Upload
adriano-pires
View
5.513
Download
49
Embed Size (px)
Citation preview
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA
DEPARTAMENTO DE SAÚDE
LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA
REABILITAÇÃO NEUROMUSCULAR DE LESÕES NO
JOELHO: UMA PRÁTICA DOMICILIAR
DESENVOLVIDA PELO PROFISSIONAL DE
EDUCAÇÃO FÍSICA INTEGRADO AO PROGRAMA DE
SAÚDE DA FAMÍLIA (PSF)
SIRLEY LIMA BARRETO
FEIRA DE SANTANA
2004
SIRLEY LIMA BARRETO
REABILITAÇÃO NEUROMUSCULAR DE LESÕES NO
JOELHO: UMA PRÁTICA DOMICILIAR DESENVOLVIDA
PELO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA
INTEGRADO AO PROGRAMA DE SAÚDE DA FAMÍLIA
(PSF)
Monografia apresentada ao curso de Educação Física da Universidade Estadual de Feira de Santana, em cumprimento parcial aos requisitos para a obtenção do grau de Licenciado em Educação Física. Orientador(a): Prof. Dra. Suzi de Almeida V. Barboni
FEIRA DE SANTANA
2004
Minha dedicação é toda especial à meus pais, que sempre acreditaram em mim, até
quando nem eu mesma acreditava; que não pouparam esforços para que pudesse agora estar
concluindo mais uma etapa da minha vida.
AGRADECIMENTOS
• À Jeová Deus, que criou essa inigualável máquina que é o ser humano, dotada das
mais singulares qualidades; • À Gil, Sid e Alex, que foram meus companheiros desde o início e me ajudaram
SEMPRE que precisei; • À Emília e Ilma, a quem eu sempre abusava, por morar mais próximo de mim; • À Neto, que entrou nas nossas vidas no meio do curso, mas que conseguiu ser tão
inesquecível quanto os outros; • Ao professor Torres, que me ajudou a ver que o basquete era realmente tudo de
bom, como eu já imaginava; • À minha orientadora Suzi, que com toda a sua paciência e otimismo, me ajudou a
construir essa monografia; • À quem eu considero meu co-orientador, Marcos Temístocles, que apesar de não tê-
lo abusado muito, sempre soube que podia contar com ele; • Aos meus colegas da Conexão Saúde que muitas vezes deixaram seus afazeres para
me substituir no trabalho enquanto corria atrás da monografia; • Ao meu esposo Fábio, que foi muito paciente e até me ajudou a comprar um
computador pensando especialmente na monografia; • Ao meu professor de basquete e amigo Kal, que sempre me dizia palavras de
encorajamento; • Aos meus colegas de basquete e, em especial, Cascia, Aline e Daiana, com quem eu
construí grande parte da minha vida; • Aos meus irmãos espirituais, com quem sei que poderei contar sempre; • À toda a minha família, que me apoiava com sua união; • À minhas colegas de república, que foram minha segunda família durante os quatro
anos que morei em Feira de Santana; • A todos os professores; • A todos os colegas com quem convivi, mesmo que por apenas um semestre; • A todos os funcionários do Parque Esportivo e do Colegiado, que sempre
mostraram ser nossos companheiros nessa caminhada.
RESUMO
O presente estudo mostra a importância do profissional de Educação Física na
reabilitação neuromuscular das lesões no joelho, de forma intradomiciliar, não-invasiva, de
baixo custo e integrado na equipe multiprofissional do Programa Saúde da Família(PSF).
Para tanto foi realizado um levantamento bibliográfico utilizando produções científicas
recentes, as quais foram analisadas e confrontadas. Diante dos achados, concluiu-se que o
profissional de Educação Física pode, e deve, integrar a equipe PSF, universalizando, dessa
forma, o acesso, a atividade física, cujo acesso encontra-se totalmente privatizado em FSA.
Com esta inclusão e garantido-se que seja realizada de forma segura sob a supervisão de
um profissional capacitado, a qualidade de vida pode ser melhorada, as seqüelas resultantes
das lesões podem ser minimizados, tendo seu tratamento barateado pela prática da atividade
física. Ressalte-se ainda, a possibilidade de atendimento individualizado, podendo dessa
forma haver melhores resultados, pela proximidade professor de Educação Física com o
paciente e com os outros profissionais da equipe.
SUMÁRIO
1.Introdução 7
1.1.Problema 11
1.2.Hipóteses 12
1.3.Estado do Tema 13
1.4.Justificativa 16
1.5.Objetivos 17
2.Metodologia 18
3.Desenvolvimento 19
3.1 Anatomia funcional e estrutural do joelho 19
3.1.1.Anatomia estrutural 19
3.1.2.Anatomia funcional 22
3.2.Principais lesões da articulação do joelho 24
3.2.1.Lesões por predisposição estrutural 24
3.2.2.Lesões por uso excessivo (microtraumáticas) 25
3.2.3.Lesões por trauma direto (macrotraumáticas) 29
3.2.4.Artrites 36
3.2.5.Artroses 37
3.3.Tratamento: reabilitação convencional de lesões no joelho e proposta de
terapêutica intradomiciliar 38
3.3.1.Atividades realizadas durante a reabilitação 39
3.3.2.Pratica intradomiciliar dos exercícios terapêuticos 44
3.4.Intervenção do profissional de Educação Física no Programa de Saúde da
Família 47
3.5.Terapêutica a ser desenvolvida pelo profissional de Educação Física 49
4.Conclusão 51
5.Anexos 53
6.Referências 54
1.INTRODUÇÃO
A articulação do joelho foi elaborada ao longo da evolução para dar mobilidade e
estabilidade ao corpo humano. Esta articulação alonga e encurta funcionalmente o membro
inferior, junto com o quadril e o tornozelo, suporta o peso do corpo quando o indivíduo está
em pé e é uma unidade funcional primária para a atividade de andar, subir e sentar.
Como o joelho é a articulação primária entre o quadril e o pé, problemas nessas
duas áreas irão interferir na função do joelho na marcha. Ainda devido a sua posição no
corpo humano, o joelho é bastante suscetível a lesões traumáticas por ser submetido
constantemente a esforços (já que se localiza entre os dois braços de alavanca, o fêmur e a
tíbia) e, não ser protegido por tecido adiposo nem por músculo. Esta apresentação tanto no
que se refere à posição anatômica, quanto a falta de proteção contribui para a alta
incidência de lesões que acometem a articulação. Essas particularidades fazem-se presentes
como fatores principais nas patologias que a comprometem, sejam elas de maior ou menor
gravidade.
O joelho precisa estar livre de dor e estável para a sustentação do peso do corpo e
marcha normal, desempenhando assim suas funções. Lesões traumáticas, agudas ou lesões
crônicas, deformidades congênitas e degeneração articular nessa região podem causar dor
intensa, instabilidade articular, grave deformidade, limitação de mobilidade ou limitação da
amplitude de movimento (que podem ser por instalação de hipotrofia muscular) causando
alteração na marcha e afastamento das atividades profissionais e/ou esportivas.
Uma das lesões mais comuns no joelho é o comprometimento de estruturas
ligamentares e meniscais, responsáveis pela estabilidade articular estática. Estas lesões
podem ser tratadas conservadoramente, através de tratamento clínico e fisioterápico, ou
cirurgicamente com posterior terapia.
Os tipos de procedimento médico e fisioterápico aos quais os pacientes eram
submetidos há alguns anos, quer por falta de um maior conhecimento científico da
complexidade articular, quer por escassez de recursos tecnológicos existentes, deixavam os
acometidos sujeitos a seqüelas, resultando em afastamento de suas atividades laborativas,
desportivas e/ou recreacionais.
Nos últimos 10 anos vem-se observando um número crescente de pesquisadores
preocupados com o desenvolvimento de técnicas que proporcionem maior estabilidade e
funcionalidade articular associado ao início precoce do tratamento fisioterápico a fim de
minimizar os danos à articulação, bem como no tratamento pós-cirúrgico.
As principais repercussões na artrocinética do joelho foram observadas em
pacientes submetidos a intervenção cirúrgica por comprometimento ligamentar, sobretudo
na reconstrução do ligamento cruzado anterior (LCA). Este fato também pode ser associado
ao encaminhamento tardio do indivíduo ao tratamento fisioterápico ou como na maioria das
vezes, devido ao desconhecimento dos processos cirúrgicos aos quais foram submetidos
não procurando tratamento fisioterápico adequado.
Lalonde (1974 cit. BARBONI, 2002) aponta como determinantes do processo
saúde-doença de uma população uma multiplicidade de fatores como: os biológicos ou
inalteráveis – herança genética, idade, sexo, etc. – , o estilo de vida ou comportamentos
autodeterminados e adquiridos no convívio social – tabagismo, dieta, sedentarismo, etc. –
os fatores ambientais ou ambiente físico, social e psíquico - poluição ambiental por agentes
químicos radioativos, tipo de inserção na força de trabalho, estresse, entre outros; e o
acesso ao serviço de saúde (ROUQUAYROL & ALMEIDA FILHO, 1999 cit. MACEDO,
2004).
As lesões do joelho podem estar relacionadas com alguns fatores, a exemplo das
causas genéticas (má formação), doenças e agravos (raquitismo, obesidade) e causas
externas (acidentes de trânsito, lesões ocupacionais ou pela prática de esportes e outros). O
somatório dos dois últimos indica que o indivíduo tem mais chance de desenvolver doenças
do aparelho locomotor quando agravado por outros fatores da modernidade, como o estilo
de vida.
Sendo as causas genéticas difíceis de serem controladas pelas tecnologias atuais, um
dos desafios para as políticas na área de saúde, e especificamente para o Programa Saúde da
Família (PSF), consiste não só na redução dos outros fatores, mas também promover sua
reabilitação.
Se os problemas genéticos e alguns acidentes são inevitáveis, inerentes a própria
vida urbana, e os meios para eliminá-los ainda não foram conquistados pela ciência, cabe
então a busca de políticas sociais para amparar a população acometida por estes problemas
de saúde.
Do ponto de vista ético, a maioria dos acidentes, pela magnitude com que
acontecem no Brasil e especificamente em Feira de Santana, poderiam ser evitados pelos
meios disponíveis, mas continuam acontecendo em grande número, gerando uma multidão
de mutilados e incapazes.
Diversos estudos têm mostrado que mesmo sendo bem conhecidas as doenças do
aparelho locomotor, estas persistem tendo como pano de fundo a falta de acesso ou acesso
tardio ao serviço de saúde, por diversos motivos.
Dessa forma, a condição para a recuperação da saúde dos indivíduos afetados
por lesões no aparelho locomotor, em especial no joelho, na conjuntura social-
econômica brasileira, pode estar relacionada a uma intervenção mais eficaz do serviço
público de saúde. Neste aspecto, PSF pode se constituir num excelente aliado para a
população, garantindo através da inserção do profissional de Educação Física na
equipe, a promoção e reabilitação da saúde, contribuindo de forma significativa por
meio da prática de atividade física, para a melhoria da qualidade de vida da
população.
