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A IMAGINAÇÃO ATIVA E A PRÁTICA TERAPÊUTICA Charles Alberto Resende Psicólogo CRP 6-99598

A imaginação ativa e a prática terapêutica

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Page 1: A imaginação ativa e a prática terapêutica

A IMAGINAÇÃO ATIVA E A PRÁTICA

TERAPÊUTICA

Charles Alberto Resende Psicólogo CRP 6-99598

Page 2: A imaginação ativa e a prática terapêutica

Sumário

Introdução – A importância da IA

Dinâmica do inconsciente

Conceito de imaginação ativa

Indicações

Efeitos sobre o praticante

Intervalo

O método

A vivência

A imaginação ativa na literatura e no cinema

Citações

Page 3: A imaginação ativa e a prática terapêutica

A importância da imaginação ativa

“Jung diz em suas Cartas que entrar no sonho e fazer um trabalho de imaginação ativa é a

segunda metade da análise e que, sem imaginação ativa, ninguém pode jamais tornar-

se independente de um psicoterapeuta.” (MINDELL, 1989, p. 130)

Page 4: A imaginação ativa e a prática terapêutica

A importância da imaginação ativa

“Por intermédio dos processos fortuitos do condicionamento

social fomos levados a aprender demais algumas poucas características, que agora identificamos como

sendo nós mesmos [...], excluímos a porção maior da nossa natureza multidimensional;

tornamo-nos unidimensionais.” (ROSSI, 1982, p. 24)

Page 5: A imaginação ativa e a prática terapêutica

Dinâmica do inconsciente

Princípio concebido por Jung: autonomia do Ics

Energia do Ics x energia da Cs

EGO

CONSCIÊNCIA

INCONSCIENTE

PESSOAL

SI-MESMO

INCONSCIENTE

COLETIVO

ARQUÉTIPO

COMPLEXO

Page 6: A imaginação ativa e a prática terapêutica
Page 7: A imaginação ativa e a prática terapêutica

Dinâmica do inconsciente

Repressão de conteúdos conscientes

Sua energia vai para o inconsciente (este ganha autonomia)

ENERGIA Ψ COMPLEXO

TORNADO

INCONSCIENTE

Page 8: A imaginação ativa e a prática terapêutica

Dinâmica do inconsciente

Conscientização do complexo

Sua energia vai para a Cs (ego ganha autonomia)

COMPLEXO

TORNADO

CONSCIENTE

ENERGIA Ψ

Page 9: A imaginação ativa e a prática terapêutica

Dinâmica do inconsciente

Vivência da autonomia do Ics

Imagine um quadrado amarelo perfeito;

Mantenha-o parado na sua visão interior (se quiser pode “segurá-lo” com os dedos) por trinta segundos;

Perceba o que ocorre enquanto tenta mantê-lo parado;

Discussão da experiência: quem dominou ou não o quadrado

Page 10: A imaginação ativa e a prática terapêutica

Conceito de imaginação ativa

Fantasia > phantasía (grego) > “fazer visível”

IA: encontrar imagens e dialogar com elas (sentimento)

IA: entrar na ação, na aventura ou no conflito cuja história se desenrola na imaginação

Confluência da Cs e do Ics

Imaginação ativa x fantasia passiva

Page 11: A imaginação ativa e a prática terapêutica

Conceito de imaginação ativa

“Jung afirmou que o indivíduo devia tratar as fantasias inteiramente de forma literal enquanto

estava empenhado nelas, mas de forma simbólica quando as interpretava.”

(SHAMDASANI apud JUNG, 2010, p. 217)

Page 12: A imaginação ativa e a prática terapêutica

Conceito de imaginação ativa

Estabelecimento do eixo ego-Self

Na IA existe uma dinâmica de troca entre Cs e Ics

ENERGIA DA

Cs E DO Ics

EQUILIBRADA

EGO

TROCAS

ENERGÉTICAS

DA Cs E DO Ics

EIXO EGO-SELF

Page 13: A imaginação ativa e a prática terapêutica

Conceito de imaginação ativa

“[...] é praticamente impossível produzir qualquer coisa na imaginação que não seja uma

representação autêntica de alguma coisa do Ics. A função integral da imaginação é trazer o material

do Ics, vesti-lo com imagens e transmiti-lo à mente Cs. [...] Mesmo que uma pessoa seja leviana

e, deliberadamente, tente inventar algo, forjar alguma coisa boba e estúpida, imaginar uma mera ficção, o material que vem através da imaginação

ainda representa alguma parte escondida do indivíduo.” (JOHNSON, 1989, p. 167)

Page 14: A imaginação ativa e a prática terapêutica

Verdadeira questão:

Autenticidade

das imagens

O que fazer

com elas?

