à habitação (vd. propostas sobre «8.

CréditoImobiliário»);

g) Evitar o desalojamento das famílias (vd. propostas sobre «4. Regime do

ArrendamentoApoiado»e«5.NovoRegimedoArrendamentoUrbano»);

h) Criar seguro de arrendamento, que é acionado no caso de famílias que se

encontramemsituaçãocrí0ca.

3) Governança:

i) Promoverapar0cipaçãodasfamíliasedosmoradoresnaresoluçãodosseus

problemashabitacionais;

j) Incen0varagestãopar0cipadadosbairros sociais,medianteumreforçoda

par0cipaçãoedoenvolvimentodosinquilinos.

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Noâmbitodoobje0vo«Acessoàhabitação»,ogrupodetrabalhoobservouanecessidade

deaprofundaroestudosobreaintroduçãodequotasdehabitaçãosocialoudehabitação

acessívelnosplanosmunicipaisdeordenamentodeterritório.

4.RegimedoArrendamentoApoiado

ORegimedoArrendamentoApoiado(Lein.º81/2014,de19dedezembro)éaplicávelàs

habitações financiadas com apoio do Estado e de0das por en0dades públicas, sendo as

rendascalculadascasoacaso,emfunçãodosrendimentosdosagregadosfamiliaresaque

sedes0nam.

Com vista a alterar o Regime do Arrendamento Apoiado, foram apresentados, na

Assembleia da República, Projetos de Lei pelo PCP e pelo BE, bem como propostas de

alteraçãonaespecialidade,peloPS.

Para procurar encontrar uma base de entendimento, as várias propostas de alteração

foram comparadas e discu0das. Como resultado, o grupo de trabalho acordou num

conjuntodealterações,comvistaaconcre0zarosseguintesobje0vos:

1) Assegurarumaadequadaproteçãodosdireitosdosinquilinos;

2) Alteraromododecálculodovalordarenda;

3) Eliminaracargaes0gma0zanteediscriminatóriasubjacenteaalgumasnormas;

4) Salvaguardaraautonomialocal;

5) Agilizarosprocedimentos.

As alterações à Lei n.º 81/2014, de 19 de dezembro, foram aprovadas em votação final

global,naReuniãoPlenárian.º88,de7dejulho,comoTextodeSubs0tuiçãoapresentado

pelaComissãodeAmbiente,OrdenamentodoTerritório,Descentralização,PoderLocale

Habitação,queresultounoDecretodaAssembleia35/XIII.Aguardapromulgação.

5.NovoRegimedoArrendamentoUrbano

ONovoRegimedoArrendamentoUrbano(NRAU,Lein.º6/2006,de27defevereiro)e

oRegimeJurídicodasObrasemPrédiosArrendados(RJOPA,Decreto-Lein.º157/2006,

de8deagosto) foramaprovadosem2006esucessivamentealteradosemagostode

2012 e dezembro de 2014. Diversas alterações foram consideradas prejudiciais aos

direitosegaran0asdoscidadãos.

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Nãoobstantenãohaverconsensorela0vamenteàrevogaçãodoNRAUeRJOPA,ogrupo

detrabalhopar0lhadaopiniãoque,duranteapresentelegislatura,énecessárioanalisara

aplicaçãoeponderararevisãodestesdiplomas,entreoutros,nosseguintesaspetos:

1) Critériosdecálculodoarrendamentohabitacionalparaadequaraatualizaçãodo

valordasrendasaoestadodeconservaçãodosedimcios;

2) Balcãonacionaldearrendamento;

3) Regulamentaçãodosubsídiodearrendamento;

4) Situaçõesdedespejodevidoaobrasprofundas;

5) Conceitodeobraprofundaeformadeoatestar;

6) Reencaminhamentodosmoradoresem iminênciadedespejoparaatendimento

deproximidadenosen0dodeseencontraremalterna0vas;

7) Fundodearrendamentoouseguroderenda,des0nadoaprotegercontraorisco

deincumprimento.