A atividade física orientada por profissional capacitado é capaz de promover
modificações notórias no joelho, aumentando a autonomia dos afetados e influindo
também na auto-estima, não só por mecanismos fisiológicos, mas também, pela
influência de aspectos subjetivos, produzindo sensação de bem-estar e redução do
estresse psíquico, permitindo rápido retorno à rotina ativa.
Objetivando ampliar a discussão sobre a intervenção por parte dos Professores de
Educação Física no PSF na cidade de Feira de Santana, este projeto vem demonstrar essa
necessidade e propor meios para que esse profissional possa estar inserido na equipe
multiprofissional com trabalhos de forma integrada, aproximando-o do médico,
melhorando os resultados de sua intervenção quanto à atividade física e qualidade de
vida da população.
Neste contexto, a proposta de atividade física orientada e diferenciada no PSF surge
como um elemento em oposição ao modelo clássico individual, medicalizado e ao alto
custo do tratamento.
Logo, se alguns dos movimentos do joelho podem ser reabilitados e a extensão de
algumas lesões podem ser controladas pela atividade física, é eticamente inadmissível que a
prevenção – a atividade física orientada e diferenciada – ou a reabilitação – não estejam
disponíveis para toda a população e muito menos que o acesso possa variar em função da
condição social do indivíduo. Diz-se isso porque as metodologias/tecnologias que podem
reabilitar a marcha dos acometidos, não só em Feira de Santana, mas na maioria das
regiões, são disponíveis para uns e não para outros, dependendo de sua condição social,
uma vez que são amplamente difundidas apenas em espaços privados como hospitais,
clínicas de fisioterapias e academias particulares.
Neste particular, ressalte-se o compromisso da Universidade Estadual de Feira de
Santana, e em especial do Departamento de Saúde, onde está alocado o Curso de
Licenciatura em Educação Física, o qual consiste em produzir, reproduzir e socializar
conhecimentos, formando profissionais com consciência de cidadania que promovam,
previnam, tratem e reabilitem em relação à saúde, tendo em vista o atendimento à
demanda social e contribuam para a melhoria da qualidade de vida
(www.uefs.br/uefs/saude/cursos.htm). Com isso, definiu-se a opção filosófica do
Departamento pela Saúde Coletiva (MORAIS, 2003).
Tendo em vista os dados aqui apresentados, este estudo monográfico justifica-se
considerando que o seu desenvolvimento não se limitará a só apresentar dados já existentes
na literatura, mas propor formas de intervenção, ratificando que o profissional de Educação
Física deve atuar juntamente com outros profissionais também inseridos no Programa de
Saúde da Família, na reabilitação da saúde.
1.1. PROBLEMA:
Como o profissional de Educação Física pode contribuir para a reabilitação
neuromuscular de lesões no joelho em domicílio integrado ao Programa de Saúde da
Família?
1.2. HIPÓTESES
� O profissional de Educação Física pode realizar a reabilitação neuromuscular de
lesões do joelho, tanto de forma conservadora como no pós-cirúrgico, por meio
de exercícios físicos que aumentem a amplitude de movimento do joelho sem
que este seja acompanhado de processo doloroso;
� A reabilitação neuromuscular de patologias do joelho realizadas em domicílio
podem ser feitos por um valor financeiro mais barato para o SUS do que nas
clínicas de fisioterapia;
� A inserção de um programa de reabilitação e reeducação da articulação do
joelho a ser desenvolvido pelo profissional de Educação Física integrado a
equipe do PSF contribui para a saúde coletiva;
� O currículo do Curso de Licenciatura em Educação Física da UEFS inclui
disciplinas que dão base para que o profissional formado possa integrar a equipe
PSF e esteja apto para realizar reabilitação neuromuscular .
1.3.ESTADO DO TEMA
Ao contrário do que se imagina, as lesões de joelho são muito comuns e não são
provocadas apenas por traumas decorridos de atividade atlética, acidentes e crescimento da
população idosa(CAILLIET, 2001),podem ser também congênitas. Além disso, não são
apenas os atletas profissionais ou amadores que correm o risco de adquirir uma lesão no
joelho, os não-atletas também desenvolvem os mais variados problemas na articulação. Por
exemplo, cerca de 30% das crianças com idade a partir de três anos apresentam alguma
deformidade de joelho, cuja principal causa é a genética. Ou seja, são hereditários
(Moraes).
A medicina, também auxiliada pela engenharia, e a ergonomia tem proporcionado
uma melhor compreensão das funções do joelho, cujas lesões podem agora ser
reconstituídas com precisão e os danos resultantes aos tecidos podem ser melhor
entendidos(CAILLIET, 2001).
Com o advento da ressonância magnética para o diagnóstico preciso da gravidade
da lesão e dos procedimentos e equipamentos cirúrgicos, como a artroscopia (procedimento
minimamente invasivo, uma espécie de videocirurgia, que permite visualizar precisamente
as lesões nos tendões e articulações, além de tratá-las e prevenir a evolução das mesmas),
os índices de cura têm elevado significativamente, girando em torno de 90% dos casos.
Contudo, é preciso salientar a importância da fisioterapia no processo de recuperação das
lesões de joelho que dependem de intervenção cirúrgica. A fisioterapia é tão fundamental
quanto a cirurgia, é indispensável para o sucesso do tratamento. Além do mais,
o tratamento das lesões no joelho varia de acordo com a gravidade das mesmas e pode envolver desde antiinflamatórios, fisioterapia executada em clínicas especializadas e até, em alguns casos, procedimentos cirúrgicos; daí a importância de se realizar o diagnóstico preciso do tipo de lesão e, posteriormente a aplicação de tratamento adequado(MORAES).
Podem acontecer lesões isoladas ou combinadas e as mais comuns são: a lesão
cruzado anterior (LCA – que afeta o ligamento cruzado anterior, responsável pela
estabilidade do joelho “anteriormente”, não permitindo o movimento para frente) e a lesão
menisco medial (LMM). As mais graves são as combinadas LCA e LCP (lesão cruzado
posterior – que afeta o ligamento posterior, responsável pela estabilidade do joelho
“posteriormente”, não permitindo o movimento para trás), mais ligamentos colaterais,
localizados nas laterais do joelho, responsáveis pela estabilidade lateral e medial da
articulação. As chamadas deformidades dos joelhos varo (joelho para fora e perna para
dentro), e valgo (joelho para dentro e perna para fora, joelho em “X”) são os problemas
mais comuns congênitos e que se manifestam por volta dos três ou quatro anos de idade. O
joelho varo pode ser causado também pelo raquitismo – deficiência de vitamina D. É
importante chamar a atenção das mães para este tipo de problema, já que hoje existem
ferramentas na medicina que possibilitam o tratamento adequado, com excelentes
resultados(MORAES).
O diagnóstico das lesões causadas por traumas pode ser clínico com exame de
ressonância nuclear magnética e algumas vezes por via artroscópica (quando a cavidade
articular é analisada com a ajuda de um aparelho especial chamado artroscópio). As lesões
meniscais e de cartilagem (chamadas condrais) evoluem muito bem com a artroscopia, pois
é considerada menos agressiva e invasiva do que as cirurgias convencionais e possibilita a
prevenção de lesões tardias graves como artrose precoce, além de permitir recuperação
mais rápida(MORAES). Os esportistas estão mais sujeitos a lesões, dependendo da
modalidade esportiva. Os surfistas, por exemplo, sofrem mais com meniscos e ligamentos
rompidos devido à força aplicada em uma manobra, quando o joelho é forçado a um
movimento brusco de rotação. No voleibol, os saltos constantes e a impulsão vertical
provocam lesões na articulação do joelho. Os ciclistas reclamam com freqüência de dor nos
membros inferiores e isso se deve, geralmente, a lesões provocadas pela inadequação das
dimensões da bicicleta ao corpo do atleta. Além destas peculiaridades, as variações
anatômicas de quem pedala, a intensidade, a forma de treinamento e a duração dos treinos
também são responsáveis pelo problema. Importante destacar também que
O preparo físico e muscular é importantíssimo, tanto para atletas como não atletas. Alongar, caminhar, fazer teste ergométrico periodicamente e manter o peso com uma alimentação balanceada são alguns dos procedimentos que devem fazer parte da rotina de todos. É a melhor forma de manter uma vida saudável e livre de lesões(MORAES)
Já para os atletas profissionais, a exigência de preparo físico é muito maior e mais
freqüente. Mesmo assim, o calendário exaustivo dos campeonatos em grande parte das
modalidades favorece o aparecimento das lesões, apesar de todos os cuidados dos técnicos
e comissões esportivas.
O aumento da incidência de lesões no joelho tem sido constatado em adolescentes,
jovens, homens acima de 45 anos e mulheres, estas últimas porque estão praticando cada
vez mais esporte.
1.4.JUSTIFICATIVA
Tendo observado na prática diária o crescente número de pessoas, inclusive em
Feira de Santana, que são acometidas por patologias na articulação do joelho, por diversas
etiologias, surgiu a idéia de fazer essa pesquisa.
Além do aumento no número de casos, observei pelo levantamento bibliográfico
prévio que a terapia pode ser simplificada, não-invasiva e realizada intradomiciliar,
melhorando acessibilidade à reabilitação bem como reeducação da articulação do joelho.
Como há demanda populacional local e uma vez que o Programa de Saúde da
Família (PSF) já possui diversas equipes em Feira de Santana a proposta desta monografia
baseia-se na apresentação e na sistematização de um programa de reabilitação do joelho a
ser executado pelo profissional de Educação Física integrado a equipe PSF de forma
intradomiciliar, de baixo custo e incorporando pouca tecnologia.
Além disso, se constitui num avanço para o SUS, o atendimento intradomiciliar para
pessoas com dificuldade de locomoção, garantindo portanto, o preceito constitucional de
igualdade de direitos e acesso ao serviço público de saúde.
1.5.OBJETIVOS
� Apresentar as patologias que mais comumente acometem a articulação do joelho, bem
como as possibilidades de uma intervenção não-cirúrgica em tais casos;
� Identificar as vantagens da realização da reabilitação neuromuscular nas lesões do
joelho em domicílios;
� Demonstrar que os profissionais de Educação Física integrados a equipe do PSF podem
desenvolver um programa de reabilitação neuromuscular, muitas vezes não-invasivo e
de boa resolutividade das patologias do joelho;
� Reforçar a contribuição positiva de um programa de reabilitação no PSF;
� Discutir a reabilitação física como um dos campos de atuação do profissional de
Educação Física na equipe multidisciplinar do PSF.
2. METODOLOGIA
Esse estudo será realizado com base em Marconi e Lakatos (1996), sendo
considerada uma pesquisa de base bibliográfica cujo desenvolvimento se dará a partir de
material já publicado (fontes secundárias) relacionado à atividade física, que se constitui
principalmente de livros e artigos científicos, bem como de matérias localizadas na Internet.
