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Princípios Metodológicos da Atividade Física para Idosos Marisete Peralta Safons e Márcio de Moura Pereira Faculdade de Educação Física – UnB Faculdade de Educação Física – UnB

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Princípios Metodológicos da

Atividade Física para Idosos

Marisete Peralta Safons e

Márcio de Moura Pereira

Faculdade de Educação Física – UnB

Faculdade de Educação Física – UnB

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Marisete Peralta Safons e Márcio de Moura Pereira

Princípios Metodológicos da

Atividade Física para Idosos

Faculdade de Educação Física – UnB

Faculdade de Educação Física – UnB

BRASÍLIA

2007

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Conselho Regional de Educação Física da 7ª Região – CREF7 Endereço: SGAN 604 conjunto C – Clube de Vizinhança Norte CEP: 70840-040 - Brasília-DF Tel: (61)3321-1417 (61)3322-6351 Site: www.cref7.org.br

DIRETORIA EXECUTIVA: CONSELHEIROS: Presidente Alex Charles Rocha Alexandre Fachetti Vaillant Moulin Alexander Martinovic Alexandre Fachetti Vaillant Moulin 1º Vice-presidente André Almeida Cunha Arantes Paulo Roberto da Silveira Lima Cristina Queiroz Mazzini Calegaro Elke Oliveira da Silva 2º Vice-presidente Geraldo Gama Andrade Marcellus R. N. Fernandes Peixoto Guilherme Eckhard Molina João Alves do Nascimento Filho 1º Secretário José Ricardo Carneiro Dias Gabriel Marcelo Boarato Meneguim Lúcio Rogério Gomes dos Santos Luiz Guilherme Grossi Porto 2ª Secretária Marcellus Rodrigues N. Fernandes Peixoto Elke Oliveira da Silva Marcelo Boarato Meneguim Márcia Ferreira Cardoso Carneiro 1º Tesoureiro Paulo Roberto da Silveira Lima José Ricardo Carneiro Dias Gabriel Ramón Fabián Alonso López Ricardo Camargo Cordeiro 2º Tesoureiro Telma de Oliveira Pradera Alex Charles Rocha Waldir Delgado Assad

Wylson Phillip Lima Souza Rêgo

COMISSÃO EDITORIAL: Alexandre Fachetti Vaillant Moulin Cristina Quiroz Mazzini Calegaro Márcia Ferreira Cardoso Carneiro Márcio de Moura Pereira Telma de Oliveira Pradera

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Universidade de Brasília – UnB Faculdade de Educação Física – FEF Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Atividade Física para Idosos – GEPAFI Endereço: Campus Universitário Darcy Ribeiro – Gleba B – Asa Norte CEP: 70910-970 Tel.: 3307 – 2252 Site FEF: www.unb.br/fef Blog GEPAFI: http://gepafi.blogspot.com

Diretor: Prof. Dr. Jônatas de França Barros

Vice Diretor: Prof. Dr. Jake do Carmo

Chefe do Centro Olímpico: Profa. Dra. Marisete Peralta Safons

Coordenador de Graduação: Prof. Dr. Alexandre Rezende

Coordenador de Pesquisa e Pós-Graduação: Profa. Dra. Ana Cristina de David

Coordenador de Extensão e Atividades Comunitárias: Prof. Dr. André T. Reis.

Coordenador de Prática Desportiva: Prof. William Passos

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Editores CREF/DF e FEF/UnB/GEPAFI Autores

Marisete Peralta Safons Doutora em Ciências da Saúde pela UnB Márcio de Moura Pereira Mestre em Educação Física pela UCB Editoração Eletrônica Aderson Peixoto Ulisses de Carvalho Revisão Fernando Borges Pereira Publicação CREF7

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Safons, Marisete Peralta.

Princípios Metodológicos da Atividade Física para Idosos / Marisete Peralta

Safons; Márcio de Moura Pereira - Brasília: CREF/DF- FEF/UnB/GEPAFI, 2007.

110 p.:il.

ISBN 978-85-60259-02-1

1. Educação física para idosos. 2. Metodologia do ensino. 3. Esporte e

educação.

I. Pereira, Márcio de Moura. II. Título.

CDU 796.4-053.9

Ficha Catalográfica elaborada pela bibliotecária Jeane Ramalho CRB1/1225

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SUMÁRIO

UNIDADE 1 – NOÇÕES DE DIDÁTICA ................................................................................7

1.1. Planejar é Preciso ............................................................................................................8 1.2. Pilares do Planejamento.................................................................................................13 1.3. Reflexões Finais ............................................................................................................16

UNIDADE 2 – O PAPEL DO PROFESSOR: QUEM ENSINA? ...........................................17 2.1. Competências necessárias a um educador de idosos .....................................................18 2.2. Reflexões Finais ............................................................................................................26

UNIDADE 3 – OBJETIVOS: POR QUE EDUCAÇÃO FÍSICA PARA IDOSOS?...............27 3.1. Propostas pedagógicas de um programa para idosos.....................................................28 3.2. Objetivos em um Plano de Curso para idosos ...............................................................32 3.3. Reflexões Finais ............................................................................................................35

UNIDADE 4 – FISIOPATOLOGIA DO ENVELHECIMENTO: QUEM É O ALUNO IDOSO? ....................................................................................................................................36

4.1. Epidemiologia do Envelhecimento................................................................................37 4.2. Fisiologia do Envelhecimento .......................................................................................41

4.2.1. Um novo paradigma para o envelhecimento ..........................................................41 4.3. Fisiopatologia do envelhecimento: doenças prevalentes...............................................43

4.3.1. Doenças Cardiovasculares......................................................................................44 4.3.2. Doenças Ortopédicas e Reumatológicas.................................................................45 4.3.3. Doenças Metabólicas..............................................................................................47 4.3.4. Quedas: doença ou sintoma? ..................................................................................49

4.4. Reflexões Finais ............................................................................................................52 UNIDADE 5 – FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO: O QUÊ PRESCREVER PARA IDOSOS? 53

5.1. Prescrição do exercício para o idoso .............................................................................54 5.1.1. Princípios da prescrição..........................................................................................55 5.1.2. Orientações gerais para uma prescrição .................................................................57 5.1.3. Escala de Borg no controle da Intensidade do Exercício .......................................60 5.1.4. Orientações específicas para uma prescrição .........................................................62

5.2. Cuidados com as doenças prevalentes e riscos durante a aula ......................................82 5.3. Reflexões Finais ............................................................................................................83

UNIDADE 6 – METODOLOGIA DE TRABALHO ..............................................................84 6.1. Estratégias ou métodos de trabalho ...............................................................................85 6.2. Trabalhando a Aptidão Física com segurança...............................................................87 6.3. Avaliando resultados de um programa ..........................................................................88 6.4 Recursos .........................................................................................................................96

6.4.1. Espaço Físico..........................................................................................................96 6.4.2. Equipamentos e Materiais ......................................................................................96 6.4.3. Secretaria ................................................................................................................98 6.4.4. Parcerias .................................................................................................................99

6.5. Emergências: Primeiros Socorros..................................................................................99 6.6. Reflexões Finais ..........................................................................................................102

7. BIBLIOGRAFIA................................................................................................................103

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SAFONS, M.P.; PEREIRA, M.M. Princípios Metodológicos da Atividade Física para Idosos.

UNIDADE 1 – NOÇÕES DE DIDÁTICA

Apresentação Nesta unidade demonstraremos que um professor eficaz

planeja, organiza e se mantém um passo à frente. Começaremos contextualizando a

prática pedagógica de quem trabalha com atividade física para idosos dentro das

dimensões históricas e sociais das quais estes alunos provêm. Depois passaremos à

conceituação dos pilares do planejamento, identificando cada ator ou atividade do

processo pedagógico.

Ao término do estudo desta Unidade, você deverá ser capaz de:

• Localizar o ensino de atividades físicas para idosos enquanto prática

pedagógica, visando à educação e à saúde dos alunos;

• Entender a importância do ato de planejar;

• Reconhecer os pilares do planejamento.

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SAFONS, M.P.; PEREIRA, M.M. Princípios Metodológicos da Atividade Física para Idosos.

1.1. Planejar é Preciso

O professor que assume um grupo de idosos para orientar atividades físicas

precisa saber que seu trabalho está inserido em uma realidade com fortes

componentes históricos e sociais.

Historicamente, seu aluno faz parte de uma população que nasceu na

primeira metade do século XX. Ele faz parte da primeira geração industrial brasileira,

que veio de um Brasil rural, agrícola, que se urbanizou e se modernizou a uma

velocidade astronômica. Este aluno vem de um país com altas taxas de

analfabetismo, alguns deles inclusive permaneceram analfabetos e tornaram-se

parte do grupo de idosos, que hoje freqüenta os programas de atividades físicas

comunitários.

Nestes grupos também não é raro descobrir que, mesmo para quem tem

formação superior, a escolarização foi um processo tão penoso quanto para a

maioria: alguns não tinham escolas onde moravam, outros não tiveram dinheiro para

manterem-se na escola, outros se mudaram tantas vezes acompanhando a família

em busca de emprego que perderam anos de estudo, enquanto outros, por

necessidade ou falta de oportunidade, ainda permaneceram na roça até a idade

adulta e não puderam ir à escola.

No aspecto social é preciso lembrar que enquanto o Brasil buscava seu

desenvolvimento do ponto de vista global, individualmente também os cidadãos

buscavam crescimento. Essa geração, hoje idosa, trabalhou muito: construiu as

grandes fábricas, as grandes estradas, as grandes hidrelétricas, as grandes

metrópoles deste país. Esta geração mudou a capital federal, transformou a

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agricultura em agroindústria. Essas pessoas trouxeram a televisão para o país e

foram os primeiros a ver o Brasil ganhar uma copa do mundo de futebol. São filhos

de uma guerra mundial e viveram a maior parte da vida em uma ditadura, mas

também foram os primeiros a derrubar um presidente, a lutar por eleições diretas,

defender o divórcio, lutar pela igualdade feminina e pelos direitos humanos, contra o

racismo, contra a exclusão...a favor da natureza.

Essa geração realmente trabalhou muito, lutou, mudou a cara do Brasil... e se

aposentou.

E o corpo destes indivíduos?

O corpo desta geração foi excluído: “coisificado” pelas ciências da saúde,

adestrado pela educação, alienado pela política, “demonizado” pela religião. Objeto

de trabalho, instrumento de transporte e palco de conflitos. Este corpo não teve

acesso à educação física escolar na infância e adolescência (nem no ensino

noturno, que boa parte freqüentou, normalmente não foram ministradas aulas de

educação física) e na idade adulta este corpo não teve tempo para se exercitar,

nem para o jogo, o esporte ou o lazer.

Este corpo aos sessenta anos espoliado, cansado, frágil e com um repertório

pequeno de movimentos (só faz bem os movimentos relacionados ao trabalho).

Muitas vezes este corpo apresenta-se com doenças associadas ao sedentarismo

(obesidade, hipertensão, cardiopatias, colesterol alto, diabetes tipo II, “reumatismos”)

e, normalmente, com dores no corpo, muita dor (na coluna, nas pernas, nos braços,

na cabeça...). Isso sem contar outras dores, tais como a da solidão, do abandono,

da pobreza, da falta de atendimento especializado, do desrespeito a direitos básicos

ou da violência onipresente.

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O professor que assume um grupo de idosos para orientar na prática de

exercícios físicos precisa ter essas realidades bem claras ao propor as atividades. É

preciso saber que nenhum exercício proposto se reduz ao ato mecânico de mover

um braço ou uma perna.

É preciso ter claro que cada movimento é, na verdade, uma possibilidade de

resgate da infância, redescoberta da corporeidade, liberação de afetos, superação

de dores, permissão para o prazer de viver...

A possibilidade de viver uma vida plena a partir dos sessenta anos já é hoje

uma realidade. E ninguém sabe ainda onde isso termina: o número de idosos

saudáveis, ativos e produtivos, muitos com mais de 100 anos, cresce na mesma

proporção em que se fazem investimentos em atividade física, saúde, educação,

segurança e inclusão.

E aí começa uma nova história, uma história da qual você professor faz parte.

Se o programa pode ser o espaço para inclusão social, educação para a saúde,

autonomia e cidadania, a atividade física será o meio através do qual o processo

educacional se dará em função desses objetivos. Portanto, precisa ser bem

planejada sob pena de não atingir os resultados, desperdiçando recursos e

frustrando expectativas.

No caso do aluno idoso, falhas no planejamento podem acarretar efeitos

adversos e, portanto, não é possível propor com segurança atividades baseadas em

“boas intenções” ou na “fé de que tudo vai dar certo”.

Desta forma, verifica-se que:

• Se no planejamento não foi prevista a socialização é bem provável que os

alunos venham ao programa por meses sem estreitarem os laços de amizade

e camaradagem (entram mudos, saem calados);

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• Se no planejamento a inclusão não for prevista é bem provável que em cada

atividade proposta alguns alunos se sintam excluídos (ioga é para as

mulheres, musculação é para homens, não sirvo para correr, branco não

consegue sambar...);

• Se no planejamento não for prevista a progressão é bem provável que os

alunos não percebam vantagem alguma em investir seu tempo em algo que

não apresenta resultados visíveis ou mensuráveis (a distância ou o tempo da

caminhada são os mesmos há um ano, o peso que levanto é o mesmo há

meses, o que ganhei com tanto trabalho, tempo e suor? Estas serão

perguntas freqüentes na mente desses alunos.);

• Se no planejamento não houver previsão de atividades que levem em conta a

saúde é bem provável que nenhuma melhora seja verificada neste aspecto (o

médico me disse que com exercício minha pressão - ou a glicose ou a dor -

melhoraria, mas já estou praticando há 5 anos e continuo na mesma!);

• E, não havendo previsão de riscos é bem provável que os alunos venham a

sofrer danos com a atividade proposta (desconforto psicológico, dor, lesão e

até morte!).

Você sabia que um infarto causado por exercícios mal planejados pode

acontecer até várias horas depois da prática, podendo levar à morte ou invalidez?

Você sabia que uma hipoglicemia causada por exercícios mal planejados

pode acontecer até várias horas depois da prática, muitas vezes à noite, caso em

que o idoso pode morrer dormindo?

Você sabia que uma crise de dor causada por exercícios mal planejados pode

acontecer até várias horas depois da prática, quando passa o efeito do aquecimento

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e das endorfinas, levando o aluno muitas vezes ao leito durante semanas, sob

medicação cara e pesada?

Um professor que planeja levando em conta a realidade do aluno, procurando

proporcionar o máximo de benefícios e ao mesmo tempo prevenir os riscos sabe que

muito do progresso de cada aluno se deve às atividades propostas por ele.

Um professor que planeja com seriedade também está seguro de que os

agravos nas doenças prévias dos alunos e até mesmo a morte de algum aluno ao

longo do ano podem ter qualquer causa (acaso, progressão natural da doença,

acidente...), mas não a sua imperícia ou omissão.

Já um professor que não se preparou e não planejou, jamais saberá porque

um aluno progrediu e outro não. Da mesma forma que não poderá afirmar com

segurança que uma morte não foi causada por imperícia de seu trabalho só porque

ela não aconteceu durante a aula.

Estas reflexões nos levam à conclusão de que Planejar é preciso, não só por

motivos técnicos, mas também éticos: consciência tranqüila e certeza do dever

cumprido não têm preço. Assim, um bom planejamento foca os recursos na direção

da conquista dos objetivos; evita que o trabalho se torne rotineiro e repetitivo;

previne os riscos do improviso e aumenta a segurança das práticas.

Em seu planejamento, um professor bem preparado deixa claro QUEM faz O

QUÊ e POR QUE, PARA QUEM e COMO, determinando ainda procedimentos de

AVALIAÇÃO para acompanhar o processo. Este professor sabe que a parte mais

importante de seu planejamento será a tarefa de executá-lo. Ele sabe também que o

“Plano A” pode não funcionar na hora, mas como tem tudo planejado, tem sempre

um “Plano B” preparado com antecedência. Assim nunca terá que improvisar e

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dedicar-se-á mais aos alunos e à tarefa pedagógica, trabalhando sempre próximo ao

“ESTADO DA ARTE” profissional.

1.2. Pilares do Planejamento O planejamento visa à ação. É um processo dinâmico de coordenação de

esforços e recursos, dentro das atividades de ensino e aprendizagem, que permite

ao professor prever e avaliar a direção da ação principal, determinando rumos de

ações alternativas, servindo ainda para auxiliar o professor a tomar decisões

racionais tecnicamente embasadas.

QQuueemm ffaazz

OO qquuêê ffaazz

PPaarraa qquueemm ffaazz

PPoorr qquuee ffaazz

CCoommoo ffaazzeerr ((mmeettooddoollooggiiaa))

AAVVAALLIIAAÇÇÃÃOO

Ao planejar uma aula ou projeto

de atividades físicas para idosos é

preciso especificar claramente: quem

vai fazer o quê, para quem e por que,

a fim de determinar o como fazer (a

metodologia de trabalho). É preciso

também especificar instrumentos de avaliação para acompanhamento e controle da

atividade desde o início.

No caso de um programa de atividades físicas para idosos cada item

colocado acima corresponderia a:

• Quem faz é o profissional de educação física;

• Por que faz são as justificativas teóricas e os objetivos para o programa ou

para cada aula (saúde, educação, esporte, lazer, etc.);

• Para quem faz é o aluno idoso;

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• O quê faz são os conteúdos de Educação Física (atividade física, exercícios,

esporte, jogos, etc.);

• Como faz é a metodologia de trabalho adaptada para idosos, são as aulas

propriamente ditas, prescritas e ministradas aos idosos.

• Avaliação: instrumentos de acompanhamento e controle do aluno, da

atividade e do programa a fim de verificar questões como: quem é o aluno? Que

atividades podem ser desenvolvidas com ele neste lugar? O treinamento atingiu os

objetivos? Por quanto tempo serão mantidas as estratégias atuais? Serão

necessários ajustes? Onde?

Por ser dinâmico o planejamento não se resume ao plano de curso e aos

planos de aula, metodicamente executados e jamais alterados. Na verdade ele se

conclui por aproximações sucessivas, sofrendo influências o tempo todo da

realidade à qual está sendo aplicado. Por isso a avaliação está presente o tempo

todo, inclusive durante a execução das tarefas.

O planejamento deve expressar os objetivos do programa de exercícios e

antever os meios para alcançar os propósitos, racionalizando a utilização dos

recursos e otimizando a tarefa principal da educação que é o processo ensino-

aprendizagem.

Isto deve ser feito por escrito, em um caderno, pasta de planos avulsos (em

papel ou arquivadas em computador) ou em qualquer outro meio que o professor

considere válido para escrever, guardar, recuperar, estudar e refazer seus planos.

No exemplo do caderno, pode-se ter um caderno para cada disciplina que se

pretenda ministrar. As páginas iniciais são reservadas para o plano de curso e as

seguintes ficam destinadas aos planos de aula. O plano de curso é aquele mais

geral, que resume os principais pontos que nortearão o desenvolvimento do

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programa e a confecção dos planos de aula. Já o plano de aula é mais específico e

deve prever o que acontecerá em cada aula.

Nas próximas unidades você aprenderá como estruturar o seu planejamento.

