264
Eric Hollander Daphne Simeon

Transtornos de ansiedade

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Transtornos de ansiedade

Eric HollanderDaphne Simeon

Page 2: Transtornos de ansiedade

Catalogacao na publlcacao: Monica Ballejo Canto - CRB10/1023

CDU616.89-009.441

1.Psiquiatria - Transtomo de ansiedade. 1. Simeon,Daphne. II. Tftulo.

Editado tambem como livro impresso em 2004.ISBN978-85-363-1618-5

Hollander; Eric.Transtomos de ansiedade [recurso eletronico] / Eric

Hollander e Daphne Simeon ; traducao Magda FrancaLopes. - Dados eletronicos. - Porto Alegre: Artmed, 2008.

H734t

A medicina e uma ciAncia em constante evolucao. Conforme novas pesquisase estudos clfnicos ampliam nosso conhecimento, tazem-se necessanas rnudan­cas no tratamento e na tarmacoterapia. as autores e 0 editor deste trabalhopesquisaram junto a tontes fidedignas, a lim de proporcionar mtormacoes compte­tas e condizentes com os paoroes aceitos na ocasiao da pubucacao, No entanto,tais intormacoes poderao ser suscetlveis de muoancas em funcao dos avances naarea. Recomenda·se ao leitor que se intere da bula e do receituano dos medea­mentos conforme instrucoes do tabneante atualmente em vigor. Essa recornenda­gao e especialmente importante em rela98.oaos tarmacos novos ou raramenteempregados.

ADVERTENCIA

Page 3: Transtornos de ansiedade

2008

Versao impressadesta obra: 2004

Consultoria, supervislio e revislio tecnica desta edi~lio:Gisele Gus Manfro

Medica do ServifO de Psiquiatria do Hospital de Clinicasde Porto Alegre. Professora do Programa de P6s-Graduafuo

em Ciendas Medicas: Psiquiatria, da UFRGS.Doutora em Ciendas Biol6gicas: Bioquimica, pela UFRGS.

Tradueao:Magda Franca Lopes

Eric Hollander, M.D.Director of Clinical Psychopharmacology

Director, Compulsive, Impulsive and Anxiety Disorders ProgramDepartment of Psychiatry

Mount Sinai School of Medicine, New York, New York

Daphne Simeon, M.D.Associate Professor

Department of PsychiatryMount Sinai School of Medicine, New York, New York

Transtornosde

Ansiedade

Page 4: Transtornos de ansiedade

IMPRESSO NO BRASn.PRINTED IN BRAZIL

SAC0800 703·3444

SAO PAULOAv.Angelica, 1091 . Higienopolis01227·100 Sao Paulo SPFone (11) 3665·1100 Fax(11) 3667·1333

E proibida a duplicacao ou reproducao deste volume, no todo ou em parte,sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletronico, mecanico, gravacao,fotocopia, distribuicao na Web e outros), sem permissao expressa da Editora.

Reservados todos os direiros de publicacao, em lingua portuguesa, aAR1MED~EDITORASAAv.Jerenimo de Ornelas, 670 - Santana90040·340 Porto Alegre RSFone (51) 3027·7000 Fax(51) 3027·7070

Design de capaFlavio WildAssistente de designGUSl'aYODemarchi

Preparacao do originalPriscila Michel Porcher

Leitura finalKatia Vit6ria Santos

Supervisao editorialClaudia Bittencourr

Projeto grafico e ediroracao eletronicaArmazem Digital Edirorafiio Elerronica - rcmv

Primeira edicao publicada nos Estados Unidos por American PsychiatricPublishing, Inc., Washington D.C.© 2003 Todos os direitos reservados.

First published in the United States by American Psychiatric Publishing, Inc.,Washington D.C.© 2003 All rigths reserved.

Obra de Eric Hollander e Daphne Simeon, sob 0 titulo "Concise Guide toAnxiety Disorders" ISBN 1-58562-080-7

Page 5: Transtornos de ansiedade

Agradecemos a Dorothy Nelson, B.S.,por sua ajuda neste projeto.

AGRADECIMENTOS

Page 6: Transtornos de ansiedade

Os transtornos de ansiedade sao as enfermidades psiquia­tricas mais comuns e resultam em comprometimento e sofrimen­to funcionais consideraveis. Os desenvolvimentos da pesquisa re­cente tern tido urn amplo impacto sobre 0 nosso entendimentodos mecanismos basicos da enfermidade e da resposta ao trata­mento. Uma explosao de pesquisa conduziu a desenvolvimentosdrarnaticos no entendimento e no alivio de varias formas de ansi­edade e transformou esse grupo de transtornos em urn campoempolgante da psiquiatria modema. Trabalhar com pacientes quetern urn transtorno de ansiedade pode ser extrernamente gratifi­cante para 0 psiquiatra informado, porque esses pacientes, queexperimentam urn grande sofrimento e freqiientemente tern variesgraus de disfuncionalidade, em geral respondem ao tratamentoadequado e conseguern urn myel mais elevado de funcionamentoe tarnbern de satisfacao na vida. Os principais transtornos de an­siedade tratados neste livro sao 0 transtomo de panico, 0 trans­tomo de ansiedade generalizada, a fobia social, as fobias especi­ficas, 0 transtomo obsessivo-compulsivoe 0 transtomo de estressepos-traumatico. Empenhamo-nos para apresentar resumosabrangentes de epidemiologia e co-morbidade, diagn6stico e diag­n6stico diferencial, teorias bioI6gicas e psicoI6gicas, e, finalmen­te, tratamento por meio de medicacao, psicoterapia ou aborda­gens combinadas. Nosso objetivo foi tornar cada capitulo con­ciso, facil de Ier e, ao mesmo tempo, completo em seu escopo,apresentando as referencias mais recentes.

PREFAclO

Page 7: Transtornos de ansiedade

3. Curso e prognostico 81Transtomo de paruco 81Transtorno de ansiedade generalizada 84

2. Diagnostico e diagnostico diferencial 39Diagnosticando os transtornos de ansiedade 39

Transtomo de panico 39Transtorno de ansiedade generalizada 4SFobias 46Fobia social S1Fobia especifica S2Transtorno obsessivo-compulsivo S3Transtorno de estresse pos-traumatico S9

Diagnostico diferencial 63Transtorno de panico 63Transtorno de ansiedade generalizada 69Fobia social 70Transtorno obsessivo-compulsivo 72Transtorno de estresse pos-traumatico 73

Referencias bibliograficas 77

1. Epldemlologia 19Transtomo de panico. 19Transtorno de ansiedade generalizada 21Fobias especificas e agorafo bia 23Fobia social 24Transtorno obsessivo-compulsivo 27Transtomo de estresse pos-traurnatico 29Referencias bibliograficas 33

SUMARIO

Page 8: Transtornos de ansiedade

4. Teorias biol6gicas 95Transtomo de panico 95

Sistema simpatico 96Sistema GABA-benzodiazepinicos 98S· t toni , . 99IS ema sero orunergico .Eixo hipotalamo-hipofise-adrenal 100Modelo de lactato de s6dio panicogenico 100Teoria da hipersensibilidade ao di6xido de carbono. 101Neurocircuito do medo 103Genetica 104

Transtomo de ansiedade generalizada 105Fobia social 108

Neuroquimica 108Estudos de imagens 109Genetica 110

Fobia espedfica 112Transtomo obsessivo-compulsivo 113

Sistema serotoninergico 114Outros sistemas neuroqulrnicos 115As imagens e 0 circuito dos gangliosorbitofrontal-llmbico-basais 116

Modelo neuroeto16gico 118Processos auto-imunes 118Genetica 119

Transtomo de estresse pos-traumatico 120Sistema simpatico 121Sistema serotoninergico 122Eixo hipotalamo-hipofise-adrenal 123Sistema opi6ide end6geno 123Estudos de imagens 124Genetica 125

Referencias bibliograficas 126

Fobia social 85Fobia especffica 87Transtomo obsessive-compulsive 87Transtomo de estresse pos-traumatico 89

Referencias bibliograficas 91

10 Sumario

Page 9: Transtornos de ansiedade

6. Tratamentos somatleos 165Transtomo de panico 165

Antidepressivos triclclicos 166lnibidores da recaptacao de serotonina 168Inibidores da monoarninoxidase 171Benzodiazepinicos 171Outros medicamentos 174Prognostico e curso do tratamento 176

Transtorno de ansiedade generalizada 176Ansioliticos 178Antidepressivos 180Outros medicamentos 182

Fobia socialOs beta-bloqueadores na ansiedade de desempenholnibidores da monoarninoxidase 184

5. Teorias psicol6gicas 143Transtomo de panico e transtornode ansiedade generalizada 143Teorias psicodinamicas 143Teorias comportamentais 148Teorias cognitivas 150

Fobia socialTeorias psicodinamicas 152Teorias comportamentais 152Teorias cognitivas 153

Fobias espedficas 154Teorias psicodinamicas 154Teorias comportamentais 155

Transtorno obsessive-compulsive 156Teorias psicodinamicas 156Teorias comportamentais 157Teorias cognitivas 157

Transtomo de estresse pos-traumatico 158Teorias psicodinamicas 158Teorias comportamentais 159Teorias cognitivas 159

Referencias bibliograficas 160

Sumario 11

Page 10: Transtornos de ansiedade

7. Tratamentos psicoterapiccs 223Transtomo de panico 223P · t . . di . 223SICO erapia PSICO inarmca .

Psicoterapia de apoio 224Terapia cognitiva e comportamental 225

Transtorno de ansiedade generalizada 227Fobia social 229

Terapia cognitiva e comportamental 229Outras psicoterapias 231

Fobia espedfica: terapia comportamental 232Transtomo obsessivo-compulsivo 232

Terapia comportamental 232Terapia cognitiva 235Outras psicoterapias 235

Transtomo de estresse pos-traumatico 236Prindpios psicoterapeuticos gerais 236Terapias cognitiva e comportamental 238Outros tratamentos 240

Referencias bibliograficas 240

Benzodiazeplnicos 186Inibidores se1etivos da recaptacao de serotonina 186Outros medicamentos 187

Fobia especifica 188Transtomo obsessive-compulsive 188

Clomipramina 189Inibidores se1etivos da recaptacao de serotonina 191Estrategias de complementacao 193Tratamento do transtornoobsessivo-compulsivo refratario 197

Preditores e curso do tratamento 198Transtorno de estresse pos-traumatico 199

Bloqueadores adrenergicos 199Antidepressivos tricfclicos 201Inibidores da monoarninoxidase 202Inibidores se1etivos da recaptacao de serotonina 203Estabilizadores do humor e anticonvulsivantes 204Outros medicamentos 204Outros tratamentos somaticos 205

Referencias bibliograficas 206

12 Sumario

Page 11: Transtornos de ansiedade

indice 261

8. Selecionando e combinando tratamentos 247Transtomo de panico 250Transtomo de ansiedade generalizada 252Fobia social 253Transtomo obsessivo-compulsivo 253Transtomo de estresse pos-traumatico 254Avaliando a resposta ao tratamento 254Referencias 257

Sumario 13

Page 12: Transtornos de ansiedade

2. Diagnostico e diagnostico diferencial 39Criterios do DSM-IV-TRpara 0

ataque de panico 40Criterios do DSM-IV-TRpara 0transtorno de panico com agorafobia 41

Criterios do DSM-IV-TRpara 0transtorno de panico sem agorafobia 42

Criterios do DSM-IV-TRpara 0transtorno de ansiedade generalizada 47

Criterios do DSM-IV-TRpara agorafobia semhi t" d tr t de oani 48lS onco e ans orno e panico .

Criterios do DSM-IV-TRpara a fobia social.. 49Criterios do DSM-IV-TRpara a fobia espedfica 50Criterios do DSM-IV-TRpara 0

transtorno obsessivo-compulsivo 54Criterios do DSM-IV-TRpara 0

transtorno de estresse pos-traumatico 60Diagn6stico diferencial do transtorno de panico 63Diagn6stico diferencial do transtorno deansiedade generalizada 70

Diagn6stico diferencial da fobia social.. 72

1. Epldemlologla 19Prevalencia aproximada ao longo da vida, proporcaoentre os generos e co-morbidades comuns para osprincipais transtornos de ansiedade 20

Fatores de risco para a fobia social 27Fatores de risco para 0 TEPT 31

LISTA DE TABELAS

Page 13: Transtornos de ansiedade

6. Tratamentos scmatlccs 155Tratamento farmacol6gico do transtornode panico 166

Tratamento farmacologico do transtornode ansiedade generalizada 177

Tratamento farmacologico da fobia social 183Tratamento farmacologico do transtornoobsessivo-compulsivo 190

Tratamento farmacol6gico do transtornode estresse pos-traumatico 200

5. Teorias psicologicas 143Esquemas cognitivos caracterfsticos do transtornode ansiedade generalizada 151

Mecanismos comportamentais e cognitivosna fobia social 154

4. Teorias biologicas 95Modelos biol6gicos do transtorno de panico 96Modelos biol6gicos do transtornode ansiedade generalizada 106

Modelos biol6gicos da fobia social 111Modelos biol6gicos do transtornoobsessivo-compulsivo 114

Modelos biol6gicos do transtornode estresse pos-traumatico 121

3. Curso e prognostico 81Curso e progn6stico do transtorno de panico 82Curso e prognostico da fobia social 86Curso e prognostico do transtornoobsessivo-compulsivo 88

Curso e prognostico do transtornode estresse pos-tra umatico 90

Diagn6stico diferencial do transtornoobsessivo-compulsivo 74

Diagn6stico diferencial do transtornode estresse pos-traumatico 77

16 tlsta de TabeJas

Page 14: Transtornos de ansiedade

7. Tratamentos pslccterapicos 223Abordagenscognitivas e comportamentaispara 0 tratamento do transtomo de panico 227

Abordagenscognitivas e comportamentaispara 0 tratamento do transtornode ansiedade generalizada 228

Abordagenscognitivas e comportamentaispara 0 tratamento da fobia social 229

Abordagenscognitivas e comportamentaispara 0 tratamento do transtornoobsessivo-compulsivo 235

Abordagenscognitivas e comportamentaispara 0 tratamento do transtornode estresse pos-traumatico 240

Lista de Tabelas 17

Page 15: Transtornos de ansiedade

Os transtomos de ansiedade foram todos incluidos em nos­sos grandes estudos epidemiologicos nacionais de doencas men­tais durante os anos 1982-2002, e por isso podemos estar bastan­te confiantes com relacao as estimativas de prevalencia dessestranstornos na populacao geral dos Estados Unidos. Em um estu­do anterior, 0 do Nationallnstitute ofMental Health EpidemiologicCatchment Area CECA), os pesquisadores examinaram aprevalencia da populacao com transtomos de ansiedade em cin­co locais, tendo como base os criterios do DSM-III (AmericanPsychiatric Association, 1980) e usando 0 Diagnostic InterviewSchedule (DIS) (Regier et al., 1988). As taxas de prevalencia aolongo de urn mes, seis meses e da vida toda para 0 transtomo depanico foram, respectivamente, 0,5%, 0,8% e 1,6%. As mulheresapresentaram urn indice de prevalencia ao longo de urn mes de0,7%, que foi significativamente mais elevado do que 0 Indice de0,3% encontrado entre os homens; as mulheres tambem tende­ram a apresentar urn maior aumento no transtorno de panicoentre os 25 e os 44 anos de idade, e seus ataques tendiam a per­durar mais tempo ate a idade avancada (Regier et al., 1988).Estudo epidemiol6gico mais recente usando os criterios do DSM­III-R (American Psychiatric Association, 1987) encontrou urnaprevalencia para 0 transtorno de panico de 3,50/0 ao longo da

• TRANSTORNO DE pANICO

Os destaques da epidemiologia dos transtomos de ansieda­de, incluindo prevalencia, proporcao por sexo e co-rnorbidade,estao resumidos na Tabela 1.1.

EPIDEMIOLOGIA

Page 16: Transtornos de ansiedade

I­a..urI-

(\J

o.!.!c-CISc.

o

(\J

Q)

o'1&enl!!c.Q)o

Q)E....

~Eoenoc....s~-

1\

~ ~-<110Q) E-0::1CIS.s::.- 0g-o<Q) en-00c: E:g_gQ) en-o[ij~.::..... ~o CIS.~eo

~ .~Q) en> Q)(\J No Q)o >en</:)ere/)

.8c""c.Q)-0oEo1iics

(\J(\J

1\

ene:;oo'1&en!!?c.Q)o

Q)-g-0.91enc:CISQ)-0enoEo1iic:e-

oEoinc~

'0"~.!!!uc<CDiiiee,

<hsEoU<h0)""0<tI:2-eo~0)

i20)c<0)Cl

s~5S

20 Hollander & Simeon

Page 17: Transtornos de ansiedade

Os achados sobre 0 transtorno de ansiedade generalizada(TAG)do estudo da ECAdevern ser interpretados com cautela,porque este transtorno s6 foi avaliado na segunda parte do estu­do e somente em rres dos cinco locais. Alem disso, os criterios doDIS que foram usados para fazer 0 diagnosrico, em concordanciacom 0 DSM-IIl, requeriam urn total de apenas tres sintomassornaticos e somente urn mes de duracao da doenca, podendo

• TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA

vida toda e de 2,3% ao longo de urn ano (Kessler et al., 1994).Maisuma vez, as mulheres apresentaram uma probabilidade maiorque 0 dobro (5%) da dos homens (2%) de terem experirnentadotranstomo de panico durante a vida.

A relacao entre transtomo de panico e depressao maior ternsido exarninada em muitos estudos, pois e fato conhecido que osdois em geral ocorrem juntos. Urn estudo familiar recente encon­trou que transtomo de panico e depressao maior sao transtomosclaramente distintos - apesar de sua substancial ocorrencia con­junta - e 0 panico co-morbido com a depressao maior nao se se­grega nas famflias como urn transtorno distinto (Weissman et al.,1993).

Nao foi claramente estabelecido se tipos especificos de per­sonalidade estao correlacionados com transtorno de panico, eos estudos confundem rnais ainda porque a presenca de trans­torno de panico pode ter efeitos secundarios na personalidade.Noyes e colaboradores (1991) conduziram estudos de seguimentoda personalidade de pacientes com transtorno de panico queforam tratados durante tres anos e descobrirarn que os tracesiniciais de esquiva e de dependencia eram, em grande parte,relacionados ao panico e desapareciam com seu tratamento. Poroutro lado, a experiencia conduz muitos clinicos a achar que ospacientes com agorafobia e panico tern maior probabilidade deapresentar hist6rias de traces de carater dependente que ante­cedem ao infcio do panico. Essa associacao e urn tema diffcil deestudar, porque a pesquisa requereria urn delinearnento longi­tudinal avaliando a personalidade basal antes do inicio dos trans­tornos do Eixo I; consequentemente, nao temos respostas de­finitivas .

Transtornos de Ansiedade 21

Page 18: Transtornos de ansiedade

haver, por isso, wna superestimacao segundo os criterios atuais,As taxas de prevalencia ao longo de urn ano para os tres locaiscombinados foram de 3,8% sem quaisquer exclusoes, 2,7% quan­do excluidos panico ou depressao maior concornitantes e 1,7%quando excluidosquaisquer outros diagnosticos do DSM-III.Quan­do foram excluidos 0 panico e a depressao maior, a prevalenciaao longo de toda a vida variou de 4,1 a 6,6%, dependendo dolugar. Em geral, as taxas foram mais elevadas nas mulheres (Blazeret aI., 1991).

Outro grande estudo epidernio16gico,aNational ComorbiditySurvey (NCS), avaliou 0 TAGdo DSM-III-Re encontrou que eletinha uma prevalencia atual (em 2002) de 3,1% e uma prevalenciade 5,1% ao longo da vida em pessoas com 15 a 45 anos de idade,era duas vezes mais comum em mulheres e tinha uma co­morbidade muito elevada, de 90%, com urn espectro amplo deoutros transtornos psiquiatricos ao longo da vida (Kessler et al.,1994). Mesmo assim, a prevalencia e os padroes de co-morbidadedo TAGatual ap6iam sua conceiruacao como urn transtorno dis­tinto (Wittchen et al., 1994). Estudos mais recentes seguindo oscriterios do DSM-IV (American Psychiatric Association, 1994)(Carter et aI., 2001) confirmaram uma epidemiologia similar parao TAG,com uma prevalencia de 1,5% ao longo de um ano paraTAGpropriamente dito e 3,6% para TAG com sintomatologiasublirniar. Taxas mais elevadas do transtorno foram encontradasem mulheres (2,7%) e em pessoas idosas (2,2%). Urn grau eleva­do de co-morbidade foi novamente confirmado: 59% para de­pressao maior e 56% para outros transtornos de ansiedade.

Apesar de sua co-morbidade elevada com outros transtor­nos de ansiedade e do humor, tem-se tornado cada vez mais evi­dente, nos ultimos anos, que 0 TAGesta caracterizado como umtranstorno com inicio, curso, comprometimento e progn6sticodistintos. Dados epidemio16gicostern revelado que 0 TAGe a de­pressao mostram, cada um, suas pr6prias associacoes estatistica­mente importantes e independentes com 0 prejuizo - de magni­tude praticamente igual - que nao podem ser responsabilizadaspelas variaveis de co-morbidade ou sociodemograficas (Kessleret al., 1999a). Segundo alguns indices de qualidade de vida, osindividuos com TAGsem co-morbidades realmente se sentem piordo que aqueles com depressao maior nao associada a outra con­dit;ao m6rbida (Wittchen et al., 2000).

22 Hollander & Simeon

Page 19: Transtornos de ansiedade

No estudo da ECA,encontrou-se que as fobias, como grupo,sao 0 transtomo psiquiatrico mais comurn atualmente, com indi­ces de prevalencia de cerca de 6% ao longo de urn mes, cerca de8% ao longo de seis meses e de 12,5% ao longo de toda a vida(Regier et al., 1988). As fobias especificas foram as mais freqiien­tes (indice de prevalencia de 11,3% ao longo da vida), seguidaspela agorafobia (5,6%) e pela fobia social (2,7%). As medias deidade no inicio da doenca foram de 15 anos para as fobias especi­ficas, 16 anos para a fobia social e 29 anos para a agorafobia. Asfobias eram extrernamente co-m6rbidas urna em relacao a outrae, apesar de urn comprometimento funcional importante, somen­te uma minoria dos individuos entrevistados havia buscado ajudaprofissional.

Na NCS mais recente (Kessler et aI., 1994; Magee et al.,1996), que empregou os criterios do DSM-III-R,as fobias especi­ficas tiveram a mesma prevalencia ao longo da vida toda (11,3%)que no estudo da EGA As fobias especfficas foram mais comunsem mulheres do que em homens (14,5 versus 7,8%). Em urn estu­do comunitario de adolescentes, notou-se que a prevalencia defobias especlficas foi 3,5% mais alta nas garotas do que nos rapa­zes; tambern foi observada urna notavel co-morbidade com trans­tornos depressivos e somatoformes em cerca de urn terce da amos­tra (Essau et al., 2000). E comurn que os individuos nunca bus­quem tratamento para este transtomo.

• FOBIAS ESPECIFICAS E AGORAFOBIA

Com relacao a co-morbidade do Eixo IT,os tipos de persona­lidade dos pacientes com TAGainda nao foram bern caracteriza­dos. Urnestudo relatou que cerca de urn terce dos pacientes comTAGtambem tinha urn transtorno da personalidade do DSM-Ill,eo mais comurn era 0 transtomo da personalidade dependence(Noyes et al., 1987). 0 transtomo da personalidade esquiva tam­bern pode ser comurn no TAG(Mavissakalian et al., 1993). Noentanto, como acontece com 0 transtomo de panico, permaneceobscuro se esses transtomos da personalidade sao primaries ouconsequentes do proprio transtorno. Niveis elevados de desconfi­anca e raiva tambern foram relatados neste transtorno (Mavis­sakalian et al., 1993).

Transtornos de Ansiedade 23

Page 20: Transtornos de ansiedade

o primeiro estudo epidemiologico (ECA) encontrou urnabaixa prevalencia de fobia social, urn indice de 2,8% ao longo davida toda (Schneier et al., 1992). No entanto, a avaliacao de fo­bia social foi incornpleta e esse indice passou a ser urna estimati­va rnuito baixa. Subsequentemente, a NCS identificou urnaprevalencia de 13,3% ao longo de toda a vida e de 7,9% ao longode urn ano (Magee et ai., 1996). Desses indivfduos, cerca de urnterce relatou exclusivamente rnedo de falar em publico, urn tercetinha pelo rnenos um medo social adicional e urn terce apresen-

• FOBIA SOCIAL

Os achados sobre agorafobia na NCS (Kessler et al., 1994)forarn sirnilares aqueles do estudo da ECA,com urna prevalenciade 6,7% ao longo de toda a vida e de 2,3% ao longo de um mes;a agorafobia foi rnais comurn em mulheres (7,9%) do que emhornens (3,2%). Acredita-se que a agorafobia na ausencia de trans­tomo de panico e tradicionalmente rara; por isso, para os propo­sitos deste volume, a agorafobia e discutida dentro do topico detranstomo de panico. A agorafobia sern historia de transtomo depanico e raramente encontrada no cenario clfnico, dado com 0qual a maioria dos estudos e dos profissionais concorda. Na ver­dade, alguns investigadores acreditarn que urn ataque de panicoinicial, ainda que rernoto ou esquecido, e urn pre-requisito neces­sario para 0 desenvolvimento de agorafobia. No entanto, essaconclusao e controversa. Por exemplo, em urna serie de casos queestudou pacientes que tinham transtorno de panico acompanha­do de agorafobia, 23% dos pacientes relataram que a agorafobiaprecedeu 0 ataque de panico inicial, ernbora vieses retrospectivospossarn questionar esse achado (Lelliott et al., 1989). Mais nota­vel e a alta prevalencia de agorafobia sern panico relatada emarnostras epidemiologicas, 0 achado do estudo da ECAconcluiuque a rnaioria dos novos casos de agorafobia (cerca de dois ter­cos) ocorreu sern urna historia de ataques de panico (Eaton eKeyl, 1990). Esse achado discrepante pode, pelo rnenos em par­te, ser responsavel por um limiar de severidade excessivamentebaixo e por deficiencias no diagn6stico diferencial nas avaliacoesepiderniol6gicas.

24 Hollander & Simeon

Page 21: Transtornos de ansiedade

tava medos multiples que 0 qualificava para 0 tipo generalizadode fobia social. Observou-se que a fobia social generalizada emaispersistente, comprometedora e co-morbida do que 0 tipo especi­fico de fobia de falar em publico. Entretanto, os dois tipos naodiferiram na idade de inicio da manifestacao, na historia familiare em algumas variaveis sociodemograficas (Kessler et al., 1998).Emuma grande pesquisa epidemiologica de fobia social, Schneiere colaboradores (1992) descreveram que 70% das pessoas comfobia social eram mulheres. A media de idade no inicio da mani­festacao era de 15 anos e havia urna morbidade substancial asso­ciada, incluindo maior dependencia financeira e mais ideacaosuicida do que em individuos sem fobia social. Similarmente, emuma amostra de gemeas adolescentes baseada na populacao, ve­rificou-se que a prevalencia da fobia social ao longo da vida foide 16% (Nelson et al., 2000), e aquelas que ja preenchiam crite­rios diagnosticos de fobia social portavam urn risco tres vezesmaior de depressao maior co-morbida e urn risco duas vezes maiorde dependencia de alcool. A fobia social com depressao co-mer­bida foi associada a urn risco elevado de problemas com alcool eintencoes suicidas. Estudos epidemiologicos tern encontrado con­sistentemente urna co-morbidade importante entre a fobia socialao longo da vida e varies transtornos do humor, com urn risco deaproximadamente tres a seis vezes maior de distimia, depressaoe transtorno bipolar (Kessler et aI., 1999b). Quase sempre, a fo­bia social antecede 0 transtorno do humor e e urn preditor naosomente de maior probabilidade, mas tambern de maior gravida­de e cronicidade de futuro transtorno do humor.

Afobia social dos pais e urn fator de risco forte para a presen­ca de fobia social na sua prole adolescente, como tambem 0 e adepressao dos pais, qualquer outro transtorno de ansiedade,qualquer transtorno provocadopelo uso de alcool e a superprotecaoou rejeir;:aodos pais; ja 0 funcionamento familiargeral nao e preditor(Liebet al., 2000). Outros fatores de risco para a fobia social iden­tificados em urna grande amostra epidemiol6gica incluem a au­sencia de urn relacionamento pr6ximo com urn adulto, 0 fato denao ser 0 primogenito, no caso dos meninos, conflito conjugaldos pais, hist6ria de transtorno psiquiatrico dos pais, mudancasfrequentes de residencia durante a infancia, abuso na infancia,fugas de casa e mau desempenho na escola (Chartier er al., 2001).

Transtornos de Ansiedade 25

Page 22: Transtornos de ansiedade

A fobia social pode ser associada a varies transtomos dapersonalidade, em particular ao transtomo da personalidade es­quiva (Dyck et aI., 2001). Em proband os epidemiologicamenteidentificados com fobia social sem co-morbidade associada, trans­torno da personalidade esquiva sem co-morbidade associada, ouambos, foi encontrado urn risco familiar similannente elevado defobia social, sugerindo que os transtornos do Eixo I e do Eixo IIpodem representar dimensoes de ansiedade social, em vez decondicoes distintas (Tillfors et al., 2001). Na verdade, em urnexame recente da literatura, comparando fobia social generaliza­da, transtorno da personalidade esquiva e timidez, os pesquisa­dores concluiramque todos os tres podem existir em urn continuum(Rettew, 2000).

A fobia social, em si e por si, e urn transtorno extremamenteineapacitante, eujo impacto no funcionamento e na qualidade devida provavelmente foi muito subestimado e oeulto no passado.Estudos recentes (Stein e Kean, 2000) mostram que pessoas comfobia social ficam eomprometidas em qualquer que seja a sua ati­vidade principal, As pessoas com fobia social deserevem insatis­fac;aoem muitos aspectos da vida, e sua qualidade de vida e ava­liada como muito baixa. E importante notar que a depressao eo-

Historia psiquiatrica dos pais (espeeialmente lobia social, outrostranstornos de ansiedade e depressao)

Conflito conjugal dos paisSupsrprotecao ou rejeiyao dos paisAbuso na inlanciaAusAncia de relaeionamento pr6ximo com um adulto na inlaneiaNiio ser 0 primogAnito. no caso dos meninosMudancas freqQentes de residsncia durante a inlaneiaMau desempenho na eseolaFugas de easa

TABELA 1.2 Fatores de risco para a fobia social

Essas variaveis pennaneceram muito importantes ao se controlara co-morbidade. Os fatores de risco para 0 desenvolvimento defobia social estao resumidos na Tabela 1.2.

26 Hollander & Simeon

Page 23: Transtornos de ansiedade

o transtorno obsessivo-compulsivo (TOe) costumava serconsiderado um dos transtornos mentais mais raros, e os primei­ros estudos sugeriam uma incidencia maxima de cinco em cada10 mil pessoas (Woodruff e Pitts, 1964). Essa baixa incidenciaprovavelmente se deveu a falta de familiaridade dos profissionaiscom 0 transtomo ate a decada de 1990, ao ocultamento dos sin­tomas por parte dos pacientes com TOe e a urn tempo de esperamedic de 7,5 anos antes de os pacientes buscarem ajuda psiquia­trica (Rasmussen e Tsuang, 1986). No entanto, os resultados doestudo do ECAdocumentaram pela primeira vez que 0 Toe e umtranstorno mental bastante comum, comuma prevalencia de 1,3%ao longo de um mes, de 1,5% ao longo de seis meses e de 2,5%ao longo da vida (Regier et al., 1988).

Em amostras clinicas de adultos comTOe, aparece uma pro­porcao mais ou menos igual de homens e mulheres (Black,1974).A amostra do ECAencontrou uma prevalencia urn pouco maiselevada para as mulheres (1,5%) ao longo de urn mes, em com­paracao com os homens (1,1%), nas idades entre 25 e 64 anos deidade, mas essa diferenca nao e importante (Karno et al., 1988;Regier et al., 1988). No entanto, no TOe com inicio na infancia,cerca de 70% dos pacientes sao do sexo masculino (Hollingsworthet al., 1980; Swedo et al., 1989). Essa diferenca parece se deverao inicio precoce do transtorno em pacientes do sexo masculino epode sugerir etiologias ou vulnerabilidades parcialmente diferen­tes nos dois sexos.

Ha relatos demonstrando co-rnorbidade do Toe com esqui­zofrenia, transtorno depressivo ou transtorno do humor, outrostranstornos de ansiedade, como transtorno de panico e fobia es­pedfica e social, transtornos alimentares, transtorno autista, trans­torno de Tourette e outros transtornos do espectro obsessivo-com­pulsivo. Epidemiologicamente, 0 risco de co-morbidade do Toecom outros transtornos psiquiatricos importantes foi considerado

• TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO

m6rbida parece contribuir apenas modestamente para esses re­sultados. Ate mesmo em criancas pre-adolescentes ja pode serencontrado urn comprometimento funcional intrusivo e serio(Beidel et al., 1999) .

Transtornos de Ansiedade 'l1

Page 24: Transtornos de ansiedade

bastante alto, mas nao distinto (Kamo et al., 1988). Emurna amos­tra clinica de pacientes com esquizofrenia e transtornoesquizoafetivo, cerca de 8% preencheram os criterios diagn6sti­cos para 0 TOe, destacando-se a importancia da avaliacao dossintomas obsessivo-compulsivos nessas populacoes, nas quais adeteccao pode ser mais dificil (Eisen et al., 1997).

E quanta a co-morbidade do Eixo II no TOe? Os te6ricos dapsicanalise tradicional sugerem a existencia de urn continuumentre a personalidade obsessivo-compulsivae 0Toe. Janet (1908)declarou que todos os pacientes obsessivos tern uma personalida­de pre-rnorbida que esta causalmente relacionada ao transtorno.Freud (1913/1958) observou uma associacao entre os sintomasde neurose obsessiva (isto e, TOe) e traces de personalidade comoobstinacao, sovinice, pontualidade e ordem. No entanto, eviden­cias fenomenol6gicas e epidemiol6gicas sugerem que 0 TOe efreqiientemente distinto do transtomo da personalidade obsessi­vo-compulsiva. Os sintomas do Toe sao egodistonicos, enquantoos traces da personalidade obsessivo-compulsiva sao egossinto­nicos e nao envolvem urna sensacao de compulsao que deve sercontrolada. Os estudos epidemiol6gicos mostram que a patologiade carater obsessivo-compulsivo nao e necessaria nem suficientepara 0 desenvolvimento de sintomas de Toe. Quando pacientescom traces obsessivos descompensam, frequentemente eles de­senvolvem depressao, paran6ia ou somatizacao em vez de TOe.Embora a literatura mais antiga sugerisse a presenca de tracesobsessivos definidos em ate dois tercos dos pacientes com TOe,instrumentos estruturados que avaliem a personalidade nao fo­ram usados na avaliacao. Em avaliacoes padronizadas mais recen­tes, apenas uma minoria dos pacientes com TOe tinha transtomoda personalidade obsessivo-compulsivaclassificado no DSM-IIl-R,enquanto outros transtomos da personalidade, como 0 transtomoda personalidade esquiva e 0 transtomo da personalidade depen­dente, eram mais comuns (Thomsen e Mikkelsen, 1993). Alem dis­so, os transtomos da personalidade podiam ser mais comuns napresenca de urn Toe com duracao mais prolongada - sugerindoque poderiam ser secundarios ao transtomo do Eixo I -, e os crite­rios diagn6sticos para os transtomos da personalidade podiarn naosermais preenchidos ap6s 0 tratamento bem-sucedidodo TOe (Baeret al., 1990; Baer e Jenike, 1992). Urnestudo recente interessantesugere que pode existir urn espectro familiar do transtomo obses-

28 Hollander & Simeon

Page 25: Transtornos de ansiedade

Embora haja diferencas individuais marcantes na maneiracomo as pessoas reagem ao estresse, 0 indice de morbidade psi­quiatrica corneca a aumentar rapidamente quando os fatores deestresse tornam-se extremos (Eitinger, 1971; Krystal, 1968). Ain­da que esse transtomo tenha sido mais extensamente estudadoem grupos especfficos- como sobreviventes de cornbates, de cam­pos de concentracao e de desastres naturais -, os pesquisadoresno estudo do ECAinvestigaram a ocorrencia de TEPTna popula­<;:aoem geral (Helzer et al., 1987). Foiencontrada uma prevalenciade 1% de TEPT ao longo da vida (0,5% em homens e 1,3% emmulheres). A natureza do trauma precipitante diferiu nos doissexos. A guerra e 0 testemunho de ferimento ou morte de alguemforam os traumas precipitantes identificados nos homens, enquan­to ataque ou ameaca fisicos foram responsaveis por quase a me­tade dos traumas em mulheres. Em outra grande pesquisa comu­nitaria e aleat6ria realizada com adultos jovens, a prevalencia doTEPTao longo da vida foi 9,2% mais elevada do que a do estudodo ECA (Breslau et al., 1991). Como no estudo do ECA, aprevalencia foi mais elevada em mulheres (11,3%) do que emhomens (6%). No estudo mais recente, NCS, encontrou-se umaprevalencia tambem de 7,8% do TEPT ao Iongo da vida, muitomais elevada do que no estudo do ECA,e 0 transtomo foi maiscomum em mulheres. Os fatores de estresse mais comuns foramexposicao ao combate, no caso dos homens, e ataque sexual, nocaso das mulheres (Kessler et al., 1995).

Sintomas de TEPTem mimero muito reduzido para preen­cher os criterios diagn6sticos plenos sao bastante comuns na po­pulacao em geral. Em uma pesquisa realizada em uma comuni­dade canadense, encontrou-se TEPT pleno em 2,7% das mulhe­res e em 1,2% dos homens, e TEPTparcial foi observado em umadicional de 3,4% das mulheres e 0,3% dos homens. Pode serimportante identificar os individuos com TEPT parcial, particu­larmente as mulheres, porque podem estar experimentando so­frimento e comprometimento funcional clinicamente significati-

• TRANSTORNO DE ESTRESSE POS-TRAUMATICO

sivo-compulsivo e do transtorno da personalidade obsessivo-com­pulsiva (Bienvenu et al., 2000) .

Transtornos de Ansiedade 29

Page 26: Transtornos de ansiedade

vos (Stein et al., 1997). Adiferenca entre osgeneros na prevalenciado TEPT,mais elevada em mulheres, tem sido consistente emmuitos estudos. Parece que as mulheres sao mais propensas queos homens a desenvolver TEPT,com exposicao cornparavel a even­tos traumaticos, especialmente se a exposicao for anterior aos 15anos de idade (Breslau et al., 1997). Essa diferenca nao e bementendida e pode envolver caracteristicas tanto dos individuosquanta das experiencias traumaticas,

No TEPT e encontrado um indice elevado de transtomosco-m6rbidos. No estudo do ECA,a taxa de co-morbidade foi maiselevada, com transtornos afetivos e Toe. Os homens com TEPTnao mostraram um risco aumentado de transtorno de panico oufobias, enquanto as mulheres com TEPT apresentaram um riscotres a quatro vezes maior de ter esses transtornos (Helzer er al.,1987). Napesquisa conduzida por Breslau e colaboradores (1991),foi encontrado um Indice elevado de co-morbidade para TOe,agorafobia, panico e depressao, enquanto a associacao com abu­so de droga ou alcool foi mais fraca. A co-morbidade do TEPTcom a depressao e muito consistente, e a natureza do relaciona­mento entre as duas condicoes e controvertida. Analisesepiderniol6gicas sugerem que entre as pessoas expostas a even­tos traurnaticos as vulnerabilidades para 0 TEPT e a depressaonao sao separadas; no entanto, 0 risco de depressao e extrema­mente elevado naquelas que rnanifestam TEPT (Breslau et al.,2000). Por outro lado, um estudo prospectivo de uma grandeamostra de sobreviventes de trauma encontrou a depressao e 0TEPT como sequelas independentes do trauma (Shalev et al.,1998a). Independentemente da causalidade, esta claro que 0TEPTem mulheres aumenta 0 risco de um novo infcio de depressao ede transtomo pelo uso de alcool (Breslau et al., 1997). Os indivi­duos com TEPTpodem ser mais propensos a manifestar transtor­no da personalidade borderline ou transtorno da personalidadepassivo-agressiva, e e interessante notar que parece que 0 res­ponsavel por essa associacao e mais 0 diagn6stico de TEPT realdo que a hist6ria do trauma (Shea et al., 2000).

Ha uma concordancia geral na literatura de que varies faro­res de riscopre-morbidos predisp6em ao desenvolvimento de TEPT(ver a Tabela 1.3). Embora 0 transtorno certamente possa se de­senvolver em pessoas sem uma psicopatologia preexistente im­portante, tern sido identificadas muitas variaveis biol6gicas e psi-

30 Hollander & Simeon

Page 27: Transtornos de ansiedade

Nota. TEPT = Transtorno de estresse pos-traumatico.

Historia passada de trauma anterior ao trauma em questaoHistoria passada de TEPTHistoria passada de depressaoHistoria passada de transtornos de ansiedadeTranstomos co-rnorbidos do Eixo II (preditores de maior cronicidade)Historia familiar de ansiedade (incluindo TEPT dos pais)Vfnculos rompidos com os paisGravidade de exposi~o ao trauma (preditor de mais sintomas agudos)

TABELA 1.3 Fatores de risco para 0 TEPT

col6gicas que tomam os individuos mais vulneraveis ao desen­volvimento de TEPT. Em um estudo de um centro de recuperacaode veteranos da Guerra do viema, uma hist6ria anterior de boasamizades na adolescencia foi um fator preditor de TEPT, enquan­to uma hist6ria de poucas amizades na adolescencia foi mais pro­vavel naqueles que nao tinham TEPT. Alern disso, esse estudorelatou varies pacientes com boa adaptacao pre-morbida, poueostraumas na infancia e bons relacionamentos na adolescencia queexperimentaram trauma prolongado no Vietna e desenvolveramTEPT grave (Lindy et al., 1984). Em geral, no entanto, a adversi­dade previa foi associada a uma maior probabilidade do desen­volvimento de TEPT.

Durante urn longo tempo sugeriu-se que quanta maior aquantidade de trauma anterior experimentada por um indivfduo,maior a probabilidade de ele desenvolver sintomas ap6s urn eventoestressante da vida (Horowitz et al., 1980). Dados que foram ge­rados a partir da decada de 1980 confirmam a verdade dessahipotese. Alem disso, os individuos com experiencias traumaticasanteriores podem ter maior probabilidade de se tomarem expos­tos a traumas futuros, porque podem ser mais propensos a revivercomportamentalmente 0 trauma original (van der Kolk, 1989).Em urn estudo de veteranos da Guerra do Vietna, aqueles comTEPT tinham taxas mais elevadas de abuso ffsico na infancia doque os sem TEPT, assim como taxas consideravelmente mais altasde eventos traumaticos antes de se unirem as forcas militares(Bremner et al., 1993).

Transtornos de Ansiedade 31

Page 28: Transtornos de ansiedade

McFarlane (1989) encontrou que a gravidade da exposicaoa desastre foi 0 principal deterrninante de morbidade pos-trau­matica precoce, enquanto transtornos psicol6gicos preexistentessao melhores preditores da persistencia de sintomas pes-trauma­ticos no decorrer do tempo. Varias condicoes psiquiatricas emprobandos e em seus familiares parecem predispor os individuosao desenvolvimento de TEPT.Na amostra do ECA,a hist6ria deproblemas de conduta na infancia, antes dos 15 anos de idade,foi preditora de TEPT. Pacientes com estados pre-morbidos deansiedade e historia familiar de ansiedade podem tambem reagira urn trauma com ansiedade pato16gica e desenvolver TEPT(Scrignar, 1984). Uma pesquisa epidernio16gica identificou, em­bora retrospectivamente, fatores de risco diferentes para se tor­nar exposto ao trauma versus desenvolver TEPT ap6s exposicaotraurnatica CBreslauet al., 1991). Os fatores de risco para exposi­r;ao ao trauma foram sexo masculino, problemas de conduta nainfancia, extroversao e hist6ria familiar de abuso de substanciapsicoativa ou de problemas psiquiatricos, Os fatores de risco parao desenvolvirnento de TEPTap6s exposicao traumatica incluiramvinculos rompidos entre pai/mae-filho, ansiedade, depressao ehist6ria familiar de ansiedade. Ter um transtorno do Eixo II tam­bern aumenta 0 risco para desenvolver TEPT cronico (Ursano etaI., 1999a). Ter uma hist6ria passada de TEPTaumenta 0 risco deTEPTagudo e cronico (Ursano et al., 1999a). Comparado com 0TEPTnao-cronico, 0 TEPTcronico com mais de um ano de dura­r;ao foi especificamente associado a taxas elevadas de ansiedadeco-morbida e transtornos depressivos e a urna hist6ria familiar deconduta anti-social CBreslaue Davis, 1992). E interessante notarque 0TEPTdos pais e tambern um fator de risco para 0TEPTnosfilhos, mesmo na ausencia de um grande trauma (Yehuda et al.,1998a). Os achados com relacao ao genero sao conflitantes, poiso sexo ferninino foi associado a TEPT cronico em urn estudo(Breslau e Davis, 1992), mas apenas a TEPT agudo em outro(Ursano et aI., 1999a). Urn fator de risco adicional, que foi asso­ciado a uma probabilidade maior de desenvolver TEPT,e umainteligencia pre-morbida inferior (Macklin et aI., 1998). Cornpro­metimento neurol6gico, com sinais neurol6gicos brandos aumen­tados, hist6rias de problemas neurodesenvolvimentais e inteli­gencia inferior na infancia, esta associado ao TEPTe pode ser urnfator de risco predisponente (Gurvits et al., 2000).

32 Hollander & Simeon

Page 29: Transtornos de ansiedade

American Psychiatric Association: Diagnostic and Statistical Manual ofMental Disorders, 3rd Edition. Washington, DC, American PsychiatricAssociation, 1980American Psychiatric Association: Diagnostic and Statistical Manual ofMental Disorders, 3rd Edition, Revised. Washington, DC, AmericanPsychiatricAssociation, 1987

• REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

Os preditores precoces de TEPTap6s urn evento traumaticotambern receberam grande atencao, e sua importancia potencialpara a intervencao e prevencao precoces e 6bvia. Como ja decla­rado anteriormente, a ocorrencia de transtomo de estresse agu­do no primeiro mes apos 0 trauma e urn preditor rnuito forte dedesenvolvimento posterior de TEPT.0 diagnostico de transtomode estresse agudo combinado com uma frequencia cardiaca emrepouso maior que 90 batimentos/minuto tern uma sensibilidade(88%) e especificidade (85%) surpreendentemente elevadas paraprever 0 desenvolvimento de TEPT (Bryant et al., 2000). Similar­mente, frequencia cardfaca elevada e nfveis de cortisol diminul­dos na sequencia de urn trauma agudo estao forternenrecorrelacionados com urn TEPTposterior (Yehuda er al., 1998b).Ate mesmo apenas uma frequencia cardfaca elevada, logo ap6surn trauma, e urn forte preditor de TEPTposterior (Shalev er al.,1998b). A importancia da reacao muitoprecoce a urn evento trau­matico no prognostico de TEPTnao deve ser subestimada. Sinto­mas precoces do tipo de TEPT,tanto na semana posterior a urnacidente de transite quanto urn ano depois, prognosticam a ocor­rencia de TEPT (Koren et al., 1999).

Nosultimos anos, a crescente atencao aos fenornenosdissocia­tivos e ao seu relacionamento com sintomas pos-traumaticos revelaque a maior dissociacaona ocasiao do evento traumatico e tambemum forte preditor do desenvolvirnentoposterior de TEPT(Marrnaret al., 1994; Shalev et al., 1996). Os indivfduos com dissodacaoperitraumatica tern uma probabllidade quatro a cinco vezes maiorde desenvolver TEPT,tanto agudo quanto cronico (Ursano et al.,1999b). E possfvelque a dissociacaoperitraumatica precoce funcio­ne como urn "marcador" para identificar indivfduos com urn altorisco de desenvolver urn futuro TEPT.

Transtornos de Ansiedade 33

Page 30: Transtornos de ansiedade

American Psychiatric Association: Diagnostic and Statistical Manual ofMental Disorders, 4th Edition. Washington, DC, American PsychiatricAssociation, 1994Baer L, Jenike MA: Personality disorders inobsessive-compulsive disorder.Psychiatr Clin North Am 15:803-812, 1992Baer L, Jenike MA, Ricciardi IN, er al: Standardized assessment ofpersonality disorders in obsessive-compulsive disorder. Arch GenPsychiatry 47:826-830, 1990Beidel DC, Turner SM, Morris TL: Psychopathology of childhood socialphobia. JAm Acad Child Adolesc Psychiatry 38:643-650, 1999Bienvenu OJ, Samuels JF, Riddle MA, et al: The relationship of obsessive­compulsive disorder to possible spectrum disorders: results from a familystudy. Bioi Psychiatry 48:287-293, 2000BlackA: The natural history of obsessional neurosis, in Obsessional States.Edited by Beech HK. London, Methuen Press, 1974, pp 19-54Blazer DG, Hughes D, George LK: Generalized anxiety disorder, inPsychiatric Disorders inAmerica. Edited by Robins LN, Regier DA. NewYork, Free Press, 1991, pp 180-203Bremner JD, Southwick SM, Johnson DR, et al: Childhood physical abu­se and combat-related posttraumatic stress disorder in Vietnam veterans.Am J Psychiatry 150:235-239, 1993Breslau N, Davis GC:Posttraumatic stress disorder in an urban populationof young adults: risk factors for chronicity. Am J Psychiatry 149:671-675, 1992Breslau N, Davis GC,Andreski ~ et al: Traumatic events and posttraumaticstress disorder in an urban population of young adults. Arch GenPsychiatry 48:216-222, 1991Breslau N, Davis GC, Andreski P, et al: Sex differences in posttraumaticstress disorder. Arch Gen Psychiatry 54:1044-1048, 1997Breslau N, Davis GC, Peterson EL, et al: A second look at comorbidity invictims of trauma: the posttraumatic stress disorder-major depressionconnection. Bioi Psychiatry 48:902-909, 2000Bryant RA, Harvey AG,Guthrie RM, et al: A prospective study of psycho­physiological arousal, acute stress disorder, and posttraumatic stressdisorder. J. Abnorm Psychol 109:314-344, 2000Carter RM, Wittchen HU, Pfister H, et al: One-year prevalence of sub­threshold and threshold DSM-IV generalized anxiety disorder in anationally representative sample. Depress Anxiety 13:78·88, 2001Chartier MJ, Walker JR, Stein MB: Social phobia and potential childhoodrisk factors in a community sample. Psychol Med 31:307-315, 2001

34 Hollander & Simeon

Page 31: Transtornos de ansiedade

DyckJR,PhillipsKA,WarshawMG,et al: Patterns ofpersonality pathologyin patients with generalized anxiety disorder, panic disorder with andwithout agoraphobia, and socialphobia. J PersonalDisord15:60-71, 2001Eaton ww, KeylPM: Risk factors for the onset of Diagnostic InterviewSchedule/DSM-III agoraphobia in a prospective, population-based study.Arch Gen Psychiatry 47:819-824, 1990Eisen JL, Beer DA,Pato MT, et al: Obsessive-compulsive disorder inpatients with schizophrenia or schizoaffectivedisorder. Am J Psychiatry154:271-273, 1997EitingerL:Organicand psychosomaticaftereffects of concentration campimprisonment. Int Psychiatry Clin 8:205-215, 1971Essau CA, Conradt J, Petermann F: Frequency, comorbidity, andpsychosocial impairment of specific phobia in adolescents. J Clin ChildPsychol 29:221-231, 2000Freud, S: The disposition to obsessional neurosis: A contribution to theproblem of choice of neurosis (1913), in The Standard Edition of theCompletePsychologicalWorksof Sigmund Freud, Vol12. Translated andedited by Strachey J. London, Hogarth Press, 1958, pp 311-326GurvitsTv, GilbertsonMw,LaskoNB,et al: Neurologicsoftsigns in chronicposttraumatic stress disorder. Arch Gen Psychiatry 57:181-186, 2000Helzer JE, Robins LN,McEvoyL: Post-traumatic stress disorder in thegeneral population: findingsof the EpidemiologicCatchmentArea survey.N Engl J Med 317:1630-1634, 1987Hollingsworth CEoTanguayPE,GrossmanL, er al: Long-term outcome ofobsessive-compulsivedisorder in childhood. JAm AcadChildPsychiatry19:134-144, 1980Horowitz MJ, Wilner N, Kaltreider N, et al: Signs and symptoms ofposttraumatic stress disorders. Arch Gen Psychiatry 37:88-92, 1980Janet P: LesObsessionset la Psychasthenie, 2nd Edition. Paris, Bailliere,1908KarnoM,GoldingJM, Sorenson SB,et al: The epidemiologyofobsessive­compulsive disorder in five US communities. Arch Gen Psychiatry45:1094-1099, 1988Kessler RC,McGonagle KA,Zhao S, et al: Lifetime and 12-month pre­valence of DSM-III-Rpsychiatric disorders in the United States; resultsfrom the National Comorbidity Survey. Arch Gen Psychiatry 51:8-19,1994KesslerRC, Sonnega A, Bromet E, et al: Posttraumatic stress disorder inthe National Comorbidity Survey.Arch Gen Psychiatry 52:1048-1060,1995

Transtornos de Ansiedade 35

Page 32: Transtornos de ansiedade

Kessler RC, Stein MB, Berglund P: Social phobia subtypes in the NationalComorbldity Survey. Am J Psychiatry 155:613-619, 1998Kessler RC,DuPont RL, Berglund P, et al: Impairment in pure and comor­bid generalized anxiety disorder and major depression at 12 months intwo national surveys. Am J Psychiatry 156:1915-1923, 1999aKessler RC, Stang P, Wittchen HU, et al: Lifetime co-morbidities betweensocial phobia and mood disorders in the US National Comorbidity Survey.Psychol Med 29:555-567, 1999bKoren D, Arnon I, Klein E: Acute stress response and posttraumatic stressdisorder in traffic accident victims: a one-year prospective, follow-upstudy. Am J Psychiatry 156:367-373, 1999Krystal H: Massive Psychic Trauma. New York, International UniversitiesPress, 1968Lelliott P, Marks I, McNamee G, et al: Onset of panic disorder withagoraphobia: toward an integrated model. Arch Gen Psychiatry 46:1000-1004, 1989Lieb R,Wittchen HU, Hofler M, et al: Parental psychopathology, parentingstyles, and the risk of social phobia in offspring: a prospective-longitudi­nal community study, Arch Gen Psychiatry 57:859-866, 2000Lindy JD, Grace MC, Green BL: Building a conceptual bridge betweencivilian trauma and war trauma: preliminary psychological findings froma clinical sample of Vietnam veterans, in Post-Traumatic Stress Disorder:Psychological and Biological Sequelae. Edited by van der Kolk BA. Wa­shington DC, American Psychiatric Press, 1984, pp 44-57Macklin ML,Metzger U, Litz BT,et al: Lower precombat intelligence is arisk factor for posttraumatic Stress disorder. J Consult Clin PsychoI66:323-326, 1998Magee WJ, Eaton ww, Wittchen HU, et al: Agoraphobia, simple phobia,and social phobia in the National Comorbidity Survey.Arch Gen Psychiatry53:159-68, 1996Marmar CR, Weiss DS, Schlenger WE, et al: Peritraumatic dissociationand posttraumatic stress in male Vietnam theater veterans. Am JPsychiatry 151:902-907, 1994Mavissakalian M, Hamann MS, Haidar SA, et al: DSM-Iil personalitydisorders in generalized anxiety, panic/agoraphobia, and obsessive­compulsive disorders. Compr Psychiatry 34:243-248, 1993McFarlane AC: The etiology of post-traumatic morbidity: predisposing,precipitating and perpetuating factors. Br J Psychiatry 154:221-228, 1989

36 Hollander & Simeon

Page 33: Transtornos de ansiedade

Nelson EC, Grant JD, Bucholz KK, et al: Social phobia in a population­based female adolescent twin sample: co-morbidity and associated suici­de-related symptoms. Psychol Med 30:797-804, 2000Noyes R Jf; Clarkson C, Crow RR, et al: A family study of generalizedanxiety disorder. Am J Psychiatry 144:1019-1024, 1987Noyes R Jr, Reich JH, Suelzer M, er al: Personality traits associated withpanic disorder: change associated with treatment. Compr Psychiatry32:283-294, 1991Rasmussen SA, Tsuang MT: Clinical characteristics and family history inDSM-III obsessive compulsive disorder. Am J Psychiatry 143:317-322,1986Regier DA,Boyd JH, Burke JD Jr, et al: One-month prevalence of mentaldisorders in the United States, based on five Epidemiologic CatchmentArea sites. Arch Gen Psychiatry 45:977-986, 1988Rettew DC:Avoidant personality disorder, generalized social phobia, andshyness: putting the personality back into personality disorders. HarvRev Psychiatry 8:283-297, 2000Schneier FR, Johnson J, Hornig CD, et al: Social phobia: comorbidityand morbidity in an epidemiologic sample. Arch Gen Psychiatry 49:282-288, 1992Scrignar CB: Post-Traumatic Stress Disorder: Diagnosis, Treatment, andLegal Issues. New York, Praeger; 1984Shalev AY,Peri T, Canetti L, et al: Predictors of PTSD in injured traumasurvivors: a prospective study. Am J Psychiatry 153:2219-2225, 1996Shalev AY,Freedman S, Peri T, et al: Prospective study of posttraumaticstress disorder and depression following trauma. Am J Psychiatry 155:630·637, 1998aShalev AY,Sahar T, Freedman S, et al: A prospective study of heartrate response following trauma and the subsequent development ofposttraumatic stress disorder. Arch Gen Psychiatry 55:553-559, 1998bShea MT, Zlotnick C, Dolan R, et al: Personality disorders, history oftrauma, and posttraumatic stress disorder in subjects with anxierydisorders. Compr Psychiatry 41:312-325, 2000Stein MB, Kean YM: Disabiliry and quality of life in social phobia:epidemiologic findings. Am J Psychiatry 157:1606-1613, 2000Stein MB, Walker JR, Hazen AL, et al: Full and partial posttraumaticstress disorder: findings from a community survey. Am J Psychiatry154:1114-1119, 1997

Transtornos de Ansiedade 37

Page 34: Transtornos de ansiedade

Swedo SE,Rapoport JL, Leonard H, et al: Obsessive-compulsivedisorderin children and adolescents: clinical phenomenology of 70 consecutivecases. Arch Gen Psychiatry 46:335-341, 1989Thomsen PH, Mikkelsen HU: Development of personality disorders inchildren and adolescents with obsessive-compulsivedisorder: a 6- to 22-year follow-upstudy. Acta Psychiatr Scand 87:456-462, 1993Tillfors M, Furmark T, Ekselius L, et al: Social phobia and avoidantpersonality disorder as related to parental history of social anxiery: ageneral population study. Behav Res Ther 39:289-298, 2001Ursano RJ, Fullerton CS, Epstein RS, et al: Peritraumatic dissociationand posttraumatic stress disorder followingmotor vehicle accidents. AmJ Psychiatry 156:1808-1810, 1999bUrsano RJ, Fullerton CS, Epstein RS, et al: Acute and chronicposttraumatic stress disorder in motor vehicle accident victims. Am JPsychiatry 156:589-595, 1999avan der KolkBA:The compulsion to repeat the trauma: reenactment,revictimization, and masochism. Psychiatr Clin North Am 12:389-411,1989Weissman MM, Wickramaratne P, Adams PB, et al: The relationshipbetween panic disorder and major depression; a new family study.ArchGen Psychiatry 50:767-780, 1993Wittchen HU, Carter RM,Pfister H, et al.: Disabilitiesand quality of lifein pure and comorbid generalized anxiety disorder and major depressionin a national survey. Int Clin Psychopharmacol 15:319-328, 2000Wittchen HU, Zhao 5, KesslerRC, er al: DSM-III-Rgeneralized anxietydisorder in theNationalComorbiditySurvey.ArchGenPsychiatry51:355-364, 1994WoodruffR, Pitts FNJr: Monozygotictwins with obsessional illness. AmJ Psychiatry 20:1075-1080, 1964YehudaR,SchmeidlerJ, WainbergM, et al:Vulnerabilityto posttraumaticstress disorder in adult offspringof Holocaust survivors.Am J Psychiatry155:1163-1171,1998aYehuda R, McFarlane AC, Shalev AY:Predicting the development ofposttraumatic stress disorder fromthe acute response to a traumatic event.Bioi Psychiatry 44:1305-1313, 1998b

38 Hollander & Simeon

Page 35: Transtornos de ansiedade

o DSM-II (American Psychiatric Association, 1968) descre­veu urna condicao definida como neurose da ansiedade - urn termocriado por Freud ern 1895 (Breuer e Freud, 1893-1895/1955) -,que incluia qualquer paciente com tensao cronica, preocupacaoexcessiva, cefaleias frequentes ou ataques de ansiedade recor­rentes. No entanto, achados subseqiientes comecaram a mostrarque distintos ataques de panico espontaneos podiam ser qualita­tivamente dissimilares a outros estados de ansiedade cronica. Porexemplo, no passar dos anos, descobriu-se que os pacientes comataques de panico eram singulares em sua resposta a infusao delactate de s6dio para a inducao do panico, na agregacao familiar,no desenvolvimento de agorafobia e na resposta a tratamentocom antidepressivos triciclicos. Por isso, 0 DSM-III (AmericanPsychiatric Association, 1980) e 0 subsequente DSM-III-R(American Psychiatric Association, 1987) dividiram a categoriade neurose da ansiedade em transtorno de panico e transtorno deansiedade generalizada (TAG).

Transtorno de pantco

• DIAGNOSTICANDO OSTRANSTORNOS DE ANSIEDADE

DIAGNOSTICO EDIAGNOSTICO DIFERENCIAL

Page 36: Transtornos de ansiedade

'05 criterios do DSM-IV-TR inclufdos neste capitulo sao reproduzidos daAmerican Psychiatric Association: Diagnostic and Statistical Manual ofMeTltalDisorders, Fourth Edition, Text Revision. Washington DC,AmericanPsychiatric Association, 2000. Uso autorizado. Copyright 2000 AmericanPsychiatric Association.

(1) palpltacoes ou taquicardia(2) sudorese(3) Iremores ou abalos(4) sensacees de falta de ar ou sufocamento(5) sensacoes de asfixia(6) dor ou desconforto toraclco(7) nausea ou desconforto abdominal(8) ssnsacao de lontura, inslabilidade, vertigem ou desmaio(9) dssrealizacao (sensacoes de irrealidade) ou dsspersonallzacao

(estar distanciado de si mesmo)(10) medo de perder 0 controle ou enlouquecer(11) medo de morrer(12) pareslesias (anestesia ou sensacoes de formigamenlo)(13) calafrios ou ondas de calor

Nota: Urn Alaque de Panico nao e urn transtorno codltlcavel. Codificar 0dlaqnostico especifico no qual 0 Alaque de Panico ocorre (p. ex., 300.21Translorno de Panico Com Agorafobia).

Urn periodo distinlo de intense lemor ou desconforto, no qual quatro (oumais) dos seguintes sintomas desenvolveram-se abruplamente e alcancaramurn pico em ate 10 minutos:

TABELA 2.1 Criterios do DSM-IV-TR para 0 ataque de panico

Os criterios do DSM-lV-TR'(American Psychiatric Associa­tion, 2000) para 0 ataque de panico estao apresentados na Tabe­la 2.1. Em urn ataque de panico, a pessoa experimenta 0 iniciosubito de medo, terror e apreensao opressivos e uma sensacao dedestruicao iminente, e caracteristicamente pensa que esta mor­rendo, tendo urn ataque cardiaco, "enlouquecendo" ou perdendoo controle. Varios de urn grupo de sintomas associados, princi­palmente fisicos, sao tambern experimentados: dispneia, palpita­coes, dor ou desconforto no peito, sensacoes de choque ou

40 Hollander & Simeon

Page 37: Transtornos de ansiedade

A. Tanto (1) como (2):

(1) Ataques de Panico recorrentes e inesperados.(2) Pelo menos um dos ataques foi seguido por pelo menos 1 mes com

uma (ou mais) das seguintes caracteristicas:(a) preocupacao persistente acerca de ter ataques adicionais(b) prsocupacao acerca das implica~oes do ataque ou suas

consequenctas (p. ex., perder 0 controle, ter um ataquecardiaco, enlouquecer)

(c) uma altera~o comportamental significativa relacionada aosataques

B. Prssenca de Agorafobia.C. Os Ataques de Panico nao se devem aos efeitos fisiol6gicos diretos de

uma substancia (p. ex., droga de abuso, medicamento) ou de uma con­di~ao medica geral (p. ex., hipertireoidismo).

D. Os Ataques de Panico nao sao mais bem explicados por outro transtor­no mental, como Fobia Social (p. ex., ocorrendo quando da exposi~ao asitua~oes socials temidas), Fobia Especifica (p. ex., quando da exposi­~ao a uma situacao f6bica especifica), Transtorno Obsessivo-Compulsi­vo (quando da exposlcao a sujeira, em alquem com uma obsessao decontamlnacao), Transtorno de Estresse Pos-Traumatico (p. ex., em res­posta a estimulos associados a um estressor grave) ou Transtorno deAnsiedade de separecac (p. ex., em resposta a estar afastado do lar oude entes queridos).

TABELA 2.2 Criterios do DSM-IV-TR para 0 transtorno de panicocom agorafobia

sufocacao, vertigem ou sensacao de instabilidade, sensacoes deirrealidade (desrealizacao e/ou despersonalizacao), parestesias,ondas de calor e frio, sudorese, fraqueza e tremores ou estreme­cimentos. Os ataques duram caracteristicamente de 5 a 20 minu­tos, mas (raramente) urn ataque pode durar ate urna hora.

o transtomo de panico esta subdividido no DSM-N-TR,as­simcomono DSM-III-R,em: 1) transtomo de panico comagorafobiae 2) transtomo de panico sem agorafobia - dependendo de haverou nao qualquer esquiva f6bica secundaria (ver as Tabelas 2.2 e2.3).0 DSM-N (American PsychiatricAssociation, 1994) esclare­ceu varias questoes relacionadas ao diagnostico e ao diagn6sticodiferencial do transtomo de panieo, que haviam permanecido obs­curas no DSM-Ill-R.Por exemplo, sabe-se bern que os ataques de

Transtornos de Ansiedade 41

Page 38: Transtornos de ansiedade

panico ocorrem nao apenas no transtorno de panico, mas tambemem outros transtomos de ansiedade (por exemplo, fobia especffi­ca, fobia social e transtomo de estresse pos-traumatico [TEPTJ).Nesses outros transtomos, os ataques de panico sao situacional­mente limitados ou provocados - ou seja, ocorrem exclusivamenteno contexto da situacao temida. 0 DSM-IVesclareceu a confusaoapresentando explicitamente os criterios para 0 ataque de panico(Tabela 2.1) independentemente do transtomo de panico (Tabelas2.2 e 2.3) e especificando que um ataque de panico pode ser ines­perado (nao-provocado), situacionalmente limitado (provocado)ou situacionalmente predisposto.

Usando 0 DSM-IV-TR,0 diagn6stico de transtorno de pani­co e feito quando urn paciente experimenta ataques de panico

A. Tanto (1) como (2):

(1) Ataques de Panico recorrentes e inesperados.(2) Pelo menos um dos ataques foi seguido por pelo menos 1 mes com

uma (ou mais) das seguintes caracteristicas:(a) preocupacao persistente acerca de ter ataques adicionais(b) preocupacao acerca das implicac6es do ataque ou suas

consequenctas (p. ex., perder 0 controle, ter um ataquecardlaco, enlouquecer)

(c) uma alteracao comportamental significativa relacionada aosataques

B. Ausencla de Agorafobia.C. Os Ataques de Panico nao se devem aos efeitos fisiol6gicos diretos de

uma substancia (p. ex., drega de abuso, medicamento) ou de uma con­diCaomedica geral (p. ex., hipertireoidismo).

D. Os Ataques de Panico nao sao mais bem explicados por outro transtor­no mental, como Fobia Social (p. ex., ocorrendo quando da exposicao asituacoes sociais temidas), Fobia Especifica (p. ex., quando da exposi­cao a uma sttuacao f6bica especifica), Transtorno Obsessivo-Compulsi­vo (quando da exposlcao a sujeira, em alguem com uma obsessao decontamlnacao), Transtomo de Estresse Pos-Traumatlco (p. ex., em res­posta a estimulos associados a um estressor grave) ou Transtomo deAnsiedade de Separacao (p. ex., em resposta a estar afastado do lar oude entes queridos).

TABELA 2.3 Criterios do DSM-IV-TR para 0 transtorno de panlcosem agorafobia

42 Hollander & Simeon

Page 39: Transtornos de ansiedade

recorrentes que sao distintos e inesperados e seguidos por urnmes de ansiedade antecipat6ria persistente ou mudanca compor­tarnental. Ernbora rnuitas pessoas experimentem alguns ataquesde panico, ou ataques de panico ocasionais durante a sua vida, 0diagn6stico de transtomo de panico so e feito quando os ataquesocorrern com alguma regularidade e frequencia, ainda que, gene­ticarnente, 0 transtomo de panico e qualquer historia de ataquesde panico durante a vida possarn estar relacionados (Torgensen,1983). Finalmente, esses ataques nao sao secundarios a urn fatororganico conhecido ou devidos a outro transtorno mental. 0 di­agn6stico diferencial de outros transtornos de ansiedade que seapresentarn com ataques de panico pode, as vezes, ser complica­do. Nesses casos, e necessario um julgamento clfnico com refe­rencia ao padrao clinico preponderante para se fazer 0 diagn6sti­co diferencial. Por exemplo, se os ataques de panico ocorrem quaseexclusivamente em contextos sociais, 0 diagn6stico de fobia so­cial pode ser justificado. Se sao claramente provocados por con­textos sociais, mas tambem ocorrem extensivarnente em outrassituacoes ou nao sao provocados, ambos os diagnosticos - trans­tomo de panico e fobia social - podem ser apropriados.

No inicio tipico de um transtorno de panico, as pessoas es­tao envolvidas em algum aspecto comurn da vida quando, de re­pente, seu coracao comeca a bater forte e elas nao conseguemcontrolar a respiracao. Sentem vertigem, tontura e sensacao dedesmaio, e ficarn convencidas de que estao prestes a morrer. Ospacientes que sofrem de transtomo de panico em geral sao adul­tos jovens, mais provavelmente em sua terceira decada de vida,mas podem ser muito mais jovens ou muito mais velhos. Nao eraro 0 primeiro ataque de panico ocorrer no contexto de umaenfermidade ou acidente em que ha risco de vida, da perda deum relacionarnento interpessoal proximo ou durante uma sepa­racao da familia. Os pacientes que estao desenvolvendohipertireoidisrno podem experimentar a prirneira onda de ata­ques nessa ocasiao. Os ataques tambern podem ter inicio no pe­dodo imediato apos 0 parto. Finalmente, muitos pacientes rela­taram experimentar seus primeiros ataques ao tomarem drogasem excesso- especialmenre maconha, LSD,cocaina e anfetaminas.No entanto, mesmo quando essas condicees concomitantes saoresolvidas, os ataques freqiientemente continuam inalterados,sugerindo que os fatores de estresse psicol6gicos ou fisicos po-

Transtornos de Ansiedade 43

Page 40: Transtornos de ansiedade

dem agir como desencadeantes para 0 inicio do panico em pes­soas que ja esrao predispostas. Em geral, 0 primeiro ataque depanico e aterrador, e nao e raro as pessoas que experimentam urnprimeiro ataque correrem para 0 pronto-socorro mais pr6ximo,onde sao realizados testes laboratoriais de rot ina, eletrocar­diograma e exame fisico. Caracteristicamente, os achados das in­vestigacoes medicas sao negativos, 0paciente e informado de que,fisicamente, nao ha nada de errado com ele e (espera-se) de queexperimentou urn ataque de panico.

Em alguns pacienres, a doenca nao progride alern do pontode continua rem a ter ataques de panico inesperados. No entanto,muitos desenvolvem algum grau de ansiedade antecipat6ria e es­quiva f6bica como consequencia da experiencia de ataques depanico repetitivos. 0 paciente passa a ter pavor de experimentarurn ataque e - nos intervalos entre os ataques - comeca a se pre­ocupar com a possibilidade de isso aeontecer. Essa situacao podeprogredir a ponto de ele sentir terror e hiperatividade autonomicano intervalo entre os ataques de panico que quase se aproximamao que sente durante 0 ataque real. A agorafobia tambem fre­quenternente se desenvolve como reacao a ataques de panico, 0que conduz ao diagn6stico do DSM-IV-TRde transtorno de pani­co com agorafobia. 0 quadro clinico na agorafobia consiste demedos multiples e variados e comportamentos de esquiva centra­lizados em tres temas principais: medo de sair de casa, medo deficar sozinho e medo de estar fora de casa em situacoes em quepode se sentir ameacado, perturbado ou desamparado. Os medosagoraf6bicos tipicos incluem usar transporte publico (onibus, trens,metros, avioes): estar no meio de muita gente, em teatros, eleva­dores, restaurantes, supermercados, lojas de departamento; es­perar em filas; ou se afastar de casa. No pior grau de agorafobia,os pacientes podem fiear eompletamente confinados em casa, te­merosos de sair sem urna companhia ou ate mesmo de ficar emcasa sozinhos. 0 efeito de urna companhia de confianca no com­portamento f6bicoe urn aspecto muito interessante da agorafobia.Alguns pacientes que sao incapazes de sair de casa sozinhos po­dem percorrer longas distancias e participar de muitas atividadesse estiverem acompanhados de urn conjuge, membro da famfliaou amigo Intirno.

44 Hollander & Simeon

Page 41: Transtornos de ansiedade

Como ja foi mencionado, 0 DSM-III foi 0 primeiro acategorizar 0 transtomo de ansiedade generalizada (TAG),tiran­do-o da categoria previa mais ampla de neurose de ansiedade doDSM-II.Atualmente, 0 TAGe a principal categoria diagn6sticapara a ansiedade proeminente e cronica na ausencia de transtor­no de panico. Segundo 0 DSM-N-TR, a caracteristica essencialdessa sindrome e uma ansiedade persistente presente ha pelomenos seis meses. Os sintomas desse tipo de ansiedade caem emduas categorias amplas: 1) expectativa e preocupacao apreensi­vas e 2) sintomas ffsicos.Os pacientes com TAGestao constante­mente preocupados com questoes triviais, sao medrosos e espe­ram sempre 0 pior. Tensao muscular, inquietacao, sensacao de"tensao", dificuldade de concentracao, insonia, irritabilidade efadiga sao sinais tfpicos do TAG.(Esses sinais tornaram-se os cri­terios dos sintomas do TAGno DSM-IY,ap6s varies estudos teremidentificado os sintomas ffsicos mais distintivos e caracteristicosdo transtomo.) Verificou-seque a tensao motora e a hipervigilanciadiferenciam melhor 0 TAGde outros estados de ansiedade do quea hiperatividade autonomica (Marten et al., 1993; Starcevic etal., 1994). Os criterios do DSM-N-TRpara 0 TAGsimplificarn alista enfadonha de sintomas sornaticos encontrada anteriormen­te no DSM-III-R.Alern disso, 0 DSM-N-TRespecifica que 0 diag­n6stico do TAGe exclufdo quando a ansiedade ou a preocupacaoocorrem exclusivamente em relacao a outros transtomos impor­tantes do Eixo I. Sabemos que os cl£nicosdevem ser cautelosos econservadores ao aplicar esse criterio, porque, como foi descritono Capitulo 1, "Epiderniologia", atualmente ha dados instigantesdemonstrando que, mesmo na presenca de alta co-morbidade doTAGcom outros transtomos de ansiedade e do humor, 0 TAGeclaramente um transtomo distinto em termos do seu inicio, cursoe do comprometimento associado. Finalmente, 0 DSM-N-TRes­clarece a distincao entre 0 TAGe a ansiedade cotidiana especifi­cando que, no prirneiro, a preocupacao deve ser claramente ex­cessiva, invasiva, diffcil de controlar e associada a urn sofrimentoou comprometimento marcante. Em resumo, portanto, 0 diag­n6stico de TAGe feito quando urn paciente experimenta pelo

Transtorno de ansiedade generallzada

Transtornos de Ansiedade 45

Page 42: Transtornos de ansiedade

Uma fobia e definida como urn medo persistente e irracio­nal de urn objeto, atividade ou situacao especfflca que resulta emum desejo incoerdvel de evitar 0 objeto, atividade ou siruacaoternida (isto e, 0 estimulo f6bico). 0 medo e reconhecido peloindividuo como excessivo ou irracional em proporcao ao perigoreal do objeto, atividade ou situacao. Medos irracionais e com­portamento esquivo sao observados em varies transtornos psiqui­atricos. No entanto, no DSM-N-TR0 diagnostico de transtomofobico so e feito quando fobias isoladas ou rmiltiplas sao 0 aspec­to predorninante do quadro clinico e urna fonte de sofrimentoimportante para 0 individuo, e nao 0 resultado de outro transtor­no mental.

