Tratamento conservador médico da insuficiência renal crónica estádio 5
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DIREÇÃO-GERAL DA SAÚDE | Alameda D. Afonso Henriques, 45 - 1049-005 Lisboa | Tel: 218430500 | Fax: 218430530 | E-mail: [email protected] | www.dgs.pt 1/35 NÚMERO: 017/2011 DATA: 28/09/2011 Versão Definitiva Atualizada a 14/06/2012 ASSUNTO: Tratamento Conservador Médico da Insuficiência Renal Crónica Estádio 5 PALAVRAS-CHAVE: Insuficiência Renal Crónica ; Modalidades Terapêuticas; Consentimento Informado PARA: Médicos do Sistema Nacional de Saúde CONTACTOS: Departamento da Qualidade na Saúde ([email protected]) Nos termos da alínea a) do nº 2 do artigo 2º do Decreto Regulamentar nº 14/2012, de 26 de janeiro, a Direção-Geral da Saúde, por proposta conjunta do Departamento da Qualidade na Saúde e da Ordem dos Médicos, emite a seguinte I – NORMA 1. As modalidades terapêuticas da doença renal crónica em estádio 5 (DRC5) são (Nível de evidência C, grau de recomendação I): a) a transplantação renal (TR); b) a hemodiálise (Hd) crónica e as técnicas depurativas extracorpóreas afins; c) a diálise peritoneal (DP) crónica; d) o tratamento médico conservador (TMC) 2. A informação sistemática e o devido esclarecimento acerca das diferentes modalidades disponíveis de tratamento da DRC5 são mandatórios para todo o doente renal crónico (Nível de evidência C, grau de recomendação I). 3. Em cada serviço hospitalar de nefrologia deve existir uma consulta dedicada ao esclarecimento do doente acerca das diferentes modalidades de tratamento DRC5, doravante designada consulta de esclarecimento, e que obedece aos seguintes requisitos: a) ter o objetivo de contribuir para o esclarecimento pleno do doente acerca das diferentes modalidades de tratamento e técnicas respetivas; b) ser funcionalmente individualizada e dispor de registo próprio; c) integrar uma equipa multidisciplinar constituída, pelo menos, por nefrologista assistente, enfermeiro, técnico do serviço social e nutricionista; d) dispor de apoio de material informativo adequado. 4. O doente renal crónico com seguimento prévio em consulta externa de nefrologia deve ser referenciado atempadamente à consulta de esclarecimento, isto é, desde o estádio 4 da doença renal (Nível de evidência B, grau de recomendação I). 5. O início de tratamento dialítico de urgência não obsta a referenciação à consulta de esclarecimento sobre as diferentes modalidades de tratamento.
Tratamento conservador médico da insuficiência renal crónica estádio 5
Esclarecimento para facultar um consentimento informado para opção de tratamento da insuficiência renal crónica avançada. Fonte: www.dgs.pt
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George DN: c=PT, o=Ministrio da Henrique Sade, ou=Direco-Geral da
Sade, cn=Francisco Henrique Moura George Moura George Date:
2012.07.09 12:49:54 +0100 NMERO: 017/2011 DATA: 28/09/2011 Verso
Definitiva Atualizada a 14/06/2012ASSUNTO: Tratamento Conservador
Mdico da Insuficincia Renal Crnica Estdio 5PALAVRAS-CHAVE:
Insuficincia Renal Crnica ; Modalidades Teraputicas; Consentimento
InformadoPARA: Mdicos do Sistema Nacional de SadeCONTACTOS:
Departamento da Qualidade na Sade ([email protected]) Nos termos da alnea
a) do n 2 do artigo 2 do Decreto Regulamentar n 14/2012, de 26 de
janeiro, a Direo-Geral da Sade, por proposta conjunta do
Departamento da Qualidade na Sade e da Ordem dos Mdicos, emite a
seguinte I NORMA 1. As modalidades teraputicas da doena renal
crnica em estdio 5 (DRC5) so (Nvel de evidncia C, grau de
recomendao I): a) a transplantao renal (TR); b) a hemodilise (Hd)
crnica e as tcnicas depurativas extracorpreas afins; c) a dilise
peritoneal (DP) crnica; d) o tratamento mdico conservador (TMC) 2.
A informao sistemtica e o devido esclarecimento acerca das
diferentes modalidades disponveis de tratamento da DRC5 so
mandatrios para todo o doente renal crnico (Nvel de evidncia C,
grau de recomendao I). 3. Em cada servio hospitalar de nefrologia
deve existir uma consulta dedicada ao esclarecimento do doente
acerca das diferentes modalidades de tratamento DRC5, doravante
designada consulta de esclarecimento, e que obedece aos seguintes
requisitos: a) ter o objetivo de contribuir para o esclarecimento
pleno do doente acerca das diferentes modalidades de tratamento e
tcnicas respetivas; b) ser funcionalmente individualizada e dispor
de registo prprio; c) integrar uma equipa multidisciplinar
constituda, pelo menos, por nefrologista assistente, enfermeiro,
tcnico do servio social e nutricionista; d) dispor de apoio de
material informativo adequado. 4. O doente renal crnico com
seguimento prvio em consulta externa de nefrologia deve ser
referenciado atempadamente consulta de esclarecimento, isto , desde
o estdio 4 da doena renal (Nvel de evidncia B, grau de recomendao
I). 5. O incio de tratamento dialtico de urgncia no obsta a
referenciao consulta de esclarecimento sobre as diferentes
modalidades de tratamento. DIREO-GERAL DA SADE | Alameda D. Afonso
Henriques, 45 - 1049-005 Lisboa | Tel: 218430500 | Fax: 218430530 |
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2. 6. A opo pela modalidade de tratamento da DRC5 e o
consentimento informado so consubstanciados pelo preenchimento e
assinatura dos documentos constantes do anexo II a esta Norma, do
qual faz parte integrante. a) a opo pela modalidade teraputica e o
consentimento informado no so vinculativos, podendo ser, a qualquer
momento, alterados; b) o esclarecimento constante do anexo II, bem
como qualquer outro que venha a ser adotado, no dispensam o mdico
do exerccio do seu dever de informar adequadamente o doente, bem
como o de proceder, se for caso disso, ao ajustado aconselhamento,
de acordo com as especificidades de cada caso clnico, sem prejuzo
da livre opo do doente; c) o consentimento informado deve ficar
apenso ao processo clnico ou arquivado digitalmente ou em suporte
de papel, com respeito integral pelas normas do Cdigo Deontolgico
da Ordem dos Mdicos; d) devem ser entregues ao doente cpia do
esclarecimento constante do anexo II e cpia do consentimento
informado.7. Em caso de impossibilidade do doente expressar a sua
vontade, devem ser observados os seguintes procedimentos, nos
termos do artigo 46. do Cdigo Deontolgico dos Mdicos: a) sempre que
aplicvel, e apenas enquanto o doente mantiver a impossibilidade de
se expressar, devero ser observadas as regras constantes do artigo
46. do Cdigo Deontolgico dos Mdicos; b) em caso de inaplicabilidade
do expresso na alnea anterior, devem ser observados os seguintes
procedimentos: i. obteno de consenso entre o nefrologista
assistente e o responsvel clnico, devendo a deciso e a sua
fundamentao ser formalizadas no processo clnico; ii. em caso de
divergncia de opinies ou na impossibilidade de obteno de consenso,
dever o caso clnico ser apreciado pela Comisso de tica local da
instituio onde o doente tratado ou, na sua inexistncia, pela
Comisso de tica do hospital de referncia, devendo o respetivo
despacho ficar apenso ao processo clnico.8. As excees presente
Norma so fundamentadas clinicamente, com registo no processo
clnico.9. A Norma ser revista, no mximo ao fim de 3 anos ou sempre
que os conceitos ou as leges artis assim o determinem.II CRITRIOSA
presente Norma pretende normalizar, de acordo com a prtica mdica e
as leges artis, asmodalidades teraputicas da Doena Renal Crnica em
Estdio 5 (DRC5), o esclarecimento dodoente sobre cada uma dessas
modalidades e o seu procedimento, a opo livre e informada dodoente
por uma delas, as indicaes clnicas para as iniciar e os
procedimentos para avaliao doseu cumprimento.Norma n 017/2011 de
28/09/2011 atualizada a 14/06/2012 2/35
3. A. O incio do tratamento da DRC5 dever ocorrer: i. para a
Hd, para as tcnicas depurativas extracorpreas, para a DP e para a
transplantao renal pre emptive com dador cadver, quando se
observarem, cumulativamente48, critrios clnicos (presena de
sintomatologia urmica no atribuvel a outra causa) e a quantificao
da funo renal remanescente, avaliada atravs dos mtodos comuns de
determinao ou estimativa do dbito do filtrado glomerular, confirmar
a insuficincia renal crnica grave; ii. para a TR pre emptive com
dador vivo, quando houver dador disponvel, no estdio 5 da DRC,
mesmo que na ausncia de sintomatologia urmica; iii. para o TMC
quando se observar sintomatologia urmica no atribuvel a outra
causa.B. Para efeitos de registo, definido como incio de cada
modalidade teraputica da DRC5: i. para a Hd, para as tcnicas
depurativas extracorpreas e para a DP o momento em que se inicia o
programa teraputico aps estabelecido o diagnstico de DRC5; ii. para
a transplantao renal o ato da transplantao; iii. para o TMC o
momento em que, se a opo teraputica tivesse sido por uma modalidade
depurativa, haveria indicao para a iniciar.C. No respeito pelos
preceitos ticos que regem a atividade mdica, e sem prejuzo da livre
e informada opo do doente, deve ser ponderado o TMC da DRC5, quer
como primeira opo quer na suspenso de teraputica de substituio da
funo renal, sempre que25-32, 34, 36-51 a situao clnica, mormente
pela coexistncia de comorbilidade que configure doena avanada e
progressiva, faa prever que o tratamento dialtico no contribuir
para a reverso do seu estado mrbido, para o alvio da sua
sintomatologia, para o prolongamento da vida do doente ou para a
melhoria da sua qualidade.D. Para que a opo pelo TMC seja
prosseguida, necessrio que sejam observadas as seguintes
condicionantes: i. garantia de acompanhamento clnico em consulta
para vigilncia e controlo dos sintomas causadores de sofrimento
associados sndrome urmica (tratamento da anemia, acidose,
hipertenso arterial, excesso de volume, dor, prurido, agitao, entre
outros), eventual comorbilidade presente ou a qualquer outra causa,
bem como garantia de acompanhamento individual relativamente a
aspetos dos foros psicolgico e social; ii. garantia de acesso a
adequados cuidados continuados ou paliativos renais; iii. articulao
do acompanhamento do doente com os cuidados de sade primrios.E.
