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RELATÓRIO GRUPO DE TRABALHO Estudo sobre pensões não contribu1vas, estrutura da proteção social e avaliação das medidas de combate à pobreza Lisboa Julho 2016 1

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RELATÓRIO

GRUPODETRABALHO

Estudosobrepensõesnãocontribu1vas,estruturadaproteçãosocialeavaliaçãodasmedidasdecombateàpobreza

Lisboa

Julho2016

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Cons?tuiçãodoGrupodeTrabalho(GT)

CláudiaJoaquim,SecretáriadeEstadodaSegurançaSocial,representantedoGoverno.

Mariana Aiveca, na qualidade de representante do Grupo Parlamentar do Bloco deEsquerda.

Ricardo Moreira, na qualidade de representante do Grupo Parlamentar do Bloco deEsquerda.

SóniaFertuzinhos,DeputadaàAssembleiadaRepública,naqualidadederepresentantedoGrupoParlamentardoParDdoSocialista.

Luís Soares, Deputado à Assembleia da República, na qualidade de representante doGrupoParlamentardoParDdoSocialista.

José António Pinto, assistente social no Bairro do Lagarteiro, na qualidade depersonalidadeindependenteaconvitedoBlocodeEsquerda.

Vítor Junqueira, técnico especialista noGabinete da Secretária de Estadoda SegurançaSocial,naqualidadedepersonalidadeindependenteaconvitedoGoverno.

ElsaCastro,adjuntanoGabinetedaSecretáriadeEstadodaSegurançaSocial.

Sofia Borges Pereira, técnica especialista no Gabinete da Secretária de Estado daSegurançaSocial.

Marina Gonçalves, adjunta do Gabinete do Secretário de Estado dos AssuntosParlamentares.

Par?ciparamaindanoâmbitodoCombateàPobrezaInfan?l:

AlexandraLeitão,SecretáriadeEstadoAdjuntaedaEducação,representantedoGoverno.

FernandoAraújo,SecretáriodeEstadoAdjuntoedaSaúde,representantedoGoverno.

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Índice

1. INTRODUÇÃO 4............................................................................................................................

2. ANÁLISEDAEVOLUÇÃODOSINDICADORESDEPOBREZAEDESIGUALDADES 6.........................

2.1.Oagravamentodapobreza 6.................................................................................................

2.2.Crianças,idososedesempregados:osmaisafetadospelapobreza 8...................................

2.3.Osimpactosdacrisenadistribuiçãodorendimentoeoagravamentodasdesigualdades..12

3. MEDIDASTOMADASPELOGOVERNOEPELOPARLAMENTO 15.................................................

3.1.Atualizaçãodosaláriomínimo 15..........................................................................................

3.2.Reposiçãodaregradeatualizaçãodaspensões 15...............................................................

3.3.Reposiçãodemínimossociais:ComplementoSolidárioparaIdososeRendimentoSocialdeInserção 16........................................................................................................................

3.4.Atualizaçãoereforçodaproteçãodoabonodefamília 16....................................................

3.5.Medidaextraordináriadeapoioaosdesempregadosdelongaduração 17..........................

3.6.Outrasmedidas 18.................................................................................................................

4. RENDIMENTOSOCIALDEINSERÇÃO 20......................................................................................

4.1.Enquadramento 20................................................................................................................

4.2.RecuonaproteçãogaranDdanosanosrecentes 21..............................................................

4.3.Alteraçõesintroduzidasno1ºsemestrede2016 24.............................................................

4.4.HipótesesemestudoparaoreforçodaproteçãodoRSI 25..................................................

5. COMPLEMENTOSOLIDÁRIOPARAIDOSOS 32.............................................................................

5.1.Enquadramento 32................................................................................................................

5.2.RecuonaproteçãogaranDdanosanosrecentes 32..............................................................

5.3.Alteraçõesintroduzidasno1ºsemestrede2016 34.............................................................

5.4.HipótesesemestudoparaoreforçodaproteçãodoCSI 34..................................................

6. COMBATEÀPOBREZAINFANTIL 36.............................................................................................

6.1.Enquadramento 36................................................................................................................

6.2.EvoluçãodoAbonodeFamílianosanosrecentes 36............................................................

6.3.Alteraçõesintroduzidasno1ºsemestrede2016 38.............................................................

6.4.Hipótesesemestudoparaoreforçodaproteçãodascriançasejovens 38..........................

7. SistemaDzaçãodasmedidasemestudonasváriasáreas 42.......................................................

8. AnexoA:RendimentoSocialdeInserção–quadrosíntesedalegislaçãoemvigor 43...............

9. AnexoB:CenáriosRSI-esDmaDvasdeimpactonadespesa 45................................................

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1. INTRODUÇÃO

OpresenterelatóriorefleteotrabalhodesenvolvidonoseiodoGrupodeTrabalhoprevistonodocumento “Posição conjunta do Par0do Socialista e do Bloco de Esquerda sobre soluçãopolí0ca”, celebrado entre os Grupos Parlamentares do ParDdo Socialista e do Bloco deEsquerdaem10denovembrode2015.

Conformeprevistonoreferidodocumento,“comintegralrespeitopelaindependênciapoli0cade cadaumdos par0dos e não escondendodopovoportuguês diferenças quanto a aspetosestruturantes da visão de cada par0do quanto a opções de poli0ca que os respe0vosprogramasevidenciam,ospar0dossubscritoresdotextoquehoje tornampublicoconfirmamcomclarezabastanteasuadisposiçãoedeterminaçãoemimpedirquePSDeCDSprossigamapoli0ca que agora expressivamente o País condenou e assumir um rumo para o pais quegaranta:

a) Virarapáginadaspolí0casque traduziramaestratégiadeempobrecimentoseguidaporPSDeCDS;

b) Defenderas funçõessociaisdoEstadoeosserviçospúblicos,nasegurançasocial,naeducação e na saúde, promovendo um combate sério à pobreza e às desigualdadessociaiseeconómicas;

c) Conduzirumanovaestratégicaeconómicaassentenocrescimentoenoemprego,noaumento do rendimento das famílias e na criação de condições para o inves0mentopúblicoeprivado;

d) Promover um novo modelo de progresso e de desenvolvimento para Portugal, queaposte na valorização dos salários e na luta contra a precariedade, relance oinves0mentonaeducação,naculturaenaciênciaedevolvaàsociedadeportuguesaaconfiançaeaesperançanofuturo;

e) Valorizar a par0cipação dos cidadãos, a descentralização poli0ca e as autonomiasinsulares.”

E também: “3. Entre outros, PS e Bloco de Esquerda iden0ficam como aspetos em que épossívelconvergir, independentementedoalcanceprogramá0codiversodecadapar0do,comvistaa soluçõesdepolí0ca inadiáveis: (...)o reforçodacapacidadedoSNSpeladotaçãodosrecursoshumanos,técnicosefinanceirosadequados,incluindoaconcre0zaçãodoobjec0vodeassegurara todososutentesmédicoseenfermeirosde família; (...)agaran0a,até2019,doacessoaoensinopré-escolaratodasascriançasapar0rdostrêsanos;oreforçodaAçãoSocialEscolar directa e indirecta; (...) a progressiva gratui0dade dos manuais escolares do ensinoobrigatório;(...).”

Nesteâmbitoseriamcriadosgruposdetrabalho,compostosporrepresentantesdosparDdossignatáriosepelomembrodoGovernoquetutelaaárearespeDva,umdosquaisoGrupodeTrabalhoparao“estudosobrepensõesnãocontribu0vas,estruturadaproteçãosocialeparaaavaliaçãodasmedidasdecombateàpobreza”.

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Os trabalhos desenvolvidos no 1º semestre de 2016 no seio deste Grupo de Trabalho (GT)foramconsubstanciadosatravésdopresenterelatório.

ConsiderandoaabrangênciadotemadoGTfoidefinidonoiníciodostrabalhosqueomesmoincidiria sobre as principais prestações sociai de solidariedade: Complemento Solidário paraIdosos e Rendimento Social de Inserção, enquanto prestações de combate à pobreza e àpobreza severa, bem como sobre a temáDca da pobreza infanDl, através de uma visãointegradadeproteçãosocialnaáreadasegurançasocia,daeducaçãoedasaúde.Poropção,oGT atribuiu uma parDcular atenção ao Rendimento Social de Inserção nas suas diversasvertentes:prestacionaledeinserção.

No presente relatório procede-se a uma análise da evolução dos indicadores de pobreza edesigualdades,bemcomodosimpactosdasmedidasadotadasnosanosmaisrecentesquesetraduziram no recuo da proteção garanDda, para além da caracterização da situação atualdestasprestaçõessociais.

Procede-se ainda à sistemaDzação das medidas tomadas pelo Parlamento e pelo Governonestaáreadeatuaçãoatéàpresentedata,eàapresentaçãodasprincipaisconclusões,pontosdeconvergênciaeidenDficaçãodepropostasdedesenvolvimentoacordadasnoseiodoGrupodeTrabalho.

No decurso dos trabalhos futuros do GT serão criados instrumentos de avaliação e demonitorizaçãodaspropostasdestegrupodetrabalho.

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2. ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DOS INDICADORES DE POBREZA EDESIGUALDADES

2.1.Oagravamentodapobreza

Osdadosoficiaisdemedidadofenómenodapobrezailustramdeformaclaraoagravamentodascondiçõesdevidanosanosmaisrecentes.Depoisdosprogressosalcançadosnaprimeirametade da década passada e da estabilização que lhe sucedeu, a pobreza aumentousignificaDvamenteemPortugalaparDrde2012.Oindicadordataxadepobreza,queconsideraa proporção de residentes com rendimentos inferiores a 60% do rendimento mediano dapopulação ,aDngiuos19,5%em2013e2014.Desdeoiníciodasérie,em2003,queataxade1

pobrezanãoeratãoelevada.AssisDu-seaumretrocessodeumadécada(gráfico1).

A taxa de pobreza é um indicador quedependedonívelmedianode rendimentos em cadaano. Face ao impacto que a crise e as políDcas seguidas ao longo dos úlDmos anos Dveramsobreos rendimentos, tambéma zonamedianadadistribuição foi afetada. Sóentre2009e2013,ovalordamediana--e,porconseguinte,ovalordolimiardepobreza–reduziu-seem

Gráfico1.Taxadepobreza,2003-2014

� Fonte:INE,ICOR2004-2015

De acordo com o conceito de rendimento por adulto equivalente, em que é Dda a composição e1

dimensãodosagregadosdomésDcosprivados.

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5,2% .Aevoluçãoatrástraçadaparaataxadepobrezaesconde,portanto,estefenómeno.Ou2

seja, a taxa de pobreza não cresceumais porque o referencial a parDr do qual é calculadatambémsofreuumaredução.Poroutraspalavras,muitosresidentesnãoforamconsideradoscomoestandoemriscodepobreza,nãoporqueassuascondiçõesdevidatenhammelhorado,masporquediminuiuoreferencialfaceaoqualémedidaapobreza.

UmaformaencontradanaliteraturaparacontornaresteobstáculoéauDlizaçãodelimiaresdepobreza “ancorados no tempo”. Ou seja, considera-se o limiar de pobreza verificado numdeterminado ano (2009, por exemplo) e fixa-se este para os anos seguintes, atualizando-oapenas em linha com a evolução dos preços. Esta alternaDva dá uma ideia mais clara dosefeitosdacriseedaspolíDcasseguidasnofenómenodapobreza.Ancorandoolimiarem2009,conclui-se que, em 2014, 24,2% estavam numa situação de pobreza, tendo sido aDngida aproporção e 25,9% em 2013. Entre 2009 e 2013, os residentes em situação de pobrezaaumentaram8pp.

AinformaçãoestausDcaproduzidanestamatériapermiteaindaobservaramedidaemqueascondições de vida da população pobre tem vindo a evoluir ao longo do tempo. Estapossibilidade é oferecida pela taxa de intensidade da pobreza, que mede a distânciaproporcionaldorendimentomédiodapopulaçãopobrefaceao limiardepobreza .Ográfico3

seguintemostraaevoluçãodeste indicador.Depoisdealgumaestabilidade,que severificou

Gráfico2.Taxadepobrezaancoradaa2009,2009-2014

� Fonte:INE,ICOR2010-2015

Olimiardepobrezacorrespondia,em2009,a5207euros/ano.Em2013,era4937euros/ano.Sóem2

2014seassisteaumarecuperaçãodestereferencialpara5061euros/ano,umvaloraproximadodoquese verificada em 2010 (5046 euros/ano). Entre 2009 e 2013, o rendimento mediano e o limiar depobrezareduziram-seassimem2,9%.

