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DOR TORÁCICA
Clínica Médica I
DOR TORÁCICA
É um dos sintomas mais comuns nos serviços de emergência, ambulatórios de cardiologia e clínica geral
Nem sempre é referido como dor, às vezes a queixa é de sensação de pressão ou de desconforto torácico
ETIOPATOGENIA
Causas podem estar na própria parede do tórax, pleuras, pulmões, coração, pericárdio, vasos, mediastino, esôfago, diafragma e em outros órgãos.
Por isso a importância da pesquisa de características semiológicas na anamnese, e bom exame físico.
Lembrar de pedir para o paciente localizar com a mão a área da queixa, e fazer inspeção e palpação do local.
DOR TORÁCICA
CLASSIFICAÇÃO
CAUSAS TRAUMÁTICAS E NÃO TRAUMÁTICAS
CAUSAS CARDIOLÓGICAS E NÃO CARDIOLÓGICAS
SD CORONARIANA AGUDA
Dividi-se em: ANGINA INSTÁVEL, IAM COM E SEM ELEVAÇÃO DE ST.
Características similares, de difícil distinção só com dados clínicos.
F.R.: Hiperlipidemia, DM, história familiar.
- HAS, Tabagismo (inespecífico), cocaína (24x risco)
- >40 anos de idade
- Idosos e mulheres = é comum não ter os sintomas clássicos.
SD CORONARIANA AGUDA
FISIOPATOLOGIA: resulta da ↓ de oferta de O2 pelo fluxo coronariano e/ou ↑ do consumo de O2 pelo miocárdio
Causa + comum = ateroesclerose Mecanismo da dor não totalmente esclarecido Metabolismo anaeróbio → estimula fibras
simpáticas aferentes → que se dirigem aos gânglios da cadeia simpática → percorrem medula espinhal até tálamo e córtex cerebral, conjuntamente com fibras sensitivas somáticas dos dermátomos
Portanto, dor mal definida com percepção relacionada aos dermátomos correspondentes
SD CORONARIANA AGUDA
Q.C.: não costuma se queixar de verdadeira dor torácica.
Aperto, opressão, pressão, queimação no tórax, ou outras queixas relacionadas aos dermátomos.
Tipicamente agravada ou desencadeada por atividade física. Outras possibilidades: frio, relação sexual, stress.
Tende a ser gradual, aumentando com o tempo.
Não reprodutível por compressão.
Dor por alguns semanas ou por dias/semanas, provavelmente não é isquêmica.
Alívio com nitrato não confirma origem cardíaca.
Vômitos, sudorese, dispnéia aos esforços, síncope podem estar presentes (atenção ao DD).
SD CORONARIANA AGUDA
E.F.:
B3, B4, sopro de insuficiência mitral.
Checar estase jugular (IAM direito, tamponamento pericárdico)
Pulmonar: estertores secundários à congestão pulmonar.
Raio X tórax (pode ajudar a excluir outras causas)
ECG normal não afasta diagnóstico
Dosagem de marcadores de necrose miocárdica ou teste de estresse cardíaco.
PERICARDITE
FISIOPATOLOGIA: geralmente de natureza inflamatória
Superfície visceral do pericárdio não tem inervação sensitiva.
Dor resultante do comprometimento do folheto parietal da pleura = pericárdio parietal tem poucas fibras nervosas sensitivas aferentes, que se dirigem ao SNC pelos nervos frênicos.
Assim, a dor seria predominantemente relacionada com a inflamação da pleura parietal adjacente (pericardite por uremia indolor X pericardite infecciosa dolorosa)
PERICARDITE
FISIOPATOLOGIA:
Origem: Infecções (especialmente virais) podem preceder o quadro, idiopática
F.R.: trauma torácico, doenças autoimunes, IAM, cirurgia cardíaca recente, uso de procaínamida, hidralazina, isoniazida.
Jovens
PERICARDITE
Q.C.: dor retroesternal que piora com inspiração profunda e tosse.