Asfobias foram elassificadas no DSM-I(American PsychiatricAssociation, 1952) sob a rubrica de reacao f6bica e, no DSM-II,como neurose f6bica. Nao foram listados subtipos em nenhurnadas edicoes, 0 que reflete a suposicao de uma unidade qualitativaimplfcita no modelo psicanalftico das fobias. 0 DSM-IIIdiferiusignificativamente das edicoes anteriores na classificacao dos di­ferentes subtipos de fobias, 0 que sugere urna distincao qualitati­va entre esses subtipos. A distincao entre agorafobia, fobia sociale fobias especificas em geral (relacionadas sob 0 nome fobia sim­ples) originou-se de achados empiricos, incluindo estudos de tra­tamento comportamental realizados por Marks (1969) e estudosde tratamento farmacologico realizados por Klein (1964). Essastres principais categorias de fobias foram mantidas no DSM-III-Re posteriormente no DSM-N e no DSM-N-TR.No DSM-III-R,aagorafobia foi subdividida em transtomo de panico comagorafobiae agorafobia sem historia de transtomo de panico, enfatizando a

Fobias

menos seis meses de ansiedade cronica e preocupacao excessiva(embora tipicamente a hist6ria do paciente apresente urn padraomuito mais cronico). Pelo menos tres de seis sintomas fisicos de­vem tambern estar presentes. Finalmente, a ansiedade cronicanao deve ser secundaria a outro transtomo do Eixo I ou a urnfator organico especifico. Os criterios do DSM-N-TRpara 0 TAGsao apresentados na Tabela 2.4.

46 Hollander & Simeon

Page 43: Transtornos de ansiedade

primazia do panico quando as duas condicoes coexistem. Essaclassificacao foi mantida no OSM-IVe no OSM-IV-TR.

A. Ansiedade e preocupacao excessivas (expectativa apreensiva). ocor­rendo na maioria dos dias pelo perfodo minima de 6 meses, com diver­sos eventos ou atividades (tais como desempenho escolar ou profissio­nal).

B. 0 indivfduo considera diffcil controlar a preocupacao,C. A ansiedade e a preocupacao estao associadas com tres (ou mais) dos

seguintes seis sintomas (com pelo menos alguns deles presentes namaioria dos dias nos ultirnos 6 meses).Nota: Apenas um item e exigido para criancas.

(1) inquiatayso ou sansa~o da estar com os nervos a flor da pale(2) fatigabilidada(3) dificuldade em concentrar-se ou sensacoes de "branco" na mente(4) irritabilidade(5) tensao muscular(6) perturbayso do sene (dificuldades em conciliar ou manter 0 sono, ou

sono lnsatlstatorio e inquieto)

D. 0 foco da ansiedade ou preocupacao nso esta confinado a aspectosde um transtomo do Eixo I; por exemplo, a ansiedade ou prsocupacaonso se refere a ter um Ataque de Panico (como no Transtorno de Pani­co), ser envergonhado em publico (como na Fobia Social), ser conta­minado (como no Transtorno Obsessivo-Compulsivo), ficar afastadode casa ou de parentes proximos (como no Transtorno de Ansiedadede Separacao), ganhar peso (como na Anorexia Nervosa), tar multi­plas quaixas fisicas (como no Transtorno da sornauzacao) OU tar umadosnca grava (como na Hipocondria), e a ansiedada ou prsocupacaonso ocorre exclusivamente durante 0Transtorno de Estresse P6s-Trau­matico.

E. A ansiedade, a preocupacao ou os sintomas ffsicos causam sofrimentoclinicamente significativo ou prejufzo no funcionamento social ouocupacional ou em outras areas importantes da vida do indivfduo.

F. A perturbacao nso se deve aos efeitos fisiologicos diretos de uma subs­tancla (droga de abuso, medicamento) ou de uma condiyso medica ge­ral (p. ex., hipertireoidismo) nem ocorre exclusivamente durante um Trans­torno do Humor, Transtomo Pslcotico ou Transtorno Global do Desen­volvimento.

TABELA 2.4 Critenos do DSM-IV-TR para 0 transtorno de ansiedadegeneralizada

Transtornos de Ansiadade 47

Page 44: Transtornos de ansiedade

A. Pressnca de Agorafobia relacionada ao medo de desenvolver sintomastipo panico (p. ex., tontura ou diarreia),

B. Jamais foram preenchidos os criterios para Transtorno de Panico.C. 0 transtorno nao se deve aos efeitos fisioloqicos diretos de uma subs­

tancia (p. ex., droga de abuso, medicamento) ou de uma condicao medi­ca gera!.

D. Na presence de uma condi~o medica geral associada, 0 medo descritono Criterio A excede claramente aquele em geral associado com a con­di~ao.

IABElA 2.5 Criterios do DSM-IV-TR para agorafobia sem hist6ria detranslorno de panico

As principais alteracoes nos transtornos f6bicos instituidosno DSM-IV(e mantidos no DSM-IV-TR),em relacao ao DSM-III-R,foram as seguintes: Na agorafobia sem hist6ria de transtomo depanico, foi especificado que a condicao se concentra no medode desenvolver sintomas incapacitantes, tipicamente em situa­~6es caracterfsticas. Foi tambem especificado que a agorafobiaassociada a perrurbacao com relacao a uma enfermidade medi­ca e urn diagn6stico que pode ser feito desde que sujeito a julga­mento clinico. As duas principais alteracoes na fobia social e nafobia especifica foram similares para os dois transtornos. Emprimeiro lugar, foi explicitado que os ataques de panlco podemocorrer como uma caracterfstica dessas fobias e que, por isso, 0julgamento clfnico e necessario para a reallzacao do diagn6sti­co diferencial entre transtorno de panico com agorafobia e fo­bia social ou especifica. Em segundo lugar, a fobia espedfica foidividida em tipos, porque novas evidencias se acumularam, de­monstrando que a fenomenologia, a hist6ria natural e a respos­ta ao tratamento podem diferir conforme 0 tipo. 0 tipo genera­liz ado de fobia social foi mantido, como esta no DSM-III-R.Oscriterios diagn6sticos do DSM-IV-TRpara agorafobia sem hist6-ria de transtorno de panico, fobia social e fobia espedfica estaoapresentados nas Tabelas 2.5, 2.6 e 2.7, respectivamente.

48 Hollander & Simeon

Page 45: Transtornos de ansiedade

Generalizada: se os temores incluem a maioria das situacces sociais(considerar tambsm 0 diagn6stico adicional de Transtorno da Personali­dade Esquiva).

Especificar se:

A. Medo acentuado e persistente de uma ou mais situa~oes sociais ou dedesempenho, nas quais 0 individuo e exposto a pessoas estranhas ouao possivel escrutinio por terceiros. 0 individuo teme agir de um modo(ou mostrar sintomas de ansiedade) que Ihe seja humilhante e vergo­nhoso.Nota: Em criancas, deve haver evldencias de capacidade para relacio­namentos sociais adequados a idade com pessoas que Ihes sao familia­res, e a ansiedade deve ocorrer em contextos que envolvem seus pares,nao apenas em interacoes com adultos.

B. A exposicao a situa~o social temida quase que invariavelmente provo­ca ansiedade, que pode assumir a forma de um Ataque de Panico ligadoa situa~ao ou predisposto por situacao.Nota: Em cnaneas, a ansiedade pode ser expressa por chore, ataquesde raiva, imobilidade ou afastamento de situacoes sociais com pessoasestranhas.

C. A pessoa reconhece que 0 medo e excessivo ou irracional.Nota: Em criancas, esta caracteristica pode estar ausente.

D. As situa~oes sociais e de desempenho temidas sao evitadas ou super­tadas com intensa ansiedade ou sofrimento.

E. A esquiva, a anteclpacao ansiosa ou 0 sofrimento na sltuacao social oude desempenho temida interferem significativamente na rotina, no fun­cionamento ocupacional (academico), em atividades sociais ou relacio­namentos do individuo, ou existe sofrimento acentuado por ter a fobia.

F. Em indivfduos com menos de 18 anos, a duracao e de no minimo 6meses.

G. 0 temor ou esquiva nao se deve aos efeitos fisiol6gicos diretos de umasuostancta (p. ex., droga de abuso, medicamento) ou de uma condi~omedica geral, nem e mais bem explicado por outro transtorno mental (p.ex., Transtorno de Panico Com ou Sem Agorafobia, Transtorno de Ansi­edade de Separa~ao, Transtorno Dism6rfico Corporal, Transtomo Glo­bal do Desenvolvimento ou Transtorno da Personalidade Esquiz6ide).

H. Em presence de uma condicao medica geral ou outro transtorno mental,o medo no Oriterio A nao tem rela~o com estes; por exemplo, 0 medonao diz respeito a Tartamudez, tremor na doenca de Parkinson ou mani­testacao de um comportamento alimentar anormal na Anorexia Nervosaou Bulimia Nervosa.

TABELA 2.6 Criterios do DSM-IV-TRpara a tobia social

Transtornos de Ansiedade 49

Page 46: Transtornos de ansiedade

(continua)

A. Medo acentuado e persistente, excessivo ou irracional, revelado pelapresence ou antecipacao de um objeto ou situa~ao f6bica (p. ex., voar,alturas, animais, tomar uma inje~ao, ver sangue).

B. A exposi~ao ao estimulo f6bico provoca, quase que invariavelmente, umaresposta imediata de ansiedade, que pode assumir a forma de um Ata­que de Panico ligado a silua~o au predisposlo pela sltuacao.Nota: Em cnancas, a ansiedade pode ser expressada por choro, ala­ques de raiva, imobilidade ou comportamenlo aderente.

C. 0 individuo reconhece que 0 medo e excessivo ou irracional.Nota: Em criancas, esta caracterislica pode estar ausente.a ou suporta­da com intensa ansiedade ou sofrimento.

E. A ssqulva, anteopacao ansiosa ou sofrlmento na situa~o temida (ou situa­voes) interfere significativamente na rotina normal do indivrduo,em seu fun­cionamento ocupacional (ou academico) ou em atividades ou relaciona­mentos socials, ou existe acentuado sofrlmento acerca de ter a fobia.

F. Em individuos com menos de 18 anos, a curacao minima e de 6 meses.G. A ansiedade, os Ataques de Panico ou a esquiva f6bica associados com

o objeto ou situa~o especifica nao sao mais bem explicados por outrotranstorno mental, como Transtorno Obsessivo-Compulsivo (p. ex., medode sujeira em alquern com uma obsessao de contamlnacao), Transtornode Estresse Pos-Traumatico (p. ex., esquiva de estimulos associados aum estressor grave), Transtorno de Ansiedade de Separa~ao (p. ex.,esquiva da escola), Fobia Social (p. ex., esquiva de sltuacoes socialsem vista do medo do ernbaraco), Transtorno de Panico Com Agorafobiaou Agorafobia Sem Hist6rico de Transtorno de Panico.

Especif/ca( tipo:Tipo Animal: se 0 medo e causado por animais ou insetos. Este subtipogeralmente tem inicio na infancia.Tlpo Ambiente Natural: se 0 medo e causado por objetos no ambientenatural, como tempestades, alturas, ou agua. Este subtipo geralmente temum lnfcio na infancia.Tipo Sangue-Inje~ao-Ferimentos: se 0 medo e causado por ver sangueou ferimentos, por receber inje~o ou submeter-se a outros procedimentosmedicos invasivos. Este subtipo e altamente familial ou freqOentemente secaracteriza por uma forte resposta vasovagal.Tipo Situacional: se 0 medo e causado por uma sltuacao especifica comotransporte coletivo publico, ttmeis, pontes, elevadores, avi6es, dirigir ou per­manencia em locais fechados. Este subtipo tem uma distribui~ao de idadede inlclo bimodal, com um pico na infancia e um outro pico na metade dasegunda decada de vida. Este subtipo e aparentemente semelhante aoTranstorno de Panico com Agorafobia em suas prcoorcees caracteristicasentre os sexes, padrao de agrega~ao familiar e idade de inlcio,

TABELA 2.7 Criterios do DSM-IV-TR para a fobia especlfica

50 Hollander & Simeon

Page 47: Transtornos de ansiedade

Na fobia social, 0medo principal dos pacientes e 0 de agir demaneira a se humilharem ou ficarem embaracados diante de ou­tras pessoas. Os indivfduos com fobia social temem e frequente­mente evitamvarias situacoes em que lhes seria requerido interagircom outros ou realizar uma tarefa diante de outras pessoas. Asfobias socials tipicas sao falar, comer ou escrever em publico; usarbanheiros publicos e comparecer a reunioes socials ou a entrevis­tas. Alerndisso, um medo comurn por parte de pacientes com fobiasocial e 0 de que outras pessoas detectem e ridicularizem sua ansi­edade em situacoes socials.Urn indivfduo pode ter urn medo lirni­tado ou varies medos sociais, e e por isso classificado em urn dosseguintes tres subtipos: medo de falar em publico, medo de outrassituacoes sociais circunscritas ou medo generalizado. A fobia so­cial e descrita como generalizada se 0 medo social abrange muitassituacoes socials, e este subtipo e urna condicao geral mais grave ecomprometedora. A fobia social generalizada pode ser confia­velmente diagnosticada como urn subtipo. Comparada com a fobiasocial nao-generalizada, ela tem seu inicio em urna idade mais pre­coce, os pacientes sao geralmente solteiros e tern mais medosinteracionais, e ela tem urna maior co-rnorbidade com depressaoatfpica e alcoolismo (Mannuzza et al., 1995).

Como acontece na fobia especffica, a ansiedade na fobiasocial e lirnitada pelo estimulo. Quando obrigado ou surpreendi­do na situacao f6bica, 0 indivfduo experimenta profunda ansie­dade, acompanhada por varies sintomas sornaticos. E interessan­te notar que diferentes transtornos de ansiedade tendem a sercaracterizados por sua pr6pria constelacao de sintomas somaticosmais proerninentes. Por exemplo, palpitacoes e dor ou pressao no

Fobia social

Outro Tipo: se 0 medo 13causado por outros estimulos. Estes estrmulospoderiam inciuir 0 medo de se asfixiar, vomitar, ou contrair uma doenca:fobia de "espaco" (i. 13,0 individuo teme cair se estiver afastado de paredesou outros meios de apoio fisico); e, em cnancas, medo de sons altos oupersonagens em trajes de fantasia.

'ABELA 2.7 Criterios do DSM-IV-TR para a fobia especffica (continuayao)

Transtornos de Ansiedade 51

Page 48: Transtornos de ansiedade

Afobia especifica e 0medo de objetos, siruacoes ou ativida­des especificos. A sindrome tern tres componentes: 1) uma ansie­dade antecipatoria que e provocada pela possibilidade de con­frontacao com 0 estfmulo f6bico, 2) 0medo fundamental em si, e3) 0 comportamento esquivo pelo qual 0 indivfduo minimiza aansiedade. Na fobia especffica, geralmente 0 medo nao e do obje­to, da situacao ou da atividade especificamente, mas de algumaconsequencia terrivel que 0 individuo aeredita poder resultar do

Fobia especifica

peito sao mais comuns em ataques de panico, enquanto sudorese,rubor e boca seca sao mais comuns em ansiedade social (Arnieset al., 1983; Reich et al., 1988). Os ataques de panico reais po­dem tarnbem ocorrer em pessoas com fobia social em resposta asituacoes sociais temidas. 0 rubor e 0 sintoma ffsico principalcaracteristico da fobia social; constelacoes cognitivas comumenteencontradas incluem tendencias para atencao autocentrada, auto­avaliacao negativa com relacao ao desempenho social, dificulda­de no julgamento de aspectos nao-verbais do pr6prio comporta­mento, desconsideracao da competencia social em interacoespositivas e uma tendencia positiva para avaliar 0 desempenhosocial das outras pessoas (Alden e Wallace, 1995).

As pessoas que tern apenas medos socials lirnitados em geralpodem funcionar bern e ficar relativamente assintomaticas, a me­nos que confrontadas com a necessidade de entrar em sua situacaof6bica. Quando estiio diante dessa necessidade, freqiientementesao sujeitas a uma ansiedade antecipat6ria intensa. Medos sociaismultiples, por outro lado, podem conduzir a desmoralizacao ere­nica, isolamento social, incapacidade vocacional e comprornetimen­to interpessoal. Muitas vezes, alcool e drogas sedativas sao usadospara aliviar pelo menos 0 componente antecipat6rio desse trans­tomo de ansiedade, e, em algumas pessoas, esta pratica pode con­duzir ao abuso. Em urn estudo que comparou sisternaticamenteindivfduos que tinham fobia de falar em publico com pessoas queapresentavam fobia social generalizada, foi encontrado que estasultirnas eram mais jovens, menos instrufdas e tinham nfveismaio­res de ansiedade, depressao, medos de avaliacao social negativa edo desemprego (Heimberg et al., 1990).

52 Hollander & Simeon

Page 49: Transtornos de ansiedade

As caracterfsricas essenciais do transtorno obsessive-com­pulsivo (TOC) sao obsessoes e/ou cornpulsoes, Os criterios doDSM-N-TRpara 0 TOC estao apresentados na Tabela 2.8. A ter­minologia das obsessoes ou compulsbes as vezes e usada mais am­plamente para caracterizar condicoes que nao sao realmente TOC.Embora algumas atividades - como comer, atividade sexual, jogoou bebida - possam ser referidas como "compulsivas" quando re­alizadas em excesso, essas atividades sao distinguidas dascompulsoes verdadeiras, pois sao tipicamente experimentadascomo agradaveis e egossintonicas, pelo menos no momento (em­bora com 0 tempo suas conseqiiencias possam se tornar cada vezmais desagradaveis e egodistonicas). Meditacao, rurninacoes oupreocupacoes obsessivas, tipicamente caracterfsticas de depres­sao, podem ser muito desagradaveis, mas se distinguem das ob­sessoesverdadeiras porque nao sao tiio inconscientes ou intrusivas,o indivfduo as considera importantes, embora frequentementeexcessivas, e elas tendem para a autocensura e a autodifamacao.

Transtorno obsessive-compulsivo

contato com aquele objeto, situacao ou atividade. Por exemplo,pessoas com fobia de cobra tern medo de ser mordidas; aquelasque tern claustrofobia, de sufocar ou ficar confinadas em urn es­paco fechado; aquelas com fobia de dirigir tern medo de aciden­tes. Esses medos sao excessivos, irracionais e duradouros, de talforma que, embora a maioria das pessoas com fobia especificareconheca prontamente que nao ha nada realmente a temer, essereconhecimento de modo algum diminui 0 seu medo.

No DSM-N foram pela primeira vez adotados subtipos defobia especifica: ambiente natural (p. ex., tempestades); animal(p. ex., insetos); sangue-injecao-ferimentos;situacional (p. ex., estarem autom6veis, em elevadores, sobre pontes); e outros (p. ex.,levar choque, vomitar). Avalidade dessas distinr;oese corroboradapor dados que mostram que esses subtipos tendem a diferir comrespeito a idade do seu inlcio,ao modo de infcio, a agregacao fami­liar e a reacoes fisiol6gicasao estimulo f6bico(Curtis e Thyer;1983;Fyer et al., 1990; Himle et aI., 1991; Ost, 1987). Uma estruturacomparavel foi encontrada em fobia especfficade criancas e ado­lescentes, agrupando-se em tres subtipos (Muris et al., 1999).

Transtornos de Ansiedade 53

Page 50: Transtornos de ansiedade

(continua)

A. Obsessoes ou compulsoes:Obsessoes, definidas por (1), (2), (3) e (4):

(1) pensamentos, impulsos ou imagens recorrentes e persistentes que,em algum momento durante a perturba~ao, sao experimentados comointrusivos e inadequados e eausam acentuada ansiedade ou sofri­mento

(2) os pensamentos, impulsos ou imagens nao sao meras preocupa­~oes excessivas com problemas da vida real

(3) a pessoa tenta ignorar ou suprimir tais pensamentos, impulsos ouimagens, ou neutraliza-los com algum outro pensamento ou a~o

(4) a pessoa reconhece que os pensamentos, lmpulsos ou imagens ob­sessivas sao produto de sua pr6pria mente (nao impostos a partir defora, como na inser~o de pensamentos)

Compulsoes, definidas por (1) e (2)(1) comportamentos repetitivos (p. ex., lavar as rnaos, organizar, verifi­

car) ou atos mentais (p. ex., orar, contar ou repetir palavras em silen­cio) que a pessoa se sente compelida a executar em resposta a umaobsessao ou de acordo com regras que devem ser rigidamente apli­cadas

(2) os comportamentos ou atos mentais visam prevenir ou reduzir 0 so­frimento ou evitar algum evento ou situacao temida; entretanto, es­ses comportamentos ou atos mentais nao tern uma conexao realistacom 0 que visam neutralizar ou evitar ou sao claramente excessi­vos.

B. Em algum ponto durante 0 curso do transtorno, 0 indivlduo reconheceuque as obsessoes ou compulsoes sao excessivas ou irracionais.Nota: Isso nao se apliea a criancas.

C. As obsessoes ou cornpulsoes eausam acentuado sofrimento, consomemtempo (tomam mais de 1 hora por dia) ou interferem signifieativamentena retina, no funcionamento ocupacional (ou academico), em atividadesou relacionamentos sociais habituais do individuo.

D. Se urn outro transtomo do Eixo I esta presente, 0 contsudo das obses­sees ou cornpulsoes nao esta restrito a ele (p. ex., preocupacao comalimentos na presence de urn Transtomo da Alimentacao: arranear oscabelos na presence de Tricotilomania; preocupacao com a aparenclana presence de Transtorno Dism6rfico Corporal; preocupacao com dro­gas na presence de urn Transtorno par Uso de Substancia; preocupacaocom ter uma doenca grave na presence de Hipocondria; praocupacaocom anseios ou fantasias sexuais na presence de uma Parafilia; rumina­yoes de culpa na presenca de urn Transtorno Depressivo Maior).

TABELA 2.8 emeries do DSM-IV-TR para 0 transtomo obsessivo-compulsivo

54 Hollander & Simeon

Page 51: Transtornos de ansiedade

Os sintomas obsessivos e compulsivos sao reconhecidos haseculos e foram descritos pela primeira vez na literatura psiquiatri­ca por Esquirol, em 1838 (Rachman e Hodgson, 1980). Os pensa­mentos obsessivosforamdefinidospor KarlWestphalem 1878 comoideias que ocorrem em urna inteligencia do contrario intacta, naocausadas por urn estado afetivo, contrarias a vontade da pessoa eque aparecem no primeiro plano da consciencia (Westphal, 1878).

Ha varias apresentacoes do Toe baseadas em grupos de sin­tomas. Urn grupo inclui pacientes com obsessoes acerca de sujei­ra e contaminacao, cujos rituais se concentram em lavar-se com­pulsivamente e evitar objeros contaminados. Urn segundo grupoe formado de pacientes com contagem patologica e fiscalizacaocompulsiva. Urn terceiro grupo inclui pacientes puramente ob­sessivos, sem compulsoes. A lentidao obsessiva primaria e evi­dente em outro grupo, 00 qual a lentificacao e 0 sintoma predo­minante; os pacieotes podem passar muitas horas por dia se la­vando, vestindo-se e tomando 0 cafe da manha, e a vida anda emurna velocidade exrremamente lenta. Alguns pacientes com TOe,chamados coleciooadores, sao incapazes de jogar qualquer coisafora por medo de algum dia precisarem de algo que descartaram.

No DSM-N-1R, 0TOe e classificado entre os transtomos deansiedade porque 1) a ansiedade e frequentemente associada comobsessoes e resistencia a cornpulsoes, 2) a ansiedade ou tensaoem geral e imediatamente aliviada quando a pessoa cede ascompulsoes, e 3) geralmente 0 Toe ocorre associado com outrostranstomos de ansiedade. No entanto, as compulsoes s6 reduzema ansiedade transitoriameote, e a natureza dos medos no TOe e

Com Insight Pobre: se, na maior parte do tempo durante 0 episodic atual,o individuo nao reconhece que as obsessoes e compulsoes sao excessivasou irracionais.

Especificar se:

E. A penurbacao nao se deve aos efeitos fisloloqlcos diretos de uma subs­tancia (p. ex., droga de abuse, medicamento) ou de uma condi~ao medi­ca geral.

TABELA 2.8 Crnerios do DSM-IV-TR para 0 transtomo obsessivo-compulsivo(continua9ao)

Transtornos de Ansiedade 55

Page 52: Transtornos de ansiedade

distinta da de outros transtornos de ansiedade. Algumas contro­versias diagn6sticas com relacao ao TOC foram investigadas napesquisa de campo do DSM-N e conduziram a esclarecimentos emudancas nos criterios. Ainda que as obsess6es sejam caracteris­ticamente experimentadas como egodistonicas, ha uma amplavariacao de insight nos pacientes com TOC. Embora a maioriados pacientes tenha algum grau de insight, cerca de 5% estaoconvencidos de que suas obsess6es e compulsoes sao razoaveis(Foa et al., 1995). Tendo como base esse achado, 0 DSM-N espe­cificou urn tipo com insight pobre se, na maior parte do tempodurante 0 epis6dio em curso, a pessoa nao reconhece que as ob­sess6es e compuls6es sao excessivasou irracionais. 0 DSM-JVtam­bern deixou explicito que as compulsoes podem ser comporta­mentais ou mentais. Os rituals mentais sao encontrados na gran­de maioria dos pacientes com TOC e, assim como as compuls6escomportamentais, destinam-se a reduzir a ansiedade ou evitar 0sofrimento. Embora mais de 90%dos pacientes com TOCtenhamcaracteristicas tanto de obsess6es quanto de cornpulsoes, cercade 20 a 30%sao incomodados principalmente por obsessoes, 20%por compulsoes e 50%por ambas (Akhtar et al., 1975;Foa et al.,1995; Rachman e Hodgson, 1980;Weiner et al., 1976).

o TOC em geral se inicia na adolescencia ou no comeco daidade adulta, mas pode aparecer antes dessa epoca; 31%dos pri­meiros epis6dios ocorrem entre os 10 e os 15 anos de idade, e75% se desenvolvem em tomo dos 30 anos (Black, 1974). Namaioria dos casos, nenhum estresse ou evento particular precipi­ta 0 infcio dos sintomas de TOC,e urn comeco insidioso e seguidopor urn curso cronico e freqiientemente progressivo. No entanto,alguns pacientes descrevem urn inicio repentino dos sintomas.Esse inicio repentino ocorre particularmente em pacientes comuma base neurologica para doenca, Ha evidencia de TOC associ­ado com a encefalite epidemics da decada de 1920 (Meyer-Grosse Steiner, 1921), com eventos anormais no nascimento (para 0TOC na crianca) (Capstick e Seldrup, 1977), com inicio apes urntrauma craniano (McKeonet al., 1984), com convulsoes (KehI eMarks, 1986) e, mais recentemente, com infeccoes por estrep­tococos (Leonard e Swedo, 2001). Tambern ha relatos de novoinicio de TOCdurante a gravidez (Neziroglu et aI., 1992).

Uma obsessao e urn evento mental intrusivo, indesejado,que em geral evoca ansiedade ou desconforto. As obsess6es po-

56 Hollander & Simeon

Page 53: Transtornos de ansiedade

dem ser pensamentos, ideias, imagens, sons, ruminacoes, convic­c;oes,medos ou impulsos, e frequentemente tern urn conteiidoagressivo, sexual, religioso, repulsivo ou absurdo. As ideias ob­sessivas sao pensamentos repetitivos que interrompem 0 cursoregular do pensamento, e as imagens obsessivas sao, muitas ve­zes, experiencias visuais vivas. Muitos pensamentos obsessivosenvolvem ideias horrorosas, como a de cometer blasfemia, estu­pro, assassinato ou molestamento infantil, As conviccoes obsessi­vas sao frequentemente caracterizadas por urn elemento de pen­samento magico. As ruminacoes obsessivas podem envolver urnpensar prolongado, excessivo e inconclusivo sobre questoesmetaffsicas. Os medos obsessivos com frequencia envolvem sujei­ra ou contaminacao; eles diferem das fobias porque estao presen­tes na ausencia de estimulo f6bico e exageram a provavel presen­ca desse estimulo; os metodos aplicados para combater 0 medopodem ser irracionais. Outros medos obsessivos comuns envol­vern 0 proprio sofrimento ou 0 de outras pessoas como urna con­sequencia de alguma rna ac;ao - por exemplo, 0 de sua casa seincendiar porque nao verificou 0 fogao, ou 0 de atropelar urnpedestre porque dirigiu descuidadamente. Os pacientes resisteme controlam suas obsessoes em graus variados, e disso pode re­sultar urn comprometimento significativo do seu funcionamento.Resistencia e a luta contra urn impulso ou contra urn pensamentointrusivo, e controle e 0 sucesso real do paciente em desviar 0processo de pensarnento.

Outro marco importante do pensamento obsessivo e a faltade certeza ou a duvida persistente. Em contraste com os pacien­tes com mania ou psicose, que manifestam urna certeza prematu­ra, os individuos com Toe sao incapazes de chegar a uma sensa­C;aorazoavel de certeza sobre a precisao da informacao sensorialque chega ate eles. Sera que minhas maos estao lirnpas? Sera quea porta esta fechada? Sera que 0 fertilizante esta envenenando 0suprimento de agua? Rituais compulsivos, como lavagens repeti­das ou verificacao em excesso, parecem se originar dessa duvidaexagerada, e consistem em urna tentativa mal direcionada de au­mentar a certeza.

o ritual compulsivo e urn comportamento que, em geral,reduz 0 desconforto, mas e realizado de urn modo pressionadoou rigido. Esse comportamento pode incluir rituais envolvendolimpeza, verificacao, repeticao, esquiva, empenho pela perfeicao

Transtornos de Ansiedade 57

Page 54: Transtornos de ansiedade

e meticulosidade. Individuos que tern compulsao por limpeza re­presentam cerca de 25 a 50% da maioria das amostras de TOC(Akhtar et aI., 1975; Rachman e Hodgson, 1980; Rasmussen eTsuang, 1986). Essas pessoas estao preocupadas com sujeira,contaminantes ou germes, e podem passar muitas horas por dialavando suas maos ou tomando banho. Podem tambem tentarevitar a contaminacao por fezes, urina ou secrecoes vaginais. Pa­cientes que estao sempre verificando as coisas tern urna diividapatol6gica e, por isso, verificam compulsivamente para ver se,por exemplo, atropelaram alguem com seu carro, deixaram a portadestrancada ou 0 fomo ligado. Averificacao geralmente nao con­segue resolver a dtivida e, em alguns casos, pode ate exacerba-la,Na experiencia de campo do DSM-IY,lavar-se e verificar as coisasforam os dois grupos mais comuns de compuls6es.

Embora a lentificacao resulte de muitos rituais, e a princi­pal caracterfstica da rara e incapacitante sfndrome da lentificacaoobsessiva primaria. 0 individuo obsessivamente lento pode levarvarias horas para se vestir ou sair de casa. A lentificacao tambempode ser urna reacao a dtivida. Essas pessoas podem ter poucaansiedade, apesar de suas obsess6es e rituais.

As compuls6es mentais tambem sao bastante comuns e de­vern ser investigadas diretamente, pois podem passar despercebi­das se 0 clfnico s6 indagar sobre rituais comportamentais. Os pa­cientes podem, por exemplo, reproduzir mentalmente varias evarias vezes conversas que tiveram com outras pessoas no passa­do, para se certificarem de que nao se incriminaram. Do mesmomodo, podem reproduzir repetidas vezes, em suas mentes, acoesrecentes para se certificarem, por exemplo, de que nao comete­ram erros. Nas experiencias de campo de TOC realizadas peloDSM-IY,80% dos pacientes com TOC tinham compuls6es tantocomportamentais quanta mentais, e as compuls6es mentais fo­ram 0 terceiro tipo mais comum, ap6s a verificacao e a compulsaopor limpeza.

Embora existam todos esses grupos de sintomas distintosde TOC, os sintomas podem se justapor ou se desenvolversequencialmente com 0 passar do tempo. Urn estudo examinou adistribuicao e 0 agrupamento de sintomas obsessivo-compulsivosem cerca de 300 pacientes com TOCe encontrou que urn total dequatro dimens6es de sintomas foi responsavel por mais de 60%de variancia: 1) obsess6es e verificacao, 2) simetria e ordenacao,

58 Hollander & Simeon

Page 55: Transtornos de ansiedade

o TEPTfoi introduzido pela primeira vez no DSM-ill, irnpul­sionado, em parte, pelo reconhecirnento crescente das condicoespos-traumaticas nos veteranos da Guerra do Vietna. Os criteriosatuais do DSM-IV-TRpara 0 TEPT estao apresentados na Tabela2.9. Como no DSM-ill-R,este transtorno continua a ser classifica­do com os transtornos de ansiedade, e os principais criterios - umfator de estresse extremo precipitante, sintomas intrusives, esqui­va e hiperexcitacao - foram mantidos. (A descricao do DSM-ill-Rdo evento traumatico como um "estranho no ambito da experien­cia humana usual" foi considerada vaga e inconfiavel, sendo elimi­nada.) Novos criterios de duracao foram tambem estabelecidos,subdividindo 0 transtomo em agudo e cronico.

Nem todos os investigadoresconcordam que 0TEPTpertenceaos transtornos de ansiedade. Embora a ansiedade seja um sintornaproeminente, tarnbern 0 sao a depressao e a dissociacao.A necessi­dade de um fator de estresse ou trauma precipitante no diagn6sticodo transtomo difere de outros transtornos desse grupo e e maisrerniniscente de condicoes reativas ou de espectro do trauma, taiscomopsicosereativabreve, luto nao-elaborado e transtornos de ajus­tamento. AClassijica¢.o Intemacional deDoen~as, loa Revisao (00-10;WorldHealth Organization, 1992), por exemplo, classificatodosesses transtornos como relacionados ao estresse. No reconhecirnen­to do espectro de transtornos originados de estresse grave, 0 DSM­IVacrescentou 0 transtorno de estresse agudo (TEA) aos transtor­nos de ansiedade. 0 TEAe similar ao TEPTno evento traumaticoprecipitante e na sintomatologia, mas tern urn tempo lirnitado (du­rando ate um mes ap6s 0 evento). Alerndisso, os sintornasdissocia­tivos figuramproeminentemente na definicaodo TEA,mas nao apa­recem na descricaodo TEPT. Agora foibern estabelecidopor variesestudos, incluindo esrudos prospectivos, que 0 TEAe urn prognos­ticador extremamente confiavel do desenvolvirnento posterior deTEPT;e possfvel que os dois transtornos nao devam ser definidos

Transtorno de estresse pes-traumatlco

3) limpeza e higiene pessoal, e 4) colecionisrno (Leckman et al.,2001). Esses subtipos podem se mostrar utels na pesquisa de pos­sfvel heterogeneidade genetics, neurobiologica ou de resposta aotratamento no caso desse transtomo.

Transtornos de Ansiedade 59

Page 56: Transtornos de ansiedade

(continua)

A. Exposi~ao a urn evento traumatico no qual os seguintes quesitos estive­ram presentes:(1) a pessoa vivenciou, testemunhou ou foi confrontada com urn ou mais

eventos que envolveram morte ou grave ferimento, reais ou amea­cades, ou uma arneaca a integridade Hsica, propria ou de outros

(2) a resposta da passoa envolveu intense medo, lmpotencia ou horror.Nota: Em cnancas, isto pode ser expressado por urn comportamen­to desorganizado ou agitado.

B. 0 evento traumatico e persistentemente revivido em uma (ou mais) dasseguintes maneiras:

(1) recordacoes aflitivas, recorrentes e intrusivas do evento, incluindoimagens, pensamentos ou psrcepcoes.Nota: Em cnancas pequenas, podem ocorrer jogos repetitivos, comexpressao de temas ou aspectos do trauma.

(2) sonhos aflitivos e recorrentes com 0 evento.Nota: Em criancas podem ocorrer sonhos amedrontadores sem urnconteudo identificavel.

(3) agir ou sentir como se 0 evento traumatico estivesse ocorrendo no­vamente (inclui urn sentimento de revivencia da expenencia, ilusoes,aluclnacoes e epis6dios de flashbacks dissociativos, inclusive aque­les que ocorrem ao despertar ou quando intoxicado).Nota: Em criancas pequenas, pode ocorrer reencenacao especificado trauma.

(4) sofrimento pslcotoqico intenso quando da exposi~ao a indfcios inter­nos ou extemos que simbolizam ou lembram algum aspecto do eventotraumatico

(5) reatividade fisiol6gica na exposicao a indfcios internos ou extemosque simbolizam ou lembram algum aspecto do evento traurnatico

C. Esquiva persistente de estimulos associados com 0 trauma e entorpeci­mento da reatividade geral (nao presente antes do trauma), indicadospor tres (ou mais) dos seguintes quesitos:

(1) estorcos no sentido de evitar pensamentos, sentimentos ou conver­sas associadas com 0 trauma

(2) estorcos no sentido de evitar atividades, locals ou pessoas que ati­vern recordacoes do trauma

(3) incapacidade de recordar algum aspecto importante do trauma(4) redu~ao acentuada do interesse ou da participa~ao em atividades

significativas(5) ssnsacao de distanciamento au afastamento em rela~ao a outras

pessoas

TABELA 2.9 CritElrios do DSM-IV-TR para 0 transtomo de estressepos-fraumaflco

60 Hollander & Simeon

Page 57: Transtornos de ansiedade

como transtomos distintos.Em um estudo com indivfduosque rive­ram traumatismo cerebralleve em acidentes de automovel, 82%daqueles que preencheram os criterios de TEAreceberam 0 diag­nostico de TEPTseis meses mais tarde (Bryant e Harvey,1998), emoposicaoa apenas 11%daqueles sem TEA, e uma porcentagem con­sistente de 800Alfoi ainda diagnosticada com TEPTdois anos depoisdo acidente (Harveye Bryant, 2000).

Alern dos sintomas do TEPTem si, foi dada uma maior aten­c;aoa uma constelacao continua de traces que frequentemente sedesenvolvem em pessoas sujeitas a trauma crenico ou complexo,principalmente quando criancas, mas tambern na idade adulta.Investigadores como Herman e van der Kolksugeriram, de infcio,

Agudo: se a dura~o dos sintomas e inferior a 3 meses.Cronico: se a dura~o dos sintomas e superior a 3 meses.

Especificar se:

Com Inlclo Tardio: se 0 inlcio dos sintomas ocorre pelo menos 6 mesesap6s 0 estressor.

Especificar se:

(6) faixa de afeto restrita (p. ex., incapacidade de ter sentimentos decarinho)

(7) sentimento de um futuro abreviado (p. ex., nao espera ter uma car­reira profissional, casamento, filhos ou um perfodo normal de vida)

D. Sintomas persistentes de excitabilidade aumentada (nao presentes an­tes do trauma), indicados por dois (ou mais) dos seguintes quesitos:

(1) dificuldade em conciliar ou manter 0 sono(2) irritabilidade ou surtos de raiva(3) dificuldade em concenlrar-se(4) hipervigilancia(5) resposta de sobressalto exagerada

E. A dura~ao da perturba~o (sintomas dos Crilerios B, C e D) e superior a1 meso

F. A psrturbacao causa sofrimenlo clinicamente significativo ou prejufzo nofuncionamento social ou ocupacional ou em outras areas importantes davida do indivfduo.

TABELA 2.9 Criterios do DSM-IV-TR para 0 transtorno do estressepos-treumanco (continuayao)

Transtornos de Ansiedade 61

Page 58: Transtornos de ansiedade

que uma entidade distinta de sfndrornes pos-traumaticas compli­cadas deveria ser reconhecida e designada como TEENEOF(trans­tomos de estresse extrerno nao especificados de outra forma).Essaentidade seria caracterizada por urn quadro clfnicomais corn­plexo do que TEPTpuro e simples, com alteracoes duradouras naidentidade, nos relacionamentos interpessoais e na percepcao dosignificado da vida (Herman e van der Kolk, 1987; van der KolkeSaporta, 1991). Alteracoes de personalidade similares sao reco­nhecidas pela CID-10 e classificadas como "alteracao persistenteda personalidade ap6s experiencia catastr6fica". Na Ultimadeca­da, foi dada uma atencao crescente ao conceito de transtomos do"espectro do trauma" - que pode incluir urn misto de estressepos-traurnatico e sintornas dissociativos, somatoformes e de con­versao -, e a abordagern de classificacao preferida para condicoesrelacionadas ao trauma permanece um tema de debate continuo.

Urn soldado participa da tortura e do assassinato de civis.Urn passageiro e 0 unico sobrevivente de um acidente aereo, Urnamulher e estuprada e violentarnente espancada por um assaltan­te desconhecido. Os sintornas caracterfsticos que podem se desen­volver ap6s eventos traumaticos concentram-se em reexperienciado trauma, esquiva, entorpecimento e excitacao autonornica au­mentada. 0 trauma e reexperimentado em lembrant;as,jlashbackse pesadelos dolorosos e intrusives, ou em reacoes emocionais efisiologicas intensas a lembrancas do trauma. 0 entorpecimentopslquico ou anestesia emocional e manifestado por urn investi­mento dirninuido no rnundo exterior, com sensacao de estar des­Jigado das outras pessoas, falta de interesse nas atividades habi­tuais e incapacidade de sentir emocoes positivas como intimida­de, temura ou interesse sexual. As pessoas e situacoes rerninis­centes do trauma original podem ser sistematicamente evitadas.Podem ocorrer estados dissociativos, durando de minutos a dias,em que 0 individuo fica em um estado tipo sonho, irreal, comuma mem6ria nebulosa e uma percepcao distorcida do tempo. Ossintornas de excitacao autonornica excessiva podem incluirirritabilidade e raiva, uma reacao exagerada ao choque, dificul­dade de concentracao, hipervigilancia e insonia. Alern dos tresprincipais criterios de sintomas, outros sintomas do TEPTincluemculpa por ter sobrevivido, culpa por nao ter evitado a experienciatraumatica, depressao, ansiedade, ataques de panico, vergonha,desamparo e raiva. Pode haver epis6dios prolongados de afeto

62 Hollander & Simeon

Page 59: Transtornos de ansiedade

Nota..TAG= transtorno de ansiedade generalizada; TEPT= transtomo deestresse pos-traurnatico.

Deprsssao ansiosaTranstorno de somatizayiio com queixas ffslcas tipo panlooFobia social com ataques de panlco socialmente provocadosTAG com sintomas graves ou durante periodos de plcoTEPT com reayao fisiol6gica intensa a lernbrancas do traumaAgorafobia secundaria a outras condlcoas alern do transtomo de

panico (deprsssao, TEPT, paranoia, psicose)Estados de tensao obsessivos de gravidade proxima a do panicoTranstorno de despersonalizayiioTranstorno da personalidade com sintomas de ansiedadeHipertireoidismoHipotireoidismoProlapso da valvula mitralFeocromocitomaTranstornos vestibularesAtaque de panico associado a usc ou retirada de substanela (usode cocalna, abstin~ncja de 810001)

TABELA 2.10 Diagnostico diferencial do transtorno de panico

o diagn6stico diferencial de transtorno de panico esta resu­mido na Tabela 2.10. As condicces psiquiatricas que envolvem aansiedade patol6gica podem, as vezes, dificultar 0 diagn6sticodiferencial de transtomo de panico. Por vezes, a diferenciacao dotranstomo de ansiedade primaria da depressao pode ser proble­matica, Os pacientes com depressao maior freqiientemente ma­nifestam sinais de ansiedade e podem ate ter ataques de panico

Transtorno de Panico

• DIAGNOSTICO DIFERENCIAL

intenso e deficientemente ajustado, resultando em acessosde raivaexplosives e hostis ou em comportamentos impulsivos. Outrossintomas concomitantes ou complicadores associados ao TEPTpodem ser abuso de substancia, comportamentos de autoflage­lacao, tentativas de suicidio, comprometimento ocupacional einterferenda em relacionamentos interpessoais.

Transtornos de Ansiedade 63

Page 60: Transtornos de ansiedade

explfcitos que ocorrem apenas durante surtos de depressao. Con­tudo, 0 transtomo de panico pode ser complicado por uma de­pressao secundaria importante ou vice-versa. Uma co-morbidadeelevada geral entre 0 transtomo de panico e a depressao compli­ca ainda mais 0 quadro.

Embora a diferenciacao entre ansiedade e depressao possaas vezes dificultar ate 0 clinico mais experiente, varies pontos saouteis, Os pacientes com transtomo de panico em geral nao de­monstram toda a serie de sintomas vegetativos observados nadepressao. Por isso, os pacientes ansiosos geralmente tern proble­mas para adormecer - mais do que para acordar cedo de manha -e nao perdem 0 apetite. A flutuacao do humor durante 0 dia erara no transtorno de ansiedade. Talvez de maior importanciaseja 0 fato de que a maioria dos pacientes ansiosos nao perde acapacidade de desfrutar das coisas ou de se animar, como ocorrecom pacientes endogenamente deprimidos, A distincao entre adepressao atipica e os transtomos de ansiedade e ainda mais difi­cil devido a falta de caracteristicas end6genas tipicas na primei­ra. No entanto, embora os pacientes com depressao atipica tam­bern possam ser animados, eles tendem a recair mais rapidamen­te do que os pacientes com transtorno de ansiedade.

A ordem do desenvolvimento dos sintomas tarnbem dife­rencia a depressao da ansiedade. Em casos de transtomo de pani­co, os sintomas de ansiedade geralmente precedem qualquer al­teracao grave de humor. Ospacientes podem primeiro se lembrarde terem tido ataques de ansiedade, e entao se sentem pouco apouco desmoralizados e "abatidos". Na depressao, os pacientesem geral experimentam primeiro disforia, e os sintomas de ansi­edade ocorrem mais tarde.

Por isso, a tarefa do cHnicoe evocar a apresentacao de sin­tomas do transtomo de panico e da depressao, juntamente com ahist6ria pregressa da presenca dos transtornos do longo da vidado paciente e a relacao temporal entre eles, para determinar seapenas uma condicao ou ambas estao presentes. Se ambas estive­rem presentes, sera que urn transtorno atua como desencadeantedo outro, ou os dois aparecem de forma independente?

Algumas outras condicoes psiquiatricas precisam ser dife­renciadas do transtomo de panico. Os pacientes com transtornode somatizacao queixam-se de varies sofrimentos e desconfortosfisicos, nenhum deles conflrmado por achados ffsicos ou labora-

64 Hollander & Simeon

Page 61: Transtornos de ansiedade

toriais. Ao contrario dos pacientes com transtorno de panico, osindividuos com transtorno de somatizacao apresentam proble­mas ffsicos que, em geral, nao ocorrem em ataques epis6dicos desintomas multiples, mas sao virtualmente constantes e envolvemsintomas mais limitados.

Os pacientes com transtomo de despersonalizacao tern epi­sodios de desrealizacao e despersonalizacao sem os outros sinto­mas de urn ataque de panico, e os sintornas dissociativos tendema ser recorrentes ou persistentes, caracteristicamente de muitomais longa duracao do que aqueles de um ataque de panico. Noentanto, nao e raro os ataques de panico envolverem despersona­lizacao e desrealizacao como sintomas proeminentes; os ataquesde panico com sintornas limitados, em que apenas a despersona­lizar;aoe a desrealizacao surgem como sintomas espontaneos, po­dem ser confundidos com transtomo de despersonalizacao antesde outras investigacoes.

Embora os pacientes com transtorno de panico frequente­mente temam "perder a nocao das coisas" ou "enlouquecer", aenfermidade psicotica nao e urn resultado de transtomo de ansie­dade. Tranqiiilizar 0 paciente sobre esse ponto e 0 primeiro passode urn tratamento bem-sucedido, porque os pacientes que naosao informados a esse respeito podem realmente temer estar "fi­cando loucos". No entanto, e importante nao negligenciar a pos­sfvel presenca de transtorno de panico co-rnorbido em pacientescom transtomos psic6ticos. 0 transtorno de panico pode passardespercebido porque os pacientes com transtornos psic6ticos ternuma probabilidade menor de apresentar relatos claros do seu ata­que, ou porque os relatos desses pacientes sobre os sintomas deansiedade podem ser erroneamente atribuidos a ansiedadepsic6tica envolvendo medos paran6ides ou ilus6rios.

Sem dtivida, alguns pacientes com transtomos de ansieda­de abusam de alcool e drogas como sedatives, na tentativa de seautomedicarem. Quitkin e Babkin (1982) encontraram que, aposuma desintoxicacao bern-sucedida, um grupo de pacientesalcoolistas com uma hist6ria anterior de transtorno de panico foitratado com medicamento para bloquear ataques de panico es­pontaneos. Esses pacientes nao retomaram 0 consumo de alcoolquando seus ataques de panico foram eliminados.

Com relacao ao componente agoraf6bico do transtorno,medos e esquiva de ficar sozinho ou de sair de casa podem ser

Transtornos de Ansiedade 65

Page 62: Transtornos de ansiedade

tarnbern observados em estados paran6ides e psic6ticos, trans­torno de estresse pos-traumatico e transtornos depressivos im­portantes. as estados psic6ticos podem ser diferenciados daagorafobia pela presenca de delirios, alucinacoes e transtomo doprocesso do pensamento. Embora os pacientes com agorafobiapossam temer "estar enlouquecendo", eles nao exibem sinto­matologia psicotica. as pacientes com TEPT tern caracteristica­mente uma historia clara de trauma e podem estar evitando variassituacoes que lhes recordem esse trauma. as pacientes corn de­pressao podern, ern geral, fazer a distincao de que estao evitandosair de casa niio por temerem os sintomas que poderiam ocorrerse eles safssem, mas porque nao tern motivacao, interesse ou ener­gla para enfrentar sua vida ou fazer coisas.

As vezes, os individuos descrevem ataques de panico atipicos,cujo diagn6stico diferencial precisa ser mais explorado. as pacien­tes que declaram ter ataques que duram urn dia todo podem ex­perimentar urn dos quatro padr6es seguintes: 1) Alguns pacien­tes continuam a se sentir ansiosos, agitados e fatigados durantevarias horas apos a principal porcao do ataque ter cessado. 2) Asvezes os ataques ocorrem, cessam e ocorrem novamente como sefossem ondas. 3) a paciente com os chamados ataques de panico"longos" freqiientemente experimenta alguma outra forma deansiedade patologica, como ansiedade generalizada grave, de­pressao agitada ou tensao obsessiva com intensidade pr6xima ado panico. 4) Ern alguns casos, essa ansiedade antecipat6ria gra­ve pode se desenvolver no decorrer do tempo na expectativa deataques de panico futures, de tal forma que os dois - a antecipa­~iioe 0 ataque real- se misturam na descricao de um paciente esiio diffceis de distinguir.

a paciente pode ter uma condicao medica que deve ser consi­derada no diagnostico diferencial de transtorno de panico. aspacientes com hipertireoidismo ou hipotireoidismo podem apre­sentar ansiedade desacompanhada de outros sinais ou sintomas.Por isso, e imperativo que todos os pacientes que se queixam deansiedade realizem testes rotineiros da funcao da tireoide, incluin­do uma avaliacao do myel de hormonio estimulador da tireoide.No entanto, deve-se lembrar que a doenca da tire6ide pode atuarcomo urn dos fatores desencadeantes que predispoern para 0 trans­torno de panico, de forma que, mesmo quando a doenca da

66 Hollander & Simeon

Page 63: Transtornos de ansiedade

tire6ide e corrigida, os ataques de panico continuamate seremespecificamentetratados.

Arelacao entre prolapso da valvula mitral e transtomo depanico tern atraido grande atencao no passar dos anos. Muitosinvestigadores mostraram que essa condicao, em geral benig­na, ocorre mais freqiientemente em pacientes com transtomode panico do que em individuos psiquiatricamente saudaveis.No entanto, a avaliacao de pacientes conhecidos por apresen­tarem prolapso da valvula mitral nao revela uma frequenciade transtorno de panico maior do que aquela encontrada napopulacao em geral. Embora os pacientes comprolapso da val­vula mitral ocasionalmente se queixem de palpitacoes, dor nopeito, vertigem e fadiga, os sintomas de urn ataque de panicopleno sao raros. Os pacientes que tern transtorno de panicoacompanhado de prolapso da valvula mitral e aqueles sem estacondicao sao similares em varies aspectos importantes. A efi­cacia ou ineficacia do tratamento para os ataques de paniconao sao afetadas pela presenca de uma valvula em prolapso.Os pacientes com prolapso da valvula mitral e transtomo depanico concomitantes sao tao sensfveis ao lactato de s6dioquanto aqueles que sofrem apenas de transtorno de panico.Alguns pesquisadores tern especulado que 0 prolapso da val­vula mitral e 0 transtorno de panico podem representar rnani­festacoes do mesmo transtorno subjacente da funcao do siste­ma nervoso autonomo (Gorman et al., 1981). Outros tern su­gerido que 0 transtorno de panico, criando estados intermi­tentes de altos niveis de circulacaode catecolamina e taquicar­dia, realmente causa prolapsoda valvulamitral (Mattes, 1981).Harelatos de que 0 prolapsoda valvulamitral pode desaparecerse 0 transtomo de panico for mantido sob controle (Gorman etaI., 1981). Segundo uma metanalise de 21 estudos, parecehaver uma associacao entre transtorno de panico e prolapsoda valvula mitral, embora a possibilidade de uma tendencia depublicacao favorecendo relatos positivos nao possa ser descar­tada (Katerndahl, 1993). Seja como for, esta claro que a pre­senca de prolapso da valvula mitral em pacientes com trans­torno de panico tern pouca importancia clfnicaou de progn6s­tico no manejo de ataques de panico espontaneos. 0 que apresenca de prolapso da valvula mitral pode nos dizer sobre a

Transtornos de Ansiedade DI

Page 64: Transtornos de ansiedade

etiologia subjacente do transtorno de panico e uma questaoatualmente sob ampia investigacao.

ohiperparatireoidismo ocasionalmente semanifesta comosin­tomas de ansiedade,justificando-sea realizacao de testes Iaboratoriaisde nivel serico do calcic antes de um diagn6stico definitivo. vanascondicoes cardfacaspodem inicialmente aparecer como sintomas deansiedade, embora, na maioria dos casos, 0 paciente com uma con­dicao cardiaca se queixe fundamentalmente de dor no peito,batimentos cardfacos intermitentes ou palpitacoes. Doenca cardfacaisquemica e arritrnias - especialrnente taquicardia atrial paroxfstica- podem ser descartadas por eletrocardiografia. 0 feocromocitomae um tumor raro, em geral benigno, da medula adrenal que secretacatecolarninasem surtos epis6dicos.Durante uma faseativa,0 paden­te caracteristicamente experimenta rubor, tremores e ansiedade. Apressao sangilinea geralmente se elevadurante a fase ativa da secre­~aode catecolarnina,mas nao em outras ocasi6es.Por isso,0 achadode uma pressao sangilinea normal nao descarta um feocromocitoma.Se ha suspeita dessa condicao, 0 diagn6stico e feito por coleta deurina de 24 horas e determinacao da concentracao de metab6litosde catecolarnina.Em um estudo de pacientes com feocromocitomaconfirmado, cerca da metade preencheu os criterios para os sinto­mas ftsicos de ataques de panico, mas nenhum tinha transtorno depanico, porque nao experimentaram terror durante os ataques e naodesenvolveram ansiedade antecipat6ria ou agorafobia; essas distin­~6essaomulto uteis para se fazer0diagn6sticodiferencial (Starkmanet al., 1990).

A doenca do nervo vestibular pode causar surtos epis6dicosde vertigem, tontura, nausea e ansiedade que podem ser confun­didos com ataques de panico. Em vez de simplesmente se senti­rem tontos, esses pacientes realmente experimentam vertigem,em que 0 quarto, por exemplo, parece girar em uma direcao du­rante cada ataque. Uma consulta otorrinolaringolcgica e justificadaquando se suspeita dessa condicao. Alguns pacientes com trans­torno de panico queixam-se fundamentalmente de tontura ou ins­tabilidade. Se eles constituem urn subgrupo distinto de pacientesde transtorno de panico com anormalidades neurootol6gicas de­finidas e algo que esta sendo atualmente estudado.

Embora muitos pacientes acreditem que seu transtorno deansiedade seja causado por hipoglicernia reativa, nao ha, no mo­mento, prova cientifica de que a hipoglicemia seja uma causa de

68 Hollander & Simeon

Page 65: Transtornos de ansiedade

o diagn6stico diferencial do TAGesta resumido na Tabela2.11. Como ja foi mencionado anteriormente, os pacientes comTAGpodem as vezes ter picos na gravidade de sua ansiedade queatingem proporcoes semelhantes a do panico, por ocasiao de situa­~6es vulneraveis desencadeadas no contexte de urn transtomo depersonalidade subjacente. 0 TAGpode ser diferenciado do trans­tomo de panico pela ausencia de ataques de panico explicitos, de­finidos.Alemdisso, a fadiga, tensao motora e vigilancia caracteris­ticas do TAGsao diferentes dos sintomas autonomicos proeminen­tes do panico. Os pacientes com TOCtambem podem experimen­tar ansiedade cronica que pode ser reminiscente de TAG,mas essaansiedade caracreristicamente gira em tomo de seus medos obses­sivos, e nao de preocupacoes exageradas do cotidiano. Os pacien­tes com fobia social que vivem em ambientes socialmente exigen­tes e nao apresentam muita esquiva podem se encontrar, conse­quenremente, em urn estado freqiiente de ansiedade que pode serrerniniscente do TAG.No entanto, a elaboracao cognitiva do con­teiido da ansiedade geralmente ajuda a realizar 0 diagn6stico dife­rencial, Alemdisso, as manifestacoes fisicasda fobia social concen­tram-se mais em palpitacoes, rubor e tremores. Finalmente, os sin­tomas do TAG,tais como tensao motora, expectativa apreensiva,vigilancia e verificacao, estao tambem presentes no TEPT.Contu­do, 0 inicio e 0 curso das doencas diferem: 0 TAGtern urn inicioinsidioso ou gradual e urn curso que oscila segundo os fatores deestresse ambientais, enquanto 0 TEPT tern urn inicio agudo ap6surn trauma usualrnente claro, com frequenda seguido de um cursocronico. Sintomas de esquiva f6bica, que estao ausentes no TAG,geralmente estao presentes no TEPT.

Transtorno de ansiedade generalizada

qualquer perturbacao psiquiatrica. Os testes de tolerancia a glicosenao sao uteis no estabelecimento da hipogUcerniacomo causa deansiedade, porque ate 40% da populacao em geral tera urnaglicernia baixa durante urn teste rotineiro de tolerancia a glicose.Aunicamaneira convincente de se estabelecer a hipoglicemiacomourna causa dos sintomas de ansiedade seria documentar urn nivelbaixo de glicose no sangue enquanto 0 paciente estivesse sintoma­tico, e isso nao foi feito.

Transtornos de Ansiedade &9

Page 66: Transtornos de ansiedade

Antes de poder ser feito 0 diagn6stico de transtorno f6bico,a presenca de outros transtornos que podem causar medos irracio­nais e comportarnentos de esquiva deve ser descartada. 0 diag­n6stico diferencial de fobia social esta resurnido na Tabela 2.12.

Aesquiva de situacoes sociais e considerada parte dos trans­torn os da personalidade esquiva, esquiz6ide e paran6ide;agorafobia; TOe; transtornos depressivos; esquizofrenia e trans­tomos paran6ides. As pessoas que sofrem de transtomos para­n6ides temem que os outros facam algo desagradavel para elas eque tenharn intencoes malignas. Em contraste, as pessoas quesofrem de fobia social temem que elas pr6prias ajam inadequada­mente e provoquem seu pr6prio constrangimento ou hurnilha­c;ao.No transtorno da personalidade esquiva, 0medo fundamen­tal e tambem 0 da rejeicao, do ridiculo e de ser humilhado pelosoutros. A distincao entre este transtomo e a fobia social generali­zada pode ser conceptual ou semantica, e sua validade permane­ce urn tema de discussao. Quando pacientes que evitarn situacoessociais sao automaticamente rotulados como tendo personalida­des esquivas, 0 clinico pode ser levado a desconsiderar urn trata­mento farmacoterapico e comportamental potencialmente util,Os pacientes com fobia social tern dificuldades com os ambientessociais, enquanto os pacientes com personalidade esquiva ten­dem a ter dificuldade para estabelecer relacionamentos individuaispr6ximos, independentemente do contexte social.

Alguns pacientes com agorafobia dizern ter medo de ficarconstrangidos por perder 0 controle se entrarem em panico em

Fobia social

Nota: TEPT = transtorno de estresse pos-traumatico.

Oepressao ansiosaAtaques de panico ou ansiedade antecipat6riaFobia socialSintomas de hiperexcitacao relacionados ao TEPTMedo obsessivoHipocondriaAnsiedade paran6ide associada a psicose ou a transtomo de personalidade

TABELA 2.11 Diagn6stico dfferenciaJ do transtomo de ansiedade generalizada

70 Hollander & Simeon

Page 67: Transtornos de ansiedade

urna situacao social. Ao contrario dos pacientes com fobia social,os individuos com agorafobia experimentam ataques de panicotambem em situacoes que nao envolvem exame ou avaliacao mi­nuciosos por outras pessoas. Se os ataques de panico ocorremapenas em situacoes sociais e a agorafobia e limitada aos ambien­tes sociais, fobia social e 0 diagn6stico mais apropriado.

Ansiedade interpessoal ou medos de humilhacao conduzin­do a esquiva social nao sao diagnosticados como fobia social quan­do ocorrem no contexte de esquizofrenia, transtorno esquizofre­niforme, psicose reativa brave e transtomo depressivo maior. Ospacientes comvulnerabilidades psic6ticas e isolamento social ma­cico ou habilidades interpessoais deficientes podem ser equivo­cadamente diagnosticados como portadores de fobia social se fo­rem vistos quando estiverem em fases nao-psicoticas ou pre­psic6ticas da doenca, 0 retraimento social observado nos trans­tomos depressivos e, em geral, associado a urna falta de interesseou prazer na companhia de outras pessoas; os pacientes de­pressivos terao dificuldade para manter seu modo de interacaousual, mas nao medo de serem avaliados. Em contraste, as pes­soas com fobia social geralmente expressam 0 desejo de seremcapazes de interagir adequadamente com as outras pessoas e an­tecipam prazer nesse acontecimento.

Nota: TOe = transtorno obsessivo-compulsivo.

Transtorno da personalidade, como personalidade esquiva, esquiz6ide,paran6ide

Transtorno paran6ide do Eixo I, como esquizofrenia paran6ide outranstorno delirante paran6ide

Retraimento social relacionado a depressao secundaria, a anedonia oua sentimentos de fracasso

Medos relacionados ao TOe exacerbados em ambientes socials (porexemplo, contarninacao)

Transtorno de panico com esquiva f6bica nao limitada as situaQoessociais

Deficits ou habilidades sociais comprometidas associadas comesquizofrenia e transtornos relacionados

Transtorno corporal dism6rfico com fobia social secunda ria

TABELA 2.12 Diagn6stico diferencial da fobia social

Transtornos de Ansiedade 71

Page 68: Transtornos de ansiedade

o diagn6stico de TOCgeralmente e claro, mas, em algumasocasioes, pode ser mais dificil distinguir TOC de depressao, psi­cose, fobias ou de urn grave transtorno de personalidade obsessi­vo-cornpulsiva, Todos os outros transtomos do Eixo I podem serco-rnorbidos com 0 TOC; no entanto, para se fazer 0 diagnosticode TOC, os sintomas nao devem ser apenas secundarios a outrotranstomo (por exemplo, pensamentos sobre comida na presen­ca de urn transtomo alimentar, ou pensamentos de culpa na pre­senca de depressao maior).

Em alguns casos, 0 curso do TOC pode se assemelhar maisao da esquizofrenia, com debilitacao cronica, decUnio e compro­metimento profundo no funcionamento social e ocupacional. Asvezes e dificil distinguir entre uma obsessao (isto e, contamina­~ao) e um demo (isto e, ser envenenado). Caracteristicamente,uma obsessao e egodistonica, encontra resistencia e e reconheci­da pelo paciente como de origem interna. Urn delfrio nao encon­tra resistencia, e acredita-se que ele e extemo. Entretanto, os pa­cientes que sofrem de TOCpodem nao ter insight, e, em 12% doscasos, as obsessoes podem se tomar delfrios (Gittleson, 1966).Porern, estudos longitudinais mostram que os pacientes que so­frem de TOCnao tern um risco aumentado de desenvolver esqui­zofrenia (Black, 1974).0 DSM-N-TRpermite 0 diagn6stico dosdois transtornos simultaneamente. Na verdade, ate 25% dos pa­cientes com esquizofrenia podem ter caractensticas de TOC. Porisso, a presenca de sintomas obsessivo-cornpulsivos importantesem urn paciente esquizofrenico nao deve ser negligenciada e jus­tifica urn tratamento separado.

Frequentemente, os pacientes que sofrem de TOC tern de­pressoes associadas que 0 complicam, e sua distincao de pacientesdeprimidos com sintomas obsessivos complicadores pode serdificil. Os pacientes com depressao psicotica, depressao agitadaou caracteristicas obsessivas pre-morbidas anteriores a depressaosao particularmente propensos a desenvolver pensamento obsessi­vo proeminente quando deprimidos (Gittleson, 1966). Essasobses­sees "secundarias" freqiientemente envolvem temas com humorcongruente como agressao, culpa, autoflagelo, mas a distincao en­tre obsessoes primaries e secundarias esta na ordem de sua ocor­rencia. AMmdisso, os pensamentos depressivos recorrentes - em

Transtorno obsesslvo-compulsivo

72 Hollander & Simeon

Page 69: Transtornos de ansiedade

o diagn6stico de TEPTem geral nao e dificil se houver urnahist6ria clara de exposicao a urn evento traumatico, seguida porsintomas de ansiedade intensa durante pelo menos urn mes, comexcitacao e estimulacao do sistema nervoso autonomo, torpor eesquiva da reexperiencia do evento traumatico. No entanto, umagrande variedade de sintomas de ansiedade, depressives, somati­cos e comportamentais nos quais a relacao entre 0 seu inicio e 0evento traumatico e menos nitido pode facilmente conduzir a urndiagn6stico equivocado. Ao se fazer 0 diagn6stico de TEPT,e sern­pre fundamental estabelecer claramente 0 infcio dos sintomas

Transtorno de estresse pos-traumatlco

contraste com as obsess6es puras - concentram-se freqiientementeem urn incidente passado, em vez de em urn evento atual ou fu­turo, e raramente encontram resistencia ou sao contrapostos porrituais compulsivos.

Existe urna conexao intima entre 0 TOC e os transtomosf6bicos. Os pacientes que sofrem de TOC e sao compulsivos porlimpeza parecern muito semelhantes as pessoas que tern fobia, esao equivocadamente rotulados por alguns como "f6bicos de ger­mes". Os dois grupos tern urn comportamento esquivo, mostramreacao subjetiva e autonomica intensa a estfmulos focais, e cons­ta que ambos reagem a intervencoes comportamentais similares(Rachman e Hodgson, 1980). Eles tern medo excessive, embora arepugnancia seja proeminente nos pacientes que sofrem de TOC,e nao nos pacientes f6bicos. No entanto, os individuos com TOCnunca conseguem evitar inteiramente a obsessao, sempre imagi­nam cenarios improvaveis e tern conceitos irracionais sobre comoneutralizar seus medos; ja os pacientes f6bicos tern estimulos maisfocais, extemos e realistas, que eles podem conseguir evitar.

Os pacientes com TOC que experimentam altos niveis deansiedade podem descrever epis6dios tipo panico, mas esses epi­s6dios sao secundarios as obsess6es e nao ocorrem espontanea­mente. Em contraste com os pacientes que sofrem de transtomode ansiedade, os pacientes com TOC nao tern ataques deansiedade quando sao adrninistradas infus6es de lactato (Gormanet al., 1985). 0 diagn6stico diferencial do TOC esta resumidona Tabela 2.13.

Transtornos de Ansiedade 73

Page 70: Transtornos de ansiedade

como subseqiientes ao trauma. Alern disso, uma taxa elevada deco-morbidade freqiientemente pode conduzir ao diagn6stico adi­cional de panico, depressao ou TAG,juntamente com 0TEPT,por­que esta bern estabelecido que a preexistencia dessas condicoesdeixa os individuos sob um risco mais elevado de desenvolverTEPTap6s um trauma, seguido por uma recorrencia ou intensifi­cacao de seus transtomos preexistences de humor e ansiedade.

Em particular, ha rnuita justaposicao entre 0 TEPTe trans­tomos importantes de humor. Sintornas como torpor, irritabilidade,sono perturbado, fadiga, anedonia, cornprometirnentos nos rela­cionamentos familiares e sociais, raiva, preocupacao com a saiidefisica e perspectiva pessimista podem ocorrer em ambos os qua­dros. Em algumas populacoes de veteranos, 70 a 80% dos pacien­tes preenchem 0 criterio diagn6stico dos dois transtornos. De­pressao maior e uma complicacao freqiiente do TEPT;quando elaocorre, deve ser tratada agressivamente, porque a co-morbidadecarrega urn risco aumentado de suiddio. Se ocorre 0 desenvolvi­mento de urna depressao maior secundaria ao TEPT,os dois trans­tomos devem ser diagnosticados. Os sintomas distfrnicos sao fre-

Nota: TOe = transtomo obsessivo-compulsivo.

Transtorno alimentar com obsessOes envolvendo comida e pesoTranstorno corporal dism6rfico com outras obsessoes sobre a aparenciacorporal alern do peso

Hipocondria com obsessoes relacionadas a enfermidades temidasTranstorno de panico ou transtomo de ansiedade generalizada (se aansiedade obsessiva e grave)

Ruminayoes depressivas recorrentes (tipicamente congruentes como humor)

Transtorno grave de personalidade obsessivo-compulsivaPsicose paran6ide (por exemplo. deltrios de envenenamento em vez demedos de contaminacao)

Fobia social (se as situayoes sociais sao evitadas porque exacerbamo TOe)

Transtorno de controle dos impulsos (comportamentos repetitivosassociados com 0 prazer ou com a gratificayao; por exemplo,jogo compulsivo, gastar dinheiro compulsivamente ou comportamentosexual compulsivo

TABELA 2.13 Diagn6stico diferencial do transtorno obsessivo-compulsivo

74 Hollander & Simeon

Page 71: Transtornos de ansiedade

quentemente secundarios ao TEPT,mas se sao bastanre graves,deve ser feito 0 diagn6stico adicional de transtorno distimico,

Ap6s urn evento traumatico, os pacientes podem ser condi­cionados aversivamente as circunstancias relacionadas ao trau­ma e desenvolvem uma fobia de objetos, condicoes circundantesou situacoes que lhes recordam 0 trauma. Os pacientes com fobiaexperimentam ansiedade na siruacao temida, e a esquiva e acorn­panhada de urna reducao da ansiedade que reforca 0 comporta­mento esquivo. No TEPT,a fobia pode ser sintomaticamente simi­lar a fobia especffica, mas a natureza do desencadeante comouma lembranca espedfica do trauma e 0 grupo de sintomas doTEPTdistinguem esta condicao da fobia espedfica.

Os pacientes com TEPTpodem tambern experimentar ata­ques de panico. Em alguns pacientes, os ataques de panico ante­cedem 0 TEPT ou nao ocorrem exclusivamente no contexte deestimulos reminiscentes do evento traumatico. Em outros, no en­tanto, os ataques de panico desenvolvem-se apos 0 TEPT e saoprovocados apenas por estimulos traumaticos, Se os ataques depanico sao extensos e preenchem os criterios para 0 transtomo,deve ser feito 0 diagnostico.

Os transtomos de ajustamento sao reacoes mal-adaptadas apress6es psicossociais identificaveis. Os sinais e sintomas podemincluir uma grande variedade de perturbacoes e emergem nostres meses seguintes ao evento estressante, Se os sintomas sao degravidade suficiente para preencher outros critertos do Eixo Y,nao e feito 0 diagn6stico de transtorno de ajustamento. Ele podeser diagnosticado na presenca de outro transtorno do Eixo I oudo Eixo II se este nao justificar os sintomas que ocorrem comoresultado do evento estressante. 0 transtorno de ajustamento di­fere do TEPTporque 0 fator de estresse e em geral menos grave eesta dentro do ambito da experiencia comum, e os sintomas ca­racteristicos do TEPT - como a revivencia - estao ausentes. 0prognostico de plena recuperacao no transtorno de ajustamentoe, em geral, excelente.

A neurose de compensacao, 0 transtorno facticio e a simula-913.0 de doenca envolvem fingimento e invencao consciente dedoenca, embora a motivacao para cada condicao seja diferente.Os pacientes com transtorno facticio podem apresentar sintomasffsicos ou psicol6gicos; a invencao de sintomas esra sob controlevoluntario e a motivacao e assumir 0 papel de "paciente". 0 trans-

Transtornos de Ansiedade 75

Page 72: Transtornos de ansiedade

torno facticiocronico com sintornas fisicos(por exemplo,a sindromede Miinchhausen) envolve visitas freqiientes ao medico, hos­pitalizacao recorrente e pode incluir tambem intervencoes dnirgi­cas. 0 TEPT difere do transtomo facticiopela ausencia de sintornasfabricados, por seu inicio agudo apos um trauma e pela ausencia deuma historia medica e psiquiatrica pre-traumatica estranha.

A simulacao envolve a criacao consciente de uma doencacom 0 proposito de atingir urn objetivo definido, como dinheiro,compensacao, etc. Os simuladores muitas vezes revelam uma his­toria inconsistente, grupos de sintomas inesperados, uma histo­ria de comportamento anti-social e abuso de substancia e urn es­tilo de vida caotico, havendo frequentemente uma discrepanciaentre a hist6ria, 0 transtorno alegado e os dados objetivos.

Ap6s traumas fisicos agudos, traumatismo craniano ou con­cussao, 0 transtomo mental organico deve ser descartado ao sediagnosticar 0 TEPT, porque esses eventos tern importantes im­plicacoes de tratamento. As concuss6es leves podem conduzir asinais neurologicos nao-imediatos ou aparentes, mas podem terefeitos residuais de longo prazo sobre 0 humor e a concentracao.Uma avaliacao cuidadosa da natureza de qualquer traumatismocraniano - incluindo registros medicos, observacoes de testemu­nhas, avaliacao do estado mental, exame neurologico e (se indi­cado) testes laboratoriais - e essencial na elaboracao de urn diag­nostico. Ma nutricao, que pode ocorrer durante perfodos prolon­gados de estresse, pode conduzir a sindromes cerebrais organi­cas. Os sobreviventes de campos de concentracao podem ter sin­tomas de transtomo mental organico - mem6ria deficiente, difi­culdade de concentracao, labilidade emocional, cefaleias e verti­gem. Outras causas de transtomo mental organico podem ocasi­onalmente se assemelhar ao TEPT se houver presenca de ansie­dade, depressao, alteracoes da personalidade ou comportamen­tos anormais. Pensamentos, lembrancas, sensacoes ou myel deconsciencia anormais, ou sinais neurologicos focais, podem suge­rir um transtomo mental organico.

