72
IMUNOLOGIA M.Sc. Hugo Dias Hoffmann Santos

Imunologia

Embed Size (px)

DESCRIPTION

 

Citation preview

  • 1. M.Sc. Hugo Dias Hoffmann Santos

2. INTRODUO 3. O termo imunidade deriva da palavra latina immunitas, que se refere proteo contra demandas judiciais que os senadores romanos sofriam durante seu mandato. As clulas e molculas responsveis pela imunidade constituem o sistema imunolgico, e sua resposta coletiva e coordenada a substncias estranhas denominada resposta imunolgica. O sistema imune distingue o que prprio do no prprio e elimina do organismo clulas e molculas no prprias potencialmente deletrias. Esse sistema tambm tem a capacidade de reconhecer e destruir clulas anormais derivadas dos tecidos do hospedeiro. 4. Os mesmos mecanismos que normalmente protegem os indivduos das infeces e que eliminam as substncias estranhas tambm so capazes de provocar leso tecidual e doena em algumas situaes. RESPOSTA IMUNOLGICA: Reao a componentes microbianos, bem como a macromolculas (protenas e polissacardeos) e a pequenas substncias qumicas que so reconhecidas como elementos estranhos, independentemente das consequncias fisiolgicas ou patolgicas dessa reao. RESPOSTA AUTOIMUNE: Ocorre quando molculas no estranhas (ou seja, do prprio organismo) desencadeiam respostas imunolgicas. A imunologia o estudo da resposta imune e dos eventos celulares e moleculares que ocorrem aps o contato com corpos estranhos. 5. SISTEMA IMUNE INATO E ADAPTATIVO 6. Tambm denominada imunidade natural ou nativa, proporciona a linha de defesa inicial contra microrganismos. Consiste em mecanismos de defesa celulares e bioqumicos, que j existem at mesmo antes da infeco e que esto prontos para responder rapidamente a infeces, contudo, respondem da mesma maneira a infeces repetidas. Os mecanismos da imunidade natural so especficos para estruturas que so comuns a grupos de microrganismos relacionados e podem no distinguir diferenas discretas entre eles. 7. 1. BARREIRAS FSICAS E QUMICAS: Tecido epitelial e as substncias qumicas antimicrobianas produzidas nas superfcies epiteliais. 2. CLULAS FAGOCITRIAS: Neutrfilos (leuccitos de defesa contra bactrias e fungos) e macrfagos (fagocitose e destruio microbiana + afinidade de ao com linfcitos T e B). 3. CLULAS DENDRTICAS: Capturam e transportam os antgenos para a drenagem nos linfonodos onde se encontraro com linfcitos T virgens. 4. CLULAS ASSASSINAS: Clulas NK (natural killer). 5. PROTENAS DO SANGUE: Membros do sistema complemento e outros mediadores da inflamao. 6. CITOCINAS: Regulam e coordenam atividades da imunidade inata. 8. INATA ADAPTATIVA Especificidade Para molculas compartilhadas por grupos de microrganismos relacionados e molculas produzidas por clulas do hospedeiro lesionadas. Para antgenos microbianos e no microbianos. Diversidade Limitada; Codificada pela linhagem germinativa. Muito grande; So produzidos receptores por recombinao somtica de segmentos de genes Memria Nenhuma Sim No reatividade ao prprio Sim Sim 9. INATA ADAPTATIVA Barreiras celulares e qumicas Pele, epitlios das mucosas; molculas antimicrobianas. Linfcitos nos epitlios; anticorpos secretados nas superfcies epiteliais. Protenas do sangue Complemento, outras. Anticorpos Clulas Fagcitos (macrfagos e neutrfilos), clulas destruidoras naturais. Linfcitos. 10. Desenvolve-se em resposta infeco e adapta-se a ela, por isso, tambm denominado de sistema imune adquirido. Ele capaz de reconhecer uma infeco repetida e responder, por causa disso, com maior intensidade. Possui a capacidade de distinguir diferentes e at mesmos microrganismos e molculas estreitamente relacionados. Os principais componentes desta imunidade especfica so os linfcitos e seus produtos secretados, tais como anticorpos. As respostas imunes natural (inato) e adquirida (especfica ou adaptativa) so componentes de um sistema integrado de defesa do hospedeiro, no qual numerosas clulas e molculas atuam em cooperao. 