Pode irradiar para ombros, dorso ou pescoço (irritação da pleura diafragmática)
Se derrame pericárdico, dor pode aliviar na posição sentada e inclinado para frente (patognomônico)
Dispnéia (25-40%), febre (17%), atrito pericárdico (até 85%)
Se tamponamento cardíaco: estase jugular, hepatomegalia, taquicardia, hipotensão e pulso paradoxal.
Tríade de Beck do tamponamento:estase jugular, hipotensão, abafamento de bulhas
DISSECÇÃO DE AORTA
FISIOPATOLOGIA: Ocorre em pacientes com alterações
degenerativas da camada média (perda de fibras elásticas e musculares lisas da camada média, que são substituídas por colágeno, com predisposição a formação de cistos – necrose cística)
Havendo fissura do endotélio ou hematoma na camada média → forma-se coluna de sangue na parede do vaso (falso lúmem) separando a camada íntima da adventícia → dor torácica e predisposição a hemorragias fatais
DISSECÇÃO DE AORTA
75% ♂; maioria na sétima década
FR: Arterioesclerose, idade avançada, SD de Marfan, Sd de Turner, HAS
CLÍNICA:
Dor de início súbito, de forte intensidade (máxima no momento do aparecimento) – com esse quadro, 90% de sensibilidade na detecção.
Dor descrita como “rasgando”, podendo irradiar para costas, região interescapular e abdome
Pode estar associado com a manifestação de AVC, síncope, Insuf. Cardíaca, IAM, isquemia isolada em membros, dor abdominal, IRA ou sangramento GI. (dependendo da altura da lesão)
DISSECÇÃO DE AORTA
E. F.:
Comum achado de assimetria de pulsos ou sintomas neurológicos
Ex. cardiológico:
- pode revelar sopro diastólico de aorta (qdo dissecção progride até valva aórtica)
- pode ter estase jugular secundária a tamponamento cardíaco.
PLEURITES
FISIOPATOLOGIA
Semelhante a da pericardite
Acometimento do folheto parietal (folheto visceral não tem inervação sensitiva), geralmente de natureza inflamatória
PLEURITES
Q.C.:
DOR PLEURÍTICA – localizada em um HTX, com sensação de peso, pontada ou facada.
Piora caracteristicamente com a tosse e respiração profunda.
Qdo inflamação atinge a superfície diafragmática da pleura a dor pode irradiar para o ombro e para pescoço do mesmo lado.
PNEUMOTÓRAX
FISIOPATOLOGIA: traumático, primário ou secundário (DPOC, asma, fibrose cística, TB, etc...)
Ruptura de folheto
Perda da pressão
negativa intrapleural
Colapso pulmonar
Mecanismo de
Valvula
Processo progressivo
PNEUMOTÓRAX
F.R.: tabagismo, pneumotórax prévio, DPOC, mudanças barométricas agudas.
Grupo de risco elevado: jovens e longilíneos (para pneumotórax espontâneo)
Q.C.: dor pleurítica e dispnéia de início súbito (que pode ser decorrente da dor ou de comprometimento da oxigenação em casos mais graves.
PNEUMOTÓRAX
E.F.:
Dispnéia e cianose
↓MV e Timpanismo à percussão pulmonar
↓ expansibilidade e FTV
No pneumotoráx hipertensivo pode haver desvio de traquéia (para lado contrário da lesão) e estase jugular
PNEUMOTÓRAX HIPERTENSIVO
TROMBOEMBOLISMO PULMONAR
FISIOPATOLOGIA: migração de um êmbolo ou coágulo para o pulmão, formado em alguma veia do corpo, especialmente em MMII.
TVP principal responsável
Dor pode ocorrer por distensão aguda da artéria pulmonar (embolia pulmonar maciça), ou da reação pleural (nos casos de infarto do pulmão)
F.R.: idade avançada, mobilidade reduzida, cirurgia recente, neoplasias, gravidez, tromboembolismo prévio, ICC, DPOC.
TROMBOEMBOLISMO PULMONAR
Q.C.:
Aparecimento súbito de dor torácica pleurítica e dispnéia.