Porém,atendendoàpremênciaegravidadedealgumassituações, foireconhecidoqueé

importante,desdejá,prolongaroperíodotransitóriode5para10anosprevistonoNRAU,

parasalvaguardadaslojaseen0dadescominteressehistóricoecultural,daspessoascom

maisde65anos,edosportadoresdedeficiênciacommaisde60%de incapacidade.No

querespeitaaoRJOPA, foi tambémreconhecidaanecessidadedeafastarapossibilidade

deosenhoriodenunciarocontrato,nocasodeobrasderequalificaçãooudemolição,seos

estabelecimentos ou en0dades es0verem classificados como de interesse histórico ou

culturallocal.

Ogrupodetrabalhorecomendouque,aoabrigodaalíneaa)don.º1doar0go78.º-Edo

Código do IRS, fosse dedupvel, em sede de IRS, um montante das rendas pagas para

habitação permanente, quando referentes a contratos de arrendamento celebrados ao

abrigodoNRAU(aprovadopelaLein.º6/2006,de27defevereiro,comassuasalterações

posteriores).Foirelatadoqueumainterpretaçãorestri0vadestanormadoCódigodoIRS

apenasadmiteadeduçãonocasodecontratoscelebradosantesdaalteraçãode2012do

NRAU.

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6.Porta65–Jovem

OprogramaPorta65–Jovem(Decreto-Lein.º308/2007,de3desetembro)concedeapoio

financeiroaoarrendamentodehabitaçãopararesidênciapermanentedejovensentreos

18anoseos30anos.Oapoioéconcedidoatravésdeumasubvençãomensalepodeser

renovadoatéperfazer trêsanos.Asubvençãocorrespondeaumapercentagemdovalor

mensaldarenda.

O programa foi descrito quanto ao obje0vo, principais caraterís0cas e implementação,

tendo-sedestacadoquenosúl0mos5anos:

1) Adotaçãoorçamentaltemsidoaproximadamenteconstantemasem2016sofreu

umareduçãode7%rela0vamenteaoanoantecedente;

2) Ataxadeaplicaçãodadotaçãoorçamentaltemsidoelevadaecrescente;

3) A dotação orçamental tem sido insuficiente para apoiar a totalidade das

candidaturasemcondiçõesdeseraprovadas;

4) Apercentagemdecandidaturasnovasemcondiçõesdemerecersubvençãoque

nãoaob0veramporfaltadedotaçãotemaumentado.

Peranteestaanálise,eatendendoaointeresseestratégicodesteprogramaparadinamizar

o arrendamento e promover a autonomização dos jovens, o grupo de trabalho

recomendou o reforço substancial (i.e., aumento de pelo menos 50%) na dotação do

programaPorta65–JovemnoOrçamentode2017,parapermi0raumentaronúmerode

jovens abrangidos. Foi reconhecido que este obje0vo poderia ser alcançado de forma

progressivaefaseadaaolongodalegislatura.Umavezalcançadoesteobje0vo,ogrupode

trabalhopar0lhadaopiniãoquedeveráserponderadaarevisãodascondiçõesdeacesso

(e.g., alargar o período da concessão do apoio de três para cinco anos, permi0r a

candidaturadejovenscomaté35anos).

7.Alojamentolocal

Afiguradoalojamentolocalestáregulamentadaemportariadesde2008,tendoem2014

sidoaprovadooRegimeJurídicodaExploraçãodosEstabelecimentosdeAlojamentoLocal

(Decreto-Lei n.º 128/2014, de 29 de agosto). Neste regime, foram simplificadas as

condições de acesso, o que associado a uma forte procura do mercado, teve como

consequência um acelerado aumento do número de alojamentos locais registados,

sobretudoconcentradosnoscentroshistóricosdascidadesdeLisboaePorto.

Ofenómenodoalojamento local foideba0donassuasvárias facetas.Destacou-sequeo

alojamento local pode ter efeitos posi0vos na regeneração dos centros urbanos, na

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requalificação do património edificado, na diversificação social, no complemento de

receita dos moradores, na criação de emprego e na recuperação económica. Em

contrapar0da,reconheceu-sequeumaofertaexcessivaeconcentradadoalojamentolocal

numaáreadacidadepodeterinconvenientes,taiscomoreduziraofertadearrendamento

habitacional convencional, inflacionar os valores da habitação, forçar a saída dos

residentes locais para zonas periféricas, descaraterizar os bairros tradicionais e causar

incómodosaosmoradorespermanentesdosedimcios.

