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Serviços de Saúde Pública na Europa - Organização Bruno Castro – ULSAM Março de 2016, Porto Administração Regional de Saúde do Norte Coordenação do Internato Médico de Saúde Pública

Serviços de Saúde Pública na Europa: Organização

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Serviços de Saúde Pública na Europa - Organização

Bruno Castro – ULSAMMarço de 2016, Porto

Administração Regional de Saúde do NorteCoordenação do Internato Médico de Saúde Pública

“… medicine is a social science, and politics is nothing else but medicine on a large scale”

Rudolph Virchow (1821-1892)

Temas a abordar Introdução

A evolução da Saúde Pública europeia A organização geral europeia As bases da Saúde Pública

O novo contexto da Saúde Pública A transição epidemiológica A revolução tecnológica A exigência de novas competências A “causa da causa” O papel do Estado O gap nos acessos à saúde

O rumo a tomar A execução

A evolução da Saúde Pública europeia

A evolução da Saúde Pública europeia

A definição de Saúde Pública tem sofrido alterações concomitantes com as alterações das populações e dos determinantes de saúde.

A primeira definição conhecida deriva do conceito de “saúde” da OMS (1948): “… um estado de completo bem estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença”.

Antes de 1992, não havia base legal para políticas europeias de Saúde Pública

1957Tratado de Roma

1986Acto Único Europeu

1992Tratado de Maastricht

2003Tratado de Nice

2009Tratado de Lisboa

A organização geral A organização da Saúde Pública varia de país para país, com diferentes

abordagens e orientações. Seis domínios são comuns a todos os estados-membro:

Liderança e governação Estruturas organizacionais Recursos financeiros Workforce Parcerias Desenvolvimento de conhecimento

A organização geral Abordagem centralizada vs abordagem descentralizada

Estruturas de Saúde Pública Exemplos:

Chipre – uma rede de hospitais, centros de saúde e extensões; a maior parte das funções administrativas e regulatórias têm execução estatal; níveis locais coordenados com administração central; gestão pelo Departamento Médico de Saúde Pública

Eslováquia – na transição comum a alguns países de Leste. Educação para a Saúde e Promoção da Saúde iniciaram em 1995. Aguarda-se uma maior harmonização com os outros estados-membro

Centralizada DescentralizadaBulgária, Chipre, República Checa, Estonia, França, Grécia, Hungria, Irlanda, Letónia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Holanda, Polónia, Portugal, Roménia, Eslováquia, Eslovénia

Áustria, Bélgica, Finlândia, Alemanha, Itália, Espanha, Suécia, Reino Unido, Dinamarca

A organização geral

O impacto da crise financeira mundial Grécia: na assinatura do memorandum com a EU, ficaram vincados os cortes

nas despesas com a saúde, incluindo a saúde pública. Letónia: a atravessar uma crise administrativa marcada, o governo efectuou

cortes volumosos de recursos para a saúde em 2008.

A existência de parcerias Alemanha: sistema de saúde com legislação federal e governamental a nível

local e regional. Foram criadas “health boards” com a participação de todos os accionistas do Sistema de Saúde para se discutir e legislar os principais assuntos da saúde do país, promovendo um pluralismo desse sector.

Polónia: durante o período 2007-2015, o Programa Nacional de Saúde que define as estratégias relativas a saúde pública envolveu mais de 30 organizações, desde agentes governamentais a civis.

As bases da Saúde Pública Todas as organizações obedecem a princípios básicos, as denominadas

Funções Essenciais da Saúde Pública, datadas de 2009, mas rectificadas pela OMS em 2012: 1) Vigilância da saúde das populações 2) Monitorização da resposta a emergências e catástrofes 3) Protecção da saúde (ocupacional, ambiental…) 4) Promoção da saúde 5) Prevenção de doenças (rastreios precoces…) 6) Assegurar gestão para a saúde e bem-estar das populações 7) Assegurar uma workforce competente 8) Assegurar uma sustentabilidade das organizações e estruturas 9) Apoio, comunicação e mobilização social para a saúde 10) Desenvolver investigação em saúde pública para informar a política

O novo contexto da Saúde Pública

A Saúde Pública europeia deve manter-se num estado de fluxo contínuo, à medida que as ameaças e as potenciais respostas para as mesmas vão sofrendo alterações.