Para tanto, serão selecionados livros da Biblioteca da Universidade Estadual de
Feira de Santana que trazem alguma abordagem relacionado ao tema da pesquisa e que
tiverem uma contribuição significativa a dar ao projeto. O mesmo procedimento será feito
com os artigos de periódicos científicos bem como aqueles encontrados por meio de
pesquisas na Internet (Portal da CAPES).
Depois de selecionadas as fontes documentais que contribuirão para a construção da
monografia, serão feitos os fichamentos para posterior análise e confronto de dados; a partir
dos dados obtidos é que se montará um esboço de proposta deste estudo.
Apesar de ser baseada em artigos já elaborados, a pesquisa bibliográfica “não é
mera repetição do que já foi dito ou escrito sobre o assunto, mas propicia o exame de um
tema sob um novo enfoque ou abordagem, chegando a conclusões inovadoras” (MARCONI
& LAKATOS, 1996).
.
3. DESENVOLVIMENTO
3.1.ANATOMIA FUNCIONAL E ESTRUTURAL DO JOELHO
A articulação do joelho é uma estrutura bastante complexa e muito vulnerável aos
mais diversos tipos de lesões, isso devido ao fato de suas superfícies serem anatomicamente
incongruentes, com a presença de meniscos, estruturas ligamentares intrínsecas e
alinhamento dos tendões musculares. Devido a essa complexidade é importante entender de
anatomia funcional normal do joelho e avaliação do desvio da normalidade para
compreender suas patologia.
3.1.1.ANATOMIA ESTRUTURAL
A articulação do joelho é considerada a articulação de maior complexidade do corpo
humano, visto ser formada por duas articulações estrutural e funcionalmente diferentes: a
articulação tibiofemoral e patelofemoral.
Articulação tibiofemoral: componentes ósseos
A articulação tibiofemoral é constituída pela extremidade distal do fêmur e pela
extremidade proximal da tíbia. A extremidade distal do fêmur possui duas superfícies
condilares, em forma de cela, convexas e assimétricas, revestidas por cartilagem separados
por uma fossa intercondilar; essa fossa é profunda e larga, do tamanho aproximado de um
polegar.
A superfície tibial possui duas concavidades, as quais são opostas aos côndilos
femorais, mesmo assim, seu encaixe não é perfeito, visto que as superfícies articulares
côncavas são mais rasas que as superfícies articulares convexas, além de haver diferenças
nas suas curvaturas.
Uma articulação é considerada uma “articulação congruente verdadeira” quando as
curvas que participam da articulação se encaixam perfeitamente umas as outras e não há
necessidade de lubrificação da sinóvia, ao passo que um grau de incongruência deve mover
o lubrificante para cada lado da articulação, como acontece na articulação do joelho, onde o
suporte maior é dado pelos ligamentos enquanto os músculos ficam responsáveis pela ação
cinética.
A congruência da articulação tibiofemoral só é alcançada pela inserção de meniscos
entre os côndilos femorais e o platô tibial. Esses meniscos são formados de fibrocartilagem
em formato de cunha cuja função mecânica é promover segurança na distribuição de
pressão entre o fêmur e a tíbia. A medida que proporcionam uma articulação mais
congruente, ajudam também a lubrificar a articulação (CAILLIET, 2001).
Devido à incongruência da articulação, o joelho possui pouca estabilidade; embora
os meniscos melhorem a estabilidade estática, eles não tem efeito no componente cinético;
os músculos concedem movimento mas pouco contribuem para sua estabilidade; a cápsula
atua essencialmente para conter o liquido sinovial nutriente mas também não contribui
muito para a estabilidade. O papel estabilizador é desempenhado principalmente pelos
ligamentos, tanto na forma estática como na forma cinética do movimento.
Os ligamentos são um tipo de tecido conjuntivo que se assemelham em estrutura e
em função aos tendões, embora a disposição do componente das fibras seja mais irregular
que nos tendões. “Devido a sua composição, os tendões podem ser restaurados mais
rapidamente e recuperam-se melhor de lesões do que os ligamentos; os tendões costumam
ser empregados na substituição cirúrgica de ligamentos lesionados” (CAILLIET, 2001).
Os ligamentos cruzados são considerados mais importantes que os ligamentos
laterais para assegurar um funcionamento normal (CAILLIET, 2001). Há dois ligamentos
cruzados: o ligamento cruzado anterior (LCA), que é mais freqüentemente envolvido na
deficiência, e o ligamento cruzado posterior (LCP).
Esses ligamentos são bastante resistentes, situam-se dentro da articulação e se
encontram formando a letra X: O LCA insere-se adiante da eminência intercondilar da
tíbia, unindo-se com a extremidade anterior do menisco lateral e dirige-se para trás, onde se
fixa na parte posterior da face medial do côndilo lateral do fêmur; já o LCP, mais curto,
insere-se na fossa intercondilar posterior da tíbia e dirige-se para a parte anterior da face
medial do côndilo medial do fêmur
Vários músculos atuam no sentido de mover e estabilizar o joelho e fazem parte
desse grupo: extensor anterior, flexor posterior, adutor medial e abdutor lateral.
O principal grupo extensor é o quadríceps femoral, formado pelo reto femoral e os
três vastos (lateral, medial e intermédio). Cruzando a articulação do quadril, o reto femoral
exerce forças flexoras.
Articulação patelofemoral
A patela é um osso sesamóide que se acha inserido no tendão do quadríceps.
A parte interna da patela é coberta por cartilagem e desliza sobre a cartilagem da
fossa intercondilar femoral, assim como a articulação tibiofemoral, a articulação
patelofemoral é incongruente.
O músculo sartório e o tensor da fáscia lata também fazem parte do grupo muscular
anterior da coxa.
O músculos da parte posterior da coxa são designados de músculos isquiotibiais e
divide-se em grupos medial e lateral. O grupo medial é formado pelos músculos
semimembranoso e semitendinoso. O bíceps femoral é o principal músculo lateral do grupo
isquiotibial. O músculo poplíteo também é flexor do joelho, mas muito fraco.
Os músculos posteriores da panturrilha são formados pelo gastrocnêmio e pelo
sóleo. O primeiro nasce de duas cabeças achatadas e tendinosas descendo para a perna e
unindo-se ao músculo sóleo.
“As bursas em geral se localizam em locais de tecido móvel a fim de permitir a ação
sem fricção e de diminui o atrito e a inflamação desses tecidos contíguos” (CAILLIET,
2001). Existem, pelo menos, 11 bursas na região da articulação do joelho.
3.1.2.ANATOMIA FUNCIONAL
Para compreender as patologias e o tratamento adequado é necessário compreender
a anatomia funcional normal do joelho e como avaliar o desvio da normalidade, “A maneira
como o joelho funciona estabelece o modo pelo qual a lesão, a deficiência, a identificação e
o tratamento são determinados” (CAILLIET, 2001).
Tanto no movimento de flexão como no movimento de extensão existe uma rotação
do joelho. durante a flexão a tíbia roda internamente sobre o mesmo eixo e, durante a
extensão, roda externamente sobre o mesmo eixo. Esse movimento de rotação é devido a
incongruência da articulação, que possui uma diferença no comprimento das superfícies
articulares dos côndilos femorais e seus correspondentes côndilos laterais.
Quando há extensão completa do joelho, os ligamentos colaterais medial e lateral
ficam tensos, não permitindo rotação da tíbia nem movimento em varo ou valgo.
O ligamento cruzado anterior (LCA) é quem limita a rotação interna e a rotação
externa; por isso, a insuficiência do LCA é considerado a causa mais comum de
instabilidade no joelho,que leva à osteo-artrite pós – traumática (CAILLIET, 2001)
Lesões de LCA precisam ser tratados não só com substituição e fortalecimento dos
ligamentos remanescentes, mas também com treinamento de coordenação muscular, já que
o tendão reparado ou substituído encontra-se sem nervos aferentes.
Os meniscos inserem-se essencialmente na tíbia e a articulação consiste nos espaços
meniscofemoral e menisco tíbial.
Os principais músculos que agem na articulação do joelho são as quatro cabeças do
quadríceps femoral e o grupo posterior de músculos, predominantemente os isquiotibiais.
No movimento de extensão, os últimos 15° são os mais importantes para estabilizar
a articulação do joelho, pois o quadríceps necessita de 60° a mais de força. Acreditava-se
que o vasto medial era o responsável pelos últimos graus de extensão pois era o mais
atrofiado e último a recupera-se após uma lesão de joelho. Hoje sabe-se que ele atua em
toda a amplitude de movimento, com mais intensidade nos últimos graus. Essa atrofia é
devido a esse músculo ser acentuadamente obliquo e superficial. Considera-se atualmente
que o alinhamento horizontal do vasto medial evita que a patela deslize em sentido lateral.
(CAILLIET, 2001).
Quando há relato de dores na articulação do joelho costuma haver uma dificuldade
maior em contrair o músculo quadríceps, resultando em atrofia.
Esses fatores de inibição e excitação são importantes na prescrição de exercícios:
exercícios com peso, por exemplo, podem agravar a dor. Nesse caso, seria interessante
realizar exercícios sem suporte do peso, de preferência, começando com isometria, depois
com ativos assistidos, ativos, e então, resistidos(CAILLIET, 2001).
O alinhamento da patela dentro da fossa femoral pode resultar em patologias e
deficiências.
3.2.PRINCIPAIS LESÕES DA ARTICULAÇÃO DO JOELHO
As principais causas de dor na região anterior do joelho têm sido relacionada às
patologias da articulação patelofemoral (CAILLIET, 2001). Algumas das causas mais
comuns de dores na articulação do joelho são: lesão por predisposição estrutural e lesões
traumáticas.
3.2.1.LESÕES POR PREDISPOSIÇÃO ESTRUTURAL
Genuvalgo
É a deformidade que se caracteriza pela aparência de joelhos muito juntos( em
forma de tesoura ou em forma de X). Consiste em uma angulação medial do joelho e desvio
para fora do eixo longitudinal da tíbia e do fêmur.(ARAGÃO, 2002)
Essa deformidade, quando aparece em crianças de 2 a 6 anos, costuma ser corrigido
espontaneamente; alguns médicos recomendam o uso de aparelhos.
No genu valgo ocorre também uma frouxidão do ligamento colateral medial do
joelho.
Genuvaro
É a deformidade que se caracteriza pelo arqueamento dos membros inferiores.
Também conhecida como “pernas de cowboy”, consiste numa angulação externa da
articulação do joelho, com o eixo do fêmur e da tíbia desviando-se
medialmente.(ARAGÃO, 2002)
3.2.2.LESÕES POR USO EXCESSIVO (MICROTRUMÁTICAS)
Condromalácia patelar
É um processo degenerativo ou amolecimento da cartilagem hialina na superfície
posterior da patela(TEMÍSTOCLES). Essa cartilagem é muito pouco vascularizada e sua
recuperação fica prejudicada.
