MALFORMAÇÕES CONGÊNITAS EM MUNICÍPIOS DE GRANDE

UTILIZAÇÃO DE AGROTÓXICOS EM MATO GROSSO, BRASIL

ALESSANDRA PEREIRA SALBEGO BRUNA ANTONIACCI PELARIN

BRUNA FERNANDES LOPESCATIELE TERTULIANA DA SILVA RODRIGUES

KAREN MOTOKI DA SILVAGABRIELA TOMAS ARANTES

REBECA MAYARA BARBOSA KOCZICKI

Introdução

O maior produtor e consumidor de agrotóxico do Brasil é o Mato Grosso, isso porque o solo é pouco fértil para a agricultura necessitando, assim, do uso destes agentes químicos para uma boa produtividade. Essa exposição aos agrotóxicos especificamente em gestantes, têm sido associada a malformação congênita.

O nosso trabalho irá abordar a relação entre o uso de agrotóxicos e as malformações congênitas em municípios com maior exposição no Mato Grosso.

Foram estudados caso-controle com 219 nascidos vivos com malformação congênita e 862 nascidos vivos sadios. A média estimada foi de utilização de agrotóxicos nos trimestres anterior e posterior à data da fecundação e durante todo período peri-concepcional (desde o momento que resolver engravidar até no mínimo 8 semanas de gestação), segundo os municípios e as datas.

Metodologia

Foram selecionados oito municípios que apresentaram um maior índice de exposições por agrotóxicos no estado de Mato Grosso para fazer um estudo de caso-controle de base populacional.

Foram analisadas amostras de água potável superficial e subterrânea utilizadas para o consumo da população na cidade de Primavera do Leste (MT), amostra de água de rio e poços artesianos, amostra de sangue e urina de professores da rede pública de ensino em Lucas do Rio Verde (MT) e foi detectado a presença de uma variedade de resíduos de agrotóxicos nocivos ao homem.

As informações sobre nascido vivos foram obtidas do Sistema de Informação de Nascidos Vivos do Ministério da Saúde O estudo considerou como “casos” todos os nascidos vivos com malformação dos municípios selecionados nos anos de 2000 a 2009 e como “controles” os nascidos vivos com mais de 37 semanas de gestação e sem nenhuma malformação congênita.

As variáveis referentes aos nascidos vivos selecionadas para ajuste foram: sexo do recém-nascido, faixa etária da mãe, estado civil, escolaridade da mãe, número de consultas pré-natal, número de filhos mortos e raça.

Análise de dados

Foram inseridas as variáveis de exposição média aos agrotóxicos. Atribuiu-se então um nível de exposição aos agrotóxicos para cada intervalo, tendo como referência o intervalo com o nível de menos exposição.

Doenças congênitas

 Anencefalia

Fissura Lábio-palatina

Espinha Bifita

Resultados

Nas análises múltiplas, em todos os trimestres de exposição foram encontradas associações positivas entre exposição aos agrotóxicos e malformação. Porém, os efeitos mais significantes foram observados no terceiro e quarto quartil pós-fecundação e no quarto quartil do período peri-concepcional.

De acordo com o artigo e os dados coletados foi possível registrar que a exposição materna aos agrotóxicos no período pós fecundação e no período total de três meses antes da fecundação e o primeiro trimestre gestacional esta associadas às malformações congênitas dos municípios selecionados , colocando que populações expostas aos agrotóxicos apresentam maior risco de malformação congênita.

Curiosidades

Outros artigos que abordam assuntos semelhantes

• Agrotóxicos que afetaram a saúde de uma pessoa podem provocar danos a seus descendentes por até quatro gerações, segundo pesquisadores da Washington State University. A equipe de cientistas obteve evidências de que algumas doenças hereditárias podem ser causadas por venenos que poluem o útero. A pesquisa foi publicada pelo jornal Science.

• Após oito anos de pesquisas, o grupo GEMA (Grupo de Genética e Mutagênese Ambiental) da Universidade Nacional de Rio Cuarto (UNRC) elaborou um relatório no qual confirma a clara vinculação do glifosato com mutações genéticas que podem se transformar em câncer, gerar abortos espontâneos e nascimentos com malformações.

Referências Augusto, L. G. S.; Carneiro, F F; Pignati, W; Rigotto, R M; Friedrich, K; Faria ABRASCO

– Um alerta sobre os impactos dos agrotóxicos na saúde. ABRASCO, Rio de Janeiro, junho de 2012. 2ª Parte. 135p.

AZENHA, M. Exclusivo: A pesquisadora que descobriu veneno no leite materno.VIOMUNDO, 2011. Disponível em: < http://www.viomundo.com.br/denuncias/exclusivo-a-pesquisadora-que-descobriu-veneno-no-leite-materno.html> Acesso em : 18/05/2016

BEDOR, C. N. G. Estudo do potencial carcinogênico dos agrotóxicos empregados na fruticultura e sua implicação para a vigilância da saúde. 2008. Tese (Doutorado em Saúde Pública) – Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães, Recife, 2008.

GRISOLIA, C. K. 2005. Agrotóxicos: mutações, cancer & reprodução. Editora Universidade de Brasília, Brasília.