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Atos de Ofício (Conforme novo CPC) p/ Concurso TJ-MG

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Aula 00

Conforme Novo CPC - Atos de Ofício p/ TJ-MG - Com videoaulas

Professores: Equipe Gabriel Borges, Gabriel Borges

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Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL P/ TJMG

APRESENTAÇÃO DO CURSO

TRIBUNAL JUSTIÇA DE MINAS GERAIS

ATOS DE OFÍCIO

Primeiramente, quero dizer que é um grande prazer encarar este desafio

com vocês. Faremos um curso de teoria e exercícios voltado para o concurso

do TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS.

Faremos um curso bastante didático, deixando de lado a linguagem

excessivamente técnica e a formalidade. Utilizaremos recursos visuais:

marcadores de texto, negrito e muitas questões de concurso, no corpo da

aula, bem como ao final.

As questões são de provas passadas e eventualmente inéditas

(elaboradas pelo próprio professor). O objetivo é preparar o candidato para

AULA 00: DA JURISDIÇÃO

SUMÁRIO PÁGINA

1. Apresentação 02

2. Cronograma 03

3. Capítulo I: Da Jurisdição 05

4. Resumo 44

5. Questões comentadas 47

6. Lista das questões apresentadas 58

7. Gabarito 62

8. Bibliografia 63

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resolução de questões no grau de complexidade que a banca tem atribuído aos

certames mais concorridos.

Iremos trabalhar todo o conteúdo de Direito Processual Civil exigido no

último edital, por meio de teoria e exercícios de concursos anteriores e tendo

como base a Lei nº 13. 105/2015 – NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. Será um

curso de 06 encontros, além deste, em que iremos trabalhar o conteúdo de

modo objetivo e com o foco na sua aprovação.

Sobre o Prof. Gabriel Borges

O Professor Gabriel Borges é Consultor Legislativo do Senado Federal; pós-

graduado em Direito e Relações Internacionais; e leciona a matéria de Direito Processual

Civil para concursos desde 2010. Até tornar-se Consultor, foi aprovado em vários

concursos públicos.

OBSERVAÇÃO IMPORTANTE:

Este curso é protegido por direitos autorais (copyright), nos termos da Lei 9.610/98, que altera, atualiza

e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá outras providências.

Grupos de rateio e pirataria são clandestinos, violam a lei e prejudicam os professores que elaboram

os cursos. Valorize o trabalho de nossa equipe adquirindo os cursos honestamente através do site

Estratégia Concursos.

Vamos ao nosso cronograma

DISPONÍVEL CONTEÚDO

Disponível Jurisdição

Aula 01 Disponível

Competência e Sobre Ação

Aula 02 Disponível

Sujeitos do Processo

Aula 03 Disponível

Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; distribuição, autuação e registro;

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DISPONÍVEL CONTEÚDO

protocolo; petição inicial; numeração e rubrica das folhas nos autos; guarda, conservação e restauração dos autos; exame em cartório, manifestação e vista; retirada dos autos pelo advogado; carga, baixa, conclusão, recebimento, remessa, assentada, juntada e publicação; lavratura de autos e certidões em geral; traslado; contestação.

Aula 04 Disponível

Termos processuais cíveis e criminais e autos: conceitos, conteúdo, forma e tipos. Atos do juiz: sentença, decisão interlocutória e despacho; acórdão. Atos processuais: forma, nulidade, classificação e publicidade; processos que correm em segredo de justiça. Citação e intimação: conceito, requisitos, modalidades de citação: via postal, mandado, por edital; cartas precatória, rogatória e de ordem. Intimação na capital e nas comarcas do interior; intimação do ministério público; contagem do prazo de intimação. Prazos: conceito, curso dos prazos, prazos das partes, do juiz e do servidor, processos que correm nas férias. Apensamento de autos: procedimento; requisitos da carta de sentença. Autos suplementares: quando são obrigatórios, peças que devem conter; sua guarda.

Aula 05 Disponível em 28/05/2016

Cumprimento de sentença e processo de execução: citação, intimação, penhora, arresto, avaliação, impugnação e embargos à execução.

Aula 06 Disponível em 04/06/2016

Procedimentos nos Juizados Especiais Cíveis. Dos atos processuais. Do pedido. Das citações e intimações. Da revelia. Da conciliação e do juízo arbitral. Da instrução e julgamento. Da resposta do réu. Das provas. Da sentença. Dos embargos de declaração. Da extinção do processo sem julgamento do mérito. Do cumprimento de

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DISPONÍVEL CONTEÚDO

sentença. Das despesas e honorários.

Procedimentos nos Juizados Especiais Criminais. Da competência e dos atos processuais. Da fase preliminar. Do procedimento sumaríssimo. Da execução. Das despesas processuais. Legislação: Código de Processo Penal - Decreto-lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941. Código de Processo Civil - Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973. 9. Lei dos Juizados Especiais - Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995 (arts. 12 a 59 e 63 a 92). Lei de custas devidas ao Estado no âmbito da Justiça Estadual de primeiro e segundo graus - Lei estadual nº 14.939, de 29 de dezembro de 2003. Código de Normas da Corregedoria-Geral de Justiça do Estado de Minas Gerais - Provimento nº 161, de 1º de setembro de 2006, com as alterações posteriores. Regimento de Custas - Provimento Conjunto do TJMG nº 15, de 26 de abril de 2010.

CAPÍTULO I: DA JURISDIÇÃO

Nos últimos anos, ganhou força no Direito a ideia de que a Constituição

deve ser mais efetiva do que em seus primeiros anos de vigência, mas o que

isso quer dizer?

Quer dizer que os princípios e regra constitucionais devem e podem

ser aplicados de modo direto pelo juiz (órgão singular) e pelos demais órgãos

jurisdicionais (colegiados), não somente pelo Supremo Tribunal Federal – STF.

Logo no artigo 1º, o Novo CPC deve ser interpretado, ordenado e

pensado de maneira integrada à Constituição. Evidentemente, este tipo de

previsão não seria sequer necessária em razão da supremacia das normas

constitucionais, mas não deixa de simbolizar uma nova e importante didática

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e, acima disso, a tendência contemporânea de atribuir aos princípios valor

diretivo aos operadores do Direito. A previsão serve, inclusive, para rebater

aqueles que se equivocam ao restringir o Direito Processual Civil à leitura dos

dispositivos do Código, como se não houvesse outra fonte de Direito

Processual Civil.

Falamos do artigo 1º do CPC/2015, então vamos citá-lo:

Art. 1o O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado

conforme os valores e as normas fundamentais estabelecidos na Constituição

da República Federativa do Brasil, observando-se as disposições deste

Código.

Há, nesse contexto, uma nova hermenêutica, consubstanciada no § 1º

do artigo 5º da Constituição da República, a saber:

Art. 5º [...] § 1º As normas definidoras dos direitos e garantias

fundamentais têm aplicação imediata.

Cumpre-se interpretar a Constituição como um todo normativo, no qual

o Novo CPC é recepcionado e, com base nos preceitos fundamentais, deve-se

evitar qualquer tipo de antinomia entre as normas.

A partir dessas linhas introdutórias, passemos ao estudo do instituto da

Jurisdição.

LIVRO I: DAS NORMAS PROCESSUAIS CIVIS

TÍTULO ÚNICO: DAS NORMAS FUNDAMENTAIS E DA APLICAÇÃO DAS NORMAS PROCESSUAIS

CAPÍTULO II: DA APLICAÇÃO DAS NORMAS PROCESSUAIS

Art. 13. A jurisdição civil será regida pelas normas processuais brasileiras, ressalvadas as disposições específicas previstas em tratados, convenções ou acordos internacionais de que o Brasil seja parte.

Art. 14. A norma processual não retroagirá e será aplicável imediatamente aos processos em curso, respeitados os atos processuais praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a vigência da norma revogada.

Art. 15. Na ausência de normas que regulem processos eleitorais, trabalhistas ou administrativos, as disposições deste Código lhes serão aplicadas supletiva e subsidiariamente.

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INTRODUÇÃO

O conflito é uma característica inerente do ser humano. Quando não

havia um Estado organizado, a solução dos conflitos dava-se pela atuação dos

próprios interessados - aquele que dispusesse de maior força ou sagacidade

vencia a disputa. A solução dos conflitos consolidava-se, desse modo, por

instrumentos parciais.

Vencia o mais forte mesmo, estamos falando de situações, inclusive,

de chegar-se às vias de fato para fazer valer seu Direito.

Imagem de Episódio do “The Simpsons”.

Com o desenvolvimento das relações de comércio e consumo, a

sociedade começou a demandar maior grau de segurança jurídica. Imaginem

que um comerciante ou investidor necessita de previsibilidade para se motivar

a crescer. Nesse sentido, começou-se a perceber que a solução pela força não

representava a forma mais justa de resolução de conflitos. Na mesma direção,

a sociedade e as populações de diversas regiões começavam a se organizar

em torno de um único poder.

Assim, a partir da consolidação do Estado, passou a existir o poder

central para a solução dos conflitos, o poder estatal. Ao poder judiciário, não

participante do litígio, portanto imparcial, atribuiu-se a função de aplicar a lei,

em regra abstrata, em busca da pacificação social. Atribuiu-se a ele o chamado

poder jurisdicional.

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Percebam, então, que a consolidação de um poder central veio

acompanhada de um sistema que pretendia dar segurança jurídica à sua

população.

São duas figuras indissociáveis: 1) O Poder Central (Estatal) e 2) a

instituição de um controle imparcial da conduta dos jurisdicionados.

Imaginem, agora, a existência de uma sociedade onde não há segurança

jurídica, onde não se sabe ao certo como garantir a propriedade sobre seus

bens e a justeza no conflito com seus pares... Esse cenário impediria os

indivíduos de buscarem prosperidade porque estariam voltados, a todo

momento, para questões de segurança. A jurisdição veio dar ao Estado a

legitimidade para agir em nome do interesse público e ao jurisdicionado a

segurança jurídica para prosperar.

Em seu conceito tradicional, jurisdição é o poder de resolver um conflito

entre as partes, substituindo a vontade delas pela da lei. Ela tem como

característica a substitutividade, que consiste em dizer que o Estado, na

figura do juiz, ao solucionar a lide, estaria substituindo a vontade das partes,

proibindo a elas de estarem, em regra, fazendo valer a justiça do mais forte. No

entanto, não é somente quando há conflito entre as partes que o poder estatal

atua, nem é sempre que há substituição da vontade das partes.

Na concepção moderna, jurisdição é a atuação estatal ao caso

concreto; uma atuação com caráter de definitividade – diz respeito à

imutabilidade da sentença, que faz coisa julgada material –, objetivando a

pacificação social.

Assim, a jurisdição consiste no poder conferido ao estado, por meio

dos seus representantes, de atuar no caso concreto quando há situação que

não pôde ser dirimida no plano extrajudicial, revelando a necessidade da

intervenção do estado para que o conflito estabelecido seja solucionado.

De modo sucinto, Marcus Vinícius R. Gonçalves define Jurisdição

como a: “Função do Estado, pela qual ele, no intuito de solucionar os conflitos

de interesse em caráter coativo, aplica a lei geral e abstrata aos casos

concretos que lhe são submetidos”. (Direito Processual Civil Esquematizado).

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Há entendimento da doutrina de que o poder jurisdicional não se

restringe a dizer o direito (juris-dicção), alcança também a imposição do direito

(juris-satisfação). Obviamente, não é suficiente esperar que o Estado

apenas diga o caminho a ser trilhado, espera-se que o poder estatal faça

o direito ser efetivamente aplicado. Por isso, o Estado-juiz, por meio do seu

poder jurisdicional, tem a capacidade de impor suas decisões. É um poder

coativo.

Dúvida: Qual dos três poderes, da clássica divisão montesquiana, é

responsável pela jurisdição? A função jurisdiconal é atribuída ao poder

judiciário como função típica, mas também a outros poderes, como função

atípica. Exemplo: processo de impeachment, que pode ser conduzido pelo

legislativo, ou das sindicâncias, pelo poder executivo.

Fredie Didier Jr. mantém o conceito abrangente e inovador à Jurisdição

em seu novo Curso de Direito Processual Civil, a saber:

“A jurisdição é a função atribuída a terceiro imparcial (a) de realizar o Direito de modo imperativo (b) e criativo (reconstrutivo) (c),

reconhecendo/efetivando/protegendo situações jurídicas

(concretamente) deduzidas (e), em decisão insuscetível de controle

externo (f) e com aptidão para tornar-se indiscutível (g). (Curso de

Direito Processual Civil” (vol. I, 17ª ed. p. 153)

Esse conceito moderno apresentado por Didier deve ser analisado,

pois está de acordo com a realidade das transformações por que passou o

Estado. (Trabalharemos cada um desses elementos expressos no conceito de

Jurisdição).