Pode ser causada não só por impactos repetitivos; outros fatores que predispõem o
aparecimento dessa condição incluem: músculos do quadríceps enfraquecidos, observado a
hipotrofia do Vasto Medial Oblíquo(VMO); fratura de patela; aumento do ângulo Q; patela
luxável; patela protrusa; geno valgum; alterações da fossa troclear; o uso excessivo de salto
alto também pode ser um agravante
Os sintomas mais comuns são dor ao levantar e ao agachar, dor quando a patela é
comprimida contra o fêmur e estalos durante a flexão e a extensão do joelho.
O tratamento é realizado com a administração de analgésicos, fortalecimento do
quadríceps com ênfase no VMO, alongamento de isquiotibiais e banda iliotibial e
propriocepção.
Síndrome da dor patelo-femoral
A síndrome da dor patelo-femoral é caracterizada por dores na região medial,
lateral, retropatelar ou peripatelar e descrita como uma dor difusa, sutil e latejante, que é
agravada com o aumento da força de compressão na articulação, como subir e descer
escadas ou agachar-se(SILVA).
A causa não é totalmente conhecida, mas alguns fatores parecem influenciar:
sobrecarga constante, anormalidades ósseas, insuficiência do quadríceps, falta de
flexibilidade de isquiotibiais, mau alinhamento do membro inferior, entre outros.
Tendinite patelar( joelho do saltador)
É decorrente do uso excessivo do mecanismo patelofemoral como as forças
resultantes da aceleração e da desaceleração nas atividades de salto. A patologia está no
tendão ósseo do mecanismo patelar, dentro dos ligamentos supra e infrapatelares e na
inserção do tubérculo. Na verdade, não é uma tendinite (não há inflamação), pois não há
ruptura das fibrilas do tendão.(CAILLIET, 2001)
Ocorre quando há inflamação do tendão infrapatelar que, dependendo do grau, que
varia de 1 a 4, pode evoluir de pequena sensação dolorosa até a incapacidade.
No tratamento, o repouso total deve ser evitado, pois retarda o processo de
proliferação e remodelação do tendão( SOARES, 2000 cit. TEMÌSTOCLES).
Síndrome do atrito na banda íliotibial
Quando o tensor da fáscia lata desenvolve tensão para auxiliar na estabilização da
pelve, isso aumenta o atrito entre o trato iliotibial e o côndilo lateral do fêmur durante a
flexão/extensão, podendo resultar em sintomas de dor e aumento da sensibilidade na face
lateral do joelho. A irritação associada ao desgaste pode causar inflamação de uma bolsa
adjacente à banda iliotibial no epicôndilo femoral lateral.
Os sintomas mais comuns são dor, principalmente durante a corrida(por isso
também é conhecida como Joelho de Corredor), aumento da sensibilidade e inflamação
local. Geralmente caminhar resolve os sintomas, mas a dor retorna rapidamente quando o
atleta volta a correr
O tratamento é realizado com a administração de analgésicos, gelo, DAINE,
redução do esforço e alongamento da banda iliotibial(SCHENCK, 2003).
Tendinite do quadríceps
Caracterizada como uma dor na inserção do tendão proximal a patela. Possíveis
predisposições para esta condição podem incluir a rigidez do quadríceps e músculos
posteriores da coxa.(SCENCK, 2003)
O tratamento realizado para a tendinite do quadríceps é o mesmo para a tendinite
patelar; deve-se ter repouso das atividades de alto impacto, realização de exercícios de
baixo impacto, alongamento dos músculos posteriores da coxa; se o tratamento conservador
não for bem sucedido, faz-se uma IRM para determinar se alguma parte do tendão está
modificada
Fraturas patelares por estresse ou por fadiga
Esse tipo de fratura resulta de uma falha existente no equilíbrio ósseo normal por
causa de microtrumas repetitivos ou por causa de uso excessivo, combinado ao repouso
inadequado.
Geralmente o paciente relata dor na região anterior do joelho que aumenta com a
atividade e reduz no repouso.(SCENCK, 2003)
Os exercícios de baixo impacto, como natação e ciclismo, podem ser realizados
desde que não causem dor.
Lesões na cartilagem
Além das lesões que ocorrem por uso repetitivo, as lesões ligamentares também
contribuem para que ocorram a chamada artrite por desgaste ou osteoartrite, ambas formam
pequenas ou grandes fendas nas superfícies do fêmur, tíbia e patela. Há dor, inchaço,
crepitação e travamento. Os danos podem ser superficiais, não cicatrizam e não progridem,
caso seja na área onde não participa da sustentação do peso; profundas , se estendem para
abaixo do osso subcondral, não cicatrizam, progredindo para osteoartrite; osteocondrais ,
que passa pelo osso subcondral podendo cicatrizar por inflamação.(PETERSON e
RENSTRÖM, 2002 cit. SANTOS, 2004)
O tratamento é a redução dos exercícios, fortalecimento da musculatura da
coxa e antiinflamatórios.Só haverá cirurgia quando houver desbridamento
(estimulação da reparação fibroblástica , ou seja, infiltração de células na área
defeituosa) de cartilagens soltas e de retalhos cartilaginosos que interferem na função
articular.(SANTOS, 2004)
Bursite
Ocorre quando a bursa (saco cheio de fluido lubrificante que reduz o atrito entre
dois diferentes tipos de tecido, como tendão e osso) fica inflamada(TEMÍSTOCLES).
A bursite causa dor em torno da lesão, provocando uma dificuldade no movimento;
pode também causar edema local e, às vezes, febre.
Há 4 tipos principais de bursite bursite pré-patelar, bursite infrapatelar subcutânea,
bursite infrapatelar profunda e a bursite suprapatelar.( SANTOS, 2004)
O alongamento e aquecimento local antes da prática de atividade física pode ajudar
na prevenção.(AGENDA SAUDE)
O diagnóstico é feito através de exame físico e história da lesão.
O tratamento é baseado em antiinflamatórios.
Osteocondrite dissecante
É uma condição dolorosa do joelho onde há fragmentação da cartilagem articular;
este fragmento pode estar parcial ou completamente separado do osso remanescente,
tornando-se um corpo estranho dentro da articulação. ( CAILLIET, 2001). Ocorre mais
comumente em crianças e adolescentes do sexo masculino(osteocondrite juvenil) ou em
adultos(osteocondrite dissecante). Inicialmente, a dor é contínua e mal localizada durante
e após exercícios, a rigidez pode ser agravada e o joelho pode travar.
O tratamento é feito com imobilização ou, em alguns casos, com intervenção
cirúrgica. A fase final consiste na recuperação da força muscular e mobilidade articular,
com prioridade para os músculos do quadríceps(TEMÍSTOCLES).
Lesão no músculo-tendão do bíceps femoral distal
É ocasionada por aterrissagem e saltos repetitivos, causando lesão na junção
músculo-tendão ou na inserção do tendão à cabeça da fíbula; pode ainda gerar fragmentos
ósseos e ser combinada com lesão de LCL. Os sintomas mais comuns são inchaço e
dor.(SANTOS, 2004)
Assim, o tratamento consistirá basicamente de exercícios de força, alongamentos,
antiinflamatórios e imobilização.
Já a cirurgia será efetuada apenas se houver ruptura completa.
3.2.3.LESÕES POR TRAUMA DIRETO (MACROTRAUMÁTICAS)
Lesões de ligamento são bastante comuns quando ocorre algum tipo de traumatismo
na articulação do joelho. Os principais ligamentos da articulação do joelho são mostrados
na figura que segue:
Fonte: http://www.fisionet.com.br/anatomia.asp?page=1&cat=36
Lesão no ligamento cruzado anterior
A ruptura do ligamento cruzado anterior(fig. A) é geralmente ligada a atividade
esportiva.
Essa ruptura é geralmente observada quando o quadríces é fortemente contraído; um
estalo pode ser percebido acompanhado de uma sensação de deslocamento; observa-se
também dor e inchaço de intensidade variável.(ORTOPEDIE.COM) Para comprovar uma
ruptura de LCA costuma-se usar o teste de Lachman-Trillat.
No tratamento da ruptura ou lesão total do LCA pode-se utilizar da intervenção
cirúrgica, embora possa ser feito apenas tratamento conservador em alguns casos,
principalmente em pacientes mais idosos sem ambição de praticar esportes.
A RM(Ressonância Magnética ) é o exame mais confiável para o diagnóstico da
ruptura dos ligamentos e das lesões meniscais.
No caso de necessitar de intervenção cirúrgica, o primeiro passo pós-cirurgia é o
trabalho neuromuscular, que pode ser feito através de reeducação proprioceptiva( ajuda a
prevenir a reruptura) e alongamento associado à musculação.(ORTOPEDIE.COM) A
reabilitação após a reconstrução do ligamento cruzado anterior inclui o ganho de amplitude
de movimento completa rapidamente no pós-operatório. Exercícios de cadeia cinética
fechada são realizados, como o leg press e bicicleta. Inicialmente exercício de cadeia aberta
são evitados. Aproximadamente 90% dos pacientes terão um joelho normal após a
reconstrução.(MEDICINA DO ESPORTE)
Figura A
Fonte: www.ortopedie.com/br/ligamento_cruzado_anterior
Lesão no ligamento cruzado posterior
É uma lesão menos comum, acontece com uma queda sobre a tíbia proximal
anterior com o pé em flexão plantar, ou um golpe direto no mesmo local. É uma lesão
muitas vezes assintomática, não afetando a estabilidade do joelho, e o diagnóstico da lesão
não é realizado; somente 2 semanas depois aparecem os sintomas, como dor anterior no
Visão anterior (*) do joelho em flexão (sem a “rotula”-patela- ): ligamento cruzado anterior em
vermelho
joelho, efusão leve, dificuldade de desacelerar e correr devido a subluxação na
tíbia.(SANTOS, 2004)
Cuidadoso exame do joelho, verificando se a tíbia não está subluxada
posteriormente é essencial ao diagnóstico. O teste da gaveta posterior é útil. Lesões
combinadas do ligamento cruzado posterior, ligamentos colaterais e do ligamento cruzado
anterior podem ocorrer e deve ser considerada a possibilidade de ter havido luxação do
joelho.(MEDICINA DO ESPORTE)
O tratamento conservado da lesão do ligamento cruzado posterior é recomendado na
maioria das lesões. Alguns autores recomendam a reconstrução em lesões isoladas quando
se demonstra uma instabilidade posterior maior que 15mm. O fortalecimento do músculo
quadríceps pode compensar a perda deste ligamento, e alguns atletas podem continuar as
suas atividades. Pacientes com instabilidade sintomática depois da reabilitação são
candidatos à cirurgia.(MEDICINA DO ESPORTE)
Lesão no ligamento colateral medial
Acontece com um golpe direto na lateral do joelho com o pé fixo no solo, ou
seja, uma força valga, ou essa mesma força sobre o joelho com a tíbia em rotação
externa com pé no solo.(SANTOS, 2004)
Nas lesões isoladas deste ligamento o paciente apresentará edema localizado,
dor ao estresse em valgo e ausência de hemartrose.