Há vários modelos, você não precisará seguir exatamente o sugerido neste curso,

mas há algumas informações que não podem faltar em um plano, independente do

modelo. Lembre-se: planejar é muito importante, faz parte das atribuições de um

professor. Além disso, pensar sobre cada aula é também uma forma de demonstrar

seu afeto e sua atenção para com seus alunos.

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1.3. Reflexões Finais

Fim da primeira etapa! Após o contato com estas informações iniciais, é

importante, neste momento, parar e tentar perceber qual foi o entendimento que

você teve dos assuntos. A qual conclusão você chegou a respeito da visão da

atividade física para idosos como prática pedagógica? Qual foi o seu entendimento a

respeito da importância do ato de planejar? O que você aprendeu a respeito dos

pilares do planejamento? Diante destas reflexões, como você tem pensado a sua

prática com os idosos?

Brasília: CREF/DF- FEF/UnB/GEPAFI, 2007. p. 16

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SAFONS, M.P.; PEREIRA, M.M. Princípios Metodológicos da Atividade Física para Idosos.

UNIDADE 2 – O PAPEL DO PROFESSOR: QUEM ENSINA?

Apresentação Neste capítulo nos concentraremos no estudo das

competências necessárias a um professor que pretenda trabalhar com a educação

para idosos gerando aprendizagem significativa e de qualidade, utilizando o

movimento como instrumento pedagógico. Veremos também que a capacitação

profissional não é definitiva, tendo um prazo de validade a partir do qual se torna

obsoleta, sendo sempre necessário atualizar informações, conceitos, técnicas e

materiais: só isso manterá o professor dentro da realidade.

Ao término do estudo desta Unidade, você deverá ser capaz de:

• Reconhecer a importância da capacitação profissional para o trabalho com

idosos;

• Descrever as competências básicas necessárias a quem trabalha com

atividades físicas com idosos;

• Discutir questões relativas a aprofundamento técnico e teórico, atuação

reflexiva, educação continuada, produção de conhecimento, e comunicação

pedagógica.

Brasília: CREF/DF- FEF/UnB/GEPAFI, 2007. p. 17

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SAFONS, M.P.; PEREIRA, M.M. Princípios Metodológicos da Atividade Física para Idosos.

2.1. Competências necessárias a um educador de idosos

A formação do professor que trabalha com educação física deverá priorizar o

desenvolvimento de certas competências importantes para o trabalho esportivo

voltado para qualquer idade, mas que se tornam indispensáveis no caso do

professor que atenda a idosos.

Medeiros (2004) aponta seis competências necessárias ao profissional que

orienta a prática de atividades físicas:

1. Conhecimento da educação física no contexto da educação e da

sociedade

2. Conhecimento técnico-teórico-filosófico a respeito da pessoa humana

3. Capacidade reflexiva para analisar os diversos fenômenos que

compõem a prática cotidiana

4. Capacidade de realizar sua formação continuada

5. Capacidade de produzir conhecimento

6. Capacidade de comunicar-se com seus interlocutores

Com o objetivo de prestar sempre o melhor atendimento no trabalho com

idosos, cada uma dessas áreas de competência da proposta de Medeiros pode ser

objeto permanente de estudo e aprofundamento por parte do professor.

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SAFONS, M.P.; PEREIRA, M.M. Princípios Metodológicos da Atividade Física para Idosos.

1. Conhecimento da Educação Física no contexto da Educação e da

Sociedade

A Atividade Física realizada separadamente do processo maior de Educação

do aluno acaba por se reduzir a uma prática alienada. A Educação Física é um elo

na cadeia maior da Educação (outros conteúdos, outras disciplinas), da Saúde

(outros serviços na área da saúde física, mental e social) e da Formação do

Cidadão.

Por isso é sempre bom ter em mente que embora o Exercício promova

Educação e Saúde, ele sozinho, NÃO EDUCA TOTALMENTE, NEM CURA OU

PREVINE TODOS OS MALES.

O professor precisa ter conhecimentos mínimos das áreas relacionadas ao

seu trabalho e das possibilidades de orientação e encaminhamento a fim de fazer de

suas aulas um efetivo momento de educação. Sem tais conhecimentos sua prática

se torna isolada, afastada da realidade, reduzindo-se ao papel de “distrair os

idosos”, “tirá-los de casa”, “leva-los para tomar sol”.

Sem saber onde a atividade física se insere no contexto da educação e da

sociedade o professor não utiliza seu potencial, faz um trabalho alienado e ainda

oferece à população idosa um serviço que não gera benefícios maiores de saúde em

longo prazo, nem autonomia, inclusão social ou cidadania.

Brasília: CREF/DF- FEF/UnB/GEPAFI, 2007. p. 19

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SAFONS, M.P.; PEREIRA, M.M. Princípios Metodológicos da Atividade Física para Idosos.

2. Conhecimento Técnico-Teórico-Filosófico a respeito da pessoa

humana

O professor que vai trabalhar Atividades Físicas com idosos precisa

desenvolver um arsenal de conhecimentos para compreender questões relacionadas

à corporeidade do idoso.

Do ponto de vista técnico é necessário ter formação básica em educação

física (anatomia, fisiologia geral e do exercício, didática, psicologia da

aprendizagem), conhecimentos de Saúde (epidemiologia, fisiopatologia, saúde

pública), Domínio do Esporte ou Atividade que pretende ensinar, conhecimentos de

Administração Esportiva, conhecimentos de Psicologia aplicada à atividade física ou

esportiva, etc.

Do ponto de vista teórico e filosófico é preciso ter uma compreensão mais

ampla da realidade na qual seu trabalho está inserido. Daí serem necessários

conhecimentos mínimos de história, sociologia, antropologia, filosofia, ética, política,

etc.

Tudo isso auxiliará o professor a entender os mecanismos da EXCLUSÃO DO

IDOSO em nossa sociedade e a propor alternativas viáveis para reverter essa

situação a partir do seu trabalho com exercícios físicos, auxiliando o idoso em seu

trabalho de se encontrar como SER HUMANO IDOSO (cidadão, pai ou mãe de

família, amigo, amante, profissional, consumidor, CIDADÃO).

Brasília: CREF/DF- FEF/UnB/GEPAFI, 2007. p. 20

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SAFONS, M.P.; PEREIRA, M.M. Princípios Metodológicos da Atividade Física para Idosos.

3. Capacidade Reflexiva para analisar os diversos fenômenos que

compõem a prática cotidiana

O professor precisa ser capaz de contextualizar os conteúdos, levando em

conta idade, sexo e condições físicas dos alunos; clima e outras características

geográficas do local em que as atividades são desenvolvidas; os aspectos culturais,

gostos regionais, etc. Deve também ser capaz de fazer referência a situações

concretas ao ensinar um exercício (tal movimento melhora tal atividade da vida

diária).

Deve ainda ser capaz de evitar a fragmentação do conhecimento, mostrando

que o exercício não é um fim em si, mas um meio, promovendo assim a

interdisciplinaridade e trabalhando os temas transversais.

4. Capacidade para Realizar a Formação Continuada

O conhecimento não é definitivo, a cada 3 ou 4 anos o volume de

conhecimento em todas as áreas de trabalho simplesmente DOBRA. Portanto, para

manter-se atualizado é preciso fazer releituras e atualizações constantes.

Para isso é preciso estudar sempre, ler muito (livros, revistas, jornais, da sua

área e de outras), assistir criticamente a filmes e documentários (e até novelas de

TV, pois para quem busca o conhecimento criticamente, qualquer “texto” pode iniciar

uma discussão produtiva).

Outra estratégia é conversar com outros professores, buscar supervisão ou

coordenação de colegas mais experientes, fazer visitas técnicas para conhecer

Brasília: CREF/DF- FEF/UnB/GEPAFI, 2007. p. 21

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SAFONS, M.P.; PEREIRA, M.M. Princípios Metodológicos da Atividade Física para Idosos.

abordagens utilizadas pelos colegas, conversar com os alunos buscando ver a

realidade a partir dos olhares de quem já é idoso a fim de propor novas ações

focadas em suas necessidades.

5. Capacidade para Produzir Conhecimento

Estreitar a relação entre o ofício de ensinar e o hábito de pesquisar. Levar

para a discussão profissional (fóruns, encontros, seminários, congressos, cursos,

etc.) as dificuldades e soluções inovadoras observadas em sua prática pedagógica

socializando o conhecimento ou ainda lançando questões-problema para futuros

estudos.

O resultado imediato desta atitude se reflete em toda a classe profissional,

melhorando métodos e procedimentos, diminuindo riscos e contribuindo para o

sucesso profissional na forma de um melhor serviço à população.

Outros resultados na forma de publicação de artigos científicos e livros,

apresentação de trabalhos em congressos e elaboração de cursos também poderão

advir da introdução da atitude científica, curiosa, no ofício de ensinar.

6. Capacidade para Comunicar-se com seus interlocutores

É a utilização consciente e intencional dos recursos da FALA PEDAGÓGICA,

que pode ser entendida como um conjunto de discursos orais e corporais ou “não

verbais” (gestual, atitudinal, comportamental) colocado a serviço da dinamização dos

conteúdos. O professor não deve resumir sua fala aos conteúdos cognitivos, nem

apenas a comandos verbais: é preciso falar ao aluno por inteiro.

Brasília: CREF/DF- FEF/UnB/GEPAFI, 2007. p. 22

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SAFONS, M.P.; PEREIRA, M.M. Princípios Metodológicos da Atividade Física para Idosos.

No trabalho com idosos a atenção a esse “diálogo pedagógico” pode explicitar

questões interessantes a respeito da formação do professor, gerando algumas

situações problema.

Há, por exemplo, o caso do professor desatualizado para o trabalho com

idosos, mas carismático, com grande habilidade na utilização da fala oral sempre

acompanhado por uma multidão de alunos entusiasmados. Considere que nesta

situação o professor está feliz, satisfeito com seu desempenho e os alunos também,

absolutamente satisfeitos com o trabalho do qual fazem parte. Onde está o

problema? Do ponto de vista motivacional, do talento verbal do professor,

absolutamente nenhum, boa parte dos professores do mundo trabalha para atingir

este nível de desempenho na “fala oral”.

O problema situa-se em outro aspecto do “discurso”, aquele denominado não-

verbal. É preciso lembrar que este professor é um professor de educação física, que

o aluno matriculou-se em um programa de educação física e que, portanto, no

“diálogo pedagógico” além de se “falar às emoções e ao intelecto” do aluno, não se

pode esquecer de “falar ao corpo”, aos ossos, articulações e músculos, ao coração,

artérias e sangue, aos hormônios e neurotransmissores.

Se este diálogo falhar, todo o processo pedagógico falhará e no final o próprio

corpo do aluno denuncia esta falha, este fracasso pedagógico, “falando” durante a

avaliação.

É nesta hora que, sem utilizar uma única palavra da fala oral, o aluno diz que

não melhorou a flexibilidade, a força, a capacidade aeróbia, o equilíbrio, a

coordenação, a pressão arterial ou o peso. Nesta hora o professor precisará ser

muito bom na “fala oral” para explicar ao aluno por que, depois que ele veio a todas

Brasília: CREF/DF- FEF/UnB/GEPAFI, 2007. p. 23

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SAFONS, M.P.; PEREIRA, M.M. Princípios Metodológicos da Atividade Física para Idosos.

as aulas e participou de todas as atividades, os resultados prometidos não foram

atingidos.

No extremo oposto temos o professor extremamente capacitado tecnicamente

para “falar” com todas as estruturas anatômicas e funcionais através do movimento,

meticulosamente planejado e acompanhado, mas que “fala pouco” com o aluno do

ponto de vista verbal. Considere que nesta situação o professor está feliz,

plenamente satisfeito com seu desempenho e os alunos (normalmente 1 ou 2)

também completamente satisfeitos com o atendimento que recebem. Onde está o

problema? Do ponto de vista técnico, fisiológico, absolutamente nenhum, o aluno

está mais forte, mais flexível, mais resistente ao esforço aeróbio, mais saudável. Boa

parte dos professores do mundo trabalha e estuda muito até atingir este nível de

competência para “falar com o corpo”.

O problema situa-se em outro aspecto do “discurso”, aquele denominado

verbal. É preciso lembrar que este professor é um professor de educação física, que

o aluno matriculou-se em um programa de educação física e que, portanto, no

“diálogo pedagógico” além de se “falar ao corpo” do aluno, não se pode esquecer de

“falar às emoções e ao intelecto”, tornando a prática motivante, envolvente, lúdica,

divertida, prazerosa, gregária, comunitária (lembre-se que a solidão, a depressão e o

isolamento são problemas prevalentes em idosos, portanto, privar o idoso da

oportunidade de participar de um grupo, de estreitar laços e de fazer amizades

somente se justifica se suas condições de saúde exigirem isolamento ou

atendimento individualizado).

Se este diálogo falhar, todo o processo pedagógico falhará e no final o próprio

corpo do aluno denuncia esta falha, este fracasso pedagógico, “falando” com sua

Brasília: CREF/DF- FEF/UnB/GEPAFI, 2007. p. 24

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SAFONS, M.P.; PEREIRA, M.M. Princípios Metodológicos da Atividade Física para Idosos.

ausência às aulas ou durante a avaliação, relatando que não melhorou nos aspectos

psicossociais.

Estes dois exemplos são situações fictícias extremas, mas que podem levar o

professor que trabalha com idosos a reavaliar como tem explorado os diversos

aspectos de sua “fala pedagógica”, levando-o também a refletir sobre a necessidade

de investir parte dos esforços da educação continuada no desenvolvimento de

competências relacionadas às diversas opções de comunicação com seus alunos.

“SE VOCÊ NÃO ESTIVER SEMPRE PREPARADO, SEUS ALUNOS

SABERÃO!”

Brasília: CREF/DF- FEF/UnB/GEPAFI, 2007. p. 25

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SAFONS, M.P.; PEREIRA, M.M. Princípios Metodológicos da Atividade Física para Idosos.

2.2. Reflexões Finais

Ao terminar esta unidade é preciso parar e refletir sobre alguns dos temas

abordados:

1 - o que você pensa a respeito da importância da capacitação profissional

para o trabalho com idosos?

2 - Como você se vê com relação às competências básicas necessárias a

quem trabalha com atividades físicas com idosos?

3 - Como você avalia os serviços prestados aos idosos em sua comunidade a

partir dos conhecimentos que agora possui a respeito da preparação profissional

para o exercício desta atividade?

Brasília: CREF/DF- FEF/UnB/GEPAFI, 2007. p. 26

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SAFONS, M.P.; PEREIRA, M.M. Princípios Metodológicos da Atividade Física para Idosos.

UNIDADE 3 – OBJETIVOS: POR QUE EDUCAÇÃO FÍSICA PARA IDOSOS?

Apresentação Nesta unidade discutiremos algumas das questões teóricas

(pedagógicas, filosóficas e conceituais) relativas à proposição de atividades físicas

para idosos. O convite é para a reflexão a respeito dos rumos que um professor

pretende dar ao seu programa e às propostas educacionais que pretende defender

perante o aluno e a sociedade.

Ao término do estudo desta Unidade, você deverá ser capaz de:

Situar sua prática pedagógica dentro do universo das políticas públicas, das

recomendações de organizações de saúde e do conselho profissional;

Refletir sobre os “por quês”, os objetivos maiores que fundamentam as suas

propostas educacionais para os idosos;

Discutir os possíveis entendimentos de questões como autonomia,

independência física e envelhecimento ativo;

Redigir parte de um Plano de Curso para uma proposta de uma atividade

física para idosos, justificando a proposta e especificando alguns objetivos.

Brasília: CREF/DF- FEF/UnB/GEPAFI, 2007. p. 27

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SAFONS, M.P.; PEREIRA, M.M. Princípios Metodológicos da Atividade Física para Idosos.

3.1. Propostas pedagógicas de um programa para idosos

Um dos grandes desafios da Educação Física hoje é atuar preventivamente

na comunidade, combatendo o sedentarismo e melhorando a saúde da população

(CONFEF, 2002).

De acordo com a Carta Brasileira de Educação Física (CONFEF, 2000), o

profissional da Educação Física deverá lançar mão de todos os meios formais e não-

formais (exercícios, ginásticas, esportes, danças, atividades de aventura,

relaxamento, etc.) para educar o ser humano para a saúde e um estilo de vida ativo.

Este documento sugere que o trabalho educativo a partir do movimento deve

estabelecer relações também com o Lazer, a Cultura, o Esporte, a Ciência e o

Turismo e tem compromissos com as grandes questões contemporâneas da

Humanidade como a inclusão dos idosos e das pessoas portadoras de

necessidades especiais, o combate à exclusão social, a promoção da paz, a defesa

do meio ambiente e a educação para a cidadania, democracia, convivência com a

diversidade (étnica, sexual, cultural, religiosa, etc.).

Também a Organização Pan-americana da Saúde (2005), através de sua

representação no Brasil, divulgou o documento “Envelhecimento ativo: uma política”

de saúde, no qual procura dar informações para a discussão e formulação de planos

de ação que promovam um envelhecimento saudável e ativo, visando sensibilizar

todos aqueles responsáveis pela formulação de políticas e programas ligados ao

envelhecimento (governos, entidades não-governamentais, setor privado).

Segundo este documento “manter a autonomia e independência durante o

processo de envelhecimento é uma meta fundamental para indivíduos e

governantes”. Alerta também que no conceito de envelhecimento ativo, a palavra

ativo não se refere unicamente a manter o idoso fisicamente ativo e saudável. Brasília: CREF/DF- FEF/UnB/GEPAFI, 2007. p. 28

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Embora estes também sejam objetivos a se perseguir, é preciso ter o entendimento

de um idoso ativo no sentido mais amplo de ser participativo.

Um programa deve se preocupar em preparar as pessoas idosas para a

participação contínua nas questões sociais, econômicas, culturais, espirituais e civis,

e não somente para serem fisicamente ativas. É preciso educá-las para saber que

podem continuar a contribuir ativamente para seus familiares, companheiros,

comunidades e países - mesmo estando aposentadas, mesmo com alguma doença

ou alguma necessidade especial.

Na legislação brasileira há artigo específico com relação à atuação do poder

público quanto "ao incentivo e à criação de programas de lazer, esporte e

atividades físicas que proporcionem a melhoria da qualidade de vida do idoso

e estimulem sua participação na comunidade" (Lei nº 8.842/1994 – art. 10 –

inciso VII - alínea e).

Estes posicionamentos de Conselho Profissional, Organização de Saúde e

Estado brasileiro deixam claro que não há dúvida quanto à necessidade de se

implantar programas de atividades físicas para idosos.

Do ponto de vista acadêmico, entretanto, surgem questões a respeito das

questões pedagógicas, levando diversos estudiosos a se debruçar sobre o problema

de quais seriam as características destas atividades, que fundamentos teóricos e

que objetivos específicos embasariam e justificariam uma proposta de programa de

atividades físicas para idosos.