Sobreeste tema,ogrupode trabalhopar0lhadaopiniãoqueoalojamento local, sendo

umfenómenorecenteecomrápidodesenvolvimento,carecedeacompanhamentoatento,

devendo ser ponderado tomarmedidas de regulação, ajustadas ao contexto português,

quepotenciemosseusefeitosposi0vosemi0guemeventuaisefeitosperversos.

Prevaleceuoentendimentoquearegulaçãodestaa0vidadedeveassentaremmedidasde:

1) Moderação(e.g.,aproximaçãodascondiçõesfiscaisaplicáveisaoalojamentolocal

e ao arrendamento de longa duração, alargamento da base de receitas para o

fundomunicipalde sustentabilidadeambiental eurbanís0ca,previstona Leide

Bases Gerais da Polí0ca Pública de Solos, de Ordenamento do Território e de

Urbanismo–Lein.º31/2014,de30demaio);

2) Compensação(e.g.,agravamentodovalordocondomínioaplicávelàsfraçõesde

alojamento localemvirtudedamaior intensidadedeusoconformeprevistono

número2doar0go1424.ºdoCódigoCivil);

3) Diversificação (e.g., obrigação dos proprietários com vários alojamentos locais

disponibilizarem, complementarmente, alojamento em arrendamento de longa

duraçãonamesmaáreaurbanaeemproporçãoadefinir).

Houve, ainda, consenso sobre a necessidade de acompanhar e avaliar as medidas de

regulação que forem adotadas. Não sendo suficientes para a0ngir os obje0vos

pretendidos,deverãoserreforçadas.

8.Créditoimobiliário

Adespesacomahabitaçãorepresentaemmédiaquase30%dadespesatotaldasfamílias,

tendo este valor aumentado substancialmente nos anos recentes. A faixa da população

com menores rendimentos, em períodos de crise, fica par0cularmente vulnerável a

situaçõesde incumprimentodo seu créditoàhabitação,quenoextremopodem levar à

perdadasuacasa.

Para acautelar estas situações, o grupo de trabalho concordou sobre a necessidade de

serem adotadas medidas que previnam e combatam o desalojamento das famílias

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resultantesdepenhorascujasdívidasnãopossamsersa0sfeitas.Aoagirnestesen0do,o

Estado estará não só a precaver situações de carência extrema, como a evitar possíveis

focosdeexclusãoetensõessociais.

O grupo de trabalho reconheceu que estas medidas têm um caráter essencialmente

financeiro, ultrapassando a sua competência. Não obstante, entendeu ser importante

sinalizarapremênciadetomarmedidasnosen0dode:

1) Preveniroincumprimentodocréditoàhabitação(e.g.,criarmoratória);

2) Analisar, com carater prioritário, a criação de um regime extraordinário de

proteção de devedores de crédito à habitação que se encontrem em situação

económicamuitodimcil(e.g.,reveraLein.º58/2012,de9denovembro,alterada

pelaLein.º58/2014,de25deagosto,quevigorouaté31dedezembrode2015);

3) Agilizarmecanismosdeconsolidaçãodecréditos(e.g.,preveroacessoacentros

dearbitragemdeconsumos);

4) Aperfeiçoaroregimedeproteçãodefiadores(e.g.,permi0rqueofiadorassuma

aposiçãocontratualdomutuárionocréditoàhabitação);

5) Aumentaraproteçãodasfamíliasdevedoras(e.g.,modificarasregrasaplicáveisà

determinaçãodovalorbasedavendadeimóveisemprocessodeexecução,criar

regime excecional de proteção do devedor perante a execução de imóvel

garan0doporhipoteca);

6) Aconselharas famílias faceaodesalojamento (e.g.,disponibilizar serviços locais

deaconselhamentointegrado–financeiro,jurídicoesocial–paraapoioafamílias

emsituaçãodeperdaiminenteoujáconsumadadasuacasa).

Por úl0mo, observou-se que a alteração do Código de Procedimento e de Processo

TributárioedaLeiGeralTributária,introduzidaspelaLein.º13/2016,de23demaio,visou

protegera casademoradade famílianoâmbitodeprocessosdeexecuçãofiscal, tendo

beneficiadodaconcertaçãodasinicia0vaslegisla0vasdediversosGruposParlamentares.