11. Muitos microrganismos patognicos se adaptaram e j se encontram resistentes imunidade natural, sendo assim, sua eliminao exige a atuao dos mecanismos mais poderosos da imunidade adaptativa. As respostas imunes adaptativas frequentemente atuam ao intensificar os mecanismos protetores da imunidade natural, tornando-os capazes de combater com maior eficcia os microrganismos patognicos. 12. Existem dois tipos de resposta imune adaptativa, denominados imunidade humoral e imunidade celular, as quais so mediadas por diferentes componentes do sistema imunolgico e cuja funo eliminar diferentes tipos de microrganismos. 13. mediada por molculas no sangue e nas secrees das mucosas (anticorpos), que so produzidas por clulas denominadas linfcito B (ou clulas B). Os anticorpos reconhecem antgenos microbianos, neutralizam a capacidade do microrganismo de infectar e promovem a sua eliminao atravs de diversos mecanismos efetores. A imunidade humoral o principal mecanismo de defesa contra microrganismos extracelulares e suas toxinas, visto que os anticorpos secretados podem ligar-se a esses microrganismos e toxinas e ajudar na sua eliminao. 14. Tambm denominada imunidade mediada por clulas, mediada por linfcitos T (ou clulas T). Os microrganismos intracelulares, como vrus e algumas bactrias, sobrevivem e proliferam no interior dos fagcitos e de outras clulas do hospedeiro, onde so inacessveis aos anticorpos circulantes. A defesa contra essas infeces constitui uma funo da imunidade celular, que promove a destruio dos microrganismos que residem nos macrfagos ou a destruio das clulas infectadas para eliminar os reservatrios da infeco. 15. Os linfcitos B secretam anticorpos que impedem as infeces por microrganismos extracelulares e os eliminam. Na imunidade celular, os linfcitos T auxiliares e ativam os macrfagos a destruir os microrganismos fagocitados, ou os linfcitos T citotxicos destroem diretamente as clulas infectadas. 16. ATIVA: Conferida pela resposta do hospedeiro a um microrganismo ou a um antgeno microbiano. (Exemplo: vacina). PASSIVA: Conferida pela transferncia adotiva de anticorpos ou de linfcitos T especficos para o microrganismo. (Exemplo: transferncia de anticorpos maternos ao feto). Ambas as formas de imunidade fornecem resistncia infeco e so especficas para antgenos microbianos, mas apenas as respostas imunolgicas ativas geram uma memria imunolgica. As transferncias de clulas s podem ser realizadas entre doador e receptor geneticamente idnticos para evitar a rejeio das clulas transferidas. 17. Na prtica clnica, a imunidade a um microrganismo ao qual o indivduo foi anteriormente exposto medida de modo indireto: 1. Atravs de ensaios para se detectar a presena de produtos da resposta imunolgica, como anticorpos sricos especficos contra antgenos microbianos. 2. Ou atravs da administrao de substncia purificadas obtidas do microrganismo e medio das reaes a essas substncias. A reao a um antgeno microbiano s detectvel nos indivduos previamente expostos a esse antgeno, e a ocorrncia da reao indica sensibilidade. 18. CARACTERSTICA SIGNIFICADO FUNCIONAL ESPECIFICIDADE Assegura que a resposta imunolgica a determinado microrganismo ou antgeno no microbiano seja dirigida contra esse microrganismo ou antgeno. DIVERSIDADE Permite ao sistema imunolgico responder a uma grande variedade de antgenos. MEMRIA Aumenta a capacidade de combater infeces repetidas pelos menos microrganismos. 19. CARACTERSTICA SIGNIFICADO FUNCIONAL EXPANSO CLONAL Aumenta o nmero de linfcitos especficos para determinado antgeno para fazer frente capacidade replicativa dos microrganismos. ESPECIALIZAO Gera respostas que so ideais para a defesa contra diferentes tipos de microrganismos. CONTRAO E HOMEOSTASE Permite ao sistema imunolgico recuperar-se de uma resposta, de modo que possa responder efetivamente a novos antgenos que encontre. NO REATIVIDADE AO PRPRIO Impede a leso do hospedeiro durante as respostas a antgenos estranhos. 