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Fonte: www.apsiqueeomundo.blogspot.com
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A IMAGINAÇÃO ATIVA E A PRÁTICA
TERAPÊUTICA
Charles Alberto Resende Psicólogo CRP 6-99598
Sumário
Introdução – A importância da IA
Dinâmica do inconsciente
Conceito de imaginação ativa
Indicações
Efeitos sobre o praticante
Intervalo
O método
A vivência
A imaginação ativa na literatura e no cinema
Citações
A importância da imaginação ativa
“Jung diz em suas Cartas que entrar no sonho e fazer um trabalho de imaginação ativa é a
segunda metade da análise e que, sem imaginação ativa, ninguém pode jamais tornar-
se independente de um psicoterapeuta.” (MINDELL, 1989, p. 130)
A importância da imaginação ativa
“Por intermédio dos processos fortuitos do condicionamento
social fomos levados a aprender demais algumas poucas características, que agora identificamos como
sendo nós mesmos [...], excluímos a porção maior da nossa natureza multidimensional;
tornamo-nos unidimensionais.” (ROSSI, 1982, p. 24)
Dinâmica do inconsciente
Princípio concebido por Jung: autonomia do Ics
Energia do Ics x energia da Cs
EGO
CONSCIÊNCIA
INCONSCIENTE
PESSOAL
SI-MESMO
INCONSCIENTE
COLETIVO
ARQUÉTIPO
COMPLEXO
Dinâmica do inconsciente
Repressão de conteúdos conscientes
Sua energia vai para o inconsciente (este ganha autonomia)
ENERGIA Ψ COMPLEXO
TORNADO
INCONSCIENTE
Dinâmica do inconsciente
Conscientização do complexo
Sua energia vai para a Cs (ego ganha autonomia)
COMPLEXO
TORNADO
CONSCIENTE
ENERGIA Ψ
Dinâmica do inconsciente
Vivência da autonomia do Ics
Imagine um quadrado amarelo perfeito;
Mantenha-o parado na sua visão interior (se quiser pode “segurá-lo” com os dedos) por trinta segundos;
Perceba o que ocorre enquanto tenta mantê-lo parado;
Discussão da experiência: quem dominou ou não o quadrado
Conceito de imaginação ativa
Fantasia > phantasía (grego) > “fazer visível”
IA: encontrar imagens e dialogar com elas (sentimento)
IA: entrar na ação, na aventura ou no conflito cuja história se desenrola na imaginação
Confluência da Cs e do Ics
Imaginação ativa x fantasia passiva
Conceito de imaginação ativa
“Jung afirmou que o indivíduo devia tratar as fantasias inteiramente de forma literal enquanto
estava empenhado nelas, mas de forma simbólica quando as interpretava.”
(SHAMDASANI apud JUNG, 2010, p. 217)
Conceito de imaginação ativa
Estabelecimento do eixo ego-Self
Na IA existe uma dinâmica de troca entre Cs e Ics
ENERGIA DA
Cs E DO Ics
EQUILIBRADA
EGO
TROCAS
ENERGÉTICAS
DA Cs E DO Ics
EIXO EGO-SELF
Conceito de imaginação ativa
“[...] é praticamente impossível produzir qualquer coisa na imaginação que não seja uma
representação autêntica de alguma coisa do Ics. A função integral da imaginação é trazer o material
do Ics, vesti-lo com imagens e transmiti-lo à mente Cs. [...] Mesmo que uma pessoa seja leviana
e, deliberadamente, tente inventar algo, forjar alguma coisa boba e estúpida, imaginar uma mera ficção, o material que vem através da imaginação
ainda representa alguma parte escondida do indivíduo.” (JOHNSON, 1989, p. 167)
Verdadeira questão:
Autenticidade
das imagens
O que fazer
com elas?
Conceito de imaginação ativa
Indicações
“Os materiais Ics [são] necessários para completar a atitude Cs e corrigir-lhe a parcialidade. Mas,
como a tensão de energia [é] baixa no sonho, os sonhos [são] expressões inferiores de conteúdos
Ics. Por isso [é] preciso recorrer a [...] fantasias espontâneas.”
“Jung afirmava que a pessoa precisava separar-se do Ics, apresentando-o visivelmente como algo
separado dela. Era essencial distinguir o eu do não eu, ou seja, a psique coletiva [...].”
(SHAMDASANI apud JUNG, 2010, p. 209)
Indicações
“O indivíduo intelectualmente orientado [...] passará ao uso excessivo de palavras,
pensamentos e associações livres. Para tais indivíduos o irromper [...] requer contato com o
novo na forma de imagenia e sentimento. [...] No indivíduo dominado pelo afeto [...] a imagenia
torna-se viva demais e as emoções despertadas tendem a fugir ao controle. [...] Necessitarão da
visualização de imagens cuidadosamente organizadas e guiadas na direção do diálogo e
cognição.” (ROSSI, 1982, p. 204)
Vivências imaginativas
Indicadas para egos impermeáveis ao inconsciente (intelectualmente orientados)
EGO
Ics (mais carregado)
Impulsos do Ics
Vida não criativa (tédio)
Indicações
“O indivíduo
intelectualmente
orientado [...] passará ao
uso excessivo de
palavras, pensamentos e
associações livres. Para
tais indivíduos o irromper
[...] requer contato com o
novo na forma de
imagenia e sentimento.