Para o cabal cumprimento das regras estabelecidas pela presente
Norma, necessrio proceder avaliao e verificao prvias das indicaes e
dos condicionalismos colocados ao TMC. Esta avaliao contempla: i.
avaliao da situao clnica, tendo em conta os critrios referidos na
alnea c) da presente Norma: (i) a existncia, a gravidade e o
prognstico de comorbilidades;Norma n 017/2011 de 28/09/2011
atualizada a 14/06/2012 3/35
4. (ii) os graus de conscincia e de lucidez; (iii) o grau de
autonomia e capacidade funcional; (iv) a esperana de vida; (v) a
qualidade de vida expectvel. ii. Avaliao da situao familiar, tendo
em conta: (i) a co-habitao domiciliria; (ii) a disponibilidade dos
co-habitantes para o apoio e/ou execuo das tarefas domsticas, dos
cuidados de higiene pessoal e para a assistncia na alimentao, bem
como para a administrao de medicao. iii. Avaliao das condies
habitacionais; iv. Avaliao das condicionantes referidas na alnea d)
da presente Norma.III AVALIAOA. A avaliao da implementao da
presente Norma contnua, executada a nvel local, regional e
nacional, atravs de processos de auditoria interna e externa.B. A
parametrizao dos sistemas de informao para a monitorizao e avaliao
da implementao e impacto da presente Norma da responsabilidade das
administraes regionais de sade e das direes dos hospitais.C. A
efetividade da implementao da presente Norma nos cuidados de sade
primrios e nos cuidados hospitalares e a emisso de diretivas e
instrues para o seu cumprimento da responsabilidade dos conselhos
clnicos dos agrupamentos de centros de sade e das direes clnicas
dos hospitais.D. A Direo-Geral da Sade, atravs do Departamento da
Qualidade na Sade e da Comisso Nacional de Acompanhamento da
Dilise, elabora e divulga relatrios de progresso de monitorizao.E.
A implementao da presente Norma monitorizada e avaliada atravs dos
seguintes parmetros/indicadores: i. % de doentes inscritos em
consulta de esclarecimento (i) Numerador: N. de doentes com DRC4/5
que foram inscritos em consulta de esclarecimento, no perodo em
anlise; (ii) Denominador: N. de doentes que iniciaram, no perodo em
anlise, uma das quatro modalidades de tratamentos da DRC5. ii.
Incidncia de doentes em qualquer uma das modalidades teraputicas,
no perodo em anlise (i) Numerador: N. de doentes registados numa
das modalidades teraputicas (Hd, DP, TR, TMC), no perodo em anlise;
(ii) Denominador: N. de doentes que iniciaram, no perodo em anlise,
uma das quatro modalidades de tratamentos da DRC5.Norma n 017/2011
de 28/09/2011 atualizada a 14/06/2012 4/35
5. iii. Custo por modalidade teraputica e por nvel de cuidados
(i) Numerador: Total de custos por modalidade teraputica (Hd, DP,
TR, TMC) em contexto hospitalar, convencionado e de cuidados
continuados, no perodo em anlise; (ii) Denominador: N. de doentes
inscritos em cada uma das respetivas modalidades teraputicas (Hd,
DP, TR, TMC) em contexto hospitalar, convencionado e de cuidados
continuados, no perodo em anlise.IV FUNDAMENTAOA. Epidemiologia da
Insuficincia Renal Crnica (IRC) em estdio 5 i. A IRC em estdio 5
designada, tambm, como falncia renal ou IRC terminal (IRCT)
definida por uma Taxa de Filtrao Glomerular 75 anos) i. O
crescimento do nmero de doentes em dilise nos ltimos anos na maior
parte dos pases Europeus, nos EUA e na Austrlia no uniforme,
verificando-se um aumento do nmero de doentes mais idosos. Na
Austrlia, em 2004, 445 novos doentes IRCT/pmp na faixa dos 75 a 79
anos iniciaram dilise; em 2008, esse nmero subiu para 504 pmp. Na
faixa dos 80- 84 anos, 267 novos doentes IRCT/pmp iniciaram dilise,
enquanto que, em 2008, esse nmero subiu para 442 pmp. Para idades
> 85 anos, o crescimento foi de 107 IRCT/pmp para 159/pmp 21. Em
Portugal, a idade mdia dos doentes em dilise tem vindo a aumentar
igualmente nos ltimos anos (em 2010, a idade mdia dos doentes
prevalentes era de 66 anos, face a 65 anos em 2009, 64,3 anos em
2008 e 63,8 em 2007) 17. De acordo com os dados recentes do
Ministrio da Sade, baseados na anlise dos dados da plataforma de
Gesto Integrada da Doena Renal Crnica, 36% dos doentes em
hemodilise em Portugal tinham mais de 74 anos de idade, sendo essa
prevalncia superior nas regies de sade do Centro e do Alentejo (43
e 46% respetivamente)22. De referir que, embora a taxa de
mortalidade dos doentes em tratamento por hemodilise em 2010 em
Portugal (13,2%) seja um valor dentro dos melhores resultados a
nvel dos registos Europeus, 84% das mortes ocorreram em idades >
65 anos17. De facto, a sobrevida mdia dum doente em dilise em
faixas etrias mais elevadas consideravelmente reduzida face populao
geral com a mesma idade, tal como se pode apreciar nas Fig.1 e 5
baseadas em dados do Registo Americano da IRCT7,23.Norma n 017/2011
de 28/09/2011 atualizada a 14/06/2012 8/35
9. Fig. 5 Expectativa de anos de vida em doentes em dilise de
acordo com faixa etria (Adaptado de Moss AH et 23 al ) ii. Os dados
de 2010 do Registo dos EUA de doentes IRC em estdio 5 reiteram o
perfil dos resultados dos anos anteriores, concluindo-se que a
mortalidade global ajustada 7 vezes maior para doentes em dilise
com mais de 65 anos de idade comparativamente com os indivduos da
populao em geral na mesma faixa etria7. De acordo com os dados do
registo de IRC em estdio 5 na Inglaterra, a sobrevida mdia aos 5
anos dos doentes que iniciam hemodilise com mais de 65 anos ,
apenas, de 14,5%24.C. Opo esclarecida pelo tratamento conservador
da IRC em estdio 5 e pela suspenso do tratamento dialtico: iii. Com
o crescimento da populao idosa em hemodilise, naturalmente com
maior nmero de comorbilidades, com maior restrio na atividade
funcional e com maior mortalidade em dilise, h necessidade de
centralizar a prestao de cuidados de sade nesta rea s
caractersticas da populao em causa, cujas necessidades e
expectativas podem ser distintas das de uma populao mais jovem. De
facto, se consensual que a hemodilise contribui para o aumento da
sobrevida do doente IRCT em qualquer idade, j esta, no sendo por si
s um fator limitativo do prolongamento da vida atravs da dilise mas
porque se acompanha de comorbilidades variadas e graves (mais
frequentemente nos doentes mais idosos), o TSFR pode no contribuir
significativamente para a melhoria da sobrevida ou, ento, isso
verificar-se custa de uma degradao do conforto e da qualidade de
vida (numa fase do percurso individual de cada um em que viver de
acordo com as expectativas de conforto, sem submisso a teraputicas
agressivas e com a manuteno de um tranquilo enquadramento
sociofamiliar to importante como a discusso isolada sobre o tempo
de vida)23,25-34. Um estudo recente realizado em Inglaterra mostrou
que, em doentes com mais de 70 anos, o aumento da sobrevida quando
integrados em programa de hemodilise, face a doentes sob tratamento
conservador, se baseava na necessidade de um maior nmero de dias de
internamento e de tempo despendido na unidade de dilise34. Desta
forma, h necessidade de modificar o paradigma da obrigatoriedade de
oferecer o mesmo tratamento a todos os doentes, devendo estes ser
esclarecidos das alternativas de assistncia em sade perante um
diagnstico de insuficincia renal avanada (estdio 5); iv. Em
Portugal, desconhece-se o nmero de doentes que, por ano, opta pelo