Existe um grande risco de estagnação, comprometendo a saúde das comunidades.

Seis novos ramos/desafios colocam-se à Saúde Pública europeia actual: 1)A Transição Epidemiológica 2) A revolução tecnológica 3) A necessidade de melhorar skills 4) A procura da “causa da causa” 5) O novo papel do Estado 6) O gap no acesso aos cuidados de saúde

1) Transição Epidemiológica

Muitos foram os sucessos da Saúde Pública na prevenção e extinção das doenças infeciosas.

O flagelo das novas “doenças não comunicáveis” ou “lifestyle diseases”: obesidade, doença mental, diabetes, tabagismo…

A necessidade de uma resposta coordenada que vise atacar preço, marketing e disponibilidade de produtos prejudiciais à saúde (educação para a saúde por si só é insuficiente)

A Saúde Pública beneficia da facilidade de acesso a informação nos dias de hoje (ex: a utilização de SMS’s para ajuda na cessação tabágica)

Contudo, estes meios são utilizados maioritariamente para aperfeiçoar marketing, promovendo inúmeras vezes artigos prejudiciais à saúde.

A Saúde Pública ainda tem uma resposta muito escassa contra este tipo de estratégias comerciais, falhando em cortar o elo entre o marketing e o consumidor.

2) A Revolução Tecnológica

A multiplicidade de novas ameaças, exige profissionais altamente especializados.

Políticas de controlo do alcoolismo devem abranger áreas como a epidemiologia, estatística, sociologia e economia.

A importância da multidisciplinariedade como área de formação

Fundamental que haja vontade política para a sua total aplicação

3) Melhorar as competências da workforce

Tradicionalmente preocupada com a causa imediata da doença, a Saúde Pública deve agora procurar causas mais distais.

Hill (1965): “… na ausência de exposição dos indivíduos a um factor de risco, será necessária mais informação para podermos inferir acerca da causa da doença”.

Os determinantes sociais de saúde: a distribuição de recursos, o sistema de impostos.

As multinacionais são vistas como os vectores da actualidade (Geneau, Stuckler et al. 2010)

4) Procura da “causa da causa”

Crise financeira mundial iniciou-se em 2007

Fracassos governamentais encobertos por motivos como a imigração e a austeridade (Rachel, Mladovsky et al. 2013)

Aumento de desigualdades sociais e exclusão

A necessidade de envolver todos os níveis de cuidados

A vertente política da Saúde Pública

5) O novo papel do Estado

Países ainda não se mostram preparados para o aumento da esperança média de vida e o que ele acarreta

Suécia e Noruega lideram a área das políticas de saúde pública, enquanto países da ex-URSS atrasam-se.

A comunidade europeia deve trabalhar em conjunto para diminuir as assimetrias dentro do continente.

6) O gap no acesso aos cuidados de saúde

O rumo a tomar

Com as flutuações sociais e políticas recentes, a Europa e, com ela a Saúde Pública, devem estar preparadas para responder.

Melhorar o conhecimento de base, compreendendo a diversidade e organização dos outros sistemas é essencial

O ataque às desigualdades no acesso à saúde avizinha-se um grande desafio

Fundamental o estabelecimento de acordos internacionais e transversais (ex: Programa Europeu contra a Obesidade, IHR…)

Gerir as implicações da crise financeira actual

Um alargar do campo da Saúde Pública que abranja sustentabilidade, justiça social e política

A execução

Governos devem aceitar a responsabilidade de assegurar a saúde das suas populações Health 2020, Plano de Fortalecimento da Saúde Pública

Necessária liderança estratégica, fortalecimento de parcerias e compreensão dos flagelos do novo século

Compete-nos também a nós agir…

ACÇÃO!

A execução

Muito obrigado pela atenção dispensada.

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