Concretamente,a taxade intensidadedapobrezaresultadadiferençaentreo limiardepobrezaeo3

rendimentomédiodapopulaçãopobre (ouseja,odéficemédiode rendimentodapopulaçãopobre),diferençaestarepresentadaemproporção(%)dolimiardepobreza.

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até 2011, verifica-se um agravamento forte nos úlDmos três anos para os quais existeinformação.Em2013,a intensidadedapobrezachegouaaDngirovalorrecordede30,3%,oque significa, por outras palavras, que emmédia, os pobres precisavam de 30,3% do valoranual do limiar de pobreza para o aDngir, isto é, para deixaremde ser considerados pobrespelasestausDcasoficiais.Significatambémqueapopulaçãopobreesteveem2013aindamaispobredoque até aí. Tendoemconta, por acréscimo, o contextode fortequedadoprópriolimiardepobrezaaté2013,comoseviuacima,saireforçadaaconclusãodequeascondiçõesdevidaentreapopulaçãopobresedegradaramsignificaDvamentenosanosmaisrecentes.

2.2.Crianças,idososedesempregados:osmaisafetadospelapobreza

OsindicadoresdepobrezaevoluíramdeformanegaDvaemtodososescalõesetários,masfoijuntodasfamíliascomcriançasquemaissefezsenDradiminuiçãoderendimentos.AtaxadepobrezainfanDl,queconsideraascriançasejovenscomidadeatéaos17anosquevivememfamíliasemsituaçãodepobreza,chegouaser25,6%,em2013,pararecuar ligeiramenteem2014,atéaos24,8%,asproporçõesmaiselevadasdetodaasériededadosproporcionadaporesteinquéritorealizadopeloINEdesde2003.

UDlizandoametodologiaatrásexpostaparaafixaçãodoreferencialdapobrezaem2009,osresultados indicam que em 2013 quase um terço das crianças residentes em Portugal seencontravamemsituaçãodepobreza.

Gráfico3.Taxadeintensidadedapobreza,2003-2014

� Fonte:INE,ICOR2004-2015

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O agravamento da pobreza fez-se também senDr de forma acentuada nas idades maisavançadas.DepoisdeumperíododeconDnuadareduçãodapobrezanosidosos,verificadoaodesdeoiníciodasérie,atendênciainverte-seem2013.Esteanomarcaaviragemdeumciclode contração na pobreza junto deste grupo etário, em grande partemoDvada pormedidascomo a convergência (incompleta) das pensões mínimas com a retribuição mínima mensalgaranDda,naprimeirametadedadécadapassada,ea introduçãodoComplementoSolidáriopara Idosos (CSI), a parDr de 2006. Com a crise e, entre outras medidas, a redução daabrangênciadoCSI,dá-seumamudançadesenDdonaquelebomcaminhoquetaxadepobrezanosidososvinhaatomar.

Em 2014, são já 17,0% das pessoas com 65 ou mais anos de idade a encontrar-se numasituaçãovulneráveldopontodevistadosrendimentos,2,4ppacimadaproporçãoconquistadaem2012.

Gráfico4.Taxadepobrezainfan?l,2009-2014

� Fonte:INE,ICOR2010-2015

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Também nas populações infanDs e idosas se regista um agravamento da intensidade dapobreza, tal comoseDnhavistoparaapopulaçãoemgeral,na secçãoanterior.Tal comoseDnhavistoentão,depoisdealgumaestabilidade(eatédeumamelhorianocasodos idosos,potenciada pelo CSI) até 2011, os dados da intensidade da pobreza mostram como estaspopulaçõespobresficaramaindamaispobresnosanosmaisrecentes.

Gráfico5.Taxadepobrezanosidosos,2003-2014

� Fonte:INE,ICOR2004-2015

Gráfico6.Taxadeintensidadedapobrezanascriançasenosidosos,2003-2014

� Fonte:INE,ICOR2004-2015

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AcriseeasmedidaspolíDcas tomadas faceàmesmaDveramumprofundo impactosobreoemprego, moDvando em grande medida as alterações verificadas na distribuição derendimentos. E se o desemprego é, em qualquer circunstância, um flagelo social, os dadosconhecidosmostramqueasituaçãosetornouaindamaisgrave,dadooaumentodapobrezajuntodestapopulaçãovulnerável.

Entre2009e2014,apobrezaentreosdesempregadosaumentoude36,4%para42,0%.

Terá contribuído para esta evolução negaDva o aumento da importância relaDva dodesemprego de longa duração (ver gráfico seguinte), bem como a redução da duração daproteçãosocialgaranDdaaosdesempregadosinvoluntários ,especialmenteaquelesdeidades4

maisavançadas,ondeefeDvamenteseconcentraodesempregodelongaduração.

Gráfico7.Taxadepobrezasegundoacondiçãoperanteotrabalho,2009-2014

� Fonte:INE,ICOR2010-2015

Em2012,atravésdoDecreto-lein.º64/2012,de15demarço,foramreduzidasasduraçõesmáximas4

dasprestaçõesdedesemprego.

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Já entre aqueles que conseguiram, ao longo do período, ter uma ligação ao mercado detrabalho,apobreza teveumaevoluçãomais ligeira,nãodeixando,porém,dese registarumacréscimodamesma,comomostravaográfico7.

Em2014,10,9%dostrabalhadoresviviamemagregadosconsideradospobres,mais1,2ppdoqueem2009.

2.3.Osimpactosdacrisenadistribuiçãodorendimentoeoagravamentodasdesigualdades

A secção anteriormostra comoos impactos sobre apobreza foramdiferenciadosde acordocomcaracterísDcascomoaidadeouacondiçãoperanteotrabalho.Comefeito,osefeitosdacrise foram senDdos de forma diferente por diferentes setores da sociedade. Os dadosmostram que, tendo havido uma redução generalizada dos rendimentos da populaçãoresidenteemPortugal,estateveexpressõesdiferenteaolongodadistribuiçãodorendimento.

Ográficoseguintemostraavariaçãodorendimentomédioocorridaparaosváriosdecisentre2009e2014.Ogrupodos10%maispobres(decil1)teveumaquebradorendimentomédioaolongodoperíodonaordemdos19%.Édelongeogrupoquemaisperdeu.Noextremoopostodadistribuição,os10%mais ricosperderam6,4%.Enoperíodocompreendidoentre2009e2013, àmargemda informaçãomostrada no gráfico, a discrepância era aindamaior: 23,6%paraos10%maispobres,poroposiçãoa7,4%paraos10%maisricos.

Gráfico8.Desempregodecurtaelongaduração,2009-2016

� Fonte:IEFP

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Peranteestesresultados,nãosurpreendequeosindicadoresquemedemasdesigualdadesnadistribuição do rendimento mostrem evoluções que fazem concluir que a sociedadeportuguesasetornoumaisdesigualaolongodosanosmaisrecentes.OS80/S20,porexemplo,indicadorquecomparaos rendimentosobDdonosextremosdadistribuição,mostraqueem2014os20%maisricosganhavamseisvezesmaisqueos20%maispobres,maisdoqueoquese verificava em 2009. Também o coeficiente de Gini, um indicadormais robusto usado noestudo das desigualdades, mostra um agravamento a parDr de 2010. Acima de tudo, aevoluçãodeambosos indicadores,patentenopróximográfico,permite concluirqueobomcaminho verificado durante a década passada, no senDdo da redução das desigualdades,enfrentouumaviragemnosanosrecentes.

Gráfico9.Variaçãodorendimentoequivalentemédiopordecil,2009-2014

� Fonte:INE,ICOR2010-2015

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Apobrezadas criançasaDngeemPortugalumasituaçãodramáDcaque foimuitoacentuadacomaspolíDcasdeausteridade.

DeacordocomumrelatóriodaUNICEF(2013) ,desde2008queascriançassãoogrupoetário5

com maior risco de pobreza. De acordo com as conclusões do relatório, as transferênciassociaiscontribuíamparaareduçãodoriscodepobrezanascrianças,de33%para22%.Ouseja,osapoiosconcedidosnoâmbitodasegurançasocialcontribuemparareduzirapobrezainfanDlem11%.

Como conclusões adicionais do estudo, destaca-se que o facto de as famílias com criançasestarememmuitomaiorriscodepobreza,faceàsquenãotêmfilhos,queumaemcadadezcriançasviveemagregadoscomumníveldeprivaçãoequeascriançasdasfamíliascombaixosníveisderendimentosãoasmaisafetadas.

Gráfico10.Evoluçãodosindicadoresdedesigualdade,2003-2014

� Fonte:INE,ICOR2010-2015

RelatórioUnicef.AscriançaseacriseemPortugal.VozesdeCrianças,PolíDcasPúblicaseIndicadores5

Sociais,2013.

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3. MEDIDASTOMADASPELOGOVERNOEPELOPARLAMENTO

EmcumprimentodaquelesquesãoosprincípiosfundamentaisconstantesdoProgramadoXXIGoverno ConsDtucional, expressos igualmente no documento “Posição conjunta do ParDdoSocialistaedoBlocodeEsquerdasobresoluçãopolíDca”, foramadotadasno1ºsemestrede2016umconjuntodemedidasqueimportadestacar.

3.1.Atualizaçãodosaláriomínimo

Na prossecução de uma políDca de reforço e maior centralidade da concertação social, nadefiniçãodeumapolíDcaderendimentosnumaperspeDvadetrabalhodignoe,emparDcular,nagaranDadarevalorizaçãodoRMMG,aRemuneraçãoMínimaMensalGaranDdaaumentouem 2016, passando de 505 euros para 530 euros (+5%). A atualização da RMMG foiconcreDzadapeloDecreto-Lein.º254-A/2015,de31dedezembro,comefeitosaparDrde1dejaneirode2016.

Em22dejaneirode2016foicelebradoumacordotriparDdoentreoGovernoeosParceirosSociais.Noreferidoacordofoidecidido“manteremvigor,comaduraçãodeumano,até31dejaneiro de 2017, a diminuição de 0,75 pp na taxa social única das en0dades empregadoraspara os trabalhadores com contratos a tempo completo que, em 31 de dezembro de 2015,auferissemumaretribuiçãobasemensalnãosuperiora530€,ouaovalorcorrespondente,emtermos proporcionais, nos contratos a tempo parcial”. Esta medida foi regulamentada peloDecreto-Lein.º11/2016,de8demarço.

ORMMGteráumlugarprivilegiadoemsededeconcertaçãosocialquantoàsuaatualizaçãodemédio prazo, observando-se, como critérios referenciais, a evolução da produDvidade, acompeDDvidade,ainflaçãoeasituaçãodoemprego,comoobjeDvodecelebrarumacordodeconcertaçãoparaohorizontedalegislatura.

3.2.Reposiçãodaregradeatualizaçãodaspensões

ODecreto-Lein.º254-B/2015,de31dedezembro,veioreporasregrasdeatualizaçãodovalordaspensõesdoregimegeraldaSegurançaSocialedoRegimedeProteçãoSocialConvergente,previstas na Lei n.º 53 -B/2006, de 29 de dezembro. Este regime estava suspenso há cincoanos,apenastendosidoatualizadoovalordaspensõesdevalormaisbaixo(pensõesaté265

Quadro1.EvoluçãodaRMMG

2009 2010 2011 2012 2013 2014 Out.14 2016RMMG450 475 485 505 530

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euros).OanteriorGovernoatualizoumenosdemetadedaspensõesmínimasdoRegimeGeralde Segurança Social, uma vez que atualizou apenas as pensões mínimas de carreirascontribuDvasaté15anos,decidindopenalizarnestadecisãodiscricionáriaospensionistasdepensõesmínimasquemaisanosdescontaramparaaSegurançaSocial.

Com a readoção destemecanismo de indexação, todas as pensões demontante até 628,82euros(1,5IAS)foramatualizadasem2016em0,4%.

3.3.Reposiçãodemínimossociais:ComplementoSolidárioparaIdososeRendimentoSocialdeInserção

OGovernoveiorepor,atravésdoDecreto-Lein.º254-B/2015,de31dedezembro,osvaloresde referência do Complemento Solidário para Idosos (CSI) nos 5.022 euros/ano. O valor dereferência havia sido reduzido, em 2013, para 4.909 euros/ano, afastando beneficiários damedidaereduzindoaproteçãogaranDdaaosquesemanDveram.

