2
Ocupe Estelita, Ocupe a Cidade! O Movimento Ocupe Estelita defende uma cidade para todas as pessoas. Questiona as decisões que tornam o Recife uma cidade segregada, com espaços públicos abandonados, reduzidos, privatizados. Por defesa de uma cidade mais democrática, o movimento se manifesta há cerca de 3 anos em frente ao armazéns do Cais José Estelita. Aquela ampla área histórica, com enorme potencial de uso para a cidade, que deveria ser revitalizada tendo em vista toda a população, foi vendida para iniciativa privada sem nenhum planejamento urbano, permitindo a quase aprovação de um péssimo projeto de condomínios privados. O movimento denuncia que, além de ilegal, esse projeto intensifica diversos problemas endêmicos da cidade, como a segregação social, a mobilidade urbana, a falta de espaços públicos e áreas de lazer, e não dialoga com seu entorno, que possui um grande déficit habitacional. No dia 21 de maio de 2014, as construtoras ligadas ao projeto “Novo Recife” – Moura Dubeux, Queiroz Galvão, GL Empreendimentos e Ara Empreendimentos – iniciaram a demolição dos galpões para precipitar os seus interesses de forma autoritária, sem as autorizações necessárias. Com o fim de proteger a legalidade do processo, o movimento ocupou a área referente ao empreendimento questionado. A ocupação transformouse em um espaço de referência para a discussão do Recife e de seus problemas e foi utilizada para atividades culturais, aulas abertas, produção coletiva de atividades artísticas etc. No dia 17 de junho, durante o jogo do Brasil na Copa da Fifa, o movimento foi surpreendido com uma ação policial truculenta, que deixou dezenas de pessoas feridas, com balas de borracha, gás de pimenta, chicotadas, golpes de cassetetes, bombas de efeito moral, entre outros. Enquanto as/os manifestantes eram agredidas/os, as empreiteiras do projeto “Novo Recife” – Moura Dubeux, Queiroz Galvão e cia. – colocaram para dentro da área maquinário de construção, e um aparato de segurança que transformou o local num verdadeiro campo de concentração: arame farpado, cães guardas, câmeras de segurança, e dezenas de guardas armados. Apesar da violência policial sofrida, o movimento ocupou a área debaixo do Viaduto Capitão Temudo. A ocupação, que teve como objetivo inicial a proteção do espaço contra os atos iminentes de demolição, mantevese resistente, e ampliouse para um convite à cidade para discutir o projeto “Novo Recife”, e a destinação do espaço urbano. Não há dúvidas de que os objetivos da ocupação foram alcançados: hoje a cidade e o mundo discutem o Cais José Estelita; a cidade e o mundo discutem o Recife. Apesar de todos os desafios de conduzir um movimento custeado apenas por autogestão popular, que enfrenta um projeto bilionário e uma estrutura perversa de poder que mescla interesses empresariais e governamentais indistintamente e de forma antiética, e de ter que lidar com grupos que promovem discursos e atos de

Ocupe estelita nota 10 de julho de 2014

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Nota Ocupe Estelita

Citation preview

Page 1: Ocupe estelita   nota 10 de julho de 2014

Ocupe  Estelita,  Ocupe  a  Cidade!    O  Movimento  Ocupe  Estelita  defende  uma  cidade  para  todas  as  pessoas.  Questiona  as  decisões  que  tornam  o  Recife  uma  cidade  segregada,  com  espaços  públicos  abandonados,  reduzidos,  privatizados.  Por  defesa  de  uma  cidade  mais  democrática,  o  movimento  se  manifesta  há  cerca  de  3  anos  em  frente  ao  armazéns  do  Cais  José  Estelita.  Aquela  ampla  área  histórica,  com  enorme  potencial  de  uso  para  a  cidade,  que  deveria  ser  revitalizada  tendo  em  vista  toda  a  população,  foi  vendida  para  iniciativa  privada  sem  nenhum  planejamento  urbano,  permitindo  a  quase  aprovação  de  um  péssimo  projeto  de  condomínios  privados.  O  movimento  denuncia  que,  além  de  ilegal,  esse  projeto  intensifica  diversos  problemas  endêmicos  da  cidade,  como  a  segregação  social,  a  mobilidade  urbana,  a  falta  de  espaços  públicos  e  áreas  de  lazer,  e  não  dialoga  com  seu  entorno,  que  possui  um  grande  déficit  habitacional.    No  dia  21  de  maio  de  2014,  as  construtoras  ligadas  ao  projeto  “Novo  Recife”  –  Moura  Dubeux,  Queiroz  Galvão,  GL  Empreendimentos  e  Ara  Empreendimentos  –  iniciaram  a  demolição  dos  galpões  para  precipitar  os  seus  interesses  de  forma  autoritária,  sem  as  autorizações  necessárias.  Com  o  fim  de  proteger  a  legalidade  do  processo,  o  movimento  ocupou  a  área  referente  ao  empreendimento  questionado.    A  ocupação  transformou-­‐se  em  um  espaço  de  referência  para  a  discussão  do  Recife  e  de  seus  problemas  e  foi  utilizada  para  atividades  culturais,  aulas  abertas,  produção  coletiva  de  atividades  artísticas  etc.    No  dia  17  de  junho,  durante  o  jogo  do  Brasil  na  Copa  da  Fifa,  o  movimento  foi  surpreendido  com  uma  ação  policial  truculenta,  que  deixou  dezenas  de  pessoas  feridas,  com  balas  de  borracha,  gás  de  pimenta,  chicotadas,  golpes  de  cassetetes,  bombas  de  efeito  moral,  entre  outros.  Enquanto  as/os  manifestantes  eram  agredidas/os,  as  empreiteiras  do  projeto  “Novo  Recife”  –  Moura  Dubeux,  Queiroz  Galvão  e  cia.  –  colocaram  para  dentro  da  área  maquinário  de  construção,  e  um  aparato  de  segurança  que  transformou  o  local  num  verdadeiro  campo  de  concentração:  arame  farpado,  cães  guardas,  câmeras  de  segurança,  e  dezenas  de  guardas  armados.    Apesar  da  violência  policial  sofrida,  o  movimento  ocupou  a  área  debaixo  do  Viaduto  Capitão  Temudo.  A  ocupação,  que  teve  como  objetivo  inicial  a  proteção  do  espaço  contra  os  atos  iminentes  de  demolição,  manteve-­‐se  resistente,  e  ampliou-­‐se  para  um  convite  à  cidade  para  discutir  o  projeto  “Novo  Recife”,  e  a  destinação  do  espaço  urbano.  Não  há  dúvidas  de  que  os  objetivos  da  ocupação  foram  alcançados:  hoje  a  cidade  e  o  mundo  discutem  o  Cais  José  Estelita;  a  cidade  e  o  mundo  discutem  o  Recife.      Apesar  de  todos  os  desafios  de  conduzir  um  movimento  custeado  apenas  por  autogestão  popular,  que  enfrenta  um  projeto  bilionário  e  uma  estrutura  perversa  de  poder  que  mescla  interesses  empresariais  e  governamentais  indistintamente  e  de  forma  antiética,  e  de  ter  que  lidar  com  grupos  que  promovem  discursos  e  atos  de  

