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Lei de Combate à Corrupção Lei n. 12.846, de 1º de agosto de 2013 Dispõe sobre a responsabilização administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira, e dá outras providências. Rio de Janeiro, 10 de fevereiro de 2014 Lucas Navarro Prado Danilo de Morais Veras

Apresentação - Lei de Combate à Corrupção

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Apresentação para debate sobre as inovações da Nova Lei de Combate à Corrupção

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Page 1: Apresentação - Lei de Combate à Corrupção

Lei de Combate à CorrupçãoLei n. 12.846, de 1º de agosto

de 2013

Dispõe sobre a responsabilização administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos

contra a administração pública, nacional ou estrangeira, e dá outras providências.

Rio de Janeiro, 10 de fevereiro de 2014

Lucas Navarro PradoDanilo de Morais Veras

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Breve apresentação

Lucas Navarro Prado

– Especialista em licitações e contratos administrativos, concessões e parcerias público-privadas, regulação e concorrência. Consultor de entidades nacionais e internacionais para empreendimentos de infraestrutura no Brasil.

– Graduado em Direito pela Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduado em Finanças pela FIA/USP, é coautor do livro “Comentários à Lei de PPP” (Malheiros: 2007), do livro “Regime Diferenciado de Contratação” (Atlas: 2012) e autor de diversos artigos relacionados à infraestrutura, tendo participado extensamente de cursos e palestras sobre o investimento privado em infraestrutura.

– Em sua trajetória, foi Conselheiro de Administração da Companhia Distribuidora de Gás do Rio de Janeiro (2006-2007), Conselheiro de Administração da Companhia de Serviços de Saneamento de Mogi Mirim (2009-2010), Assessor da Unidade de Parcerias Público-Privadas do Governo Federal (2005-2007), Assessor Jurídico da Presidência da SABESP (2008) e Superintendente Jurídico da SABESP (2009-2010).

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Breve apresentação

Danilo de Morais Veras

– Especialista em licitações e contratos administrativos, concessões e parcerias público-privadas, regulação e concorrência. Consultor de entidades nacionais e internacionais para empreendimentos de infraestrutura no Brasil.

– Graduado em Direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pós-graduado em Gestão de Negócios e Finanças pela IBMEC/RJ, é autor de diversos artigos relacionados à contratualização e o fenômeno da burocracia, tendo participado de palestras sobre o investimento privado em infraestrutura.

– Em sua trajetória, foi integrante de tradicionais bancas de advocacia, consultor da Fecomércio-RJ (2010/2011), Advogado no grupo Brookfield (2011), e desde 2012, integra o Navarro Prado Advogados.

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Lei AnticorrupçãoPanorama AnteriorPrincipais Normativos no Mundo

1977 – Foreing Corrupt Practices Act (EUA) – Conhecido, principalmente, por duas de suas principais previsões: (i) tratar da transparência contábil sob a ótica das exigências da SEC e (ii) dar tratamento à oferta de propinas a funcionários públicos.

1996 – Organização dos Estados Americanos – Firmada a Convenção Interamericana contra a Corrupção, em Caracas, Venezuela, aprovada no Brasil pelo Decreto Legislativo n. 152, de 25 de junho de 2002, e promulgado pelo Decreto Presidencial n. 4.410, de 7 de outubro de 2002.

2000 – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) edita o “Guidelines for Multinational Enterprises”, dedicando o capítulo VI ao texto “Combatendo a Propina” e a Convenção de Combate à Propina de Administradores Públicos.

2002 – UNO Global Pact – Adoção de princípios que promovam a dimensão social e a globalização do mercado, registrando, em seu 10º princípio, que “as empresas possuem a obrigação de combater a corrupção em todas as suas formas, inclusive a extorsão e a propina.

2010 – Bribery Act (ING) – Considerada uma das mais duras leis anticorrupção no mundo (Aaronberg and Higgins, 2010), permitindo a penalização de indivíduos e as empresas às quais pertencem, bem como a previsão de prisão por 12 meses e confisco.

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Lei AnticorrupçãoPanorama Anterior

Principais Normativos no Brasil

- Lei n. 8.429/92 – Lei de Improbidade Administrativa – Estabelece sanções aplicáveis aos agentes públicos nos casos de enriquecimento ilícito no exercício do mandato, cargo, emprego ou função na administração pública direta, indireta fundacional.

- Lei n. 8.666/93 – Lei de Licitações e Contratos Públicos – Estabelece, a partir do seu art. 89, os crimes e penas impostas aos indivíduos que subvertam os princípios e determinações da lei de Licitações.