Efeito das vivências sobre egos impermeáveis
EGO
Ics (menos carregado)
Impulsos do Ics
Indicações
Análise das vivências
Indicadas para egos excessivamente permeáveis aos impulsos inconscientes ou que não dão atenção ao Ics
EGO
Ics
Impulsos do Ics
Viver na fantasia
Sem contato com a realidade
Indicações
“No indivíduo dominado pelo
afeto [...] a imagenia torna-se
viva demais e as emoções
despertadas tendem a fugir ao
controle. [...] Necessitarão da
visualização de imagens
cuidadosamente organizadas e
guiadas na direção do diálogo e
cognição.”
Efeito da interpretação sobre egos muito permeáveis
EGO
Ics
Impulsos do Ics
Indicações
Efeitos sobre o praticante
Menor frequência dos sonhos
Diminuição das fantasias passivas (alívio da pressão interna)
Sonhos repetitivos > sonhos não repetitivos
Pesadelos > sonhos menos intensos
Sonhos cotidianos > sonhos mais criativos * “>” = se transforma em
Efeitos sobre o praticante
Vivências pessoais
Sonhos com animais falantes
Extensão da IA a outros momentos
Espontaneidade e maior extroversão (em um introvertido)
Intervenções de “vozes” (pensamentos autônomos) em estados de humor ou a sugerir possibilidades
Se houver sinais de que o Ics está muito mobilizado (Ex: sintomas típicos de psicose) a IA
não deve ocorrer na forma de encontro ou aventura, mas de expressão artística das
imagens interiores (pintura, música, poesia, etc.). Isso objetivará o Ics, separando-o do ego perturbado, o que o fortalecerá. Uma análise mais ou menos longa também cumprirá esse
objetivo. Fazer IA nesses casos poderá ocasionar uma extensão da fantasia à vida do sujeito,
prejudicando seu senso de realidade.
Efeitos sobre o praticante
O método
1. Importância do registro
Simultâneo (escrever, relatar alto, etc.)
Posterior (escrever, ilus- trar, esculpir, etc.)
2. Convidar
3. Dialogar e vivenciar
4. Acrescentar o ele- mento ético dos valores
5. Concretizar pelo ritual físico
O método
1. Importância da escrita
Protege de cair na fantasia passiva
Ajuda na concentração
Ajuda a ter uma experiência mais profunda
Não pensar sobre o significado (tentativa de controle)
IA: uso igualitário das funções (Ss, In, St e Ps)
O método
2. Convite
Sem expectativas ou pré-condições
Interagir com o que surgir
Partir do vácuo, de uma emoção, de um sonho ou ir a um lugar para encontrar alguém
O método
3. Dialogar e vivenciar
Deixar que as figuras tenham vida própria (Ics > Cs)
Perguntar o que ela quer falar ou fazer (Ics > Cs)
Disposição de escutar (Ics > Cs)
Fazer perguntas (Cs > Ics)
Expressar sentimentos (Cs > Ics)
Replicar (Cs > Ics)
Não pensar sobre o significado das imagens (pode nos levar a dirigi-la) (Ics > Cs)
* “>” = influenciar
O método
3. Dialogar e vivenciar
“Quando se fica prisioneiro no turbilhão emocional de um conflito, pode-se aprender a experienciar a própria
identidade em outro nível de consciência, e desta maneira resolver o
turbilhão no nível inferior.” (ROSSI, 1982, p. 187)
O método
3. Dialogar e vivenciar
“Se o seu ego estiver realmente se dirigindo às figuras interiores e
interagindo com elas, então haverá uma experiência contínua, coerente, com as
figuras originais. Não fique inerte enquanto sua mente voa de uma
imagem a outra, como de um “clip” de filme a outro.” (JOHNSON, 1989, p. 198)
O método
3. Dialogar e vivenciar
Não deixe as figuras mudarem enquanto essa transformação não for o
esgotamento de suas ações e diálogos com elas, enquanto não tiver
interagido o suficiente para conhecê-las e sentir que
pode se despedir.
O método
3. Dialogar e vivenciar
Se surgir a imagem de algum conhecido peça para
mudar a aparência. A IA com pessoas conhecidas pode ter um efeito imprevisível sobre
seu relacionamento com elas, tornando-o forte e
inconscientemente vinculado a elas.
