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Intoxicação Exógena
Efigênia Barros
Conceito
Intoxicação exógena pode ser definida como a
consequência clínica e/ou bioquímicas da exposição asubstâncias químicas encontradas no ambiente ou isoladas.
Como exemplo, dessas substâncias intoxicantesambientais, podemos citar o ar, água, alimentos, plantas,animais peçonhentos ou venenosos. Por sua vez, os principaisrepresentantes de substâncias isoladas são os pesticidas, osmedicamentos, produtos químicos industriais ou de usodomiciliar.
Como a intoxicação é um processo patológicocausado por substâncias endógenas ou exógenas,caracterizado por desequilíbrio fisiológico, é importanteentender o conceito de intoxicação exógena para diferenciá-lada intoxicação endógena, que ocorre por meio de substânciasproduzidas no próprio organismo, seja pelas toxinas demicrorganismos infecciosos ou por perturbação metabólica /glandular (autointoxicação).
Intoxicações
Dentro deste contexto, temos ainda definições maisespecíficas, como a intoxicação exógena por drogas de abuso,como exemplo a definição das Organizações das Nações Unidaspara intoxicação por drogas de abuso:
“Intoxicação é uma condição seguida da administração desubstâncias psicoativas e resultante em distúrbios no nível deconsciência, cognição, percepção, julgamento, afeto oucomportamento, ou outra resposta ou função psicofisiológica.Os distúrbios são relatados aos efeitos farmacológicos erespostas à substâncias e os efeitos desaparecem com odecorrer do tempo, até a recuperação completa, exceto quandohá lesões teciduais ou outras complicações.”
O tratamento de intoxicação exógena, via de regra segue o procedimento, de afastamento do
paciente ao agente intoxicante, observação clínica para verificar a involução ou não dos sintomas, e
terapia de suporte. Para intoxicações por ingestão, acrescenta-se a lavagem gástrica, somente se
realizado em até uma hora após a ingestão, e a administração de carvão ativado. Provocar vômito é
totalmente contraindicado em qualquer caso.
Abordagem Incial
Exames complementares
• Maioria: não necessita!
• Hemograma
• Glicemia
• Eletrólitos
• Gasometria arterial
• Urina
• Screening toxicológico
Qualitativo
Quantitativo
Anamnese dirigida
Sinais vitais
Nível de consciência
Tamanho da pupila
Oximetria de pulso
Monitorização cardíaca contínua
Eletrocardiograma
Acesso periférico calibroso
Glicemia capilar
Suporte de oxigênio (inclui IOT)
Antídotos
Casos
Drogas simpaticomiméticas: São substâncias que imitam os efeitos do hormônioepinefrina (adrenalina) e do hormônio/neurotransmissor norepinefrina(noradrenalina). Estas drogas aumentam a pressão sanguínea e são bases fracas.Diversas substâncias podem causar estimulação do sistema nervoso central (SNC),como a cafeína e a estricnina. Na prática clínica, as drogas usadas para se obter talefeito são as chamadas aminas simpaticomiméticas, que são definidas como ascatecolaminas endógenas e drogas que reproduzem seus efeitos.
Agentes simpatomiméticos
Anfetaminas
Efedrina
Cocaína e análogos (crack...)
Hormônio tireoidiano
Inibidores da MAO
Derivados da ergotamina
Tratamento
Tratamento
Boa hidratação e suporte cardiovascular
Não usar anti-hipertensivos de longa ação!
Não usar beta-bloqueadores (piora da vasoconstrição)
Benzodiazepínicos
Ansiedade e agitação
Convulsões
SCA e emergências hipertensivas
Nitroglicerina/nitroprussiato
Casos
Drogas Anticolinérgicas: São substâncias antagonistas da ação de fibras nervosas parassimpáticas
que liberam acetilcolina. Ou seja, que inibem a produção da acetilcolina. Absorvido em quantidades maiores
do que a dose terapêutica, o produto provoca alterações mentais como alucinações e delírios, com duração de
48 horas. Consumido junto com outras drogas, como inalantes e maconha, o efeito pode durar mais tempo
ainda, iniciando pela sensação de "barato" na cabeça ou no corpo todo, seguida de alterações na percepção de
cores/sons, terminando com sensações de estranheza, medo, confusão mental, ideias de perseguição,
dificuldades de memória - síndrome que adota a forma de um surto psicótico agudo. O potencial de
dependência parece elevado, com alta toxicidade, evoluindo para alterações crônicas.
Possíveis tóxicos• Anti-histamínicos H1
• Atropina, hioscina, escopolamina e ipratrópio.
• Antiparkinsonianos: biperideno e benztropina.
• Relaxantes musculares: orfenadrina, ciclobenzaprina e
isomepteno
• Neurolépticos: clozapina, olanzapina e fenotiazinas.
• Antidepressivos tricíclicos.
Casos
Antidepressivos tricíclicos e tetracíclicos: Em população com alta chance de suicídio.