Conceito de imaginação ativa

Page 15: A imaginação ativa e a prática terapêutica

Indicações

“Os materiais Ics [são] necessários para completar a atitude Cs e corrigir-lhe a parcialidade. Mas,

como a tensão de energia [é] baixa no sonho, os sonhos [são] expressões inferiores de conteúdos

Ics. Por isso [é] preciso recorrer a [...] fantasias espontâneas.”

“Jung afirmava que a pessoa precisava separar-se do Ics, apresentando-o visivelmente como algo

separado dela. Era essencial distinguir o eu do não eu, ou seja, a psique coletiva [...].”

(SHAMDASANI apud JUNG, 2010, p. 209)

Page 16: A imaginação ativa e a prática terapêutica

Indicações

“O indivíduo intelectualmente orientado [...] passará ao uso excessivo de palavras,

pensamentos e associações livres. Para tais indivíduos o irromper [...] requer contato com o

novo na forma de imagenia e sentimento. [...] No indivíduo dominado pelo afeto [...] a imagenia

torna-se viva demais e as emoções despertadas tendem a fugir ao controle. [...] Necessitarão da

visualização de imagens cuidadosamente organizadas e guiadas na direção do diálogo e

cognição.” (ROSSI, 1982, p. 204)

Page 17: A imaginação ativa e a prática terapêutica

Vivências imaginativas

Indicadas para egos impermeáveis ao inconsciente (intelectualmente orientados)

EGO

Ics (mais carregado)

Impulsos do Ics

Vida não criativa (tédio)

Indicações

“O indivíduo

intelectualmente

orientado [...] passará ao

uso excessivo de

palavras, pensamentos e

associações livres. Para

tais indivíduos o irromper

[...] requer contato com o

novo na forma de

imagenia e sentimento.

Page 18: A imaginação ativa e a prática terapêutica

Efeito das vivências sobre egos impermeáveis

EGO

Ics (menos carregado)

Impulsos do Ics

Indicações

Page 19: A imaginação ativa e a prática terapêutica

Análise das vivências

Indicadas para egos excessivamente permeáveis aos impulsos inconscientes ou que não dão atenção ao Ics

EGO

Ics

Impulsos do Ics

Viver na fantasia

Sem contato com a realidade

Indicações

“No indivíduo dominado pelo

afeto [...] a imagenia torna-se

viva demais e as emoções

despertadas tendem a fugir ao

controle. [...] Necessitarão da

visualização de imagens

cuidadosamente organizadas e

guiadas na direção do diálogo e

cognição.”

Page 20: A imaginação ativa e a prática terapêutica

Efeito da interpretação sobre egos muito permeáveis

EGO

Ics

Impulsos do Ics

Indicações

Page 21: A imaginação ativa e a prática terapêutica

Efeitos sobre o praticante

Menor frequência dos sonhos

Diminuição das fantasias passivas (alívio da pressão interna)

Sonhos repetitivos > sonhos não repetitivos

Pesadelos > sonhos menos intensos

Sonhos cotidianos > sonhos mais criativos * “>” = se transforma em

Page 22: A imaginação ativa e a prática terapêutica

Efeitos sobre o praticante

Vivências pessoais

Sonhos com animais falantes

Extensão da IA a outros momentos

Espontaneidade e maior extroversão (em um introvertido)

Intervenções de “vozes” (pensamentos autônomos) em estados de humor ou a sugerir possibilidades

Page 23: A imaginação ativa e a prática terapêutica

Se houver sinais de que o Ics está muito mobilizado (Ex: sintomas típicos de psicose) a IA

não deve ocorrer na forma de encontro ou aventura, mas de expressão artística das

imagens interiores (pintura, música, poesia, etc.). Isso objetivará o Ics, separando-o do ego perturbado, o que o fortalecerá. Uma análise mais ou menos longa também cumprirá esse

objetivo. Fazer IA nesses casos poderá ocasionar uma extensão da fantasia à vida do sujeito,

prejudicando seu senso de realidade.