tratamento conservador mdico da IRC em estdio 5, ou o nmero de
doentes que opta por descontinuar os tratamentos de dilise, face
sobrecarga fsica e psicolgica da tcnica, sem melhoria significativa
do estado geral. Todavia, de acordo com registos
internacionais,Norma n 017/2011 de 28/09/2011 atualizada a
14/06/2012 9/35
10. calcula-se que esses nmeros possam ser significativos. Como
exemplo, refira-se que a suspenso de hemodilise a principal causa,
nos EUA, de morte de doentes em hemodilise com > 75 anos35; v. A
constatao de resultados dececionantes na sobrevida e na qualidade
de vida de subgrupos de doentes em dilise, nomeadamente naqueles
que, cumulativamente, so mais idosos e apresentam maior nmero de
comorbilidades, conduziu a que, na ltima dcada, tenham surgido
estudos comparativos de teraputica conservadora versus dialtica em
doentes com IRC em estdio 5 com as caractersticas anteriormente
referidas 25-32, 34, 36- 50 ; vi. Qualquer norma orientadora da
aplicabilidade dum tratamento ou da sua restrio tem que ser baseada
na evidncia cientfica. importante sublinhar que, tal como se
esperaria, por motivos ticos e at data atual, nenhum desses estudos
comparativos de mortalidade entre doentes tratados de forma
conservadora e por hemodilise se baseiam em estudos prospetivos,
aleatrios e controlados ou seja, no tm evidncia de nvel A. Todavia,
os dados disponveis baseiam-se em estudos observacionais
retrospetivos e prospetivos (estudos de coorte), bem como na anlise
de registos de doena que, pela importncia dos seus resultados e
concluses, se impem, data atual, como linhas orientadoras na prtica
e do aconselhamento clnico nesta rea to complexa25-32, 34, 36-50
(Evidncia de nveis B e C, Recomendaes de graus IIb e III); vii. De
facto, os resultados favorveis reportados e publicados na
literatura cientfica, em termos da adoo de teraputica no dialtica
associada a tratamento sintomtico (paliativo) das manifestaes da
sindroma urmica, fazem prever que um estudo prospetivo, aleatrio e
controlado com o objetivo de comparar as mortalidade e morbilidade
do tratamento conservador face ao tratamento dialtico em doentes
idosos e com comorbilidade diversa, possa surgir a breve prazo.
Pretende-se, agora, com a publicao desta Norma (baseada na anlise
dos resultados de estudos observacionais, retrospetivos e
prospetivos, bem como na anlise de registos de DRC), que sejam
ponderadas as alternativas de tratamento conservador mdico da IRC
em estdio 5 e a eventual suspenso de dilise, particularmente no que
concerne a doentes com comorbilidades diversas e graves (em geral a
populao mais idosa). , assim, objetivo desta Norma criar uma base
para o adequado esclarecimento do doente e dos seus prximos acerca
dos resultados esperados e contribuir, desta forma, para uma opo
informada por uma modalidade de tratamento, mais ou menos
agressiva, de acordo com a sua perspetiva pessoal. Em nenhuma
circunstncia se pretende criar como opo a omisso de tratamento em
si mesmo, j que o acompanhamento clnico do doente obrigatrio e um
seu direito, mas sim considerar, para cada doente, o direito
escolha do melhor tratamento para a sua pessoa, no seu contexto
individual e familiar, de acordo com as suas expectativas e opes de
vida, o que poder passar pelo tratamento sintomtico (paliativo) da
insuficincia renal crnica ou pela opo de suspenso da teraputica
dialtica; viii. Baseados na anlise dos resultados dos estudos
existentes nesta rea 25-32, 34, 36-50 (resumidos no artigo de
reviso efetuado por Fasset RG et al51) e nas orientaes e guidelines
publicadas noutros pases52-57, entendeu-se elaborar a presente
Norma;Norma n 017/2011 de 28/09/2011 atualizada a 14/06/2012
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11. V APOIO CIENTFICOA. A presente Norma foi elaborada pelo
Departamento da Qualidade na Sade da Direo-Geral da Sade e pelo
Conselho para Auditoria e Qualidade da Ordem dos Mdicos, atravs dos
seus Colgios de Especialidade, ao abrigo do protocolo entre a
Direo-Geral da Sade e a Ordem dos Mdicos, no mbito da melhoria da
Qualidade no Sistema de Sade.B. Helena S e Joo Ribeiro Santos
(coordenao cientifica), Anabela Coelho (coordenao executiva),
Fernando Macrio, Fernando Nolasco e Sequeira Andrade.C. Foram
subscritas declaraes de interesse de todos os peritos envolvidos na
elaborao da presente Norma.D. A presente Norma foi visada pela
Comisso Cientfica para as Boas Prticas Clnicas e integrou os
contributos, recebidos durante o perodo de audio pblica,
sustentados cientificamente e acompanhados das respetivas declaraes
de interesses.SIGLAS/ACRNIMOSDP Dilise PeritonealDRC Doena Renal
CrnicaDRC5/IRC5/IRCT Doena renal crnica estdio 5/Insuficincia renal
crnica estdio 5/Insuficincia renal crnica terminalEUA Estados
Unidos da AmricaHd HemodiliseHTA Hipertenso ArterialIRC
Insuficincia Renal CrnicaOCDE Organizao para a Cooperao e o
Desenvolvimento EconmicoTMC Tratamento Mdico ConservadorTFG Taxa de
Filtrao GlomerularTR Transplantao RenalTSFR Tratamento substitutivo
da funo renalREFERNCIAS BIBLIOGRFICAS1. National Kidney Foundation
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14. ANEXOSAnexo I: Algoritmo clnico/rvore de decisoNorma n
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15. Anexo II: Esclarecimento e Minutas para
ConsentimentoEsclarecimento para facultar um consentimento
informado para opo de tratamento da insuficincia renal crnica
avanadaEstimado(a) Sr(a)Como sabe, sofre de doena renal crnica
avanada. Isto significa que, de forma irreversvel, os seus rinsno
realizam a sua funo eficazmente. Em resultado desta deficincia,
acumulam-se no organismodiversas substncias nocivas (ureia,
creatinina, potssio, sdio, gua e muitas outras) que, numindivduo
normal, so eliminadas pelo rim e, por outro lado, h deficiente
produo renal de outras(eritropoietina, vitamina D ativa) que so
imprescindveis para diversas funes essenciais (formao deglbulos
vermelhos do sangue, normal calcificao do osso).A acumulao
exagerada das primeiras e a marcada diminuio das ltimas colocam em
risco a vida e asua qualidade.Existem, apenas, trs modalidades
teraputicas para esta doena: a dilise, a transplantao renal e,em
casos excecionais, a teraputica conservadora.Este folheto
destina-se a esclarec-lo(a) sobre cada uma delas de forma a
facultar-lhe os conhecimentosnecessrios para uma opo informada e
consciente, mas no dispensa o dilogo com o seu nefrologistae com a
equipa multidisciplinar que o acompanha, os quais, face sua situao
clnica especfica, opodero elucidar sobre eventuais vantagens,
desvantagens ou contraindicaes de alguma(s) destastcnicas e das
suas variedades.DILISEA dilise uma tcnica que substitui, embora
apenas de forma parcial, algumas das funes do rim e, exceo da
transplantao renal, no existe nenhuma outra alternativa para
atingir os mesmos fins.Consiste em colocar o sangue do doente (com
elevado teor de substncias nocivas e com carncia deoutras
imprescindveis, designadamente o bicarbonato) e uma soluo de gua e
diversas substnciasem adequada concentrao (mas sem as substncias
nocivas que se pretende eliminar e combicarbonato que falta ao
doente ou lactato ou acetato que, no doente, so transformados
embicarbonato) separados por uma membrana de poros minsculos.