Para OKUMA (2004) uma proposta pedagógica de atividades físicas para

idosos deve situar seus objetivos para além das questões da aptidão física e da

saúde, que são colocadas como meios e não como fins. O foco real da proposta

deve ser “o desenvolvimento do ser idoso” e para este trabalho sugerem-se sete

Brasília: CREF/DF- FEF/UnB/GEPAFI, 2007. p. 29

Page 30: Saude13 atividade fisica-para_idosos

SAFONS, M.P.; PEREIRA, M.M. Princípios Metodológicos da Atividade Física para Idosos.

princípios que têm por base uma Educação que abra para o aluno idoso um leque

de perspectivas para:

1. o autoconhecimento

2. a autonomia

3. o aprender contínuo e atualização

4. a descoberta de competências

5. ser responsável

6. usufruir do meio ambiente

7. a fruição e prazer

Segundo esta pesquisadora a educação física é:

“... processo educativo que ensina às pessoas os conhecimentos sobre movimento humano e os procedimentos/habilidades para melhorá-lo e/ou mantê-lo, de forma a otimizar suas potencialidades e possibilidades motoras de qualquer ordem e natureza, adaptando-se e interagindo com o meio ambiente, para ter qualidade de vida.” Numa outra abordagem, mas dentro de foco semelhante, MIRANDA, GEREZ

e VELARDI (2004) sugerem ser importante superar o paradigma biomédico na hora

de se propor um programa de exercícios visando autonomia para idosos.

Dentro da visão biomédica, autonomia é sinônimo de independência física:

basta um idoso manter-se fisicamente independente (cuidando de sua saúde

biológica e treinando suas capacidades físicas) para ser considerado autônomo.

Embora não neguem a importância da independência física para a autonomia, as

autoras convidam o professor a refletir se uma prática centrada no paradigma

biomédico não estaria limitando as possibilidades educacionais de um programa de

atividades físicas para idosos. Levantam a questão de que, na hora de propor

atividades para idosos, uma abordagem que conceba saúde de maneira mais

abrangente possivelmente ajude o professor a ampliar os limites do que pode ser

Brasília: CREF/DF- FEF/UnB/GEPAFI, 2007. p. 30

Page 31: Saude13 atividade fisica-para_idosos

SAFONS, M.P.; PEREIRA, M.M. Princípios Metodológicos da Atividade Física para Idosos.

considerado ser autônomo, incluindo até mesmo o idoso fisicamente frágil e o idoso

deficiente físico como passíveis de alcançar autonomia.

Esta abordagem é baseada no conceito de Promoção da Saúde

(biopsicossocial) e utiliza a educação física como uma das estratégias de Educação

em Saúde. Esta visão estimula o professor a propor atividades que ajudem o aluno a

descobrir recursos para ser autônomo e “continuar a manter o controle sobre vida,

mesmo na presença de alguma limitação física... Neste caso a autonomia passa a

ser concebida não só a partir da independência física, mas como algo que envolve

reflexão, tomada de decisão e escolhas conscientes”.

Brasília: CREF/DF- FEF/UnB/GEPAFI, 2007. p. 31

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SAFONS, M.P.; PEREIRA, M.M. Princípios Metodológicos da Atividade Física para Idosos.

3.2. Objetivos em um Plano de Curso para idosos

As reflexões que se fazem sobre educação e sobre a importância da atividade

física como meio na educação de idosos autônomos precisam, no final, se

articularem com as atividades que pretendemos desenvolver dentro de um programa

e isto se faz através da confecção de um Plano de Curso.

É durante a redação do Plano de Curso que o professor vai se questionar a

respeito de como tornar importante e estimulante cada atividade e conteúdo para a

vida diária de seu aluno, como dividir com eles a filosofia, a visão de mundo e

concepção de envelhecimento que embasam a proposta pedagógica. É durante a

redação deste Plano também que o professor vai se perguntar a respeito de que

espaço físico, equipamentos materiais necessitará. Também é neste momento

que ele vai se questionar a respeito de como avaliará se o programa está dando

resultado ou não.

Ao redigir o plano de curso, o professor muitas vezes se perde ou não articula

os diversos componentes, esquecendo que o plano de curso resume e organiza os

objetivos e as grandes ações para um período relativamente longo de tempo, como

um semestre ou ano. Esta confusão pode ser evitada seguindo-se algumas regras

simples.

Primeiro é importante saber que, no Plano de Curso, a fundamentação teórica

é o centro da redação. Portanto a justificativa, os objetivos gerais e os objetivos

específicos devem estar explicitados claramente, enquanto que conteúdos,

estratégias, avaliação, equipamentos, etc. precisam apenas ser sugeridos em linhas

gerais (pois serão mais bem descritos nos planos de aula).

Brasília: CREF/DF- FEF/UnB/GEPAFI, 2007. p. 32

Page 33: Saude13 atividade fisica-para_idosos

SAFONS, M.P.; PEREIRA, M.M. Princípios Metodológicos da Atividade Física para Idosos.

A justificativa situa o programa, atividade ou modalidade proposta dentro de

uma proposta pedagógica, de uma filosofia de trabalho, de uma visão de mundo e

de envelhecimento que nortearão o trabalho.

Os Objetivos Gerais referem-se às grandes alterações que se pretende

implementar junto aos alunos ao longo de um período de treinamento (um trimestre,

um semestre ou um ano).

Já os Objetivos específicos apontam para alterações mais exatas, mais

definidas (fisiológicas, psicológicas, sociais) que se quer verificar em cada aluno

durante as aulas ou dentro de uma unidade do curso. O seu enunciado já deve levar

o professor a pensar em conteúdos e estratégias, pois neles já se consegue divisar

aspectos mais operacionais, instrucionais, do trabalho que se pretende realizar.

Ao redigir os objetivos é preciso estar atento ao fato de que devem especificar

os comportamentos esperados do aluno (e não do professor) e devem também

especificar claramente a intenção do professor (não dando margem a muitas

interpretações).

Para redigir um Plano de Curso o professor deve conhecer bem o aluno

(sua realidade, suas expectativas e necessidades), precisa estar bem

fundamentado teoricamente, para justificar e propor objetivos para o trabalho, e

necessita estar bem fundamentado tecnicamente (para propor atividades,

escolher estratégias, metodologias e avaliação, prever necessidades de espaço,

equipamentos, materiais e ainda estar preparado para prevenir riscos e acidentes).

O planejamento deve considerar ainda uma análise detalhada do espaço físico em

que acontecerão as aulas. Conhecer previamente o espaço onde serão

desenvolvidas as atividades é fundamental para um bom planejamento.

Brasília: CREF/DF- FEF/UnB/GEPAFI, 2007. p. 33

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SAFONS, M.P.; PEREIRA, M.M. Princípios Metodológicos da Atividade Física para Idosos.

MODELO DE PLANO DE CURSO

Embora existam modelos diferentes para redigir um Plano de Curso, observe

na sua redação se foram contempladas as informações mínimas necessárias

explicitadas no esquema abaixo:

PLANO DE CURSO Atividade proposta: Público alvo: Professor: Duração do treinamento: semanas, meses... Justificativa: defesa teórica na necessidade e viabilidade do programa dentro de uma proposta pedagógica Objetivos: gerais e específicos explicitando resultados que se pretenda observar Conteúdos a serem adquiridos e desenvolvidos pelos alunos para alcançarem os objetivos Metodologia e recursos que facilitem o processo de ensino e aprendizagem Avaliação: Instrumentos de que possibilitem verificar, de alguma forma, até que ponto os objetivos foram alcançados.

CRONOGRAMA

AULA Nº

Conteúdos DATA

1 2 3 4 5

Brasília: CREF/DF- FEF/UnB/GEPAFI, 2007. p. 34

Page 35: Saude13 atividade fisica-para_idosos

SAFONS, M.P.; PEREIRA, M.M. Princípios Metodológicos da Atividade Física para Idosos.

3.3. Reflexões Finais

Essa parte do curso trabalhou com algumas noções bem teóricas por um lado

e outras diretamente ligadas à prática por outro e ambas serão importantes no ato

de planejar. Talvez alguns conceitos que ainda não lhe sejam familiares, pois os

tópicos relacionados a conteúdos, metodologia, recursos e avaliação serão objeto de

estudo aprofundado nas próximas unidades, eles foram apresentados sumariamente

nesta unidade com a finalidade de permitir que você já começasse a pensar em um

esboço do seu Plano de Curso.

Brasília: CREF/DF- FEF/UnB/GEPAFI, 2007. p. 35

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SAFONS, M.P.; PEREIRA, M.M. Princípios Metodológicos da Atividade Física para Idosos.

UNIDADE 4 – FISIOPATOLOGIA DO ENVELHECIMENTO: QUEM É O ALUNO IDOSO?

Apresentação Nesta unidade conheceremos melhor o nosso aluno. Quem

é o idoso em nossa sociedade? Será verdade que o número de idosos está

aumentando? Como é que uma pessoa envelhece? O indivíduo que envelhece é

mais sujeito a doenças? Discutiremos essas questões a partir da epidemiologia, da

fisiologia e da patologia, numa abordagem voltada para as questões do

envelhecimento.

Conhecer o aluno é fundamental para o planejamento. Sem esse

conhecimento, corre-se o risco de pensar primeiro na atividade e depois procurar

que tipo de idoso se encaixa nela: o que acaba por se tornar uma atividade de

exclusão na prática. Portanto, é a partir do conhecimento do aluno, de sua realidade

e de suas necessidades que se começa a traçar os objetivos de cada aula, e é a

partir do aluno que se escolhe conteúdos e metodologia de trabalho.

Ao término do estudo desta Unidade, você deverá ser capaz de:

Analisar a realidade na qual está inserido o seu aluno idoso, a partir das

noções teóricas de epidemiologia aplicada ao envelhecimento;

Compreender os mecanismos pelos quais o processo de envelhecimento atua

sobre o seu aluno idoso, a partir das noções teóricas de fisiologia aplicada ao

envelhecimento;

Conhecer as principais doenças a que estão sujeitos seus alunos idosos, a

partir das noções teóricas de patologia aplicada ao envelhecimento.

Brasília: CREF/DF- FEF/UnB/GEPAFI, 2007. p. 36

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SAFONS, M.P.; PEREIRA, M.M. Princípios Metodológicos da Atividade Física para Idosos.

4.1. Epidemiologia do Envelhecimento

No Brasil, os idosos representam 8,5% do total da população. Caso sejam

mantidas as taxas atuais de crescimento, provavelmente até 2025 o país contabilize

cerca de um quinto de sua população no grupo dos idosos. Isso gera, desde já,

demandas para os Sistemas de Saúde, Previdenciário e também para toda a

sociedade, devido às características e necessidades especiais desse segmento,

mormente no que tange à atividade física (OLIVEIRA, 2002).

Além das perdas sociais e cognitivas, ao envelhecimento está associada uma

série de outras perdas nos níveis antropométrico, neuromotor e metabólico, capazes

de comprometer seriamente a qualidade de vida do idoso (MAZZEO et al., 1998).

Os efeitos dessas perdas começam a se fazer notar a partir dos 50 anos de

idade, ocorrendo a uma taxa aproximada de 1% ao ano para a maior parte das

variáveis da aptidão física. Na antropometria detecta-se aumento do peso corporal,

diminuição da estatura e aumento da gordura corporal, em detrimento da massa

muscular e da massa óssea. O envelhecimento é também acompanhado de menor

desempenho neuromotor, explicado pela diminuição no número e no tamanho das

fibras musculares, levando a uma perda gradativa da força muscular. Quanto às

variáveis metabólicas, o principal efeito deletério é sobre a potência aeróbia que

diminui mesmo nos idosos ativos (MATSUDO, MATSUDO e BARROS NETO, 2000).

A fraqueza muscular pode diminuir a capacidade para realizar as atividades

da vida diária, levando o idoso à dependência. Além disso, conforme se perde força

aumenta-se o risco de traumas em conseqüência das quedas. Resultados

semelhantes também são observados a partir de perdas significativas na

flexibilidade (BAUMGARTNER, 1998; GUIMARÃES, 1999). Brasília: CREF/DF- FEF/UnB/GEPAFI, 2007. p. 37

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SAFONS, M.P.; PEREIRA, M.M. Princípios Metodológicos da Atividade Física para Idosos.

As perdas na potência aeróbia também estão relacionadas à maior morbidade

e mortalidade por doenças crônicas e degenerativas, doenças metabólicas, infarto

agudo do miocárdio, acidentes vasculares cerebrais, demência, depressão, dentre

outras (NIEMAN, 1999).

Do ponto de vista epidemiológico, embora este quadro de perdas e sua

associação ao desenvolvimento de doenças crônicas e incapacidades seja

prevalente na população idosa de todo o mundo, isso não quer dizer que esta seja a

única via pela qual esta população chega à velhice.

Examinado sob a ótica puramente biológica, sabe-se que o envelhecimento é

um processo natural e acontece com todas as espécies de forma semelhante.

Entretanto, sabe-se também que, no caso do ser humano, este processo é

fortemente influenciado pelos aspectos psicológicos, sociais, históricos, filosóficos,

políticos, antropológicos, que fazem o ser humano ser quem ele é hoje, viver como

vive hoje, envelhecer como envelhece hoje.

Este modo de “ser humano” revela-se exteriormente como um conjunto de

crenças, valores, atitudes, posturas e hábitos de vida que caracterizam cada grupo

social e cada população humana. Já é evidente hoje que alguns grupos envelhecem

seguindo uma via diferente daquela que termina em doença, incapacidade ou perda

de autonomia. O diferencial entre as pessoas pertencentes a estes grupos é que,

embora elas apresentem alguma perda, elas envelheceram de maneira saudável e

apresentam níveis de autonomia significativamente superiores aos do que se

esperava verificar em idosos antigamente (CANÇADO e HORTA, 2002).

Uma explicação provável para esta realidade relaciona-se ao estilo de vida

dessas pessoas. Verifica-se que esses idosos de alguma forma (consciente ou

inconscientemente) fizeram algumas escolhas e promoveram algumas alterações no

Brasília: CREF/DF- FEF/UnB/GEPAFI, 2007. p. 38

Page 39: Saude13 atividade fisica-para_idosos

SAFONS, M.P.; PEREIRA, M.M. Princípios Metodológicos da Atividade Física para Idosos.

seu estilo de vida que correspondem exatamente àquilo que é preconizado

atualmente, em todas as áreas da saúde, como fundamental para se viver muito e

com qualidade.

50%

20%

20%

10%

Hábitos Genética AmbienteSist. Saúde

As alterações no estilo de vida, como a adoção de hábitos sadios tais como a

inclusão de exercícios físicos e alimentação balanceada; ao lado da extinção de

outros hábitos nocivos à saúde, tais como o estresse, o excesso de calorias, o

tabagismo e o alcoolismo estão hoje entre as principais orientações para uma

melhor qualidade de vida e maior longevidade. Essa prescrição fundamenta-se em

um estudo realizado por PAFFENBARGER et al. (1993), comparando qual o peso

dos hábitos de vida no adoecimento e

morte de 17.000 universitários

acompanhados pelo tempo de 11 a 15

anos. Verificou-se que 50% dos

adoecimentos e óbitos nesta população

estiveram relacionados a alterações

negativas nos hábitos de vida adotadas

após a saída da universidade (tabagismo, alcoolismo, sedentarismo, obesidade).

Este estudo foi repetido no mundo todo, avaliando boa parte das doenças

conhecidas e a conclusão foi a mesma: os hábitos de vida têm um grande peso no

processo que leva as pessoas a adoecerem e morrer.

Dentre os novos hábitos a serem adquiridos, a participação em atividade

física regular desempenha importante papel. Está estabelecido que a maior parte

dos efeitos negativos atribuídos ao envelhecimento deve-se, na verdade, ao

sedentarismo, que leva ao desuso das funções fisiológicas por imobilidade e má

Brasília: CREF/DF- FEF/UnB/GEPAFI, 2007. p. 39

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SAFONS, M.P.; PEREIRA, M.M. Princípios Metodológicos da Atividade Física para Idosos.

adaptação e não estão diretamente relacionados nem ao avançar dos anos ou com

o desenvolvimento das doenças crônicas (OLIVEIRA et al., 2001).

O envelhecimento favorece a implantação de um quadro de perdas e

incapacidades no idoso sedentário, mas a atividade física contribui diretamente para

a manutenção e incremento das funções do aparelho locomotor e cardiovascular,

amenizando os efeitos do desuso, da má adaptação e das doenças crônicas,

prevenindo parte dessas perdas e incapacidades (SINGH, 2002).

Verifica-se, portanto, que do ponto de vista epidemiológico e da saúde

pública, já existe consenso no reconhecimento dos benefícios advindos da prática

regular de exercícios físicos pelos idosos, tanto nos aspectos fisiológicos como

psicossociais, proporcionando melhorias significativas na auto-estima e na qualidade

de vida dessas pessoas.

Brasília: CREF/DF- FEF/UnB/GEPAFI, 2007. p. 40

Page 41: Saude13 atividade fisica-para_idosos

SAFONS, M.P.; PEREIRA, M.M. Princípios Metodológicos da Atividade Física para Idosos.

4.2. Fisiologia do Envelhecimento

4.2.1. Um novo paradigma para o envelhecimento

Para que se entenda a ação da atividade física no organismo de pessoas na

terceira idade, torna-se necessário compreender o quê, fisiologicamente, acontece

com o corpo humano que envelhece.

Autores como CANÇADO e HORTA (2002), consideram o sistema nervoso

central (SNC) o sistema biológico mais comprometido no processo de

envelhecimento, sendo o responsável pelas sensações, movimentos, funções

psíquicas entre outros, além das funções biológicas internas. O comprometimento

deste sistema preocupa pelo fato de não dispor de capacidade reparadora eficiente,

nem rápida, ficando este sistema sujeito ao processo de envelhecimento através de

fatores intrínsecos (genéticos, sexo, circulatório, metabólico, radicais livres, etc.) e

extrínsecos (ambiente, sedentarismo, hábitos de vida como, tabagismo, drogas,

radiações, etc.). Estes fatores acabam exercendo uma ação deletéria no organismo

ao longo do tempo.

MATSUDO (2001) atribui à evolução etária e ao sedentarismo a diminuição

da capacidade física das pessoas. Alterações psicológicas acompanham este

processo, como sentimento de velhice, estresse, depressão. A redução das

atividades físicas de vida diária também contribui para deteriorar o processo de

envelhecimento. Para esta autora, o desuso das funções fisiológicas é o principal

problema do envelhecimento.

HAYFLICK (1996), alerta, que diminuições e perdas são coisas distintas

porque dependem muito de como as percebemos:

Brasília: CREF/DF- FEF/UnB/GEPAFI, 2007. p. 41

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SAFONS, M.P.; PEREIRA, M.M. Princípios Metodológicos da Atividade Física para Idosos.

"Com a idade, nossa pele pode perder sua suavidade e adquirir rugas. Do ponto de vista da função da pele, que é encobrir nossos órgãos e nos proteger do meio ambiente, não importa muito se nossa pele é suave ou enrugada. O pessimista vê a mudança como negativa e a classifica como perda; o otimista vê a mudança como positiva e a chama de ganho. Da mesma forma o cabelo branco é uma mudança normal da idade que não afeta a saúde. Se é uma perda ou um ganho, depende do ponto de vista sob o qual este fato é vivenciado”.