Efeitos sobre o praticante

Page 24: A imaginação ativa e a prática terapêutica

O método

1. Importância do registro

Simultâneo (escrever, relatar alto, etc.)

Posterior (escrever, ilus- trar, esculpir, etc.)

2. Convidar

3. Dialogar e vivenciar

4. Acrescentar o ele- mento ético dos valores

5. Concretizar pelo ritual físico

Page 25: A imaginação ativa e a prática terapêutica

O método

1. Importância da escrita

Protege de cair na fantasia passiva

Ajuda na concentração

Ajuda a ter uma experiência mais profunda

Não pensar sobre o significado (tentativa de controle)

IA: uso igualitário das funções (Ss, In, St e Ps)

Page 26: A imaginação ativa e a prática terapêutica

O método

2. Convite

Sem expectativas ou pré-condições

Interagir com o que surgir

Partir do vácuo, de uma emoção, de um sonho ou ir a um lugar para encontrar alguém

Page 27: A imaginação ativa e a prática terapêutica

O método

3. Dialogar e vivenciar

Deixar que as figuras tenham vida própria (Ics > Cs)

Perguntar o que ela quer falar ou fazer (Ics > Cs)

Disposição de escutar (Ics > Cs)

Fazer perguntas (Cs > Ics)

Expressar sentimentos (Cs > Ics)

Replicar (Cs > Ics)

Não pensar sobre o significado das imagens (pode nos levar a dirigi-la) (Ics > Cs)

* “>” = influenciar

Page 28: A imaginação ativa e a prática terapêutica

O método

3. Dialogar e vivenciar

“Quando se fica prisioneiro no turbilhão emocional de um conflito, pode-se aprender a experienciar a própria

identidade em outro nível de consciência, e desta maneira resolver o

turbilhão no nível inferior.” (ROSSI, 1982, p. 187)

Page 29: A imaginação ativa e a prática terapêutica

O método

3. Dialogar e vivenciar

“Se o seu ego estiver realmente se dirigindo às figuras interiores e

interagindo com elas, então haverá uma experiência contínua, coerente, com as

figuras originais. Não fique inerte enquanto sua mente voa de uma

imagem a outra, como de um “clip” de filme a outro.” (JOHNSON, 1989, p. 198)

Page 30: A imaginação ativa e a prática terapêutica

O método

3. Dialogar e vivenciar

Não deixe as figuras mudarem enquanto essa transformação não for o

esgotamento de suas ações e diálogos com elas, enquanto não tiver

interagido o suficiente para conhecê-las e sentir que

pode se despedir.

Page 31: A imaginação ativa e a prática terapêutica

O método

3. Dialogar e vivenciar

Se surgir a imagem de algum conhecido peça para

mudar a aparência. A IA com pessoas conhecidas pode ter um efeito imprevisível sobre

seu relacionamento com elas, tornando-o forte e

inconscientemente vinculado a elas.

Page 32: A imaginação ativa e a prática terapêutica

O método

4. Os valores

“O fato de manter-se passivo na fantasia exprime simplesmente sua

atitude geral em relação à atividade do inconsciente. [...] Ele

aceita sem discutir esses sentimentos negativos que no

fundo são autossugestões.” Jung (1987, p. 90)

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O método

4. Os valores

“[...] a eles [os arquétipos] interessa [...] que todos os temas arquetípicos sejam encarnados na vida humana.” Eles não querem saber se isso causa

ou não danos ou se esmagam valores nesse processo. (Continua...)

Page 34: A imaginação ativa e a prática terapêutica

O método

não qualificadas pelos valores humanos de compaixão, delicadeza, identificação com a vítima,

afinidade amorosa ou senso de justiça.” (JOHNSON, 1989, p. 212)

4. Os valores

“Os arquétipos primordiais [...] são [...]

forças impessoais e

amorais da natureza

Page 35: A imaginação ativa e a prática terapêutica

O método

5. Os valores

Arquétipos: forças impessoais e amorais da natureza

Desafio ao ego: responder e defender valores como honestidade e compromisso

Não dominar nem se permitir ser dominado

“Nada melhor para iniciar um diálogo rapidamente, ou em um nível mais

profundo, do que a expressão dos sentimentos.”