atravs destes poros que vaiocorrer a troca de substncias entre o
sangue e a soluo preparada (designada dialisante ou, na
griadialtica, banho de dilise). Enquanto que os elementos figurados
do sangue (glbulos) e assubstncias constitudas por grandes molculas
(protenas) no conseguem atravessar a membrana, jaquelas em que as
molculas so de dimenso inferior dos microporos passaro, atravs
damembrana, do lado de maior concentrao para o de menor concentrao
(Fig. 1). Fig. 1 - DiliseNorma n 017/2011 de 28/09/2011 atualizada
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16. Assim, durante o tratamento dialtico, o sangue do doente
vai sendo limpo das substncias txicasdialisveis e enriquecido nas
que se encontram em falta.Apesar de a dilise no substituir
totalmente a funo dos seus rins, designadamente no que respeita
produo das substncias essenciais (eritropoietina e vitamina D
ativa), pode proporcionar-lhe umaqualidade e uma esperana de vida
aceitveis. No nosso Pas e dependendo, em grande medida, daidade e
das doenas associadas expectvel uma sobrevida prolongada com a
dilise.A dilise um tratamento definitivo para os doentes que, em
virtude das suas caractersticasindividuais, no possam ser
submetidos a transplantao renal. Nos doentes candidatos
atransplantao, a dilise , apenas, um tratamento alternativo
enquanto por aquela aguardam (o quepode demorar anos).H duas
modalidades de dilise: a dilise peritoneal e a hemodilise. Ambas se
baseiam no mesmoprincpio atrs enunciado, embora difiram entre
si.Assim, antes de optar por uma destas modalidades teraputicas, e
para que possa faz-lo de formaconsciente e devidamente informada,
devemos esclarec-lo sobre o seu processamento, sobre as
suasdiferenas, sobre os seus riscos e sobre as vantagens e
desvantagens de cada uma. Nos casos em queexista, devido s suas
caractersticas individuais, indicao precisa para uma determinada
modalidade, omdico indicar-lhe- qual a alternativa que considera
mais adequada.Ainda antes de optar, aconselhamos vivamente que
solicite presenciar o processamento de ambas asmodalidades.Dilise
peritonealNesta modalidade, a membrana utilizada natural o
peritoneu , que uma fina membrana muitorica em pequenos vasos
sanguneos, designados capilares, e que envolve, por uma das suas
faces, asvsceras abdominais e a parede abdominal, enquanto que
delimita, pela sua outra face, um espao livreque recebe o nome de
cavidade peritoneal (Fig. 2). Fgado Parede abdominal Ansa
intestinal Peritoneu visceralCavidade peritoneal Peritoneu parietal
Fig. 2 Peritoneu e cavidade peritoneal Fig. 3a e 3b Catter na
cavidade peritoneal nesta cavidade que introduzido o dialisante
atravs de um tubo inserido na parede do abdmen ocatter peritoneal
(Fig. 3a e 3b).A colocao do catter efetuada por uma tcnica simples,
habitualmente sob anestesia local.Norma n 017/2011 de 28/09/2011
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17. O tratamento consiste na introduo, pelo catter, do
dialisante na cavidade peritoneal no perodo deinfuso (Fig. 4a),
onde permanece durante um perodo para que o excesso de gua e das
substnciasindesejveis passe do sangue para o dialisante (Fig. 4b).
Aps a permanncia considerada conveniente,a soluo contendo as
toxinas depuradas agora denominada dialisado ou efluente drenada
(Fig.4c). O dialisante renovado, geralmente, 3-5 vezes/dia na
modalidade manual (dilise peritonealcontnua ambulatria DPCA Fig. 5
). Fig. 4a Infuso Fig. 4b Permanncia Fig. 4c DrenagemNa dilise
peritoneal automatizada (DPA), as trocas da soluo dialisante so
processadas por um Ddispositivo automtico, designado cicladora,
durante a totalidade do tratamento ou na sua maior parte,geralmente
durante o perodo de repouso (Fig. 6). Fig. 5 No domiclio, efetuando
a infuso Fig. 6 Cicladora do dialisanteA dilise peritoneal, quer na
sua variante DPCA quer na de DPA, uma tcnica eficaz, bem tolerada
esimples de efetuar. A enorme maioria das pessoas tem facilidade em
aprender a execut-la. Ao fim depoucos dias de aprendizagem, o
doente e um seu eventual parceiro encontram-se em condies
de,autonomamente, efetu-la no domiclio.Como em qualquer tratamento,
podem surgir efeitos secundrios ou complicaes, a maioria das
vezesresultantes de fatores individuais.Os efeitos secundrios mais
frequentes so: enfartamento, obstipao (priso de ventre),
dorescapular (nos ombros), dor abdominal com a entrada ou a sada do
lquido e a formao de hrnias. Osprimeiros so, geralmente, ligeiros,
bem tolerados e transitrios. Por vezes, ser necessrio recorrer
amedicao para o seu alvio. Raramente, pela sua intensidade ou pela
sua persistncia, implicaromedidas mais enrgicas reposicionamento do
catter ou, at, suspender o tratamento por diliseNorma n 017/2011 de
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18. peritoneal e transitar para hemodilise. Quanto s hrnias que
possam surgir so, quando tal estiverindicado, corrigidas
cirurgicamente.As complicaes menos frequentes, mas mais graves, so
as infees: a do orifcio de insero docatter e a peritonite (infeo do
peritoneu). Embora estas infees sejam controladas, na maioria
doscasos, com tratamento antibitico sem necessidade de abandonar a
tcnica, em casos muito excecionaispodem ameaar a vida. Algumas
peritonites mais graves, ou a sua no-resoluo com os
antibiticoshabituais ou, ainda, a deteriorao da funo do peritoneu
podem obrigar ao internamento hospitalarou, mesmo, suspenso da
tcnica e a transferncia para tratamento alternativo, como a
hemodilise.Se a sua opo for a dilise peritoneal, dever consultar a
lista de unidades onde esta tcnica disponibilizada bem como outros
elementos informativos relevantes.No final deste folheto de
Esclarecimento, encontrar um quadro comparativo das vantagens,
dasdesvantagens e dos riscos relativos a cada uma das tcnicas
enunciadas dilise peritoneal,hemodilise, transplantao renal e
tratamento conservador.HemodiliseNesta tcnica depurativa, uma
membrana artificial o elemento principal de um dispositivo
designadodialisador, comummente conhecido por rim artificial (Fig
7a e 7b). Fig. 7a Dialisador Fig. 7b Seco dos tubos capilares de um
dialisadorNesta modalidade, uma mquina, designada monitor de
hemodilise (Fig. 8a), bombeia o sangue aolongo de um sistema de
tubos (circuito extracorporal Fig. 8b) desde uma veia at ao
dialisador, onde c depurado atravs da membrana artificial que o
separa do dialisante, retornando, de seguida, aocorpo. Fig. 8a
Monitor de hemodilise Fig. 8b Circuito extracorporalNorma n
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19. Para a execuo desta tcnica, necessrio ter um acesso ao
aparelho circulatrio que permita obterum dbito de sangue suficiente
para a sua exequibilidade. o chamado acesso vascular.O melhor
acesso vascular a fstula arterio-venosa (FAV). Consiste em unir,
mediante uma pequena Fcirurgia, uma veia a uma artria,
preferivelmente no membro superior no-dominante, no antebrao,to
prximo quanto possvel da mo (Fig. 9). Fig. 9 Fstula arterio-venosaA
presso do sangue que circula nas artrias muito superior que se
verifica nas veias. Assim, aoalcanar a FAV, boa parte do fluxo
sanguneo arterial por ela desviado para a veia. Aqui,
circulasubmetido a uma presso superior quela para que as paredes da
veia esto preparadas, o que origina asua dilatao mais ou menos
exuberante(Fig. 10a). O sangue circular na veia da FAV sob uma
presso ecom um dbito elevados. Esta veia modificada , geralmente,
simples de ser puncionada com agulhasprprias (Fig. 10b) e
proporciona a efetivao do tratamento hemodialtico (Fig. 10c). Fig.