- Lei n. 12.259/11 – Lei Antitruste – Impõe a responsabilização por infrações à Lei tanto às pessoas jurídicas quanto a seus dirigentes ou administradores, solidariamente, bem como as hipóteses de desconsideração da personalidade jurídica.

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Lei AnticorrupçãoInovações

O que muda?

- Responsabilização objetiva da pessoa jurídica, no âmbito administrativo e civil.- Atos lesivos à Administração Pública nacional ou estrangeira. - Desnecessidade de discussão sobre má-fé ou culpa.

- Extensão da responsabilização objetiva:- Empresas, Controladoras, Controladas, Consorciadas, Coligadas.

- Compliance como fator mitigador- Dosimetria da sanção.

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Lei AnticorrupçãoPráticas a Serem Evitadas

Condutas reprovadas pela legislação:

- Prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente, vantagem indevida a agente público, ou a terceira pessoa a ele relacionada.

- Comprovadamente, financiar, custear, patrocinar ou de qualquer modo subvencionar a prática dos atos ilícitos previstos nesta Lei

- Comprovadamente, utilizar-se de interposta pessoa física ou jurídica para ocultar ou dissimular seus reais interesses ou a identidade dos beneficiários dos atos praticados.

- Dificultar atividade de investigação ou fiscalização de órgãos, entidades ou agentes públicos, ou intervir em sua atuação, inclusive no âmbito das agências reguladoras e dos órgãos de fiscalização do sistema financeiro nacional.

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Lei AnticorrupçãoPráticas a Serem Evitadas

Condutas reprovadas pela legislação, no tocante a licitações e contratos:

a) frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qualquer outro expediente, o caráter competitivo de procedimento licitatório público;

b) impedir, perturbar ou fraudar a realização de qualquer ato de procedimento licitatório público;

c) afastar ou procurar afastar licitante, por meio de fraude ou oferecimento de vantagem de qualquer tipo;

d) fraudar licitação pública ou contrato dela decorrente;

e) criar, de modo fraudulento ou irregular, pessoa jurídica para participar de licitação pública ou celebrar contrato administrativo;

f) obter vantagem ou benefício indevido, de modo fraudulento, de modificações ou prorrogações de contratos celebrados com a administração pública, sem autorização em lei, no ato convocatório da licitação pública ou nos respectivos instrumentos contratuais; ou

g) manipular ou fraudar o equilíbrio econômico-financeiro dos contratos celebrados com a administração pública;

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Lei AnticorrupçãoProcedimento Administrativo

A instauração do procedimento administrativo para a apuração de atos lesivos à Administração Pública:

- Provocação ou de ofício pela autoridade máxima do órgão ou entidade dos Poderes Executivo, Legislativo ou Judiciário

Encaminhamento:- Comissão, composta por pelo menos 2 servidores estáveis, podendo o

órgão ou entidade requerer por meio de sua representação jurídica as medidas judiciais necessárias à investigação e processamento das infrações, inclusive busca e apreensão. Durante as investigações, é possível que a comissão requeira, cautelarmente, a suspensão dos efeitos do ato ou processo a que se referem.

Duração:- 180 dias (prorrogável), período em que deverão ser procedidas as

ações de investigação, aberto o contraditório (30 dias), realizado o parecer final e o processo encaminhado à autoridade instauradora e julgado.

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Lei AnticorrupçãoAcordo de Leniência

A Lei 12.846/13 inovou ao oferecer aos infratores a possibilidade de acordos de leniência. A ideia do acordo, emprestada da Lei Antitruste, incentiva uma pessoa ou empresa envolvida em infração à confessar o ilícito com a possibilidade de receber, em retribuição por cooperação.

Principais Pré-Requisitos:- A empresa deve ser a primeira a comparecer para cooperar com a

investigação do ilícito, - A empresa deve cessar completamente sua participação na infração

logo após a proposta de leniência e admitir seu envolvimento no delito, colaborando plenamente com as investigações.

Benefícios:- Possibilidade de redução de até 2/3 do valor de multas, dispensa da

publicação da decisão condenatória e continuidade no relacionamento com entidades públicas para o recebimento de incentivos, empréstimos etc.

- Acordo de leniência, em princípio, apenas reduziria a punibilidade da pessoa jurídica (o acordo de leniência da Lei Antitruste permite abarcar pessoas físicas).

