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Saúde Coletiva Universidade Federal do Rio de Janeiro Disciplina: Saúde Coletiva Endemias brasileiras e controle de vetores Mario Gandra

Saúde Coletiva - 7. endemias brasileiras e controle de vetores

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Universidade Federal do Rio de JaneiroDisciplina: Saúde Coletiva

Endemias brasileiras e controle de vetores

Mario Gandra

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Endemias Brasileiras

Endemia (OPAS, 1997)

● Presença constante de uma doença ou de um agente infeccioso em determinada área geográfica. Pode significar também a prevalência usual de determinada doença nesta área.

Convencionou-se no Brasil designar determinadas doenças, a maioria delas transmitidas por vetor ou parasitárias, como "endemias" ou "endemias rurais".

São elas: a malária, a febre amarela, a esquistossomose, a leishmaniose, a peste, a doença de Chagas, além de algumas helmintíases intestinais.

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NorteNordesteSul e SuldesteCausas de internação no Brasil (1984-2001)

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Endemias Brasileiras

O panorama atual das grandes endemias brasileiras:

• Evolução epidemiológica dos respectivos programas de controle, no que diz respeito à demanda de vigilância epidemiológica e de importantes câmbios estratégicos em sua formulação.

Programas e controle...

• Urbanização de clássicas endemias rurais (esquistossomose, leishmanioses e malária).

• Surgimento (ou reemergência) de antigas doenças, como dengue.

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Causa: mudanças demográficas ocorridas a partir dos anos 60

Cerca de 20% da população das grandes e médias cidades estão vivendo em favelas, cortiços ou em áreas de invasão.

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PPOOBBRREEZZAA

RESULTADOS RESULTADOS NA NA

SAÚDESAÚDEDisponibilidade de recursos

Produtividade econômica

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Círculo vicioso entre pobreza e saúde: Endemias e impacto econômico

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Problemas no controle de endemias

• A falta de conhecimento, prática e entrosamento na execução dos programas específicos, por parte de estados e municípios.

• A ocorrência de um histórico modelo de medicina curativa, deixando um pequeno espaço às ações e temas de Saúde Pública, à participação comunitária, ao saneamento básico e à prevenção de doenças.

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Detalhamento

• Redução significativa na incidência de peste (praticamente erradicada), raiva, febre amarela e doença de chagas.

• A leptospirose (meses mais chuvosos e alta letalidade).

• Leishmanioses e esquistossomose: elevadas prevalências, expansão na área de ocorrência.

• Malária: a partir de 1999, reduções superiores a 40%. Em 2003 houve um aumento na transmissão.

• A dengue: introduzida no país em 1982. O mosquito Aedes aegypti, que havia sido erradicado nas décadas de 50 e 60 em vários países do continente americano, retorna na década de 70. (Destaca-se a introdução de um novo sorotipo, o DEN 3).

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Peste

1) Agente etiológico: bactéria Yersinia pestis (gânglios lifáticos)

2) Vetor: Pulgas Xenopsylla cheopis, Polygenis bohlsi jordani e Polygenis tripus (dos roedores silvestres e comensais), Pulex irritans (Pulga do homem), Ctenocephalides felis (parasito de cães e gatos), dentre outras.

3) Sintomas: inicialmente - calafrios, cefaléia intensa, febre alta, dores generalizadas, anorexia, náuseas, vômitos, confusão mental, congestão das conjuntivas, taquicardia, hipotensão arterial, prostração e mal-estar geral. Após 2 ou 3 dias tumefações nos linfonodos superficiais bubão pestoso. Evolui para septicemia.

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Peste

4) Diagnóstico: isolamento e a identificação da Y. pestis, em amostras de aspirado de bubão, escarro e sangue, bacteriológica por meio de cultura e hemocultura.

5) Tratamento: 10 dias estreptomicina ou cloranfenicol ou tetraciclina

Ilustração da Peste na Bíblia de Tggenburg

Epidemias na idade média, peste negra na europa século XIV disseminou 1/3 da população

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Número de casos humanos positivos de peste: 1980 a 2005, no Brasil.

Medidas de controle:● Saneamento básico e

educação sanitária básica● Descobrir precocemente

casos humanos para evitar a letalidade da doença.

● Monitoramento da peste em animais nas áreas endêmicas.

5) Aspectos epidemiológico: Focos naturais delimitados no Brasil (PI, CE, RN, PB, PE, AL, BA, MG e RJ) e em outros países do mundo.