A inovação mais relevante neste conceito é apontar o exercício da

jurisdição a terceiro imparcial, não considerando o Estado detentor exclusivo

desse poder/dever. Importante salientar que a imparcialidade não se confunde

com a neutralidade. Não existe juiz neutro, pois todo ser humano tem vontade

inconsciente, formada por suas experiências ao longo da vida, por sua

vivência, traumas, medos, preferências.

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Sobre a questão, importante registrar que o tema gerou polêmica no

Fórum Permanente de Processualistas Civis (FPPC)1, sendo que dois

enunciados (4 e 5) que tratavam da questão foram posteriormente revisados e

cancelados porque consideravam que árbitro também poderia ser detentor de

jurisdição:

Os enunciados sobre arbitragem foram aprovados por aclamação no

FPPC de Salvador; por isso, no FPPC-Rio, tiveram de passar por uma

reavaliação criteriosa da assembleia. Disso resultou que alguns foram

cancelados. 4 Redação original: “O árbitro é dotado de jurisdição para

processar e julgar a controvérsia a ele apresentada, na forma da lei”. (Grupo:

Arbitragem). 5 Redação original: “O árbitro é juiz de fato e de direito e como tal

exerce jurisdição sempre que investido nessa condição, nos termos da lei”.

(Grupo: Arbitragem)

Ainda mais convincente a parte do conceito expresso por Fredie Didier

que considera o aspecto de criação e reconstrução do exercício de se dizer o

direito, já que o sistema normativo tende, como temos visto, a uma dimensão

mais aberta, transferindo ao órgão jurisdicional a tarefa de completar o sentido

da norma, a criação do direito.

Feitas essas considerações, vejamos cada elemento elencado no

conceito de Jurisdição – da letra “a” até “g”.

a) Terceiro imparcial: na solução da lide utiliza-se a técnica de

heterocomposição – o conflito é solucionado por um agente exterior à

relação conflituosa original. Os sujeitos do processo submetem a terceiro

seu conflito, em busca de solução. Chiovenda chama essa

heterocomposição de substutividade, sendo esta a característica que diferencia

jurisdição das outras funções estatais.

Ok! E o que é a substutividade? Bem pessoal, como falamos há pouco

a substitutividade consiste em dizer que o Estado, na figura do juiz, ao

solucionar a lide, está substituindo a vontade das partes, já que elas estariam

1 O Fórum Permanente de Processualistas Civis emitiu vários enunciados com o intuito de facilitar a

interpretação do CPC/2015. Esses enunciados serão citados ao longo de nosso curso.

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proibidas de, em regra, fazer valer a justiça do mais forte (característica do

conceito de jurisdição tradicional).

COMENTÁRIOS:

Destaque-se, uma vez mais, que é importante não se confundir

neutralidade com imparcialidade. Neutralidade é o mito que se sustenta na

possibilidade de o juiz não ter vontade inconsciente; segundo a qual

predominaria a vontade dos sujeitos processuais e não o interesse geral da

justiça.

A imparcialidade, por seu turno, determina que o magistrado não pode

ter interesse na lide, bem como possui o dever de tratar as partes com

igualdade, garantindo o contraditório em paridade de armas.

b) Manifestação de Poder: a jurisdição coloca-se de modo imperativo,

aplicando o direito a situações que são levadas ao Estado (ao órgão

jurisdicional).

c) Atividade criativa: “cria-se a norma jurídica do caso concreto, bem

como se cria, muitas vezes, a própria regra abstrata que deve regular o caso

concreto.” (Curso de Direito Processual Civil, vol. I. Didier Jr., Fredie). As

normas não são capazes de impor todas as decisões a serem tomadas pelos

Tribunais. Há necessidade de interpretação ou confirmação da consistência

dos textos normativos quando aplicados ao caso concreto. Dessa forma, cabe

aos Tribunais interpretar, construir e distinguir os casos para formulação da

decisão. Há um papel singular na produção normativa exercido pela

interpretação da norma.

(TJ ES) Acerca da função jurisdicional, da ação e suas características, julgue o item seguinte.

A função jurisdicional é, em regra, de índole substitutiva, ou seja, substitui-se a vontade privada por uma

atividade pública.

Gabarito: Certo

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d) Técnica de tutela: a jurisdição é considerada uma importante técnica de

tutela de direitos. A proteção jurídica deve contemplar todas as situações

jurídicas.

e) Situação jurídica concreta: a jurisdição atua em situações concretas.

Exemplo: ameaça de lesão a direitos (em que se requer uma tutela inibitória).

f) Impossibilidade de controle externo da função jurisdicional: uma

das características da função jurisdicional é a capacidade de produzir a última

decisão sobre o caso concreto deduzido em juízo: ao caso aplica-se o Direito

sem que aja possibilidade de apreciação, controle de outro poder. A jurisdição

é controlada, somente, pela própria jurisdição.

g) Aptidão para tornar-se indiscutível: sabemos que a coisa julgada é

uma situação jurídica referente às decisões jurisdicionais, exclusivamente. Só

uma decisão judicial pode vir a ser indiscutível e imutável pela coisa julgada

material. No entanto, não podemos deduzir que somente haverá jurisdição se

houver possibilidade de coisa julgada, pois esta é uma opção política do

Estado. Há casos em que o legislador retira das decisões a aptidão de

submeter-se à coisa julgada, mas isso não aniquila a jurisdicionalidade das

decisões. Ora, a coisa julgada é um elemento a posteriori da decisão e,

portanto, não pode ser elemento ou característica de existir da decisão. É fato

que somente a jurisdição tem a característica da definitividade – diz respeito ao

caráter de imutabilidade da sentença, que faz coisa julgada material

(característica do conceito moderno de jurisdição), mas nem toda decisão

judicial em exercício de jurisdição será passível de tornar-se imutável.

No intuito de preencher todas as possíveis formas de ser cobrado o

conceito de jurisdição, vamos compreendê-lo de uma outra perspectiva. A

doutrina diz que a jurisdição é o poder que o estado avocou para si de dizer o

direito, de fazer justiça, em substituição aos particulares. Podemos, na

realidade, dizer que a jurisdição é poder, função e atividade.

É poder devido à capacidade de imposição das decisões às partes

pelo Estado – o poder decorre da potestade (força para impor sua decisão) do

Estado exercida de maneira definitiva sobre as partes litigantes. Função por

cumprir a finalidade de fazer valer a ordem jurídica em face de um conflito. Por

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último, é atividade por consistir em uma série de manifestações (atos)

externas e ordenadas que resultam na declaração do direito e na concretização

do que foi pleiteado.

Atente-se para o fato de que o poder da jurisdição se subdivide em três

espécies: o poder de decisão, o de coerção e o de documentação. No

poder de decisão, o Estado-juiz deve conhecer a controvérsia judicial, colher

provas e decidi-la. É o poder do Estado- juiz de analisar, verificar e decidir o

litígio – poder de decisão. O segundo [de coerção], diz respeito ao poder do

Estado-juiz em impor à parte vencida o cumprimento da decisão por ele

proferida. O poder de documentação, por sua vez, ocorre quando o Estado-juiz

documenta os atos processuais.

COMENTÁRIOS:

(DPE BA) No Direito Processual Civil Brasileiro, a jurisdição compreende três poderes, que são o de

a) decisão, o de coerção e o de documentação.

b) coerção, o de documentação e o de exposição.

c) documentação, o de exposição e o de disposição.

d) exposição, o de disposição e o de decisão.

e) disposição, o de decisão e o de coerção.

Gabarito: A

LIVRO II: DA FUNÇÃO JURISDICIONAL

TÍTULO I: DA JURISDIÇÃO E DA AÇÃO

Art. 16. A jurisdição civil é exercida pelos juízes e pelos tribunais em todo o território nacional, conforme as disposições deste Código.

Art. 17. Para postular em juízo é necessário ter interesse e legitimidade.

Art. 18. Ninguém poderá pleitear direito alheio em nome próprio, salvo quando autorizado pelo ordenamento jurídico.

Parágrafo único. Havendo substituição processual, o substituído poderá intervir como assistente litisconsorcial.

Art. 19. O interesse do autor pode limitar-se à declaração:

I - da existência, da inexistência ou do modo de ser de uma relação jurídica;

II - da autenticidade ou da falsidade de documento.

Art. 20. É admissível a ação meramente declaratória, ainda que tenha ocorrido a violação do direito.

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EQUIVALENTES JURISDICIONAIS

O Estado detém exclusividade de Jurisdição, mas não detém

exclusividade na solução de conflitos. Existem formas alternativas: autotutela,

autocomposição, arbitragem. Depois da centralização do poder no Estado, e da

atribuição ao Estado-juiz da função jurisdicional, não quer dizer que somente o

Estado possa resolver os conflitos, nem que tenham se extinguido todas as

formas de resolução de controvérsia pela força ou pela astúcia. Vejamos nas

próximas linhas:

A autotutela (autodefesa) é a forma mais antiga de se resolver

conflitos. Ocorre o sacrifício integral do interesse de uma das partes, pelo uso

da força da outra parte. Assim, a autotutela ocorre quando a própria parte

busca afirmar seu interesse impondo-o à parte contrária. Podemos considerar

que a autotutela, de certo modo, permite o exercício de coerção por um

particular em defesa de seus interesses. Modernamente, tem-se buscado

restringir as formas de exercício da autotutela, transferindo para o Estado as

diversas formas de coerção. O Direito prevê casos excepcionais em que pode

ser empregada: legítima defesa (art. 188, I, do CC), desforço imediato no

esbulho (art. 1.210, parágrafo 1o do CC). A autotutela pode ser totalmente

revista pelo poder judiciário.

A autocomposição consiste no acordo entre as partes envolvidas no

conflito para se chegar a uma solução, ou seja, o conflito é solucionado pelas

partes sem que um agente externo defina o resultado de pacificação da lide. A

autocomposição ocorre quando há o despojamento unilateral em favor de

outrem (da vontade por este almejada); quando há aceitação ou resignação de

um dos sujeitos aos interesses do outro ou quando há concessão recíproca

efetuada pelas partes. Em tese, não há de se falar em coerção dos indivíduos.

As modalidades de autocomposição são três: renúncia, aceitação

(resignação/submissão) e a transação. A renúncia ocorre quando o titular do

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direito, unilateralmente, dele de despoja em favor de outrem. A aceitação, por

sua vez, ocorre quando um dos sujeitos reconhece o direito do outro, passando

a guiar-se pela plena consonância com este reconhecimento. Já a transação

ocorre quando os sujeitos que se consideram titulares do direito pleiteado

solucionam a lide por meio de concessões recíprocas.

A arbitragem (modalidade de heterocomposição) é uma técnica de

solução de conflitos em que as partes buscam em uma terceira pessoa a

solução do litígio, por isso, classificada como modalidade de

heterocomposição. Dessa forma, a arbitragem ocorre quando a fixação da

solução da lide entre as partes é entregue a um terceiro, denominado árbitro,

em geral escolhido pelas partes.

No direito brasileiro, a arbitragem somente pode se dirigir a

acertamento de direitos patrimoniais disponíveis. É o que aduz o art. 1º da Lei

9.307/96 que regula a arbitragem: “as pessoas capazes de contratar poderão

valer-se da arbitragem para dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais

disponíveis.”

A arbitragem possui caráter voluntário podendo ser de direito ou de

equidade, a critério das partes, que poderão escolher, livremente, as regras de

direito que serão aplicadas (1), desde que não haja violação aos bons

costumes e à ordem pública. Igualmente, poderão as partes convencionar que

a arbitragem se realize com base nos princípios gerais de direito (2), nos

usos e costumes e nas regras internacionais de comércio.

As partes interessadas podem, por exemplo, submeter a solução de

seus litígios ao juízo arbitral mediante convenção de arbitragem, assim

entendida a cláusula compromissória e o compromisso arbitral.

A cláusula compromissória (prévia e abstrata) é a convenção por

meio da qual as partes em um contrato comprometem-se a submeter à

arbitragem os litígios que possam vir a surgir, relativamente a tal contrato. Deve

ser estipulada por escrito, podendo estar inserta no próprio contrato ou em

documento apartado (separado) que a ele se refira.

Nos contratos de adesão, a cláusula compromissória só terá eficácia se

o aderente tomar a iniciativa de instituir a arbitragem ou concordar,

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expressamente, com a sua instituição, desde que por escrito em documento

anexo ou em negrito, com a assinatura ou visto especialmente para essa

cláusula.

A cláusula compromissória é autônoma em relação ao contrato em que

estiver inserta, de tal sorte que a nulidade deste não implica, necessariamente,

a nulidade da cláusula compromissória. Caberá ao árbitro decidir de ofício, ou

por provocação das partes, as questões acerca da existência, validade e

eficácia da convenção de arbitragem e do contrato que contenha a cláusula

compromissória.

Já o compromisso arbitral (posterior e concreta) é o

estabelecimento posterior ao conflito que esse será solucionado por meio da

arbitragem.