• Tricíclicos: amitriptilina, imipramina, clomipramina e nortriptilina.
• Tetracíclicos: bupropiona, maprotilina e mirtazapina.
• Picos séricos após 2-6 horas e altíssima ligação protéica (>95%)
• Complicações graves: hipotensão e arritmias
• Óbito tardio: complicações pulmonares e de múltiplos órgãos.
Neurolépticos: Quadro clínico específico
• Distonia, acatisia e parkinsonismo.
• Depressão respiratória e do SNC.
• Efeitos anticolinérgicos.
• Síndrome neuroléptica maligna.
• Diazepam, bromocriptina, L-DOPA...
Tratamento
Tratamento
Lavagem gástrica na primeira hora da ingestão
Carvão ativado após a lavagem
Benzodiazepínicos (agitação)
Antídoto
Fisostigmina: 1-2 mg EV durante 2-5 minutos (a dose pode ser repetida).
Não deve ser usada para convulsões ou coma.
Contraindicada se distúrbios de condução cardíaca.
Casos
Inseticidas organofosforados: • Inibição irreversível da acetilcolinesterase
• Malathion, parathion e gás sarin.
• Extensa distribuição no organismo e lento metabolismo
hepático
• Efeitos podem durar semanas a meses
Inseticidas carbamatos:• Inibição reversível da acetilcolinesterase
• Veneno para rato
• Metabolização pelo fígado e soro em 12-24 horas
• Ação mais curta que a dos organofosforados (raramente
ultrapassam 48 horas)
Tratamento
Tratamento
Retirar as roupas do paciente e exaustiva lavagem
Intoxicação oral: lavagem gástrica na primeira hora seguida de carvão ativado
Tratamento de suporte
Antídotos
Atropina: 2 mg-EV para casos leves a moderados e 2-5 mg-EV para os casos mais graves. Repetir a cada 5-15 minutos.
Pralidoxima
Regenera a acetilcolinesterase
Dose: 1-2 g em 250 mL de SF em infusão lenta (30 minutos). Pode ser mantida a cada 6 horas ou em BIC (500 mg/hora).
Casos
Quanto à duração:• Longa: dizepam, flurazepam e clonazepam.
• Curta: lorazepam, flunitrazepam e alprazolam.
• Ultracurta: midazolam.
Quadro clínico:• Depressão respiratória
• Hipotensão
• Hipotermia
• Coma
• Danger: associação de depressores do SNC
• Álcool, antidepressivos, barbitúricos e opioides.
Tratameto
Tratamento
Suporte clínico
Lavagem gástrica na primeira hora seguida de carvão ativado
Atenção: intuba primeiro se necessário!
Antídoto: flumazenil
Dose: 0,1 mg em 1 minuto com diversas repetições até o efeito desejado.
Dose máxima: 3 mg.
Efeito esperado: adequado reflexo de deglutição (não é deixar o paciente acordado).
Pode causar síndrome de abstinência e convulsões (“crônicos”)
Casos
Representantes:
Morfina
Codeína
Meperidina
Fentanil
Alfentanil
Sufentanil
Heroína
- Destilação da morfina- 2-5x a potência analgésica- Overdose: edema pulmonar
em até 67% dos casos.
Tratamento
Tratamento
Suporte clínico
Lavagem gástrica na primeira hora seguida de carvão ativado
O carvão pode ser usado mais tardiamente
Aquecimento ativo ou passivo
Reposição volêmica
Danger: EAP!
RNC + hipoventilação + bradipneia (tríado do mal)
Antídoto: NALOXONE!
Dose: 1-4 mg EV, IM ou intratraqueal.
Repetições a cada 20-60 minutos.
Casos
Cumarínicos: São substâncias de cunho sintético, ou natural, que estão relacionadas à cumarina (delta-lactona do
ácido cumarínico). Tem ação anti-coagulante, farmacêutica, anti-neoplásica etc. Pode ser encontrados em raticidas e
em alguns fármacos.
Na maioria dos casos, são pessoas saudáveis, que desenvolvem sintomas e sinais decorrentes do contato
com substâncias exter- nas e dos efeitos sistêmicos delas. As substâncias po- dem ser de uso industrial, doméstico,
agrícola, auto- motivo, etc. Outras, são de uso humano, médico, na maioria, resultando em efeitos tóxicos pelo mau
uso ou pelo abuso.
Tratamento
RNI < 5.0 e ausência de sangramento (ouleve)
Reduzir a dose de varfarina ou
“Pular” 1 dose e reiniciar a varfarina em dosemenor quando o RNI estiverna faixa terapêuticaou
Não reduzir a dose da varfarina se o RNI estiverlevemente alterado.
RNI entre 5.0 e 9.0 sem sangramento (ou leve)
“Pular” 1 ou 2 doses, monitorizar o RNI de 6/6horas e reiniciar a varfarina em dose menorquando o RNI atingir a faixa terapêutica ou
“Pular” 1 dose e administrar 1-2,5 mg de vitamina K1 oral.