Adicionalmente,noOrçamentodoEstadode2016,oparlamentoveioaaprovarumapropostado grupo parlamentar do Bloco de Esquerda, que veio fixar novo aumento do valor dereferênciadoCSI,para5.059euros/ano,numaassociaçãodiretacomovalorentãoconhecidoparaolimiardepobrezade2014.Osidosospensionistascommenosrecursostêm,assim,umaumentodoseurendimentodisponívelmensalem2016.

NoâmbitodoRendimentoSocialdeInserção,oDecreto-Lein.º1/2016,de6dejaneiro,veiorepor as escalas de equivalência e, de forma faseada no tempo, o valor de referência. ApercentagemdomontantedeRSIagaranDrporcadaindivíduomaioralémdoDtularpassoude50%para70%,eporcada indivíduomenor,de30%para50%dovalorde referênciadoRSI.Este valor de referência foi atualizado em 2016, em 25 % do corte operado pelo anteriorGoverno,passandoovalordereferênciadoRSIpara43,173%doIAS,ouseja,180,99euros.Procura-sereintroduzir,assim,deformagradualeconsistente,níveisdecoberturaadequados,reforçando a eficácia desta prestação social enquanto medida de redução da pobreza, emespecial nas suas formas mais extremas. A medida poderá abranger cerca de 240 000portugueses.

3.4.Atualizaçãoereforçodaproteçãodoabonodefamília

Quadro2.Regrasdeatualizaçãodaspensões(Lein.º53-B/2006)

PIBinferiora2% PIBde2%a3%PIBigualousuperiora3%Pensõesinferioresa1,5IAS IPC IPC+20%PIB(limitemínimode0,5ppacimada

inflação) IPC+20%PIBPensõesde1,5a6IAS IPC–0,5pp IPC IPC+12,5%PIB

Pensõesde6IASa12IAS IPC–0,75pp IPC–0,25pp IPCPensõesacimade12IAS Sematualização

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FaceaoagravamentodapobrezajuntodapopulaçãoinfanDl,oGoverno,atravésdoDecreto-Lei n.º 2/2016, de 6 de janeiro, atualizou os montantes de abono de família para os trêsescalõesde rendimentos (aumentosde2%a3,5%)e fezaumentaramajoraçãoatribuídaàsfamíliasmonoparentais,de20%para35%.

Em sede de Orçamento do Estado de 2016, o parlamento aprovou aumentos adicionais de0,5%dosmontantesdeabonodos2.ºe3.ºescalões,bemcomoumaatualizaçãode3%nosmontantesdabonificaçãopordeficiência.

OOrçamentodeEstadopara2016aumentou igualmenteomontantemensaldaBonificaçãopor Deficiência em 3%. Os montantes de referência mensal desta prestação não eramatualizadosdesde2009eesDma-sequeoaumentoabranjacercade80.000criançasejovens.Deste modo, trata-se de mais uma medida que dá cumprimento ao desígnio inscrito noPrograma do Governo onde a inclusão das pessoas com deficiência ou incapacidade foiidenDficadacomoumobjeDvoestratégicoparaavalorizaçãodaspessoas.

Abonificação,pordeficiência,dosubsídiofamiliaracriançasejovensdesDna-seacompensaro acréscimo de encargos familiares decorrentes da situação dos descendentes dosbeneficiários, menores de 24 anos, portadores de deficiência de natureza {sica, orgânica,sensorial,motoraoumental,quetornenecessáriooapoiopedagógicoouterapêuDco.

3.5.Medidaextraordináriadeapoioaosdesempregadosdelongaduração

NoOrçamentodoEstadode2016,oparlamentoaprovouumapropostadogrupoparlamentardoPCP, visando criar umanovaprestaçãopecuniáriade apoio aosdesempregadosde longaduração,aqualéatribuídaaanterioresbeneficiáriosde subsídio socialdedesempregoque,umanodepoisdofimdaatribuiçãodestaúlDmaprestação,conDnuemaverificarasrespeDvascondições de atribuição, designadamente desemprego involuntário, capacidade edisponibilidade para o trabalho e preenchimento da condição de recursos. O valor da novaprestaçãocorrespondea80%dosubsídiosocialdedesempregoanteriormenteauferidoeserá

Quadro3.Atualizaçãodoabonodefamília

2011a2015

Apar?rde1/2/2016

Apar?rde1/4/2016

Var.2015/2016

1.ºescalão <12meses 140,76 145,69 145,69 3,5%

>12meses 35,19 36,42 36,42 3,5%

2.ºescalão <12meses 116,74 119,66 120,26 3,0%

>12meses 29,19 29,92 30,07 3,0%

3.ºescalão <12meses 92,29 94,14 94,61 2,5%

>12meses 26,54 27,07 27,21 2,5%

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paga por um período adicional máximo de seis meses, desde que se conDnuem a verificaraquelascondições.

3.6.Outrasmedidas

• AumentodomontantedoSubsídioporAssistênciadeTerceiraPessoa

O montante de referência mensal desta prestação não era atualizado desde 2009 ecorrespondia a 88,37 euros. Tendo o Governo idenDficado no seu Programa a inclusão daspessoascomdeficiênciaouincapacidadecomoumobjeDvoestratégicoparaavalorizaçãodaspessoas, considerou-se importante harmonizar o valor desta prestação com omontante doComplementoporDependênciade1.ºgrau,correspondentea101,17euros,promovendoumamaiorequidadenaproteçãodadependência,originadapordeficiênciaououtraincapacidadee, simultaneamente aumentar o rendimento disponível das famílias com pessoas comdeficiência.

• Redesenhodasregrasedoprocedimentodeacessoàstarifassociaisdeenergiaelétricaedegásnatural

Aumentaronúmerodebeneficiáriosdastarifassociaisdeenergiaelétricaedogásnatural,porvia de atribuição oficiosa do direito aos descontos implícitos nas mesmas, após troca deinformaçãoentreossistemasdeinformaçãodoscomercializadores,daDGEG,daAMA,daATedaSegurançaSocial.

Sãobeneficiáriosdestastarifassociais:

• Energiaelétrica:osclientescomcontratodeusodomésDcoemhabitaçãopermanente,com uma potência elétrica contratada igual ou inferior a 6,9 kVA, que sejambeneficiários de Complemento Solidário para Idosos, do Rendimento Social deInserção,doSubsídioSocialdeDesemprego,doAbonodeFamília,daPensãoSocialdeInvalidez ou de Velhice, ou que tenham rendimentos baixos, ao integrarem umagregado familiar cujo rendimento total anual seja igual ou inferior a 5.808 euros,acrescido de 50% por cada elemento do agregado familiar que não aufira qualquerrendimento,atéaomáximode10.

• Gás natural: os clientes com contrato de uso domésDco em habitação permanente,com consumo anual inferior ou igual a 500 m3, e que sejam beneficiários deComplemento Solidário para Idosos, de Rendimento Social de Inserção, de SubsídioSocialdeDesemprego,deAbonodeFamília(primeiroescalão)oudePensãoSocialdeInvalidez.

Através da Lei n.º 7-A/2016 (Lei do OE), foi ainda revogado, a 1 de julho, o Apoio SocialExtraordinário ao Consumidor de Energia (ASECE). Os descontos aplicáveis aos clientesvulneráveissãoconcentradosnaTarifaSocial.OsbeneficiáriosdetarifasocialnãoaDngiamos155.000 (140.500 na energia elétrica e 14.100 no gás natural), bastante aquém dos dadosinicialmente anunciados pelo anterior Governo como meta: 500.000 a qual apenas éconcreDzávelcomasalteraçõesderegrasedoprocedimentorecentementeintroduzidos.

• AtualizaçãodoIASnostermoslegais

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AtravésdaLein.º7-A/2016(LeidoOE),foiassumidoocompromissodeatualizaçãodoIASnoanode2017,nostermosdefinidosnoDecreto-Lei n.º 323/2009, de 24 de dezembro (o qual se encontra suspenso).

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4. RENDIMENTOSOCIALDEINSERÇÃO

4.1.EnquadramentoImplementado em1996, pela então Lei nº 19-A/96, de 29 de junho, o RendimentoMínimoGaranDdo (RMG) consDtuiuumamedidadepolíDca social, concebidaparagaranDra coesãosocialecumprircomarecomendaçãodaComissãoEuropeia,de1992(Recomendação92/441/EEC de 24 junho) que reconhecia o direito fundamental das pessoas acederem a níveissuficientesderecursoseaapoiosocialparaviverdeumamaneiracompauvelcomadignidadehumana.

Achamada«novageração»depolíDcassociais,aplicadaemPortugalapós1996,criouumnovoconceito de ação social baseado na ideia da promoção, que visava criar e apoiar formas dedesenvolver cada cidadão, tornando-o independente. Esta nova orientação da políDca socialtraduziu-se tambémno reforçodediversas soluçõesdeapoio social, envolvendoumgrandenúmero de atores (enDdades públicas, privadas, ONG) que privilegiavam a elaboração eaplicaçãodepolíDcas sociais comdimensão territorial. Conceberam-se e experimentaram-seformasdeparceriainovadorasaonívellocalquepromoviamaparDcipaçãoaDvadapopulaçãonosprogramas,bemcomonovosmecanismosdecoordenação .6

Estamedida exisDa já nessa data em vários países europeus e objeDvava, nas suas diversasformulações, garanDr um nível mínimo de rendimentos, considerado indispensável àsubsistência dos/as cidadãos/ãs, ao mesmo tempo que os\as incenDva a que seautonomizassem,porrelaçãoaesseapoiopecuniárioeaoacompanhamentosocial.

Oart.º1ºdareferidaLeiinsDtuiumaprestaçãodoregimenãocontribuDvodesegurançasociale um programa de inserção social, por forma a assegurar aos indivíduos e seus agregadosfamiliaresrecursosquecontribuamparaasaDsfaçãodassuasnecessidadesmínimaseparaofavorecimentodeumaprogressivainserçãosocialeprofissional.

Estafoiaprimeiramedidaacolmatarafaltadeumrendimentomínimodesubsistênciaparaquemnãotemquaisquerrecursos, independentementedeterempagoounãocontribuiçõespara o sistema de segurança social, e, simultaneamente, a dar resposta a uma série denecessidadesqueseencontramclaramentenodomíniodaaDvaçãosocial,masnãoselimitamàaDvaçãolaboral .7

Revogadoem2003,atravésdaLein.º13/2003,de21demaio,alteradapelaLein.º45/2005de29deagosto,oRMGpassaadenominar-seRendimentoSocialdeInserção(RSI)queconsistenumaprestaçãoincluídanosubsistemadesolidariedadeeumprogramadeinserçãosocialporforma a assegurar às pessoas e seus agregados familiares recursos que contribuam para asaDsfaçãodassuasnecessidadesmínimaseparaofavorecimentodeumaprogressivainserçãosocial,laboralecomunitária.

ORSIéconsDtuídoporumaprestaçãopecuniária,sendoestaumdireitouniversal,transitório,que não depende de uma avaliação discricionária,mas de critérios estabelecidos, e por umprograma de inserção que se consubstancia num conjunto arDculado e coerente de ações,

InPortugal.RegimesdeRendimentoMínimo.UmEstudodasPolí0casNacionais(2009),disponívelem6

www.ec.europa.eu/social/BlobServlet?docId=9039&langId=pt

InPortugal.RegimesdeRendimentoMínimo.UmEstudodasPolí0casNacionais(2009),disponívelem7

www.ec.europa.eu/social/BlobServlet?docId=9039&langId=pt

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faseadas no tempo, estabelecido de acordo com as caracterísDcas e condições do agregadofamiliar do requerente da prestação, com vista à plena integração social dos seusmembros(art.º3ºdaLein.º13/2003,de21demaio,comaredaçãodadapelaLein.º45/2005,de29deagosto).

O reconhecimento do direito ao rendimento social de inserção depende de o requerente, àdatadaapresentaçãodorequerimento,cumprircumulaDvamenteumconjuntoderequisitosecondições (art.º 6º da Lei n.º 13/2003, de 21 demaio, com as alterações introduzidas peloDecreto-lein.º133/2012,de27dejunho).