20. ESPECIFICIDADE E DIVERSIDADE As respostas imunolgicas so especficas para diferentes antgenos e, na verdade, para diferentes pores de uma nica protena complexa, polissacardeo ou outra macromolcula. As partes desses antgenos que so reconhecidas especificamente pelos linfcitos so denominados determinantes antignicos ou eptopos. Essa especificidade apurada ocorre porque os linfcitos expressam receptores de membrana que so capazes de distinguir diferenas sutis na estrutura de diferentes eptopos. 21. ESPECIFICIDADE E DIVERSIDADE REPETRIO DOS LINFCITOS: o nmero total de especificidades antignicas dos linfcitos de um indivduo. Estima-se que o sistema imunolgico humano tenha a capacidade de discriminar quase 1 bilho de determinantes antignicos distintos. Essa capacidade do repertrio linfocitrio de reconhecer um nmero muito grande de antgenos, conhecida como diversidade, resulta da variabilidade das estruturas dos stios de ligao de antgenos presentes nos receptores dos linfcitos. Em outras palavras, existem numerosos clones diferentes de linfcitos, que diferem nas estruturas de seus receptores de antgenos, criando um repertrio total que extremamente diverso. 22. MEMRIA A exposio do sistema imunolgico a um antgeno estranho aumenta a sua capacidade de responder novamente quele antgeno especfico. As respostas a uma segunda exposio e a exposies subsequentes ao mesmo antgeno, denominadas respostas imunolgicas secundrias, geralmente so mais rpidas, de maior intensidade e, com frequncia, qualitativamente diferentes da resposta primria ao antgeno. A memria imunolgica deve-se ao fato de que cada exposio a um antgeno gera clulas de memria de vida longa especficas para o antgeno, que so mais numerosas do que as clulas T virgens especficas para o antgeno, as quais j existem antes da exposio ao antgeno especfico. 23. MEMRIA Alm disso, essas clulas de memria possuem caractersticas especiais que as tornam mais eficientes na resposta ao antgeno e na eliminao deste do que os linfcitos virgens, que ainda no foram expostos ao antgeno. Por exemplo, os linfcitos B de memria produzem anticorpos que se ligam ao antgeno com maior afinidade do que os anticorpos produzidos nas respostas imunes primrias, e as clulas T de memria reagem muito mais rapidamente e com mais vigor estimulao antignica do que as clulas T virgens. 24. EXPANSO CLONAL Os linfcitos especficos para determinado antgeno sofrem considervel proliferao aps a exposio a esse antgeno. A expresso expanso clonal refere-se ao aumento no nmero de clulas que expressam receptores idnticos para o mesmo antgeno e que, portanto, pertencem a um clone. Esse aumento nas clulas especficas para determinado antgeno permite que a resposta imunolgica possa fazer frente ao rpido ritmo de diviso dos patgenos. 25. ESPECIALIZAO O sistema imune responde de maneira distinta e especial a diferentes microrganismos, maximizando a eficincia dos mecanismos de defesa antimicrobianos. Por conseguinte, desencadeadas por diferentes classes de microrganismos ou pelo mesmo microrganismo em diferentes estgios de infeco (extracelular e intracelular), e cada tipo de resposta imunolgica protege o hospedeiro contra aquela classe de microrganismo. E mesmo no mbito das respostas imunes humoral e celular, a natureza dos anticorpos ou dos linfcitos T que so gerados pode variar de uma classe de microrganismo para outra. 26. CONTRAO E HOMEOSTASIA Todas as respostas imunolgicas normais diminuem com o passar do tempo aps a estimulao antignica, de modo que o sistema imunolgico retorna ao seu estado basal, um estado denominado homeostasia. Essa contrao das respostas imunolgicas ocorre, em grande parte, pelo fato de que as respostas imunolgicas que so desencadeadas por antgenos atuam para elimin-los, removendo, desta maneira, um estmulo essencial para a sobrevida e a ativao dos linfcitos. Com exceo das clulas de memria, os linfcitos que so privados desse estmulo morrem por apoptose. 