Os transtomos mentais organicos que podem se assemelharao TEPT incluem sindrome da personalidade organica, delirio,transtorno arnnestico, alucinacoes organicas ou intoxicacao or­ganica e estados de retraimento. Alern disso, os pacientes comTEPT podem lutar com 0 uso excessivo de alcool, drogas, cafeina

76 Hollander & Simeon

Page 73: Transtornos de ansiedade

Akhtar S,WIgNN,VarmaVI<, et al: Aphenomenological analysis of symptomsin obsessive-compulsive neurosis. Br J Psychiatry 127:342-348, 1975Alden LE, Wallace ST: Social phobia and social appraisal in successfuland unsuccessful social interactions. Behav Res Ther 33:497-505, 1995American Psychiatric Association: Diagnostic and Statistical Manual: MentalDisorders. Washington, DC, American Psychiatric Association, 1952American Psychiatric Association: Diagnostic and Statistical Manual ofMental Disorders, 2nd Edition. Washington, DC, American PsychiatricASSOciation, 1968

• REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

Nota. TEA= transtorno de estresse agudo; TAG= transtorno de ansiedadegeneralizada; TEPT = transromo de esrresse pos-rraumatlco.

Depressao ap6s trauma (entorpecimento e esquiva podem estarpresentes. mas nao sao sintomas intrusivos ou de hlpersxcltacao)

Transtorno de panlco (se os ataques de panlco nao sao limitados alembranyas ou desencadeantes do trauma)

TAG (pode ter sintomas similares aos da hiparexcitacao do TEPT)Agorafobia (se a esquiva nao ssta diretamente relacionada ao trauma)Fobia especifica (se a esquiva nao esta diretamente relacionada aotrauma)

Transtorno do ajustamento (em geral, tem um fator de estresse menosgrave e sintomas diferentes)

TEA (se transcorreu menos de um mes desde 0 trauma)Transtornos dissociativos (se estao presentes sintomas dissociativosproeminentes)

Transtornos facticios ou sirnulacao (especialmente se houver ganhosecundario aparente)

TABELA 2.14 Diagn6stico diferenciai do transtorno de estressepos-traumafico

ou tabaco e, por isso, apresentam urna combinacao de fatoresorganicos e psico16gicos- nesse caso, cada transtorno concomi­tante deve ser diagnosticado. 0 diagn6stico diferencial de TEPTesta resurnido na Tabela 2.14.

Transtornos de Ansiedade n

Page 74: Transtornos de ansiedade

American Psychiatric Association: Diagnostic and Statistical Manual ofMental Disorders, 3rd Edition. Washington, DC, American PsychiatricAssociation, 1980American Psychiatric Association: Diagnostic and Statistical Manual ofMental Disorders, 3rd Edition, Revised. Washington, DC, AmericanPsychiatric Association, 1987American Psychiatric Association: Diagnostic and Statistical Manual ofMental Disorders, 4th Edition. Washington, DC, American PsychiatricAssociation, 1994American Psychiatric Association: Diagnostic and Statistical Manual ofMental Disorders, 4th Edition, TextRevision.Washington, DC,AmericanPsychiatricAssociation, 2000Amies PL, Gelder MG,Shaw PM: Social phobia: a comparative clinicalstudy. Br J Psychiatry 142:174-179, 1983BlackA:The natural historyofobsessionalneurosis, in ObsessionalStates.Edited by Beech HK.London, Methuen Press, 1974, pp 19-54Breuer T, Freud S: Studies on hysteria (1893-1895), in The StandardEdition of the Complete PsychologicalWorks of Sigmund Freud, Vol 2.Edited by Strachey J. London, Hogart Press, 1955, pp 1-319Bryant RA, HarveyAG:Relationship between acute stress disorder andposttraumatic stress disorder followingmild traumatic brain injury.AmJ Psychiatry 155:625-629, 1998Capstick N, Seldrup V: Obsessional states: a study in the relationshipbetween abnormalities occurring at birth and subsequent developmentof obsessional symptoms. Acta Psychiatr Scand 56:427-439, 1977CurtisGC,ThyerB:Faintingon exposure to phobicstimuli. Am JPsychiatry140:771-774, 1983Foa EB, KozakMJ, Goodman WK, et al: DSM-IVfield trial: obsessive­compulsive disorder. Am J Psychiatry 152:90-96, 1995Fyer AJ, Mannuzza S, GallopsMS, et al: Familial transmission of simplephobias and fears: a preliminary report. Arch Gen Psychiatry 47:252-256, 1990Gittleson NL: The effect of obsessions on depressive psychosis. Br JPsychiatry 112:253-259, 1966Gorman JM, Fyer AF, GlicklichJ, et al: Effectof imipramine on prolapsedmitral valves of patients with panic disorder. Am J Psychiatry 138:977-978, 1981Gorman JM, LiebowitzMR., FyerAJ, et al: Lactate infusions in obsessive­compulsive disorder. Am J Psychiatry 142:864-866, 1985

78 Hollander& Simeon

Page 75: Transtornos de ansiedade

Harvey AG, Bryant RA:Two-year prospective evaluation of the relationshipbetween acute stress disorder and posttraumatic stress disorder followingmild traumatic brain injury. Am J Psychiatry 157:626-628, 2000Heimberg RG, Hope DA, Dodge CS, et al: DSM-IU-R SUbtypes of socialphobia: comparison of generalized social phobics and public speakingphobics. J Nerv Ment Dis 178:172-179, 1990Herman JL, van der Kolk BA: Traumatic antecedents of borderlinepersonality disorder, in Psychological Trauma. Edited by van der KolkBA.Washington, DC, American Psychiatric Press, 1987, pp 111-126Himle JA, Crystal D, Curtis GC, et al: Mode of onset of simple phobiaSUbtypes:further evidence of heterogeneity. Psychiatry Res 36:37-43,1991Katerndahl DA: Panic and prolapse. Meta-analysis. J Nerv Ment Dis181:539-544, 1993Kehl PA,Marks 1M:Neurological factors in obsessive-compulsive disorder:two case reports and a review of the literature. Br J Psychiatry 149:315-319, 1986Klein DF: Delineation of two drug responsive anxiety syndromes.Psychopharmacologia 5:397-408, 1964Leckman JF, Zhang H, Alsobrook JP, et al: Symptom dimensions inobsessive-compulsive disorder: toward quantitative phenotypes. Am JMed Genet 105(1):28-30, 2001Leonard HL,Swedo SE: Paediatric autoimmune neuropsychiatric disordersassociated with streptococcal infection (PANDAS). Int J Neuropsycho­phannacol 4(2):191-198, 2001Mannuzza S, Schneier FR, Chapman TF, et al: Generalized social phobia.Reliability and validity. Arch Gen Psychiatry 52:230-237,1995Marks 1M:Fears and Phobias. New York, Academic Press, 1969Marten PA, Brown TA, Barlow DH, et al: Evaluation of the ratingscomprising the associated symptom criterion of DSM-III-R generalizedanxiety disorder. J Nerv Ment Dis 181:676-682, 1993Mattes J: More on panic disorder and mitral valve prolapse (letter). AmJ Psychiatry 138:1130, 1981McKeon J, McGuffin P, Robinson P: Obsessive-compulsive neurosisfollowing head injury: a report of four cases. Br J Psychiatry 144:190-192, 1984Meyer-Gross W, Steiner G: Zentralblatt fur die Gesamte Neurologie undPsychiatrie 73:287-289, 1921Muris P, Schmidt H, Meckelbach H: The structure of specific phobia symptomsamong children and adolescents. Behav Res Ther 37:863-868, 1999

Transtornos de Ansiedade 79

Page 76: Transtornos de ansiedade

NezirogluF,AnemoneR.Yaryura-TobiasJA:Onset ofobsessive-compulsivedisorder in pregnancy. Am J Psychiatry 149:947-950, 1992Ost LG:Ageof onset of different phobias. J Abnorm PsychoI96:223-229,1987Quitkin F, Babkin J: Hidden psychiatric diagnosis in the alcoholic, inAlcoholism and Clinical Psychiatry. Edited by Soloman J. New York,Plenum, 1982, pp 129-140RachmanSJ,HodgsonRJ: Obsessionsand Compulsions.EnglewoodCliffs,NJ, Prentice-Hall, 1980Rasmussen SA,Tsuang MT:Clinicalcharacteristics and family history inDSM-1lIobsessive compulsive disorder. Am J Psychiatry 143:317-322,1986ReichJ, NoyesR,YatesW:Anxietysymptomsdistinguishing social phobiafrom panic and generalized anxiety disorders. J NervMent Dis 176:510-513, 1988Skre I, Onstad S, Torgensen S, et al: A twin study of DSM-III-Ranxietydisorders. Acta Psychiatr Scand 88:85-92, 1993Starcevic V, Fallon S, Uhlenhuth EH: The frequency and severity ofgeneralized anxiety disorder symptoms. Toward a less cumbersomeconceptualization. J NervMent Dis 182:80-84, 1994Torgensen S: Genetic factors in anxiety disorders. Arch Gen Psychiatry40:1085-1089, 1983Starkman MN, Cameron OG, Nesse RM,et al: Peripheral catecholaminelevels and the symptoms of anxiety: studies in patients with and withoutpheochromocytoma. PsychosomMed 52:129-142, 1990van der KolkBA,Saporta J: The biological response to psychic trauma:mechanisms and treatment of intrusion and numbing. AnxietyResearch4:199-212, 1991WeinerA,ReichT,RobinsE,et al: Obsessive-compulsiveneurosis: record,family and follow-up studies. Compr Psychiatry 17:527-539, 1976Westphal K: Ueber Zwangsverstellungen [Obsessional thoughts]. ArchPsychiatr Neurol 8:734-750, 1878WorldHealth Organization: International ClassificationofDiseases, 10thRevision.Geneva, World Health Organization, 1992

80 Hollander & Simeon

Page 77: Transtornos de ansiedade

o curso do transtorno de panico sem tratamento e extrema­mente variavel, No momento atual, nao ha maneira confiavel desaber que pacientes iraQdesenvolver, por exemplo, agorafobia. 0transtomo de panico parece ter urn curso oscilante, em que ocor­re uma recuperacao espontanea seguida por urna recorrencia dosataques meses ou anos depois. Em casos extremos, alguns paeien­tes ficam completamente confinados dentro de casa durante de­cadas. 0 tratamento destinado a bloquear a ocorrencia dos ata­ques e adequado em qualquer ponto do curso da doenca quandoos ataques estao ocorrendo. Os resultados sao freqiientementesurpreendentes. 0 bloqueio farmacol6gico dos ataques de panicono inicio da doenca, antes da esquiva f6bica tornar-se urn modode vida arraigado, em muiros casos leva a uma completa rernis­sao. Mesmo com a doenca progredindo ha anos, 0 controle efeti­vo dos ataques pode conduzir a resolucao da ansiedadeantecipat6ria e das fobias sem outro tratamento. No entanto, urnnumero substancial de pacientes com esquiva f6bica importanrepermanece com ansiedade e medo de enfrentar situacoes temi­das, mesmo depois de os ataques terem sido bloqueados; essespacientes requerem outras formas de intervencao.

Urn estudo naturalistico de acompanhamento de sete anosexaminou fatores progn6sticos em pacientes com transtorno depanico em tratamento. Embora os pacientes em geral tenham apre­sentado bons resultados, houve varies preditores de resultadospiores, incluindo maior gravidade de ataques de panico e ago­rafobia, maior duracao da doenca, depressao maior co-m6rbida,separacao de urn familiar por morte ou div6rcio, alta sensibilidadeinterpessoal, classe social inferior e estado civil solteiro (Noyes et

• TRANSTORNO DE pANICO

CURSO E PROGNOSTICO

Page 78: Transtornos de ansiedade

Nota. Os dados fracionarios para 0 resultado sao aproximados."Dadosde Katschniget al., 1995; Noyes er al., 1993; O'Rourke et al., 1996.

Preditores demau prognostico'

Variilvel, caracteristicamente com periodos deexacerbacees e remissoes

1/3 dos pacientes totalmente recuperados1/2 dos pacientes com comprometimento mlnimo1/5 dos pacientes, ou menos, comcomprometimento moderado a grave

Ataques de panlco mais gravesAgorafobia mais graveDurayao rnais prolongada da dosncaDepressao maier co-morbidaHistoria de separacao de urn dos pais(morte, divorcio)

Classe social inferiorTipo de personalidade ansiosaAlto grau de sensibilidade interpessoalResposla ruim ao tratamento inicialEstado civil solteiro

Resultado

Curso

lABElA 3.1 Curso e prognostico do tra)nstorno de panico

al., 1993). Outro esrudo de resultado a longo prazo, cobrindo urnperiodo de cinco anos, teve achados bastante otimistas - 34%dos pacientes se recuperararn, 46% ficaram rninirnamente com­prometidos e 20% permaneceram moderada a gravemente com­prometidos. 0 preditor mais notavel do mau resultado foi umtipo de personalidade ansioso-medrosa, e 0 segundo preditor foiurna resposta pobre ao tratamento inicial (O'Rourke et al., 1996).Outro grande estudo de resultado mostrou que menos de 20%dos pacientes com transtomo de panico permaneceram seriamenteagoraf6bicos ou incapacitados. A frequencia basal dos ataques depanico, 0 tratamento farmaco16gico inicial e 0 usa continuo demedicacao nao estavam relacionados ao resultado, enquanto aduracao maior da doenca e a esquiva inicial mais grave forampreditores de um resultado desfavoravel (Katschnig et al., 1995).o curso e 0 progn6stico do transtomo de panico estao resumidosna Tabela 3.1.

82 Hollander & Simeon

Page 79: Transtornos de ansiedade

Urn estudo inicial mostrou uma Incidencia mais elevada demorte prematura devida a doenca cardiovascular e suicfdio entrepacientes com transtorno de panico do que entre individuos sau­daveis sem problemas psiquiatricos ou medicos (Coryell et al.,1982). No entanto, cada urn dos pacientes do estudo tiverahospitalizacao psiquiatrica em algum ponto da sua doenca, susci­tando urna diivida se constituiam urn grupo de pacientes maisgravemente doentes do que e geralmente encontrado na praticaclfnica. 0 fndice de morte aurnentado por doenca cardiovasculardescrito no estudo clfnico por Coryell e colaboradores foi, emparte, corroborado em uma investigacao epidemiol6gica realiza­da por Weissmane colaboradores (1990). No estudo deWeissman,os pacientes com transtorno de panico tiveram urn risco substan­cialmente mais alto de acidente vascular cerebral do que os paden­tes com outros transtornos psiquiatricos (embora tenham sideidentificadas varias Iimitacces metodologicas do estudo). Nessetrabalho, a unica anormalidade cardiovascular encontrada emgrandes proporcoes em pacientes com transtomo de panico foiprolapso da valvula mitral. Essa associacao talvez pudesse expli­car uma incidencia mais elevada de morte relacionada a compli­cacoes cardiovasculares em pacientes com transtorno de panico;entretanto, 0 prolapso da valvula mitral, em si, raramente e cau­sa de morte prematura ou morbidade importante. Uma outra ex­plicacao possfvel para 0 risco aumentado de ccmplicacoescardiovasculares e cerebrovasculares em pacientes com transtor­no de panico pode estar relacionada ao estilo de vida. Os pacien­tes com transtorno de panico tendern a viver vidas relativamentesedentarias; alguns relatam que 0 exerdcio fisico vigoroso preci­pita seus ataques de panico, 0 que os leva a evitar os exercicios.Furno em excesso, alcoolismo e dietas deficientes tambem contri­buem para urn maior risco em pacientes que sofrem de transtor­no de panico. Alternativamente, 0 aurnento ventricular esquerdoe urn maior risco de eventos tromboernbolicos foram contempla­dos para justificar a associacao entre 0 transtorno de panico e 0risco aumentado de complicacoes cardiovasculares e cerebro­vasculares (Weissman et al., 1990); no entanto, essa considera­r;ao continua sendo especulativa.

A suposta associacao entre transtorno de panico e um riscoaurnentado de suicfdio recebeu muita atencao na ultima decada.IniciaIrnente, pensava-se que ela podia se dever ao fato de os

Transtornos de Ansiedade 83

Page 80: Transtornos de ansiedade

Em contraste com 0 transtorno de panico, nenhum eventoisolado faz com que 0 paciente com transtorno de ansiedade ge­neralizada (TAG)busque ajuda. Somente com 0 passar do tempoesses pacientes parecem desenvolver 0 reconhecimento de que asua experiencia de tensao cronica, hiperatividade, preocupacao eansiedade e excessiva. Freqtientemente, declaram que nunca hou­ve urn momento em suas vidas, pelo que eles podem se lembrar,em que nao se sentissem ansiosos. 0 TAGparece ser uma condi­t;aomais cronica do que 0 transtorno de panico, com menos perfo-

• TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA

pacientes com transtorno de panico serem mais propensos do queas pessoas sem problemas psiquiatricos a transtorno depressivomaior e alcoolismo em algum ponto de suas vidas. No entanto,Allgulander e Lavori (1991) conduziram urna grande investiga­t;ao retrospectiva na Suecia e encontraram urn risco aumentadode suicidio em pacientes com transtorno de panico na ausenciade diagn6sticos co-m6rbidos. Outros dados epidemiol6gicos cor­roboraram esse achado no estudo do Epidemiologic CatchmentArea (ECA),em que 0 fndice de tentativas de suicidio por partede pessoas com transtorno de panico nao-compltcado foi de 7% -ou seja, mais ou menos 0 mesmo Indice, 7,9%, das pessoas comdepressao maior nao-complicada (Johnson et aI., 1990). No en­tanto, em urna reanalise dos dados do ECA, controlando toda aco-morbidade em vez de apenas urn transtorno de cada vez, naofoi mais demonstrada uroa associacao entre panico e tentativasde suicidio (Hornig e McNally,1995). Em uma amostra clinica depacientes com transtorno de panico, encontrou-se urna inciden­cia de 17% de tentativas de suicidio nos individuos sem depres­sao maior ou abuso de substancia co-m6rbidos, mas esses pacien­tes tinham outra co-morbidade com algumas sintomatologiasdepressivas e/ou transtorno da personalidade (Lepineet al., 1993).o ultimo estudo sobre esta questao (urn estudo prospectivo comcinco anos de duracao) concluiu, mais urna vez, que nao houveassociacao entre transtorno de panico e risco de suicfdio na au­sencia de outros fatores de risco (Warshaw et aI., 2000). Pareceque desta vez nao houve vinculo direto entre transtorno de pani­co nao-complicado e suicidio.

84 Hollander & Simeon

Page 81: Transtornos de ansiedade

A fobia social comeca principalmente na adolescenda e noinfcio da vida adulta, em geral mais cedo que 0 transtomo depanico com agorafobia; 0 curso da doenca e tipicamente bastantecronico. 0 infcio dos sintomas as vezes e agudo, seguindo umaexperiencia de humilhacao social, mas muito mais freqiientementee insidioso durante meses ou anos e sem urn precipitante claro. E

• FOBIA SOCIAL

dos de remissao espontanea (Raskin et al., 1982; Woodman etal., 1999). Entre os indivfduos com TAGacompanhados duranteurn periodo de cinco anos, somente 18 a 35% conseguiram re­missao completa (Woodman et al., 1999; Yonkers et al., 1996).Os individuos com TAGexperimentam interferencia substancialem suas vidas, freqiientemente buscam ajuda profissional e fa­zem urn uso substancial de medicamentos (Wittchen et al., 1994).Os pacientes com TAGcujos sintomas de ansiedade iniciam maisprecocemente, nas duas primeiras decadas de vida, parecem ficarem geral mais comprometidos, sofrer de ansiedade mais graveque nao e precipitada por eventos estressantes especfficos e terhistoria de mais medos na infancia, ambientes familiares perrur­bados e maior desajuste social (Hoehn-Sarto et al., 1993). Comofoi observado anteriormente, embora 0 TAGseja em geral co­m6rbido com depressao maior e outros transtornos de ansiedade,ele emerge como uma entidade claramente distinta (Brawman etal., 1993; Wittchen et al., 2000). 0 abuso de alcool, barbiniricose medicamentos ansioliticos tambem e comum. Breslau e Davis(1985) mostraram que, se 0 TAGfor persistente durante seismeses, 0 indice de co-morbidade com transtomo depressive emuito alto. Alem disso, a probabilidade da remissao do TAGcomo passar do tempo e menor na presenca de depressao eo-morbida(Yonkerset aI., 1996). Ao contrario do transtorno de panico, quediminui com a velhice, 0 TAGparece ser responsavel por rnuitosdos estados de ansiedade na velhice, muitas vezes co-morbida­mente com enfermidades medicas (Flint, 1994). Em pacientesidosos com ansiedade, e particularmente importante diferenciaro TAGde outros estados de ansiedade que poderiam estar relaci­onados a delirio, demencia, psicose ou depressao, ou que possamser manifestacoes de enfermidades medicas subjacentes.

Transtornos de Ansiedade 85

Page 82: Transtornos de ansiedade

Preditores de umprognostico ruim

Tipicamente, inicio durante ou antes daadolescencia e curso muito cronlco

Cerca de metade dos pacientes recuperadaap6s 25 anos da doenca

lnlcio anterior aos 8-11 anos de idadeTranstomo pslquiantco co-m6rbidoNfvel de instrU980 inferiorMais sintomas na avalia980 inicialProblemas de sauce co-m6rbidos

Resultado

Curso

TABELA 3.2 Curso e prognostico da fobia social

eomum os pacientes se lembrarem que tiveram fobia social quan­do adolescentes, as vezes ate na faculdade. Como foi demonstra­do por estudos clinieos, os homens sao tao afetados por fobiasocial quanto as mulheres - uma diferenca dos outros transtor­nos ansiosos. Esse achado provavelmente reflete quem mais co­mumente busea tratamento em funcao das demandas sociais, por­que as taxas de prevalencia de fobia social na populacao em geralmostra que ela e urn pouco mais comurn nas mulheres.

Afobia sociale claramente uma condicao crenica e potencial­mente muito incapacitante. Mais da metade dos pacientes quesofrem de fobia social relatam uma incapacidade substancial emalgumas areas de suas vidas, independentemente do grau de apoiosocial que eles tern (Schneier et al., 1994; Stein e Kean, 2000).Os preditores de born resultado na fobia social incluern seu infcioap6s os 11 anos de idade, a ausencia de co-morbidade psiquiatri­ea e 0 nfvel de instrucao elevado (Davidson et al., 1993). Emuma ampla investigacao retrospectiva recente, de pessoas comidades entre 15 e 64 anos sofrendo de fobia social, aproximada­mente metade da amostra recuperou-se da doenca por ocasiaoda investigacao; os dados mostraram uma duracao media da doen­ca de 25 anos. Preditores importantes da recuperacao foram con­texto social na infancia (isto e, ausencia de irmaos e criacao emcidade pequena), infcio ap6s os sete anos de idade, sintomas mi­nimos e ausencia de problemas de saude ou depressao co-morbi­dos, ou problemas de saude e depressao que oeorreram antes doinfcio da fobia social (DeWit et al., 1999). 0 curso e 0 progn6sti­co da fobia social estao resumidos na Tabela 3.2.

86 Hollander & Simeon

Page 83: Transtornos de ansiedade

Estudos do curso natural do transtomo obsessivo-compulsivo(TOC) sugerem que em 24 a 33% dos pacientes 0 transtomo ternurn curso fluruante, em 11 a 14% ele segue urn curso fasico comperfodos de remissao completa, e em 54 a 61% tern urn curso cons­tante ou progressive (Black, 1974). Embora 0 prognostico para 0TOC tenha side tradicionalmente considerado ruim, os desenvolvi­mentos nos tratamentos componamentais e farmacologicosmelho­raram-no consideravelmente.Em geral, 0 transtomo tern urn impac­to imponante no funcionamento da vida diana; alguns pacientespassam muitas horas do dia envolvidoscom suas obsessoese rituais.Comfrequencia,ospacientessao socialmenteisolados,casam-setardee tern urn alto myel de celibato (particularmente os homens) e urnbaixo Indice de fertilidade. Compondo a situacao, a depressao e aansiedade sao complicacoescomuns do TOC.

Recenternente, urn importante estudo de acompanhamenrorealizado na Suecia observou 0 curso de pacientes durante urn

• TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO

Na fobia especifica, a idade npica de inicio varia confonne 0tipo de fobia. As fobias de animal em geral comec;amna infancia,enquanto as fobias situacionais tendem a iniciar em urna faseposterior da vida. Marks (1969) encontrou uma media de 4,4anos de idade no inicio das fobias de animal; os pacientes comfobias situacionais tinham em media 22,7 anos de idade quandoelas tiveram inicio. Embora sejam poucos os estudos prospectivossisternaticos, parece que as fobias especfficas, a menos que sejamtratadas, seguem urn curso cronico. Urn estudo recente acompa­nhou pacientes com fobia especifica durante 10 a 16 anos ap6surn tratarnento inicial e encontrou que, mesmo entre aqueles queresponderarn com uma recuperacao inicial completa, cerca da me­tade era clinicamente sintomatica durante 0 acompanhamento.Alern disso, nenhurn dos pacientes que nao melhorou com 0 tra­tamento inicial apresentou qualquer melhora durante 0 acompa­nhamento. 0 estudo sugere que as fobias especificas podem serresistentes ao tratamento ou frequentemente nao recebem trata­mento (Lipsitz et al., 1999) .

• FOBIA ESPEC[FICA

Transtornos de Ansiedade rt

Page 84: Transtornos de ansiedade

Nota. As fra<;6essao aproximadas.

Preditores deprognostico pior

Pouco mais de 1/10 dos paclentes: fasico comperiodos de completa remtssao

1/4 a 1/3 dos pacientes: curso flutuante1/2 dos pacientes: doenca constante ou progressiva

Pouco mais de 4/5 dos pacientes melhoram ap6s40 anos

Idade precoce no inicio da doencaDura~o rnais longa da dosncaPresenca concomitante de obsess6es e compuls6esMau funcionamento social no inicio da doencaPensamento magico e maior gravidade dos deliriosCurso cronico da doencaTranstomo bipolar ou transtorno alimentar co-m6rbidos

Resultado

Curso

lABELA 3.3 Curso e proqnosfico do transtorno obsessivo-compulsivo

perfodo de mais de 40 anos, aproximadamente da decada de 1950a decada de 1990 (Skoog e Skoog, 1999). Os achados foram maisotimistas do que se poderia esperar; com uma melhora observadaem 83% dos pacientes. Desses, cerca da metade ficou total ouquase totalrnente recuperada. E importante citar que os preditoresde urn resultado pior foram idade precoce no infcio do transtor­no, curso basal rnais cronico, mau funcionamento social no ini­cio, presenca concomitante de obsess6es e compuls6es, e pens a­mento magico. Em urn estudo recente realizado pelo InternationalConsortium sobre 0 tratamento de TOC refratario, os pacientesque nao melhoraram com 0 tratamento foram aqueles que tinhamdoenca mais grave, maior gravidade dos delfrios, TOC com urncurso mais cr6nico e mais co-morbidade com transtomos bipolarese alimentares (Hollander et al., 2002). Em relacao ao tratamentoagudo, a presence de obsess6es e compulsoes acumuladas estaassociada a uma resposta ruirn ao tratarnento medicamentoso(Mataix-Cols et al., 1999). 0 curso e 0 prognostico do TOC estaoresumidos na Tabela 3.3.

aa Hollander & Simeon

Page 85: Transtornos de ansiedade

Scrignar (1984) dividiu 0 curso clinico do transtomo deestresse pos-traumatico em tres estagios:

o estagio I envolve a reacao ao trauma. Pessoas nao-suscetf­veis podem experimentar uma oscilacao adrenergica dos sinto­mas imediatamente ap6s 0 trauma, mas tipicamente nao se fixamno incidente. As pessoas predispostas tern niveis de ansiedade edissociacao mais elevados na avaliacao inicial, uma reacao exa­gerada ao trauma e uma preocupacao com 0 mesmo.

Se os sintomas persistirem alem de quatro a seis semanas, 0paciente entra no esuigio II, ou TEPTagudo. Podem ocorrer sinto­mas de desamparo e perda de controle, sintomas de exciracaoautonomica aumentada, "alfvio"do trauma e sintomas somaticos.A vida do paciente passa a se concentrar no trauma, com altera­~6es subsequentes no estilo de vida, na personalidade e no fun­cionamento social. Podem tambem ocorrer esquiva f6bica, rea­~6es a choques e acessos de raiva.

No estagio ill, desenvolve-se 0 TEPTcronico, acompanhadode incapacidade, desencorajamento e desanimo, A enfase do pa­ciente pode mudar da preocupacao com 0 trauma real para apreocupacao com a incapacidade ffsicaresultante do trauma. Sin­tomas somaticos, ansiedade cronica e depressao sao compJica­~6es comuns nesta fase, assim como abuso de substancia, rela­~6es familiares perturbadas e desemprego. Alguns pacientes po­dem se concentrar em indenizacoes e processos judiciais.

Urn estudo encontrou que 0 Indice de rernissao completa doTEPTcronico durante um perfodo prospectivo de cinco anos foide apenas 18%, destacando a cronicidade frequente da doenca.Hist6ria de abuso de alcool e trauma na infancia foi associada aum Indice inferior de remissao (Zlotnick et al., 1999). Mesmocom correcao estatistica para transtornos psiquiatricos ou medi­cos co-m6rbidos, os pesquisadores encontraram que as pessoasque sofrem de TEPTmanifestam urn comprometimento substan­cial em dorninios importantes da vida, tais como limitacoes ffsi­cas, desemprego, saude ffsica deficiente e reducao do bem-estar,Por isso, em pacientes com transtornos multiples, pode ser fun-

• TRANSTORNO DE ESTRESSE POS-TRAUMATICO

Transtornos de Ansiedade 89

Page 86: Transtornos de ansiedade

Nota. TEPT= transtorno de estresse pos-traumatico."Dados de Breslau et al., 1998.

Nurnero maior de sintomas de TEPTHistoria pstqulatrtca de outros transtomos deansiedade e do humor

Doencas medtcas co-rnorbtdasSexo femininoTrauma na infanciaAbuso de alcoot

Preditores depi or resultado

4/5 dos pacientes: mais de 3 meses314 dos pacientes: mais de 6 meses1/2 dos pacientes: dura~ao de 2 anosMinoria dos pacientes: slntornaucos durantemuitos anos ou decadas

Curso·

TABELA 3.4 Curso e prognostico do transtorno de estresse pos-traumatico

damental visar 0 TEPTe trata-lo se ele estiver presente (Zatzicket al., 1997).

Dados recentes mostram que a grande maioria dos pacien­tes com TEPT,mais de 80%, tern TEPTcronico (definido no DSM­IV-TR[American Psychiatric Association, 2000] como TEPTcomuma duracao maior que tres meses); cerca de 75% dos pacientescom TEPTcontinuam a se mostrar sintomaticos ap6s seis meses.o tempo medic para a remissao do TEPTe de cerca de dois anos(Breslau et al., 1998). A National Comorbidity Survey revelouque 0 declinio nos sintomas do TEPTe maior no primeiro ano emais gradativo subseqiientemente (Kessler et al., 1995). Algu­mas pessoas, especialmenre aquelas expostas a ataques ou even­tos terriveis como 0 Holocausto, podem permanecer sintornaticasdurante decadas ap6s 0 trauma. Varies fatores sao preditores deuma maior cronicidade (isto e, um numero maior de sintomas deTEPTna avaliacao inicial, historia psiquiatrica de outro rranstor­no de ansiedade ou transtomos de humor, maior entorpecimentoou hiperexciracao na reacao aos fatores de estresse, doencas me­dicas co-morbidas e sexo feminino) (Breslau e Davis, 1992). ATabela 3.4 resume 0 curso e 0 progn6stico do TEPT.

90 Hollander & Simeon

Page 87: Transtornos de ansiedade

Allgulander C, Lavori PW: Excess mortality among 3302 patients with"pure" anxiety neurosis. Arch Gen Psychiatry 48:599-602, 1991American Psychiatric Association: Diagnostic and Statistical Manual ofMental Disorders, 4th Edition, Text Revision. Washington, DC, AmericanPsychiatric Association, 2000Black A: The natural history of obsessional neurosis, inObsessional States.Edited by Beech HK. London, Methuen Press, 1974, pp 19-54Brawman MO, Lydiard RB, Emmanuel N, et al: Psychiatric comorbidityin patients with generalized anxiety disorder. Am J Psychiatry 150:1216-1218, 1993Breslau N, Davis GC: DSM-III generalized anxiety disorder: an empiricalinvestigation of more stringent criteria. Psychiatry Res 15:231-238, 1985Breslau N, Davis GC:Posttraumatic stress disorder in an urban populationof young adults: risk factors for chronicity. Am J Psychiatry 149:671-675, 1992Breslau N, Kessler RC, Chilcoat HD, et al: Trauma and posttraumaticstress disorder in the community: the 1996 Detroit Area Survey of Trau­ma. Arch Gen Psychiatry 55:626-632, 1998Coryell W, Noyes R, Clancy J: Excess mortality in panic disorder: acomparison with primary unipolar depression. Arch Gen Psychiatry39:701-703, 1982Davidson JR, Hughes DL, George LK, er al: The epidemiology of socialphobia: findings from the Duke Epidemiological Catchment Area Study.Psychoi Med 23:709-718, 1993DeWit OJ, Ogbome A, Offord DR, et al: Antecedents of the risk of recoveryfrom DSM-III-R social phobia. Psychol Med 29:569-582, 1999Flint AJ: Epidemiology and comorbidity of anxiety disorders in the elderly.Am J Psychiatry 151:640-649, 1994Hoehn-Saric R, Hazlett RL, Mcleod DR: Generalized anxiety disorderwith early and late onset of anxiety symptoms. Compr Psychiatry 34:291-298, 1993Hollander E, Bienstock C, Pallanti S, et al: Refractory obsessive-compulsivedisorder: state-of-the-art treattnent. J Clin Psychiatry 63 (suppl 6):20-29,2002Hornig CD, McNally RJ: Panic disorder and suicide attempt: a reanalysisof data from the Epidemiologic Catchment Area study. Br J Psychiatry167:76-79, 1995

• REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

Transtornos de Ansiedade 91

Page 88: Transtornos de ansiedade

Johnson J, WeissmanMM,KlermanGL:Panic disorder, comorbldity andsuicide attempts. Arch Gen Psychiatry 47:805-808, 1990Katschnig H, Amering M, Stolk JM, et al: Long-term follow-up after adrug trial for panic disorder. Br J Psychiatry 167:487-494, 1995KesslerRC, Sonnega A, Bromet E, et al: Posttraumatic stress disorder intheNationalComorbiditySurvey.ArchGenPsychiatry52:1048-1060,1995Lepine Jp' Chignon JM, Teherani M: Suicide attempts in patients withpanic disorder. Arch Gen Psychiatry 50:144-149, 1993Lipsitz JD, Markowitz JC, Cherry S, et al: Open trial of interpersonalpsychotherapy for the treatment of social phobia. Am J Psychiatry156:1814-1816, 1999Marks 1M:Fears and Phobias. NewYork,AcademicPress, 1969Mataix-ColsD,RauchS1,ManzoPA,er al:Useof factor-analyzedsymptomdimensions to predict outcome with serotonin reuptake inhibitors andplaceboin the treatment ofobsessive-compulsivedisorder.AmJ Psychiatry156:1409-1416, 1999NoyesRJr, ClancyJ, WoodmanC,et al: Environmental factors related tothe outcome ofpanic disorder. Aseven-year follow-upstudy.J NervMentDis 181:529-538, 1993O'RourkeD, FahyTJ, BrophyJ, et al: TheGalwaystudy ofpanic disorder.III. Outcome at 5 to 6 years. Br J Psychiatry 168:462-469, 1996Raskin M, Peeke HVS,DickmanW, et al: Panic and generalized anxietydisorders: developmental antecedents and precipitants. Arch GenPsychiatry 39:687-689, 1982Schneier FR, Heckelman LR, GarfinkelR, et al: Functionalimpalrmentin social phobia. J Clin Psychiatry 55:322-331, 1994Scrignar CB: Post-TraumaticStress Disorder: Diagnosis, Treatment, andLegal Issues. New York,Praeger, 1984Skoog G, Skoog I: A 40-year follow-up of patients with obsessive­compulsive disorder. Arch Gen Psychiatry 56:121-127, 1999Stein MB, Kean YM: Disability and qualiry of life in social phobia:epidemiologic findings. Am J Psychiatry 157:1606-1613, 2000Warshaw MG,Dolan RT,KellerMB: Suicidal behavior in patients withcurrent or past panic disorder: five years of prospective data from theHarvard/Brown AnxietyResearch Program. AmJ Psychiatry 157:1876-1878, 2000Weissman MM, Markowitz JS, Ouellette R, et al: Panic disorder andcardiovascular/cerebrovascular problems: results from a communitysurvey.Am J Psychiatry 147:1504-1508, 1990

92 Hollander & Simeon

Page 89: Transtornos de ansiedade

Wittchen HU, Zhao S, Kessler RC, er al: DSM-II1-Rgeneralized anxietydisorder in the National Comorbidity Survey. Arch Gen Psychiatry 51 :355-364, 1994Wittchen HU, Carter RM, Pfister H, et al: Disabilities and quality of lifein pure and comorbid generalized anxiety disorder and major depressionin a national survey. Int Clin PsychopharmacoI15:319-328, 2000Woodman CL, Noyes R. Black DW, et al: A 5-year follow-up study ofgeneralized anxiety disorder and panic disorder. J Nerv Ment Dis 187:3-9, 1999Yonkers KA,WarshawMG, MassionAO, et al: Phenomenology and courseof generalized anxiety disorder. Am J Psychiatry 168:308-313, 1996Zatzick DF, Marmar CR, Weiss DS, et al: Posttraumatic stress disorderand functioning and quality of life outcomes in a nationally representativesample of male Vietnam veterans. Am JPsychiatry 154: 1690-1695, 1997Zlotnick C,Warshaw M, Shea MT,et al: Chronicity inposttraumatic stressdisorder (PTSD) and predictors of course of comorbid PTSD in patientswith anxiety disorders. J Trauma Stress 12:89-100, 1999

Transtornos de Ansiedade 93

Page 90: Transtornos de ansiedade

Alguns agentes farmaco16gicos tern uma capacidade pode­rosa e especifica para induzir ataques de panico, em contrastecom outros agentes que produzem alteracoes fisio16gicasproemi­nentes, mas nao conseguem induzir esses ataques. Do mesmomodo, situacoes reconhecidamente aterrorizantes podem desper­tar urn medo forte, mas nao ataques de panico, em pessoas quenao sao vulneraveis a tais ataques, enquanto outros estimulossituacionais aparentemente muito mais benignos podem desen­cadear ataques de panico naqueles que sao vulneraveis. Essa pers­pectiva geral demonstra claramente que 0 panico nao e uma rea­~ao inespecfficaa estimulos extremamente angustiantes, mas pro­vavelmente tern uma base bio16gicaespecffica, mesmo que possaser ativado por diferentes caminhos, desencadeantes e circuitosneuroquimicos. Vanas teorias bio16gicasdo rranstorno de panicoaparecem com destaque na literatura; as evidencias pr6 e contramais promissoras estao aqui resumidas (ver a Tabela 4.1). As va­rias teorias aqui descritas nao devem ser encaradas como mutua-

• TRANSTORNO DE PANICO

Os transtomos de ansiedade sao urn dos grupos mais bernestudados dos transtomos psiquiatricos em termos de suas basesbio16gicas.Nos iiltimos 10 anos, 0 progresso nas imagens enosligantes e os estudos geneticos nos permitirarn comecar a reunirmodelos mais completos de disfuncao cerebral nos transtornosde ansiedade, assim como identificar os caminhos comuns que osvaries transtornos de ansiedade podem compartilhar, tal comodesregulacao da reacao de medo a diferentes estimulos, confor­me 0 transtomo especifico.

TEORIAS BIOLOGICAS

Page 91: Transtornos de ansiedade

Durante muitos anos, foi considerada a possibilidade de osataques de panico serem manifestacoes de descarga macica dosistema nervoso beta-adrenergico. No entanto, nfveis plasmaticoselevados de epinefrina nao sao urn acompanhamento regular deataques de panico induzidos em laborat6rio (Liebowitz et al.,1985). E posslvel que os pacientes com ansiedade espontaneasejam mais sensiveis aos efeitos do isoproterenol do que indivi­duos sem transtomos psiquiatricos ou medicos (Rainey et al.,1984), mas 0 suposto efeito panicogenico do isoproterenol podeser indireto, porque ele nao cruza a barreira hematencefalica,Talvez ocorra rna combinacao periferica entre demandas metab6-licas induzidas e estado fisiol6gico real, podendo entao ser trans­mitida ao tronco cerebral e provocar uma reacao de panico(Gorman et al., 1989a). Tarnbem nao corrobora a hip6tese beta­adrenergica 0 fato de nenhum estudo ter demonstrado a eficaciados bloqueadores beta-adrenergicos no bloqueio espontaneo deataques de panico. Por exemplo, 0 propanolol administrado porvia intravenosa, em doses suficientes para conseguir urn bloqueiobeta-adrenergico periferico pleno, nao consegue inibir urn ata­que de panico induzido por lactato de s6dio em pacientes comtranstomo de panico (Gorman et al., 1983). 0 exame de varies

Sistema simpatico

mente excludentes, mas sirn como pecas potencialrnente conec­tadas de um grande quebra-cabeca.

Nota. GABA= acido garna-aminobutfrico; HHA= hlpotalamo-hipofise­adrenal

Hiper-reatividade do locus ceruleusReduyao da ligayao do complexo receptor de GABA-benzodiazepinicoModulayao serotoninergica desreguladaDesregulayao do eixo HHAHipersensibilidade dos quimiorreceptores de dioxido de carbono do troncocerebral

Hipersensibilidade da rede do medo condicionadoconcentrado na amigdala

Componente genetico moderado

TABELA 4.1 Modelos biol6gicos do transtorno de panico

96 Hollander & Simeon

Page 92: Transtornos de ansiedade

parametres autonomos parece afastar a nocao de uma desregu­lacao autoncmica simples no transtorno de panico (Stein eAsmundson, 1994). Na verdade, nao parece haver ativacao simpa­tica global em pacientes com esse transtomo em repouso, e, emalguns pacientes, nemmesmo durante ataques de panico (W'tlkinsonet al., 1998).

o locus ceruleus tambem foi implicado na patogenese de ata­ques de panico. Esse micleo esta localizado na ponte de Vcl.rolioecontem mais de 50% de todos os neuronios noradrenergicos detodo 0 sistema nervoso central (SNC). Ele envia projecoes aferen­tes amplamente para todo 0 cerebro, incluindo 0 hipocampo, aamigdala, 0 sistema limbico e 0 cortex cerebral. Aestimulacao ele­trica do locus ceruleus animal produz uma reacao marcante demedo e ansiedade, enquanto a sua ablacao torna urn animal me­nos suscetivel a urna reacao de medo diante de estimulos amea­cadores (Redmond, 1979). Em human os, as drogas conhecidascomo capazes de aurnentar a descarga do locus ceruleus sao osansiogenicos, e muitas das drogas que reduzem essa descarga ediminuem a renovacao noradrenergica central sao os ansioliticos.Por exemplo, foi relatado que 0 desafio com ioimbina induz mai­or ansiedade e aumento no 3-metoxi-4-hidroxifenilglicol (MHPG)plasmatico, urn importante metabolite noradrenergico, em pa­cientes com ataques de panico frequentes do que em pacientescom ataques de panico menos frequentes ou em indivfduos-con­trole saudaveis. Talachado e sugestivo de atividade noradrenergicacentral elevada no transtorno de panico (Charney et al., 1984).Os resultados dos testes de desafio com 0 agonista alfa2-adrenergico clonidina, embora diffceis de interpretar, sugeriramdesregulacao noradrenergica no transtorno de panico, com hiper­sensibilidade de alguns e subsensibilidade de outros alfa--adre­norreceptores. Comparados comos individuos-controle, os paden­tes com transtomo de panico tiveram respostas cardiovasculareselevadas (Charneye Heninger, 1986; Nutt, 1989), mas bloqueiode resposta do hormonio de crescimento com a clonidina (Nutt,1989; Tancer et al., 1993). A funcao noradrenergica desregulada,na forma de volatilidade significativamente elevada do MHPGnaresposta ao desafio da clonidina, foi descrita em pacientes comtranstomo de panico, e se normaliza ap6s tratamento com inibi­dores seletivos da recapracao de serotonina (S-hidroxitriptamina[5-HTD (ISRSs) (Coplan et al., 1997).

Transtornos de Ansiedade J1

Page 93: Transtornos de ansiedade

o complexo receptor de acido gama-aminobutirico (GABA)­benzodiazepinicos tambem tern side implicado na biologia dotranstomo de panico. A ligacao de urn benzodiazepinico com 0seu receptor facilita a acao inibidora do GABA,tomando real­mente mais lenta a transmissao neural. Uma serie de compostos,as beta-carbolinas, que sao agonistas inversos desse complexo re­ceptor, produz uma sindrome de ansiedade aguda quando admi­nistrada em animais de laborat6rio ou em voluntaries humanossaudaveis (Dorrow et aI., 1983; Skolnick e Paul, 1982). Inversa­mente, ha muito se sabe que os benzodiazepinicos de alta poten­cia sao urn tratamento muito eficaz para 0 transtorno de panico,Aumenta entao a possibilidade de ocorrer a producao anormal deurn ligante endogene ou a alteracao da sensibilidade do receptorem pacientes com transtomo de panico, interferindo na funcaoadequada do receptor de benzodiazepina e provocando seus sin­tomas. Ha algurn apoio para essa teoria, ernbora os achados naotenham sido consistentes ate agora. Urn estudo concluiu que ospacientes com transtorno de panico, cornparados com individuos­controle saudaveis, demonstraram urna velocidade reduzida domovimento sacadico do olho como reacao ao diazepam, sugerin­do hipossensibilidade do receptor de benzodiazepinico no trans-

Sistema GABA-benzodiazepinicos

No entanto, a buspirona, que, tambern segundo alguns rela­tos, aurnenta a atividade do locus ceruleus, e urn medicamentoansiolftico, e nao ha relatos comprovando que ela induz ataquesde panico. Os medicamentos que reduzem a descarga do locusceruleus incluem clonidina, propranolol, benzodiazepinicos, mor­fina, endorfinas e antidepressivos triciclicos. Esses medicamen­tos variam dos que sao claramente eficazes no bloqueio de ata­ques de panico humanos (por exemplo, antidepressivos triciclicos)aos de eficaciamais duvidosa (por exemplo, clonidina, propranolole benzodiazepfnicos standard). Tambem existe controversia so­bre a relevancia de modelos animais, e nao ha padrao consistentede descarga aurnentada do locus ceruleus associada com ansieda­de em animais (Mason e Fibiger, 1979). 0 locus ceruleus podeestar mais envolvido na excitacao e na reacao a novos estimulosdo que na ansiedade (Aston-Jones et al., 1984).

98 Hollander & Simeon

Page 94: Transtornos de ansiedade

Embora 0 sistema serotoninergico nao tenha sido tao exten­sivamente investigado no transtorno de panico quanto outros sis­temas neuroquimicos, em geral ele e amplamente consideradourn dos sistemas que modulam pelo menos indiretamente respos­tas desreguladas no transtorno. Evidencia indireta e proporcio­nada pela alta eficacia de inibidores da recaptacao de 5-HT notratamento do transtorno de panico. Propos-se, recenternente, queos medicamentos serotoninergicos podem atuar dessensibilizando

Sistema serotonim!rgico

torno de panico (Roy-Byrne et al., 1990). Descobriu-se que 0flumazenil, antagonista de benzodiazepinicos, e panicogenico empacientes com transtorno de panico, mas nao em indivfduos-con­trole saudaveis, sugerindo uma deficiencia em urn liganteansiolftico end6geno ou sensibilidade alterada do receptor debenzodiazepinicos no transtomo de panico (Nutt et al., 1990).No entanto, outro estudo das reacoes ao flurnazenil no transtor­no de panico foi negativo (Strohle et al., 1999).

Mais recentemente, estudos de imagens revelaram consis­tentes alteracoes nesse sistema. Ligacao reduzida do receptor debenzodiazepfnicos, medida por SPECT (tomografia computa­dorizada com ernissao de f6ton unico), foi encontrada nohlpocampo de pacientes com transtorno de panico, e a Jigar;aodoc6rtex pre-frontal tambem estava diminufda nos participantes doestudo que experimentaram urn ataque durante a avaliacao(Bremner et al., 2000). Esses achados podem estar claramenteligados ao modele do neurocircuito do medo no transtomo depanico, descrito a seguir, em que a arnigdala, 0 hipocampo e 0c6rtex pre-frontal desempenham urn papel fundamental na mo­dulacao das respostas condicionadas de medo. Do mesmo modo,foi encontrada uma reducao global na ligacao do receptor debenzodiazepinicos por tomografia com emissao de p6sitrons (PET),rnais proerninente no cortex pre-frontal e na insula (Malizia etaI., 1998). Finalmente, uma reducao de 220/0nos niveis occipitaistotais de GABAfoi recentemente encontrada em pacientes comtranstorno de panico, comparados com individuos-controle(Goddard et al., 2001), medidos por espectroscopia de ressonan­cia magnetica lH.

Transtornos de Ansiedade 99

Page 95: Transtornos de ansiedade

Embora este modelo suscite alguma controversia, a provo­ca~ao de ataques de panico pelo lactate de s6dio tern, tradicio­nalmente, atraido muita atencao como urn modelo experimental

Modelo de lactato de sodio panlcogenlco

o eixo hipotalamo-hipoflse-adrenal (HHA), fundamentalpara a resposta de urn organismo ao estresse, e de interesse evi­dente no transtomo de panico, em que foi descrito urn grandemimero de eventos estressantes anteriores na vida do individuo,tais como separacoes, perdas e abuso (Horesh et al., 1997; Steinet al., 1996; Tweed et al., 1989). No entanto, os achados sobre 0eixo HHA ndo foram consistentes no transtorno de panico. Asrespostas do cortisol em ataques de panico induzidos por lactatesugeriram envolvimento do eixo HHAna ansiedade antecipat6ria- como e conhecido ocorrer em outros estados de ansiedade eestresse -, mas nao nos araques de panico reais (Hollander et al.,1989). Ha alguma evidencia de nao-associacao entre atividadenoradrenergica e eixo HHAem pacientes com transtorno de pa­nico (Coplan et al., 1995). Em urn estudo recente, as respostasdo hormonio adrenocorticotropico (ACTH)e do cortisol ao desa­fio do CRFnao estavam claramente alteradas em pacientes comtranstomo de panico, comparados com individuos sem 0 trans­tomo (Curtis et al., 1997).

Eixo hipot6Iamo-hipofise-adrenal

a rede de medo do cerebro via projecoes do micleo da rafe para 0locus ceruleus, inibindo a ativacao noradrenergica; para a regiaocinzenta periaquedutal, inibindo reacoes de paralisacao/fuga, parao hipotalamo, inibindo a liberacao do fator liberador de cortico­tropina (CRF); e e possivel que diretamente no myel da amigda­la, inibindo as vias excitatorias a partir do cortex e do talamo(Gorman et al., 2000). Urn estudo recente sobre a deplecao dotriptofano, urn precursor da 5-HT, concluiu que ela resultou emuma ansiedade aurnentada e em ataques de panico induzidos pordioxide de carbono em pacientes com transtomos de panico, masnao em individuos-controle (Miller et al., 2000).

100 Hollander & Simeon

Page 96: Transtornos de ansiedade

Os pacientes com transtorno de panico que respiram ar irn­pregnado de di6xido de carbona experimentam ataques de pani­co quase tao freqiientemente quanta os pacientes com 0 mesmotranstomo nos quais e administrada urna infusao de lactato de

Teoria da hipersensibilidade ao dioxido de carbono

para se entender a patogenese de ataques de panico espontaneos.Os ataques de panico provocados por lactato sao espedficos depacientes com ataques espontaneos anteriores, assemelham-semuito aos ataques espontaneos e podem ser bloqueados pelasmesmas drogas que bloqueiam os ataques naturais (Liebowitz etal., 1984). Cohen e White (1950) foram os primeiros a observarque os pacientes com astenia neurocirculatoria, urna condicaointimamente relacionada ao transtomo de ansiedade, desenvol­viam niveis mais elevados de lactato no sangue durante 0 exerci­cio do que os individuos-controle saudaveis. Esse achado estimu­lou Pitts e McClure (1967) a administrar infusoes intravenosasde lactate de s6dio em pacientes com transtorno de "ansiedade";eles descobriram que a maioria dos pacientes tinha urn ataque deansiedade durante a infusao. Todos os indivfduos acreditavamque esses ataques eram semelhantes aos que ocorriam naru­ralmente. Os individuos-controle sem problemas psicol6gicos oumedicos nao experimentaram ataques de panico durante a infusao.

Como0 achado foi confirmado em muitas ocasioes sob condi­c;oesexperimentais adequadas, agora e urn fato bern aceito que10 rnl/kg de 0,5 molar de lactato de s6dio infundidos durante urnperfodo de 20 minutos provocarao urn ataque de panico na maioriados pacientes com ataque de panico, mas nao em individuos-con­trole saudaveis. No entanto, 0 mecanismo que pode justificar asalteracoes bioqufmicas e fisiol6gicas observadas (Liebowitz et aI.,1985) tern sido 0 tema de muita duvida e controversia: excitacaonao-especffica que desencadeia cognitivamente ataques de pani­co; inducao de alcalose metab6lica; hipocalcemia; alteracao daproporcao de dinucleotideo de nicotinamida-adenina (NAD)parao NADH, a forma reduzida do NAD (a razao NAD-NADH); ehipercapnia intracerebral transit6ria. Desses, a hipercapniaintracerebral transit6ria recebeu consideravel interesse e valida­c;aoem estudos recentes e sera discutida adiante.

Transtornos de Ansiedade 1m

Page 97: Transtornos de ansiedade

s6dio (Gorman et al., 1984). Esse achado tern sido consistente­mente confirmado. Similarrnente, a infusao de bicarbonato des6dio provoca ataques de panico em pacientes com esse trans tor­no em urn Indice eomparavel ao induzido por inalacao de dioxidede carbona (Gorman et al., 1989b). Por que mecanismo, entao, 0dioxide de carbona a 5% induz ataques de panico? A hipersensi­bilidade ao dioxide de carbono pode ser parcialmente explicadapelos achados de Svensson e colaboradores, que mostraram queo ar infundido com dioxide de carbono causa urn aumentoconfiavel, dependente da dose, na descarga do locus ceruleus emratos (Elam et al., 1981). Uma explicacao alternativa e que ospacientes com transtomo de pantco podem ter quimiorreceptoreshipersensfveis ao di6xido de carbona no tronco cerebral. Na ver­dade, durante 0 teste de di6xido de carbono, os pacientes comtranstomo de panico que experimentam ataques enquanto respi­ram di6xido de carbona a 5% demonstram urn aumento muitomais rapido no impulso respiratorio do que os pacientes que naosofrem de panico ou lndivfduos-controle normais; sup6e-se que 0impulso respirarorio reflete mais diretamente 0 componente deregulacao respiratoria do tronco cerebral (Gorman et al., 1988).

Este modelo e de interesse porque poderia justificar 0 fato,em geral bern estabelecido, de que a hiperventilacao nao causaataques de panico, enquanto 0 di6xido de carbono, 0 lactato e 0bicarbonato os causam. 0 lactato infundido e metabolizado embicarbonate, 0 qual e entao convertido na periferia em di6xidode carbono. Em outras palavras, 0 dioxide de carbona constitui 0produto metab6lico comum tanto do lactato quanta do bicarbo­nato. 0 dioxide de carbono, entao, atravessa seletivamente a bar­reira hernatencefalica e produz hipercapnia cerebral transitoria,A hipercapnia aciona os quimiorreceptores de dioxide de carbo­no, conduzindo it hiperventilacao e a ataque de panico. Por isso,foi formulada uma teoria de "alarme falso de sufocacao" no trans­tomo de panico (Klein, 1993); ela propoe que os pacientes comtranstorno de panico sao hipersensiveis ao dioxido de carbonaporque tern urn sistema de alarme de sufocacao do tronco cere­bral extremamente sensivel. Essa condicao constitui, em certosentido, 0 oposto do alarme de sufocacao hipossensfvel observa­do na hipoventilacao alveolar primaria (as vezes chamada "mal­dit;ao de Ondina"), uma doenca rara em que os pacientes corremo risco de sufocar durante 0 sono. Klein (1993) propos que esta

102 Hollander & Simeon

Page 98: Transtornos de ansiedade

Recentemente foi proposto um modelo do transtomo depanico que tenta integrar os achados neuroquirnicos, de irnagense de tratamento do transtomo, associados com 0 trabalho princi­palmente pre-clinico na neurobiologia das reacoes condicionadasde medo (Coplan e Lydiard, 1998; Gorman et al., 2000). 0 mo­delo propoe que os ataques de panico sao, de certo modo, analo­gos as reacoes de esquiva e medo dos animais e podem ser mani­festaeoes de desregulacao dos circuitos cerebrais subjacentes asreacoes condicionadas de medo. Especula-se que os ataques depanico tern sua origem em uma rede do medo incomumente sen­sfvel centralizada na arnigdala. A absorcao na amigdala e modu­lada tanto pela absorcao talamica quanto pelas projecoes corticais

Neurocircuito do medo

teoria do transtorno de panico poderia expJicar, por exemplo, atendencia dos ataques de panico de ocorrerem durante estadoscom alta taxa de di6xido de carbono, como sene nao-REM,perfo­do pre-menstrual e, as vezes, relaxamento - mas nao durante 0parto, um evento caracterizado, ao contrario, por hiperventilacaoextrema e cognicoes potencialmente catastr6ficas.

A teoria da hipersensibilidade ao di6xido de carbono podeser tambem corroborada pelas varias disfuncoes respirat6rias sutisque parecem estar associadas ao transtomo de panico, como doen­ca pulmonar preexistente, tendencia a hiperventilacao cronica,variancia aumentada no volume corrente durante a respiracaoregular e maiores irregularidades na respiracao noturna (Papp etaI., 1993; Stein et al., 1995a). Ha alguma evidencia de que ospadroes de respiracao irregular sao intrlnsecos aos pacientes comtranstorno de panico e nao influenciados por hiperventilacaoinduzida ou manipulacao cognitiva, sugerindo uma desregulacaodo tronco cerebral, em vez de uma desregulacao mais elevada donivel cerebral (Abelson et al., 2001). Por outro lado, Gorman ecolaboradores (2000) tern declarado que os centros respirat6riosdo tronco cerebral compreendem um mecanisme secundario peloqual os sintomas de ataque de panico relacionados a respiracaotornam-se manifestos, como um dos varies caminhos ativados pelaexcitacao central da arnigdala. Este modele do transtomo de pa­nico esta descrito a seguir.

Transtornos de Ansiedade 103

Page 99: Transtornos de ansiedade

Varies estudos familiares e de gemeos corroboraram a pre­senca de urna influencia genetica moderada na expressao do trans­tome de panico. Crowe e colaboradores (1983) encontraram urnrisco de morbidade de 24,7% entre os familiares de pacientescom transtorno de panico, comparado com apenas 2,3% entreindivfduos-controle saudaveis. Torgersen realizou urn estudo com32 gemeos monozig6ticos e 64 gemeos dizig6ticos e descobriuque os ataques de panico sao cinco vezes mais frequentes nosprimeiros. No entanto, 0 Indice de concordancia absoluta nosgemeos monozig6ticos foi de 31%, sugerindo que os fatores nao­geneticos tambem desempenham urn importante papel no desen­volvimento do transtorno. Os ataques de panico inesperados eocasionais podem ser geneticamente similares aos de pacientescom transtorno de panico, como foi revelado em urn estudo degemeos realizado por Torgersen e colaboradores (1983); elesencontraram osmelhores resultados para 0vinculo genetico quan­do pacientes com ataques de panico regulares foram considera­dos juntamente com pacientes que tinham tido apenas ataquesde panico ocasionais. Poiencontrada uma hereditariedade mode-

Gem!tica

pre-frontais, e as projecoes da tonsila estendem-se a varias areasenvolvidas em diversos aspectos da reacao de medo - como 0locus ceruleus e a excitacao, 0 tronco cerebral e a ativacao respira­t6ria, 0 hipotalamo e a ativacao do estresse no eixoHHA,0 c6rtexe as interpretacoes cognitivas. Acredita-se que este modele expli­ca por que varies agentes biologicamente diversos tern proprie­dades panicogenicas atuando em diferentes caminhos ou siste­mas neuroquimicos dessa rede. 0 micleo respirat6rio do troncocerebral nao poderia ser diretamente desencadeado por essa va­riedade de agentes (Gorman et aI., 2000). Por isso, a "conversacruzada" desregulada entre os varies sistemas neurotransrnissoresanteriormente descritos - como 0 serotoninergico, 0 nora­drenergico, 0 GABAergico,0 CRF e outros - pode constituir abase da patogenese do transtorno de panico (Coplan e Lydiard,1998). Essa teoria e urn modele biol6gico do transtomo de pani­co muito abrangente e teoricamente instigante, que, no entanto,ainda necessita de extensa validacao empirica.

104 Hollander & Simeon

Page 100: Transtornos de ansiedade

Embora a neurobiologia do transtomo de ansiedade gene­ralizada (TAG)esteja entre as menos investigadas nos transtor­nos de ansiedade, agora estao sendo feitos progressos nessa dire­~ao. (Vera Tabela 4.2 para urn resurno dos modelos biologicos doTAG.)Urn trabalho recente concentrou-se nos circuitos cerebraisque constituem a base da neurobiologia do medo em modelosanimais e em hurnanos, e em como vulnerabilidades herdadas eadquiridas nesses circuitos podem formar a base de varies trans­tomos de ansiedade. Especula-se que alteracoes na estrutura ena fun~ao da amigdala, que sao fundamentais para os comporta-

• TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA

rada em urn estudo de gemeos do sexo feminino (Kendler et al.,1993). As pessoas com um inicio precoce do transtorno de panicoparecem ter uma agregacao familiar muito mais elevada do trans­torno, possivelmente sugerindo urn componente genetico maisforte em urn subtipo familiar de transtorno de panico: tal suges­tao pode se prestar melhor a estudos geneticos moleculares(Goldstein et al., 1997).

A genetica molecular dos transtornos de panico foi muitoativamente estudada nos tiltimos anos e encerra promessas parao futuro. Entretanto, urn exame de genoma total em 23 linhagensde transtorno de panico nao produziu nenhuma evidencia de li­ga~ao (Knowles et at, 1998). AMmdisso, na Ultima decada fo­ram realizados varies escudos negativos de supostos marcadoresgeneticos e provaveis genes para 0 transtorno de panico, comourn estudo de ligacao de oito genes receptores de GABAA(Croweet aI., 1997) e dois estudos do gene transportador de S-HT(Deckert et al., 1997; Ishiguro et al., 1997). Alguns estudos pro­duziram resultados positivospara varies genes provaveis, incluindoogene monoarninoxidase A Iigado ao Xem mulheres (Deckert etaI., 1999), 0 gene da colecistocinina (Wang et al., 1998), 0 genedo receptor de colecistocinina (Kennedy et al., 1999) e 0 gene doreceptor A2a de adenosina (Deckert et aI., 1998). Essespolimorfisrnos geneticos isolados sao mais bern encarados comofatores de risco individuais que possivelmente aumentam a sus­cetibilidade ao rranstorno, mas nao sao necessaries nem suficien­tes para a expressao fenotipica .

Transtornos de Ansiedade 105

Page 101: Transtornos de ansiedade

Anormalidades do complexo receptor dos GABA-benzodia­zepinicos tambem estavam implicadas no TAG. 0 receptor debenzodiazepinicos esta Iigado a urn receptor para 0 neurotrans­miss or inibitorio GABA.As beta-carbolinas, que sao agonistas in­versos desse complexo receptor, produzem uma sindrome de ansie­dade aguda quando administradas a animais de laboratorio ou avoluntaries humanos saudaveis (Dorrow et al., 1983; Skolnick ePaul, 1982). Inversamente, os benzodiazepfnicos estao bem esta­belecidas como um tratamento eficaz do TAG. Observou-se queas pessoas com TAGtem uma densidade reduzida do receptor debenzodiazepinicos nas celulas sangufneas perifericas, assim comouma reducao da transcricao do acido ribonucleico mensageiro(ARNm) que codifica 0 receptor - ambos retornam aos valores

Nota. GABA: acido gama-aminobudrico.

Hipersensibilidade da rede do medo condicionadocentralizada na amigdala

Anonnalidades do receptor da GABA-benzodiazepinicosAtivacao noradrenergicaOesrequlacao serotoninerqicaComponente genetico modesto

TABELA 4.2 Modelos biol6gicos do translorno de ansiedade generalizada

mentos relacionados ao medo, podem estar associadas ao 'D\G.Essa especulacao foi corroborada por um estudo volumetrico deimagens de ressonancia magnetica (IRM) comparando criancas eadolescentes com 'D\G com individuos-controle saudaveis corres­pondentes em outras caracteristicas gerais. 0 estudo mostrou queos pacientes com 'D\G tinham volumes direito e total da amigdalamaiores; outras regi6es do cerebro eram comparaveis em tamanhoentre 0 grupo do 'D\G e 0 grupo-controle (DeBellis et al., 2000).o cortex frontal e 0 lobo temporal medial estao envolvidos no con­trole do medo e da ansiedade, e ha evidencia de atividade corticalelevada e de atividade reduzida dos ganglios basais no TAG,possi­velmente responsaveis pela excitacao e hipervigilancia que ocor­rem no transtorno (Buchsbaum et al., 1987; Wu et al., 1991).

111 Hollander & Simeon

Page 102: Transtornos de ansiedade

normais com tratamento e reducao dos niveis de ansiedade(Ferrarese et al., 1990; Rocca et al., 1998). Similarmente, notou­se que a ligacao do receptor de benzodiazepinicos e muito redu­zida no lobo temporal esquerdo de pacientes com TAG,compa­rados com individuos-controle psicologicamente saudaveis(Tiihonen et al., 1997).

Perturbacoes objetivas do sono foram descritas em paden­tes com TAGpor polissonografia e mapeamento eletroencefalo­grafico, rna is uma vez concord antes com hipervigilancia ehiperexcitacao do SNC (Saletu et aI., 1997). Evidencia dedesregulacao noradrenergica produziu resultados rnistos.Abelsone colaboradores relatararn uma resposta moderada do hormoniodo crescimento a clonidina em pacientes com TAG,comparada arespostas em individuos-controle sem problemas psicol6gicos oumedicos (Abelson et al., 1991). A norepinefrina plasrnatica e seumetabolite apresentaram-se elevados, e os alfaj-adrenor­receptores, reduzidos nos pacientes com TAG,comparados comindividuos-controle psicologica e medicamente saudaveis (Sevyet aI., 1989). Outros estudos do sistema noradrenergico foramnegativos (Mathew et al., 1981). Houve tarnbem algumas evi­dencias de desregulacao serotoninergica em pessoas com TAG,tais como reacoes de ansiedade aumentadas ao agonista parcialde S-HT m-clorofenilpiperazina (m-CPP), em comparacao comindivtduos-controle (Gerrnine et al., 1992). Apoio indireto e tam­bern derivado da eficacia da buspirona, urn agonista de s-HT 1> eda nefazodona, urn antagonista de s-HT2' no tratarnento do TAG.as pacientes com TAGnao mostram uma sensibilidade aumenta­da a inalacao de dioxide de carbona a 5%, como aqueles comtranstorno de panico, 0 que corrobora a conceiruacao dos doiscomo transtornos distintos (Perna et aI., 1999).

Parece haver urn componente genetico no TAG,embora re­lativamente modesto. Foi encontrado urn risco de morbidade de19,5% para 0 TAGentre familiares de pacientes com 0 transtor­no, comparado com 3,5% em farniliares de controles psicologicae medicamente saudaveis; esse risco pode ter representado umasuperestimativa, porque 0 TAGnos familiares era menos cronico,menos grave ou menos provavel de ser tratado do que nosprobandos (Noyes et al., 1987). No estudo de Torgersen (1983),com 32 gemeos monozig6ticos e 53 dizig6ticos, nao foi encontra­da diferenca no Indice de concordancia monozig6tico-dizig6tico

Transtornos de Ansiedade 107

Page 103: Transtornos de ansiedade

Estudos neuroqufmicos da fobia social nao foram tao siste­matica ou consistentemente confirmados quanta aqueles do trans­tomo de panico, mas ate agora implicaram varies sistemas neuro­transmissores, induindo 0 noradrenergico, GABAergico,dopami­nergico e serotoninergico. Observou-se que os pacientes com fobiasocial exibemuma resposta moderada do hormonio do crescimentoao teste de desafio da donidina, implicando disfuncao nora­drenergica similar a de pacientes com transtorno de panico (Tanceret al., 1993). No entanto, esse achado nao foi confirmado em urnestudo subsequente (lancer et al., 1994). Os pacientes com fobiasocial tambern mostram evidencia de resposta autonomica altera­da, como urna resposta exagerada a manobra de Valsalva,compa­rados com controles sem problemas psicol6gicos e medicos (Steinet aI., 1994). 0 envolvimento do receptor de GABA-benzodiaze­pinico nao e claro. Urnestudo descobriu que 0 flumazenil, antago­nista dos benzodiazepfnicos, nao induziu urn aumento da ansieda­de em pacientes com fobia social, em comparacao com individuos­controle (Coupland et al., 2000). Noentanto, outro estudo mostrouuma densidade muito reduzida no receptor periferico dos benzo­diazepfnicos em pacientes com fobia social generalizada, compara­dos com urn grupo medica e psicologicamente saudavel (Johnsonet al., 1998). Apesar da eficacia atualmente documentada dosinibidores da recaptacao de 5-HT no tratarnento da fobia social,pouco se sabe sobre 0 envolvimento serotoninergico no transtor-

Neuroqufmica

• FOBIA SOCIAL

para 0 TAG.No entanto, Kendler e colaboradores, estudando 0TAGem gemeos do sexo feminino, determinaram que 0 compo­nente familiar do transtomo era quase inteiramente genetico, comuma hereditariedade modesta de cerca de 30% (Kendler et al.,1992a). Ate agora houve pouqufssimos estudos geneticosmoleculares do TAG- os quais necessitam ser confirmados - quesugerissem associacoes a polimorfismos do gene receptor dedopamina D2 (Peroutka et at, 1998), do gene transportador de 5-HT (Ohara et at, 1999) e do gene transportador de dopamina(Rowe et at, 1998).

108 Hollander & Simeon

Page 104: Transtornos de ansiedade

Aneuroimagem da fobia social esta ainda no inicio. Um es­tudo de irnagens estruturais nao encontrou diferencas volumetricasentre pacientes com fobia social e urn grupo-controle psicologica­mente saudavel (potts et ai., 1994), e outro nao observou dife­rencas no fluxo sangilineo regional pelo SPECTem individuosem urn estado basal de repouso (Stein e Leslie, 1996). No entan­to, pode-se esperar que os paradigmas de provocacao que evo­cam sintomas de ansiedade social durante as imagens tenhamurn rendimento mais elevado na revelacao de circuitos cerebraisdisfuncionais na fobia social; alguns achados preliminares inte-

Estudos de imagens

no. Urn estudo encontrou urn aumento do cortisol em resposta afenfluramina, sugestivo de sensibilidade serotoninergica altera­da (Tancer et al., 1994). No entanto, outros estudos com pacien­tes com fobia social nao mostraram evidencia de alteracao nossitios de recaptacao de S-HTnas plaquetas (Stein et al., 1995b),e nem anormalidade na resposta da prolactina ao m-CPP(Hollander et al., 1998). Dois estudos encontraram urn funciona­mento basal normal do eixo HHAna fobia social, medido pelosnfveisbasais de cortisol e pelo teste de supressao da dexametasona(Uhde et al., 1994); porern, os estudos do eixo HHAsob estressesocial poderiam trazer informacoes adicionais. Tarnbern existemevidencias de que a fobia social pode estar associada a urn temusdoparninergico central reduzido, como evidencia indireta dodesencadeamento de fobia social por agentes bloqueadores dedopamina (Mikkelson et al., 1981) ou pelo tratamento de ansie­dade social com a bupropiona, inibidor da recaptacao de dopamina(Emmanuel et al., 1991). Descobriu-seque pessoas com transtomode panico e fobia social co-m6rbidos tern niveis reduzidos do aci­do homovanilico, metabolite da dopamina no liquido cerebros­pinal (LC) (Johnson et al., 1994). Finalmente, em estudos recen­tes mais definitivos, a fobia social foi associada a urna reducao de20% na densidade do sfrio do transportador de dopamina noestriado, observada pelo SPECT(Tiihonen et ai., 1997), e, sirni­larmente, com a reducao do potencial de ligacao do receptor dedopamina D2 (Schneier, et al., 2000), embora esses achados ne­cessitem ser replicados.

Transtornos de Ansiedade 109

Page 105: Transtornos de ansiedade

Foi identificado urn forte risco familiar de fobia social que seacredita ser em parte hereditario e em parte ambiental. Os familia­res de primeiro grau de probandos com fobia social generalizadatern urn risco aproximadamente 10 vezesmais elevado de desenvol­ver fobia social generalizada ou transtorno da personalidade esqui­va (Stein et al., 1998a). Urn estudo de gerneos nao corroborou urncomponente genetieo para a fobia social e para a fobia especifica,em contraste com 0 transtorno de panico, 0 TAGe 0 transtorno deestresse pos-traumatico, sugerindo urna causa ambiental (Skre et

Gem!tica

ressantes foram relatados nos poucos estudos desse tipo. Em urnpequeno estudo, pessoas com fobia social, comparadas com indi­viduos-controle medica e psicologicamente saudaveis, demons­traram uma ativacao seletiva mais elevada na amigdala (urn cen­tro do processamento emocional do medo) em resposta a facesemocionalmente neutras durante as imagens de ressonancia mag­netica funcional (IRMf) (Birbaurner et aI., 1998). Em urn estudode PETscan que usou roteiros de provocacao de ansiedade social,os individuos com fobia social mostraram maior fluxo sangilineono cingulo anterior, no c6rtex pre-frontal dorsolateral, no c6rtexorbitofrontal e na insula - areas envolvidas no processamentoemocional; no entanto, a amigdala foi relativamente desativada(Bell et aI., 1999). Urn estudo de SPECTde pacientes com fobiasocial que realizaram exames de irnagem antes e ap6s 0 trata­mento com urn ISRSmostrou atividade de base mais elevada noc6rtex temporal esquerdo e nas regioes mediofrontais em nao­responsivos, comparados com responsivos (Vander Linden et al.,2000). Um modelo similar ao descrito no transtorno de panico,envoIvendo reacoes de medo condicionado defeituosas, foi impli­cado na fobia social e tambem em outros transtornos de ansieda­de, cada urn com seus desencadeantes especificos. Nesse sentido,urn estudo encontrou reducoes de sinais na amigdala e nohipocampo em participantes sem problemas medicos ou psicolo­gicos quando lhes foi apresentado 0 estfmulo condicionado deuma face neutra associada a urn estfrnulo nao-condicionado: jaos pacientes com fobia social exibiram anvacoes opostas aumen­tadas nas duas regioes (Schneider et al., 1999).

110 Hollander & Simeon

Page 106: Transtornos de ansiedade

Nota. GABA= acido gama-aminobutirico.

Anormalidades do receptor de GABA-benzodiazepinicosHipersensibilidade da rede do medo condicionado concentrada naamfgdala

Atival;ao noradrenergicaTOnus dopaminergico reduzidoComponente genetico modesto

TABELA 4.3 Modelos biol6gicos da lobia social

al., 1993).Entretanto, em outro estudo de fobiasem gemeos,Kendlere colaboradores determinaram que a agregacao familiar de fobiasfoi principalmente da responsabilidade de fatores geneticos, comurna hereditariedade modesta de 30 a 40%, dependendo da fobiaespecffica (Kendler et al., 1992b). Os fatores ambientais tambemdesempenharam urnpapel importante nodesenvolvimentodos trans­tornos fobicos.Urn estudo realizado com gemeas adolescentes esti­mou que a hereditariedade da fobia social e de 28%, com forte evi­dencia de vulnerabilidade genetica compartilhada entre a fobia so­cial e a depressao maior (Nelson et al., 2000).