O valor do rendimento social de inserção corresponde a umaparte do IndexantedeApoiosSociais(IAS)eomontanteaatribuirvariaemfunçãodacomposiçãodoagregadofamiliardorequerente e de acordo comas seguintes regras atualmente em vigor: requerente 100%dovalordoRSI;porcadaindivíduomaior70%dovalordoRSIeporcadacriançaoujovem50%dovalordoRSI.

Estaprestaçãocaracteriza-seaindapeloseuquadrolegaldispersoecomplexo .Paraalémda8

legislação que cria o RSI (Lei n.º 13/2003, de 21 de maio republicada, pela DeclaraçãoReDficaçãon.º 7/2003, de29demaio, alteradapela Lei n.º 45/2005, de29de agosto, peloDecreto-Lein.º70/2010,de16dejunho,epeloDecreto-lein.º133/2012,de27dejunhoquetambém a republica) e da legislação que estabelece as normas de execução da referida Lei(previstas na Portaria n.º 257/2012, de 27 de agosto), encontra-se, ainda, em vigor outrosnormaDvoslegaisqueregulam(i)aprestação,queincluiacondiçãoderecursoeaatualizaçãodemontantes, (ii)osNúcleosLocaisde Inserçãoe(iii) osprotocolosacelebrarcomIPSSouequiparadas.

4.2.Recuonaproteçãogaran?danosanosrecentes

Durante o programade assistência financeira, numperíodo de substancial agravamento dascondiçõesdevida,comumaumentodoriscodepobreza, incluindoapobrezamaisseveraeumaumentodasdesigualdades,acapacidadedecombatedoRendimentoSocialde Inserção(RSI)asituaçõesdemaiorvulnerabilidadefoidrasDcamentelimitada,essencialmenteportrêsvias:

i. aalteraçãodaescaladeequivalênciaassociadaàcondiçãoderecursosdamedida,

ii. areduçãodovalordereferênciae

iii. a implementação de travões administraDvos e burocráDcos ao acesso por parte dasfamílias.

VerAnexoA:RendimentoSocialdeInserção–quadrosíntesedalegislaçãoemvigor.8

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Emprimeirolugar,aalteração,em2012,daescaladeequivalênciaaplicávelaosrendimentosdasfamíliasbeneficiárias ,veioreduzirsignificaDvamenteacoberturaeoníveldeproteçãodo9

RSI,designadamenteem famíliasnumerosaseem famílias comcrianças.Concretamente, foireduzida,de70%para50%,apercentagemdomontantedeRSIagaranDrporcadaindivíduomaior além do Dtular, e, de 50% para 30%, a percentagem domesmo referencial por cadaindivíduomenor. Ainda que o valor de referência permanecesse omesmo nesse período, anova capitaçãodoagregado fez comqueomínimogaranDdoa famíliasnucleares comduascrianças,porexemplo,caísse22,2%.

Emsegundolugar,em2013,areduçãodovalordereferênciaem6%veioaindadiminuirmaisoníveldeproteçãogaranDdopeloRSI .Nãoapenasoacessosetornoumais restrito,como10

todososbeneficiáriosviramaprestaçãoreduzir-se.SendooRSIumaprestaçãodiferencial,queopõeosrecursos familiaresaumvalordereferênciadeterminadoemfunçãodadimensãoecomposição do agregado, uma redução do referencial implica per se uma diminuição daprestaçãoatribuída.

Emtermosagregados,emconjugaçãocomaalteraçãodaescaladeequivalência,osefeitossãode grande dimensão: no caso do casal com dois filhos, por ex., as reduções impostas peloanteriorgovernofizeramcairomínimogaranDdoemquase30%.

Quadro4.Contraçãodaescaladeequivalênciaemjulhode2012(exemplosdevaloresmáximosgaran?dosadeterminadasfamílias-?po)

Antesdasalterações(atéjulho2012) Apósasalterações(apósagosto2012)Variação(%)

Isolado189,52€ 189,52€ 0%Doisadultos 322,18€ 284,28€ -11,8%

Umadultoeumacriança 284,28€ 246,38€ -13,3%Doisadultoseumacriança 416,94€ 341,14€ -18,2%Doisadultoseduascrianças 511,70€ 397,99€ -22,2%Doisadultosequatrocrianças 701,22€ 511,70€ -27,0%

Em 2010, o Decreto-Lei 70/2010 havia visado, entre outros objeDvos, harmonizar as escalas de9

equivalênciadealgumasprestaçõessujeitasacondiçãoderecursos,comooRSIouoSubsídioSocialdeDesemprego.Foientãoadotadaumaescaladeequivalênciasemelhanteà“escaladaOCDE(original)”,uniformizandoasprestaçõesdecombateàpobreza.Em2012,naalteraçãolevadaacabopeloGovernoPSD-CDS,atravésdoDecreto-Lein.º133/2012,de27dejunho,fez-seregressaracondiçãodeexceçãoparaoRSI, comaadoçãodeumanovaescaladeequivalência,mais restriDva, especialmenteparaasfamíliascomcrianças.Osefeitosdestaalteraçãoiniciaram-seemagostode2012.

Antes, o Decreto-Lei n.º 133/2012, de 27 de junho, havia feito cessar a indexação do valor de10

referência do RSI ao montante fixado para a Pensão Social, para passar a corresponder a umapercentagemdoIndexantedeApoiosSociaisqueviriaaserfixadapelaPortarian.º257/2012,de27deagosto: 45,208%.NapráDca,o valorde referênciamanDnha-senos189,52euros/mês. Porém, comoDecreto-Lei n.º 13/2013, esta percentagem veio a ser revista em baixa, para 42,495%, implicando aredução do valor RSI para 178,15 euros/mês, com efeito imediato nas prestações pagas a parDr defevereirode2013,inclusive.

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Oquadro 5 é uma revisão do anterior, agora considerando tambémo efeito da redução dovalordereferênciadoRSI.

Emresultadodestasalterações,onúmerodebeneficiáriosdoRSIreduziu-sesignificaDvamenteaolongodosúlDmosanos,emcontrastecomoqueseriadeesperaremfunçãodadegradaçãodas condições de vida, especialmente junto dosmais pobres, como se viu no capítulo 2. Ográficodemonstradeformaclaraestaredução.

Sóentrejunhode2012ejaneirode2014,passouahavermenos110milpessoasareceberemoRSI.Ouniversodebeneficiárioscontraiu-seemcercadeumterço.Daquelaspessoas,59mileram crianças ou jovens com menos de 18 anos, o que mostra bem a associação entre aalteraçãodaescaladeequivalênciaenoafastamentodasfamíliascomcrianças.

Quadro5.Efeitocombinadodacontraçãodaescaladeequivalênciaemjulhode2012edareduçãodovalordereferênciaemjaneiro2013

(exemplosdevaloresmáximosgaran?dosadeterminadasfamílias-?po)

Antesdasalterações(atéjulho2012) Apósasalterações(fevereiro2013)Variação(%)

Isolado189,52€ 178,15€ -6,0%Doisadultos 322,18€ 267,23€ -17,1%

Umadultoeumacriança 284,28€ 231,60€ -18,5%Doisadultoseumacriança 416,94€ 320,67€ -23,1%Doisadultoseduascrianças 511,70€ 374,12€ -26,9%Doisadultosequatrocrianças 701,22€ 481,01€ -31,4%

Gráfico11.EvoluçãomensaldosbeneficiáriosdeRSI,2012-2015

� Fonte:MTSSS

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Page 24: Gtprotecaosocial

Conformesereferiaatrás,asalteraçõesnoRSIvieramreduziromontantedaprestação,tantopelareduçãonacapitaçãodosdiferenteselementosdafamíliacomopelacontraçãodoprópriovalor de referência. Estes dois efeitos são perfeitamente visíveis no gráfico seguinte,correspondendoprecisamenteàsdepressõesemevidência.Ográficomostraaindaque,apesardas duas quebras impostas pelas alterações, a prestação média está em permanentecrescimento,oqueéumaevidênciadafragilizaçãocrescentedasfamíliasmaisvulneráveis,oqueconfirmaosdadossobreoaumentodaintensidadedapobrezaatrásapresentados.

Em terceiro lugar, estas alterações de caráter paramétrico foram acompanhadas de outrasrevisõesfeitasàlegislaçãodesuportedemedida,cominfluênciadiretasobreprocedimentosequevieramigualmentecontribuirparaareduçãodonúmerodeprestaçõespagas.

4.3.Alteraçõesintroduzidasno1ºsemestrede2016

As diferentes opções políDcas dos úlDmos anos resultaram num conjunto de alterações eDveramumforteimpactonaatribuiçãodaprestaçãoenoacompanhamentoaosbeneficiáriosefamílias,condicionandooacessoàprestaçãoeainserçãosocialdestegrupopopulacional.

NestesenDdo,importaidenDficarasprincipaisfragilidadeseperspeDvarmudançasnoquadrolegislaDvo que dignifiquem a vida do/as cidadãos/ãs mas que, igualmente, resDtuam aigualmenteaidenDdadedestamedida,tornando-amaiseficiente,maiseficaz,transparentenaatribuiçãoesimples.

Importa, pois, dignificar o RSI repondo a sua eficácia comomedida de combate à pobrezaextrema.

Gráfico12.EvoluçãomensaldaprestaçãomédiadeRSIporbeneficiário,

2012-2015

� Fonte:MTSSS

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Conformereferidoanteriormente,a forte limitaçãoaqueestaprestação foi sujeitanosanosmais recentes, em contraciclo com as dificuldades económicas das famílias portuguesas, foipreconizadaessencialmenteatravésda:

i. alteraçãodaescaladeequivalênciaassociadaàcondiçãoderecursosdamedida,

ii. reduçãodovalordereferênciae

iii. implementação de travões administraDvos e burocráDcos ao acesso por parte dasfamílias.

Na prossecução dos objeDvos de melhoria dos rendimentos das famílias portuguesas, emparDcularaquelasqueseencontramemsituaçãomaisdesvantajosa,enumplanodecombateàpobreza,especialmenteaqueaolongodosúlDmosanosafetouasfamíliascomcrianças,oatual Governo tomou medidas no início da legislatura que visaram contrariar desde logoalgumas das medidas de austeridade que o anterior execuDvo aplicou ao RSI, limitandodrasDcamenteoseualcance,tendocomoobjeDvo,talcomoconstadoProgramadoGoverno“assegurar a reposição dos apoios que garantem os mínimos sociais aos cidadãos emcondiçõesdemaiorvulnerabilidade(comooRendimentoSocialdeInserçãoeoComplementoSolidário para Idosos), impedindo que o País recue mais no combate à pobreza dos maisfrágeis.”

Assim, como se viu no capítulo 3, foi reposta a parDr de março de 2013 a escala deequivalência que se encontrava em vigor até julho de 2012 (a medida mais penalizadora11

conforme demonstrado anteriormente), favorecendo as famílias de maior dimensão,especialmenteaquelascomcrianças.ApercentagemdomontantedeRSIagaranDrporcadaindivíduomaioralémdoDtularpassoude50%para70%,eporcadaindivíduomenor,de30%para50%dovalordereferênciadoRSI.Emjunhode2016aprestaçãomédiadeRSIsituou-seem 114,02 euros o que representa um acréscimo de 20,6% face ao montante médio daprestaçãoemdezembrode2015(94,53euros).

Foitambémencetado,comomesmodiploma,umprocessodereposiçãofaseadaeconsistentedovalordereferênciadaprestação.Estevalordereferênciafoiatualizadoem2016,em25%docorteoperadopeloanteriorGoverno,passandoovalordereferênciadoRSIpara43,173%doIAS,ouseja,180,99euros.

NoâmbitodoProgramadeGovernoedoacordadonaPosiçãoconjuntadoPar0doSocialistaedoBlocodeEsquerdasobresoluçãopolí0caprocura-sereintroduzir,assim,deformagradualeconsistente, níveis de cobertura adequados, reforçando a eficácia desta prestação socialenquantomedidadereduçãodapobreza,emespecialnassuasformasmaisextremas.

A avaliação dos impactos das restantes alterações introduzidas no RSI, designadamente nascondiçõesdeacessoedemanutençãodaprestação,designadamenteostermosdeaplicaçãoda renovação anual, bem como na vertente de inserção carece de uma reflexão maisaprofundada,tendodadoopresenteGTumimportantecontributo.