27. NO REATIVIDADE AO PRPRIO Uma das propriedades mais notveis do sistema imunolgico de cada indivduo normal a sua capacidade de reconhecer muitos antgenos estranhos (no prprios), de responder a eles e elimin-los e, ao mesmo tempo, de no reagir de modo prejudicial s substncias antignicas prprias do indivduo. A ausncia de resposta imunolgica tambm denominada tolerncia. Ela mantida atravs de vrios mecanismos que incluem a inativao dos linfcitos que expressam receptores especficos para alguns antgenos prprios, seja eliminando os linfcitos autorreativos, seja suprimindo essas clulas atravs de outras clulas (reguladores). 28. NO REATIVIDADE AO PRPRIO A ocorrncia de anormalidades na induo ou na manuteno da autotolerncia leva a respostas imunolgicas dirigidas contra antgenos prprios (autlogos), o que pode resultar em distrbios denominados doenas autoimunes. 29. LINFCITOS B: So as nicas clulas capazes de produzir anticorpos. Essas clulas reconhecem antgenos extracelulares (inclusive da superfcie celular) e diferenciam-se em plasmcitos secretores de anticorpos, atuando, assim, como mediadores da imunidade humoral. LINFCITOS T: So clulas da imunidade celular que reconhecem os antgenos de microrganismos intracelulares e ajudam os fagcitos a destru-los ou matam diretamente as clulas infectadas. Elas no produzem anticorpos. So subdivididos em Linfcitos T helper (auxiliares) e Linfcitos T citotxicos (CTL). 30. Em resposta estimulao antignica, estas clulas secretam protenas denominadas citocinas, que so responsveis por muitas das respostas celulares da imunidade natural e adquirida e que, portanto, atuam como as molculas mensageiras do sistema imunolgico. As citocinas secretadas pelos linfcitos T auxiliares estimulam a proliferao e a diferenciao das prprias clulas T e ativam outras clulas (linfcitos B, macrfagos e outros leuccitos). 31. Destroem as clulas que exigem antgenos estranhos, como as clulas infectadas por vrus e outros microrganismos intracelulares. Alguns linfcitos T atuam como funo reguladora para inibir respostas imunolgicas. Uma terceira classe de linfcitos, as clulas assassinas naturais (NK), est envolvida na imunidade natural contra vrus e outros microrganismos intracelulares. As vrias classes de linfcitos podem ser diferenciadas pela expresso de protenas de superfcie, que so denominadas CD e designadas por nmeros. 32. Consistem em um grande grupo heterogneo de protenas solveis produzidas por muitos tipos diferentes de clulas, medeiam e regulam todos os aspectos da imunidade natural e adaptativa. Possuem vrias nomenclaturas: Fator de necrose tumoral (TNF) Interferons Interleucinas 33. Algumas so mediadoras e reguladoras da imunidade natural. So produzidas por clulas da imunidade natural, como as clulas dendrticas, os macrfagos e os mastcitos, e impulsionam o processo da inflamao ou contribuem para a defesa contra infeces vitais. Outras, particularmente aquelas produzidas por subgrupos de clulas T auxiliares (Linfcitos T helper), contribuem para a defesa do hospedeiro mediada pela imunidade adaptativa e tambm regulam as respostas imunolgicas. Membros dessa categoria de citocinas tambm so responsveis pela ativao e pela diferenciao das clulas T e das clulas B. 34. O sistema imune inato bloqueia a entrada de microrganismos e os elimina ou limita seu crescimento e capacidade de colonizar os tecidos. Os principais locais de interao entre o indivduo e seu ambiente (a pele e os tratos gastrointestinal e respiratrio) so revestidos por epitlios contnuos, que funcionam como barreiras para impedir a entrada de microrganismos provenientes do ambiente externo. Se os microrganismos tiverem sucesso em romper as barreiras epiteliais, deparam-se com as clulas da imunidade natural. A resposta imune natural celular aos microrganismos consiste em dois tipos principais de raes: inflamao e defesa antiviral. 