Estas colocações nos fazem lembrar do estereotipo de que homens de

cabelos brancos são charmosos, enquanto que as mulheres, em sua grande maioria,

costumam recorrer a técnicas diversas no sentido de esconder o branco passar do

tempo sobre suas cabeças.

É preciso que se entenda que o envelhecimento por si só não é uma doença

e que a maior parte das pessoas idosas não tem uma saúde debilitada. O

envelhecimento está acompanhado de mudanças físicas e assim aumenta a

possibilidade de desenvolver enfermidades crônicas. Porém, a idéia de que tudo

piora na velhice é uma imagem negativa e estereotipada (HAYFLICK, 1996).

Na opinião de RAMOS (2002), o que está em jogo na velhice é a autonomia,

a capacidade de determinar e executar seus próprios desejos. Para este autor, a

capacidade funcional surge como um novo paradigma de saúde e passa a ser

resultante da interação multidimensional entre saúde física, saúde mental,

independência na vida diária, integração social, suporte familiar e independência

econômica. Qualquer uma dessas dimensões, se comprometida, pode afetar a

capacidade funcional do idoso. O bem-estar na velhice, ou saúde num sentido

amplo, seria o resultado do equilíbrio entre as várias dimensões da capacidade

funcional do idoso, sem necessariamente significar ausência de problemas em todas

as dimensões.

Brasília: CREF/DF- FEF/UnB/GEPAFI, 2007. p. 42

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A OMS define incapacidade como uma “restrição ou falta de capacidade para

realizar uma atividade da maneira ou dentro da amplitude considerada normal para

um ser humano”.

Diversos estudos revelam que o idoso tem menos medo de morrer do que se

tornar fisicamente dependente, conforme evidenciado por seu forte desejo de

permanecer independente (BUCHNER et al., 1992).

4.3. Fisiopatologia do envelhecimento: doenças prevalentes

De acordo com (NIEMAN, 1999), aproximadamente 85% das pessoas idosas

apresentam uma ou mais das seguintes doenças ou problemas de saúde, que

necessitam ser considerados no planejamento da atividade física para esta

população: Artrite e Artrose (48%); Hipertensão arterial (36%); Cardiopatias (32%);

Comprometimento da audição (32%); Comprometimentos ortopédicos (19%);

Catarata (17%); Diabetes (11%); Comprometimento visual (9%); Alzheimer (de 4 a

11%).

artrite

36 32 32

19 1711 9

4

48

0

10

20

30

40

50

60

prevalência (%)

hipertensão

cardiopatias

audição

ortopédicas

catarata

diabetes

visuais

alzheimer

Brasília: CREF/DF- FEF/UnB/GEPAFI, 2007. p. 43

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SAFONS, M.P.; PEREIRA, M.M. Princípios Metodológicos da Atividade Física para Idosos.

4.3.1. Doenças Cardiovasculares

Doença Cardiovascular é a designação genérica para diversas doenças que

acometem o coração e os vasos sangüíneos. Dentro desta denominação se

encontram: a hipertensão arterial; a doença coronariana (ou doença cardíaca

coronariana), doenças cerebrovasculares, doenças vasculares periféricas, etc. Sabe-

se hoje que o colesterol alto e o sedentarismo representam riscos maiores para o

desenvolvimento dessas doenças que a obesidade e o tabagismo.

01020304050

coes

terol

alto

sede

ntaris

mo

obes

idade

hipert

ensã

o

tabag

ismo

Risco relativo: sedentarismo x cardiopatias

Perigos da hipertensão arterial

Dentre as doenças cardiovasculares, deve ser dado cuidado especial à

Hipertensão Arterial devido à sua morbidade (capacidade para desencadear outras

doenças).

A Pressão Arterial normal é de 120X80 mmHg (popularmente dito 12 por 8),

mas ela pode variar numa faixa que vai de 90X60 mmHg (ou 9 por 6) até 140X90 (ou

Brasília: CREF/DF- FEF/UnB/GEPAFI, 2007. p. 44

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14 por 9) mmHg e ainda ser considerada aceitável para aqueles sem outros fatores

de risco para doenças cardiovasculares.

O primeiro valor é denominado Pressão Arterial Sistólica (PAS ou pressão

máxima), ele torna-se perigoso para desencadear problemas cardiovasculares

quando está acima de 140 mmHg (acima de 14).

O segundo valor é denominado Pressão Arterial Diastólica (PAD ou pressão

mínima), ele torna-se perigoso quando está acima de 90 mmHg (acima de 9).

Quando pelo menos um dos valores está elevado, o indivíduo apresenta

hipertensão arterial (pressão alta).

4.3.2. Doenças Ortopédicas e Reumatológicas

As principais doenças ortopédicas e reumatológicas que atingem os idosos

são: osteoartrite, osteoporose, lombalgia e dor crônica.

a) OSTEOARTRITE OU OSTEOARTROSE

A osteoartrose (AO) é a forma mais comum de artrite. É uma doença crônica

que afeta as articulações, músculos e o tecido conjuntivo. Afeta mais pessoas do

sexo feminino (2/3 dos casos relatados) e é prevalente em idosos (70% apresentam

testes radiológicos positivos para a doença e, destes, pelo menos 50%

desenvolverão os sintomas clínicos).

Os sintomas mais comuns são: inflamação (dor, calor, rubor, edema), rigidez,

limitação de movimentos (seqüelas de calcificações, atrofias, etc), incapacidades

(diversos níveis). Tudo isso leva o idoso à:

Brasília: CREF/DF- FEF/UnB/GEPAFI, 2007. p. 45

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• dor e rigidez por longos períodos;

• dificuldade para andar, subir escadas, levantar-se da cama ou cadeira,

entrar e sair de carro, carregar objetos;

• perda de independência e de qualidade de vida.

b) OSTEOPOROSE

A Osteoporose é definida como uma desordem esquelética que compromete

a força óssea e aumenta do risco de fratura das áreas afetadas. A força óssea

reflete a integração entre a densidade mineral óssea e a qualidade óssea. A

diminuição da força óssea indica que os ossos estão mais porosos, mais frágeis e,

portanto, mais fáceis de quebrar. Entretanto, até acontecer a primeira fratura a

pessoa não sabe que é portadora da doença, por isto a osteoporose é considerada

uma doença silenciosa.

A massa óssea do adulto reflete o acúmulo de tecido ósseo ocorrido durante

o crescimento. A massa óssea é avaliada através da densitometria óssea, um

exame que compara a massa óssea do indivíduo examinado com a média da

densidade mineral óssea de adultos jovens. O resultado é dado em T-Score que

mostra o quanto o indivíduo se aproxima ou afasta daquela média. Segundo a OMS

a osteoporose é definida quando o T-Score é igual ou inferior a -2,5, dentro dos

escores possíveis:

1. normal: T-Score ≥ −1,0

2. osteopenia: T-Score < −1,0 e > −2,5

3. osteoporose: T-Score ≤ −2,5

Brasília: CREF/DF- FEF/UnB/GEPAFI, 2007. p. 46

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A doença progride lentamente e raramente apresenta sintomas. Se não for

avaliada a massa óssea a osteoporose será percebida apenas quando surgirem as

primeiras fraturas. Os locais mais comuns de fraturas são as vértebras. As fraturas

que se correlacionam com maior mortalidade e perda da independência são as

fraturas de quadril.

Apesar de acometer mais as mulheres idosas, por volta de 13 % dos homens

acima dos 50 anos podem apresentar algum tipo de fratura por osteoporose e as

fraturas de quadril nos homens associam-se a maior mortalidade do que nas

mulheres. Ou seja, as mulheres sofrem mais fraturas que os homens, mas os

homens morrem mais em decorrência destas fraturas.

c) DOR CRÔNICA

Sabe-se que a dor crônica é prevalente em idosos, podendo atingir até

71,5% destas pessoas em algumas populações. Vários estudos têm demonstrado

que o fenômeno da dor não depende apenas do grau de lesão, podendo ocorrer

inclusive na ausência de lesão orgânica (BROCHET et al., 1998; PEREIRA e

GOMES, 2004; HARTIKAINEN et al., 2005).

Os pontos de dor mais comuns são: Ombro, Cotovelo, Punho, Mão e Coluna

Lombar.

4.3.3. Doenças Metabólicas

Doença Metabólica é o termo genérico utilizado para as doenças causadas

por algum processo metabólico anormal. Uma doença metabólica pode ser

Brasília: CREF/DF- FEF/UnB/GEPAFI, 2007. p. 47

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congênita (devido a alguma anormalidade genética herdada) ou pode ser adquirida

(devido a alguma doença ou disfunção endócrina).

As doenças metabólicas mais comuns em idosos são:

• dislipidemias (colesterol e triglicerídeos);

• hiperuricemia (gota e hipertensão);

• distúrbios do metabolismo do ferro (anemia e sobrecarga de ferro);

• desequilíbrio hidroeletrolítico (desidratação, desequilíbrio do sódio e do

potássio);

• desequilíbrio ácido-básico (alcalose e acidose);

• transtornos do metabolismo da glicose (hipoglicemia, hiperglicemia e

diabetes) e

• síndrome metabólica.

As doenças metabólicas produzem sintomas diversos, que comprometem a

qualidade de vida e o desempenho nas atividades da vida diária. Sem os devidos

cuidados e tratamento, elas evoluem para estados mais graves e podem levar ao

óbito.

Durante o exercício, elas são as maiores responsáveis por tontura,

formigamento, fraqueza, visão turva, náusea, síncope, queda, parada cardíaca e

morte súbita.

O controle dessas doenças necessita da combinação de tratamento médico,

acompanhamento nutricional e da prática de exercícios físicos orientados.

Brasília: CREF/DF- FEF/UnB/GEPAFI, 2007. p. 48

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4.3.4. Quedas: doença ou sintoma?

As quedas e síncopes (desmaios) são muito comuns em idosos. As

estatísticas mostram que 35% dos idosos acima de 65 anos sofrem pelo menos 1

queda por ano. Já entre idosos acima de 80 anos, 45% sofre pelo menos 1 queda

por ano. Em pelo menos 10% dos casos, a queda resulta em FRATURA.

É importante observar sintomas como mal-estar, vertigem, desequilíbrio e

síncope em pessoas idosas porque eles podem resultar em queda e também porque

podem significar presença de situações que necessitam de cuidados especiais,

primeiros socorros ou encaminhamento para o médico:

• Crise hipertensiva;

• Ataque cardíaco;

• Hipotensão postural;

• Labirintopatia e outros distúrbios do equilíbrio;

• Hipoglicemia e hiperglicemia;

• Comprometimentos ortopédicos/osteoporose;

• Demência senil (Doença de Alzheimer).

Em idosos saudáveis as 4 principais causas de queda são as

hipotensões posturais, perdas neuromotoras, perdas neurossensoriais e efeitos de

medicações.

a) Hipotensão Postural

A hipotensão postural é a diminuição rápida da pressão arterial sistólica

(pressão máxima) em valores superiores a 20 mmHg ou da pressão diastólica

Brasília: CREF/DF- FEF/UnB/GEPAFI, 2007. p. 49

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(pressão mínima) em valores superiores a 10 mmHg, acompanhada de sintomas de

hipoperfusão cerebral (diminuição da irrigação sangüínea cerebral) levando a

fraqueza, tontura, perturbações visuais - visão turva, enevoada, escurecida - e

síncope (desmaio).

Não importa os valores iniciais da pressão arterial, basta uma redução rápida

na pressão arterial nos níveis vistos acima para provocar os sintomas em pessoas

de qualquer idade.

É comum acontecer quando o idoso passa da posição sentada ou deitada

rapidamente para a de pé. Acontece também quando se permanece muito tempo de

pé em posições de pouco movimento. Em idosos é também comum apresentar estes

sintomas após as refeições, mesmo os lanches rápidos.

Deve-se esperar encontrar eventos de hipotensão postural e síncopes em

idosos que apresentem dificuldade para caminhar, quedas freqüentes, histórico de

infarto do miocárdio, de eventos isquêmicos transitórios e, particularmente, naqueles

com a estenose das carótidas por aterosclerose (SGAMBATTI et al., 2000; FREITAS

et al., 2002; RUTAN et al., 1992).

b) Perdas Neuromotoras

As perdas de massa e força muscular estão ligadas à maior incidência de

doenças crônicas como a osteoporose, aos distúrbios de equilíbrio e da marcha e,

também, à maior incidência de quedas.

Verifica-se também que a degeneração progressiva dos proprioceptores,

devido ao envelhecimento, faz com que o controle da própria posição no espaço

seja bastante comprometido, prejudicando o equilíbrio e aumentando o risco de

Brasília: CREF/DF- FEF/UnB/GEPAFI, 2007. p. 50

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quedas (CASTILHO, 2002; MATSUDO, MATSUDO e BARROS NETO, 2000;

MAZZEO et al., 1998).

c) Perdas Neurossensoriais

São as perdas relacionadas aos órgãos dos sentidos. Ao longo dos anos,

uma compensação natural para as perdas de equilíbrio relacionadas às perdas

neuromotoras é feita, transferindo-se os referenciais de equilíbrio e controle da

própria posição no espaço cada vez mais para marcadores sensoriais,

principalmente a visão que, com a idade avançada, torna-se o recurso predominante

para avaliar a posição do corpo no espaço. Entretanto, chega o momento em que

também essa via torna-se obsoleta devido às perdas que também acometem os

órgãos dos sentidos inclusive a visão. A partir daí o risco de queda aumenta,

enquanto a perda de equilíbrio torna-se cada vez mais severa. (ALTER, 1999)

Brasília: CREF/DF- FEF/UnB/GEPAFI, 2007. p. 51

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d) Medicações que provocam hipotensão e quedas

Ocorre aumento na freqüência de quedas entre indivíduos que ingerem mais

de um tipo de medicação. Os medicamentos que mais predispõem à queda são os

que induzem hipotensão postural (remédios para cardiopatas, diuréticos, nitratos,

anti-hipertensivos e antidepressivos tricíclicos), sonolência (hipnóticos) e confusão

mental (cimetidina e digitais). Medicações para problemas psicológicos (depressão,

etc.), Mal de Alzheimer e Doença de Parkinson também predispõem a quedas

(MACDONALD, 1985; MACDONALD e MACDONALD, 1977).

4.4. Reflexões Finais

Nesta parte do curso você estudou conteúdos que ajudaram a conhecer

melhor a realidade do seu aluno. Procure certificar-se de que, a partir das noções

teóricas a respeito de epidemiologia, fisiologia e patologia, você consegue identificar

o quanto o seu aluno ou o seu grupo de alunos se enquadra nas características dos

idosos retratados nos artigos científicos de todo o mundo.

Brasília: CREF/DF- FEF/UnB/GEPAFI, 2007. p. 52

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UNIDADE 5 – FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO: O QUÊ PRESCREVER PARA IDOSOS?

Apresentação Nesta unidade estudaremos os fundamentos da fisiologia do

exercício com foco nos efeitos da atividade física sobre os diversos sistemas do

idoso e sobre a sua saúde. Faremos uma revisão sobre as bases para a prescrição

do exercício a partir dos princípios do treinamento esportivo também centrado no

trabalho com idosos. E, finalmente, procuraremos conhecer alguns cuidados

(indicações, contra-indicações e riscos) na prescrição do exercício para o idoso

portador de algumas das patologias que estudamos na unidade anterior.

Ao término do estudo desta Unidade, você deverá ser capaz de:

Reconhecer e aplicar os princípios do treinamento esportivo no

desenvolvimento de atividades físicas para idosos;

Descrever os benefícios do exercício físico para os diversos sistemas e para a

aptidão física dos idosos;

Indicar e contra-indicar atividades e prever riscos durante a prática de

exercícios por parte dos alunos idosos portadores de alguma das principais doenças

prevalentes nesta faixa etária.

Brasília: CREF/DF- FEF/UnB/GEPAFI, 2007. p. 53

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5.1. Prescrição do exercício para o idoso

A prática segura de exercícios físicos sempre pressupõe:

• prescrição (qual modalidade será praticada por qual aluno ou turma para

atingir que objetivo?),

• orientação (presencial feita por um professor ou à distância feita por um

professor através de um manual, cartilha, folheto, vídeo, programa de televisão,

etc.) e, preferencialmente,

• supervisão (controle exercido por um professor presente, junto com o aluno

ou turma em uma situação pedagógica, facilitando o processo de ensino e

aprendizagem: aula).

A prescrição, orientação e supervisão são importantes porque neste tipo de

atividade física (exercício) sempre existe alguma expectativa de benefício (físico,

psicológico, social, etc.) que, para ser alcançado, sempre necessita de um mínimo

de conhecimento técnico, pois sempre envolve alguma dose de risco (risco social

de exclusão; risco psicológico de frustração e, principalmente, risco físico de lesão,

fadiga e até morte).

Para se discutir os princípios para a prescrição do exercício físico para que o

idoso melhore sua aptidão física e saúde, primeiro é preciso ter bem claro o que se

entende por Aptidão Física, Atividade Física e Exercício Físico dentro de fisiologia do

exercício aplicada ao trabalho com idosos (ASSUMPÇÃO, 2002):

APTIDÃO FÍSICA: é uma série de atributos físicos que possibilita a qualquer

pessoa o desempenho satisfatório de suas atividades da vida diária, que vão desde

o trabalho e cuidados pessoais até as recreativas, esportivas e de lazer.

• ATIVIDADE FÍSICA: é qualquer atividade ou movimento que provoque um

gasto de energia acima do repouso. São exemplos de atividades físicas: tomar Brasília: CREF/DF- FEF/UnB/GEPAFI, 2007. p. 54

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banho, dirigir, pintar, tocar um instrumento, andar, brincar, passear, fazer compras,

trabalhar, dançar, jogar, varrer, jardinar e praticar exercícios físicos.

• EXERCÍCIO FÍSICO: é uma atividade física praticada regularmente com

base numa prescrição que visa o condicionamento físico ou o

desenvolvimento de habilidades esportivas ou a educação através do

movimento. Todo exercício físico possui padrões característicos de cada

modalidade e devem estar ligados aos objetivos propostos, mas alguns estão

sempre presentes: freqüência semanal, duração, intensidade, progressão, dentre

outros. Estes padrões são conhecidos em Fisiologia do Exercício como Princípios de

Prescrição ou Princípios do Treinamento Esportivo.

5.1.1. Princípios da prescrição

De acordo com NUNES (2000) há sete princípios que norteiam o

planejamento e a prescrição de exercícios físicos visando ao condicionamento físico

e à saúde. Estes princípios são válidos desde o planejamento de simples atividades

físicas no leito ou na cadeira de rodas para um idoso infartado até o planejamento

de um treinamento para este mesmo idoso participar de uma maratona cinco anos

depois.

Estes princípios são denominados PRINCÍPIOS DO TREINAMENTO

DESPORTIVO:

1. PRINCÍPIO DA INDIVIDUALIDADE BIOLÓGICA: Um indivíduo é diferente do

outro. Algumas pessoas são naturalmente mais flexíveis (talento natural para ioga,

ginástica), outras são mais fortes (facilidade para musculação, escaladas) e outras

Brasília: CREF/DF- FEF/UnB/GEPAFI, 2007. p. 55

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têm maior potência aeróbia (predisposição para corridas, natação). Em um grupo,

pessoas diferentes apresentam diferentes níveis iniciais de aptidão física

(morfológica, cardiorrespiratória, muscular e articular), isto é característico de sua

individualidade biológica e precisa ser levado em conta na hora de planejar as

atividades de forma a valorizar os talentos naturais e, ao mesmo tempo, melhorar o

condicionamento das áreas em que o indivíduo tenha maior dificuldade.