10a FAV exuberante- Fig. 10b Agulhas para FAV Fig. 10c Agulhas
inseridas na mente desenvolvida FAVQuando, por dificuldades tcnicas
ou por maus vasos do doente, no possvel construir uma
FAV,geralmente opta-se por intercalar entre a artria e a veia um
tubo em material especial (teflon) e que designado por prtese (Fig.
11a e 11b). Fig. 11a Imagem ficcionada de uma prtese Fig. 11b
Prtese colocada colocadaNorma n 017/2011 de 28/09/2011 atualizada a
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20. A FAV necessita de amadurecer antes de ser utilizada, o que
demora, geralmente, cerca de 3-4 meses. por isso que a sua construo
deve ocorrer bastante tempo antes da data prevista de incio da
hemodilise.Quanto prtese, conveniente aguardar que a sua parede
interior seja revestida pelas clulas dos vasossanguneos, o que s
acontece passadas 3-4 semanas.Por vezes quando necessrio iniciar de
urgncia o tratamento ou quando h falncia irrecupervel emtempo til
da FAV ou da prtese ser preciso recorrer a um outro tipo de acesso
vascular suscetvel deser, de imediato, utilizado. Referimo-nos ao
catter venoso central (Fig. 12a e 12b). Fig. 12a Catter para
hemodilise Fig. 12b Catter para hemodilise inserido numa veia do
pescooO catter para hemodilise, embora se tenha revelado, desde h
35 anos, um bom acesso de emergnciaque permite iniciar tratamento
dialtico a muitos milhares de doentes, est sujeito a muitas
complicaes,designadamente a infeo. Por isso, deve ser encarado como
um acesso de recurso e ser substitudo, tobreve quanto possvel, por
uma FAV ou por uma prtese.Na grande maioria dos casos, cada
tratamento (sesso) de hemodilise dura cerca de 4 horas e efetuado 3
vezes por semana. Todavia, consoante cada caso, a sua durao e a sua
periodicidade podemvariar. Fig. 12c Durante uma sesso de
hemodiliseDIREO-GERAL DA SADE | Alameda D. Afonso Henriques, 45 -
1049-005 Lisboa | Tel: 218430500 | Fax: 218430530 | E-mail:
[email protected] | www.dgs.pt 20/35
21. Geralmente, a hemodilise efetuada num hospital ou numa
unidade de dilise num horrio fixado entreas 08.00 horas e a
meia-noite. No entanto, algumas unidades facultam-lhe a
possibilidade de efetuar otratamento durante o perodo
noturno.Existe, ainda, a possibilidade de efetuar hemodilise no
domiclio, embora esta modalidade se encontrepouco implementada no
nosso pas. uma modalidade de dilise autnoma que permite maior
liberdadede horrio. Naturalmente, para que ela seja exequvel,
indispensvel que o estado geral do doente sejarazovel, que as
sesses teraputicas decorram sem problemas e que o doente e um
parceiro sejamsubmetidos a um programa de aprendizagem prvio.A
hemodilise costuma ser bem tolerada e faculta uma qualidade de vida
prxima do normal.Contudo, podem ocorrer efeitos secundrios durante
os tratamentos.Alguns so frequentes, embora pouco graves e fcil e
rapidamente resolveis, tais como: nuseas, vmitos,dor de cabea,
hipotenso arterial, cibras, hematomas ou perdas de pequenas
quantidades de sanguepelos locais de puno.Outros, apesar de serem
muito pouco frequentes, so mais graves: hipotenso arterial severa,
alteraescardacas como arritmias e angina de peito, embolia gasosa,
acidentes cerebrovasculares e reaesalrgicas de gravidade varivel.
Podem, excecionalmente, chegar a colocar em risco a sua vida. No
entanto,por imposio legal, todas as unidades de dilise se encontram
adequadamente apetrechadas para a suaresoluo no imediato.Se a sua
opo for a hemodilise, dever consultar a lista de unidades onde esta
tcnica disponibilizadabem como outros elementos informativos
relevantes.No final deste folheto de Esclarecimento, encontrar um
quadro comparativo das vantagens, dasdesvantagens e dos riscos
relativos a cada uma das tcnicas enunciadas dilise peritoneal,
hemodilise,transplantao renal e tratamento conservador.Algumas
consideraes relativas ao tratamento dialticoA dilise peritoneal e a
hemodilise so igualmente eficazes e no se excluem. Qualquer que
seja aescolha, ela no ser definitiva. Mantm-se aberta a
possibilidade de mudar de modalidade de dilise seachar que a
escolha no foi acertada ou se o nefrologista considerar que no se
est a obter o resultadopretendido.Se houver alguma dvida sobre a
doena ou sobre a escolha da modalidade de dilise, o
nefrologistaprestar os esclarecimentos necessrios.Dever, porm, ter
em conta que, de acordo com a regulamentao aplicvel, o Estado
apenas assegura opagamento dos transportes para a unidade mais
prxima do seu domiclio. Se a distncia forconsideravelmente
superior, caber-lhe- suportar o diferencial.Finalmente, informa-se
que os seus dados clnicos e assistenciais sero incorporados num
ficheiroautomatizado. A recolha e o tratamento desses dados tm como
finalidade o estudo epidemiolgico,cientfico e acadmico. No
cumprimento da Lei de Proteo de Dados pessoais, ser respeitado, em
todosos momentos, o seu anonimato. Se o desejar, pode exercitar o
direito de acesso, retificao, cancelamentoe oposio, previsto na
lei.Norma n 017/2011 de 28/09/2011 atualizada a 14/06/2012
21/35
22. TRANSPLANTAO RENALA transplantao renal uma tcnica
teraputica da insuficincia renal crnica que consiste na colocaono
abdmen de um rim de um dador cadver ou de um dador vivo.A
transplantao renal , na maior parte das vezes, aplicada em doentes
que j se encontram emprograma de dilise, embora seja possvel
efetu-la antes de iniciar tratamento dialtico.As grandes vantagens
que a transplantao renal apresenta em relao s tcnicas dialticas
resultam de orim transplantado (ou transplante) ser um rgo vivo que
possui todas as funes que lhe so prprias.Para alm de, por meios
naturais, regular o metabolismo de diversas substncias (gua, sdio,
potssio,etc.) e de eliminar outras que so txicas, tambm produz
hormonas que regulam funes muitoimportantes, designadamente, entre
outras, as que promovem a formao dos glbulos vermelhos dosangue e
as que regulam regenerao dos ossos. Por isso, e por permitir que o
doente se liberte de algumasdas restries impostas pela dilise, a
transplantao renal a modalidade teraputica que faculta umamelhor
qualidade de vida e uma maior esperana de vida.A transplantao
realizada num centro autorizado para efetuar este tipo de
intervenes por uma equipade profissionais (cirurgies,
nefrologistas, anestesistas, imunologistas, enfermeiros, etc.) com
amplaexperincia na tcnica.O rim, colhido de um cadver ou de um
dador vivo (Fig.13), introduzido na cavidade abdominal (Fig. 14)
e,geralmente, colocado numa fossa ilaca Fig. 15). Fig. 13 Rim
preparado para ser implantado Fig. 14 Rim a ser introduzido na
cavidade abdominal Fig. 15 Esquemas da localizao final do rim
transplantadoNorma n 017/2011 de 28/09/2011 atualizada a 14/06/2012
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23. A interveno efetuada sob anestesia geral e possvel que,
durante ou aps a interveno, sejanecessria administrar-lhe sangue ou
suas fraes (plasma sanguneo, glbulos vermelhos, etc.).Antes da
transplantao necessrio efetuar algumas anlises e outros exames para
averiguar se temcondies para ser operado e receber o transplante.
importante detetar possveis focos infeciosos(dentes, vescula, etc.)