Art. 6º da Lei 9.307/96: Não havendo acordo prévio sobre a forma de

instituir a arbitragem, a parte interessada manifestará à outra parte sua

intenção de dar início à arbitragem, por via postal ou por outro meio qualquer

de comunicação, mediante comprovação de recebimento, convocando-a para,

em dia, hora e local certos, firmar o compromisso arbitral.

O compromisso arbitral pode ser judicial ou extrajudicial. O

compromisso arbitral judicial celebra-se por termo nos autos, perante o juízo ou

tribunal, onde tem curso a demanda. O compromisso arbitral extrajudicial é

celebrado por escrito particular, assinado por duas testemunhas, ou por

instrumento público.

A mediação é uma conduta pela qual um terceiro coloca-se entre as

partes e tenta conduzi-los à solução autocomposta. Didier aduz “tratar-se de

uma técnica para catalisar a autocomposição” (Curso de Direito Processual

Civil, vol. I. Didier Jr., Fredie). Na mediação, diferentemente do que ocorre na

conciliação, o foco não recai no conflito propriamente, mas se desloca para as

causas desse conflito.

A mediação surge como um instrumento de pacificação social, uma vez

que há a perspectiva de solução da lide sem qualquer decisão impositiva e

busca-se a preservação do interesse das partes litigantes.

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O mediador tem a função de conduzir, e não propor soluções ao

conflito das partes como o conciliador faz. Os litigantes devem discutir as

causas do conflito e chegar a uma solução. Assim, a função do mediador é de

induzir as partes a chegar, por elas mesmas, à solução da lide. “O sentimento

de capacidade que certamente será sentido pelas partes também é aspecto

que torna a mediação uma forma alternativa de solução de conflitos bastante

atraente.” (Neves, Daniel Amorim Assumpção, pg. 7, Manual de Direito

Processual Civil)

CONCILIAÇÃO E MEDIAÇÃO (Tabela com artigos do CPC)

AUTOCOMPOSIÇÃO

A solução negocial, além de ser um meio efetivo de resolução de

conflitos, é um elemento de desenvolvimento da cidadania. As partes passam a

ser protagonistas na solução do litígio. A autocomposição, assim, pode ser

compreendida como um reforço do poder das partes em regular suas relações

conflitantes. Vê-se, nestes meios de solução alternativos de conflito, um forte

caráter democrático.

A Resolução nº 125/2010 do Conselho Nacional de Justiça normatizou

a mediação e a conciliação até a edição do Novo CPC, que dedica um capítulo

inteiro a estes meios de solução de controvérsias.

Dessa forma, pode-se dizer que o sistema brasileiro vem se

estruturando no sentido de estimular a autocomposição. Vejamos o que diz o

artigo 3º do CPC/2015.

CPC/2015:

Art. 3o Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito.

§ 1o É permitida a arbitragem, na forma da lei.

§ 2o O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos.

§ 3o A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial.

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MEDIAÇÃO E CONCILIAÇÃO

Mediação e conciliação são, igualmente, formas de solução de conflitos

em que um terceiro intervém no processo conflituoso com o intuito de auxiliar

as partes envolvidas a chegar à autocomposição. Aqui não cabe ao terceiro

resolver o litígio, como ocorre na arbitragem. Cabe a ele exercer um papel

estimulante na solução negocial do litígio. Por isso, não estamos diante de uma

espécie de heterocomposição, mas, sim, diante de exemplos de

autocomposição, com a integração de um terceiro.

As duas formas são os principais exemplos de resolução alternativa de

controvérsias. A diferença entre elas é sutil, mas a doutrina as considera

técnicas distintas de autocomposição.

O conciliador participa da negociação de modo mais ativo. Pode ele,

inclusive, sugerir às partes soluções para o litígio. É indicada, com mais

frequência, na solução de conflitos em que as partes não tenham tido vínculo

anterior.

O mediador, por seu turno, já tem um papel mais amplo. Exerce uma

atividade de comunicador das partes, é um facilitador do diálogo. Auxilia os

envolvidos a compreender as questões do conflito, para que possam chegar a

soluções consensuais. É mais indicada quando já existe uma relação anterior

entre as partes, como nas relações familiares e societárias. A mediação atinge

êxito quando as partes chegam a um resultando que gere benefícios mútuos.

Neste sentido é importante ler o artigo 165 do CPC/2015.

Art. 165. Os tribunais criarão centros judiciários de solução consensual de conflitos, responsáveis pela realização de sessões e audiências de conciliação e mediação e pelo desenvolvimento de programas destinados a auxiliar, orientar e estimular a autocomposição.

§ 1º A composição e a organização dos centros serão definidas pelo respectivo tribunal, observadas as normas do Conselho Nacional de Justiça.

§ 2º O conciliador, que atuará preferencialmente nos casos em que não houver vínculo anterior entre as partes, poderá sugerir soluções para o litígio, sendo vedada a utilização de qualquer tipo de constrangimento ou intimidação para que as partes conciliem.

§ 3º O mediador, que atuará preferencialmente nos casos em que houver vínculo anterior entre as partes, auxiliará aos interessados a compreender as questões e os interesses em conflito, de modo que eles possam, pelo restabelecimento da comunicação, identificar, por si próprios, soluções consensuais que gerem benefícios mútuos.

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As duas modalidades podem ocorrer judicial ou

extrajudicialmente. Judicialmente, o mediador e o conciliador serão auxiliares

da justiça, o que implica dizer que a eles serão aplicadas as regras relativas a

este tipo de sujeito processual, inclusive no que tange às questões de

impedimento e suspeição.

A mediação e a conciliação podem ocorre em câmaras públicas, em

câmaras privadas ou em ambientes mais informais, como nos escritórios de

advocacia.

CPC/2015:

Art. 167. Os conciliadores, os mediadores e as câmaras privadas de conciliação e mediação serão

inscritos em cadastro nacional e em cadastro de tribunal de justiça ou de tribunal regional federal, que

manterá registro de profissionais habilitados, com indicação de sua área profissional.

Art. 174. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios criarão câmaras de mediação e conciliação, com atribuições relacionadas à solução consensual de conflitos no âmbito administrativo, tais como:

I - dirimir conflitos envolvendo órgãos e entidades da administração pública;

II - avaliar a admissibilidade dos pedidos de resolução de conflitos, por meio de conciliação, no âmbito da administração pública;

III - promover, quando couber, a celebração de termo de ajustamento de conduta.

Art. 175. As disposições desta Seção não excluem outras formas de conciliação e mediação extrajudiciais vinculadas a órgãos institucionais ou realizadas por intermédio de profissionais independentes, que poderão ser regulamentadas por lei específica.

Parágrafo único. Os dispositivos desta Seção aplicam-se, no que couber, às câmaras privadas de conciliação e mediação.

Vejamos agora quem pode exercer o papel de mediador ou conciliador.

Podem exercer essa função tanto funcionários públicos como profissionais

liberais.

CPC/2015:

Art. 167. Os conciliadores, os mediadores e as câmaras privadas de conciliação e mediação serão inscritos em cadastro nacional e em cadastro de tribunal de justiça ou de tribunal regional federal, que manterá registro de profissionais habilitados, com indicação de sua área profissional.

§ 1o Preenchendo o requisito da capacitação mínima, por meio de curso realizado por entidade

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credenciada, conforme parâmetro curricular definido pelo Conselho Nacional de Justiça em conjunto com o Ministério da Justiça, o conciliador ou o mediador, com o respectivo certificado, poderá requerer sua inscrição no cadastro nacional e no cadastro de tribunal de justiça ou de tribunal regional federal.

§ 2o Efetivado o registro, que poderá ser precedido de concurso público, o tribunal remeterá ao diretor do foro da comarca, seção ou subseção judiciária onde atuará o conciliador ou o mediador os dados necessários para que seu nome passe a constar da respectiva lista, a ser observada na distribuição alternada e aleatória, respeitado o princípio da igualdade dentro da mesma área de atuação profissional.

§ 3o Do credenciamento das câmaras e do cadastro de conciliadores e mediadores constarão todos os dados relevantes para a sua atuação, tais como o número de processos de que participou, o sucesso ou insucesso da atividade, a matéria sobre a qual versou a controvérsia, bem como outros dados que o tribunal julgar relevantes.

§ 4o Os dados colhidos na forma do § 3o serão classificados sistematicamente pelo tribunal, que os publicará, ao menos anualmente, para conhecimento da população e para fins estatísticos e de avaliação da conciliação, da mediação, das câmaras privadas de conciliação e de mediação, dos conciliadores e dos mediadores.

§ 5o Os conciliadores e mediadores judiciais cadastrados na forma do caput, se advogados, estarão impedidos de exercer a advocacia nos juízos em que desempenhem suas funções.

§ 6o O tribunal poderá optar pela criação de quadro próprio de conciliadores e mediadores, a ser preenchido por concurso público de provas e títulos, observadas as disposições deste Capítulo.

Quanto à remuneração ou não dessas atividades, o CPC/2015 prevê

tanto a remuneração como atuação voluntária. É importante destacar que a

remuneração dessas atividades ajuda no aprimoramento e capacitação destes

auxiliares de justiça.

CPC/2015:

Art. 169. Ressalvada a hipótese do art. 167, § 6º, o conciliador e o mediador receberão pelo seu trabalho remuneração prevista em tabela fixada pelo tribunal, conforme parâmetros estabelecidos pelo Conselho Nacional de Justiça.

§ 1º A mediação e a conciliação podem ser realizadas como trabalho voluntário, observada a legislação pertinente e a regulamentação do tribunal.

§ 2º Os tribunais determinarão o percentual de audiências não remuneradas que deverão ser suportadas pelas câmaras privadas de conciliação e mediação, com o fim de atender aos processos em que deferida gratuidade da justiça, como contrapartida de seu credenciamento.

Dúvida: Quem escolhe esses auxiliares? Consensualmente, as partes

podem escolher o mediador e o conciliador e a câmara privada para a

realização da autocomposição. Se a escolha recair sobre um profissional não

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cadastrado no tribunal, deverá ser realizado o devido cadastro deste para que

se habilite a participar.

CPC/2015:

Art. 168 do NCPC. As partes podem escolher, de comum acordo, o conciliador, o mediador ou a câmara privada de conciliação e de mediação.

§ 1º O conciliador ou mediador escolhido pelas partes poderá ou não estar cadastrado no tribunal.

§ 2º Inexistindo acordo quanto à escolha do mediador ou conciliador, haverá distribuição entre aqueles cadastrados no registro do tribunal, observada a respectiva formação.

§ 3° Sempre que recomendável, haverá a designação de mais de um mediador ou conciliador.

CLASSIFICAÇÃO

A jurisdição é una e indivisível, mas é comum dividi-la para efeitos

didáticos e para definição do sistema de competências, quanto ao objeto, à

hierarquia, ao órgão. Também é possível classificá-la em contenciosa e

voluntária.

Quanto ao objeto, a jurisdição pode ser civil ou penal. São de

natureza civil todas as que não tenham caráter penal. Há doutrinadores que

discordam da limitação a essas duas espécies e incluem as outras esferas

jurisdicionais na classificação: trabalhista, militar, eleitoral.

Quanto à hierarquia, classifica-se em inferior ou superior. Inferior é a

que tem a chamada competência originária, ou seja, que recebe o processo

primeiro; a superior tem atuação recursal.

Relativamente ao órgão que a exerce, poderá ser especial e comum.

Especial é definida pela Constituição Federal com base na matéria a ser

tratada: Justiça Eleitoral, Justiça do Trabalho e Justiça Militar; sendo a comum

todo o restante (daí, falar-se em competência residual). A Justiça Comum é

composta pela Justiça Federal e pela Justiça Estadual.

JURISDIÇÃO: pode ser nacional ou internacional. Vejamos:

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Jurisdição Nacional: UNA

Jurisdição Internacional

Jurisdição UNA: Adotada no Brasil: Poder Judiciário exerce a jurisdição com exclusividade (causas comuns

e administrativas). As causas que envolvem o Estado são julgadas pelo Poder Judiciário.

Jurisdição DUAL: Adotada, por exemplo, na França. Tribunais Judiciários (causas comuns) e Tribunais

Administrativos (causas administrativas). As causas que envolvem o Estado são julgadas pelo Poder

Administrativo.

Jurisdição Comum: Jurisdição Federal e Estadual. Dividem-se em jurisdição civil e penal.

Jurisdição Especial: Jurisdição trabalhista, eleitoral e militar.

LIVRO II: DA FUNÇÃO JURISDICIONAL

TÍTULO II: DOS LIMITES DA JURISDIÇÃO NACIONAL E DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL

CAPÍTULO I: DOS LIMITES DA JURISDIÇÃO NACIONAL

Art. 21. Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações em que:

I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil;

II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação;

III - o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil.