2. PRINCÍPIO DA ESPECIFICIDADE: exercícios específicos produzem

incrementos específicos. Treinar flexibilidade melhora a flexibilidade, não a força.

Treinar força de pernas não melhora a força dos braços.

3. PRINCÍPIO DA SOBRECARGA: para produzir melhoras é preciso aumentar a

carga. A Carga de trabalho é o somatório da quantidade de trabalho (volume =

duração + freqüência + repouso) com a qualidade do trabalho (Intensidade = tipo de

esforço). Aumenta-se a carga diminuindo-se o repouso ou aumentando-se um ou

mais dos seguintes componentes: INTENSIDADE, DURAÇÃO e FREQÜÊNCIA do

exercício. A INTENSIDADE refere-se a quanto do máximo esforço se situa a

prescrição. Exemplo: passar de 50% para 55% da Freqüência Cardíaca Máxima é

fazer sobrecarga em um treino aeróbio. Passar de 30% para 40% de 1RM (Uma

Repetição Máxima) é fazer sobrecarga em um treino de força. A DURAÇÃO refere-

se a quanto tempo se submeterá o corpo ao esforço. Exemplo: aumentar o tempo da

sessão de treinamento de 30 para 40 minutos é fazer sobrecarga a partir da

duração. A FREQÜÊNCIA refere-se ao número de sessões semanais. Exemplo:

aumentar o número de práticas de 3 para 4 vezes na semana é fazer sobrecarga a

partir da freqüência.

4. PRINCÍPIO DA ADAPTABILIDADE: o corpo se adapta às cargas a que é

constantemente submetido. Portanto, depois de algumas semanas levantando 10

Brasília: CREF/DF- FEF/UnB/GEPAFI, 2007. p. 56

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vezes um peso de 3 kg, o corpo se adapta e passa a levantar o mesmo peso 12, 15

ou mais vezes ou então passa a ser capaz de fazer as 10 repetições agora com 4

kg. Depois de algumas semanas caminhando 4 km em 1 hora, o corpo se adapta e

já consegue percorrer os 4 km em 45 minutos ou então em 1 hora descobre que já

consegue caminhar 5 km. Isso quer dizer que o corpo melhorou o condicionamento

físico, mas significa também que a partir daí, se nada for mudado, ele pára de

progredir, ficando em estado de manutenção do que já foi ganho. Para continuar

progredindo será necessária uma sobrecarga.

5. PRINCÍPIO DA PROGRESSIVIDADE: a sobrecarga deve ser aplicada sem

saltos, gradativamente, para garantir os benefícios e prevenir lesões ou acidentes.

6. PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE: os benefícios decorrem da prática. Os

resultados para o condicionamento são cumulativos, não ocorrem na prática

intermitente.

7. PRINCÍPIO DA REVERSIBILIDADE: se não houver continuidade perdem-

se os ganhos obtidos. O tempo para voltar ao estágio inicial é, em média, de 1/3

do tempo de treinamento. Exemplo: O aluno começou o programa aeróbio

caminhando 4 km em 1 hora. Em 9 meses já estava caminhando 7 km em 1 hora.

Parando o treinamento, aproximadamente em 3 meses ele volta à condição inicial.

5.1.2. Orientações gerais para uma prescrição

O idoso deve ter um nível de capacidade física suficiente para realizar as

suas atividades diárias, tomar parte ativa em atividades recreativas e diminuir o risco

de aumentar ou piorar as conseqüências do envelhecimento.

Brasília: CREF/DF- FEF/UnB/GEPAFI, 2007. p. 57

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Quem está sentado durante a maior parte do dia apresenta sinais evidentes

de diminuição desta capacidade. Sente-se cansado durante a maior parte do tempo

e incapaz de manter relações com outras pessoas da sua idade. Entra assim num

ciclo vicioso que o leva a evitar a atividade porque se cansa demasiado

rapidamente.

As novas orientações de saúde apelam para 30 minutos ou mais de atividade

física moderada, durante a maior parte dos dias da semana. Pode-se utilizar

qualquer atividade que se provoque um esforço entre as intensidades baixa e

moderadamente intensa.

Nas atividades de baixa intensidade podem ser incluídas atividades

físicas como a caminhada por puro prazer, a jardinagem, os trabalho domésticos, a

automassagem e a dança recreativa. Não é necessário praticar todos os exercícios

de uma só vez. Podendo-se fazer sessões de 5 a 10 minutos, várias vezes ao dia. O

importante é cumprir os necessários 30 minutos quotidianos. A chave está no total

de energia gasta, não na intensidade. É especialmente importante incluir exercícios

de força como, por exemplo, o transporte de compras, pelo menos duas vezes por

semana. Isso obriga os músculos a se exercitarem com mais freqüência,

fortalecendo-os e combatendo, assim, as perdas provocadas pelo envelhecimento.

E, dado que as calorias são queimadas durante todo tipo de atividade física, ela é

um fator chave para manter um peso saudável.

Este tipo de atividade deve ser complementado por atividades físicas

moderadamente vigorosas durante 30 a 60 minutos, três ou mais vezes por semana.

Entende-se por moderadamente intensos os exercícios físicos que

ofereçam ao corpo uma carga maior que a da vida diária com objetivo de ir além da

simples redução das perdas. Neste tipo de atividade o foco é o treinamento para

Brasília: CREF/DF- FEF/UnB/GEPAFI, 2007. p. 58

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SAFONS, M.P.; PEREIRA, M.M. Princípios Metodológicos da Atividade Física para Idosos.

aquisição, recuperação e incrementos na Aptidão Física, num processo educacional

planejado que ajude o idoso a atingir e manter acessível o máximo de suas

capacidades funcionais. É preciso lembrar que, se a atividade for suficiente para

provocar alterações positivas na fisiologia do idoso, também pode oferecer alguns

riscos em potencial, necessitando, portanto, ser planejada e prescrita dentro dos

princípios do treinamento esportivo.

Consideram-se exercícios de moderada intensidade aqueles como a

caminhada rápida, o subir escadas, a dança aeróbica, a corrida, o ciclismo e a

natação, que trabalham a capacidade aeróbia. Outras modalidades de exercícios

tais como musculação, ginástica localizada, circuitos de treinamento, ioga, tai chi

chuan, lian kung e os vários esportes também podem ser adaptados para o trabalho

de moderada intensidade.

Brasília: CREF/DF- FEF/UnB/GEPAFI, 2007. p. 59

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5.1.3. Escala de Borg no controle da Intensidade do Exercício

Um método bastante seguro de se fazer o controle do esforço durante o

exercício é a Escala de Percepção Subjetiva do Esforço (PSE). A mais utilizada em

educação física é a Escala de PSE CR10 de Borg (BORG, 2000). Ela se aplica a

toda situação em que se deseja levar em conta como a pessoa está se sentindo

durante o exercício e é especialmente útil para aquelas pessoas em que a

freqüência cardíaca não é um parâmetro confiável (cardiopatas, medicados, etc.).

Também é útil quando se propõem atividades de grupo em que o controle individual

fica quase impossível sem prejuízo dos aspectos pedagógicos e da dinâmica da

modalidade.

A Escala CR10 de Borg é uma escala numérica e visual, que classifica o

esforço percebido em valores que vão de 0 (zero) a 10 (dez). Estes valores têm uma

alta correlação com os valores da FCM, com as Freqüências de treinamento e com

todo tipo de esforço. Paro os objetivos do trabalho com idosos estes valores podem

ser adaptados da seguinte forma:

CR10 BORG PSE FCM % 1RM FLEX 0 ABSOLUTAMENTE NADA 1 MUITO FRACO Alongamento 2 FRACO 40% 40% Alongamento 3 MODERADO 50% 50% Flexionamento 4 UM POUCO FORTE 60% 60% Flexionamento 5 FORTE 70% 70% Flexionamento 6 80% 80% Flexionamento 7 MUITO FORTE 90% Risco lesão 8 Risco lesão 9 Risco lesão

10 EXTREMAMENTE FORTE Risco lesão Fonte: BORG (2000). Adaptada por GEPAFI.

Brasília: CREF/DF- FEF/UnB/GEPAFI, 2007. p. 60

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Quando utilizar a escala em um grupo de idosos é importante lembrar de

reproduzi-la em um tamanho que permita sua fácil utilização. Se for individual, usar

fontes grandes para números e letras. Se for para uma turma o cartaz, quadro ou

pôster deverá ser de um tamanho que permita ao aluno fazer a leitura de onde

estiver na sala ou quadra.

Um sinal externo de que o idoso já está em 4 na Escala CR10 de Borg (60%

da FCM) é a aceleração da respiração. Até 3 na escala (50%) é possível fazer o

exercício e conversar naturalmente. A partir de 4 na escala a fala já vai ficando

entrecortada pela respiração, significando que o organismo já começa a acelerar a

respiração para eliminar mais gás carbônico e evitar a acidose metabólica. Esta

mudança na respiração deve ser considerada um indicador de que o trabalho já está

próximo de 60%, mesmo que o idoso não esteja ainda reconhecendo isto através da

percepção que o esforço já é UM POUCO FORTE.

Por outro lado, a sudorese (presença de suor) não é um sinal confiável para

avaliar o nível do esforço. A quantidade de suor é muito influenciada por

características genéticas, climáticas e, também, por medicações. Isso faz com que

algumas pessoas fiquem ensopadas de suor em pouco tempo e sob o mínimo

esforço, enquanto outras permanecem totalmente livres de suor diante dos maiores

esforços.

Sabe-se que 1 em cada 10 idosos terá dificuldade em utilizar esta escala,

portanto utilize-a de forma crítica: na Escala de Borg 10% dos idosos poderão

apontar valores diferentes daquilo que realmente estão sentindo. Como é uma

escala subjetiva, o desejo de parecer melhor, de agradar o professor, competir com

os colegas pode levar o idoso a informar que está percebendo um esforço menor

que o real - e você precisará ajudar esta pessoa a refrear sua pressa, sua ânsia por

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competir. Por outro lado, o medo de tentar algo novo, o medo de sofrer, o desejo de

atenção extra, poderá levá-la a informar que está se esforçando mais que o real - e

você precisará ajudar essa pessoa a aprender a lidar com seus medos e

ansiedades, mostrando a ela que o que você planejou é seguro e que ela é capaz de

cumprir o programa.

Existem diversos modelos da Escala de Borg. Algumas foram adaptadas

colocando desenhos no lugar da PSE, de forma a facilitar o entendimento do aluno a

esta escala. Escolha sempre o modelo que melhor atenda às necessidades da sua

turma de alunos.

5.1.4. Orientações específicas para uma prescrição

A melhor maneira de escolher uma atividade para se alcançar objetivos

específicos do treinamento é classificá-la de acordo com sua atuação dentro dos

Componentes da Aptidão Física. De acordo com Falls (1980) são 4 os componentes

da Aptidão Física: o Morfológico, o Cardiorrespiratório, o Muscular e o Articular. O

trabalho sobre cada componente da aptidão física exige o desenvolvimento de

Qualidades Físicas específicas.

Assim, para melhorar a Aptidão Física Morfológica é preciso trabalhar sobre

as Qualidades Físicas Percentual de Gordura e Distribuição da Gordura

Corporal.

Para melhorar a Aptidão Física Cardiorrespiratória é preciso trabalhar sobre a

Qualidade Física denominada Potência Aeróbia.

Para melhorar a Aptidão Física Muscular é preciso trabalhar sobre as

Qualidades Físicas denominadas Força e Resistência Muscular.

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E para melhorar a Aptidão Física Articular é preciso trabalhar sobre a

Qualidade Física denominada Flexibilidade.

Além disso, em um programa de condicionamento físico é necessário também

acrescentar exercícios que desenvolvam outras habilidades físicas tais como

equilíbrio, coordenação, agilidade, velocidade, tempo de reação e a potência.

Potência Aeróbia

As atividades físicas de natureza aeróbia são fundamentais para saúde do

idoso, atuando como proteção contra diversos fatores de risco para as doenças

cardiovasculares.

• Intensidade: 40 a 80% da FCM (Freqüência Cardíaca Máxima) ou Esforço Percebido de 3 a 6 na Escala CR10 de Borg, tendo como metas valores de 50% a 60% da FCM e entre 3 e 4 na Escala CR10 de Borg.

A atividade física regular promove um aumento da capacidade aeróbia

máxima, devido a um aumento da oferta de oxigênio para o trabalho muscular. Desta

forma a freqüência cardíaca e a pressão arterial são proporcionalmente menores

para executar uma determinada carga de trabalho. As descargas simpáticas e a

resistência vascular periférica diminuem, por conseguinte o trabalho muscular é

obtido através da extração do oxigênio na periferia e não pelo aumento do fluxo

sanguíneo e da pressão arterial. Portanto os músculos ficam mais eficientes e as

necessidades de oxigênio no miocárdio

ficam reduzidas (Faro Jr. et al., 1996). Obs: reabilitação 40%, ativos 50% a 60%; atletas 70%.

• Duração: de 30 a 60 minutos por aula • Freqüência: mínimo de 3 e máximo de 5 aulas por semana • Repouso: mínimo de 6 horas a 24 horas entre sessões de

treinamento.

As características básicas na

prescrição de um treino aeróbio para

idosos são as mesmas da prescrição para o adulto jovem.

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Quando se fala em INTENSIDADE, a FCM (Freqüência Cardíaca Máxima)

representa o máximo de esforço fisiologicamente possível, a partir dele o sistema

cardiorrespiratório não consegue mais suportar o esforço.

Jamais se treinará próximo a 100% da FCM com o idoso. Mesmo atletas

jovens de alto rendimento não trabalham mais que alguns minutos nesta

intensidade.

Em um programa de treinamento para idosos atletas a intensidade será

diferente em cada fase do treinamento, podendo chegar a valores próximos dos 85%

da FCM.

Para a maioria dos idosos ativos, com o objetivo de promoção de saúde e

condicionamento físico a faixa de trabalho será de 50% até valores próximos dos

60% da FCM (um pouco mais para alguns, um pouco menos para outros).

Para idosos em reabilitação cardíaca (depois de um infarto ou de uma

internação por fratura, por exemplo) e para aqueles sedentários, em início de

treinamento, a intensidade deve começar com FCM próxima de 40% em sessões de

duração inferior a 20 minutos e gradualmente subir tendo como meta a intensidade

de 50 a 60% em sessão com 30 a 60 minutos de duração, quando termina a fase

terapêutica de reabilitação ou adaptação ao exercício e o idoso passa a treinar com

prescrições semelhantes aos dos idosos ativos.

Para se calcular a FCM podem-se utilizar vários recursos. O mais comum é a

Equação de Karvonen:

FCM = 220 – idade

Por exemplo: Qual é a FCM de um indivíduo de 70 anos?

Utilizando a fórmula FCM = 220 – idade é só substituir a idade por 70 e fazer

a conta.

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Cálculo: FCM = 220 – 70

Resultado: 150 bpm (batimentos por minuto)

Como jamais se trabalha na FCM, é importante calcular a Freqüência

Cardíaca de Treinamento para este indivíduo. Suponhamos que este aluno, para

quem calculamos a FCM de 150 bpm, é um idoso sedentário em início de

treinamento ou é um cardíaco (ou hipertenso) em reabilitação. Sabendo que vamos

trabalhar inicialmente com ele em uma faixa que deve começar a 40% da FCM e isto

pode chegar a 60% da FCM. Qual será a faixa de treinamento para este idoso?

Para isto, basta calcular quanto é 40% e 60% de 150 bpm.

Cálculo: 40% de 150 = 60 bpm

60% de 150 = 90 bpm

Portanto, com este aluno começaremos o treinamento a partir de uma

freqüência cardíaca de 60 bpm que, ao longo do tempo, poderá chegar a 90 bpm.

Se você analisa estes valores do ponto de vista do idoso saudável ou do

adulto jovem, pode ser que os considere baixos demais para iniciar um treinamento.

Entretanto, é preciso lembrar que o idoso sedentário e o cardíaco em reabilitação

estão submetidos ao risco de evento cardiovascular (infarto, derrame, etc.) por

sobrecarga de intensidade. Então, se ao ajustar a intensidade a essa freqüência

cardíaca, o trabalho parecer leve para ele, aumente alguns minutos na duração, ou

acrescente mais um dia de treino na freqüência semanal. Mas vá devagar com os

aumentos na freqüência cardíaca.

Outra observação que reforça a necessidade de começar com baixa

intensidade é que boa parte dos idosos sedentários e todos os cardiopatas tomam

alguma medicação (para controlar a pressão arterial, para diminuir a angina - dores

Brasília: CREF/DF- FEF/UnB/GEPAFI, 2007. p. 65

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no peito, para as arritmias, para a insuficiência cardíaca, etc.) e muitas delas alteram

a freqüência cardíaca.

Algumas medicações diminuem a freqüência cardíaca, de maneira que, em

repouso, ela muitas vezes fica próxima de 50 bpm e em muitos casos, mesmo sob

grande esforço, ela não ultrapassa os 100 ou 120 bpm, pois o objetivo da medicação

é justamente evitar que o coração seja sobrecarregado.

Outras medicações diminuem a pressão arterial, que tende a permanecer

baixa até diante de grandes esforços. E há, ainda, aquelas medicações que

diminuem a angina, com elas a pessoa é capaz de suportar grades esforços sem

sintomas cardíacos dolorosos.

O resultado em todos os casos é que o idoso, mesmo apresentando baixa

freqüência cardíaca, pressão arterial normal e nenhuma dor, pode infartar e morrer

durante o exercício ou até algumas horas depois.

Portanto, quando você treina o idoso sedentário ou cardiopata, ajustando a

intensidade para 60 ou 70 bpm, para este idoso pode ser já é um grande salto. Para

pessoas que tomam medicação para a pressão e o coração (os betabloqueadores

são os mais comuns, mas não são os únicos) aumentar 10 a 20 batimentos pode ser

suficiente para representar um esforço classificado entre moderado e um pouco

forte.

Sabendo que, muitas vezes, a freqüência cardíaca está alterada em

função da ingestão de medicamentos e que isto pode mascarar a real

freqüência cardíaca do idoso durante o esforço, é preciso cuidado no que

tange a utilizar a freqüência cardíaca como parâmetro para avaliação ou

prescrição do treinamento.

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Com relação à FREQÜÊNCIA semanal para o treinamento aeróbio, de acordo

com o Colégio Americano de Medicina Esportiva (ACSM) a freqüência ideal vai de 3

a 5 aulas semanais. Treinar menos de 3 sessões semanais aumenta o risco dos

problemas ligados ao excesso de carga por intensidade de treinamento (“atleta de

fim-de-semana”), sendo mais sérias as lesões do aparelho locomotor e os eventos

cardiovasculares (infarto, derrame, morte súbita durante ou após o exercício). Já

treinar 6 vezes, ou mais, aumenta o risco dos problemas ligados ao excesso de

carga por volume de treinamento, que também causa lesões do aparelho locomotor

e os eventos cardiovasculares (infarto, derrame, morte súbita durante ou após o

exercício) e ainda acrescenta os distúrbios metabólicos, cujo resultado mais comum

é a dor, a fadiga crônica e o estresse físico e mental.