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Febre Amarela

1) Agente etiológico: vírus da febre amarela

2) Vetor: Aedes aegypti e Haemagogus

3) Sintomas: Febre, dor de cabeça, calafrios, náuseas, vômito, dores no corpo, icterícia (a pele e os olhos ficam amarelos) e hemorragias (de gengivas, nariz, estômago, intestino e urina). O vírus infecta macrófagos e hepatócitos.

4) Diagnóstico: isolamento do vírus imunofluorescência indireta

5) Tratamento: A febre amarela é tratada sintomaticamente,

transfusão e hemodiálise.

/por ano

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Medidas de controle:

1. Vacinação

2. Estratégias de combate ao vetor.

2. Investigação epidemiológica dos casos registrados.

3. Melhoria na assistência médica.

4. Informação/educação da população e vacinação em áreas endêmicas

Meta cobertura vacinal 100% dos municípios

/por ano

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Doença de Chagas

1) Agente etiológico: Trypanosoma cruzi (protozoário flagelado) infecta neurônios, especialmente miocárdio, tb. digestório)

2) Vetor: Triatomídeo Rhodnius prolixus

3) Sintomas: Após 7 dias, dor de cabeça, fraqueza intensa, inchaço no rosto e pernas dor de estômago, vômitos e diarréia. Devido à inflamação no coração, pode ocorrer falta de ar intensa, tosse e acúmulo de água no coração e pulmão. Se a pessoa for picada pelo barbeiro, pode aparecer lesão semelhante a furúnculo no local. 

4) Diagnóstico: parasitológico de sangue (esfregaço e gota espessa); e sorologia

5) Tratamento: Apenas fase aguda – benzonidazol - gratuito

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6) Aspectos epidemiológicos● Os índices de transmissão declinaram drasticamente em mais

de 95% na área endêmica. ● Melhoria da atenção ao chagásico:

- diagnóstico precoce e de atenção adequada

- cuidados mais especializados àqueles que evoluem para as formas graves

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Medidas de controle:

1. Infestação de habitações humanas por "barbeiros" transmissores.

2. Estudos biológicos e ecológicos sobre triatomíneos transmissores incluindo a suscetibilidade aos inseticidas.

3. Biologia específica do Trypanosoma cruzi.

4. Testes clínicos com drogas eficazes e seguras para o tratamento da infecção.

5. Estudos sobre a relação infecção-doença visando a medidas de prevenção e reabilitação.

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Leptospirose

1) Agente etiológico: Leptospira (presente na urina do rato).

2) Sintomas: febre, dor de cabeça, dores pelo corpo, podendo também ocorrer icterícia, falência renal, meningite, falência hepática e deficiência respiratória.

3) Diagnóstico: sorológico

4) Tratamento: principalmente estreptomicina

5) Aspectos epidemiológicos:

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Leishmaniose

1) Agente etiológico: protozoário Leishmania (macrófagos)

2) Vetor: flebotomínios américa Lutzomyia

3) Reservatório: roedores, preguiça, tamanduá, cão e eqüinos.

4) Sintomas: Na forma cutânea, lesões no corpo. Na forma visceral ocorre e aumento do volume do fígado e do baço, emagrecimento, complicações cardíacas e circulatórias, desânimo, prostração, apatia e palidez (fígado, baço e medula – produtores de macrófagos).

- Pode haver tosse, diarréia, respiração acelerada, hemorragias e sinais de infecções associadas.

- Quando não tratada, a doença evolui podendo levar à morte até 90% dos doentes.

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Leishmaniose

5) Diagnóstico: parasitológico (material lesão), cultura, biopsia

6) Tratamento: antimonial pentavalente, anfotericina B e o isotionato de pentamidina.

7) Aspectos epidemiológicos:

- Atualmente, houve um aumento no registro de casos da co-infecção Leishmania – HIV passando a ser considerada como emergente e de alta gravidade. É doença de notificação compulsória nacional.

- A leishmaniose tegumentar americana (LTA) difundida no País. A leishmaniose visceral americana (LVA) é muito mais grave e também tende à urbanização, ocorrendo principalmente no Nordeste.

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Medidas de controle:1. Tem-se usado com prioridade a

estratégia de diagnóstico e eliminação de cães infectados.

2. Viabilizar ações de higiene peridomiciliar.3. Controlar da população de reservatórios

e do agente transmissor.4. Diagnosticar e tratar precocemente os

casos para reduzir as complicações e deformidades provocadas pela doença.