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Lei AnticorrupçãoPenalidades- Esfera Administrativa

Multa, no valor de 0,1 a 20% do faturamento bruto (menos tributos)Se impossível utilizar o critério do faturamento, multa de R$ 6 mil a R$ 60 milhões

Publicação extraordinária da decisão condenatória;

- Esfera Judicial

Perdimento dos bens, direitos ou valores que representem vantagem ou proveito direta ou indiretamente obtidos da infração, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé; - Suspensão ou interdição parcial de suas atividades;- Dissolução compulsória da pessoa jurídica;

Proibição de receber incentivos, subsídios, subvenções, doações ou empréstimos de órgãos ou entidades públicas e de instituições financeiras públicas ou controladas pelo poder público, pelo prazo mínimo de 1 e máximo de 5 anos.

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Lei AnticorrupçãoPontos de Atenção

Desconsideração da Personalidade Jurídica

- Depende da comprovação de “abuso de direito” para facilitar, encobrir ou dissimular a prática dos atos ilícitos previstos na Lei ou para provocar confusão patrimonial- as sanções aplicadas à pessoa jurídica estendem-se aos seus

administradores e sócios com poderes de administração

- Da perspectiva das pessoas jurídicas envolvidas, a solidariedade (para multas e reparações) acaba sendo mais relevante que a possibilidade de desconsideração da personalidade jurídica

Comissão de Servidores não possui Força Vinculante

- A designação da Comissão formada por dois funcionários públicos de carreira busca preservar a imparcialidade na análise da questão. No entanto, as recomendações no decorrer do processo (art. 10, §3º ou art. 12) são vinculativas, abrindo espaço para uma abordagem mais política.

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Lei AnticorrupçãoPontos de Atenção

Provável Não Uniformidade de Decisões

- Decisões serão dadas pelas autoridades máximas de cada órgão ou entidade dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.

- Tendência de diversidade de entendimentos no curto e médio prazo, com alguma acomodação no longo prazo em vista da jurisprudência que vier a ser estabelecida pelo Judiciário

Risco de Poder Pulverizado

- Risco de mau uso da ferramenta pelos diversos órgãos da administração.

Conflito de Interesse – Decisões Políticas

- Cargo máximo dentro de entidade ou órgão é, via de regra, ocupado por um cargo político ou comissionado.

- Maior probabilidade de decisões com carga política.

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Lei AnticorrupçãoPontos de Atenção

Inexistência de Recurso Administrativo

- A decisão é dada pelo órgão máximo de cada órgão o que impossibilita mecanismo recursal para a reanálise na esfera administrativa.

Acordo de Leniência – Menor Proteção do que na Lei Antitruste

- Diferentemente da Lei Antitruste, o Acordo de Leniência da Lei Anticorrupção não tem o condão de afastar o questionamento da conduta fiscalizada sob a esfera criminal. Nesse sentido, pode acabar funcionando como uma produção antecipada de prova.

Risco de Dissolução

- Desde que verificada a natureza fraudulenta na constituição.

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Lei AnticorrupçãoPontos Críticos

- Criação do Cadastro Nacional de Empresas Punidas - CNEPA lei ainda prevê a criação do CNEP, que terá por função de registrar e dar publicidade às sanções.

- Criação do Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e Suspensas – CEIS – Criado no âmbito do Executivo federal com os dados das sanções aplicadas no âmbito da Lei n. 8.666/93.

- A aplicação da Lei Anticorrupção não tem o condão de afastar quaisquer outras sanções a serem aplicadas pelas demais legislações, o que pode, por fim, implicar a condenação pecuniária sobre o mesmo indivíduo, pelo fato mesmo fato gerador, promovidas por procedimentos diferentes.

- O art. 25 da lei estabelece o prazo prescricional de 5 anos do dia da ciência da infração ou do dia em que cessar. Na prática, existe dúvida quanto ao conceito de "ciência da infração", o que poderá dificultar sobremaneira a ocorrência da prescrição.

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Lei AnticorrupçãoCompliance

O que implementar?

Cultura de compliance, que deve ser patrocinada pela alta administração da organização.- Estabelecimento de um Código de Conduta, Políticas e Procedimentos

amplamente divulgado aos stakeholders;- Disponibilização de recursos para a implantação da estrutura de compliance;- Revisão e monitoramento constantes;- Para aprofundar o programa, requisição de informações de fornecedores e

prestadores de serviços, com direito de auditoria (due diligence).

Gestão de riscos, que permite identificar os riscos relativos à corrupção em setores, atividades, processos e pessoas mais vulneráveis na organização; atividades de treinamento e capacitação contínuos para informar aos funcionários o Código de Conduta e a legislação que lhe dá suporte.

Canais de denúncia e remediação, que devem ser acessíveis para todos, garantidas a confidencialidade e a não retaliação; medidas disciplinares contra os infratores devem ser aplicadas, seja qual for o cargo ou a função.

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