A inibicao de comportamento, que se acredita ser, em gran­de parte, hereditaria e que se torna manifesta e determinada noinfcio da infancia (Kagan et al., 1987), e considerada urn dossubstratos para 0 desenvolvimento da fobia social; no entanto,ela sozinha nao pode desencadear 0 transtorno. Descobriu-se quea inibicao de comportamento identificada em criancas de 1 a 3anos de idade, prospectivamente, e urn forte preditor de ansieda­de social na adolescencia (Schwartz et al., 1999). Similarmente,a inibicao comportamental, tanto na forma de esquiva social quan­to de medo, no inicio do Ensino Medic, previu 0 inicio de fobiasocial quatro anos mais tarde (Hayward et al., 1998). Transver­salmente, foi encontrada urna associacao especifica entre tirnidezna infancia e fobia social materna, em oposicao a outros transtor­nos de ansiedade (Cooper e Eke, 1999).

Nao ha basicarnente nenhurn estudo molecular genetico emfobia social. Urn relato nao encontrou liga~ao com 0 gene trans­portador de 5-HTou receptor de S-HT2Ana fobia social generali­zada (Stein et al., 1998b). Os modelos biologicos da fobia socialestao resurnidos na Tabela 4.3.

Transtornos de Ansiedade 111

Page 107: Transtornos de ansiedade

Algumas interessantes hip6teses recentes sobre a origem defobias resultaram da integracao das abordagens te6ricas eto16gica,biologica e da aprendizagem. Fyer e colaboradores (1990) en­contraram alta transmissao familiar de fobias especificas, comurn risco aproximadamente tres vezes maior para familiares deprirneiro grau das pessoas afetadas; nao houve risco aumentadode outros transtomos f6bicos ou de ansiedade co-morbidos. Urnestudo de gemeos nao corroborou urn componente genetico paraas fobias especificas, sugerindo urna causa ambiental (Skre et at,1993). Entretanto, em urn amplo estudo das fobias em gemeos,Kendler e colaboradores determinaram que a responsabilidadeda agregacao familiar das fobias foi, em grande parte, de fatoresgeneticos, com uma hereditariedade modesta de 30 a 40%, de­pendendo da fobia espedfica (Kendler et al., 1992b). Os fatoresambientais tambem desempenharam urn papel importante no de­senvolvirnento de transtomos f6bicos.

Aneurobiologia das fobias especificas tern sido pouquissirnoestudada. Dois trabalhos exarninando a reacao a inalacao dedi6xido de carbono ern pessoas com fobia especffica encontrararn1) ausencia de diferencas entre os indivfduos com fobia e os indi­viduos sem problemas psicol6gicos e medicos e 2) ausencia dehipersensibilidade ao di6xido de carbono, como foi encontradaem pacientes com transtorno de panico (Antony et aI., 1997;Verburg et aI., 1994). Os estudos de imagens cerebrais em fobiaespecifica sao poucos e inconclusivos. Urn deles mostrou achadosnegativos durante exposicao a estimulo f6bico (Mountz et at,1989), enquanto dois outros estudos mostraram ativacao do cortexvisual associativo (Fredrikson et aI., 1993) e do cortex somatos­sensorial (Rauch et al., 1995), sugerindo que as imagens visuaise tacteis sao urn componente da reacao f6bica; os achados rela­cionados a anvacao lirnbica parecern equivocados.

Recentemente foi proposto que os circuitos cerebrais quemedeiam 0 medo condicionado sao fundamentais para a pato­genese de varies transtomos de ansiedade, incluindo fobia espe­cffica, embora os dados sejam extremamente limitados para estetranstomo. Essemodelo e atrativo, pois pode ser responsavel pelaocorrencia dessa reacao de Intense medo ao estfrnulo f6bico con­dicionado sem 0 conhecimento do hipocampo ou do cortex, ou

• FOBIA ESPECIFICA

112 Hollander & Simeon

Page 108: Transtornos de ansiedade

Embora 0 transtorno obsessivo-cornpulsivo (TOC) fosse an­tigamente considerado de etiologia psicol6gica, muitos achadosbiol6gicos surgidos nos ultimos 15 anos tornaram 0 TOC urn dostranstomos psiquiatricos mais sofisticadamente elaborados de umponto de vista biol6gico. A associacao do TOC com varias condi­~6es neurol6gicas ou com achados neurol6gicos mais sutis e co­nhecida ha algum tempo. Esses achados incluem 0 inicio do TOCap6s traumatismo craniano (McKeonet al., 1984) ou doenca devon Economo (Schilder, 1938); uma alta incidencia de enfermi­dades neurol6gicas pre-morbidas (Grimshaw, 1964); uma asso­ciacao do TOC com trauma no nascimento (Capstick e Seldrup,1977); anormaiidades no eletroencefalograma (Pacella et al.,1944); potenciais auditivos evocados (Ciesielski er al., 1981;Towey et al., 1990); Indice cerebral ventricular na tomografiacornputadorizada (Behar et al., 1984); uma associacao comdiabete insfpido (Barton, 1965); e a presenca significativamentemaior de sinais neurol6gicos leves em pacientes com TOC, com­parados com indivfduos-controle saudaveis (Hollander et al.,1990). Desconfiava-se particuiarmente de anormalidades dosganglios da base na patogenese do TOC, visto que este esta inti­mamente associado ao transtomo de Tourette (Nee et al., 1982;Pauls et al., 1986), em que a disfuncao dos ganglios da base resultaem movimentos involuntarios anormais, assim como na coreia deSydenham, outro transtomo dos ganglios da base (Barton, 1965;Swedo et al., 1989a). Os achados neuropsicol6gicos no TOC tam­bern tern despertado algum interesse, embora nem sempre consis­tente, e sugerido anormalidade na mem6ria, na confianca da me­m6ria, na aprendizagem por tentativa e erro e na velocidade doprocessamento (Christensen et al., 1992; Galderisi et al., 1993). A

• TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO

sem a mem6ria da razao desse medo. Os estudos expondo indivf­duos com fobias especificas a estimulos disfarcados (isto e, esn­mulos muito breves que s6 podem ser percebidos implicitamen­te), deram urn apoio parcial a nocao de que os estimulos f6bicos,mesmo quando nao conscientemente registrados, podem suscitaruma reacao de medo subjetiva ou objetivamente mensurada(Ohman e Soares, 1994; VanDen Hout et al., 1997).

Transtornos de Ansiedade 113

Page 109: Transtornos de ansiedade

Aneuroquimica do TOC foi extensamente elaborada nas duasultimas decadas. A S-HT esta impJicada na mediacao de impul­sividade, tendencias suicidas, agressao, ansiedade, dominic sociale aprendizagem. Apesar de haver alguns dados conflitantes e niioconfirmados, urna extensa pesquisa impJicou, agora ciaramente, 0sistema serotoninergico na patogenese do TOC. Evidencias indire­tas consideraveis corroborando 0 papel da S-HT no TOC originam­se dos efeitos antiobsessivos bern documentados de potentesinibidores da recaptacao de 5-HT, como a ciornipramina e os ISRSs,em contraste com a ineficiencia de antidepressivos noradrenergicoscomo a desipramina. Alem disso, demonstrou-se que a reducaodos sintomas do TOC durante 0 tratamento com ciomipramina estarelacionada com uma reducao no nivel da S-HT das plaquetas(Flament et al., 1987) e no acido S-hidroxiindoleacetico (S-HIAA)no lfquido cerebrospinal (LC) (Altemus et al., 1992; Swedo et al.,1992; Thoren et al., 1980). Embora urn estudo tenha relatado nf­veis aumentados de S-HIAA no LC em pacientes com TOC nao­tratados, em comparacao a individuos-controle saudaveis (Insel etal., 1985), esse achado nao foi confirrnado (Thoren et al., 1980).

Sistema serotonim!rgico

Nota. COMT = catecol-O-metiltransferase; 5·HT = serotonina.

- Desregula~o serotoninerqica- Desrequlacao dopaminergica adicional, pelo menos em um subgrupode pacientes

- Anormalidades de neuropeptideo (oxitocina, vasopressina,somatostatina)

- Hiperatividade do circuito orbitofrontal-llmblco-qanqlios da base- Componente auto-imune relacionado a estreptococo em algumas

pessoas- Componente genetico; possiveis polimorfismos do COMT, do

transportadorde 5-HT e dos genes do receptor de 5-HT1D

TABELA 4.4 Modelos biol6gicos do Iranslorno obsessivo-compulsivo

Tabela 4.4 resume as perspectivas biol6gicas no TOC, as quaisserao descritas a seguir.

114 Hollander & Simeon

Page 110: Transtornos de ansiedade

Nao parece que a desregulacao serotoninergica sozinha possaexplicar totalmente a neuroquimica do TOC.E tambern possfvelque 0 sistema serotoninergico esteja, em parte, modulando oucompensando outros sistemas ou neuromoduladores de neuro-

Qutros sistemas neuroqulmicos

o uso de agentes de desafio farmacol6gicopara estimular oubloquear os receptores de S-HTtambem semostrou uma tecnicauti!na elucidacaoda neuroquimica do TOC.Descobriu-seque 0 m-CPPoral, urn antagonista parcial da S-HT,exacerba transitoriamente ossintomas obsessivo-compulsivosem urn subgrupo de pacientes comTOC (Hollander et ai., 1992; Zohar et al., 1987). Estudos com m­CPPintravenosomostraram resultados rnistos (Charneyet al., 1988;Pigott et al., 1993). Ap6s tratamento do TOC com inibidores darecaptacao de S-Hf, como a clornipraminaou a fiuoxetina,0 desafiodo m-CPPnao mais induziu exacerbacao dos sintomas (HollanderetaI., 1991a; Zohar et al., 1988). Tambern foi encontrada uma respos­ta moderada da prolactina ao desafio do m-CPPem pacientes comTOCpor alguns investigadores (Charneyet aI., 1988; Hollander etal., 1992), mas nao por outros (Zohar et aI., 1987). Similarrnente,0bloqueio das respostas da prolactina no TOCfoi induzido com 0MK-212, agonista da S-HT(Bastani et al., 1990). Nao foi demonstradoque outros agonistas da S-Hf, como 0 triptofano, a fenfluramina e aipsapirona,ou antagonistas, comoa metergolina,induzem comporta­mento consistente ou anormalidades na resposta neuroendocrinaem pacientes comTOC(Benkelfatet aI., 1989; Charneyet ai., 1988;Hewlett et al., 1992; Hollander et aI., 1992; Lesch et al., 1991;McBrideet al., 1992; Zohar et al., 1987).

Em suma, todos os estudos, considerados em conjunto, su­gerem que a desregulacao serotoninergica no TOC e complexa eprovavelmente envolve variacoes na funt;ao do receptor confer­me a regiao do cerebro e os subtipos do receptor. Assim, a hipera­tividade ou hipoatividade global do sistema serotoninergico noTOC e uma formulacao simplista. Os achados do m-CPP podemsugerir hipersensibilidade dos receptores de S-HT mediandocomportamentos obsessivo-compulsivos, mas tambem hiporrea­tividade dos receptores hipotalamicos de S-HT na mediacao dasecrecao de prolactina (Hollander et aI., 1992).

Transtornos de Ansiedade 115

Page 111: Transtornos de ansiedade

Tecnicas recentes de neuroirnagem tern permitido uma elu­cidacao mais sofisticada e elaborada da anatomia funcional queda suporte aoToe. as circuitos dos ganglios orbitofrontal-lirnbico­basais, em particular, foram irnplicados em muitos estudos. Baxtere colaboradores (1987), usando PET,compararam pacientes comTOCe individuos-controle sem urn transtorno mental e encontra­ram taxas mais elevadas de metabolites nos giros orbitofrontais enos nucleos caudados em pacientes com TOC. Sirnilarmente,Swedo e colaboradores encontraram atividade metab6lica mais

As imagens e 0 circuito dos gftngliosorbitofrontal-limbico-basais

transmissores disfuncionais. Varias anormalidades de neuropep­tideos cornecaram a ser elucidadas na Ultimadecada, Anormalida­des na vasopressina do LC (Altemus et al., 1992; Swedo et al.,1992), na somatostatinado LC(Altemuset al., 1993) e naoxitocinado LC (Leckmanet al., 1994) tern sido implicadas no Toe. Com 0tratamento com ciomipramina, os niveisda vasopressina e da soma­tostatina do LCtendem a diminuir, enquanto a oxitocina aurnenta(Altemus et al., 1994). Todos esses neuropeptideos podem estarimplicados na excitacao, na mem6ria e na aquisicao e manutencaode comportamentos perseverantes condicionados.

Foi relatado que a cionidina, agonista alfaj-adrenergico, in­duz uma melhora transit6ria nos sintomas do TOC quando admi­nistrada intravenosamente (Hollander et aI., 1991b) ou oralmente(Knesevich, 1982) aos pacientes, embora outros achados de desa­fios noradrenergicos tenham sido negativos (Luceyet aI., 1992).

A desregulacao dopaminergica foi implicada de maneiravariada no TOC (Goodman et al., 1990), por meio de: associacaoentre 0 TOC e 0 transtomo de Tourette; relatos de exacerbacaode sintomas obsessivo-compulsivos com estimulantes cronicos;associacao entre 0 acido homovaru1icodo LCmais elevado antesdo tratamento e urn born resultado do tratamento (Swedo et al.,1992); bloqueio de resposta do hormonio do crescimento a apo­morfina, agonista da dopamina (Brambilla et al., 1997); e uso debloqueadores da doparnina para aurnentar a resposta parcial dotratamento com inibidores da recaptacao de 5-HT (McDougle etal., 1990).

116 Hollander & Simeon

Page 112: Transtornos de ansiedade

elevada nas regioes orbitofrontal e cingulada em pessoas comTOC (Swedo et al., 1989b). Flor-Henry (1983) formulou a hip6-tese de que "a sintomatologia fundamental das obsessoes deve-sea urna falha na inibicao neural dos sistemas frontais dominantes,conduzindo a incapacidade de inibir representacoes mentais ver­bais-ideacionais indesejadas e suas sequencias motoras corres­pondentes" (p. 309). Foi sugerido que a gravidade dos impulsosobsessivos esta relacionada com a atividade dos gangliosorbitofrontais e da base, enquanto a ansiedade que os acompa­nha esta refletida pela atividade no hipocampo e no cortexcingulado (McGuire er al., 1994). Com a IRMf, foi possivel de­monstrar que, durante a provocacao comportamental dos sinto­mas nos pacientes com TOC, aumentos importantes no fluxosangiiineo relativo ocorrem em tempo "real" no caudado, no cortexcingulado e no cortex orbitofrontal, em relacao ao estado de re­pouso (Adler et al., 2000; Breiter et aI., 1996; Rauch et al., 1994).Alern disso, as tecnicas de mais alta resolucao de IRM revelaramvolumes anormais de varias regioes do cerebro no TOC, incluin­do volumes reduzidos da regiao orbitofrontal e da amigdala(Szeszko et al., 1999), ganglios da base menores (Rosenberg etal, 1997) e talamo aurnentado (Gilbert et al., 2000).

Sao de grande interesse alguns estudos atualmente condu­zidos, demonstrando nao somente alteracoes cerebrais funcionais,mas tambern estruturais apos varies tratamentos para 0TOC.Ap6so tratamento com inibidores da recaptacao de 5-HTou com tera­pia comportamental, a hiperatividade diminui no caudado, noslobos orbitofrontais e no cortex cingulado em pacientes que ternboas respostas ao tratamento (Baxter et aI., 1992; Benkelfat etaI., 1990; Perani et al., 1995; Swedo et aI., 1992). Alem disso,ap6s tratamento comportamental bern-sucedido, as correlacoesna atividade cerebral entre os giros orbitais e 0 micleo caudadodiminuem significativamente, sugerindo urn isolamento dos cir­cuitos cerebrais com mau funcionamento (Schwartz et al., 1996).Em criancas com TOC, urna reducao no tamanho talarnico, deinicio anormalmente grande, foi vista por imagem com urna res­posta bern-sucedida ao tratamento com paroxetina (Gilbert et al.,2000). Tal achado nao foi confirmado em criancas na resposta aterapia cognitivo-comportamental (Rosenberg et aI., 2000a). Aespectroscopia por ressonancia magnetica tambern revelou urnareducao na concenrracao inicialmente elevada de glutamato do

Transtornos de Ansiedade 117

Page 113: Transtornos de ansiedade

Acredita-se que urna certa forma de Toe com inicio na in­fancia esta relacionada a urn processo auto-imune secundario ainfeccao por estreptococos. Em criancas com essa forma de TOe,forarn encontrados ganglios da base aurnentados em IRM, urnachado consistente com urn processo auto-imune (Giedd et al.,2000). Urn antigeno especffico do linfocito B, que pode ser iden­tificado pelo anticorpo monoclonal DB/17, esta expresso em qua­se todos os pacientes com febre reumatica e e considerado urntrace marcante para a suscetibilidade a complicacoes de infeccaopor estreptococos do grupo A.Observou-se que criancas com Toee sem uma historia de febre reumatica ou coreia de Sydenham

Processos auto-imunes

Urn modelo neuroetol6gico do Toe foi proposto porRapoport, Swedo, Cheslow e colaboradores (Swedo, 1989; Wisee Rapoport, 1989), baseado na hipotese de disfuncao dos gangliosorbitofrontais-lfrnbico-basais. Os ganglios da base atuam comouma comporta que filtra a producao do c6rtex orbitofrontal e docortex cingulado e medeia a execucao de padroes motores. Asobsessoes e as compulsoes sao conceitualizadas como padroes dea~ao fixados especificos da especie e normalmente adaptados,mas que, no TOe, tornam-se inadequadamente liberados,repetitivos e excessivos. Esse processo poderia se dever a urn es­tado de impulso interne aurnentado ou a uma resposta aumenta­da a liberadores extemos. Por exemplo, comportamentos do Toecomo higiene pessoal excessiva ou avareza podem ser manifesta­~oes desreguladas de comportamentos normais de vaidade ou deacumulacao. Estudos documentando anormalidades cerebraisvolumetricas importantes em criancas com Toe nao-tratadas su­gerem que uma displasia mediada pelo desenvolvimento do cir­cuito ventral pre-frontal-estriatal pode estar subjacente ao Toe(Rosenberg e Keshavan, 1998).

Modelo neuroetol6gico

caudado em criancas com TOe ap6s tratarnento bem-sucedidocom paroxetina (Rosenberg et al., 2000b).

118 Hollander & Simeon

Page 114: Transtornos de ansiedade

Estudos de gemeos e familiares encontraram urn grau maiorde concordancia para 0TOC (definido amplamente como incluin­do caracterfsticas obsessivas) entre gerneos monozig6ticos, emcomparacao aos dizig6ticos (Careye Gottesman, 1981), sugerin­do que algurna predisposicao a comportamento obsessivo e her­dada. Nao houve esrudos de TOC em criancas adotadas ou emgemeos monozig6ticos criados separados. Estudos de familiaresde primeiro grau de pacientes com TOCmostram uma incidenciamaior do que a esperada de varies transtomos psiquiatricos, in­cluindo sintomas obsessivo-compulsivos, transtomos de ansieda­de e depressao (Black et al., 1992; Carey e Gottesman, 1981;Rapoport et al., 1981). Estudos familiares sugerem urn vinculogenetico entre 0TOCe 0 transtomo de Tourette (Nee et al., 1982).Urn recente estudo familiar amplo observou que 0 TOC era cercade quatro vezes mais comum em familiares de probandos de TOCdo que nos familiares dos controles, e 0 achado foi mais robustopara as obsessoes, E interessante notar que a idade no inicio doTOC em probandos estava muito fortemente relacionada ao graude parentesco; nao foidetectado TOCem familiares de probandoscom inicio ap6s os 18 anos de idade (Nestadt et aI., 2000a). Esteestudo, assim como urn estudo similar do transtomo de panico,sugere que pode existir urn subtipo de TOC mais fortemente fa­miliar com seu inicio em idade mais precoce. Os estudos familia­res tambem demonstraram que os transtomos do espectro do TOC,como transtomo dism6rfico corporal, hipocondria e transtomoalimentar, e condicoes ligadas aos habitos de higiene pessoal ocor­rem mais frequentemente do que 0 esperado nos familiares depacientes com TOC (Bienvenu et aI., 2000).

Nos ultimos anos, a genetica molecular do TOC, ainda emseu inicio, tern side objeto de investigacao. As analises de segre­ga~ao proporcionaram forte apoio para 0 envolvimento de urngene importante isolado no TOC (Alsobrook et al., 1999; Nestadt

Genetica

tern urna expressao de D8/17 do linf6cito B significativamentemaior do que as criancas-controle, sugerindo que 0 D8/17 podeservir como urn marcador para a suscetibilidade ao TOCcom inl­cio na Infancia (Murphy et al., 1997).

Transtornos de Ansiedade 119

Page 115: Transtornos de ansiedade

Ha mais de um seculo, Janet descreveu 0 colapso na adapta­r;aonormal no processamento de informacoes e na ar;aoque poderesultar de trauma de grandes proporcoes e observou a excessivareacao automatica emocionaI e fisicaque ocorre coma reexposicao(van der Kolke van der Han, 1989). Freud (1926/1959) insinuouuma base biol6gica para os sintomas pos-traurnaticos, na forma deuma fixacao fisieaao trauma. Pavlov(1927/1960) demonstrou umamudanca cronica no nfvelde atividade do sistema nervoso autono­mo em resposta a exposicao traumatica repetida. Kardiner (1959)descreveu de forma abrangente a fenomenologia da neurose trau­matica de guerra, identificando cinco caracterfsticas fundamentais:1) persistencia da reacao ao choque, 2) fixa~iiono trauma, 3) so­nhos de vida atipicos, 4) acessos de raiva explosivose 5) contracao

• TRANSTORNO DE ESTRESSE =os-TRAUMATICO

et al., 2000b), mas, se for assim, esse gene ainda nao foi identifi­cado. Urn polimorfismo funcional do gene catecol-O-metiltrans­ferase (COMT) com baixa atividade enzimatica foi iniciaImenteimplicado de uma maneira recessiva no TOC (Karayiorgou et aI.,1997, 1999), mas esse achado nao foi consistentemente confir­rnado (Schindler et aI., 2000). Os polimorfismos nos genes rela­cionados a 5-HT e a transmissao de dopamina - como 0 gene datriptofano hidroxilase, 0 gene do receptor de 5-HT2A> 0 gene dareceptor de 5-HT20 0 gene do transportador de 5-HT,0 gene doreceptor de dopamina D4 e 0 gene transportador da dopamina -nao foram demonstrados em associacao ao TOC em um estudorealizado por Frisch e colaboradores (Frisch et al., 2000). Simi­larrnente, nao se demonstrou nenhuma associacao a mutacoesdo gene do receptor de 5-HT2B (Kim et al., 2000), do gene datriptofano hidroxilase (Han et al., 1999) e do gene do receptorde 5-HT2c (Cavallini et al., 1998). Os achados relacionados aogene do transportador de 5-HT foram tanto positivos (Bengel etal., 1999) quanta negativos (Billet et al., 1997). No entanto, urnpolimorfismo do gene do receptor de 5-HT1D tambem foi implica­do (Mundo et aI., 2000). Em suma, a maior parte da pesquisamolecular reaIizada ate agora concentrou-se na pesquisa do generelacionado a 5-HT, que nao produziu achados claros e confir­maveis; porem, essa e uma area de pesquisa ativa.

120 Hollander & Simeon

Page 116: Transtornos de ansiedade

A resposta neurobiol6gica ao estresse agudo envolve a Jibe­rac;ao de varies horrnenios do estresse (por exemplo, secrecaoaumentada das catecolaminas e do cortisol), 0 que permite que 0organismo reaja adaptativamente. Quando 0TEPTse desenvolvesob trauma grave ou repetido, a reacao ao estresse torna-sedesregulada, e se estabelece, entao, uma hiperatividade autono­rna cronica. Esse processo se manifesta nos sintomas "positives"do TEPT,como os sintomas invasivos e de hiperexcitacao. Umagrande quantidade de dados corrobora essa hipotese. Em pacien­tes com TEPT,as reacoes fisiologicas autonomas aumentadas aosestfrnulos estressantes - como pressao sangufnea, frequencia car­dlaca, frequencia respiratoria, resposta galvanica da pele e ativi­dade eletromiografica - foram consistentemente documentadas(Kolb, 1987; Pitman et aI., 1987).

o sistema noradrenergico, que tern sua origem no locusceruieus, regula a excitacao. Os animais expostos a urn choqueinevitavel inicialmente mostram evidencia de aumento na reno-

Sistema simpatico

Nota. HHA = hipotalamo-hipofise-adrenal.

Reacoes fisiol6gicas aumentadas aos estrmulos traumaticosAtivaC80 noradrenergicaEixo HHA altamente sensibilizadoDesregulaC80 end6gena dos opi6idesModulaC8o serotoninarqica desreguladaToxicidade do hipocampo, volumes reduzidosHiperatividade limbica (amigdala, cingulo) e hiporresponsividade cortical(pre-frontal, area de Broca) a estimulos traumaticos

TABELA 4.5 Modelos biologicos do transtorno de estresse pos-traumatico

geral da personalidade. Ele rotulou essa condicao como umafisioneurose, insinuando uma inreracao de processos psico16gicose bio16gicos,e proporcionando, assim, urn precursor dos modelospsicobiologicos atuais de transtorno de estresse pos-traumatico(TEPT).ATabela 4.5 resume as perspectivas biologicas atuais so­bre 0 TEPT,descritas a seguir.

Transtornos de Ansiedade 121

Page 117: Transtornos de ansiedade

o sistema serotoninergico tambem foi implicado na sintoma­tologia do TEPT (van der Kolke Saporta, 1991). 0 sistema cere­bral septo-hipocampai concern caminhos serotoninergicos e me­deia a inibicao e 0 embaraco comportamentais. 0 papel do deficitserotonergico na agressiio impulsiva foi extensivamente estudado.Em animais, 0 choque inevitavel repetido pode conduzir adeplecao de S-HT.Por isso, a irritabilidade e os acessos de raivaobservados em pacientes com TEPTpodem estar relacionados adeficit serotoninergico. 0 agonista parcial da S-HT,m-CPp,induzurn aumento nos sintomas do TEPT,sugestivo de uma sensibi­lizacao cornpensatoria do sistema serotoninergico, e e interes­sante notar que os individuos que exibem essa reacao parecemser urn subgrupo de individuos com TEPTdiferente daqueles queexibem sensibilizacao noradrenergica (Southwick et al., 1997).Nfveisplasmancos reduzidos de S-HTforam encontrados no TEPT

Sistema serotoninergico

vacao da norepinefrina, com subsequente deplecao da norepi­nefrina central (Anisman et al., 1980). Os animals que experi­mentaram choque anterior inevitavel sao mais sensfveisa deplecaoda norepinefrina. Foram encontrados aumentos persistentes nanorepinefrina e epinefrina urinarias das catecolaminas em pacien­tes com TEPT (Kosten et al., 1987; Spivak et al., 1999), assimcomo na norepinefrina plasmatica (Spivak et ai., 1999). Os agen­tes que estimulam 0 sistema da excitacao, como 0 lactato (Raineyet al., 1987) e a ioimbina (Southwick et aI., 1993, 1997), indu­zem os flashbacks e aurnentos nos sintomas basicos do TEPT.Amelhora clinica nas lernbrancas invasivas e na hiperexcitacao du­rante 0 tratarnento com agentes bloqueadores adrenergicos comoa clonidina ou 0 propranolol tarnbem sugere hiperatividadeadrenergica (Kolb et al., 1984). Uma reducao no mirnero e nasensibilidadedos receptores alfa-adrenergtcos, possivelmentecomouma consequencia de hiperatividade noradrenergica cronica, foirelatada no TEPT(Perry et al., 1987). A down-regulation do recep­tor alfa-adrenergico e tambem corroborada por urn relato de casode urn paciente com TEPTque apresentava urn bloqueio de res­posta do hormonio do crescimento a clonidina, a qual se normali­zou apos tratamento comportamental (Hansenne et ai., 1991).

122 Hollander & Simeon

Page 118: Transtornos de ansiedade

No passado, 0 entorpecimento afetivo foi entendido funda­mentalmente como urna defesa psicologica contra dor emocionalopressiva, mas a pesquisa recente sugeriu urn componente biolo­gico para os sintomas "negativos" do TEPT.Van der Kolke cola­boradores propuseram que os modelos animais de choque inevi­tavel poderiarn se assemelhar ao desenvolvirnento do TEPT emhurnanos (van der Kolk et aI., 1984). Os animais impedidos deescapar de estresse grave desenvolvern uma slndrome de desam­paro aprendido (Maier e Seligman, 1976) que se assemelha aossintomas de afero reprirnido, retraimento, falta de motivacao edeclfnio no funcionamento associados ao TEPT.Os animais ex­postos a estresse ineviravel prolongado ou repetido desenvolvemanalgesia, que parece ser mediada pela liberacao de opiaceos

Sistema opioide endogen~

Varies achados no TEPTimplicaram uma desregulacao cro­nica do funcionamento do eixo HHAque e altamente caracterfsri­ca do TEPT e distinta daqueJa observada em outros transtomospsiquiatricos, como a depressao. Os achados incluem elevacaodos hormonios liberadores de corticotropina no LC(Baker et al.,1999; Bremner et al., 1997a), cortisol urinario baixo (Mason etal., 1986), urn Indice de norepineftina e cortisol urinarios eleva­do (Mason et al., 1988), resposta moderada do ACTHao CRF(Smith et al., 1989), supressao aurnentada do cortisol apos admi­nistracao de dexametasona e uma reducao no mimero dos recep­tores de glicocorticoide dos linfocitos, Todos esses achados saoconsistentes com 0 modelo de urn eixo HHAaltamente sensibili­zado que e hiper-reativo ao estresse e aos efeitos do cortisol(Yehuda et al., 1993, 1995).

Eixo hlpctalamo-hlpetlse-aorenal

(Spivak et al., 1999). Uma resposta bloqueada da prolactin a aodesafio da fenfluramina tarnbem corrobora a desregulacao se­rotoninergica central no TEPT (Davis et al., 1999). A conhecidaeficacia dos ISRSs no tratamento do TEPT comprova indireta­mente a desregulacao da modulacao serotoninergica.

Transtornos de Ansiedade 123

Page 119: Transtornos de ansiedade

Varios achados de neuroimagens no TEPT,tanto estruturaisquanta funcionais, comecaram a tracar um modelo sugestivo desensibilizacao limbica e inibicao cortical reduzida no TEPT,comdisfuncao especffica nas areas cerebrais envolvidas na mem6ria,na emocao e no processamento visuoespacial (Bremner et at,1999). Os deficits funcionais na mem6ria verbal foram associa­dos a um volume reduzido do hipocampo, 0 qual foi observadona IRMde pessoas com TEPTrelacionado a combate (Bremner et

Estudos de imagens

end6genos e que e bloqueada pela naloxona, antagonista opi6ide(Kelly,1982; Maier et al., 1980). Similarmente, e sugerido que,em humanos em que se mantem um trauma prolongado e repeti­do, os opi6ides end6genos sao consistentemente liberados comqualquer estfmulo que seja reminiscente do trauma original, con­duzindo a analgesia e a entorpecimento psiquico (van der Kolketal., 1984).

Pitman e colaboradores compararam a intensidade da dor aestimulos termicos em veteranos do Vietna com e sem TEPTqueassistiam a um videoteipe da guerra (Pitman et aI., 1990). Ospacientes com TEPT,mas nao os indivfduos sem 0 transtorno,experimentaram uma analgesia de 30% na reacao ao assistiremao videoteipe quando pre-tratados com uma injer;ao de placebo;tal analgesia foi eliminada com pre-tratamento com naloxona.Com base nesses achados, foi proposto 0 conceito de adiccao aotrauma (van der Kolk et al., 1984). Apos uma explosao transite­ria de opi6ide na reexposicao a estimulos traumaticos, acompa­nhada por uma sensacao subjetiva de calma e controle, pode-seproceder a retirada do opi6ide. Essa retirada pode entao contri­buir para os sintomas de hiperexcitacao do TEPT,conduzindo apessoa afetada a um circulo vicioso de reexposicoes traumaticaspara obter urn alivio sintornatico transit6rio. Os sistemas nora­drenergicos e opiatergicos do cerebro interagem e podem ter fun­r;6es recfprocas. Foi demonstrado que a cionidina, urn agonistado alfa2-adrenergico, suprime os sintomas de retirada do opi6idena adiccao do opiaceo (Gold et al., 1980). 0 tratamento abertocom clonidina em veteranos do Vietna com TEPT demonstroureducoes substanciais na hiper-reatividade (Kolb et al., 1984).

124 Hollander & Simeon

Page 120: Transtornos de ansiedade

Um grande estudo de gemeos veteranos do Vietna descobriuque os fatores geneticos foram responsaveis por 13 a 34% davariancia na propensao aos varies grupos de sintomas de TEPT,nao sendo encontrado nenhum papel etiologico para 0 ambientecompartilhado (True et aI., 1993). Ha poucos estudos geneticosmoleculares do TEn: Um estudo inicial encontrou urna associacaocom um polimorfismo do receptor da doparnina D2 (Comings etal., 1996), nao confirmada posteriormente (Gelernter et al., 1999).

GenE!tica

al., 1995). Sirnilarmente, foi encontrada uma reducao do volumedo hipocampo em adultos sobreviventes de abuso na infancia(Bremner et al., 1997b). PET com provocacao de sintomas deTEPT,usando roteiros traumaticos gravados em audio, mostrouativacao dos sistemas limbico direito e paralimbico e do cortexvisual (Rauch et al., 1996). PET durante exposicao auditiva aroteiros traumaticos demonstrou que as lembrancas de abuso es­tao associadas a um fluxo sangilineo diminuido no cortex pre­frontal medial, no hipocampo e no cortex da associacao visual(Bremner et al., 1999b). Quando as imagens mentais de quadrosrelacionados ao combate sao geradas por veteranos com TEPT, 0fluxo sangilineo aumenta na amigdala e no cfngulo anterior ediminui na area de Broca. Esses padroes podem se relacionar asimagens visuais emocionais nao-verbais envolvidas na reexpe­riencia de sintomas do TEPT (Shin et al., 1997). Respostas au­mentadas da amigdala a estimulos negativos gerais, nao especifi­camente relacionados ao trauma, foram encontradas no TEPT;elas parecem estar dissociadas de influencias corticais maiores(Rauch et al., 2000). Na verdade, a exposicao de individuos comTEPTa estimulos traumaticos resulta em fluxo sangilineo reduzi­do no cortex pre-frontal, uma area responsavel pela regulacao dareacao emocional via inibicao da amfgdala (Bremner et al., 1999).Ha evidencia, baseada em relatos de caso, de que 0 tratamentobem-sucedido do TEPTcom dessensibilizacao e reprocessamentodo movimento do olho (EMDR)pode resultar nao em uma ativi­dade lfmbica reduzida, mas em atividade cingulada e pre-frontalaumentada, 0 que melhora a capacidade para distinguir a amea­ca real (Levin et al., 1999).

Transtornos de Ansiedade 125

Page 121: Transtornos de ansiedade

AbelsonJL, GlitzD,CameronOG,et al: Bluntedgrowth hormone responseto clonidine in patients with generalized anxiety disorder. Arch GenPsychiatry 48:157-162, 1991Abelson JL, WegJG, Nesse RM, et al: Persistent respiratory irregularityin patients with panic disorder. BioIPsychiatry 49:588-595, 2001Adler CM,McDonough-RyanP, SaxKw, et al: fMRIof neuronal activationwith symptom provocation in unmedicated patients with obsessivecompulsive disorder. J Psychiatr Res 34:317-324, 2000AlsobrookJP II,LeckmanJF, GoodmanWK,er al: Segregation analysis ofobsessive-compulsivedisorder using symptom-based factor series. Am JMed Genet 88:669-675, 1999Altemus M, Pigott T, KalogerasKT,et al: Abnormalities in the regulationof vasopressin and corticotropin releasing factor secretion in obsessive­compulsive disorder. Arch Gen Psychiatry 49:9-20, 1992Altemus M, Pigott 1; EHeureux F, et al: CSF somatostatin in obsessive­compulsive disorder. Am J Psychiatry 150:460-464, 1993AltemusM, Swedo SE,Leonard HL, et al: Changes in cerebrospinal fluidneurochemistry during treatment of obsessive-compulsivedisorder withclomipramine. Arch Gen Psychiatry 51:794-803, 1994Anisman HL, Pizzino A, Sklar LS: Coping with stress, norepinephrinedepletion and escape performance. Brain Res 191:583-588, 1980Antony MM,Brown TA,Barlow DH: Response to hyperventilation and5,5% C02 inhalation of subjects with types of specific phobia, panicdisorder, or no mental disorder.Am J Psychiatry154(8): 1089-1095, 1997Aston-Jones SL, Foote FE, Bloom FE: Norepinephrine, in Frontiers ofClinical Neuroscience,Vol2. Edited by ZieglerMG,LakeCR.Baltimore,MD,Williams& Wilkins, 1984, pp 92-116BakerDG,WestSA,NicholsonWE,et al: SerialCSFcorticotropin-releasinghormone levels and adrenocortical activity in combat veterans withposttraumatic stress disorder. Am J Psychiatry 156:585-588, 1999BartonR:Diabetesinsipidusand obsessionalneurosis: a syndrome.Lancet1:133-135, 1965Bastani B, Nash JF, Meltzer HY:Prolactin and cortisol responses to MK-212, a serotonin agonist, in obsessive-compulsive disorder. Arch GenPsychiatry 47:833-839, 1990Baxter LR Jr, Phelps ME, Mazziotta JC, et al: Local cerebral glucosemetabolic rates in obsessive-compulsivedisorder: a comparisonwith rates

• REFER~NCIASBIBLIOGRAFICAS

126 Hollander & Simeon

Page 122: Transtornos de ansiedade

in unipolar depression and in normal controls. Arch Gen Psychiatry44:211-218, 1987BaxterLRJr, Schwartz JM, BergmanKS,et al: Caudate glucosemetabolicrate changes with both drug and behavior therapy for obsessive­compulsive disorder. Arch Gen Psychiatry 49:681-689, 1992Behar 0, Rapoport JL, Berg CJ, et al: Computerized tomography andneuropsychological test measures in adolescents with obsessive­compulsive disorder. Am J Psychiatry 141:363-369, 1984Bell CJ, Malizia AI., Nutt OJ: The neurobiology of social phobia. EurArchPsychiatry Clin Neurosci (suppl 1) 249:511-518, 1999Bengel 0, Greenberg BD, Cora-Locatelli G, et al: Association of theserotonin transporter promoter regulatory region polymorphism andobsessive-compulsivedisorder. Mol Psychiatry 4:463-466, 1999Benkelfat C, Murphy DL, Zohar J, et al: Clomipramine in obsessive­compulsive disorder: further evidence for a serotonergic mechanism ofaction. Arch Gen Psychiatry46:23-28, 1989Benkelfat C, Nordahl TE, Semple WE, et al: Local cerebral glucosemetabolic rates in obsessive-compulsivedisorder: patients treated withclomipramine. Arch Gen Psychiatry 47:840-848, 1990BienvenuOJ, Samuels JF, RiddleMA,et al: The relationship ofobsessive­compulsivedisorder to possible spectrum disorders: results from a familystudy. Biol Psychiatry 48:287-293, 2000Billet EA, Richter MA, King N, et al: Obsessive compulsive disorder,response to serotonin reuptake inhibitors and the serotonin transportergene. Mol Psychiatry 2:403-406, 1997BirbaumerN,GroddW,Diedrich0, et al: fMRlrevealsamygdala activationto human faces in social phobics. Neuroreport 9:1223-1226, 1998Black Ow, Noyes R, Goldstein RB, et al: A family study of obsessive­compulsive disorder. Arch Gen Psychiatry 49:362-368, 1992Brambilla F, Bellodi L, Perna G, et al: Dopamine function in obsessive­compulsive disorder: growth hormone response to apomorphinestimulation. Bioi Psychiatry42:889-897, 1997Breiter HC, Rauch 51.,Kwong KK, et al: Functional magnetic resonanceimaging of symptom provocation in obsessive-compulsivedisorder. ArchGen Psychiatry 53:595-606, 1996Bremner JD, Randall P, Scott TM, et al: MRl-based measurement ofhippocampal volume inpatients with combat-related posttraumatic stressdisorder. Am J Psychiatry 152:973-981, 1995

Transtornos de Ansiedade 127

Page 123: Transtornos de ansiedade

Bremner JO, Licinio J, Darnell A, et al: Elevated CSF corticotropin­releasing factor concentrations in posttraumatic stress disorder. Am JPsychiatry 154:624-629, 1997aBremner JD, Randall P, Vermetten E, et al: Magnetic resonance imaging­based measurement of hippocampal volume in posttraumatic stressdisorder related to childhood physical and sexual abuse: a preliminaryreport. Bioi Psychiatry 41:23-32, 1997bBremner JD, Narayan M, Staib LH, et al: Neural correlates of memoriesof childhood sexual abuse in women with and without posttraumaticstress disorder. Am J Psychiatry 156:1787-1795, 1999aBremner JD, Staib LH,Kaloupek0, et al: Neural correlates of exposureto traumatic pictures and sound in Vietnam combat veterans with andwithout posttraumatic stress disorder: a positron emission tomographystudy. Bioi Psychiatry 45:806-816, 1999bBremner JO, Innis RB, White T, et al: SPECT [1-123] iomazenilmeasurement of the benzodiazepine receptor in panic disorder. BioIPsychiatry 47:96-106, 2000Buchsbaum MS, Wu J, Jaier R, et al: Positron emission tomographyassessment of effects of benzodiazepines on regional glucose metabolicrate in patients with anxiety disorder. life Sci 40:2393-2400, 1987Capstick N, Seldrup V: Obsessional states: a study in the relationshipbetween abnormalities occurring at birth and subsequent developmentof obsessional symptoms. Acta Psychiatr Scand 56:427-439, 1977Carey G, Gottesman II: Twin and family studies of anxiety, phobic, andobsessive disorders, in Anxiety: New Research and Changing Concepts.Edited by KleinOF,Rabkin J. NewYork,Raven Press, 1981, pp 117-136Cavallini MC, Di-Bella 0, Pasquale L, et al: 5HT2C CYS23/SER23polymorphism is not associated with obsessive-compulsive disorder.Psychiatry Res 77:97·104, 1998CharneyOS,HeningerGR:Abnormalregulation of noradrenergic functionin panic disorders: effectsof clonidinein healthy subjectsand patientswithagoraphobiaand panic disorder.Arch GenPsychiatry43:1042-1054,1986Charney OS, Heninger GR, Breier A: Noradrenergic function in panicanxiety: effects of yohimbine in healthy subjects and patients withagoraphobia and panic disorder. Arch Gen Psychiatry 41:751-763, 1984Charney OS, Goodman WK, Price LH, et al: Serotonin function inobsessive-compulsivedisorder: a comparison of the effectsof tryptophanand m-chlorophenylpiperazine inpatients and healthy subjects.ArchGenPsychiatry 45:177-185, 1988

128 Hollander & Simeon

Page 124: Transtornos de ansiedade

ChristensenKJ, KIm Sw,DyskenMw, et al:Neuropsychologicalperformancein obsessivecompulsivedisorder.BioiPsychiatry 31:4-18,1992Ciesielski KT, Beech HR, Gordon PK: Some electrophysiologicalobservations in obsessional states. Br J Psychiatry 138:479-484, 1981Cohen ME, White ID: Life situation, emotions, and neurocirculatoryasthenia. Association for Research in Nervous and Mental DiseaseProceedings 29:832-869, 1950ComingsDE,MuhlemanD,GysinR: DopamineD2receptor (DRD2)geneand susceptibilityto posttraumatic stress disorder: a study and replication.Bioi Psychiatry 40:368-372, 1996Cooper PJ, Eke M: Childhood shyness and maternal social phobia: acommunity study. Br J Psychiatry 174:439-443, 1999Coplan JD, Lydiard RB:Brain circuits in panic disorder. Bioi Psychiatry44:1264-1276, 1998Coplan JD' Pine D, Papp L, et al: Uncoupling of the noradrenergic­hypothalamic-pituitary-adrenal axis in panic disorder patients.Neuropsychophannacol 13:65-73, 1995Coplan JD' Papp LA, Pine D, et al: Clinical improvement with fluoxetinetherapy and noradrenergic function in patients with panic disorder. ArchGen Psychiatry 54:643-648, 1997Coupland NJ, Bell C, Potokar J, et al: Flumazenil challenge in socialphobia. Anxiety 111:27-30,2000Crowe RR, Noyes R, Pauls D1, et al: A family study of panic disorder.Arch Gen Psychiatry 40:1065-1069, 1983CroweRR,WangZ,NoyesR, et al: Candidate gene study of eight GABAAreceptor subunits in panic disorder.Am J Psychiatry154:1096-1100, 1997CurtisGC,AbelsonJL,GoldPW:Adrenocorticotropichormone and cortisolresponses to corticotropin-releasing hormone: changes in panic disorderand effects of alprazolam treatment. BiolPsychiatry 41:76-85, 1997Davis LL, Clark DM, Kramer GL, et al: D-fenfluramine challenge inposttraumatic stress disorder. Biol Psychiatry 45:928-930, 1999DeBellisMD,CaseyBJ, Dahl RE, et al: Apilot study of amygdalavolumesin pediatric generalized anxiety disorder. BiolPsychiatry48:51-57, 2000DeckertJ, Catalano M,HeilsA, et al: Functional promoter polymorphismof the human serotonin transporter: lack of association with panicdisorder. Psychiatr Genet 7:45-47, 1997Deckert J, Nothen MM, Franke Il et al: Systematic mutation screeningand association study of the Al and A2a adenosine receptor genes in

Transtornos de Ansiedade 129

Page 125: Transtornos de ansiedade

panic disorder suggest a contribution of the A2agene to the developmentof the disease. Mol Psychiatry 3:81-85,1998Deckert J, Catalano M, Syagailo YV, et al: Excess of high activitymonoamine oxidaseAgene promoter alleles in female patients with panicdisorder. Hum MolGenet 81:228-234, 1999Dorrow R, Horowski R. Pasche1keG, et al: Severe anxiety induced byFG-7142, a beta-carboline ligand for benzodiazepine receptors. Lancet1:98-99, 1983ElamM,YoatTIl SvenssonTH:Hypercapnia and hypoxia: chemoreceptor­mediated control of locus ceruleus neurons and splanchnic, sympatheticnerves. Brain Res 222:373-381, 1981Emmanuel NP,LydiardBR.Ballenger JC: Treatment of social phobia withbupropion. J Clin Psychopharmacol1:276-277, 1991Ferrarese C, Appol1onio I, Frigo M, er al: Decreased density ofbenzodiazepine receptors in lymphocytes of anxious patients: reversalafter chronicdiazepam treatment. ActaPsychiatrScand82:169-173, 1990Flament MF,Rapoport JL, Murphy DL,et al: Biochemicalchanges duringclomipramine treatment of childhoodobsessive-compulsivedisorder.ArchGen Psychiatry 44:219-225, 1987Flor-Henry P: The obsessive-compulsivesyndrome, in Cerebral Basis ofPsychopathology.EditedbyFlor-HenryP. Boston,MA,John Coright, 1983,pp 301-311Fredrikson M,WikG,GreitzT,et al: Regional cerebral blood flow duringexperimental phobic fear. Psychophysiology30:126-130, 1993Freud S:Inhibitions,symptomsand anxiety (1926), inThe StandardEditionof the CompletePsychologicalWorksofSigmundFreud,Vol20.Translatedand edited by Strachey J. London, Hogarth Press, 1959, pp 75-175Frisch A, Michaelovsky E, Poyurovsky M, et al: Association betweenobsessive-compulsive disorder and polymorphisms of genes encodingcomponents of the serotonergic and dopaminergic pathways. EurNeuropsychopharmacol 10:205-209, 2000Fyer AJ, Mannuzza S, GallopsMS, et al: Familial transmission of simplephobias and fears: a preliminary report. Arch Gen Psychiatry 47:252-256, 1990Galderisi S, MucciA, Catapano F,et al: Neuropsychological slowness inobsessive-compulsivepatients: is it confined to tests involvingthe fronto­subcortical systems? Br J Psychiatry 167:394-398, 1996Gelernter J, Southwick S, Goodson 5, et al: No association between 02dopamine receptor (DRD2) 'W' system alleles, or ORD2haplotypes, andposttraumatic stress disorder. Bioi Psychiatry 45:620-625, 1999

130 Hollander & Simeon

Page 126: Transtornos de ansiedade

GermineM, Goddard AW,WoodsSw, et al: Anger and anxiety responsesto m-chlorophenylpiperazine in generalized anxiety disorder. BiolPsychiatry 32:457-461, 1992Giedd IN, Rapoport JL, Garvey MA,et al: MRl assessment of childrenwith obsessive-compulsivedisorder or tics associated with streptococcalinfection. Am J Psychiatry 157:281-283, 2000GilbertAR, MooreGJ,KeshavanMS,et al: Decrease in thalamic volumesof pediatric patients with obsessive-compulsivedisorder who are takingparoxetine. Arch Gen Psychiatry 57:449-456, 2000Goddard AW,Mason GF,Almai A, et al: Reductions in OCCipitalcortexGABAlevels in panic disorder detected with 1H-magnetic resonancespectroscopy.Arch Gen Psychiatry 58:556·562, 2001Gold M, Pottash AC, Sweeney DR, er al: Opiate withdrawal usingclonidine. JAMA243:343·346, 1980Goldstein RB,Wickramaratne PJ, Horwath E, et al: Familialaggregationand phenomenology of 'early'-onset (at or before age 20 years) panicdisorder. Arch Gen Psychiatry 54:271·278, 1997Goodman WK, McDougle CJ, Price LH, et al: Beyond the serotoninhypothesis: a role for dopamine in some forms of obsessive compulsivedisorder? J Clin Psychiatry 51 (suppl 8):36·43, 1990Gorman JM, Levy GF,LiebowitzMR, et al: Effectof acute beta-adrenergicblockadeon lactate-inducedpanic.ArchGenPsychiatry40:1079-1082,1983GormanJM,AskanaziJ, LiebowitzMIt.et al: Responseto hyperventilationin a group of patients with panic disorder. AmJ Psychiatry141:857·861,1984Gorman JM, Fyer MR,Goetz It. et al: Ventilatoryphysiology of patientswith panic disorder. Arch Gen Psychiatry 45:31-39, 1988Gorman JM, LiebowitzMR,FyerAJ, et al: Aneuroanatomical hypothesisfor panic disorder. Am J Psychiatry 146:148-161, 1989aGorman JM, Battista D, Goetz RR, et al: A comparison of sodiumbicarbonate and sodium lactate infusion in the induction ofpanic attacks.Arch Gen Psychiatry 46:145-150, 1989bGorman JM, KentJM, SullivanGM,et al: Neuroanatomical hypothesis ofpanic disorder, revised. Am J Psychiatry 157:493-505, 2000Grimshaw L: Obsessional disorder and neurological illness. J NeuralNeurosurg Psychiatry 27:229·231, 1964Han L, Nielsen DA, Rosenthal NE, et al: No coding variant of thetryptophan hydroxylase gene detected in seasonal affective disorder,obsessive-compulsive disorder, anorexia nervosa, and alcoholism. BiolPsychiatry 45:615-619, 1999

Transtornos de Ansiedade 131

Page 127: Transtornos de ansiedade

Hansenne M,Pitchot W, Ansseau M: The clonldine test in posttraumaticstress disorder (letter). Am J Psychiatry 148:810-811, 1991Hayward C,KillenJD, DraemerHC,et al: Linkingself-reported childhoodbehavioral inhibition to adolescent socialphobia. JAmAcadChildAdolescPsychiatry 37:1308-1316, 1998Hewlett WA,Vinogradov S, Martin K, et al: Fenfluramine stimulation ofprolactin in obsessive-compulsivedisorder.PsychiatryRes42:81-92, 1992HollanderE,LiebowitzMR, GormanJM, et al: Cortisoland sodium lactate­induced panic. Arch Gen Psychiatry 46:135-140, 1989Hollander E, SchiffmanE, Cohen Br,et al: Signsof central nervous systemdysfunction in obsessive-compulsivedisorder.ArchGenPsychiatry47:27-32, 1990Hollander E, DeCana C, Gully R, et al: Effects of chronic fluoxetinetreatment on behavioral and neuroendocrine responses to meta­chlorophenylpiperazine in obsessive-compulsivedisorder. PsychiatryRes36:1-17,1991aHollander E, DeCaria C, Nitescu A, et al: Noradrenergic function inobsessive-compulsivedisorder: behavioral and neuroendocrine responsesto clonidine and comparison to healthy controls. Psychiatry Res37:161-177, 1991bHollander E, DeCana CM, Nitescu A, et al: Serotonergic function inobsessive-compulsivedisorder: behavioral and neuroendocrine responsesto oral m-chlorophenylpiperazine and fenfluramine in patients andhealthy volunteers. Arch Gen Psychiatry 49:21-28, 1992Hollander E, Kwon J, WeUlerF, et al: Serotonergic function in socialphobia: comparison to normal control and obsessive-compulsivedisordersubjects. Psychiatry Res 79:213-217, 1998Horesh N,AmirM, Kedem P, et al: Lifeevents in childhood, adolescenceand adulthood and the relationship to panic disorder.ActaPsychiatrScand96:373-378, 1997Insel TR, Mueller EA,Alterman I, et al: Obsessive-compulsivedisorderand serotonin: is there a connection? BioiPsychiatry20:1174-1188, 1985Ishiguro H, Arinami 1;Yamada K, et al: An association study between atranscriptional polymorphism in the serotonin transporter gene andpanic disorder in a Japanese population. Psychiatry Clin Neurosci51:333-335,1997Johnson M, Lydiard R, Zealberg J, et al: Plasma and CSFHVAlevels inpanic patients with comorbid social phobia. Bioi Psychiatry 36:425-427, 1994

132 Hollander& Simeon

Page 128: Transtornos de ansiedade

Johnson MR,Marazziti 0, Brawman MO, et al: Abnormal benzodiazepinereceptor density associated with generalized social phobia. Bioi Psychiatry43:306-309, 1998Kagan J, Reznick JS, Snidman N: The physiology and psychology ofbehavioral inhibition in children. Child Dev 58:1459-1473, 1987Karayiorgou M, Altemus M, Galke BL, et al: Genotype determining lowcatechol-O-methyltransferase activity as a risk factor for obsessive­compulsive disorder. Proc Natl Acad Sci USA 94:4572-4575, 1997Karayiorgou M,Sobin C,Bludell ML, et al: Family based association studiessupport a sexually dimorphic effect of COMT and MAOA on geneticsusceptibility to obsessive-compulsive disorder. Bioi Psychiatry 45:1178-1189, 1999Kardiner A:Traumatic neurosis ofwar, in American Handbook of Psychiatry,Vol 1. Edited by Arleti S. New York, Basic Books, 1959, pp 245-257Kelly DO: The role of endorphins in stress-induced analgesia. Ann NYAcad Sci 398:260-271, 1982Kendler KS, Neale MC, Kessler RC, et al: Generalized anxiety disorder inwomen: a population-based twin study. Arch Gen Psychiatry 49:267-272,1992aKendler KS, Neale MC, Kessler RC, et al: The genetic epidemiology ofphobias in women: the interrelationship of agoraphobia, social phobia,situational phobia, and simple phobia. Arch Gen Psychiatry 49:273-281,1992bKendler KS, Neale MC, Kessler RC, et al: Panic disorder in women: apopulation-based twin study. Psychol Med 23:397-406, 1993Kennedy JL, Bradwejn J, Koszycki0, et al: Investigation of cholecystokininsystem genes in panic disorder. Mol Psychiatry 4:284-285, 1999Kim SJ, Veenstra-VanderWeele J, Hanna GL, et al: Mutation screening ofhuman 5HT(2B) receptor gene in early onset obsessive-compulsivedisorder. Mol Cell Probes 14:47-52, 2000Klein DF: False suffocation alarms, spontaneous panics, and relatedconditions: an integrative hypothesis. Arch Gen Psychiatry 50:306-317,1993Knesevich JW: Successful treatment of obsessive-compulsive disorder withclonidine hydrochloride, Am J Psychiatry 139:364-365, 1982Knowles JA, Fyer AJ, Vieland VJ, et al: Results of a genome-wide geneticscreen for panic disorder. Am J Med Genet 81(2):139-147, 1998Kolb LC:A neuropsychological hypothesis explaining posttraumatic stressdisorders. Am J Psychiatry 144:989-995, 1987

Transtornos de Ansiedade 133

Page 129: Transtornos de ansiedade

KolbLC,BurrisBC,GriffithsS: Propranolol and clonidine in treatment ofthe chronicpost-traumatic stress disorders ofwar, in Post-TraumaticStressDisorder: Psychologicaland BiologicalSequelae. Edited by van der KolkBA.Washington,DC,AmericanPsychiatricPress, 1984, pp 97-105Kosten TR, Mason JW, Giller EL, et al: Sustained urine norepinephrineand epinephrine elevation in PTSD.Psychoneuroendocrinology 12:13-20, 1987LeckmanJF, GoodmanWI<, North WG,et al: Elevated cerebrospinal fluidlevels of oxytocin in obsessive-compulsive disorder: comparison withTourette's syndrome and healthy controls. Arch Gen Psychiatry 51:782-792, 1994Lesch KP, Hoh A, Disselkamp-TietzeJ, et al: 5-Hydroxytryptamine 1Areceptor responsivity in obsessive-compulsive disorder: comparison ofpatients and controls. Arch Gen Psychiatry 48:540-547, 1991Levin P, Lazrove S, van der Kolk B: What psychological testing andneuroimaging tell us about the treatment of posttraumatic stress disorderby eye movement desensitization and reprocessing. J Anxiety Disord13:159-172, 1999LiebowitzMR,Fyer AJ, Gorman JM, et al: Lactate provocation of panicattacks, I: clinical and behavioral findings. Arch Gen Psychiatry41:764-770, 1984LiebowitzMR,Gorman JM, Fyer AJ, et al: Lactate provocation of panicattacks, II: biochemical and physiological findings. ArchGen Psychiatry42:709-719, 1985LuceyN, Barry S, WebbMG,et al: The desipramine-induced hormoneresponse and the dexamethasone suppressiontest in obsessive-compulsivedisorder. Acta Psychiatr Scand 86:367-370, 1992Maier SF,Seligman ME: Learned helplessness: theory and evidence. JExpPsychol 105:3-46, 1976Maier SF,DoviesS, Gran JW: Opiate antagonists and long-term analgesicreaction induced by inescapable shock in rats. J Comp Physiol Psychol94:1172-1183, 1980Malizia AL,Cunningham VJ, Bell CJ, et al: Decreased brain GABA(A)­benzodiazeplne receptor binding in panic disorder: preliminary resultsfrom a quantitative PET study.Arch Gen Psychiatry 55:715-720, 1998Mason ST,Fibiger HC: Anxiety: the locus ceruleus disconnection. LifeSci 25:2141-2147, 1979Mason JW, Giller EL, Kosten TR, et al: Urinary free-cortisol levels inposttraumatic stress disorder patients. JNervMentDis174:145-l49, 1986

134 Hollander & Simeon

Page 130: Transtornos de ansiedade

Mason JW, Giller EL, Kosten TR, et al: Elevation of urinary norepine­phrine/cortisol ration in posttraumatic stress disorder. J Nerv Ment Dis176:498-502, 1988MathewRJ,HoB'I;Kralik P, et al: Catecholaminesand monoamine oxidaseactivity in anxiety.Acta Psychiatr Scand 63:245-252, 1981McBride PA, DeMeo MD, Sweeney JA, et al: Neuroendocrine andbehavioral responses to challenge with the indirect serotonin agonist dl­fenfluramine in adults with obsessive-compulsivedisorder.BiolPsychiatry31:19-34, 1992McDougle CJ, Goodman WK, Price LH, et al: Neuroleptic addition influvoxamine-refractory obsessive-compulsivedisorder. Am J Psychiatry147:652-654, 1990McGuirePK,Bench CJ, Frith CD,et al: Functional anatomy of obsessive­compulsive phenomena. Br J Psychiatry 164:459-468, 1994McKeon J, McGuffin P, Robincon P: Obsessive-compulsive neurosisfollowinghead injury: a report of four cases. Br J Psychiatry 144:90-192,1984McNallyRJ, Kohlbeck PA:Reality monitoring in obsessive-compulsivedisorder. Behav ResTher 31:24-53,1993Mikkelson EJ, Deltor J, Cohen OJ: School avoidance and social phobiatriggered by haloperidol in patients with Tourette's syndrome. Am JPsychiatry 138:1572-1576, 1981MillerHE, Deakin JF, Anderson 1M:Effect of acute tryptophan depletionon C02-induced anxiety in patients with panic disorder and normalvolunteers. Br J Psychiatry 176:182-188, 2000Mountz JM, ModllJG, WilsonMw, et al: Positron emission tomographicevaluation of cerebral blood flow during state anxiety in simple phobia.Arch Gen Psychiatry 46:501-504, 1989Mundo E, Maina G, Uslenghi C: Multicentre, double-blind, comparisonof fluvoxamine and clomipramine in the treatment of obsessive­compulsive disorder. Int Clin Psychopharmacol 15:69-76, 2000MurphyTK,GoodmanWI<, Fudge Mw, et al: B lymphocyte antigen 08/17: a peripheral marker for childhood-onset obsessive-compulsivedisorder and Tourette's syndrome? Am J Psychiatry 154:402-407,1997Nee LE, Caine ED, Polinsky RJ, et al: Gilles de la Tourette syndrome:clinical and family study of 50 cases. Ann Neurol 7:41-49, 1982Nelson EC, Grant JD, Bucholz KK, et al: Social phobia in a population­based female adolescent twin sample: co-morbidity and associated suici­de-related symptoms. PsycholMed 30:797-804, 2000

Transtornos de Ansiedade 135

Page 131: Transtornos de ansiedade

Nestadt G, Samuels J, Riddle M, et al: A family study of obsessive­compulsive disorder. Arch Gen Psychiatry 57:358-363, 2000aNestadt G,Lan1;SamuelsJ, et al: Complexsegregation analysisprovidescompelling evidence for a major gene underlying obsessive-compulsivedisorder and for heterogeneity by sex. Am J Hum Genet 67:1611-1616,2000bNoyes R Jr, Clarkson C, Crow RR. et al: A family study of generalizedanxiety disorder. Am J Psychiatry 144:1019-1024, 1987Nutt OJ: Altered central a2-adrenoreceptor sensitivity in panic disorder.Arch Gen Psychiatry 46:165-169, 1989Nutt OJ, GlueP, LawsonC,et al: Flumazenil provocation of panic attacks:evidence for altered benzodiazepine receptor sensitivityin panic disorder.Arch Gen Psychiatry47:917-925, 1990Ohara K, Suzuki Y, OchiaiM, er al: Avariable-number-tandem-repeat ofthe serotonin transporter gene and anxiety disorders. Prog Neuropsy­chopharmacol Biol Psychiatry 23:55-65, 1999Ohman A, Soares JF: Unconscious anxiety: phobic responses to maskedstimuli. J Abnorm Psychol 103:232-240, 1994Otto MW:Normal and abnormal information processing. A neuropsy­chological perspective on obsessive-compulsivedisorder. Psychiatr ClinNorth Am 15:825-848, 1992Pacella BL,Polatin P, Nagler SH: Clinical and EEGstudies in obsessive­compulsive states. Am J Psychiatry 100:830-838, 1944Papp LA, Klein OF, Gorman JM: Carbon dioxide hypersensitivity,hyperventilationand panic disorder.AmJ Psychiatry150:1149-1157,1993PaulsOL,TowbinKE,LeckmanJF, et al: Gillesde la Tourette's and obses­sive-compulsivedisorder: evidencesupporting a genetic relationship. ArchGen Psychiatry 43:1180-1182, 1986Pavlov IP: Conditional Reflexes: An Investigation of the PhysiologicalActivity of the Cerebral Cortex (1927). Edited byAnrep Gv.New York,Dover; 1960Perani 0, ColomboC, BressiS, et al: [18F] FOGPETstudy in obsessive­compulsive disorder: a clinical/metabolic correlation study aftertreatment. Br J Psychiatry 166:244-250,1995PernaG,BussiR,Allevi1,et al: Sensitivityto 35%carbondioxideinpatientswith generalized anxiety disorder. J Clin Psychiatry60:379-384, 1999Peroutka SJ, Price SC,Wilhoit TL, et al: Comorbid migraine with aura,anxiety and depression is associated with dopamine 02 receptor (ORD2)Ncol alleles. MolMed 4:14-21, 1998

136 Hollander& Simeon

Page 132: Transtornos de ansiedade

PerryBD,GillerELJr, Southwick SM:Altered plasma alpha-2-adrenergicbinding sites in posttraumatic stress disorder (letter). Am J Psychiatry144:1511-1512, 1987Pigott TA,Hill JL, tHeurelD4 et al: Acomparison of the behavioral effectsof oral versus intravenous m-CPP administration in OCDpatients andthe effect ofmetergoline prior to i.v m-CPP.BiolPsychiatry33:3-14, 1993Pitman RK, Orr Sp, Forgue OF,et al: Psychophysiologic assessment ofposttraumatic stress disorder imagery in Vietnamcombat veterans. ArchGen Psychiatry 44:970-975, 1987Pitman RK,van der KolkBA,Orr Sp,et al: Naloxone-reversibleanalgesicresponse to combat-related stimuli in posttraumatic stress disorder: apilot study. Arch Gen Psychiatry 47:541-544, 1990Pitts FN, McClureIN: Lactate metabolism in anxiety neurosis. N Eng! JMed 277:1329-1336, 1967Potts NL,Davidson JR, Krishnan KR, et al: Magnetic resonance imagingin social phobia. Psychiatr Res 52:35-42, 1994Rainey JM J1; Pohl RB,WilliamsM, et al: A comparison of lactate andisoproterenol anxiety states. Psychopathology17 (suppI1): 74-82, 1984Rainey JM Jr, Aleem A, Ortiz A, et al: Laboratory procedure for theinducement of flashbacks. Am J Psychiatry 144:1317-1319, 1987Rapoport Jl, ElkinsR, Langer DH,et al: Childhood obsessive-compulsivedisorder. Am J Psychiatry 138:1545-1554, 1981Rauch SL, Jenike MA, Albert NM, et al: Regional cerebral blood flowmeasured during symptom provocation in obsessive-compulsivedisorderusing oxygen IS-labeled carbon dioxide and positron emissiontomography. Arch Gen Psychiatry 51:62-70, 1994Rauch SL,SavageCR,Albert NM,et al: Apositron emission tomographicstudy of simple phobic symptomprovocation. ArchGenPsychiatry52:20-28, 1995Rauch SL, van der KolkBA, Fisler RE, et al: A symptom provocationstudy ofposttraumatic stress disorder usingpositron emissiontomographyand script-driven imagery.Arch Gen Psychiatry 53:380-387, 1996Rauch SL,Whalen PJ, Shin LM,et al: Exaggerated amygdala response tomasked facial stimuli in posttraumatic stress disorder: a functional MRlstudy. Biol Psychiatry 47:769-776, 2000Redmond DEJr: New and old evidence for the involvement of a brainnorepinephrine system in anxiety, in Phenomenology and Treatment ofAnxiety.Edited by Fann WE, Karacan I, Pokorny AD, et al. New York,Spectrum, 1979, pp 153-203

Transtornos de Ansiedade 137

Page 133: Transtornos de ansiedade

Rocca P, Beoni AM, Eva C, et al: Peripheral benzodiazepine receptormessenger RNA is decreased in lymphocytes of generalized anxietydisorder patients. Bioi Psychiatry 43:767-773, 1998Rosenberg DR, KeshavanMS: A.E. Bennett Research Award: toward aneurodevelopmental model of obsessive-compulsive disorder. BioiPsychiatry 43:623-640, 1998Rosenberg DR, Keshavan MS, O'Hearn KM, et al: Frontostrlatalmeasurement in treatment-naive children with obsessive-compulsivedisorder. Arch Gen Psychiatry 54:824-830, 1997RosenbergDR,BenazonNR, GilbertA, et al: Thalamicvolume inpediatricobsessive-compulsive disorder patients before and after cognitivebehavioral therapy. Bioi Psychiatry 48:294-300, 2000aRosenberg DR,MacMaster FP, KeshavanMS, et al: Decrease incaudateglutamatergic concentrations in pediatric obsessive-compulsivedisorderpatients taking paroxetine. JAm AcadChildAdolescPsychiatry39:1096-1103,2000bRowe DC, Stever C, Gard JM, et al: The relation of the dopaminetransporter gene (DATI) to symptoms of internalizing disorders inchildren. BehavGenet 28:215-225, 1998Roy-Byrnepp,CowleyOS,Greenblatt OJ, et al: Reduced benzodiazepinesensitivity in panic disorder. Arch Gen Psychiatry 47:534-538, 1990Rubenstein CS, Peynircioglu ZF,Chambless DL, et al: Memory in sub­clinical obsessive-compulsive checkers. Behav Res Ther 31:759-765,1993Saletu ZG,Saletu B,Anderer P, et al: Nonorganic insomnia in generalizedanxiety disorder. 1. Controlled studies on sleep, awakening and daytimevigilance utilizing polysomnography and EEG mapping. Neuropsy­chobiology 36:117-129, 1997Schilder P:The organic background of obsessions and compulsions. AmJ Psychiatry 94:1397-1416, 1938Schindler KM, Richter MA, Kennedy JL, et al: Association betweenhomozygosityat the COMTgene locus and obsessive-compulsivedisorder.Am J Med Genet 96:721-724, 2000Schneider F,WeissU,KesslerC,et al: Subcortical correlates of differentialclassical conditioning of aversive emotional reactions in social phobia.Bioi Psychiatry 45:863-871, 1999Schneier F, Liebowitz MR, Abi-Dargham A, et al: Low dopamine 02binding potential in social phobia. Am J Psychiatry 157:457-459, 2000Schwartz JM, Stoessel PIN,Baxter LR, er al: Systematic changes in cere­bral glucose metabolic rate after successful behavior modification

138 Hollander & Simeon

Page 134: Transtornos de ansiedade

treatment in obsessive-compulsivedisorder.ArchGenPsychiatry53:109-113, 1996SchwartzC,Snidman N,KaganJ: Adolescentsocial anxietyas an outcomeof inhibited temperament in childhood. J Am Acad Child AdolescPsychiatry 38:1008-1015, 1999SevyS, Papadimitriou GN,Surmont DW,et al: Noradrenergic function ingeneralized anxiety disorder, major depressive disorder, and healthysubjects. Bioi Psychiatry 25(2):141-152, 1989Shin LM,KosslynSM,McNallyRJ, et al: Visual imagery and perceptionin posttraumatic stress disorder: a positron emission tomographicinvestigation. Arch Gen Psychiatry 54:233-241, 1997Skolnick P, Paul SM: Benzodiazepine receptors in the central nervoussystem. Int RevNeurobiol 23:103-140, 1982Skre I, Onstad S, Torgensen S, et al: A twin study of DSM-III-Ranxietydisorders. Acta Psychiatr Scand 88:85-92, 1993Smith MA, Davidson J, Ritchie JL, et al: The corticotropin releasinghormone test inpatients with posttraumatic stress disorder.BioiPsychiatry26:349-355, 1989Southwick SM, Krystal JH, Morgan CA,et al: Abnormal noradrenergicfunction in posttraumatic stress disorder. Arch Gen Psychiatry 50:266-274, 1993Southwick SM, Krystal JH, Bremner JD, et al: Noradrenergic andserotonergicfunction inposttraumatic stress disorder.ArchGenPsychiatry54:749-758, 1997SpivakB,VeredY, GraffE, et al: Low platelet-poor plasma concentrationsof serotonin in patients with combat-related posttraumatic Stressdisorder.BioIPsychiatry 45:840-845, 1999Stein MB,Asmundson GJ:Autonomic function in panic disorder: cardio­respiratory and plasma catecholamine responsivityto multiple challengesof the autonomic nervous system. BioiPsychiatry 36:548-558, 1994Stein MB, Leslie WD: A brain single photon emission computedtomography (SPECT)study of generalized social phobia. BioIPsychiatry39:825-828, 1996Stein MB, Asmundson GJ, Chartier M: Autonomic responsivity ingeneralized social phobia. J AffectDisord 31:211-221, 1994Stein MB,Millar Tw, Larsen DK,et al.: Irregular breathing during sleepin patients with panic disorder. Am J Psychiatry 152:1168-1173,1995aStein MB, Delaney SM, Chartier M, et al: 3H paroxetine binding toplatelets of patients with socialphobia: comparison to patients with panicdisorder and healthy volunteers. Bioi Psychiatry 37:224-228, 1995b

Transtornos de Ansiedade 139

Page 135: Transtornos de ansiedade

Stein MB, Walker JR, Anderson G, et al: Childhood physical and sexualabuse in patients with anxiety disorders and in a community sample. AmJ Psychiatry 153:275-277, 1996Stein MB, Chartier MJ, Hazen AL, et al: A direct-interview family studyof generalized social phobia. Am J Psychiatry 155:90-97, 1998aStein MB, Chartier MJ, Kozak MY, et al: Genetic linkage to the serotonintransporter protein and 5HT2A receptor genes excluded in generalizedsocial phobia. Psychiatry Res 81:283-291, 1998bStrohle A, Kellner M, Holsboer F, et al: Behavioral, neuroendocrine, andcardiovascular response to flumazenil: no evidence for an alteredbenzodiazepine receptor sensitivity in panic disorder. Bioi Psychiatry45:321-326, 1999Swedo SE: Rituals and releasers: an ethological model of obsessive­compulsive disorder; in Obsessive-Compulsive Disorder in Children andAdolescents. Edited by Rapoport JL. Washington, DC, AmericanPsychiatric Press, 1989, pp 269-288Swedo SE, Rapoport JL, Cheslow DL, et al: Increased incidence ofobsessive-compulsive symptoms in patients with Sydenham's chorea. AmJ Psychiatry 146:246-249, 1989aSwedo SE, Schapiro MB, Grady CL,et al: Cerebral glucose metabolism inchildhood-onset obsessive-compulsive disorder. Arch Gen Psychiatry46:518-523, 1989bSwedo SE, Leonard HL, Kruesi MJp, et al: Cerebrospinal fluidneurochemistry in children and adolescents with obsessive-compulsivedisorder. Arch Gen Psychiatry 49:29-36, 1992Szeszko PR, Robinson D, Alvir JM, et al: Orbital frontal and amygdalavolume reductions in obsessive-compulsive disorder. Arch Gen Psychiatry56:913-919, 1999Tancer ME, Stein MB, Uhde TW: Growth hormone response to intravenousclonidine in social phobia: comparison to patients with panic disorderand healthy volunteers. Bioi Psychiatry 34:591-595,1993Tancer ME, Mailman RB, Stein MB, er al: Neuroendocrine responsivityto monoaminergic system probes in generalized social phobia. Anxiety1:216-223, 1994Thoren P, Asberg M, Bertilsson L, et al: Clomipramine treatment ofobsessive-compulsive disorder, II: biochemical aspects. Arch GenPsychiatry 37:1289-1294, 1980Tlihonen J, Kuikka J, Rasanen P, et al: Cerebral benzodiazepine receptorbinding and distribution in generalized anxiety: a fractal analysis. MolPsychiatry 2:463-471, 1997

140 Hollander & Simeon

Page 136: Transtornos de ansiedade

Torgersen S: Genetic factors in anxiety disorders. Arch Gen Psychiatry40:1085-1089, 1983Towey J, Bruder G, Hollander E, et al: Endogenous event-relatedpotentials in obsessive-compulsive disorder. Bioi Psychiatry 28:92-98,1990True WR, Rice J, Eisen SA, et al: A twin study of genetic and environ­mental contributions to liability for posttraumatic stress symptoms. ArchGen Psychiatry 50:257-264, 1993Tweed JL, Schoenbach VJ, George LK, et al: The effects of childhoodparental death and divorce on six-month history of anxiety disorders. BrJ Psychiatry 154:823-828, 1989Uhde rw. Tancer ME, Gelernter CS, et al: Normal urinary free cortisoland postdexamethasone cortisol in social phobia: comparison to normalvolunteers. J AffectDisord 30:155-161, 1994van Den Hout M, Tenney N, Huygens K, et al: Preconscious processingbias in specificphobia. Behav ResTher 35:29-34, 1997van der KolkBA,Saporta J: The biological response to psychic trauma:mechanisms and treatment of intrusion and numbing. AnxietyResearch4:199-212, 1991van der KolkBA,van der Hart 0: Pierre Janet and the breakdown ofadaptation in psychological trauma. Am J Psychiatry 146:1530-1540,1989van der KolkBA,BoydH, KrystalJ, et al: Post-traumatic stress disorderas a biologically based disorder: implications of the animal model ofinescapable shock, in Post-TraumaticStress Disorder: PsychologicalandBiologicalSequelae.Editedbyvan der KolkBA.Washington,DC,AmericanPsychiatricPress, 1984, pp 123-134Van Der Linden G, van-Heerden B, Warwick J, et al: Functional brainimaging and pharmacotherapy in social phobia: single photon emissioncomputed tomography before and after treatment with the selectiveserotonin reuptake inhibitor citalopram.ProgNeuropsychopharmacolBioIPsychiatry 24:419-438, 2000VerburgC, Griez C, Meijer J: A 35% carbon dioxide challenge in simplephobias. Acta Psychiatr Scand 90:420-423, 1994WangZ,ValdesJ, NoyesR, et al: Possibleassociation of a cholecystokininpromoter polymorphism (CCK-36CT)with panic disorder. Am J MedGenet 81:228-234, 1998WilkinsonDJ, Thompson JM, Lambert Gw, et al: Sympathetic activity inpatients with panic disorder at rest, under laboratory mental stress, andduring panic attacks. Arch Gen Psychiatry55:511-520, 1998

Transtornos de Ansiedade 141

Page 137: Transtornos de ansiedade

WiseSF,Rapoport JL: Obsessive-compulsivedisorder: is it a basal gangliadysfunction? in Obsessive-Compulsive Disorder in Children andAdolescents. Edited by Rapoport JL. Washington, DC, AmericanPsychiatricPress, 1989, pp 327-344Wu JC, Buchsbaum MS, Hershey TG, et al: PETin generalized anxietydisorder. Bioi Psychiatry 29:1181-1199, 1991Yehuda R, Southwick SM, Krystal JH, et al: Enhanced suppression ofcortisol followingdexamethasone administration in posttraumatic stressdisorder. Am J Psychiatry 150:83-86, 1993YehudaR, Boisoneau 0, Lowy MT,et al: Dose-response changes in plas­ma cortisol and lymphocyte glucocorticoid receptors followingdexamethasone administration in combat veterans with and withoutposttraumatic stress disorder. Arch Gen Psychiatty 52:583-593, 1995ZoharJ, MuellerEA, InselTR, et al: Serotonergicresponsivityinobsessive­compulsive disorder: comparison of patients and healthy controls. ArchGen Psychiatry 44:946-951, 1987Zohar J, Insel TR,Zohar-KadouchRC, et al: Serotonergic responsivity inobsessive-compulsivedisorder: effectsof chronicclomipramine treatment.Arch Gen Psychiatry 45:167-172, 1988

142 Hollander& Simeon

Page 138: Transtornos de ansiedade

Em seu conceito inicial da formacao da ansiedade, Freud(1895a[1894]/1962) postulou que a ansiedade se originaria datransformacao fisio16gica direta da energia libidinal nos sinto­mas sornaticos da ansiedade, sem a mediacao dos mecanismospsfquicos. Ele encontrou evidencia para esse processo nas prati­cas e experiencias sexuais de pacientes com ansiedade, que eramcaracterizadas por excitacao sexual perturbada, continencia e coitoinrerrornpido. Freud denominou esse tipo de ansiedade neuroseatual, em oposicao a psiconeurose, devido a postulada ausenciade processos psiquicos. Tal ansiedade, originada de impulsos ins-

Teorias psicodinAmicas

• TRANSTORNO DE PANICO E TRANSTORNODE ANSIEDADE GENERALIZADA

Apesar do florescimento recente da psiquiatria bioI6gica ede nossa sempre crescente apreciacao das bases bio16gicas dostranstornos de ansiedade, as perspectivas cognitivas, comporta­mentais e psicodinamicas permanecem valiosas no trabalho compacientes com esses transtornos. Elas nos ajudam a pensar sobrea apresentacao singular de cada individuo, inclusive conflitos,vieses cognitivos, reforcos comportamentais, adversidades passa­das e estressores atuais que podem estar contribuindo para 0 ini­cio ou a exacerbacao dos sintomas. As estruturas psicologicas saotambern valiosas para informar e orientar nossas abordagenspsicodinamicas e cognitivo-comportamentais no tratamento daansiedade, muitas das quais extremamente eficientes.