Parágrafo único. Para o fim do disposto no inciso I, considera-se domiciliada no Brasil a pessoa jurídica estrangeira que nele tiver agência, filial ou sucursal.

Art. 22. Compete, ainda, à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações:

I - de alimentos, quando:

a) o credor tiver domicílio ou residência no Brasil;

b) o réu mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de bens, recebimento de renda ou obtenção de benefícios econômicos;

II - decorrentes de relações de consumo, quando o consumidor tiver domicílio ou residência no Brasil;

III - em que as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem à jurisdição nacional.

Parágrafo único. A pendência de causa perante a jurisdição brasileira não impede a homologação de sentença judicial estrangeira quando exigida para produzir efeitos no Brasil.

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A jurisdição também, como já se mencionou, poderá ter natureza

contenciosa ou voluntária. Contenciosa é a rotineira, a conflitual, por meio da

qual a parte vai a juízo para requerer tutela de seu Direito; enquanto a

voluntária se caracteriza por apresentar, em tese, conflito de interesses

(exemplo: homologação de acordo previamente firmado entre as partes). Nesta

espécie (voluntária), o interessado ou interessados buscam a prestação

jurisdicional do Estado quando não podem alcançar seus objetivos sozinhos,

ainda que não haja conflito. Muitos autores questionam a natureza de

Jurisdição da espécie voluntária, classificando-a como simples administração

de interesses particulares.

Art. 23. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra:

I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil;

II - em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de testamento particular e ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional;

III - em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, proceder à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional.

§ 2o Aplica-se à hipótese do caput o art. 63, §§ 1o a 4o.

Art. 24. A ação proposta perante tribunal estrangeiro não induz litispendência e não obsta a que a autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são conexas, ressalvadas as disposições em contrário de tratados internacionais e acordos bilaterais em vigor no Brasil.

Art. 25. Não compete à autoridade judiciária brasileira o processamento e o julgamento da ação quando houver cláusula de eleição de foro exclusivo estrangeiro em contrato internacional, arguida pelo réu na contestação.

§ 1o Não se aplica o disposto no caput às hipóteses de competência internacional exclusiva previstas neste Capítulo.

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COMENTÁRIOS:

COMENTÁRIOS:

(TJ – CE/ Adaptada) Sobre jurisdição e ação é correto dizer que:

Pelo princípio da aderência os juízes e tribunais exercem a atividade jurisdicional apenas no território

nacional. Essa atividade é repartida de acordo com as regras de competência.

COMENTÁRIOS:

A questão está correta. Percebam que o princípio da aderência ligado ao princípio

internacional da não ingerência em assuntos de outros povos impõe os limites territoriais do

País para exercício da jurisdição pelo Estado-juiz nacional.

Gabarito: Certo

(TST) A jurisdição é a atividade desenvolvida pelo Estado por meio da qual são resolvidos conflitos de interesses visando-se à pacificação social. Acerca desse tema, é correto dizer que a jurisdição pode ser classificada em comum ou especial.

a) Certo

b) Errado

Gabarito: Certo

(TST) Por seu inegável alcance social, a justiça trabalhista é exemplo claro de jurisdição comum.

a) Certo

b) Errado

Gabarito: Errado

(TST) Considerando-se a sistemática federativa vigente no Brasil, a justiça comum é dividida em federal e estadual.

a) Certo

b) Errado

Gabarito: Certo

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JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA VERSUS JURISDIÇÃO CONTENCIOSA

Art. 16. A jurisdição civil é exercida pelos juízes e pelos tribunais em

todo o território nacional, conforme as disposições deste Código. (Novo CPC)

A jurisdição pode ser: contenciosa ou voluntária. Vejamos cada uma

delas.

Em regra, a jurisdição contenciosa decorre de processo judicial. Ela

é marcada pelo litígio entre as partes, que, por sua vez, termina com a

sentença de mérito. Sua decisão pode ser, e comumente o é, traumática

porque beneficia uma das partes somente, causando prejuízo à outra.

A jurisdição voluntária, também conhecida como administrativa ou

integrativa, é uma atividade estatal de integração e fiscalização. Em verdade,

não é voluntária: há obrigatoriedade, em regra, de participação do Poder

Judiciário para integrar as vontades e, dessa maneira, tornar apta a produção

de seus efeitos.

As garantias fundamentais do processo são aplicadas à jurisdição

voluntária e também aos magistrados, que estão atrelados a dois elementos:

a) Inquisitoriedade: o magistrado poderá decidir de modo contrário

à vontade das partes. A inqusitoriedade ocorre na Jurisdição contenciosa,

apenas, excepcionalmente, porque nela (contenciosa) a regra é o princípio do

dispositivo.

b) Possibilidade de decisão fundada em equidade (art. 723 do

CPC): não se observa na decisão a legalidade estrita. A sentença é baseada

nos critérios de conveniência e oportunidade. O órgão jurisdicional tem ampla

discricionariedade na condução e na decisão do processo em jurisdição

voluntária.

CLASSIFICAÇÃO DOS PROCEDIMENTOS DE JURISDIÇÃO

VOLUNTÁRIA

Não é muito comum a cobrança dessa classificação em prova,

mas façamos uma rápida e resumida análise das seguinte espécies:

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1 – Receptícios: a atividade judicial limita-se a registrar, documentar

ou comunicar manifestações de vontade. Exemplo: notificações, protestos.

2 – Probatórios: a atividade jurisdicional limita-se à produção da

prova. Exemplo: justificação.

3 – Declaratórios: o magistrado limita-se a declarar a existência ou

inexistência de uma situação jurídica. Exemplo: da posse em nome do

nascituro.

4 – Constitutivos: a criação, modificação ou extinção de uma situação

jurídica dependem da concorrência da vontade do magistrado, por meio de

autorizações, homologações, aprovações. Exemplo: interdição.

5 – Executórios: o magistrado deve exercer uma atividade prática que

modifica o mundo exterior. Exemplo: alienações de coisas.

6 – Tutelares: a proteção de interesses de determinadas pessoas que

se encontram em situação de desamparo é confiada ao Poder Judiciário –

poderá instaurar os procedimentos ex officio. Exemplo: Nomeação de

curadores.

Quanto à natureza da jurisdição voluntária, há divergência se ela é de

administração pública de interesses privados ou se de atividade jurisdicional.

a) Como administração pública – linha que tem crescido na doutrina

brasileira – parte-se do pressuposto de que a jurisdição voluntária não é jurisdição,

mas sim administração pública de interesses privados.

Isso porque não existe lide a ser resolvida nem a possibilidade de

substitutividade – o magistrado insere-se entre as partes do negócio jurídico e não as

substitui. Além disso, por não ocorrer a jurisdição, não se falaria em coisa julgada,

mas em preclusão.

b) Como atividade jurisdicional: a jurisdição voluntária tem natureza de

atividade jurisdicional. Pode ocorrer relação conflituosa nessa modalidade de

jurisdição.

Os casos de jurisdição voluntária são conflituosos em potencial e, por isso,

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JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA COMO ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DE

INTERESSES PRIVADOS

Na doutrina brasileira, discute-se se a questão de que a jurisdição

voluntária não seria jurisdição, mas administração pública de interesses

privados realizada pelo Poder Judiciário. Essa construção doutrinária parte

da premissa, como exposto no quadro acima, de que a jurisdição voluntária,

por não possuir lide a ser solucionada, não pode ser considerada jurisdição.

Também não poderíamos falar em substitutividade uma das

características da jurisdição, porque o juiz não substitui a vontade dos sujeitos

processuais, e, sim, insere-se entre os participantes do negócio jurídico. Desse

modo, porque não há conflito, não existiriam sujeitos processuais, só meros

interessados.

Não havendo jurisdição, não haveria que se falar em ação nem em

processo, mas em requerimento e procedimento. Igualmente, não existindo

jurisdição, não há coisa julgada, mas preclusão.

Nessa modalidade de Jurisdição, a Voluntária, o juiz não é obrigado a

observar critério de legalidade estrita, podendo adotar em cada caso a solução

que considerar mais conveniente ou oportuna.

Da sentença, é bom mencionar, caberá, assim como no caso da

Contenciosa, o recurso da apelação.

Processar-se-á na forma de Jurisdição Voluntária, o pedido de:

I - emancipação;

II - sub-rogação;

submetem-se ao poder judiciário.

Vamos, logo abaixo, analisar um pouco mais sobre esse assunto: jurisdição

voluntária como administração pública de interesses privados e jurisdição voluntária

como atividade jurisdicional.

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III - alienação, arrendamento ou oneração de bens de crianças ou

adolescentes, de órfãos e de interditos;

IV - alienação, locação e administração da coisa comum;

V - alienação de quinhão em coisa comum;

VI - extinção de usufruto, quando não decorrer da morte do

usufrutuário, do termo da sua duração ou da consolidação, e de fideicomisso,

quando decorrer de renúncia ou quando ocorrer antes do evento que

caracterizar a condição resolutória;

VII - expedição de alvará judicial;

VIII - homologação de autocomposição extrajudicial, de qualquer

natureza ou valor.

DIFERENÇAS DOUTRINÁRIAS ACERCA DA JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA

JU

RIS

DIÇ

ÃO

VO

LU

NT

ÁR

IA

Doutrina majoritária (clássica) Doutrina minoritária (moderna)

Não há jurisdição Há jurisdição

Não existem partes no processo, meros

interessados

Há partes

Não há ação nem processo, mas

requerimento e procedimento

Há processo

Não faz coisa julgada, mas preclusão Há coisa julgada

É uma atividade administrativa É uma atividade jurisdicional

Não há substutividade; juiz é administrador Há substutividade: juiz é juiz. Decide sobre a lide no

exercício do poder que é investido de Jurisdição.

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(TJ - ES) A jurisdição civil pode ser contenciosa ou voluntária, esta também denominada graciosa ou administrativa. Ambas as jurisdições são exercidas por juízes, cuja atividade é regulada pelo Código de Processo Civil, muito embora a jurisdição voluntária se caracterize pela administração de interesses privados pelos órgãos jurisdicionais, ou seja, não existe lide ou litígio a ser dirimido judicialmente.

a) Certo

b) Errado

COMENTÁRIOS:

Correto. Percebam que a banca considerou correta a questão da

ausência de litígio na jurisdição, um elemento que destacamos em nossa aula,

mas que tem sido combatido pela doutrina moderna. Existe, sim, a

possibilidade de ide, embora não seja a regra.

Portanto, se na sua prova for mencionado que é possível a verificação

de conflito na Jurisdição Voluntária, sua resposta será “correto”, mas, se a

menção for de que há uma lide para ser resolvida em substituição da vontade

das partes pela atuação do Estado-juiz, a resposta será “errado”. Esta última

descrição serve à Jurisdição Contenciosa.

No enunciado da questão, a jurisdição voluntária é também nomeada

de administrativa, mais uma característica da doutrina clássica.

Gabarito: Certo

(TRT 11ª Região/ Adaptada) Sobre jurisdição, é correto afirmar:

Nos procedimentos não contenciosos, há função jurisdicional apenas sob um ponto de vista estritamente formal.

COMENTÁRIOS:

Correto. Entre as opções oferecidas pela banca (“a” a “e”), considerou-

se correta a letra “c”, que citamos (agora em análise). Desse modo, o

entendimento clássico e majoritário é o predominante de que a jurisdição

voluntária é jurisdição apenas em seu aspecto formal, e relativamente ao

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conteúdo pode ser entendida como administração de interesses particulares

pelo Poder Judiciário.

A Teoria Revisionista, por seu turno, considera a Jurisdição Voluntária

uma jurisdição propriamente dita, já que é possível a ocorrência da lide.

O STJ já se pronunciou no sentido de que o litígio pode ou não estar

presente na jurisdição administrativa, mas não é essencial para a

propositura da ação. No mesmo sentido em que se manifestaram autores

como Alexandre de Freitas Câmara e Fredie Didier.

É exemplo de jurisdição voluntária a separação consensual (arts. 731 a

734), já que o ato judicial irá conferir validade ao negócio jurídico que se

realizar, mas acidentalmente pode haver conflito na separação consensual; diz-

se acidentalmente porque não é parte essencial do negócio jurídico. Percebam

a diferença, na qualidade de voluntária, a jurisdição não tem como aspecto

essencial a lide, mas é um possível elemento acidental, ou seja, que pode vir a

ocorrer num dado momento; enquanto na qualidade de contenciosa, a lide

está virtual/real e essencialmente ligada à jurisdição.

Didier cita os casos de interdição e de retificação de registro como

procedimentos de jurisdição voluntária que normalmente dão ensejo a

controvérsias. De fato não são raros os casos em que surgem questões que

devem ser solucionadas pelo magistrado, por exemplo, as divergências entre o

pai e o menor que queira se emancipar (jurisdição voluntária com lide

acidental).