e outras patologias que possam exigir tratamento prvio ou que
possam ser contra-indicaes definitivas para a transplantao.Outras
anlises a serem efetuadas antes da transplantao destinam-se a
determinar o seu grau decompatibilidade com um potencial dador e,
assim, a reduzir ao mnimo o risco de rejeio que os seussistemas de
defesa podero desencadear face a um novo rgo introduzido no seu
corpo que noreconhecem como seu.Apesar de tudo o que foi dito, a
transplantao renal no isenta de riscos e de complicaes.Riscos e
complicaes relacionados com a interveno cirrgica habitual que,
durante a interveno cirrgica, se coloque um tubo de drenagem junto
ferida operatriae uma alglia que se mantm durante vrios dias.A
emisso de urina imediata em algumas ocasies mas, em outras, pode
demorar vrios dias, o queimplicar realizar uma ou mais sesses de
dilise ps-operatrias.Por vezes, apesar de uma seleo e tcnica
cirrgica adequadas, surgem diversas complicaes. Algumasdelas so
comuns a qualquer interveno e outras so especficas do procedimento
de transplantaorenal: Para a interveno imprescindvel colocar um
tubo na traqueia atravs da garganta. Como consequncia, pode ocorrer
disfonia (alteraes da voz), inflamao das zonas em que se coloca o
referido tubo, fratura de alguma pea dentria, etc. Muito raramente,
podem vir a ocorrer dificuldades respiratrias ou ser necessria uma
ulterior interveno cirrgica para corrigir leses nesta zona. Durante
a interveno ou imediatamente aps podem ocorrer alteraes da presso
arterial, do ritmo ou do funcionamento cardaco que necessitem de
imediato tratamento. Durante a transplantao, pode ser necessrio
efetuar algum tipo de transfuso (glbulos vermelhos, plaquetas,
plasma). Estes componentes do sangue provm de doadores saudveis que
no recebem compensao alguma pela doao. Cada amostra exaustivamente
estudada para detetar a eventual presena dos agentes infeciosos das
hepatites B e C, da sfilis e do VIH. Muito raramente, e apesar
desses sistemticos cuidados, h a diminuta possibilidade de os
dadores serem falsos negativos, isto , a pesquisa ser negativa
apesar da pessoa ser portadora de um daqueles microrganismos.
Portanto, no existe a garantia absoluta de que o sangue e os seus
componentes no lhe transmitiro aquelas doenas infeciosas, bem como,
hipoteticamente, outras hoje ainda no conhecidas. Outro risco da
transfuso a ocorrncia de reaes alrgicas que, na grande maioria dos
casos, so leves (febre, tremores), mas que, excecionalmente, podem
ser graves. Pode ser impossvel concluir com xito a implantao do rim
por impossibilidade tcnica. Podem ocorrer reaes alrgicas a
medicamentos.Norma n 017/2011 de 28/09/2011 atualizada a 14/06/2012
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24. Complicaes da ferida operatria como infees, hrnias, etc.,
algumas das quais podem requerer nova interveno cirrgica.
Complicaes devidas abertura da cavidade abdominal, como paralisao
temporria do trnsito intestinal, infees, perfurao intestinal, etc.,
que, embora raramente, podem vir a colocar a necessidade de
recorrer a nova interveno cirrgica para a sua correo. Complicaes
nas artrias e nas veias intervencionadas que podem implicar atuaes
especiais para a sua correo. Estas complicaes podem afetar, em grau
varivel, o funcionamento do transplante: a trombose da artria ou da
veia do rim pode levar sua perda definitiva; a trombose das veias
ilacas ou do membro inferior torna necessrios cuidados especiais
para limitar os seus ricos. Colees de lquido ao redor do rim que
podem necessitar drenagem. Infees pulmonares, urinrias ou de outras
localizaes que podem ser provocadas por diversos microrganismos e
cuja gravidade , em geral, maior do que em outro tipo de doentes,
dada a necessidade de instituir tratamentos que diminuem as defesas
naturais do organismo e que se destinam a reduzir o risco de rejeio
do rim transplantado.Riscos e complicaes no relacionados com a
intervenoA transplantao renal acarreta outros riscos e complicaes
que no esto relacionados com o atocirrgico nem com a anestesia, mas
que so inerentes colocao dentro do seu organismo de um rgoque lhe
estranho rejeio e ao tratamento medicamentoso para a combater. Os
mais relevantes so: Transmitidos pelo rim transplantado: apesar de
ao dador cadver, antes e durante a colheita de rgos, serem
efetuados os estudos necessrios para confirmar a normalidade do rim
e evitar a transmisso de doenas, existe a possibilidade remota de
que no seja detetado previamente algum tipo de infeo ou tumor que
se possa transmitir ao recetor. Esta possibilidade obrigaria a
diversas atuaes, mdicas ou cirrgicas, posteriores. Rejeio: a rejeio
aguda a causa mais frequente de perda do enxerto no perodo inicial
do transplante, enquanto que, a longo prazo, a nefropatia crnica do
enxerto (rejeio crnica). A r rejeio pode ocorrer durante ou
imediatamente aps a transplantao, nas primeiras semanas ou ao longo
de toda a evoluo e pode ser de intensidade varivel, embora o mais
frequente que ocorra nos primeiros 6 meses. Para efetuar o
diagnstico de rejeio necessrio biopsar, uma ou vrias vezes, o
transplante. A realizao da bipsia pode dar lugar a complicaes como:
hematomas, hematria (eliminao de sangue na urina), obstruo do rim
pela formao de cogulos nas vias urinrias e, em casos extremos,
rutura renal. Apesar do tratamento desta complicao, o rim pode no
melhorar levando perda de funo e necessidade de regressar dilise.
Em algumas circunstncias, necessrio remover o rim transplantado.
Infeciosas: no doente transplantado so habituais as infees por
microrganismos oportunistas e, mais frequentemente, por
microrganismos habituais. A sua gravidade varivel e, para o seu
tratamento, podem requerer internamento, inclusivamente em unidades
de cuidados intensivos.Norma n 017/2011 de 28/09/2011 atualizada a
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25. Outras: Algumas doenas dos prprios rins do doente (rins
prprios) podem aparecer de novo no rim transplantado. Hipertenso
arterial. Dislipidmia (alteraes do teor de gorduras no sangue
colesterol, etc.). Obesidade. Arteriosclerose. Maior predisposio a
fraturas sseas. Tumores. A probabilidade de surgir uma neoplasia
maligna (cancro) aps a transplantao renal superior da populao em
geral. Os tumores da pele so os mais frequentes. Muitas dessas
complicaes so devidas medicao que se tem que administrar para que o
seu organismo tolere o novo rim (imunossupresso). iEstas complicaes
podem, na sua maioria, ser tratadas, mas algumas podem pr em perigo
a sua vidae/ou a funo do transplante. muito importante que, para
prevenir e combater as complicaes anteriormente referidas,
sigaadequadamente as indicaes que lhe forem sendo transmitidas.Deve
cumprir estritamente a medicao que lhe for indicada, pois disso
depender, em grande medida, oseu futuro e o do transplante.No final
deste folheto de Esclarecimento, encontrar um quadro comparativo
das vantagens, dasdesvantagens e dos riscos relativos a cada uma
das tcnicas enunciadas dilise peritoneal, hemodilise,transplantao
renal e tratamento conservador mdico.TRANSPLANTAO RENAL COM DADOR
VIVO INFORMAO AO DADOR E AO RECETOR Nota muito importante: O
recetor e o potencial dador devem ler previamente as informaes
constantes da primeira parte deste captulo Transplantao Renal que,
na sua generalidade, se aplicam, tambm, transplantao com dador
vivo.A transplantao pode realizar-se com rins provenientes de
pessoas que faleceram (dador cadver) oucom um rim doado por uma
pessoa viva (dador vivo).As principais vantagens de o dador ser
vivo so de dois tipos: primeiro, os resultados com o transplante
dedador vivo so melhores que com o dador cadver, com uma maior e
significativa probabilidade de otransplante pegar; segundo,
dispensa a inscrio do doente em lista de espera para transplantao
aaguardar que surja um dador cadver compatvel.A desvantagem a de
ser necessrio extrair cirurgicamente um rim a uma pessoa s (dador),
com osinerentes riscos que adiante se descrevero.Norma n 017/2011
de 28/09/2011 atualizada a 14/06/2012 25/35
26. Riscos e complicaes do recetor de rim de dador vivoSo os
descritos nas 3 pginas anteriores e nas seguintes deste
documento.Informao especfica para o doador de rim para
transplantaoLegislao aplicvelA transplantao renal a partir de dador
vivo est legislada atravs da Lei n. 12/93, de 22 de abril, com