4.4.HipótesesemestudoparaoreforçodaproteçãodoRSI

AtravésdoDecreto-Lein.º1/2016,de6dejaneiro.11

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AshipótesesdeestudodoGTincidiramsobreasmedidaspassiveisdeimplementação,tendocomoobjeDvo reverter as alterações a que se referemos pontos ii) e iii) doponto anterior,tendoresultadoasconclusõesqueaseguirseapresentam.

1. PropostasdedesenvolvimentoacordadasnoseiodoGT

i. ValordereferênciadoRendimentoSocialdeInserção(hipótesesemestudo)

Através doDecreto-Lei n.º 1/2016, de 6 de janeiro, foi encetado um processo de reposiçãofaseadadovalordereferênciadoRendimentoSocialdeInserção.Estevalordereferênciafoiatualizadoem2016,em25%docorteoperadopeloanteriorGoverno,passandoovalordereferênciadoRSIpara43,173%doIAS,ouseja,180,99euros.

Conforme consta do Relatório doOrçamento do Estado para 2016, tendo como objeDvo “oreforçodaproteçãoàsfamíliasemsituaçãodepobreza,serárepostaacoberturadoRSI,comaalteraçãodaescaladeequivalênciaem2016eoaumentogradual,entre2016e2019,doseuvalordereferência”.

EnquadradonoobjeDvotraçadopeloGovernonoseuPrograma,deprocederaumareposiçãodovalordereferênciadeformagradualeconsistente,procedeuem2016aoaumentodovalordereferênciaem25%docorteintroduzidoem2013,anoemqueaquelereferencialdiminuiu6%(cercade11,37euros).ComefeitooatualGovernoassumiuapossibilidadede,até2019,ovalor ser progressivamente recuperado face ao que estava em vigor antes da redução doanteriorexecuDvo .12

Quadro6.EvoluçãodoValordeReferênciadoRSI

NoseiodoGTfoiestudadaumahipótesedereposiçãodaindexaçãodovalordereferênciaaovalor da Pensão Social, a qual na opinião do Governo depende das disponibilidadesorçamentais

2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017-2019

RSI 189,52€ 189,52€ 178,15€ 178,15€ 178,15€ 180,99€ 189,52€

Ouseja,189,52euros,ovalordaPensãoSocialem2010e2011.12

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Comefeito,conformedemonstraoGráficoseguinte,até2011,ovalordereferênciadoRSIeovalordaPensãoSocialcoincidiam.FoiaparDrde2012queohiatoaumentou,verificando-seumadiminuiçãoapenasem2016.

SendocoincidenteaperspeDvadereaproximaçãoentreovalordereferênciadoRSIeovalordapensãosocialentreoselementosdoGT,aconcreDzaçãodestamedidanospróximosanosdependedadisponibilidadeorçamentalparaoefeito.Semprejuízodestacondição,procedeu-se à esDmaDva do impacto da despesa com esta medida, com base em dois cenários emediantedeterminadospressupostos,queaseguirseapresentam.

Numprimeiro cenário, por simplificaçãoemeroexercício teórico foi esDmadoo impactodadespesa,casoseprocedessejáem2017àuniformizaçãodosdoisvalores.

Pressupostos:

• Em2016,ovalorbasedapensãosocialcorrespondea202,34euros.Deacordocomaregra de indexação anual das pensões, a Pensão Social será aumentada no próximoanoemlinhacomainflaçãodisponívelemdezembrode2016.Assumindoasprojeçõesmacroeconómicas consideradas em sede de Programa de Estabilidade, a inflação de2016poderácorrespondera1,2%.ParaefeitosdopresenteexercíciodeesDmaçãodeimpactos, considera-se assim que o montante da Pensão Social será atualizado em1,2%,vindoacorrespondera204,77euros,em2017.

• Se o valor de referência do RSI viesse a corresponder precisamente a este valor, talimplicariaumacréscimodomesmo,facea2016,em23,78euros.

OaumentodovalordereferênciadoRSIresultaemduasespéciesde impacto:aatualizaçãodas atuais prestações em pagamento (maior impacto) e o alargamento do universo depotenciais beneficiários (menor impacto, uma vez que estes novos beneficiários terão

Gráfico13.EvoluçãoValordeReferênciadoRSIedaPensãoSocial

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prestações demontante reduzido, já que os seus recursos serão elevados face ao valor dereferência–casocontrário,jápodiamserbeneficiárioscomoanteriorreferencial).

Concluiu-sequeo impacto totalesDmadonadespesadoRSIassumindo-seaatualizaçãoem2017 do valor de referência daquele para o valor da pensão social seria de, cerca de, 53,3milhõesdeeuros/ano(faceàdespesaesperadaem2016).

Note-sequeestadespesaseriapermanente,ouseja,repeDr-se-ianosanosseguintes .13

Seassumíssemos,numsegundocenário,queo valorde referênciadoRSI convergiria comaPensãoSocialao longodetrêsanos(ouseja,até2019),equeemcadaumdestesanosessaconvergência corresponderia a 1/3 da diferença e, uma vezmais, tendo por base o cenáriomacroeconómico do Programa de Estabilidade, o valor do RSI evoluiria da seguinte forma:188,92 euros (2017), 199,03 euros (2018) e 211,59 euros (2019). Perante esta evolução dovalor de referência do RSI e tendo em conta a atualização sucessiva das prestações empagamentoeoalargamentodouniversodebeneficiáriosaolongodoperíodo,esDma-sequeoimpactototalsobreadespesacorrespondaa:17,0M€em2017,40,6M€em2018e72,8M€em2019.Ouseja,umtotalde130,4milhõesdeeurosparaotriénio,tendoporcontrafactualumcenáriosemalterações(“nopolicychange”).

Estaalteração teriaum impactononúmerode indivíduosque teriamacessoaoRendimentoSocialdeInserçãoqueogrupodetrabalhoesDma,considerandoofaseamentoestudado,em15milem2017,20milem2018e25milem2019.

Comestahipótese,ouniversototaldebeneficiáriosdamedidanofinaldaconvergênciadoRSIcomaPensãoSocialaproximar-se-iados300mil,voltandoaosníveisdecoberturaanterioresàsalteraçõesrealizadaspelogovernoPSD/CDS. 14

ii. CondiçõesdeacessoemanutençãodoRSI

Acomponentede inserçãoede integraçãodoRendimentoSocialde Inserção (RSI)disDngueesta prestação social de outros apoios e prestações sociais. As alterações introduzidas nosúlDmosanosnãovisaramapenasadiminuiçãodovalordaprestação,comooagravamentodascondições de acesso à prestação e demanutenção damesma, bem como a introdução dealterações procedimentais, que contribuíram para uma descaracterização dos programas deinserção.

Torna-se essencial reforçar a capacidade integradora e inclusiva desta prestação social, bemcomo, tal como consta do Programa do Governo, reavaliar “a eficácia dos programas deinserção,que foramsendodescaracterizadosnosúl0mosanos,no sen0dodepromoverumaadequaçãodasmedidasàscaracterís0casdosbeneficiáriosedosagregadosfamiliaresemqueseinserem,paraquepromovamumaefe0vainclusãosocial”.

Amenosque,naturalmente,aevoluçãodascondiçõessocioeconómicasdasfamíliasmaisvulneráveis13

sejafavorávelaopontodepermiDrumareduçãosignificaDvadospotenciaisbeneficiáriosdoRSI.

VerAnexoBsimulaçãoRSIdesenvolvidopeloGT.14

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Page 29: Gtprotecaosocial

Enquadradas pelo Programa de Governo, foram acordadas no seio do GT um conjunto depropostasdealteraçõeslegislaDvaseprocedimentais,designadamente:

i. Reavaliaçãodos requisitos e condições gerais de atribuição, designadamentenoquedizrespeitoàresidêncialegalemPortugaleaostermosdasuacomprovação.Salienta-se que foram declaradas inconsDtucionais duas das condições introduzidas pelo15

anteriorGovernoatravésdoDecreto-lein.º133/2012,de27dejunho.

ii. Uniformização do conceito de agregado familiar e da condição de recursos com oDecreto-lein.º70/2010,de16dejunhoporseverificarqueasregrasaplicáveisaoRSIsão mais restriDvas que as regras aplicáveis às restantes prestações sociais desolidariedade(abonodefamíliaesubsídiosocialdedesemprego).

iii. RevisãodasregrasderenovaçãodoRSI,passandonovamenteaserefetuadamedianteaveriguaçãooficiosaanual(de12em12mesesapósiniciodaprestação).

iv. Permissãoparaostécnicosquetenhamconhecimento,nodecursodasuaaDvidade,desituações de cidadãos passiveis de beneficiar de RSI, remetam os dados e osdocumentos necessário de forma oficiosa em colaboração com o interessado, paraefeitosdedesencadeamentoeinstruçãodaprestaçãoeprogramadeinserção.

v. Facilitação do acesso ao RSI por parte dos cidadãos sem-abrigo que reúnam ascondições de acesso, designadamente através de um acompanhamento maispersonalizadoepróximo(por“gestoresdecaso”).

vi. Delimitaçãodascompetênciasdefiscalizaçãonoâmbitodosserviçosdefiscalização.

vii. Alteraçãodecircuitoseprocedimentosinternosporformaadiminuirosatuaistemposde instrução do processo (excluindo os dias da responsabilidade dos requerentesquandosãosolicitadoselementosadicionais).

Foram sinalizados alguns constrangimentosno âmbitodoRendimento Social de Inserção, osquais podem ser ultrapassados através de um conjunto de medidas operacionais,designadamente:

i. Um dos moDvos de indeferimento corresponde à ausência de inscrição do/arequerenteedosrestanteselementosdoagregadofamiliarnumCentrodeEmprego,caso se encontre desempregado e reúna as condições para o trabalho. ImportaidenDficar os moDvos de não inscrição e apresentar propostas de resolução dosconstrangimentos idenDficados,designadamenteatravésdaavaliaçãoda interfacedecomunicaçãoexistenteentreoII,I.P.eoIEFP.

ii. Noâmbitodainstruçãodoprocesso,paraalémdosformuláriospróprios,o/acidadãodeveanexarumconjuntodedocumentos,relaDvosaorequerenteeagregadofamiliar.Importaavaliarapossibilidadedeverificaçãooficiosadoselementospossíveis,aoníveldesistemasdeinformação,comenDdadescomoaAutoridadeTributáriaeAduaneiraeaoInsDtutodosRegistosedoNotariado,IP.

AcórdãosdoTribunalConsDtucionaln.º141/2015,de16demarço,en.º296/2015,de15dejunho.15

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Page 30: Gtprotecaosocial

Algumasmatériasquecarecemdeavaliaçãoconjuntamaisaprofundada:

i. Avaliação de uma eventual alteração da norma de retroaDvidade do inicio daprestação,atualmenteassociadaàassinaturadocontratodeinserçãoou,sesuperior,aomáximode60diasapósaapresentaçãodorequerimentodevidamenteinstruído.

ii. Avaliação das consequências por recusa de celebração do contrato de inserção ouincumprimentodomesmo.

iii. Avaliaçãodascondiçõesqueatualmentedeterminamasuspensãoeacessaçãodestaprestaçãosocial.

iv. Noqueserefereaoacompanhamentosocial,importaavaliaraadequaçãodostermosdaconsDtuiçãoefuncionamentodosNúcleosLocaisdeInserção(NLI)à legislaçãodoRSI em vigor, ou à nova legislação, uma vez que a legislação que define ascompetênciasdosNLInãoseencontraconsonantecomasmaisalteraçõeslegislaDvasintroduzidas no RSI em 2012. A promoção de uma maior parDcipação eresponsabilizaçãodasparceriasrepresentadasnosNLI,contribuiparaqueacelebraçãodos acordos de inserção respeite os requisitos de qualidade, aDngindo-se o objeDvoprincipaldeautonomizaçãodosbeneficiários.

v. Avaliação da eficácia dos programas de inserção, de modo a que cada acordocorrespondaàespecificidadeeàsnecessidadesdecadafamília,paraqueestessejamumveiculodepromoçãodeumaefeDvainclusãosocial.

vi. AvaliaçãodareconsDtuiçãodaex-ComissãoNacionaldoRendimentoSocialdeInserçãoatravésdeumaestruturacomfunçõessimilares(nomeadamentenoseiodoConselhoNacional para as PolíDcas de Solidariedade, Voluntariado, Família, Reabilitação eSegurançaSocial).

vii. Estudodeumnovomodelodeacompanhamentoàs famíliasquesirvadereferencialno trabalho desenvolvido pelas insDtuições, que reforce a capacidade e eficácia doapoioadainserçãodamedida,equepermitaamonitorizaçãoaavaliaçãoqualitaDvadamesma.