35. Inflamao refere-se ao processo de recrutamento de leuccitos e protenas plasmticas do sangue, seu acmulo nos tecidos e sua ativao para destruir os microrganismos. Muitas dessas reaes envolvem citocinas, que so produzidas por clulas dendrticas, macrfagos e outros tipos de clulas da imunidade natural. Os principais leuccitos que so recrutados na inflamao so os neutrfilos (cuja sobrevida nos tecidos de curta durao) e os moncitos (que so transformados em macrfagos teciduais). Esses fagcitos expressam em sua superfcie receptores que se ligam aos microrganismos e os ingerem, bem como outros receptores que reconhecem diferentes molculas microbianas e ativam as clulas. 36. Com a ativao desses receptores, os fagcitos produzem radicais reativos de oxignio e nitrognio e enzimas lisossmicas, que destroem os microrganismos que foram ingeridos. Os macrfagos residentes nos tecidos desempenham, em grande parte, as mesmas funes. 37. Defesa antiviral consiste em uma reao mediada por citocinas, em que as clulas adquirem resistncia infeco viral, e na destruio pelas clulas NK das clulas infectadas por vrus. Os microrganismos que so capazes de resistir a essas reaes de defesa nos tecidos podem entrar no sangue, onde so reconhecidos pelas protenas circulantes da imunidade natural. Entre as protenas plasmticas mais importantes da imunidade natural, encontram-se os componentes da via alternativa do sistema complemento. 38. Quando essa via ativada por superfcies microbianas, so gerados produtos de clivagem proteoltica, que medeiam as respostas inflamatrias, revestem os microrganismos para fagocitose intensificada e lisam diretamente os microrganismos. O complemento tambm pode ser ativado por anticorpos, quando isso ocorre, denomina-se via clssica, com as mesmas consequncias funcionais. Muitas dessas protenas circulantes entram nos locais de infeco durante as respostas inflamatrias e, assim, ajudam a combater os microrganismos nos tecidos extravasculares. 39. As reaes da imunidade natural so efetivas para controle e at mesmo erradicao das infeces. Entretanto, uma caracterstica essencial de muitos microrganismos patognicos o fato de terem evoludo para resistir imunidade natural. A defesa contra esses patgenos exige os mecanismos mais poderosos e especializados da imunidade adquirida, que os impedem de invadir e replicarem-se nas clulas e tecidos do hospedeiro. 40. Utiliza trs estratgias principais para com combater a maioria dos microrganismos: 1. Os anticorpos secretados ligam-se ao microrganismo extracelular , bloqueiam a sua capacidade de infectar clulas do hospedeiro e promovem sua ingesto e subsequente destruio pelos fagcitos. 2. As clulas T auxiliares aumentam a capacidade microbicida dos fagcitos, que ingerem os microrganismos e os destroem. 3. Os linfcitos T citotxicos destroem as clulas infectadas por microrganismos que so inacessveis aos anticorpos e destruio fagoctica. 41. O objetivo deste tipo de resposta imunolgica consiste em ativar um ou mais desses mecanismos de defesa contra microrganismos diversos que podem estar em diferentes localizaes anatmicas, como o lmen intestinal, a circulao ou dentro das clulas. Todas as respostas imunes adaptativas desenvolvem-se por etapas, e cada etapa corresponde a reaes especficas dos linfcitos. 42. FASE 1 Captura e apresentao dos antgenos microbianos. FASE 2 Reconhecimento dos antgenos pelos linfcitos. FASE 3 - sas 43. Como a quantidade de linfcitos virgens especficos e de antgenos geralmente pequena, so necessrios mecanismos especiais para capturar os microrganismos, concentrar seus antgenos na localizao correta e apresent-los a linfcitos especficos. As clulas dendrticas so APC (Antigen-Presenting Cells), clulas apresentadoras de antgenos, que apresentam os peptdeos microbianos aos linfcitos T CD4+ e CD8+ virgens, iniciando respostas imunolgicas adquiridas aos antgenos proteicos. 44. As clulas dendrticas localizadas nos epitlios e nos tecidos conjuntivos capturam o microrganismo, digerem suas protenas em peptdeos e expressam, em sua superfcie, os peptdeos ligados a molculas MHC (molculas especializadas de apresentao de peptdeos ao sistema imune adaptativo). As clulas dendrticas transportam sua carga antignica at os gnglios satlites e estabelecem residncia nas mesmas regies dos gnglios linfticos por onde os linfcitos T virgens recirculam continuamente. Dessa maneira, a probabilidade de um linfcito com receptores de antgeno entrar em contato com esse antgeno acentuadamente aumentada pela concentrao do antgeno em uma forma identificvel na localizao anatmica correta. 