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23:18 Universidade Federal de Mato Grosso Campus de Sinop Curso de Medicina – Psicologia Médica Professor Nelson URIO Médico Especialista em Medicina de Família e Comunidade (P.S.F.) Médico do PSF de Sinop e Referência Regional de MH e TB (Hanseníase e Tuberculose) Médico Regulador e Autorizador do Estado no Escritório Regional de Saúde de Sinop/MT

Adoecimento morte - morrer (Dr_Nelson)

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Universidade Federal de Mato Grosso

Campus de Sinop

Curso de Medicina – Psicologia Médica

Professor

Nelson URIO

Médico Especialista em Medicina de Família e Comunidade

(P.S.F.)

Médico do PSF de Sinop e Referência Regional de MH e TB

(Hanseníase e Tuberculose)

Médico Regulador e Autorizador do Estado no Escritório

Regional de Saúde de Sinop/MT

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Campus de Sinop

Curso de Medicina – Psicologia Médica

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....única maneira de o homem se realizar

autenticamente, assumindo a

responsabilidade da própria vida, é enfrentar

fria e corajosamente a sua finitude e

contingência, isto é, a sua inevitável morte.

(MARANHÃO, 1995)

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Se estou com medo da morte e tento negá-la, ajude-me na preparação para o adeus...

Se estou doente e sou um peso em sua vida, não me abandone, um dia você terá a minha idade...

A única coisa que desejo neste final de jornada é um pouco de respeito e de amor do muito que dei um dia.

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PSICOLOGIA MÉDICAHierarquização e Aplicação dos

Princípios da Bioética na Evolução de uma Doença ADOECIMEN

TO

Inversão das

expectativas

Morte

Inevitável

Alívio do

SofrimentoPreservação da

vida

Não-

MaleficênciaBeneficênci

a

Vida Salvável

Preservação da

vidaAlívio do

Sofrimento

Beneficência

Não-

Maleficência

Autonomia

Justiça

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“... houve um tempo em que nosso poder perante a

morte era muito pequeno, e de fato ela se

apresentava elegantemente. E, por isso, os homens

e as mulheres dedicavam-se a ouvir a sua voz e

podiam tornar-se sábios na arte de viver. Hoje, nosso

poder aumentou, a morte foi definida como a inimiga

a ser derrotada, fomos possuídos pela fantasia

onipotente de nos livrarmos de seu toque.”Ruben Alves

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A doença é vista pelo indivíduo como uma ameaça do destino.

Ela modifica a relação do paciente com o mundo e consigo

mesmo. Desencadeia uma série de sentimentos como:

impotência, desesperança, desvalorização, temor, apreensão...

Quando os recursos terapêuticos do modelo curativo se

esgotam, e principalmente na fase final da vida, evidenciam-se

os limites da vida dos pacientes, mas também dos saberes e das

práticas médicas e dos profissionais de saúde.

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É claro que o tipo e intensidade das reações vão variar de

acordo com uma série de características da doença e do

próprio indivíduo:

caráter breve e duradouro da doença e seu prognóstico

personalidade e capacidade de tolerância a frustrações do

indivíduo;

relação com o médico e demais membros da equipe de

saúde.

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Pode-se dizer que tais reações variam em torno de três

possibilidades:

Pacientes que se entregam à doença, à dor e ao

desespero; são aqueles que não lutam;

Pacientes que tratam a doença como se fosse banal,

mesmo sendo grave;

Pacientes que promovem mudanças em sua vida,

tentando se adaptar à situação adversa.

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Assim, independente dos "ganhos" obtidos, todo processo de adoecer ativa mecanismos fisiológicos para restabelecer a homeostase e mobiliza defesas psicológicas no paciente. Entre as possíveis reações emocionais podemos destacar: regressão, negação, minimização, raiva e culpa, depressão, doctor shopping rejeição, pensamento mágico e aceitação.

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No mundo atual de tecnologias, encontram-se

profissionais desprovidos de qualquer avanço para

enfrentar a morte como algo que estar por vir, posto

que sua visão de morte, em ambiente hospitalar, vem

acompanhada da ideia de fracasso do corpo, falência

de órgãos, do sistema de saúde, da sociedade, das

relações com Deus e com os homens, etc. (PITTA,1994)

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A morte não vem de fora, mas se processa dentro da vida com a perda progressiva da força vital. Morremos um pouco, a cada minuto e um dia este processo chegará ao fim (BOFF, 2002).

Uma coisa é encarar a morte como algo inscrito necessariamente no destino dos homens, em geral, enquanto membros da classe dos seres vivos. Outra coisa é pensar a realidade de cada morte individual

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Com o aumento do número de pessoas morrendo de doenças

crônicas e progressivas, vem aumentando também,

gradualmente, o percentual de doente em estado terminal

nos hospitais ou em seus domicílios.

