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Dois casos clínicos Confirmou-se a sensibilização a LTP presentes na pele da maçã e do pêssego. Para além do alergénio Pru p 3 (LTP do pêssego) identificado, a determinação da sIgE ao alergénio Mal d 3 (LTP da maçã) seria importante, mas não está disponível na prática clínica. Realça-se o facto de as manifestações com a maçã terem sido de maior gravidade, o que poderá dever-se à quantidade de LTP presente, bem como a possíveis factores externos como o jejum ou o exercício. Natacha Santos , Ângela Gaspar, Graça Pires, Mário Morais-Almeida Centro de Imunoalergologia - José de Mello Saúde, Hospital CUF Descobertas, Lisboa As rosáceas são uma importante causa de alergia alimentar na área do Mediterrâneo. O pêssego é o fruto desta família mais implicado em casos de anafilaxia. Descrevem-se 2 casos clínicos menos usuais de anafilaxia a maçã: Mulher de 29 anos Asma e rinoconjuntivite alérgica, sensibilizada a ácaros, pêlo de gato e pólenes de gramíneas e parietária, Anafilaxia (prurido e sensação de aperto orofaríngeo, dificuldade respiratória e urticária generalizada) imediata após ingestão de maçã com pele, após período de jejum. Efectuou anti-histamínico e corticóide orais e broncodilatador inalado, com regressão das queixas em 1h. Posteriormente refere 2 episódios de angioedema labial após ingestão de sumo de pêssego e de pêssego com pele. Adolescente do sexo masculino com 18 anos Asma e rinite alérgica, sensibilizado a ácaros e pólenes de gramíneas e cipreste Anafilaxia (prurido generalizado, angioedema dos lábios, mãos e pés e dificuldade respiratória) imediata após ingestão de maçã com pele, durante jogo de futebol. Recorreu ao serviço de urgência, tendo sido medicado com anti-histamínico e corticóide ev, broncodilatador inalado e oxigenoterapia, com regressão das queixas em 3h. Previamente refere 1 episódio de angioedema da face e lábios após ingestão de sumo de pêssego, em evicção do pêssego desde então. Fig. 1 Resultados de testes cutâneos por picada com extractos Bial-Aristegui® (TCP), testes cutâneos picada-picada com o alimento em natureza (TCPP) e Imunoglobulina E específica (sIgE) Fig. 2 Resultado de ImmunoCAP ISAC® (Phadia) para proteínas de transferência de lípidos (LTP) TCP (mm) TCPP (mm) sIgE (kU/L) maçã (pele) 3x3 7x6 0,48 (polpa) - - pêssego (pele) 5x4 14x6 0,51 (polpa) - - ameixa (pele) - - - (polpa) pêra (pele) - - - (polpa) cereja (pele) - - - (polpa) amêndoa - n.t. - morango - - - rPru p 3 0,69 TCP (mm) TCPP (mm) sIgE (kU/L) maçã (pele) 3x3 4x3 10,3 (polpa) - - pêssego (pele) 11x7 n.t 13,2 (polpa) 4x3 ameixa (pele) 3x3 n.t 8,36 (polpa) pêra (pele) - 5x3 5,33 (polpa) - cereja (pele) 3x3 n.t 8,0 (polpa) amêndoa 3x3 - 0,66 morango - 10x4 1,18 rPru p 3 8,3

Anafilaxia a maçã-dois casos clínicos

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Page 1: Anafilaxia a maçã-dois casos clínicos

Dois casos clínicos

Confirmou-se a sensibilização a LTP presentes na pele da maçã e do pêssego. Para além do alergénio Pru p 3 (LTP do pêssego)

identificado, a determinação da sIgE ao alergénio Mal d 3 (LTP da maçã) seria importante, mas não está disponível na prática clínica.

Realça-se o facto de as manifestações com a maçã terem sido de maior gravidade, o que poderá dever-se à quantidade de LTP

presente, bem como a possíveis factores externos como o jejum ou o exercício.

Natacha Santos, Ângela Gaspar, Graça Pires, Mário Morais-Almeida

Centro de Imunoalergologia - José de Mello Saúde, Hospital CUF Descobertas, Lisboa

As rosáceas são uma importante causa de alergia

alimentar na área do Mediterrâneo.

O pêssego é o fruto desta família mais implicado em casos

de anafilaxia.

Descrevem-se 2 casos clínicos menos usuais de anafilaxia a maçã:

Mulher de 29 anos

Asma e rinoconjuntivite alérgica, sensibilizada a ácaros, pêlo de

gato e pólenes de gramíneas e parietária,

Anafilaxia (prurido e sensação de aperto orofaríngeo, dificuldade

respiratória e urticária generalizada) imediata após ingestão de

maçã com pele, após período de jejum. Efectuou anti-histamínico

e corticóide orais e broncodilatador inalado, com regressão das

queixas em 1h.

Posteriormente refere 2 episódios de angioedema labial após

ingestão de sumo de pêssego e de pêssego com pele.

Adolescente do sexo masculino com 18 anos

Asma e rinite alérgica, sensibilizado a ácaros e pólenes de gramíneas e

cipreste

Anafilaxia (prurido generalizado, angioedema dos lábios, mãos e pés e

dificuldade respiratória) imediata após ingestão de maçã com pele,

durante jogo de futebol. Recorreu ao serviço de urgência, tendo sido

medicado com anti-histamínico e corticóide ev, broncodilatador

inalado e oxigenoterapia, com regressão das queixas em 3h.

Previamente refere 1 episódio de angioedema da face e lábios após

ingestão de sumo de pêssego, em evicção do pêssego desde então.

Fig. 1 – Resultados de testes cutâneos por picada com extractos Bial-Aristegui® (TCP), testes cutâneos picada-picada com o alimento em natureza (TCPP) e Imunoglobulina E específica (sIgE)

Fig. 2 – Resultado de ImmunoCAP ISAC® (Phadia) para proteínas de transferência de lípidos (LTP)

TCP (mm) TCPP (mm) sIgE (kU/L)

maçã (pele) 3x3 7x6

0,48 (polpa) - -

pêssego (pele) 5x4 14x6

0,51 (polpa) - -

ameixa (pele)

- - - (polpa)

pêra (pele)

- - - (polpa)

cereja (pele)

- - - (polpa)

amêndoa - n.t. - morango - - - rPru p 3 0,69

TCP (mm) TCPP (mm) sIgE (kU/L)

maçã (pele) 3x3 4x3

10,3 (polpa) - -

pêssego (pele) 11x7

n.t 13,2 (polpa) 4x3

ameixa (pele)

3x3 n.t 8,36 (polpa)

pêra (pele)

- 5x3

5,33 (polpa) -

cereja (pele)

3x3 n.t 8,0 (polpa)

amêndoa 3x3 - 0,66

morango - 10x4 1,18

rPru p 3 8,3