TEORIAS PSICOLOGICAS

Page 139: Transtornos de ansiedade

tintivos opressivos, seria chamada atualmente de id ou de ansie­dade do impulso. Nos anos seguintes, Freud cornecou a modificarsua teoria. Embora 0 principio basico de que a ansiedade se origi­naria de energia sexual nao descarregada permanecesse 0 mes­mo, este nao era mais postulado como devido a repressoes inter­nas, como as disfuncoes sexuais. Segundo a teoria topografica damente, de Freud, na epoca em desenvolvimento, a ansiedade re­sultaria de impulsos sexuais proibidos no inconsciente e reprimi­dos pelo pre-consciente,

Em 1926, com 0 advento da teoria estrutural da mente, ateoria da ansiedade de Freud sofreu uma importante transforma­c;ao(Freud, 1926/1959). A ansiedade seria agora urn afeto per­tencente ao ego e atuaria como urn "sinal", alertando 0 ego parao perigo intemo. 0 perigo se originaria do conflito intrapsfquicoentre impulsos instintivos do id, proibicoes do superego e as exi­gendas da realidade extema. A ansiedade atuaria como urn sinaldado ao ego para a mobiliz acao da repressao e para acontraposicao de outras defesas a ameaca do equilfbriointrapsiquico. As inibicoes e os sintomas neur6ticos se desenvol­veriam como medidas destinadas a evitar a situacao perigosa epermitir urna gratificacao apenas parcial dos desejos instintivos,precavendo-se, assim, da ansiedade. Na teoria revisada, entao, aansiedade conduziria a repressao, e nao 0 inverso.

No inicio do seu trabalho, Freud (1895b[1894]11962) tam­bern observou, na analise das fobias, que a ansiedade desempe­nhava urn papel proeminente. Ele declarou que, no caso daagorafobia, frequenternente encontramos a recordacao de urnataque de ansiedade, e 0 que 0 paciente realmente teme e aocorrencia de urn ataque desse tipo sob condicoes especiais dasquais ele acredita nao conseguir escapar. Essa e uma descricaosucinta, de mais de urn seculo arras, do desenvolvimento da an­siedade antecipat6ria e da agorafobia ap6s urn ataque de pani­co. Nessa epoca, Freud nao considerava as fobias psicologica­mente mediadas. Ao contrario, ele as entendia, assim como aneurose da ansiedade, como manifestacoes de urn estado de ten­sao fisiologicamente induzido. A energia libidinal nao des­carregada seria psicologicamente transformada em ansiedade,que se tornaria ligada a objetos e seria parcialrnente descarregadapor eles, que, por sua natureza ou na experiencia previa do pa­ciente, seriam perigosos.

144 Hollander & Simeon

Page 140: Transtornos de ansiedade

o modelo do conflito intrapsiquico da ansiedade continua aconstituir urn prindpio importante da teoria psicanalitica. Te6ri­cos psicanaliticos posteriores a Freud, como Melanie Klein (1948)e Joachim Flescher (1955), tambem deram importantes contri­buicoes para 0 entendimento das origens psicodinamicas da an­siedade. Enquanto Freud se concentrou no papel dos impulsossexuais e do conflito edipico na genese da ansiedade, esses teo­ricos chamaram a atencao para 0 papel que os impulsos agressi­vos e a dinamica pre-edipica podem tambern desempenhar nageracao de ansiedade. Depois de Freud, a literatura psicodinamica,ate certo ponto, desviou-se de formulacoes que enfatizam funda­mentalmente os desejos libidinais e os medos da castracao paraoutras maneiras de entender fobias como a agorafobia (Michelset al., 1985). Por exemplo, a importancia de uma companhiaconfiavel e segura para uma pessoa corn agorafobia poderia serentendida como uma expressao simultanea de impulsos agressi­vos para com a pessoa que esta lhe servindo de companhia e deurn desejo magico de proteger essa pessoa desses impulsos sem­pre estando junto dela. Alternativamente, 0 medo excessive daperda do objeto e sua concomitante ansiedade de separacao po­deriam explicar tanto 0 medo de sair de casa sozinho quanta 0alfvio desse medo quando uma companhia esta presente.

Embora as teorias psicanalfticas do panico nao sejam uni­versalmente aceitas hoje, elas permanecem como uma ferrarnentavaliosa no entendimento e no tratamento de pelo menos algunspacientes. Alemdisso, poderia ser apontado que a teoria freudianada formacao da ansiedade nao e incompativel com as teorias bio­logicas da ansiedade. Embora 0 primeiro modele de ansiedadede Freud tenha side mais tarde ofuscado pelo modele de conflito,as teorias biologicas modernas do panico sao, de muitas manei­ras, mais reminiscentes da sua formulacao fisiologica original.Alern disso, em varias ocasi6es Freud sustentou que as predispo­sicoes biologicas para sintomas psiquiatricos sao, sem dtrvida,operantes na maioria das condicoes e que os fatores constitucio­nais poderiam desempenhar urn papel importante na forma espe­cffica que os sintomas neur6ticos assumem em diferentes pacien­tes, Mas a teoria psicanalitica nao nos ajuda a entender melboros determinantes das varias formas espedficas em que a ansieda­de se manifesta. Alguns pacientes tern ataques de panico: outros,formas mais cronicas de ansiedade; e outros ainda tern fobias,

Transtornos de Ansiedade 145

Page 141: Transtornos de ansiedade

obsessoes ou compulsoes. 0 pr6prio Freud tentou lidar com esseproblema de escolha da neurose e parcialmente 0 explicou tendocomo base os fatores constitucionais - urn conceito essencialrnentesimilar as ideias biol6gicas modemas.

Em urna tentativa de conciliar a imprevisibilidade na esco­Iha dos sintomas com a teoria psicodinamica classica, os te6ricospostularam que os pacientes com conflito inconsciente e uma pre­disposicao neural para 0 panico podem talvez manifestar sua an­siedade na forma de ataques de panico, enquanto os individuossem essa predisposicao neural possivelmente manifestam formasrnais brandas de ansiedade (Nerniah, 1981). Paralelamente a es­sas linhas de pensamento mais contemporaneas, os resultados deurn estudo psicodinamico de pacientes com transtorno de panicosugeriram que, em pacientes que sao neurofisiologicamente pre­dispostos ao medo desde tenra idade, a exposicao a comporra­mentos patemos que aurnentam esse medo pode resultar em per­turbacoes das relacoes objetais, persistencia de conflitos envol­vendo dependencia e medos catastroficos de desamparo, que po­dem ser todos acessfveis no tratamento psicodinamico (Shear etai., 1993).

Com a ampliacao da teoria psicodinamica ao longo das de­cadas e a pesquisa crescente sobre 0 desenvolvimento do bebe eda crianca, a teoria do vinculo e a potencial irnportancia das per­turbacoes de vinculo na genese da psicopatologia tornaram-seuma area de grande interesse. No infcio da decada de 1960, D.F.Kleindesenvolveu urna teoria etiol6gica de que a agorafobia comataques de panico pode representar uma funcao anormal dosubstrato biol6gico que constitui a base da ligacao hurnana nor­mal e as ameacas a ela - ou seja, a ansiedade de separacao. Par­tindo do trabalho realizado por Bowlby (1973) sobre vinculo e aseparacao, Klein (1981) avancou a nocao de que 0 vinculo de urnbebe com sua mae nao e simplesmente urna reacao aprendida,mas uma reacao geneticamente programada e biologicamente de­terminada. Na realidade, 20 a 50% dos adultos com transtomode panico e agorafobia recordam-se de manifestar sintomas deansiedade de separacao patol6gica - frequentemente assumindoa forma de fobia escolar - quando eram criancas. Alern disso, 0ataque de panico inicial na hist6ria de urn paciente que acabadesenvolvendo transtomo de panico as vezes e precedido pelaperda real ou ameacada de urn relacionamento importante. Urn

146 Hollander & Simeon

Page 142: Transtornos de ansiedade

estudo sistematico mostrou que 0 mirnero e a gravidade de even­tos recentes da vida, especialmente eventos relacionados a per­da, foram maiores nos pacientes que iniciavam com transtomode panico do que nos individuos-controle (Faravelli e Palianti,1989). Urn estudo psicodinamico mostrou que a ansiedade deseparacao e urn tema muito mais prevalente nos sonhos e nasmem6rias screen de pacientes com panico do que em individuos­controle saudaveis, como foi estabelecido por avaliadores cegos(Free et al., 1993).

Os bebes animais demonstram sua ansiedade de protestoquando separados de suas maes por uma serie de gritos agudos,chamados de vocalizadies angustiadas. Descobriu-se que airnipramina e eficaz no bloqueio de vocalizacoes angustiadas emdies (Scott, 1975) e em macacos (Suomi et al., 1978). Airniprarnina e urna droga antipanico extremamente eficaz em adul­tos humanos. Formulando a hip6tese de urn vinculo entre os ata­ques de panico em adultos e a ansiedade de separacao na infan­cia, Gittelman-Klein e Klein (1971) conduziram urn estudo dotratamento com irnipramina para criancas com fobia escolar. Nes­sas criancas, 0 medo da separacao de suas maes geralmente era 0que estava por tras da recusa em ir para a escola. A droga mos­trou-se bem-sucedida em conseguir que as criancas voltassem aescola. Em urn achado relacionado, Weissman e colaboradores(1984) encontraram urn risco tres vezes maior de ansiedade deseparacao em criancas que tinham pais com transtomo de panicodo que em criancas cujos pais nao tinham este transtomo.

Assim, as evidencias sugerem que a mesma droga que dimi­nui a ansiedade do protesto em mamiferos mais evoluidos tam­bern reduz a ansiedade de separacao em criancas e bloqueia osataques de panico em adultos. Essa evidencia proporcionou maisuma confirmacao do vinculo entre a ansiedade de separacao e osataques de panico. A ansiedade da separacao precoce esta ligadaa agorafobia ou tambern a ataques de panico? Se a irnipraminaafeta os ataques de panico, e a ansiedade da separacao esta vincu­lada 11agorafobia, entao por que a irnipramina e eficaz no trata­mento de fobia escolar? Por outro lado, as criancas com fobiaescolar nao tern ataques de panico espontaneos, mas essa distincaopoderia estar relacionada a sua pouca idade. Talvez tanto 0 trans­tome de panico quanto 0 transtorno de panico com agorafobiaestejam vinculados a urn mecanismo de separacao biologicamen-

Transtornos de Ansiedade 147

Page 143: Transtornos de ansiedade

Os te6ricos comportamentais sustentam que a ansiedade econdicionada pelo medo de alguns estimulos ambientais. Se cadavez que urn animal de laborat6rio pressiona uma barra ele recebeurn choque eletrico desagradavel, a aplicacao de pressao na ala­vanca torna-se urn estimulo condicionado, que precede 0 estimulontio-condicionado (isto e, 0 choque). 0 estfrnulo condicionado li­bera uma readio condicionada no animal (ansiedade), que 0 con­duz a evitar 0 contato com a alavanca e, desse modo, 0 choque. Aesquiva bem-sucedida do estfrnulo nao-condicionado, 0 choque,reforca 0 comportamento esquivo. Este conduz a uma reducao nonfvel de ansiedade. Por analogia com esse modelo animal, pode-

Teorias comportamentais

te defeituoso que responde bern a imipramina. E possfvel que ashist6rias retrospectivas de urn grau menor de ansiedade de sepa­ra~ao em pacientes apenas com ataques de panico nao estejamsendo devidamente registradas.

Em resposta a isso, psicanalistas contemporaneos tern de­clarado que este modelo neurofisiol6gico e etol6gico de urn me­canismo de separacao defeituoso e de transtorno de panico podeser desnecessariamente reducionista (Michels et a1., 1985). Elesapontam para uma inconsistencia entre a conceituacao dos ata­ques de panico como espontaneos e as hist6rias freqiientementerelatadas de ansiedade de separacao na infancia em pacientescom ataques de panico, e afirmam que as dificuldades psicol6-gicas com a separacao podem tarnbem desempenhar um papelimportante na subseqiiente vulnerabilidade ao ataque de pani­co. Por outro lado, os psicanalistas contemporaneos tambemderam mais credito ao papel dos substratos biol6gicos na gene­se dos sintomas da ansiedade em pelo menos alguns pacientesque desenvolveram sua estrutura de personalidade ansiosa se­cundaria a urna desregulacao biol6gica em grande parte semsignificado, de forma que, embora os desencadeantes psicol6gi­cos da ansiedade ainda possam ser encontrados, 0 limiar daansiedade e tao baixo nesses pacientes que ja nao e mais provei­toso encarar 0 evento psicol6gico como etiologicamente impor­tante (Cooper, 1985).

148 Hollander & Simeon

Page 144: Transtornos de ansiedade

mos dizer que os ataques de ansiedade sao reacoes condicionadasa situacoes temidas. Por exernplo, urn bebe aprende que, se suamae nao esta presente (isto e, 0 estfrnulo condicionado), ele vaiexperimentar fome (isto e, 0 estimulo nao-condicionado), e apren­de a se tomar automaticamente ansioso sempre que sua mae estaausente (isto e, a reacao condicionada). A ansiedade pode persis­tir mesmo depois de a crianca estar suficientemente crescida parase alimentar sozinha. Para dar outro exemplo, uma situacao ame­acadora na vida de uma pessoa (por exemplo, derrapar em urncarro durante uma tempestade de neve) e associada a experien­cia de uma aceleracao dos batimentos cardfacos (isto e, 0 estfmu-10 condicionado) e a uma enorme ansiedade. Muito tempo de­pois do acidente, uma aceleracao dos batimentos cardiacos, sejadurante urn exercfcio vigoroso ou urn problema emocional poucoimportante, torna-se capaz, por sf so, de provocar a reacao condi­cionada de urn ataque de ansiedade.

Essa teoria apresenta alguns problemas. Em primeiro lugar,embora algumas situacoes traumaticas - urn episodic sintomati­co em doenca da tirecide, intoxicacao por cocafna ou urn eventoameacador a vida, como urn incidente de sufocacao - parecamestar associadas ao infcio de urn transtomo de panico, para mui­tos pacientes nenhurn evento traurnatico desse tipo pode ser se­quer identificado. Uma observacao interessante: foram encontra­dos incidentes traumaticos de sufocacao em cerca de 20% dospacientes com transtomo de panico, multo mais do que nos indi­viduos de cornparacao psiquiatrica (Bouwer e Stein, 1997). Aexperiencia clinica tambem nao corrobora a ideia de que os pa­dentes com transtomo de ansiedade sofrem eventos traumaticosrepetidos e, por isso, devem ser capazes de por fim a sua ansieda­de. Assim, ainda que as teorias da aprendizagem tenham urnabase poderosa na pesquisa animal experimental, elas nao pare­cern explicar adequadamente, por si sos, a patogenese dos trans­tomos de ansiedade hurnanos. No entanto, associadas a urn me­canismo biologicodesregulado ou a uma vulnerabilidade possivel­mente ligada ao processo de condicionamento do medo no trans­tomo de panico - como 0 funcionamento alterado da arnfgdala edos circuitos do medo relacionados (ver 0 Capitulo 4, "IeoriasBiologicas") -, as reacoes de ansiedade aumentadas podem con­cebivelmente persistir com 0 passar do tempo.

Transtornos de Ansiedade 149

Page 145: Transtornos de ansiedade

Ha evidencia de especificidade no conteudo cognitive dosvaries transtornos de ansiedade. Por exemplo, os pacientes comtranstomo de panico tern mais cognicoes relacionadas a catastro­fes fisicas (Breitholtz et al., 1999), enquanto os pacientes comtranstomo de ansiedade generalizada (TAG)demonstram maiscognicoes nas categorias de confrontacao interpessoal, compe­tencia, aceitacao, interesse pelos outros e preocupacao com ques­toes de menor importancia. Tipos especfficos de vieses no proces­samento da informacao tambem parecem facilitar as cognicoescaracteristicas do transtorno de panico e do TAG.Comparadascom individuos-controle, as pessoas que sofrem de transtorno depanico demonstram urn vies da aten<;:aopara as palavras ameaca­doras, em vez de para as palavras positivas (McNallyet a1., 1997).Alern disso, urn vies para as palavras de ameaca ffsica em proces­sos de memoria explicita, mas nao implicita, foi demonstrado empessoas com transtomo de panico parentes de individuos semtranstorno psiquiatrico (Lundh et al., 1997). Similarmente, noTAG,foram descritos: urn vies para as informacoes relacionadas aarneaca nos processos de memoria implfcita (MacLeod eMcLaughlin, 1995); vieses de atencao seletiva para informacoesameacadoras (Mogg et al., 1999; Mogg et al., 2000); e dificulda­de com a tomada de decisao diante de ambigiiidade (MacLeodeCohen, 1993).

As distorcoes cognitivas caracterfsticas do transtorno depanico envolvem dois componentes importantes. Urn deles e ainterpretacao de sensacoes fisicas desconfortaveis associadas aosataques de panico como perigosas ou catastroficas - por exem­plo, de que a pessoa esta prestes a desmaiar, morrer ou ter urnataque cardiaco. 0 outro componente sao pensamentos irracio­nais de catastrofe em relacao as consequencias situacionais deter ataques de panico - por exemplo, as crencas de que a pessoasera ridicularizada, humilhada ou de que corre 0 risco de perderurn emprego ou urn relacionamento.

Em relacao a etiologia do 1l\G, a teoria cognitiva especulaurn relacionamento com esquemas cognitivos anteriores (Tabela5.1), oriundo de experiencias negativas do mundo como urn lu-

Teorlas cognltlvas

150 Hollander & Simeon

Page 146: Transtornos de ansiedade

gar perigoso (Barlow, 1988) ou de ligacoes inseguras ou ansiosascom cuidadores importantes (Cassidy,1995). Processos cognitivosdistintos subjacentes as origens versus a manutencao do TAGfo­ram eloquentemente surnarizados em urn trabalho recente (Aikinse Craske, 2001). Quanto as origens do TAG, tern sido propostoque relacionamentos de vinculos inseguros, ambivalencia em re­lacao aos cuidadores, superprotecao dos pais e falta de entusias­mo emocional podem todos contribuir para 0 desenvolvimentoposterior do transtomo. Mecanismos adicionais colaboram paraperpetuar 0 TAG.Em primeiro lugar, a preocupacao e usada comouma estrategia para evitar sentimentos negativos intensos. Emsegundo, a preocupacao com ameaca improvavel e futura afastaa necessidade de lidar com ameacas mais proximas e realistas elimita a competencia de encontrar solucoes para conflitos maisimediatos. Finalmente, os individuos com TAGse envolvem emurn certo grau de pensamento magico e acreditam que a sua pre­ocupacao ajuda a evitar urn resultado temido, conduzindo, as­sim, a urn reforco negativo do processo da preocupacao (AikinseCraske, 2001). Ha tambem evidencia de que 0 processo dametapreocupacao (isto e, preocupar-se com a preocupacao) con­tribui para 0 alto grau de preocupacao patol6gica no TAG(Wellse Carter, 1999).

"Cassidy,1995. bBarlow,1988. <Aikins e Craske, 2001.

Hist6ria de vinculos inseguros e ambivatencia com relacao as figuraspaterna'rnaterna-

Hist6ria de superprotecao dos pais e falta de entusiasmo emocionalVisao do mundo como um lugar periqoso>Medo de controntacoes interpessoaisDuvidas com rela~ao a propria competencia e a aceitabuidade-Uso da preocupacao para evitar afetos negativos intensossPreocupacao com arneacas futuras improvaveis, como um desvio demedos realistas mais proximoss

Pensamento magico de Quese preocupar com um mau resultado dealguma forma vai evitar Queele ocorras

TABELA 5.1 Esquemas cognitivos caracterfsticos do transtorno deansiedade generalizada

Transtornos de Ansiedade 151

Page 147: Transtornos de ansiedade

Foram propostos varies mecanismos comportamentais quepodem contribuir para a patogenese da fobia social (Tabela 5.2).Estes incluem a exposicao direta a eventos traurnaticos social­mente relacionados; aprendizagem vicaria pela observacao deoutras pessoas envolvidas nessas situacoes traumaticas; e trans­ferencia de informacoes - ou seja, 0 que a pessoa escuta em va­rios contextos com referenda as interacoes sociais (Ost, 1987;Sternberger et aI., 1995). Ha urn notavel componente familiar nafobia social, 0 qual e considerado em parte herdado e em parte

Teorias comportamentais

Na formulacao psicodinamica classics das fobias, elas saoencaradas como formacoes concessivas usadas para lidar comdesejos sexuais ou agressivos proibidos e provocadores de ansie­dade, freqiientemente de natureza edipica, conduzindo a mobi­lizacao de tres graus defensivos: projecao, deslocamento e esqui­va - e, assim, ao desenvolvimento de urna fobia. Nessa estrutura,entao, uma maneira de conceituar a ansiedade do desempenho eurn medo de publico compensando urn desejo subjacente de sesobressair, ter sucesso e ser admirado, com todos os seus riscosimaginados associados.

Partindo de uma teoria das relacoes objetais e de uma pers­pectiva mais pre-edfpica, a fobia social pode ser entendida comouma consequenciade relacoes objetaisprecocemente intemalizadas,caracterizadas por prejudicar socialmente outras pessoas impor­tantes que sao criticas, rudes, e que submetem 0 individuo f6bicoao ridicule e a humilhacoes. Essas introjecoes desagradaveis dainfancia sao entao projetadas nos anos posteriores para outras pes­soas da vida do individuo, 0 que resulta em ansiedade social(Gabbard, 1992). Altemativamente, as criancas com pais social­mente temerosos ou ineptos podem, desde tenra idade, intemalizaridenrificacoespoderosas e formadoras do ego com essas figuras, 0que conduz a problemas posteriores de ansiedade social.

Teorias psicodinAmicas

• FOBIA SOCIAL

152 Hollander & Simeon

Page 148: Transtornos de ansiedade

Vanas distorcoes cognitivas podem ser identificadas empessoas com uma fobia social estabelecida, todas concentradasem diversas manifestacoes de uma representacao negativa cen­tral do self social da pessoa (Tabela 5.2). Ha evidencia de que aspessoas com fobia social nao se habituam tao facilmente as in­formacoes sociais negativas quanto os individuos-controle nao­ansiosos (Amir et al., 2001). Elas tarnbem exibem urn vies damem6ria para informacoes socialmente ameacadoras (Amir etal., 2000); maior flexibilidade na interpretacao dos sintomas deansiedade exibidos por outras pessoas, mas uma interpretacaomais exigente dos pr6prios sintomas (Amir et al., 1998a; Rothet al., 2001); inrerpretacoes negativas de eventos sociais ambl­guos e interpretacoes catastr6ficas de eventos sociais modera­damente negativos (Stopa e Clark, 2000); e uma expectativanegativa de que 0 sucesso social vai resultar em maiores exigen­cias sociais futuras (Wallace e Alden, 1997). Observou-se queas criancas com fobia social, comparadas com seus pares nao­ansiosos, tern deficits de habilidades sociais, conversas consigomesmas mais negativas, desempenho social menos competentecom seus pares e resultados menos positivos no contato com ospares (Spence et al., 1999). Em urn paradigma de processamen­to de mformacoes, observou-se que as criancas com fobia socialexibem maior vigilancia e esquiva de inforrnacoes arneacadorasdo que os indivfduos-controle (Amir et al., 1998b).

Teorias cognitivas

adquirido. Os pais, sejam eles socialmente ansiosos ou nao, po­dem criar criancas socialmente ansiosas por meio de varies me­canismos, tais como nao proporcionar exposicao a situacoes so­ciais e ao desenvolvimento de habilidades socials, superprotecao,controle e comportamento cntico, exemplo de comportamentossocialmente ansiosos e transmissao de informacoes de medo so­bre situacoes sociais (Hudson e Rapee, 2000). Por exemplo, emurn paradigma experimental mostrou-se que situacoes socialmenteambfguas sao interpretadas favoravelmente por criancas sem paissocialmente f6bicos, mas de maneira esquiva quando 0 que a fa­milia transmite e negativo (Dadds et al., 1996).

Transtornos de Ansiedade 153

Page 149: Transtornos de ansiedade

Como declarado anteriormente, na formulacao psicodinfunicaclassica das fobias, elas sao vistas como sucedaneos resultantes daprojecao, do deslocamento e da esquiva de desejos sexuais ou agres­sivos proibidos e provocadores de ansiedade. No caso bastante co­nhecido do pequeno Hans, relatado por Freud, esses processos fo­ram pela primeira vez eloqiientemente elaborados (Freud, 1909/1955). 0 pequeno Hans era urn menino de 5 anos de idade que

Teorias pslcedinamlcas

• FOBIAS ESPECIFICAS

"Dados de Hudson e Rapee, 2000; OSt, 1987; Sternberger et al., 1995.bDadosde Arnir et al., 1998a; Roth et aI., 2001; Stopa e Clark, 2000; Wallacee Alden, 1997.

Cognltivosb Represental):ao negativa central do self social dapessoa

Maior flexibilidade cognitiva na lnterprstacao desintomas de ansiedade exibidos por outraspessoas, mas maior exigencia com relal):aoaseus proprios sintomas de ansiedade

lnterpretacces negativas de eventos sociaismoderadamente negativos

lnterpretacao catastrofica de eventos socialslevemente negativos

Expectativa negativa de que 0 sucesso social vairesultar em maio res eXigencias sociais futuras

Comportamentals· Exposil):aodireta a eventos traurnaticossocialmente relacionados

Aprendizagem vicana por meio da observacao e doexemplo de outras pessoas com comportamentossociaImente ansiosos

Transferencia de lnformacoes, lnformacoesnegativas de varies contextos com reterencia asinteral):oes sociais

Falta de exposicao adequada a sltnacoes socialse de desenvolvimento de habilidades sociais

Superprotel):1iodos paisControle e comportamento crftico dos pais

TABELA 5.2 Mecanismos comportamentais e cognitivos na lobia social

154 Hollander & Simeon

Page 150: Transtornos de ansiedade

Na teoria da aprendizagem, a fobia especifica e ensinadacomo uma reacao condicionada adquirida pela associacao do ob­jeto f6bico Cisto e, 0 estimulo condicionado) a urna experienciadesagradavel (0 estimulo nao-condicionado). (Neste capitulo, naprimeira secao, "Transtorno de Panico e Transtomo de AnsiedadeGeneralizada", ver a subsecao "Teorias Comportamentais".) Ini­cialmente, a experiencia desagradavel (por exemplo, urn choqueeletrico) produz uma reacao nao-condictonada de dor, descon­forto e medo. Se urna pessoa recebe freqiientemente urn choqueeletrico quando entra em contato com 0 objeto f6bico, por condi­cionamento imediato 0 simples aparecimento do objeto f6bicopode despertar urna reacao de ansiedade (isto e, a reacao condi­cionada). Evitar 0 objeto f6bico previne ou reduz essa ansiedadecondicionada e isso e perpetuado pela reducao do irnpulso. Estemodelo classico da teoria da aprendizagem das fobias recebeumuito reforco do sucesso relativo das tecnicas comportamentais(isto e, descondicionamento) no tratamento de muitos pacientescom fobias especificas. No entanto, 0 modelo tambem foi critica­do por nao ser consistente com varies aspectos empiricamenteobservados de comportamento f6bico em humanos.

Os modelos relacionados a etiologia das fobias especificasforarn recentemente elaborados e criticados por Fyer (1998). IDa

Teorias comportamentais

desenvolveu uma fobia de cavalos. Por meio de uma analise dasconversas do menino com seus pais, Freud formulou a hipotese deque, como urn sucedaneo da ansiedade despertada por seus senti­mentos sexuais em relacao a sua mae e pelo medo da culpa de retri­buicao e castracao em relacao a seu pai, 0 pequeno Hans projetou edeslocou sua ansiedade para urn terceiro objeto "seguro", os cava­los. Assim,ele podia evitar a ambivalencia inerente a seu conflitooriginal, pois ao mesmo tempo odiava e amava seu pai, e podia re­gular sua ansiedade evitando cavalos,mas a custa de ficarconfinadoem casa. A exploracao individual de possiveis componentespsicodinamicos na fobia especifica permanece proveitosa, emboraprovavelmente seja justo direr que os modelos cognitivo-cornporta­mentais agora se tomararn mais prevalentes no entendimento dessaforma de psicopatologia.

Transtornos de Ansiedade 155

Page 151: Transtornos de ansiedade

Antes de 1980 e do advento do DSM-III(American Psychia­tric Association, 1980),0 transtomo obsessivo-compulsivo (TOC)era classificado como neurose obsessivo-compulsiva, urn estadoneur6tico psicodinamicamente conceituado; hoje, tal conceito eprovavelmente mais uti! no entendirnento da dinarnica do trans-

Teorias pslcodlnamlcas

• TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO

descreve que, para explicar satisfatoriamente a fobia especifica,seria necessario urn modele condicionante modificado, de quatroetapas. Primeiro, muitos pacientes com fobia especifica nao selembram de urn evento aversivo inicial, sugerindo que, se urnevento desse tipo ocorreu, ele deve ter sido codificado pela me­m6ria emocional baseada na amigdala, mas nao pela mem6riaepis6dica baseada no hipocampo, ou pelo fato de ter ocorridoantes dos tres anos de idade, ou por ter sido codificado sob condi­~oes de extremo estresse. Segundo, foi comprovado que urn nu­mero muito pequeno de objetos e responsavel pela maior partedas fobias hurnanas, sugerindo que pode haver uma preparacaobiol6gica evolutivamente desencadeada para os estfrnulos espe­cificos que seriam facilmente condicionados, mas diffceis de ex­tinguir, Terceiro, somente urna minoria de pessoas expostas a urnestirnulo especifico desenvolvem urna reacao f6bica - 0 que suge­re que fatores adicionais, como vulnerabilidades geneticas ou ex­periencias ante riores, desempenham urn papel nesse sentido.Quarto, a maioria das fobias especificas e resistente a exrincao naausencia de intervencoes especificas, apesar da crenca e da evi­dencia de que nao ha nada a temer.

Outro modelo de fobias especificas e 0modelo da aprendiza­gem niio-ossociativa (Fyers, 1998), que e, ern certo sentido, 0 in­verso do modelo condicionado acima referido. Ele propoe quecada especie tern certos medos inatos que sao parte do desenvol­vimento normal, e que 0 que ocorre de essencialmente errado nafobia especifica e urn fracasso ern se habituar, com 0 tempo, aesses medos desenvolvimentais intrfnsecos, Este nao-habito podese dever a varies processos, como eventos estressantes da vida,vulnerabilidades constitucionais ou ambientes inseguros .

156 Hollander & Simeon

Page 152: Transtornos de ansiedade

Alguns tipos de cognicoes e de processos cognitivos sao al­tamente caracterfsticos do Toe e supostamente contribuem, senao para a genese, pelo menos para a manutencao do transtorno.

Teorias cognitivas

Um modelo comportamental importante para a aquisicao emanutencao de sintomas obsessivo-compulsivos deriva da teoriada aprendizagem de dois estagios de Mowrer (1939). No estagio1, a ansiedade e classicamente condicionada a urn evento am­biental especffico (isto e, 0 condicionamento classico). A pessoa,entao, se envolve em rituais compulsivos (fuga ou esquiva de re­acoes) para diminuir a ansiedade. Se ela tiver sucesso na reducaoda ansiedade, ha maior probabilidade de 0 comportamento com­pulsivo ocorrer no futuro (estagio 2,0 condicionamento operante).o condicionamento de ordem mais elevada ocorre quando outrosestimulos neutros, como palavras, imagens ou pensamentos, es­tao relacionados ao estimulo inicial e a ansiedade associada edifusa. 0 comportamento ritualizado preserva a reacao do medo,porque a pessoa evita despertar 0 estimulo e, assim, evita aextincao, Do mesmo modo, a reducao da ansiedade apos 0 ritualpreserva 0 componamento compulsivo.

Teorias comportamentais

tomo da personalidade obsessivo-compulsiva. A neurose obsessi­va era considerada 0 resultado de uma regressao dos conflitosedipicos ao estagio psicossexual anal inicial, possivelmente facili­tado por fixacoes anais preexistentes. As defesas tipicas associa­das a obsessao incluem isolamento do afeto, intelectualizacao,formacao reativa e fazer-desfazer, Aduvida e a indecisao obsessi­vas, que, na pior das hipoteses, podem ser extremamente demo­radas ou ate paralisantes, podem ser entendidas em funcao daambivalencia aurnentada e da dificuldade de integrar 0 bern como mal que resultam da regressao anal. Em alguns casos, tambemse acreditava que urna aparencia obsessiva ajudava a protegerpelo menos alguns pacientes mais primitivos que tinham urnaessencia de descompensacao psic6tica mais seria.

Transtornos de Ansiedade 157

Page 153: Transtornos de ansiedade

A teoria psicodinamica tradicional, que data da rejei~o deFreud do modelo da seducao em favor de fantasias e conflitosintrapsiquicos, e amplamente encarada como tendo tido um im­pacto muito destrutivo no estudo do trauma ate os iiltimos 20anos, quando varies pesquisadores e clinicos perspicazes, comoMardi Horowitz (1976) e Judith Herman (1997), comecaram aelaborar a psicodinamica do trauma. 0 transtorno de estresse pos­traurnatico (TEPT) nao pode se harmonizar com esquemaspreexistentes do self da pessoa e com seu relacionamento com 0mundo. Por isso, pode resultar em uma desregulacao afetiva dis­seminada, em problema para tolerar impulsos e conflitos queanteriormente eram mais bern contidos e na ativacao de relacoes

Teorias psicodinAmicas

• TRANSTORNO DE ESTRESSE =os-TRAUMATICO

Em particular, as crencas negativas sobre a responsabilidade, es­pecialmente a responsabilidade que envolve as cognicoesintrusivas, podem ser um fator-chave na influencia do comporta­mento obsessivo (Salkovskis et al., 2000). Os participantes doestudo com TOC tambem pareciam ter vieses de memoria comrelacao a temas perturbadores - por exemplo, melhor memoriapara objetos contaminados - do que os individuos-controle commemoria comparavel (Radornskye Rachman, 1999). Comprovou­se que as pessoas com TOC que faziam verificacoes excessivasnao tinham comprometimentos da memoria, 0 que supostarnentepoderia justificar a verificacao excessiva, mas sim pouca confian­~a em sua mem6ria (MacDonald et al., 1997). Tambem se obser­you que os pacientes com TOCtern deficits na atencao seletiva, efoi proposto que esses deficits podem estar relacionados a suacapacidade diminufda para ignorar seletivamente estimuloscognitivos intrusivos (Clayton et al., 1999). Ainda foram encon­trados no TOCdeficits na memoria de trabalho espacial, no reco­nhecimento espacial e na iniciacao e execucao motoras (purcellet al., 1998). Em contraste com os adultos, nao foram encontra­dos deficits neuropsicologicos em criancas com TOC, sugerindoque os sintomas do transtomo podem nao interferir na cognicaono infcio da doenca (Beers et al., 1999) .

158 Hollander & Simeon

Page 154: Transtornos de ansiedade

Foi proposto urn modele cognirivo para a persistencia dossintornas do TEPT, sugerindo que 0 TEPT torna-se persistencequando as pessoas processam 0 trauma de maneiras que condu-

Teorias cognitivas

Teorias comportamentais

A teoria comportamental sugere que no TEPTha uma per­turbacao das reacoes condicionadas. As reacoes autonomicas, tan­to aos esnmulos in6cuos quanto aos estimulos aversivos, sao ele­vadas, com reacoes maiores a indfcios impares e uma extincaoreduzida das reacoes condicionadas (Peri et al., 2000). Prop6e-seque os com TEPT tern uma excitacao maior do sistema simpaticono momento do condicionamento e, por isso, sao mais condicio­navels do que as pessoas expostas a trauma sem TEPT (Orr et al.,2000). Os individuos com TEPT tambem generalizam as reacoescondicionadas relacionadas ao medo a partir de varies estimulos,tendo sido sensibilizadas pelo estresse (Grillon e Morgan, 1999).

objetais mais primitivas e reprimidas. Varies temas podem serpotencialmente ativados ap6s 0 trauma, incluindo perda opressi­va e luto; culpa por sobreviver; sensacoes de desamparo, deses­peranca, falta de seguranca e indiferenca em relacao ao futuro;desejos apavorantes e dominados pela culpa, por vinganca e po­der; sentimentos de vergonha e culpa. A identlflcacao dos temasbasicos que podem ser mais ativos em qualquer pessoa e da ma­neira como eles estao relacionados a conflitos preexistentes e di­ficultam a recuperacao do trauma pode ser muito proveitosa. Umaideia muito importante a ser aproveitada da teoria psicodinamicaclassica e que nao irnporta 0 quae terrfvel tenha sido urn trauma,os humanos sao criaturas inteligentes e vao, inevitavelmente, ela­borar qualquer experiencia traumatica com significados pessoaise idiossincraticos. Urn cenario comum sao as consequencias trau­maticas do estupro, que muito freqiientemente incluem nao ape­nas os sintomas caracteristicos do TEPT,mas sentimentos de cul­pa e vergonha que pouco tern a ver com a realidade externa doque ocorreu, e que podem ser proveitosamente explicadospsicodinamicamente.

Transtornos de Ansiedade 159

Page 155: Transtornos de ansiedade

Aikins DE, Craske MG: Cognitive theories of generalized anxiety disorder.Psychiatr Clin North Am 24:57-74,2001American Psychiatric Association: Diagnostic and Statistical Manual ofMental Disorders, 3rd Edition. Washington, DC, American PsychiatricAssociation, 1980Amir N, Foa EB, Coles ME: Negative interpretation bias in social phobia.Behav Res Ther 36:945-957, 1998aAmir N, Foa EB, Coles ME: Automatic activation and strategic avoidanceof threat-relevant information insocial phobia. JAbnorm Psychol107:285-290, 1998b

• REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

zem a uma percepcao continua de ameaca seria e atual. Esse pro­cessamento ocorre devido a avaliacoes excessivamente negati­vas do trauma ou de suas consequencias e a uma perturbacaoda memoria aurobiografica, de tal forma que ha uma contextua­lizacao deficiente e uma forte memoria associativa (Ehlers eClark, 2000).

Estudos recentes revelaram muitas perturbacoes nos pro­cessos cognitivos associados ao TEPT.Por exemplo, a alta inci­dencia do TEPTapos lesao cerebral traumatica grave com perdade consciencia e algumas lembrancas traumaticas sugerem queo trauma pode mediar 0 TEPT,em parte, em urn nivel implfcito(Bryant et at, 2000). Comprometimentos na mem6ria explfcitaforam associados ao TEPT (Bremner et al., 1993; Jenkins et al.,1998) e podem estar relacionados a toxicidade do hipocampo,resultante de elevacoes no cortisol mediadas pelo estresse(Bremner et al., 1995). Alem disso, as pessoas que sofrem deTEPTpodem nao exibir deficits de mem6ria para palavras relacio­nadas ao trauma, mas sirn para palavras positivas e neutras -sugerindo a nao-ocorrencia de codificacao de informacoes per­turbadoras no TEPT (McNally et al., 1998). Esta caracteristicaparece consistente com a natureza invasiva de lernbrancas trau­maticas clinicamente encontradas no transtorno. Na verdade,parece haver no TEPT um vies da atencao com relacao aos esn­mulos traumaticos (Bryant e Harvey, 1997), nao sendo encon­tradas perrurbacoes generalizadas da atencao (Golier et aI.,1997).

160 Hollander & Simeon

Page 156: Transtornos de ansiedade

Amir N, Foa EB, Coles ME: Implicit memory bias for threat-relevantinformation in individuals with generalized social phobia. J AbnormPsychol 109:713-720, 2000Amir N, ColesME, Brigidi B, et al.: The effect of practice on recall ofemotional information in individuals with generalized social phobia. JAbnorm Psychol 110:76-82, 2001Barlow DH: Anxiety and Its Disorders: The Nature and Treatment ofAnxiety and Panic. NewYork,Guilford, 1988Beers SR, Rosenberg DR, Dick EL, et al.: Neuropsychological study offrontal lobe function in psychotropic-naive children with obsessive­compulsive disorder. Am J Psychiatry 156:777-779, 1999Bouwer C, Stein DJ: Association of panic disorder with a history oftraumatic suffocation. Am J Psychiatry 154:1566-1570, 1997BowlbyJ: Attachment and Loss,Vol 2: Separation: Anxiety and Anger.New York,BasicBooks, 1973Breitholtz E, Johansson B, Ost LG: Cognitions in generalized anxietydisorder and panic disorder patients: a prospective approach. BehavResTher 37:533-544, 1999Bremner JD, Scott TM,DelaneyRC,et al: Deficitsin short-term memoryin posttraumatic stress disorder. Am J Psychiatry 150:1015-1019, 1993Bremner JD, Randall P, Scott TM, et a1: MRI-based measurement ofhippocampal volume inpatients with combat-related posttraumatic stressdisorder. Am J Psychiatry 152:973-981, 1995Bryant RA,HarveyAG:Attentional bias in posttraumatic stress disorder.J Trauma Stress 10:635-644, 1997Bryant RA,MarosszekyJE, CrooksJ, et al: Posttraumatic stress disorderafter severe traumatic brain injury.Am J Psychiatry 157:629-631, 2000Cassidy J: Attachment and generalized anxiety disorder, in RochesterSymposium on Developmental Psychopathology, Vol 6: Emotion,Cognition and Representation. Edited by Cicchetti D, Toth S. Rochester,NY, University of Rochester Press, 1995Clayton IC, Richards JC, Edwards CJ: Selective attention in obsessive­compulsive disorder. J Abnorm Psychol108:171-175, 1999CooperAM:Willneurobiology influencepsychoanalysis?AmJ Psychiatry142:1395-1402, 1985DaddsMR,Barrett PM,Rapee RM,et al: Familyprocess and child anxietyand aggression:an observational analysis.J AbnormChildPsychoI24:187-203, 1996Ehlers A,Clark DM:A cognitive model of posttraumatic stress disorder.Behav ResTher 38:319-345, 2000

Transtornos de Ansiedade 161

Page 157: Transtornos de ansiedade

Faravelli C, Pallanti S: Recent llfe events and panic disorder. Am JPsychiatry 146:622-626, 1989FlescherJ: Adualisticviewpoint on anxiety.JAm PsychoanalAssoc3:415-446, 1955Free NK,Winget CN,Whitman RM:Separation anxiety in panic disorder.Am J Psychiatry 150:595-599, 1993Freud S: Analysis of a phobia in a five-year-old boy (1909), in TheStandard Edition of the CompletePsychologicalWorksof SigmundFreud,Vol10.Translated and edited byStracheyJ. London,Hogarth Press, 1955,pp 1-149Freud S: Inhibitions, symptoms and anxiety (1926), in The StandardEdition of the Complete PsychologicalWorksof Sigmund Freud, Vol20.Translated and edited by Strachey J. London, Hogarth Press, 1959, pp75·175Freud S: On the grounds for detaching a particular syndrome fromneurasthenia under the description anxiety neurosis (1895a[1894]), inThe Standard Edition of the Complete PsychologicalWorks of SigmundFreud, Vol3. Translated and edited by StracheyJ. London,Hogarth Press,1962, pp 85-117Freud S:Obsessionsand phobias (1895b[1894]), inThe Standard Editionof the CompletePsychologicalWorksofSigmundFreud, Vol3. Translatedand edited by Strachey J. London, Hogarth Press, 1962, pp 69-84FyerAJ: Current approaches to etiology and pathophysiology of specificphobia. Bioi Psychiatry 44:1295-1304, 1998Gabbard GO: Psychodynamicsof panic disorder and social phobia. BullMenninger Clin 52:A3-A13,1992Gittelman-KleinR,KleinOF:Controlled imipramine treatment of schoolphobia. Arch Gen Psychiatry 25:204-207, 1971GollerJ, YehudaR,ComblanB,et al: Sustainedattention in combat-relatedposttraumatic stress disorder.Integr PhysiolBehavSci32:52-61, 1997Grillon C, Morgan CA:Fear-potentiated startle conditioning to explicitand contextual cues in Gulf War veterans with posttraumatic stressdisorder. J Abnorm Psychol108:134-142, 1999Herman J: Trauma and Recovery.BasicBooks,New York,NY, 1997HorowitzMJ: Stress-response syndromes: a review of posttraumatic andadjustment disorders. Hosp Community Psychiatry 37:241-249, 1976Hudson J, Rapee R: The origins of social phobia. Behav Modif 24:102-129, 2000

162 Hollander & Simeon

Page 158: Transtornos de ansiedade

Jenkins MA,Langlasi PJ, Delis 0, et al: Learning and memory in rapevictimswith posttraumatic stress disorder.Am J Psychiatry155:278-279,1998Klein OF: Anxiety reconceptualized, in Anxiety: New Research andChanging Concepts. Edited by Klein OF,Rabkin JG. New York, Raven,1981, pp 235-263KleinM:Acontribution to the theory of anxiety and gullt. Int J Psychoanal29:114-123, 1948Lundh LG, CzyzykowS, Ost LG: Explicit and implicit memory bias inpanic disorder with agoraphobia. Behav ResTher 35:1003-1014,1997MacDonaldPA,AntonyMM,MacleodCM,et al: Memoryand confidencein memory judgements among individuals with obsessive compulsivedisorder and non-clinical controls. Behav ResTher 35:497-505,1997MacLeod C, Cohen 11: Anxiety and the interpretation of ambiguity: atext comprehension study. J Abnorm PsychoI2:102, 1993MacLeodC,Mclaughlin K: Implicit and explicit memory bias in anxiety:a conceptual replication. Behav ResTher 33:1-14, 1995McNallyRJ, Hornig CD,Otto Mw, et al: Selective encoding of threat inpanic disorder: application of a dual priming paradigm. Behav Res Ther35:543-549, 1997McNallyRJ, Metzer U, Lasko NB, et al: Directed forgetting of traumacues in adult survivors of childhood sexual abuse with and withoutposttraumatic stress disorder. J Abnorm Psychol 107:596-601, 1998Michels R, Frances A, Shear MK:Psychodynamic models of anxiety, inAnxiety and the Anxiety Disorders. Edited by Tuma AH, Maser JD.Hillsdale, NJ, Erlbaum, 1985, pp 595-618MoggK,Mathews A, WeinmanJ: Selective processing of threat cues inanxiety states: a replication. Behav Res Ther 27:317-323, 1999MoggK,Millar N, Bradley BP:Biases in eye movements to threateningfacialexpressionsin generalized anxiety disorder and depressivedisorder.J Abnorm PsychoI109:695-704, 2000Mowrer 0: A stimulus response analysis of anxiety and its role as areinforcing agent. PsycholRev 46:553-565, 1939Nemiah JC: A psychoanalyticview of phobias. Am J Psychoana141:115-120, 1981Orr Sp,Metzger U, Lasko NB, et al: De novo conditioning in trauma­exposed individuals with and without posttraumatic stress disorder. JAbnorm PsychoI 109:290-298, 2000

Transtornos de Ansiedade 163

Page 159: Transtornos de ansiedade

Ost LG:Ageof onset of different phobias. J AbnormPsychoI96:223-229,1987Peri 1; Ben Shakhar G, Orr SIl et al: Psychophysiologicassessment ofaversive conditioning in posttraumatic stress disorder. Bioi Psychiatry47:512-519, 2000Purcell R, Maruff P, Kyrios M, et al: Neuropsychological deficits inobsessive-compulsivedisorder: a comparison with unipolar depression,panic disorder, and normal controls. Arch Gen Psychiatry 55:415-423,1998RadomskyAS,Rachman S:Memorybias in obsessive-compulsivedisorder(OCD).Behav Res Ther 37:605-618, 1999Roth D,Antony MM,Swinson RP: Interpretations for anxiety symptomsin social phobia. Behav ResTher 39:129-138, 2001SalkovsklsPM, Wroe AL,Gledhill A, et al: Responsibility attitudes andinterpretations are characteristic of obsessivecompulsivedisorder. BehavRes Ther 38:347-372, 2000Scott JP: Effectsof psychotropic drugs on separation distress in dogs, inProceedingsof the IXCongressofNeuropsychopharmacology,Amsterdam,Excerpta Medica, 1975, pp 735-745Shear MK,Cooper AM,K1ermanGL, et al: A psychodynamic model ofpanic disorder. Am J Psychiatry 150:859-866, 1993Spence SH, Donovan C, Brechman, et al: Social skills, social outcomes,and cognitive features of childhood social phobia. J Abnorm PsychoI108:211-221, 1999Sternberger R1;Turner SM,BeidelDC,et al: Socialphobia: an analysis ofpossible developmental factors. J Abnorm Psychol 104:526-531, 1995Stopa L, Clark DM: Social phobia and interpretation of social events.Behav ResTher 38:273-283, 2000Suomi SJ, Seaman SF,LewisJK, et al: Effectsof imipramine treatment ofseparation-induced social disorders in rhesus monkeys. Arch GenPsychiatry 35:321-325, 1978Wallace S1;Alden LE:Social phobia and positive social events: the priceof success. J Abnorm Psychol 106:416-424, 1997WeissmanMM,LeckmanJF, MerikangasKR,et al: Depressionand anxietydisorders in parents and children: results from the Yale family study.Arch Gen Psychiatry 41:845-852, 1984WellsA, Carter K: Preliminary tests of a cognitive model of generalizedanxiety disorder. Behav Res Ther 37:585-594, 1999

164 Hollander& Simeon

Page 160: Transtornos de ansiedade

o objetivo fundamental no tratamento do transtomo depanico e 0 bloqueio farmacol6gico dos ataques de panico. Variasclasses de medicamentos tern se mostrado eficazes no cumpri­mento desse objetivo, e um resumo do tratamento farmacologicodo transtomo de panico esta apresentado na Tabela 6.1. Quandourn regime de drogas e iniciado para urn paciente com transtomode panico, e crucial que ele entenda que a droga vai bloquear osataques de panico, mas nao necessariamente reduzir a quantida­de de ansiedade antecipatoria e a esquiva intervenientes, pelomenos inicialmente. Para os pacientes com ansiedade grave, tal­vez seja util prescrever de inicio urn benzodiazepfnico conco­mitante, que pode ser gradualmente reduzido e interrompido ap6salgumas semanas de tratamento com antidepressivo (Goddard etaI., 2001). Tambern e importante notar que alguns pacientes comtranstomo de panico exibem urna hipersensibilidade inicial aosantidepressivos, sejam antidepressivos tridclicos (ADTs) ouinibidores da recaptacao de serotonina, e se queixam de nervo­sismo extremo, agitacao, urna sensacao de aceleracao e insonia.Embora essa hipersensibilidade geralmente seja transitoria, e umadas principais razoes de os pacientes que sofrem de panico asvezes optarem logo por interromper a medicacao. Por isso, e for­temente recomendado prescrever inicialmente, para esses paden­tes, doses de antidepressivos rnais baixas do que aquelas prescri­tas para pacientes deprimidos.

• TRANSTORNO DE pANICO

TRATAMENTOS SOMATICOS

Page 161: Transtornos de ansiedade

(continua)

Medicamentos especfficosImipramina: bem estudadaClomipramina: alta eticacla, mas nao facilmente toleradaDesipramina: se 0 paciente tem baixa toterancla a efeitos colateraisanticollnerqlcosNortriptilina: se 0 paciente a propenso a hlpotsnsao ortostatica, idosos

Inibidores de monoaminoxidaseIndica90es gerais: Aesposta pobre ou baixa tolerancia a outrosantidepressivos; depressao atlpica co-m6rbida ou fobia social sem boaresposta ao ISAS

Medicamentos especfficosFene/zina: mais estudado dos IMAOsTranilcipromina: menos ssdacao que a fenelzina

Benzodiazepinicos de alta potencia

Indica90es gerais: Aesposta deficiente ou baixa tolerancia aosantidepressivos; ansiedade antecipat6ria ou esquiva f6bicaproeminentes; fase inicial de tratamento ata os antidepressivoscomecarern a funcionar

Medicamentos especfficosClonazepam: a~ao prolongada, dosagem menos frequente, menossintomas de abstinsncia, primeira escolhaAlprazolam: bem estudado, mas de curta a~ao

Inibidores seletivos da recapta~ao de serotoninaIndica90es gerais: Primeira linha, sozinhos ou em combmacao com

os benzodiazepinicos; se necessario, tambam primeira escolha naco-morbidade com TOC, TAG, dspressao e fobia social; cornecar comdoses muito baixas e ir aumentando; resposta observada com dosesbaixas a moderadas

Medicamentos especificosSertralina, paroxetina: aprovadas pela FDAFluvoxamina, fluoxetina. citalopram: parecem similarmente eficazes

Antidepressivos triciclicosIndica90es gerais: Eticacia estabelecida, segunda linha se os ISASsfalharem ou nao torem tolerados

TABELA 6.1 Tratamento farmacol6gico do transtorno de panico

166 Hollander & Simeon

Page 162: Transtornos de ansiedade

Os medicamentos mais amplamente estudados no passadoforam os ADTs, especialmente a imipramina (Klein, 1964;Mavissakalian e Michelson, 1986a, 1986b; McNair e Kahn, 1981;Sheehan et al., 1980; Zitrin et al., 1980; Zitrin et al., 1983). Ou­tros ADTs, como a desipramina, sao tambern eficazes, emboraainda nao tenham side estudados tao extensivamente Quante airnipramina. A nortriptilina nao foi estudada sistematicamente,mas a experiencia indica que ela tambern e eficaz. A presenca dehumor deprirnido nao e urn preditor ou exigencia para essas dro­gas serem eficazes no bloqueio de ataques de panico. Nos ultimosanos, os inibidores seletivos da recaptacao de serotonina (ISRSs)mostraram-se eficazes no tratamento do transtorno de panico e,dadas as suas varias vantagens sobre os ADTs,eles se tomaram 0tratamento de primeira linha para esse transtorno. OsADTsestaoatualmente reservados, em sua maioria, para pacientes que nao

Antidepressivos triciclicos

Nota. '~provado pela FDA"refere-se a aprovacao especifica para 0 usc notranstorno nomeado no titulo da tabela. As comparacoes feitas em qualquersecao sobre medicamentos especificos referem-se apenas aos medicamentosdaquela secao, a menos que exposto de outra forma. FDA= U.S. Food andDrug Administration; TAG= transtorno de ansiedade generalizada; Toe =transtomo obsessivo-compulsivo; ISRS = inibidor seletivo da recaptaeao deserotonina.

Qutros medicamentosOutros antidepressivos: Venlafaxina e nefazodona: menos estudados,

mas parecem eficazesOutras OP90es:Particularmente como acrescimo para pacientes cujas

condiyoes sao refratanas ou para aqueles que sao intolerantes a todasas rnsdlcacoes anteriores; nao bem testados ate agoraPindolot. acrescirno eficaz em um estudo controladoACido velproco: apenas em ensaios abertoslnositot: apenas em ensaios abertosClonidina: em ensaios abertos, resposta lniclal que posteriormentetende a desaparecer

TABELA 6.1 Tratamento farmacol6gico do transtorno de panlco(continua~ao)

Transtornos de Ansiedade 167

Page 163: Transtornos de ansiedade

Varies estudos de tratamento abertos e controlados docu­mentaram que os potentes bloqueadores da recaptacao deserotonina sao extremamente eficazes no tratamento do trans­tomo de panico. Dada a sua maior seguranca e facilidade de ad­ministracao em comparacao com os ADTs,os ISRSs tornaram-seo tratamento de primeira linha em transtomo de panico, sozi­nhos ou em combinacao com os benzodiazepfnicos, quando ne­cessario, Como urn tratamento de prime ira linha, eles tambemoferecern a vantagem de serem eficazes para varies transtornos

Inibidores da recapta~aode serotonina

respondem bern, ou nao toleram, os inibidores seletivos darecaptacao de serotonina e medicacoes relacionadas.

Segundo urn regime-padrao do ADT,0 paciente deve come­car com 10 mg de irnipramina na hora de deitar e ir aumentandoa dose em 10 mg a cada duas noites, ate atingir SO mg (vo). Adosagem pode ser tomada de urna s6 vez. Como SO mg em geralsao inadequados para 0 completo bloqueio do panico, a dosagempode, entao, ser aurnentada por incrementos de 25 mg a cadatres dias, ou por incrementos de SO mg por semana, ate urn maxi­mo de 300 mg/dia. A maior parte dos pacientes precisa de pelomenos 150 rng/dia do ADT,e, infelizmente, e comurn ocorrer asubdosagem. Em alguns casos, e necessaria uma dosagem maiorde imipramina. Com urna dosagem de irnipramina de cerca de200 mg/dia, mais de 800/0 dos pacientes mostraram urna marcantereducao no numero de ataques de panico (Mavissakalian e Perel,1989). Os pacientes com transtomo de panico para os quais "al­tas" doses de irnipramina nao sao eficazes devem ter seus niveissangulneos de ADTmedidos. Frequenternente, os niveis sangili­neos serao desproporcionalmente baixos para a dosagem, suge­rindo metabolismo ou excrecao rapidos, rna absorcao ou nao-ade­rencia por parte do paciente. Parece que os pacientes nao mos­tram outras reacoes antipanico em nfveis plasrnaticos combina­dos alern de 140 mg/ml (Mavissakalian e Perel, 1995). Os pa­cientes que experimentam efeitos colaterais anticolinergicos ex­cessivos a irniprarnina podem substitui-la pela desiprarnina. Ospacientes idosos ou aqueles que sao muito sensfveis a hipotensaoortostatica podem experimentar a nortriptilina.

168 Hollander & Simeon

Page 164: Transtornos de ansiedade

comumente co-morbidos, como depressao, fobia social, transtor­no de ansiedade generalizada (TAG)e transtomo obsessive-com­pulsivo (TOe). Embora apenas a paroxetina e a sertralina sejamaprovadas pela U.S. Food and Drug Administration (FDA)para 0transtorno de panico, nao ha razao particular para se pensar quetodos os ISRSsnao tern eficacia comparavel no transtomo de pa­nico. Varies estudos controlados documentaram a eficacia dafluvoxamina em dosagens de ate 150 mg/dia (Den Boer, 1988;Hoehn-Saric et aI., 1993). A eficacia da paroxetina tambern foidemonstrada em estudos controlados, em dosagens de 20-60 mg/dia, segundo urn estudo (Oehrberg et al., 1995). Em outro estu­do, no entanto, somente a dosagem de 40 mg/dia conseguiu su­perioridade estatisticamente significativa com relacao ao placebodurante urn periodo de 10 semanas, enquanto as doses de 10 mge 20 mg nao a conseguiram, destacando, assim, a importancia dese experimentar doses mais aItas se a resposta a doses baixas forinadequada (Ballenger et aI., 2000). Nao surpreendentemente,outro estudo da paroxetina docurnentou que ela foi tao eficazquanto a clomipramina no tratamento do transtorno de panico,mas mais bern tolerada (Lecrubier et al., 1997). Os dois medica­mentos mantiveram sua eficacia durante um periodo de novemeses de manutencao do estudo cego, conduzindo a maior me­lhora do paciente e destacando a irnportancia do tratamento delongo prazo (Lecrubier e Judge, 1997). Em grandes estudos con­trolados, observou-se que 0 ISRS sertralina foi eficaz no trata­mento do transtomo de panico (Londborg et aI., 1998; Pohl etal., 1998). A sertralina nao apenas reduziu significativamente 0numero de ataques de panico, mas tambem conduziu a uma me­lhora marcante na qualidade de vida dos pacientes e teve urnIndice baixo de descontinuidade da droga (Pohl et aI., 1998). Emcontraste com 0 estudo da paroxetina, nao houve diferenca entreas tres dosagens de sertralina - 50 mg, 100 mg ou 200 mg/ dia -na reducao dos ataques de panico (Londborg et aI., 1998). E inte­ressante notar que a historia previa do uso do benzodiazepiniconao afeta a tolerancia ou a resposta ao tratamento com sertralina,independentemente de a resposta ao benzodiazepfnico ter sidoboa ou ruim (Rapaport et aI., 2001). Verificou-seque outro ISRS,o citalopram, e eficaz no tratamento do transtorno de panico. Emum estudo controlado agudo com duracao de oito semanas, adosagem media de 20-30 mg/dia conferiu a mais proveitosa rela-

Transtornos de Ansiedade 169

Page 165: Transtornos de ansiedade

trao risco-beneffcio, em comparacao com as dosagens mais altas ernais baixas usadas (Wade er al., 1997). Em urn seguimento deurn ano do tratamento de manutencao controlado do estudo ante­rior, a dosagem minima de 10-15 mg/dia nao foi melhor que 0placebo, enquanto a dosagem media de 20-30 mg/dia mais umavez exibiu a melhor resposta (Lepola et al., 1998). A fluoxetina esimilarrnente eficaz no tratamento do transtorno de panico. Foiobservado que a fluoxetina, especiaimente em uma dosagem de20 mg/dia, em vez de 10mg/dia, e superior ao placebo no trata­mento agudo de transtomo de panico (Michelson et aI., 1998). Einteressante notar que 0 estudo que relatou esses achados usouuma grande variedade de medidas e demonstrou que a melhoraampla foi mais relacionada a fobia, ansiedade, depressao e com­prometimento do que a ataques de panico em si, mais uma vezdestacando a importancia de se observar 0 quadro mais amplo aoavaliar a mudanca, 0 estudo controlado randomizado continuoudurante urn periodo de tratamento de manutencao de seis meses;os participantes para os quais 0 tratamento agudo com fluoxetinafoi inicialmente eficaz demonstraram uma melhora ainda maiorse colocados no grupo de estudo que recebia fluoxetina, e umapiora significativa se colocados no grupo que recebia placebo(Michelson et al., 1999). A clorniprarnina foi usada em dosagensde 20-200 mg/dia, titulada para as respostas individuais dos pa­cientes; em doses mais baixas, parece pelo menos tao eficaz ernais bern tolerada do que em doses altas no tratamento de ata­ques de panico e, em urn menor grau, de esquiva (Caillard et al.,1999). No entanto, ela norrnalmente nao e tao bern tolerada quan­to os ISRSs no transtomo de panico (Lecrubier et al., 1997) e,por isso, em geral nao e urn tratamento de primeira linha.

Urn estudo metanalitico verificou que os inibidores darecaptacao de serotonina mostraram-se superiores a imiprarninae ao alprazolam no tratamento do panico, mas doses inferioresdestas duas ultimas drogas podem ser, em parte, responsaveispor essa diferenca (Boyer;1995). Como os ADTs,os ISRSspodemprovocar urna superestimulacao desconfortavel nos pacientes comtranstomo de panico se iniciados nas doses usuais. Por isso, efortemente recomendado que 0 tratamento seja iniciado com cau­tela, com 5-10 rng/dia de fluoxetina, 10 mg/dia de paroxetina ecitalopram e 25 mg/dia (ou ate 12,5 rng/dia) de sertralina efluvoxamina. Adose pode ser gradativamente aumentada ate urna

170 Hollander & Simeon

Page 166: Transtornos de ansiedade

Embora os clfnicosprefiram usar antidepressivos para 0 tra­tamento de primeira linha do transtorno de panico, os benzodia­zepfnicosde alta potencia sao tarnbern altamente eficazes no trata­mento da condicao. Em urn estudo, 820/0 dos pacientes tratadosagudamente com alprazolam mostraram pelo menos urna melho-

Benzodiazepfnicos

Os inibidores da monoarninoxidase OMAOs)sao tao efica­zes quanto os ADTse os ISRSsno tratamento do panico. Tanto afenelzina quanto a tranilcipromina tratam com sucesso 0 trans­tome de panico; a fenelzina foi estudada rnais extensivamente.Ela pode ser iniciada com 15 mg/dia, tornados pela manha, Adosagem e entao aurnentada em 15mg a cada quatro a sete dias,quando tolerada, ate urn maximo de 60-90 mg/dia, Se a sedacaoou 0 ganho de peso forem motivo de preocupacao, pode ser expe­rimentada a tranilcipromina, iniciada com 10 mg pela manha esendo aurnentada em 10 mg a cada quatro dias ate urn maximode 80 mg/dia. Os inibidores da recaptacao de serotonina e osADTssao caracteristicamente preferiveis aos lMAOs,porque saomais bern tolerados e previnem a necessidade de restricoes nadieta e 0 risco de crises hipertensivas. Alern disso, os pacientesque nao respondem apenas a urn ADT ou a urn inibidor darecaptacao de serotonina podem responder a urna combinacaodos dois (Tiffon er al., 1994). No entanto, os lMAOs sao urnaopcao a considerar para pacientes incapazes de tolerar ou res­ponder bern a outros antidepressivos. Em pacientes com depres­sao atipica ou fobia social concornitante, os IMAOspodem seruma escolha inicial apropriada para 0 tratamento, caso os ISRSsnao produzam os resultados adequados.

Inibidores da monoaminoxidase

dose media por meio de ajustes semanais. Conforme descrito nosrelatos dos estudos anteriormente mencionados, urna dose dianamoderada ou mais baixa geralmente e adequada para a maioriados pacientes, e doses altas em geral nao sao necessarias e saomenos bern toleradas.

Transtornos de Ansiedade 171

Page 167: Transtornos de ansiedade

ra moderada no transtorno de panico, comparados com 43% queestavam tomando placebo. 0 inicio da resposta foi rapido, comuma melhora notavel ocorrendo nas primeiras semanas de trata­mento, e a dosagem final media foi de 5,7 mg/dia. Ap6s oitosemanas de tratamento inicial, os pacientes tiveram a medicacaoretirada, com as dosagens diminuidas durante um periodo dequatro semanas; 27% dos pacientes experimentaram ataques depanico rebote e 35% tiveram sintomas de retirada da medicacao.Ap6s a interrupcao da medicacao, 0 resultado do transtorno depanico para 0 grupo tratado com alprazolam nao foi significativa­mente diferente daquele para 0 grupo de placebo (Pecknold etal., 1988).Segundo um escudoamplo e multicentrico (Rosenbaumet al., 1997),0 clonazepam parece igualmente promissor no tra­tamento agudo do transtorno de panico. No tratamento inicial deataques de panico, a dosagem minima de 0,5 mg/dia foi menoseficaz; as dosagens de 1 mg/dia ou mais altas (2 mg, 3 mg e 4mg/ dia) foram igualmente eficazes, e as dosagens de 1 a 2 mg/dia foram mais bern toleradas. A eficacia a longo prazo, as possi­veis tolerancia e dependencia e as dificuldades para interrompera medicacao sao as principais areas de preocupacao ao se optarpelo tratamento com benzodiazepinico. Os resultados de escudosde acompanhamento naturalfsticos do tratamento a longo prazocombenzodiazepinico parecem em geral otimistas, porque a maiorparte dos pacientes mantern seus ganhos terapeuticos sem au­mentar sua dose de benzodiazeptnico no decorrer do tempo (Nagyet al., 1989; Schweizer et al., 1993).

Esses medicamentos tern menos efeitos colaterais iniciaisdo que os ADTse os inibidores da recaptacao de serotonina. Noentanto, 0 prindpio geral do tratamento e que os ansioHticosde­vern ser reservados para os casos em que as diferentes classes deantidepressivos tiverem falhado, porque apresentam alguns pro­blemas de risco de tolerancia, dependencia e retirada da medica­c;ao. Para pacientes com angiistia e comprometimento agudosgraves, que requerem alivio imediato, a indicacao pode ser iniciaro tratamento com urn benzodiazeplnico e entao substituf-lo porurn antidepressivo. Ha tarnbem alguma evidencia de que osbenzodiazepfnicos podem ser mais eficazes, pelo menos inicial­mente, para melhorar a ansiedade antecipatoria e a esquiva f6bicaassociadas - outra possivel tndicacao para seu uso inicial. Com­paracoes sistematicas de antidepressivos e benzodiazepinicos no

172 Hollander & Simeon

Page 168: Transtornos de ansiedade

tratarnento agudo e de manutencao do transtorno de panico mos­traram que os pacientes tratados com alprazolam tern uma pro­babilidade muito maior de permanecer em tratamento e expert­mentar alivio de seus ataques de panico do que os pacientes quetomam imipramina; esta Ultima esta associada a uma pior ade­rencia do paciente (Schweizer et al., 1993).

o clonazepam deve ser, em geral, preferido comoprimeira es­colha, pois sua a~o e mais prolongada e, por isso,tern as vantagensde dosagens menos frequentes (duas vezes ou ate uma vez ao dia) eum menor risco de sintomas de retirada do medicamento do que 0alprazolam. 0 clonazepam deve ser iniciado com0,5 mg duas vezesao dia e aurnentado apenas se necessario, em geral para uma dosa­gem maxima de 4 mg/dia, 0 alprazolam normalmente e iniciadocom 0,5 rng quatro vezes ao dia e gradualmente aumentado paraurna dosagem media de 4 mg/dia, em urna variacao de 2-10 mgldia, confurme 0 paciente. Recomenda-se0 tratamento por pelo me­nos seis meses, assim como para os antidepressivos.Deve-seacorn­panhar 0 humor dos pacientes enquanto estiio tomando essas dro­gas, porque 0 alprazolam pode, ocasionalmente, provocar mania, eo clonazepam, depressiio.A descontinuacao deve ser gradual paraevitar sintomas de retirada da medicacao; urna reducao de 15% dadose semanal total geralmente e urn regime seguro, mas pode serrequerido um padriio ainda mais lento para evitar a reeorrencia dopanico. Em um estudo controlado, urn terce dos pacientes foi inca­paz de tolerar uma reducao durante quatro semanas com 0alprazolam,ap6soitomesesde tratamento de rnanutencao;0 preditormais forte do fracassona reducao da medicacao foi a gravidade ini­cial dos ataques de panico, e niio a dose do alprazolam (Rickelsetal., 1993a). A distin~o entre os sintomas reais de retirada da medi­cacao e uma simples recrudescencia do sintoma original de ansie­dade, quando 0 benzodiazepinico e interrompido, permanece con­trovertida, e pode ser dificil estabelece-laclinicamente.Tem-semos­trado convincentemente que a introducao de terapia cognitive-com­portamental aurnenta muito a probabilidade de os pacientes comtranstomo de panico serem capazes de descontinuar com sucessosua medicacaocombenzodiazepfnicopor meio de reducao da droga(Otto et al., 1993; Spiegelet al., 1994).

Embora os benzodiazepinicos sejam, em geral, seguros, comefeitos colaterais limitados principalmente a sedacao, ha umapreocupacao de que alguns pacientes possam se tomar tolerantes

Transtornos de Ansiedade 173

Page 169: Transtornos de ansiedade

A venlafaxina, urn inibidor de recaptacao de serotonina enorepinefrina (IRSN), conduziu a recessiio de ataques de panicoem quatro pacientes tratados em urn estudo aberto com dosagensbaixas de SO-7S mg/dia (Geracioti, 1995) e foi considerada efi­caz em urn estudo controlado (Pollack et al., 1996). Por isso, de­finitivamente ela merece mais estudo, e deve ser considerada eli­nicamente quando os ISRSs niio funcionam bern. A nefazodona,urn inibidor da recaptacao de serotonina e antagonista tipo 2 daserotonina (S-HT2), tarnbem parece promissora no tratamento dopanico: em urn esrudo aberto, 70% de 14 pacientes tratados du­rante oito semanas com dosagens de 200-600 mg/dia melhora­ram significativamente (DeMartiniset al., 1996). Observou-semaisuma vez que a nefazodona tern alguma eficacia no tratamento dotranstorno de panico em outro pequeno estudo aberto (Papp etal., 2000). Se os resultados puderem ser confirmados em urn es­tudo controlado mais amplo, esta medicacao pode apresentar al­guns beneficios em termos da resposta anxiogenica inicial e deefeitos colaterais sexuais de longo prazo, comparada comos ISRSs.