PorúlDmo,considerandoanecessidadedeaprofundamentodaavaliaçãoconjuntanoâmbitodo Rendimento Social de Inserção, de algumas matérias anteriormente idenDficadas, bemcomodoacompanhamentodasalteraçõeslegislaDvaseprocedimentaisacordadasnoseiodoGrupo de Trabalho, foi encontrada como via a consDtuição de três equipas, que atuem emcontextosdisDntos,equeintegremtécnicosdoscentrosdistritaisdesegurançasocialeoutrostécnicos que trabalhem com os beneficiários do RSI. Cabe a estas equipas, territorialmentedispersaseatuandoemterritóriosqueapresentemcaracterísDcasdisDntas (bairro, territórioenvelhecido, território com elevadas taxas de desemprego), proceder, por um prazo de um

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Page 31: Gtprotecaosocial

ano,àavaliaçãonoterrenodasmedidasentretantoadotadas,produzindoumrelatóriocomasprincipaisconclusõesepropostas.

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5. COMPLEMENTOSOLIDÁRIOPARAIDOSOS

5.1.Enquadramento

OComplementoSolidárioparaIdosos(CSI)foicriadoem2006,consDtuindoumamudançadeparadigma na garanDa de mínimos sociais aos idosos. A anterior estratégia de aumentogeneralizado das pensões mínimas, enquadrada numa lógica de convergência de todos osdiferentesmontantesfixadosporleicomosaláriomínimonacional,demonstrouser,alémdefinanceiramenteinsustentável,ineficientedopontodevistadaalocaçãodosrecursosaosquemaisnecessitam:

«Aanálisemostraqueaspensõesmínimassãoinstrumentoscaroseineficazesdesolidariedade. Só 31.25% das pessoas que vivem em agregados familiaresrecebendopensõesmínimassãopobres.» 16

Esta viragem de rumo, também seguida por muitos outros países europeus, havia já sidoiniciadanosistemaportuguêscomoRendimentoSocialdeInserção.Agora,paraumuniversodelimitadonaidade,oCSIinsDtuía-secomcaracterísDcaspróximasdaquelamedidamaisgeral:

a) Prestação pecuniária diferencial – o CSI é um complemento aos recursos dosbeneficiários,visandogaranDrummínimoestabelecido;

b) Prestaçãosujeitaarigorosacondiçãoderecursos–oCSIdesDna-seaumuniversodepessoasidosasqueefeDvamenteseencontramemsituaçãovulnerável.

5.2.Recuonaproteçãogaran?danosanosrecentes

O valor de referência do CSI, ou seja, omínimo de recursos garanDdo com a atribuição daprestação, foi inicialmentefixadonos4.200euros/ano,umvalorpróximodaquelequeentãoeraomaisrecente limiardepobrezadisponibilizadopelasestausDcasdascondiçõesdevida.Ao longo dos primeiros anos foi sendo atualizado, com base na evolução dos preços e daeconomia. Em 2010, aDngiu os 5.022 euros/ano, tendo ficado congelado nos dois anosseguintes.

Em 2013, o Governo PSD/CDS tomou a decisão de fazer baixar estemínimo, que passou a4.909euros/ano,umareduçãogeralde2,3%,masqueparamuitosidosospodiacorrespondera uma redução da prestação muito mais elevada ou até mesmo a sua exclusão, como17

aconteceu aos cerca de 56mil beneficiários que saíram damedida entre janeiro de 2013 ejunhode2014,umacontraçãodouniversodebeneficiáriosem24,3%,bempatentenográficoseguinte.

MiguelGouveia,CarlosFarinhaRodrigues,“ParaqueServemasPensõesMínimas?”(2.ªConferência16

doBancodePortugal)

Pense-senocaso,porexemplo,deumpensionistaqueapenasDvessecomorendimentoasegunda17

maisbaixadaspensõesmínimasdoRegimeGeral,garanDdaacarreirascontribuDvasentre15e20anosequeentre2010e2015estevefixadanos274,79euros.EstepensionistaviuovalordoCSIreduzir-seem21,6%.

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Page 33: Gtprotecaosocial

ComaalteraçãointroduzidapeloanteriorGoverno,ovalordereferênciadoCSIdiminuiunumano113euros.

DevesernotadoqueaexclusãododireitoaoCSInãoimplicaapenasaperdadaprestação–aqual para estas situações até seria tendencialmente baixa, dadoo seu carácter diferencial –mas também a perda de direitos acessórios normalmente garanDdos aos beneficiários, taiscomo:

a) Bene{cios adicionais de saúde– descontos na aquisiçãodemedicamentos, óculos elentes ena aquisiçãoe reparaçãodeprótesesdentárias removíveis. Estesbene{ciossãoexclusivosdoCSI;

b) Tarifasocialdeenergiaelétricaegásnatural–todososbeneficiáriosdeCSItêmdireitoatarifasespeciaisdeconsumodeenergiaelétricae/ougásnatural;

c) Passessociais–todososbeneficiáriosdeCSItêmdireitoumdescontode50%nopassemensaldetransportepúblicoválidoparaaáreametropolitanadeLisboaePorto.

Esta contração imposta ao valor de referência do CSI consDtuiu ainda um contrassenso emmatériadepolíDcaspúblicas.Aomesmotempoqueatribuíaaumentosàspensõesmínimasdeumconjuntorestritodepensionistas,oanteriorGovernoreduziaoníveldeproteçãogaranDdopelo CSI, dirigido potencialmente aos mesmos indivíduos, não contando com os custos deeficiênciaatrásapresentados.

Veja-seumexemploconcreto:umpensionistadepensãosocial,beneficiáriodeCSI,quenãoDvessequalqueroutro rendimento teve,entre2012e2015,umaumentona suapensãode12,01euros,massofreuumcortede21,43eurosnoCSI,chegandoa2015arecebermenos9,42eurospormêsdoquerecebiaem2011.

Gráfico14.Evoluçãomensaldon.ºdebeneficiáriosdoCSI,2012-2015

� Fonte:MTSSS

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Page 34: Gtprotecaosocial

5.3.Alteraçõesintroduzidasno1ºsemestrede2016

O valor de referência do Complemento Solidário para Idosos (CSI) foi aumentado em 2016,passando de 4.909 euros /ano para 5.022 euros/ano . Este havia sido reduzido em 2013,18

afastandobeneficiáriosdamedidaereduzindoaproteçãogaranDdaaosquesemanDveram.

A reposição do valor de referência do CSI correspondia a um compromisso assumido peloGovernonoseuPrograma,deformaa“res0tuironíveldeproteçãodoCSIerestabelecerestaprestaçãosocialenquantoelementocentraldocombateàpobrezaentreidosos(…)permi0ndo,destaforma,quevoltemabeneficiardestaprestaçãoidososqueficaramexcluídos,bemcomoaatualizaçãodaprestaçãoaosidososquesofreramumareduçãonoseuvalornominal”.

Adicionalmente,noOrçamentodoEstadode2016,oparlamentoveioaaprovarumapropostado grupo parlamentar do Bloco de Esquerda, que fixou um novo aumento do valor dereferênciadoCSI,para5.059euros/ano,numaassociaçãodiretacomovalorentãoconhecidoparaolimiardepobrezade2014.

Os idosos pensionistas com menos recursos têm, assim, um aumento do seu rendimentodisponívelmensalem2016,queresultanumaumentodovalordereferênciadoCSIem150eurosanuaisfaceaosanosanteriores.

5.4.HipótesesemestudoparaoreforçodaproteçãodoCSI

OComplementoSolidárioparaIdosos,pelascaracterísDcasespecíficasdapopulaçãoaquesedesDna,éumadasmedidasemqueo“nontake-up” maissefazsenDr.Osprimeirosanosda19

medidaconfirmaramestateoria,tendo-seidenDficadoumforte“nontake-up”–oanode2007terminou com o processamento de apenas 55 mil prestações. Esta situação conduziu asautoridades de então a desenvolverem esforços de divulgação da medida. No final do anoseguinte,jáhavia174milbeneficiários e,nofinalde2009,223mil.20

Tratando-sedeumamedidadirigidaaidososcarecedeumapermanentedivulgaçãojuntodosseus potenciais beneficiários. Contudo, a parDr do 2.º semestre de 2011 a divulgação destaprestaçãosocialnãosódeixoudeserumaprioridade,comofoipraDcamente inexistentenosanos seguintes, naquela queparece ter sidoumaestratégia deliberadado anteriorGovernoparaquenãohouvessemaisidososarequereraprestação,mesmoqueaelaDvessemdireito.

AtravésdoDecreto-Lein.º254-B/2015,de31dedezembro.18

A expressão “non take-up” é habitualmente uDlizada para designar o fenómeno associado às19

prestações sociais, principalmente aquelas cuja atribuição está sujeita a verificação de condição derecursos,quenãosãorequeridasporaquelesque,àparDda,sãoosseuspotenciaisbeneficiários.

Sendo que deve também contar para uma importante parte deste acréscimo de quase 120 mil20

beneficiários o facto de o limitemínimo de idade ter-se reduzido dos 70 para os 65 anos, conformeprevistonalei.

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Page 35: Gtprotecaosocial

Sendo um objeDvo no qual o Governo tem trabalhado, a necessidade de um reforço dadivulgaçãodestaprestaçãosocial foi consensualno seiodoGT.Comefeito,queroGoverno,querosrepresentantesdosGruposParlamentaresdoBlocodeEsquerdaedoParDdoSocialistanoGT,consideramqueoCSIcarecededivulgaçãopública,comoobjeDvode fazerchegaroprograma a quem dele necessita e que não o faz, por desconhecimento ou até mesmodesconfiançafaceàsalteraçõeslevadasacabopeloanteriorGoverno.

Comoseviuatrás,ouniversodebeneficiáriosdoCSIcontraiu-sesignificaDvamentenosúlDmosanos,efeitoemgrandepartedecorrentedareduçãodovalordereferênciadamedida.

Por outro lado, apesar do aumento do valor de referência para o valor de referência maiselevadodesdequeestaprestaçãosocial foicriada(5059euros/ano),estefactosóporsinãoaumenta a adesão à medida. Daí que a sua divulgação seja fundamental, para que ospotenciaisbeneficiários saibamqueexisteeque sofreualterações,oque significaquepodepassar a ser beneficiário um idosoque viu a prestação cessadanosúlDmos anos, ou a qualtenhasidoindeferida(nãosóporqueasuacondiçãoderecursospoderáter-sealterado,mastambémnasequênciadasalteraçõeslegislaDvasrecentementeintroduzidas.

O GT assinalou e reforçou o objeDvo do Governo na realização de uma campanha desensibilização para a medida que está a ser ulDmada e que envolverá diferentes canais,designadamente meios de comunicação e meios publicitários, contactos diretos junto depensionistasdasegurançasocialcomprobabilidadedeviremaserbeneficiários,entreoutrosmeiosemestudo.

OGTpropôsaoGovernoaarDculaçãoentreostécnicosdasegurançasocialeosmilitaresdaGNR,noâmbitodasoperaçõesCensosSénior,paraidenDficaçãodepotenciaisbeneficiáriosdoCSI, através de umProtocolo entre o InsDtuto da Segurança Social, I.P. e aGuardaNacionalRepublicana.

Emabrilde2016decorreuemtodooterritórionacionalmaisumaediçãodos“CensosSénior”tendocomoobjeDvo idenDficarapopulação idosaquevive sozinhae/ou isolada.Noanode2015 a Operação “Censos Sénior 2015” sinalizou 39.216 idosos dos quais 23.996 viviamsozinhos,5.205viviamisolados,3.288viviamsozinhoseisoladose6.727seencontravamemsituação de vulnerabilidade fruto de limitações {sicas e/ou psicológicas. Assentando estaoperaçãonumcontactodiretocomaspessoasidosasporpartedasforçasdesegurança,elaétambém uma excelente oportunidade de divulgar o CSI a muitos idosos que podem vir abeneficiardeleeinclusivamentesinalizarpotenciaisbeneficiáriosdestaprestaçãosocial.

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Page 36: Gtprotecaosocial

6. COMBATEÀPOBREZAINFANTIL

6.1.Enquadramento

Ocombateàpobrezadascriançasejovensdeveserpreconizadoatravésdeumaestratégiaquedevecomplementarmedidasdirigidasàscriançaseaosjovens,commedidasquepossibilitemoacréscimodosrecursosdasfamíliasemqueestascriançasestãoinseridas.