É importante examinar todos ligamentos e meniscos do joelho quando se suspeita de
lesão do ligamento colateral medial, pois podem haver lesões associadas.
Sua ruptura pode ocorrer em dois pontos: femoral ou tibial , o jogador sente a
dor medial, consegue realizar a extensão, caso a ruptura não tenha ocorrido na
origem femoral ou se não houve ruptura do ligamento cruzado anterior .Será
realizado o Teste de Lachman ou Gaveta Posterior para observar se há lesões
combinadas com os ligamentos cruzados
Se a lesão for isolada, o tratamento consiste na mobilização precoce e
fortalecimento. Um brace estabilizando o valgo pode ser útil. Tratamento cirúrgico
destas lesões é raramente necessário.(MEDICINA DO ESPORTE)
Lesão no ligamento colateral lateral
Lesões deste ligamento são menos comuns que o medial, pois tem que haver um
golpe na região medial do joelho; geralmente são mais graves e raramente são lesões
isoladas, pois os ligamentos cruzados e o complexo postero-lateral é freqüentemente
lesionado.(MEDICINA DO ESPORTE)
O tratamento destas lesões é difícil. Em lesões combinadas, o complexo postero-
lateral, incluindo o ligamento colateral lateral deve ser reparado e os ligamentos cruzados
reconstruídos.
Deve-se realizar um Teste de estresse em varo em 30º de flexão. O tratamento deve
ser conservador, quando afeta somente o LCL, mas quando atinge o complexo lateral, deve
haver a cirurgia, mesmo não havendo bons procedimentos de reconstrução.(SANTOS,
2004)
Lesão no menisco
Geralmente, ou ruptura dos meniscos só ocorre quando estes estão submetidos a
pressão o tração anormal.(RICKLIN, 1981)
Ricklin(1981) tentou explicar o mecanismo de ruptura dos meniscos da seguinte
maneira: o menisco( fig. B), ao se deslocar para o interior da articulação, seria aprisionado
e esmagado por uma espécie de pinça formada pelos côndilos do fêmur e da tíbia; quando
submetido a forças intensas, esse menisco se partiria em sentido longitudunal, deslocando-
se todo, ou em parte, para o interior da articulação. Alguns fatores predispõem a essa
ruptura:constituição e variações morfológicas congênitas, lesões dos ligamentos, alterações
degenerativas, atividades específicas.
O tratamento conservador das lesões dos meniscos depende do tipo das alterações
encontradas no exame clínico
É importante que o treino muscular do quadríceps comece durante a fase de
imobilização para prevenir a atrofia muscular.(RICKLIN, 1981) Os movimentos ativos
cuidadosos podem começar logo após a retirada do aparelho de gesso ou alguns dias após o
acidente(nos casos em que não haja necessidade de imobilização)
Figura B
Fonte: http://www.fisionet.com.br/anatomia.asp?page=1&cat=36
Sinovite
A sinovite, geralmente causada por traumatismos, pode ser também ser causada por
uso excessivo.
O que ocorre é uma lesão na membrana sinovial, fazendo com que cause um
gradiente de pressão dentro da articulação devido ao extravasamento do liquido sinovial;
assim, devido ao trauma, as suas enzimas lisossômicas quebram o ácido que possui,
reduzindo a sua viscosidade protetora. Nos sintomas, o jogador sente a presença de liquido
na articulação, espasmos, dor e limitação dos movimentos, portanto o tratamento é através
do fortalecimento do quadríceps, calor e aspiração do liquido.(SANTOS, 2004)
Ruptura do tendão patelar e do quadríceps
Ocorre geralmente em tendões que já se encontravam em processos degenerativos,
assim quando realizam um movimento que o force a realizar uma distensão, ou seja, um
alongamento além do permitido pelo seu limite, acarreta em uma ruptura. O paciente sente
um estalo, dor, não consegue se movimentar, inchaço.(SANTOS, 2004)
Ruptura aguda completa do tendão deve ser reparada cirurgicamente. Se não tratada,
ocorrerá migração proximal e encurtamento do quadríceps. O reparo produz excelentes
resultados. Após o reparo imobiliza-se o joelho em extensão.(MEDICINA DO ESPORTE)
O tratamento é feito com gelo, repouso, exercícios (com aumento gradual da
intensidade), imobilização e antiinflamatórios. A cirurgia só se mostra necessária se os
sintomas persistirem .
Luxação no joelho
Considerada uma das lesões mais graves no joelho no ambiente atlético; é uma
situação emergencial devido ao potencial de rupturas vasculares (devido a proximidade da
artéria poplítea com a tíbia proximal pode haver obstrução do fluxo arterial com a
luxação).(SCHENCK, 2003)
O mecanismo de lesão é parecido com o da ruptura do LCP , mas com
aplicação de uma força maior que termina lesionando normalmente o LCA , LCP e
estruturas capsulares, no momento o atleta não consegue ficar em pé. Realizam Teste
de Extensão e Flexão dos dedos dos pés para testar os ramos fibular e tibial do nervo
ciático. Se o suprimento sangüíneo estiver comprometido para a extremidade do
membro inferior, devera haver cirurgia. O retorno ao esporte acontece dentro de 9-12
meses.(SANTOS,2004)
O tratamento inicial consiste de exercícios de fortalecimento muscular do vasto
medial, exceto na luxação traumática aguda, que pode ser tratada cirurgicamente
para reconstruir os estabilizadores mediais rompidos(BARROS).
Fraturas osteocondrais
A Luxação patelar que ocasiona fratura no côndilo femoral e também
fratura medial na faceta patelar é uma das causas, podendo ser por meio de uma
queda na superfície dura com o pé em dorsiflexão, assim ambas causando travamento,
crepitações e efusões.
O tratamento consiste na imobilização do joelho, aplicando-se
compressa fria no inchaço e utilizando-se da fisioterapia se não houver nenhum
bloqueio mecânico, pois os corpos livres são absorvidos pela sinóvia do joelho e
reabsorvidos. Se houver algum bloqueio e crepitação, realiza-se uma
artroscopia.(SANTOS, 2004)
3.2.4.ARTRITES
É uma doença sistêmica , um distúrbio inflamatório do tecido conjuntivo com
envolvimento primário das membranas sinoviais(CAILLIET, 2001).
A artrite é mais comum em mulheres de meia idade, mas pode afetar qualquer
pessoa; histórico de artrite na família, fumo, obesidade e um histórico de transfusões de
sangue são fatores de risco significativos.
O diagnóstico da artrite reumatóide são observados: (1)rigidez matutina, (2) dor no
movimento articular, (3) tumefação simétrica das articulações, (4) nódulos subcutâneos, (5)
alterações típicas observadas nas radiografias e (6) teste positivo para o fator
reumatóide(CAILLIET, 2001).
O tratamento da artrite costuma envolver uma combinação de remédios, exercícios e
mudanças no estilo de vida. Os programas de exercícios podem envolver exercícios
isométricos, aeróbicos e isotônicos (DESPERTAI, 2001). A perda de peso pode reduzir
significativamente a dor nas articulações.
Não existe um remédio que cure a artrite, apenas aliviar seus sintomas debilitantes
3.2.5. ARTROSES
É a doença articular mais freqüente e a cartilagem é o tecido inicialmente afetado;
há também uma deficiência funcional(CAILLIET, 2001). A cartilagem está aderida à
superfície dos ossos que se articulam entre si.
A osteoartrite( sinônimo de artrose) tem inicio quando alguns constituintes protéicos
modificam-se e outros diminuem em número ou tamanho. Esse processo é acompanhado da
liberação de enzimas que provocam uma reação inflamatória no local (ABC DA SAÚDE,
2003).
Devido a reação inflamatória, todos os elementos da articulação sofrem hipertrofia;
o grau de comprometimento pode variar, podendo evoluir até a destruição da articulação ou
estacionar logo no início.
O paciente relata desconforto articular, dor e limitação do movimento.
A partir dos 50 anos aumenta muito a prevalência, e são mais freqüentes em
obesos(no caso da osteoartrite do joelho); o diabetes e o hipotireoidismo também
favorecem o desenvolvimento da artrose(ABC DA SAUDE, 2003).
A dor no joelho osteoartrítico tem sido tratada com antiinflamatórios. Para manter a
nutrição e a regeneração da cartilagem lesada, é necessária a compressão-relaxamento
alternada da cartilagem do joelho. A caminhada deve ser encorajada, mas modificada,
dependendo do estágio da degeneração, é comum haver redução na velocidade da
marcha(CAILLIET, 2001).
3.3.TRATAMENTO: REABILITAÇÃO CONVENCIONAL DE LESÕES NO
JOELHO E PROPOSTA DE TERAPÊUTICA INTRADOMICILIAR
Ultimamente tem sido desenvolvido e aperfeiçoado novos programas de
reabilitação, proporcionando uma recuperação cada vez mais rápida e eficiente.
Na avaliação da deficiência é que é determinado o tecido ou tecidos responsáveis
pela deficiência do movimento e os seus graus de envolvimento para posterior seleção de
técnicas de tratamento específicas. Dependendo da lesão, o tratamento pode ser direcionado
à cápsula, unidade musculotendinosa ou a ambos. A seleção das técnicas adequadas de
tratamento vai ampliar ao máximo os resultados. Resultados positivos podem ser medidos
através de um aumento na amplitude de movimento sem que este seja acompanhado de dor
ou efusão (GOULD ,1993).
Os traumas em geral costumam causar rigidez na articulação os e músculos se
tornam mais fracos, e é muito mais incapacitante ter articulação rígida do que ter os
músculos fracos, visto que a função dos músculos não é só mover a articulação, mas
protegê-la. Por isso, o paciente deve recuperar primeiro a força muscular e então aumentar
a amplitude do movimento articular sob o controle dos músculos(WILSON, 1978).
Schenck(2003) classifica em quatro as fases de reabilitação do joelho.
A primeira fase envolve o tratamento pós-traumático ou pós-operatório; esta fase
pode envolver a proteção do joelho através de imobilização, utilização de órteses protetoras
e restrições na carga de peso até que o paciente possa andar sem mancar.
A fase 2 visa restabelecer a amplitude de movimento e a mobilidade da articulação.
Os exercícios de resistência são realizados para manter ou restabelecer o condicionamento;
a propriocepção e o equilíbrio avançam e as atividades funcionais leves podem ser iniciadas
Na fase 3 essas atividades continuam e é implementado o treinamento de velocidade
e potência
A fase 4 envolve os critérios de retorno ao jogo.(no caso dos pacientes que são
atletas)
Ele também cita quatro fatores considerados os mais importantes e que servem
como ponto de partida para a reabilitação. São eles: amplitude de movimentos e
flexibilidade, força, propriocepção e cinestesia, resistência, coordenação e precisão
funcional.