9.Tributaçãodopatrimónioimobiliário

A tributação do património imobiliário tem, entre outras, implicações com o regime do

arrendamentourbanoecomosistemadefinanciamentodosMunicípios.Porestemo0vo,

as propostas de alteração da tributação do património imobiliário devem ser analisadas

numcontextoalargadoecarecemdeumaar0culaçãológicaentresi,deconcertaçãocom

asautarquiasedeponderaçãodosváriosinteressesempresença.Nestecontexto,ogrupo

detrabalhoreconheceuqueasmedidassobreatributaçãodopatrimóniotêmumcaráter

essencialmente fiscal, ultrapassando a sua competência. O grupo de trabalho aceitou,

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também,queasmedidasque implicamreduçãodas receitasfiscaisestão,naturalmente,

sujeitasaoslimitesimpostospelapreparaçãodoOrçamentodoEstado.

Nãoobstanteoacima referido,ogrupode trabalhoentendeu ser importante sinalizar a

premênciadetomaralgumasmedidasnestedomínio,nomeadamenteasseguintes:

1) Existe um conjunto de benemcios fiscais atribuídos aos inves0mentos em

reabilitaçãourbanaporpartedepessoassingularesecole0vas(e.g.,taxadeIRS

sobreasmaisvaliasreduzidaa5%, isençãodeIMTede IMI, IVAàtaxade6%).

Estesbenemciosfiscaisdeverãoseranalisadosparaverificarse,pontualmente,se

jus0fica algum ajuste (e.g., alargamento a edimcios fora do âmbito regional já

estabelecido; aplicação de taxa reduzida de IVA a serviços relacionados comas

empreitadasdereabilitação,taiscomooprojetoeafiscalização).

2) Atransferênciasucessivadapropriedadedeprédiosentreempresas,quetêmpor

objetoasuavenda(aoabrigodaalíneae)donúmero1doar0go9.ºdoCódigodo

Imposto Municipal sobre Imóveis), configura uma situação que prolonga o

período em que os prédios/imóveis ficam isentos de pagar imposto municipal

sobre imóveis. Concordou-se na necessidade deste benemcio fiscal passar a ser

limitadoàprimeiratransação.

Foramaindadeba0dosdoistemasadicionais,quenãoreuniramumconsensototal:

1) Atualmente, o IMI é calculado por cada imóvel em função do seu valor

patrimonial tributário. Estão em estudo propostas, no sen0do de criar um

mecanismo de progressividade na tributação direta do património imobiliário,

tendoporreferênciaopatrimónioimobiliárioglobalde0doporcadaproprietário.

O grupo de trabalho acordou no princípio da progressividade,mas não reuniu

consensosobreoníveldeenglobamentodopatrimónio(e.g.,anívelnacionalou

municipal).Foi,ainda,apontadaanecessidadedenãolimitaracapacidadeatual

dosMunicípiosfixaremastaxasaplicáveis.

2) Estão consagradas diversas isenções ao IMI (estabelecidas no ar0go 44.º do

Estatuto dos Benemcios Fiscais) que se podem enquadrar em três categorias: i)

en0dades que prestam um serviço de reconhecido interesse público (e.g.,

ins0tuiçõesdesegurançasocialedeprevidência);prédiosquetêmuminteresse

público(e.g.,monumentoseinfraestruturasdeabastecimento);ecompromissos

assumidos para incen0var a a0vidade económica (e.g., da Zona Franca da

Madeira e da Zona Franca da ilha de Santa Maria). Foi acordado que estes

benemcios devem ser analisados numa perspe0va abrangente, que procure

equilibrarapoiosdoEstadoeserviçosprestadospelasen0dades.Nãosereuniu

consensosobresituaçõesquesejamconsideradasmanifestamente injus0ficadas

ecareçamdeserrevogadas.

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O grupo de trabalho lembrou que, através do Orçamento do Estado para 2016, foi

revogadaareduçãodastaxasdeIMIedeIMTaplicáveisaosprédiosintegradosemfundos

de inves0mento imobiliário, abertos ou fechados, de subscrição pública, em fundos de

pensõeseemfundosdepoupança-reforma,quesecons0tuameoperemdeacordocoma

legislação nacional. Este benemcio estava estabelecido no ar0go 49.º do Estatuto dos

BenemciosFiscaisefoirevogadopelaalíneag)doar0go215.ºdaLein.º7-A/2016,de30

demarço.