asalteraes introduzidas pela Lei n. 22/2007, de 29 de junho. Pode
esclarecer as suas dvidas junto do seunefrologista e da equipa de
transplantao.Avaliao do dadorO potencial dador de rim em vida tem
de ser previamente avaliado com o objetivo de verificar, com omenor
grau de erro possvel, que: de sua livre vontade que doa um rim seu
ao doente potencial recetor; A sua doao benvola e no motivada por
qualquer outro interesse, designadamente pecunirio, para alm do
benefcio o doente; Se encontra devidamente informado sobre os
riscos e complicaes derivados da doao, bem como sobre a legislao
aplicvel; H suficiente compatibilidade imunolgica com o doente para
efetuar a transplantao; Possui dois rins saudveis; No sofre de
qualquer doena que, pelo ato de doao, sejam colocadas em risco a
sua vida ou a sua sade.Assim, ser submetido a observao mdica, a
entrevista com psiclogo e a diversos exames.Sero efetuadas anlises
de sangue e de urina. Sero, tambm, efetuados diversos
exames(eletrocardiograma, radiografias, ecografias). Eventualmente,
ser necessrio submet-lo a examesradiolgicos com administrao
endovenosa de contraste. Todos os exames a serem efetuados
queenvolvam algum potencial risco sero, previamente, objeto do seu
consentimento informado.Riscos e complicaes da doao de rim em
vidaInterveno cirrgica: NefrectomiaAo decidir livre e
conscientemente doar um dos seus rins, deve conhecer a interveno
cirrgica a que seir submeter e que designada por nefrectomia (remoo
de rim).Esta Cirurgia consiste na remoo de um dos rins em conjunto
com o seu ureter e os seus vasos sanguneos(artria e veia), podendo
ser efectuada por via aberta (cirurgia clssica) (Fig. 16 e 17), ou
por vialaparoscpica .Norma n 017/2011 de 28/09/2011 atualizada a
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27. Fig. 16 Aparelho urinrio Fig. 17 Nefrectomia para doao de
rimNesta modalidade, o procedimento feito atravs de pequenas
incises no abdmen (Fig. 18), sendodepois uma das incises alargada
para a extraco do rim.No est demonstrada qualquer vantagem ou
desvantagem desta tcnica para o recetor. J em relao aodador, as
suas vantagens so uma hospitalizao ps-operatria previsivelmente
mais curta , menor dor nops operatrio, mais rpida recuperao para a
retoma da atividade profissional e a cicatriz operatria sermuito
menos evidente.Informe-se junto do seu mdico sobre as tcnicas
disponveis no seu hospital. Fig. 18 Cirurgia laparoscpicaA operao
cirrgica ser efetuada no bloco operatrio sob anestesia geral.Riscos
e complicaes da anestesia geral:Como consequncia dos procedimentos
anestsicos podem surgir algumas complicaes durante ouimediatamente
aps a interveno: Para a interveno imprescindvel colocar um tubo na
traqueia atravs da garganta. Como consequncia, pode ocorrer
disfonia (alteraes da voz), inflamao das zonas em que se coloca o
referido tubo, fratura de alguma pea dentria, etc. Muito raramente,
podem vir a ocorrer dificuldades respiratrias ou ser necessria uma
ulterior interveno cirrgica para corrigir leses nesta zona. Durante
a interveno ou imediatamente aps podem ocorrer alteraes da presso
arterial, do ritmo ou do funcionamento cardaco que necessitem de
imediato tratamento. Tambm, embora raramente, podem ocorrer graves
infees pulmonares ou do mediastino (espao entre o corao e os
pulmes).Norma n 017/2011 de 28/09/2011 atualizada a 14/06/2012
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28. Nuseas (enjoos), vmitos, lceras de crnea, reaes alrgicas,
flebites ou flebotromboses (tromboses das veias, acompanhando-se ou
no, de inflamao), embolia pulmonar, etc. Durante a nefrectomia,
pode ser necessrio, embora raramente, efetuar algum tipo de
transfuso (glbulos vermelhos, plaquetas, plasma). Estes componentes
do sangue provm de doadores saudveis que no recebem compensao
alguma pela doao. Cada amostra exaustivamente estudada para detetar
a eventual presena de agentes infeciosos, designadamente das
hepatites B e C, da sfilis e do VIH. Muito raramente, e apesar
desses sistemticos cuidados, h a diminuta possibilidade de os
dadores serem falsos negativos, isto , a pesquisa ser negativa
apesar da pessoa ser portadora de um daqueles microrganismos.
Portanto, no existe a garantia absoluta de que o sangue e os seus
componentes no lhe transmitiro aquelas doenas infeciosas, bem como,
hipoteticamente, outras hoje ainda no conhecidas. Outro risco da
transfuso a ocorrncia de reaes alrgicas que, na grande maioria dos
casos, so leves (febre, tremores), mas que, excecionalmente, podem
ser graves.Riscos e complicaes relacionados com o ato cirrgico:
Reaes alrgicas a medicamentos. Hemorragia durante e depois da
interveno que, em alguns, casos pode requerer transfuso sangunea
ou, inclusivamente, nova interveno cirrgica para o seu controlo.
Complicaes da ferida operatria como infees, hrnias, etc., algumas
das quais podem requerer nova interveno cirrgica. Complicaes
devidas abertura da cavidade abdominal, como paralisao temporria do
trnsito intestinal, infees, perfurao intestinal, etc., que, embora
raramente, podem vir a colocar a necessidade de recorrer a nova
interveno cirrgica para a sua correo. Infees de localizao varivel,
que podem ser provocadas por diversos micro-organismos. Infees da
ferida operatria. Infees urinrias como consequncia da algaliao.
Pequenas infees pulmonares secundrias hospitalizao, efeitos
secundrios da anestesia, etc. Flebites (infeo/irritao da veia),
secundrias a punes para administrao de soros, repouso prolongado,
etc.Em geral, estas complicaes so relativamente frequentes mas
pouco graves e cedem bem ao tratamento,no representando risco para
o futuro.Muito mais raramente podem surgir complicaes importantes
na forma de infees mais graves da feridaoperatria e infees
pulmonares, pelos mesmos mecanismos explicados anteriormente,
hemorragia e,inclusivamente trombo-embolismo pulmonar (mobilizao de
um cogulo de uma flebite das pernas at artria pulmonar, impedindo a
passagem de sangue do corao para os pulmes). Estas complicaes
soimprevisveis e pouco frequentes, mas possveis. Inclusivamente
pode existir risco de morte (rarssimo).Futuro com apenas um rim: O
facto de viver com um s rim no implica nenhuma inferioridade
fsica.Pessoas que nascem com rim nico ou as submetidas a
nefrectomia unilateral por qualquer motivoNorma n 017/2011 de
28/09/2011 atualizada a 14/06/2012 28/35
29. (doao, traumatismo, doena, etc.) no tm a sua vida e a sua
sade comprometidas desde que o outrorim seja saudvel.O
desenvolvimento futuro de doenas que possam danificar o seu nico
rim totalmente imprevisvel,embora seja um indicador positivo no
apresentar atualmente nenhum fator de risco para doenas
renais.Todavia, dever prosseguir um programa de vigilncia
clnico-laboratorial a ser estabelecido pelonefrologista do hospital
onde se efetuar a transplantao.Possveis complicaes psquicas ou
psicossomticas da doao:Ocasionalmente, em alguns momentos da sua
vida futura, podem surgir ansiedade, receio do futuro,depresso,
etc. Tudo isso deve ser transmitido equipa mdica da unidade de
transplantao que, sempreque necessrio, recorrer a apoio psicolgico
especializado. Mas, em geral, basta a consciencializao dosganhos
proporcionados pela sua ddiva bem-estar do recetor, satisfao pelo
ato altrusta praticado,sensao de utilidade sociedade para, fcil e
rapidamente, ultrapassar bem esses problemaspsicolgicos.xito da
transplantaoOs benefcios esperados predominam, largamente, sobre os
riscos em que incorrem o dador e o recetor.No entanto, e pese muito
a probabilidade de xito da transplantao ser superior a 95% ao fim
de um ano, impossvel assegur-lo pelas razes atrs descritas.Aceitar
ser doador em vida de um rim para ser transplantado num doente com
DRC aceitar: Os riscos em que, pessoalmente, se incorre; A
possibilidade, em geral inferior ou igual a 5%, de o rim implantado
no se encontrar funcionante logo no primeiro ano aps a
transplantao; Que o rim transplantado ser sujeito a um processo de
rejeio crnica e a outras complicaes que, num prazo imprevisvel mas
varivel entre um e vrias dezenas de anos , podem conduzir a uma
insuficincia funcional irreversvel do transplante e o retorno do
recetor teraputica dialtica.Aspetos ticos e legais Os seus dados
clnicos e assistenciais sero incorporados num ficheiro
automatizado. A recolha e o tratamento desses dados tm como