Há algumas exceções a essa regra, casos em que o idoso sob prescrição

do médico vai precisar exercitar-se todos os dias (mesmo não tendo aula): são as

situações em que a regularidade do exercício é muito importante para a manutenção

da saúde e o controle de alguma doença. Os casos mais comuns são os distúrbios

metabólicos, como diabetes e obesidade. Para evitar os riscos, na prescrição para

essas pessoas que terão como freqüência o exercício diário será necessário ajustar

a intensidade e a duração para evitar a fadiga e as lesões do sistema locomotor por

excesso de treino.

Com relação à seleção de atividades para o treinamento aeróbio é preciso

separar as atividades de acordo com a maior ou menor possibilidade de controle

sobre a intensidade do exercício que cada modalidade possibilita. Com grupos de

iniciantes, sedentários e em reabilitação é melhor escolher atividades que permitam

maior controle sobre a intensidade como caminhar, correr, pedalar, subir e descer

escada, alguns tipos de dança aeróbia, alguns tipos de ginástica aeróbia e

Brasília: CREF/DF- FEF/UnB/GEPAFI, 2007. p. 67

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exercícios semelhantes, com pouca variabilidade de movimentos e pouca exigência

de precisão e correção da posição a cada instante.

Já com alunos mais treinados é possível utilizar modalidades mais dinâmicas

e com maior exigência de controle motor, pois já estarão condicionados a

perceberem a intensidade do esforço e educados para respeitarem seus limites.

Como modalidades mais dinâmicas entendem-se todos os esportes de grupo e

alguns individuais (futebol, voleibol, natação, peteca, tênis, etc), boa parte das

danças e boa parte das ginásticas.

Força Muscular

O treinamento da força muscular é importante para o idoso manter a sua

capacidade para realizar as tarefas cotidianas, que normalmente necessitam muito

mais de força muscular, resistência muscular e flexibilidade do que de capacidade

aeróbia (Okuma, 1998; Santarém, 2000).

O treinamento contra-resistência, também conhecido como treinamento de

força, é uma forma de exercício que requer que a musculatura corporal se mova

contra uma força oponente, geralmente oferecida por algum tipo de equipamento. O

objetivo principal desta forma de trabalho é promover adaptações fisiológicas e

morfológicas no músculo (Fleck e Kraemer, 1999).

Nos exercícios contra-resistência os músculos se tornam mais fortes em

resposta à sobrecarga imposta que causa um "estresse" benéfico de adaptação. O

treinamento de força aumenta a capacidade oxidativa e promove algumas

modificações estruturais do tecido muscular, revertendo o processo de perda de

mitocôndrias, desenvolvendo a força e minimizando o ritmo da perda da massa

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muscular. Isso faz com que o treinamento contra-resistência seja o meio mais

eficiente para aumentar a força muscular e a massa muscular de idosos, sendo

especialmente importante incentivar a prática destes exercícios por parte da

população idosa (Faro Jr. et al. 1996).

A força muscular é definida como a quantidade máxima de força de tensão

que um músculo ou grupamento muscular consegue exercer contra uma resistência

em um esforço máximo (Fox et al. 1991; Foss e Keteyian, 1998).

A partir desta definição são considerados dois tipos principais de contrações

musculares: contração dinâmica ou isotônica: o músculo encurta-se com tensão

variável ao deslocar uma carga constante; contração estática ou isométrica:

desenvolve-se tensão, porém não existe mudança no comprimento do músculo

(Weineck, 1999).

Nas contrações dinâmicas observam-se dois tipos básicos de ações

musculares ou fases: ação muscular concêntrica na qual o músculo se encurta ao

deslocar uma carga e ação muscular excêntrica na qual o músculo se estende de

uma forma controlada ao deslocar uma carga. Já nas contrações estáticas a ação

muscular denomina-se ação muscular isométrica quando não ocorre movimento

da articulação, o músculo desenvolve tensão, mas não existe alteração no

comprimento do músculo (Fox e Matheus, 1983).

Um programa de treinamento resistido, com ou sem pesos, planejado e

adequado pode resultar em aumentos significativos na força, na densidade mineral

óssea e na flexibilidade (McArdle et al. 1998), além de uma moderada hipertrofia

muscular, acrescentam Rogers e Evans (1998).

As características básicas na prescrição de um treino de força para idosos

são as mesmas da prescrição para o adulto jovem.

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•• IInntteennssiiddaaddee:: 5500 aa 8800%% ddee 11 RRMM oouu EEssffoorrççoo PPeerrcceebbiiddoo ddee 33 aa 66 nnaa EEssccaallaa CCRR1100 ddee BBoorrgg..

•• DDuurraaççããoo:: ddee 5500 mmiinn.. ((1100--3300--1100)).. 66 aa 1122 rreepp..//eexxeerrccíícciioo XX 11 aa 33 sséérriieess ((oouu aattéé 55 ppaarraa ooss ttrreeiinnaaddooss))

•• FFrreeqqüüêênncciiaa:: mmíínniimmoo ddee 22 ee mmááxxiimmoo ddee 55 aauullaass ppoorr sseemmaannaa •• RReeppoouussoo:: 6600 sseegg.. eennttrree sséérriieess ((2244 aa 4488 hhoorraass ppoorr ggrruuppoo

mmuussccuullaarr))..

Kraemer et al. (1996) observaram que no protocolo de um programa de

exercício com peso deve-se considerar a seleção do exercício, seqüência de

exercícios, intensidade utilizada, número de séries, o tempo de repouso entre as

séries e entre os exercícios,

respeitando dessa forma as

adaptações dos mecanismos

fisiológicos.

Os princípios fundamentais do planejamento de um programa de treinamento

de força são os mesmos, não importa qual a idade dos participantes. O melhor

programa é o individualizado, para atender as necessidades e as condições de

saúde de cada pessoa (Fleck e Kraemer, 1999).

Com relação ao aquecimento, ele pode ser feito utilizando-se os mesmos

movimentos que serão utilizados durante o treinamento específico, só que sem a

utilização de pesos. O objetivo é aumentar a circulação sanguínea de forma a se

conseguir um pequeno aumento da temperatura nos músculos, facilitando o

metabolismo, melhorando a resposta ao exercício e diminuindo os riscos. Uma outra

estratégia é utilizar nesta fase movimentos de flexibilidade de curta duração, com

várias repetições e dentro dos limites articulares usuais. Isto proporciona uma

movimentação corporal geral que atinge o mesmo objetivo anterior de preparação

para a atividade e redução de riscos.

Alongamento passivo, com maior permanência é indicado para o final da

atividade, na fase de relaxamento ou desaquecimento. Ele diminui a freqüência

cardíaca, diminui o ritmo respiratório e libera alguns neurotransmissores nos

músculos e articulações que promovem relaxamento muscular e indiretamente,

relaxamento mental. Se este tipo de exercício for realizado antes do trabalho com

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pesos, a título de aquecimento, acaba-se por atingir o resultado oposto do esperado,

pois a redução da freqüência cardíaca e o relaxamento muscular não são objetivos

do aquecimento. Além do mais, este relaxamento aumenta o risco de lesões

musculares.

Com relação à intensidade, verifica-se que a alta intensidade provoca maior

aumento na força muscular dos indivíduos idosos, quando comparados com os

estudos utilizando treinamento com intensidade baixa e moderada (Fiatarone et al.,

1990; Fleck e Kraemer, 1999).

É preciso lembrar que, embora o treinamento de alta intensidade seja

desejável, para que ele seja tolerado e traga resultados positivos para a pessoa

idosa é necessário um período de treinamento inicial, de adaptação e aprendizagem

dos movimentos, antes de treinar em um nível necessário para provocar adaptações

no músculo, mais tarde, com a progressão do programa de treinamento.

Embora exista uma grande variedade de testes e medidas que podem ser

empregados para avaliar os efeitos de programas de exercícios com peso, o Teste

de 1 RM (uma repetição máxima) tem sido amplamente aplicado como avaliação da

força muscular na área de envelhecimento, sendo utilizado em pelo menos um de

cada dois estudos científicos publicados (Raso, 2000).

O Teste de 1 RM (Teste Isotônico de Uma Repetição Máxima), de acordo

com as recomendações de procedimentos da Sociedade Americana de Fisiologia do

Exercício (BROWN e WEIR, 2003), é o que mais se utiliza com objetivos

científicos e é aplicado da seguinte forma:

• Aquecimento: de 5 minutos, realizando movimentação do corpo todo e

aquecendo especificamente o grupo muscular que se pretende testar (podem ser

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utilizados pequenos pesos para esta parte específica, realizando poucos

movimentos).

• Teste: posicionar o corpo e membro a ser testado em relação ao peso.

Realizar um movimento completo, utilizando uma carga próxima de 100% da

máxima carga estimada para o indivíduo. Aumentar ou diminuir a carga ao longo de,

no máximo, 5 tentativas, registrando-se ao final o valor da carga para Uma

Repetição Máxima (1 RM), que é a maior carga contra a qual o indivíduo conseguiu

realizar uma única movimentação completa do grupo muscular.

• Repouso entre as tentativas deve ser de 60 segundos.

Ao encontrar o valor para 1RM, passa-se aos cálculos para encontrar com

qual peso se fará o trabalho de força com a intensidade desejada.

Suponhamos que aplicamos este teste a um aluno idoso, para quem carga de

1RM para o bíceps foi de 10 kg. Suponhamos ainda que este seja um idoso

sedentário em início de treinamento. Sabendo que vamos trabalhar inicialmente com

ele em uma faixa que deve começar em 50% de 1RM e que isto pode chegar a 60%

de 1RM. Qual será a faixa de treinamento de força para este idoso?

Para isto, basta calcular quanto é 50% e 60% de 10 kg.

Cálculo: 50% de 10 kg = 5 kg

60% de 10 kg = 6 kg

Portanto, com este aluno começaríamos o treinamento a partir de uma carga

de 5 kg que, ao longo do tempo, poderia chegar a 6 kg.

O único problema é que só conseguiríamos chegar a estes valores com o

idoso ativo e saudável. Isto porque o objetivo do teste é justamente testar qual é a

carga máxima que ele consegue suportar e isso jamais poderia ser feito com

segurança para o idoso sedentário ou portador de alguma enfermidade. Mesmo em

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estudos científicos isto é feito em um laboratório, na presença de um médico e com

equipamentos e metodologias adaptadas para as limitações do paciente.

Fizemos os cálculos apenas para você relembrar a lógica do teste. Entretanto,

para determinar a carga de treinamento de força para um aluno idoso real e para

avaliarmos o progresso no quotidiano da prática pedagógica, precisaremos de

outros métodos mais simples e seguros.

O método mais simples, seguro e eficiente é o de Estimativa de Carga pelo

número de repetições possíveis para uma determinada faixa de intensidade de

treinamento. A Carga Estimada por este método é praticamente a mesma da Carga

Calculada, com a diferença de que você chega a ela pelo caminho inverso: partindo

de cargas mais leves, até chegar à carga de treinamento ao longo de alguns dias

ajustando as cargas até que o aluno esteja trabalhando na intensidade que você

prescreveu.

Para estimar a carga por este método, você deverá encontrar junto com seu

aluno uma carga com a qual ele consiga trabalhar o número de repetições que você

sugeriu e nenhuma repetição a mais.

Essa escolha se faz a partir da tabela

ao lado que correlaciona o percentual

de 1 RM Calculado com o número de

repetições possíveis (e nenhuma mais)

para uma carga dada.

Número de repetições conseguidas e nenhuma a mais

Faixa de treinamento em % de 1 RM

1 100% 2 95% 4 90% 6 85% 8 80%

10 75% 12 70% 14 65%

De 15 a 20 50% a 60% Fonte: NUNES (2000)

Suponhamos que você esteja recebendo um aluno idoso sedentário e

pretenda trabalhar inicialmente com ele a uma intensidade de 50% a 60%. Na

primeira aula, num trabalho de bíceps, você coloca nas mãos dele um bastão de 0,2

kg e pergunta se ele acha que consegue levantá-lo umas 15 ou 20 vezes

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flexionando os antebraços. Observe a execução quando for chegando aos valores

estipulados. Se antes de chegar a 15 repetições, você notar que o trabalho começa

a ficar pesado, que ele começa a reclamar ou apresentar dificuldades, isto significa

que aquela carga de 0,2 kg está acima dos 50% ou 60% de intensidade e o

exercício deverá ser interrompido e a carga diminuída na próxima série ou na

próxima aula. Já se o seu aluno ultrapassou com tranqüilidade as 20 repetições, isto

quer dizer que a carga está leve, abaixo dos 50% ou 60% de intensidade e o

exercício será interrompido algumas repetições depois e a carga aumentada na

próxima série ou na próxima aula.

Este procedimento deverá ser repetido para cada exercício prescrito para

cada grupo muscular. Observe que este método de trabalho só se aplica ao trabalho

individual ou com pequenos grupos, normalmente é utilizado na reabilitação e em

aulas particulares.

Entretanto, como a realidade (e até mesmo a indicação) do trabalho com

idosos é o exercício em grupos (médios ou grandes), torna-se impraticável

comandar uma aula em circuito ou uma aula de ginástica localizada (e semelhantes)

com cada aluno fazendo um número diferente de repetições para alcançar o alvo.

Para estes casos, a Escala CR10 de Borg de Percepção Subjetiva do Esforço

(PSE) é mais útil, pois permite ajustar a carga desejada para cada aluno

individualmente, mas com todos trabalhando o mesmo número de repetições numa

aula coletiva, permitindo inclusive a marcação dos tempos com a utilização de

música.

Para este tipo de prescrição você primeiro escolhe quantas repetições serão

feitas para cada exercício em determinada aula. Depois solicita que os alunos

escolham pesos (ou extensores, ou bastões, etc.) com os quais consigam executar

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aquele número de repetições, dosando a intensidade do trabalho através da PSE

(Percepção Subjetiva do Esforço) apontada na Escala CR10 de Borg.

Suponhamos que você esteja recebendo aquele mesmo aluno idoso

sedentário em um grupo de treinamento de força e pretenda trabalhar inicialmente

com ele a uma intensidade de 50% a 60%, numa aula em que a contagem do

número de repetições foi padronizada em 10 repetições para cada exercício. Na

primeira aula, num trabalho de bíceps, você pede ao aluno que escolha (dentre

vários bastões de diversos pesos) um bastão com o qual consiga realizar as 10

repetições do movimento com um esforço que, de 0 a 10 na CR10 de Borg, poderia

ser classificado como entre 3 e 4 (de moderado a um pouco forte). Realizando 10

repetições com aquele bastão dentro deste esforço percebido ele estaria

trabalhando exatamente dentro da faixa dos 50% a 60% que você prescreveu.

Caso ele aponte valores de 5 (forte) para cima ou se você notar que o

trabalho começa a ficar pesado, que ele começa a reclamar ou apresentar

dificuldades, isto significa que aquela carga daquele bastão está acima dos 50% ou

60% de intensidade e o exercício deverá ser interrompido (mesmo que os colegas

continuem contando até 10) e a carga diminuída na próxima série ou na próxima

aula.

Já se ele aponta valores de 2 (fraco) para baixo, isto quer dizer que a carga

está leve, abaixo dos 50% ou 60% de intensidade e a carga aumentada na próxima

série ou na próxima aula.

Este procedimento deverá ser repetido para cada exercício prescrito para

cada grupo muscular. Em poucas aulas os alunos adquirem a dinâmica de ajustar

suas cargas, passando a fazer isto rapidamente e de maneira autônoma.

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Desta forma você consegue ter numa mesma aula alunos de diversos níveis

de treinamento, permitindo assim que o amigo novato pratique junto com o colega já

mais treinado que o convidou. Isto reforça os laços, desenvolve o espírito

colaborativo, dá oportunidade para as pessoas conviverem harmoniosamente com

as diferenças, além de ser um bom exercício de inclusão (afinal, é muito mais difícil

incluir pessoas separando-as por grupos de doenças, níveis de treinamento, sexo,

etc).

Quanto à seleção de atividades para o treinamento de força, estão incluídas

nesta categoria todas as modalidades que trabalham contra-resistência, tanto em

máquinas, quanto com pesos livres. As aulas na sala de musculação são as mais

conhecidas. Também se encaixam nesta categoria trabalhos como o método pilates

em aparelhos, exercícios com extensores (rubber band), atividades com medicine

ball, circuitos ecológicos, esportes indígenas e esportes rurais de carga (os três

envolvendo levantamento e movimentação de troncos, pedras, transporte de

pequenos e médios animais ou volumes de cereais em gincanas, que facilmente

podem ser adaptados ao trabalho com idosos).

Não há diferença no resultado final para o desenvolvimento da força entre

trabalhos que utilizam aparelhos fixos e aqueles que utilizam implementos móveis.

Os cientistas apontam diferenças em relação a outras variáveis, como segurança e

trabalho neuromotor. Com a relação à segurança, os aparelhos fixos (de

musculação, pilates, etc.) são os mais indicados, mas eles oferecem menor estímulo

neuromotor para desenvolvimento de habilidades como equilíbrio e coordenação,

dentre outras. Já nas atividades com implementos móveis estes estímulos são mais

evidentes, principalmente com relação ao equilíbrio, entretanto, o controle do

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exercício não é tão grande quanto nas máquinas, o que os contra-indica para

situações que exijam controle total do risco.

É preciso lembrar que existem, ainda, outras modalidades de exercício que

trabalham a força utilizando o peso do próprio corpo ou contra a resistência imposta

por outra pessoa em atividades grupais. Encaixam-se nesta categoria trabalhos

como: ginástica localizada, pilates de solo, bioginástica, ginástica natural, tai chi

chuan, lian kung e alguns tipos de hata ioga (Bikram, Power, Ashtanga, Swásthya,

Viniyoga, etc.), além de técnicas mistas como o método iogalates (ioga + pilates).

A vantagem destas técnicas sem implementos no trabalho com o idoso,

primeiro está no seu custo (que é zero, pois só utiliza o corpo e, no máximo, o solo

que pode ser forrado com uma toalha ou tapete macio). A outra vantagem é com

relação ao aspecto pedagógico: é mais dinâmico, facilita a interação, o convívio, a

participação e a integração, favorecendo os aspectos psicossociais do trabalho.

Flexibilidade

A flexibilidade é um termo geral que inclui a amplitude de movimento de uma

articulação simples e múltipla e a habilidade para desempenhar tarefas específicas.

A amplitude de movimento de uma dada articulação depende primariamente da

estrutura e função do osso, músculo e tecido conectivo e de outros fatores tais como

dor e habilidade para gerar força muscular suficiente.

Os exercícios de flexibilidade são compostos por modalidades que

geralmente não necessitam de preparo físico anterior (eles é que são,

invariavelmente, utilizados tanto na preparação ou aquecimento, quanto na volta à

calma ou relaxamento, dentro da prática das outras modalidades).

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A base da maioria das modalidades são as técnicas de Alongamento,

Flexionamento, Relaxamento, Exercícios Respiratórios e de Consciência Corporal

(ou Meditação).