45. Microrganismos ou antgenos microbianos intactos que entram nos gnglios linfticos e no bao so reconhecidos em sua forma no processada (nativa) por linfcitos B especficos. Existem tambm um tipo especial de macrfago, capaz de reter em sua superfcie determinados antgenos e apresent-los na sua forma nativa aos linfcitos B. 46. Existem linfcitos especficos para um grande nmero de antgenos antes mesmo da exposio ao antgeno, e, quando um antgeno entra no hospedeiro, seleciona as clulas especficas e as ativa. Uma caracterstica do sistema imunolgico consiste na gerao de um nmero muito grande de clones durante a maturao dos linfcitos, maximizando, assim, o potencial de reconhecimento de diversos microrganismos. O reconhecimento do antgeno fornece especificidade resposta imunolgica, e a necessidade de coestimulao assegura que as clulas T respondam a microrganismos, e no a substncias inofensivas. 47. Os linfcitos T CD4+ auxiliares ativados proliferam-se em clulas efetoras cujas funes so mediadas, em grande parte, por citocinas secretadas. Uma das respostas mais iniciais das clulas T auxiliares CD4+ a secreo da citocina, a interleucina 2 (IL-2). A IL-2 um fator de crescimento que atua sobre os linfcitos ativados por antgenos e que estimula sua proliferao (expanso clonal). Parte da prognie diferencia-se em clulas efetoras, que podem secretar diferentes conjuntos de citocinas e, assim, desempenhar diferentes funes. 48. Muitas dessas clulas efetoras deixam os rgos linfoides em que foram geradas e migram para os locais de infeco e inflamao que a acompanha. Quando esses efetores diferenciados so novamente expostos a microrganismos associados a clulas, so ativados para desempenhar as funes responsveis pela eliminao dos microrganismos. As clulas T efetoras da linhagem das clulas T auxiliares CD4+ secretam citocinas que recrutam leuccitos e que estimulam a produo de substncias microbicidas nos fagcitos. Por conseguinte, essas clulas T auxiliares ajudam os fagcitos a destruir os patgenos. 49. Outras clulas T efetoras CD4+ secretam citocinas que estimulam a produo de uma classe especial de anticorpo, denominada imunoglobulina E (IgE), e ativam leuccitos denominados eosinfilos, que so capazes de matar parasitas que podem ser demasiado grandes para serem fagocitados. Alguns Algumas clulas T auxiliares CD4+ permanecem nos rgos linfoides e estimulam as respostas das clulas B. Os linfcitos CD8+ ativados proliferam e diferenciam-se em CTL, que destroem a clula que contem microrganismos (vrus infectando clulas ou macrfagos que tenham fagocitado bactrias que escaparam das vesculas fagocticas dos macrfagos). Eliminando assim os reservatrios da infeco. 50. Uma vez ativados, os linfcitos B proliferam e diferenciam-se em clulas que secretam diferentes classes de anticorpos, com funes distintas. A resposta das clulas B a antgenos proteicos exige sinais ativadores (auxiliares) das clulas T CD4+ (que a razo histrica para a designao dessas clulas T como clulas auxiliares). As clulas B podem responder a numerosos antgenos no proteicos sem a participao de outras clulas. 51. Parte da prognie dos clones expandidos de clulas B diferencia-se em plasmcitos secretores de anticorpos. Clulas agranulcitas (leuccitos sem a presena de grnulos visveis no citoplasma). Possuem em pouca quantidade no tecido conjuntivo normal, mas so abundantes em locais sujeitos penetrao de bactrias (intestino e pele) e nos locais onde existe inflamao crnica. Possuem a capacidade de produzir anticorpos contra substncias e microrganismos invasores ao tecido conjuntivo. 