Page 2: Ocupe estelita   nota 10 de julho de 2014

incitação  ao  ódio  e  à  violência  contra  as/os  militantes,  após  50  dias  de  ocupação,  o  movimento  #OcupeEstelita  propõe  uma  nova  forma  de  ocupar  a  área  do  Cais  e  do  Recife.    Prezando  pela  segurança  de  suas/seus  membros,  e  redirecionando  seus  esforços,  viemos  por  meio  desta  nota  comunicar  que  não  haverá  mais  pessoas  do  Movimento  dormindo  no  local.  Contudo,  as  atividades  políticas,  culturais  e  educativas  permanecem.    (Hoje,  dia  10  de  Julho,  por  volta  das  20  horas,  durante  a  preparação  para  a  reestruturação  do  espaço  –  que  já  havia  sido  planejada  –  as/os  ocupantes  do  Movimento  sofreram  mais  um  ataque  violento  por  parte  de  pessoas  desconhecidas,  com  fortes  indícios  de  um  ato  direcionado,  numa  estratégia  grosseira  de  acuar  e  desmobilizar  o  #OcupeEstelita.  Neste  ataque  covarde,  em  que  dois  militantes  foram  atingidos  por  pedras,  várias/os  foram  ameaçadas/os,  um  ônibus  foi  depredado,  não  só  o  Movimento  foi  vítima,  mas  a  cidade  como  um  todo.  É  importante  registrar  que  esses  atos  se  somam  a  uma  série  de  outros  ataques  que  já  vinham  acontecendo  e  sendo  divulgados:  perseguições,  espionagem  virtual,  e  ameaças  diversas.  Não  nos  deixaremos  intimidar).    Enquanto  a  defesa  do  projeto  “Novo  Recife”  elogia  a  violência  e  a  desinformação,  o  Movimento  Ocupe  Estelita  trabalha  em  prol  da  elucidação  e  da  informação  de  todas/os  as/os  cidadãs/ãos,  porque  tem  a  convicção  de  quantos  mais  de  nós  compreenderem  a  importância  e  o  potencial  do  Cais  José  Estelita  para  o  desenvolvimento  sustentável  da  cidade,  mais  de  nós  serão  favoráveis  a  outros  projetos,  verdadeiramente  capazes  de  revitalizar  a  área  e  integrá-­‐la  ao  seu  entorno.    O  Cais  José  Estelita  -­‐  e  a  por  nós  descoberta  Praça  Abelardo  Rijo  -­‐  segue  sendo  um  ponto  de  referência  na  luta  por  uma  cidade  mais  humana.  E  o  Movimento  Ocupe  Estelita  segue  sendo  uma  referência  de  que  cidadãs/ãos  movidas/os  por  uma  causa  justa  e  pela  convicção  de  que  cidade  deve  ser  popular,  de  todas/os,  e  promover  qualidade  de  vida  para  todas/os,  são  capazes  de  enfrentar  os  maiores  obstáculos,  enfrentar  o  poder  econômico,  enfrentar  o  poder  governamental.    Estão  todas/os  convidadas/os  para  fazer  história  conosco,  ocupar  o  Cais  e  participar  de  nossas  atividades  políticas,  educativas  e  culturais.  Nós  estamos  mudando  a  nossa  cidade.  E  este  é  um  caminho  sem  volta.    Começamos  ocupando.  Agora  é  hora,  mais  do  que  nunca,  de  expandir  e  resistir.    É  apenas  o  começo!    Movimento  Ocupe  Estelita