“É por isso que se impõe a citação dos possíveis interessados, que

podem, de fato, não opor qualquer resistência, mas não estão

impedidos de fazê-lo. São frequentes os casos em que, em pleno

domínio da jurisdição voluntária, surgem verdadeiras questões a

demandar juízo do magistrado.” (Didier)

Outra distinção que pode ser considerada entre Jurisdição

Voluntária e Contenciosa refere-se, ainda, à pretensão. Nesse aspecto, vale

destacar: pode haver processo sem lide, mas não há processo sem

pretensão. O Juiz exerce a função jurisdicional quando provocado – esta

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provocação é que chamamos de pretensão e, por meio dela, dá-se a

integração da jurisdição voluntária ou da jurisdição contenciosa.

Não se debrucem em demasia sobre estas contradições, pelo

menos, não para o concurso. Como bem disse Leonardo Greco, “todos esses

critérios são imperfeitos, porque a jurisdição voluntária abrange uma variedade

tão heterogênea de procedimentos, nos quais sempre vamos encontrar o

desmentido de um ou de outro desses critérios”.

Leiam este elucidativo acórdão do STJ, em que grifamos

os trechos mais importantes sobre a matéria:

[...] não parece adequado afirmar categoricamente que na jurisdição voluntária não há bem litigioso e tampouco lide.

A mais recente doutrina processualista tem ressaltado o equívoco em se qualificar a chamada jurisdição administrativa de atividade não jurisdicional em razão da suposta ausência de lide.

Afirma-se, modernamente, que a jurisdição voluntária não equivale a demanda sem lide. O litígio pode ou não verificar-se no seio da jurisdição administrativa: ele apenas não é essencial para a propositura da ação.

[...]

Para ilustrar a atenuação que se verifica na diferenciação entre a jurisdição voluntária e a jurisdição contenciosa, transcrevo trecho da obra de Leonardo Greco (GRECO, Leonardo. Jurisdição Voluntária Moderna. São Paulo: Editora Dialética, 2003, p. 23):

Apesar das divergências de opinião, há algumas características que geralmente são apontadas pela doutrina para diferenciar a jurisdição contenciosa e a jurisdição voluntária.

Na primeira haveria lide, na segunda não; na primeira haveria partes em posições subjetivas antagônicas, na segunda apenas um ou mais interessados concordantes em suas postulações; a primeira incidiria sobre situações fáticas preexistentes, enquanto a segunda teria caráter constitutivo; a primeira seria repressiva e a segunda preventiva; na primeira, a atividade judicial seria substitutiva da vontade das partes, na segunda os interessados dependeriam da concorrência da vontade estatal manifestada pelo juiz, sem a qual não poderiam isoladamente alcançar o efeito jurídico almejado; na primeira o juiz tutelaria direitos subjetivos, enquanto na segunda, meros interesses; na primeira, os procedimentos previstos em lei não seriam exaustivos, na segunda o juiz somente poderia atuar com expressa previsão legal; na primeira haveria formação da coisa julgada, na segunda não; na primeira o juiz estaria adstrito ao pedido do autor, enquanto na segunda o juiz poderia agir de ofício ou adotar providência diversa da que lhe fosse requerida.

Todos esses critérios são imperfeitos, porque a jurisdição voluntária abrange uma variedade tão heterogênea de procedimentos, nos quais sempre vamos encontrar o desmentido de um ou de outro desses critérios.

REsp 942.658-DF, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, j. 2.6.2011.

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ESCOPOS DA JURISDIÇÃO

O estudo da jurisdição pode ter em consideração os objetivos que

persegue. Distinguindo-se em: escopo jurídico, social, educacional e político.

O escopo jurídico decorre da efetiva aplicação da vontade da lei, dando

fim à lide. Já está vencido o entendimento de que esse seria o único objetivo

da jurisdição (aplicação da lei; fim do conflito).

No escopo social, pretende-se a pacificação social, de modo que se

resolva a lide de caráter social. Nesse escopo, a jurisdição não tem como

intenção fundamental a solução do conflito jurídico, mas a solução no plano

fático, que traga a maior satisfação possível às partes.

A transação consiste, assim, em excelente modo de alcançar esses

objetivos, porque ocorre a partir da cessão mútua de interesses e tende a

extinguir o conflito sem imposição severa a alguma das partes (solução do

conflito (fático); satisfação das partes).

O escopo educacional deriva da função de divulgar (ensinar) a todos os

jurisdicionados, incluindo-se – obviamente – as partes envolvidas no processo,

quais os seus direitos e deveres. É escopo bem amplo, que ganhou

importância nos julgados contemporâneos, que se revestem de verdadeiro

caráter didático. Os mais importantes julgamentos são acompanhados por

meios de comunicação, que os tornam acessíveis a grande número de

indivíduos (divulgação dos direitos e deveres de todos os jurisdicionados).

O escopo político, por sua vez, prisma pelo bom funcionamento

jurisdicional que eleva a credibilidade do Estado perante os indivíduos e, desse

modo, estimula a participação democrática por meio do processo (estimula a

participação democrática).

PRINCÍPIOS INERENTES À JURISDIÇÃO

INVESTIDURA

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O Poder Judiciário possui um caráter inanimado e, por isso, necessita

escolher pessoas para representar o Estado no exercício concreto da atividade

jurisdicional. Investido do poder jurisdicional, o juiz (sujeito escolhido para ser o

agente público representante do Estado), também chamado de Estado-Juiz, é

o responsável pela solução da lide.

No Brasil, existem duas maneiras de obter a investidura: o concurso

público (art. 93, I, CF) e indicação do Poder Executivo (quinto constitucional –

art. 94 da CF).

Somente a autoridade investida de poder jurisdicional pode

exercer a jurisdição.

Tanto a jurisdição civil, voluntária como a contenciosa é exercida

pelos Juízes, em todo o território nacional – a jurisdição é UNA.

(Furnas) Nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte ou o interessado a requerer, nos casos e forma legais. Assim sobre jurisdição é correto afirmar que a jurisdição

a) civil, contenciosa e voluntária, é exercida pelos juízes, em todo o território nacional.

b) civil é contenciosa e involuntária e é exercida pelos juízes, em todo o território nacional.

c) civil é voluntária, exercida pelos juízes de paz, em todo o território nacional e internacional.

d) militar, contenciosa e voluntária, é exercida pelos juízes estaduais, em todo o território nacional.

e) civil, contenciosa e voluntária, é exercida pelos juízes, em todo o território nacional e internacional.

COMENTÁRIOS:

Letra a é a correta. A jurisdição, seja contenciosa ou voluntária, é

exercida pelos juízes. Os juízes são investidos de jurisdição para atuar em todo

o território nacional conforme sua competência.

O erro da letra B está em mencionar jurisdição involuntária, modalidade

que não existe.

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Na letra C, o erro está em mencionar os juízes de paz como aqueles

investidos de jurisdição.

Erro da letra D: A jurisdição militar é da competência dos Juízes-

Auditores, integrante da Justiça Militar da União (vide Lei nº 8.457, de 4 de

setembro de 1992), não pelos juízes estaduais.

Erro da letra E: Os juízes nacionais não têm jurisdição internacional.

Gabarito: A

(Procurador Maricá-RJ) A jurisdição é entendida como o: a) poder do juiz em prolatar sentenças b) poder do juiz em efetivar pretensões c) poder do juiz em possibilitar a todos uma prestação jurisdicional d) poder-dever-atribuição do Estado em possibilitar a todos uma prestação jurisdicional e) poder do STF, na solução superior das demandas.

COMENTÁRIOS:

Único item com resposta adequada é a letra “D”. Já que a jurisdição

confere ao Estado-juiz mais do que um poder, mas um dever, uma atribuição

de prestar a tutela jurisdicional pleiteada.

Gabarito: D

TERRITORIALIDADE

A autoridade dos juízes será exercida nos limites territoriais do seu

Estado. Assim, a jurisdição é exercida em um dado território (art. 60 e 255).

Existem, no entanto, exceções ao princípio da territorialidade.

Situações em que o juízo poderá praticar atos fora de sua comarca ou seção

judiciária. Um exemplo é a citação pelo correio (art. 247, caput, CPC/2015).

Esse princípio é uma forma de limitação do exercício da

jurisdição.

INDELEGABILIDADE

Deve ser analisado por meio de dois prismas, o externo, tendo a

Constituição Federal atribuído a função jurisdicional ao Poder Judiciário, não

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pode delegar tal função a outros poderes ou órgãos. Exceção: “função estatal

atípica”; e o interno, em que a competência atribuída a um órgão jurisdicional

para analisar uma demanda não poderá ser delegada a outro.

O exercício da função jurisdicional não pode ser delegado. Não é

possível delegar o poder decisório a outro órgão, pois violaria a regra da

competência e o princípio do juiz natural. No entanto, existem hipóteses de

delegação a outros poderes judiciais, como o poder de execução das decisões.

INEVITABILIDADE

O princípio da inevitabilidade ocorre em dois momentos distintos.

Primeiro, quando os sujeitos do processo sofrem a vinculação obrigatória ao

processo judicial, ou seja, uma vez integrantes da relação jurídica processual,

os sujeitos não podem, independendo de concordância ou vontade, deixar de

cumprir o chamado jurisdicional.

Segundo, em consequência da integração obrigatória, os sujeitos ficam

em um estado de sujeição – suportam todos os efeitos da decisão judicial, mais

uma vez, independentemente de gostar ou concordar com ela.

Devem as partes submeter-se à decisão do órgão jurisdicional.

INAFASTABILIDADE

De acordo com o inciso XXXV do art. 5o da CF, a lei não pode excluir

da apreciação do Poder Judiciário nenhuma lesão ou ameaça de direito. O

acesso à ordem jurídica adequada não pode ser negado a quem tem justo

direito ameaçado ou prejudicado.

Esse princípio também pode ser analisado sob o aspecto da relação

entre a jurisdição e a solução administrativa de conflitos. Nessa visão, o sujeito

não é obrigado a utilizar os mecanismos administrativos antes de provocar o

poder judiciário em razão de ameaça de lesão ou lesão ao direito. No entanto,

há exceções, como:

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Nas questões desportivas: art. 217, § 1° da CF: O Poder

Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às competições desportivas

após esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, regulada em lei.

O juiz não pode invocar a lacuna da lei e deixar de julgar o

processo.

Não é necessário esgotar as vias administrativas para provocar o

Poder Judiciário. O interessado pode procurar tanto a via administrativa como a

judiciária.

JUIZ NATURAL

O princípio do juiz natural apresenta duas facetas: a primeira

relacionada ao órgão jurisdicional e a segunda com a pessoa do juiz – a

imparcialidade do magistrado.

O primeiro aspecto do princípio quer assegurar que os processos

sejam julgados pelo juízo competente, ou seja, que a competência

constitucional preestabelecida seja cumprida. Já o segundo aspecto surge para

garantir que o juiz responsável pelo julgamento da demanda seja imparcial.

Trata-se da essencial exigência de imparcialidade que permite que o

julgamento do processo seja justo. Em razão dessa segunda faceta, as leis

processuais estabelecem as causas de impedimento e suspeição do

magistrado.

Hipóteses de Impedimento do Juiz

Art. 144. Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer suas funções no processo:

I - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como membro do Ministério Público ou prestou depoimento como testemunha;

II - de que conheceu em outro grau de jurisdição, tendo proferido decisão;

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III - quando nele estiver postulando, como defensor público, advogado ou membro do Ministério Público, seu cônjuge ou companheiro, ou qualquer parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive;

IV - quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge ou companheiro, ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive;

V - quando for sócio ou membro de direção ou de administração de pessoa jurídica parte no processo;

VI - quando for herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de qualquer das partes;

VII - em que figure como parte instituição de ensino com a qual tenha relação de emprego ou decorrente de contrato de prestação de serviços;

VIII - em que figure como parte cliente do escritório de advocacia de seu cônjuge, companheiro ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, mesmo que patrocinado por advogado de outro escritório;

IX - quando promover ação contra a parte ou seu advogado.

§ 1o Na hipótese do inciso III, o impedimento só se verifica quando o defensor público, o advogado ou o membro do Ministério Público já integrava o processo antes do início da atividade judicante do juiz.

§ 2o É vedada a criação de fato superveniente a fim de caracterizar impedimento do juiz.

§ 3o O impedimento previsto no inciso III também se verifica no caso de mandato conferido a membro de escritório de advocacia que tenha em seus quadros advogado que individualmente ostente a condição nele prevista, mesmo que não intervenha diretamente no processo.

Hipóteses de Suspeição do Juiz

Art. 145. Há suspeição do juiz:

I - amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes ou de seus advogados;

II - que receber presentes de pessoas que tiverem interesse na causa antes ou depois de iniciado o processo, que aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa ou que subministrar meios para atender às despesas do litígio;

III - quando qualquer das partes for sua credora ou devedora, de seu cônjuge ou companheiro ou de parentes destes, em linha reta até o terceiro grau, inclusive;

IV - interessado no julgamento do processo em favor de qualquer das partes.