52. Parte da prognie dos clones expandidos de clulas B diferencia-se em plasmcitos secretores de anticorpos. Cada plasmcito secreta anticorpos que tem o mesmo stio de ligao do antgeno que os anticorpos de superfcie celular (receptores das clulas B) que inicialmente reconheceram o antgeno. Os polissacardeos e os lipdeos estimulam a secreo principalmente da classe de anticorpos denominada IgM. J os antgenos proteicos, aps induzirem uma produo inicial de IgM, causam a produo de anticorpos de classes funcionalmente distintas (IgG, IgA ou IgE). 53. As clulas T auxiliares (TH) estimulam a produo de anticorpos com afinidade aumentada pelo antgeno. Esse processo, denominado maturao de afinidade, melhora a qualidade da resposta imune humoral. A resposta imune humoral combate os microrganismos de muitas maneiras. Os anticorpos ligam-se aos microrganismos e os impedem de infectar as clulas, neutralizando-os ao bloquear sua capacidade de infectar as clulas do hospedeiro ou de colonizar tecidos. Os anticorpos constituem os nicos mecanismos da imunidade adquirida que impedem o estabelecimento de uma infeco. 54. A vacinao consiste em estimular a produo de anticorpos potentes. Os anticorpos IgG recobrem o microrganismo e os transformam em alvos para fagocitose, visto que os fagcitos (neutrfilos e macrfagos) expressam receptores para as caudas de IgG. A IgG e a IgM ativam o sistema complemento atravs da via clssica, e os produtos do complemento promovem a fagocitose ou a destruio direta dos microrganismos. 55. Alguns anticorpos desempenham papis especiais em locais anatmicos especficos. A IgA secretada pelos epitlios da mucosa e neutraliza os microrganismo presentes no lmen dos tratos respiratrio e gastrintestinal. A IgG materna transportada ativamente atravs da placenta e protege o recm-nascido at que o sistema imunolgico do lactente amadurea. Os anticorpos tem, em sua maioria, meia-vida de poucos dias, entretanto, alguns anticorpos IgG possuem meia-vida de cerca de 3 semanas. Uma proteo mais efetiva proporcionada pelas clulas de memria que, quando ativadas, diferenciam-se rapidamente para produzir grande quantidade de plasmcitos. 56. Uma resposta imunolgica efetiva elimina os microrganismos que iniciaram a resposta. Segue-se ento uma fase de contrao, em que os clones dos linfcitos expandidos morrem e a homeostasia restaurada. A ativao inicial dos linfcitos gera clulas de memria de vida longa, que podem sobreviver durante anos aps a infeco. As clulas de memria so mais efetivas no combate a microrganismos do que os linfcitos virgens por dois motivos: 1. Quantidade superior; e 2. Resposta mais efetiva. 57. Trata-se de substncias que se ligam a receptores de linfcitos especficos, independentemente de estimularem ou no respostas imunolgicas. So substncias estranhas que induzem respostas imunolgicas especficas ou que so reconhecidas pelos linfcitos ou por anticorpos. 58. Trata-se de protenas sricas que se ligam s toxinas. Diferentes tipos de anticorpos promovem a ingesto de microrganismos por clulas do hospedeiro (fagocitose), ligando- se a clulas de defesa e desencadeiam a liberao de mediadores inflamatrios por essas clulas, e so ativamente transportados para o lmen da placenta para fornecer uma defesa contra microrganismos ingeridos ou inalados e contra infeces do recm-nascido. 59. ABBAS, AK; LICHTMAN, AH; PILLAI, S. Imunologia celular e molecular. 7 ed., Elsevier, 2012. Disponvel em: < http://books.google.com.br/books?id=TqbISHVxAKAC&pg=PT1105&lpg=PT1105&dq=queratin%C3%B3citos+d efensinas&source=bl&ots=JvcRh2j8jr&sig=7e904yFBMlaxjGogExOCMRlbT0s&hl=pt- BR&sa=X&ei=ROUYU8GiDMWHkQe4xYCwDg&ved=0CEMQ6AEwAg#v=onepage&q&f=false> Acesso em: 06 mar. 2014. BRASIL. Ministrio da Sade. Doenas infecciosas e parasitrias: guia de bolso. 8 ed, revisada. Braslia/DF, 2010. Disponvel em: < http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/doencas_infecciosas_parasitaria_guia_bolso.pdf> Acesso em: 18 mar. 2014. DELVES, PJ. Viso geral do sistema imune. In: Manual Merck. 19 ed., dez. 2012. Disponvel em: http://www.univadis.com.br/merck-manual-pro/Alergia-e-imunologia/Biologia-do-sistema-imune/Visao-geral-do- sistema-imune#t-v992030_pt Acesso em: 06 mar. 2014.