O método
4. Os valores
“O fato de manter-se passivo na fantasia exprime simplesmente sua
atitude geral em relação à atividade do inconsciente. [...] Ele
aceita sem discutir esses sentimentos negativos que no
fundo são autossugestões.” Jung (1987, p. 90)
O método
4. Os valores
“[...] a eles [os arquétipos] interessa [...] que todos os temas arquetípicos sejam encarnados na vida humana.” Eles não querem saber se isso causa
ou não danos ou se esmagam valores nesse processo. (Continua...)
O método
não qualificadas pelos valores humanos de compaixão, delicadeza, identificação com a vítima,
afinidade amorosa ou senso de justiça.” (JOHNSON, 1989, p. 212)
4. Os valores
“Os arquétipos primordiais [...] são [...]
forças impessoais e
amorais da natureza
O método
5. Os valores
Arquétipos: forças impessoais e amorais da natureza
Desafio ao ego: responder e defender valores como honestidade e compromisso
Não dominar nem se permitir ser dominado
“Nada melhor para iniciar um diálogo rapidamente, ou em um nível mais
profundo, do que a expressão dos sentimentos.”
(JOHNSON, 1989, p. 198)
O método
5. Os valores
“Uma confrontação bem-sucedida com forças negativas inicia uma
expansão da consciência e a psicossíntese de uma nova
identidade.”
(ROSSI, 1982, p. 97)
Encerre com uma despedida ou um protocolo pessoal: isso
valoriza o Ics
O método
6. Os rituais
Estágio de maior discernimento > tornar a IA concreta
Se assunto da IA = Situação cotidiana > Exteriorização da fantasia (difícil diferenciar interior/exterior e ritualização)
O ritual é outro nível de resposta ao Ics
Ritualize e faça algo que represente a vivência da imaginação ativa
A vivência
Material: lápis/caneta e papel para anotação.
Desligar luzes
Relaxamento
Escolha uma imagem de sonho ou de fantasia ou um sentimento
Descreva tudo o que ocorrer no papel
Início da imaginação ativa
Término da imaginação ativa
Discussão (desenhar e colorir depois)
A IA na literatura e no cinema
Filmes: “Alice no país das maravilhas” – ver artigo em www.apsiqueeomundo.blogspot.com.br ,
“Paixões paralelas”, “A origem”, “O labirinto do fauno”, “Avatar”, sobre Peter Pan, Pinóquio, etc.
Livros: “A divina comédia”, “Fausto”, “Zarathustra”, etc.
“O mais importante é diferenciar o consciente do conteúdo do
inconsciente. É necessário, por assim dizer, isolar esses últimos, e
o modo mais fácil de fazê-lo é personificá-los, estabelecendo
depois, a partir da consciência, um contato com essas personagens. Apenas dessa maneira é possível diminuir-lhes a potência, sem o
que irão exercer seu poder sobre o consciente.” (JUNG, 1991, p. 172)
“É preciso coragem para ir até o lado ‘mau’ de nós mesmos, e considerar que pode ter um papel construtivo a desempenhar na nossa vida. É preciso coragem para olhar diretamente a fragmentação de nossos desejos e ansiedades. Um lado parece dizer sim, enquanto o outro diz não, com veemência. Um lado da minha psique pede relacionamento, segurança e estabilidade.
(continua no próximo >)
“O outro quer partir para as heroicas cruzadas, anseia grandes aventuras em lugares exóticos, viajar para o outro lado do mundo e viver como cigano. Já uma outra personalidade quer construir um império e consolidar seus sistemas de poder. Por vezes, essa discussão parece não ter solução e nos sentimos dilacerados pelos conflitos entre desejos, deveres e obrigações.”
Johnson (1989, p. 47)
“Aproveitar a fantasia é uma maneira de converter a fantasia
passiva em IA. [...] Este método [...] é especialmente útil quando a pessoa tem muito material de
fantasia. A IA vai diminuir a quantidade e a intensidade de fantasia, aliviando a pressão
interna. [...] Quando um grande número de fantasias o invade,
muitas vezes isso significa que você não está dando
atenção suficiente ao Ics.”
Johnson (1989, p. 186)
JOHNSON, Robert A. Innerwork (Imaginação ativa). São Paulo: Mercuryo, 1989.
JUNG, Carl Gustav. Memórias, sonhos e reflexões. São Paulo: Círculo do Livro, 1991.
____. O eu e o inconsciente. Petrópolis: Vozes, 1987.
____. O livro vermelho. Petrópolis: Vozes, 2010.
KAST, Verena. A imaginação como espaço de liberdade. São Paulo: Loyola, 1997.
MINDELL, Arnold. O corpo onírico. São Paulo: Summus, 1989.
ROSSI, Ernest Lawrence. Os sonhos e o desenvolvimento da personalidade. São Paulo: Summus, 1982.
Referências
Contato
CHARLES ALBERTO RESENDE
CRP 6-99598
www.apsiqueeomundo.blogspot.com.br
facebook.com/charlesalres
(12) 9734 9729