3.3.1.ATIVIDADES REALIZADAS DURANTE A REABILITAÇÃO
Cada fase da reabilitação pode envolver a realização de atividades isométricas,
isotônicas, isocinéticas, de equilíbrio e propriocepção, resistência, potencia.
Quando realiza-se o tratamento com o exercício ativo, tanto os músculos são
fortalecidos como há a prevenção da atrofia óssea, estimula a circulação, aumenta a
coordenação e restaura a função.
A forma mais comum de aumentar a força de um músculo é por meio da realização
de exercícios resistidos cuja carga vai aumentando progressivamente(WILSON, 1978). Não
é interessante também que o exercício se torne chato e repetitivo e cabe estar fazendo
variações dos exercícios, mantendo-se o mesmo objetivo do trabalho.
Os exercícios que fortalecem os músculos consistem em contrações musculares
repetidas contra uma dada resistência, e essas contrações podem ser estáticas (isométricas)
e ativas (isotônicas).
Os exercícios isométricos acontecem quando um músculo contrai-se e produz força
sem nenhuma alteração macroscópica no ângulo da articulação; são muitas vezes chamadas
de estáticas ou de sustentação(SMITH, WEISS, LEHMKUHL, 1997).
SCHENCK(2003) sugere alguns exercícios isométricos:
• Contradição do quadríceps
O paciente deita-se em decúbito dorsal, senta-se ou fica e pé com o joelho afetado
em extensão total. O paciente contrai os músculos do quadríceps e mantém por 10
segundos. O uso de um estimulador muscular elétrico (EME) ou de uma unidade de
“biofeedback” pode ajudar o paciente a manter a contração. Unidades de EME portáteis de
baixa intensidade para o uso domestico são menos eficazes que as unidades clinicas de alta
intensidade no que diz respeito à recuperação da forca do quadríceps. O paciente deve ser
monitorado para que excute padrões corretos de ativação muscular, de modo que os glúteos
e os músculos posteriores da coxa não substituam a atividade do quadríceps.
• Contração dos músculos posteriores da coxa
O paciente senta-se ou deita-se em decúbito dorsal e pressiona o calcanhar da
extremidade afetada na superfície de apoio, usando os músculos posteriores da coxa. O
paciente devera ser monitorado para evitar os padrões de substituição pelos glúteos.
o calcanhar afetado na superfície de apoio.
• Isométricos multiangulares
O quadríceps e os músculos posteriores da coxa podem ser isometricamente
exercitados em vários graus de flexão do joelho. Estes ângulos serão determinados pelo
diagnostico do paciente,as precauções pós-cirúrgicas e a tolerância. O nível de forças de
cisalhamento no LCA e no LCP, as forças de reação na articulação patelofemoral e os
níveis de estabilidade patelar variam com as diferentes posições. O treinador atlético irá
sensatamente determinar quais posições são mais seguras e apropriadas para o paciente em
cada estagio da reabilitação.
0s exercícios isotônico ocorrem quando o paciente contrai com força os músculos,
levantando uma carga verticalmente,uma resistência oferecida contra a gravidade.(SMITH,
WEISS e LEHMKUHL, 1997)
Os exercícios isotônicos podem ser considerados uma evolução dos exercícios
isométricos, devendo se iniciar com uma execução de curta amplitude, contra a resistência
de molas ou pesos. A sobrecarga deve ser de forma gradual (o aumento de apenas 200gr
pode ser considerado significativo) e nunca de forma súbita.
A recuperação dos movimentos articulares também faz parte do processo de
reabilitação; já que a lesão tende a deixar a articulação mais rígida, seja por causa direta da
lesão ou em conseqüência da imobilização, é importante que o paciente mova ativamente a
articulação, até mesmos com ajuda de alguém, contanto que esses movimentos não lhe
causem dor.
Em relação aos exercícios isotônicos, SCHENCK(2003) ainda sugere:
• Erguer a perna reta
Inicialmente, estes exercícios podem ser realizados usando somente o peso da
extremidade. À medida que a força do atleta melhora, pesos externos podem ser fixados
à coxa, ao joelho ou ao tornozelo.
Flexão: O paciente deita-se supino com a extremidade não-afetada flexionada e a
extremidade envolvida em extensão total. Primeiro, o paciente encaixa o quadríceps
envolvido e depois ergue o calcanhar da mesa.
Abdução: O paciente deita-se sobre o lado não-afetado com o joelho não-afetado flexionado
e a extremidade afetada em extensão total. Primeiro, o paciente encaixa quadríceps e depois
ergue a extremidade afetada da mesa.
Extensão: O paciente deita-se em decúbito ventral com os joelhos em extensão total.
Primeiro, o paciente encaixa o quadríceps afetado e depois ergue a extremidade envolvida
da mesa.
Adução: O paciente deita-se sobre o lado envolvido com o joelho afetado em extensão total
e a extremidade não-afetada cruzada sobre a envolvida. O paciente primeiro contrai o
quadríceps envolvido e depois ergue a extremidade envolvida da mesa.
• Agachamento
O movimento de agachar-se pode ser realizado de muitas maneiras com vários
auxílios, incluindo pesos livres, bolas de ginástica, elásticos de resistência, paredes e barras
guiadas. Ele pode ser realizado em uma amplitude de movimento limitada conforme a
necessidade individual do atleta. A atividade dos músculos posteriores da coxa é facilitada
pela flexão do tronco.
• Exercícios de “step”
Estes exercícios começam com pouca altura e vão avançando à medida que a AM e
a força melhoram. Vetores de movimento laterais, para frente e para trás podem ser usados.
O paciente começa subindo em um banquinho baixo, primeiro com um pé. Depois com o
outro, e depois descendo do banquinho da mesma ordem.
• Extensão do joelho em cadeia fechada terminal
O paciente em pé com o joelho afetado em aproximadamente 30º de flexão. A
resistência é aplicada atrás do joelho proximal à fossa poplítea e o paciente endireita o
joelho contraindo o quadríceps. O treinador atlético deverá monitorar o paciente para que
não ocorra substituição pelos glúteos.
Rosca de perna: O paciente deita-se em decúbito ventral e a resistência e aplicada
posteriormente e proximal ao tornozelo. Arcos limitados de movimento podem ser usados.
Extensão da perna: O paciente está sentado e a resistência é aplicada anteriormente e
proximal ao tornozelo. Arcos limitados de movimento podem ser usados.
Abdução/adução/flexão/extensão: O paciente fica em pé e a resistência é aplicada
proximalmente ao joelho ou ao tornozelo, em direções lateral , medial, anterior e posterior.
Os quadris são abduzidos, aduzidos, flexionados e estendidos contra a resistência.
Erguer a panturrilha: O paciente senta-se com resistência aplicada sobre a coxa proximal
ao joelho enquanto o tornozelo realiza flexão plantar contra a resistência. Uma posição
alternativa é com o peso sobre os ombros ou segurando as mãos.
Além do exercício ativo, também costuma ser bastante utilizado como exercício
terapêutico a facilitação neuromuscular propioceptiva, que é planejada para reforçar
músculos paralisados por afecção neurológica e que pode ser adaptada para a reabilitação
em geral(WILSON, 1978).
Sobre propriocepção, SCHENCK(2003) ainda cita alguns exemplos:
• Chutes em pé com elásticos
O paciente fica em pé apoiado apenas sobre a extremidade afetada. Um elástico ou
faixa envolvem o pé e o tornozelo não-afetados e o paciente chuta contra tensão do elástico
ou faixa enquanto tenta manter o equilíbrio. Os padrões de flexão dos quadris, adução,
abdução, extensão ou diagonais podem ser usados.
• Exercícios sobre uma perna só
Os exercícios sobre uma perna só podem ser realizados com ou sem movimento da
perna não-afetada. O paciente fica em pé apoiado apenas sobre a perna afetada e tenta
manter o equilíbrio pelo maior tempo possível. A principio, podem ser usadas dicas visuais
para melhorar o desempenho. Mais tarde, o paciente poderá realizar o mesmo exercício
com os olhos fechados, para aumentar a dificuldade. O movimento da perna não-afetada
também poderá aumentar a dificuldade. A incorporação de movimentos como agarrar,
lançar, manipular objetos ou atividades com bolas medicinais com a extremidade superior
não-afetada produz forças de reação ao longo do corpo que também aumentam a
dificuldade da atividade.
• Minitrampolins
O paciente pode realizar exercícios de uma perna só, em pé, sobre a superfície em
movimento de um trampolim em miniatura. Aqui, também, dicas visuais e o movimento
das extremidades superiores podem aumentar a dificuldade da atividade.
• Trave de equilíbrio
A trave de equilíbrio proporciona ao paciente a dificuldade de manobrar sobre uma
base de apoio estreita. Os equilíbrios estático e dinâmico pode ser desafiados com variações
do exercício sobre uma perna só e andando para frente, para trás, de lado e do calcanhar
para os dedos.
• Tabua vestibular
A tabua vestibular,tipicamente, desafia o paciente em duas direções: para frente e
para trás, e de lado a lado. Como ela tem uma área superficial maior que outras superfícies
de treino mais instáveis, o paciente pode realizar atividades que envolvem distancias
maiores ou o ajoelhar-se e pode focalizar-se no controle das duas direções de movimento.
• Estabilização rítmica
A estabilização rítmica poderá ser realizada em posições funcionais como em um
agachamento, em escadas, ou em um aparelho de treino de esqui em declive. O paciente
mantém a posição enquanto o treinador atlético tenta demovê-lo através de perturbações. A
força aplicada pelo treinador atlético poderá ser individualizada, de acordo com a tolerância
do paciente.
Nos casos em que for possível, preferencialmente nas fases iniciais da recuperação,
quando o paciente pode não ter a confiança necessária para exercitar o membro lesado
contra a gravidade, podemos nos utilizar também da hidroterapia. Esta costuma ser
realizada em piscinas aquecidas, e o efeito antigravidade poderá dar mais confiança ao
paciente, pois o calor e a flutuação na água relaxam o espasmo muscular.
Os profissionais do exercício terapêutico têm à sua disponibilidade uma variedade
de possíveis locais para a sua atuação profissional: Hospitais de Reabilitação, onde os
pacientes permanecem por um período prolongado; Centros para Pacientes em Observação,
onde os pacientes ficam durante o dia e retornam para casa durante a noite; Centros
Esportivos; Prática Particular, que pode ser feito até mesmo na casa do paciente, método
que já tem sido utilizado em várias cidades do país.
3.3.2.PRATICA INTRADOMICILIAR DOS EXERCÍCIOS TERAPÊUTICOS
Nesse momento, o que mais nos interessa é essa prática intradomiciliar, que vem
auxiliar não somente os pacientes com limitações de locomoção, mas também diminuir os
custos do tratamento, especialmente no caso da reabilitação, cujo trabalho precisa ser
desenvolvido diariamente.