10.Notasconclusivas

Atualmente assiste-se a uma mudança de paradigma no setor da construção e da

habitação, que gera a oportunidade de dinamizar a reabilitação urbana e promover o

mercado de arrendamento. Porém, os problemas estruturais, derivados das polí0cas de

habitaçãoanteriores,econjunturais,resultantesdareduçãodosrendimentosdasfamílias

edenovasdinâmicasnomercadodearrendamento,cons0tuemameaçasaodireitoauma

habitaçãocondignaerequeremumarespostaurgente.

Para enquadrar amudança de paradigma e responder às novas circunstâncias do setor

habitacional,ogrupodetrabalhoconsideraqueénecessáriaumapolí0caderegeneração

urbanaedehabitaçãocujosprincipaisobje0vossão:

1) Darumforte impulsoà reabilitaçãosustentável (ambiental,económicae social)

nasáreasurbanas;

2) Dinamizaroarrendamentoacustosacessíveis;

3) Protegerosagregadosfamiliaresvulneráveis;

4) Relançarapolí0cadehabitaçãosocial.

No final, o grupo de trabalho congratulou-se com a forma constru0va e cordial como

decorreramasreuniões.Foireconhecidoportodososenvolvidosqueasdiscussõesforam

promcuaseprodu0vas,tendocontribuídoparaoaprofundamentodostemasdeba0dose

paraomelhorconhecimentodasposiçõesdeambasaspartes.

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Lisboa,29dejulhode2016

SecretáriodeEstadoAdjuntoedoAmbiente

–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

(JoséMendes)

RepresentantedoPar0doSocialista

–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

(HelenaRoseta)

RepresentantedoBlocodeEsquerda

–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

(PedroSoares)

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Anexo–Síntesedereuniões

Neste anexo, descreve-se cada uma das reuniões do grupo de trabalho quanto à data,

tema,resumoepresenças.

1ªReunião–13deabril

Tema: Planeamentodereuniõesetemasdedebate.

Resumo: Foidiscu0doomododefuncionamentodogrupodetrabalho,asdatasdas

reuniõeseostemasaabordar.

Presenças: GabinetedoSEAAmb:JoséMendes,CarlosCorreia. GabinetedoSEAP:PedroNunoSantos,BrunoMaia,PauloAraújoCorreia.

Par8doSocialista:HelenaRoseta,MiguelCoelho,DuarteCordeiro. BlocodeEsquerda:PedroSoares,HelenaMouraPinto,RitaSilva(presidente

daAssociaçãoHabita,indicadapeloBEparapar0ciparnogrupodetrabalho).

2ªReunião–20deabril

Tema: Arrendamentoapoiado.

Resumo: FoiiniciadoodebatedaspropostasdealteraçãodaLein.º81/2014,de19de

dezembro,rela0voaoRegimedoArrendamentoApoiado.Foramanalisados

osar0gos1.ºa28.ºeoar0go35.º.Aanálisedosar0gos3.ºe21.º,sobreo

cálculo do valor do arrendamento apoiado, foi adiada até se obterem os

resultados das simulações sobre o impacte financeiro de cada proposta na

receita.

Presenças: GabinetedoSEAAmb:JoséMendes,CarlosCorreia,JoãoBrancoPedro. GabinetedoSEAP:BrunoMaia.

Par8doSocialista:HelenaRoseta. BlocodeEsquerda:PedroSoares,HelenaMouraPinto,RitaSilva.

3ªReunião–27deabril

Tema: Arrendamentoapoiado(con0nuação).

Resumo: Foi retomadoodebatedaspropostasdealteraçãodaLein.º81/2014,de19

dedezembro,rela0voaoRegimedoArrendamentoApoiado.Foramanalisados

osar0gos29.ºa33.º.Avançou-se tambémcomadiscussão sobreosar0gos

3.ºe21.º.

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Page 18: Gthabitacao

Presenças: GabinetedoSEAAmb:JoséMendes,JoãoBrancoPedro. GabinetedoSEAP:BrunoMaia.

Par8doSocialista:HelenaRoseta,MiguelCoelho. BlocodeEsquerda:PedroSoares,HelenaMouraPinto,RitaSilva.

4ªReunião–4demaio

Tema: Arrendamentoapoiado(con0nuação).