Isto exige dos profissionais da área da saúde não apenas a

construção de novas perspectivas, métodos e técnicas, mas

também um novo olhar sobre os processos de adoecimento

em condições crônico-degenerativas, enfocando o

atendimento em Cuidados Paliativos.

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Bioética é a reflexão sobre a adequação ou inadequação de ações

envolvidas com a vidaCompetên

cia

Científica

Conhecime

nto

Tecnolog

ia

Tecnolog

ia

Competên

cia

Humanista

Sabedori

a

Confianç

a

Ética

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JUSTIÇA DISTRIBUTIVA - Se o paciente está na fase de morte inevitável e são oferecidos cuidados desproporcionais (Obstinação Terapêutica), estaremos utilizando inadequadamente os recursos existentes, que poderiam ser aplicados a outros pacientes.

O princípio da justiça deve ser levado em conta nas decisões clínicas, mas não deve prevalecer sobre os princípios da beneficência, da não-maleficência e da autonomia

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Bioética e Terminalidade

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Se há um consenso de que um paciente, mesmo

em estado crítico, será beneficiado com um

determinado tipo de medicação e procedimento, a

despeito de que o produto esteja escasso,

preservam-se os princípios da beneficência e da

autonomia sobre os da justiça.

Cuidado Paliativo não é abandono terapêutico!

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A Eutanásia - originalmente definida como a boa morte; nogrego eu - bom e thanatos - morte. Nos dias de hoje, a istoacrescentou-se mais um sentido: o da indução, ou seja, umapressamento do processo de morrer.

Só se pode falar em eutanásia se houver um pedidovoluntário e explícito do paciente – se este não ocorrer,trata-se de assassinato, mesmo que tenha abrandamentopelo seu caráter piedoso. E é só neste sentido que difere deum homicídio, que ocorre à revelia de qualquer pedido dapessoa.

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DISTANÁSIA – “é a manutenção dos tratamentos invasivos empacientes sem possibilidade de recuperação, obrigando aspessoas a processos de morte lenta, ansiosa e sofrida; é mortelenta, ansiosa e com muito sofrimento.”

Trata-se de um neologismo composto do prefixo grego dys - atodefeituoso, e thanatos - morte. Trata-se de morte defeituosa,com aumento de sofrimento e agonia. É conhecida tambémcomo obstinação terapêutica e futilidade médica.

A distanásia é sempre o resultado de uma determinada ação ouintervenção médica que, ao negar a dimensão da mortalidadehumana, acaba absolutizando a dimensão biológica do serhumano.

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Ortotanásia - Seguindo a sequência da aplicação dosprincípios éticos, tão logo seja definido que o pacientenão é mais salvável, nossos esforços devem ser dirigidosno sentido de promover e priorizar o seu conforto,diminuir o seu sofrimento, e evitar o prolongamento desua vida "a qualquer custo".

Essa postura está muito distante da promoção do óbito,como proposto pela eutanásia que, à luz dosconhecimentos atuais, não se enquadra nem no princípioda beneficência nem no da não-maleficência.

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MISTANÁSIA: Morte como um fato “sócio-político”: pobreza, violência e exclusão.

“E somos Severinos

iguais em tudo na vida,

morreremos de morte igual, da mesma morte Severina.

Que é a morte de que se morre de velhice antes do trinta,

de emboscada antes dos vinte,

de fome um pouco por dia.

de fraqueza e de doença é que a morte Severina ataca em qualquer idade,

e até gente não nascida”.(“MORTE E VIDA SEVERINA” – João Cabral de

Mello Netto)

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REFERÊNCIAS:

ANGERAMI, Camon. E a Psicologia Entrou no Hospital. São Paulo: Pioneira, 1995. p.147

BOFF, L. Saber Cuidar: Ética do humano: compaixão pela terra. 8 ed. São Paulo: Vozes, 2002.

D’ASSUMPÇÃO, E.A. Comportar-se fazendo bioética: para quem se interessa pela ética. Rio de

Janeiro: Vozes, 1998.

KOVACS, M. J.Morte e Desenvolvimento Humano. Casa do Psicólogo, São Paulo, 1992.

RODRIGUES, Marysia Mara do Prado De Carlo. Cuidados Paliativos. Universidade de São PauloFaculdade de Medicina de Ribeirão Preto

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“ao cuidar de você no momento final da vida,

quero que você sinta que me importo pelo fato de você ser você,

que me importo até o último momento de sua vida e faremos tudo que estiver ao nosso alcance, não somente para ajudá-lo a morrer em paz,

mas também para você viver até o dia de sua morte.”

Cicely Saunders

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Por hoje é só.

Obrigado!!!!!!!

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