Os resultados deste trabalho abrangem o complexo biopsicossocial:

• FÍSICO: os exercícios de alongamento e flexionamento - suaves - melhoram o

estado geral da musculatura, aumentam a eficiência mecânica e a coordenação

motora, corrigem a postura e diminuem os riscos de lesões por acidentes ou por

esforços repetitivos;

• MENTAL: os movimentos lentos e fluidos, aliados ao relaxamento, controle

mental e exercícios respiratórios, incrementam a Consciência Corporal, promovem

intensa descontração psíquica, combatendo o estresse ao mesmo tempo em que

estimulam a criatividade e a disciplina; permitindo, assim, ao indivíduo um contato

mais íntimo com seus estados emocionais e a administração mais eficiente de suas

capacidades físicas, emocionais e intelectuais;

• SOCIAL: normalmente as práticas são feitas em grupo, de maneira

descontraída e bastante lúdica, permitindo ao indivíduo aprimorar sua noção de

participação em equipes, times e trabalhos coletivos, bem como desenvolver o

respeito pelos ritmos e limitações próprios e das pessoas ao seu redor, trazendo a

consciência de que é possível conviver com as diferenças. Isto estimula no indivíduo

o sentimento de ser uma parte importante do equilíbrio social. Com isso se reduzem

os níveis de ansiedade decorrentes da vida moderna. Isso permite ao praticante

idoso tornar-se mais participante, cooperativo e integrado, tanto na família quanto na

comunidade.

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•• IInntteennssiiddaaddee:: âânngguulloo ffiissiioollóóggiiccoo -- qquuaallqquueerr ttééccnniiccaa ((ppaarraa aalloonnggaammeennttoo,, aaqquueecciimmeennttoo)):: BBoorrgg aattéé 22..

•• MMaaiioorr qquuee âânngguulloo ffiissiioollóóggiiccoo,, TTééccnniiccaass PPaassssiivvaass ee FFNNPP ((ppaarraa fflleexxiioonnaammeennttoo)):: BBoorrgg ddee 33 aa 66..

•• DDuurraaççããoo:: aalloonnggaammeennttoo ee aaqquueecciimmeennttoo 1100 mmiinn.. FFlleexxiioonnaammeennttoo 5500 mmiinn.. ((1100--3300--1100)).. RReeppeettiiççõõeess:: 11 aa 55 ppoorr eexxeerrccíícciioo

•• FFrreeqqüüêênncciiaa:: mmíínniimmoo ddee 22 ee mmááxxiimmoo ddee 55 aauullaass ppoorr sseemmaannaa •• RReeppoouussoo:: tteemmppoo iigguuaall oouu oo ddoobbrroo ddoo tteemmppoo ddee ppeerrmmaannêênncciiaa

eemm ccaaddaa aarrttiiccuullaaççããoo..

As características básicas na

prescrição de um treino de

flexibilidade para idosos são as

mesmas da prescrição para o adulto

jovem.

De acordo com DANTAS (1999), entende-se por alongamento o trabalho

submáximo dos músculos e articulações com o objetivo da manutenção da

amplitude articular e para aquecimento e volta à calma de outras modalidades.

Neste sentido indica-se uma intensidade baixa de carga de trabalho, uma freqüência

mínima de 2 vezes por semana, utilizando-se de 3 a 6 repetições por movimento,

com 10 a 15 segundos de permanência em cada posição. A técnica mais conhecida

é a série de Alongamento tradicionalmente utilizada em início e final das aulas de

educação física.

Já por flexionamento, entende-se o trabalho máximo dos músculos e

articulações visando ao incremento da amplitude articular. Esta é a técnica que se

utiliza em trabalhos específicos (aulas) de flexibilidade. Existem técnicas de

flexionamento dinâmicas e estáticas.

O flexionamento pode ser dinâmico, com exercícios que usam a inércia

para levar o segmento corporal a um alongamento intenso, que vai além do arco

articular. As aulas devem ter uma freqüência mínima de 2 vezes por semana, com

30 minutos de trabalho específico (mais 10 minutos de aquecimento e outros 10 de

volta à calma). Indica-se realizar de 2 a 4 repetições por movimento, com 10 a 15

insistências para cada movimento, até o limite do desconforto muscular.

As modalidades que mais se encaixam nestas características são as aulas de

Alongamento Dinâmico ou Alongamento Balístico, o método pilates de solo (com ou

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sem implementos como bola, barras, etc.), as técnicas de hata ioga dinâmica

(Bikram, Power, Ashtanga, Swásthya, Viniyoga, etc.), as técnicas de tai chi chuan

dinâmico (estilos praticados dentro da filosofia mais esportiva do wushu ou kung fu)

e o lian kung tradicional (praticado com número fixo de repetições e velocidade

controlada por marcação chinesa).

Todas as técnicas de flexionamento dinâmico devem ser utilizadas com

parcimônia no trabalho com idosos, devido ao risco de lesões, que é alto em

todas as modalidades. Com idosos o mais seguro é sempre trabalhar com

flexionamento estático, que permite maior controle e, portanto, segurança.

O flexionamento pode também ser estático, nele são utilizados

movimentos suaves e permanência para levar o segmento corporal a um

alongamento intenso, que vai além do arco articular. As aulas devem ocorrer com

freqüência mínima de 2 vezes por semana, com 30 minutos de trabalho específico

(mais 10 minutos de aquecimento e outros 10 de volta à calma). Indica-se trabalhar

de 3 até 6 repetições por movimento, com 10 a 15 segundos de permanência em

cada posição, acrescentando técnicas de respiração e consciência corporal. Grande

número de estudos sugere que tempos maiores não oferecem vantagem extra nos

ganhos de flexibilidade, portanto, se não houver outros motivos pedagógicos para

manter o aluno na posição, não há vantagem alguma em permanecer 20, 30, 45 ou

120 segundos, como aparecem em algumas propostas.

As modalidades que mais se encaixam nas características de flexionamento

passivo são as aulas de Alongamento Dinâmico Passivo, Método FNP (Facilitação

Neuromuscular Proprioceptiva, também conhecido como 3S - Scientific Stretching for

Sports), a técnicas de hata ioga passiva (Hatha, Purna, Iyengar, Ananda, Anusara,

Tantra, Integral, Integrativa, Tibetana, Kundalini, Sivananda, etc.), as técnicas de tai

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chi chuan mais passivas (praticado dentro da filosofia taoísta, mais terapêutica) e o

lian kung de forma crítica (praticado com foco no aluno, deixando de lado o

tradicionalismo da modalidade).

O tempo de descanso durante qualquer trabalho de flexibilidade deve ser de

igual duração (ou de até o dobro) do tempo utilizado para realizar a série de

repetições.

O controle da intensidade é mais bem realizado utilizando-se a Escala CR10

de Borg, para o Esforço Percebido. Para o trabalho de Alongamento a percepção

relatada será de no máximo 2 (Fraco), significando baixa intensidade. Já para o

Flexionamento, a percepção do esforço deverá estar entre 3 e 6, sem a presença de

dor ou desconforto. A partir do valor 7 na percepção relatada, o aluno já entra na

faixa de risco de lesão por sobrecarga articular.

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5.2. Cuidados com as doenças prevalentes e riscos durante a aula

No planejamento também é aconselhável levar em conta exercícios

específicos ou estratégias visando à prevenção ou ao auxílio na reabilitação das

doenças prevalentes:

Doença Indicações de exercícios Contra-indicações Artrose e Dor crônica

TODOS. Priorizar contínuos, aeróbios e treinamento muscular para diminuir rigidez e dor.

Sobrecarga para articulações levantamentos de peso, corridas e práticas esportivas, ir devagar.

Cardiopatias TODOS. Priorizar contínuos, aeróbios.

Igual hipertensão e evitar longa permanência estática de pé (causa hipotensão postural)

Colesterol TODOS. Priorizar contínuos, aeróbios.

Nenhuma.

Diabetes TODOS. Contínuos, aeróbios devem ser realizados 7 dias na semana.

Riscos MMII (varizes, pé diabético), risco hipoglicemia (importante comer antes, evitar fazer esportes solitários ou muito radicais: pode desmaiar quando só), evitar exercícios de média a alta intensidade quando glicemia ≥ 250 mg/dl (pode levar a cetose, coma e morte ou lesão cerebral). Controlar PA nos exercícios resistidos: pressão elevada pode acelerar problemas oftalmológicos, renais e cardíacos.

Hipertensão TODOS. Priorizar contínuos, aeróbios.

Manobra de Valsalva durante esforço. Longa permanência de braços ou pernas elevados.

Hipotensão e Síncopes (desmaios)

TODOS. Priorizar contínuos, aeróbios.

Atividades após comer, mudança rápida das posições deitada ou sentada para de pé (principalmente pela manhã), permanência em pé por longo tempo, exercícios respiratórios forçados, mergulho em água fria, ducha fria, massagens no pescoço, verificação de freqüência cardíaca na artéria carótida.

Obesidade TODOS. Priorizar contínuos, aeróbios.

Sobrecarga para articulações dos MMII como nas corridas e cuidado com práticas esportivas competitivas.

Osteoporose TODOS. Priorizar contínuos, aeróbios ao sol e os de força para todos os sítios.

Riscos para quedas e fraturas.

Problemas respiratórios

TODOS. Priorizar contínuos, aeróbios. Acrescentar Exercícios Respiratórios.

Atividades fatigantes.

Sedentarismo TODOS. Priorizar contínuos, aeróbios.

Irregularidade (≤ 2 vezes semana) + competitividade = síndrome do atleta de fim-de-semana (infarto, morte).

Varizes TODOS. Priorizar contínuos, aeróbios. Fortalecer membros inferiores.

Isométricos de membros inferiores e longa permanência estática de pé (prejudica retorno venoso)

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5.3. Reflexões Finais

Nesta parte do curso você estudou conteúdos que o ajudaram a conhecer

melhor a fisiologia do exercício e os cuidados na prescrição da atividade física para

os idosos. Procure certificar-se de que, a partir das noções teóricas a respeito de

fisiologia e princípios de prescrição, você já consegue propor atividades visando ao

desenvolvimento da Aptidão Física de seus alunos, atendendo às características

individuais de doenças presentes e prevendo possíveis riscos.

Brasília: CREF/DF- FEF/UnB/GEPAFI, 2007. p. 83

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UNIDADE 6 – METODOLOGIA DE TRABALHO

Apresentação Nesta unidade discutiremos os aspectos metodológicos do

planejamento e as estratégias para melhor desenvolver o trabalho.

Os assuntos serão abordados de forma prática, procurando auxiliar o

professor no processo de simplificar e de tornar eficiente o ato de planejar e ministrar

suas aulas.

O que se pretende aqui é abordar os aspectos essenciais à construção de um

plano a partir da realidade do trabalho cotidiano com alunos idosos.

Ao término do estudo desta Unidade, você deverá ser capaz de:

Redigir um plano de curso e um plano de aula completos:

• Traçando objetivos claros

• Selecionando estratégias que correspondam aos objetivos

• Escolhendo recursos físicos e materiais adequados e

• Avaliando os resultados em cada fase do trabalho.

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6.1. Estratégias ou métodos de trabalho

Quando estudamos a prescrição da atividade física na Unidade 5 ficaram

definidos alguns parâmetros mínimos para se preparar uma aula visando alcançar os

efeitos e prevenir os riscos que também foram vistos naquela unidade.

A partir de agora passaremos a estudar o como implementar, distribuir,

organizar, controlar as atividades na prática para que a prescrição saia do papel e se

transforme em aula.

Para isso você precisará sempre pensar na modalidade escolhida dentro

daquela perspectiva da promoção da Aptidão Física. Ao escolher um exercício

(caminhada, ginástica, esportes, etc.) é necessário sempre perguntar: Qual é o

principal componente da aptidão física que está sendo trabalhado com esta

atividade? Que adaptações ou que outras atividades precisarei acrescentar para

trabalhar os demais componentes e, assim, realmente, conseguir um trabalho sério

de Condicionamento Físico?

Lembre-se que os exercícios, além de trabalharem a aptidão física devem

também ser agradáveis, prazerosos e integrativos. Por isso, em uma aula, deve-se

procurar exercitar todas as estruturas móveis do corpo, dando preferência às

atividades que abordem o corpo de forma global. Portanto, observe após planejar

um programa se foram contemplados minimamente os seguintes aspectos nas

atividades de condicionamento:

Potência aeróbia Força muscular Flexibilidade Equilíbrio Educação postural Coordenação motora Habilidades psicomotoras Imagem corporalAgilidade Tempo de reação Mobilidade das articulações Respiração Lateralidade Ritmo Reflexos

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O trabalho deverá ser metódico e estruturado, obedecendo a um

planejamento bem fundamentado. De acordo com Yanguas et al., (1998), a um

observador externo deverá ficar claro que houve:

Explicação verbal dos exercícios: O tom de voz deve ser alto e as palavras

devem ser bem vocalizadas, para assegurar a compreensão. Utilizando uma

linguagem inteligível, clara, concisa e motivante, o professor informa que exercício

será realizado, que materiais ou equipamentos serão utilizados e se o trabalho será

individual ou grupal;

Descrição passo a passo do exercício;

Demonstração dos exercícios por parte do professor (ou com auxílio de um

aluno experiente como modelo);

Realização dos exercícios pelos alunos: É preciso estar atento ao que

acontece a cada aluno, mas sem perder a noção do conjunto (nas atividades

grupais);

Estimulação (reforço) durante a execução, com observações e elogios

sinceros. O professor deve desenvolver confiança, segurança e alegria. Deve

respeitar os diferentes ritmos dos alunos, procurando estimulá-los, mas evitando a

superproteção. Cuidado com a Infantilização do Idoso. Seu aluno tem uma mão,

não uma mãozinha. Um pé e não um pezinho...

Correção de forma discreta e preferencialmente grupal, evitar situações e

linguagens que possam ferir ou humilhar quaisquer alunos;

Descanso e recuperação;

Teoria: análise, comentários, recomendações e sugestões a respeito dos

exercícios e das experiências vivenciadas nas aulas e suas implicações na vida

diária (temas transversais e conteúdos interdisciplinares).

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O professor deve demonstrar atenção e receptividade permanente às

propostas e observações dos alunos utilizando essas informações em seu

planejamento tanto para selecionar atividades, quanto para determinar a forma de

executá-las.

6.2. Trabalhando a Aptidão Física com segurança

Ao prescrever um treinamento visando à Aptidão Física para idosos é preciso

observar que o trabalho de desenvolvimento de cada qualidade física possui

algumas especificações mínimas para que algum resultado possa ser atingido e os

riscos evitados.

Com o objetivo de aproveitar melhor “a função socializadora, vitalizadora,

recreadora e também reabilitadora que a prática da atividade física” e aumentar a

segurança na prescrição DIAS (2004) propôs a reorganização dos princípios de

treinamento em apenas 5 grandes princípios onde os 4 primeiros incluem os

fundamentos tradicionais e o 5º amplia o conceito do treinamento para uma

abordagem integral do ser humano:

1º princípio: manutenção da atividade física – o professor deverá estimular os

alunos a praticarem a atividade física de forma regular.

2º princípio: individualização na atividade física – a partir da avaliação física

fazer prescrições que atendam às necessidades individuais de cada aluno.

3º princípio: continuidade da atividade física – levar em conta o aspecto

cumulativo da atividade física, introduzindo, gradualmente, pequenas modificações

que resultem em um melhor condicionamento físico.

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4º princípio: sobrecarga da atividade física – Aumentando gradativamente, a

freqüência, a duração e a intensidade, pode-se dosar a atividade física. É importante

lembrar que a intensidade é um princípio de treinamento delicado na prescrição do

treinamento para idosos, pois tem o potencial de precipitar eventos que podem

resultar em morte. Portanto, ao propor uma sobrecarga ao aluno idoso sempre é

melhor começar fazendo maiores modificações no volume do treinamento

(freqüência, duração, repouso) enquanto se fazem alterações mínimas na

intensidade.

5º princípio: totalidade da atividade física - não basta só exercitar os

músculos, é preciso também envolver todos os componentes do ser (físicos,

psíquicos e espirituais) no exercício.

6.3. Avaliando resultados de um programa

O ideal em um programa de exercícios é que os alunos passem por uma

avaliação prévia para conhecer suas condições iniciais de Condicionamento Físico e

Saúde. Esta avaliação deverá ser reaplicada periodicamente para fins de

acompanhamento e controle das atividades pelo professor e para mostrar a cada

indivíduo o que ele melhorou ao longo de um determinado período de treinamento.

A seguir vamos mostrar alguns testes simples, de fácil aplicação e com

equipamentos baratos, desenvolvidos especificamente para avaliarem idosos e que

permitem acompanhar alterações na antropometria, na aptidão física e em alguns

aspectos psicossociais.

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a) AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA

AVALIAÇÃO DA RELAÇÃO ENTRE A CINTURA E O QUADRIL (RCQ)

Objetivos: avaliar deposição central de gordura e risco para doenças crônicas

Procedimentos: Registrar o resultado da divisão entre a medida da cintura em

centímetros, tomada à altura da cicatriz umbilical, e a medida do quadril em

centímetros, aferida à altura de sua maior circunferência.

RCQ = CINTURA QUADRIL

Valores de referência para gordura abdominal e risco para idosos:

BAIXO MODERADO ALTO MUITO ALTO MASCULINO < 0,91 0,91 a 0,98 0,99 a 1,03 > 1,03 FEMININO < 0,76 0,76 a 0,83 0,84 a 0,90 > 0,90 Fonte: Applied Body Composition Assessment (1996)

AVALIAÇÃO DO ÍNDICE DE MASSA CORPORAL (IMC)

Objetivos: avaliar obesidade e risco para doenças crônicas

Procedimentos: Registrar o resultado da divisão entre o valor da massa

corporal em quilogramas (kg) e o quadrado da altura medida em metros (m).

IMC = massa/(altura)2.

IMC como preditor de obesidade (OMS)

BAIXO < 18,5 ACEITÁVEL OU IDEAL de 18,5 a 24,9

OBESIDADE LEVE de 25,0 a 29,9 OBESIDADE MODERADA de 30,0 a 39,9

OBESIDADE SEVERA ≥ 40,0 Fonte: OMS in www.saudeemmovimento.com.br, 12/03/2005 às 16h45.

IMC como preditor de riscos para a saúde

MASCULINO FEMININO RISCO BAIXO 17,9 a 18,9 15,0 a 17,9

IDEAL 19,0 a 24,9 18,0 a 24,4 RISCO MODERADO 25,0 a 27,7 24,5 a 27,2

RISCO ELEVADO > 27,8 > 27,3 Fonte: CORBIN e LINDEY, 1994 in www.saudeemmovimento.com.br, 12/03/2005 às 16h45.

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b) AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA

Protocolo resumido do Teste de Aptidão Física para Idosos de Rikli e Jones. RIKLI, R.E., 2004 in SAFONS e PEREIRA, 2004. Traduzido, adaptado e reproduzido com permissão dos organizadores.

Caminhada de 6 minutos adaptada: Resistência Aeróbia

Objetivo: Avaliar a resistência aeróbia - importante para andar longa distância, subir escadas, fazer compras, passear durante as férias, etc.