2007

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Esquistossomose

1) Agente etiológico: platelminto Schistosoma mansoni

2) Reservatório: Biomphalaria glabrata, B. tenagophila, B. Stramínea

3) Sintomas: febre, dor de cabeça, calafrios, suores, fraqueza, falta de apetite, dor muscular, tosse e diarréia. Como o verme adulto se direciona para veia mesentérica na forma crônica ocore comprometimento hepático com hepatomegalia.

4) Diagnóstico: parasitológico fezes

5) Tratamento: praziquantel e a oxaminiquina ambos dose única.

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Esquistossomose

6) Aspectos epidemiológicos:

- Endemia mundial: 72 países, principalmente, na América do Sul, África, Caribe e leste do Mediterrâneo.

- No Brasil já atinge 19 estados.

- Não pode ser considerada em regressão apesar de relatos de reduções pontuais em programas de controle.

- Doença de notificação compulsória em áreas não endêmicas.

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Esquistossomose

Agente etiológico: platelminto Schistosoma mansoni

2) Reservatório: Biomphalaria glabrata, B. tenagophila, B. Stramínea

Sintomas: febre, dor de cabeça, calafrios, suores, fraqueza, falta de apetite, dor muscular, tosse e diarréia. Como o verme adulto se direciona para veia mesentérica na forma crônica ocore comprometimento hepático com hepatomegalia.

Diagnóstico: parasitológico fezes

4) Tratamento: praziquantel e a oxaminiquina ambos dose única

5) Aspectos epidemiológicos:

É uma endemia mundial, ocorrendo em 72 países, principalmente, na América do Sul, África, Caribe e leste do Mediterrâneo. No Brasil já atinge 19 estados. Não pode ser considerada em regressão apesar de relatos de reduções pontuais em programas de controle. É doença de notificação compulsória em áreas não endêmicas.

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Malária

1) Agente etiológico: protozoário Plasmodium vivax,

falciparum ou “malariae”

2) Vetor: Anopheles (hábito fim da tarde)

3) Sintomas: febre, calafrios, fadiga, náuseas, dor de cabeça e, em alguns casos, anorexia com como infecta hemácias, hemólise, icterícia.

4) Diagnóstico: parasitológico (sangue)

5) Tratamento: cloroquina e derivados (resistência)

6) Aspectos epidemiológicos: Incidência elevada, mata 1 criança africana a cada 30 segundos. Estudos detectaram 33,8% de sorologia positiva em habitantes de zona endêmica urbana na Amazônia brasileira (Ferranoni e Lacaz, 1982).

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Medidas de controle:

1. Vigilância de suscetibilidade dos plasmódios às drogas específicas em uso;

2. Testes clínicos e operacionais com novos medicamentos;

3. Métodos de controle do Anopheles, incluindo saneamento, utilização de inseticidas e controle biológico;

4. Aplicação de inquéritos soro-epidemiológicos para malária e aperfeiçoamento das técnicas de diagnóstico sorológico.

5. Medidas de prevenção e controle e informação.

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Dengue

1) Agente etiológico: Vírus da dengue sorotipos:

DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4

2) Vetor: Aedes aegypti

3) Sintomas: febre, dor de cabeça e no corpo –

Hemorrágica insuficiênca circulatória e choque

4) Diagnóstico: sorologia para DEN

5) Tratamento: sintomático

6) Aspectos epidemiológicos: reemergiu no País nos últimos anos

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Prevenção

1. Eficácia do sistema de saúde, vigilância e controle epidemiológico.

2. Saneamento básico.

3. Combate ao mosquito transmissor, informação e efetiva e continuada participação da população.

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Doenças negligenciadas

● Aproximadamente 1 bilhão de pessoas – um sexto da população mundial – encontra-se acometida de uma ou mais doenças tropicais negligenciadas

● Menos de 10% dos recursos globais gastos em pesquisa em saúde são para estas doenças.

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Países afetados apenas com uma doença tropical negligenciada países afetados com duaspaíses afetados com trêspaíses afetados com quatropaíses afetados com cincopaíses afetados com seis doenças

Impacto das doenças tropicais negligenciadas no mundo

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Doenças negligenciadas

Medidas propostas para o controle global das endemias

Objetivo I: Vigilância – Descobrir, investigar rapidamente e acompanhar os casos.

Objetivo II: Pesquisa Aplicada – Integrar os laboratórios e a epidemiologia.

Objetivo III: Prevenção e Controle – Estimular a informação sobre as doenças emergentes e implementar estratégias de prevenção.

Objetivo IV: Infra-estrutura – Fortificar a infra-estrutura de saúde pública em níveis local, estadual e federal.

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