(JOHNSON, 1989, p. 198)

Page 36: A imaginação ativa e a prática terapêutica

O método

5. Os valores

“Uma confrontação bem-sucedida com forças negativas inicia uma

expansão da consciência e a psicossíntese de uma nova

identidade.”

(ROSSI, 1982, p. 97)

Encerre com uma despedida ou um protocolo pessoal: isso

valoriza o Ics

Page 37: A imaginação ativa e a prática terapêutica

O método

6. Os rituais

Estágio de maior discernimento > tornar a IA concreta

Se assunto da IA = Situação cotidiana > Exteriorização da fantasia (difícil diferenciar interior/exterior e ritualização)

O ritual é outro nível de resposta ao Ics

Ritualize e faça algo que represente a vivência da imaginação ativa

Page 38: A imaginação ativa e a prática terapêutica

A vivência

Material: lápis/caneta e papel para anotação.

Desligar luzes

Relaxamento

Escolha uma imagem de sonho ou de fantasia ou um sentimento

Descreva tudo o que ocorrer no papel

Início da imaginação ativa

Término da imaginação ativa

Discussão (desenhar e colorir depois)

Page 39: A imaginação ativa e a prática terapêutica

A IA na literatura e no cinema

Filmes: “Alice no país das maravilhas” – ver artigo em www.apsiqueeomundo.blogspot.com.br ,

“Paixões paralelas”, “A origem”, “O labirinto do fauno”, “Avatar”, sobre Peter Pan, Pinóquio, etc.

Livros: “A divina comédia”, “Fausto”, “Zarathustra”, etc.

Page 40: A imaginação ativa e a prática terapêutica

“O mais importante é diferenciar o consciente do conteúdo do

inconsciente. É necessário, por assim dizer, isolar esses últimos, e

o modo mais fácil de fazê-lo é personificá-los, estabelecendo

depois, a partir da consciência, um contato com essas personagens. Apenas dessa maneira é possível diminuir-lhes a potência, sem o

que irão exercer seu poder sobre o consciente.” (JUNG, 1991, p. 172)

Page 41: A imaginação ativa e a prática terapêutica

“É preciso coragem para ir até o lado ‘mau’ de nós mesmos, e considerar que pode ter um papel construtivo a desempenhar na nossa vida. É preciso coragem para olhar diretamente a fragmentação de nossos desejos e ansiedades. Um lado parece dizer sim, enquanto o outro diz não, com veemência. Um lado da minha psique pede relacionamento, segurança e estabilidade.

(continua no próximo >)

Page 42: A imaginação ativa e a prática terapêutica

“O outro quer partir para as heroicas cruzadas, anseia grandes aventuras em lugares exóticos, viajar para o outro lado do mundo e viver como cigano. Já uma outra personalidade quer construir um império e consolidar seus sistemas de poder. Por vezes, essa discussão parece não ter solução e nos sentimos dilacerados pelos conflitos entre desejos, deveres e obrigações.”

Johnson (1989, p. 47)

Page 43: A imaginação ativa e a prática terapêutica

“Aproveitar a fantasia é uma maneira de converter a fantasia

passiva em IA. [...] Este método [...] é especialmente útil quando a pessoa tem muito material de

fantasia. A IA vai diminuir a quantidade e a intensidade de fantasia, aliviando a pressão

interna. [...] Quando um grande número de fantasias o invade,

muitas vezes isso significa que você não está dando

atenção suficiente ao Ics.”

Johnson (1989, p. 186)

Page 44: A imaginação ativa e a prática terapêutica

JOHNSON, Robert A. Innerwork (Imaginação ativa). São Paulo: Mercuryo, 1989.

JUNG, Carl Gustav. Memórias, sonhos e reflexões. São Paulo: Círculo do Livro, 1991.

____. O eu e o inconsciente. Petrópolis: Vozes, 1987.

____. O livro vermelho. Petrópolis: Vozes, 2010.

KAST, Verena. A imaginação como espaço de liberdade. São Paulo: Loyola, 1997.

MINDELL, Arnold. O corpo onírico. São Paulo: Summus, 1989.

ROSSI, Ernest Lawrence. Os sonhos e o desenvolvimento da personalidade. São Paulo: Summus, 1982.

Referências

Page 45: A imaginação ativa e a prática terapêutica

Contato

CHARLES ALBERTO RESENDE

CRP 6-99598

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(12) 9734 9729