§ 1o Poderá o juiz declarar-se suspeito por motivo de foro íntimo, sem necessidade de declarar suas razões.

§ 2o Será ilegítima a alegação de suspeição quando:

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I - houver sido provocada por quem a alega;

II - a parte que a alega houver praticado ato que signifique manifesta aceitação do arguido.

É uma cláusula do devido processo legal. Uma garantia fundamental

implícita que se origina da conjugação dos seguintes dispositivos

constitucionais: o dispositivo que proíbe o tribunal ou juízo de exceção é o que

determina que ninguém poderá ser processado senão pela autoridade

competente. Ele se caracteriza pelo aspecto formal, objetivo, substantivo e

material.

A determinação de um juízo não pode ocorrer post facto ou ad

personam. Assim, os critérios para a sua determinação devem ser impessoais,

objetivos e pré-estabelecidos.

A garantia do juiz natural advém dos princípios da imparcialidade e da

independência atribuída aos magistrados. As garantias do juiz natural são

respeitadas por meio das regras de distribuição – critérios prévios, objetivos,

gerais e aleatórios para a identificação do juízo responsável pela causa. O

desrespeito ao princípio da distribuição implicará incompetência absoluta do

juízo.

Não viola o princípio do juiz natural a criação de varas especializadas,

as regras por prerrogativa de função, a instituição de Câmaras de Férias em

tribunais.

Dúvida: Por que não há violação ao princípio do juiz natural nos casos

citados? Porque nos três casos acima são situações em que as regras são

gerais, abstratas e impessoais.

- Art. 5º, CF: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer

natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País

a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à

propriedade, nos termos seguintes:

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(...) XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção.

Comentários:

Aos Tribunais de exceção (juízo extraordinário) contrapõe-se o juiz natural,

pré-constituído pela Constituição Federal e por Lei.

Em uma primeira acepção, o princípio do juiz natural apresenta duplo

significado:

1) Somente o juiz é o órgão investido de jurisdição;

2) Impede a criação de Tribunais de Exceção e ad hoc, para o

julgamento de causas penais e civis.

Modernamente, porém, este princípio passa a englobar a proibição de

subtrair o juiz competente. Assim, a garantia desdobra-se em três

conceitos:

1) Só são órgãos jurisdicionais os instituídos pela CF;

2) Ninguém pode ser julgado por tribunal constituído após a ocorrência

do fato;

3) Entre os juízes pré-constituídos vigora a ordem taxativa de

competências que exclui qualquer alternativa deferida à

discricionariedade de quem quer que seja.

Vejamos:

O tribunal (ou juízo) de exceção é aquele formado temporariamente para

julgar:

a) Um caso específico – Tribunal ad hoc;

b) Após o delito ter sido cometido designa o juízo – ex post facto;

c) Para um indivíduo específico – ad personam.

Exemplo de Tribunal de exceção: Tribunal de Nuremberg criado pelos aliados

para julgar os nazistas pelos crimes cometidos na 2° Guerra Mundial.

É constituído ao oposto dos princípios constitucionais do direito processual

civil – do contraditório e da ampla defesa, do juiz natural.

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E qual o problema dos tribunais de exceção? O primeiro é que eles

invariavelmente não são imparciais. O segundo é que a pessoa, ao ser

julgada por um tribunal de exceção, perde algumas das garantias do

processo, como a do duplo grau de jurisdição e do juiz natural.

Terceiro, o Tribunal de exceção não necessariamente é formado por juristas,

podendo ser composto por qualquer pessoa, ferindo, dessa forma a garantia

constitucional do juiz competente:

(...) LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela

autoridade competente (art. 5°).

COMENTÁRIOS:

CARACTERÍSTICAS DA JURISDIÇÃO

UNIDADE

Para a consagrada doutrina clássica, a jurisdição é uma função

exclusiva do Poder Judiciário, exercida pelo magistrado, que decide

(Procurador Itaboraí-RJ) A jurisdição, em todos os países, é informada por alguns princípios fundamentais universalmente reconhecidos, como:

a) aderência ao território, indelegabilidade, inafastabilidade, juiz natural

b) investidura, indelegabilidade, juiz natural

c) competência, investidura, aderência ao território, indelegabilidade, inafastabilidade, juiz natural, inércia

d) aderência ao território, indelegabilidade, inafastabilidade, juiz natural, inércia

e) investidura, aderência ao território, indelegabilidade, inafastabilidade, juiz natural, inércia.

COMENTÁRIOS:

Percebam que a banca considerou correto o item que expôs os princípios

corretamente e de modo mais completo: letra E. O erro da letra “c” está em considerar a

competência um princípio, quando na verdade é um limite à jurisdição.

Gabarito: E

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monocraticamente ou por órgãos colegiados. A jurisdição é o poder-dever de o

Estado dizer e realizar o direito, consistente num poder uno. Há uma jurisdição

por Estado.

Só há uma função jurisdicional, de outro modo, se houvesse várias

jurisdições, estaríamos diante de várias soberanias, portanto, de vários

Estados. Contudo, nada impede que esse poder, que é uno, seja exercido por

diversos órgãos, que recebem cada qual suas competências. O poder é uno,

mas pode ser limitado pelas competências.

Assim, a jurisdição, como já foi dito, é UNA. É importante ressaltar que

a distribuição funcional da jurisdição em órgão não faz com que ela perca sua

característica de unidade. Essa distribuição tem efeito organizacional.

SECUNDARIEDADE

A Jurisdição tem a característica da secundariedade por ser acionada

quando surge um litígio. Num primeiro momento, espera-se que o Direito seja

realizado independente do poder judiciário.

Exemplo: regra geral, o locatário paga o aluguel sem que o locador

recorra à justiça, assim como o pai paga a prestação alimentícia ao seu filho.

Percebam que nesses dois casos, o direito é realizado sem a atuação do

judiciário. Contudo, se o pai ou o locatário deixam de cumprir com os seus

deveres, a outra parte poderá provocar o judiciário para ter o seu direito

garantido. E é nesse contexto que se diz ter a jurisdição a característica de

secundariedade.

Uma observação a ser considerada é o fato de que, atualmente, se

observa no judiciário a perda dessa característica, já que há um aumento

considerado de demandas judiciais sem que nenhuma medida extrajudicial

tenha sido tomada anteriormente. Esse fenômeno ocorre com frequência, por

exemplo, no INSS, em que a parte busca o benefício previdenciário direto no

judiciário sem que qualquer pedido administrativo tenha sido feito

anteriormente.

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SUBSTITUTIVIDADE

Trabalhamos a substituvidade no início da aula. No entanto, vamos

falar mais sobre essa característica. Regra geral, as relações jurídicas se

formam, desenvolvem e extinguem sem dar origem a litígios. É o que acontece,

por exemplo, nos instrumentos extrajudiciais da transação (concessões

mútuas) e da conciliação (transação obtida em audiência).

O Estado é chamado a atuar somente quando frustradas as tentativas

de conciliação extrajudiciais. Assim, quando o Estado participa do litígio, ele é

um terceiro que substitui a vontade daqueles diretamente interessados na

relação de direito material, teremos, assim, a característica da substitutividade.

IMPARCIALIDADE

Aqueles que integram a jurisdição e o próprio Estado-Juiz devem ser

imparciais para que o exercício da jurisdição seja legítimo. Deve predominar,

no exercício da jurisdição, o interesse geral, a igualdade entre as partes tanto

de tratamento como de oportunidade em participar no convencimento do juiz.

Por isso se diz que a jurisdição é uma atividade imparcial do Estado.

Atente-se para o fato de que ao advogado, ainda que indispensável,

não se exige imparcialidade, como também não é exigida dos demais agentes.

Eles, por atuarem no interesse da parte, devem ser parciais.

CRIATIVIDADE

O Estado-Juiz, ao final do julgamento de uma lide, inova a ordem

jurídica ao criar uma norma individual que passará a atuar no caso concreto.

Essa norma será uma sentença ou um acórdão. Regra geral, nela o juiz

declara o direito, que aplica a norma aos fatos. No entanto, a prestação

jurisdicional vai além, e inova o mundo jurídico.

O Estado-Juiz não somente aplica a lei ao caso concreto, há um

processo de criação, pelo qual se exige do juiz uma postura ativa, fazendo com

que ele analise cada caso e suas especificidades de modo a encontrar uma

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solução consensual com os preceitos constitucionais e legais. Por isso que a

jurisdição tem um caráter criativo.

INÉRCIA

O Estado só pronunciará o direito se provocado, pois a jurisdição tem

como uma de suas características a inércia – daí vem o ditado “a justiça não

socorre aos que dormem”. No entanto, uma vez que o Estado-juiz seja

provocado, ele agirá por impulso oficial, de ofício.

Existem exceções à inércia – exemplo: o juiz pode determinar que se

inicie o inventário, se nenhum dos legitimados o requerer no prazo legal.

Art. 625. O inventariante removido entregará imediatamente ao

substituto os bens do espólio e, caso deixe de fazê-lo, será compelido

mediante mandado de busca e apreensão ou de imissão na posse, conforme

se tratar de bem móvel ou imóvel, sem prejuízo da multa a ser fixada pelo juiz

em montante não superior a três por cento do valor dos bens inventariados.

DEFINITIVIDADE

Essa característica permite a jurisdição ser tornar imutável. A essa

característica dá-se o nome de coisa julgada. A estabilidade concedida à

jurisdição varia de acordo com sua natureza. As decisões de mérito são as que

gozam do maior grau de estabilidade: a coisa julgada material – garantia

fundamental do cidadão. Apesar de elevado grau de estabilidade, o próprio

ordenamento jurídico prevê exceções. Exemplo disso, temos nos casos em que

a ação rescisória é cabível.

Já as decisões que não analisam o mérito (coisa julgada formal) têm

um grau de estabilidade reduzido, pois nas decisões em que não se decide o

mérito, não há o impedimento de que haja nova propositura da demanda,

podendo o juiz decidir de modo contrário ao proferido na primeira sentença.

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LIDE

Na concepção clássica de Carnelutti, a lide é o conflito de interesses

qualificado por uma pretensão resistida. Assim, a jurisdição tem a função de

compor, de maneira justa, a lide – a provocação do judiciário está condicionada

à necessidade da parte em obter o bem da vida. O bem da vida, por sua vez,

consiste em afastar a resistência criada pela outra parte, trata-se de fenômeno

de caráter fático-jurídico (ou ainda sociológico) anterior ao processo.

Conceito de jurisdição: a jurisdição consiste no poder conferido ao

estado, por meio dos seus representantes, de atuar no caso concreto quando

há situação que não pôde ser dirimida no plano extrajudicial, revelando a

necessidade da intervenção do estado para que a controvérsia estabelecida

seja solucionada.

Conceitos clássicos

Classificação civil ou penal; inferior ou superior; especial ou comum; contenciosa ou voluntária.

Princípios inerentes à jurisdição: investidura, territorialidade, indelegabilidade, inevitabilidade, inafastabilidade e do juiz natural.

Equivalentes jurisdicionais: o Estado não detém exclusividade na solução de conflitos. Existem as conhecidas formas alternativas:

A definitividade diz respeito ao caráter de imutabilidade da sentença, que faz coisa julgada material

(característica do conceito moderno de jurisdição).

A substitutividade consiste em dizer que o Estado, na figura do juiz, ao solucionar a lide, estaria substituindo a vontade das partes, proibidas que elas estariam de, em regra, fazer valer a justiça do mais forte (característica do conceito de jurisdição tradicional).

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AUTOTUTELA (AUTODEFESA)

Forma mais antiga de resolver conflitos. Ocorre o sacrifício integral do interesse de uma das partes, pelo uso da força da outra parte. O Código Civil prevê casos excepcionais em que pode ser empregada. Exemplos: legítima defesa (art. 188, I, do CC) e desforço imediato no esbulho (art. 1.210, parágrafo 1º do CC).

Essa forma de solução de controvérsia pode ser totalmente revista pelo poder judiciário. Essa característica é um elemento marcante da autotutela.

AUTOCOMPOSIÇÃO

Consiste no comum acordo entre as partes envolvidas no conflito para chegar a uma solução. Classifica-se em unilateral, quando há renúncia ou submissão de uma das partes.

E bilateral, o que é mais comum, ambas as partes abrem mão de uma parcela de sua pretensão em favor da outra – é a transação.

ARBITRAGEM

Viabiliza-se quando há concordância entre as partes de submeter o conflito, ou a questão, ao árbitro (terceiro imparcial, que, por acordo das partes litigantes, resolve uma questão). Os motivos que levam os contratantes a optarem pela arbitragem em detrimento da jurisdição são, principalmente, rapidez e economia.

Os árbitros não são condicionados a muitos formalismos, podem ser autorizados pelas partes a, até mesmo, decidirem por equidade ou utilizarem leis específicas.