A buspirona, urn agente ansiolitico nao-benzodiazepfnicoantagonista da serotonina (S-HT1A), nao foi considerada eficazno tratarnento do panico. Similarmente, nao ha evidencia de queas drogas bloqueadoras beta-adrenergicas, como 0 propranolol,

Qutros medicamentos

ou ate mesmo viciados nesses medicamentos. No entanto, os da­dos disponiveis indicam que a maior parte dos pacientes conse­gue parar de toma-les sem sequelas serias, e que 0 problema detolerancia e dependencia e superestimado e provavelmente limi­tado a uma populacao propensa a adiccao, ou a pacientes comtranstorno de panico refratario que podem aurnentar 0 uso-pa­driio do benzodiazepinico em tentativas de automedicacao. Urnestudo recente sugeriu que combinar urn benzodiazepinico(clonazepam) com urn ISRS (sertralina) no inicio do tratamentoconduz a uma resposta antipanico rapida, e a reducao gradual dobenzodiazepfnico ap6s 0 ISRSsurtir efeito pode ser realizada semefeito adverso (Goddard et al., 2001).

174 Hollander & Simeon

Page 170: Transtornos de ansiedade

sejam eficazes no bloqueio de ataques de panico espontaneos, Seos ataques de panico ocorrem em urn contexto social especffico,como falar em publico, seria indicada urna experiencia com urnbeta-bloqueador,

A clonidina, que inibe a descarga do locus ceruleus, parece­ria, por razoes teoricas, uma boa droga antipanico. Embora emurn pequeno estudo de serie de casos dois tercos dos pacientestenham inicialmente respondido, 0 efeito terapeutico tende a serperdido em urna questao de semanas, apesar da continuacao dadose (Liebowitz et al., 1981). Urn estudo posterior confirmou urnpadrao similar de perda de resposta durante uma experiencia dedez semanas (Uhde et al., 1989). Essa perda de resposta, acresci­da de varies efeitos colaterais incornodos, torna a clonidina urnaescolha inicial insatisfat6ria para 0 tratamento do transromo depanico. No entanto, um estudo controlado considerou a clonidinaeficaz tanto para 0 transtorno de panico quanto para 0 'lAG(Hoehn-Saric et al., 1981).

Quando a eficacia dos ISRSse de outros antidepressivos forinadequada, uma outra estrategia, demonstrada eficaz em urnpequeno estudo cego, pode ser adicionar 2,5 mg de pindolol tresvezes ao dia (Hirschmann et aI., 2000).

o acido valproico tambem pode ter alguns efeitos beneficesno tratarnento de ataques de panico (Kecket aI., 1993). Em urnestudo aberto, todos os 12 pacientes melhoraram seus ganhos deforma moderada a marcante ap6s seis meses (Woodman e Noyes,1994). Estudos controlados, no entanto, nao foram relatados. Urnestudo controlado bern amplo de outro estabilizador do humor, agabapentina, em dosagens flexiveis de 600-3600 mg/dia, mos­trou que ela nao e melhor que 0 placebo no tratamento do trans­torno de panico (pande et al., 2000), embora urna analise posthoc tenha relatado que esta droga tern algurna eficacianos pacien­tes mais gravemente sintomaticos, sugerindo a importancia darealizacao de outro estudo sobre 0 transtorno de panico refratario.

o inositol, urn precursor intracelular do segundo mensagei­ro, foi considerado eficaz no tratamento do transtorno de panicoem urn estudo de quatro semanas controlado por placebo em urnadosagem de 12 g/dia (Benjamin et al., 1995), mas tal resultadonao foi confirmado.

Transtornos de Ansiedade 175

Page 171: Transtornos de ansiedade

o tratamento farmacologico do TAGesta resumido na Tabe­la 6.2. Apesar das importanres alteracoes nos criterios diagn6sti­cos nas consecutivas edicces do DSM,a presenca de co-morbidadefrequente no TAGe a tendencia a encara-lo como urna condicao

• TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA

A rernissao total dos ataques de panico com antidepressivosem geral requer de 4 a 12 semanas de tratamento. Subseqiiente­mente, a duracao do tratamento requerida para evitar recaida eurna funcao do curso natural do transtorno de panico. Provavel­mente 0 transtomo pode ser mais bern caracterizado como croni­co, com urn curso de exacerbacao e remissao, Por isso, nao houveacordo completo entre os pesquisadores e os clinicos com relacaoao curso de tratamento recomendado. Em urn estudo de segui­mento naturalfstico, Noyes e seu grupo verificaram que a maioriados pacientes com transtorno de panico inicialmente tratados comADTs teve urn progn6stico relativamente born - acompanhadodurante alguns anos - quer tivesse permanecido com a medica­r;ao (600/0da amostra), quer a tivesse interrompido (40% da amos­tra) (Noyes et al., 1989). Em urn estudo urn pouco menos otimis­ta, mas controlado e prospectivo, foi encontrado urn indice derecaida muito alto para 0 transtomo de panico quando a imipra­mina foi descontinuada apos seis meses de tratamento agudo. Noentanto, a metade da dose de imipramina - cerca de 80 mg/dia­foi bem-sucedida na prevencao de recidiva durante urn ano detratamento de manutencao (Mavissakalian e Perel, 1992). Porisso, uma recomendacao razoavel para tratar os pacientes comtranstomo de panico e fazer com que eles tomem uma dose com­pleta do medicamento por pelo menos seis meses; ap6s esse tem­po, a medicacao pode ser diminufda para rnetade da dose, e ospacientes devem ser acompanhados para garantir que a melhoraclfnica seja mantida. Subseqiientemente, 0 clinico pode tentarreducoes graduais da dose enquanto a melhora for mantida, ateatingir urna dose minima em que 0 paciente esteja relativamentelivre de sintomas. Alguns pacientes podem finalmente conseguirdescontinuar completamente a medicacao, mas outros nao .

Prognostico e curso do tratamento

176 Hollander & Simeon

Page 172: Transtornos de ansiedade

(continua)

Venlafaxina com libera~iio ampliadaIndica90es gerais: Tratamento de primeira linha; aprovada pela FDA;

eflcacla comprovada em grandes estudos controlados; em geralbem tolerada; dosagem uma vez ao dia; dose inicial recomendadade 75 mgldia, que pode ser adequada para muitos pacientes

Inibidores seletivos da recaptaeao de serotoninaIndica90es gerais: Tratamento de primeira linha

Medicamentos especfficosParoxetina: eficacia comprovada em grandes estudos controlados;

aprovada pela FDA; bem tolerada, dosagem uma vez ao dia; doseinicial recomendada de 20 mgldia, que pode ser adequada paramuitos pacientes

Outros ISRSs: nao foram extensivamente testados, mas tarnbsm saoeficazes

Benzodiazepfnicos

Indica90es gerais: Eficacia bem conhecida; amplamente usados; todosparecem ser igualmente eficazes; os pacientes podem ser monitoradospara sintomas de dependencia e de retirada da medlcacao: osbenzodiazepinicos podem ser mais eficazes para os sintomas !isicosdo que para os sintomas cognitivos do TAG

BusplronaIndica90es gerais: Eficacia comprovada; bem tolerada, em geral e

Indicada uma expsriencia em todos os pacientes; comparada com osbenzodiazepinicos, a buspirana demora mais tempo para lazer eleitoe nao esta associada a "embriaguez"; pode haver menos eficacia eaderencia em pacientes recentemente tratados com benzodiazepinicos

Antidepressivos triciclicos

Indica90es gerais: Eficacia demonstrada em alguns estudos; produzmais efeitos colaterais do que os benzodiazepinicos, a buspirona eantidepressivos mais reoentes; aeao retardada em cornparacao comos benzodiazepfnicos; pode ser mais eficaz para os sintomas cognitivosdo que para os sintomas !isioos da ansiedade

Medicamentos especfficosImipramina: eficacia demonstradaTrazodona: eficacia demonstrada

TABELA 6.2 Tratamento farmacol6gico do transtorno de ansiedadegeneralizada

Transtornos de Ansiedade 1n

Page 173: Transtornos de ansiedade

Nos iiltimos anos, os benzodiazepinicos foram 0 tratamentode primeira linha do TAG,e continuam a ser uma opcao impor­tante hoje, apesar de algumas preocupacoes sobre seu uso croni­co e opcoes mais novas de medicamentos de primeira linha, comoa buspirona, os ISRSse os IRSNs.Varies estudos controlados mos­tram claramente que os pacientes cronicamente ansiosos respon­dem bem aos benzodiazepinicos, e todos estes provavelmente terna mesma eficacia no tratamento do TAG (Rickels et aI., 1983;Ruiz, 1983). Ha alguma evidencia de que os benzodiazepinicospodem ser mais eficazes no tratamento dos sintomas ffsicos daansiedade, e os antidepressivos, sejam os ADTsou os ISRSs, notratamento dos sintomas psfquicos (Hoehn-Saric et aI., 1988;Rocca et aI., 1997). Tambem tem sido sugerido que benzodia­zepfnicos como 0 clordiazep6xido podem ter um pico de eficaciaap6s quatro semanas de tratamento, enquanto os ADTscomo a

Ansioliticos

secundaria ou menos importante prejudicaram a pesquisa de tra­tamento no passado. As opcoes farmacoterapicas expandiram-senos ultimos anos e provavelmente vilo continuar a se expandir nofuturo proximo, com 0 desenvolvimento de novas classes de me­dicamentos.

Nota. ''Aprovado pela FDA"refere-se 11aprovacao especffica para 0 uso notranstorno nomeado no titulo da tabela. As comparacoes feitas em qualquerse~iio sobre medicamentos especfficos referem-se apenas aos medicamentosdaquela secao, a menos que exposto de outra forma. FDA= U.S. Food andDrug Administration; TAG= transtomo de ansiedade generalizada; ISRS =inibidor seletivo da recaptacao de serotonina.

Qutros medicamentosNefazodona: urn estudo abertoMirtazapina: urn estudo aberto com depressao maior co-morbtdaC/onidina: tende a perder a resposta inicialPropran%t. pode ser urn adjuvante util em pacientes com palpita~6es etremores pronunciados

TABELA 6.2 Tratamento fsrmacoloqico do transtorno de ansiedadegeneralizada (continua~o)

178 Hollander & Simeon

Page 174: Transtornos de ansiedade

imipramina podem ser mais eficazes a mais longo prazo para pa­cientes com ansiedade (Kahn et al., 1986). Embora osbenzodiazepinicos geralmente sejam seguros, com efeitoscolaterais limitados principalmente a sedacao e a atividade men­tal mais lenta, ha urna preocupacao de que alguns pacientes pos­sam se tomar tolerantes ou ate dependentes ou aditos a essesmedicamentos. No entanto, os dados disponiveis indicam que apreocupacao com 0 abuso do benzodiazepinico em populacoescronicamente ansiosas e superestimada, e, na realidade, a maiorparte dos pacientes continua a extrair beneficios clinicos sem de­senvolver abuso ou dependencia (Romach et al., 1995). As preo­cupacoes sobre a adiccao sao, em sua maioria, provavelmentejustificadas em individuos com historico de propensao a adiccao.

Abuspirona, urn agente antiansiedade nao-benzodiazepfnicoagonista de 5-HT IN pode ter uma eficacia similar adosbenzodiazepfnicos no tratamento do TAG.Suas vantagens sao urnperfil de efeito colateral sem sedacao e a ausencia de tolerancia eabstinencia na retirada da medicacao, Sua desvantagem e urnaar;aomais lenta no infcio (Rickels et al., 1988), 0 que pode con­duzir a uma nao-aderencia precoce do paciente. Rickelse colabo­radores compararam a eficacia do benzodiazepfnico clorazepatoa da buspirona nao-benzodiazepfnica no tratamento agudo, namanutencao e na descontinuacao de pacientes com TAG(Rickelset al., 1988). Ambos tiveram eficacia similar em tomo da quartasemana de tratamento, e os beneffcios foram mantidos duranteurn perlodo de seis meses, com uma reducao de aproximadamen­te 60% nas pontuacoes de ansiedade. Nao houve evidencia detolerancia a nenhurna das duas medicacoes durante 0 periodo deseis meses. Nas duas primeiras semanas de descontinuacao dasmedicacoes, os pacientes que estavam tomando clorazepato exi­biram urn aumento transit6rio da ansiedade, consistente com aretirada da medicacao, coisa que nao aconteceu com os que esta­yam tomando buspirona. 0 tratamento com buspirona geralmen­te e iniciado com 5 mg tres vezes ao dia, e a dose pode ser au­mentada ate se alcancar uma dosagem maxima de 60 mg/dia.Urn regime de administracao duas vezes ao dia provavelmente etao eficaz quanto 0 de tres vezes ao dia, e torna a aderencia maisfacil. Houve urna sugestao, na literatura, de que os pacientes an­teriormente tratados com benzodiazepfnicos poderiam nao res­ponder bem a buspirona (Schweizer et al., 1986). No entanto,

Transtornos de Ansiedade 179

Page 175: Transtornos de ansiedade

Nos ultimos anos, antidepressivos mais novos se estabelece­ram como os tratamentos de primeira linha para 0 'D\G, porqueha agora estudos controlados docurnentando sua eficacia e, alemdisso, eles tendem a ser bern tolerados, requerem apenas umadosagem uma vez ao dia e nao acarretam urn risco de abuso edependencia. Tres grandes estudos controlados estabeleceram aeficacia de urn IRSN no 'D\G, 0 que conduziu a uma indicacaoespecffica da FDApara 0 usa da venlafaxina de liberacao prolon­gada nesta condicao (Davidsonet al., 1999; Gelenberg et al., 2000;Rickels et al., 2000b). Em dois grandes estudos controlados porplacebo, verificou-se que a venlafaxina em dosagens de 75 mg,150 rng e 225 mg/dia e eficaz no tratamento do 'D\G,em urn dosestudos em urn perfodo de mais de oito semanas (Rickels et al.,

Antldepressivos

urn estudo duplo-cego controlado posterior refutou essa suges­tao, comprovando que os pacientes que descontinuaram gradual­mente 0 benzodiazepinico lorazepam e foram entao tratados combuspirona nao exibiram ansiedade por retirada do benzodia­zepfnico ou recidiva, e se deram tao bern com a buspirona quantacom 0 lorazepam (Delle Chiaie et al., 1995). Em contraponto,outros pesquisadores (DeMartinis et al., 2000) analisaram retros­pectivamente urn grande banco de dados referentes a hist6ria douso de benzodiazepinico antes de urn estudo clinico controlado.Eles encontraram que a resposta clinica a buspirona foi similar aresposta ao benzodiazepfnico em pacienres que nunca haviamusado benzodiazepfnicos, mas os pacientes que os usaram duran­te 0 mes seguinte ao infcio do estudo tiveram urn Indice de falhasde tratamento mais elevadas e uma melhora clfnicamenor se porrandomizacao no estudo receberam buspirona em vez de ben­zodiazepfnico. Ha uma evidencia recente, mostrada por urn estu­do controlado (Rickels et al., 2000a), de que, nos usuaries delongo prazo de benzodiazepinico, uma estrategia bem-sucedidapode ser iniciar a buspirona ou urn antidepressivo urn mes antesde realizar uma reducao gradual, em quatro a seis semanas, dobenzodiazepinico. Outros preditores independentes da reducaobem-sucedida do benzodiazepfnico foram doses iniciais rnais bai­xas e sintornas de ansiedade menos graves e cronicos.

180 Hollander & Simeon

Page 176: Transtornos de ansiedade

2000b) e no outro, mais de seis meses (Gelenberg et al., 2000).Este Ultimomostrou urna taxa de resposta de aproximadamente70%, com os beneffcios aparecendo ja nas duas primeiras sema­nas de tratamento. A venlafaxina foi em geral bern tolerada -sendo nausea, sonolencia e boca seca os efeitos colaterais maiscomuns. Nenhum dos estudos mostrou diferencas entre as dosesde venlafaxina, sugerindo que ela pode ser iniciada com 75 mg/dia para 0 TAGe subseqiientemente ser aumentada se a melhoraclinica nao for adequada e os efeitos colaterais 0 permitirem. Emoutro estudo comparando 75-150 mg de venlafaxina, 30 mg debuspirona e placebo no TAGsem depressao durante urn perfodode oito semanas, as duas rnedicacoes foram superiores ao placebo,e algumas medidas, mas nao todas, mostraram pouca evidenciada posslvel superioridade da venlafaxina sobre a buspirona(Davidson er al., 1999).

Alern da venlafaxina, verificou-se recentemente em variesestudos controlados que 0 ISRSparoxetina e eficaz no tratamentodo TAG,achado que conduziu a urna indicacao especifica da FDApara 0 uso deste agente no transtorno. 0primeiro estudo (Roccaetal., 1997) comprovou que 20 mg/dia de paroxetina tern urna efica­cia similar a da imipramina e do benzodiazepinico no tratamentodo TAG.Urn grande estudo recente mostrou que a paroxetina emdosagens fixasde 20 mg/dia ou 40 mg/dia foi superior ao placebodurante urn perfodo de tratamento de oito semanas, com aproxi­madamente dois tercos dos pacientes sendo considerados"respondedores" (Bellew et al., 2000). Alern disso, urn estudo am­plo e recente, com dosagem flexfvel,mostrou que a paroxetina emdosagens variando de 20-50 mg/dia foi superior ao placebo notratamento do TAGdurante urn periodo de oito semanas (Pollacket al., 2001). Tambem mostrou que cerca de dois tercos dos pa­cientes que nao responderam a dosagem inicial de 20 mg respon­deram a dosagens mais elevadas de 30 mg, 40 mg ou 50 mg/dia(McCaffertyet al., 2001). Ernbora outros ISRSsalem da paroxetinaainda nao tenham sido testados no TAG,e bern possivel que elessejam eficazes, e alguns estudos estao sendo realizados para verifi­car essa hip6tese. Finalmente, a nefazodona foi bern-sucedida notratamento do TAGem urn estudo aberto (Hedges et al., 1996), e amirtazapina, em urn estudo aberto com depressao maior co-morbi­da (Goodnick et al., 1999). Alguns dados sugerem urna respostaantiansiedade precoce com a mirtazapina.

Transtornos de Ansiedade 181

Page 177: Transtornos de ansiedade

o tratamento farmacol6gico da fobia social esta resurnidona Tabela 6.3. Varias opcoes de medicacao podem claramente seruteis na fobia social.

• FOBIA SOCIAL

As drogas bloqueadoras beta-adrenergicas, como 0propranolol, s6 rararnente podem ser indicadas como umadjuvante em pacientes que experimentam importantes palpita­c;oes ou tremores. A clonidina, que inibe a descarga do locusceruleus, parece, por razoes te6ricas, ser uma boa droga antiansie­dade. Uma tendencia para perder a resposta clfnica e mais algunsefeitos colaterais incomodos tomam a clonidina urna escolha ini­cial insatisfat6ria para 0 tratamento. No entanto, urn estudo con­trolado concluiu que ela e eficaz tanto para 0 transtomo de pani­co quanta para 0 TAG(Hoehn-Saric et al., 1981).

Outros medicamentos

Varies estudos mais antigos mostraram que os ADTssao efi­cazes no tratamento de pacientes cronicamente ansiosos, inde­pendentemente da presenca de sintomas depressivos, mas 0 usodo ADTtern sido desaprovado atualmente, em vista dos antide­pressivos mais recentes. Em urn estudo controlado comparando aimipramina e 0 alprazolam no tratamento do TAG,foi encontra­da uma eficacia similar para os dois medicamentos, com aimipramina atuando mais sobre os afetos negativos e as cognicoes,e 0 alprazolam, sobre os sintomas sornaticos (Hoehn-Saric et al.,1988). Em outro estudo, verificou-se que a imipramina ate 143mg/dia, a trazodona ate 255 mg/dia e 0 diazepam ate 26 mg/diasao comparaveis, ap6s oito semanas de tratamento, com cerca dedois tercos dos pacientes com TAGexperimentando uma melhorade moderada a marcante na ansiedade. Nao surpreendentemen­te, durante as duas primeiras semanas de tratamento, os sinto­mas sornaticos responderam mais rapidamente ao diazepam(Rickels et al., 1993b).

182 Hollander & Simeon

Page 178: Transtornos de ansiedade

(continua)

Medicamentos especificosFene/zina: a mais estudadaTranilcipromina: tarnbern eficaz

Benzodlazepinicos/ndicar;oes gerais: Clinicamente muito usados e comprovadamente

eficazes em estudos abertos; em geral bem tolerados; os pacientesprecisam de monnoracao para os sintomas de dependencia e retiradada medlcacao

Medicamentos especfficosC/onazepam: a~o prolongada; eficacia demonstrada em estudocontrolado

Gabapentina/ndicar;oes gerais: Eficacia comprovada em estudo controlado, dose

media de 2.900 mgldia. Considere como msdicacao complementarou tratamento de segunda linha se houver resposta inadequada oulntolerancla aos ISASs

Inibidores da monoaminoxidase/ndicar;oes gerais: AlIa eficacia comprovada; podem ser diffeeis de

tolerar e requererem restriQC5esna dieta; eficazes para vanas oondiyaesco-m6rbidas, incluindo depressao atlpica, fobia social e panico; valea pena expsrimenta-los em pacienles cuja condiyao e retrataria atratarnento

Inibidores seletivos da recapta~iio de serotonina/ndicar;oes gerais: Tratamento de primeira linha; eficacia comprovada;

bem tolerados; dosagem uma vez ao dia; eficazes para depressao,panico, TAG ou TOC co-m6rbidos

Medicamentos especfficosParoxetina: mais bem esludada em grandes ensaios ciinicoscontrolados; aprovada pela FDA; dose media de 40 mgJdia

Sertralina: 5-200 mgldia; aprovada pela FDACita/opram: estudos abertosF/uoxetina: estudos abertosF/uvoxamina: ensaios clfnicos controlados pequenos, dose media de200 mgJdia;estudo amplo, controlado, com formulayao de liberacaocontrolada

TABELA 6.3 Tratamento farmacol6gico da fobia social

Transtornos de Ansiedade 183

Page 179: Transtornos de ansiedade

Na fobia social relacionada ao desempenho, os resultadosde varies estudos analogos (isto e, estudos usando amostras nao­clinicas com ansiedade de desempenho ou ansiedade social) de­monstraram a eficacia do beta-bloqueador, particularmente quan­do usado antes de um desempenho (Brantigan et al., 1982; Hartleyet al., 1983; James et al., 1977; James et al., 1983; Liden eGottfries, 1974; Neftel et al., 1982). Muitos artistas de palco oupessoas que falam em publico acham que os beta-bloqueadores,tornados oralmente algumas horas antes do momento de apare­cerem no palco, reduzem as palpitacoes, os tremores e a sensa­r;aode fragilidade. Embora varies beta-bloqueadores tenham sido

Os beta-bloqueadores na ansiedade de desempenho

Nota. "Aprovado pela FDA"refere-se a aprovacao especifica para 0 usa notranstorno nomeado no tirulo da tabela. As comparacoes feitas em qualquersec;aosobre medicamentos especificos referem-se apenas aos medicamentosdaquela secao, a menos que exposto de outra forma. FDA= U.S. Food andDrug Administration; TAG= transtorno de ansiedade generalizada; TOe =transtorno obsessivo-compulsivo; ISRS = inibidor selerivo da recapracao deserotonlna,

Qutros medicamentos

Buspirona: bern tolerada, eficaz em estudo aberto, mas nao em estudocontrol adoNefazodona: elicaz em estudo abertoVenlafaxina: elicaz em estudos abertos (usar em pacientes incapazesde tolerar ou responder aos ISRSs)Bupropiona: eficaz em estudo abertoInibidores reverstveis de monoaminoxidase: moclobemida: demodestamente eficaz a ineticaz, nao comercializada nos EstadosUnidos

Beta-bloqueadoresIndicar;;oesgerais: Extremamente eficazes para a ansiedade de

desempenho, tornados quando necessano, cerca de 1 hora antes doevento. Em geral nao ajudam em pacientes com lobia social generalizada

Medicamentos especificosPropranololAtenolol

TABELA 6.3 Tratamento larmacol6gico da lobia social (conmuacao)

184 Hollander & Simeon

Page 180: Transtornos de ansiedade

Ate recentemente, os lMAOs eram os medicamentos maiscomprovadamente eficazes no tratamento da fobia social. Esru­dos mais antigos mostraram que essas drogas sao eficazes emamostras mistas de individuos agoraf6bicos e f6bicos sociais(Mountjoy et al., 1977; Solyom et al., 1973; Solyom et al., 1981;Tyrer et al., 1973). Liebowitz e colaboradores conduziram urnestudo controlado (Liebowitz et al., 1992) comparando afenelzina, 0 atenolol e 0 placebo no tratamento de pacientes coma fobia social descrita no DSM-III (American PsychiatricAssociation, 1980). Cerca de dois tercos dos pacientes tiveramuma resposta significativa a fenelzina em doses de 45-90 rng/dia,mas 0 atenolol nao foi superior ao placebo. A tranilcipromina emdoses de 40-60 mg/dia foi tambern assoclada a uma notavel me­lhora em cerca de 80% dos pacientes com a fobia social descritano DSM-III, tratados abertamente durante urn ano (Versiani etal., 1988). Urn estudo (Gelemter et al., 1991) comparou 0 trata­mento de grupo cognitivo-comportamental com0uso de fenelzina,alprazolam e placebo. Embora todos os grupos tenham melhora­do muito com 0 tratamento, a fenelzina tendeu a ser superior naresposta clinica absoluta e na reducao do comprometimento. Ape­sar de sua comprovada eficacia na fobia social, os IMAOsnao saornais urn tratamento de primeira linha devido as suas restricoesde dieta e de medicacao, por causa do potencial para provocarcrises hipertensivas e por seus efeitos colaterais, que em geralnao sao bern tolerados. Mais recentemente, houve uma expecta­tlva sobre a possibilidade de os lnlbidores reversiveis damonoarninoxidase (lRMOs), ainda nao comercializados nos Esta-

Inibidores da monoaminoxidase

utilizados em estudos e sejam provavelmente eficazes na ansie­dade de desempenho, os mais comumente usados sao 0propranolol, em doses de aproximadamente 20 mg, e 0 atenolol,50 mg, tornados 45 minutes antes de uma apresentacao publica.Tambem parece que eles sao mais eficazes no controle do medodo palco, com efeitos colaterais minimos ou sem efeitos colaterais,do que os benzodiazepinicos, que podem reduzir a ansiedade sub­jetiva, mas nao otimizar 0 desempenho, podendo ter urn efeitoadverso sobre a perspicacia,

Transtornos de Ansiedade 185

Page 181: Transtornos de ansiedade

Nos ultimos anos, antidepressivos mais novos foram testa­dos e demonstraram eficacia no tratamento da fobia social, resul­tando no faro de os ISRSs se tornarem 0 tratamento de prirneiralinha para este transtomo. Embora tenham side investigados em

Inibidores seletivos da recaptacao de serotonina

Tradicionalmente, os benzodiazepfnicos tarnbem pareciampromissores e foram utilizados no tratamento da fobia social ge­neralizada, apesar das preocupacoes freqiientes sobre seu uso.Varies estudos abertos relataram resultados positives: em urn es­tudo controlado, verificou-se que 0 clonazepam, em doses de 0,5-3,0 mg/dia (dose media de 2,4 mg/dia) foi superior ao placebo,com urna taxa de resposta de 78% e com melhora na ansiedade,esquiva e desempenho sociais, bern como na auto-avaliacao ne­gativa (Davidson et al., 1993). 0 alprazolam foi tambern consi­derado superior ao placebo, com resultados cornparaveis a fe­nelzina e a terapia cognitivo-comportamental. No entanto, os par­ticipantes do estudo do grupo do alprazolam tiveram a mais altataxa de recidiva dois meses ap6s a descontinuacao do tratamento(Gelernter et al., 1991). Dada a sua meia-vida mais longa, 0 clo­nazepam e uma opcao melhor que 0 alprazolam. Ambos tern van­tagens, como urn infcio de ar;ao relativamente rapido e boa tole­rancia. As desvantagens sao 0 potencial para abuso, sintomas deabstinencia na retirada da medicacao, recidiva e ineficacia paradepressao co-morbida. Os benzodiazepinicos nao sao considera­dos urn tratamento de primeira linha para a fobia social.

Benzodiazepfnicos

dos Unidos, poderem substituir os IMAOsno tratarnento da fobiasocial, porque eles sao mais bem tolerados e nao requerem restri­r;6es na dieta. No entanto, os achados foram decepcionantes, evaries estudos agora demonstraram que um dos IRMOs, amoclobemida, e, no maximo, muito modestamente eficaz, ou ateineficaz, na fobia social (The International Multicenter ClinicalTrial Group on Moclobemide in Social Phobia, 1997; Noyes et al.,1997; Schneier et al., 1998).

186 Hollander & Simeon

Page 182: Transtornos de ansiedade

Outras opcoes parecem ser promissoras no tratamento dafobia social. Abuspirona, urn agonista de 5-HT1A, pareceu inicial­mente promissora em urn estudo aberto (Schneier et al., 1993),mas um estudo controlado subsequente nao mostrou eficacia (vanVliet et aI., 1997). E concebfvel que doses mais altas que os 30mg/dia usados no Ultimo estudo poderiam ter sido mais benefi­cas. Um estudo aberto da nefazodona revelou alguma eficacia dotratamento (VanAmeringen et al., 1999), e esta droga pode ser

Outros medicamentos

varies estagios, nao ha razao para se acreditar que os ISRSsdife­rem urn do outro em sua eficacia na fobia social; eles em geralsao bem tolerados, faceis de administrar e monitorar, e usadosem doses-padrao comparaveis aquelas utilizadas na depressao. Aparoxetina e atualmente aprovada pela FDApara 0 tratamentoda fobia social, com eficacia demonstrada em dois estudos con­trolados (Baldwin et al., 1999; Stein et al., 1998), nos quais cer­ca de metade a dois tercos dos pacientes responderam ao trata­mento agudo, com doses medias de aproximadamente 40 mg/dia. Em urn estudo controlado, 150 mg/dia de fluvoxamina du­rante 12 semanas resultaram em uma melhora substancial em460/0dos pacientes, comparada com uma melhora de 7% no gru­po do placebo (van Vliet et al., 1994); tais resultados foram cor­roborados em urn estudo subseqiiente mais amplo, com uma dosemedia comparavel de 200 mg/ dia e urn Indice de resposta de430/0(Stein et al., 1999). Dos 20 pacientes tratados abertamentecom sertralina durante pelo menos oito semanas, 80% mostra­ram alguma melhora de sua fobia social (VanAmeringen et al.,1994), e a eficacia da sertralina foi duplicada em um estudo con­trolado por p1acebo com doses de 50-200 mg/dia (Katzelnick etal., 1995). Um recente estudo amplo de 20 semanas comparandosertralina versus placebo confirmou a eficacia da droga, com umadosagem flexivel de ate 200 mg/dia e um Indice de resposta de530/0(VanAmeringen er al., 2001). Esse achado conduziu a apro­vacao pela FDAdo uso da sertralina para a fobia social. Um Indi­ce de resposta similar foi encontrado em um estudo aberto dafluoxetina (VanAmeringen et al., 1993) e em urn estudo abertodo citalopram (Bouwer e Stein, 1998).

Transtornos de Ansiedade 187

Page 183: Transtornos de ansiedade

Os avances das duas ultimas decadas na farmacoterapiado transtorno obsessivo-compulsivo foram bastante drarnaticose geraram muita expectativa com relacao ao tratamento bern­sucedido deste transtorno. 0 que era anteriorrnente considera­do uma doenca rara, psicodlnamicamente onerosa e dificil detratar parece agora ter urn forte componente bio16gico e res-

• TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO

As medicacoes nao se mostraram eficazes no tratamento defobia especffica. Tendo como base 0 mimero limitado de estudosdisponfveis, os ADTs,os benzodiazepfnicos e os beta-bloqueadoresem geral nao parecem uteis para 0 tratamento de fobia especffi­ca. Urn estudo recente, muito pequeno e controlado - em que 11pacientes foram aleatoriamente design ados ao placebo ou aparoxetina em dosagens de ate 20 mg/dia durante quatro sema­nas -, mostrou que urn entre seis pacientes respondeu ao placebo,e tres entre cinco, a paroxetina (Benjamin et aI., 2000). Outrosestudos dos agentes serotoninergicos podem ser justificados .

• FOBIA ESPECfFICA

uma boa opcao para pacientes que nao conseguem tolerar osISRSs. Similarmente, dois pequenos estudos abertos davenlafaxina - em pacientes para os quais os ISRSsnao foram efi­cazes - relataram melhora clinica (Altamura et al., 1999; Kelsey,1995). A bupropiona e 0 antidepressivo menos estudado, maspode ter alguma eficacia na fobia social (Emmanuel et al., 1991).Finalmente, a gabapentina anticonvulsivante pertence a outra clas­se de medicacao estudada em urn ambiente controlado e, porisso, merecendo seria consideracao como urn tratamento de se­gunda linha, caso os ISRSsmostrern-se ineficazes ou nao-tolera­dos. Embora a gabapentina ainda nao tenha sido diretarnente com­parada aos ISRSs, administrada isoladamente ou como comple­mentacao, urn estudo controlado por placebo demonstrou queela e superior ao placebo em uma dosagem media de cerca de2.900 mg/dia, com urna taxa de resposta de aproximadamente40% dos individuos (Pande et al., 1999).

188 Hollander & Simeon

Page 184: Transtornos de ansiedade

o primeiro medicamento extensivamente estudado para 0tratamento do TOC foi a clomiprarnina, urn potente inibidor darecaptacao de serotonina com urn fraco bloqueio da recaptacaode norepinefrina. Uma serie de estudos duplo-cegos bern contro­lados documentou inquestionavelmente a eficacia da clomipra­mina na reducao dos sintomas do TOC (Ananth et al., 1981;Flament et al., 1985; Insel et al., 1983; Thoren et al., 1980). 0maior desses foi urn estudo multicentrico comparando a clo­mipramina com 0 placebo em mais de 500 pacientes com TOC,estudo que conduziu a aprovacao desse tratamento pela FDA.Emurna dosagem media de 200-250 mg/dia de clomipramina, a re­ducao media nos sintomas do TOCfoi de cerca de 40%, e aproxi­madamente 60% de todos os pacientes apresentaram melhora ougrande melhora clinica (Clomipramine Collaborative Study Group,1991). 0 indice muito baixo de resposta ao placebo, 2%, docu­menta que 0 TOCe urn transtorno cronico com remissoes espon­taneas infrequentes. Caracteristicamente os pacientes devem ini­ciar com 25 mg de clomipramina na hora de deitar, e entao adose e gradualmente aurnentada 25 mg a cada quatro dias, ou 50mg por semana, ate se atingir urna dosagem maxima de 250 mg.Alguns pacientes nao conseguem tolerar a dose mais elevada epodem ser estabilizados em 150-200 mg. A melhora com aclomipramina e relativamente lenta, com a eficacia maxima ocor­rendo ap6s 5 a 12 semanas de tratamento. Alguns dos efeitoscolaterais mais comuns relatados pelos pacientes sao boca seca,tremor, sedacao, nauseas e falha na ejaculacao nos homens. 0risco de convulsao em dosagens de ate 250 mg/dia e comparavelaquele de outros ADTse aceitavel na ausencia de historia neuro­logica anterior. A clomipramina e igualmente eficaz para pacien­tes com TOC que apresentam apenas obsessoes e para aquelescom rituais - em contraste com os tratamentos comportamentais,que sao menos uteis para pacientes que exibem predominan­temente obsessoes, Embora urn estudo tenha comprovado urn

Clomipramina

ponder bern a potentes inibidores da recaptacao de serotonina.A abordagem de tratamento farmacol6gico para 0 TOC esta re­sumida na Tabela 6.4.

Transtornos de Ansiedade 189

Page 185: Transtornos de ansiedade

Nota. IMAQ= inibidor da monoaminoxidase; TOe = transtorno obsessive­compulsivo; ISRS = inibidor selenvo da recaptacao de serotonina; PANDAS= transtorno neuropsiqulatrico auto-imune pediatrico associado a infeccoespor estreptococos.

Inibidoresda recapta~io de serotoninaIndicar;oes gerais: Tratamentos de primeira Iinha; doses moderadas

a altas

Medicamentos especfficosFluoxetina, fluvoxamina, paroxetina, sertralina: eficacia demonstradaem grandes ensaios clinicos controladosCitalopram: menos estudado, eficacta similar a de outros ISASsClomipramina: eflcacia demonstrada em multiples estudos controlados;pode ter uma leve superioridade sobre os ISASs; tipicamente naousada ate que pelo menos dois ISASs tenham falhado, devido aoseu perfil de efeitos colaterais; pode ser usada em doses baixas emcomblnacao com os ISASs em TOe retratarto a tratamento. Os niveisde clomipramina e desmetilclomipramina devem ser acompanhadosde perto para a toxicidade

Complementa~ioIndicar;oes gerais: Aesposta parcial aos inibidores da recaptacao de

serotonina; presence de outros sintomas-alvo

Medicamentos especfficosPimozida: transtomos de tiques co-rnorbidos ou personalidadeesquizotipica co-motbldaHaloperidot. transtomos de tiques co-rnorbidos ou personalidadeesquizotipica co-rnorbtda

Risperidona: complementayiio eficaz em estudo controlado,independentemente de tiques ou de esquizotipiaOlanzapina: eficaz em estudo aberto e controladoPindolot. eficaz em estudo controladoClonazepam: eficaz em estudo controlado para ansiedade muito altaco-m6rbidaBuspirona: um estudo positivo, tres negativosUtio: ineficaz em estudo controladoTradozona: ineficaz em estudo controladoIMAOs: raramente mostraram qualquer evidencia de eficaciaantiobsessional; possivelmente fenelzina para obsessoes de simetria

QuIrosmedicamentosClomipramina intravenosa: eficacia em estudo controlado para TOerefratarlo a tratamentoTroca de plasma e imunoglobulina intravenosa: eficaz em criancas comTOe relacionado a estreptococos (PANDAS)

TABELA 6.4 Tratamento farmacol6gico do transtorno obsessivo-oompulsivo

190 Hollander & Simeon

Page 186: Transtornos de ansiedade

Estudos com os inibidores seletivos da recaptacao deserotonina corroboraram mais ainda a hip6tese de que a melhoranos sintomas do TOC e mediada pelo bloqueio da recaptacao deserotonina. as lSRSs passaram a ser essencialmente tao eficazesquanto a clomipramina. Quatro lSRSs (fluoxetina, fluvoxamina,sertralina e paroxetina) tern indicacoes da FDApara 0 TOC, edois (fluvoxarnina e sertralina) tern indicacao para 0 TOCpediatrico. Urn estudo controlado comparando a clomipramina ea fluoxetina no TOC nao encontrou uma diferenca irnportante naeficacia entre as duas drogas (Pigott et a1., 1990), ernbora a res­posta a fluoxetina tenha parecido urn pouco menos robusta que aresposta a clomipramina. Alem disso, considerou-se que afluvoxamina e a clomiprarnina tern eficacia similar no tratamen­to do TOC (Mundo et al., 2000). Muitos estudos amplos centro­lados emergiram na decada de 1990, documentando bern a efica­cia de todos os ISRSspara este transtorno. Dernonstrou-se que afluoxetina e superior ao placebo no tratamento do TOC,em dosa­gens de 20-60 mg/dia, com maior eficacia em dosagens mais al­tas (Montgomery et al., 1993; Tollefson et a1., 1994). Similar­mente, foi demonstrado que a fluoxetina e segura e eficaz notratamento do TOC em criancas (Riddle et a1., 1992).

Tambernencontrou-se, em varies estudos, que a fluvoxarninatern urn efeito antiobsessivonotavel (Goodman et a1.,1989, 1990b;

Inibidores seletivos da recapta{;80 de serotonina

maior efeito da clomipramina comparada com 0 placebo apenasno subgrupo mais deprimido (Marks et a1., 1980), a maioria dosestudos encontrou fortes efeitos antiobsessivos especificos inde­pendentemente dos sintomas depressives (Ananth et al., 1981;Clomipramine Collaborative Study Group, 1991; Flament et al.,1985; Insel et al., 1983; Thoren et al., 1980). Estudos controladostarnbem demonstraram que a clomipramina e eficaz no tratamentodo TOC quando outros antidepressivos, como a amitriptilina, anortriptilina, a desipramina e a clorgilina lMAO,nao tiveram efeitoterapeutico (Ananth et al., 1981; lnsel et aI., 1983; Leonard eta1., 1989; Thoren et aI., 1980; Zohar e lnsel, 1987). Tal achadosugere fortemente que a melhora nos sintomas do TOCe mediadapelo bloqueio da recaptacao de serotonina.

Transtornos de Ansiedade 191

Page 187: Transtornos de ansiedade

Jenike et al., 1990a; Perse et al., 1987), com eficacia cornparavelada clomipramina (Freeman et al., 1994; Koran et al., 1996).Goodman e seu grupo mostraram que a fluvoxamina e superior adesipramina no tratamento do TOe, com 52% dos pacientes exi­bindo uma melbora clinica marcante independentemente da de­pressao inicial (Goodman et al., 1990b). A dose diaria requeridae titulada ate urn maximo de 300 mg. A formulacao de liberacaocontrolada da fluvoxamina tambem demonstrou eficacia docu­mentada no TOC (Hollander et al., no prelo, a). Alem disso, aeficacia da fluvoxamina para 0 TOCfoi demonstrada para adoles­centes, em doses de 100-300 mg/dia (Apter et al., 1994). Aefica­cia deste farmaco no tratamento do TOCpediatrico, dos oito aos17 anos de idade, foi tarnbem confirmada em urn estudomulticentrico usando doses de 50-200 rng/dia. Dos indivfduos doestudo, 420/0responderam bern, tendo side definidos como apre­sentando uma melbora sintomatica de 25%, e a medicacao foibern tolerada no grupo pediatrico; astenia e insonia foram os efei­tos colaterais mais comuns (Riddle et al., 2001).

A sertralina e outro inibidor da recaptacao de serotoninacuja eficacia para 0 TOC foi estabelecida. Embora urn estudoinicial controlado por placebo nao tenha revelado efeito benefi­co (Jenike et al., 1990b), estudos subseqiientes demonstraramque a sertralina e superior ao placebo, em doses que variam de50 a 200 mg/dia (Chouinard, 1992; Greist et al., 1995a; Kroniget al., 1999). A resposta comecou a aparecer na terce ira semanade tratamento e ja era bastante visivel na oitava semana (Kroniget al., 1999). Similarmente, em urn grande estudo multicentrico,a sertralina em doses de ate 200 mg/dia foi considerada eficazno tratamento do Toe pediatrico em pessoas com 6 a 17 anosde idade. Mais uma vez, a melbora comecou a aparecer em tor­no da terceira semana, e 42% das criancas mostraram urna me­lhora significativa ap6s 12 semanas de tratamento. A medica­c;ao foi em geral bern tolerada, e os efeitos colaterais mais co­muns foram agitacao, insonia, nausea e tremor (March et al.,1998).

Aparoxetina, em doses de 40 mg/dia e 60 mg/dia, demons­trou ser superior ao placebo no TOC.A melhora continua duran­te urn periodo adicional de seis meses e, ap6s descontinuacaoduplo-cega, as taxas de recidiva sao incrivelmente mais baixoscom a paroxetina do que com 0 placebo (Hollander et al., no

192 Hollander & Simeon

Page 188: Transtornos de ansiedade

E importante ter em mente que a resposta a medicacao noToe nao e tao drarnatica quanto, por exemplo, na depressaomaior; urn numero consideravel de pacientes mostra uma res­posta insignificante ou parcial as medicacoes de prime ira linha.Como uma regra pratica util, e born lembrar que aproximada-

Estrategias de complementaeac

prelo, b). 0 citalopram nao foi tao extensivamente estudado notratamento do Toe em adultos, mas parece ser eficaz. No TOepediatrico, tanto a paroxetina (Rosenberg et al., 1999) quanta 0citalopram (Thomsen, 1997) foram considerados eficazes e segu­ros em estudos abenos.

Embora a clomipramina pareca ter urna vantagem na eficaciadocumentada para 0 tratamento do Toe em estudos de metana­lise, nao foram conduzidas comparacoes sistematicas satisfato­rias dos varies inibidores da recaptacao de serotonina, conside­rando beneffcios e efeitos colaterais. Dada a eficacia similar des­sas cinco medicacoes para 0 TOe, urn estudo prospectivo extre­rnamente amplo teria de ser realizado para demonstrar pequenasmas imponantes diferencas entre as varias medicacoes. Tres es­tudos de metanalise trataram essas questoes por meio de analisesretrospectivas dos dados de tratamento de estudos passados, eestes corroboraram uma superioridade pequena, porem impor­tante, da clomipramina sobre os ISRSs (Greist et al., 1995b;Piccinelli et al., 1995; Stein et al., 1995). No entanto, a possibili­dade da aplicacao clinica desse achado pode ser, na verdade, li­mitada, porque, na pratica clinica, a tolerancia real ou esperadaas diferentes medicacoes em geral precede pequenas diferencasna eficacia. Os ISRSs sao mais bern tolerados do que a clomi­pramina pela maioria dos pacientes, devido aos fortes efeitoscolaterais anticolinergicos desta Ultima; por isso, eles se torna­ram a primeira linha de tratamento bern estabelecido para 0 Toe.Se os pacientes nao apresentam uma boa resposta a urn estudoadequado de pelo menos dois ISRSs, deve ser realizada comple­mentacao com clomipramina ou substituicao pela mesma; 0 in­verso tambem e verdadeiro. Avenlafaxina, IRSN,rambem se mos­trou eficaz em pequenos estudos do Toe e do Toe resistente aoISRS (Ravizza et al., 1995).

Transtornos de Ansiedade 193

Page 189: Transtornos de ansiedade

mente 40-60% dos pacientes com TOC melhoram cerca de 30-600/0com uma droga de primeira linha. Por isso, varias estrate­gias de combinacao e complementacao sao frequentemente ne­cessarias para se conseguir uma resposta satisfat6ria. Os agen­tes de complementacao mais comumente usados - infelizmentemuitas vezes sem achados cientificos fortes corroborando suaeficacia - sao buspirona, litio, triptofano, trazodona, clonazepam,risperidona, olanzapina, pindolol, desipramina e inositol. Comoessas estrategias de complementacao passaram a ser mais rigo­rosamente testadas nos ultimos anos, muitas dessas drogas, comexcecao dos atfpicos risperidona ou olanzapina, nao parecemtao promissoras quanto se imaginou incialmente. AMm disso,dadas as opcoes de tratarnento relativamente limitadas, e melhorque tais estrategias sejam seguidas sequencialmente, comecandocom as mais instigantes. Os achados a favor ou contra os variesagentes de cornplementacao para 0TOCestao resumidos a seguir.

Embora um pequeno estudo inicial tenha relatado uma efi­cacia similar para a clomipramina e para a buspirona administra­das isoladamente no tratamento do TOC (Pato et al., 1991), tresoutros estudos nao conseguiram mostrar urn beneficio significa­tivo para a complementacao com buspirona em pacientes trata­dos com clomipramina (Pigott et al., 1992a), fluoxetina (Gradyet al., 1993) ou fluvoxamina (McDougle et aI., 1993b). Se com­provadas, dosagens mais elevadas de 30-60 mg/dia devern ser 0objetivo. 0 estudo controlado de complementacao dos ISRSscomlftio nao detectou nenhum beneficio (McDougle et at, 1991a;Pigott et al., 1991). Um estudo controlado da trazodona adminis­trada isoladamente no TOC tambern nao rnostrou beneficio emcomparacao com 0 placebo (Pigott et aI., 1992b). Urn estudo cru­zado controlado demonstrou que 0 clonazeparn foi eficaz em 40%dos individuos com TOC que nao tinharn sido ajudados pelaclomipramina (Hewlett et al., 1992); 0 clonazepam pode tam­bern ser util para os niveis de ansiedade rnuito altos frequente­mente associados ao TOC.As evidencias em apoio a terapia cornlMAOsao rnuito fracas, apesar de urn relata positivo (Vallejoetal., 1992), possivelrnente com excecao de algurn beneficio pro­porcionado pela fenelzina para obsessoes de sirnetria (Jenike etal., 1997). Urn estudo controlado da trazodona (Pigott et aI.,1992b) e urn estudo de complementacao controlado da desi-

194 Hollander & Simeon

Page 190: Transtornos de ansiedade

pramina (Barr et a1., 1997) foram negativos. Em urn pequenoestudo aberto, 10 pacientes com TOCque nao haviam sido ajuda­dos por inibidores da recaptacao de serotonina foram tratadoscom complementacao de inositol, na dosagem de 18 mg/dia,durante seis semanas; somente tres pacientes relataram melhoraclinicamente significativa, deixando 0 inositol como urna opcaode eficada obscura (Seedat e Stein, 1999).

Os antipsicoticos constituem uma classe de medicacao im­portante que pode ser usada com sucesso para complementar aresposta parcial aos inibidores da recaptacao de serotonin a noTOC.McDougle e colaboradores foram os primeiros a relatar quecerca de 50% dos pacientes com TOC melhoraram perceptivel­mente quando a pimozida foi adicionada a fluvoxamina(McDougle et a1., 1990); transtornos de tique ou da personalida­de esquizotfpica co-m6rbidos foram preditores de urna boa respos­ta, confirmando a hip6tese de que 0 sistema dopaminergico podeser desregulado em pelo menos um subgrupo de pacientes comTOC (Goodman et al., 1990a). Os pacientes com TOC que apre­sentam transtomos de tique co-morbidos podem, na verdade, naoresponder tao bem a monoterapia com ISRS (McDougle et al.,1993a) e parecem responder bem a cornplementacao comhaloperidol (McDougle et al., 1994). Nos ultimos anos, osanripsicoticos atipicos tern recebido uma atencao crescente comouma importante estrategia de complernentacao para 0 TOC, in­dependentemente de tiques ou esquizotipia co-m6rbidos, e essaestrategia e atualmente confirmada por estudos controlados. Arisperidona tem sido usada com sucesso como complementacaoem estudos abertos, com bons resultados para imagens mentaisterriveis, melhores do que para transtornos de tique co-morbidos(Saxena et al., 1996). Em urn estudo aberto de oito semanas, emque 3 mg/dia de risperidona foram adicionados a urn ISRSem 20pacientes com TOCrefratario, todos os pacientes foram descritoscomo exibindo alguma melhora (Pfanner et al., 2000). Um estu­do controlado e mais instigante de seis semanas de risperidonaem pacientes refratarios a urn inibidor da recaptacao de serotonin aencontrou uma melhora significativa em metade dos pacientes(McDougle er a1., 2000); tal resposta nao foi associada a presen­ca ou nao de tiques ou esquizotipia. Quatro pacientes pediatricoscom TOCrefratario tambem foram descritos como tendo respon-

Transtornos de Ansiedade 195

Page 191: Transtornos de ansiedade

dido a cornplementacao com risperidona (Fitzgerald et al., 1999).A olanzapina parece tao promissora quanta a risperidona. Em urnestudo aberto de complementacao com tres meses de duracaosobre 0 uso da olanzapina em pacientes comToe que nao respon­deram a fluvoxamina, quase metade dos pacientes mostrou umamelhora notavel (Bogetto et al., 2000). Similarmente, foram obser­vados beneffcios na maloria dos individuos com resposta parciala urn ISRScomplementado abertamente com olanzapina duranteoito semanas (Weisset al., 1999). Emurna amostra de nove pacien­tes com TOCcuja condicao era refrataria ao tratamento e para osquais tres estudos usando inibidores da recaptacao de serotoninanao comprovaram melhora, tres exibiram pelo menos urna melho­ra de 30% com oito semanas de complementacao de olanzapinaem dosagens de 2,5-10,0 mg/dia (Koran et al., 2000). Na conside­racao dos antipsic6ticos, deve-se levar em conta 0 relata de que 0antipsic6tico atipico clozapina piora 0 Toe quando usado comomonoterapia (Baker et al., 1992; Ghaemi et al., 1995).

Alern dos antipsicoticos, 0 pindolol e 0 unico medicamentoadicional que se comprovou urn agente de complementacao iitilem urn estudo controlado (Dannon et al., 2000). Urn total de 14pacientes com TOC refratario a tratamento, cuja condicao naomelhorou em tres estudos de ISRS, recebeu complementacao deparoxetina com pindolol ou placebo durante seis semanas. Com­parado com 0 placebo, 0 pindolol na dosagem de 2,5 mg tresvezes ao dia foi notavelmente superior na reducao dos sintomasdo Toe.

A combinacao da clomipramina com urn ISRS e tarnbemuma estrategia comurnente usada para tratar pacientes cujo TOee refratario ao tratamento, e a combinacao e, em geral, bern tolera­da. No entanto, devem ser usadas doses menores de clomipraminado que seria prescrito se tomadas independentemente - e os niveissangiiineos devem ser monitorados - para evitar toxicidade, por­que os niveis de clomiprarnina podem se tomar significativamen­te elevados (Szegedi et al., 1996). Em urn estudo pequeno erandomizado em pacientes com TOC refratario a tratamento, 0citaloprarn combinado com a clomipramina conduziu a uma me­lhora muito maior do que 0 citalopram administrado isoladamente(Pallanti et al., 1999).

196 Hollander & Simeon

Page 192: Transtornos de ansiedade

Quando as medicacoes orais nao sao eficazes 0 bastante noToe altamente refratario, outras opcoes podem ser consideradas- incluindo, e claro, as tecnicas cognitivo-comportamentais des­critas no Capitulo 7 (se estas ainda nao tiverem sido instiruidas),assim como varias outras intervencoes biol6gicas. A terapiaeletroconvulsiva tambem pode ser considerada em condicoes al­tamente refratarias, embora sua eficacia seja discutfvel (Maletzkyet al., 1994). A clomipramina intravenosa obteve sucesso em al­guns pacientes cujo TOe e refrarario a tratamento comclomipramina oral (Fallon et al., 1992; Warneke, 1985). Em urnestudo controlado mais recente com 54 pacientes com TOe cujacondicao era refrataria a clomipramina oral, a clomipraminaintravenosa provou-se mais eficaz do que 0 placebo intravenoso;58% dos participantes do estudo experimentaram sintomas re­fratarios menos intensos, e 0 tratamento foi tolerado com segu­ranca (Fallon et al., 1998). A troca de plasma e a imunoglobulinaintravenosa foram consideradas eficazes na reducao da gravida­de dos sintomas em criancas com Toe desencadeado por infec­t;ao estreptoc6cica (Perlmutter et al., 1999), mas 0 tratamento detroca de plasma nao ajudou criancas cujo Toe nao teve exacer­bacoes relacionadas a estreptococos (Nicolson et al., 2000).

Emcasosextremosde TOerefratarioa tratamento empacientesgravemente comprometidos, a neurocirurgia pode ser consideradaEmuma analise retrospectiva completa, Jenike e seu grupo (Jenikeet al., 1991) estimaram que em pelo menos 25-30% dos pacien­tes a cinguiotornia resultou em uma melhora notavel. Esse indicede resposta foi confirmado em urn estudo de cingulotorniaprospectivo com dois anos de duracao (Baer et al., 1995). UmIndice de resposta comparavel de 38% foi relatado em outro es­tudo de 10 anos de acompanhamento ap6s cirurgia estereotatica(Hay et al., 1993). As diretrizes para 0 uso de tecnicasneurocirurgicas no tratamento de Toe grave e refratario, inclu­indo selecao, tratamentos fracassados documentados, indicacoes,contra-indicacoes, beneficios, riscos e planejamento, foram am­plamente examinadas em outra publicacao (Mindus e Jenike,

Tratamento do transtornoobsessivo-compulsivo refratario

Transtornos de Ansiedade 197

Page 193: Transtornos de ansiedade

Embora nao haja preditores definitivos de resposta ao trata­mento com medicacao, varies fatores parecem indicar urn prog­nostico insarisfatorio: idade precoce no infcio da doenca, dura­~ao mais prolongada do transtorno, maior frequencia dacompulsao, rituais de limpeza, urn curso cronico, hospitalizacoesanteriores e a presenca de transtomo da personalidade esquiva,borderline ou esquizotfpica (Ackerman et aI., 1994; Baer e Jenike,1992; Baer et al., 1992; Ravizza et al., 1995). Recentemente, urnaavaliacao de 274 pacientes com TOC nao encontrou diferencasem idade, genero, idade no infcio da doenca, duracao da mesmaou subtipos de sintomas entre os indivfduos que responderam enao responderam a medicacao. Os pacientes que responderam amedicacao tiveram urna incidencia mais alta de hist6ria familiarde tiques, inlcio repentino do TOCe urn curso epis6dico da doen­ca. Os que nao responderam a medicacao tinham uma sinto­matologia mais grave, menor insight do seu TOC e transtomoalimentar co-morbido (Hollander et al., 2001).

o TOC tende a ser urna doenca cronica, e muitos pacientesrequerem medicacao a longo prazo para permanecerem bem. Emgeral, a continuacao a longo prazo do tratamento com medicacaomantern urna boa resposta ao tratamento; essa premissa e ampla­mente confirmada no tratamento clinico e foi validada por urnestudo duplo-cego, com urn ano de duracao, da manutencao desertralina, comdosagens de manutencao de 50-200 mg/dia (Greistet al., 1995c). Em urn esrudo subsequente, os pacientes que man­tiverarn sua resposta no esrudo de Greist receberam mais urn anode tratamento de manutencao com sertralina nas mesmas doses

Preditores e curso do tratamento

1992). Urn exame recente de 29 pacientes que sofreram capsulo­tomia entre 1976 e 1989 no KarolinskaHospital (Estocolmo,Suecia)descobriu que esse procedimento foi aplicado com sucessoem lesaona regiao media do como anterior da capsula intema (Lippitz etal., 1999). A cirurgia com bisturi gama e a estimulacao cerebralprofunda estao sendo atualmente estudadas no TOC.Mais recen­temente, foi experimentada estimulacao magnetica transcranianano TOC e parece ser promissora, mas requer mais estudo(Greenberg et al., 1997).

198 Hollander & Simeon

Page 194: Transtornos de ansiedade

Kolb e colaboradores trataram 12 veteranos da Guerra doVietna com TEPT em urn estudo aberto do beta-bloqueadorpropranolol durante urn periodo de seis meses (Kolbet al., 1984).A dosagem variou de 120 mg/dia a 160 mg/dia. Dos partidpan­tes do estudo, 11 relataram mudancas positivas na auto-avalia­~ao no final do periodo de seis meses, incluindo menos ataquesexplosivos, menos pesadelos, melhora do sono e uma reducaonos pensamentos intrusivos, no estado de alerta excessivo e nas

Bloqueadores adrem!rgicos

Varies agentes psicofarmacol6gicos diferentes foram usadosno tratamento do transtorno de estresse pos-traumarico (TEPT),sendo descritos na literatura como relatos de caso, ensaios clini­cos abertos e estudos controlados. Esses agentes estao apresenta­dos a seguir e resumidos na Tabela 6.5. Nos tiltimos anos, os ISRSse outros agentes serotoninergicos emergiram como 0 tratamentofarmacol6gico de primeira linha do TEPT.

• TRANSTORNO DE ESTRESSE POS-TRAUMATICO

e, nesse perfodo, mantiveram seus ganhos ou ate melhoraramurn pouco (Rasmussen et al., 1997). Inversamente, em urn estudode descontinuacao duplo-cego de pacientes comToe que se derambern tomando domipramina durante urn ano, 90%pioraram subs­tancialmente no periodo de sete semanas, quando a medicacaofoi descontinuada (Pato et al., 1988). A mesma taxa de recidivade 90% foi encontrado em urn grupo de adolescentes com Toequando 0 uso cronico de domipramina foi cegamente substituidapor oito semanas de desipramina (Leonard et al., 1991). Maisuma vez, durante urn ano de acompanhamento, os pacientes queforam aleatoriamente designados para continuar com a fluoxetinaem vez de passarem a tomar placebo tiveram indices muito maisbaixos de recidiva (Romano et al., 2001). Ap6s urn acompanha­mento de varies anos, a maioria dos pacientes permaneceu sinto­matica e requereu farmacoterapia continuada; em urna minoriasubstancial (20%), a condicao permanece refrataria a regimes detratamento miiltiplos (Leonard et al., 1993) .

Transtornos de Ansiedade 199

Page 195: Transtornos de ansiedade

(continua)

Outros antidepressivosAntidepressivQSuiciclicos: resultados gerais modestos quando testadosem um delineamento de estudo duple-cegoIMADs: podem ser superiores aos antidepressivos triciclicosespecialmente no que se relere aos sintomas intrusivos

Complementa~aoIndicar;oes gerais: Quando a resposta as op~oes de primeira ltnha nao

sao adequadas e como tratamento adicional de sintomas especilicosdo TEPT ou transtomos co-morbldcs

Medicamentos especfficosClonidina: alguma elicacia demonstrada em tratamento aberto; usadapara pesadelos e flashbacks

Utio: melhora nos sintomas intrusivos e na irritabilidade demonstradaem estudo abertoCarbamazepina: reduz os sintomas intrusives, a raiva e a impulsividadeem tratamento aberto

Acido vetproico: reducao do estado de alerta excessivo e da intrusao,ausencia de torpor, demonstrados em tratamento aberto

Lamotrigina: estudo controlado muito pequeno, alguma eficaciaBuspirona: eficacia em um estudo abertoTriiodotironina: melhora em estudo aberto pequeno, possivelmente viauma resposta antidepressiva

Inibidores seletivos da recapta~ao de serotoninaIndicar;Oesgerais: Tratamento de primeira linha; bem tolerados; dosagem

uma vez ao dia; eflcacla documentada

Medicamentos especificosSertralina: aprovada pela FDA; grandes estudos controladosParoxetina: aprovada pela FDAFluoxetina: grandes estudos controladosFluvoxamina: estudos abertos, eficacla similarCilalopram: estudos abertos, eficacla similar

NefazodonaIndicar;oes gerais: Pr6xima opyao de primeira linha se houver resposta

insuliciente ou intolerancia aos ISRSs; varies estudos abertos, umdeles em pacientes com transtomo refratario a tratamento; nao houveestudos controlados

TABELA 6.5 Tratamento farmacol6gico do transtorno de estressepos-fraurnaflco

200 Hollander & Simeon

Page 196: Transtornos de ansiedade

Ate urna decada arras, a maioria dos relates sobre a farmaco­terapia do TEPTenvolveu 0 uso dos ADTs.Urnestudo retrospectivo

Antidepressivos tricfclicos

reacoes a choques. Outro estudo piloto aberto realizado por essegrupo (Kolb et al., 1984), usando a clonidina, agonista alfanoradrenergico, foi conduzido com nove veteranos da Guerra doVietna com TEPT.Dosagens de clonidina de 0,2-0,4 mg/dia fo­ram administradas durante urn periodo de seis meses. Oito pacien­tes relataram melhoras em sua capacidade de controlar as emo­~6es e reducao dos ataques explosivos. Uma maioria relatou me­lhora no sono enos pesadelos, na reacao a choques, no estado dealerta excessivo e no pensamento intrusivo, bern como melhorapsicossocial. Esses achados confirmam 0 papel da hiperatividadenoradrenergica na manutencao de sintomas de excitacao autono­rna no TEPT.Em uma revisao retrospectiva do tratamento de pa­cientes cambojanos com TEPT,Kinzie e Leung (1989) verifica­ram que a maioria dos pacientes se beneficiou da combinacao daclonidina com urn ADT,em oposicao a urn ou outro medicamentotornado isoladamente. Sao necessaries estudos controlados dosbloqueadores adrenergicos no TEPT.

Nota. As cornparaeoes feitas em qualquer secdo sobre medicarnentos especi­ficos referern-se aos medicarnentos apenas daqueJa secao, a menos que ex­posto de outra forma. FDA= U.S. Food and Drug Administration; lMAO =inibidor da monoaminoxidase; TEPT = transtorno de estresse pos-traumati­co; ISRS = inibidor seletivo da recaptacao de serotonina.

Ciproeptadina: relatos de caso de pesadelos reduzidosBupropiona: sem alteracao no TEPT. mas melhora na dspressao

demonstrada em tratamento abertoTrazodona: usada para transtomo do sonoPrazosin: demonstrou mais eficacla que 0 placebo para os sintomas

do TEPT. especialmente para pesadelos e transtorno do sonoBenzodiazepfnicos: transtomo do sonoDifenidramina: transtomo do sono

TABELA 6.5 Tratamento farmacol6gico do transtorno de estressepos-treumanco (continua~o)

Transtornos de Ansiedade 201

Page 197: Transtornos de ansiedade

Urnestudo inicial dos IMAOsdescreveu cinco pacientes com"neurose de guerra traumatica", nos quais a fenelzina, em doses

Inibidores da monoaminoxidase

realizado por Bleich e colaboradores em 25 pacientes com TEIYrtratados comvaries antidepressivosdiferentes, incluindo os ADTseos 1MA0s,relataram resultados bons ou rnoderados em 67% doscasos (Bleichet al., 1986). A resposta nao foi clararnente relaciona­da a presenca de sintomas de somatizacao,depressao ou ataques depanico. Os antidepressivos pareceram mais uteis do que os princi­pais tranqililizantes. Eles melhoraram os sintornas intrusivos, masos efeitosgeraismais proeminentes foramalivioda insonia e sedacaogera!.Tambemfoiverificadoque em 70% dos casosos antidepressi­vos tern um efeito positivo sobre a psicoterapia.

Burstein (1984), ao adrninistrar a imiprarnina em dosagensde 50-350 mg/dia a 10 pacientes com TEPT de inicio recente,observou urna rnelhora significativa em lembrancas intrusivas,transtorno do sono e dos sonhos e rnern6rias intrusivas (flash­backs). Melhora similar nos sintomas intrusivos foi relatada emurn estudo aberto da desiprarnina (Kauffman et al., 1987). Urnefeito positivo da irniprarnina nos terrores notumos pas-trauma­ticos foi descrito por Marshall (1975).

Posteriormente, foram conduzidos estudos controlados dosADTsno TEPT,mas, em geral, eles nao repetiram 0 sucesso nareducao dos sintomas pos-traumaticos relatado em estudos ante­riores. Emurn estudo cruzado duplo-cego com duracao de quatrosernanas sobre a desipramina e 0 placebo em 18 veteranos comTEPT,somente os sintornas depressivos rnelhorararn; a ansieda­de, os sintornas intrusivos e a esquiva nao se alteraram com aterapia com desipramina (Reist et al., 1989). Davidson e colabo­radores conduziram uma comparacao duplo-cega de quatro a oitosemanas (Davidson et al., 1990) entre arnitriptilina e placebo em46 veteranos com TEPT. Embora a depressao e a ansiedade te­nharn dirninuido, a reducao nos sintornas invasivos e de esquivas6 foi aparente em urn subgrupo de pacientes que completaramoito semanas de arnitriptilina, e essa reducao foi minima. No fi­nal do estudo, cerca de dois tercos dos pacientes de ambos osgrupos de tratarnento ainda satisfaziam os criterios para 0 TEPT.

202 Hollander & Simeon

Page 198: Transtornos de ansiedade

Antigamente, muitos estudos abertos com os ISRSs sugeri­ram que esses medicamentos tiveram pelo menos uma eficaciamodesta para 0 tratamento do TEPT;nos iiltimos anos, os ISRSstomaram-se os medicamentos de escolha para esse transtomo.Varies estudos abertos iniciais da fluoxetina relataram umamarcante melhora nos sintomas do TEPTem uma ampla varied a­de de doses (Davidson et al., 1991; McDougleet al., 1991b; Shay,1992). Subsequentemenre, em urn estudo duplo-cego comparan­do fluoxetina e placebo, a primeira conduziu a uma significativareducao da sintomatologia do TEPT,especialmente dos sintomasde excitacao e torpor (van derKolketal., 1994). Urnestudo abertoinicial da sertralina (Brady et al., 1995) tambem constatou bene­ffcios para 0 TEPT.A sertralina e atualmente aprovada pela FDApara 0 tratamento do transtorno, ap6s dois grandes estudos con­trolados terem documentado sua eficacia recentemente. Em urnestudo multicentrico de 12 semanas controlado por placebo, asertralina em doses de 50-200 mg resultou em notaveis beneff­cios, que cornecaram a aparecer na segunda semana. 0 fndice deresposta entre os participantes do estudo foi maior que 50%, e amelhora tanto dos sintomas de torpor quanto de excitacao (mas

Inibidores seletivos da recaptacac de serotonina

de 45-75 mg/dia, melhorou os sintornas, incluindo sonhos trau­maticos, mem6rias intrusivas (flashbacks), reacoes a choques eacessos de raiva violentos (Hogben e Cornfield, 1981). Ataquesde panico tambem foram descritos em todos os pacientes desseestudo. Efeitos positivos da fenelzina sobre os sintomas pos-trau­maticos intrusivos foram relatados em pequenos estudos abertosposteriores (Davidson et al., 1987; van der Kolk, 1983).

Subseqiientemente, urn estudo duplo-cego randomizado comduracao de oito semanas comparou fenelzina (71 mg), imipramina(240 mg) e placebo em 34 veteranos de guerra com TEPT (Franket al., 1988). Os dois antidepressivos resultararn em alguma me­lhora geral nos sintomas pos-traumaticos dos pacientes, e afenelzina tendeu a ser superior a imipramina. A melhora maismarcante foi a reducao dos sintomas intrusivos em pacientes queestavam tomando fenelzina, com uma media de 60% de reducaona medida da escala de intrusao,

Transtornos de Ansiedade 203

Page 199: Transtornos de ansiedade

Varies estudos abertos descreveram os beneffcios com 0 tra­tamento com nefazodona. Urnestudo de 12 semanas usando urna

Outros medicamentos

Em urn pequeno estudo aberto do Iltio no tratamento doTEPT, van der Kolk (1983) relatou melhora nas lembrancasintrusivas e na irritabilidade em mais da metade dos pacientestratados. No entanto, nao houve estudos controlados. Em urn es­tudo aberto da carbamazepina realizado em 10 pacientes comTEPT,Lipper e seu grupo (Lipper et al., 1986) relataram urnamelhora de moderada a grande nos sintomas intrusivos em setepacientes. Wolfe colaboradores relataram reducao na impulsivi­dade enos acessos de raiva em 10 veteranos de guerra que foramtambern tratados com carbamazepina (Wolf et al., 1988); todosos pacientes tiveram resultados normais em eletroencefalogramas(EEGs). Inicialmente relatou-se que 0 acido valpr6ico reduziu airritabilidade e os acessos de raiva em dois veteranos de guerracom TEPT (Szymanski e Olympia, 1991). Mais recentemente, emurn estudo aberto de 16 pacientes tratados com divalproato des6dio durante oito semanas, foi relatada urna notavel reducaonos sintomas de hiperexcitacao e intrusao, mas nao no torpor(Clark et al., 1999a). Em urn estudo muito pequeno, controladopor placebo, da lamotrigina em doses de ate 500 mg/dia, maispacientes pareceram responder a lamotrigina (Hertzberg et al.,1999), 0 que justifica estudos mais amplos.

Establlizadores do humor e anticonvulsivantes

nao a reexperiencia) foi muito maior do que com 0 placebo (Bradyet al., 2000). Resultados muito similares foram relatados em ou­tro grande estudo da sertralina com urn projeto semelhante(Davidson et al., 2001), com urna taxa de resposta de 60% basea­do na analise conservadora da intention to treat. Estudos abertosde outros ISRSs, como a fluvoxamina (De Boer et al., 1992), aparoxetina (Marshall et al., 1998) e 0 citalopram (Seedat et al.,2000, 2001), sugerem eficacia similar no TEPT.A paroxetina foiaprovada pela FDApara 0 uso nesse transtomo.

204 Hollander & Simeon

Page 200: Transtornos de ansiedade

Verificou-seque a estimulacao magnetics transcraniana tevealguma eficacia transit6ria na reducao dos sintomas basicos do

Outros tratamentos sornatlcos

dose media de 430 mg/dia mostrou melhora em todos os tresgrupos de sintomas em pacientes com TEPTanteriormente refra­tario a tratamento (Zisook et al., 2000). Um estudo aberto deoito semanas relatou melhoras similares em pacientes com TEPTcronico (Davis et al., 2000), e outro relate encontrou urn indicede resposta de 60% nos participantes que completaram 0 trata­mento (Davidson et al., 1998); outro trabalho ainda descreveumelhora em todos os 10 pacientes tratados (Hertzberg et al.,1998). Por Isso, a nefazodona parece muito promissora no trata­mento do TEPT,justificando-se urn estudo controlado.

Um pequeno estudo aberto da buspirona relatou que setede oito pacientes experimentaram urna reducao significativa nossintomas do TEPT;nao houve estudos controlados (Duffye Malloy,1994). Em um pequeno estudo aberto, foi relatado que atriiodotironina resultou em urna melhora clfnica significativa emquatro de cinco pacientes com TEPTque s6 responderam parcial­mente aos ISRSs; no entanto, permanece obscuro se essa foi ounao urna resposta a urn antidepressive (Agid et al., 2001). Rela­tou-se que a ciproeptadina produziu urna grande reducao nospesadelos caracteristicos do TEPT (Clark et aL, 1999b; Gupta etaL, 1998). Urn estudo aberto da bupropiona no TEPT relatoumelhora ampla secundaria a reducao da depressao, mas os sinto­mas do TEPT permaneceram fundamentalmente inalterados(Canive et al., 1998).

Um interessante estudo recente relatou a eficacia do pra­zosin, urn agonista alfa.-adrenergico centralmente ativo, em com­paracao com placebo na reducao dos sintomas do TEPT (Raskindet al., 2002). Especificamente, oito veteranos da Guerra do Viemacom TEPT foram tratados com prazosin em urn estudo cruzadoduplo-cego, controlado por placebo, em urna dose media de 10mg/dia, Todos os oito individuos mostraram melhora de mode­rada a marcante no TEPTenquanto tomaram prazosin, com urnaeficacia mais pronunciada para os pesadelos e os transtornos dosono.

Transtornos de Ansiedade 205

Page 201: Transtornos de ansiedade

Ackerman DL,Greenland S, BystritskyA, et al: Predictors of treatmentresponse in obsessive-compulsivedisorder: multivariate analyses from amulticentertrialof clomipramine, J ClinPsychophannacol14:247-254,1994Agid 0, Shalev AY,Lerer B: Triiodothyronine augmentation of selectiveserotonin reuptake inhibitors in posttraumatic stress disorder. J ClinPsychiatry 62:169-173, 2001Altamura AC,PioliR, VittoM, er al: Venlafaxinein social phobia: a studyin selective serotonin reuptake inhibitor non-responders. Int ClinPsychopharmacol 14:239-245, 1999American Psychiatric Association: Diagnostic and Statistical Manual ofMental Disorders, 3rd Edition. Washington, DC, American PsychiatricAssociation, 1980Ananth J, PecknoldJC,VanDen Steen N,et al: Double-blindcomparativestudy of clomipramine and amitripryline in obsessive neurosis. ProgNeuropsychopharmacol Bioi Psychiatry 5:257-262, 1981Apter A,Ratzone G,KingRA,et al: Fluvoxamineopen-label treatment ofadolescent inpatients with obsessive-compulsivedisorder or depression.JAm Acad Child AdolescPsychiatry 33:342-348, 1994BaerL,Jenike MA. Personalitydisorders in obsessive-compulsivedisorder.Psychlatr Clin North Am 15:803-812, 1992BaerL,Jenike MA, BlackDW;et al: Effectof axisII diagnoses on treatmentoutcome with clomipramine in 55 patients with obsessive-compulsivedisorder. Arch Gen Psychiatry 49:862-866, 1992Baer L, Rauch SL, Baliatine HT, er al: Cingulotomy for intractableobsessive-compulsive disorder. Prospective long-term follow-up of 18patients. Arch Gen Psychiatry 52:384-392, 1995Baker RW;Chengappa KN, Baird Jw, et al: Emergence of obsessivecompulsivesymptoms during treatment with clozapine. J ClinPsychiatry53:439-442, 1992Baldwin D, Bobes J, Stein DJ, et al: Paroxetine in social phobia/socialanxiety disorder: a randomized, double-blind, placebo-controlled study.Br J Psychiatry 175:120-126, 1999

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

TEPTem 10 pacientes tratados abertamente; essa tecnica de tra­tamento no TEPT pode justificar mais investigacao (Grisaru etaI., 1998).