Pode ocorrer síncope, hipotensão a té PCR
E.F.: pode mostrar alterações mínimas (sibilos transitórios - secundários à liberação de subst. broncoconstritoras, derrame pleural, infarto pulmonar – com propedêutica de condensação) ou ser completamente normal.
OUTRAS CAUSAS PULMONARES
HIPERTENSÃO PULMONAR: semelhante à dor cardíaca, porém sem fatores de melhora
NEOPLASIAS: comprometimento pleural ou ósseo
TRAQUEOBRONQUITES: principalmente relacionada com a tosse
MUSCULOESQUELÉTICAS
Pioram com compressão local, movimentação de membros e tronco, postura antálgica nos espasmos musculares.
COSTOCONDRITE (SD DE TIETZE): acomete esterno e costelas, produz dor esternal persistente, acompanhada de sinais inflamatórios.
FRATURA DE COSTELA: dor acentuada nas regiões correspondentes, com piora a palpação local, movimentos do tórax e respiração.
HERPES ZOSTER: dor contínua de forte intensidade, com confirmação somente após o aparecimento de lesões cutâneas eritematovesiculosas na área dolorosa
HERPES ZOSTER
DIGESTIVAS
DOR ESOFÁGICA
FISIOPATOLOGIA:
Alterações da motilidade do esôfago, como o espasmo esofágico podem ser responsáveis por dor
Refluxo gastroesofágico é a causa mais comum de dor torácica relacionada ao esôfago, independente de esofagite.
DOR ESOFÁGICA
CLÍNICA: Determina comumente dor retroesternal,
habitualmente descrita como queimação Acompanha-se de outros sintomas dispépticos
como DISFAGIA, PIROSE, ERUCTAÇÃO e gosto ruim na boca.
Na hérnia de hiato e refluxo gastroesofágico os sintomas pioram a noite ou ao se deitar após as refeições.
E.F: podem estar presentes sibilância, tosse, rouquidão
RUPTURA DO ESÔFAGO
SD DE BOERHAAVE - perfuração espontânea do esôfago.
Causa rara, mas potencialmente fatal
Diagnóstico diferencial: SCA
Q.C. clássico (mas nem sempre presente): vômitos seguidos de dor torácica de forte intensidade, dispnéia, enfisema subcutâneo e rápido colapso circulatório. Dor no ombro e/ou epigástrica podem estar presentes.
Após 12h do início do quadro, é comum achado de febre e sinais de sepse (mediastinite).
EX físico: ↓sons pulmonares, enfisema subcutâneo tórax e pescoço.
Alt. Radiológicas: pneumomediastino, hidropneumotórax, derrame pleural e alargamento do mediastino
SD DE BOERHAAVE
SD DE BOERHAAVE
DIGESTIVAS
ÚLCERA PÉPTICA , COLECISTOPATIA, PANCREATITE
CLÍNICA: dores no epigastro ou base do tórax (o que pode levar a suspeita de uma dor de origem cardíaca – 35% dos pacientes com dçacoronariana podem ter sintomas GI)
Nos processos abdominais com acometimento do diafragma a dor pode irradiar para ombro.
Nem sempre é facil distinguir uma dor torácica de origem digestiva.
E.F.: exame cuidadoso do abdome para DD.
DISTURBIOS GASTROINTESTINAIS
SINTOMAS DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
Queimação em epigastro ou ½ inferior do tórax
Refluxo X Isquemia Miocárdica
Dor durante a alimentação ou que piora com a deglutição
Favorece doença de TGI
Dores pós-prandias TGI X Cardíaca
Eructações, gosto ruim na boca e indigestão
Doença esofágica X Isquemia coronariana
Dor que melhora com antiácido Não deve ser usado para confirmar doença de refluxo ou dispéptica
Dor que melhora com nitratos Dor isquêmica x Espasmo esofágico
Ser acordado pela dor epigástrica Úlcera péptica X Sd Coronariana
BIBLIOGRAFIA
Benseñor, I.M. et al, Semiologia Clínica
Martins, M.A. et al, Clínica Médica –HCFMUSP, Vol 1
Porto, C.C., Exame Clínico.
OBRIGADA E BOA SEMANA!