A rede pública de saúde tem sido tratada com desdém até mesmo pelos governos,
por reduzir a qualidade dos atendimentos e por deixar de lado os investimentos, e o
resultado disso é a diminuição da capacidade de trabalho, da qualidade e da expectativa de
vida (VAZ, 1993).
Os serviços de saúde aqui no Brasil são centrados na doença e no hospital, o que
exige uma grande estruturação e muitos equipamentos; o resultado disso são enormes filas
e congestionamentos nas unidades. A utilização de medidas preventivas seria menos
custoso e mais humanizado, não quase não se vê esse tipo de preocupação sincera com a
qualidade de vida (VAZ, 1993).
A locomoção até os hospitais e até mesmo alguns casos de internação poderia ser
evitados, reduzindo a carência dos leitos hospitalares e melhorando a qualidade de
atendimento através da sua descentralização; e isso seria possível se a prestação de serviços
fosse transferida para unidades mais simples e para a própria residência.
Vaz (1993) propõe algumas alternativas de desconcentração de serviços de saúde,
de acordo com os graus de complexidade:
Visitas domiciliares: além dos atendimentos nos postos de saúde, os profissionais de
saúde podem fazer visitas às casas; além de estarem mais próximos da comunidade, poderia
ser realizado um trabalho mais personalizado, conhecendo melhor o quadro clínico do
paciente, bem como suas condições de vida em termos econômicos, sociais e familiares.
Internação domiciliar: às vezes é possível que o paciente receba em casa o mesmo
tratamento que receberia num hospital, como em situações de baixo risco, cuidados de
enfermagem e até em casos de pacientes terminais, nos casos em que não for possível
reverter o quadro; pode ser indicada também para algumas crianças e alguns idosos, que
sentem mais o afastamento da família.
Prestação de serviços especializados: esses são realizados quando o paciente tem
dificuldade de locomoção, para coleta de exames, curativos e fisioterapia, que é o que nos
interessa.
É importante observar as condições existentes na residência do paciente para saber
se é possível receber tais cuidados em casa. Por isso, costuma-se realizar apenas programas
mais simples e os serviços de fisioterapia, mais especificamente a cinesioterapia, permite
esse tipo de trabalho.
Uma grande vantagem das visitas domiciliares é que poderíamos contar também
com o apoio das mães, que normalmente passam mais tempo em casa e podem ajudar a
detectar alguma anormalidade na articulação do joelho, seja por processos dolorosos, seja
por limitações no movimento, principalmente no caso das crianças.
No caso de um programa de reabilitação do joelho integrado ao Programa de Saúde
da Família, as visitas poderiam ser feitas por bairros, escolhendo inicialmente aqueles que
apresentam uma maior incidência de doenças do aparelho locomotor. Seria feito um
cadastro das pessoas necessitadas de atendimento e posterior visita particular para detectar
as suas limitações, bem como as possibilidades de intervenção cabível ao profissional de
Educação Física.
Às vezes é necessária uma intervenção cirúrgica para restaurar a saúde, embora seja,
muitas vezes, nociva ao corpo: afeta os músculos e nervos envolvidos, diminui a massa e
função muscular e decréscimo da função cardiovascular (HOFFMAN, 2002).
Nos casos em que não há necessidade de cirurgia local, o tratamento conservador
(aquele em que não há necessidade de intervenção cirúrgica) começa quase que
imediatamente após a lesão esportiva (HOFFMAN, 2002).
O objetivo dos programas de reabilitação ortopédica é restaurar o movimento livre
de sintomas ao membro e assegurar que o sistema cardiopulmonar seja restaurado ao nível
que pode novamente atender às exigências da atividade. A restauração da função de um
membro consiste em aprimorar a amplitude articular de movimento, a força e a endurance
muscular, bem como a endurance cardiovascular (HOFFMAN, 2002).
3.4.INTERVENÇÃO DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO
PROGRAMA DE SAÚDE DA FAMÍLIA
Dentro da equipe multidisciplinar de reabilitação, o profissional de Educação Física
pode estar inserido, visto que os conhecimentos adquiridos durante a graduação e nas
especializações permite este ser o profissional competente na prescrição de atividade física.
O curso de Educação física da Universidade Estadual de Feira de Santana traz em
seu currículo disciplinas que dão subsídios para que o profissional formado esteja apto para
trabalhar, juntamente com outros profissionais, no tratamento conservador de lesões do
joelho.
Tendo como base o currículo que formou os profissionais que hoje estão no
mercado de trabalho, mesmo sem ainda ter passado pela reformulação que hoje está em
vigor, observamos a existência de, pelo menos, 29 disciplinas localizadas na área de
biologia e de saúde, onde todas têm sua contribuição a dar na formação do profissional
atuante na área de exercícios terapêuticos
Além disso, o Departamento de Saúde, onde está alocado o Curso de Licenciatura
em Educação Física, tem como opção filosófica a produção, reprodução e socialização de
conhecimentos, formando profissionais com consciência de cidadania capazes de promover
,prevenir, tratar e reabilitar, tendo em vista atender à demanda social e contribuir para a
melhoria da qualidade de vida. Essa opção também nos apara, no sentido de dar subsídios
para que nossa formação no permita trabalhar com exercícios terapêuticos(MORAIS,
2003).
E se antes não existia nada em termos legais que amparassem tal intervenção, hoje
segundo a resolução do CONFEF nº 046/2002, “O profissional de Educação Física é
especialista em atividades físicas, nas suas diversas manifestações – ginásticas, exercícios
físicos, desportos, jogos, lutas, capoeiras, artes marciais, danças, atividades rítmicas,
expressivas e acrobáticas, musculação, lazer, recreação, reabilitação (grifo
nosso),ergonomia, relaxamento corporal...”
O profissional de Educação Física pode ainda estar atuando integrado a programas
de assistência domiciliar à saúde, a exemplo do Programa de Saúde da Família (PSF), visto
que esse é um programa que visa a promoção, prevenção e recuperação à saúde (MORAIS,
2003).
O PSF é uma estratégia do Governo Federal que visa a promoção, prevenção e
recuperação da saúde, atuando nas comunidades e nos domicílios.
O PSF foi lançado em 1994 pelo Governo Federal com o intuito de mudar a
lógica de atendimento as questões de saúde no Brasil, saindo da visão
hospitalocêntrica, curativa e de alto custo para uma saúde resolutiva, eficaz, de
qualidade, coletiva e acessível. Para tanto, este Programa foi considerado prioridade
sendo inserido em um conjunto de decisões políticas nacionais no sentido de fortalecer
a atenção básica dada à população (MORAIS, 2003).
Essas decisões políticas vêm implementadas há anos em vários âmbitos desde os
anos 60, quando a Organização Mundial de Saúde (OMS) publicou documentos sobre a
formação do médico da família, decorrente da crescente preocupação com a
superespecialização do trabalho médico e suas conseqüências negativas como os altos
custos financeiros dos tratamentos e a deterioração da relação humana com o paciente
(MORAIS, 2003).
O PSF atua tendo como base uma equipe multiprofissional que trabalha integrada,
onde podem, e devem estar inseridos profissionais que trabalham na área de saúde,
inclusive o profissional de Educação Física.
3.5.TERAPÊUTICA A SER DESENVOLVIDA PELO PROFISSIONAL DE
EDUCAÇÃO FÍSICA
Depois de exposto um pouco de anatomia do joelho, sua principais lesões, a
importância da reabilitação neuromuscular, sobre atendimento domiciliar e sobre Programa
de Saúde da Família, cabe agora expor o esboço de uma proposta de como se daria o
trabalho de reabilitação neuromuscular do Profissional de Educação Física dentro da equipe
multidisciplinar do PSF. Digo esboço porque, como é um trabalho a ser ainda implantado, é
natural que à medida que ele esteja sendo desenvolvido surjam necessidades que talvez não
tenham recebido atenção durante a construção do projeto; ou talvez a realidade
populacional com a qual se pretenda trabalhar não permita a aplicação do projeto assim
como foi idealizado.
Visto que uma das grandes vantagens do projeto é o atendimento individualizado ao
paciente e, de preferência, na sua residência, a proposta é que o profissional responsável
pela execução dos programas de reabilitação neuromuscular faça um cronograma de visita
às casas de um determinado bairro(esse bairro pode ser escolhido após uma averiguação da
real necessidade de cada bairro de Feira de Santana, levantamento esse que não pôde ser
feito durante a construção dessa monografia).
É importante lembrar que para que o trabalho possa obter o sucesso desejado, é
indispensável a motivação e que ele esteja disposto a seguir a orientação do profissional
responsável e que tenha capacidade de realizar os exercícios
Essas visitas iniciais seriam feitas nos horários de 8:00 às 11:00 e das 14:00 às
17:00. Em casos em que nenhum morador tenha sido encontrado em casa, faz-se um
registro para posteriores revisitas. Caso restasse alguma dúvida por parte dos visitados ou
daqueles ainda por visitar, estes poderia dirigir-se à unidade de saúde mais próxima, onde
encontraria cartazes e folhetos explicativos.
A priori, o profissional levaria consigo apenas o registro de casa-em-casa; através
desse registro, mais precisamente um questionário, faria-se todas as anotações relacionadas
à deficiência do paciente para posterior análise e para debate com profissionais de outras
áreas, caso seja necessário. Em alguns casos, talvez o paciente precise consultar algum
outro profissional que não esteja incluso na equipe multidisciplinar do Programa de Saúde
da Família. Nesses casos, essas visitas ficariam por conta do próprio paciente
À medida que os diagnósticos são feitos, são montados os programas de reabilitação
neuromuscular e o profissional retorna então à casa do paciente para iniciar a aplicação dos
mesmos. Uma vez iniciado o tratamento, o profissional compromete-se a visitar o paciente
diariamente e, em casos extremos, pelo menos três vezes na semana.
A correta aplicação do método de reabilitação neuromuscular em domicilio
deve trazer algumas vantagens:
1- Motivação dos pacientes: a maior parte dos exercícios é feito nas academias de ginástica
que são mais agradáveis e estimulantes do que as clínicas de fisioterapia.
2- Menor custo para o paciente: as orientações são mais acessíveis economicamente.
3- Controle evolutivo preciso pelo Ortopedista, através de visitas programadas.
4- Desenvolvimento de conscientização e responsabilidade pelo paciente em relação à
recuperação funcional completa do joelho.
5- Cria o hábito de praticar exercícios regularmente
4.CONCLUSÃO
O conceito de saúde tem evoluído bastante nesses últimos anos, sendo uma
discussão antiga e que tem ainda muito para melhorar.
Observamos que a visão hospitalocêntrica tem dado lugar à idéia de promoção da
saúde. E isso é mais que cuidar da doença; é dar à população melhores condições de vida, o
que requer uma intervenção multidisciplinar.
Para que os indivíduos possam desempenhar suas funções diárias e possa contribuir
com a proposta de melhoria da saúde e das condições de vida individual e coletiva, é
importante que eles tenham, pelo menos, capacidade de locomoção.