Características: Unidade, secundariedade, substitutividade, imparcialidade, criatividade, inércia, definitividade, lide.

Jurisdição Contenciosa e Voluntária: Contenciosa é a rotineira, a tradicional; enquanto a voluntária é que assim se classifica por não ter conflito de interesses como questão principal a ser solucionada

Jurisdição contenciosa e voluntária resumidamente: De acordo com o art. 16 do CPC/2015: A jurisdição civil é exercida pelos juízes e pelos tribunais em todo o território nacional, conforme as disposições deste Código.

Jurisdição Voluntária: Não existe litígio entre as partes. Nesse caso, há homologação de pedidos que não impliquem litígio, ou seja, não se resolve conflitos, mas apenas tutela interesses.

Participação do Estado, requerentes com interesses comuns e jurisdição integrando e validando o negócio jurídico.

Relação Processual Não-Triangular da Jurisdição Voluntária:

INTERESSADOS

JUIZ

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Ju

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- O princípio do juiz natural apresenta duas facetas: a primeira relacionada ao órgão jurisdicional e a segunda com a pessoa do juiz – a imparcialidade do magistrado.

Juiz Natural em sentido Formal

1) Garantia da proibição da existência de Tribunais de exceção.

2) Respeito às regras de competência: (...) LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente (art. 5°, CF).

Juiz Natural em sentido Material

1) Imparcialidade do juiz.

2) Contra o juiz se podem alegar as

razões de suspeição e impedimento

(arts. 144 e 145 do CPC/2015).

Juiz Natural possui competência constitucional e foi investido de maneira regular na jurisdição.

Jurisdição Contenciosa: Pressupõe conflito entre as partes a ser solucionado pelo magistrado. É por meio da jurisdição contenciosa que se alcança uma solução para a lide.

Formação de litígio, sujeitos com interesses opostos e jurisdição compondo e solucionando o conflito.

Jurisdição Contenciosa:

- Características:

Unidade, imparcialidade, secundariedade, substitutividade, instrumentalidade.

- Princípios:

Improrrogabilidade, indeclinabilidade, juiz natural.

Relação Processual Triangular da Jurisdição Contenciosa:

JUIZ

AUTOR

RÉU

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QUESTÕES COMENTADAS

1. (TJ CE) Aponte, dentre os princípios processuais abaixo, aquele que não tem

previsão explícita na Constituição Federal:

a) Juiz natural.

b) Duplo grau de jurisdição.

c) Devido processo legal.

d) Acesso à justiça.

COMENTÁRIOS:

No art. 5° da CF/88 encontramos a resposta a essa questão:

XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção – princípio do juiz

natural. Também relaciona-se a esse princípio o inciso LIII do mesmo artigo:

ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente.

LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o

devido processo legal.

Quanto ao acesso à justiça:

XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou

ameaça a direito.

LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos

que comprovarem insuficiência de recursos

Entre os princípios elencados na questão, só não há expressa menção

ao princípio do duplo grau de jurisdição na Constituição da república/1988.

Gabarito: B

2. (TJ MA/Adaptada) Julgue o item abaixo:

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O princípio do Juiz Natural pode ser encontrado na Constituição federal no artigo onde

expressa que ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade

competente ou por juízo ou tribunal de exceção.

COMENTÁRIOS:

O problema da afirmativa está na parte final, porque contradiz o inciso

XXXVII (art. 5° da Carta Magna), que dispõe: não haverá juízo ou tribunal de

exceção. O tribunal de exceção está em posição antagônica ao juiz natural. A

afirmação de um é a negação dou outro.

Gabarito: Errado

3. (TJ MA/Adaptada) São manifestações do princípio processual do devido processo

legal as seguintes garantias: acesso à justiça, igualdade de tratamento, publicidade dos

atos processuais, contraditório, ampla defesa, julgamento por juiz natural e competente,

de acordo com provas obtidas licitamente por decisão fundamentada.

COMENTÁRIOS:

Todas essas garantias visam a assegurar o devido processo legal, que

é um supraprincípio, tendo como corolários vários outros previstos

constitucionalmente. A lista da questão é exemplificativa, de modo que, se

houvesse termos como “somente” ou “exclusivamente” tornariam a questão

errada.

Gabarito: Certo

4. (SERPRO/Adaptada) Relativamente aos princípios constitucionais do processo

civil, é correto afirmar-se que: O princípio do juiz natural consiste exclusivamente na

proibição de tribunais de exceção.

COMENTÁRIOS:

O princípio do juiz natural apresenta duas facetas: a primeira

relacionada ao órgão jurisdicional e a segunda com a pessoa do juiz – a

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imparcialidade do magistrado. O juiz natural possui competência constitucional

e foi investido de maneira regular na jurisdição.

Juiz Natural em sentido Formal:

1) Garantia da proibição da existência de Tribunais de exceção.

2) Respeito às regras de competência: (...) LIII - ninguém será processado

nem sentenciado senão pela autoridade competente (art. 5°, CF).

Juiz Natural em sentido Material:

Imparcialidade do juiz. Contra o juiz se podem alegar as razões de suspeição e

impedimento (arts. 144 e 145 do CPC/2015).

Pois bem, como exposto o princípio do juiz natural não consiste

exclusivamente na proibição de tribunais de exceção. Engloba nesse princípio

a imparcialidade, o respeito às regras de competência e a garantia da proibição

de Tribunais de exceção.

Gabarito: Errado

5. (MP-SP Promotor de Justiça) O Estado democrático de direito e o juiz natural:

a) Não exigem necessariamente a imparcialidade do juiz para proferir decisões nos

procedimentos de jurisdição voluntária.

b) Não exigem necessariamente a imparcialidade do juiz para proferir decisões nos

processos contenciosos.

c) Exigem a imparcialidade do juiz para proferir decisões somente nos processos

contenciosos (objetivos e subjetivos).

d) Exigem a imparcialidade do juiz para proferir decisões tanto nos processos

contenciosos como nos procedimentos de jurisdição voluntária.

e) Permitem a parcialidade do juiz destinada a realizar os objetivos fundamentais da

República Federativa do Brasil.

COMENTÁRIOS:

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O princípio do juiz natural apresenta duplo significado: 1) consagra

regra de que só é juiz quem investido de jurisdição; 2) impede criação de

tribunais de exceção. Modernamente, tem-se admitido terceiro conceito,

referente à competência constitucional do juiz, a qual não pode ser subtraída.

O domínio do conceito de juiz natural já seria suficiente para resolver a

questão, mas vejamos, de modo breve, distinção entre a jurisdição contenciosa

e a voluntária.

A contenciosa é a comum, em que as partes de uma lide buscam tutela

judicial para resolver o conflito. A jurisdição voluntária é mera administração

pública de interesses privados, não há, em regra, conflito (ex: alienação judicial

de bens de incapazes).

Gabarito: D

6. (STJ) Quanto aos princípios constitucionais e gerais do direito processual civil,

julgue o item abaixo.

O ato do presidente de um tribunal que designa um juiz substituto para atuar em

determinado feito, após o juiz titular e seu substituto legal terem afirmado sua suspeição

para atuar na ação, não viola o princípio do juiz natural, já que o afastamento daqueles

originalmente competentes para o julgamento se deu com base em motivo legal, e não,

por ato de exceção.

COMENTÁRIOS:

O que se visa, nesses casos, é manter a imparcialidade do juiz, de

modo que não se pode considerar que viola o princípio do juiz natural uma

medida que se coaduna com ele e que tenha sido tomada consoante critérios

objetivos e definidos previamente em instrumento legal.

A suspeição e o impedimento são situações em que o juiz pode ter sua

imparcialidade prejudicada.

Nos dois casos, o juiz deverá declarar parcialidade. O impedimento tem

caráter objetivo e absoluto, enquanto a suspeição é subjetiva e relativa. Isso

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quer dizer que no caso do impedimento, por ser absoluto, não há preclusão

(pode ser questionado, pela parte, a qualquer tempo).

- Hipóteses de impedimento do Juiz: de que for parte; em que

interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como órgão

do Ministério Público, ou prestou depoimento como testemunha; que conheceu

em primeiro grau de jurisdição, tendo-lhe proferido sentença ou decisão;

quando nele estiver postulando, como advogado da parte, o seu cônjuge ou

qualquer parente seu, consanguíneo ou afim, em linha reta; ou na linha

colateral até o segundo grau; quando cônjuge, parente, consanguíneo ou afim,

de alguma das partes, em linha reta ou, na colateral, até o terceiro grau;

quando for órgão de direção ou de administração de pessoa jurídica, parte na

causa.

- Hipóteses de suspeição do Juiz: amigo íntimo ou inimigo capital de

qualquer das partes; alguma das partes for credora ou devedora do juiz, de seu

cônjuge ou de parentes destes, em linha reta ou na colateral até o terceiro

grau; herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de alguma das partes;

receber dádivas antes ou depois de iniciado o processo; aconselhar alguma

das partes acerca do objeto da causa, ou subministrar meios para atender às

despesas do litígio; interessado no julgamento da causa em favor de uma das

partes.

Gabarito: Certo

7. (DPF) Considere que A proponha contra B ação para reparação de dano causado

em acidente de veículo ocorrido na cidade do Rio de Janeiro. Em face dessa

consideração, julgue o item a seguir, relativo à competência.

As partes podem, desde que estejam de comum acordo, estabelecer o foro competente

para a causa, elegendo, por exemplo, o juízo da 1.ª Vara Cível para processar o feito,

sendo previsto no Código de Processo Civil o foro de eleição quando se tratar de

competência territorial.

COMENTÁRIOS:

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Essa questão é excelente para entender o princípio do Juiz

Natural, que é um dos princípios garantidores da imparcialidade judiciária, por

meio dele se invoca o total respeito às regras de competência.

Está previsto no inciso LIII do art. 5º da CF:

LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela

autoridade competente

Pelas regras gerais de competência, a escolha do juiz deve ser

aleatória. A proibição de escolha do juízo refere-se a todos, incluindo partes e

juízes. Portanto, não seria possível eleger, como menciona a questão, a 1ª

Vara Cível, mas somente eleger o local, a comarca.

Gabarito: Errado

8. (TRT 22ª Região) A indeclinabilidade é uma característica

a) da ação.

b) da jurisdição.

c) do processo.

d) da lide.

e) do procedimento.

COMENTÁRIOS:

A banca cobrou os princípios da jurisdição. Sabemos que a

indeclinabilidade é um dos princípios que norteia a jurisdição e aduz que o juiz

não poderá “abrir mão” do poder jurisdicional. Podemos ainda resguardar esse

princípio invocando outro: à inafastabilidade da apreciação pelo poder

judiciário: art. 5º, XXXV, da CF: "a lei não excluirá da apreciação do Poder

Judiciário lesão ou ameaça a direito."

Gabarito: B

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9. (TRT 19ª Região) A respeito da jurisdição e da ação, considere:

I. Nenhum juiz prestará tutela jurisdicional, senão quando a parte ou o interessado a

requerer, nos casos e formas legais.

II. O direito de ação é objetivo, decorre de uma pretensão e depende da existência do

direito que se pretende fazer reconhecido e executado.

III. Na jurisdição voluntária, não há lide, tratando-se de forma de administração pública de

interesses privados.

É correto o que se afirma APENAS em

a) II.

b) II e III.

c) I.

d) I e II.

e) I e III.

COMENTÁRIOS:

I: Está correto, pois o juiz deverá ser provocado para que possa prestar

a tutela jurisdicional. Podemos concluir que o magistrado não pode prestar a

tutela de ofício.

II: Item errado, uma vez que o direito de ação é SUBJETIVO e não

objetivo. O direito de ação também é abstrato - tem existência independente da

existência do direito material, objeto da controvérsia – e autônomo - tem

natureza diferente do direito material afirmado pela parte.

III: Correto. A jurisdição voluntária refere-se à homologação de pedidos

que não impliquem litígio, ou seja, não se resolve conflitos, mas apenas tutela

interesses. São sinônimos de jurisdição voluntária: jurisdição graciosa ou inter-

volentes.

Gabarito: E

10. (TJ PA) Jurisdição é

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a) a faculdade atribuída ao Poder Executivo de propor e sancionar leis que regulamentem

situações jurídicas ocorridas na vida em sociedade.

b) a faculdade outorgada ao Poder Legislativo de regulamentar a vida social,

estabelecendo, através das leis, as regras jurídicas de observância obrigatória.

c) o poder das autoridades judiciárias regularmente investidas no cargo de dizer o direito

no caso concreto.

d) o direito individual público, subjetivo e autônomo, de pleitear, perante o Estado a

solução de um conflito de interesses.

e) o instrumento pelo qual o Estado procede à composição da lide, aplicando o Direito ao

caso concreto, dirimindo os conflitos de interesses.