Resumo: FoiconcluídoodebatedaspropostasdealteraçãodaLein.º81/2014,de19de

dezembro,rela0voaoRegimedoArrendamentoApoiado.Foramanalisadosos

ar0gos34.ºa39.º,assimcomoosar0gosaaditar.Emvirtudedosresultados

dassimulaçõeselaboradaspeloIHRU,foiretomadaaanálisedosar0gos3.ºe

21.º.Ficouacordadoenviaraosmembrosdogrupodetrabalho,paraanálise,

os resultados dessas simulações, juntamente com as realizadas pela Câmara

Municipal de Lisboa.O debate destes referidos ar0gos seria concluído, após

análisedetodososelementos.

Presenças: GabinetedoSEAAmb:JoséMendes,JoãoBrancoPedro. GabinetedoSEAP:BrunoMaia. Par8doSocialista:HelenaRoseta,MiguelCoelho.BlocodeEsquerda:PedroSoares,HelenaMouraPinto,RitaSilva.

5ªReunião–25demaio

Tema: Arrendamentoapoiado(conclusão).ReabilitaçãourbanaePorta65–Jovem.

Resumo: Foram analisados os resultados das simulações realizadas pelo IHRU e pela

CML, tendo sido fechado o debate sobre os ar0gos 3.º e 21.º. Em seguida,

foram deba0dos os programas de ação que integram a polí0ca nacional de

regeneraçãourbana.Porúl0mo,foideba0dooprogramaPorta65–Jovem.

Presenças: GabinetedoSEAAmb:JoséMendes,CarlosCorreia,JoãoBrancoPedro,Miguel

Oliveira. GabinetedoSEAP:PauloAraújoCorreia. Par8doSocialista:HelenaRoseta. BlocodeEsquerda:PedroSoares,RitaSilva.

6ªReunião–8dejunho

Tema: Reabilitação urbana. Porta 65 – Jovem. Alojamento local. Novo regime do

arrendamentourbano.

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Page 19: Gthabitacao

Resumo: Foi concluídoodebate sobreosprogramasde ação, que integramapolí0ca

nacional de regeneração urbana, e sobre o programa Porta 65 – Jovem. Em

seguida,foideba0doofenómenodoalojamentolocal.Porúl0mo,foideba0do

oNovoRegimedoArrendamentoUrbano.

Presenças: GabinetedoSEAAmb:JoséMendes,JoãoBrancoPedro. GabinetedoSEAP:BrunoMaia,PauloAraújoCorreia. Par8doSocialista:HelenaRoseta. BlocodeEsquerda:PedroSoares,HelenaMouraPinto,RitaSilva.

7ªReunião–15dejunho

Tema: Alojamentolocal.NovoRegimedoArrendamentoUrbano.Créditoimobiliário.

Resumo: FoiconcluídoodebatesobreoprogramaPorta65–Jovem,oalojamentolocal

eoNovoRegimedoArrendamentoUrbano.Emseguida,foiiniciadoodebate

sobreocréditoimobiliário.

Presenças: GabinetedoSEAAmb:JoséMendes,JoãoBrancoPedro. GabinetedoSEAP:BrunoMaia. Par8doSocialista:HelenaRoseta. BlocodeEsquerda:PedroSoares,HelenaMouraPinto,RitaSilva.

8ªReunião–29dejunho

Tema: Créditoimobiliário.Tributaçãodopatrimónioimobiliário.Polí0cadehabitação

social.

Resumo: Foi concluído o debate sobre crédito imobiliário. Em seguida, foi iniciado o

debate sobre a tributação do património imobiliário e polí0ca de habitação

social.

Presenças: GabinetedoSEAAmb:JoséMendes,JoãoBrancoPedro. GabinetedoSEAP:PauloAraújoCorreia. Par8doSocialista:HelenaRoseta.BlocodeEsquerda:PedroSoares,HelenaMouraPinto,RitaSilva.

9ªReunião–13dejulho

Tema: Relatório-síntese.

Resumo: Foianalisadoorelatório-sínteseeacordadoavançarparaasuaconclusão.

Presenças: GabinetedoSEAAmb:JoséMendes,JoãoBrancoPedro. GabinetedoSEAP:BrunoMaia.

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Page 20: Gthabitacao

Par8doSocialista:HelenaRoseta.BlocodeEsquerda:PedroSoares,HelenaMouraPinto,RitaSilva.

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