Neste contexto importa reconfiguraroabonode família, reforçandoa suaeficáciaenquantomedida de combate à pobreza infanDl, não descurando a sua intervenção no âmbito apromoção da natalidade. Contudo, para interromper o ciclo de pobreza não basta reduzir apobrezamonetária.Torna-se igualmentenecessário“atuarnacriaçãodecondiçõesparaqueascriançaseos jovens tenham igualdadedeoportunidades,oquepressupõeoacessoaumensinodequalidadeeacuidadosdesaúdeadequados” .21

OGoverno,emcumprimentodoseuProgramaaumentouosmontantesdoabonodefamília,doabonopré-nataledamajoraçãoparaasfamíliasmonoparentaisbeneficiáriasdeabonodefamília e de abono pré-natal. Adicionalmente assumiu o compromisso de adotar umaabordagemintegradoranocombateàpobrezainfanDl,“ar0culandodiversasmedidassetoriaisque se devem complementar entre si, potenciando sinergias e apostando em medidas deproximidade, focalizadas nas crianças e jovens e nas suas famílias”, através de medidassetoriaiscomplementaresàsprestaçõesdecombateàpobreza,doladodosistemaeducaDvoedosistemadesaúde.

OGTabordouocombateàpobrezainfanDlprecisamentecomestaperspeDvaintegradaentrediversasáreassetoriais:segurançasocial,educaçãoesaúde.

O combateàpobreza infanDlmais severaé feitoemgrandemedidaatravésdoRendimentoSocial de Inserção, prestação social já estudada anteriormente. Por seu turno o Abono deFamília e aMajoração para FamíliasMonoparentais não se desDnam apenas a famílias empobreza severa, devendo ser, ao nível das prestações sociais, as prestações dirigidas aocombateàpobrezadasfamíliascomcriançasacargo.IstoporqueapobrezainfanDlradicanapobrezadasfamíliaseestassãopobresporqueassuasfamíliassãopobres.

O combate à pobreza infanDl só pode ser efeDvado através de uma políDca integrada derendimentos,eestaconcreDza-seatravésdareposiçãoderendimentossalariais,doaumentodosaláriomínimo,dareversãogradualdosimpostosapóso“enormeaumento”queseassisDunosanosmaisrecentes,dasprestaçõessociaisdecombateàpobrezaedeaçõesnocampodaeducaçãoedasaúde.

Apenas com um conjunto de respostas integradas é possível fazer face a um problema tãocomplexocomoapobrezainfanDl.

6.2.EvoluçãodoAbonodeFamílianosanosrecentes

ProgramadoGoverno.21

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Entre 2011 e 2015 os montantes do abono de família não foram sujeitos a atualizações,mantendo-sedurantetodooperíodocomosseguintesmontantes:

TambémaMajoraçãoparaFamíliasMonoparentaissemanteveentre2012e2015em20%domontantedeabono.

OGráficoseguinterefleteaevoluçãodonúmerodebeneficiáriosdeAbonodeFamíliaentre2012 e 2015 tendo-se assisDdo, apesar das oscilações infra-anuais, jusDficadas pela provaescolar(setembrodecadaano)epeloreenquadramentoanualnosescalões(janeirodecadaano),aumatendênciadediminuiçãoacompanhandoaquelaquefoiaevoluçãodanatalidadenoperíodoemanálise.

<12meses >12meses

1.ºescalão 140,76 35,19

2.ºescalão 116,74 29,19

3.ºescalão 92,29 26,54

Gráfico15.Evoluçãomensaldon.ºdebeneficiáriosdeAbonodeFamília

2012-2015

� Fonte:MTSSS

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6.3.Alteraçõesintroduzidasno1ºsemestrede2016

FaceaoagravamentodapobrezajuntodapopulaçãoinfanDl,oGovernoemcumprimentodoseuProgramaatualizou,atravésdoDecreto-Lein.º2/2016,de6de janeiro,osmontantesdeabono de família para os três escalões de rendimentos (aumentos de 2% a 3,5%) e fezaumentaramajoraçãoatribuídaàsfamíliasmonoparentaisem15p.p.,de20%para35%.

Em sede de Orçamento do Estado de 2016, o parlamento aprovou aumentos adicionais de0,5%dosmontantesdeabonodos2.ºe3.ºescalões.

Oabonodefamíliaparacriançasejovensbeneficiadeumaumentode3,5%parao1.ºescalãoderendimentos,2,5%parao2.ºescalãoe2%parao3.ºescalão.Estesmontantesnãoeramaumentadosdesde2009.

Emsuma,em2016reforçou-se,emtermosreais,aproteçãogaranDdaàsfamíliasportuguesascomcriançasemsituaçãodemaiorvulnerabilidade.

6.4.Hipótesesemestudoparaoreforçodaproteçãodascriançasejovens

2. AbonodeFamília,creches,pré-escolar,centrosdea?vidadesdetemposlivreseamas

Ficou idenDficada no seio doGT a necessidade de ser retomado no 2º semestre de 2016 oestudosobrea reformulaçãodoabonode família,paraque,em funçãodasdisponibilidadesorçamentaisdosanosseguintes,sejaaumentadaaeficáciadestaprestaçãosocialnocombateàpobrezainfanDl.

Aindanoqueserefereaosapoiosacriançasejovens,destaca-senaáreadasegurançasocialoacessoàsrespostassociaisdirigidasà1ªinfância,comoaCreche,ouoacessoaoPré-escolareaoCentrodeaDvidadesdetemposlivres,talcomoprevistonodocumento“PosiçãoconjuntadoPar0doSocialistaedoBlocodeEsquerdasobresoluçãopolí0ca”,emque“Entreoutros,PSeBlocodeEsquerdaidenDficamcomoaspetosemqueépossívelconvergir,independentementedoalcanceprogramáDcodiversodecadaparDdo,comvistaasoluçõesdepolíDca inadiáveis:(...)agaranDa,até2019,doacessoaoensinopré-escolaratodasascriançasaparDrdostrêsanos(…).”

Adicionalmente,eemfunçãododiagnósDcoconhecido,feitoatravésdosindicadorestornadospúblicospeloINEapresentadosanteriormente,oGTconcordounaurgênciadeseradotadoumprograma de combate à pobreza das crianças e jovens, conforme inscrito no Programa doGoverno.Oseixosdeaçãodesteprogramaestãoaindaaserestudados,tendo,porém,jásidoimplementadasalgumasmedidasdereforçodasdesignadasprestaçõesfamiliares,aoníveldoabonodefamíliaedabonificaçãopordeficiência.

Neste âmbito foi equacionada a necessidade de se proceder à definição de uma estratégianacionaldecombateàpobrezainfanDl,conformeseencontrarefleDdonorelatóriodoComité

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dosDireitosdasCrianças,noâmbitodaConvençãosobreosDireitosdasCrianças mediantea22

criação de uma comissão específica pelo Governo, que integre nos termos a definirrepresentantes dos Grupos Parlamentares e personalidades da academia. Caberá a essacomissãomonitorizarasmedidasqueintegramareferidaestratégia.

AtravésdoOrçamentodoEstadopara2016 foiprorrogado,atéagostode2017,oprazoquedeterminava a cessação do enquadramento da aDvidade de ama enquadrada, técnica efinanceiramente pelo ISS, I.P., prevendo-se a reavaliação do regime de acesso à profissão eexercíciodaaDvidadedeamacriadoatravésdoDecreto-lein.º115/2015,de22dejunho.

No que se refere ao combate ao trabalho infanDl, como resultado de várias campanhas deinformação desenvolvidas ao longo dos úlDmos quinze anos em conjunto com os parceirossociaiseoescritóriodeLisboadaOIT,daadoçãodemetodologiasinspeDvascomumprofundoenvolvimento dos parceiros sociais e concomitante censura social do fenómeno do trabalhoinfanDl, o número de menores detetados em situação de trabalho ilegal, em territórioconDnental,temhojeemdiaumaexpressãomuitopoucosignificaDvaemeramenteresidual,deacordocomaAutoridadeparaasCondiçõesdeTrabalho.

TerátambémcontribuídoparaareduçãodaexpressãodotrabalhoinfanDlaimplementaçãodoPIEF – Programa Integrado de Educação e Formação, criado pelo despacho conjunto n.º882/99,doMinistériodaEducaçãoedoTrabalhoedaSolidariedade,edirigidoajovensdos15aos 18 anos que se encontram em risco e/ou perigo de exclusão escolar e social depois deesgotadastodasasoutrasmedidasdeintegraçãoescolar.EmboratenhasurgidocomomedidasocioeducaDvaeformaDvanumcontestodecombateàexploraçãodotrabalhoinfanDl,tem-seconsDtuídocomomedidadecombateaoabandonoescolarprecoce.PertodetrêsmilalunosforamabrangidosporestamedidaaolongodoanoleDvo2012/2013.

3. RefeiçõesescolareseapoiosaosalunosdaAçãoSocialEscolar

De acordo com o estudo mais recente da UNICEF, “A Situação Mundial da Infância 2016”,“apesardeaeducaçãodesempenharumpapelcrucialnaigualdadedeoportunidadesparaascrianças, o número de crianças que não frequentam a escola aumentou desde 2011”. Estemesmo documento, divulgado em junho de 2016, defende que as desigualdades não sãoinevitáveisnemintransponíveis.

Com efeito, os apoios atribuídos no âmbito da ASE são uma ferramenta importante paracombaterasdesigualdadesnacomunidadeescolartalcomofoiassumidonaPosiçãoconjuntado Par0do Socialista e do Bloco de Esquerda sobre solução polí0ca. Em 2015/2016beneficiavamdeAçãoSocialEscolar(ASE),nosescalõesAeB,cercade300000crianças,sendoqueempertode90%dasunidadesorgânicasmaisde25%dosalunostêmASE.

Nestecontextoconsiderou-senoseiodoGTqueemmatériadeeducação,acomparDcipaçãodasrefeiçõesescolaresemperíododefériasparaosalunosdaAçãoSocialEscolar(ASE)éumamedidarelevante,sendojáconcreDzadapormuitasautarquiasnoEnsinoBásico.Comefeito,atualmente há já um conjunto de escolas que solicitam refeições para os seus alunos emperíododeférias.Considerandoostrêsperíodosdeférias leDvas,énoperíododas fériasde

Textosobreas“ObservaçõesfinaissobreoterceiroequartorelatóriosperiódicosdePortugal”.22

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verão, interrupção entre dois anos escolares disDntos, que se regista maior número derefeições: 162 escolas, num universo de 765 que tem refeitórios adjudicados, serviramrefeiçõesa7280alunos. Algumasdestasescolasapenassolicitamoserviçoderefeiçõespara23

viabilizaremaDvidadesprogramadas(porumperíodolimitadodetempoduranteasférias).

O Ministério da Educação reconhece a importância de uma medida de alargamento dacomparDcipaçãodas refeições escolares emperíodode férias para todos os alunos daAçãoSocialEscolar(ASE),numaprimeirafasenasescolasTEIP(TerritóriosEscolaresdeIntervençãoPrioritária)maiscarenciadase,gradualmente,nas restantesescolas.OutramedidaabordadanoseiodoGTcorrespondeàdisponibilizaçãodopequeno-almoçonasescolasparaosalunosdaASE.Àsemelhançadaanterior,oMinistériodaEducaçãoreconhecequeestaéumamedidaquepode,efeDvamente,ajudaraultrapassaralgumasdificuldades impostasàs crianças comorigem em agregados familiares e sociais mais desfavorecidos e cujo estudo importaaprofundar.

OutramedidadeimportânciacrucialéaatribuiçãopelaprimeiravezemPortugaldemanuaisgratuitos.AmedidacriadapeloGovernoabrangerá,jánopróximoanoleDvo,todososalunosdo 1.º ano do 1.º ciclo, prevendo-se o seu alargamento, em prazo, aos restantes anos daescolaridadeobrigatória.Assim,100000criançasque iniciamem2016/2017o seupercursoeducaDvoreceberãoosseusmanuaisgratuitamente.EstamedidatemcustoemorçamentodeEstadoquenãoultrapassaos3milhõesdeeuros.