211 Hollander & Simeon

Page 202: Transtornos de ansiedade

Ballenger JC, Wheadon DE, Steiner M, et al: Double-blind, fixed-dose,placebo-controlled study of paroxetine in the treatment ofpanic disorder.Am J Psychiatry 155:36-42, 2000Barr LC, Goodman WK, Anand A, et al: Addition of desipramine toserotonin reuptake inhibitors in treatment-resistant obsesstve-compulsivedisorder. Am J Psychiatry 154:1293-1295,1997BellewKM,McCaffertyJP, IyengarM, et al: Paroxetine treatment of GAD:a double-blind, placebo-controlled trial. Paper presented at the annualmeeting of the American PsychiatricAssociation, Chicago, IL,May2000Benjamin J, Levine J, Fux M, et al: Double-blind, placebo-controlled,crossover trial of inositol treatment for panic disorder. Am J Psychiatry152:1084-1086, 1995Benjamin J, Ben-Zion IZ, Karbofsky E, et al: Double-blind, placebo­controlled study of paroxetine for specificphobia. Psychopharmacology(Berl) 149:194-196, 2000BleichA, Siegel B,GarbR, et al: Post-traumatic stress disorder followingcombat exposure: clinical features and psychopharmacologicaltreatment.Br J Psychiatry 149:365-369, 1986Bogetto F, Bellino S, Vaschetto P, et al: Olanzapine augmentation offluvoxamine-refractoryobsessive-compulsivedisorder (OCD):a 12-weekopen trial. Psychiatry Res 96:91-98, 2000Bouwer C, Stein OJ: Use of the selective serotonin reuptake inhibitorcitalopram in the treatment of generalized social phobia. J AffectDisord49:79-82, 1998Boyer W: Serotonin uptake inhibitors are superior to imipramine andalprazolam in alleviating panic attacks: a meta-analysis. Int ClinPsychopharmacol 10:45-59, 1995Brady KT,Sonne SC, Roberts JM: Sertraline treatment of comorbidposttraumatic stress disorder and alcohol dependence. J Clin Psychiatry56:502-505, 1995Brady K, Pearlstein T, Asnis GM,et al: Efficacyand safety of sertralinetreatment ofposttraumatic stress disorder: a randomized controlled trial.JAMA283:1837-1844, 2000Brantigan CO,Brantigan TA,Joseph N: Effect of beta blockade and betastimulation on stage fright. Am J Med 72:88-94, 1982BursteinA:Treatment of post-traumatic stress disorder with imipramine.Psychosomatics 25:681-687, 1984Caillard V, Rouillon F, Viel JF, et al: Comparative effects of low and highdoses of clomlpramine and placebo in panic disorder: a double-blind,

Transtornos de Ansiedade !II

Page 203: Transtornos de ansiedade

controlled study. FrenchUniversityAntidepressant Group.ActaPsychiatrScand 99:51-58, 1999Canive JM, Clark RD,Calais LA,et al: Bupropion treatment in veteranswith posttraumatic stress disorder: an open study.J ClinPsychopharmacol18:379-383, 1998ChouinardG:Sertraline in the treatment ofobsessivecompulsivedisorder:two double-blind, placebo-controlled studies. Int Clin Psychopharmacol7[supll 2]:37-41, 1992Clark RD,Canive JM, Calais LA,et al: Divalproexin posttraumatic stressdisorder: an open-label clinical trial. J Trauma Stress 12:395-401, 1999aClark RD, Canive JM, Calais LA, et al: Cyproheptadine treatment ofnightmares associated with posttraumatic stress disorder. J ClinPsychopharmacol 19:486-487, 1999bClomipramineCollaborativeStudy Group:Clomipraminein the treatmentof patients with obsessive-compulsive disorder. Arch Gen Psychiatry48:730-738, 1991Dannon PN, Sasson Y, Hirschmann S, et al: Pindolol augmentation intreatment-resistant obsessivecompulsivedisorder: a double-blindplacebocontrolled trial. Eur Neuropsychopharrnacol 10:165-169, 2000DavidsonJ,WalkerJI, Kilts C:Apilot study ofphenelzine in the treatmentof post-traumatic stress disorder. Br J Psychiatry 150:252-255, 1987DavidsonJ, Kudler H, Smith R, et al: Treatment of posttraumatic stressdisorder with amitriptyline and placebo. Arch Gen Psychiatry 47:259-266, 1990Davidson J, Roth S, Newman E: Fluoxetine in post-traumatic stressdisorder. J Trauma Stress 4:419-423, 1991Davidson J, Potts N, Richichi E, et al: Treatment of social phobia withclonazepam and placebo. J Clin PsychopharmacoI13:423-428, 1993Davidson JR, Weisler RH, MalikML, et al: Treatment of posttraumaticstress disorder with nefazodone. Int Clin PsychopharmacoI13:111-113,1998DavidsonJR, DuPontRL,HedgesD, et al: Efficacy,safety,and tolerabilityof venlafaxine extended release and buspirone in outpatients withgeneralized anxiety disorder. J Clin Psychiatry 60:528-535, 1999DavidsonDR,Rothbaum BO,van der KolkBA,et al: Multicenter, double­blind comparison of sertraline and placebo in the treatment ofposttraumatic stress disorder. Arch Gen Psychiatry 58:485-492, 2001DavisLL,Nugent AL,Murray J, et al: Nefazodone treatment for chronicposttraumatic stress disorder: an open trial. J Clin Psychopharmacol20:159-164, 2000

208 Hollander & Simeon

Page 204: Transtornos de ansiedade

De BoerM, Op den VeldeW, Falger PJ, er al: F1uvoxaminetreatment forchronic PTSD:a pilot srudy. Psychother Psychosom57:158-163, 1992DelleChiaie R, Pancheri P, CasacchiaM, et al: Assessmentof the efficacyof buspirone in patients affected bygeneralized anxiety disorder;shiftingto buspirone from prior treatment with lorazepam: a placebo-controlled,double-blind srudy. J Clin PsychopharmacoI15:12-19, 1995DeMartinis N, Schweizer E, RickelsK:An open-label trial of nefazodonein high comorbidity panic disorder. J Clin Psychiatry 57:245-248,1996DeMartinis N, Rynn M, Rickels K, et a1: Prior benzodiazepine use andbuspirone response in the treatment of generalized anxiety disorder. JClin Psychiatry 61:91-94, 2000Den BoerJA: Serotonergic Mechanisms in AnxietyDisorders:An Inquiryinto Serotonin Function in PanicDisorder.The Hague, Netherlands, Cip­Gegevens KoninklijkeBibliotheek, 1988Duffy JD, Malloy PF: Efficacy of buspirone in the treatment ofposttraumatic stress disorder: an open trial. Ann Clin Psychiatry 6:33-37, 1994Emmanuel NP, LydiardBR,Ballenger JC: Treatment of social phobia withbupropion. J Clin Psychopharmacol1:276-277, 1991Fallon BA,Campeas R, Schneier FR, et al: Open trial of intravenousclomipramine in five treatment-refractory patients with obsessive­compulsive disorder. J Neuropsychiatry Clin Neurosci 4:70-75, 1992Fallon BA,LiebowitzMR, Campeas R, et a1: Intravenous clomipraminefor obsessive-compulsive disorder refractory to oral clomipramine: aplacebo-controlled srudy.Arch Gen Psychiatry 55:918-924, 1998Fitzgerald KD,Stewart CM,TawileV, et al: Risperidone augmentation ofserotonin reuptake inhibitor treatment of pediatric obsessivecompulsivedisorder. J Child Adolesc Psychopharmacol 9:115-123, 1999Flament MF,Rapoport JL, Berg CJ, et al: Clomipramine treatment ofchildhood obsessive-compulsivedisorder: a double-blindcontrolled srudy.Arch Gen Psychiatry42:977-983, 1985Frank JB, Kosten TR, Giller ELJr, et a1: A randomized clinical trial ofphenelzine and imipramine for posttraumatic stress disorder. Am JPsychiatry 145:1289-1291, 1988Freeman Cp, Trimble MR, Deakin JF, et al: Fluvoxamine versusclomipramine in the treatment of obsessive compulsive disorder: amulticenter, randomized, double-blinded, paraliel group comparison. JClin Psychiatry 55:301-305, 1994Gelenberg AJ, Lydiard RB, Rudolph RL, et al: Efficacy of venlafaxineextended-release capsules in nondepressed outpatients with generalized

Transtornos de Ansiedade 209

Page 205: Transtornos de ansiedade

anxietydisorder: a 6-month randomized controlled trial. JAMA283:3082-3088, 2000Gelernter CS, Uhde TW, Cimbolic P, et al: Cognitive-behavioral andpharmacological treatments of social phobia: a controlled study. ArchGen Psychiatry 48:938-945, 1991Geracioti TD: Venlafaxine treatment of panic disorder: a case series. JClin Psychiatry 56:408-410, 1995Ghaemi SN, Zarate CA, Popli AP, et al: Is there a relationship betweencJozapine and obsessive-compulsive disorder? A retrospective chanreview. Compr Psychiatry 36:267-270, 1995Goddard AW,Brouette T, Almai A, et al: Early coadministration ofcJonazepam with serualine for panic disorder. Arch Gen Psychiatry58:681-686, 2001Goodman WK,Price1Ji,Rasmussen SA,et al: Efficacyof fluvoxamine inobsessive-compulsivedisorder: a double-blind comparison with placebo.Arch Gen Psychiatry 46:36-44, 1989Goodman WK, McDougle CJ, Price LH, et al: Beyond the serotoninhypothesis: a role for dopamine in some forms of obsessive compulsivedisorder? J Clin Psychiatry 51 (suppI8):36-43, 1990aGoodmanWK,Price1Ji,DelgadoPL,et al: Specificityof serotonin reuptakeinhibitors in the treatment of obsessive-compulsivedisorder: comparisonof fluoxetine and desipramine. Arch GenPsychiatry47:577-585, 1990bGoodnickPJ,Puig A, DevaneCL, et al: Mirtazapinein majordepressionwithcomorbidgeneralizedanxietydisorder.J CUnPsychiatry60:446-448,1999Grady TA,Pigott TA,rHeureux F, et al: Double-blind study of adjuvantbuspirone for fluoxetine-treated patients with obsessive-compulsivedisorder. Am J Psychiatry 150:819-821, 1993Greenberg BD,GeorgeMS,Martin JD, et al: Effectofprefrontal repetitivetranscranial magnetic stimulation in obsessive-compulsive disorder: apreliminary study. Am J Psychiatry 154:867-869, 1997Greist J, Chouinard G,DuBoffE, et al: Double-blindparallel comparisonof three dosages of senraJine and placebo in outpatients with obsessive­compulsive disorder. Arch Gen Psychiatry 52:289-295, 1995aGreist JH, Jefferson Jw, Kobak KA, et al: Efficacy and tolerability ofserotonin transport inhibitors in obsessive-compulsivedisorder. Ameta­analysis. Arch Gen Psychiatry 52:53-60, 1995bGreist JH, Jefferson Jw, KobakKA,et al: A 1 year double-blind placebo­controlled fixed dose study of sertraline in the treatment of obsessive­compulsive disorder. lnt Clin Psychopharmacol 10:57-65, 1995c

210 Hollander & Simeon

Page 206: Transtornos de ansiedade

Grisaru N, Amir M, Cohen H, et al: Effect of trans cranial magneticstimulation in posttraumatic stress disorder: a preliminary study. BioiPsychiatry 44:52-55, 1998Gupta S, Popli A, Bathurst E, et al: Efficacy of cyproheptadine fornightmares associated with posttraumatic stress disorder. ComprPsychiatry 39:160-164, 1998Hartley LR, Ungapen S, Davie I, et al: The effect of beta adrenergicblocking drugs on speakers' performance and memory. Br J Psychiatry142:512-517, 1983Hay p, Sachdev p, Cumming S, et al: Treatment of obsessive-compulsivedisorder by psychosurgery.Acta Psychiatr Scand 87:197-207, 1993Hedges Ow,Reimherr Fw, Strong RE, et al: An open trial of nefazodonein adult patients with generalized anxiety disorder. PsychopharmacolBull32:671-676, 1996HertzbergMA, FeldmanME,BeckhamJC, et al: Open trial of nefazodoneforcombat-related posttraumatic stress disorder.J ClinPsychiatry59:460-464, 1998Hertzberg MA,Butterfield MI,FeldmanME,et al: Apreliminary study oflamotrigine for the treatment of posttraumatic stress disorder. BioiPsychiatry 45:1226-1229, 1999Hewlett WA,Vinogradov S, Agras WS: Clomipramine, clonazepan, andclonidine treatment of obsessive-compulsive disorder. J Clin Psycho­pharmacol 12:420-430, 1992Hirschmann S, Dannon PN, Iancu I, et al: Pindolol augmentation inpatients with treatment-resistant panic disorder: a double-blind, placebo­controlled trial. J Clin Psychopharmacol20:556-559, 2000Hoehn-Saric R, Merchant AF, KeyserML,et al: Effects of clonidine onanxiety disorders. Arch Gen Psychiatry 38:1278·1282, 1981Hoehn-Saric R, McLeod DR, Zimmerli WD: Differential effects ofalprazolam and imipramine in generalized anxiety disorder: somaticversus psychic symptoms. J Clin Psychiatry 49:293-301, 1988Hoehn-Saric R, Mcleod DR,Hipsley PA:Effect of fluvoxamine on panicdisorder. J Clin Psychopharmacol 13:321-326, 1993Hogben GL, Cornfield RB: Treatment of traumatic war neurosis withphenelzine. Arch Gen Psychiatry 38:440-445, 1981Hollander E, BienstockC, Pallanti S, et al: The International TreatmentRefractory OCDConsortium: preliminary findings. Paper presented atthe Fifth International Obsessive-Compulsive Disorder Conference,Sardinia, Italy,March 29-April 1, 2001

Transtornos de Ansiedade 211

Page 207: Transtornos de ansiedade

Hollander E, Koran LM, Goodman W, et al: A Double-blind, placebo­controlled study of the efficacy and safety of controlled releasefluvoxamine in patients with obsessive-compulsive disorder. J ClinPsychiatry (in press, a)Hollander E, Allen A, Steiner M, et al: Acute and long-term treatmentand prevention of relapse in obsessive-compulsive disorder withparoxetine. J Clin Psychiatry (in press, b)Insel TR,MurphyOL,Cohen RM,et al: Obsessive-compulsivedisorder: adouble-blind trial of clomipramine and clorgyline. Arch Gen Psychiatry40:605-612, 1983The International Multicenter Clinical Trial Group on Moclobemide inSocial Phobia: Moclobemide in social phobia: a double-blind, placebo­controlled study. Eur ArchPsychiatry Clin Neuroscl 247:71-80, 1997James 1M,GriffithONW,Pearson RM,et al: Effectof oxprenolol on stage­fright in musicians. Lancet 2:952-954, 1977James 1M,BorgoyneW,Savage IT: Effect of pindolol on stress-relateddisturbances of musical performance: preliminary communication. J RSoc Med 76:194-196, 1983Jenike MA, Hyman S, Baer 1., et al: A controlled trial of fluvoxamine inobsessive-compulsivedisorder: implications for a serotonergic theory.AmJ Psychiatry 147:1209-1215, 1990aJenike MA,BaerL,Summergrad~ et al: Sertraline in obsessive-compulsivedisorder: a double-blind comparison with placebo. Am J Psychiatry147:923-928, 1990bJenike MA, Baer L, Ballantine HT, et al: Cingulotorny for refractoryobsessive-compulsivedisorder: a long-term follow-upof 33 patients. ArchGen Psychiatry 48:548-555, 1991Jenike MA, Baer L, Minichiello WE, et al: Placebo-controlled trial offluoxetine and phenelzine for obsessive-compulsive disorder. Am JPsychiatry 154:1261-1264, 1997KahnRJ, McNairOM,LipmanRS, et al: Imipramine and chlordiazepoxidein depressive and anxiety disorders, ll: efficacy in anxious outpatients.Arch Gen Psychiatry 43:79-85, 1986Katzelnick OJ, KobakKA,Greist JH, et al: Sertraline for social phobia: adouble-blind, placebo-controlled crossover study. Am J Psychiatry152:1368-1371, 1995Kauffman CD, Reist C, Ojenderedjian A, et al: Biological markers ofaffective disorders and posttraumatic stress disorder: a pilot study withdesipramine. J Clin Psychiatry 48:336-367, 1987

212 Hollander& Simeon

Page 208: Transtornos de ansiedade

KeckPE,TaylorVE,Tugrul KC,et al:Valproatetreatment ofpanic disorderand lactate-induced panic attacks. BioiPsychiatry 33:542-546, 1993KelseyJE: Venlafaxine in social phobia. Psychopharmacol Bull 31:767-771, 1995KinzieJD, Leung P: Clonidine in Cambodian patients with posttraumaticstress disorder. J NervMent Dis 177:546-550, 1989Klein DF: Delineation of two drug responsive anxiety syndromes.Psychopharmacologia 5:397-408, 1964KolbLC,BurrisBC,GriffithsS: Propranolol and clonidine in treatment ofthe chronic post-traumatic stress disorders ofwar, in Post-TraumaticStressDisorder: Psychologicaland BiologicalSequelae. Edited by van der KolkBA.Washington, DC,AmericanPsychiatricPress, 1984, pp 97-105Koran LM, McElroy SL, Davidson JR, et al: Fluvoxamine versusclomipramine for obsessive-compulsive disorder: a double-blindcomparison. J Clin PsychopharmacoI16:121-129, 1996Koran LM, Ringold AL, Elliott MA: Olanzapine augmentation fortreatment-resistant obsessive-compulsive disorder. J Clin Psychiatry61:514-517, 2000KronigMH,Apter J, AsnisG, et al: Placebo-controlled, multicenter studyof sertraline treatment for obsessive-compulsive disorder. J ClinPsychopharmacol 19:172-176, 1999LecrubierY, Judge R:Long-term evaluation of paroxetine, clomipramineand placebo in panic disorder. Collaborative Paroxetine Panic StudyInvestigators. Acta Psychiatr Scand 95:153-160, 1997Lecrubier Y, Bakker A, Dunbar G, et al: A comparison of paroxetine,clomipramine and placebo in the treatment of panic disorder:CollaborativeParoxetine PanicStudy Investigators. Acta Psychiatr Scand95:145-152, 1997Leonard HL, Swedo SE, Rapoport JL, et al: Treatment of obsessive­compulsivedisorder with clomipramine and desipramine in children andadolescents: a double-blind crossover comparison. Arch Gen Psychiatty46:1088-1092, 1989Leonard HL,Swedo SE, Lenane MC, et al: A double-blind desipraminesubstitution during long-term clomipramine treatment in children andadolescents with obsessive-compulsive disorder. Arch Gen Psychiatry48:922-927, 1991Leonard HL,Swedo SE,Lenane MC,et al: A 2- to 7-year follow-upstudyof 54 obsessivecompulsivechildren and adolescents. ArchGenPsychiatry50:429-439, 1993

Transtornos de Ansiedade 213

Page 209: Transtornos de ansiedade

Lepola UM, Wade AG, Leinonen EY, et al: A controlled, prospective, 1-year trial of citalopram in the treatment of panic disorder. JClin Psychiatry59:528-534, 1998Liden S, Gottfries CG: Beta-blocking agents in the treatment ofcatecholamine-induced symptoms in musicians. Lancet 2:529, 1974Liebowitz MR, Fyer AJ, McGrath P, et al: Clonidine treatment of panicdisorder. Psychopharmacol Bull 17:122-123, 1981Liebowitz MR, Schneier F, Campeas R, et al: Phenelzine vs atenolol insocial phobia: a placebo-controlled comparison. Arch Gen Psychiatry49:290-300, 1992Upper S, Davidson JRT, Grady TA,et al: Preliminary study of carbamazepinein post-traumatic stress disorder. Psychosomatics 27:849-854, 1986Lippitz BE,Mindus P, Meyerson BA,er al: Lesion topography and outcomeafter thermocapsulotomy or gamma knife capsulotorny for obsessive­compulsive disorder: relevance of the right hemisphere. Neurosurgery44:452-458, 1999Londborg PO, Wolkow R, Smith WT, et al: Sertraline in the treatment ofpanic disorder: A multi-Site, double-blind, placebo-controlled, fixed-doseinvestigation. Br J Psychiatry 173:54-60, 1998Maletzky B, McFarland B, Burt A: Refractory obsessive compulsivedisorder and ECT.Convuls Ther 10:34-42, 1994March JS, Biederman J, Wolkow, R, et al: Sertraline in children andadolescents with obsessive-compulsive disorder: a multicenterrandomized controlled trial. JAMA 280:1752-1756,1998Marks 1M, Stem RS, Mawson 0, et al: Clomipramine and exposure forobsessive-compulsive rituals, I. Br J Psychiatry 136:1-25, 1980Marshall JR: The treatment of night terrors associated with posttraumaticsyndrome. Am J Psychiatry 132:293-295, 1975Marshal RD, Schneier FR, Fallon BA, et al: An open trial of paroxetine inpatients with noncombat-related, chronic posttraumatic stress disorder.J Clin PsychopharmacoI18:10-18, 1998Mavissakalian M, Michelson L: Agoraphobia: relative and combinedeffectiveness of therapist-assisted in vivo exposure and imipramine. JClin Psychiatry 47:117-122, 1986aMavissakalianM,Michelson1.: Two-yearfollow-upofexposure and imipraminetreatment of agoraphobia. Am J Psychiatry 143:1106-1112, 1986bMavissakalian M, Perel JM: Imipramine dose-response relationship inpanic disorder with agoraphobia: preliminary findings. Arch GenPsychiatry 46:127-131, 1989

214 Hollander & Simeon

Page 210: Transtornos de ansiedade

Mavissakalian M, Pere1 JM: Clinical experiments in maintenance anddiscontinuation of imipramine therapy in panic disorder withagoraphobia. Arch Gen Psychiatry 49:318·323, 1992Mavissakalian M, Pere1JM: Imipramine treatment of panic disorder withagoraphobia: dose ranging and plasma level-response relationships. AmJ Psychiatry 152:673-682, 1995McCafferty JP, Bellew KM, Zaninelli RM: Paroxetine treatment of GAD:an analysis of response by dose. Paper presented at the annual meetingof the American Psychiatric Association, New Orleans, LA,May 2001McDougle CJ, Goodman WK, Price LH, et al: Neuroleptic addition influvoxamlne-refractory obsessive-compulsive disorder. Am J Psychiatry147:652-654, 1990McDougle CJ, Price LH, Goodman WK, et al: A controlled trial of lithiumaugmentation in fluvoxamine-refractory obsessive-compulsive disorder:lack of efficacy. J Clin PsychopharmacoI11:175-181, 1991aMcDougle CJ, Southwick SM, Charney OS, et al: An open trial of fluoxetinein the treatment of posttraumatic stress disorder. J Clin Psychopharmacol11:325-327, 1991bMcDougle CJ, Goodman WK, Leckman JF, er al: The efficacy offluvoxamine in obsessive-compulsive disorder: effects of comorbid chronictic disorder. J Clin PsychopharmacoI13:354-358, 1993aMcDougle CJ, Goodman WK,Leckman JF, et al: Limited therapeutic effectof addition of buspirone in fluvoxamine-refractory obsessive-compulsivedisorder. Am J Psychiatry 150:647-649, 1993bMcDougle CJ, Goodman WK, Leckman JF, et al: Haloperidol addition influvoxamine-refractory obsessive-compulsive disorder. A double-blind,placebo-controlled study in patients with and without tics. Arch GenPsychiatry 51:302-308, 1994McDougle CJ, Epperson CN, Pelton GH, et al: A double-blind, placebo­controlled study of risperidone addition in serotonin reuptake inhibitor­refractory obsessive-compulsive disorder. Arch Gen Psychiatry 57:794-801, 2000McNair OM, Kahn RJ: Imipramine compared with a benzodiazepine foragoraphobia, in Anxiety: New Research and Changing Concepts. Editedby Klein OF,Rabkin JG. New York, Raven, 1981, pp 69-80Michelson D, Lydiard RB, Pollack MH, et al: Outcome assessment andclinical improvement in panic disorder: evidence from a randomizedcontrolled trial of fluoxetine and placebo: The Fluoxetine Panic DisorderStudy Group. Am J Psychiatry 155:1570-1577, 1998

Transtornos de Ansiedade 215

Page 211: Transtornos de ansiedade

MichelsonD, PollackM,LydiardRB,et al: Continuing treatment ofpanicdisorder after acute response: randomized, placebo-controlled trial withfluoxetine: The Fluoxetine Panic Disorder Study Group. Br J Psychiatry174:213-218, 1999Mindus, Jenike MA: Neurosurgical treatment of malignant obsessive­compulsive disorder. Psychiatr ClinNorth Am 15:921-938, 1992Montgomery SA, Mclntyre A, Osterheider M, et a1: A double-blind,placebo-controlledstudy of fluxetine inpatients with DSM-III-Robsessive­compulsive disorder. The Lilly European OCD Study Group. EurNeuropsychopharmacol 3:143-152, 1993Mountjoy CQ,RothM, Garside RF, et a1:Aclinical trial of phenelzine inanxiety depressive and phobic neuroses. Br J Psychiatry 131:486-492,1977Mundo E, Richter MA, Sam F, et a1:Is the 5-HT (lDbeta) receptor geneimplicated in the pathogenesis of obsessive-compulsivedisorder? Am JPsychiatry 157:1160-1161, 2000NagyLM,KrystalJH, WoodsSw, et al: Clinicaland medication outcomeafter short-term a1prazolam and behavioral group treatment in panicdisorder: 2. 5-year naturalistic follow-up study. Arch Gen Psychiatry46:993-999, 1989Neftel KA, Adler RH,Kappell K,et a1:Stage fright in musicians: a modelillustrating the effect of beta blockers.PsychosomMed44:461-469,1982NicolsonR, Swedo SE,Lenane M, et a1:Anopen trial of plasma exchangein childhood-onset obsessive-compulsive disorder without posttrepto­coccal exacerbations. JAm AcadChildAdolescPsychiatry39:1313-1315,2000NoyesR Jr, GarveyMJ, Cook BL:Follow-upstudy of patients with panicdisorder and agoraphobia with panic attacks treated with tricyclicantidepressants. J AffectDisord 16:249-257, 1989NoyesRJr., MorozG,DavidsonJR1; et a1:Moclobemide in social phobia:a controlled dose-response trial. J Clin Psychopharmacol 17:247-254,1997Oehrberg S, ChristiansenPE,BehnkeK, et a1:Paroxetine in the treatmentof panic disorder. A randomized, double-blind, placebo-controlled study.Br J Psychiatry 167:374-379, 1995Otto MW,PollackMH,SachsGS,et a1:Discontinuation ofbenzodiazepinetreatment: efficacyof cognitive-behavioraltherapy for patients with panicdisorder. Am J Psychiatry 150:1485-1490, 1993Pallanti S,Quercioli L,PaivaRS, et a1:Citalopram for treatment-resistantobsessive-compulsivedisorder. Eur Psychiatry 14:101-106, 1999

216 Hollander & Simeon

Page 212: Transtornos de ansiedade

Pande AC,Davidson JRT,Jefferson JW, et al: Treatment of social phobiawith gabapentin: a placebo-controlled study. J Clin Psychopharmacol19:341-348, 1999Pande AC, Pollack MH, Crockattt J, et al: Placebo-controlled study ofgabapentin treatment of panic disorder. J ClinPsychopharmacoI20:467-471,2000PappLA,CoplanJD, Marinez JM, et al: Efficacyofopen-label nefazodonetreatment inpatients with panic disorder.J ClinPsychopharmacoI20:544-546,2000Pato MT,Zohar-Kadouch It. Zohar J, et al: Return of symptoms afterdiscontinuation of clomipramine in patients with obsessive-compulsivedisorder. Am J Psychiatry 145:1521-1525, 1988Pato MT,Pigott TA,Hill JL, et al: Controlled comparison of buspironeand clomipramine in obsessive-compulsive disorder. Am J Psychiatry148:127-129, 1991Pecknold JC, Swinson ~ Kuch K, et al: Alprazolam in panic disorderand agoraphobia: results from a multicenter trial, III: discontinuationeffects. Arch Gen Psychiatry 45:429-236, 1988Perlmutter SJ,LeitmanSF,GarveyMA, et al:Therapeutic plasmaexchangeand intravenous immunoglobulin for obsessive-compulsivedisorder andtic disorders in childhood. Lancet 354:1153-1158, 1999Perse TL, Greist JR, Jefferson JW, et al: Fluvoxamine treatment ofobsessive-compulsivedisorder. Am J Psychiatry 144:1543-1548, 1987Pfanner C, Marazziti D, Dell'OssoL, et al: Risperidone augmentation inrefractory obsessive-compulsivedisorder: an open-label study. Int ClinPsychopharmacol 15:297-301, 2000Piccinelli M, Pini S, Bellantuono C, et al: Efficacyof drug treatment inobsessive-compulsivedisorder. A meta-analytic review. Br J Psychiatry166:424-443, 1995Pigott TA, Pato MT, Bernstein SE, et al: Controlled comparisons ofclomipramine and fluoxetine in the treatment of obsessive-compulsivedisorder: behavioral and biological results. ArchGen Psychiatry47:926-932, 1990PigottTA,PatoMT, EHeureuxF,et al: Acontrolled comparison of adjuvantlithium carbonate or thyroid hormone in clomipramine-treated patientswith obsessive-compulsivedisorder. J ClinPsychopharmacolll:242-248,1991Pigott TA,EHeureux F, Hill JL, et al: A double-blind study of adjuvantbuspirone hydrochloride in clomipramine-treated patients with obsessive­compulsive disorder. J Clin PsychopharmacoI12:11-18, 1992a

Transtornos de Ansiedade 217

Page 213: Transtornos de ansiedade

Pigott TA, tHeureux F, Rubenstein CS, et al: A double-blind, placebocontrolled study of trazodone in patients with obsessive-compulsivedisorder. J Clin PsychopharmacoI12:156-162, 1992bPohl RB, Wolkow RM, Clary CM: Sertraline in the treatment of panicdisorder: a double-blind multicenter trial. Am J Psychiatry 155:1189-1195, 1998Pollack MH,Worthington JJ 3rd, Otto MY¥, et al: Venlafaxinefor panicdisorder: results of a double-blind, placebo-controlled study.Psychopharmacol Bull 32:667-670, 1996PollackMH,ZaninelliR,Goddard A, et al: Paroxetine in the treatment ofgeneralized anxiety disorder: results of a placebo-controlled, flexible­dosage trial. J Clin Psychiatry62:350-357, 2001Rapaport MH,PollackMH,ClaryCM,et al: Panic disorder and responseto sertraline: the effect of previous treatment with benzodiazepines. JClin Psychopharmacol 21:104-107, 2001Raskind MA,Thompson C, Petrie EC,et al: Prazosin reduces nightmaresin combat veterans with posttraumatic stress disorder. J Clin Psychiatry63(7):565-568, 2002Rasmussen S, Hackett E, DuBoffE, er al: A 2-year study of sertraline inthe treatment of obsessive-compulsivedisorder. Int ClinPsychopharmacol12:309-316, 1997Ravizza L, Barzega G, Bellino S, et al: Predictors of drug treatmentresponse in obsessive-compulsivedisorder. J ClinPsychiatry56:368-373,1995Ravizza L, Albert U, Ceregato A: Venlafaxine in OCD.Presented at theFifth International Obsessive-CompulsiveDisorderConference, Sardinia,Italy,March 29-Abril 1, 2001Reist C, KauffmanCD,Haier RJ, et al: A controlled trial of desipraminein 18 men with posttraumatic stress disorder. Am J Psychiatry 146:513-516, 1989Rickels K, Csanalosi I, Greisman P, et al: A controlled clinical trial ofalprazolam for the treatment of anxiety.Am JPsychiatry 140:82-85, 1983RickelsK,Schweizer E, Csanalosi I, et al: Long-term treatment of anxietyand risk of withdrawal: prospective comparison of clorazepate andbuspirone. Arch Gen Psychiatry 45:444-450, 1988Rickels K, Schweizer E, WeissS, et al: Maintenance drug treatment forpanic disorder, II: short- and long-term outcome after drug taper. ArchGen Psychiatry 50:61-68, 1993aRickels K, Downing R, Schweizer E, et al: Antidepressants for thetreatment of generalized anxiety disorder. A placebo-controlled

218 Hollander & Simeon

Page 214: Transtornos de ansiedade

comparisonof imipramine, trazodone, and diazepam. ArchGenPsychiatry50:884-895, 1993bRickelsK,DeMartinisN,Garcia-EspanaF, et al: Imipramine and buspironein treatment of patients with generalized anxiety disorder who arediscontinuing long-term benzodiazepine therapy. Am J Psychiatry157:1973-1979, 2000aRickelsK, PollackMH, Sheeham DV,et al: Efficacy of extended-releasevenlafaxine in nondepressed outpatients with generalized anxietydisorder. Am J Psychiatry 157:968-974, 2000bRiddle MA, Scahill L, King RA, et al: Double-blind, crossover trial offluoxetine and placebo in children and adolescents with obsessive­compulsivedisorder. JAm AcadChildAdolescPsychiatry31:1062-1069,1992RiddleMA,ReeveEA,Yaryura-TobiasJA, et al: Fluvoxamine for childrenand adolescents with obsessive-compulsive disorder: a randomized,controlled, multicenter trial. JAm AcadChildAdolescPsychiatry40:222-229, 2001Rocca P, FonzoV,Scotta M, et al: Paroxetine efficacyin the treatment ofgeneralized anxiety disorder. Acta Psychiatr Scand 95:444-450, 1997RomachM, Busto U, Somer G, et al: Clinical aspects of chronic use ofalprazolam and lorazepam. Am J Psychiatry 152:1161-1167, 1995Romano S, Goodman W, Tamura R, et al: Long-term treatment ofobsessive-compulsivedisorder after an acute response: a comparison offluoxetine versus placebo. J Clin Psychopharmacol 21:46-52, 2001Rosenberg DR, Stewart CM,Fitzgerald KD,et al: Paroxetine open-labeltreatment of pediatric outpatients with obsessive-compulsivedisorder. JAmAcad Child Adolesc Psychiatry 38:1180-1185, 1999Rosenbaum JF, Moroz G, Bowden CL:Clonazepam in the treatment ofpanic disorder with or without agoraphobia: a dose-response study ofefficacy,safety, and discontinuance: Clonazepam Panic Disorder Dose­Response Study Group. J Clin PsychopharmacoI17:390-400, 1997Ruiz AT:A double-blind study of alprazolam and lorazepam in thetreatment of anxiety. J Clin Psychiatry 44:60-62, 1983Saxena S, Wang D, BystritskyA, et al: Risperidone augmentation of SRItreatment for refractory obsessive-compulsivedisorder. J ClinPsychiatry57:303-306, 1996Schneier FR, Saoud JB, Campeas R, et al: Buspirone in social phobia. JClin PsychopharmacoI13:251-256, 1993Schneier FR, Goetz D, Campeas R, et al: Placebo-controlled trial ofmoclobemide in social phobia. Br J Psychiatry 172:70-77, 1998

Transtornos de Ansiedade 219

Page 215: Transtornos de ansiedade

Schweizer E, Rickels K, Lucki I: Resistance to the anti-anxiety effect ofbuspirone in patients with a history of benzodiazepine use. N Eng!J Med314:719-720, 1986Schweizer E, Rickels K, WeissS, et al: Maintenance drug treatment ofpanic disorder. I.Resultsof a prospective, placebo-controlled comparisonof alprazolam and imipramine. Arch Gen Psychiatry50:51-60, 1993Seedat S, SteinDJ: Inositolaugmentation of serotonin reuptake inhibitorsin treatment-refractory obsessive-compulsivedisorder: an open trial. IntClin Psychopharmacol 14:353-356, 1999Seedat S, Stein JD, EmsleyRA:Open trial of citalopram in adults withposttraumatic stress disorder. lnt J Neuropsychopharmacol 3:135-140,2000Seedat S, Lockhart R, Kaminer D, et al: An open trial of cltalopram inadolescentswith post-traumatic stress disorder. Int ClinPsychopharmacol16:21-25, 2001Sheehan DV,Ballenger J, Jacobsen G: Treatment of endogenous anxietywith phobic, hysterical, and hypochondriacal symptoms. Arch GenPsychiatry 37:51-59, 1980Solyom L, Heseltine GFD,McClure DJ, er al: Behavior therapy versusdrug therapy in the treatment ofphobic neurosis. CanJ Psychiatry18:25-32, 1973Solyom C, Solyom K, LaPierre Y, et al: Phenelzine and exposure in thetreatment of phobia. Bioi Psychiatry 16:239-247,1981Spiegel DA,Bruce TJ, Gregg SF,et al: Does cognitive behavior therapyassist slow-taper alprazolam discontinuation in panic disorder? Am JPsychiatry 151:876-881, 1994Stein OJ, Spadaccine E, Hollander E: Meta-analysisof pharmacotherapytrials for obsessive-compulsivedisorder. Int Cin Psychopharmacol10:11-18, 1995Stein MB, Liebowitz MR, Lydiard B, et al: Paroxetine treatment ofgeneralized social phobia (social anxiety disorder): a randomizedcontrolled trial. JAMA280:708-713, 1998Stein MB,FyerAJ, Davidson JRT, et al: Fluvoxamine treatment of socialphobia (socialanxietydisorder): a double-blind,placebo-controlledsrudy.Am J Psychiatry 156:756-760, 1999Szegedi A, Wetzel H, Leal M, et al: Combination treatment withclomipramine and fluvoxamine: drug monitoring, safety,and tolerabilitydata. J CUnPsychiatry 57:257-264, 1996Szymanski HV,Olympia J: Oivalproex in posttraumatic stress disorder(letter). Am J Psychiatry 148:1086-1087, 1991

220 Hollander & Simeon

Page 216: Transtornos de ansiedade

Thomsen PH:Childand adolescent obsessive-compulsivedisorder treatedwith citalopram: findings from an open trial of 23 cases. J ChildAdolescPsychopharmacol 7:157-166, 1997Thoren P, Asberg M, Cronholm B, et al: Clomitramine treatment ofobsessive-compulsive disorder, I: a controlled clinical trial. Arch GenPsychiatry 37:1281-1285, 1980TiffonL,Coplan JD, Papp LAet al: Augmentation strategies with tricyclicor fluoxetine treatment in seven partially responsive panic disorderpatients. J Clin Psycbiatry 55:66-69, 1994TollefsonGD,Rampey AH,Potvin JH, et al: Amulticenter investigationof fixed-dosefluoxetine in the treatment ofobsessive-compulsivedisorder.Arch Gen Psychiatry 51:559-567, 1994Tyrer P, CandyJ, KellyD: Astudy of the clinicaleffects of phenelzine andplacebo in the treatment of phobic anxiety.Psychopharmacology (Bed)32:237-254, 1973Uhde Tw, Stein MB,Vittone BJ, et al: Behavioral and physiologiceffectsof short-term and long-term administration of clonidine in panic disorder.Arch Gen Psychiatry46:170-177, 1989VallejoJ, OlivaresJ, MarcosT, et al: Clomipramine versus phenelzine inobsessive-compulsivedisorder: a controlled clinical trial. Br J Psychiatry161:665-670, 1992VanAmeringen M,Mancini C, Streiner DL:Fluoxetine efficacy in socialphobia. J Clin Psychiatry 54:27-32, 1993VanAmeringen M,Mancini C, Streiner D: Sertraline in social phobia. JAffectDisord 31:141-145, 1994VanAmeringenM,ManciniC,Oakman JM: Nefazodone in social phobia.J Clin Psychiatry60:96-100, 1999VanAmeringen MA, Lane RM,WalkerJR, et al: Sertraline treatment ofgeneralized social phobia: a 20-week, double-blind, placebo-controlledstudy.Am J Psychiatry 158:275-281, 2001van der KolkBA: Psychopharmacological issues in posttraumatic stressdisorder. Hosp Community Psychiatry 34:683-691, 1983van der KolkBA,DreyfussD,MichaelsM,et al: Fluoxetineinposttraumaticstress disorder. J Clin Psychiatry 55:517-522, 1994van Vliet 1M, den Boer JA, Westenberg HG: Psychopharmacologicaltreatment of social phobia; a double-blind placebo-controlled studywithfluvoxamine. Psychopharmacology (Bed) 115:128-134, 1994van Vliet IM, den Boer JA, Westenberg HGM, et al: Clinical effects ofbuspirone in social phobia: a double-blind placebo-controlled study. JClin Psychiatry58:164-168, 1997

Transtornos de Ansiedade 221

Page 217: Transtornos de ansiedade

VersianiM,MundimPD,NardiAE,et al: Tranylcyprominein social phobia.J Clin Psychophannacol 8:279-283, 1988WadeAG,Lepola U,KoponenHJ, et al: The effect of citalopram in panicdisorder. Br J Psychiatry 170:549-553, 1997WarnekeLB:Intravenous chlorimipramine in the treatment of obsessionaldisorder in adolescence: case report. JClin Psychiatry46:100-103, 1985Weiss EL, Potenza MN, McDougle CJ, et al: Olanzapinen addition inobsessive-compulsivedisorder refractory to selective serotonin reuptakeinhibitors: an open-label case series. J ClinPsychiatry60:524-527, 1999WolfME,AlaviA,MosnaimAD:Posttraumatic stress disorder in Viemamveterans, clinical and EEG findings: possible therapeutic effects ofcarbamazepine. Bioi Psychiatry 23:642-644, 1988WoodmanCL,Noyes R: Panic disorder: treatment with valproate. J ClinPsychiatry 55:134-136, 1994Zisook S, Chentsova-Outton YE, Smith-VanizA, et al: Nefazodone inpatients with treatment-refractory posttraumatic stress disorder. J ClinPsychiatry 61:203-208, 2000Zitrin CM,KleinOF,Woerner MG:Treatment of agoraphobia with groupexposure in vivo and imipramine. Arch Gen Psychiatry37:63-72, 1980Zitrin CM, Klein OF,Woerner MG, et al: Treatment of phobias, I:comparison of imipramine hydrochloride and placebo. Arch GenPsychiatry 40:125-138, 1983Zohar J, lnsel TR: Obsessive-compulsive disorder: psychobiologicalapproaches to diagnosis, treatment, and pathophysiology.BioiPsychiatry22:667-687, 1987

222 Hollander& Simeon

Page 218: Transtornos de ansiedade

Mesmo depois de a medicacao ter bloqueado os ataques depanico reais, urn subgrupo de pacientes com transtomo de pani­co permanece cauteloso com referenda a sua independencia eassertividade. Alem do tratamento de apoio e comportamental, apsicoterapia psicodinamica tradicional pode ser util para algunsdesses pacientes. Urn conflito inconsciente importante com rela­c;aoa separacoes durante a infancia as vezes parece operar empacientes com transtomo de panico, levando a uma reernergenciade sintomas de ansiedade na vida adulta cada vez que uma novaseparacao e imaginada ou ameacada. Alern disso, foi descobertoque 0 transtorno da personalidade co-m6rbido e 0 principalpreditor de continuo desajusramento social em pacientes tratadospara ttanstomo de panico (Noyes et aI., 1990), sugerindo que aterapia psicodinamica pode ser urn tratamento adicional irnpor­tante, pelo menos para alguns pacientes com transtomo de panico.

Infelizmente, ha poucos estudos sistematicos documentan­do a eficacia da psicoterapia psicodinamica no transtomo de pa­nico. Clinicos com uma orientacao psicodinarnica tendem a con­cordar que os fatores psicologicos nao parecem ser proeminentesem muitos pacientes com transtorno de panico e enfatizam a lm­portancia de se conduzir urna avaliacao psicodinamica para de­terminar se urn dado paciente pode ou nao se beneficiar de urntratamento psicodinamico (Gabbard, 1990). Alern disso, Cooper(1985) enfatizou que, nos pacientes com urn componente biol6-gicopredorninante para sua doenca, a insistencia no entendimento

Pslcoterapia pslcodlnAmica

• TRANSTORNO DE pANICO

TRATAMENTOS PSICOTERAplCOS

Page 219: Transtornos de ansiedade

Apesar do tratamento adequado dos ataques de panico commedicacao, a esquiva f6bica pode ainda perdurar, e a psicotera­pia de apoio e a educacao sobre a doenca sao necessarias paraestimular 0 paciente a enfrentar a situacao f6bica. Os pacientespara os quais as intervencoes de apoio nao sao eficazes podemprecisar de psicoterapia adicional - dinarnica ou cognitive-com­portamental. 0 encorajamento de outros pacientes com condi-

Psicoterapia de apoio

dinarnico e na responsabilidade pelos pr6prios sintomas pode ser,a longo prazo, nao somente imitil, mas potencialmente prejudicial,conduzindo a mais danos a auto-estima e ao fortalecimento dedefesas masoquistas. No entanto, tambem esta claro que ha rela­tos de casos de pacientes que foram tratados de panico com su­cesso com terapia psicodinamica ou psicanalise.

Urn estudo controlado recente mostrou que urn curso de 15sessoes de psicoterapia dinamica breve combinadas com urn tra­tamento medicamentoso inicial (clomipramina) conduziu a taxasde recidiva muito menores ate nove meses ap6s a medicacao tersido gradualmente retirada (Wiborg e Dahl, 1996). Mais recente­mente, urn ensaio aberto com psicoterapia psicodinamica comomonoterapia em transtorno de panico docurnentou clara eficadapara esta modalidade, pelo menos na amostra selecionada,enfatizando a necessidade de mais estudos controlados (Milrodet al., 2000). 0 estudo incluiu 14 pacientes com transtomo depanico que foram tratados durante 12 semanas apenas com psico­terapia psicodinfunicaduas vezes por sernana; os pacientes mostra­ram urna notavel melhora no panico, na ansiedade, na depressaoe no comprometimento geral no final das 12 semanas enos seismeses de acompanhamento.

A farmacoterapia nao e, de modo algum, incompativel como tratamento comportamental ou psicodinamico para pacientescom transtorno de panico. A nocao de que reduzir os sintomas detranstorno de ansiedade commedicacao ira perturbar urna psicote­rapia bern-sucedida e ultrapassada e extremamente dogmatica.Naverdade, 0 que em geral acontece e que a psicoterapia bem-suce­dida nao pode ocorrer ate que os aspectosmais debilitadores dessassindromes tenham sido farmacologicamente eliminados.

224 Hollander & Simeon

Page 220: Transtornos de ansiedade

Nos iiltimos anos, 0 interesse nas terapias cognitiva e com­portamental para 0 transtorno de panico aumentou muito, e elasse tornaram firmemente estabelecidas como opcces de tratamen­to de primeira linha para esse transtorno. Durante muito tempo,os tratamentos concentraram-se na esquiva f6bica, mas mais re­centemente tecnicas eficazes foram desenvolvidas e se mostra­ram eficientes para os ataques de panico per se. Com relacao aocomponente agoraf6bico que pode estar presente no transtornode panico, ha muito ja foi deterrninado que a exposicao situacionaleo tratamento mais eficaz (Agras et al., 1968). Esse tratamentoenvolve ensinar os pacientes a gradualmente se exporem as situa­r;6es da vida real que eles tern evitado, comecando com as queprovocam menos ansiedade e progredindo para situacoes cadavez mais desafiadoras. Essa exposicao sistematica gradual con­duz a uma melhora marcante da esquiva f6bica na maioria dospacientes, embora em geral 0 tratamento dos ataques de panicotambern deva ser considerado para se conseguir os melhores re­sultados.

As principais tecnicas comportamentais para 0 tratamentodos ataques de panico per se sao 0 retreinarnento da respiracaopara controlar tanto a hiperventilacao aguda quanta a hiperven­tilacao cronica; a exposicao a sinais sornaticos, em geral envol­venda uma hierarquia de exposicao a situacoes ternidas por meiode exercicios com situacoes imaginadas e exercfcios comporta­mentais; e 0 treinamento do relaxamento. 0 pacote de tratamen­to abrangente para 0 transtorno de panico que foi desenvolvidopor Barlowe colaboradores e fundamental mente comportamen­tal e e chamado de tratamento de controle do ptmico (Barlow etaI., 1989). Ele combina exposicao interoceptiva para tratar osataques, exposicao situacional para tratar a esquiva e elementosde educacao e reestrururacao cognitiva. No estudo controladooriginal do tratamento de controle do panico, mais de 80% dosparticipantes tratados apenas para 0 controle do panico ficaramlivres do mesmo ap6s 12 sess6es semanais, e a adicao de urn com-

Terapia cognitiva e comportamental

r;6es sirnilares e freqiientemente muito proveitoso, e 0 tratamen­to de grupo pode ser muito iitil nesse aspecto.

Transtornos de Ansiedade 225

Page 221: Transtornos de ansiedade

ponente de relaxamento muscular pareceu acrescentar muitopouco ao sucesso do tratamento; 0 usa apenas do relaxamentonao foi significativamente melbor do que a condicao de controle(placebo) de lista de espera (Barlow et al., 1989). E digno denota que mais de 80% dos participantes do estudo que recebe­ram tratamento de controle do panico permaneceram livres dopanico em urn acompanhamento de dois anos; mais uma vez, 0relaxamento sozinho ou como suplemento ao tratamento de con­trole do panico nao pareceu ser iitil, podendo ate ser prejudicial(Craske et al., 1991). 0 tratamento de controle do panico tam­bern foi bem-sucedido quando aplicado em um formate de grupo,com achados similares: mais de 80% dos pacientes ficaram livresdo panico ap6s oito sessoes semanais (Telch et al., 1993).

o tratamento cognitive dos ataques de panico concentrou­se na reestruturacao cognitiva mais intensiva, que permite ao pa­ciente aprender urna interpretacao mais benigna, com menos sen­sacao de catastrofe, sentimentos desagradaveis e sensacoes fisi­cas associadas aos ataques (Beck et al., 1985; Clark, 1988). Astecnicas cognitivas podem ser administradas em varias combina­~oes e parecem ser, em geral, bastante eficazes no tratamento dotranstorno (Salkovskis, 1986; Sokol et al., 1989). Em urn estudo,rnais de 70% dos pacientes tratados durante oito semanas comterapia cognitiva focalizada para 0 transtorno de panico ficaramlivres do panico, em comparacao com 25% no grupo da terapiade apoio. Ap6s urn ana de acompanhamento, quase 90% dos pa­cientes que receberam terapia cognitiva permaneciam livres dopanico (Beck et al., 1992). A visao cognitiva extrema e a de queos ataques de panico consistem de sensacoes fisicas normais (porexemplo, palpitacoes, leve tonteira) as quais os pacientes comtranstomo de panico reagem excessivamente com cognicoes ca­tastr6ficas. Uma visao intermediaria e a de que os pacientes comtranstomo de panico tern sensacoes fisicas extrernas, como ata­ques de taquicardia, mas podem se ajudar muito trocando suainterpretacao do evento de "Voumorrer de ataque cardiaco!" para"Ca estao de volta meus sintomas cardfacos". A reestruturacaocognitiva benigna atua no sentido de bloquear uma escalada dossintomas fisicos, referidos como 0 medo do medo (Goldstein eChambless, 1978), ate ataques completos. Esse modele recebeu

226 Hollander & Simeon

Page 222: Transtornos de ansiedade

Exposiyao interoceptiva (para os sintomas somaucos de ataques de panico)Exposiyao situacional (aos ambientes que sao fobicamente evitados)Heestruturacao cognitivaRetreinamento da respiracaoTreinamento do relaxamento aplicado

TABELA 7.1 Abordagens cognitivas e comportamentais para 0 tratamentodo transtorno de panico

A pesquisa na psicoterapia do transtomo de ansiedade ge­neralizada (TAG)nao foi tao extensiva quanto a realizada paraoutros transtornos de ansiedade. Alern disso, existem muitos es­tudos que mostram claramente que varias psicoterapias sao uteisno tratamento do TAG.As abordagens cognitivas e comportamen­tais para tratar 0 TAGestao relacionadas na Tabela 7.2. Dado 0perfil cognitive anteriormente descrito do TAG(ver 0 Capitulo 5,"Teorias PsicoI6gicas"),varies aspectos do transtorno podem ser­vir como foco das intervencoes psicoterapeuticas, Estes incluem

• TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA

validacao experimental: Sanderson e colaboradores (1989) pro­vocaram ataques de panico em pacientes com transtorno de pani­co com inalacao de dioxide de carbono; verificou-se que, quandoos pacientes tinham uma ilusao de controle sobre a mistura ina­lada, experimentavam ataques em menor mimero e gravidade etinham menos cognicoes catastr6ficas.Os achados foram urn poucoinconsistentes sobre se 0 relaxamento aplicado e igualmente efi­caz ou inferior a terapia cognitivo-comportamental (Tee) no con­trole dos ataques de panico (Arntz e van den Hout, 1996; Ost eWestling, 1995).

As abordagens cognitivas e comportamentais para 0 trata­mento do transtorno de panico esrao resumidas na Tabela 7.1.Na verdade, elementos de ambas as abordagens sao comurnentecombinados para urn bom resultado .

Transtornos de Ansiedade 'll1

Page 223: Transtornos de ansiedade

a tendencia aumentada para perceber a ameaca; a expectativa deque ocorram resultados catastroficos mesmo que com pouca pro­babilidade; a resolucao deficiente dos problemas, espedalmentediante de arnbivalencia ou ambigilidade; a preocupacao caracte­ristica fundamental e os sintomas fisicos de ansiedade. Varios tra­tamentos foram desenvolvidos para 0 TAG,incluindo reestrutu­racao cognitiva; manejo comportamental da ansiedade, como tee­nicas de relaxamento e respiracao; terapia de exposicao, com ousem urn componente cognitive e tratamento psicodinamico.

ATCCe superior a terapia geral nao-direcionada ou de apoiono tratamento do TAG(Chambless e Gillis, 1993) e possivelmen­te superior a terapia comportamental isolada (Borkovece Costello,1993). Segundo alguns estudos (Butler et al., 1991), mas naooutros COste Breitholtz, 2000), a terapia cognitiva isolada podeter uma vantagem sobre a terapia comportamental isolada. Emurn estudo que comparou quatro condicoes - terapia comporta­mental isolada, terapia cognitiva isolada, TCC e urn grupo-con­trole de lista de espera -, todos os tres tratamentos ativos foramsirnilarmente eficazes e superiores a condicao-controle duranteurn periodo de acompanhamento de ate dois anos. No entanto, 0grupo de TCCcombinado teve urna taxa de abandono muito me­nor que os outros grupos (Barlow et al., 1992). Outre estudorandomizado comparou 0 manejo cognitive, analftico e compor­tamental no tratamento de pacientes com TAG(Durham et al.,1994). Aterapia cognitiva emergiu como superior, com uma levevantagem sobre 0 manejo comportamental isolado e significati­vamente melhor do que 0 tratamento analftico. 0 biofeedback eurn outro tratamento que pode ter alguma eficacia para 0 TAG(Rice et al., 1993).

Exposi~aoReeslrulura~ao cognilivaRelreinamenlo da resplraeaoTreinamenlo do relaxamenlo aplicado

TABELA 7.2 Abordagens cognitivas e comportamentais para 0 tratamentodo transtorno de ansiedade generalizada

228 Hollander & Simeon

Page 224: Transtornos de ansiedade

Heestruturacao cognitivaExposiyao (imaginada e/ou ao vivo)Treinamento das habilidades sociais (modelagem, ensaio, role-playing,pratlca)

TABELA 7.3 Abordagens cognitivas e comportamentais para 0 tratamentoda lobia social

As tres principais tecnicas cognitivo-comportamentais saousadas com muita eficacia no tratamento da fobia social: exposi­c;ao, reestruturacao cognitiva e treinamento das habilidades so­ciais (Tabela 7.3). 0 tratamento da exposicao envolve exposicaoimaginaria ou ao vivo a situacoes de desempenho e a situacoessociais especificas temidas. Embora os pacientes com niveis mui­to elevados de ansiedade social possam precisar cornecar comuma exposicao imaginada ate que seja atingido um certo grau dehabituacao, os resultados terapeuticos s6 sao alcancados quandoa exposicao ao vivo e realizada em situacoes temidas da vida real.o treinamento das habilidades sociais emprega modelagem, en­saio, role-playing e pratica designada para ajudar as pessoas aaprenderem os comportamentos adequados e a reduzirem suaansiedade em situacoes sociais, com uma expectativa de que, con­seguindo isso, elas terao reacoes mais positivas por parte dos ou­tros. Esse tipo de treinamento nao e necessario para todas as pes­soas com fobia social; e mais aplicavel aquelas que tern deficitsreais na interacao social, acima e alern da sua ansiedade ou dasua esquiva de situacoes sociais. A reestruturacao cognitiva con­centra-se em auroconceitos desfavoraveis, no medo de avaliacaonegativa por parte de outros e na atribuicao de resultados positi­vos ao acaso ou as circunstancias, e dos resultados negativos assuas pr6prias falhas. A reestruturacao cognitiva consiste de van­as lic;6espara casa: identificar os pensamentos negativos, avaliarsua precisao e reestrutura-los de uma maneira mais realista.

Terapia cognitiva e comportamental

• FOBIA SOCIAL

Transtornos de Ansiedade 229

Page 225: Transtornos de ansiedade

Os resultados de estudos anteriores sobre tratamentos com­portamentais para a fobia social eram diffceis de avaliar devidoas amostras heterogeneas de pacientes com fobia, a falta de defi­nicoes operacionais do transtomo e de escalas de melhora e aapresentacao de dados de resultados em termos dos escores me­dios de mudanca, em vez do nivel de funcionamento alcancado,No entanto, mais ou menos na ultima decada, a TCCpara a fobiasocial teve urn grande desenvolvimento e atraiu bastante aten­.,;ao, foram delineadas estrategias e abordagens de tratamentodetalhadas, e emergiram estudos sisternaticos mais completos empopulacoes clinicas bern definidas.

Estudos recentes mostram que a exposicao, a reestrutura­.,;aocognitiva e 0 treinamento das habilidades sociais podem sermuito benefices para pacientes com fobia social. Alern disso, es­sas tecnicas parecem superiores a terapia de apoio nao-especffi­ca, como foi mostrado em urn estudo controlado randomizadocomparando terapia de apoio com TCCindividual inicial, seguidade urn treinamento em grupo das habilidades sociais (Cottraux etal., 2000). 0 sucesso da TCCparece ser mediado, pelo menos emparte, por uma reducao na atencao autocentrada (Woody et al.,1997). As tentativas de correlacionar os sintomas (por exemplo,deficits nas habilidades sociais, ansiedade f6bica, esquiva) comseus tratamentos comprovados (treinamento das habilidades so­ciais, exposicao) nem sempre foram frutfferas (Wlazlo et aI.,1990). Heimberg e colaboradores (1990) compararam a TCCdegrupo com wna intervencao-controle confiavel, ou seja, 0 apoioeducacional em pacientes com fobia social segundo os criteriosdo DSM-Ill (American Psychiatric Association, 1980); os pacien­tes de ambos os grupos melhoraram, mas 0 grupo da TCCexibiumaior melhora, especialmente segundo a auto-avaliacao dos pa­cientes. Finalmente, sugeriu-se que os fatores cognitivos podemser de maior importancia na fobia social do que em outras condi­.,;6esde ansiedade ou fobia, e, por isso, a reestruturacao cognitivapode ser um componente necessario para maximizar os ganhosde tratamento. Mattick e colaboradores (1989) relataram que 0tratamento combinado foi superior a exposicao ou a reestrutura­~ao cognitiva isoladas na fobia social; a reestruturacao cognitivaisolada foi inferior a exposicao isolada na reducao do comporta­mento esquivo, mas esta Ultimanao alterou a autopercepcao e aatitude.

230 Hollander & Simeon

Page 226: Transtornos de ansiedade

Nos iiltimos anos, 0 usa bem-sucedido de medicacao e trata­mentos cornportamentais resultou numa certa desaprovacao daterapia psicodinfunicapara as fobias (Gabbard, 1990). No entanto,para aqueles pacientes cujos conflitos subjacentes associados aansiedade f6bica e a esquiva podem ser identificados pelo clfnicoese prestam a urna exploracao criteriosa, a terapia psicodinfunicapode ser benefica.Urnobjetivo da terapia psicodinamica seria des­cobrir e trabalhar os conflitos edipianos que podem comprometera habilidade dopaciente para 0 sucessosocial,ou asrelacoes objetaisenvolvendo inrrojecoes ou identificacoes importantes e dificeiscomoutras pessoas com fobia social que podem ser encobrir a propriafobia social do paciente. Alemdisso,urna abordagem psicodinfunicapode ser valiosa no entendimento e na resolucao das ramificacoesinterpessoais secundarias, em que os pacientes f6bicos e seus par­ceiros sao frequentemente surpreendidos, as quais podem operarcomo resistencias para a implementacao bem-sucedida da medica­c;aoou de tratamentos comportamentais (Gabbard, 1990). Em urnestudo recente de psicoterapia interpessoal adaptada a fobia so­cial, sete de nove pacientes tratados abertamente durante 14 se­manas mostraram notavel melhora (Lipsitzet al., 1999) - sugerin­do que essa modalidade tambem merece mais estudo.

Outras psicoterapias

Embora seja mais diffcil avaliar 0 resultado a longo prazo,os estudos sugerem que a TCCconduz a ganhos mais duradouros(Turner et al., 1995) e, por isso, pode ser de particular importan­cia nesse transtomo, que tende a ter urn curso cronico e frequen­temente dura a vida toda. Nesse ponto, parece que a exposicaoao vivo e urn componente fundamental da terapia e que a intro­ducao da reestruturacao cognitiva em algum ponto do tratamen­to contribui para ganhos adicionais e para sua manutencao a lon­go prazo. A fobia social e urn transtorno que freqiienternente seinicia nos primeiros anos de vida; e encorajador saber que, paraas criancas na fase de pre-puberdade, tanto a terapia comporta­mental - consistindo no treinamento das habilidades sociais e emtecnicas de reducao da ansiedade (Beidel et al., 2000) - quanta aTCC,individual ou com os pais (Spence et al., 2000), foram com­provadas de extrema eficacia em estudos controlados.

Transtornos de Ansiedade 231

Page 227: Transtornos de ansiedade

Os tratamentos comportamentais do transtorno obsessivo­compulsivo (TOC)envolvem dois componentes separados: 1) pro-

Terapia comportamental

• TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO

A terapia comportamental amplamente usada para a fobiaespedfica e a exposicao. 0 problema esta em convencer 0 pacien­te de que vale a pena tentar a exposicao, e de que esta sera bene­fica. Os tratamentos de exposicao podem ser divididos em doisgrupos, dependendo de a exposicao a objetos f6bicos ser in vivoou na imagina{:iio.Aexposicao in vivo envolve 0 paciente entrarem contato com 0 estimulo f6bico na vida real. As tecnicas de usoda imaginacao confrontam 0 estfmulo f6bico por meio das descri­~6es do terapeuta e da imaginacao do paciente.

o metodo da exposicao, tanto nas tecnicas in vivo quantocom 0 uso da imaginacao, pode ser gradual ou nao-gradual. Aexposicao gradual usa uma hierarquia de eventos que provocamansiedade, estendendo-se do menos estressante para 0 maisestressante. 0 paciente comeca com 0 evento menos estressantee gradualmente progride na hierarquia. A exposicao nao-gradualcomeca com 0 paciente enfrentando os itens mais estressantes dahierarquia.

Muitas tecnicas de exposicao tern sido usadas tanto indivi­dualmente quanto em grupo. (Em grupo, 0 exemplo e 0 encoraja­mento dos outros membros sao particularmente uteis na persuasaodo paciente a reentrar na situacao f6bica.) As tecnicas de exposi­~ao incluem dessensibilizacao sistematica, inundacao na imagi­nacao, exposicao in vivo por tempo prolongado, modelagem com­portamental e prarica de reforco.

Os estudos realizados ate agora nao mostraram conclusiva­mente que qualquer tecnica de exposicao seja superior as outrastecnicas, ou que seja especificamente indicada para determina­dos subtipos de fobia. Para pacientes cujos sintomas f6bicos in­cluem ataques de panico, pode ser tambem indicada medicacaoantipanico .

• FOBIA ESPECfFICA: TERAPIA COMPORTAMENTAL

232 Hollander & Simeon

Page 228: Transtornos de ansiedade

cedimentos de exposicao que visam reduzir a ansiedade associa­da a obsessoes ou enfrentamento de medos obsessivos; e 2) tee­nicas de prevencao de resposta que visam reduzir a frequencia derituais ou de pensamentos obsessivos. As tecnicas de exposicaovariam desde dessensibilizacao sistematica com breve exposicaona irnaginacao ate a inundacao, em que a exposicao prolongadaa estfmulos evocativos de rituais da vida real causa urn profundodesconforto. As tecnicas de exposicao visam fundamentalmentereduzir 0 desconforto associado com a provocacao dos estimulospor meio da habiruacao. Na terapia de exposicao, 0 paciente re­cebe lit;oesde casa que devem ser realizadas, e ele pode requererassistencia dos membros da familia ou do terapeuta, via visitasdomiciliares, para conseguir a exposicao em casa. A prevencaode resposta envolve colocar os pacientes diante dos estfmulos te­midos (por exemplo, sujeira, produtos quimicos) sem lavar asmaos excessivamente, ou tolerar a diivida (por exemplo, "Seraque a porta esta realmente trancada?") sem excesso de verifica­c;ao.0 trabalho inicial pode envolver 0 adiamento do desempe­nho de urn ritual, mas 0 paciente trabalha fundamentalmentepara conseguir resistir as compulsoes. A educacao e 0 apoio dosmembros da familia e crucial para 0 sucesso da terapia comporta­mental, porque a disfuncao familiar e muito prevalente e a maio­ria dos pais ou conjuges se acomoda ou e envolvida nos rituaisdos pacientes, possivelmente como uma maneira de reduzir aansiedade ou a raiva que estes podem dirigir aos membros dafamilia (Calvocoressi et al., 1995; Shafran et ai., 1996).

Em geral, ha concordancia em que as tecnicas comporta­mentais combinadas (isto e, exposicao com prevencao de respos­ta) produzem a maior melhora. E tambern geralmente relatadoque os pacientes que sofrem fundamentalmente de obsessoes etern poucos rituais sao os que pior respondem ao tratamento com­portamental, embora algumas tecnicas comportamentais para asobsessoes possam ser promissoras (SalkovskiseWestbrook, 1989).Relatou-se que 0 usa de tecnicas combinadas de exposicao in vivoe prevencao de resposta provocou melhora significativa em ate75% dos pacientes que usam rituais e que desejaram e consegui­ram realizar 0 tratarnento arduo (Marks et al., 1975). Foi tam­bern relatado que a adicao da exposicao na imaglnacao a exposi­c;aoao vivo e a prevencao de resposta ajuda a manter os ganhosdo tratarnento, talvez moderando medos obsessivos de catastro-

Transtornos de Ansiedade 233

Page 229: Transtornos de ansiedade

fes futuras (Steketee et al., 1982). Foa e seu grupo (Foa er al.,1984) compararam sistematicamente a exposicao in vivo, a pre­vencao de resposta e a combinacao dos dois tratamentos. Os pa­cientes dos tres grupos melhoraram, mas 0 tratamento combina­do foi superior na reducao da ansiedade, dos rituais e do compro­metimento geral. Aqueles que responderam clinicamente (defini­dos como os pacientes que mostraram pelo menos 30% de me­Ihora com 0 tratamento) estavam assim distribuidos: 33% dospacientes do grupo de prevencao de resposta, 55% daqueles tra­tados apenas pela exposicao e 90% dos que receberam tratamen­to cornbinado. E interessante notar que 0 mesmo estudo verificouque a maioria dos pacientes com TOe tratados com sucesso comterapia comportamental apresentou recidiva no acompanhamen­to, sugerindo que, assim como acontece com a medicacao, podeser necessario urn tratamento de manutencao comportamentalde longo prazo. Os preditores de urn resultado deficiente do tra­tamento componamental do Toe incluem depressao inicial, gra­vidade inicial do Toe, duracao mais prolongada do transtomo emenor motivacao para 0 tratamento (Keijsers et al., 1994). A ex­posicao e a prevencao de resposta tambern foram usadas comsucesso para tratar criancas e adolescentes com TOe, e foi relata­da uma melhora de pelo menos 50% na grande maioria dos indi­vfduos do estudo (Franklin et al., 1998). Urn programa de manu­tencao pode ser extremamente eficaz para ajudar os pacientes amanter seus beneficios da Tee ap6s varies anos de acompanha­mente (Marks, 1997; McKay,1997). Tambern e de interesse aquestao do grau em que os resultados dos estudos controlados deterapia comportamental- em que sao envolvidos individuos alta­mente selecionados - podem ser generalizados para amostras co­munitarias mais amplas. Urn estudo recente investigou essa ques­tao imponante e descobriu urn sucesso comparavel na terapia deexposicao e de prevencao de resposta realizada em urn ambula­torio com service remunerado (Franklin et al., 2000).

Ainda nao se sabe bern como as tecnicas comportarnentaisse comparam as medicacoes no tratamento do Toe. Marks e co­laboradores relataram que a exposicao autocontrolada constituio componente de tratamento mais poderoso (Marks et aI., 1988).No entanto, as doses de clomipramina administradas nesse estu­do foram muito baixas (isto e, 125-150 rng), e a exposicao auxili­ada pelo terapeuta foi breve e instituida mais tarde no tratamen-

234 Hollander & Simeon

Page 230: Transtornos de ansiedade

ExposiCiio gradual (na imaginaciio e/ou in vivo)InundaciioPrevenciio de respostaReestruturac;:iiocognitiva

TABELA 7.4 Abordagens cognitivas e comportamentais para 0 tratamentodo transtorno obsessivo-compulsivo

Os pacientes com TOC frequentemente tern sintomas queparecern carregados de simbolismo inconsciente e significado di-

Outras psicoterapias

Terapia cognitiva

A terapia cognitiva tarnbem foi defendida no tratamento doTOC, concentrando-se na reformulacao cognitiva de temas rela­cionados a percepcao do perigo, avaliacao de uma catastrofe,expectativas sobre a ansiedade e suas consequencias, responsabi­Iidade excessiva, fusao do pensamento com a ac;aoe inferenciasil6gicas (Freeston et aI., 1996; O'Connor e Robillard, 1996;Rachman et al., 1995; vanOppen e Arntz, 1994). Uma revisao de15 estudos abertos e controlados de terapia cognitiva para 0 TOCmostrou pouca evidencia geral de melhora quando a terapia cog­nitiva foi adicionada a tecnicas farmacol6gicas e comportamen­tais existentes (James e Blackburn, 1995). No entanto, urn estu­do controlado mostrou que a terapia cognitiva tern eficiencia si­milar a da exposicao e da prevencao de resposta no tratarnentodo TOC (vanOppen et al., 1995).

to. Em urn estudo comparando 0 tratamento cornportamental como tratamento com clomipramina para criancas com TOC, ambosforam igualmente uteis, sugerindo que opcoes nao-farmacologicaspodem ser uma boa opcao de primeira linha na populacao maisjovem, em uma tentativa inicial de evitar medicacao (de Haan etat, 1998).

As abordagens cognitivas e comportamentais para tratar 0TOC estao resumidas na Tabela 7.4.

Transtornos de Ansiedade 235

Page 231: Transtornos de ansiedade

Em geral, ha concordancia de que alguma forma de psico­terapia e necessaria no tratamento do transtorno de estresse p6s­traumatico (TEPT).A intervencao na crise, que ocorre logo ap6so evento traumatico, e eficaz na reducao da angustia imediata -possivelmente evitando reacoes cronicas ou postergadas - e, se areacao pato16gica for ainda experimentada, pode permitir urnaintervencao mais breve. A psicoterapia dinarnica breve foi defen-

Principios pslccterapeutlcos gerais

• TRANSTORNO DE ESTRESSE POS-TRAUMATICO

narnico. No entanto, 0 TOe tern, em geral, se mostrado refratarioa psicoterapias de orientacao psicanalitica - assim como a psico­terapias vagamente estruturadas, nao-direcionadas e explorat6rias-, e estas foram em grande parte abandonadas como modalida­des para 0 tratamento do Toe. Em contraste com sua falta deeficacia no tratamento de Toe cronico, a psicoterapia dinamicapode ser iitil para lidar com casos agudos e de sintomas limitadosem pacientes que estao psicologicamente dispostos e motivadospara explorar seus conflitos. E tambern eficaz para lidar com tra­cos de perfeccionismo de carater obsessive, hesitacao, procras­tinacao e indecisao (Salzman, 1985). Alern disso, a psicoterapiadinarnica pode ser util para trabalhar aspectos da personalidadeque alimentam e exacerbam os sintomas do Toe ou que afetam 0funcionamento interpessoal mais amplo, acima e alern dos sinto­mas do Toe per se. No entanto, nao ha dados clinicos controla­dos disponfveis corroborando essas impress6es clinicas.

Os pacientes com TOe necessitam de tratamento de apoio,mesmo que estejam usando terapia farmacol6gica ou comporta­mental. Devido a sua tendencia a diividas excessivas, esses paci­entes podem requerer muita seguranca durante a fase inicial dotratamento. Foi relatado que uma terapia de apoio mais intensi­va, que encorage 0 indivfduo a assumir riscos, ajuda os pacientescom Toe a conviver com sua ansiedade, assim como a ter urnenfoque no presente (Salzman, 1985).Alemdisso, grupos de apoioeducacionais para os pacientes com Toe e suas farnflias tern sidodescritos como extremamente bem-sucedidos na ajuda ao trata­mento desses pacientes (Black e Blum, 1992;Tynes et al., 1992).

236 Hollander & Simeon

Page 232: Transtornos de ansiedade

dida tanto como urn procedimento de tratamento imediato quan­to como urna maneira de evitar transtorno cronico, Nessa psico­terapia, 0 terapeuta precisa estabelecer uma alianca que permitaao paciente trabalhar suas reacoes.

A literatura tern sugerido que pessoas com hist6ria de rela­c;oesiniciais rompidas ou abuso, que foram traurnatizadas no ini­cio de suas vidas, tern urna probabilidade maior de desenvolverTEPTdo que aquelas com urn passado mais estavel, A ocorrenciade trauma psfquico no passado de uma pessoa pode predispo-lapsico16gicae biologicamente a reagir de forma excessiva e inade­quada a experiencias e a afetos intensos (Herman et al., 1989;Krystal, 1968; van der Kolk, 1987b). Por isso, tentar modificarconflitos preexistentes, dificuldades desenvolvimentais e estilosdefensivos que tornam a pessoa especialmente vulneravel a sertraumatizada por determinadas experiencias e fundamental parao tratamento das sindromes traumaticas,

o modelo de tratamento orientado para a fase sugerido porHorowitz e colaboradores (1976) defende urn equilfbrio entre asintervencoes de apoio iniciais para minimizar 0 estado traumati­co e uma "elaboracao" cada vez mais agressiva nos estagios pos­teriores do tratamento. Estabelecer urn relacionamento seguro ecomunicativo, reavaliar 0 evento traumatico, examinar 0 modelointerno do self e do mundo do paciente e trabalhar com areexperiencia da perda ativada pelo luto sao questoes terapeuti­cas importantes no tratamento do TEPT. Herman e seu grupo(Herman et al., 1989) enfatizaram a importancia de se validar asexperiencias traumaticas do paciente como uma precondicao paraa reparacao da auto-identidade danificada.

Embry (1990) delineou sete parametres principais para apsicoterapia eficaz em veteranos de guerra com TEPTcronico: 1)construcao inicial de comunicacao, 2) estabelecimento de limitese confrontacao com apoio, 3) exemplo afetivo, 4) desconcentracaono estresse e concentracao nos eventos da vida atual, 5) sensibi­lidade para as questoes de transferencia e contratransferencia, 6)percepcao de ganho secundario e 7) manutencao de uma atitudede tratamento positiva.

A psicoterapia de grupo tambem pode servir como urn im­portante tratamento auxiliar ou como 0modo de tratamento prin­cipal de pacientes traurnatizados (van der Kolk, 1987a). Devidoas experiencias passadas, esses pacientes sao freqiientemenre

Transtornos de Ansiedade Zf1

Page 233: Transtornos de ansiedade

Varias tecnicas cognitivas e comportamentais tern conquis­tado popularidade e validacao crescentes no tratamento do TEPT.As pessoas envolvidas em eventos traumaticos frequentementedesenvolvem fobias ou ansiedade f6bica relacionadas ou associa­das a essas situacoes. 'Iem-se verificado que, quando uma ansie­dade f6bica ou uma esquiva sao associados ao TEPT, a dessen­sibilizacao sistematica ou exposicao gradual e eficaz. Essa abor­dagem e baseada no principio de que, quando os pacientes saogradualmente expostos a urn estfmulo f6bico ou provocador deansiedade, eles vao se tornar habituados ou descondicionadosem relacao ao estimulo. Varia¢es desse tratarnento incluem 0 uscde tecnicas na imaginacao (isto e, dessensibiltzacao na imagina­~ao) e exposicao a situacoes da vida real (isto e, dessensibilizacaoin vivo). A exposicao prolongada (ou inundacao), se tolerada porurn paciente, pode tambem ser util; ela ja se mostrou bem-suce­dida no tratamento de urngrupo de veteranos da Guerra do Vietna(Fairbank e Keane, 1982).