As lesões no joelho, que é o tema desse trabalho, é um fator que prejudica a marcha
normal, muitas vezes dificultando a locomoção e impossibilitando o desempenho das
funções normais, seja no âmbito profissional, seja no âmbito familiar e, porque não citar, no
âmbito do lazer.
Durante a construção dessa monografia, tentei mostrar como são comuns as lesões
no joelho, bem como uma variedade de fatores que podem predispor o indivíduo a
desenvolver alguma dessas condições patológicas .
E visto que tem-se observado um numero crescente de pessoas acometidas por
alguma deficiência nessa articulação( que se mostra tão complexa), tem-se desenvolvido
técnicas mais avancadas de tratamento relacionadas à maioria dessas patologias, inclusive
tratamento não-invasivo, que muitas vezes consiste apenas no tratamento neuromuscular.
Muitos dos exercícios de reabilitação neuromuscular podem ser realizados não só
em clinicas fisioterápicas, mas também em academias, em clubes e até mesmo na casa do
próprio paciente, sob a supervisão de um profissional habilitado.
E o profissional de Educação Física é um profissional habilitado para desenvolver
esse tipo de atividade. Primeiro, porque o curso de graduação( analisei o currículo antigo do
curso de Licenciatura em Educação Física da UEFS) oferece os subsídios necessários, por
meio das disciplinas oferecidas, para que os alunos, ao entrarem no mercado de trabalho,
estejam aptos para atuar também nessa área. Segundo, porque somos amparados por lei,
que reconhece o profissional de Educação Física como um profissional multidisciplinar,
capaz de atuar nas mais diversas áreas, inclusive na área de reabilitação.
Quando o tratamento fisioterápico é realizado nos clubes e em domicilio, observa-se
uma redução significativa no custos se comparado com os valores cobrados pelas clinicas
de fisioterapia.
Além da vantagem da redução de custos, quando o tratamento vai até a casa do
próprio paciente, o acesso da população é facilitado, reduzindo a necessidade de
deslocamentos (que pode ser penoso para alguns paciente), personalizado o atendimento e
possibilitando maior orientação aos pacientes.
E visto que o Programa de Saúde da Família tem esse perfil de ação integrada à
comunidade, cujas ações estão ligadas à idéia de promoção da saúde e que é composto por
uma equipe multiprofissional, foi que vi a possibilidade da inserção do profissional de
Educação Física nessa equipe, atuando no campo da promoção da saúde, especialmente na
reabilitação neuromuscular de lesões no joelho.
O profissional de Educação Física, trabalhando em equipe, principalmente com
ortopedistas e fisioterapeutas no Programa de Saúde da Família, poderá acompanhar a
história de vida da população a ser trabalhada, auxiliar no diagnóstico, cuidar e prescrever
exercícios que auxiliem a reabilitação do paciente e que lhe permita voltar o mais rápido
possível às suas atividades diárias normais.
Viu-se então, que um programa de Reabilitação Neuromuscular Domiciliar de lesões
no joelho é eficiente, prático, de fácil aplicação e de baixo custo, e pode ser mais um
serviço oferecido à população (principalmente de baixa renda) por meio do Programa de
Saúde da Família, permitindo, um bom relacionamento com o profissional responsável para
que as avaliações e as orientações sejam seguras e eficientes para o paciente.
ANEXO I – Doenças mais frequentes Diagnóstico
Características Síndrome de d
Jovens. Rótul
or Patelo-femural (Patelo = rótula)
a mal Alinhada em sua articulação com o fêmur.
Implantação alta da rótula*
Jovens
Síndromes de sobrec
Atletas, corredores
arga*
, dançarinas, obesos. Defeito alinhamento entre
Pernas “em xis”, arqueada
coxas e pernas*
s, rotadas.
Hipermobilidade da rótula *
A rótula desliza fora da calha
no fêmur. Doenças da rótula *
Condromalacia, osteocondrite. Síndro
Dor na
me do coxim gorduroso
“bola” de gordura que se forma na região inter
na do joelho. Bursite
Na frente ou abaixo da rótula. TeMa
ndinite
is freqüente na região interna da perna. Doença
Após t
s dos meniscos **
raumatismo ou em idosos. Também ocorre em situa
ções de sobrecarga crônica. Ruptura parcial ou
Traumatismo.
total de ligamentos ** Doença de Osgood-Schlatt
Dor e inchume na perna l
er **
ogo abaixo da rótula. Entre 9 e 15 anos. Mais e
m sexo masculino (ver osteonecroses). Doenças d
Sinovite
a membrana articular (sinovial)
vilo-nodular, condromatose**, tumores malignos*
*. Osteoartrite (artrose)
Desestruturação da cartilagem. Artrite (sino
Doenças infla
vite)
matórias ou infecciosas. Fonte: http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?167
6.REFERÊNCIAS
ABC DA SAÙDE. Artrose. Publicado em 01 de Nov. de 2001 e revisado em 03 de Nov.
2003. v.1. Disponível em
www.abcsaude.com.br/artigo.php?310 .Acesso em 17 de Nov. 2004;
AGENDA SAÙDE. Bursite. V.1. Disponível em
www.agendasaude.com.br/enciclo.asp?letra=B&mostrar=bursite . Acesso em 17 de Nov.
2004;
ARAGÃO, Tatiana; KIKUTE, Marcos. Intervenção Cinesioterápica em pacientes com genu
valgo e geno varo. v.1. Disponível em
www.wgate.com.br/conteudo. fisioweb.asp Acesso em 16 de Nov. 2004;
BARROS, Marcos Alexandre;FREIRE, Ailton Bonani; BELLANI, Cíntia Guedes. Luxação
e subluxação patelar: tratamento cirúrgica “à La Carte”. Unitau. Taubaté, SP.v.1.
Disponível em
www.sbcj.com.br/para_medicos/CDtemas/html/PO19.htm Acesso em 16 de Nov. 2004;
BARBONI, René. texto O conceito de Saúde, 2002;
.
CAILLIET, René. Dor no Joelho. 3ª edição. Porto Alegre: Artmed Editora, 2001;
COTRAN, Ramzi S.; KUMAR, Vinay; COLLINS, Tucker. Patologia Estrutural e
Funcional. 6ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 2000;
DÂMASO, Ana. Obesidade. Rio de Janeiro: Editora Medsi, 2003;
FEDERAL:BRASIL. Resolução CONFEF nº046/2002. Intervenção do Profissional de
Educação Física. Rio de Janeiro, 18 de fevereiro de 2002,v.1.Disponível em
http://www.cdof.com.br/consult51.htm#479. Acesso em: 24 set. 2004;
GOULD, James A. Fisioterapia na Ortopedia e na Medicina do Esporte. São Paulo:
Manole, 1993;
HAMILL, Joseph; KNUTZEN, KATHLEEN M. Bases Biomecânicas do Movimento
Humano. São Paulo:Manole, 1999;
HOFFMAN, Shirl J.;HARRIS, Janet C. Cinesiologia: O Estudo da Atividade Física. Porto
Alegre: Artmed Editora, 2002;
JUNIOR, Wilson Mello A. et al. Protocolo Domiciliar para Reabilitação do Joelho Após
Reconstrução do Ligamento Cruzado Anterior.v.1. Disponível em
http://www.grupodojoelho.com.br/artigos/protoc.domic.htm . Acesso em: 24 set. 2004;
LEVINE, Alan M. Atualização em Conhecimentos Ortopédicos: Traumas. São
Paulo: Atheneu, 1998
MACÊDO, Rosane Marcely Amparo. Politícas Públicas de Saúde e Atividade
Física, no município de Feira de Santana, Bahia, 1994 – 2004. Monografia de
final de Curso. Depto. De Saúde, UEFS, 2004;
MARCONI, Maria de Andrade;LAKATOS, Eva Maria. Técnicas de Pesquisa:
planejamento, e execução de pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisa, elaboração,
análise e interpretação de dados. 3ª edição. São Paulo:Atlas ,1996;
MEDICINA DO ESPORTE. , 2004, v.1. Disponível em
www.medicinadoesporte.com . Acesso em 17 de Nov. de 2004;
MORAIS, R. Educação Física na promoção da saúde a partir do Programa Saúde da
Família. Monografia de final de Curso. Depto. De Saúde, UEFS, 2003;
MORAES, Andréa.Lesões no Joelho. Fonte: Ketchum Estratégia Assessoria de
Comunicação v.1.Disponível em:
http://www.lincx.com.br/lincx/saude_a_z/esp_medicas/evolucao_lesao.asp . Acesso em: 16
de Nov. 2004;
ORTOPEDIE.COM. Ligamento Cruzado Anterior. Disponível em: www.ortopedie.com/br/ligamento_cruzado_anterior . Acesso em: 16 de Nov. 2004;
POLLEY, Howard F. Anamnese Reumatológica: exame físico das articulações. 2ª edição.
Rio de Janeiro: Interamericana, 1980;
REVISTA DESPERTAI . Esperança para as vítimas de artrite. 8 de dezembro de 2001
RICKLIN, Peter; RUTTIMANN, Alois; BUONO, M. S. Del. Lesões dos Meniscos:
Diagnóstico, Diagnóstico Diferencial e Tratamento. 2ª edição revista. São Paulo: Manole,
1981;
SANTO ANDRÉ. Prefeitura de Santo André. Programa de Atenção Domiciliária. Santo
André, 2002,v.1. Disponível em
http://www.santoandre.sp.gov.br/bn.conteudo.asp? Acesso em 24 set 2002;
SANTOS, Flávia Ferreira dos. Lesões no joelho na prática do futebol. Monografia de final
de Curso. Depto. De Saúde, UEFS, 2004;
SCHENCK, Robert C. Medicina Esportiva: Treinamento Atlético. São Paulo: Roca, 2003;
SILVA, Rogério de Paula e. Estudo das alterações posturais em indivíduos portadores de
Síndrome de Dor Patelofemoral. Revista Reabilitar v.1. Disponível em
www.revistareabilitar.com.br/art_capa15.shtml . Acesso em 16 de Nov. 2004;
SMITH, Laura K.; WEISS, Elizabeth L.; LEHMKUHL, L. Don. Cinesiologia Clínica de
Brunnstron. 5ª ed. São Paulo:Manole, 1997;
VAZ, José Carlos. Secretária de Higiene e Saúde. Assistência domiciliar à Saúde. Santos-
SP, 1993, v.1. Disponível em
http://www.federativo.bndes.gov.br/dicas/D008.htm.DesenvolvimentoSocial Acesso em 29
set. 2004;
TEMÍSTOCLES, Marcos. Apostila, Joelho;
WILSON, Jones N. Fraturas: Traumatismos das Articulações. 5ª ed. Vol. 2. Rio de Janeiro:
Guanabara, 1978;
WIRMED, Rolf. Atlas de Anatomia do Movimento. São Paulo: Editora Manole, 1986;