COMENTÁRIOS:

Conceito de jurisdição: A jurisdição consiste no poder conferido ao

Estado, por meio dos seus representantes, de atuar no caso concreto quando

há situação que não pôde ser dirimida no plano extrajudicial, revelando a

necessidade da intervenção do Estado para que o conflito estabelecido seja

solucionada. Vejam bem, portanto, não se trata de um instrumento, porque

uma vez que o órgão jurisdicional está investido desse poder, ele mesmo é o

instrumento.

Lembrem-se: Há entendimento da doutrina de que o poder jurisdicional

não se restringe a dizer o direito (juris-dicção), alcança também a imposição do

direito (júris-satisfação).

Gabarito: C

11. (TCE RO – Adaptada) A garantia do juiz natural admite a pré-constituição, por lei,

de critérios objetivos de determinação da competência.

COMENTÁRIOS:

A legislação processual dispõe sobre a competência de juízos, seja em

razão da matéria, do valor da causa, do território. A previsão em lei de critérios

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de definição de competência, por ser anterior à formação e distribuição do

processo e respeitar critérios objetivos, não fere o princípio do juiz natural.

Gabarito: Certo

12. (TCE RO – Adaptada) A garantia do juiz natural admite a pré-constituição, por lei,

de critérios objetivos de determinação da competência.

COMENTÁRIOS:

Alternativa correta, uma vez que o princípio da aderência ao território,

inerente a jurisdição, impõe limites territoriais a atuação dos juízes. Ligado ao

princípio internacional da não ingerência em assuntos de outros povos impõe

os limites territoriais do País para exercício da jurisdição pelo Estado-juiz

nacional.

Gabarito: Certo

13. (TJ-RR) Pelo princípio da aderência os juízes e tribunais exercem a atividade

jurisdicional apenas no território nacional. Essa atividade é repartida de acordo com as

regras de competência.

COMENTÁRIOS:

Alternativa correta, uma vez que o princípio da aderência ao território,

inerente a jurisdição, impõe limites territoriais a atuação dos juízes. Ligado ao

princípio internacional da não ingerência em assuntos de outros povos impõe

os limites territoriais do País para exercício da jurisdição pelo Estado-juiz

nacional.

Gabarito: Certo

14. (TST) A jurisdição é a atividade desenvolvida pelo Estado por meio da qual são

resolvidos conflitos de interesses visando-se à pacificação. Acerca desse tema, é correto

dizer que a jurisdição pode ser classificada em comum ou especial.

COMENTÁRIOS:

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Alternativa correta, pois a jurisdição classifica-se quanto ao tipo de

órgão que a exerce, sendo que a CF/88, ao formular as regras de organização

judiciária, distingue-a entre a justiça comum e especial. A trabalhista, a militar e

eleitoral são denominadas justiça especial. A matéria discutida no processo

determina a competência seja de uma ou de outra. Portanto, a competência da

justiça comum é supletiva, pois é competente para julgamento daquilo que não

é de competência da justiça especial.

Gabarito: Certo

15. (TST) Por seu inegável alcance social, a justiça trabalhista é exemplo claro de

jurisdição comum.

COMENTÁRIOS:

Alternativa incorreta, pois a CF/88, ao formular as regras de

organização judiciária, distingue o exercício da jurisdição entre a justiça comum

e especial e a esfera trabalhista, a militar e eleitoral são denominadas justiça

especial.

Gabarito: Errado

16. (TST) Considerando-se a sistemática federativa vigente no Brasil, a justiça comum

é dividida em federal e estadual.

COMENTÁRIOS:

Alternativa correta, a justiça comum pode ser estadual ou federal. A

CF/88 prevê no art. 106 que são órgãos da Justiça Federal os Tribunais

Regionais Federais; e os Juízes Federais. Bem como no art. 125 que os

Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos nesta

Constituição.

Gabarito: Certo

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17. (TCU/Adaptada) No que concerne aos princípios processuais e à jurisdição, julgue

o item que se segue. Na jurisdição contenciosa, o Estado, em substituição às partes,

resolve a lide submetida a sua apreciação, sendo inadmitida, após a instauração do

processo contencioso, a composição entre as partes.

COMENTÁRIOS:

Alternativa incorreta, pois o art. 139 inciso V do CPC/15 prevê que o

juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe

promover, a qualquer tempo, a autocomposição, preferencialmente com auxílio

de conciliadores e mediadores judiciais.

Gabarito: Errado

18. (TRF 1ª Região/Adaptada) Assinale a opção correta a respeito da jurisdição e dos

equivalentes jurisdicionais.

a) Na jurisdição voluntária, a lei confere maior flexibilidade ao julgador para conduzir o

processo, mas o obriga à observância de critérios de legalidade estrita quando da

prolação da sentença.

b) A imparcialidade é a característica da jurisdição contenciosa que impede o julgador de

determinar, de ofício, a produção de prova em juízo.

c) A autodefesa, excepcionalmente permitida no direito brasileiro para a composição da

lide, pode ocorrer antes ou durante o processo.

d) Na arbitragem, as partes podem escolher a norma de direito material a ser aplicada para

a solução do conflito.

e) Configura exceção à regra da indelegabilidade da jurisdição a expedição de carta

precatória que delegue a oitiva de testemunha a outro juízo.

COMENTÁRIOS:

Alternativa “a” incorreta, nos termos do Parágrafo único do art. 723 do

CPC/15 o juiz não é obrigado a observar critério de legalidade estrita, podendo

adotar em cada caso a solução que considerar mais conveniente ou oportuna

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Alternativa “b” incorreta, nos termos do art. 370 do CPC/15 caberá ao

juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as provas necessárias ao

julgamento do mérito.

Alternativa “c” incorreta, pois a autodefesa somente será exercida

excepcionalmente na esfera processual conforme o art. 10 da Lei 10.259/01

que prevê que as partes poderão designar, por escrito, representantes para a

causa, advogados ou não.

Nos termos do art. 2º parágrafo 1º da Lei 9.307/96 poderão as partes

escolher, livremente, as regras de direito que serão aplicadas na arbitragem,

desde que não haja violação aos bons costumes e à ordem pública. Alternativa

correta.

Alternativa “e” incorreta, pois segundo o princípio da indelegabilidade o

Judiciário não pode delegar seus poderes para outro Poder, bem como o órgão

jurisdicional não pode delegar seu trabalho a outro. A carta precatória é uma

forma de colaboração entre juízos, visando o cumprimento dos atos judiciais e

não implica em ofensa ao princípio da delegabilidade.

Gabarito: D

QUESTÕES DA AULA

1. (TJ CE) Aponte, dentre os princípios processuais abaixo, aquele que não tem previsão explícita na Constituição Federal:

a) Juiz natural.

b) Duplo grau de jurisdição.

c) Devido processo legal.

d) Acesso à justiça.

2. (TJ MA/Adaptada) Julgue o item abaixo:

O princípio do Juiz Natural pode ser encontrado na Constituição federal no artigo onde expressa que ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente ou por juízo ou tribunal de exceção.

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3. (TJ MA/Adaptada) São manifestações do princípio processual do devido processo legal as seguintes garantias: acesso à justiça, igualdade de tratamento, publicidade dos atos processuais, contraditório, ampla defesa, julgamento por juiz natural e competente, de acordo com provas obtidas licitamente por decisão fundamentada.

4. (SERPRO/Adaptada) Relativamente aos princípios constitucionais do processo civil, é correto afirmar-se que: O princípio do juiz natural consiste exclusivamente na proibição de tribunais de exceção.

5. (MP-SP Promotor de Justiça) O Estado democrático de direito e o juiz natural:

a) Não exigem necessariamente a imparcialidade do juiz para proferir decisões nos procedimentos de jurisdição voluntária.

b) Não exigem necessariamente a imparcialidade do juiz para proferir decisões nos processos contenciosos.

c) Exigem a imparcialidade do juiz para proferir decisões somente nos processos contenciosos (objetivos e subjetivos).

d) Exigem a imparcialidade do juiz para proferir decisões tanto nos processos contenciosos como nos procedimentos de jurisdição voluntária.

e) Permitem a parcialidade do juiz destinada a realizar os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil.

6. (STJ) Quanto aos princípios constitucionais e gerais do direito processual civil, julgue o item abaixo.

O ato do presidente de um tribunal que designa um juiz substituto para atuar em determinado feito, após o juiz titular e seu substituto legal terem afirmado sua suspeição para atuar na ação, não viola o princípio do juiz natural, já que o afastamento daqueles originalmente competentes para o julgamento se deu com base em motivo legal, e não, por ato de exceção.

7. (DPF) Considere que A proponha contra B ação para reparação de dano causado em acidente de veículo ocorrido na cidade do Rio de Janeiro. Em face dessa consideração, julgue o item a seguir, relativo à competência.

As partes podem, desde que estejam de comum acordo, estabelecer o foro competente para a causa, elegendo, por exemplo, o juízo da 1.ª Vara Cível para processar o feito, sendo previsto no Código de Processo Civil o foro de eleição quando se tratar de competência territorial.

8. (TRT 22ª Região) A indeclinabilidade é uma característica

a) da ação.

b) da jurisdição.

c) do processo.

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d) da lide.

e) do procedimento.

9. (TRT 19ª Região) A respeito da jurisdição e da ação, considere: I. Nenhum juiz prestará tutela jurisdicional, senão quando a parte ou o interessado a requerer, nos casos e formas legais.

II. O direito de ação é objetivo, decorre de uma pretensão e depende da existência do direito que se pretende fazer reconhecido e executado.

III. Na jurisdição voluntária, não há lide, tratando-se de forma de administração pública de interesses privados.

É correto o que se afirma APENAS em

a) II.

b) II e III.

c) I.

d) I e II.

e) I e III.

10. (TJ PA) Jurisdição é

a) a faculdade atribuída ao Poder Executivo de propor e sancionar leis que regulamentem

situações jurídicas ocorridas na vida em sociedade.

b) a faculdade outorgada ao Poder Legislativo de regulamentar a vida social,

estabelecendo, através das leis, as regras jurídicas de observância obrigatória.

c) o poder das autoridades judiciárias regularmente investidas no cargo de dizer o direito

no caso concreto.

d) o direito individual público, subjetivo e autônomo, de pleitear, perante o Estado a

solução de um conflito de interesses.

e) o instrumento pelo qual o Estado procede à composição da lide, aplicando o Direito ao

caso concreto, dirimindo os conflitos de interesses.

11. (TCE RO – Adaptada) A garantia do juiz natural admite a pré-constituição, por lei, de critérios objetivos de determinação da competência.

12. (TCE RO – Adaptada) A garantia do juiz natural admite a pré-constituição, por lei, de critérios objetivos de determinação da competência.

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13. (TJ-RR) Pelo princípio da aderência os juízes e tribunais exercem a atividade jurisdicional apenas no território nacional. Essa atividade é repartida de acordo com as regras de competência.

14. (TST) A jurisdição é a atividade desenvolvida pelo Estado por meio da qual são resolvidos conflitos de interesses visando-se à pacificação. Acerca desse tema, é correto dizer que a jurisdição pode ser classificada em comum ou especial.

15. (TST) Por seu inegável alcance social, a justiça trabalhista é exemplo claro de jurisdição comum.

16. (TST) Considerando-se a sistemática federativa vigente no Brasil, a justiça comum é dividida em federal e estadual.

17. (TCU/Adaptada) No que concerne aos princípios processuais e à jurisdição, julgue o item que se segue. Na jurisdição contenciosa, o Estado, em substituição às partes, resolve a lide submetida a sua apreciação, sendo inadmitida, após a instauração do processo contencioso, a composição entre as partes.

18. (TRF 1ª Região/Adaptada) Assinale a opção correta a respeito da jurisdição e dos equivalentes jurisdicionais.

a) Na jurisdição voluntária, a lei confere maior flexibilidade ao julgador para conduzir o

processo, mas o obriga à observância de critérios de legalidade estrita quando da

prolação da sentença.

b) A imparcialidade é a característica da jurisdição contenciosa que impede o julgador de

determinar, de ofício, a produção de prova em juízo.

c) A autodefesa, excepcionalmente permitida no direito brasileiro para a composição da

lide, pode ocorrer antes ou durante o processo.

d) Na arbitragem, as partes podem escolher a norma de direito material a ser aplicada para

a solução do conflito.

e) Configura exceção à regra da indelegabilidade da jurisdição a expedição de carta

precatória que delegue a oitiva de testemunha a outro juízo.

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01 B 09 E 17 Errado

02 Errado 10 C 18 D

03 Certo 11 Certo

04 Errado 12 Certo

05 D 13 Certo

06 Certo 14 Certo

07 Errado 15 Errado

08 B 16 Certo

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BIBLIOGRAFIA

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DIDIER JR., Fredie. Curso de Direito Processual Civil – Meios de Impugnação às Decisões Judiciais e Processo nos Tribunais. 8 ed. Salvador: Edições JUS PODIVM, 2010. v.3.

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