As tecnicas de relaxamento produzem os resultados fisiolo­gicos benefices de reduzir a tensao motora e os efeitos da ativida­de do sistema nervoso autonomo - resultados que podem ser par­ticularmente eficazes no TEPT.A tecnica de relaxamento muscu­lar progressivo envolve contrair e relaxar varies grupos de mus­culos para induzir a reacao de relaxamento. Tal reacao e uti}parasintomas de excitacao autonomica, como sintomas sornaticos,ansiedade e insonia, A hipnose tambern tern side usada com su­cesso para induzir a reacao de relaxamento no TEPT.

Terapias cognitiva e comportamental

desconfiados e relutantes em depender de figuras de autoridade,mas a identificacao, 0 apoio e a confianca de ambientes constitul­dos de outros pacientes como eles podem facilitar a mudancaterapeutica.

Tern-se relatado de forma impressionante que 0 tratamentomedicamentoso tem urn efeito positivo sobre a psicoterapia em70% dos casos, com as melhoras na gravidade do sintoma condu­zindo a uma abordagem mais positiva e motivada da psicoterapiae a uma melhora no acesso a exposicao e a elaboracao (Bleich etal.,1986).

238 Hollander & Simeon

Page 234: Transtornos de ansiedade

A terapia e a interrupcao do pensamento, em que uma ex­pressao e urn sofrimento momentaneos sao comparados com pen­samentos ou imagens de um trauma, tern side usadas para trataratividade mental indesejada no TEPT.Urn estudo randomizadorecente comparou a exposicao na imaginacao com a terapia cog­nitiva em 72 pacientes com TEPTcronico (Tarrier et al., 1999).Os dois tratamentos resultaram em urna comparavel melhora im­portante dos sintomas - embora nao sua completa remissao, Ou­tro estudo controlado de 87 pacientes com TEPTcronico cornpa­rou terapia de exposicao, reestruturacao cognitiva, a combinacaodas duas e tecnicas simples de relaxamento (Marks et aI., 1998).Tanto 0 tratamento comportamental (exposicao) quanta 0 trata­rnento cognitive resultaram em uma marcante melhora, com gan­hos mantidos ap6s seis meses; a combinacao dos dois tratamen­tos nao surtiu beneficio adicional, e 0 relaxamento produziu urnamelbora modesta. Em outro estudo, a terapia de exposicao, 0 trei­namento de inoculacao de estresse, a combinacao de ambos eurna lista de espera controle foram comparados em mulheres as­saltadas com TEPTcronico (Foa et aI., 1999). Todos os tres trata­mentos ativos resultaram em urna melhora comparavel, e os gan­hos foram mantidos durante ate urn ano de acompanhamento. Emoutro estudo visando estimular a terapia de exposicao individualcom interveneoes comportamentais familiares, estas ultimas naotrouxeram nenhum beneficio adicional (Glynn et al., 1999).

Outra abordagem, 0 manejo do afeto, tambem parece ser be­nefica.Em urn estudo randomizado de mulheres adultas comTEPTe abuso sexual na infancia que ja estavam recebendo psicoterapiaindividual e farmacoterapia, aquelas que realizaram urn tratamentogrupal de manejo do afeto com rres meses de duracao demonstra­ram urna reducao significativanos sintomas de TEPTe nos sintomasdissociativosap6s 0 tratamento (Zlotnicket al., 1997).

o manejo do afeto tambem parece ser extremamente bene­fico para criancas e adolescentes, embora esses pacientespediatricos tenham sido estudados com menos rigor. Em urn es­tudo aberto da TCC em 17 pacientes pediatricos com TEPT,maisda metade nao mais satisfazia os criterios do transtomo ap6s 0tratamento e estava passando melhor ainda ap6s seis meses deacompanharnento (March et al., 1998). As tecnicas cognitivas ecornportamentais que podem ser uteis no tratamento do TEPTestao resumidas na Tabela 7.S.

Transtornos de Ansiedade 239

Page 235: Transtornos de ansiedade

Agras S, Leitenberg H, Barlow DH: Social reinforcement in themodification of agoraphobia. Arch Gen Psychiatry 19:423-427, 1968American Psychiatric Association: Diagnostic and Statistical Manual ofMental Disorders, 3rd Edition. Washington, DC, American PsychiatricAssociation, 1980

• REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

A dessensibilizacao e reprocessamento do movimento ocu­lar (DRMO) e urna tecnica relativamente nova que foi aplicadana ultima decada no tratamento da patologia relacionada ao trau­ma. Continua a haver controversia na literatura com referenda aeficacia da DRMO,assim como a seus mecanismos basicos de acao.Em urn estudo de acompanhamento de cinco anos de urn peque­no grupo de veteranos de guerra inicialmente tratados com DRMOcom beneffcios modestos, todos os beneffcios foram perdidos du­rante 0 acompanhamento (Macklin et al., 2000). A DRMO foiconsiderada superior ao relaxamento no tratamento do TEPT(Carlson et al., 1998), mas 0 relaxamento nao e urn tratamentode escolha de primeira linha. Urn estudo randornizado recenrecomparando a DRMOcom a TCCcomprovou que esta ultima foimuitissimo mais eficaz, e sua superioridade ficou ainda maisevidente em urn acompanhamento de tres meses (Devillye Spence,1999).

Outros tratamentos

Exposio;:aogradual (na imaginao;:aoe/ou in vivo)Inundao;:aoRelaxamento muscular progressivoHipnoseTreinamento de inoculao;:aode estresseHeestruturacao cognitivalnterrupcao do pensamentoManejo do afeto

TABELA 7.5 Abordagens cognitivas e comportamentais para 0 tratamentodo transtorno de estresse pos-naumanco

240 Hollander & Simeon

Page 236: Transtornos de ansiedade

Arntz A, van den Hour M: Psychological treatments of panic disorderwithout agoraphobia: cognitive therapy versus applied relaxation. BehavRes Ther 34:113-121, 1996Barlow DH, Craske MG,Cerny JA, et al: Behavioral treatment of panicdisorder. Behav Ther 20:261-282, 1989Barlow DH, Rapee RM, Brown 'fA: Behavioral treatment of generalizedanxiety disorder. BehavTher 23:551-570, 1992Beck AT,Emery G, Greenberg RL: Anxiety Disorders and Phobias: ACognitivePerspective. NewYork,BasicBooks, 1985BeckAT, Sokol L, Clark DA,et al: A crossover study of focused cognitivetherapy for panic disorder. Am J Psychiatry 149:778-783, 1992BeidelDC,Turner SM,Morris TI: Behavioral treatment of childhood so­cial phobia. J Consult Clin Psychol 68:1072-1080, 2000BlackDW,BlumNS: Obsessive-compulsivedisorder support groups: theIowa model. Compr Psychiatry 33:65-71, 1992BleichA, Siegel B,GarbR, et al: Post-traumatic stress disorder followingcombat exposure: clinicalfeatures and psychopharmacologicaltreatment.Br J Psychiatry 149:365-369, 1986Borkovec TO, Costello E: Efficacy of applied relaxation and cognitive­behavioral therapy in the treatment of generalized anxiety disorder. JConsult Clin PsychoI61:611-619, 1993Butler G, FennellM,RobsonP, et al: Comparison ofbehavior therapy andcognitive behavior therapy in the treatment of generalized anxietydisorder. J Consult Clin Psychol 59:167-175, 1991Calvocoressi L, Lewis B, Harris M, et al: Family accommodation inobsessive-compulsivedisorder. Am J Psychiatry 152:441-443, 1995CarlsonJG, Chemtob CM,RusnakK,et al: Eyemovement desensitizationand reprocessing (EMDR)treatment for combat-related posttraumaticstress disorder. J Trauma Stress 11:3-24, 1998ChamblessDL,GillisMM:Cognitivetherapy of anxietydisorders.J ConsultClin Psycho161:248-260, 1993Clark DM:A cognitive model of panic attacks, in: Panic: PsychologicalPerspectives. Edited by Rachman S, Maser JD. Hillsdale, NJ, Erlbaum,1988, pp 71-89CooperAM:Willneurobiology influencepsychoanalysis?AmJ Psychiatry142:1395-1402, 1985Cottraux J, Note I, Albuisson E, et al: Cognitivebehavior therapy versussupportive therapy in social phobia: a randomized controlled trial.Psychother Psychosom69:137-146, 2000

Transtornos de Ansiedade 241

Page 237: Transtornos de ansiedade

CraskeMG,BrownTA, BarlowDH:Behavioraltreatment ofpanic disorder:a two-year follow-up. Behav Ther 22:289-403, 1991De Haan E, Hoogduin KA,Buitelaar JK, et a1: Behavior therapy versusclomipramine for the treatment of obsessive-compulsive disorder inchildren and adolescents. JAm Acad Child AdolescPsychiatry 37:1022-1029, 1998DevillyGJ,SpenceSH:The relativeefficacyand treatment distressofEMDRand a cognitive-behaviortrauma treatment protocol in the amelioration ofposttraumatic stress disorder. J AnxietyDisord 13:131-157, 1999Durham RC, Murphy R, Allan T, et al: Cognitive therapy, analyticpsychotherapy and anxiety management training for generalized anxietydisorder. Br J Psychiatry 165:315-323, 1994EmbryCK:Psychotherapeuticinterventions in chronicposttraumatic stressdisorder, in Posttraumatic Stress Disorder: Etiology,Phenomenology,andTreatment. Edited byWolfME,MosnaimAD.Washington, DC,AmericanPsychiatric Press, 1990, pp 226-236Fairbank TA, Keane TM: Flooding for combat-related stress disorders:assessment of anxiety reduction across traumatic memories. BehavTher13:449-510, 1982Foa EB,Steketee G,Grayson JB, et al: Deliberate exposure and blockingof obsessive compulsive rituals: immediate and long-term effects.BehavTher 15:450-472, 1984FoaEB,Dancu cv, Hembree EA,et a1: Acomparison of exposure therapy,stress inoculation therapy, and their combination for reducingposttraumatic stress disorder in female assault victims. J Consult ClinPsychol 67:194-200, 1999FranklinME,KozakMJ, CashmanL, et a1: Cognitive-behavioraltreatmentof pediatric obsessive-compulsivedisorder: an open clinical trial. J AmAcad Child Adolesc Psychiatry 37:412-419, 1998Franklin ME,Abramowitz JS, KozakMJ, et a1: Effectivenessof exposureand ritual prevention for obsessive-compulsive disorder: randomizedcompared with nonrandomized samples. J Consult Clin PsychoI68:594-602,2000Freeston MH, Rheaume J, Ladouceur R: Correcting faulty appraisals ofobsessional thoughts. Behav Res Ther 34:433-446, 1996Gabbard GO: Psychodynamic Psychiatry in Clinical Practice. Washing­ton, DC,American Psychiatric Press, 1990Glynn SM,Eth S, Randolph BT,et a1: A test of behavioral family therapyto augment exposure for combat-related posttraumatic stress disorder. JConsult Clin PsychoI67:243-251, 1999

242 Hollander & Simeon

Page 238: Transtornos de ansiedade

Goldstein AJ, Chambless DL:A reanalysis of agoraphobia. Behav Ther9:47-59, 1978Heimberg RG, Dodge CS, Hope DA, et al: Cognitive behavioral grouptreatment for social phobia: comparison with a credible placebo control.CognitiveTherapy and Research 14:1-23, 1990Herman JL, Perry JC, van der KolkBA:Childhood trauma in borderlinepersonality disorder. Am J Psychiatry 146:490-495, 1989Horowitz MJ: Stress-Response Syndromes. New York, Jason Aronson,1976James lA, Blackburn 1M:Cognitive therapy with obsessive-compulsivedisorder. Br J Psychiatry 166:444-450, 1995KeijsersGp,Hoogduin CA,Schaap CP: Predictors of treatment outcomein the behavioral treatment of obsessive-compulsive disorder. Br JPsychiatry 165:781-786, 1994KrystalH:MassivePsychicTrauma. NewYork,International UniversitiesPress, 1968LipsitzJD, Mannuzza S, KleinOF,et al: Specificphobia 10-16years aftertreatment. Depress Anxiety 10:105-111,1999Macklin ML,Metzger W, Lasko NB, et al: Five-year follow-up studyof eye movement desensitization and reprocessing therapy for com­bat-related posttraumatic stress disorder. Compr Psychiatry 41:24-27, 2000March JS, Amaya-Jackson L, Murray MC, et al: Cognitive-behavioralpsychotherapy for children and adolescents with posttraumatic stressdisorder after a single-incident stressor. J Am Acad Child AdolescPsychiatry 37:585-593, 1998Marks I: Behavior therapy for obsessive-compulsivedisorder: a decadeof progress. Can J Psychiatry 42:1021-1027, 1997Marks 1M, Hodgson R, Rachman S: Treatment of chronic obsessive­compulsiveneurosis by invivoexposure: a two-year follow-upand issuesin treatment. Br J Psychiatry 127:349-364, 1975Marks 1M,Lelliott P,BasogluM, et al: Clomipramine, self-exposure andtherapist-aided exposure for obsessive-compulsiverituals. BrJ Psychiatry152:522-534, 1988Marks I, LovellK, Noshirvani H, et al: Treatment of posttraumatic stressdisorder by exposure and/or cognitive restructuring: a controlled study.Arch Gen Psychiatry 55:317-325, 1998MattickRP,Peters L, Clarke JC: Exposure and cognitive restructuring forsocial phobia: a controlled study. Behav Ther 20:3-23, 1989

Transtornos de Ansiedade 243

Page 239: Transtornos de ansiedade

McKay0: Amaintenance program forobsessive-compulsivedisorder usingexposure with response prevention: 2-year follow-up. Behav Res Ther35:367-369, 1997Milrod B, Busch F, Leon AC, et al: Open trial of psychodynamicpsychotherapyforpanic disorder: a pilot study.AmJ Psychiatry 157:1878-1880, 2000Noyes R JI; Reich JR, Christiansen J, et al: Outcome of panic disorder:relationship to diagnostic subtypes and comorbidity ArchGenPsychiatry47:809-818, 1990O'Connor K, Robillard S: Inference processes in obsessive-compulsivedisorder: some clinical observations. Behav Res Ther 33:887-896, 1996Ost LG,Breitholtz E: Applied relaxation versus cognitive therapy in thetreatment ofgeneralizedanxietydisorder.BehavResTher 38:777-790,2000Ost LG,WestlingBE:Applied relaxation vs cognitive behavior therapy inthe treatment of panic disorder. Behav Res Ther 33:145-158,1995Rachman S, Thordarson OS, Shafran R, et al: Perceived responsibility:structure and significance. Behav Res Ther 33:779-784, 1995RiceKM,Blanchard EB,PurcellM:Biofeedbacktreatments of generalizedanxiety disorder: preliminary results. BiofeedbackSelf Regul18:93-105,1993Salkovskis PM, Westbrook 0: Behavior therapy and obsessionalruminations: can failure be turned into success?BehavResTher 27:149-160, 1989SalkovskisPM,Jones ORO,ClarkOM:Respiratorycontrol in the treatmentof panic attacks: replication and extension with concurrent measurementof behavior and pC02. Br J Psychiatry 148:526-532, 1986Salzman L: Comments on the psychological treatment of obsessive­compulsive patients, in Obsessive-CompulsiveDisorder: Psychologicaland Pharmacological Treatment. Edited by MavissakalianM,Turner SM,MichelsonL. NewYork,Plenum, 1985, pp 155-165Sanderson WC, Rapee RM, Barlow DH:The influence of an illusion ofcontrol on panic attacks induced via inhalation of 5,5% carbon dioxide­enriched air.Arch Gen Psychiatry 46:157-162,1989Shafran R, Ralph J, Tallis F: Obsessive-compulsivesymptoms and thefamily.Bull Menninger Clinic59:472-479, 1996SokolL,BeckAT,Greenberg RL, et al: Cognitivetherapy ofpanic disorder:a nonpharmacological alternative. J NervMent Dis 177:711-716, 1989Spence SH, Donovan C, Brechman TM:The treatment of childhood so­cial phobia: the effectiveness of a social skills training-based, cognitive-

244 Hollander & Simeon

Page 240: Transtornos de ansiedade

behavioral intervention, with and without parental involvement. J ChildPsychol Psychiatry 41:713-762, 2000Steketee GS, Foa EB, Grayson JB: Recent advances in the behavioraltreatment of obsessive compulsives.Arch Gen Psychiatry39:1365-1371,1982Tarrier N,PilgrimH, SommerfieldC,et al: Arandomized trial of cognitivetherapy and imaginable exposure in the treatment of chronicposttraumatic stress disorder. J Consult Clin Psychol 67:13-18, 1999Telch MJ, Lucas JA, Schmidt NB, et al: Group cognitive-behavioraltreatment of panic disorder. Behav ResTher 31:279-287, 1993Turner SM, Beidel DC, Cooley-QuilleMR:Two-year follow-up of socialphobias treated with SocialEffectivenessTherapy.BehavResTher 33:553-555, 1995TynesLL,SalinSC,SkibaW, er al:Apsychoeducationaland support groupfor obsessive-compulsivedisorder patients and their significant others.Compr Psychiatry 33:197-201, 1992van der KolkBA:The role of the group in the Originand resolution of thetrauma response, in PsychologicalTrauma. Edited by van der KolkBA.Washington, DC,American Psychiatric Press, 1987a, pp 153-171van der Kolk BA: The separation cry and the trauma response:developmental issues in the psychobiologyof attachment and separation,in PsychologicalTrauma. Edited by van der KolkBA.Washington, DC,American Psychiatric Press, 1987b, pp 31-62vanOppen P, ArntzA:Cognitivetherapy forobsessive-compulsivedisorder.Behav Res Ther 32:79-87, 1994vanOppen P, deHaan E, van Balkom AJ, er al: Cognitive therapy andexposure invivo in the treatment of obsessive-compulsivedisorder. BehavRes Ther 33:379-390, 1995Wiborg1M,DahlAA:Doesbriefdynamicpsychotherapyreduce the relapserate of panic disorder? Arch Gen Psychiatry 53:689-694, 1996Wlazlo Z, Schroeder-Hartwig K,Hand I, et al: Exposure in vivo vs socialskillstraining for socialphobia: long-termoutcome and differential effects.Behav Res Ther 28:181-193, 1990Woody SR, Chambless DL, Glass CR: Self-focused attention in thetreatment of social phobia. Behav ResTher 35:117-129, 1997Zlotnick C, Shea TM, Rosen K, et al: An affect-management group forwomen with posttraumatic stress disorder and histories of childhoodsexual abuse. J Trauma Stress 10:425-436, 1997

Transtornos de Ansiedade 2A5

Page 241: Transtornos de ansiedade

Os estudos validando 0 uso de tratamentos combinados - ver­sus monoterapias psicofarmacol6gicas ou psicoterapeuticas - paraos transtomos de ansiedade sao ainda relativamente limitados,comparados com estudos de cada modalidade isolada. No entan­to, na Ultima decada em particular, houve varies trabalhos nessaarea. Os estudos que comparam tratamento combinado commonoterapias sao reconhecidamente mais desafiadores de con­duzir, por uma serie de razoes. Em geral, eIes precisam envolvernumeros maiores de pacientes por tratamento e, por isso, urntamanho amostraI maior.Alemdisso, geralmente requerem a reu­niao de pesquisadores especializados em varias disciplinas, osquais podem nao ter se envolvido habitualmente em muitas dis­cussoes entre si. Finalmente, em geral eles demandam uma bus­ca por indivfduos que sejam, ao mesmo tempo, adequados e dis­postos a realizar tratamento psicofarmacol6gico, psicoterapico ouambos, de forma randomizada. Independentemente das eviden­cias de pesquisa, a sabedoria cllnica usualmente precede as evi­dencias experimentais vigorosas, e muitos clfnicos sabem que acornbinacao de medicacao e alguma forma de psicoterapia podeproduzir os maiores resultados de longo prazo para muitos paci­entes com transtornos de ansiedade.

Varias questoes dizem respeito a se urn clmico deve esco­lher monoterapia (psicoterapia ou farmacoterapia) ou terapiacombinada para urn paciente recem chegado buscando alivio deurn transtorno de ansiedade. E seguro dizer que os estudos atehoje realizados estabeleceram, como regra geral, que a terapiacognitivo-comportamental (TCC) e a farmacoterapia tern efica­cia comparavel no tratamento da maioria dos transtornos de an-

SELECIONANDO ECOMBINANDO TRATAMENTOS

Page 242: Transtornos de ansiedade

siedade - possivelmente com excecao da fobia especlfica. Oessesestudos tambem emergiu, como urn padrao geral, que 0 trata­mento medicamentoso pode ser preferfvel para tratar sintomasmais graves ou conseguir urna remissao mais completa dos sinto­mas, enquanto aTee pode ser 0 tratamento mais vantajoso quandose trata da manutencao dos ganhos a longo prazo.

Entao, como 0 clinico decide com que tratamento comecar?Uma questao importante em qualquer decisao clinica e a escolhado paciente. Os pacientes freqiientemente chegam com algumanocao, quer claramente formulada ou apenas parcialmente cons­ciente, quanto ao tipo de tratarnento que gostariarn de receber.Na maior parte dos casos, cabe aos clfnicos respeitar essa esco­lha, amenos que ela seja visivelmente contraindicada. Urnpacienteque deseja primeiro tentar a psicoterapia - ou a medicacao - emgeral deve ter seu desejo respeitado, porque e sabido que as duasabordagens tern pelo menos alguma eficacia nos transtomos deansiedade. Tambem freqiientemente ocorre de os pacientes ja te­rem optado previamente pelo tipo de clinico que procuram, base­ados em suas preferencias e tendencias, Nesses casos, e impor­tante que 0 clinico nao permita que suas pr6prias tendencias ou 0fato de se sentir mais a vontade com determinadas modalidadesrestrinjam as opcoes disponfveis ao paciente. Embora haja exce­~6es para toda diretriz, os bons candidatos para a monoterapiamedicamentosa geralmente sao aqueles com sintomas mais gra­ves ou cronicos, uma inclinacao positiva para a medicacao, poucamotivacao para 0 uso de tecnicas cognitivo-comportamentais ouinteresse limitado no insight e na elaboracao, ou aqueles que ten­taram psicoterapia e querem experimentar algo novo. Inversa­mente, os bons candidatos para a psicoterapia inicial sao aquelesque tern urna perspectiva negativa inicial para 0 notavel efeitoestigmatizante ou para outros efeitos adversos da medicacao,pacientes com sintomas urn pouco menos graves ou de duracaomais limitada, motivados para aprender tecnicas cognitivo-com­portamentais, que mostram alguma curiosidade inicial ou insightsobre 0 que faz com que eles ajam de uma determinada maneira,e os que nao se deram bern apenas com a farmacoterapia.

Ao iniciar qualquer modalidade, e de fundamental impor­tancia instruir 0 paciente desde 0 infcio sobre todas as opcoes detratamento e sobre algumas vantagens e desvantagens de cadauma. Talvez os pacientes nao saibam que as diferentes aborda-

248 Hollander & Simeon

Page 243: Transtornos de ansiedade

gens podem ser todas eficazes, ou que, em rnuitos casos, os trata­mentos combinados podem oferecer ganhos maiores do que qual­quer tipo de monoterapia isoladamente. Essa abordagem educa­cional estabelece 0 campo para futuras mudancas ou adicoes nocurso do tratamento e ajuda a evitar que os pacientes se sintamdesanimados se urn tratamento nao funcionar, ao mesmo tempoque auxilia os clinicos a se protegerem no caso de isso acontecer.Por exemplo, se um curso inicial de monoterapia de qualquer tiponao produz resultados positivos, os pacientes podem ficar incli­nados a perceber a mudanca ou a adicao de outro tratarnentocomo urn fracasso; tal sensacao de fracasso tern menor probabili­dade de ocorrer se 0 clfnico introduziu, desde 0 infcio, a ideia deoutros tipos de tratamento como possibilidades bastante factfveis.Em outro cenario comum, urn paciente pode obter resultadosapenas parciais de uma modalidade e sentir a necessidade de maisganhos. Emais construtivo e correto para 0 clfnicoestruturar essecenario como uma oportunidade para 0 usa de modalidades adi­cionais, em vez de como urn fracasso parcial da modalidade jatentada.

Em outra situacao comurn, os pacientes podem comecar aponderar sobre a dicotomia mente-corpo e questionar se a suapereepcao inicial - por exemplo, de que, no seu caso, a condicaoera mais "psicologica" ou mais "ffsica"- era precisa. lnformacoesadequadas desde 0 infcio podem evitar essas ciladas, ajudando ainstruir 0 paciente de que a mente e 0 corpo interagem de manei­ras inseparaveis e, por isso, qualquer tratamento que seja eficazpara eles e tao born quanta qualquer outro. As vezes, informar ospacientes sobre os estudos de pesquisa que consideram isso clara­mente - como os estudos de referenda sobre 0 transtomo obses­sivo-compulsivo (TOG)mostrando que a TCCeficaz proporcionaao cerebro mudancas sirnilares aquelas provocadas pela medica­~ao eficaz - pode ter urn impacto positivo poderoso.

E tambem comurn que os pacientes que sao desde 0 iniciogravemente sintornaticos tenham urna habilidade limitada parausar as tecnicas psicoterapeuticas, porque seu ego observador esua motivacao para usar novas cognicoes e comportamentos uteispodem estar simplesmente oprimidos pela patologia. Mais urnavez, 0 clinico pode ser multo titil a tais pacientes sugerindo eexplicando a sequencia de tratamento nesses casos. Espera-se quea rnedicacao alivie suficientemente os sintomas para permitir que

Transtornos de Ansiedade 249

Page 244: Transtornos de ansiedade

Em comparacao com 0 transtorno de panico comagorafobia,pouco se sabe sobre a eficada relativa ou combinada das medica­c;6es e da TCC no rratamento do transtorno de panico semagorafobia. Em urn estudo controlado, a fluvoxamina foi incrivel­mente benefica no tratamento agudo do transtorno de panico,enquanto a terapia cognitiva nao superou 0 placebo (Black et al.,

• TRANSTORNO DE PANICO

os pacientes posteriormente lidem com as abordagens psicotera­peuticas. AMmdisso, essas abordagens podem ajuda-los a final­mente interromper a medicacao a longo prazo ou usa-la apenasem epocas de exacerbacao dos sintomas. Todos esses conceitossao apoiados pela pesquisa e em geral devem ser compartilhadoscom os pacientes desde 0 inicio do tratamento.

Finalmente, em outro cenario comurn, e possivel que ospacientes consigam tantos ganhos no tratamento do seu transtor­no de ansiedade, seja ele psicofarmacol6gico ou psicoterapeutico,que passem a perceber a existencia de outros conflitos e proble­mas em sua vida, como problemas de personalidade associados,com os quais gostariam de lidar e agora podem se dar ao "luxo"de faze-lo. A previsao desse resultado, pelo menos em casos emque ele era razoavelmente 6bvio, pode ser multo uti! para facili­tar a introducao de intervencces de tratamento posteriores.

Equanto a iniciar psicoterapia e farmacoterapia concomitan­temente com urn novo paciente? Os estudos existentes compa­rando 0 tratamento combinado com a monoterapia estao resumi­dos neste capitulo. Como conclusao geral, pode-se dizer que elesfreqiientemente, mas nao sempre, demonstraram que 0 tratamentocombinado e melbor do que a monoterapia. Certamente, nunca epior. Por isso, exceto em algumas circunstancias, pode ser inte­ressante iniciar os dois tratamentos sirnultaneamente com urnnovo paciente - por exemplo, quando 0 paciente esta, desde 0inicio, motivado para experirnentar ambos e pode investir 0 tem­po, 0 esforco e os gastos envolvidos; quando os sintomas sao gra­ves e incapacitantes e resultados maximos sao necessaries rapi­damente; ou, e claro, quando os pacientes ja responderam ape­nas parcialmente a uma modalidade e agora estao procurandourn clinico para buscar ganhos adicionais .

250 Hollander & Simeon

Page 245: Transtornos de ansiedade

1993). Ao contrario, outro estudo controlado verificou que a te­rapia cognitiva, 0 relaxamento e a irnipramina sao sirnilarmenteeficazes, e a primeira tern efeitos mais duradouros em nove me­ses de acompanharnento ap6s descontinuacao do tratamento(Clark et al., 1994). Apos 0 inicio do tratamento medicamentosopara 0 controle inicial dos sintomas, a introducao da TCCpareceaurnentar muito a probabilidade de urn paciente conseguir redu­zir gradualmente a medicacao (Otto et aI., 1993).

Foram recentemente publicados os resultados iniciais e delongo prazo do maior estudo comparando medicacao, TCCe te­rapia combinada (Barlow et al., 2000). Este foi urn estudo con­trolado multicentrico de 312 pacientes com transtorno de pani­co, aleatoriamente designados para cinco tratamentos diferen­tes: apenas imipramina, apenas TCC, imiprarnina e TCCcombi­nadas, medicacao com placebo e placebo mais TCC.Na fase inicialde tres meses de tratamento, a medicacao e a TCCisoladas rive­ram eficacia similar, com urna vantagem limitada em relacao aotratamento combinado com imipramina e TCC.Para os pacientestratados na fase de manutencao de seis meses, a imipramina pro­duziu urna qualidade de resposta mais elevada do que a TCC iso­ladamente, eo tratamento combinado obteve uma vantagem subs­tancial em relacao aos dados anteriormente obtidos. Finalmente,no acompanhamento de seis meses ap6s 0 termino do tratamen­to, a TCCmostrou resultados mais duraveis, Este estudo, 0 maisabrangente realizado ate hoje, sugere claramente que tanto a psi­coterapia quanta a medicacao devem ser seriamente considera­das no tratamento de urn paciente com transtorno de panico, cadauma tendo suas vantagens e limitacoes,

Continua a haver desacordo na literatura com referenda aomelhor metoda para tratar transtorno de panico com agorafobia.A medicacao antipanico e dada para bloquear a ocorrencia deataques de panico, e sua eficacia nesse aspecto esta bern docu­mentada. No entanto, 0 tratamento apenas medicamentoso fre­qiientemente nao e adequado para pacientes com esquivaagoraf6bica significativa. Em geral, aceita-se que alguns meiosde expor os pacientes com agorafobia as situacoes ternidas saonecessaries para a melhora total. Essa exposicao ao estfrnulo te­mido pode ser conseguida por varies metodos nao-especificos,como educacao, restabelecimento da confianca e terapia de apoio(Klein et al., 1983). No entanto, a TCCfocalizada geralrnente e

Transtornos de Ansiedade 251

Page 246: Transtornos de ansiedade

Ha pouquissimos dados sobre 0 uso combinado da psicote­rapia e medicacao no tratamento do transtomo de ansiedade ge­neralizada (TAG).Em urn estudo comparando 0 tratamento ape­nas com TCC,apenas com benzodiazepfnicos, com os dois combi­nados e com placebo (power et al., 1990), a TCCisolada ou juntocom medicacao tendeu a emergir como superior. Parece, no en­tanto, que 0 componente de TCCfoi mais intensivo do que 0 tra-

• TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA

rnais bern-sucedida do que as tecnicas nao-especfficas na reducaoda esquiva agoraf6bica, como esta detalhado no Capitulo 7, "Ira­tamentos Psicoterapicos". Conseqiientemente, a eficacia relativae combinada das medicacoes e da TCCpara 0 transtomo de pam­co com agorafobia tern sido 0 foco de muitas investigacoes.

Alguns estudos nao comprovaram que a irnipramina ternurn efeito importante na agorafobia quando administrada sozi­nha ou com instrucoes de exposicao (Marks et al., 1983; TeIchetal., 1985), mas urn trabalho mostrou que 0 tratamento apenascom imiprarnina reduz a esquiva f6bica em nfveis plasmaticoscombinados de 110-140 ng/ml (Mavissakalian e Perel, 1995). Amaior parte dos estudos concorda que a combinacao de medica­~ao e tratamento comportamental (exposicao) e superior a ape­nas tratamento medicamentoso ou comportamental no tratamentoda esquiva f6bica (de Beurs et al., 1995; Mavissakalian eMichelson, 1986; TeIch et al., 1985; Zitrin et al., 1980).

Em resurno, os antidepressivos combinados com a TCCemgeral devem ser institufdos no tratamento do transtorno de pam­co com agorafobia. A terapia combinada parece ser superior aqualquer urn dos tratamentos isolados. Em urn grande estudocontrolado de alprazolam mais exposicao em pacientes com trans­tomo de panico com agorafobia, as melhoras nos ataques de pa­nico, na ansiedade antecipat6ria e na esquiva foram considera­das, em grande parte, independentes uma da outra, e somente amelhora inicial na esquiva foi preditora de uma melhora geralap6s 0 tratarnento (Basoglu et al., 1994). Dernonstrou-se que aTCCreduz os ataques de panico, mas nao a agorafobia, enquantoa exposicao reduz a agorafobia, mas nao os ataques de panico(van den Hout et al., 1994) .

252 Hollander & Simeon

Page 247: Transtornos de ansiedade

A terapia combinada e normalmente usada e recomendadano tratamento do TOC.Amenos que os sintomas sejam leves ouo paciente esteja altamente motivado para iniciar com tecnicasde TCC, uma abordagem comumente usada na pratica cllnica einiciar com a medicacao, para conseguir urn grau de melhora queperrnita uma melhor utilizacao da TCC; deve-se tentar retirar amedicacao gradualmente, quando a TCC tiver dorninado e semostrar eficaz. Em um estudo recente que testou essa aborda-

• TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO

o tratamento combinado de TCCe medicacao para a fobiasocial tern recebido alguma atencao. Parece que a medicacao,comparada com a TCC isoladamente, tem resultados sernelhan­tes no tratamento agudo da fobia social (Gelernter et al., 1991;Heimberg et aI., 1998; Otto et al., 2000). Em uma comparacaorigorosa com a fenelzina - a medicacao "padrao-ouro" -, compro­vou-se que a terapia de grupo cognitivo-comportamental tern umaeficacia similar no final de urn periodo de 12 semanas, emboratenha demorado mais tempo para obter uma resposta e tenhasido inferior em algumas medidas finais (Heimberg et al., 1998).AMmdisso, a questao do efeito a longo prazo das duas formas deterapia e particularmente importante, porque a fobia social e umacondicao cronica. Em uma continuacao do estudo previamentedescrito (Heimberg et al., 1998), os pacientes que responderamao tratamento continuaram 0 tratamento com fenelzina ou TCCdurante uma fase de manutencao de seis meses, e, depois disso,seguiu-se uma fase adicional de seis meses sem tratamento(Liebowitz et al., 1999). Ambos os tratamentos mantiveram suaeficacia durante os seis primeiros meses, com a fenelzina man­tendo uma leve superioridade sobre a TCC. No entanto, ap6s 0termino do tratamento, a TCCfoi associada a uma maior proba­bilidade de manutencao de uma boa resposta .

• FOBIA SOCIAL

tarnento medicamentoso, e estudos adicionais sao claramentenecessaries nessa area.

Transtornos de Ansiedade 253

Page 248: Transtornos de ansiedade

Para tomar decis6es criteriosas com relacao a mudancas ouacrescimos nas modalidades usadas para tratar os transtornos deansiedade, e fundamental ser capaz de avaliar com precisao 0progresso dos pacientes. Uma estrategia gerairnente uti! na ava­lia~ao dos sintomas de qualquer transtorno em que 0 paciente eurn avaliador razoavelmente confiavel e verificar a sintomatologia

• AVALIANDO A RESPOSTA AO TRATAMENTO

Segundo 0 nosso conhecimento, ainda nao ha estudos pu­blicados comparando monoterapias farrnacologicas commonoterapias psicologicas, ou exarninando a eficacia de trata­mentos combinados no transtorno de estresse pos-traurnatico(TEPT). Tendo como base estudos de revisao e metanalises decada modalidade, a farmacoterapia e a psicoterapia parecem teruma eficacia bastante comparavel, de cerca de 40-70% (Davidsonet al., 1997; Sherman, 1998). Espera-se que estudos futuros es­clarecam melhor as diretrizes exatas com relacao a essas duasabordagens no TEPT.

• TRANSTORNO DE ESTRESSE POS-TRAUMATICO

gem, ela pareceu bastante eficaz. Os pacientes que permanece­ram sintomaticos durante 12 semanas de tratamento com inibidorseletivo da recaptacao de serotonin a (ISRS) ingressaram em urnperiodo de exposicao e prevencao de resposta; eles demonstra­ram uma reducao de 50% em seus sintomas de Toe (Simpson etal., 1999). Outro estudo comparou a terapia comportamental oucognitiva isoladas com 0 tratamento inicial com ISRS posterior­mente complementado com essas terapias; 0 estudo nao mostroudiferencas entre esses tratamentos. Os achados foram interpreta­dos como sugestivos de que 0 tratamento apenas psicoterapicopode ser suficiente, pelo menos nesse grupo de individuos (vanBalkom et al., 1998). Finairnente, urn estudo de metanalise, com­parando os tratamentos do TOe, ap6s 0 controle de muitas varia­veis de confusao, concluiu que a clornipramina, os ISRSse a ex­posicao com prevencao de resposta tern resultados comparaveis(Kobak et al., 1998) .

254 Hollander & Simeon

Page 249: Transtornos de ansiedade

em cada visita, para se ter informacoes quantificaveis simples quepossam ser comparadas entre as visitas. Essas avaliacoes sao maisbem realizadas sem lembrar aos pacientes suas avaliacoes anterio­res; as vezes, eles perguntam qual foi sua resposta da Ultima vez,e uma resposta melhor e evitada. Alguns pacientes dominadospela ansiedade podem ser impedidos de declarar muito progres­so, como urn paciente com TAG cuja preocupacao pode ter fun­c;oesmagicas de protecao. Duas perguntas faceis de fazer aos pa­cientes: 1) Quanto voce esta melhor agora, em termos de percen­tagem, em relacao ao inicio do tratamento: 10%, 50%, 90%? e 2)Se 0 significa nao ter sintomas e 10 representa 0 momento emque voce se sentiu pior, qual foi, em media, a gravidade dos seussintomas nos iiltimos [perfodo de tempo]? Essas ava­liacoes devem complementar, e caracteristicamente complemen­tam, 0 relato descritivo que os pacientes apresentam de comoestao passando. Se houver uma discrepancia importante entre 0que os pacientes descrevem e como eles se avaliam, isso deve seresclarecido.

Outro principio importante no tratamento dos transtomosde ansiedade e que a esquiva esta freqiientemente presente, e aavaliacao do progresso nao sera precisa se, alern dos sintomaspositivos, a esquiva nao for rigorosamente monitorada. Por exern­plo, no transtomo de panico, 0 clfnico deve investigar em cadaencontro 0 mimero e a gravidade dos ataques de panico, a pre­senca de ansiedade antecipat6ria e a presenca de esquiva; a mes­ma escala de avaliacao de 0-10 pode ser aplicada a cada urn dostres componentes. Um paciente que nao esta mais tendo ataquesde panico, mas cuja agorafobia permanece a mesma, esta eviden­temente necessitando de mais intervencoes. Em contraste, os pa­cientes ansiosos podem, paradoxalmente, parecer mais sintoma­ticos e dominados pela ansiedade quando cornecam a obter ganhosimportantes no confronto com suas esquivas. 0 aurnento nos sin­tomas aplica-se ao 'D\G, a fobia social, ao Toe e ao TEPT.

Ao questionar sobre 0 TAG, e conveniente ter compilado,desde 0 inicio, uma lista de todas as areas de preocupacao dopaciente e conseguir acompanhar a mudanca no escopo e na in­tensidade de cada uma, porque, as vezes, podem surgir novasareas de preocupacao. Ao questionar sobre a fobia social, e tam­bern importante perguntar sobre a ansiedade e a esquiva, porqueos pacientes podem nao estar experimentando a ansiedade das

Transtornos de Ansiedade 255

Page 250: Transtornos de ansiedade

Como urn ultimo ponto, nos transtomos de ansiedade, comoem todos os transtomos psiquiatricos, e fundamental avaliar naosomente a melhora nos sintomas da ansiedade, mas tambern amelhora funcional em relacao a serie de atividades em que ospacientes se envolvem e na satisfacao que eles conseguem extrairdos varies aspectos de suas vidas. Se uma pessoa demonstrouuma melhora sintomatica importante mas permanece despropor­cionalmente comprometida, 0 clinico deve investigar 0 porque elidar com esse processo da maneira mais adequada a situacao,Ha varias possibilidades que podem ser investigadas. Uma delase a de que 0 paciente permanece mais sintomatico do que se podeperceber e que, possiveimente, ha alguns sintomas que nao fo­ram inteiramente expostos e considerados em sua gravidade. Porexemplo, alguns pacientes com TOC as vezes podem exibir me­lhora em certas areas, mas continuar a colecionar coisas de rna­neiras que prejudicam seriamente qualquer vida social, se essecolecionismo impede que eles convidem outras pessoas para visi­tar sua casa. Outra possibilidade e a de que os problemas basicosdo transtorno da personalidade estao impedindo os pacientes deconseguir urn funcionamento melhor, apesar de uma melhora

com 0 tratamento.

situacoes sociais que estao sendo totalmente evitadas. E aindanecessario inquirir sobre qualquer mudanc;a no uso de medidasauxiliares, como 0 alcool ou os parceiros necessaries, que ajudama lidar com situacoes socials.

Ao avaliar a mudanc;a no TOC, e uti! consultar uma listainicial de todas as obsessoes e compulsoes entao presentes e in­quirir sobre cada uma separadamente, porque elas podem ser mill­tiplas, e a mudanca talvez varie entre diferentes sintomas. Alemdisso, a lista de sintomas da Yale-BrownObsessive CompulsiveScale (Y-BOCS;Goodman et aI., 1989) e muito uti! para se extra­ir os varies tipos de obsessoes e compulsoes. As perguntas irnpor­tantes a serem formuladas tern a ver com 0 tempo aproximadoque, no decorrer de urn dia, 0 paciente, e tornado pelos sintomas,quanta ele consegue resistir a esses sintomas e ate que ponto ebem-sucedido no controle dos mesmos. A escala de gravidade daY-BOCSpode ser uti! para quantificar a gravidade. Finalmente,no TEPT e importante investigar os sintomas que podem estarpresentes dos tres dominios - lembranc;as invasivas, esquiva ehiperexcitacao - porque estes podem melhorar diferencialmente

256 Hollander & Simeon

Page 251: Transtornos de ansiedade

Barlow DH,Gorman JM, Shear MK,et al: Cognitive-behavioraltherapy,imipramine, or their combination for panic disorder: a randomizedcontrolled trial. JAMA283:2529-2536, 2000Basoglu M, Marks 1M,KilicC, et al: Relationship of panic, anticipatoryanxiety, agoraphobia and global improvement in panic disorder withagoraphobia treated with alprazolam and exposure. Br J Psychiatry164:647-652, 1994Black DW;Wesner R, Bowers W, et al: A comparison of tluvoxamine,cognitive therapy, and placebo in the treatment of panic disorder. ArchGen Psychiatry 50:44-50, 1993ClarkDM,SalkovskisPM,HackmannA, et al: Acomparison of cognitivetherapy, applied relaxation therapy and imipramine in the treatment ofpanic disorder. BrJ Psychiatry 164:759-769, 1994Davidson JRT, Malik ML, Sutherland SN: Response characteristics toantidepressants and placebo in post-traumatic stress disorder. Review.Int Clin Psychopharmacol 12:291-296, 1997de Beurs E, van BalkomAJ, Lange A, et al: Treatment of panic disorderwith agoraphobia: comparisonof tluvoxamine, placebo and psychological

• REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

muito sintomatica. Um exemplo disso e 0 paciente cujos ataquesde panico tern sido amplamente tratados, mas que sempre encon­tra razoes e desculpas para nao ingressar em um programacognitivo-componamental porque ele ameaca a inconsciente de­pendencia de outra pessoa. Uma terceira possibilidade e a de queos transtomos co-morbidos ainda estao conduzindo a angustia ea disfuncao, mesmo que 0 transtomo de ansiedade tenha sidotratado com sucesso; essas condicoes co-rnorbidas devem ser tra­tadas de acordo. Por exemplo, em qualquer paciente, uma medi­cacao indicada para 0 tratamento tanto dos sintomas de ansieda­de quanta dos sintomas depressivos pode funcionar para umadas condicoes, mas nao para a outra. Finalmente, e possfvel quealguns pacientes com transtomos de ansiedade tenharn uma con­dic;aotao cronica que apresentam deficits reais em suas habilida­des socials e ocupacionais. Nessas situacoes, os pacientes podemse beneficiar muito de ambientes que lhes ajudarao a aprendernovas habilidades socials ou vocacionais, como terapias de grupoou programas vocacionais.

Transtornos de Ansiedade 'l57

Page 252: Transtornos de ansiedade

panic management combined with exposure and of exposure in vivo alone.Am J Psychiatry 152:683-691, 1995Gelernter CS, Uhde TW, Cimbolic P, et al: Cognitive-behavioral andpharmacological treatments of social phobia: a controlled study. ArchGen Psychiatry 48:938-945, 1991Goodman WK, Price LH, Rasmussen SA, er al: The Yale-Brown ObsessiveScale I: development, use, and reliability. Arch Gen Psychiatry 46:1006-1011, 1989Heimberg RG, Liebowitz MR,Hope DA,et al: Cognitive behavioral grouptherapy vs phenelzine therapy for social phobia: 12-week outcome. ArchGen Psychiatry 55:1133-1141, 1998Klein DF,Zitrin CM,Woerner MG, et al: Treatment of phobias, Il: behaviortherapy and supportive psychotherapy: are there any specific lntredlents?Arch Gen Psychiatry 40:139-145, 1983Kobak KA, Greist JH, Jefferson JW, et al: Behavioral versus pharma­cological treatments of obsessive-compulsive disorder: a meta-analysis.Psychopharmacology (Ber!) 136:205-216, 1998Liebowitz MR, Heimberg RG, Schneier FR, et al: Cognitive-behavioraltherapy versus phenelzine in social phobia: long-term outcome. DepressAnxiety 10:89-98, 1999Marks 1M,Gray S, Cohen D, et al: Imipramine and brief therapist-aidedexposure in agoraphobics having self-exposure homework. Arch GenPsychiatry 40:153-162, 1983Mavissakalian M, Michelson L: Agoraphobia: relative and combinedeffectiveness of therapist-assisted in vivo exposure and imipramine. JClin Psychiatry 47:117-122, 1986Mavissakalian M, Perel JM: Imipramine treatment of panic disorder withagoraphobia: dose ranging and plasma level-response relationships. AmJ Psychiatry 152:673-682, 1995Otto MW,Pollack MH, Sachs GS, et al: Discontinuation of benzodiazepinetreatment: efficacy of cognitive-behavioral therapy for patients with panicdisorder. Am J Psychiatry 150:1485-1490, 1993Otto MW,Pollack MH, Gould RA, et al: A comparison of the efficacy ofcJonazepam and cognitive-behavioral group therapy for the treatment ofsocial phobia. JAnxiety Disord 14:345-358, 2000Power KG, Simpson RJ, Swanson V, et al: A controlled comparison ofcognitive-behavior therapy, diazepam, and placebo, alone and incombination, for the treatment of generalized anxiety disorder. J AnxietyDlsord 4:267-292, 1990

258 Hollander & Simeon

Page 253: Transtornos de ansiedade

Sherman JJ: Effects of psychotherapeutic treatments for PTSO:a meta­analysis of controlled clinical trials. J Trauma Stress 11:413-435, 1998Simpson HB, GorfinkleKS,LiebowitzMR:Cognitive-behavioral therapyas an adjunct to serotonin reuptake inhibitors in obsessive-compulsivedisorder: an open trial. J Clin Psychiatry 60:584-590, 1999TelchMJ, AgrasWG,Taylor CM, et a1: Combined pharmacological andbehavioral treatment for agoraphobia. BehavResTher 23:325-335,1985van BalkomAJ, de Haan E, van Oppen P, et al: Cognitiveand behavioraltherapies alone versus in combination with fluvoxamine in the treatmentof obsessive-compulsivedisorder. J NervMent Dis 186:492-499, 1998van den Hout M, Arntz A, Hoekstra R: Exposure reduced agoraphobiabut not panic, and cognitive therapy reduced panic but not agoraphobia.Behav Res Ther 32:447-451, 1994Zitrin eM, KleinOF,Woerner MG:Treatment of agoraphobia with groupexposure in vivo and imipramine. Arch Gen Psychiatry 37:63-72, 1980

Transtornos de Ansiedade 259

Page 254: Transtornos de ansiedade

Benzodiazepfnicospara fobia social, 185·187, 183-

184para transtomo de ansiedade ge­

neralizada, 177-178para transtorno de estresse pas­

traumatico, 201para transtorno de panico, 98-99,

165-168, 171·174Bupropionapara fobia social, 184-185, 187·

188para transtorno de estresse pas­

traumatico, 201, 205·206Buspironaestrategias de complementacao,

193-195

Antidepressivos triciclicos CATCs)para transtomo de ansiedade ge­

neralizada, 177-178-179para transtomo de estresse p6s­

traumatico, 200, 201·202para transtorno de panico, 98·

99, 165, 168·169, 166Antipsicoticos, estrategias comple­

mentares, 194-195Ataques de panicocom transtorno de estresse pos­

traumatico, 75·76locus ceruleus e, 97-98sistema nervoso central e, 97-98

Atenolol, para fobia social, 183·184

Abuso de alcool, com transtorno deestresse pos-traumatico, 66

Abuso de droga, com transtomo deestresse pos-traumatico, 66

ACidovalproicopara transtorno de estresse pes­

traumatico, 200, 204-205para transtomo de panico, 167,

165-168, 174-176ACTH.VeT hormonio adrenocortico­

tropicoACTs.Ver Antidepressivos triciclioosAdolescencia, infcio da fobia social

na, 85·86AgorafobiaAlprazolampara fobia social, 186·187para transtorno de panico, 166-

167Ansiedade de desempenho, trata­

mento com beta-bloqueado­res, 182, 184-185

Ansioliticos, para 0 transtorno deansiedade generalizada, 176,178-179, 182, 184

Anticonvulsivantes, para transtomode estresse pos-rraumatico,204-205

Antidepressivospara transtomo de ansiedade ge­

neralizada,179, 180·182,184

terapias combinadas, 252-253

AS mimeros de paginas em negrito referern-se a tabelas oufiguras.

INDICE

Page 255: Transtornos de ansiedade

Depressao, como cornplicacao dotranstorno de estresse p6s­traumatico, 74, 75-76

Desipramina, para transtorno depanico, 166

Desregulacao dopaminergica, trans­torno obsessivo-compulsivoe, 115-116

Dessensibilizacao e reprocessa­mento do movimento ocular(DRMO),

transtorno de estresse pos-trau­matico e, 125-126

como tratamento para os trans­tornos de ansiedade, 239-241

Dietilamida de acido lisergico (LSD)transtorno de panico e, 43-44

Difenidramina, para transtorno deestresse pcs-traumatico, 201

Divalproex s6dico, para transtornode estresse pos-traumatico,204-205

Doenca cardiacacom transtomo de panico,67-69,83

Doenca cardfaca isquernica, comtranstorno de panico, 68-69

Doenca do nervo vestibular, sinto­mas que imitam ataques depanico, 68-69-69-70

Dor; transtorno de estresse pos-trau­matico e, 124-125

DRMO. Ver dessensibilizacao ereprocessamento do movi­mento ocular

para transtorno de panico, 98-99, 167, 165-168, 174-175

para transtorno obsessivo-com­pulsivo, 115-116

com venlafaxina, 177-178tratamento psicoterapieo, 226-229abordagens cognitivas e com­portamentais ao, 226-227,229-230

Controlena agorafobia, 60-61no transtorno obsessivo-compul­

sivo, 56-57Carbamazepina, para transtomo de

estresse pos-traumarico, 200,204-205

Ciproeptadina, para transtorno deestresse pos-traumatico, 200,205-206

Circuito dos g~ng1ios orbitofrontal­lfmbioo-basais, transtomo ob­sessivo-compulsivoe, 115-118

Citaloprampara fobia social, 183-184para transtorno de estresse pos­

traumatico, 200para transtorno de panico, 166,

169-170para transtorno obsessive-com­

pulsivo, 190Clomipraminacom ISRSs, 196para transtorno de p~ico, 166para transtomo obsessive-com-

pulsivo refratarto, 197para transtorno obsessivo-com­

pulsivo, 188-189, 190, 189,191-194

Clonazepampara fobia social, 183-184, 185-

187para transtorno de panico, 166,

172-174para transtorno obsessive-com­

pulsivo, 190Clonidinapara transtomo de ansiedade ge­

neralizada, 179, 182, 184para transtomo de estresse p6s­

traumatico, 124-125, 200

para fobia social, 187-188,183-184

para transtomo de ansiedade ge­neralizada, 177-178, 179-180

para transtomo de estresse p6s­traumatico, 200, 204-206

para transtomo de panico, 97-99,174-175

para transtorno obsessivo-com­pulsivo, 190

262 indica

Page 256: Transtornos de ansiedade

para transtorno de estresse p6s­traumatico, 201-204

para transtorno de panico, 166,170-172

Feocromocitoma, com transtomo depanico, 68-69

Fisioneurose, 120-122Flescher, Joachim, 145Fluoxetinapara fobia social, 183-184para transtomo de estresse pos­

traurnatico, 200para transtorno de panico, 166,

169-171para transtorno obsessive-com­

pulsivo, 190Fluvoxaminapara fobia social, 183-184para transtomo de estresse p6s­

traumatico, 200para transtorno de panico, 166para transtorno obsessivo-com­

pulsivo, 190, 191-192Fobia especfficacomponentes, 52-53criterios do DSM-N-TR, 50-51curso e prognostico, 86-87, 97-98diagn6stico, 52-53teorias biol6gicas, 111-112

medo condicionado, 112neurobiologia, 111-112

teorias comportamentais, 154-156teorias psicodinamicas, 154-155tratamento farmacol6gico, 187-

189tratamento psicoterapico, 231-233terapia comportamental, 231-233

Fobia socialcom agorafobia, 71-72criterios do DSM-N-TR, 49curso e prognostico, 85-87, 86-

87diagn6stico diferencial, 70-73,

71-72diagnostico, 48, 51-52epidemiologia, 24-27fatores de risco, 25-26

Indica 2&3

Fator liberador de corticotropina(CRF), transromo de panicoe, 99-101

Fenelzinapara fobia social, 183-184

ECA (Epidemiologic CatchmentArea) estudo da, 19, 21, 84

Eixo hipotalamo-hipofise-adrenal(HHA)

transtorno de estresse pos-trau­matico e, 123-124

transtorno de panico e, 100-101Endorfinas, para 0 transtorno de

panico, 98-99Esquiva, 255-256Estabilizadores do humor, para

transtorno de estresse pos­traumatico, 204-205

Estimulacao magnetica transcra­niana, para transtorno deestresse pos-traumatico, 205-206

Bstfmulo condicionado, 148-150Estfmulo nac-condicicnadc, 148-

149-149-150Estfmulo, condicionado e nao-con­

dicionado, 148-150Estudo da Epidemiologic Catchment

Area (ECA), 19,21,84Estudos de imagensfobia social e, 109-110transtorno de estresse pos-trau­

matico e, 124-126transtomo obsessivo-compulsivo

e, 115-118

Drogas de bloqueio beta-adrener­gico

para ansiedade de desempenbo,182, 184, 184-185

para fobia social, 183-185para transtomo de ansiedade ge­

neralizada, 182, 184para transtomo de estresse pes­

traurnatico, 199, 201Duvida, no transtomo obsessivo­

compulsive, 57-58

Page 257: Transtornos de ansiedade

lmagem de ressonancia magneticafuncional (IRMf), para avali­a~o de fobia social, 109-110

Imagens por Ressonancia Magneti­ca (IRM), para avaliacao detranstorno de estresse p6s­traumatico, 124-126

lMAOs.Ver Inibidores da monoami­noxidase

Haloperidol, para transtomo obses­sivo-compulsivo, 190

HHA. Ver eixo hipotalamo-hipofise­adrenal

Hiperparatireoidismo, como sinto­rna de ansiedade, 68-69

Horrnonio adrenocorticotr6pico(ACTH), transtorno de pani­co e, 100-10 1

com fobia social, 71-72epidemiologia, 23-25prevalencia ao longo da vida, pro-

porcao de genero e co-morbi­dades comuns, 20

sem hist6rico de transtomo depanico, criterios do OSM-N­TR, 48-49, 50-51

transtorno de estresse p6s-trau­matico e, 66

tratamento com transtorno depanico, 251-253

Humilhacao, na fobia social, 71-72

Gabapentina, para fobia social,183-184, 187-188

G~meos, transtorno de estresse p6s­traumatico e, 125-126

Geneticafobia social e, 125-126transtomo de ansiedade genera­

lizada e, 107-108transtorno de estresse pos-trau­

matico e, 125-126transtomo de panico e, 104-106transtorno obsessivo-compulsivo

e, 119-121Gravidez, ap6s transtorno de paru­

co, 43-44

fobia social dos pais e, 25-26lnfcio na adolescencia, 85-86prevalencia ao longo da vida, pro-

porcao entre os g~neros e co­morbidades comuns, 20

qualidade de vida com, 26-27risco familiar, II0-1l1sintomas, 52teorias biol6gicas, 107-108, 110-

IIIestudos de imagens, 109-110genetica, 110-111, 111-112neuroquimica, 107-109

teorias cognitivas, 152-55teorias comportarnentais, 152-

153, 154, 155teorias psicodinamicas, 151-153terapias combinadas e, 253-254transtornos da personalidade e,

25-27transtomos dos Eixos I e II, 26-

27tratamento farmacol6gico, 183-

185com benzodiazepfnicos, 183-184, 185-187

com beta-bloqueadores na an­siedade de desempenho, 182,184, 183-184, 184-185

com bupropiona, 187-188com buspirona, 187-188com gabapentina, 183-184,187-188

com inibidores da monoamine­xidase, 183-186

com inibidores seletivos darecaptacao de serotonina,183-184, 186-188

tratamento psicoterapico, 228-229, 231-232

terapia cognitiva e comporta­mental, 228-231, 229-230

Fobiasclassificacao, 46-48, 51definicao, 45-46diagn6stico, 45-46, 48, 51epidemiologia, 23-24, 26-27

Freud, Sigmund, 143-144, 154-155

264 indica

Page 258: Transtornos de ansiedade

Maconha, transtorno de panico e,43-44

Manual Diagnostico e Estatistico deTranstornos Mentais, TextoRevisado (DSM-N-TR)

criterios para agorafobia, 48, 51crirerios para fobia espedfica, 50-

51criterios para fobia social, 49crirerios para transtomo de ansie­

dade generalizada, 47criterios para transtorno de estres­

se pos-traumatico, 60-61criterios para transtorno de pani­

co, 39, 41-42,39-41com agorafobia, 39, 41-42,39-41

sem agorafobia, 41-42,42-43criterios para transtorno obsessi­

vo-compulsivo, 54-55m-CPp, para transtorno obsessive­

compulsivo, 114-115Medodo medo, 225-227neurocircuito do, 103-105

Lactato de sodio, para ataques depanico, 67-69

Lamotrigina, para transtorno deestresse pos-traumatico, 200,204-205

LC. VerLfquido cerebrospinalLentificacao, no transtorno obsessi­

vo-compulsivo, 57-58Lfquido cerebrospinal, fobia social

e, 108-109Utiopara transtomo de estresse p6s­

traumatico, 200Locus ceruleus. Ver tambem Sistema

simpaticoataques de panico e, 97-98

Klein, D.R, 146Klein, Melanie, 145

ISRS. Ver Inibidores seletivos darecaptacao de serotonina

Indice 2&5

Imipraminapara transtomo de ansiedade ge­

neralizada, 177-178para transtomo de estresse p6s­

traumatico, 201-202para transtomo de panico, 147-

148, 168-169, 166terapias combinadas e, 252-253

lnibicao, fobia social e, 110-111Inibidores combinados de serotonina

e norepinefrina (ISNRs), paratranstomo de panico, 173-174, Ver tambem Venlafaxina

Inibidores da monoaminoxidase(lMAOs)

para fobia social, 184-186, 183-184

para transtomo de estresse p6s­traumatico, 200, 201-204

para transtomo de panico, 166,170-172

para transtomo obsessive-com­pulsivo, 190

Inibidores seletivos da recaptacaode serotonina (ISRSs)

com clomipramina, 196para fobia social, 183-184, 186-

188para transtomo de ansiedade ge­

neralizada, 177-178para transtorno de estresse p6s­

traumanco, 200, 201-202para transtorno de panico, 97-

98, 166, 168-171para transtorno obsessive-com­

pulsivo, 189, 191, 193-194Inositol, para transtorno de panico,

167, 165-168, 175-176International Classification of Disea­

ses, classificacao do estressepos-traumatico, 59, 60-62

Interrupcao do pensarnento, 238-239IRM. Ver Imagem de ressonancia

magneticaIRMf. Ver Imagem de ressonancia

magnetica funcionalISNRs.Verinibidores combinados de

serotonina e norepinefrina

Page 259: Transtornos de ansiedade

Paroxetinapara fobia social, 183-184para transtorno de ansiedade ge­

neralizada, 177-178, 181-182

para transtomo de estresse pas­traumatico, 200

para transtorno de panico, 166para transtorno obsessivo-com­

pulsivo, 190, 192-193Perturbacoes do sonono transtomo de ansiedade gene­

ralizada, 106-108no transtorno de panico, 106-107sana Nao-REM, 102-103

Olanzapina, para transtomo obses­sivo-compulsivo, 190

sono, transtorno de panico e, 102-103

National Comorbidity Survey (NCS),22

National Institute of Mental HealthEpidemiologic CatchmentArea (ECA) study, 19,21,84

NCS (National Comorbidity Survey),22

Nefazodonapara fobia social, 184-185, 187-

188para transtomo de ansiedade ge­

neralizada, 179para transtorno de estresse p6s­

traurnatico, 200, 204-205para transtorno de panico, 166,

174-175Neurocircuito, transtorno de pani­

co e, 103-105Neurocirurgia, para transtomo ob­

sessivo-compulsivo refratario,197

Neuroquimica, fobia social e, 107-109

Neurose de compensacao, 75-77Neurose real, 143-144Nortriptilina, para transtorno de

panico, 166

Nao-REM (movimento ocular nao­rapido)

suicidio com transtorno de pani­co, 83-84

transtorno de panico e, 83Mulheresprevalencia de transtomo de pa­

nico em, 19, 21transtorno de panico ap6s gravi­

dez, 43-44

Morte

MHPG (21-22-metoxi-22-hidroxife­nilglicol plasmatico), 97-98

Mirtazapina, para transtorno deansiedade generalizada, 179

Modelo do lactato de s6dio panico­genico, transtomo de panicoe, 100-102

Modelosansiedade, 145aprendizagem nao-associativa,

155-156biol6gicofobia social, 111-112transtomo de ansiedade gene­ralizada, 106-107

transtomo de estresse pos-trau­matico, 121-122

transtomo de pamco, 96-97condicionamento modificado,

155-156descondicionamento, 155-156etiologia de fobias especificas,

155-156lactato de sodio panicogenico em

transtomo de panico, 100-102

neurocircuito do medo com trans­torno de panico, 103-105

neuroetol6gico para transtornoobsessivo-compulsivo, 117-118

tratamento orientado para a fase,236-238

Monoterapia de medicacao, 248Morfina, para transtorno de panico,

98-99

266 indica

Page 260: Transtornos de ansiedade

TEA(transtorno de estresse agudo),diagn6stico, 60-62

Tecnicas de relaxamento, 238-239Teoria da hipersensibilidade ao

di6xido de carbono, transtor­no de panico e, 101-104

Sistema auto-imune, transtomo ob­sessivo-cornpulsivo e, 117-119

Sistema GABA-benzodiazepfnico,transtorno de panico e, 98-100

Sistema nervoso central, ataques depanico e, 97-98

Sistema opioide endogene, transtor­no de estresse pos-traumati­co e, 123-125

Sistema serotoninergicotranstomo de estresse pos-trau­

matico e, 122-124transtomo de panico e, 99-101transtorno obsessivo-compulsivo

e, 113-115Sistema simpaticotranstorno de estresse pos-trau­

matico, 121-123transtomo de panico e, 96-99

SPECT (tomografia computadori­zada com emissao de f6toniinico)

para avaliacao de fobia social,109-110

para avaliacao de transtorno depanico, 99-100

Suicidio, transtomo de panico e, 83-84

Sertralinapara fobia social, 183-184, 186-

188para transtomo de estresse pos­

traumatico, 200para transtorno de panico, 166,

169-170para transtorno obsessive-com­

pulsivo, 190, 191-193Simulacao de doenca, 75-77Sindrome de Munchausen, 97-98

Indica 'lfi7

Resistencia, no transtomo obsessi­vo-compulsivo, 56-57

Resposta condicionada, 148-149Risperidona, para transtorno obses­

sivo-compulsivo,190Rituais, no transtorno obsessivo­

compulsivo, 57-58

Qualidade de vida, fobia social e,26-27

PET.VerTomografia com emissao dep6sitrons

Pimozida, para transtomo obsessi­vo-compulsivo,190

Pindololestrategias complementares, 196para transtomo de panico, 167,

165-168, 174-175para transtorno obsessive-com­

pulsivo, 190Prazosin, para transtomo de estres­

se pos-traumanco, 201, 205-206

Prolapso da valvula mitral, comtranstomo de p§nico, 67-69

Propranololpara fobia social, 184-185para transtomo de ansiedade ge­

neralizada, 179, 182, 184para transtomo de panico, 98-99

Psiconeurose, 143-144Psicoterapia de grupo, 237-238Psicoterapia, 223-245de grupo, 237-238para fobia especifica, 231-233para fobia social, 228-229, 231-

232para transtomo de ansiedade ge­

neralizada, 226-229para transtomo de estresse pes­

traumatico, 236-237, 240-241

para transtomo de panico, 223,226-227

para transtorno obsessive-com­pulsivo, 232-233, 236-237

versus monoterapia, 248

Page 261: Transtornos de ansiedade

para transtorno de panlco, 166Transtorno de ansiedade generali­

zada (TAG)caracterfsticas dos esquemas cog-

nitivos, 151, 152co-morbidade do Eixo II, 22criterios do DSM·lV·TR, 47curso e progn6stico, 84-86diagn6stico diferencial, 69-71,

70-71diagn6stico, 44-46entre os generos e co-morbidades

comuns, 20epidemiologia, 21-22prevalencia ao longo da vida, pro­

porr;aosintomas, 44·46teorias biol6gicas, 105-106-107-

108genetica, 107-108modelos biol6gicos, 106·107transtomos do sono, 106-108

teorias cognitivas, 149-152,151,152

teorias psicodinamicas, 143, 148-149

terapias combinadas e, 252-253tratamento farmacol6gico, 176,

178-179, 182, 184, 177-178-179

com antidepressivos, 179-180,182, 184

com ansioHticos, 176, 178-179,182, 184

combenzodia.zeplnicos,In-178com drogas bloqueadoras beta-adrenergicas, 182, 184

com clonidina, 182, 184com propranolol, 182, 184com inibidores seletivos darecaptacao de serotonina,177-178

com antidepressivos tric!clicos,177-178·179

Transtorno de despersonalizacao,diagn6stico diferencial, 64-65

Transtomo de estresse agudo (TEA),diagn6stico, 60-62

Teorias cognitivasda fobia social, 152-155, 154-

155, 228-231, 229-230do transtomo de ansiedade gene­

ralizada, 149-152, 151-152,226-227, 229-230

do transtomo de estresse pes­traumatieo, 159-160

do transtomo de plnico, 149-151, 152, 151-152, 237-240, 239-240

do transtomo obsessivo-compulsi­vo, 157-158,225-227,235-236

Teorias comportarnentaisda fobia especffica, 154-156da fobia social, 152-153, 154-

ISS, 228-231, 229do transtorno de estresse pos-trau­

matico, 159, 237-240, 240do transtomo de plnico, 225-

227, 227-228do transtomo obsessivo-compul­

sivo, 156-157, 232-235,234-235

terapias combinadas e, 252-253Teorias psicodinfunicas

de fobia especffica, 154-155de fobia social, 151-153de transtorno de ansiedade gene­

ralizada, 143, 148-149de transtorno de estresse pos­

traumatico, 157-159de transtorno de panico, 143,

148-149de transtomo obsessivo-compul­

sivoTEPT. VeT Transtomo de estresse

pos-traumaticoTOC.VerTranstomo obsessive-com­

pulsivoTomografia com emissao de p6si­

trons (PET)para avaliacao de fobia social,

109-110para avaliacao de transtorno de

panico, 99-100Tranilcipromina

para fobia social, 183-184

268 indice

Page 262: Transtornos de ansiedade

com anticonvulsivantes, 204-205

com bloqueadores beta-adre-nergicos, 199, 201

com bupropiona, 205-206com buspirona, 204-206com ciproeptadina, 205-206com inibidores da monoamino-xidase, 201-204

com estabilizadores do humor,204-205

com nefazodona, 200, 204-205

com prazosina, 205-206com inibidores seletivos darecaptacao de serotonina,200, 203-204

com antidepressivos tridclicos,201-202

tratamento psicoterapico, 236-237, 240-241

terapias cognitivas e compor­tamentais, 237-240, 239-240

principios psicoterapeuricos,236-238

Transtorno de panicoabuso de droga e, 43-44com hiperparatireoidismo, 68-69com prolapso da valvula mitral,

67-69com uma condicao medica, 67,

69-70criterios do DSM-IV-TR, 39, 41-

42,39-41com agorafobia, 39, 41-42,39-41

sem agorafobia, 41-42, 42-43curso e progn6stico, 81-84, 82depressao maior e, 19,21diagn6stico diferencial, 63-64,

69-70, 63, 64diagn6stico, 39, 44-45doenc;a cardiaca e, 83epidemiologia, 19, 21-22morte e, 83prevalencia ao longo da vida

toda, proporcao entre os g@-

Indice 2&9

Transtorno de estresse pes-trauma-tico (TEPT)

abuso de alcool e, 66abuso de droga e, 66agorafobia e, 66ataques de panico com, 75-76co-morbidade com transtornos

afetivoscriterios do DSM-IV-TR, 60-60-61cronico, 89-91curso e progn6stico, 88-91, 90-

91depressao como complicacao de,

74-76diagn6stico diferencial, 73-77, 78diagn6stico, 59-63-64dor e, 124-125epiderniologia, 28-29, 33-34estagios, 88-90estimulacao magnetica transcra-

niana e, 205-206fatores de risco, 32, 30-31preditores de, 33-34prevalencia ao longo da vida, pro­

porcao entre os generos e co­morbidades comuns, 20

remissao, 89-90sintomas, 29-30, 62, 74-76teorias biol6gicas, 120-121, 125-

126sistema opi6ide end6geno,123-125

genetica, 125-126eixo hipotalamo-hipofise-adre-nal, 123-124

estudos de imagens, 124-126modelo, 121-122sistema seroroninergico, 122-124

sistema simpatico, 121-123teorias cognitivas, 159-160teorias comportamentais, 159teorias psicodinamicas, 157, 158-

159terapias combinadas e, 254-255traces, 62tratamento farmacol6gico, 199,

205-206, 200-201

Page 263: Transtornos de ansiedade

com venlafaxina, 173-175tratamento psicoterapico, 223,

226-227psicoterapia de apoio, 223-225psicoterapia psicodinamica,223-224

terapia cognitiva e comporta­mental, 225-227abordagens fI, 226-227

tratamento de controle do pa­nico, 225-226

Transtorno de sornatizacao, diag-n6stico diferencial, 64-65

Transtorno factfcio, 75-77Transtorno mental organico, 76-78Transtorno obsessivo-compulsivo

(TOC)caracterfsticas, 53, 54-56classificacao, 55-56co-morbidade com outros trans-

tornos de ansiedade, 27-28co-rnorbidade do Eixo II e, 27-29criterios do DSM-N-TR, 54-54-55curso e progn6stico, 87-88-88-

89, 88-89diagn6stico diferencial, 72-74,

74,75diagn6stico, 53-59epidemiologia, 26-29modelos biol6gicos, 113-114preditores e curso do tratamen-

to, 197-199prevalencia ao longo da vida, pro­

por~o entre os g@nerose co­morbidades comuns, 20

sintomas, 54-55-59teorias bio16gicas, 112, 120-121processos auto-irnunes, 117-119

clonidina e, 115-116desregulacao dopaminergica,115-116

genetica, 119-121imagens e 0 circuito dos gao­glios orbitofrontal-llmbico­basais, 115-118

modele neuroetol6gico, 117-118

neros e co-morbidades co­muns,20

prevalencia entre mulheres, 19,21

progn6stico e curso do tratamen­to, 175-176

rernissao com antidepressivos,175-176

sintomas, 43-44, 64-65suicidio e, 83-84teorias biol6gicas, 95, 105-106eixo hipotalamo- hipofise-adre­nal, 100-10 1

genetica, 104-106modele do lactate de s6diopanicogenico, 100-102

modelos biol6gicos, 96-97neurocircuitodo medo, 103-105sistema GABA-benzodiazepina,98-100

sistema serotoninergico, 99-101sistema simpatico, 96-99teoria da hipersensibilidade aodi6xido de carbono, 101-104

teoriascognitivas, 149-152, 151,152

teorias psicodinamicas, 143, 148-149

terapias combinadas, 250-253tipos da personalidade, 21-22tratamento com agorafobia, 251-

253tratamento farmacol6gico, 166-

167, 165-168com acido valproico, 174-176com antidepressivos triciclicos,165, 168-169, 166

com benzodiazeplnicos, 166-167, 165-168,171-174

com buspirona, 174-175com clonidina, 174-175com inibidores da monoamine­xidase, 170-172, 166

com inibidores da recaptacaode serotonina, 166, 168-171

com inositol, 175-176com nefazodona, 174-175com pindolol, 174-175

270 indice

Page 264: Transtornos de ansiedade

Venlafaxinapara fobia social, 184-185para transtorno de ansiedade ge­

neralizada, 177-178, 179-182para transtomo de panico, 166,

173-175Vocalizacoes angustiadas, 147-148

esquiva e, 255-256melhora dos sintomas, 256-257melhora funcional, 256-257modele, 145prevalencia ao longo da vida, pro­

por<;iioentre os generos e co­morbidades comuns, 20

psicoterapia, 223, 245selecao e combinacao de, 247,

259somatico, 165, 222teorias biologicas, 95-142teorias psicologicas, 143, 164tratamentoavalia<;iioda resposta ao, 254-255, 257-258Neurose da an­siedade, definicao, 39

Transtornos dos Eixos 1 e 11, fobiasocial e, 26-27

Trazodonapara transtorno de ansiedade ge­

neralizada, 177-178para transtomo de estresse p6s­

traumatico, 201Triiodotironina, para transtomo de

estresse p6straumatico, 200

Troca de plasma, para transtomoobsessivo-compulsivo, 190

Indica 271

sistema serotoninergico, 113-ll5

teorias cognitivas, 157-158teorias comportamentais, 156-157teorias psicodinamicas, 156-157terapias combinadas e, 253-255tratamento farmacologico, 190estrategias complementares,193,194, 196

com clomipramina, 188-189,191

do TOe refratario, 197-198como inibidores seletivos darecaptacao de serotonina,190, 189, 191, 193-194

tratamento psicoterapico, 232-233, 236-237

terapia comportamental, 232-235, 234-235

terapia cognitiva, 235-236Transtorno obsessivo-compulsivo

refratario, tratamento, 197-198

Transtomos da personalidade, fobiasocial e, 25-27

Transtomos de ansiedade, Ver tam­bern Agorafobia; Transtomode ansiedade generalizada;Transtorno obsessive-com­pulsivo; Transtomo de pani­co; Transtorno de estressepos-traumatico: Fobia social;Fobia especlfica

curso e progn6stico, 81-93diagn6stico e diagn6stico diferen­

cial, 39-80epidemiologia, 19, 21-38