Outrasmedidas:

• Elaboração de um plano de controlo de qualidade e da quanDdade da comidafornecida em regime de outsourcing nas canDnas escolares, em arDculação com asdiversas enDdades envolvidas, como autarquias, escolas e serviços centrais doMinistériodaEducação.

• Voucher para a compra de livros escolares e dematerial escolar para os alunos dosescalões A e B da ASE de forma a que até ao fim do 1º período todas as criançastenham acesso a todos os materiais que necessitam. Os serviços do Ministério daEducaçãoapresentarãoumrelatóriorelaDvoaosresultadosobDdos,comointuitodecorrigireventuaisdesvios.

Em colaboração com insDtuições de ensino superior, observatório para as migrações eorganizações não governamentais, oMinistério da Educação apresentará um estudo com aidenDficaçãodaszonasdepotencialconflitoparaaintroduçãodemediadoresculturais.

3. Médicodefamília,saúdeoralevisualean?parasitários

Registoreferenteaodia15dejunho.RelaDvamenteàsfériasdeNatal,81escolaspediramapoiopara23

3.071alunos,enquantonasfériasdaPáscoaonúmerodeescolasquefezopedidodesceupara62eodealunospara1955.Estesdadosincluemasrefeiçõesdosalunosqueestãoemperíodocurricular,umavezqueomesmodiferedocalendárioescolar(alunosdeCEFs,cursosprofissionaisecursosvocacionais,etc).

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OGovernoestabeleceucomoprioridade,noseuPrograma,expandiremelhoraracapacidadeda rede de cuidados de saúde primários, prosseguindo o objeDvo de garanDr que todos osportuguesestêmummédicodefamíliaatribuído.NoseiodoGTfoiconsensualanecessidadede ser considerada prioritária a atribuição demédico de família às crianças até ao final de2018.

Foi igualmente abordada no seio do GT a importância de implementação de medidas quedisponibilizemàscriançasejovensumacompanhamentonasmatériasdemedicinadentáriaeo�almologia.

Nesteâmbitoassume-secomoprioritáriaadotaçãodoscuidadosdesaúdeprimárioscomumnovoDpoderespostas,nomeadamenteaampliaçãoemelhoriadacoberturadoSNSnasáreasdaSaúdeOraledaSaúdeVisual.

OGTreuniráemjulhode2017,apósosresultados iniciaisda implementaçãodosProgramasNacionais de Promoção de Saúde Oral (PNPSO) e para a Saúde da Visão (PNSV), a fim deencontrarasformasadequadasdeapoioàscriançasemriscodepobrezaquepossamprecisardeapoionestasáreas.

PorúlDmo,emmatériadesaúde,foiabordadanoseiodoGTaproblemáDcarelacionadacomoacessoaosmedicamentosanDparasitários,comespecialenfoquenascriançaseadolescentes.Reconhecidasasvantagensparaasaúdepúblicadestamedida,oMinistériodaSaúdesolicitouaelaboraçãodeumaNormadeOrientaçãoClínicaàDirecção-GeraldaSaúde,sobreaqualoINFARMED irá realizar uma avaliação económico-financeira das medidas propostas paraeventualtomadadedecisãopoliDcaemsededepreparaçãodosOrçamentosdoEstado.

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7. Sistema?zaçãodasmedidasemestudonasváriasáreas

Para além das medidas sistemaDzadas ao longo do relatório, o GT abordará as seguintestemáDcas:

• Estudoecaracterizaçãodassituaçõesdedesempregodelongaduraçãoepropostademedidasdeapoioaosdesempregadosdelongaduração.

• Avaliação dos protocolos das CanDnas Sociais e de formas alternaDvas, eficientes eeficazesdecombateàcarênciaalimentardasfamílias.

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8. Anexo A: Rendimento Social de Inserção – quadro síntese dalegislaçãoemvigor

Lein.º13/2003,de21demaioRevogaorendimentomínimogaranDdoprevistonaLein.º19-A/96, de 29 de junho, e cria o rendimento social deinserção.

DeclaraçãodeReDficaçãon.º7/2003,de29demaio

RepublicaaLein.º13/2003,de21demaio.

Despachon.º1810/2004,de27dejaneiro

Define a forma de consDtuição, de organização e acomposição dos Núcleos Locais de Inserção, bem como oapoioadministraDvoefinanceiro.

Lein.º45/2005de29deagosto

Primeira alteração à Lei n.º 13/2003, de 21 deMaio, querevogaorendimentomínimogaranDdo,previstonaLein.º19-A/96, de 29 de junho, e cria o rendimento social deinserção.

Despachon.º451/2007,de10dejaneiro

EstabeleceasregrasdedesenvolvimentoeaexecuçãodosprotocolosacelebrarentreosCentrosDistritaisdoISS,IPeIPSS ou equiparadas, designadamente, critérios decelebração,obrigaçõesdasenDdades,cláusulasderescisãoeaoscustosafinanciar.Anexaummodelodeprotocolo.

Decreto-lein.º133/2012,de27dejunho

Altera os regimes jurídicos de proteção social naseventualidades de doença, maternidade, paternidade eadoção e morte previstas no sistema previdencial, deencargosfamiliaresdosubsistemadeproteçãofamiliaredorendimentosocialdeinserção,oregimejurídicoqueregulaa resDtuiçãodeprestações indevidamentepagasea leidacondição de recursos, no âmbito do sistemade segurançasocial,eoestatutodaspensõesdesobrevivênciaeoregimejurídico de proteção social na eventualidade dematernidade, paternidade e adoção no âmbito do regimedeproteçãosocialconvergente.

Portarian.º257/2012,de27deagosto

EstabeleceasnormasdeexecuçãodaLein.º13/2003,de21de maio, que insDtui o rendimento social de inserção, eprocedeàfixaçãodovalordorendimentosocialdeinserção(RSI).

Decreto-Lein.º221/2012,de12deoutubro

Regula o desenvolvimento da aDvidade socialmente úDl aque se encontram obrigados os Dtulares do rendimentosocial de inserção e os membros do respeDvo agregadofamiliar.

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Decreto-lein.º13/2013,de25dejaneiro

Altera os regimes jurídicos de proteção social nodesemprego, morte, dependência, rendimento social deinserção, complemento sol idário para idosos ecomplementoporcônjugeacargo,dosistemadesegurançasocial.

Decreto-lein.º1/2016,de6dejaneiro

AlteraaescaladeequivalênciaaplicávelàdeterminaçãodomontantedoRendimentoSocialdeInserção(RSI)aatribuir,previstanaLein.º13/2003,de21demaioeatualizaovalordereferênciadoRSI, indexadoaovalordo IAS,previstonaPortarian.º257/2012,de27deagosto.

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9. AnexoB:CenáriosRSI-es?ma?vasdeimpactonadespesa

Obje?vo:es?maroimpactonadespesadeduashipóteses/cenáriosdeatualizaçãodovalordereferênciadoRSIconvergentecomovalorbasedapensãosocial.

a) Importa começar por projetar a evolução do valor da Pensão Social. De acordo com omecanismodeatualizaçãodaspensões, consagradonoDecreto-Lei53-B/2006,de29dedezembro,aPensãoSocialéatualizadapelovalordainflação,semhabitação,conhecidonofinal do ano anterior ao que se aplica a atualização. Por simplificação, usou-se comovaloresparaainflaçãoaquelesqueconstamdocenáriomacroeconómicodoProgramadeEstabilidade.

Nestestermos,ovalorbasedaPensãoSocialteráaseguinteevolução:

b) PressupondoquehaveriaumaconvergênciacomovalordaPensãoSocialem1/3acadaano(istoé,1/3dadiferençadeRSI2016paraaPSem2017,2/3dadiferençaem2018e3/3em2019),ovalordoRSIevoluiriaassim:

c) Uma primeira ordem de impactos decorreria da atualização da prestação dos atuaisbeneficiáriosde2016,queseesperamviraaDngiros240milnofinaldoano(cf.ProgramaNacionaldeReformas).

i) O impacto da atualização é diferenciado de acordo com o peso com quecontribuem para a capitação do valor RSI (1 para o Dtular, 0,7 para restantesadultos e 0,5 para crianças). Em termos médios, os beneficiários de 2011distribuíram-sedaseguinteforma(optou-sepor2011porseroúlDmoanoemquevigorouaescaladeequivalênciaagorarepostapeloatualGoverno):

2016 2017 2018 2019

IPC n (via PE) 1,2 1,6 1,7 1,8

IPC n-1 1,2 1,6 1,7

Pensão social 202,34 204,77 208,05 211,59

2016 2017 2018 2019

Dif. RSI 2016 face à PS ano n 23,78 27,06 30,60

Acréscimo faceaoRSI2016

7,93 18,04 30,60

RSI 180,99 188,92 199,03 211,59

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ii) Oimpactocomostockdebeneficiáriosdofinalde2016corresponderia,então,àanualizaçãodosencargadosadicionaisdecorrentesdossucessivosacréscimosfacea2016,conformeprojetadosnaalíneab),e tendoemcontaa formacomocadaDpo de beneficiário absorve esse acréscimo (100% para o Dtular, 70% pararestantesadultose50%paramenores).

Daquiresultariamosseguintesimpactosanuais:

d) Uma segunda ordem de impactos corresponderia aos novos beneficiários que entrarãoapós 2016 por força da atualização do valor do RSI (um valor mais elevado alarga ouniversodepotenciaisbeneficiáriosdaprestação).

i) Importa começar por definir que rendimentos se espera que estes novosbeneficiáriosapresentem.Tendoemcontaquesãonovosbeneficiáriosporqueoaumento do valor RSI lhes permiDu serem abrangidos pela medida, o seurendimentonuncapoderá ser inferior ao limitequeonovo valorRSI impõe, emfunçãodascomposiçõesdassuasfamílias.Casocontrário,játeriamfeitopartedostock inicial de 240 mil. É de supor, portanto, que se distribuam ao longo dointervalolimitadopeloanteriorepelonovovalorRSI.Paraefeitosdesteexercício,foiassumidoque,emtermosmédios,teriamrendimentosaoníveldopontomédiodesse intervalo. Significa isto que a prestação que teriam corresponderia aodiferencial entre esse pontomédio e o novo valor RSI, a cada ano. O esquemaseguintemostraoexemplodopressupostoparaumindivíduoisolado.

Estruturamédiaem2011Estrutura aplicada aos 240mil beneficiários expectáveisnofinalde2016

Titulares 37.6% 90 153

Restantesadultos 24.3% 58 432

Menoresdeidade 38.1% 91 415

2017 2018 2019

Impactosexclusivamentedecorrentesdasatualizaçõesdasprestaçõesdostockdebeneficiáriosnofinalde2016

16,8M€ 38,3M€ 64,9M€

ValorRSIn-1 ValorRSIn

PrestaçãoRendimentos

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ii) Paraovolumedeentradasdenovosbeneficiáriosaolongodoperíodo,assume-sequeestaéfeitanosseguintestermos:15milem2017,20milem2018e25milem2019,totalizando60milentradas,oquelevaaumuniversototaldebeneficiáriosna ordem 300 mil, próximo dos níveis de cobertura anteriores às alteraçõesrealizadaspelogovernoPSD/CDS.

iii) Estas novas entradas foram distribuídas pela estrutura de Dtulares, restantesadultosemenoresdeidade,deacordocomopadrãojáuDlizadonaalíneac-i).

iv) Noanodeentrada(porex.,em2017),calcula-seoimpactomensaldaprestação–ovolumedeentradadaalínead-ii)mulDplicadopelovalordaprestaçãoassumidonaalínead-i)–emulDplica-sepelofator0,5416(assumindo-sequeovolumeanualdeentradassedistribuideformaigualportodososmesesdoano).Esteimpactoanual é depois incrementadonos anos seguintes, como se deumnovo stock setratasse,nosmesmostermosdoexercíciolevadoacabonaalíneac-ii).Erepete-seomesmoparaasentradasemanosseguintes.

v) No final deste processo os impactos esDmados com a entrada de novosbeneficiáriosseriamosseguintes:

e) Finalmente,congregandoasduasordensdeimpactos,emtermosdeimpactostotaisdestecenáriodeestudo:

2017 2018 2019

ImpactosexclusivamentedecorrentesdocrescimentodouniversodebeneficiáriosemfunçãodoaumentodovalorRSI

0,3M€ 2,3M€ 7,8M€

2017 2018 2019

IMPACTOSTOTAIS(contrafactual:cenáriosemalterações–“nopolicychange”) 17,1M€ 40,6M€ 72,8M€

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