RNI > 9.0 sem sangramento (ou leve)
Suspender a varfarina e administrar 2,5-5 mgde vitamina K1 oral.
Solicitar RNI de 6/6 horas.
Administrar mais vitamina K1 se necessário.
Reduzir a dose da varfarina quando o RNIatingir a faixa terapêutica.
Qualquer RNI com sangramento importante
Suspender a varfarina
Administrar vitamina K1 10 mg-EV em infusãolenta
Administrar plasma fresco congelado ouconcentrado de complexo protrombínico
Solicitar RNI de 6/6 horas
Repetir as doses se necessário
RNI: medida laboratorial, para avaliar a via extrínseca
da coagulação.
Casos
Depressão do SNC e cardiovascular, coma. SNC: sonolência,
letargia, confusão, delírio, dificuldade de fala, diminuição ou
perda dos reflexos, ataxia, nistagmo, hipotermia, depressão
respiratória. SCV: hipotensão, taquicardia, choque.
Gastrointestinal: diminuição do tônus e motilidade, pode
compactar comprimidos. Óbito por insuficiência
cardiorespiratória ou secundária a depressão de centros
medulares vitais.
Tratamento
Tratamento
Carvão ativado (pode ser usado em múltiplas doses)
Medidas de suporte
Convulsões: interrupção do agente e emprego de benzodiazepínicos
Apesar de serem ANTI convulsivantes, se usados em doses extremas podem induzir convulsões.
Diálise!
Fenobarbital, ácido valproico e carbamazepina.
Casos
A intoxicação pelo lítio é um problema grave e se
não se reconhece/diagnostica e não se trata, pode ter
graves consequências que podem ir até ao coma, lesão
cerebral e mesmo morte. Por causa da gravidade potencial
da intoxicação pelo lítio, o Médico deve ser avisado
imediatamente se sintomas, como os mencionados atrás,
ocorrerem. Se os doentes e os seus familiares estiverem a
par destes sintomas e os reconhecerem logo, situações
potencialmente graves podem ser resolvidas com
segurança e rapidamente.
Tratamento
Tratamento
Lavagem gástrica na primeira hora
Não adianta carvão ativado...
Tratamento de suporte
Importantíssimo: aumentar a excreção renal!
Hemodiálise (litemia > 8 mmol/L); mais precoce se IRA.
Hidratação venosa
Alcalinização da urina
Cuidados de EnfermagemCUIDADOS DE ENFERMAGEM IMEDIATOS
INDEPENDENTEMENTE DO PRODUTO DE INTOXICAÇÃO, OS PRIMEIROS CUIDADOS DE ENFERMAGEM SERÃO:• VERIFICAR OS SINAIS VITAIS E COMUNICAR AS ALTERAÇÕES.• INTERVIR NAS COMPLICAÇÕES IMEDIATAS, COMO CONVULSÕES. • MANTER O PACIENTE COM A CABEÇA LATERALIZADA CASO HAJA RISCO DE VÔMITOS.• INSTALAR UM OXÍMETRO.• INSTALAR CATETER NASAL OU MÁSCARA DE OXIGÊNIO, SE SAT ≤90%, OU CONFORME PROTOCOLO.• INSTALAR MONITORAÇÃO CARDÍACA LOGO QUE POSSÍVEL.• MANTER-SE ALERTA QUANTO AO NÍVEL DE CONSCIÊNCIA.• MANTER AS GRADES LATERAIS DO LEITO ELEVADAS.• AGUARDAR A AVALIAÇÃO E A PRESCRIÇÃO MÉDICA E REALIZAR RIGOROSAMENTE OS PROCEDIMENTOS PRESCRITOS.
ALGUNS PROCEDIMENTOS SERÃO REALIZADOS APÓS A PRESCRIÇÃO MÉDICA, SENDO DETERMINADOS PELO TIPO DE SUBSTÂNCIA INGERIDA, TEMPO E DOSE, POR EXEMPLO:• INDUÇÃO DE VÔMITO (XAROPE DE IPECA)• LAVAGEM GÁSTRICA• INSTALAÇÃO DE VIA DE ACESSO VENOSO PARA OS CASOS DE USO DE MEDICAMENTOS ANTAGONISTAS• USO DE CARVÃO ATIVADO
NO CASO DO USO DE CARVÃO ATIVADO, A DOSE RECOMENDADA É DE 1 GT/KG DE PESO, PODENDO SER DILUÍDA EM ÁGUA OU REFRIGERANTES NA PROPORÇÃO DE 1:4. A DOSE PARA CRIANÇAS É 1/2 G/KG DE PESO.EM CASO DE SUBSTÂNCIAS ÁCIDAS OU ALCALINAS, CORROSIVOS COMO DERIVADOS DO PETRÓLEO, A INDUÇÃO AO VÔMITO É CONTRAINDICADA. CASO SEJA NECESSÁRIO O USO DE SNG, ESTA DEVE SER COLOCADA POR ENDOSCOPIA.