Descrição: Número de metros que pode ser andado em 6 minutos em torno de um percurso de 50 metros, demarcado no solo ou pista, em 10 espaços de 5 metros. Valores de referência caminhada de 6 minutos (nº de metros percorridos) Idade 60-64 65-69 70-74 75-79 80-84 85-89 90-94

Feminino 498 - 604 457 - 581 439 - 562 393 - 535 352 - 494 311 - 466 251 - 402

Masculino 578 - 672 512 - 640 498 - 622 430 - 585 407 - 553 348 - 521 279 - 457

Sentar e levantar em 30 s: Força de Membros Inferiores

Objetivo: Para avaliar a força dos MMII, necessária para reduzir possibilidade de queda e executar numerosas tarefas tais como subir escadas, fazer caminhadas, levantar de uma cadeira, sair de um carro.

Descrição: Registrar o número de levantamentos completos realizados em 30 segundos com os braços cruzados ao peito.

Altura da cadeira: 43 cm (altura normal de uma cadeira de bar: meça antes. Pode também ser banco de praça, mureta de jardim, etc. importante é estar firme).

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Valores de referência Sentar e Levantar (nº repetições)

Idade 60-64 65-69 70-74 75-79 80-84 85-89 90-94

Feminino 12 - 17 11 - 16 10 - 15 10 - 15 9 - 14 8 - 13 4 - 11

Masculino 14 - 19 12 - 18 12 - 17 11 - 17 10 - 15 8 - 14 7 - 12

Flexão de cotovelo com halteres em 30 s: Força de Membros Superiores

Objetivo: Avaliar a força dos MMSS, necessária para executar tarefas domésticas e outras atividades que envolvem levantar e carregar coisas tais como compras, malas e os netos.

Descrição: Registrar o número de levantamentos completos realizados em 30 segundos com um peso na mão dominante: de 5 libras (2,27 kg) para mulheres; 8 libras (3,63 kg) para homens.

Como ajustar o peso: em uma balança, pesar os halteres ou uma garrafa com areia ou um galão (ou balde pequeno) com água até obter o peso indicado.

Valores de referência flexão de cotovelo (nº repetições)

Idade 60-64 65-69 70-74 75-79 80-84 85-89 90-94

Feminino 13 - 19 12 - 18 12 - 17 11 - 17 10 - 16 10 - 15 8 - 13

Masculino 16 - 22 15 - 21 14 - 21 13 - 19 13 - 19 11 -17 10 - 14

Teste de equilíbrio unipodal 30 seg. olhos fechados: Equilíbrio

Objetivo: Testar o equilíbrio estático - importante na marcha, na estabilidade postural e na prevenção de quedas.

Descrição: permanecer o maior tempo possível na posição ortostática, com as mãos nos quadris, em apoio unipodal e com os olhos fechados. O tempo de permanência máximo é de 30 segundos. Fazer 3 tentativas para o MEMBRO

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DOMINANTE, anotando o valor quando o aluno abrir os olhos ou retornar ao apoio bipodal. Registrar o maior valor: este é o escore para equilíbrio em segundos. O avaliador permanece próximo do aluno para evitar qualquer risco de queda.

Valores de referência teste unipodal (tempo em segundos) Idade 60-64 65-69 70-74 75-79 80-84 85-89 90-94

Feminino (ND) (ND) (ND) (ND) (ND) (ND) (ND)

Masculino (ND) (ND) (ND) (ND) (ND) (ND) (ND) ND = Não definido. Não foram ainda definidos valores de referência para idosos para este teste.

Sentar e alcançar na cadeira: Flexibilidade Membros Inferiores

Objetivo: Para avaliar a flexibilidade dos MMII, que é importante para manter uma boa postura e estabilidade postural, e para várias tarefas que exigem mobilidade tais como entrar e sair de uma banheira ou de um carro.

Descrição: Sentar na parte dianteira de uma cadeira, uma das pernas estendida: com as mãos unidas realizar o movimento de alcançar os dedos do pé. Registrar o número de centímetros (cm) para mais ou para menos (+ ou -) entre as pontas dos dedos e a ponta do dedão do pé.

Valores de referência sentar e alcançar (cm) Idade 60-64 65-69 70-74 75-79 80-84 85-89 90-94

Feminino -1 a +13 -1 a +11 -3 a +10 -4 a +9 -5 a +8 -6 a +6 -11 a +3

Masculino -6 a +10 -8 a +8 -9 a +6 -10 a +5 -14 a +4 -14 a +1 -17 a +1

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Alcançar mãos às costas: Flexibilidade Membros Superiores

Objetivo: Para avaliar a flexibilidade dos MMSS (ombro), que é importante nas tarefas tais como pentear o próprio cabelo, colocar adornos na cabeça, e colocar o cinto de segurança quando no carro.

Descrição: Com a uma mão por cima do ombro, tentar alcançar a outra que veio por baixo no meio das costas. Registrar o número de centímetros (cm) entre as pontas dos dedos médios (+ ou -).

Valores de referência alcançar mãos às costas (cm)

Idade 60-64 65-69 70-74 75-79 80-84 85-89 90-94

Feminino -8 a +4 -9 a +4 -10 a +3 -13 a +1 -14 a 0 -18 a -3 -20 a -3

Masculino -17 a 0 -19 a -3 -20 a -3 -23 a -5 -24 a -5 -25 a -8 -27 a -10

Teste de agilidade: Agilidade

Objetivo: Para avaliar agilidade, importantes em tarefas que requerem movimentos rápidos como descer do ônibus no tempo, levantar para resolver alguma coisa na cozinha, ir ao banheiro, atender ao telefone.

Descrição: Registrar o número de segundos requeridos para levantar-se de uma posição sentada, andar 2,44 metros, girar e retornar à posição sentada.

Valores de referência teste de agilidade (segundos)

Idade 60-64 65-69 70-74 75-79 80-84 85-89 90-94

Feminino 6.0 - 4.4 6.4 - 4.8 7.1 - 4.9 7.4 - 5.2 8.7 - 5.7 9.6 - 6.2 11.5 - 7.3

Masculino 5.6 - 3.8 5.7 - 4.3 6.0 - 4.2 7.2 - 4.6 7.6 - 5.2 8.9 - 5.3 10.0 - 6.2

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c) AVALIAÇÃO PSICOSSOCIAL: AUTOPERCEPÇÃO DE BEM-ESTAR

MODELO DA ESCALA DE AUTOPERCEPÇÃO DE BEM-ESTAR PAAF - GREPEFI

NOME: IDADE: SEXO:

Esta escala destina-se a avaliar a percepção que você tem do seu bem-estar. Por favor, responda o questionário com máxima sinceridade. Para isto indique em cada item a letra que corresponde a como você vem se sentindo ultimamente. Coloque a sua resposta no quadrado ao lado de cada item, seguindo a seguinte classificação: (A) Não sinto isto (B) Sinto isto de vez em quando (C) Sinto isto sempre

QUESTÕES RESPOSTAS 1. Medo de ficar sozinho(a) A B C 2. Medo de ter fraturas A B C 3. Medo de cair A B C 4. Medo de sair sozinho(a) A B C 5. Medo de estar doente em uma época que poderia estar curtindo a vida A B C 6. Sentir nervoso A B C 7. Mau humor A B C 8. Irritação A B C 9. Impaciência A B C 10. Depressão A B C 11. Dificuldade para me acalmar A B C 12. Insatisfação com a vida A B C 13. Sentir que tudo exige muito esforço A B C 14. Vergonha com a aparência A B C 15. Frustração A B C 16. Desistir facilmente das coisas A B C 17. Sentir que não vale a pena viver A B C 18. Solidão A B C 19. Desvalorização de si próprio A B C 20. Perda do controle da própria vida A B C 21. Pânico A B C 22. Preocupação com doenças A B C 23. Inquietação A B C 24. Pena de si mesmo A B C 25. Infelicidade A B C 26. Perda da independência A B C 27. Perda da autoconfiança A B C 28. Perda da concentração A B C 29. Perda da memória A B C

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Procedimento:

1. O avaliado deve ser encaminhado a um local bem iluminado e silencioso

que lhe facilite a concentração, onde haja algum apoio para escrever (mesa,

prancheta). Já no local, recebe o instrumento e uma caneta.

2. A seguir, o avaliador pede que ele indique a letra que corresponde a como

vem se sentindo ultimamente. Para isto o idoso deverá fazer um círculo na letra

escolhida em cada item.

3. Alguns exemplos devem ser dados antes de iniciar as respostas e dúvidas

podem ser sanadas pelo aplicador durante o preenchimento. É necessário ressaltar

que não existem respostas certas ou erradas, mas sim respostas que indicam como

o idoso se sente de fato.

4. Se, por acaso, o idoso não tiver condições de ler ou escrever, o aplicador

poderá anotar as respostas indicadas. Neste caso, deve-se evitar interferir nas

respostas, tentando ser o mais isento possível.

Resultado: A escala apresenta 29 itens. Cada item é avaliado segundo uma

escala de 3 pontos, a saber:

A - Não sinto isto = 2 pontos B - Sinto isto de vez em quando = 1 ponto C - Sinto isto sempre = O ponto O escore total é obtido somando-se os pontos dos 29 itens e pode variar de 0

a 58. Quanto mais elevado o escore, mais positiva é a percepção de bem-estar

do idoso.

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6.4 Recursos

6.4.1. Espaço Físico

A escolha adequada do espaço físico para a realização das atividades

garante 50% do sucesso de seu trabalho, portanto não descuide na escolha do local.

O espaço deve ser adequado para o tamanho do grupo e as características

da atividade. O local deve possuir boa iluminação, boa ventilação, temperatura

agradável. O piso (da sala, quadra, pista) deve ser adequado à prevenção de

quedas (antiderrapante, isento de buracos, livre de objetos em que se possa

tropeçar). A utilização do espaço deve favorecer boa visibilidade do professor e

audição dos comandos e orientações para as atividades.

6.4.2. Equipamentos e Materiais

É preciso lembrar sempre que o planejamento da atividade física para idosos

tem seu centro na ação pedagógica (que ocorre entre professor e alunos),

equipamentos e materiais são recursos que podem ou não estar disponíveis.

Equipamentos de última geração nem sempre são sinônimos de atendimento de

qualidade. Qualidade se obtém com um bom diagnóstico da população, escolha de

um local adequado, prescrição correta das atividades e planejamento eficiente da

execução das atividades prescritas. Caso, no planejamento, se opte pela utilização

de equipamentos e materiais, estes deverão ser escolhidos de acordo com a

atividade proposta.

Brasília: CREF/DF- FEF/UnB/GEPAFI, 2007. p. 96

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Em academias de educação física geralmente os equipamentos já estão

alocados segundo as atividades em salas específicas: de musculação, de ginástica,

de natação, etc. Já em projetos sociais e programas comunitários em campos,

parques e praças o professor precisará utilizar seus conhecimentos técnicos e sua

criatividade para desenvolver alternativas de exercícios com recursos existentes na

própria comunidade.

A utilização de materiais presentes na vida diária (sacolas de compras, rolos

de jornais, toalhas, meias, bancos, cadeiras, escadas, etc.) pode ser uma excelente

maneira de incrementar carga ao mesmo tempo em que se faz a ponte entre o

exercício e sua utilização na vida diária.

A confecção em grupo de materiais alternativos (cabos de vassoura = bastão;

garrafas pet com água ou areia = anilhas; extensores elásticos; etc.) pode ser uma

boa oportunidade para estreitar os laços entre os membros do grupo através de um

projeto em comum. Assim, as idéias, experiências e talentos de cada um poderão

ser colocados em evidência, criando espaço pedagógico no qual poderão ser

trabalhadas algumas competências sociais tais como: liderança, participação,

democracia, planejamento, organização, cidadania.

Circuitos ou outros equipamentos fixos já instalados em parques, praças e

outros espaços públicos também poderão ser utilizados dentro do planejamento de

atividades para idosos. E salões de festa, sedes sociais de clubes, salões

paroquiais, quadras cobertas, poderão transformar-se em salas de ginástica,

danças, ioga, alongamento, jogos, etc.

Dependendo da atividade, colchonetes poderão ser substituídos por toalhas

grossas, esteiras, lonas ou outras opções para tornar confortáveis e seguras as

atividades de solo.

Brasília: CREF/DF- FEF/UnB/GEPAFI, 2007. p. 97

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A música é sempre bem-vinda, pois além de ajudar a marcar ritmo, motivar e

estimular para os exercícios, ela também proporciona benefícios psicológicos sobre

o humor e cria espaço pedagógico para se trabalhar questões afetivas e emocionais

(como lembranças, saudades, medos, perdas, amor, amizade, alegria, esperança,

etc.) a partir do ritmo (que remete a uma época ou lugar) ou da letra (que explicita os

conteúdos).

Mas lembre-se a música nunca deve estar num volume acima da voz do

professor, nem deve determinar ritmos que não são os ritmos estabelecidos pela

atividade. O uso adequado do som nas aulas é de fundamental importância para o

controle da atividade por parte do professor.

6.4.3. Secretaria

Mesmo que a secretaria se resuma a uma pasta ao lado do caderno de

planos de aula na pasta do professor, há dados que precisam ser obtidos e

necessitam estar sempre à mão.

a. Agenda de endereços e telefones: da instituição responsável pela

implantação do programa, de todos os alunos e de um parente para contato em caso

de emergência. Telefones de emergência também é importante ter sempre à mão.

b. Fichas de inscrição com a anamnese de todos os alunos, que fornecem

informações úteis para o planejamento e em caso de emergência pode ajudar a

tomar atitudes mais acertadas.

c. Lista de chamada para controle de freqüência e outras anotações diárias

relativas aos alunos.

Brasília: CREF/DF- FEF/UnB/GEPAFI, 2007. p. 98

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SAFONS, M.P.; PEREIRA, M.M. Princípios Metodológicos da Atividade Física para Idosos.

d. Fichas de avaliação: úteis na hora do planejamento para o grupo,

importantíssimas na hora de orientar individualmente, além de permitir acompanhar

com base em dados objetivos a evolução dos alunos. Discutir com os alunos as

modificações nos valores de suas avaliações pode ser um instrumento muito útil

para motivar a permanência na atividade.

6.4.4. Parcerias

Podem ser decisivas para o sucesso do programa as parcerias que se

estabelecem com o poder público, instituições privadas, instituições religiosas,

Organizações não governamentais, escolas, clubes e quaisquer outras organizações

da sociedade, visando à aquisição e manutenção de espaço físico, equipamentos,

materiais, divulgação, etc.

6.5. Emergências: Primeiros Socorros

O principal objetivo de um primeiro socorro é facilitar o atendimento médico,

quando se precisa deste. Um primeiro socorro bem feito pode reduzir ou evitar

totalmente os danos de um acidente e até mesmo salvar a vida da vítima. Os

primeiros socorros terminam sempre com a entrega da vítima aos cuidados

médicos.

O tipo de primeiro socorro é determinado pelo acidente em cena, pois as

situações são muito variadas. Você pode se defrontar com todo tipo de situação:

ferimento, perda de sangue (hemorragia), queimaduras, choque elétrico, fratura,

desmaios, convulsões, parada respiratória ou parada cardíaca...

Brasília: CREF/DF- FEF/UnB/GEPAFI, 2007. p. 99

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SAFONS, M.P.; PEREIRA, M.M. Princípios Metodológicos da Atividade Física para Idosos.

Em qualquer um dos casos, os princípios ou regras gerais devem ser

rigorosamente seguidos para que se preste um primeiro socorro eficiente.

PRINCÍPIOS GERAIS NO ATENDIMENTO DE PRIMEIROS SOCORROS

Avalie a situação rapidamente, enquanto toma as primeiras medidas no

socorro à vítima. O importante nesta hora é:

• BUSCAR AJUDA ESPECIALIZADA;

• EVITAR PÂNICO;

• INSPIRAR CONFIANÇA;

• TRANSPORTAR COM CUIDADO (e, na dúvida de fratura ou ferimento grave,

NÃO TRANSPORTAR, mas sim BUSCAR O MÉDICO, chamando um serviço de

emergências).

Algumas dicas:

• Pedir a alguém que busque o médico ou o serviço de emergência médica

mais próximo do local do acidente;

• manter a calma, afastar os curiosos e agir com rapidez e segurança;

• colocar a vítima deitada de costas, com a cabeça no nível do corpo. Se o

rosto começar a ficar congestionado (vermelho), elevar a cabeça, colocando

um pano embaixo;

• se tiver vômitos, virar a cabeça da vítima para um dos lados. Isso evita que o

vômito chegue aos pulmões;

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SAFONS, M.P.; PEREIRA, M.M. Princípios Metodológicos da Atividade Física para Idosos.

• se estiver inconsciente, retirar comida, lama ou outros objetos da boca e

colocar a cabeça de lado, tudo com o objetivo de evitar sufocação;

• desapertar a roupas e tirar os sapatos, cintos, gravata ou qualquer outra coisa

que possa prejudicar a circulação;

• não remover a vítima enquanto não tiver uma idéia precisa da natureza e

extensão de seus ferimentos e sem antes prestar os primeiros socorros;

• em caso de suspeita de fraturas ou luxações, não fazer massagens, nem

mudar a posição da vítima: imobilize o local atingido na posição em que

estiver e aguarde ajuda especializada chegar;

• evitar fazer a vítima sentar ou levantar;

• verificar o estado da vítima, se precisar remover a roupa faça-o da maneira

mais prática possível e não hesite em rasgar ou cortar o que achar

necessário;

• não dar de beber à pessoa inconsciente;

• nunca dar bebidas alcoólicas a um acidentado;

• em caso de queimadura, não aplicar óleo, pasta de dente, algodão, tecidos

felpudos ou qualquer outra coisa. Colocar pano limpo, úmido, sobre a área

queimada e levar ao hospital;

• não mexer em ferimentos com sangue já coagulado;

• acalmar a vítima e desviar sua atenção dos ferimentos.

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6.6. Reflexões Finais

Chegamos ao final desta jornada. Nesta última unidade você estudou

questões específicas relacionadas ao trabalho diário do professor.

Como tarefa de auto-avaliação procure completar o plano de curso nos

moldes estudados na Unidade 2, prevendo os conteúdos, estratégias, materiais e

avaliação, tudo de acordo com o que você acaba de estudar.

De posse deste Plano de Curso, elabore um plano de aula para o primeiro dia

de aula de um grupo de idosos sob sua responsabilidade. Pense na situação real de

primeiro dia: apresentação da atividade, aula inicial com o objetivo de conhecer os

alunos e conquistar sua adesão, dinâmica de apresentação para que eles se

conheçam, etc. Lembre-se de colocar o nome da atividade, intensidade, duração e

freqüência com que pretende trabalhar. Escreva também um parágrafo a respeito

dos riscos que você espera encontrar e como pretende preveni-los.

Agora faça uma reflexão: você se sente um professor diferente ao final deste

estudo?

Parabéns pelo esforço, pela dedicação, pela persistência. É de gente assim

que os idosos precisam para orientá-los.

Se desejar, redija uma ou duas páginas, destacando os conteúdos que achou

mais importantes para seu aperfeiçoamento no trabalho com idosos, e envie aos

autores.

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