finalidade o estudo epidemiolgico, cientfico e acadmico. No
cumprimento da Lei de Proteo de Dados pessoais, ser respeitado, em
todos os momentos, o seu anonimato. Se o desejar, pode exercitar o
direito de acesso, retificao, cancelamento e oposio, previsto na
lei. Adicionalmente, esclarece-se que o recetor pode estar includo
em lista de espera para transplante renal de dador cadver,
alternativa vlida e que evitaria a necessidade de doar o seu rim e,
portanto, de se submeter interveno cirrgica e expor-se s suas
possveis complicaes. A presente proposta para transplantao renal
com dador vivo ser, uma vez estudado o caso no seu conjunto,
analisada pela entidade de verificao da admissibilidade da colheita
para transplante do hospital, a quem cabe a emisso de parecer
vinculativo para a ddiva e colheita para o transplante.Norma n
017/2011 de 28/09/2011 atualizada a 14/06/2012 29/35
30. TRATAMENTO MDICO CONSERVADOR DA DOENA RENAL CRNICA Nota
muito importante: Sem prejuzo da observncia do direito de o doente
optar livremente pela modalidade teraputica, o tratamento
conservador mdico no uma alternativa s outras modalidades,
encontrando-se reservado para situaes graves, de mau prognstico de
vida, em que a dilise no faculta uma esperana e uma qualidade de
vida superiores.Em algumas situaes, o seu nefrologista poder
sugerir-lhe o tratamento conservador da sua (ou a do
seurepresentado) doena renal crnica.O tratamento conservador
consiste na aplicao de medidas teraputicas sem recorrer dilise nem
transplantao renal.As indicaes para esta modalidade de tratamento
da insuficincia renal crnica avanada so as situaesem que o
tratamento interventivo (dilise e transplantao) no se encontra
indicado ou no possvelefetu-lo ou, ainda, quando no faculta uma
esperana e uma qualidade de vida superiores oferecidapelo
tratamento conservador.Em que consiste o tratamento conservador da
insuficincia renal crnica avanadaO tratamento conservador da
insuficincia renal crnica avanada consiste na aplicao de
tratamentosno invasivos e de medidas cujos objetivos so: Eliminar
ou atenuar os sintomas de doena, proporcionando o maior bem-estar e
o menor sofrimento possveis Fornecer apoio no diferenciado
(acompanhamento, alimentao, higiene pessoal, levante, manuteno do
domiclio) quando necessrioPara alcanar esses objetivos contar com
uma equipa polivalente constituda por elementos diferenciadosde
cuidados continuados e paliativos (que inclui mdicos, enfermeiros e
outros elementos) que, se for casodisso, o acompanhar no seu
domiclio ou onde estiver a viver.No caso de no ser possvel
assegurar a assistncia atrs descrita, aconselhamos que esta no seja
a suaopo. Sobre este assunto, informe-se junto do seu
nefrologista.So indicaes para o tratamento conservador: A opo
consciente e informada do doente ou, caso este no se encontre em
condies de a expressar, de quem legalmente se encontre em condies
de o fazer Coma irreversvel Ausncia irreversvel de vida de relao
Estado demencial grave e irreversvel Impossibilidade tcnica ou
clnica de tratamento dialtico e de transplantao renal Coexistncia
de outra doena que condicione curta esperana de vida Coexistncia de
outra doena ou condio, fsica ou psquica, que condicione,
previsivelmente, severo e irreversvel sofrimentoNorma n 017/2011 de
28/09/2011 atualizada a 14/06/2012 30/35
31. Tratamento diettico:Provavelmente, ser-lhe- instituda uma
dieta com restrio de protenas (carne, peixe, ovos, leite), de sal
ede lquidos, bem como lhe sero prescritos diversos suplementos
alimentares.Tratamento medicamentoso:Para alm da medicao
habitualmente prescrita para tratamento das complicaes da
insuficincia renalcrnica que, eventualmente, j prossegue
(anti-hipertensores, diurticos, corretores da anemia,modificadores
do metabolismo do fsforo, suplementos vitamnicos), ser-lhe-o
prescritos, medida dasnecessidades, medicamentos eficazes para
alvio dos sintomas da insuficincia renal e das outras doenasde que,
eventualmente, sofra: Nusea Vmitos Hipus (soluos) incoercveis
Prurido (comicho) generalizado e incomodativo Insnia Ansiedade
Dispneia (falta de ar) Dores Se necessrio, ser-lhe- instituda sedao
(induo de sono profundo)No final deste folheto de Esclarecimento,
encontrar um quadro comparativo das vantagens, dasdesvantagens e
dos riscos relativos a cada uma das tcnicas enunciadas dilise
peritoneal, hemodilise,transplantao renal e tratamento
conservador.Norma n 017/2011 de 28/09/2011 atualizada a 14/06/2012
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32. Quadro comparativo das modalidades teraputicas da Doena
Renal Crnica Hemodilise Dilise peritoneal Transplantao renal
Tratamento Em centro No domiclio DPCA DPA Dador vivo Dador cadver
conservador Apenas indicado em situaes de Disponibilidade de mau
prognsticoEspecificidades No aplicvel equipamento No aplicvel No
aplicvel ou com impossibili- dade de efetuar outro tratamento Cerca
de 8 horas Varivel e Mudana manual durante o perodo Geralmente, 4
adaptvel aos das bolsas 4 x por de repouso, sendoFrequncia horas 3
vezes por interesses do dia que demoram as permutas No aplicvel
Contnuo semana doente 40 minutos efetuadas por cicladora Em unidade
No domiclio, aps No domiclio ou no Apenas em alguns hospitais.
Consulte aLocal hospitalar ou em pequena adaptao No domiclio
respetiva listagem local onde estiver a centro privado das
instalaes residir Pode efetuar em qualquer local lim- Pode efetuar
em po. Pode transpor- qualquer local lim- tar os consumveis. S
disponvel aps Dever, previa- Pode iniciar o pro- po. Pode transpor-
Contactar o iniciar tratamento mente, assegurar- Na maioria das
cidades de Portugal e de cesso de trans- tar os consumveis.
fornecedor para dialtico. Pode ter se da disponi-Disponibilidade
pases desenvolvidos. Necessria Contactar o informar disponibi-
plantao antes de de esperar vrios bilidade desta marcao prvia
iniciar tratamento fornecedor para lidade no local para anos at
surgir um modalidade tera- dialtico informar disponibi- dispensa de
rim compatvel putica lidade no local cicladora. Ou pas- sar,
transitoria- mente, para DPCA Os consumveis Os consumveis Monitor
de he- (bolsas, tampas, (bolsas, tampas, Varivel.Equipamento no
modilise, unidade mscaras) so co- No necessrio mscaras) so co- No
necessrio Depender da suadomiclio de purificao de locados no domic-
locados no domic- situao clnica gua, consumveis lio, bem como a lio
cicladora Necessita de vrias sesses de treino no Formao do No
necessrio. Apenas dever estar hospital. A aprendizagem, do prprio
e/ou prprio e/ou de atento a sintomas de infeo do rim ou de de
parceiro, das mudanas manuais (DPCA)Treino No necessrio parceiro at
obrigatria. A aprendizagem com qualquer outra localizao e aos de No
necessrio adquirirem total rejeio, bem como cumprir as regras da
cicladora, se necessria, efetuada autonomia sua preveno
ulteriormente Fundamental Varivel. Geralmente com restrio de sal,
Sem restries, excepto as que a sua Ser necessrio reduzir sal,
acares e prosseguir asDieta de gua e de alguns alimentos ricos em
gorduras situao clnica impuser (p. ex., restrio restries potssio
e/ou em fsforo de sal se hipertenso arterial) prescritas Condiciona
o pe- rodo de repouso Total, devendo, contudo, efetuar os
Condicionado pelo Horrio adaptvel Condicionado, ape- mas com
liberdade exames de controlo, comparecer s Depende da suaNvel de
liberdade horrio dos aos interesses do nas, pelos perodos de
escolha de ho- consultas de avaliao e cumprir tera- situao clnica
tratamentos doente de mudana rrio, desde que o putica prescrita
tempo seja cum- prido Execuo da A responsabilidade pela execuo da
Prosseguir disciplinadamente a medicao Disciplina alimen- tcnica.
DisciplinaNvel de tcnica cabe, sobretudo, ao doente e/ou ao e os
cuidados prescritos, bem como Cumprir as pres- tar e cumprimento
alimentar e cum-responsabilidade seu parceiro, devendo ser
observados submeter-se aos processos de avaliao cries mdicas da
medicao primento da medi- todos os cuidados ensinados clnica e
laboratorial cao Norma n 017/2011 de 28/09/2011 atualizada a
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33. RISCOS PERSONALIZADOS (a ser preenchido pelo nefrologista)
(especificar, em termos correntes, as indicaes,as contra-indicaes,
as vantagens e os riscos em que o doente, face sua particular
situao clnica, podeincorrer em cada modalidade teraputica
hemodilise, dilise